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e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes

Escola Técnica Aberta do Brasil

Agronegócio

Introdução ao
Agronegócio
Caius Marcellus Reis Silveira

Ministério da
Educação
e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
Escola Técnica Aberta do Brasil

Agronegócio

Introdução ao
Agronegócio
Caius Marcellus Reis Silveira

Montes Claros - MG
2010
Presidência da República Federativa do Brasil
Ministério da Educação
Secretaria de Educação a Distância
Ministro da Educação Coordenadores de Cursos:
Fernando Haddad
Coordenador do Curso Técnico em Agronegócio
Secretário de Educação a Distância Augusto Guilherme Dias
Carlos Eduardo Bielschowsky
Coordenador do Curso Técnico em Comércio
Coordenadora Geral do e-Tec Brasil Carlos Alberto Meira
Iracy de Almeida Gallo Ritzmann
Coordenador do Curso Técnico em Meio
Governador do Estado de Minas Gerais Ambiente
Antônio Augusto Junho Anastasia Edna Helenice Almeida

Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia Coordenador do Curso Técnico em Informática


e Ensino Superior Frederico Bida de Oliveira
Alberto Duque Portugal
Coordenador do Curso Técnico em
Vigilância em Saúde
Simária de Jesus Soares

Coordenador do Curso Técnico em Gestão


em Saúde
Reitor Zaida Ângela Marinho de Paiva Crispim
Paulo César Gonçalves de Almeida
INTRODUÇÃO AO AGRONEGÓCIO
Vice-Reitor e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes
João dos Reis Canela
Elaboração
Pró-Reitora de Ensino Caius Marcellus Reis Silveira
Maria Ivete Soares de Almeida
Projeto Gráfico
Diretor de Documentação e Informações e-Tec/MEC
Giuliano Vieira Mota
Supervisão
Coordenadora do Ensino Médio e Fundamental Alcino Franco de Moura Júnior
Rita Tavares de Mello
Diagramação
Jamilly Julia Lima Lessa
Diretor do Centro de Ensino Médio e
Marcos Aurélio de Almeda e Maia
Fundamental
Wilson Atair Ramos
Impressão
Gráfica RB Digital
Coordenador do e-Tec Brasil/CEMF/
Unimontes Designer Instrucional
Wilson Atair Ramos Angélica de Souza Coimbra Franco
Kátia Vanelli Leonardo Guedes Oliveira
Coordenadora Adjunta do e-Tec Brasil/
CEMF/Unimontes Revisão
Rita Tavares de Mello Maria Ieda Almeida Muniz
Patrícia Goulart Tondineli
Rita de Cássia Silva Dionísio
AULA 1

Alfabetização Digital
Apresentação e-Tec Brasil/Unimontes

Prezado estudante,

Bem-vindo ao e-Tec Brasil/Unimontes!

Você faz parte de uma rede nacional pública de ensino, a Escola


Técnica Aberta do Brasil, instituída pelo Decreto nº 6.301, de 12 de dezem-
bro 2007, com o objetivo de democratizar o acesso ao ensino técnico público,
na modalidade a distância. O programa é resultado de uma parceria entre
o Ministério da Educação, por meio das Secretarias de Educação a Distancia
(SEED) e de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC), as universidades e
escola técnicas estaduais e federais.
A educação a distância no nosso país, de dimensões continentais e
grande diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pes-
soas ao garantir acesso à educação de qualidade, e promover o fortalecimen-
to da formação de jovens moradores de regiões distantes, geograficamente
ou economicamente, dos grandes centros.
O e-Tec Brasil/Unimontes leva os cursos técnicos a locais distantes
das instituições de ensino e para a periferia das grandes cidades, incenti-
vando os jovens a concluir o ensino médio. Os cursos são ofertados pelas
instituições públicas de ensino e o atendimento ao estudante é realizado em
escolas-polo integrantes das redes públicas municipais e estaduais.
O Ministério da Educação, as instituições públicas de ensino téc-
nico, seus servidores técnicos e professores acreditam que uma educação
profissional qualificada – integradora do ensino médio e educação técnica, – é
capaz de promover o cidadão com capacidades para produzir, mas também
com autonomia diante das diferentes dimensões da realidade: cultural, so-
cial, familiar, esportiva, política e ética.

Nós acreditamos em você!

Desejamos sucesso na sua formação profissional!

Ministério da Educação
Janeiro de 2010

Introdução ao Agronegócio 3 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


AULA 1

Alfabetização Digital
Indicação de Ícones

Os ícones são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas


de linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual.

Atenção: indica pontos de maior relevância no texto.

Saiba mais: oferece novas informações que enriquecem o assunto ou


“curiosidades” e notícias recentes relacionadas ao tema estudado.

Glossário: indica a definição de um termo, palavra ou expressão utilizada


no texto.

Mídias integradas: possibilita que os estudantes desenvolvam atividades


empregando diferentes mídias: vídeos, filmes, jornais, ambiente AVEA e
outras.

Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em diferentes níveis


de aprendizagem para que o estudante possa realizá-las e conferir o seu
domínio do tema estudado.

Introdução ao Agronegócio 5 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


AULA 1

Alfabetização Digital
Sumário

Palavra do professor conteudista................................................ 11


Projeto instrucional................................................................ 13
Aula 1 – Introdução à ideia de agricultura e agronegócio.................... 15
1.1 Conceituando agronegócio............................................. 16
1.2 Sistema agroindustrial.................................................. 17
Resumo........................................................................ 20
Referências................................................................... 20
Atividades de aprendizagem............................................... 21
Aula 2 – Visão sistêmica do agronegócio........................................ 23
2.1 Vantagens decorrentes da visão sistêmica do agronegócio........ 23
2.2 Conceito de cadeias produtivas....................................... 24
2.3 Importância do Agronegócio........................................... 25
Resumo........................................................................ 26
Referências................................................................... 26
Aula 3 – Características do setor agroindustrial “antes da porteira”....... 29
3.1 Segmento do setor agroindustrial “antes da porteira”............. 29
3.2 Insumos agropecuários.................................................. 29
3.3 Máquinas, equipamentos e implementos agropecuários........... 29
3.4 Água....................................................................... 31
Resumo........................................................................ 32
Referências................................................................... 32
Atividades de aprendizagem............................................... 33
Aula 4 – Características do setor agroindustrial “antes da porteira” 2 .... 35
4.1 Energia.................................................................... 35
4.2 Corretivos de solos...................................................... 38
4.3 Fertilizantes.............................................................. 40
4.4 Agrotóxicos............................................................... 40
4.5 Compostos orgânicos.................................................... 41
Resumo........................................................................ 41
Referências................................................................... 41
Atividades de aprendizagem............................................... 42
Aula 5 – Características do setor agroindustrial “antes da porteira” 3..... 43
5.1 Mudas, sementes e materiais genéticos.............................. 43
5.2 Hormônios................................................................ 46
5.3 Ração animal............................................................. 46
5.4. Sais minerais e sal comum............................................ 47
5.5 Produtos veterinários em geral........................................ 47
Resumo........................................................................ 49
Referências................................................................... 49
Atividades de aprendizagem............................................... 49
Aula 6 – Características do setor agroindustrial “antes da porteira” 4..... 51
6.1 Relação entre os agropecuaristas e os produtores de insumos... 51

Introdução ao Agronegócio 7 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


6.2 Serviços agropecuários................................................. 51
6.3 Pesquisas agropecuárias................................................ 52
6.4 Fomento, extensão rural e assistência técnica...................... 53
6.5 Elaboração de projetos................................................. 54
6.6 Análises laboratoriais................................................... 54
Resumo........................................................................ 56
Referências .................................................................. 56
Atividades de aprendizagem............................................... 56
Aula 7 – Características do setor agroindustrial “antes da porteira” 5..... 57
7.1 Crédito e financiamento................................................ 57
7.2 Defesa agropecuária.................................................... 58
7.3 Proteção ambiental...................................................... 58
7.4 Incentivos governamentais............................................. 59
7.5 Comunicação............................................................. 59
7.6 Infraestrutura............................................................ 60
7.7 Mão-de-obra.............................................................. 62
Resumo........................................................................ 64
Referências .................................................................. 64
Atividades de Aprendizagem............................................... 64
Aula 8 – Características do setor agroindustrial “dentro da porteira”...... 65
8.1 Segmento do setor agroindustrial “dentro da porteira”........... 65
8.2 Produção agrícola....................................................... 65
Resumo........................................................................ 69
Referências .................................................................. 69
Atividades de aprendizagem............................................... 69
Aula 9 – Características do setor agroindustrial “dentro da porteira” 2... 71
9.1 Viveiros e mudas......................................................... 71
9.2 Plantio..................................................................... 72
9.3 Cuidados com a plantação............................................. 72
9.4 Colheita................................................................... 74
9.5 Pós-colheita.............................................................. 76
Resumo ....................................................................... 76
Referências .................................................................. 76
Atividades de aprendizagem............................................... 76
Aula 10 – Características do setor agroindustrial “dentro da porteira” 3.. 79
10.1 Produção pecuária..................................................... 79
Resumo........................................................................ 83
Referências................................................................... 83
Atividades de aprendizagem............................................... 84
Aula 11 – Características do setor agroindustrial “dentro da porteira” 4.. 85
11.1 Coeficientes técnicos aplicados à agropecuária.................... 85
11.2 Coeficientes utilizados na agricultura............................... 87
Resumo........................................................................ 88
Referências .................................................................. 88
Atividades de aprendizagem............................................... 88
Aula 12 – Características do setor agroindustrial “dentro da porteira” 5.. 89
12.1 Coeficientes técnicos pecuários...................................... 89
12.2 Bovinocultura de corte................................................ 89
12.3 Bovinocultura leiteira.................................................. 91

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 8
12.4 Suinocultura............................................................. 92
Resumo........................................................................ 94
Referências................................................................... 94
Atividades de aprendizagem............................................... 94
Aula 13 – Características do setor agroindustrial “dentro da porteira” 6 . 95
13.1 Avicultura................................................................ 95
Resumo........................................................................ 99
Referências .................................................................. 99
Atividades de aprendizagem.............................................. 100
Aula 14 – Características do setor agroindustrial “dentro da porteira” 7.101
14.1 Organização do segmento agropecuário........................... 101
14.2 Adoção de tecnologia ao agronegócio............................. 102
14.3 Economia em escala.................................................. 103
14.4 Adequação às características locais e culturais................... 103
14.5 Análise da viabilidade econômica e financeira do investimento.104
14.6 Acompanhamento permanente dos custos e resultados das
atividades agropecuárias.................................................. 104
14.7 Treinamento de mão-de-obra....................................... 104
Resumo ...................................................................... 104
Referências.................................................................. 105
Atividades de aprendizagem.............................................. 105
Aula 15 – Características do setor agroindustrial “dentro da porteira” 8 .107
15.1 Parceria para aquisição de insumos................................ 107
15.2 Treinamento dos administradores .................................. 107
15.3 Mercado consumidor.................................................. 107
15.4 Gestão de custos na agropecuária.................................. 108
Resumo....................................................................... 110
Referências ................................................................. 110
Atividades de aprendizagem.............................................. 110
Aula 16 – Características do setor agroindustrial “depois da porteira” ... 113
16.1 Segmento do setor agroindustrial “depois da porteira”......... 113
16.2 Canais de comercialização........................................... 114
Resumo ...................................................................... 118
Referências.................................................................. 119
Atividades de aprendizagem.............................................. 119
Aula 17 – Características do setor agroindustrial “depois da porteira” 2 .121
17.1 Os agentes comerciais e a formação dos preços.................. 121
17.2 Produtores agropecuários............................................ 122
17.3 Intermediários......................................................... 122
17.4 Concentradores........................................................ 123
17.5 Mercados de produtores.............................................. 123
17.6 Agroindústrias.......................................................... 123
17.7 Representantes e vendedores....................................... 124
17.8 Distribuidores.......................................................... 124
17.9 Atacadistas............................................................. 125
17.10 Governo................................................................ 125
Resumo....................................................................... 125
Referências.................................................................. 126
Atividades de aprendizagem.............................................. 126

Introdução ao Agronegócio 9 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Aula 18 – Características do setor agroindustrial “depois da porteira” 3 .127
18.1 Supermercados........................................................ 127
18.2 Pontos de venda....................................................... 128
18.3 Feirantes............................................................... 129
18.4 Exportadores.......................................................... 129
18.5 Importadores.......................................................... 131
18.6 Consumidor............................................................ 131
Resumo....................................................................... 132
Referências.................................................................. 132
Atividades de aprendizagem.............................................. 132
Aula 19 – Características do setor agroindustrial “depois da porteira” 4. 135
19.1 As agroindústrias...................................................... 135
19.2 Fatores relacionados à montagem de uma agroindústria........ 137
Resumo....................................................................... 139
Referências.................................................................. 139
Atividades de aprendizagem.............................................. 140
Aula 20 – Características do setor agroindustrial “depois da porteira” 5. 141
20.1 Garantia da quantidade e qualidade da matéria prima.......... 141
20.2 Abastecimento de insumos secundários........................... 141
20.3 Comercialização....................................................... 141
20.4 Registro da agroindústria............................................ 142
20.5 Logística no agronegócio............................................. 142
20.6 A atuação do governo nas práticas comerciais do agronegócio.144
Resumo ...................................................................... 145
Referências.................................................................. 145
Atividades de aprendizagem.............................................. 145
Referências......................................................................... 148
Currículo do professor conteudista............................................. 149

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 10
AULA 1

Alfabetização Digital
Palavra do professor conteudista

Prezados alunos, começamos hoje o estudo da disciplina Introdução


ao Agronegócio. É preciso que vocês saibam que a nossa disciplina é muito
teórica. Nós aprenderemos e discutiremos alguns conceitos básicos que se
fazem necessários ao estudo do Agronegócio. É comum que alguns desses
conceitos sejam mais fáceis de enxergar para alguns do que para outros, mas
isso é natural, pois o Agronegócio tem inúmeras facetas de aplicação. Justa-
mente por esse motivo é que vocês precisam compreender conceitos como:
insumos, coeficientes técnicos na agropecuária, logística em agronegócio en-
tre outros, pois esses conceitos serão a base para as disciplinas seguintes,
nas quais vocês terão como visualizar a aplicação dos conceitos estudados
agora na prática.
Dito isso, podemos começar o estudo da nossa disciplina. Estudem
com dedicação e logo colherão os frutos do seu esforço.

Atenciosamente,

Professor Caius Marcellus Reis Silveira

Introdução ao Agronegócio 11 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


AULA 1

Alfabetização Digital
Projeto instrucional

Disciplina: Introdução ao Agronegócio (carga horária: 108h).


Ementa: Definições. Conceito de agronegócios. Cenário do agro-
negócio no Brasil. Análise de cadeia de produção. As principais mudanças e
tendências do agribusiness: antes da porteira, dentro da porteira e depois
da porteira.
OBJETIVOS DE
AULA MATERIAIS CARGA HORÁRIA
APRENDIZAGEM
Aula 1 – Introdução Introduzir o conhe- Caderno didático.
à ideia de Agricultu- cimento em agrone-
ra e Agronegócio gócio.
Aula 2 – Visão sistê- Oferecer uma visão Caderno didático.
mica do Agronegócio sistêmica do agrone-
gócio.
Aula 3 – Característi- Introdução ao Caderno didático.
cas do setor agroin- segmento do setor
dustrial “antes da agroindustrial “an-
porteira” tes da porteira”.
Aula 4 – Característi- Conhecer os insu- Caderno didático.
cas do setor agroin- mos agropecuários.
dustrial “antes da
porteira” 2
Aula 5 – Característi- Conhecer os insu- Caderno didático.
cas do setor agroin- mos agropecuários.
dustrial “antes da
porteira” 3
Aula 6 – Característi- Determinar como Caderno didático.
cas do setor agroin- é a relação entre
dustrial “antes da os agropecuaristas
porteira” 4 e os produtores de
insumos.
Aula 7 – Característi- Conhecer caracte- Caderno didático.
cas do setor agroin- rísticas próprias do
dustrial “antes da setor agroindustrial
porteira” 5 “antes da porteira”.
Aula 8 – Característi- Conhecer o segmen- Caderno didático.
cas do setor agroin- to do setor agroin-
dustrial “dentro da dustrial “dentro da
porteira” porteira” e algumas
de suas caracterís-
ticas.
Aula 9 – Característi- Conhecer carac- Caderno didático.
cas do setor agroin- terísticas do setor
dustrial “dentro da agroindustrial “den-
porteira” 2 tro da porteira”.

Introdução ao Agronegócio 13 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Aula 10 – Caracte- Aprender sobre a Caderno didático.
rísticas do setor criação pecuária
agroindustrial “den- e algumas de suas
tro da porteira” 3 características.
Aula 11 – Caracte- Conhecer os coe- Caderno didático.
rísticas do setor ficientes técnicos
agroindustrial “den- aplicados à agrope-
tro da porteira” 4 cuária e especifica-
mente à agricultura.
Aula 12 – Caracte- Conhecer os coe- Caderno didático.
rísticas do setor ficientes técnicos
agroindustrial “den- aplicados à pecuá-
tro da porteira” 5 ria.
Aula 13 – Caracte- Conhecer os coefi- Caderno didático.
rísticas do setor cientes aplicados à
agroindustrial “den- avicultura.
tro da porteira” 6
Aula 14 – Caracte- Conhecer como é Caderno didático.
rísticas do setor a organização do
agroindustrial “den- setor agropecuário,
tro da porteira” 7 o que é economia
de escala e projetos
agropecuários.
Aula 15 – Caracte- Conhecer algumas Caderno didático.
rísticas do setor características da
agroindustrial “den- produção agrope-
tro da porteira” 8 cuária e entender
como ocorre a
gestão de custos na
agropecuária.
Aula 16 – Caracte- Conhecer as carac- Caderno didático.
rísticas do setor terísticas do setor
agroindustrial “de- agroindustrial “de-
pois da porteira” pois da porteira”.
Aula 17 – Caracte- Conhecer os agentes Caderno didático.
rísticas do setor comerciais e como
agroindustrial “de- se dá a formação
pois da porteira” 2 dos preços na agro-
pecuária.
Aula 18 – Caracte- Conhecer os agentes Caderno didático.
rísticas do setor comerciais e como
agroindustrial “de- se dá a formação
pois da porteira” 3 dos preços na agro-
pecuária.
Aula 19 – Caracte- Conhecer como fun- Caderno didático.
rísticas do setor cionam as agroin-
agroindustrial “de- dústrias.
pois da porteira” 4
Aula 20 – Caracte- Conhecer algumas Caderno didático.
rísticas do setor características
agroindustrial “de- da agroindústria,
pois da porteira” 5 entender o conceito
de logística e a atu-
ação do governo no
setor agroindustrial.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 14
AULA 1

Alfabetização
Aula Digitalà ideia de agricultu-
1 – Introdução
ra e agronegócio

Quando o homem se organizou em sociedade, no princípio ele vivia


em grupos, não seria errado dizermos bandos, esses grupos eram nômades.
Dessa forma, eles não viviam em um local fixo e se mudavam constantemen- Nômades: pessoas que
te. Importante para nós é saber a causa da mudança, e tudo se resume a ali- não têm habitação fixa
mentação. A fonte de alimento daqueles grupos era basicamente a coleta de vivem sempre mudando
de lugar.
alimentos silvestres, a caça e a pesca. Esse modo de vida apresentava certa
facilidade no início, dependendo sempre do local no qual se instalavam os
bandos, porém com o tempo surgiam dificuldades e a maior delas era o esgo-
tamento dos recursos. Como não havia cultivo ou criação de animais e muito
menos armazenamento é obvio pensar que com o tempo as dificuldades para
obter alimento se tornavam muito grandes. Sem o básico para se manterem
vivos, os grupos se mudavam e o seu comportamento se repetia no novo lo-
cal, isso gerava um ciclo que impedia a fixação num local por muito tempo.
Com o passar do tempo e a própria evolução do ser humano, os
bandos compreendem, mas não seria errado dizer descobrem, que os frutos
recolhidos de certa árvore voltavam a nascer e, que as sementes dentro dos
frutos, podiam se transformar em novas árvores e produzir ainda mais frutos. Tente perceber
Descobriram também, que os animais não podiam ser apenas caçados, eles a importância da
podiam ser domesticados e criados nos locais onde os grupos estavam fixa- agropecuária para a
fixação do homem.
dos. Parece-nos meio absurdo pensar que nossos antepassados demoraram Imagine como seria
muito tempo para ver coisas tão simples, mas precisamos entender que o a vida hoje se ainda
tivéssemos que viver
homem estava no começo de sua evolução. O importante para nosso estudo
nos mudando para
é saber que nesse momento surge a agropecuária e por consequência, nesse conseguir alimento.
momento, o homem começa a se fixar em lugares determinados.
Por muito tempo a atividade agropecuária, a qual entendemos
como o cultivo de vegetais e a criação e animais, se desenvolveu de for-
ma muito rudimentar. Apesar de o homem ter descoberto que era possível Rudimentar: arcaico,
manter-se no mesmo local, devido a continua produção dos vegetais, ele não primitivo.
desenvolveu tecnologias para aumentar a produção ou facilitar a produção. Atividade extrativa:
A atividade dos grupos era, na sua quase totalidade, extrativa. Eles apenas coleta de produtos
colhiam os frutos produzidos. naturais.
À medida que os grupos vão se mantendo no mesmo local, vão Paulatinamente: aos
surgindo as comunidades como as conhecemos hoje. E são introduzidas poucos, de forma
algumas tecnologias à produção agropecuária. Não é nada revolucionário gradual a produção
agropecuária foi se
para nós hoje, mas iniciativas como adubar a terra com esterco ou arar diversificando, não
o solo, foram técnicas utilizadas depois de muito tempo. Também pode- podemos esquecer que
já havia algum tempo
mos afirmar que paulatinamente. Os homens passaram a aprender com a que os grupos tinham
prática e foram executando tarefas das mais diversas de acordo a neces- aprendido o cultivo de
sidade e a época. vegetais e a criação de
animais.

Introdução ao Agronegócio 15 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Alguns fatores como a distribuição espacial da população, a péssima
infraestrutura e a baixa tecnologia, principalmente no quesito conservação
dos produtos, e, também, as falhas e dificuldades de comunicação levaram
Autossuficiente:
que precisa apenas dele a formação de propriedades rurais e pequenas comunidades autossuficientes
mesmo para sobreviver. Para atingir o objetivo e a necessidade da autossuficiência, as propriedades
rurais e as comunidades possuíam diversas culturas e a criação de vários
tipos de animais. Não era raro que as comunidades, além de produzir, tam-
bém beneficiavam seus produtos, era o início das agroindústrias, de modo
primitivo é claro.
Podemos citar como exemplo as propriedades rurais do Estado de
Minas Gerais, onde podia-se produzir feijão, arroz, algodão, café, milho,
mandioca, hortaliças e frutas além de criar bois, cavalos e galinhas. Nesses
mesmos locais de produção, o leite das vacas era transformado em queijo
e manteiga, o café era torrado e moído, o milho transformado em fubá, o
algodão era beneficiado em tecido. Como dito acima, era o início da agroin-
dústria.
Nessas propriedades, apesar do caráter de autossuficiência, come-
ça a se ter uma atividade comercial, objetivando a geração de recurso para
a aquisição de bens e produtos não produzidos pela propriedade. Com a
ampliação desse comércio, que com o tempo continuou crescendo, surge o
agronegócio.

Êxodo rural:
abandono do campo
1.1 Conceituando agronegócio
por seus habitantes,
que, em busca de Com a evolução tecnológica, a ideia que se tinha de agricultura e
melhores condições pecuária muda, assim como também muda o modo de produção dos bens daí
de vida mudam
para as cidades, as provenientes. O surgimento de novas tecnologias é o principal fato que altera
pessoas se deslocaram o cenário da agropecuária. Com o êxodo rural. Tudo isso gerou mudanças na
para a cidade,
mas continuaram
estrutura das propriedades rurais tais como: perda de sua autossuficiência,
dependentes dos dependência de serviços e insumos que não são produzidos pela própria fa-
produtos produzidos no zenda, especialização em determinada cultura, geração de excedentes que
campo.
abastecem os mercados urbanos, troca de informações com o centro urbano
e outras propriedades, necessidade continua de infrainstrutura de qualidade
como estradas e armazéns, por exemplo, necessidade de conquistar merca-
dos e consequentemente aumentar os lucros. Ou seja, a propriedade rural
Perceba como
a estrutura de passou por diversas transformações que fizeram com que ela deixasse de ser
funcionamento das autossuficiente para se tornar um centro de produção para o mercado urba-
propriedades rurais no em sua grande maioria.
muda completamente
com o tempo. Antes, a A cada dia a agropecuária se especializa em determinado ramo
atividade agropecuária do processo produtivo ou num certo ramo de comercialização dos seus
estava ligada à
produtos. Isso gera a necessidade de uma nova ideia de agricultura. Não
sobrevivência de seus
donos. Hoje, a atividade se trata mais de várias propriedades autossuficientes, trata-se de um
agropecuária, em complexo de produtores de bens e prestadores de serviços. Todos depen-
sua grande maioria,
é direcionada para o dentes de uma infraestrutura com diferentes agentes, os quais são todos
comercio. interdependentes.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 16
Analisando essa necessidade de um novo conceito para as ativida-
des agropecuárias é que dois professores da Universidade de Harvard, nos
Estados Unidos, criaram o termo agribussines, o qual foi traduzido para o
português como agronegócio e que possui o seguinte conceito:

Agronegócio é o conjunto de todas as operações e tran-


sações envolvidas desde a fabricação dos insumos agrope-
cuários, das operações de produção nas unidades agrope-
cuárias, até o processamento e distribuição e consumo dos
produtos agropecuários in natura ou industrializados (ARAÚ-
JO, 2009, p.16).

1.2 Sistema agroindustrial


1.2.1 As características da produção agropecuária

É preciso ter em mente que a produção agropecuária possui carac-


terísticas próprias. Logo, para compreender o agronegócio de forma ampla
é preciso ter conhecimento das especificidades da produção, tanto agrícola
quanto pecuária. Seguem as principais características:

1.2.1.1 Sazonalidade da produção

A produção agropecuária é diretamente ligada ao clima da região


onde se encontra. São as condições climáticas o principal responsável pelos
períodos de safra e entressafra, períodos de fartura de produtos e períodos
de escassez de produtos, respectivamente, salvo raras exceções. Safra: período de
Mas em se tratando de consumo, não ocorrem muitas alterações grande produção.

nas quantidades adquiridas pelos centros de consumo, elas são em sua maio- Entressafra: período de
ria constantes no mercado brasileiro. pequena produção.
Mas por não haver alterações significativas do consumo durante o
ano, isso não quer dizer que a sazonalidade não implique consequências para
a produção. Seguem algumas implicações da sazonalidade na produção agro-
pecuária: variação de preço ao longo do ano, tendência a preços mais baixos
na safra e a preços mais altos na entressafra, necessidade de armazéns para
estocar os produtos, período de maior utilização de insumos, principalmente
na entressafra, análise das características do produto produzido para melhor
escolher a época de estocá-lo ou vendê-lo para aproveitar uma possível alta
de preços gerada na entressafra, por exemplo.
Sugiro que você aluno
faça uma pesquisa e
1.2.1.2 Grande influência de fatores biológicos descubra quais são
os fatores climáticos
Tanto na agricultura, quanto na pecuária os produtos estão expos- presentes em sua região
destacando quais são
tos a doenças e a pragas (esses são os fatores biológicos tratados aqui). Es- os períodos favoráveis à
sas pragas e doenças, dependendo de sua intensidade e quantidade, podem produção agropecuária
diminuir o total de bens produzidos, assim como podem diminuir também a e quais os períodos
desfavoráveis

Introdução ao Agronegócio 17 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


qualidade dos produtos. Em casos extremos, pode ocorrer a perda total da
produção.
Também é preciso prevenir que uma lavoura infectada, por exem-
plo, leve outras lavouras sadias a ficarem doentes. Também precisamos lem-
brar, que várias doenças originariamente de animais, podem contaminar
seres humanos, como a gripe aviária, a doença da vaca louca e, mais recen-
temente, a gripe suína, hoje renomeada para gripe H1N1.
Além do perigo de contágio em seres humanos, também ocorrem as
consequências comerciais da infestação de pragas e doenças, sendo a mais
comum os embargos comerciais, em que determinado país impede a aqui-
sição dos produtos de outro alegando que tais produtos não têm segurança
sanitária, ou seja, não são saudáveis.
Além da possibilidade do embargo comercial, é lógico pensarmos
que o produtor que tem sua lavoura ou criação atacada por pragas terá seu
produto a um preço mais alto no mercado, pois a partir do momento que do-
enças e pragas atacam sua lavoura ou criação será preciso gastar com meios
e técnicas para acabar com a infestação. Será preciso usar fungicidas, inseti-
cidas ou demais meios para curar a produção. A aplicação desses meios acar-
reta consequentemente a elevação do valor final do produto. Pois os gastos
para exterminar as pragas precisam ser incluídos no custo de produção, risco
para os funcionários e para o meio ambiente e existe também a possibilidade
de contaminação da produção pelos resíduos tóxicos ou químicos utilizados
para combater as doenças e pragas.
Uma outra consequência da ocorrência de pragas é o esforço neces-
sário para o seu controle, nenhum produtor ou Estado querem suas lavouras
e criações sujeitas a doenças e, por conseqüência, prejuízos financeiros.

Figura 1: Pulverização de inseticida em plantação de cana-de-açúcar.


Fonte: Disponível em: http://www.bombeiros.mt.gov.br/imagens/img/1858.jpg acessado em 14 de
junho de 2010

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 18
Figura 2: Pulverização de inseticida sobre plantação.
Fonte: Disponível em: http://www.albertopcastro.med.br/materias2/imagens/aviao1.jpg acessado
em 14 de junho de 2010

Figura 3: Cidade do México durante surto da gripe suína.


Fonte: Disponível em: http://2.bp.blogspot.com/_Dd8DqM0kBUo/SgBP3q4VPoI/AAAAAAAAAM8/
nMAv1y8tIcw/s400/3473407.us_gripe_suina_mundo_284_399.jpg acessado em 14 de junho de 2010

Figura 4: Idosa recebendo vacina contra a gripe H1N1.


Fonte: Disponível em: http://www.conexaociencia.jex.com.br/includes/imagem.php?id_
jornal=10923&id_noticia=1016 acessado em 14 de junho de 2010

Introdução ao Agronegócio 19 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


1.2.1.3 Perecibilidade rápida

A vida útil dos produtos agropecuários tende a ser curta. São pre-
cisos cuidados específicos para que esses produtos tenham sua “validade”
estendida. Não seria exagero dizer que sem o devido cuidado os produtos
agropecuários podem durar de alguns dias até apenas algumas horas.
Por esse motivo, o agronegócio está totalmente ligado a outros se-
tores da economia. Sobre os relacionados com a perecibilidade podemos
citar principalmente o setor de “conservação” e o de transporte. No setor
de “conservação”, podemos citar toda e qualquer tecnologia que visa a au-
mentar o prazo de validade dos produtos, não precisamos citar exemplos
muito fora de nossa realidade cotidiana, o próprio ato de colocar o leite
na geladeira é uma tecnologia de conservação, assim como o processo de
pasteurização do “leite longa vida” e sua embalagem. O setor de transporte
também está ligado ao prazo de validade dos produtos agropecuários. Se um
determinado produto possui um prazo de validade de 5 dias, ele não pode
ficar 4 dias sendo transportado e ter apenas um dia para ser consumido. É
preciso um transporte rápido e eficiente para levar determinado produto em
prazo hábil e sem danificá-lo.

Resumo

Nesta aula você aprendeu:


1- Como ocorreu o desenvolvimento da agropecuária.
2- A importância da agropecuária para a fixação do homem.
3- Como ocorreu uma mudança no modo de organização das pro-
priedades rurais.
4- O que é agronegócio.
5- Que o agronegócio tem características próprias como: a sazo-
nalidade da produção, a influência de fatores biológicos e a
perecibilidade rápida dos produtos.

Referências

ARAÚJO, Massilon J. Fundamentos de agronegócios. 2 ed. São Paulo: Atlas,


2009.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 20
Atividades de aprendizagem

1) A respeito do agronegócio é correto afirmar:

a) É o conjunto de todas as operações e transações envolvendo os produtos


agropecuários.

b) É a atividade que diz respeito apenas as questões comerciais dos produtos


agrícolas.

c) É a atividade que diz respeito apenas as questões comercias dos produtos


pecuários.

d) É o conjunto de atividades ligadas apenas a produção agropecuária.

2) É uma conseqüência da sazonalidade da produção:

a) Preços mais baixos na entressafra.

b) Estabilidade dos preços durante todo o ano.

c) Não há necessidade de armazéns para estocar os produtos.

d) Preços mais baixos na safra.

Introdução ao Agronegócio 21 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


AULA 1

Alfabetização Digital
Aula 2 – Visão sistêmica do agronegócio

É preciso entender e ver o agronegócio como um sistema integrado,


onde todos os seus componentes são importantes. Essa visão sistêmica é
uma necessidade para todos aqueles que desejam trabalhar com o agrone-
gócio, seja para o agente público que interfere na atividade agropecuária,
seja para o grande agroindustrial ou para o administrador da sua fazenda.
Somente vendo o agronegócio como um sistema integrado e interdependente
é possível alcançar a máxima eficiência.
Para conseguir enxergar o agronegócio como um todo, também é
preciso dividi-lo de forma que sua compreensão torne-se mais fácil para
você aluno, mas desde já afirmamos que se trata de uma divisão puramente
didática. Podemos dividir o agronegócio em três setores chamados: “antes
da porteira”, “dentro da porteira” e “após a porteira”.
O setor “antes da porteira” é aquele que envolve todas as ativida-
des que dão suporte a produção agropecuária antes que a produção ocorra
de fato. Por exemplo: os fornecedores de insumos, sementes, tecnologia de
modo geral, financiamentos entre outros.
O setor “dentro da porteira” é atividade produtiva agropecuária
propriamente dita. Ela envolve, por exemplo, o preparo e o manejo do solo,
a irrigação, colheita e no caso da pecuária todo o processo de criação do
rebanho.
O setor “após a porteira” trata das atividades desenvolvidas após
a produção. Como o beneficiamento ou industrialização dos produtos, sua
embalagem, armazenamento, distribuição, entre outros.

2.1 Vantagens decorrentes da visão sistêmica


do agronegócio
A visão sistêmica do negócio agrícola – e seu conseqüente
tratamento como conjunto – potencializa grandes benefícios
para um desenvolvimento mais intenso e harmônico da so-
ciedade brasileira. Para tanto, existem problemas e desafios
a vencer. Dentre estes, destaca-se o conhecimento das inter- Competitividade:
capacidade de um
-relações das cadeias produtivas para que sejam indicados os
produto competir com
requisitos para melhorar sua competitividade, sustentabili- os outros no mercado
dade e equidade (ARAÚJO, 2009, p. 22). consumidor e a
sustentabilidade
Como dito acima, as vantagens da visão sistêmica do agronegócio Sustentabilidade:
são, basicamente, a competitividade e a sustentabilidade. A competitivida- capacidade que o
de diz respeito à própria qualidade do produto e ao seu preço no mercado produtor tem de se
manter no mercado e
consumidor, o mercado é cada vez mais exigente quanto à qualidade dos obter lucros.

Introdução ao Agronegócio 23 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


produtos e os consumidores ainda baseiam suas compras principalmente no
quesito preço. A sustentabilidade está relacionada com a competência da
propriedade para continuar no mercado. Competitividade e sustentabilidade
estão ligadas de forma inseparável, uma empresa sem competitividade não
consegue se manter no mercado, assim como uma empresa mal administra-
da, sem sustentabilidade, não será capaz de produzir produtos competitivos
e consequentemente não terá lucro.

2.2 Conceito de cadeias produtivas


Falaremos agora sobre o conceito de cadeia produtiva. Esse é um
conceito bastante técnico, por isso tomaremos como base a palavras de Mas-
silon Araújo.
O conceito de cadeia produtiva aplicado ao agronegócio foi criado na
França, na década de 1960. Segundo Montigaud: cadeias produtivas “são suces-
sões de atividades ligadas verticalmente, necessárias à produção de um ou mais
produtos correlacionados” (MONTIGAUD, 1991, apud ARAÚJO, 2009, p 22).
Analisando a cadeia produtiva dos produtos agropecuários é pos-
sível enxergar as interrelações entre que compõe e participam daquela ca-
deia produtiva. Esse fato permite: descrever toda a cadeia de produção,
determinar a função da tecnologia na estruturação de determinada cadeia
produtiva, realizar estudos de melhoramento e integração, analisar a política
voltada para o agronegócio; compreender a relação entre os insumos e os
produtos produzidos com eles e analisar as estratégias das associações.
Segue abaixo as principais características das cadeias produtivas:

Refere-se a conjunto de etapas consecutivas pelas quais pas-


sam e vão sendo transformados e transferidos os diversos
insumos, em ciclos de produção, distribuição e comerciali-
zação de bens e serviços; implica em divisão de trabalho,
na qual cada agente ou conjunto de agentes realiza etapas
distintas do processo produtivo; não se restringe, neces-
sariamente, a uma mesma região ou localidade; não con-
templa necessariamente outros atores, além das empresas,
tais como instituições de ensino, pesquisa e desenvolvimen-
to, apoio técnico, financiamento, promoção, entre outros
(ARAÚJO, 2009, p. 23).

A análise de um produto específico na maneira como foi concebida


a ideia de cadeia produtiva, faz com que não sejam considerados todos os
agentes econômicos que estão posicionados após a produção, afinal trata-se
da análise da produção, cadeia produtiva, como deixa claro a nomenclatura.
Com a evolução do agronegócio é preciso que os agentes posicio-
nados após a produção propriamente dita sejam considerados no processo
de produção como um todo. “Daí surgir, muito recentemente, a ideia de
cadeia de valor, como sendo um conceito mais abrangente, que inclua esses
segmentos” (ARAÚJO, 2009, p. 23).

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 24
2.3 Importância do Agronegócio
O agronegócio é um segmento econômico de grande importância e Carta de Exportações:
valor em termos mundiais, sua representatividade econômica varia de país Produtos que o Brasil
vende para outros
para país. No Brasil, o agronegócio é um setor muito importante, principal-
países
mente quanto à carta de exportação dos produtos brasileiros. Queremos di-
zer com isso que o Brasil vende para outros países muitos produtos oriundos
da agropecuária como carne e frutas, por exemplo.

Figura 5: Carregamento para exportação


Fonte: Disponível em: http://jornale.com.br/mirian/wp-content/uploads/2010/01/exportacao-de-
soja.jpg acessado em 16 de junho de 2010.

Precisamos ressaltar que a cada ano cresce a produção de produ-


tos agropecuários no Brasil e que essa produção vem sendo absorvida pelo
mercado interno e também pelo mercado externo. Os produtos brasileiros
são visto no exterior como de boa qualidade, nossas exportações crescem a
cada ano e a produção agropecuária voltada para o mercado externo é uma
realidade que precisa ser aproveitada pelos produtores.

Introdução ao Agronegócio 25 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Figura 6: Navio sendo carregado de grãos para exportação.
Fonte: Disponível em: http://mundosebrae.files.wordpress.com/2009/10/exportacao2.jpeg
acessado em 16 de junho de 2010.

Resumo

Nesta aula você aprendeu:


1- Que o agronegócio precisa ser visto como um sistema
2- As vantagens da visão sistêmica do agronegócio.
3- Para fins de estudo, a produção agropecuária é dividida em “antes
da porteira”, “dentro da porteira” e “depois da porteira”.
4- O que são cadeias produtivas.
5- A importância do agronegócio para o Brasil.

Referências

NEVES, Marcos Fava; ZYLBERSZTAJN, Decio e NEVES, Evaristo Marzabal.


Agronegócio do Brasil. 1 ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

ARAÚJO, Massilon J. Fundamentos de agronegócios. 2 ed. São Paulo: Atlas,


2009.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 26
Atividades de aprendizagem

1) A respeito da importância do agronegócio para o Brasil podemos afirmar.


Exceto

a) O setor agropecuário é responsável por uma boa parte dos empregos ge-
rados no país.

b) A produção agropecuária cai a cada ano em quantidade e valor dos pro-


dutos.

c) Os produtos agropecuários são responsáveis por boa parte das exporta-


ções brasileiras.

d) O setor agropecuário é fundamental para a economia brasileira.

2) O agronegócio dentro de uma visão sistêmica é dividido em 3 partes. São


elas, exceto:

a) Setor “antes da porteira”.

b) Setor “dentro da porteira”.

c) Setor “depois da porteira”.

d) Setor “de vendas”.

Introdução ao Agronegócio 27 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


AULA 1

Alfabetização
Aula Digital
3 – Características do setor agroin-
dustrial “antes da porteira”

3.1 Segmento do setor agroindustrial “antes da


porteira”

Nesse momento, passamos para o estudo dos segmentos do sistema


agroindustrial de forma separada. Mas, lembramos que o estudo está dividido ape-
nas por questões didáticas. Na prática, o sistema agroindustrial é inseparável.
Começamos de forma lógica pelo segmento “antes da porteira”.
Trataremos principalmente dos insumos agropecuários e da relação dos pro-
dutores de insumos com os agropecuaristas.

3.2 Insumos agropecuários

Os insumos podem ser conceituados como os fatores de produção Fique atento para o
que propiciam a elaboração de certos serviços ou bens. Aplicando esse con- conceito de insumo.
Lembre-se de que
ceito básico à atividade agropecuária, podemos tratar insumos como sendo insumo é tudo que
todos os bens e serviços que propiciam a melhor atividade do setor agrope- facilita, melhora ou
aumenta a produção.
cuário, insumo é tudo aquilo que facilita, melhora ou aumenta a produção.
Podemos citar aqui alguns insumos de grande importância para o
setor agropecuário e que serão estudados adiante, apenas a título de exem-
plo temos: energia, água, rações, equipamentos, máquinas, implementos,
fertilizantes, sais minerais, produtos veterinários e diversos outros. Estuda-
remos cada um desses insumos em sua individualidade.

3.3 Máquinas, equipamentos e implementos


agropecuários

Na atividade agropecuária, existem diversas máquinas que auxi-


liam no exercício da atividade tornando-as infinitamente mais fáceis para o
produtor ou criador, pois existem máquinas utilizadas tanto na agricultura,
quanto na pecuária.
Cada máquina tem seus próprios implementos necessários para seu
funcionamento e, também, é preciso destacar, que, para cada tipo de ser-
viço, existe uma máquina correspondente. Algumas pessoas têm uma falsa
impressão sobre as máquinas e equipamentos, afirmam que eles são usados
apenas em grandes propriedades e que não são necessárias nas propriedades
de pequeno porte. Isso é um erro grosseiro. Não se pode negar que, normal-

Introdução ao Agronegócio 29 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


mente, os donos dos latifúndios têm mais recursos para adquirir mais má-
quinas e equipamentos, porém afirmar que estas são inúteis nas pequenas e
médias propriedades é um erro. O que é diferente é o tipo de insumo usado.

Figura 7: Bomba d’água utilizada em pequenas propriedades.


Fonte: Disponível em: http://images.jacotei.com.br/grd/242830.jpg acessado em 16 de junho de 2010.

As máquinas mais usadas na agropecuária são os tratores, as colhei-


tadeiras e os motores fixos, cada qual com sua função e utilidade variável
de acordo com a necessidade do produtor. Podemos citar alguns exemplos
para ilustrar melhor: para preparar solos arenosos podemos utilizar tratores
menores de pneus, com arados, esse mesmo trator poderá ser utilizado para
tracionar grades niveladoras, roçadeiras, carretas e realizar demais serviços
na propriedade. Se o objetivo é realizar uma aração mais pesada será ne-
cessário um trator maior com tração 4x4. No caso de o proprietário precisar
fazer um desmatamento numa área de vegetação arbórea de pequeno ou
médio porte, é preciso utilizar dois tratores de esteira com correntão, em
que cada ponta estará presa a um trator esteira.
Existem muitas outras máquinas e equipamentos que podem ser
usados na produção agropecuária, como as diversas colheitadeiras sejam de
grãos, frutas como a laranja ou cana-de-açúcar. Também existem máquinas
menores como os pivôs e as bombas de água, enfim há uma infinidade de
máquinas e equipamentos de todos os preços e qualidades. Porém, como dito
anteriormente, é preciso conciliar sempre necessidade e valor.

Figura 8: Colheitadeira sendo utilizada em lavoura de grãos.


Fonte: Disponível em: http://br.viarural.com/agricultura/tratores/case-ih/colhedoras-
colheitadeiras-colheitadeira-de-graos-axial-flow-8010-01.jpg acessado em 16 de junho de 2010.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 30
Figura 9: Trator com arado.
Fonte: Disponível em: http://www.corumba.ms.gov.br/modules/xcgal/albums/userpics/10004/
normal_Foto%20patrulha.JPG acessado em 16 de junho de 2010

3.4 Água

Pode-se afirmar, sem nenhuma dúvida, que a água é o principal


insumo para a atividade agroindustrial. Em pequena ou em grande quantida-
de, ela é fundamental para a vida e todos nos sabemos que trabalhar com o
agronegócio é trabalhar com a vida. Mesmo que os vegetais e os animais se-
jam tratados como coisas que nos forneceram lucros, eles também são seres
vivos e todos necessitam de água.

Figura 10: Plantação sendo irrigada.


Fonte: Disponível em: http://www.dancor.com.br/jornal/imagem.jpg acessado em 16 de junho de 2010.

Introdução ao Agronegócio 31 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Figura 11: Rebanho bebendo água.
Fonte: Disponível em: http://4.bp.blogspot.com/_zEveExHPYpk/Rn82nW654pI/AAAAAAAAACE/-
4otneKhAWk/s400/Rodeio+-+gado+bebendo+%C3%A1gua.jpg acessado em 16 de junho de 2010.

No Brasil, existe certa dificuldade em tratar a água como insumo


agropecuário. Isso se deve ao fato de sua relativa fácil aquisição. O Brasil
é abençoado com a maior rede hidrográfica do mundo e também temos na
Índice de pluviosidade:
quantidade de chuva maioria de território nacional um bom índice de pluviosidade. Não podemos
nos esquecer de que existem regiões onde a água é de difícil acesso, como
na maior parte da região nordeste e na porção norte do estado de Minas
Gerais.
Mas, mesmo no Brasil, vem crescendo a ideia de que a água precisa
ser usada com responsabilidade e racionalidade. Vem sendo disseminada nos
Estados brasileiros a necessidade de legislação que trate sobre projetos de
irrigação. Nos locais onde existe essa legislação, há um custo para se aprovar
um projeto de irrigação e este custo é acrescentado ao valor final do produto.

Resumo

Nesta aula você aprendeu:


1- O que são insumos agropecuários.
2- Para que servem os insumos agropecuários.
3- Que existem máquinas próprias para cada atividade e para
cada propriedade.
4- Aprendeu que a água é insumo agropecuário.

Referências
CALLADO, Antônio André Cunha. Agronegócio. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2008.

NEVES, Marcos Fava; ZYLBERSZTAJN, Decio e NEVES, Evaristo Marzabal.


Agronegócio do Brasil. 1 ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 32
Atividades de aprendizagem

1- Sobre a água na atividade agropecuária podemos afirmar:

s) No Brasil existe grande dificuldade para obter água.

b) Existe certa dificuldade para tratar a água como insumo no Brasil devido
ao fato de sua fácil aquisição.

c) A água não é um insumo.

d) A água é dispensável para a produção agropecuária.

2) A respeito das máquinas e equipamentos agrícolas podemos afirmar, ex-


ceto:

a) Sua utilização é possível apenas em grandes propriedades.

b) Existe uma máquina ou equipamento certo para cada tarefa ou proprie-


dade.

c) O tamanho da propriedade não é o único fator necessário para determinar


se uma máquina ou equipamento pode ser usado ou não.

d) As máquinas e equipamentos utilizados nas pequenas propriedades são


diferentes dos usados nas grandes propriedades.

Introdução ao Agronegócio 33 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


AULA 1

AulaAlfabetização
4 – Características
Digital do setor agroin-
dustrial “antes da porteira” 2

Continuamos com o estudo dos insumos agropecuários.

4.1 Energia

A energia, principalmente a elétrica, é também um insumo funda-


mental para o sucesso de um empreendimento agropecuário. Toda e qual-
quer evolução tecnológica que chega até o campo necessita primeiramente
Empreendimento:
de energia. Energia entendida em todas as suas formas: de elétrica, como negócio, atividade
citado acima, até o combustível utilizado pelas máquinas. negocial.
No tocante a energia elétrica, ela é a energia básica da sociedade.
Demanda: procura,
Quase todos os meios de comunicação são dependentes dela, o telefone, necessidade.
computador, celular, internet, televisão. Tudo isso necessita de eletricidade
para funcionar e como já dissemos o produtor agrícola e pecuarista precisa
desses meios de comunicação. O campo não é mais isolado e autossuficiente,
ele produz de acordo com a demanda do centro urbano.
Mas também é preciso inovar. No Brasil, as fontes de energia mais
comuns é a hidráulica. Nossa principal fonte e a termelétrica. Essas duas
fontes, apesar de sua facilidade, nem sempre são as mais indicadas para os
empreendimentos agropecuários. Existem fontes alternativas que precisam de
um maior investimento de implantação, mas que para determinados empreen-
dimentos é a mais adequada. A implantação de fontes alternativas de energia
também vem se tornando uma exigência do mercado. É inegável que hoje
tenhamos uma grande preocupação com o meio ambiente e que a própria
sociedade cobra dos produtores a sua parcela de ajuda na conservação do
planeta.
Dessa forma, a utilização de fontes limpas de energia vem se tor-
nando uma necessidade, mesclada de exigência. Isso não significa que essas
fontes alternativas sejam inviáveis financeiramente. Seguem alguns exem-
plos de fontes alternativas de energia: energia solar, proveniente da coloca-
ção de placas que captam a luz do sol e a transforma em energia elétrica,
é possível utilizar a energia solar para realizar tarefas como a secagem e a
desidratação dos produtos agrícolas, aquecimento de água e iluminação da
sede da fazenda e também é possível sua utilização para utilizar equipamen-
tos menores, como bombas d’água.

Introdução ao Agronegócio 35 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Figura 12: Painéis solares em área rural.
Fonte: Disponível em: http://turma1422.files.wordpress.com/2008/09/061120_gea_seguidores-2.
jpg acessado em 17 de junho de 2010.

A energia eólica é aquela proveniente do vento. Na atualidade,


utiliza-se a energia eólica para mover aero geradores, os quais são grandes
turbinas colocadas em lugares de muito vento. Essas turbinas têm a forma
de um cata-vento ou de um moinho. Esse movimento, através de um gerador,
produz energia elétrica. Essa energia pode ser usada para iluminação e para
diversas outras tarefas da propriedade.

Figura 13: Aero gerador em funcionamento.


Fonte: Disponível em: http://canilho.files.wordpress.com/2009/10/181-energia-eolica.jpg acessado
em 17 de junho de 2010.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 36
A energia hidráulica é uma das fontes mais comuns de energia al-
ternativa e, devido a sua antiga e comum utilização, as pessoas constante-
mente se esquecem de que se trata de uma fonte alternativa de energia.
Ela é muito utilizada em pequenas propriedades principalmente na forma de
rodas d’água e carneiros hidráulicos, é muito utilizada para irrigar pequenas
plantações ou levar água para determinados lugares.

Figura 14: Exemplo de roda d’água.


Fonte: Disponível em: http://www.ahmar.com.br/imagens/produtos/bomba_rochfer.gif acessado
em 17 de junho de 2010.

Por fim, temos a energia de biomassa, a qual é obtida através de re-


síduos orgânicos. Como exemplo de biomassa, podemos citar o biogás que é
a geração de energia através da fermentação de matéria orgânica como o es-
terco do gado. Esse esterco é colocado em câmaras especiais, chamadas de
biodigestores, dentro desses biodigestores ocorre a produção de gás natural,
o qual é transformado em energia elétrica. Também é possível a obtenção
de energia elétrica através da queima de resíduos provenientes da própria
produção agropecuária, como, por exemplo, o bagaço da cana-de-açúcar.
Esse, quando colocado para queimar em fornalhas ou caldeiras, torna-se uma
fonte alternativa de energia.

Introdução ao Agronegócio 37 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Figura 15: Esquema de funcionamento de um biodigestor.
Fonte: Disponível em: http://verdedentro.files.wordpress.com/2009/03/biodigestor.jpg acessado
em 17 de junho de 2010.

4.2 Corretivos de solos

Degrade: estrague, Normalmente os solos não são perfeitos para a atividade agrícola, é
destrua mais preciso que eles sejam corrigidos para que se desenvolva a atividade agríco-
rapidamente
la. Os corretivos são produtos, normalmente químicos, que são adicionados
ao solo para corrigir as suas deficiências e falhas, visando sempre tornar os
solos mais férteis e, na medida do possível, ideais para a produção agrícola.
Existe um processo correto para se incrementar os solos, é preciso uma aná-
lise laboratorial para que a “correção” seja eficaz.
Muitas vezes em propriedades menores o pequeno agricultor, na
maioria das vezes, utiliza os chamados corretivos baseado na experiência e
na cultura popular. Muitas vezes essa utilização faz com que o solo se de-
grade.
Porém, quando a correção é precedida por um estudo realizado por
profissionais competentes, o solo ganha muito em termos de produtividade
e durabilidade. Entre os corretivos podemos citar alguns como principais ou
mais utilizados. Como por exemplo: os adubos, o gesso, o calcário agrícola e
a matéria orgânica.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 38
O calcário agrícola é usado para diminuir a acidez do solo, ele
elimina o efeito tóxico do alumínio nos vegetais e corrige as deficiências de
cálcio e magnésio no solo. O óxido de magnésio e o óxido de cálcio são alguns
dos principais componentes do calcário agrícola. O gesso agrícola é um pou-
co parecido com o calcário agrícola e é utilizado para corrigir deficiências
em cálcio que o solo pode conter.

Figura 16: Pacote de calcário agrícola.


Fonte: Disponível em: http://www.grupodb.com.br/imagens/Calcario/prd_calcario_dolomitico_g.
jpg acessado em 17 de junho de 2010

Figura 17: Produtor aplicando o gesso agrícola em seu solo.


Fonte: Disponível em: http://www.calmina.com.br/agri1.jpg acessado em 17 de junho de 2010.

Quanto aos adubos em geral, Massilon Araújo (2009) em sua obra


faz a seguinte classificação: são classificados em macro e micronutrientes.
Os macronutrientes são: fósforo (P), nitrogênio (N), potássio (K), enxofre (S),
cálcio (Ca) e magnésio (Mg), enquanto os micronutrientes são: ferro (Fe),
molibdênio (Mo), cobalto (Co), manganês (Mn) e zinco (Zn). Quanto às neces-
sidades de cada solo, isso é trabalho para profissionais devidamente treina-
dos, como dito acima, e quanto às fontes de cada macro ou micronutriente,
isso é um estudo muito técnico e específico e o qual não é o objeto da nossa
disciplina, precisamos apenas saber que existem esses corretivos agrícolas e
que eles devem ser utilizados na medida em que são necessários.

Introdução ao Agronegócio 39 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


4.3 Fertilizantes

O fertilizante ou adubo é utilizado na atividade agropecuária como


um corretivo, do mesmo modo como os descritos no tópico anterior e tam-
bém é usado como adubo para a manutenção da cultura cultivada. Como um
tipo de corretivo, o fertilizante é aplicado durante o preparo do solo. Já na
adubação de manutenção de cultura, o adubo é utilizado no preparo das co-
vas para as lavouras perenes ou no momento do plantio das lavouras anuais
ou quando as pastagens estão sendo formadas. A fertilização do solo pode
ser feita de diversas formas como, por exemplo, no processo de irrigação,
quando o adubo é misturado com a água que será lançada sobre a lavoura.

Figura 18: Aplicação de fertilizante no momento de preparo do solo.


Fonte: Disponível em: http://www.webartigos.com/content_images/fert000.jpg acessado em 20
de junho de 2010.

4.4 Agrotóxicos

Os agrotóxicos, agroquímicos e defensivos agrícolas são deno-


minações diversas de um mesmo produto, o qual é utilizado para evitar o
crescimento de ervas daninhas, pragas e doenças na lavoura.
Podemos citar como os principais deles os herbicidas, os quais
são utilizados para combater o crescimento de ervas daninhas ou plantas
concorrentes no meio da lavoura da cultura produzida. A aplicação dos herbi-
cidas faz com que o produtor não precise usar meios mecânicos para retirar
as culturas indesejadas do meio de sua plantação. Também temos os inseti-
cidas, os quais, como deixa claro a nomenclatura, servem para exterminar
insetos, em sua maioria moscas, lagartas e formigas.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 40
Figura 19: Produtor aplicando agrotóxicos em sua lavoura.
Fonte: Disponível em: http://www.fiocruz.br/ccs/media/incqs_agrotoxico2.jpg acessado em: 20
de junho de 2010.

4.5 Compostos orgânicos


Os compostos orgânicos são o resultado da decomposição ou apo-
drecimento de resíduos orgânicos como restos de animais mortos, lixo, ester-
co, restos de vegetais, o próprio húmus. Esses compostos também são usados
na adubação e correção dos solos.

Resumo

Nesta aula você aprendeu:


1- Que a energia também é um insumo agropecuário.
2- Que existem diversas formas de energia como a solar, eólica e
biomassa.
3- Que a utilização de fontes alternativas de energia é uma neces-
sidade e uma cobrança do mercado consumidor na atualidade.
4- Os solos podem ter sua fertilidade melhorada pelos corretivos
e fertilizantes.
5- Os chamados agrotóxicos em sua maioria servem para livrar os
produtos agropecuários de pragas e doenças.

Referências

CALLADO, Antônio André Cunha. Agronegócio. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2008.

ARAÚJO, Massilon J. Fundamentos de agronegócios. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2009.

Introdução ao Agronegócio 41 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Atividades de aprendizagem

1) Quanto aos tipos de energia podemos citar como fontes de energia alter-
nativa, exceto:

a) Eólica.

b) Termelétrica.

c) Solar.

d) Biomassa.

2) Sobre os corretivos de solos podemos afirmar que:

a) Não são utilizados no Brasil, pois todos os solos brasileiros são prontos
para a agricultura.

b) A sua aplicação dispensa a análise laboratorial devido a facilidade em


sua aplicação.

c) São necessários para ter uma maior produção agrícola.

d) São uniformes, não possuem qualquer variação.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 42
AULA 1

AulaAlfabetização
5 – Características
Digital do setor agroin-
dustrial “antes da porteira” 3

Continuamos com o estudo dos insumos agropecuários.

5.1 Mudas, sementes e materiais genéticos


Quanto às mudas, seguimos os conceitos fornecidos por Massilon Araú-
jo (2009) em sua obra. Para o autor, as mudas podem ser obtidas diretamente
das sementes, também denominadas de “pé fraco” e resultam da germinação
das sementes. De modo geral, têm a probabilidade elevada de não reproduzir
as boas características da planta mãe. Por enquanto, são mais recomendadas
para algumas culturas com difícil utilização de outra técnica, como as palmeiras
(coco-da-baía, pupunha, açaí macaúba, gairoba, babaçu, tâmara etc.).
As mudas obtidas por enxertia resultam da fixação de parte de uma
planta em outra. A parte fixada é também denominada de enxerto ou “cavalei-
ro” e pode ser uma gema ou a ponta mais nova de um galho. A planta fixadora,
também, denominada de porta-enxerto ou “cavalo”, tem bom sistema radicular
para suportar uma copa produtiva semelhante à planta-mãe. Das culturas que
mais são cultivadas pelo sistema de enxertia citam-se: citros, uva e abacate.
As mudas obtidas por reprodução assexuada são mais comumente
as de difícil reprodução por sementes, como: banana, figo, alho, abacaxi,
ornamentais (hibisco, bromélias, bugainville, quaresmeira, cróton, rosa).

Figura 20: Exemplos de mudas


Fonte: Disponível em: http://www.jardimdasideias.com.br/public/userfiles/image/mudas_600.jpg
acessado em 21 de junho de 2010.

Introdução ao Agronegócio 43 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Figura 21: Exemplo de muda que sofreu enxerto.
Fonte: Disponível em: http://www.ceplac.gov.br/images/enxertia.jpg acessado em 21 de junho de
2010.

Aproveitando o conhecimento de Massilon Araújo, expomos tam-


bém o conceito dele no tocante às sementes. As sementes tradicionais no
mercado são as varietais e as híbridas; mas recentemente, têm surgido as
sementes transgênicas.
As sementes varietais puras são de uma única variedade e pro-
duzem “filhas” iguais às “mães” por gerações sucessivas, desde que não
ocorram fecundações cruzadas com outras variedades. Das culturas mais co-
mumente cultivadas com sementes varietais citam-se: soja, arroz, feijão,
ervilha e café.
As sementes híbridas resultam do cruzamento de duas variedades,
cujas sementes-filhas portam 50% da carga genética de cada uma das varie-
dades que lhes deram origem. No Brasil, as sementes híbridas mais comu-
mente usadas são as de milho e as de coco (híbrido entre “anão” e “gigante”).
As sementes-filhas das plantas originárias de sementes híbridas não
devem ser cultivadas, porque a maior parte delas já não traz as boas quali-
dades do híbrido.
As sementes transgênicas são obtidas originalmente em labora-
tórios, mediante a técnica de deslocamento de um ou mais genes menos
desejáveis e introdução de genes em substituição, visando introduzir carac-
terísticas mais desejáveis, como: maior resistência pós-colheita (tomate),
maior resistência de determinados herbicidas (soja), resistência a doenças,
elevação do valor nutricional, produção de medicamentos etc.
O uso de produtos transgênicos é muito discutido, porque ainda não
se tem segurança sobre possíveis efeitos nos consumidores e sobre o meio
ambiente, e, também, porque poucas empresas no mundo são produtoras
dessas sementes. Esse fato coloca milhões de produtores totalmente depen-
dentes de pouquíssimos fornecedores.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 44
Figura 22: Alguns tipos de sementes.
Fonte: Disponível em: https://www.naturaljoias.com.br/images/kits_para_biojias/kit%20pequeno.
jpg acessado em 21 de junho de 2010.

Na pecuária, também ocorre o melhoramento dos rebanhos através


da procriação. Claro que de forma diferente da agricultura. Na pecuária,
é mais comum que ocorra a escolha de determinado animal para que suas
características sejam passadas para as próximas gerações, esses animais nor-
Inseminação artificial: é
malmente são chamados de matrizes, pois suas características são as dese- a deposição mecânica
jadas e pretende-se copiá-las. É comum que se recolha o sêmen dos machos do sêmen no aparelho
genital da fêmea
e os óvulos das fêmeas para que eles sejam fecundados por inseminação
artificial, posteriormente os embriões são transferidos para o útero da fê-
mea. Também ocorre a reprodução natural dos animais, nesse caso o macho
e a fêmea matriz são colocados juntos para que haja a reprodução natural
da espécie.

Figura 23: Exemplo de um modo de inseminação artificial em bovinos.


Fonte: Disponível em: http://www.cptcursospresenciais.com.br/imagens/up/agenda108.jpg
acessado em 22 de junho de 2010.

Introdução ao Agronegócio 45 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


5.2 Hormônios

Hormônios são, de modo mais amplo, produtos químicos que são


usados para acelerar a atividade biológica dos vegetais e dos animais.
Os hormônios vegetais, também chamados de fito-hormônios, mais
utilizados são os indutores de florescimento, indutores de brotação e acele-
radores de ciclo vegetativo. Quando se utiliza os fito-hormônios, que acele-
ram o ciclo vegetativo numa lavoura de abacaxi, é possível reduzir o prazo
da colheita, por exemplo.
Os hormônios animais, também chamados de zoo-hormônios, mais
utilizados são os aceleradores de crescimento e os indutores de aumento de
massa corporal. A utilização desses hormônios faz com que o rebanho ganhe
peso mais rápido.

5.3 Ração animal


Os animais na pecuária, normalmente, são alimentados com ração
além dos pastos naturais. Basicamente existem dois tipos de rações os con-
centrados e os volumosos. A composição dos concentrados é basicamente de
sais minerais e vitaminas e em alguns casos possuem até antibióticos. Quan-
to aos volumosos, eles contêm em sua maioria proteínas, fibras e energia.
O fornecimento de ração para os animais deve buscar atingir determinado
objetivo como, por exemplo, engorda dos bois ou lactação das vacas no caso
dos bovinos.
As rações do tipo concentrado são na maioria das vezes produzidas
e distribuídas por empresas especializadas. E as rações do tipo volumoso
normalmente são produzidas nas próprias propriedades ou também podem
ser compradas, pois também existem agroindústrias que as produzem.

Figura 24: Rebanho bovino se alimentando de ração.


Fonte: Disponível em: http://veiculonet.com.br/avicultura/wpcontent/uploads/2010/01/gado_
comendo.jpeg acessado em 22 de junho de 2010.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 46
5.4. Sais minerais e sal comum

Assim como o corpo dos homens, os animais também precisam do


sal para manter seu organismo saudável. É comum que nas rações do tipo
concentrado o sal já venha incluído em doses balanceadas e suficientes para
os animais. Porém nos bovinos é preciso deixar a disposição dos animais o
sal comum e o sal mineral e esses devem ser oferecidos separados da ração.
Normalmente, coloca-se o sal em cochos para que os animais se alimentem
de acordo com a necessidade de seu organismo.

Figura 25: Exemplo de sal mineral para bovinos.


Fonte: Disponível em: http://www.alisul.com.br/upload/referenceAttribute/192x192_1204653340_
suprasal_bovinos_thumb.jpg acessado em 22 de junho de 2010.

5.5 Produtos veterinários em geral

Os produtos veterinários são dos mais variados tipos, citaremos Atenuada: fraca
aqui alguns deles a título de exemplo, mas podemos afirmar que qualquer
produto direcionado para animais é um produto veterinário. Como exemplo
podemos citar: vacinas, antibióticos, probióticos, parasiticidas, estimulantes
de apetite entre outros.
Quanto às vacinas, elas são formas atenuadas de causadores de
doenças que são aplicadas aos animais para que eles produzam anticorpos e
criem resistência contra aquela doença. A aplicação de vacinas aos animais
tem a mesma finalidade de aplicação nos seres humanos. Como exemplo de
vacina animal podemos citar: a vacina contra aftosa para os bovinos, contra
a peste africana para os suínos, parvovirose para os cães e diversas outras.

Introdução ao Agronegócio 47 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Figura 26: Bovino sendo vacinado contra a febre aftosa.
Fonte: Disponível em: http://boiapasto.tempsite.ws/wp-content/uploads/vacinação.jpg acessado
em 22 de junho de 2010.

Os probióticos são produtos que possui por finalidade tornar o reba-


nho mais resistente a possíveis doenças, são uma forma de aumentar a imu-
nidade dos animais e evitar gastos com outros medicamentos. Os probióticos
mais comuns são aqueles à base de lactobacilos. Os antibióticos e demais
medicamentos tem por objetivo combater doenças já instaladas nos animais.

Figura 27: Exemplo de antibiótico para bovinos.


Fonte: Disponível em: http://loja.mfrural.com.br/config/imagens_conteudo/produtos/
imagensGRD/GRD_2066_GRD_2066_pangram.jpg acessado em 22 de junho de 2010.

Parasiticidas, como o próprio nome já nos deixa claro, são medica-


mentos usados para combater parasitas como os carrapatos, piolhos, pulgas,
moscas e também os chamados endoparasitas que são os vermes em geral.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 48
Figura 28: Exemplo de parasiticida para cães.
Fonte: Disponível em: http://www.avipec.com.br/v2/images/stories/nossa_linha/sabonete.jpg
acessado em 22 de junho de 2010.

Os estimulantes de apetite também são autoexplicativos. Tem por


objetivo fazer os animais se alimentarem mais.

Resumo

Nesta aula você aprendeu:


1- Que mudas e sementes são insumos agropecuários.
2- Sobre alguns tipos de hormônios agropecuários.
3- Que existem tipos diferentes de ração animal.
4- A necessidade dos produtos veterinários em geral.

Referências

ARAÚJO, Massilon J. Fundamentos de agronegócios. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2009.

CALLADO, Antônio André Cunha. Agronegócio. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2008.

Atividades de aprendizagem

1) A respeito das sementes podemos afirmar.

a) As sementes varietais puras são de uma única variedade e não produzem


“filhas” iguais às “mães”.

b) As sementes híbridas resultam do cruzamento de duas variedades, cujas

Introdução ao Agronegócio 49 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


sementes-filhas portam 50% da carga genética de cada uma das variedades
que lhes deram origem.

c) As sementes-filhas das plantas originárias de sementes híbridas devem ser


cultivadas, porque a maior parte delas traz as boas qualidades do híbrido.

d) As sementes transgênicas não obtidas originalmente em laboratórios.

2- São produtos veterinários em geral. Exceto:

a) Vacinas.

b) Antibióticos.

c) Estimulantes de apetite.

d) Fitohormônios.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 50
AULA 1

Alfabetização Digital
Aula 6 – Características do setor agroin-
dustrial “antes da porteira” 4

6.1 Relação entre os agropecuaristas e os produtores


de insumos

Os agentes econômicos que atuam no segmento “antes da por-


teira” do agronegócio são, de um lado, os produtores de insumos de for-
ma ampla, todos os insumos que estudamos anteriormente, juntamente
com seus revendedores e representantes e, de outro lado, os produtores
rurais.
Em geral, os produtores de insumos são grandes empresas ou
grandes agroindústrias que dominam determinados setores da produção
de insumos. Podemos citar como exemplo a Monsanto que é uma grande
produtora de sementes sem muitos concorrentes na sua área de atuação. Oligopólio: é a situação
de um mercado com
Não é exagero dizer que isso se repete na maior parte dos segmentos de um número reduzido de
insumos agropecuários. O que existe é uma relação típica de oligopólio e, empresas que oferecem
determinado produto
às vezes, de monopólio. Apenas esclarecendo, um oligopólio é uma situa-
ção da economia que se configura quando existem poucos vendedores de Monopólio: é quando há
um produto e muitos compradores, já o monopólio acontecesse quando somente um vendedor
no mercado para um
existe apenas um vendedor e muitos compradores. determinado produto
Partindo do princípio de que os agropecuaristas estão na posição
de sujeitos passivos na relação comercial com os produtores de insumos,
devido principalmente ao fato de os produtores de insumos serem um
grupo organizado e os agropecuaristas um grupo desorganizado. É pos-
sível afirmar que os produtores agropecuários pagam um alto preço
pelos insumos e, podemos afirmar também, que esse alto preço é re-
passado ao consumidor final, pois o produtor precisa obter lucro em
seu negócio.

6.2 Serviços agropecuários

Os serviços agropecuários que estão a serviço do produtor no Bra-


sil, no segmento antes da porteira, são basicamente:

as pesquisas agropecuárias; fomento, extensão rural e as-


sistência técnica; elaboração de projetos; análises labora-
toriais; crédito e financiamentos; vigilância e defesa agro-
pecuária; proteção e defesa ambiental; incentivos fiscais;
comunicações; infra-estrutura; treinamento e mão-de-obra
(ARAÚJO, 2009, p.42).

Introdução ao Agronegócio 51 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


6.3 Pesquisas agropecuárias
Caro estudante use
a internet e acesse o
O Brasil possui pesquisa na área agropecuária principalmente
site da Embrapa (www. a realizada pelo Estado tanto na esfera federal quando na estadual. No
embrapa.br) para ter âmbito federal, tem-se como carro chefe da pesquisa agropecuária a Em-
mais informações sobre
a empresa e sobre as presa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), já nos Estados da
pesquisas que está Federação são as Secretarias de Agricultura e a Universidades que desen-
desenvolve. Fique volvem a pesquisa. A iniciativa privada brasileira ainda tem uma atuação
atento para as pesquisas
que podem ser usadas tímida no quesito pesquisa, não estamos afirmando que as agroindústrias
em sua região. não realizam pesquisa. O fato é que tais empresas direcionam suas pesquisas
apenas para sua área de atuação.
Falando um pouco mais sobre a Embrapa, ela é uma empresa
pública federal, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas-
tecimento (MAPA). A Embrapa tem suas atividades distribuídas em 39
unidades de pesquisa espalhadas pelo país, mas sua sede está em Brasília,
DF. Cada uma de suas unidades é especializada em determinada área da
produção agroindustrial. Como, por exemplo, a unidade de Juiz de Fora,
aqui em Minas Gerais, é voltada para a criação de gado leiteiro. Para ter
mais informações sobre a Embrapa e suas pesquisas você pode acessar
o site: www.embrapa.br e ter acesso a um grande conteúdo que está à
disposição de qualquer pessoa.
A Secretaria de Agricultura de cada Estado normalmente conta
com uma instituição de pesquisa que está ligada à Embrapa ou tem par-
ticipação nela. É comum a celebração de convênios entre as secretarias
estaduais de agricultura e a Embrapa a fim de desenvolver pesquisas vol-
tadas para determinada região do Estado.
As universidades também são grandes centros de pesquisa agro-
pecuária. Tanto as universidades públicas federais e estaduais, quanto
as universidades particulares possuem centros de pesquisa agropecuária,
principalmente as que possuem cursos de graduação em áreas afins como:
zootecnia, agronomia, engenharia agrícola, engenharia florestal entre ou-
tros. O Estado de Minas Gerais é beneficiado no quesito universidades.
Como por exemplo, a Universidade Federal de Minas Gerais, a Universida-
de Federal de Lavras, a Universidade Federal de Viçosa, a Universidade
Estadual de Montes Claros entre outras, todas elas produzindo pesquisa
na área do agronegócio.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 52
Figura 29: Centro de pesquisa.
Fonte: Disponível em: http://static.blogstorage.hipi.com/photos/jornalportaldomaranhao.
spaceblog.com.br/images/gd/1261958091/Aprovada-instalacao-de-Centro-de-Pesquisa-
noMaranhao.jpg acessado em 22 de junho de 2010.

6.4 Fomento, extensão rural e assistência técnica


No Brasil, o setor público, notadamente o governo federal e os gover-
nos estaduais, estimulam a produção da atividade agropecuária em todos os ní-
veis. Desde a orientação do que produzir, como produzir e para quem produzir.
Esses planos são voltados basicamente para a agricultura familiar e o governo
promove esse fomento através de estímulos inclusive econômicos. Muitos desses
programas de incentivo podem ser vistos no site do Ministério da Agricultura,
você pode acessá-lo através do endereço: www.agricultura.gov.br.

Figura 30: Exemplo de propriedade onde ocorre a agricultura familiar.


Fonte: Disponível em: http://paulorubem.com.br/wp-content/uploads/2009/04/agricultura-
familiar.bmp acessado em 23 de junho de 2010.

Introdução ao Agronegócio 53 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


6.5 Elaboração de projetos

A elaboração do projeto agropecuário serve para definir os obje-


tivos daquela determinada atividade, os meios que serão utilizados para se
chegar a tal objetivo, como será feita a comercialização dos produtos, quem
será o público alvo daquele empreendimento. A elaboração de um projeto
agropecuário é um grande avanço quando se busca ter uma propriedade
competitiva no agronegócio.
Entretanto, por mais vantajosa que seja a elaboração de tais pro-
jetos, ainda é muito restrita. O brasileiro não tem o costume de realizar
um estudo anterior à implantação do empreendimento e quando o faz, na
maioria das vezes, é para conseguir financiamentos bancários. Porém, preci-
samos destacar, que essa cultura “aventureira” no quesito agronegócio, está
mudando. Principalmente pelo alto nível da concorrência no setor. Segue
um exemplo de projeto agropecuário e suas inúmeras facetas. É importante
lembrar que cada uma delas é de grande importância. Um pequeno detalhe
no agronegócio pode fazer toda a diferença entre um negócio altamente
rentável e apenas mais um produtor agropecuário.

Figura 31: Exemplo de projeto agropecuário.


Fonte: Disponível em: http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/projeto_agro.jpg acessado
em 23 de junho de 2010.

6.6 Análises laboratoriais

A análise laboratorial é uma tecnologia avançada que o produtor


agropecuário tem de fazer uso para conseguir um maior rendimento de sua

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 54
produção. Hoje, é preciso que o agropecuarista utilize as novas tecnologias
que estão ao seu alcance. Não seria viável fazer todo um projeto de explo-
ração agropecuária em determinada região se o solo da propriedade não é o
correto para plantar determina cultura. Podemos afirmar com certeza, que
a aplicação de análises laboratoriais está intimamente ligada à execução de
projetos agropecuários.
É possível realizar a análise da água e do solo, dos adubos e fertili-
zantes e também análises clínicas dos animais, quando se trata da produção
pecuária. A análise dos solos, como dito acima, é necessária para determinar
se tal solo é propício para determinada cultura, e também para determi-
nar quais os tipos de corretivos usar naquele solo par torná-lo mais fértil.
Também é possível a análise das folhas dos vegetais, os resultados obtidos
mostram quais os tipos de nutrientes aquela planta está precisando, assim o
agricultor poderá fazer a adubação de sua plantação de forma correta.
A análise dos fertilizantes e dos adubos tem por finalidade deter-
minar a qualidade desses insumos e precisar a quantidade que o produtor
precisará utilizar para realizar a adubação de forma eficaz. Quanto à análise
clínica dos animais, ela pode ser feita de maneira preventiva, a fim de evitar
doenças ou indicar quais animais estão doentes. Diante dos resultados dos
exames clínicos, o pecuarista saberá quais produtos veterinários aplicar em
seu rebanho.

Figura 32: Pessoa realizando a análise do solo.


Fonte: Disponível em: http://www.itise.pt/images/analise%20metais/932-2.jpg acessado em 23 de
junho de 2010.

Introdução ao Agronegócio 55 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Resumo

Nesta aula você aprendeu:


1- Como é a relação entre os produtores de insumos e os agrope-
cuaristas.
2- Sobre o desenvolvimento e necessidade das pesquisas agrope-
cuárias.
3- Fomento da atividade agropecuária.
4- Sobre a elaboração de projetos agropecuários e sua necessi-
dade.
5- A necessidade das análises laboratoriais.

Referências

NEVES, Marcos Fava; ZYLBERSZTAJN, Decio e NEVES, Evaristo Marzabal.


Agronegócio do Brasil. 1 ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

ARAÚJO, Massilon J. Fundamentos de agronegócios. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2009.

Atividades de aprendizagem

1- A partir da análise laboratorial dos solos é possível definir:

A) A máquina ideal para realizar a terraplanagem da área.

B) A quantidade de água presente no lençol freático.

C) Os tipos corretivos agrícolas que aquele solo precisa pra se tornar mais
fértil e durável.

D) A quantidade de trabalhadores necessários para realizar o plantio.

2- Em relação os projetos agropecuários podemos dizer, exceto:

A) A elaboração do projeto agropecuário serve para definir os objetivos da-


quela determinada atividade.

B) O projeto ajudar a definir os meios que serão utilizados para alcançar os


objetivos.

C) O projeto define qual será o público alvo do empreendimento.

D) A realização de projetos agropecuários está em queda devido a sua com-


provada ineficiência.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 56
AULA 1

AulaAlfabetização
7 – Características
Digital do setor agroin-
dustrial “antes da porteira” 5

7.1 Crédito e financiamento

O Financiamento é uma forma de empréstimo financeiro que os


produtores agropecuários costumam utilizar para realizar investimos de
infraestrutura na sua propriedade, cobrir os custos do início da atividade
agropecuária, pagar dividas antigas, ou seja, para sanar suas necessida-
des financeiras.
É comum que os financiamentos ou empréstimos para os pro-
dutores agropecuários sejam realizados por bancos estatais e entre es-
sas instituições financeiras podemos citar o Banco do Nordeste, o Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco do
Brasil (BB), existem outros bancos estatais no país, mas os principais são
estes. Dependendo da necessidade do produtor haverá uma linha de cré-
dito na qual ela se encaixa. Entretanto, antes de realizar um empréstimo
o produtor precisa traçar um plano de ação para conseguir pagar a dívida
com o banco, é comum as instituições financeiras exigirem um projeto
em agropecuária que preveja como será aplicado o dinheiro emprestado
e a provável lucratividade que tal investimento terá. Isso é uma forma do
banco assegurar que receberá de volta a quantia financeira emprestada.
A iniciativa privada também faz financiamentos aos produto-
res, porém seus financiamentos não são iguais aos dos bancos estatais.
As grandes agroindústrias precisam comprar a produção dos produtores
agropecuários. Não seria interessante para a agroindústria que o seu for-
necedor falisse. Assim a agroindústria fornece o empréstimo ao produtor
e em troca ele se obriga a vender sua produção para ela. Esse tipo de em-
préstimo é muitas vezes uma boa alternativa para o produtor, na medida
em que ele terá a certeza da venda de sua produção.
Quanto às operações de crédito na agropecuária, as mais comuns
são as realizadas pelos produtores de insumos, de um lado, e os produ-
tores agropecuários, do outro. À medida que as agroindústrias produto-
ras de insumos vendem para os agropecuaristas o que estes necessitam,
e receberão pelos insumos vendidos posteriormente. Apenas quando os
agropecuaristas venderem sua produção, eles poderão pagar os produto-
res de insumos.

Introdução ao Agronegócio 57 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Figura 33: Emblema do Banco do Nordeste.
Fonte: Disponível em: http://www.projesa.com.br/imgc/bnb.gif acessado em 23 de junho de 2010.

Figura 34: Emblema do BNDES.


Fonte: Disponível em: http://zuretaconcursos.files.wordpress.com/ acessado em 23 de junho de 2010

7.2 Defesa agropecuária

A defesa agropecuária está ligada à defesa sanitária das plantações


e das criações, com o objetivo de evitar a disseminação de epidemias, tanto
nas lavouras quanto nos rebanhos. Esse controle é feito normalmente por
instituições publicas federais, estaduais e municipais.

7.3 Proteção ambiental

O crescimento da produção agropecuária implica, logicamente, no


aumento das áreas de cultivo, seja na agricultura, seja na pecuária. Entre-
tanto, esse crescimento não pode gerar a destruição do meio ambiente. É
preciso explorar a atividade agropecuária e estar sempre atento às questões
ambientais. Uma forma de realizar o crescimento da produção agropecuária
e agroindustrial e preservar o meio ambiente é por meio do desenvolvimen-
to sustentável, que ocorre a maximização dos resultados das propriedades
rurais e a conservação do meio ambiente. Alcança-se o desenvolvimento
sustentável principalmente através da utilização de tecnologia na produção
agropecuária.
Também precisamos deixar claro, que existe a legislação ambiental
e que o produtor precisa segui-la. Para fazer um desmatamento, por exem-

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 58
plo, o produtor precisa da autorização do órgão competente. Esse controle é
feito basicamente por órgãos federais como o Instituto Brasileiro de Recur-
sos Naturais Renováveis (IBAMA) e, em Minas Gerais, nós temos o Instituto O portal do IEF na
Estadual de Florestas (IEF) o qual é responsável pela fiscalização no âmbito Internet possui muitas
estadual. informações a respeito
da legislação ambiental
e sobre proteção ao
meio ambiente, seria
bom que você aluno
acessasse o site para
obter mais informações:
www.ief.mg.gov.br.

Figura 35: Emblema do IBAMA.


Fonte: Disponível em: http://www.lotusambiental.org.br/logo%20IBAMA.jpg acessado em 23 de
junho de 2010.

Figura 36: Emblema do IEF.


Fonte: Disponível em: http://seeklogo.com/images/I/ief_-_instituto_estadual_de_floresta-logo-
4E508D302D-seeklogo.com.gif acessado em 23 de junho de 2010.

7.4 Incentivos governamentais

No Brasil, não existe uma política forte de incentivo à produção agro-


pecuária. Os famosos subsídios que o governo dos Estados Unidos e a União Eu-
ropéia fornecem aos seus produtores não existem aqui. Vamos deixar claro que
os subsídios são incentivos financeiros que o Estado oferece para os produtores,
ajudando-os a cobrir os gastos da produção. No Brasil, esses incentivos não são
o normal e pode-se dizer que são praticamente inexistentes.

7.5 Comunicação

A comunicação é fundamental para o sucesso de um empreendi-


mento. Sem comunicação adequada e moderna o produtor está fadado ao
fracasso. Todos os modos de comunicação presentes na cidade são necessá-

Introdução ao Agronegócio 59 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


rios nas propriedades rurais. Telefone, fax, celular, internet entre outros são
uma realidade na produção agropecuária.

Figura 37: Interação da comunicação.


Fonte: Disponível em: http://galodapan.files.wordpress.com/2009/03/comunicacao.jpg acessado
em 23 de junho de 2010.

Através de uma comunicação eficiente o produtor consegue identi-


ficar corretamente a demanda por seus produtos, pode fazer uma divulgação
mais eficiente daquilo que ele oferece. Ou seja, através da comunicação efi-
ciente e adequada o produtor estará totalmente ligado aos acontecimentos
que interferem em sua atividade sem precisar estar presente na cidade.

Agregado: somado
7.6 Infraestrutura

A infraestrutura interna e externa é de fundamental importância


no agronegócio. A infraestrutura interna diz respeito às instalações da pro-
priedade rural: os currais, a sede da fazenda, os armazéns e todas as demais
construções que dão suporte a produção.
A infraestrutura externa também tem importância fundamental no
agronegócio. Principalmente nas vias de acesso da produção, as estradas que
chegam e saem das propriedades rurais é um fator que será usado na esti-
pulação de preço do produto. Se as vias de acesso à propriedade rural são
de péssima qualidade o produtor terá um alto custo para trazer os insumos

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 60
necessários até o local de produção. Da mesma forma que, se para tirar os
produtos da propriedade é preciso boas estradas, caso elas não existem o
produtor terá um elevado custo.
É lógico chegarmos à conclusão de que os valores que foram ne-
cessários para trazer os insumos para a propriedade e os necessários para
levá-los até o mercado consumidor serão agregados ao valor final do produto.
Esse fato prejudica não somente os consumidores finais, que terão que pa-
gar mais caro pelos produtos, como prejudica também os próprios produto-
res agropecuários, principalmente aqueles que têm suas atividades voltadas
para a exportação. Se a infraestrutura é falha e onerosa, o produto tem seu
preço elevado e demora mais tempo para chegar aos portos e de lá serem
enviados para o exterior. Quando o produto brasileiro chega ao mercado in-
ternacional, ele terá um custo elevado e vai perder competitividade, porque
além da carga tributária que incidirá sobre ele, também terá anexado ao seu
valor os gastos que foram precisos com o seu transporte.
Não seria exagero dizer, que as estradas e portos brasileiros são,
em sua maioria absoluta, de péssima qualidade. Não há diversificação de
meios de transporte, como, por exemplo, ferrovias. A enorme malha fluvial
brasileira é muito pouco utilizada e a cada dia as estradas estão mais con-
gestionadas e esburacadas. Como nós transportamos tudo em cima dos cami-
nhões, é natural que a qualidade das estradas seja baixa. E um dos motivos
é o uso acima da capacidade, e o outro, é o claro descaso do poder público
com a situação rodoviária brasileira.

Figura 38: Estrada esburacada, uma realidade no Brasil.


Fonte: Disponível em: http://joseagripino.files.wordpress.com/2009/10/estrada-esburacada.jpg
acessado em 23 de junho de 2010

Introdução ao Agronegócio 61 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Figura 39: O porto de Santos é o maior do Brasil.
Fonte: Disponível em: http://www.transportes.gov.br/bit/portos/santos/posant08.jpg acessado
em 23 de junho de 2010.

7.7 Mão-de-obra

A aquisição de mão-de-obra especializada é uma dificuldade que


os produtores rurais encontram no Brasil. Normalmente o nível de instrução
das pessoas que trabalham no campo é muito baixo. Criou-se no Brasil uma
mentalidade de que as pessoas que trabalham no campo não precisam de
instrução, pois se trata de um trabalho braçal. Essa é uma visão retrograda
que não está de acordo com a realidade.
Hoje, o trabalho na produção agropecuária é altamente especiali-
zado. E essa carência de mão-de-obra acarreta muitas consequências para
o produtor, podemos destacar os gastos que muitas vezes o próprio agrope-
cuarista tem para treinar a mão-de-obra da qual ele necessita. Outra conse-
quência é o elevado valor que a mão-de-obra devidamente especializada e
experiente cobra do produtor, como existem poucos profissionais habilitados
a fornecer o serviço e muitos produtores que necessitam dele é natural que
o preço seja elevado.
O mercado agropecuário está sempre demandando mais e mais
mão-de-obra especializada. Muitas universidades no país oferecem cursos
de graduação voltados para atender esse mercado, como também existem
diversos cursos técnicos e profissionalizantes como o E-TEC, por exemplo.
Outras instituições do governo como o Serviço Nacional de Aprendizagem
Rural (SENAR) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae) capacitam mão-de-obra para trabalhar no agronegócio.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 62
Precisamos deixar claro que a demanda de mão-de-obra no agro-
negócio e na agroindústria é em todas as áreas, desde as atividades ligadas
a produção, como por exemplo, os motoristas de colheitadeiras, até respon-
sáveis pela própria gestão do agronegócio, no caso os administradores das
propriedades.

Figura 40: Sala de aula de curso de administração.


Fonte: Disponível em: http://www.fumec.br/fumec/tourvirtual/fcs/fcs12.jpg acessado em 23 de
junho de 2010.

Figura 41: Treinamento de mão-de-obra em agroindústria


Fonte: Disponível em: http://www.opresenterural.com.br/files/1222359286frigorifico_aves_
copagril1-02.jpg acessado em 23 de junho de 2010.

Introdução ao Agronegócio 63 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Resumo

Nesta aula você aprendeu:


1- Sobre crédito e financiamento ligado ao agronegócio.
2- Que é preciso produzir e preservar o meio ambiente ao mesmo tempo.
3- Que a comunicação é de grande importância na agropecuária.
4- Sobre a necessidade de uma infraestrutura apropriada para que os
produtos agropecuários possam ganhar em competitividade.
5- A importância da mão-de-obra especializada para trabalhar no agro-
negócio.

Referências

NEVES, Marcos Fava; ZYLBERSZTAJN, Decio e NEVES, Evaristo Marzabal.


Agronegócio do Brasil. 1 ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

ARAÚJO, Massilon J. Fundamentos de agronegócios. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2009.

Atividades de Aprendizagem

1) A respeito da mão de obra no agronegócio podemos afirmar:

a) A especialização da mão-de-obra ainda não chegou às propriedades rurais.

b) As propriedades rurais, hoje, precisam de mão-de-obra altamente espe-


cializada.

c) Existe um grande número de profissionais altamente treinados e prontos


para trabalhar nas propriedades rurais.

d) A figura do gestor nas propriedades rurais é completamente dispensável.

2) Sobre a infraestrutura e a sua interferência no agronegócio podemos afir-


mar:

a) É irrelevante a infraestrutura na produção agropecuária.

b) Apenas a infraestrutura interna é importante para o setor agropecuário.


Entendemos interna como sendo a infraestrutura dentro da propriedade pro-
dutiva.

c) Apenas a infraestrutura externa é importante para o agronegócio. Pois


apenas ela será levada em conta na formação dos preços dos produtos.

d) A infraestrutura é de fundamental importância para o agronegócio. Tanto


a infraestrutura interna quanto a externa são levadas em conta na formação
dos preços dos produtos agropecuários.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 64
AULA 1

AulaAlfabetização
8 – Características
Digital do setor agroin-
dustrial “dentro da porteira”

8.1 Segmento do setor agroindustrial “dentro


da porteira”
O segmento agroindustrial “dentro da porteira” é justamente a pro-
dução das propriedades rurais, a produção agropecuária propriamente dita.
O que envolve desde o preparo para iniciar a produção até a obtenção do
produto agropecuário para ser comercializado. Nesse momento, é preciso
fazer uma distinção na matéria, pois precisamos discutir as relações que
ocorrem dentro da agricultura e da pecuária.
Agricultura e pecuária são ramos do agronegócio, fazemos uma di-
visão apenas para fins didáticos, visando facilitar o aprendizado. Precisamos
destacar que existem pontos em comum na produção agrícola e na criação
de animais, porém trataremos aqui de forma separada as duas atividades.
Começaremos pela agricultura e logo em seguida trataremos da pecuária.

8.2 Produção agrícola

Figura 42: Trator utilizado em plantação


Fonte: Disponível em: http://joaoarruda.com.br/ja/wpcontent/uploads/2009/10/agricultura.jpg
acessado em 23 de junho de 2010.

Introdução ao Agronegócio 65 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Produção agrícola é todo o conjunto de atividades que se desenvol-
vem na zona rural, as quais são necessárias ao preparo dos solos, o acompa-
nhamento do desenvolvimento da lavoura, a colheita, a armazenagem inter-
na dos produtos colhidos e a gestão das propriedades produtivas. Tudo isso
objetivando o máximo de produtos com o menor custo possível.
A gestão da propriedade produtiva vem a cada dia ganhando mais e
mais importância. Se há algum tempo atrás os produtores agrícolas davam valor
apenas ao ato da produção e deixavam de lado a administração e gestão da pro-
priedade, hoje o quadro é totalmente diferente. A boa gestão é de fundamental
importância para o sucesso de qualquer empreendimento agropecuário. Uma
prova disso é o crescente número de cursos de graduação, técnicos e profissio-
nalizantes em agronegócio, como o que você aluno faz nesse momento.
É importante para nós termos alguns conceitos utilizados na produção
agrícola de forma clara. Devido a esse fato começamos agora a estudar esses
conceitos.

8.2.1 Ciclos vegetativos


Cada tipo de vegetal precisa de um tempo para realizar sua ativi-
dade biológica, para que as plantas possam produzir seus frutos de maneira
completa, no sentido serem consumidos e de serem capazes de gerar outros
vegetais. Isso é ciclo vegetativo de uma planta, o período que vai de sua
germinação até a colheita.

8.2.2 Vegetais anuais, perenes e semiperenes


A classificação das plantas em anuais, perenes e semiperenes está
ligada diretamente ao ciclo vegetativo de cada espécie. Denominamos de
anuais as espécies que possuem um ciclo vegetativo de até 12 meses ou 1
ano. Nesse período, o vegetal cresce, frutifica e morre. A consequência disso
é que após esse período o produtor terá que iniciar todo o trabalho da lavou-
ra, desde o preparo do solo, passando pelo plantio e pelos cuidados com a
plantação até culminar na colheita de novo e assim sucessivamente.

Figura 43: Lavoura de soja, uma das plantas anuais mais cultivadas no Brasil.
Fonte: Disponível em: http://www.atribunamt.com.br/wp-content/uploads/2009/05/lavoura-de-
soja-inox-22-05-09.jpg acessado em 23 de junho de 2010.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 66
Os vegetais perenes são aqueles que têm ciclos vegetativos pro-
longados no tempo. Depois de nascerem, eles frutificam e se reproduzem
diversas vezes, por muitos anos, até que seu ciclo vegetativo chegue ao fim.

Figura 44: Plantação de coco, uma planta perene muito comum no Brasil
Fonte: Disponível em: http://www.rallyberohoka.com.br/arquivos/imagens/editor/Image/
fazenda_tres_barras_turismo_rural_torixoreu.JPG acessado em 23 de junho de 2010.

Os vegetais semiperenes são aqueles cujo ciclo vegetativo não se com-


pleta em cerca de um ano, mas também não são tão longos quanto os das
culturas perenes. A planta floresce e se reproduz algumas vezes antes que seu
ciclo vegetativo esteja completo. O comum é que esse ciclo dure de 2 a 3 anos.

Figura 45: Plantação de feijão, um vegetal perene muito comum


Fonte: Disponível em: http://www.iac.sp.gov.br/AI/noticias/fotos/Feij%C3%A3o%20IAC-carioca%A3.
jpg acessado em 23 de junho de 2010.

Introdução ao Agronegócio 67 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


8.2.3 Preparo do solo

O preparo do solo nada mais é do que o processo que deixa o solo


propício ao plantio, esse processo se dá de modo geral com o uso de corre-
tivos e de adubos no solo. Existe um termo técnico que é utilizado quando
determinada área antes improdutiva passa a ser utilizada na produção agrí-
Propício: adequado cola, quando isso ocorre fala-se que houve a incorporação de uma nova área
ao processo produtivo.

Figura 46: Solo sendo preparado para o plantio


Fonte: Disponível em: http://www.tobiasbarreto.se.gov.br/webcontrol/componentes/upload/
trator_02.JPG acessado em 23 de junho de 2010.

Quando vai se preparar um solo que já estava sendo usado para a


agricultura, o processo é mais fácil e comum. É preciso um pouco mais de
cuidado quando o solo for usado pela primeira vez para agricultura. Normal-
mente ocorre o processo de desmatamento e posterior limpeza dos resíduos
Caro aluno lembre-se deixados após o desmatamento, como raízes e tocos de árvores. Na agricul-
que já falamos sobre as
análises laboratoriais e tura moderna, após essa limpeza do solo ocorreria a análise laboratorial do
suas consequências solo, após o resultado dessa análise o produtor saberá quais são as deficiên-
cias do solo e poderá usar os corretivos e os adubos adequados para deixar
o solo pronto para receber as sementes ou mudas. Outro processo adotado,
quando necessário, é o levantamento topográfico do local, a fim de realizar
alguma correção no terreno, para deixá-lo mais plano, por exemplo, isso tem
por objetivo diminuir a erosão.
Depois de realizado o desmatamento e a limpeza, assim como todos
os estudos e as análises do solo ocorre a parte prática que podemos citar:
a aração e utilização dos corretivos e adubos, a gradagem e a aplicação de
inseticidas e herbicidas, quando necessário, e, por fim, o plantio.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 68
Resumo

Nesta aula você aprendeu:


1- Quais são as atividades que se desenvolvem no setor agroindustrial
“dentro da porteira”.
2- O que é produção agrícola.
3- Sobre ciclos vegetativos dos vegetais.
4- O que são vegetais anuais, perenes e semiperenes.
5- Sobre preparo dos solos.

Referências
NEVES, Marcos Fava; ZYLBERSZTAJN, Decio e NEVES, Evaristo Marzabal.
Agronegócio do Brasil. 1 ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

ARAÚJO, Massilon J. Fundamentos de agronegócios. 2 ed. São Paulo: Atlas,


2009.

Atividades de aprendizagem

1) Sobre o segmento do setor agroindustrial “dentro da porteira” podemos


afirmar:

a) Nele se encontram as atividades ligadas a distribuição dos produtos agro-


pecuários para o consumidor final.

b) A negociações entre em os produtores rurais e os produtores de insumos


acontecem nesse setor.

c) O setor “dentro da porteira” é o primeiro passo na produção agroindus-


trial.

d) O segmento agroindustrial “dentro da porteira” é justamente a produção


das propriedades rurais, a produção dos produtos agropecuários propriamen-
te dita.

2) São características do setor “dentro da porteira”, exceto:

a) Acompanhamento do desenvolvimento da lavoura.

b) A compra dos insumos necessários para desenvolver a lavoura.

c) A colheita.

d) A armazenagem interna dos produtos colhidos.

Introdução ao Agronegócio 69 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


AULA 1

AulaAlfabetização
9 – Características
Digital do setor agroin-
dustrial “dentro da porteira” 2

Continuamos com o estudo das características da produção agrícola.

9.1 Viveiros e mudas


Nem todas as espécies de vegetais são colocadas para germinar di-
reitamente na plantação. O início do ciclo vegetativo dessas espécies ocorre
em locais específicos chamados viveiros. As sementes são colocadas para
germinar nos viveiros por dois motivos mais gerais, o primeiro é técnico, pois
as sementes não iriam germinar se fossem lançadas diretamente no solo que
está separado para a lavoura. O segundo é econômico, porém derivado do
primeiro, se as plantas não germinarem, não haverá colheita e não havendo
colheita o produtor não teria lucro com a atividade agrícola.

Figura 47: Exemplo de viveiro agrícola.


Fonte: Disponível em: http://iguape.files.wordpress.com/2009/08/viveiro-de-mudas-de-pupunha.
jpg acessado em 23 de junho de 2010.

Depois que germinam e ficam um pouco mais fortes, as sementes


germinadas e crescidas, agora denominadas mudas são transferidas para o
local onde ficarão definitivamente, no caso o solo que foi preparado para
receber a lavoura.

Introdução ao Agronegócio 71 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


9.2 Plantio

O plantio é o ato pelo qual o produtor incorpora ao solo as semen-


tes da cultura que deseja para que elas germinem e cresçam ou ele faz
a plantação com mudas, as quais estavam se desenvolvendo nos viveiros.
Como exemplos de vegetais que têm suas sementes lançadas ao solo temos
o milho, o feijão, a soja e o arroz. Já o tomate, o coco, o café a manga são
exemplos de vegetais plantados por meio de mudas.

9.3 Cuidados com a plantação

Cuidados com a plantação são as ações tomadas pelo produtor para


que a sua lavoura cresça saudável e forte. São ações como manter a lavoura
limpa, realizar a irrigação na quantidade certa, combater as pragas e doen-
ças que por acaso ataquem a plantação e realizar a adubação corretamente.
Manter a lavoura limpa significa retirar dela possíveis ervas dani-
nhas que crescem entre a cultura desejada. Essas ervas daninhas irão con-
correr com a cultura desejada pelo espaço e pelos nutrientes do solo. A
retirada das ervas daninhas ocorre por meio da aplicação de herbicidas ou
por meios físicos como a retirada com enxadas e tratores. Também consiste
em deixar a lavoura limpa com a retirada de possíveis materiais deixados lá
pelos humanos, como garrafas de plástico, por exemplo.

Figura 48: Trabalhador limpando a lavoura através da enxada.


Fonte: Disponível em: http://1.bp.blogspot.com/_55anICIekBQ/SuHGykJ3dhI/ /s320/o+agricultor.
jpg acessado em 23 de junho de 2010.

A irrigação é de fundamental importância para a plantação, não


seria errado dizer que o principal cuidado com a lavoura é a irrigação. Pre-
cisamos deixar claro que a irrigação não é o simples ato de molhar a lavoura.
Irrigar é fornecer ao vegetal a quantidade de água necessária pra que ele se

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 72
desenvolva, mas não se trata apenas de quantidade, tanto a falta de água
como o seu excesso fazem mal para a plantação. Também existem méto-
dos de irrigação, como o de gotejamento, por exemplo. Mas nós não iremos
Caro aluno, você deverá
entrar nos modelos de irrigação, esse não é nosso objetivo, basta saber que a realizar uma pesquisa
irrigação é um cuidado que se deve ter com a lavoura. na internet ou em
livros sobre os tipos de
irrigação existente. E
destacar um que pode
ser utilizado em sua
região.

Figura 49: Plantação sendo irrigada.


Fonte: Disponível em: http://www.amparo.sp.gov.br/noticias/agencia/2008/04_abril/
imagens/180408_irrigacao.jpg acessado em 24 de junho de 2010.

O combate às pragas e às doenças ocorre, normalmente, através da


utilização de agrotóxicos. Sempre que a ocorrência de determinada praga ou
doença colocar a lavoura em risco o produtor deve fazer uso de inseticidas,
fungicidas ou do produto necessário para que a lavoura volte a ficar saudável.

Figura 50: Trabalhador realizando a aplicação de inseticidas na plantação.


Fonte: Disponível em: http://www.brasilescola.com/upload/e/poluicao%20quimica8.jpg acessado
em 24 de junho de 2010.

Introdução ao Agronegócio 73 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


A adubação como já foi tratado anteriormente consiste na adição
de nutrientes e minerais ao solo para que as plantas possam produzir mais
e melhor. Existem muitos tipos de adubos assim como existem muitas técni-
cas de adubação. Cabe ao produtor contratar um profissional devidamente
habilitado para que ele faça a análise do solo e indique qual tipo de adubo
deve ser usado.

Figura 51: Produtor aplicando adubo na lavoura.


Otimizar: melhorar Fonte: Disponível em: http://www.b2babimaq.com.br/imgsist/anuncios/11111121861.jpg acessado
em 24 de junho de 2010.

9.4 Colheita
A colheita é o último estágio da produção agrícola. Todos os passos
anteriores são dados para se chegar a uma colheita em grande quantidade e
em grande qualidade. Precisamos compreender que cada tipo de cultura exi-
ge um tipo de colheita diferente. Dependendo do produto a ser colhido, será
necessária a utilização de máquinas, como também, dependendo da cultura,
a colheita exigirá que os produtos sejam colhidos manualmente.
Vamos citar alguns exemplos para que a compreensão seja mais
clara. Quando se trata de lavouras de grãos como a soja e o milho é preciso
que a colheita ocorra quando os grãos estão secos. A soja, particularmente,
é uma cultura voltada para a exportação em sua grande maioria. Ela, nor-
malmente, é plantada em grandes áreas por produtores com mais disponibi-
lidade de recursos. O ideal é que sua colheita seja realizada por máquinas,
no caso grandes colheitadeiras, para que a produção seja colhida de forma
rápida e eficiente.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 74
Figura 52: Exemplo de lavoura de soja sendo colhida.
Fonte: Disponível em: http://rmtonline.globo.com/banco_imagens_novo/noticias/%7BA63120EC-
4496-4DD0-9D2C-56E03FA97DDD%7D_soja_colheitadeira.jpg acessado em 24 de junho de 2010.

Em relação às frutas e também a algumas hortaliças elas, geral-


mente são culturas mais frágeis e exigem mais cuidado durante o processo de
colheita. Qualquer choque mecânico é capaz de estragar permanentemente
uma fruta e cada unidade perdida é um rendimento a menos para o produ-
tor. Como exemplos de frutas que exigem grande cuidado, podemos citar as
lavouras de pêssego, maçã e uva, no tocante às hortaliças temos o tomate
e o pimentão.

Figura 53: Produtor colhendo uvas.


Fonte: Disponível em: http://vinhosempauta.files.wordpress.com/2010/01/uva.jpg acessado em 24
de junho de 2010.

Introdução ao Agronegócio 75 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


9.5 Pós-colheita
Os atos pós-colheita envolvem o transporte dentro da propriedade
dos produtos, o processo de armazenagem, a classificação e embalagem dos
produtos colhidos. Nesse momento é que alguns produtores aumentam o va-
lor de seus produtos ou simplesmente evitam que eles se deteriorem. Como
já destacamos antes, os produtos agrícolas têm prazos de validade curtos,
assim o agricultor precisa agir rapidamente para armazenar e transportar
seus produtos de forma eficiente.
O transporte deve ser cuidadoso para que choques mecânicos não
estraguem os produtos diminuindo assim seu valor de mercado. A armazena-
gem e a embalagem corretas devem ser observadas para que o produto dure
mais e até mesmo agregue valor, como no caso de pequenos produtores de
hortaliças, basicamente, alface, que após a colheita dos pés os limpam e os
colocam em sacos plásticos usados especificamente para este fim. Com um
ato simples eles estendem o prazo de validade de seus produtos e aumentam
o valor deles no mercado.
É importante ressaltar que cada tipo de produto agrícola tem o
seu modo correto de ser transportado, armazenado e embalado. Cabe ao
produtor, identificar qual é o melhor tipo de transporte para o seu produto.
Assim como, qual seria o tipo de armazém e de embalagem adequados para
melhor conservar o produto.

Resumo
Nesta aula você aprendeu:
1- O que são viveiros e mudas, assim como sua utilidade e necessidade.
2- Sobre o plantio das culturas.
3- Sobre os cuidados com a plantação e alguns exemplos de cuidados.
4- Sobre a colheita e suas formas.
5- O que é pós-colheita e suas divisões.

Referências

CALLADO, Antônio André Cunha. Agronegócio. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2008.

Atividades de aprendizagem

1) A respeito dos viveiros, mudas e do plantio podemos afirmar que é cor-


reta a opção:

a) Todas as espécies de vegetais são colocadas para germinar diretamente


na plantação. Não se usa mais viveiros.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 76
b) As plantas que são colocadas nos viveiros, são aquelas que não sobrevi-
veriam se fossem lançadas diretamente no solo.

c) O plantio é realizado apenas com mudas.

d) O plantio é a primeira ação do produtor agrícola. Não existe nenhuma


etapa anterior no processo agrícola.

2) Sobre a colheita e a pós-colheita podemos afirmar, exceto.

a) A colheita é o último estágio da produção agrícola.

b) Em relação às frutas e também a algumas hortaliças elas, geralmente


são culturas mais frágeis e exigem mais cuidado durante o processo de co-
lheita.

c) A pós-colheita não exige nenhum cuidado especial do produtor com os


bens produzidos.

d) Os atos pós-colheita envolvem o transporte dentro da propriedade dos


produtos, o processo de armazenagem, a classificação e embalagem dos pro-
dutos colhidos.

Introdução ao Agronegócio 77 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


AULA 1

AulaAlfabetização
10 – Características
Digital do setor
agroindustrial “dentro da porteira” 3

10.1 Produção pecuária

Figura 54: Rebanho de bovinos.


Fonte: Disponível em: http://www.correiodonoroeste.com.br/wp-content/uploads/2009/03/boi.
jpg acessado em 24 de junho de 2010.

A pecuária é a criação de animais domesticados pelo homem. O


mais comum é a criação de bovinos, mas lembramos que pecuária refere-se
à criação de qualquer animal domesticado pelo ser humano como porcos,
ovelhas, peixes e aves, por exemplo.
Também estão incluídas na pecuária todas as etapas do processo
produtivo, no tocante a criação de animais como a construção das ins-
talações, como os currais, a produção ou a compra da alimentação, seja
através da compra de ração, seja da produção de pasto, os cuidados em
geral com o rebanho e, por fim, a venda dos animais ou de produtos deles
derivados.

Introdução ao Agronegócio 79 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


10.1.1 Sistemas de criação

O sistema de criação é o modo como se desenvolve a criação do


rebanho. Existem, basicamente, 3 modelos de sistemas de criação. São eles:
o intensivo, o extensivo e o semiextensivo ou semi-intensivo.
Quanto aos sistemas intensivos, ele é caracterizado pela utilização
de tecnologias de ponta em todas as etapas do processo de criação, existe
uma maior dedicação dos trabalhadores, assim como uma maior assistência
aos animais e um espaço de criação reduzido.
A implantação de um sistema intensivo de criação exige certos re-
quisitos como: elevada disponibilidade financeira do pecuarista, boa capa-
cidade administrativa, a espécie de animal que se deseja criar também é
relevante, assim como as características do local de criação e a exigência do
mercado consumidor.
O sistema intensivo é destaque porque normalmente gera uma pro-
dutividade por animal e por área muito maior que nos outros sistemas, o
retorno financeiro é maior, os animais ganham peso mais rápido e o controle
do rebanho também é mais fácil.
Pelo fato de os animais viverem num espaço menor, a probabilidade de
ocorrência de doenças também aumenta. Mas como os criadores também estão
mais perto do rebanho e o controle deles sobre os animais é maior, torna-se mais
fácil encontrar o animal doente e tratá-lo de modo rápido e eficiente.
São destinados ao sistema de criação intensiva, principalmente, a
bovinocultura de corte ou leite, a suinocultura, a avicultura entre outras
criações. Também se tem formado a ideia de que toda e qualquer criação
que tenha um elevado padrão genético, isso significa animais de grande qua-
lidade, devem ser criados em sistemas intensivos.

FIGURA 55: Exemplo de criação intensiva de aves.


Fonte: Disponível em: http://www.eafa-to.gov.br/fotos%20eafa/site/avicultura.JPG acessado em
24 de junho de 2010.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 80
No sistema extensivo os animais são criados soltos, em grandes
espaços abertos. No sistema extensivo o investimento feito pelo criador é
menor tanto na questão da própria infraestrutura, quanto na questão dos
cuidados com os animais. Um exemplo de menor cuidado com os animais é a
alimentação. Na pecuária extensiva, por exemplo, a alimentação dos animais
é baseada principalmente nos pastos, logo é de se esperar que os resultados
demorem mais para aparecer, tanto no tocante a engorda dos animais, como
no lucro do pecuarista. No sistema extensivo, é comum a criação de bovinos,
aves e porcos.

FIGURA 56: Criação de bovinos pelo sistema extensivo.


Fonte: Disponível em: http://www.usinaitamarati.com.br/pdfs/pdf6/index.1.jpg acessado em 24
de junho de 2010.

Os sistemas semi-intensivo ou semiextensivo nada mais é do que


uma junção de características do sistema intensivo com características
do sistema extensivo. Ele é utilizado na maioria dos casos por pecuaristas
que não possuem recursos financeiros suficientes para implantar o sistema
intensivo, mas que já utilizam tecnologias que descaracterizam o sistema
extensivo.
Por exemplo, num sistema semi-intensivo ou semiextensivo os
animais ficam parte do tempo confinados, uma característica do sistema
intensivo ficam parte do tempo soltos, como no sistema extensivo. Eles
são alimentados basicamente com pasto, mas também recebem comple-
mento de ração. Muitos pecuaristas buscam na utilização dos sistemas semi-
-intensivos ou semiextensivos somar as vantagens dos dois sistemas. Unir a
velocidade do retorno do sistema intensivo com o custo mais baixo do siste-
ma extensivo.

Introdução ao Agronegócio 81 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Figura 57: Exemplo de sistema semi-intensivo, animais soltos nos pastos, mas
recebem complemento de ração.
Fonte: Disponível em: http://www.riobranco.org.br/arquivos/sites2008/6_agosto/grupo8/Orc/
Imagens/pampa%202.jpg acessado em 24 de junho de 2010.

10.1.2 Manejo

O manejo é o conjunto de práticas adotadas para otimizar a cria-


ção, ou seja, produzir mais animais a um custo menor. O manejo é impor-
tante, pois na pecuária, de modo geral, os lucros por animal não são tão
grandes, assim é preciso pensar em todo o rebanho para que o pecuarista
obtenha o lucro desejado.
Massilon Araújo (2009) em sua obra fala sabiamente sobre o manejo
na pecuária:

O bom manejo exige alguns requerimentos básicos, como:


investimento de capital, inteligência e trabalho, procedi-
mentos criteriosos de raciocínio e de conhecimento e de co-
nhecimento integrado às necessidades dos animais.
O bom manejo também exige bons conhecimentos técnicos
tanto do empreendedor como dos trabalhadores, de forma
que também são possíveis boa organização, previsão de gas-
tos, de práticas e de custos, boa organização, coordenação e
controle total de todo o processo de produção, de modo que
é possível ter uma direção da atividade.
Dessa forma, o bom manejo assegura a regularidade da pro-
dução, benefícios para os animais, para o criador e para os
trabalhadores, produção economicamente viável e a conti-
nuação da atividade. O mau manejo, de modo geral, resulta
em perda de produção, baixa produção e produtividade e
prejuízos econômicos. (ARAÚJO, 2009, p.55).
Como diz Massilon Araújo nos trechos acima, o manejo é divido em
bom e mau. A sua aplicação pode ocorrer em qualquer um dos sistemas de

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 82
criação, não é porque se trata de um sistema extensivo que serão adotadas
técnicas de mau manejo, ou porque se trata de um sistema intensivo que se
terá o bom manejo. Cabe ao pecuarista ou ao seu administrador identificar
e aproveitar os recursos que tem a sua disposição e adotar as melhores téc-
nicas de manejo aplicáveis ao seu empreendimento.
As técnicas de manejo não são excepcionais, muito ao contrario,
são em sua maioria preocupações básicas que todo agropecuarista deve ter
com seu rebanho, como, por exemplo, a alimentação adequada do rebanho,
o conforto dos animais e o controle de pragas e doenças. Porém, o bom ma-
nejo é aquele adotado de acordo com a necessidade de cada tipo de animal
e de acordo com as necessidades do criador.
Vamos para um exemplo prático do que seria um bom manejo, a
alimentação com certeza é o fator mais importante na criação de animais.
Na criação de aves e suínos, ela representa a maioria absoluta dos custos de
produção. Logo, o pecuarista e seu administrador precisam encontrar alter-
nativas para oferecer aos seus rebanhos uma alimentação de qualidade e de
baixo custo, caso contrário, o produto final produzido na propriedade terá
um valor muito alto e não terá competitividade no mercado.
Quando o controle de pragas e de doenças é feito de forma pre-
ventiva, com a utilização de vacinas e vermífugos, a seleção da alimentação
e a própria higienização do local onde ficam os animais, a porcentagem do
rebanho com saúde deficitária diminuirá muito.
Resumindo, as práticas de manejo procuram aliar maior eficiência e
produtividade com diminuição de custos. Tudo para que o produto do pecu-
arista tenha maior competitividade no mercado, com melhores preços e por
consequência lógica uma margem de lucro maior.

Resumo
Nesta aula você aprendeu:
1- O que é produção pecuária.
2- Quais são os sistemas de criação e suas características.
3- Sobre o manejo e sua divisão em bom e mau manejo.

Referências
ARAÚJO, Massilon J. Fundamentos de agronegócios. 2 ed. São Paulo: Atlas,
2009.

Introdução ao Agronegócio 83 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Atividades de aprendizagem

1) Podemos afirmar sobre os sistemas de criação pecuária:

a) O sistema intensivo caracteriza-se pelo fato dos animais serem criados


soltos em locais abertos.

b) No sistema extensivo os animais são alimentados exclusivamente com ra-


ção.

c) No sistema semi-intensivo mesclam-se características dos sistemas inten-


sivos e extensivos.

d) O sistema semi-intensivo nunca foi aplicado no Brasil.

2) Sobre o manejo é correto afirmar.

a) A utilização do manejo visa produzir mais animais a um custo maior.

b) A implantação do bom manejo não exige investimento de capital.

c) O manejo é um conjunto de técnicas complexas que visa melhorar a


produção. Tarefas simples como alimentar o gado não estão incluídas nesse
rol.

d) O manejo é o conjunto de práticas adotadas para otimizar a criação, ou


seja, produzir mais animais a um custo menor

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 84
AULA 1

AulaAlfabetização
11 – Características
Digital do setor
agroindustrial “dentro da porteira” 4

11.1 Coeficientes técnicos aplicados à agropecu-


ária
Coeficientes técnicos são valores numéricos que expressam e me-
dem o grau de eficiência de determinada atividade econômica de forma
total ou parcial, possibilitando comparar a evolução do empreendimento em
seus vários momentos, safra ou entressafra, por exemplo, ou no tempo, com-
parar a rentabilidade do rebanho de um ano com outro.
Cada coeficiente é importante em sua individualidade, porém é
preciso visualizá-los de forma ampla e completa. Pois é o seu conjunto que
irá determinar o grau técnico e rentável de determinado empreendimento
agrícola ou pecuário. É importante destacar que o agronegócio é uma ativi-
dade econômica e como tal, tem por finalidade o lucro. Os coeficientes são
usados para medir e auxiliar no alcance dessa finalidade maior, porém para
alcançá-la é preciso: aumentar os lucros, diminuir os custos de produção, ser
competitivo no mercado e satisfazer os empresários e consumidores.
Aumentar os lucros ou maximizar a lucratividade, nada mais é do
que conseguir o maior lucro possível, utilizando os recursos disponíveis e com
os menores custos. Esse objetivo é alcançado basicamente de duas maneiras:
a primeira seria aumentando a receita bruta através da majoração do preço Receita bruta: é o
total arrecadado pelo
dos produtos produzidos e mantendo os custos de produção no mesmo valor. produtor sem deduzir os
A segunda forma seria diminuir o custo da produção dos produtos. custos com a produção
Diminuir os custos da produção é uma tarefa mais árdua, pois é
Supérfluo:
preciso abaixar o valor do quanto é gasto para produzir determinado bem, desnecessário
mas ao mesmo tempo, é preciso manter sua qualidade ou mesmo aumentá-
-la. É comum quando se fala em diminuição dos gastos da produção pensar
em cortar os gastos supérfluos, mas essa técnica tem um limite. Quando se
identifica e corta um gasto que era desnecessário acabam as possibilidades
de diminuição de custos.
A forma mais consistente de reduzir o valor da produção é bus-
cando melhorar a eficiência do processo de produção. Isso se dá quando o
pecuarista treina sua mão-de-obra para utilizar os insumos de modo correto
e sem desperdícios, ocorre quando os insumos e demais fatores de produção
são adquiridos por um preço mais baixo e quando se minimiza as perdas de
produção, com estocagem e transporte correto, por exemplo.
A competitividade dos produtos no mercado está relacionada com a
qualidade e preço do bem ofertado. Muitas vezes é preciso que o produtor se
mantenha no mercado mesmo que com pequenas margens de lucro. Pois, o
mercado pode estar em baixa devido a uma crise econômica ou a uma safra

Introdução ao Agronegócio 85 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


muito grande que gerou uma enorme quantidade de produtos no mercado e
fez o preço cair. Porém, quando o preço voltar a subir o produtor vai recu-
perar seus lucros.
A satisfação do consumidor e dos empresários está relacionada com
a manutenção do produtor no mercado. Os grandes empresários agroindus-
triais têm interesse em manter no mercado produtos de qualidade para po-
derem ter mais lucros, com isso o produtor que vende seus produtos para
aquele empresário tem de produzir segundo as especificações do seu com-
prador. Assim como, o produtor que vende seus produtos diretamente para o
consumidor final, precisa produzir com a qualidade exigida por essas pessoas
e com um preço que elas estão dispostas a pagar.
A finalidade dos coeficientes técnicos é precisar alguns fatos do
agronegócio, como a produtividade, a qualidade dos produtos e serviço ofe-
recidos e o planejamento das atividades. Sobre a produtividade, ela é medi-
da a partir do número de bens ou serviços produzidos em determinado tem-
po, ou numa linguagem mais técnica: produtos produzidos por unidade de
fator de produção utilizado. Por exemplo, litros de leite produzidos em um
dia por determinada vaca. A velocidade com que um determinado produto é
adquirido também é um fator importante quando falamos de produtividade.
Ele serve para determinar quando é mais propício para o agropecuarista re-
alizar determinado negócio, na prática seria o cálculo de quanto tempo um
novilho leva para estar no ponto de abate, com esse tempo determinado o
produtor saberá quando é a hora de adquirir mais bezerros.
A qualidade do serviço ofertado também pode ser medida. O modo
mais comum é através da comparação entre produtos, pois o consumo em gran-
de parte está relacionado com a qualidade do serviço ou bem ofertado.
E, por fim, o mais importante é o planejamento das atividades agro-
pecuárias. Todos os coeficientes técnicos servem, em última análise, para o
produtor fazer um planejamento de suas atividades, objetivando lucros fu-
turos. A análise e a comparação dos resultados dos coeficientes serão usadas
para traçar metas a serem alcançadas, metas essas que contribuirão para
aumentar a rentabilidade econômica do empreendimento.
Existem fatores que influenciam nos resultados dos coeficientes
técnicos “dentro da porteira”, como, por exemplo, o tipo de exploração
agropecuária, o local onde a produção é realizada e a exigência do merca-
do consumidor. Quanto ao método de exploração adotado, diz respeito aos
sistemas intensivos, extensivo e semi-intensivo. É uma realidade que com
a aplicação de determinadas tecnologias na atividade produtora os coefi-
cientes de produção variam de propriedade para propriedade. Por exemplo,
podemos afirmar, sem nenhum medo de errar, que o tempo de engorda de
um novilho num sistema intensivo é mais rápido do que no sistema extensivo.
O local onde a produção é realizada também é um fator determi-
nante para os coeficientes técnicos. Detalhes como o tipo de solo, a quan-
tidade de chuvas, a temperatura, a topografia, entre outras, são determi-
nantes. Não podemos nos esquecer de que o agronegócio trabalha com seres

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 86
vivos, os quais têm ambientes mais favoráveis ou desfavoráveis ao seu de-
senvolvimento. Como exemplo, podemos citar um agropecuarista que inicia
uma grande plantação de trigo em pleno sertão nordestino. Apesar de todo
o avanço tecnológico, o trigo é uma cultura que se desenvolve em climas
mais frios, logo uma plantação de trigo em pleno sertão nordestino estaria
fadada ao fracasso. Isso levaria os coeficientes que medem a produção des-
pencarem.
É o mercado que define o que será produzido e como será produzi-
do. Quanto a isso não resta nenhuma dúvida, afinal o setor agropecuário pro-
duz de acordo com a demanda dos consumidores, notadamente, os centros
urbanos. Se o mercado decide que tal produto deve ser desenvolvido de tal
forma e rejeita todos os outros que não obedecem tal exigência, com certe-
za o fabricante irá alterar seu modo de produção. É a exigência do mercado
que determina o que é produzido.

11.2 Coeficientes utilizados na agricultura

Os principais coeficientes usados para medir a atividade agrícola


são: produtividade da cultura, produtividade dos fatores de produção, ciclo
vegetativo das culturas, qualidade da produção, quantidade de insumos uti-
lizados entre outros coeficientes típicos da atividade agrícola.
Assim como nos coeficientes gerais a produtividade é medida atra-
vés da quantidade de produção dividida pelo tempo necessário para con-
segui-la. Por exemplo, quantos quilos de soja são colhidos por hectare de
plantação.
A rentabilidade dos fatores de produção é a relação produtiva de
determinado insumo utilizado na produção com quanto ele rende de fato.
Como exemplos, podemos citar a quantidade de gesso necessário para cobrir
a deficiência de um hectare de solo.
O ciclo vegetativo das plantações é tempo que determinada cultura
leva da germinação das sementes até o momento da colheita. Esse prazo
é muito importante para que o produtor calcule quando precisará das má-
quinas que realizarão as colheitas prontas e quando começar a avisar aos
compradores de sua produção, da quantidade produzida e do preço da sua
produção. O ciclo vegetativo varia de cultura para cultura e é esse ciclo o
responsável pelos períodos de safra e entressafra.
A qualidade do produto está totalmente vinculada à tecnologia que
foi utilizada na sua produção e também tem relação direta com a exigência
do mercado consumidor. Hoje, existem medidores de qualidade como os for-
necidos pelo Ministério da Agricultura, mas o principal catálogo de qualidade
ainda e o mercado.
Quanto aos insumos aplicados à plantação, é uma relação simples
que precisamos entender. É preciso saber quanto de insumo é necessário
para produzir determina quantidade de produto, ou quanto de insumo será
preciso para corrigir e adubar um hectare de solo. O que todos os produtores

Introdução ao Agronegócio 87 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


buscam é a aplicação do mínimo de insumos possível para a produção de cer-
ta quantidade de produto. Essa busca na aplicação mínima de insumos tem
uma explicação lógica, se o agricultor gasta menos com insumos, ele diminui
o custo de produção de sua lavoura e maximiza seus lucros.

Resumo

Nesta aula você aprendeu:


1- O que são coeficientes técnicos e qual a sua aplicação no agrone-
gócio.
2- Sobre os coeficientes técnicos aplicados à produção agrícola e a im-
portância que eles têm para melhor o empreendimento agrícola.

Referências

CALLADO, Antônio André Cunha. Agronegócio. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2008.

ARAÚJO, Massilon J. Fundamentos de agronegócios. 2 ed. São Paulo: Atlas,


2009.

Atividades de aprendizagem

1) Sobre os coeficientes técnicos podemos afirmar:

a) Coeficientes técnicos são valores numéricos que expressam e medem o


grau de eficiência de determinada atividade econômica de forma total ou
parcial.

b) Não é possível aplicar os coeficientes técnicos ao agronegócio.

c) É possível aplicar os coeficientes técnicos a atividade agropecuária, porém


não é possível medir rentabilidade.

d) Os coeficientes são analisados apenas de forma individual e jamais em


conjunto.

2) São coeficientes utilizados na agricultura, exceto.

a) Ciclo vegetativo das culturas.

b) Produtividade da cultura.

c) Aproveitamento da carcaça.

d) Qualidade da produção.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 88
AULA 1

AulaAlfabetização
12 – Características
Digital do setor
agroindustrial “dentro da porteira” 5

12.1 Coeficientes técnicos pecuários


Assim como os coeficientes utilizados na atividade agrícola, a pecu-
ária tem seus medidores de eficiência e qualidade dos produtos produzidos.
Na agropecuária, existe o fato de que cada coeficiente varia primeiramente
com o tipo de atividade que é produzida, bovina ou suína, por exemplo, e
varia também com o tipo de sistema a que está ligada a criação e a tecno-
logia e o manejo utilizado. Por esse motivo estudaremos separadamente os
coeficientes relacionados a cada atividade pecuária.

12.2 Bovinocultura de corte


Temos como coeficiente técnico da bovinocultura de corte o tempo
necessário para o abate. É tempo mínimo que o produtor precisa esperar
e cuidar do boi para que ele possa ser abatido e vendido. No Brasil, o peso
médio com que um boi é abatido é de quinze arrobas, aproximadamente. O
tempo que o animal levará para chegar a esse peso depende do sistema de
criação em que ele se encontra e da tecnologia utilizada pelo criador.
O rendimento da carcaça diz respeito à porcentagem de carne que
será aproveitada da carcaça do animal. Quando falamos na porcentagem de carne
aproveitada, é preciso esclarecer que nem todo o corpo do animal será aproveitado
comercialmente. E o que nos interessa é o valor econômico do animal.

Figura 58: Carcaça bovina em açougue.


Fonte: Disponível em: http://pt.engormix.com/images/p_articles/138_01.jpg acessado em 24 de
junho de 2010.

Introdução ao Agronegócio 89 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


A velocidade de ganho de peso é outro coeficiente, porém ela está
diretamente ligada ao tempo necessário para o abate. Aqui se mede quanto
tempo o animal leva para engordar. A média feita, mais comum, é a que
relaciona quantidade de quilos ganhos por dias.
A relação reprodutor/matrizes diz respeito à quantidade de machos
reprodutores necessários para certa quantidade de fêmeas. Essa relação so-
fre muitas alterações, principalmente do tipo de reprodução que é feita na
propriedade. Se a reprodução ocorre de maneira natural será preciso um
número maior de machos para a quantidade de fêmeas. Caso o proprietário
trabalhe com o sistema de reprodução por inseminação artificial, o número
de machos necessários será menor.
O índice de fecundação está ligado ao tipo de reprodução que ocor-
re na fazenda e nada mais é do que o percentual de vacas cruzadas, seja
pelo método de reprodução natural, seja por inseminação artificial. A taxa
de natalidade é a quantidade de bezerros que nascem em relação ao número
total de fêmeas em determinado período de tempo. Em sentido contrário, a
taxa de mortalidade é o número de animais mortos por qualquer problema.
A qualidade das crias diz respeito à saúde e às características que
tem o bezerro quando ele nasce. Analisa-se a qualidade de uma cria, prin-
cipalmente, pelas características da raça a que pertence, pela ausência de
defeitos físicos e pelo peso com que nasce o bezerro.
A capacidade de suporte é um índice mais utilizado nos sistemas
de criação extensivos. Esse índice mede quantos animais uma determinada
área de pastagem é capaz de sustentar e por quanto tempo. A raça, o peso
e a idade do animal são fatores que alteram a capacidade de suporte de uma
pastagem.

Figura 59: Animais se alimentando no pasto.


Fonte: Disponível em http://rehagronoticia.w3erp.com.br/w3dados/imgs/pub/00997.jpg acessado
em 25 de junho de 2010.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 90
12.3 Bovinocultura leiteira
Trataremos agora dos coeficientes técnicos mais utilizados na bovi-
nocultura de leite.
O período de lactação é tempo em que a vaca permanece produzin-
do leite. Esse período varia de raça para raça e também das características
únicas de cada animal. A produção diária de leite é a quantidade de leite
produzido por cada animal no período de 24 horas, também é variável de
animal para animal e de raça para raça.

Figura 60: Produtor recolhendo leite.


Fonte: Disponível em: http://www.brasilescola.com/upload/e/producao%20agropecuaria%20na%20
regiao%20sul.jpg acessado em 25 de junho de 2010.

O coeficiente de conversão alimentar é um coeficiente de difícil cál-


culo e pouca utilização. Ele mede a relação entre a quantidade de alimento
ingerido e a quantidade de leite produzido pelo rebanho. Ele é mais utilizado no
sistema de criação intensiva, pois nesse sistema os animais se alimentam basica-
mente de ração e esse fato é um dos principais custos da produção.
O teor de gordura é um coeficiente mais ligado a qualidade do leite pro-
duzido. Todo leite tem gordura o que varia é a sua porcentagem. Esse percentual de
gordura presente em cada litro de leite varia, principalmente, de acordo com a raça
do animal. E a retirada ou não da gordura do leite, durante o processo de beneficia-
mento, ocorre segundo a exigência do mercado consumidor.
Vida útil dos animais produtores é um coeficiente muito importante
na pecuária leiteira. Ele está relacionado ao tempo que um animal serve
para ficar no rebanho como produtor de leite. Apesar de o agronegócio lidar
com seres vivos, é preciso tratá-los como sendo mercadoria, assim uma vaca
leiteira nada mais é do que uma máquina de produzir leite. Isso significa que
se por qualquer motivo esse animal passar a produzir menos que o necessá-
rio ele precisa ser descartado do rebanho.

Introdução ao Agronegócio 91 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


12.4 Suinocultura
Quanto aos coeficientes técnicos usados na suinocultura eles são
praticamente os mesmos usados na bovinocultura. A base dos conceitos é a
mesma, porém os valores são bastante diferentes.
Quanto ao tempo necessário para o abate, pode-se afirmar que, em
cerca de 165 dias, o animal já está pronto para ser abatido. O rendimento da
carcaça na suinocultura é muito mais elevado do que na bovinocultura. Aqui
alguns autores afirmam que o aproveitamento da carcaça dos suínos chega
perto de 80% de seu peso.

Figuras 61 e 62: Carcaça suína destinada ao açougue.


Fonte: Disponíveis em: http://www.carnicasdelorbigo.es/data/productos/4056-2.jpg e http://
www.carnicasdelorbigo.es/data/productos/4056-1.jpg acessados em 25 de junho de 2010.

A relação entre os reprodutores e as matrizes depende do tipo de


reprodução do rebanho, assim como na bovinocultura. Quando a reprodução
é por inseminação artificial a necessidade de machos por fêmea é menor.
Entretanto, na suinocultura ocorre em sua maioria a reprodução natural, isso
faz com que o número de machos reprodutores seja maior.
A taxa de fecundação na suinocultura é bastante alta e o período
em que as porcas ficam no cio é constante, isso acarreta uma elevada taxa
de fecundidade. Diretamente ligada á taxa fecundidade, está a taxa de na-
talidade. Na suinocultura, uma boa taxa de natalidade está em torno de 12
leitões por parto.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 92
Figura 63: Porca amamentando leitões recém nascidos.
Fonte: Disponível em: http://www.opresenterural.com.br/files/1233777327granja_de_
suinos_%2810%29.jpg acessado em 25 de junho de 2010.

Quanto à taxa de mortalidade, na suinocultura ela está diretamen-


te ligada ao sistema de criação. Nos sistemas intensivos de criação a taxa de
mortalidade é maior, principalmente, nos animais mais jovens após o desma-
me. Podemos constatar, ainda, outros fatores como o estresse e a ocorrência
de doenças.
Outro coeficiente é o número de animais prontos para o abate por
ano. Ou seja, quantos animais atingiram o peso de abate, em média de 100
quilos na suinocultura, no período de 12 meses. Quanto ao descarte de ma-
trizes, na suinocultura, as porcas devem ser vistas como máquinas de pro-
duzir leitões de boa qualidade. Quando a matriz não estiver correspondendo
aos níveis de fecundidade e de natalidade apropriados deve-se descartá-la.
A conversão alimentar mede a quantidade de ração necessária para
que o animal ganhe determinado peso. O normal é que a proporção seja de
quanto de ração consumida para um quilo ganho. Esse coeficiente é impor-
tante, pois nas granjas de suínos a ração é um dos maiores custos de produ-
ção, logo quanto mais peso um animal ganha consumindo menos ração, maior
será a margem de lucro do pecuarista.
Por fim, temos a qualidade dos produtos oferecidos pelo criador. O
objetivo da suinocultura é a produção de carne de qualidade para o consumi-
dor final. A demanda dos consumidores é que exigirá maior ou menor quali-
dade do produto. Mas é de conhecimento geral que a cada dia o consumidor
torne-se mais exigente e por consequência os criadores necessitam produzir
sempre em maior quantidade e qualidade.

Introdução ao Agronegócio 93 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Resumo
Nesta aula você aprendeu:
1- Sobre os coeficientes técnicos aplicados à pecuária.
2- Para cada tipo de atividades existem coeficientes específicos ou
iguais, porém medidos de forma diferente.
3- A bovinocultura de corte e a de leite tem coeficientes diferentes.
4- Sobre os coeficientes aplicados a suinocultura.

Referências
CALLADO, Antônio André Cunha. Agronegócio. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2008.

ARAÚJO, Massilon J. Fundamentos de agronegócios. 2 ed. São Paulo: Atlas,


2009.

Atividades de aprendizagem

1) São coeficientes da pecuária de corte, exceto:

a) Velocidade de ganho de peso.

b) Relação reprodutor/matrizes.

c) Período de lactação.

d) Rendimento da carcaça.

2) Na pecuária leiteira o período de lactação corresponde:

a) A quantidade de leite que a vaca produz em 1 (um) dia.

b) A quantidade de alimento que a vaca precisa ingerir para produzir um litro


de leite.

c) O período de lactação é tempo em que a vaca permanece produzindo


leite.

d) A vida útil do animal como produtor de leite.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 94
AULA 1

AulaAlfabetização
13 – Características
Digital do setor
agroindustrial “dentro da porteira” 6

Continuamos com o estudo dos coeficientes técnicos aplicados à


produção pecuária.

13.1 Avicultura
Trataremos aqui da avicultura mais especializada. Aquela feita em
granjas maiores e com mais recursos e tecnologia. A avicultura de “fundo
de quintal” não nos interessa muito, pois ela tem um fundo muito mais de
subsistência do que de agronegócio.
Quanto à avicultura especializada, existem poucos fornecedores de
alta tecnologia tanto em infra-estrutura e serviços, como em animais de
elevado padrão genético. É comum os grandes produtores comprarem de
outros países os pacotes tecnológicos para aplicarem a sua criação. No Brasil,
basicamente a Embrapa desenvolve pesquisas sobre a avicultura.
A avicultura tem praticamente dois ramos: a avicultura de postura
de ovos e a avicultura de corte.
Quanto à avicultura de postura, ela tem por objetivo a produção de
ovos que se destinam basicamente para o consumo humano, ovos comerciais
e a produção de ovos para incubadoras, para a produção de pintos. Cada tipo
de produção exige uma tecnologia e infraestrutura própria.
Sobre a produção de ovos para incubadoras, as granjas que traba-
lham com esse objetivo, normalmente, têm pacotes tecnológicos e infraes-
truturais voltados para esse fim. As granjas têm um alto de índice de controle
sobre os animais, como a monitoração da produção de cada animal, já que
se trata de matrizes. Também ocorrem cuidados especiais, como por exem-
plo, o controle de entrada e saída de pessoas nas construções onde estão
as matrizes, assim como a quantidade de ruídos e a claridade do local onde
ficam as aves. É preciso muito cuidado e rigor quando se trata de avicultura.
Podemos citar como coeficiente técnico da avicultura o índice de
postura. Como o nome deixa claro, esse coeficiente indica a quantidade de
ovos produzidos por uma matriz durante certo tempo. O comum é que a
proporção seja de quantidade de ovos colocados pelo período de um ano.
A porcentagem de eclosão demonstra quantos ovos eclodem ou
quantos pintos nascem após o período de incubação. Quando os pintos nas-
cem, é preciso determinar quantos deles são viáveis comercialmente, não
podemos nos esquecer de que se trata de um negócio e os animais devem
ser considerados como coisas que serão vendidas. Logo, não existe a possibi-
lidade de ter custo com a criação de um animal que não será vendido e por
consequência não trará lucros.

Introdução ao Agronegócio 95 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Da mesma forma como se analisa a viabilidade dos pintos, é preci-
so determinar a viabilidade das matrizes. É preciso que cada galinha tenha
índice de postura elevado e que de seus ovos nasçam pintos viáveis. Caso
uma matriz tenha seu rendimento diminuído é preciso descartá-la, pois na
avicultura de postura as aves são máquinas de colocar ovos.

Figura 64: Granja de produção de ovos.


Fonte: Disponível em: http://www.agrocapixaba.com.br/wp-content/uploads/2008/06/granja-
producao-de-ovos.jpg acessado em 25 de junho de 2010.

Figura 65: Exemplo de incubadora.


Fonte: Disponível em: http://www.sul.com.br/~js/1200.gif acessado em 25 de junho de 2010.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 96
Também temos a produção de ovos comerciais. Aqui, o destino dos
ovos é para o consumo humano e não para a reprodução das aves. Logo, não
são necessários machos. A adição de machos a criação traria apenas mais
custos para o criador, como ração e produtos veterinários, por exemplo.
A preocupação do criador é em adquirir novas matrizes, sempre de
boa qualidade. As granjas de incubação é que, normalmente, fornecem as
matrizes para as granjas de produção de ovos para o consumo.
Citamos agora alguns coeficientes técnicos importantes na produção
de ovos para o consumo. A precocidade, aqui entendido com o tempo que uma
ave precisa para começar a colocar ovos. Esse prazo é importante, pois antes da
ave começar a postura, ela traz apenas custos para o produtor e nenhum lucro.
Logo, quanto menor o tempo de precocidade, melhor para o criador.
A taxa de ocupação diz respeito à quantidade de animais por área
ocupada. Isso mede quantos animais é possível colocar em determinado es-
paço. Quanto maior a taxa de ocupação, melhor será para o criador. Porém,
a taxa de ocupação sofre certas limitações. É preciso que a taxa de ocupa-
ção não prejudique os animais, principalmente quanto à concorrência por
alimento, o aspecto sanitário da granja e o conforto dos animais.
O índice de postura mede a quantidade de ovos colocados durante
certo período de tempo. Normalmente, o período é de um ano e se contabili-
zam apenas os ovos viáveis para o comércio. Além da quantidade, o tamanho
dos ovos postos também é importante para o criador, pois quando forem para o
comércio os ovos serão classificados de acordo com o seu peso e tamanho e isso
interfere nos valores que o criador vai cobrar sobre seu produto.
O consumo de ração também é um coeficiente importante, pois a
alimentação dos animais é feita basicamente com ração. Logo o custo com a
alimentação é um valor significativo no total do custo de produção. Assim, é
preciso saber quantos quilos de ração o animal precisa ingerir para produzir
determinada quantidade de ovos. Quanto menor o consumo de ração e maior
o índice de postura, maior será a eficiência da granja. Também é preciso
destacar o tempo de vida útil das matrizes. Mais uma vez os animais são
vistos como máquinas de colocar ovos e, caso seu desempenho diminua, ela
precisa ser descartada e substituída por uma melhor.

Figura 66: Ovos para consumo.


Fonte: Disponível em: http://lidebrasil.com.br/site/wp-content/uploads/2009/06/ovo.jpg
acessado em 25 de junho de 2010.

Introdução ao Agronegócio 97 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Falaremos agora da avicultura de corte. No Brasil, essa atividade
atingiu altos níveis de especialização. A concorrência é extremamente alta
e por isso é necessário um sistema de criação altamente intensivo, isso im-
plica grandes investimentos, tecnologia de ponta, boa gestão, alto índice de
produção a baixo custo e mercados pré-determinados. O ganho por unidade
de animal é pequeno, por esse motivo o criador precisa de uma elevada pro-
dução, já que seu lucro está na quantidade da venda.
Por esses motivos os coeficientes técnicos na avicultura de corte
são muito importantes e analisados nos mínimos detalhes. Um desses coefi-
cientes é a conversão alimentar, ele mede a quantidade de ração consumida
em proporção ao peso ganho pelo animal. É talvez o coeficiente mais impor-
tante na avicultura de corte, pois o custo com ração é o principal gerador do
custo final de produção.
A lotação é a quantidade de animais em determinada área de cria-
ção. É lógico pensar que, quanto maior o número de animais por metro qua-
drado, melhor para o criador. Porém, o criador precisa estar atento a esse
número. Pois, se a quantidade de animais for muito alta para o local onde
eles se encontram, o índice de conversão alimentar será baixo e isso não é
vantajoso para o pecuarista. É preciso haver uma média entre o número de
animais criados e o espaço que eles ocupam, para que não ocorram proble-
mas em relação à disputa por alimentos, o que diminuiria o índice de con-
versão alimentar, e, também, em relação ao aspecto sanitário do criatório.

Figura 67: Criação de avicultura de corte.


Fonte: Disponível em: http://francobeck.files.wordpress.com/2009/08/granja.jpg acessado em 25
de junho de 2010.

Outro índice importante é o de mortalidade na criação. Ele está


relacionado ao índice de ocupação, a qualidade sanitária e aos cuidados com
os animais. É lógico que quanto menor o índice de mortalidade, maior será a
eficiência da granja e o lucro do pecuarista.
E, por último, a precocidade das aves, esse coeficiente está relacio-
nado ao tempo mínimo necessário para que um frango atinja o peso mínimo

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 98
para o abate. Quanto maior a taxa de precocidade, melhor para o criador,
pois enquanto o animal estiver no criatório o pecuarista estará tendo gastos
com ração, por exemplo.
Logo, uma grande preocupação dos pecuaristas que trabalham com
avicultura de corte é diminuir o tempo que o frango precisa para atingir o
peso mínimo para o abate. Claro que esse fato depende muito da taxa de
conversão alimentar, da qualidade da carne do frango e do peso mínimo ne-
cessário. O tempo de precocidade tem um valor médio no Brasil de 43 dias
para que o frango possa ser abatido.

Figura 68: Frangos abatidos.


Fonte: Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/images/abre27092009.jpg acessado em
25 de junho de 2010.

Resumo
Nesta aula você aprendeu:
1- Sobre os coeficientes técnicos aplicados a avicultura.
2- Que a avicultura se divide em avicultura de postura de ovos para
consumo e para incubadoras e avicultura de corte.
3- Aprendeu que cada tipo de avicultura tem coeficientes específicos
e coeficientes iguais, porém medidos de forma diferente.

Referências
CALLADO, Antônio André Cunha. Agronegócio. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2008.

ARAÚJO, Massilon J. Fundamentos de agronegócios. 2 ed. São Paulo: Atlas,


2009.

Introdução ao Agronegócio 99 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Atividades de aprendizagem

1) De modo geral a avicultura é responsável:

a) Pela produção de ovos para o consumo humano.

b) Pela produção de carne para o consumo humano

c) Pela produção de ovos para produzir outros animais.

d) Pela produção de ração para alimentar os outros animais.

2) Quanto aos custos da atividade de criar aves podemos afirmar.

a) A alimentação dos animais é feita basicamente com ração, logo esse é um


dos principais custos da produção.

b) O custo mais importante da produção de aves é o valor gasto com a cons-


trução dos galpões.

c) A avicultura é uma atividade de custos baixos e não exige muito capital.

d) A avicultura é uma atividade que exige altos investimentos e gera pouco


lucro. Por esse motivo não existem grandes empresas no mercado.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 100


AULA 1

Aula 14 – Características
Alfabetização Digital do setor
agroindustrial “dentro da porteira” 7

14.1 Organização do segmento agropecuário


De modo geral, predomina nos segmentos agropecuários certa desorga-
nização. Isso se deve, principalmente, a alguns fatores como o grande número de
produtores rurais, em sua maioria, pequenos produtores, distribuídos em grandes
espaços muito distantes uns dos outros. Assim, falta uma organização representativa
forte para que eles possam impor seus preços no mercado.
Essa é uma realidade, de modo geral, no setor agropecuário. E o principal
quesito para isso é a desorganização do setor, que envolve também a falta de in-
formação dos produtores e dos criadores, assim como uma gestão frágil. Temos que
destacar que atividade dentro da porteira baseia seus preços nas atividades antes
da porteira e nas atividades fora da porteira. Na pratica, isso significa que os preços
dos produtos agropecuários, da forma como são colhidos, ou in natura, vem caindo,
apesar da crescente produção. E, por conseqüência, os grandes lucros do agronegó-
cio estão no setor fora da porteira, principalmente nas agroindústrias.
Quanto à representação política do setor agropecuário, ela divide-se na
representação dos trabalhadores rurais e dos empregadores rurais, no caso, os donos
das propriedades produtivas, na maioria dos casos. As duas classes têm por base
seus respectivos sindicatos locais ou regionais com sede nos municípios.
No âmbito estadual, existem as respectivas federações, tanto patronais, quan-
tos dos trabalhadores, normalmente com sede na capital do estado. E, na esfera federal,
as federações se unem nas confederações nacionais tanto as patronais, na Confederação
Nacional da Agricultura, como as federações de trabalhadores se unem na Confederação
Nacional dos Trabalhadores na Agricultura, ambas sediadas em Brasília.
Apesar do segmento dentro da porteira ter instituições que o representa,
essas instituições não possuem uma política de atuação unida e forte. Como cada
uma defende seu interesse particular e muitas vezes discordam entre si, elas não
possuem força para impor sua vontade e a vontade dos produtores.
A organização que de fato funciona no segmento dentro da porteira
fica a cargo dos próprios produtores em sua individualidade. Ocorre que vários
produtores se unem para formar cooperativas locais. Essas associações são de
Dispêndio: gasto
fato vantajosas para o produtor principalmente pelas seguintes características:
as cooperativas estão mais perto do agropecuarista, tanto de maneira física,
como na representação de seus interesses.
Como, normalmente, se tem um número menor de associados, as deci-
sões são tomadas de forma mais transparente e em relação aos problemas espe-
cíficos dos produtores. Também é importante o fato de que o produtor participa
mais de perto das atividades desenvolvidas pela cooperativa, podendo assim
sugerir alterações que servirão para beneficiar sua atividade. E, por último, po-
demos dizer que a associação cooperativa é mais independente, ela não sofre

Introdução ao Agronegócio 101 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


interferência das confederações nacionais, por exemplo, ela existe para melhorar
a atividade dos seus participantes e apenas para isso.
Outra forma de associação comum, principalmente dentro das pró-
prias cooperativas, é o condomínio. Aqui os produtores se unem para adquirir
um determinado insumo que para ser adquirido isoladamente seria preciso um
grande dispêndio financeiro. Mas que pode ser adquirido em sociedade, pois
é um bem de uso comum e economicamente será vantajoso. Como exemplo,
podemos citar uma cooperativa onde seus membros de unem para adquirir uma
colheitadeira ou um trator, que são bens de alto valor de aquisição se conside-
rar cada produtor individualmente, mas quando considerados em conjunto sua
aquisição torna-se viável.

14.2 Adoção de tecnologia ao agronegócio


A evolução tecnológica é um fato. Não há como uma propriedade rural
conseguir uma boa produção e, por conseguinte, uma boa lucratividade para o
produtor se não houver a aplicação de tecnologia à produção agropecuária. O
avanço tecnológico provocou alterações estruturais irreversíveis no agronegócio
e o empresário rural não tem alternativa a não ser se adaptar.
Podemos citar muitos exemplos de novas tecnologias que são indispensá-
veis ao sucesso do empreendimento rural, como por exemplo: a tecnologia química
presente nos herbicidas, inseticidas, produtos veterinários entre outros; a tecno-
logia genética nos vegetais cujo grande exemplo são as sementes transgênicas; a
tecnologia genética animal representada em grande parte pela seleção de sêmen
dos animais e pela inseminação artificial; a bioquímica responsável pelas vacinas; a
mecanização da produção com as máquinas que auxiliam no preparo do solo, plan-
tio e colheita; o bom manejo e a evolução na gestão das propriedades.
É claro que a aplicação dessas tecnologias exige vigor econômico e
muito investimento, não apenas na tecnologia propriamente dita, mas também
em mão-de-obra especializada para dar funcionamento à tecnologia adquirida.
Do que serviria uma colheitadeira moderna numa propriedade onde ninguém
soubesse usá-la, por exemplo.
Mas também precisamos fazer uma análise sobre o seguinte fato: o
dispêndio financeiro gasto com a aquisição de todo esse aparato tecnológico
será pago pelo produtor ou pelo consumidor? No primeiro momento, a resposta
parece clara: o produtor. Porém, nossa análise precisa ser mais profunda. O lu-
cro do produtor vem da venda de seus produtos para o consumidor final ou para
as agroindústrias. Todos os custos de produção devem ser agregados ao lavor
final do produto. Entretanto, o agropecuarista não poderá reverter os custos da
tecnologia em uma única safra. Se ele fizesse isso, o valor final do produto estaria
num patamar muito elevado, e, ainda, seu produto perderia competitividade e por
consequência seus lucros seriam menores.
Chegamos à conclusão de que os gastos com tecnologia são pagos tan-
to pelo produtor, quanto pelo consumidor, na medida em que, num primeiro
momento, o produtor irá pagar de seu bolso a tecnologia, mas com o passar do

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 102


tempo, ele lançará em seus produtos os custos que teve para adquirir aquela
tecnologia. Fazemos agora outra análise: chegará um momento em que os custos de
aquisição serão totalmente pagos pelo consumidor? Entendemos que não. Pelo fato
da aquisição de tecnologia ser uma constante no agronegócio. Assim talvez, antes
que o custo de uma tecnologia seja completamente transferido para o consumidor,
será preciso a aquisição de mais tecnologia. Essa tecnologia terá seu custo lançado
no valor do produto e assim sucessivamente.
Trataremos agora de uma mudança de mentalidade que se faz neces-
sária no agronegócio. É preciso que implantemos a gestão de tecnologia e não
apenas a implantação de novas tecnologias. A seguir trataremos de cada uma
dessas possibilidades de gestão tecnológica separadamente.

14.3 Economia em escala


A ideia de economia de escala no agronegócio está ligada a adequa-
ção de determinada tecnologia ao empreendimento do produtor. É, na verdade,
um conceito bem simples, que se relaciona com a necessidade do produtor em
utilizar certa tecnologia ou não. Vamos para um exemplo prático para melhor
compreender a economia de escala.
Um produtor tem uma lavoura de feijão e para realizar a colheita ele
pensa em adquirir uma colheitadeira moderna, que segundo o fabricante é ca-
paz de realizar o trabalho de 80 trabalhadores. Porém, a propriedade em ques-
tão é de porte médio e o produtor na sua última colheita precisou apenas de
45 trabalhadores para realizar todo o trabalho. Assim, a aquisição dessa colhei-
tadeira aumentaria os custos de produção e, sem dúvida, não traria o retorno
proporcional ao investimento para o produtor.

14.4 Adequação às características locais e culturais


É preciso que a tecnologia que se pretende adotar seja adequada às
características locais e culturais. É normal que cada tecnologia seja voltada para
uma determinada região. Com um exemplo prático também fica mais fácil de
enxergar essa adequação local e cultural.
Um determinado empreendedor planeja realizar uma grande planta-
ção de trigo, para tal ele adquire as sementes de uma renomada empresa,
provavelmente a tecnologia mais avançada em questão de sementes. Porém, a
propriedade fica em pleno sertão paraibano. É muito provável que a plantação
fracasse, apesar da alta tecnologia das sementes. Como a cultura de trigo é pró-
pria para climas temperados, uma plantação de trigo num clima quase semi-árido
está fada ao fracasso, mesmo que utilize tecnologia de ponta.

Introdução ao Agronegócio 103 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


14.5 Análise da viabilidade econômica e finan-
ceira do investimento
A análise da viabilidade econômica e financeira está relacionada à
comparação entre os custos da atividade e os lucros auferidos. Nenhum pro-
dutor ou empreendedor vai se arriscar a ingressar num determinado ramo de
Auferido: produção agropecuário, ou seja, vai ingressar no agronegócio para ter preju-
conseguido; obtido ízos ou para não ter os lucros planejados. A análise é, de fato, a comparação
entre a previsão de custos e a previsão de lucros.

14.6 Acompanhamento permanente dos custos


e resultados das atividades agropecuárias
O acompanhamento dos resultados e custos está ligado à área de
gestão e de administração do empreendimento. A gestão do agronegócio
precisa ser diária. A produção agropecuária é continua. A evolução da lavou-
ra é a cada dia, assim como o ganho de peso do gado na pecuária é diária.
Logo, o acompanhamento da produção precisa ser diário.

14.7 Treinamento de mão-de-obra


A aquisição de tecnologia de ponta não faz nenhum sentido se ela
não é aplicada a produção. Num primeiro momento, parece ilógico a aquisi-
ção de tecnologia e a sua não utilização. Mas vamos pensar nessa possibili-
dade, qual a utilidade de uma determinada tecnologia numa propriedade se
nenhuma pessoa é capaz de usá-la. Uma colheitadeira é uma máquina que
utiliza uma tecnologia de ponta, podemos afirmar, com certeza, que é uma
máquina do mais alto grau tecnológico. Comandar uma máquina dessas não
é como dirigir um trator ou um carro, deixando bem claro, não é qualquer
profissional que tem capacidade de comandar uma dessas máquinas. Logo, é
preciso que junto com a tecnologia o empreendedor adquira também a mão-
-de-obra capaz de utilizar a tecnologia.

Resumo
Nesta aula você aprendeu:
1- Sobre a organização dos produtores agropecuários.
2- A necessidade de aplicação de tecnologia a produção agropecuária.
3- Conceito de economia em escala.
4- A necessidade de adequação da produção as características locais
e culturais.
5- Sobre a necessidade de prever a viabilidade econômica de um em-
preendimento.
6- A necessidade do acompanhamento diário da produção.
7- Sobre a necessidade do treinamento da mão-de-obra.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 104


Referências
NEVES, Marcos Fava; ZYLBERSZTAJN, Decio e NEVES, Evaristo Marzabal.
Agronegócio do Brasil. 1 ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

Atividades de aprendizagem

1) A respeito da adoção de tecnologia no agronegócio é correto afirmar.

a) Apenas as grandes propriedades precisam adotar tecnologia no processo


produtivo.

b) A adoção de tecnologia é uma exigência do mercado consumidor atual.

c) A adoção de tecnologia é necessária apenas nas pequenas propriedades,


assim elas poderão competir com as grandes agroindústrias.

d) O mercado não exige que os produtos agropecuários sejam de qualidade.

2) Sobre os custos da atividade agropecuária e a necessidade de adequação


as características locais é incorreto afirmar.

a) A utilização de tecnologia pode vencer qualquer característica local que


prejudica a atividade agropecuária.

b) A análise da viabilidade econômica e financeira está relacionada à com-


paração entre os custos da atividade e os lucros auferidos.

c) O produtor precisa adequar a cultura desejada com as características


naturais no local da produção.

d) Por mais capitalizado que seja o produtor existem barreiras naturais que
não podem ser superadas.

Introdução ao Agronegócio 105 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


AULA 1

AulaAlfabetização Digital
15 – Características do setor
agroindustrial “dentro da porteira” 8

15.1 Parceria para aquisição de insumos


Objetivando reduzir os custos de produção, muitas vezes os agro-
pecuaristas se unem para adquirir produtos que podem ter uso comum. É
mais comum que sejam adquiridas máquinas, as quais ficam pertencendo a
todos os produtores, mas também existe a possibilidade da união de produ-
tores para adquirir insumos, como fertilizantes, por exemplo. Desse modo, a
compra seria de uma quantidade maior e os produtores poderiam negociar
um preço melhor com o fornecedor.

15.2 Treinamento dos administradores


Além da mão-de-obra que realiza a produção diretamente, também
é preciso que os administradores e os gestores do empreendimento agrope-
cuário estejam em constante treinamento e especialização. Até porque é o
gestor é quem vai coordenar todo o processo produtivo e, para tal, é preciso
que ele tenha conhecimento de como ocorre todo o ciclo de produção.
E também é preciso destacar, que a boa gestão é um fator estraté-
gico em qualquer empreendimento. A elaboração de estratégias para elevar
o preço dos produtos, a busca pelos compradores da produção, as transações
econômicas realizadas, tudo isso é feito pelos administradores e essas ativi-
dades também exigem treinamento.

15.3 Mercado consumidor


A utilização de novas tecnologias na produção tem que, em últi-
ma análise, ser aprovada pelo consumidor final. É a ele que o produtor que
agradar e, principalmente, porque é o consumidor que pagará pelo produto.
De todos os tipos de tecnologias que existem no mercado, cabe
ao produtor escolher aquela que o consumidor de seus produtos aceita. No
Brasil, essa preocupação não é tão grande porque o consumidor brasileiro,
de modo geral, não é tão exigente.
Entretanto, já existem algumas tecnologias que são questionadas
pelos consumidores a nível mundial e também no Brasil. O maior exemplo
são os produtos transgênicos. Ainda não se têm estudos completos e sufi-
cientes sobre os efeitos colaterais que esses produtos, modificados genetica-
mente, podem vir a ter no organismo dos seres humanos após o seu consumo
prolongado.

Introdução ao Agronegócio 107 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Outro problema que temos em relação à aplicação de tecnologia
aceita pelo consumidor, é o fato de que, a maioria das tecnologias que os
produtores nacionais usam, são provenientes de outros países. Não existe
uma produção de tecnologia no Brasil tão grande como em outros países. E,
também, precisamos lembrar que a realidade econômica e a de produção de
cada lugar é diferente, ou seja, uma mesma cultura pode ter vários tipos de
manejo. E, nem sempre a melhor tecnologia para um lugar, será garantia de
sucesso em outro.
Esse é um dos motivos que nos faz concluir o seguinte: nem sempre
a tecnologia mais avançada é a melhor para determinado empreendimento.
A tecnologia mais avançada em criação de gado bovino na China pode se
mostrar completamente inútil na criação de bovinos no Brasil. O clima, a cul-
tura e os hábitos da população influenciam no seu modo de consumo e não
será a certeza de que a tecnologia empregada na produção daquele produto
fará o consumidor optar por ele.

15.4 Gestão de custos na agropecuária


Caro aluno, repare Falaremos agora de como determinar de forma mais técnica os cus-
como esse ponto é tos da produção agropecuária. Trataremos de conceitos simples, porém im-
importante. O objetivo
do agronegócio
portantes para o agronegócio.
é vender os bens É preciso que o empreendimento tenha objetivos claros que pos-
produzidos. O mercado sam ser alcançados pelo produtor e, também, é preciso traçar um meio,
consumidor é quem
vai definir preços e um método, de como alcançá-los. Os objetivos podem ser simples como,
condições. Para ter por exemplo, a produção de suínos de qualidade, todo objetivo tem em
sucesso no agronegócio
si uma meta, que, normalmente, é a obtenção de lucro com a atividade
o produtor deve estar
atento principalmente desenvolvida.
ao mercado consumidor. O meio ou o método é a forma como a atividade se desenvolverá
para chegar ao objetivo e alcançar a meta do empreendimento. Os projetos
agropecuários, sobre os quais já falamos anteriormente, é um tipo de méto-
do aplicado à agropecuária. No projeto, estão explicitadas quais tarefas se-
rão realizadas, como serão realizadas, quando elas serão realizadas e quem
serão os responsáveis por realizá-las. Resumindo, o projeto é o método como
a atividade irá se desenvolver.
A previsão de custos diz respeito aos valores que serão necessários
para realizar o negócio. É a previsão de todos os gastos que serão realizados
na atividade produtiva e qual será a possível rentabilidade daquele inves-
timento. Esse número precisa ser bem definido e se aproximar ao máximo
da realidade. Ele é um dos primeiros indicadores se o empreendimento será
rentável ou não.
O controle contábil é a própria técnica de contabilizar os gastos
diários, semanais e mensais com a produção. Através desse controle é que
o gestor e o próprio produtor farão alterações no projeto inicial de produ-
ção. Pois pode ocorrer que o gasto diário com a produção esteja superando
o que foi previsto para a implementação do negócio e isso demandará uma

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 108


reestruturação do projeto e fará o produtor repensar a viabilidade daquele
empreendimento.
A diminuição dos custos de produção é sempre uma finalidade do
produtor agropecuário. Sempre que o custo de produção cai, o lucro do
produtor aumenta e não podemos ter nenhuma dúvida que a meta de todo
produtor agropecuário é o lucro.
Podemos citar aqui algumas formas mais usuais de diminuição dos
custos de produção: máximo aproveitamento dos fatores de produção, como
a mão-de-obra, o solo e os insumos, aproveitamento dos subprodutos e re-
síduos da atividade produtiva e participação em cooperativas e associações
de produtores entre muitas outras formas de diminuição dos custos de pro-
dução.
Precisamos tratar também de como se formam os custos da produ-
ção agropecuária. É preciso determinar o total do investimento feito mais
o total de capital de giro para se chegar aos custos fixos. e aos custos va-
riáveis. Um exemplo de custo fixo seria o pagamento dos funcionários da
propriedade ou da agroindústria e um exemplo de custo variável é a compra
de herbicidas, os quais podem ser necessários em um mês e no outro não.
Falaremos, a seguir, de alguns fatores que fazem parte dos custos de produ-
ção em separado.
O investimento na atividade agropecuária é um fator que compõe
Custos variáveis: são os
os custos de produção. Podemos dividir os investimentos em móveis e fi- gastos que o produtor
xos. Os fixos são os de difícil deslocamento como as construções, currais pode ter ou não e em
e armazéns, por exemplo. Já os investimentos móveis são as máquinas e períodos variados da
produção.
equipamentos em sua maioria. É importante ressaltar que a maioria dos in-
vestimentos tem duração prolongada no tempo. Eles não são usados apenas Custos fixos: são os
gastos que o produtor
uma vez, como, por exemplo, um armazém, ele será usado para guardar a
terá durante toda a
produção de muitas safras. produção
O custeio da produção agropecuária é o que de fato foi gasto para
produzir aquele produto, o que foi gasto durante todo o ciclo produtivo seja
ele pecuário ou agrícola. Toda a atividade agropecuária é realizada de acor-
do com o ciclo produtivo. Seja ele desde a criação dos animais até o seu
abate na pecuária ou desde o preparo do solo até a realização da colheita
na agricultura.
Os custos fixos são aqueles que existem mesmo que não haja pro-
dução. Podemos dividi-los em custos de manutenção de investimentos, que
são os valores necessários para manter determinado investimento em per-
feitas condições de uso durante todo o ciclo produtivo, como por exemplo,
o custo de manutenção de um trator. E também temos os custos fixos com a
administração, que são necessariamente os gastos com a mão-de-obra fixa
da atividade produtiva, funcionários e gestores, por exemplo.
Os custos variáveis estão ligados basicamente às etapas de produ-
ção, logo quando determinada etapa termina, os custos com ela terminam
também. Podemos resumir os custos variáveis em aquisição de insumos de
todas as qualidades, como produtos veterinários e ração, além do preparo do
solo e dos cuidados com a lavoura ou com o rebanho.

Introdução ao Agronegócio 109 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


O custo total é a soma de todo e qualquer custo fixo com todo e
qualquer custo variável.
Precisamos esclarecer agora os conceitos de receita e lucro. A re-
ceita se divide em receita bruta e em receita líquida. Receita bruta é o valor
total que o produtor consegue juntar com a venda de seus produtos. A re-
ceita líquida é a diferença entre a receita bruta e o custo total da produção.
O lucro bruto é a diferença entre a receita líquida e os valores
dos impostos que tributam sobre a produção e comercialização da atividade
agropecuária. E, por final, o lucro liquido é o resultado da diminuição no lucro
bruto dos impostos ainda devidos, como por exemplo, o imposto de renda.

Resumo
Nesta aula você aprendeu:
1- A possibilidade de parceria entre produtores para adquirir determi-
nado insumo.
2- A necessidade do treinamento dos administradores.
3- Aprendeu sobre a importância do mercado consumidor e a impor-
tância para o produtor de conquistar esse mercado.
4- Sobre a gestão dos custos do empreendimento agropecuário.

Referências
CALLADO, Antônio André Cunha. Agronegócio. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2008

NEVES, Marcos Fava; ZYLBERSZTAJN, Decio e NEVES, Evaristo Marzabal.


Agronegócio do Brasil. 1 ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

Atividades de aprendizagem

1) A cerca da gestão de custos na agropecuária podemos afirmar, exceto:

a) Para uma boa gestão é preciso que o empreendimento tenha objetivos


claros que deseja alcançar.

b) É preciso desenvolver um meio ou método para alcançar os objetivos.

c) Previsão de custos é a estimativa de quanto será preciso gastar para rea-


lizar o negócio.

d) O projeto agropecuário não é um tipo de método aplicado à agropecuária.

2) Podemos citar como vantagens da aquisição de insumos em regime de


parceria.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 110


a) Possibilidade de adquirir mais insumos por um custo menor.

b) Não existe vantagem na aquisição de insumos em parceria.

c) Quando se compra insumos em regime de parceria o comum que é que


o custo seja mais alto.

d) É possível comprar apenas máquinas em regime de parceria devido ao


seu alto custo.

Introdução ao Agronegócio 111 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


AULA 1

AulaAlfabetização
16 – Características
Digital do setor
agroindustrial “depois da porteira”

16.1 Segmento do setor agroindustrial “depois


da porteira”
O segmento “depois da porteira” se constitui em sua maioria pelos
atos de processamento e distribuição dos bens ou serviços produzidos pela
atividade agropecuária até que os produtos cheguem aos consumidores fi-
nais. Os agentes envolvidos nesse processo são o comércio, as agroindústrias,
os prestadores de serviços e o governo, basicamente.
Após a colheita dos produtos agropecuários eles seguiram por cami-
nhos distintos até chegar aos seus respectivos consumidores. Da saída do produ-
to da fazenda até a chegada nas mãos do consumidor final, muitos processos são
desenvolvidos. Como a industrialização e a comercialização, por exemplo. Já
que em poucos casos o produto sai da propriedade do produtor para as mãos do
consumidor final. No segmento após a porteira, nos estudamos exatamente por
onde o produto passa após deixar a fazenda até chegar à mesa do consumidor.
Quanto aos produtos agropecuários no comércio, eles são, basica-
mente de dois tipos, os in natura e os que são submetidos a processos de
beneficiamento e transformação.
Os produtos in natura não passam por qualquer tipo de transforma-
ção. Não é preciso que eles sejam beneficiados ou processados nas agroin-
dústrias. As operações de embalagem dos produtos não fazem com que eles
percam o seu estado de não beneficiado, já que a embalagem não altera os
produtos em sua substância. Normalmente os produtos agropecuários vendi-
dos in natura são as frutas, hortaliças e os grãos de maneira geral.

Figura 69: Venda de produtos agrícolas in natura.


Fonte: Disponível em: http://newscomex.files.wordpress.com/2008/06/produtos-agricolas.jpg
acessado em 27 de junho de 2010.

Introdução ao Agronegócio 113 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Sobre os produtos que passam por transformação ou beneficiamen-
to, isso ocorre em geral por dois motivos, o primeiro é a própria necessidade
que o produto tem de ser beneficiado e o segundo é o fato de o produto
beneficiado tem seu valor elevado no mercado.
Quanto à necessidade de beneficiamento podemos citar a maio-
ria dos produtos obtidos na pecuária. As carnes, os leites, os couros, entre
outros, todos precisam ser transformados pelas próprias características dos
produtos. A carcaça dos animais precisa ser divida em partes para ser vendi-
da. O leite precisa ser industrializado para poder ter seu prazo de validade
estendido. O couro precisa ser transformado em produtos que o consumidor
utiliza mais, como chapéus e calçados.

Figura 70: Indústria de beneficiamento de carne.


Fonte: Disponível em: http://www.boiapasto.com.br/wp-content/uploads/EXPO1.jpg acessado em
27 de junho de 2010.

16.2 Canais de comercialização


O canal de comercialização é o caminho que o produto percorre antes
de chegar ao consumidor final. Cada produto agrícola ou pecuário passa por um
caminho diferente. Podemos citar alguns agentes comerciais que normalmente par-
ticipam desses canais de produção: como os intermediários e as agroindústrias
Para simplificar a compreensão, dividimos didaticamente os canais de
produção em etapas. Passaremos agora ao estudo de cada uma dessas etapas.
Etapa 1: aqui estão os produtores rurais brasileiros e sua caracterís-
tica predominante é o grande número de produtores em pequenas proprie-
dades, pouco organizados e muitas vezes desinformados.
É possível que o produtor ofereça seus produtos em todos os níveis
dos canais de comercialização, muitas vezes até mesmo para o consumidor

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 114


final. Mas o normal é que ele se especialize em fornecer seus produtos para
apenas pessoas de uma das etapas do processo de comercialização. Fatores
naturais como localização e época do ano e fatores comerciais como o tama-
nho e o produtor também determinam para quem ele venderá seus produtos.
O mais comum é que os produtores vendam seus produtos para os chamados
intermediários primários.
Etapa 2: nessa etapa estão os intermediários. Os intermediários
são pessoas ou empresas que adquirem os produtos agropecuários dos pro-
dutores com o objetivo de revendê-los para pessoas em outras etapas da
comercialização ou mesmo para outros intermediários maiores, formando
assim uma sucessão de intermediações.
O intermediário, na maioria das vezes, possui mais recursos que o
produtor individualmente considerado e também possui mais informações
sobre o mercado daquele produto. O intermediário tem o conhecimento práti-
co dos atos de comércio, ele sabe exatamente de quem comprar, onde e quando
comprar. Como também já tem compradores para seus produtos na maioria das
vezes. É comum que o trabalho do intermediário apresente poucos riscos.
A importância da figura do intermediário cresce de acordo com grau
de desenvolvimento da região e de organização dos produtores. Quanto me-
nos desenvolvida a região e mais desorganizados os produtores agropecuários,
maior será o poder de barganha do intermediário e maior será sua importância
para o andamento do produto no canal de produção, pois é a figura do interme-
diário que vai tirar os produtos das propriedades e colocá-los no comércio.
Existem situações em que a figura do intermediário é muito fraca
ou mesmo inexistente. Isso ocorre quando os produtores se unem e possuem
um alto nível de organização e estão localizados em regiões desenvolvidas,
nas quais eles negociam diretamente com as agroindústrias, supermercados
ou mesmo com os consumidores finais.
Etapa 3: Temos aqui as agroindústrias, os mercados de produtores,
que são as centrais de abastecimento local, e os concentradores.
As agroindústrias são as responsáveis pelo processamento, benefi-
ciamento e transformação dos produtos que foram adquiridos por meio de
intermediários ou diretamente dos produtores agropecuários. Existem inú-
meras agroindústrias que trabalham com os mais diversos tipos se produtos.
Uma característica básica das agroindústrias é que as atividades que elas
fazem com os produtos agropecuários (beneficiamento, transformação ou
processamento) agregam valor ao produto.
O mercado de produtores foi concebido objetivando oferecer infraes-
trutura aos produtores para que eles se organizassem para elevar o valor de seus
produtos e tentar fazer um contato direto com os consumidores de seus produ-
tos, sejam eles as agroindústrias ou os consumidores finais, excluindo assim a
figura do intermediário. Porém, o que se verificou foi o contrário. Os intermediá-
rios se aglomeraram nesses locais e passaram a usufruir da estrutura dos mercados
de produtores em proveito próprio. Aumentaram suas informações sobre o mercado
e como os produtores estavam concentrados em um mesmo local ficou ainda mais
fácil para eles adquirir os produtos agropecuários.

Introdução ao Agronegócio 115 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Os concentradores de produtos são na verdade grandes intermediá-
rios, os quais normalmente atuam no mercado atacadista e possuem grande
influência na determinação dos preços dos produtos. Isso ocorre devido à
enorme quantidade de produtos que essas pessoas detêm.
Etapa 4: aqui estão presentes os vendedores, distribuidores e re-
presentantes, os quais têm por objetivo vender os produtos, que não são
deles de fato. Aqui, normalmente se trabalha com uma quantidade maior de
produtos e a sua comercialização é feita em vários locais.
Os vendedores são trabalhadores das empresas que de fato tem a
propriedade dos produtos. Eles têm vínculo empregatício com a empresa
são, de fato, empregados, recebem remuneração fixa e, às vezes também,
comissão sobre o total de vendas realizado. É importante ressaltar que eles
não são os donos dos produtos que oferecem e também não são os responsá-
veis pela entrega dos produtos para os compradores.
Representantes são pessoas ou empresas que, como o nome deixa
claro, representam determinadas empresas. Sua função é vender os produ-
tos da empresa que representam e sua remuneração, na maioria das vezes,
é por comissão, recebendo uma porcentagem das vendas realizadas. Nor-
malmente eles não têm vínculo empregatício estabelecido com a empresa
representada e também não têm responsabilidade sobre a entrega dos pro-
dutos adquiridos por seus compradores.
Em relação aos distribuidores, eles têm mais recursos que os re-
presentantes. São normalmente empresas médias ou grandes que já pos-
suem compradores certos para os produtos que oferecem. É comum que os
distribuidores sejam os donos dos produtos e que eles mesmos assumam o
compromisso de entregar a mercadoria ao comprador.
Etapa 5: os agentes comerciais presentes na etapa 5 são os ata-
cadistas e as centrais de abastecimento, além de outros como a cédula de
produto rural, e o governo.
Quanto aos atacadistas, eles são grandes empresas que compram
grandes quantidades de produto dos agentes presentes em todas as etapas
anteriores e os revendem assumindo todos os riscos da atividade, como a
responsabilidade pela entrega dos produtos, por exemplo. Normalmente, o
público alvo dos atacadistas são outras empresas menores que adquirem os
produtos e os revendem diretamente para os consumidores finais.
A central de abastecimento é como um mercado do produtor, seu
objetivo é concentrar produtores e consumidores finais no mesmo local para
que os dois sejam beneficiados. Nessas centrais, o produtor poderia vender
seus produtos diretamente, sem passar por intermediários, e obtendo uma mar-
gem de lucro maior com seus produtos. Para os consumidores também seria van-
tajoso, pois nas compras dessa forma, os produtos acabam ficando mais baratos.
Mas assim como ocorreu nos mercados do produtor, o que de fato acon-
teceu foi a concentração de intermediários nesses locais, que com mais recursos e
aproveitando da falta de organização dos produtores, acabaram se fortalecendo ain-
da mais. E o objetivo das centrais de abastecimento, que era aproximar produtor de

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 116


consumidor não foi atingido. A figura do intermediário continuou forte e a distância
entre produtores e consumidores permanece muito grande.

Figura 71: Exemplo de central de abastecimento.


Fonte: Disponível em: http://www.onorte.net/admin/editor/uploads/Image/imagens/
montesclaros/ceanorte_comercio01.jpg acessado em 27 de junho de 2010.

Quanto à cédula de produto rural, ela é um instrumento legal, que


surgiu por meio da lei número 8.929 de 22 de agosto de 1994, que possibilita
a venda antecipada dos produtos do agropecuarista e a posterior entrega
dos produtos. Esse mecanismo permite que os produtores adquiram recursos
para pagar os custos de suas criações ou lavouras.
A administração desse tipo de venda cabe a Central de custódia
e de Liquidação Financeira de Títulos (Cetip) entidade que funciona com a
autorização do Banco Central. A cédula de produto rural é uma venda que
ocorre da seguinte forma: o produtor emite um título, que nada mais é do
que um documento, esse título representa determinada quantidade de pro-
duto. O comprador paga ao produtor o valor daquele documento e espera
até que o vendedor tenha os bens para entregar.
O Banco do Brasil valida a cédula de produto rural, garantindo ao
comprador a entrega dos produtos pagos ou o recebimento do valor pago
de volta. Devem conter na cédula algumas informações como: a promessa
de entregar os produtos na quantidade e na qualidade prevista, o nome do
comprador, a especificação da data e o local da entrega dos produtos, a data
e lugar onde foi emitida e a assinatura do produtor que a emitiu. A grande
vantagem da cédula é para o produtor que recebe de forma antecipada o
recurso para garantir a sua produção.
O governo federal também interfere na comercialização dos pro-
dutos agropecuários, principalmente instituindo preços mínimos que devem
ser pagos pelos produtos e realizando empréstimos, tanto para os produtores
como para os compradores. Em certos casos, o governo também participa
do setor comercial como consumidor. Ele compra parte da produção dos

Introdução ao Agronegócio 117 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


agropecuaristas para estabilizar os preços no mercado, por exemplo, se o
preço estiver muito baixo, ou vende seus estoques para abaixar o preço dos
produtos, quando esses estiverem muito caros.
Etapa 6: aqui estão os agente que direcionam suas atividades para
o comércio internacional, ou seja, para a exportação dos produtos adquiri-
dos aqui no Brasil. E os vendedores que tratam direto com os consumidores
finais, como os supermercados, açougues, “sacolões” e feiras livres.

Figura 72: Exemplo de feira livre.


Fonte: Disponível em: http://jornale.com.br/mirian/wp-content/uploads/2009/07/feira-livre.jpg
acessado em 27 de junho de 2010.

Etapa 7: encontramos aqui o agente mais importante do segmento


comercial: o consumidor. Toda a atividade que se desenvolve nos outros seg-
mento são para agradar o consumidor final. A cada dia o consumidor está mais
exigente. O consumidor quer sempre produtos de mais qualidade e de menor pre-
ço. Claro que ele deve ser atendido, pois todo o custo da atividade financeira recai
sobre o consumidor final. Quanto mais satisfeito estiver o consumidor, mais ele irá
comprar e maior será o lucro dos participantes do agronegócio.
Etapa 8: na etapa 8, estão os agentes que trabalham com a im-
portação de produtos. Cada produto importado provavelmente passou pelas
mesmas etapas do produto nacional, mas no seu país de origem é claro.

Resumo
Nesta aula você aprendeu:
1- O que ocorre no setor agroindustrial depois da porteira.
2- O que são canais de comercialização.
3- A divisão dos canais de comercialização.
4- Quem são as figuras presentes nos canais de comercialização e as
atividades que cada um deles desenvolve.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 118


Referências
ARAÚJO, Massilon J. Fundamentos de agronegócios. 2 ed. São Paulo: Atlas,
2009.

Atividades de aprendizagem
1) O segmento “depois da porteira” se constitui de:

a) Dos atos de processamento e distribuição dos produtos ou serviços produ-


zidos na agropecuária.

b) O Governo não é um agente envolvido no segmento “depois da porteira”.

c) Os processos de comercialização não se enquadram nas atividades do se-


tor “depois da porteira”.

d) Os produtos envolvidos na setor “depois da porteira” são apenas os “in


natura”.

2) Podemos afirmar sobre os canais de comercialização, exceto:

a) O canal de comercialização é o caminho que o produto percorre antes de


chegar ao consumidor final.

b) Intermediários são pessoas que adquirem os produtos agropecuários de


seus produtores com o objetivo de revendê-los a outras pessoas.

c) As agroindústrias são responsáveis somente pela transformação e benefi-


ciamento dos produtos.

d) Representantes são pessoas ou empresas que, como o nome deixa claro,


representam determinadas empresas.

Introdução ao Agronegócio 119 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


AULA 1

AulaAlfabetização
17 – Características
Digital do setor
agroindustrial “depois da porteira” 2

17.1 Os agentes comerciais e a formação dos


preços
A cada etapa do processo de comercialização apresentado ante-
riormente, atuam tipos diferentes de agentes, pessoas ou empresa, cada
qual com suas características, que compram os produtos agropecuários e os
revendem para os agentes das etapas seguintes.
É um raciocínio lógico que a cada venda o produto tenha seu preço
aumentado, sempre que o produto vai para a etapa seguinte, ele agrega va-
lor. Precisamos definir dois conceitos técnicos que são utilizados na formação
do preço do produto que são o número de intermediações e o de interme-
diadores.
Intermediação é toda a mudança de posse, de propriedade do pro-
duto, em outras palavras mais simples, sempre que o bem é vendido ou com-
prado ocorre uma intermediação. Vamos para um exemplo prático, sempre
que um intermediário primário compra um produto do agropecuarista, 30
sacos de feijão, por exemplo, e os vende para o intermediário secundário
ocorre uma intermediação e assim sucessivamente. A cada intermediação o
preço do produto muda e o comum é que ele fique mais caro, logo podemos
concluir que o preço final de certo produto depende diretamente de quantas
intermediações ele teve.
A quantidade de intermediários diz respeito ao número de agen-
tes, sejam pessoas ou empresas, que participam num mesmo nível ou numa
mesma etapa de intermediação para determinado produto. Quanto maior
o número de intermediários presentes em determinado nível ou etapa de
intermediação, mais elevada será a competição entre os próprios interme-
diários. Logo podemos concluir, que nessa hipótese de grande número de
intermediários, eles, muito provavelmente, adquirem os produtos por um
preço elevado, pois existe disputa para a aquisição e, se na próxima etapa
não existir tanta concorrência entre intermediários como na etapa anterior,
é provável que o preço caia.
Logo chegamos à conclusão, de que quanto menos intermediações
(relacionado com o maior número de intermediários em cada etapa do pro-
cesso de comercialização), mais favorável será para os consumidores e para
os produtores. Mas o que acontece normalmente é a situação inversa, as
etapas de comercialização ocorrem de tal forma que os grandes lucros ficam
nas mãos dos intermediadores durante as etapas de comercialização.
É natural que a cada intermediação o produto tenha seu preço al-
terado para mais, mesmo sem sofrer qualquer tipo de transformação ou be-

Introdução ao Agronegócio 121 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


neficiamento. Essa alteração ocorre devido ao lucro dos intermediários e
aos custos comerciais. O nome técnico para esse tipo de ganho é margem
de comercialização. O valor da margem de comercialização é mais elevado
quando a quantidade de intermediários é pequena e o seu porte é grande.
Trataremos agora de forma separada de cada um dos agentes res-
ponsáveis pela formação de preços na atividade agropecuária.

17.2 Produtores agropecuários


A situação mais delicada da formação de preços nos produtos agrope-
cuários é a dos produtores. Eles têm de pagar altos valores pelos insumos que
utilizam nas suas lavouras e criações. De maneira geral, vedem seus produtos a
preços muito baixos. Uma forma que os produtores encontraram de aumentar o
valor de seus produtos é se organizando em associações e cooperativas.

Figura 73: O produtor, provavelmente o elo mais fraco do comércio agropecuário


Fonte: Disponível em: http://www.prove.com.pt/files/Produtor%20Jo%E3o%20Mafra.JPG acessado
em 27 de junho de 2010.

17.3 Intermediários
Quanto aos intermediários, eles se dividem em intermediários pri-
mários e secundários. Os primários são em grande maioria pequenos co-
merciantes que possuem mais informações e são mais interados com as prá-
ticas de comércio do que os produtores. São eles que lançam os produtos
agropecuários nas etapas da comercialização. Eles adquirem os produtos nas
próprias fazendas, é comum que comprem pequenas quantidades em várias

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 122


propriedades e as reúnam de forma que justifiquem o custo com transporte.
De maneira geral possuem boa relação com os produtores e são mais impor-
tantes nas localidades onde os produtores têm baixo nível de organização.
Os intermediários secundários são, em sua maioria, os concentrado-
res de produtos. Eles adquirem seus produtos dos intermediadores primários,
pelo fato de terem mais capital disponível, possuírem acesso mais fácil aos
mercados consumidores e maior capacidade de negociação com os compra-
dores. Do mesmo modo que os intermediários primários mantêm boas rela-
ções com produtores, os intermediários secundários têm boas relações com
os intermediários primários.

17.4 Concentradores
Os concentradores são intermediários de grande porte, que adqui-
rem seus produtos tanto de intermediários primários ou secundários, como
dos próprios produtores e distribuem esses produtos nas etapas seguintes da
comercialização. São sempre grandes empresas com muito capital e vendem
seus produtos para os grandes consumidores de produtos agropecuários, em sua
maioria as agroindústrias, devido a esse fato, a própria localização dos concen-
tradores é estratégica. É comum que fiquem próximos aos grandes centros de
compra e venda de produtos agropecuários no atacado ou próximos aos grandes
centros urbanos consumidores de produtos, tanto no varejo, como no atacado.
Não são raros os concentradores que fazem algum beneficiamen-
to nos produtos adquiridos, como utilização de melhores embalagens, por
exemplo. Devido a todas as características aqui citadas podemos concluir que
os concentradores exercem grande influência na determinação dos preços no
agronegócio. Buscam sempre comprar os produtos pelo menor preço possível e
vendê-los pelo preço mais alto que conseguirem. Os concentradores, na verda-
de, estão numa posição estratégica, pois existem várias pessoas querendo ven-
der para eles. Isso causa a diminuição de preço. Observamos ainda, que várias
pessoas e empresas querem comprar deles. Isso causa o aumento de preço.

17.5 Mercados de produtores


O mercado de produtores foi um espaço criado para aproximar pro-
dutores e consumidores finais, porém o que houve de fato foi a concentração
de intermediários secundários e alguns concentradores nesses locais. Por
consequência lógica, ocorreu o fortalecimento dos intermediadores e os pro-
dutores continuaram vendendo seus produtos a preços baixos.

17.6 Agroindústrias
A agroindústria é sem nenhuma dúvida uma das maiores consumi-
doras de produtos agropecuários. Para adquirir suas matérias-primas, muitas

Introdução ao Agronegócio 123 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


vezes ela faz o papel de intermediário, porém o normal é que adquira seus
produtos em grandes concentradores.
A atividade industrial vai transformar aquele produto, ela não tem
a capacidade de melhorá-lo. Logo, a exigência de padrões de qualidade é
um requisito para se comercializar com o setor agroindustrial. Sem matéria-
-prima de qualidade não se produz derivados de qualidade e isso é um fato.
O nível de exigência do consumidor final é cada dia maior e para não
perder espaço e competitividade a agroindústria exige qualidade na produ-
ção de seus próprios bens e qualidade de seus fornecedores. Tanto que uma
das preocupações do agroindustrial é a idoneidade, ou seja, a honestidade
e a competência de seus fornecedores. Esses precisam ter características
como: normas sanitárias aceitas pela sociedade, preços estáveis, quantidade
suficiente, pontualidade nas entregas, entre outras.
É comum, quando uma agroindústria encontra um fornecedor de
qualidade se formar um contrato de fornecimento. Segundo esses contratos,
aquele fornecedor se compromete a prestar seu serviço de forma exclusiva
ou não para aquela agroindústria. Ou seja, toda a quantidade de produtos
que aquele fornecedor detém, ou a maior parte dela será para suprir as ne-
cessidades de matéria-prima daquela agroindústria.

17.7 Representantes e vendedores


São agentes comerciais que repassam os preços dos produtos que
são estabelecidos nas etapas anteriores às quais estão vinculados. Eles não
são os proprietários dos produtos e não têm a possibilidade de alterar os
preços, a não ser em margens preestabelecidas e aceitas pelo mercado.
É importante lembrar que os produtos não pertencem aos revende-
dores ou aos representantes e nem mesmo a clientela está vinculada a eles.
Os vendedores e representantes são apenas funcionários das empresas que
de fato recebem os lucros com as vendas.

17.8 Distribuidores
Os distribuidores não são como os vendedores e representantes. Distribui-
dores são sempre empresas, que possuem a propriedade dos bens que ofertam no
mercado, têm os seus clientes vinculados a eles e assumem a responsabilidade pela
entrega dos produtos e demais operações que se façam necessárias após a venda.
É comum que os distribuidores tenham um número pequeno de
produtores que lhe fornecem bens, mas possuem uma grande quantidade
de clientes. Por esse motivo os distribuidores são formadores de preços no
agronegócio, tanto para cima como para baixo e toda essa variação ocorre
devido ao interesse do próprio distribuidor ou com o interesse do mercado.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 124


17.9 Atacadistas
Os atacadistas são empresas de grande porte, que existem em número
reduzido. Que compram produtos de várias empresas e os vendem para um nú-
mero maior de outras empresas ou realizando as vendas para os consumidores
finais. Também tem papel importante na formação de preços no agronegócio.

17.10 Governo
O governo federal tem instrumentos que visam justamente inter-
ferir nos preços dos produtos agropecuários. É uma política do governo jus-
tamente voltada para o setor agropecuário. A interferência do governo na
formação dos preços dos produtos agrícolas ou agropecuários ocorre princi-
palmente através do Programa de Garantia de Preços Mínimos.
Com o Programa de Garantia de Preços Mínimos, o Governo Federal
determina e garante quais serão os valores mínimos pagos aos produtores
agrícolas ou pecuários ou as suas cooperativas e associações para determina-
do tipo de produto. Esses preços são determinados antes do plantio de cada
safra, por exemplo, o Programa de Garantia de Preços Mínimos para vigorar
no ano de 2012 deverá ser estabelecido no ano de 2011.
O objetivo do Estado é dar um direcionamento aos produtores sobre
quais são os produtos desejados pelo governo e buscar garantir também um
retorno mínimo ao produtor. Caso se observe que os preços praticados no
mercado estão abaixo daqueles determinados pelo governo, serão tomadas
medidas para elevar o valor dos produtos no mercado. Vale lembrar que os
Governos Estaduais também podem interferir na formação de preços dos
produtos agropecuários com políticas como as tomadas pelo Governo Fede-
ral, caso queiram ou caso seja preciso.

Resumo
Nesta aula você aprendeu:
1- Quem são os agentes comerciais e seu papel na formação dos preços.
2- Sobre o papel dos produtores agropecuários na formação dos preços.
3- Quem são os intermediários e os concentradores e seus papéis.
4- Qual era o objetivo dos mercados de produtores e o que aconteceu
de fato.
5- O papel das agroindústrias.
6- Quem são os representantes, os vendedores, os distribuidores e os
atacadistas.
7- Sobre o papel do governo na formação dos preços.

Introdução ao Agronegócio 125 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Referências
ARAÚJO, Massilon J. Fundamentos de agronegócios. 2 ed. São Paulo: Atlas,
2009.

Atividades de aprendizagem

1) Sobre os agentes formadores dos preços podemos afirmar. Exceto

a) Os concentradores são intermediários de pequeno porte, que adquirem


seus produtos tanto de intermediários primários ou secundários, como dos
próprios produtores e distribuem esses produtos nas etapas seguintes da
comercialização.

b) Intermediários primários são em grande maioria pequenos comerciantes


que possuem mais informações e são mais interados com as práticas de co-
mércio do que os produtores.

c) O mercado de produtores foi um espaço criado para aproximar produtores


e consumidores finais, porém o que houve de fato foi a concentração de in-
termediários secundários e alguns concentradores nesses locais.

d) Os atacadistas são empresas de grande porte, que existem em número


reduzido. Que compram produtos de várias empresas e os vendem para um
número maior de outras empresas ou realizando as vendas para os consumi-
dores finais.

2) Sobre a participação do Governo na formação dos preços podemos afirmar.

a) O Governo não interfere na formação dos preços dos produtos agropecu-


ários.

b) O Governo interfere apenas na formação dos preços dos produtos pecuá-


rios.

c) O Governo interfere apenas na formação dos preços dos produtos agríco-


las.

d) O Governo Federal tem instrumentos que visam interferir nos preços dos
produtos agropecuários, sejam agrícolas ou pecuários.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 126


AULA 1

Aula 18 – Características
Alfabetização Digital do setor
agroindustrial “depois da porteira” 3

Continuamos com o estudo dos agentes formadores dos preços.

18.1 Supermercados
Supermercados são grandes lojas, que abrigam uma diversidade
imensa de produtos de todos os tipos e qualidades possíveis. O comum é que
sejam grandes redes, as quais possuem elevada quantidade de capital. É uma
tendência mundial a formação de redes de supermercados, o próprio con-
sumidor faz a exigência de encontrar tudo que precisa em um único local.

Figura 74: Corredor de um grande supermercado


Fonte: Disponível em: http://fcdlpe.files.wordpress.com/2009/11/supermercado1.jpg acessado em
28 de junho de 2010.

Hoje os supermercados estão exatamente antes do consumidor no


caminho da comercialização, ou seja, é o supermercado que venderá o pro-
duto para o consumidor final. Essas grandes lojas precisam de uma grande
quantidade de produtos de qualidades e tipos específicos, pois é nas pra-
teleiras dos supermercados que a aceitabilidade de um produto é testada.
Caso ele venda muito, será demandado mais desse tipo de produto, caso ele
não tenha uma boa aceitabilidade no mercado, seus produtores não conse-
guiram vendê-los para os supermercados.

Introdução ao Agronegócio 127 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Pelo fato de o supermercado ter um papel privilegiado na compra
de mercadorias, pois é grande o número de vendedores que desejam tê-lo
como parceiro e também é grande o numero de compradores que os procu-
ram, é um dos maiores formadores de preços de produtos, se não o maior.
As grandes redes de supermercados demandam uma quantidade imensa de
produtos e os revendem para uma enorme quantidade de consumidores,
muitas vezes, vinculando tanto os vendedores quanto os consumidores a eles
e criando uma relação de dependência.
Quando isso ocorre, muitas vezes verificamos a prática do abuso
comercial. Já que o produtor ou intermediário tem apenas uma rede de
supermercados para vender seus produtos e o consumidor tem apenas uma
opção de vendedor. Caso isso ocorra o supermercado poderia, em tese, co-
locar o preço que quiser em seus produtos.

18.2 Pontos de venda


Caro aluno, você está Os pontos de vendas são os pequenos comerciantes, como os
percebendo como os “sacolões”, mercadinhos e armazéns. São pequenos estabelecimentos que
agentes que interferem
atendem a clientes específicos e mais próximos fisicamente desses estabe-
na formação dos preços
são importantes e como lecimentos.
isso é algo prático em
nossa vida cotidiana.
Reflita sobre como são
as relações comerciais
que você participa
e tente identificar
os agentes que nós
apresentamos aqui.

Figura 75: Exemplo de sacolão.


Fonte: Disponível em: http://www.saude.al.gov.br/files/images/Frutas%20e%20
hortali%C3%A7as%20-%20Divulga%C3%A7%C3%A3o.preview.jpg acessado em 28 de junho de 2010.

Sua capacidade de formação de preços é pequena porque normal-


mente adquirem seus produtos nos grandes supermercados e seus clientes
são poucos. Eles não podem subir muito seus preços, caso os comerciantes
façam isso, seus clientes procuraram outros estabelecimentos para comprar
os produtos.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 128


18.3 Feirantes
As feiras livres são compostas por pequenos comerciantes ou até
mesmo pequenos produtores rurais.

Figura 76: Feira livre.


Fonte: Disponível em: http://www.oguiaverde.com/wp-content/uploads/2009/07/feira-livre.jpg
acessado em 28 de junho de 2010.

A maioria dos produtos que são vendidos são frutas, verduras


e hortaliças produzidas na região e muito perecíveis. Normalmente, os
produtos comercializados nessas feiras não têm nenhum tipo de benefi-
ciamento ou embalagem mais sofisticada. Pode-se dizer que os produtos
são vendidos quase da mesma forma que foram colhidos. Assim podemos
concluir que existe um elevado percentual de perda dos produtos e que
as feiras não têm muita importância na formação geral de preços, apenas
os preços praticados internamente sofrerão alterações devido à concor-
rência interna.

18.4 Exportadores
A exportação de produtos agrícolas e pecuários exige grande espe-
cialização e por esse motivo é realizada, principalmente, por grandes empre-
sas que têm suas atividades voltadas apenas para essa área.
O mercado externo é muito mais exigente que o mercado brasileiro.
Se no Brasil o consumidor está criando a ideia de consumir apenas produtos
de alta qualidade, no mercado externo, principalmente o mercado europeu
e dos Estados Unidos, essa cultura já está consolidada em todos os segmen-

Introdução ao Agronegócio 129 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


tos da sociedade. Para ter sucesso no mercado internacional, o vendedor
precisa garantir alta qualidade ao seu produto, pontualidade na entrega e
competitividade. Um desempenho ruim em qualquer desses itens leva o em-
Caro aluno, sugerimos
que você faça uma preendimento ao fracasso.
pesquisa na internet
ou em livros sobre
a rentabilidade dos
produtores que voltam
suas atividades para
a exportação. Fique
atento principalmente
ao fato do pagamento
ser feito em moeda
estrangeira. E também
pesquise sobre o valor
dessas moedas.

Figura 77: Frigorífico especializado no beneficiamento e venda de carne para o


mercado externo.
Fonte: Disponível em: http://www.rondonia.ro.gov.br/imagensnoticiascomunicados/%7BB36
005F08AD743BD8647067297012D62%7D_Rond%C3%B4nia_exporta%C3%A7%C3%A3o%20de%20
carne_Setor%20de%20desossa%20%28Custom%29%20%28Custom%29.jpg acessado em 28 de junho
de 2010.

Porém, uma vez que o empresário rural consiga se firmar nesse


ramo do agronegócio ele terá assegurado uma grande quantidade de vendas
e uma excelente rentabilidade. Não podemos nos esquecer de que o merca-
do externo paga em dólar ou em euro, moedas muito mais valorizadas que
o real.
Quanto à formação dos preços, os produtos destinados à exporta-
ção têm seu valor definido já no exterior e não no mercado nacional. Mas
entendemos que, de uma forma mais ou menos leve, as exportações podem
interferir na formação dos preços de produtos nacionais.
Pensemos na possibilidade de que determinada cultura brasileira
atinja altos níveis de qualidade e especialização, chegando a ganhar reco-
nhecimento internacional, como, por exemplo, a produção de carne brasi-
leira. Como o mercado internacional paga melhor, mais e mais produtores e
empresários se voltarão para o mercado externo. Se a quantidade de pro-
duto destinada ao mercado interno diminuir e a procura por esses produtos
aumentar, por uma consequência lógica os preços subirão.
E se, por qualquer motivo, o mercado internacional rejeita de
forma inesperada uma grande quantidade de produto. Os empresários

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 130


venderão esse excedente no mercado interno. E, Também por conseqüência
lógica, o preço vai cair, pois a quantidade de produto no mercado é maior
do que a procura.
Também precisamos falar aqui, de algumas variedades especiais de
produtos agropecuários voltados para a exportação. São as chamadas com-
modities. Commodities são produtos agropecuários com cotação em bolsa de
valores. Isso significa que as operações de compra e venda desses produtos
são operadas no sistema da bolsa de valores. Assim, o valor a ser pago pelo
produto é em média o valor previsto na Bolsa de Mercadorias de Chicago, nos
Estados Unidos. Alguns exemplos de produtos que têm seus preços cotados
na Bolsa de Chicago são: a soja e o milho.

18.5 Importadores
As ações dos importadores e dos exportadores se parecem, porém
ocorrem em sentido contrário. Enquanto o exportador busca vender os pro-
dutos nacionais no exterior para obter maior rentabilidade, o importador
procura comprar produtos no exterior e vendê-los no mercado interno para
ter mais lucros.
Os importadores, na maioria das vezes, têm como fim atingir consu-
midores bem definidos, é um publico diferenciado, que baseia seu consumo
não apenas no preço do produto, mas principalmente na qualidade, no sabor
e, muitas vezes, no status.
Isso significa que mesmo que o produto seja mais caro que os pro-
duzidos no Brasil o consumidor pagará por ele sem nenhum problema. É um
mercado de alto nível econômico. Podemos citar como exemplo o mercado
de vinhos. O vinho é um produto agroindustrial. Existem muitas fábricas de
vinhos no Brasil que vendem seus produtos a um preço acessível, porém o
público visado pelos importadores pagará 15 vezes mais numa garrafa de
vinho importado da França, pelo fato de o vinho francês ser de melhor qua-
lidade que o brasileiro.

18.6 Consumidor
Todo e qualquer empreendimento agropecuário tem por fim atin-
gir o consumidor. Ele é o ultima elo nos atos de comercialização e o
principal agente econômico do agronegócio, afinal todos os custos são
pagos em última análise pelo consumidor. A cada dia o setor agropecuá-
rio procura produzir mais produtos e com mais qualidade para ganhar o
consumidor final.
Como a preferência do consumidor final está sempre se aprimoran-
do isso exige que o setor agropecuário acompanhe de perto as tendências de
consumo, para que seus produtos não percam em competitividade.

Introdução ao Agronegócio 131 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Figura 78: O consumidor.
Fonte: Disponível em: http://giorgiofasulo.files.wordpress.com/2009/11/el-consumidor-
evolucionado-evolucion-del-consumidor-ante-la-crisis-popmofo.jpg acessado em 28 de junho de 2010.

Resumo
Nesta aula você aprendeu:
1- O papel dos supermercados como formadores de preços.
2- Sobre o papel dos feirantes nos atos de comercialização.
3- Quem são e o que fazem os exportadores e as consequências da sua
atividade no mercado interno.
4- Sobre os importadores e seu público alvo no agronegócio.
5- Que o consumidor é o elo mais importante dentro do comercio.

Referências
ARAÚJO, Massilon J. Fundamentos de Agronegócios. 2 ed. São Paulo, Atlas,
2009.

Atividades de aprendizagem

1) Quanto a exportação de produtos agropecuários podemos afirmar. Exceto:

a) Os produtos agropecuários tem baixo valor agregado, logo não são impor-
tantes para as exportações brasileiras.

b) O volume de produtos agropecuários exportados é muito baixo no Brasil.

c) O agronegócio é um dos setores que mais exportam no Brasil.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 132


d) A atividade agropecuária está em declínio em todo o mundo.

2) Não seria correto afirmar sobre as feiras livres e os feirantes.

a) As feiras livres são compostas por pequenos comerciantes ou até mesmo


pequenos produtores rurais.

b) A maioria dos produtos que são vendidos são frutas, verduras e hortaliças
produzidas na região e muito perecíveis.

c) Normalmente, os produtos comercializados nessas feiras não têm nenhum


tipo de beneficiamento ou embalagem mais sofisticada.

d) É comum a presença de grandes atacadistas nesses locais.

Introdução ao Agronegócio 133 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


AULA 1

Aula 19 – Características
Alfabetização Digital do setor
agroindustrial “depois da porteira” 4

19.1 As agroindústrias
A agroindústria é a unidade empresarial, na qual vai ocorrer todo
o processo de processamento, beneficiamento e transformação dos pro-
dutos agrícolas e pecuários in natura para que se tornem produtos indus-
trializados. As agroindústrias se dividem em dois grupos: os que tratam
com produtos voltados para a alimentação e os que tratam com produtos
não alimentares.
A respeito das agroindústrias voltadas para a produção de alimen-
tos, elas são cercadas de cuidados muito específicos. Afinal elas produzirão
alimentos que serão ingeridos pelas pessoas, alimentos que podem causar
danos para a saúde dos consumidores. As questões referentes à higiene e
controle sanitário dos produtos que serão produzidos é a maior preocupação
desses agroindustriais. Um exemplo de agroindústria voltada para a produ-
ção de alimentos é a indústria de laticínios.
Quanto às agroindústrias que não são voltadas para a produção de
alimentos, sua estrutura e organização interna não diferem muito das de
uma indústria comum. A grande especificidade aqui diz respeito a aquisição
de matéria prima. Temos como exemplo de agroindústrias não alimentares
as que trabalham com a produção de derivados de couro.
Trataremos agora sobre os conceitos de beneficiamento, proces-
samento e transformação. A ideia de beneficiamento está ligada, basi-
camente, a aparência do produto. O beneficiamento não traz nenhuma
alteração ou transformação química ao produto, é apenas um tratamento
que o produto recebe sem alterar as suas características de produto in
natura.
O beneficiamento na maioria dos casos tem por objetivo melho-
rar a apresentação do produto, aumentar o tempo de validade, exter-
minar possíveis pragas remanescentes ou apenas agradar o consumidor.
Entre as operações de beneficiamento podemos citar a lavagem e emba-
lagem dos produtos, muito comum em frutas e hortaliças. Podemos citar
como exemplo de beneficiamento: a lavagem e seleção das folhas de
alface que serão posteriormente ensacadas ou a lavagem e polimento da
batata inglesa.

Introdução ao Agronegócio 135 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Figuras 79 e 80: Exemplos de alface que passou pelo processo de beneficiamento.
Fonte: Disponível em: http://www.malunga.com.br/arquivos/imagem1_52.jpg e http://www.
chacarastrapasson.com.br/images/produto/8248143nsby300_alfacecrespahidro.jpg acessadas em
29 de junho de 2010.

Não há duvida que o beneficiamento agrega valor ao produto. O


consumidor está disposto a pagar mais por um produto mais apresentável.
As técnicas de beneficiamento podem parecer muito simples num primeiro
momento, mas elas são e grande importância para a elevação do preço do
produto e por conseqüência para o aumento dos lucros do agroindustrial.
Quanto ao processamento, nós o entendemos como cuidados espe-
ciais que são dados aos produtos agropecuários. Esses cuidados tornam os
produtos mais fáceis para o consumo e garantem melhor qualidade para es-
ses produtos. É mais fácil ver o processamento através de exemplos práticos,
passemos agora para eles: a batata que foi pré-cozida, descascada e fatiada
passou por um tipo de processamento.
A água de coco já engarrafada é um tipo de processamento, assim
como os cortes especiais de carnes, os pacotes de dentes de alho já descas-
cados e uma variedade incontável de produtos que passaram por um proces-
so que facilitará seu consumo são os produtos agropecuários processados.

Figura 81: Pacote de batatas já sem casca e fatiadas, exemplo de produto


processado.
Fonte: Disponível em: http://www.lutosa.com/files/produits/catalogue/consommateurs/large/
ovenpomsteak1kgit-lr.png acessado em 29 de junho de 2010.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 136


A transformação é a operação que cria um produto diferente a par-
tir de produtos agropecuários in natura. A transformação pode ter por base
a utilização de produtos beneficiados, processados ou até mesmo outros pro-
dutos que foram transformados anteriormente.
Assim como no processamento é mais visualizar a transformação
através de exemplos. Como a produção de geléia através de morangos, a
confecção de chapéus através do couro, a obtenção de cachaça pelo proces-
so de destilação da cana-de-açúcar entre muitos outros.

Figura 82: Potes de geléia, obtidos através da transformação dos morangos.


Fonte: Disponível em: http://1.bp.blogspot.com/_HDOjqzOaLkI/SNcTD7x47NI/AAAAAAAAA5I/
nlIXcAS9rK0/s400/%7BC550B9BDB74944E5B676125B6B4C40B0%7D_geleia%2520suli.jpg acessado em
Caro aluno lembre-se
29 de junho de 2010. que anteriormente
estudamos sobre o
papel da Embrapa e
19.2 Fatores relacionados à montagem de uma das universidades na
produção de tecnologia
agroindústria para os produtores
e também para as
agroindústrias.
A montagem de ou criação de uma agroindústria tem característi-
cas próprias, mas nos podemos tratar de alguns conceitos mais gerias que em
maior ou menor escala são usados pela maioria dos agroindustriais.
Quanto as agroindústrias de produtos não alimentares, seus proce-
dimentos são muito parecidos com os das indústrias em geral. São as agroin-
dústrias de produção de alimentos que apresentam características mais es-
peciais de planejamento e implantação.

19.2.1 Definição da tecnologia utilizada

Cada empreendimento agroindustrial precisa de uma tecnologia di-


ferente para funcionar. Mesmo agroindústrias que produzem a mesma coisa,

Introdução ao Agronegócio 137 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


podem utilizar tecnologias diferentes. Podemos conceituar tecnologia aqui
como todo o conjunto de práticas necessárias para realizar de maneira efi-
ciente o processo de produção de determinada agroindústria.
A tecnologia pode ser comprada de outras indústrias ou desenvolvi-
da pela própria empresa que vai utilizá-la. Também podem ser desenvolvidas
por instituições públicas como as universidades ou a Embrapa.
A definição de qual tecnologia utilizar depende do tipo de produto que
se quer produzir e com quais características se quer produzir. Essas informações
são obtidas de maneira geral no próprio mercado. Afinal nenhum empresário
fundará uma agroindústria para produzir algo que o consumidor não deseja mais.
Assim que é determinado o que se quer produzir e com quais ca-
racterísticas produzir, passa-se para a análise das tecnologias ofertadas no
mercado, caso pretenda-se obter a tecnologia por meio de compra. A esco-
lha será feita baseada na necessidade e na capacidade financeira de empre-
endedor. O ideal é buscar a melhor tecnologia possível dentro do quanto se
pretende gastar para obtê-la.

19.2.2 Definição de quais máquinas e acessórios adquirir

Para uma produção de qualidade é preciso realizar a aquisição de má-


quinas que realizarão serviços que se feitos à mão teriam uma qualidade muito
baixa. É preciso que a máquina adquirida tenha uma boa produtividade, quali-
dade, praticidade e funcionalidade. É preciso dizer que muito dificilmente uma
máquina vem completa e pronta para uso, normalmente são precisos acessórios
para que ela funcione de modo perfeito, como lubrificantes, por exemplo.
Quando vai se fazer a aquisição dessas máquinas é preciso tomar
alguns cuidados como: fazer um levantamento de preços em diversos fabri-
cantes, pesquisar sobre a idoneidade daquele fabricante, verificar a disponi-
bilidade de assistência técnica na região onde aquela máquina será usada e
evitar a dependência de um só fornecedor.

19.2.3 Construções civis e instalações

Construções civis e instalações são os prédios onde a agroindústria


desenvolverá suas atividades. É preciso que o prédio seja adequado, tenha
espaço suficiente para as máquinas e funcionários, seja um ambiente organi-
zado e limpo, na maioria dos casos o prédio ideal é o que comporta de forma
confortável todos os insumos e trabalhadores da agroindústria.
Existem algumas normas especiais que são referentes às agroindústrias
de produção de alimentos, essas normas se resumem ao aspecto sanitário que as
instalações precisam ter. A adequação a essas normas de vigilância sanitária não é
uma faculdade do agroindustrial, é uma exigência para que sua indústria funcione.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 138


19.2.4 Localização

Um aspecto importante é a localização da agroindústria. Para escolher


o melhor local o agroindustrial precisa pesar dois fatores importantes, localiza-
ção das fontes de matérias primas e localização dos centros consumidores.
A melhor vai depender do custo do transporte das matérias primas
e dos custos com transporte para os produtos da agroindústria. Se os custos
com o transporte das matérias forem muito elevados, a ponto de trazer um
grande ônus ao agroindustrial e o transporte dos produtos por ele feitos for
mais fácil e barato, a melhor localização para essa agroindústria é próxima
aos centros produtores de matéria prima.
Na hipótese inversa onde o custo para transporte da matéria prima
é muito baixo e os custos de transporte dos bens produzidos é muito eleva-
do, é preciso que a agroindústria esteja próxima aos centros consumidores.

19.2.5 Estabelecimento de normas internas

Normas internas são referentes aos procedimentos diários adotados


na rotina das agroindústrias como: o controle da produção e da qualidade
dos produtos, a utilização de equipamentos de segurança, como luvas, trei-
namento constante de pessoal entre outras.
Existem algumas normas específicas vinculadas a produção de ali-
mentos, devido a natureza da atividade, como por exemplo, higienização de
todos os ambientes, insumos e dos próprios trabalhadores, afixação do prazo
de validade determinado em todos os produtos, controle de qualidade dos
bens produzidos, análise constante das matérias primas utilizadas e dos bens
produzidos para prevenir contaminações, por exemplo.

Resumo
Nesta aula você aprendeu:
1- O que são de fato as agroindústrias e o que elas fazem com os pro-
dutos agropecuários.
2- Que existem fatores que precisam ser estudados antes de se mon-
tar uma agroindústria. Como: tecnologia utilizada, definição de
equipamentos e localização.

Referências
NEVES, Marcos Fava; ZYLBERSZTAJN, Decio e NEVES, Evaristo Marzabal.
Agronegócio do Brasil. 1 ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

ARAÚJO, Massilon J. Fundamentos de Agronegócios. 2 ed. São Paulo, Atlas, 2009.

Introdução ao Agronegócio 139 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Atividades de aprendizagem

1) A respeito das agroindústrias podemos afirmar:

a) A agroindústria é a unidade empresarial, na qual vai ocorrer todo o processo


de processamento, beneficiamento e transformação dos produtos agrícolas e
pecuários.

b) As agroindústrias que não produzem alimentos possuem uma organização


completamente diferente de uma indústria normal.

c) As agroindústrias produtoras de alimentos não necessitam de cuidados espe-


ciais no tocante à produção e distribuição.

d) O processamento tem por objetivo melhorar a apresentação do produto.

2) No que diz respeito a localização das agroindústrias podemos afirmar:

a) A agroindústria deve estar sempre perto do mercado consumidor.

b) A agroindústria deve estar sempre perto do centro produtor de matéria-prima.

c) A agroindústria deve estra localizada perto do mercado consumidor quando o


custo com o transporte da matéria-prima for menor do que o custo do transpor-
te dos produtos agropecuários.

d) É irrelevante o local no qual a agroindústria vai se localizar. Basta que ela


tenha alta tecnologia para produzir.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 140


AULA 1

Aula 20 – Características
Alfabetização Digital do setor
agroindustrial “depois da porteira” 5

Continuamos o estudo sobre as agroindústrias e alguns outros temas


do agronegócio.

20.1 Garantia da quantidade e qualidade da ma-


téria prima
Para funcionar, a agroindústria precisa basicamente de insumos,
mão-de-obra e matéria prima. Quando se tem os outros dois fatores resta a
matéria prima como item de primeira necessidade do agroindustrial.
É preciso que haja matéria prima em quantidade e qualidade sufi-
cientes. E esses dois fatores precisam estar juntos, não é interessante para o
agroindustrial ter uma enorme quantidade de matéria prima de baixa qualidade,
ele pode até produzir com esse material, mas o próprio mercado irá rejeitá-lo.
Também não é interessante a situação inversa, a agroindústria pre-
cisa cumprir seus prazos de entrega no prazo e na quantidade determinada.
Quando o agroindustrial não conseguir cumprir seus contratos de forneci-
mento, sua empresa ficará com a imagem manchada no mercado.
Logo, é preciso que o agroindustrial procure formas de assegurar a
aquisição matérias primas em quantidade, qualidade e no prazo devido para
que toda a produção seja feita e os contratos de fornecimento sejam cum-
pridos em sua integralidade.

20.2 Abastecimento de insumos secundários


Os insumos secundários são os materiais que dão suporte a produ-
ção agroindustrial. Como por exemplo, os combustíveis e lubrificantes das
máquinas e os aditivos usados nas agroindústrias de produção de alimentos
como os conservantes e corantes, por exemplo.
Todos esses insumos são precisos para que se desenvolva uma pro-
dução de qualidade. Mesmo que eles não apareçam de forma mais clara,
porém estão na base das atividades de produção da agroindústria.

20.3 Comercialização
A comercialização de produtos alimentícios necessita de cuidados
especiais. O próprio manuseio dos produtos precisa ser com cuidado. Pre-
cisamos lembrar que esses produtos têm prazos de validade muito bem de-
finidos e o cumprimento desses prazos depende de atividades secundárias.

Introdução ao Agronegócio 141 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Como por exemplo: a não violação da embalagem, o armazenamento em
temperatura ideal ou nível de umidade relativa do ar.
Todos esses fatores entre muitos outros podem alterar a qualidade
e validade dos produtos agropecuários. É necessário muito cuidado com es-
ses produtos antes que eles cheguem às mãos dos consumidores finais.

20.4 Registro da agroindústria


O registro é uma exigência legal para que a agroindústria tenha
autorização de direito para funcionar. São tramites muito técnicos, por esse
motivo iremos apenas enumerá-los aqui. É preciso fazer o registro da agroin-
dústria no Ministério da fazenda, no Ministério do Desenvolvimento, Indústria
e Comércio, na Junta comercial, na Secretaria da Fazenda e Prefeitura.
Quanto a marca que a agroindústria carregará, ela precisa ser registra-
da no Instituto Nacional de Propriedade Industrial. Também são precisas licen-
ças de funcionamento dos órgãos que cuidam da proteção do meio ambiente.
Caso se trate de uma indústria agropecuária da área alimentícia,
ainda é necessário o registro no Ministério da Agricultura, da Pecuária e do
Abastecimento ou no Ministério da Saúde.
Quanto ao processo de registro do produto, quando este for da área
alimentar é preciso o preenchimento dos formulários necessários e anexar a
este formulário toda a descrição do processo produtivo, desde a tecnologia
utilizada, passando pelos equipamentos utilizados, pela composição do pro-
duto e de suas formas de conservação.
O registro do rótulo é realizado no mesmo local do registro do pro-
duto, é necessário reproduzir fielmente o rótulo que será utilizado na emba-
lagem. No rótulo é preciso conter algumas informações obrigatórias como:
identificação do produto, por exemplo, Doce de Leite, a marca, a informação
de a indústria é brasileira, valor nutricional, data de fabricação, lote do pro-
duto, prazo de validade entre outros.
Também é preciso realizar o registro no Ministério da Fazenda, pois
todos os produtos sobre os quais incide o Imposto sobre Produtos Industriali-
zados, precisam obrigatoriamente desse registro.

20.5 Logística no agronegócio


Falaremos agora do conceito de logística aplicada ao agronegó-
cio. Segundo Massilon Araújo,

Logística é um modo de gestão que cuida especialmente da


movimentação dos produtos, nos diversos segmentos dentro
de toda a cadeia produtiva de qualquer produto, inclusive
nas diferentes cadeias produtivas do agronegócio. Como
todo o conjunto de atividades relacionadas a suprimentos,
às operações de apoio aos processos produtivos e as ativi-
dades voltadas para a distribuição física dos produtos na co-

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 142


mercialização, como armazenagem, transporte e formas de
distribuição dos produtos. (ARAÚJO, 2009, p.101)

Em síntese, logística tem por objetivo a maior eficiência no trans-


porte e armazenagem dos insumos e dos produtos. Pelo seu objetivo a logís-
tica ganha cada vez mais importância para a formação do preço dos produtos
brasileiros. Isso se deve ao fato dos custos de produção serem relativamente
baixos, porém os custos para transportar a produção são extremante altos.
Para tornar a compreensão do tema mais fácil vamos dividir o estu-
do da logística em três etapas: a logística de suprimentos, a de operação de
apoio à produção agropecuária e a de distribuição.
Quanto a logística de suprimentos, ela tem como objetivo promover
que os insumos e os serviços cheguem até as agroindústrias no tempo correto
e também procura reduzir os custos da produção e comercialização.
Os insumos, como já tratamos anteriormente, têm uma elevada
participação na formação dos custos de produção do agronegócio. Não são
raras as vezes em que transportar o insumo da empresa que o fabrica até a
propriedade onde ele será utilizado fica mais caro do que a aquisição do pro-
duto. Nesse sentido a logística de suprimentos serve par determinar quando
e como será adquirido tal insumo e a forma que se usará para ele chegar a
propriedade da maneira mais barata possível.
A logística de operação e apoio à produção cuidará para que a
produção se dê da forma mais eficiente possível. Tratará, por exemplo, de
operacionalizar da forma mais eficiente possível a transferência de materiais
necessários a produção dentro da propriedade, cuidando para que não sejam Ônus: gastos, prejuízo
formados estoques desnecessários, os quais vão gerar ônus para o empreen-
dedor, que terá que abrigá-los. E cuidará também para que não falte mate-
rial, inviabilizando assim a produção. Logo a logística de operação buscará
um meio termo entre a quantidade de material estritamente necessária a
produção e ter uma margem de reserva caso se faça necessário um gasto
maior e inesperado com o material de consumo.
Depois de realizada a produção, a logística de operação cuidará
do transporte dos produtos dentro da propriedade. Realizará de maneira
correta o manuseio primário, o transporte e a entrega dos produtos aos seus
compradores.
A logística de distribuição está relacionada aos processos de arma-
zenagem e transporte dos produtos agropecuários. Esses dois setores são
muito importantes no agronegócio, principalmente por algumas caracterís-
ticas dos produtos como a sua perecibilidade rápida e sazonalidade da pro-
dução. A armazenagem do produto é importante, pois dependendo do modo
como é feita o produto irá durar mais ou menos. Temos que destacar que
cada produto precisa ser considerado individualmente para se chegar ao mé-
todo de armazenamento adequando. Por exemplo: alguns produtos precisam
ser congelados como as carnes em geral, as frutas precisam de ambientes
em baixa temperatura e elevada umidade relativa do ar. Resumindo cada
produto possui uma forma de armazenamento diferente.

Introdução ao Agronegócio 143 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


Sobre o transporte, existem vários tipos a disposição do agropecu-
arista, cabe a ele escolher aquele que combinará custo mais baixo com ne-
cessidade. Aqui também é preciso que a análise seja de produto a produto,
observando as especificidades e necessidades de cada um. Um produto com
pequeno prazo de validade não pode ser transportado por um meio mais
lento, porque é mais barato. É preciso um transporte rápido mesmo que seja
mais caro. Por exemplo: grãos em geral não demandam tantos cuidados e
tem durabilidade maior, logo podem ser transportados por meios mais lentos
como navios, já frutas tem um prazo de validade muito pequeno que pre-
cisam de condições especiais de transporte, na maioria das vezes veículos
(terrestres ou aéreos) com câmaras de refrigeração.

20.6 A atuação do governo nas práticas comer-


ciais do agronegócio
O governo tem políticas econômicas que interferem tanto na pro-
dução quanto na comercialização dos produtos agropecuários. Essas políticas
resumem-se basicamente em tributos, subsídios e barreiras. Trataremos so-
bre cada um desses itens de forma separada.
Quanto aos tributos, eles são contribuições devidas pelo produtor ao
Estado para ajudar na manutenção da máquina estatal. A tributação dos pro-
dutos agropecuários está ligada, normalmente, ao modo como são produzidos,
ao seu valor e as operações de transporte e venda dos produtos. É importante
ressaltar que todo imposto interfere diretamente no preço do produto.
Os subsídios são formas de incentivo a produção. Normalmente, o
Estado oferece uma ajuda de custo ao produtor ou diminui a carga tributá-
ria que incide sobre aquele produto. Assim o custo de produção do produto
diminui e o lucro do produtor aumenta. No Brasil a prática de subsídios pra-
ticamente não existe. Ela é mais comum nos países da União Européia e nos
Estados Unidos.
As barreiras são planos comerciais que tem por objetivo incentivar
ou desestimular a pratica de determinados atos, no caso presente trata-se
de desestimular a entrada de produtos importados no país, objetivando pro-
teger os produtores nacionais. As barreiras podem ser econômicas, técnicas
ou sanitárias.
Barreiras econômicas dividem-se em direitos compensatórios, sal-
vaguardas e cotas. Direitos compensatórios são tarifas cobradas sobre o va-
lor de importação de um determinado produto proveniente de determinado
país. As salvaguardas também são tarifas cobradas sobre o valor de importa-
ção de determinados produtos, porém não relação de origem. Já as cotas di-
zem respeito a quantidade máxima de importação de determinado produto,
oriundo de determinado país ou independente de sua origem.
As barreiras técnicas dizem respeito a exigências sobre as especifi-
cações do produto e dizem respeito normalmente a sua qualidade e tem por
objetivo regular ou restringir o número de importações.

e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes 144


As barreiras sanitárias são formas de dificultar ou proibir que deter-
minados produtos cheguem ao mercado nacional devido aos riscos de doen-
ças e pragas que eles contêm ou podem vir a conter.

Resumo
Nesta aula você aprendeu:
1- Sobre a necessidade que a agroindústria tem matérias primas em
grande quantidade qualidade.
2- Que existem insumos secundários a produção da agroindústria, mas
eles são de extrema importância.
3- Como se dá a comercialização dos produtos.
4- Que é preciso que a agroindústria se registre nos órgãos compe-
tentes.
5- O que é logística aplicada ao agronegócio e suas atribuições.
6- Que o governo também atua no agronegócio.

Referências
ARAÚJO, Massilon J. Fundamentos de agronegócios. 2 ed. São Paulo: Atlas,
2009.

Atividades de aprendizagem
1- A respeito do agronegócio é correto afirmar:
a) É o conjunto de todas as operações e transações envolvendo os produtos
agropecuários.
b) É a atividade que diz respeito apenas as questões comerciais dos produtos
agrícolas.
c) É a atividade que diz respeito apenas as questões comercias dos produtos
pecuários.
d) É o conjunto de atividades ligadas apenas a produção agropecuária.

2- No início da atividade agropecuária:


a) As propriedades eram muito dependentes umas das outras.
b) As propriedades rurais se dedicavam a produção de apenas um item.
c) As propriedades rurais eram marcadas pela auto-suficiência.
d) Desde o início a atividade agropecuária tinha por fim, exclusivamente,
abastecer o mercado urbano.

3- Com o êxodo rural ocorreram sérias mudanças na organização das pro-


priedades rurais dentre elas podemos citar, exceto:
a) Geração de excedentes que abastecem os mercados urbanos.
b) Aumento da auto-suficiência das propriedades rurais.

Introdução ao Agronegócio 145 e-Tec Brasil/CEMF/Unimontes


c) Especialização na produção de determinada cultura.
d) Dependência de serviços e insumos que não são produzidos pela própria
fazenda.

4- São características da produção agropecuária, exceto:


a) Sazonalidade da produção e perecibilidade rápida.
b) Baixa influência de fatores biológicos e visão sistêmica do agronegócio.
c) Períodos de alta produção e períodos de baixa produção.
d) Grande influência de fatores biológicos e perecibilidade rápida.

5- É uma conseqüência da sazonalidade da produção:


a) Preços mais baixos na entressafra.
b) Estabilidade dos preços durante todo o ano.
c) Não há necessidade de armazéns para estocar os produtos.
d) Preços mais baixos na safra.

6- Podemos resumir a influências dos fatores biológicos como:


a) As pragas e doenças que podem atacar as lavouras e rebanhos.
b) Os períodos e chuva e de seca.
c) O nível do solo.
d) O tipo de cultura produzida.

7- O segmento “depois da porteira” se constitui de:


a) Dos atos de processamento e distribuição dos produtos ou serviços produ-
zidos na agropecuária.
b) O Governo não é um agente envolvido no segmento “depois da porteira”.
c) Os processos de comercialização não se enquadram nas atividades do se-
tor “depois da porteira”.
d) Os produtos envolvidos na setor “depois da porteira” são apenas os “in
natura”.

8- Podemos afirmar sobre os canais de comercialização, exceto:


a) O canal de comercialização é o caminho que o produto percorre antes de
chegar ao consumidor final.
b) Intermediários são pessoas que adquirem os produtos agropecuários de
seus produtores com o objetivo de revendê-los a outras pessoas.
c) As agroindústrias são responsáveis somente pela transformação e benefi-
ciamento dos produtos.
d) Representantes são pessoas ou empresas que, como o nome deixa claro,
representam determinadas empresas.

9- Sobre o modo de formação de preços dos produtos é correto afirmar:


a) Intermediação é toda mudança de posse, de propriedade do produto.
b) A intermediação o preço do produto permanece constante, ocorrerá au-
mento apenas quando o produto for vendido para o consumidor final.
c) Os produtores agropecuários são os principais responsáveis pela formação

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dos preços dos produtos agropecuários.
D) Os concentradores são grandes intermediários que vendem seus produtos
apenas para os consumidores finais.

10- A respeito das agroindústrias podemos afirmar:


a) A agroindústria é a unidade empresarial, na qual vai ocorrer todo o pro-
cesso de processamento, beneficiamento e transformação dos produtos agrí-
colas e pecuários.
b) As agroindústrias que não produzem alimentos possuem uma organização
completamente diferente de uma indústria normal.
c) As agroindústrias produtoras de alimentos não necessitam de cuidados
especiais no tocante à produção e distribuição.
d) O processamento tem por objetivo melhorar a apresentação do produto.

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Referências
CALLADO, Antônio André Cunha. Agronegócio. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2008.

NEVES, Marcos Fava; ZYLBERSZTAJN, Decio e NEVES, Evaristo Marzabal.


Agronegócio do Brasil. 1 ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

ARAÚJO, Massilon J. Fundamentos de agronegócios. 2 ed. São Paulo: Atlas,


2009.

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Currículo do professor conteudista

Caius Marcellus Reis Silveira

Possui graduação em Administração pela Universidade de Negócios de Ad-


ministração (1979), graduação em Economia pela Universidade Estadual de
Montes Claros (1986) e mestrado em Administração pela Universidade Fede-
ral de Lavras (1997). Atualmente é professor titular da Universidade Estadual
de Montes Claro e celetista da Faculdade de Computação de Montes Claros.
Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Administração
Rural, Metodologia Científica, Estágio Curricular Supervisionado e Organiza-
ção de Empresa.

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Escola Técnica Aberta do Brasil
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