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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E

TECNOLOGIA DE SÃO PAULO

NATHÁLIA NORONHA PEREIRA

A INFLUÊNCIA DO ESPAÇO ESCOLAR NO APRENDIZADO CONSIDERANDO O


MODELO PEDAGÓGICO INTERACIONISTA: ESTUDO DE CASO REALIZADO NA
EMEF. PROFESSOR PEDRO SOMMERHAUZER

VOTUPORANGA
2021
2

Nathália Noronha Pereira

A INFLUÊNCIA DO ESPAÇO ESCOLAR NO APRENDIZADO CONSIDERANDO O


MODELO PEDAGÓGICO INTERACIONISTA: ESTUDO DE CASO REALIZADO NA
EMEF. PROFESSOR PEDRO SOMMERHAUZER

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como exigência parcial para
obtenção do diploma do Curso
Bacharelado em Engenharia Civil do
Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia, Campus Votuporanga.

Professor Orientador: Me Ricardo


Henrique Alves Correa.
Coorientador: Dr Ivair Fernandes de
Amorim

Votuporanga
2021
3

Nathália Noronha Pereira

A INFLUÊNCIA DO ESPAÇO ESCOLAR NO APRENDIZADO CONSIDERANDO O


MODELO PEDAGÓGICO INTERACIONISTA: ESTUDO DE CASO REALIZADO NA
EMEF. PROFESSOR PEDRO SOMMERHAUZER

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como exigência parcial para
obtenção do diploma do Curso de
Bacharelado em Engenharia Civil do
Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de São Paulo, Campus de
Votuporanga.

Professor Orientador: Me Ricardo


Henrique Alves Correa.
Coorientador: Dr Ivair Fernandes de
Amorim

Aprovado pela banca examinadora em.......

BANCA EXAMINADORA:

___________________________________________________________
Prof. Dr

___________________________________________________________
Prof. Me

___________________________________________________________
Prof. Esp.
4

DEDICATÓRIA

Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso a todos que direta ou


indiretamente contribuíram para que ele se tornasse realidade. Em especial aos
meus pais e ao meu irmão que sempre estiveram comigo, me apoiando ao longo da
jornada. Eles foram, são e sempre serão o meu alicerce.
Ao meu orientador, Prof. Ricardo Correa, que me auxiliou e me preparou
com maestria para que eu pudesse escrever esse trabalho.
Ao meu noivo, que esteve comigo em todos os momentos e sempre me
incentivou a fazer o melhor em tudo que eu me propus.
Ao meu tio Sebastião Donizeti Pereira, in memoriam, que me deu tanto
suporte nesses anos de graduação. Toda a sua ajuda, todo apoio, as orações e
todos os seus conselhos foram de grande valor para que eu concluísse com
excelência, eu jamais me esquecerei ou deixarei de ser grata por tudo que fizeste
por mim.
A minha avó, Maria do Socorro Freitas, que também foi morar no céu
durante o processo de construção deste trabalho, e me faz falta todos os dias. Sei
que ela estaria muito orgulhosa de sua neta que cumpriu sua promessa de ser
dedicada em tudo que faria. Onde estiverem, um pedacinho do meu coração sempre
estará com vocês.
5

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por estar sempre à frente guiando meus


passos e por ter me dado sabedoria e controle emocional para chegar até aqui.
Tudo é Dele, por Ele e para Ele. A glória é toda Dele, hoje e sempre.
Agradeço aos meus pais por serem os pilares da minha formação humana e
acadêmica. Pai, você foi, é e sempre será o meu maior alicerce. Mãe, os seus
conselhos e as suas orações me fortaleciam dia após dia. Obrigada por acreditarem
em mim! Amo vocês com todo coração.
Agradeço a todos os professores e colaboradores do IFSP Campus
Votuporanga, em especial ao meu professor Orientador Ricardo Correa por sua
disponibilidade, atenção e, sobretudo dedicação e excelência nos momentos de
ensinamento e orientação e ao meu Coorientador Dr Ivair pela paciência,
competência e suavidade com o qual me recebeu em todos nossos encontros.
Agradeço também a toda a minha família, que me deu o apoio necessário
para que eu chegasse até aqui e ao meu noivo que esteve comigo me incentivando
nos melhores e nos piores momentos.
6

"Ninguém educa ninguém, ninguém


educa a si mesmo, os homens se
educam entre si, mediatizados pelo
mundo."
Paulo Freire.
7

RESUMO

Para que os alunos possam ter um bom aprendizado e melhorem seu rendimento
escolar, diversos fatores são relevantes. Dentre eles, está a influência do ambiente
escolar. A arquitetura de uma Instituição de Ensino pode influenciar positivamente
ou negativamente no aprendizado dos alunos, pois o conforto de um ambiente
escolar projetado adequadamente permite aos alunos condições necessárias para
um bom rendimento escolar. Questões como poluição visual, limpeza e organização
constante, iluminação e ventilação adequadas são fatores que influenciam
diretamente tornando o ambiente agradável e favorável ao aprendizado. O que se
pretende através desse trabalho, é entender como o espaço escolar pode influenciar
a aprendizagem, levando-se em consideração um modelo pedagógico interacionista.
Como metodologia, este estudo analisa a arquitetura de uma escola municipal da
cidade de Quintana-SP observando os aspectos arquitetônicos e pedagógicos e
suas correlações. Espera-se como resultados apontar aspectos do ambiente escolar
que condicionados ao modelo pedagógico possam ser aperfeiçoados melhorando
assim o processo de ensino e aprendizagem.

Palavras-chave: Arquitetura escolar. Aprendizagem. Educação. Interacionismo.


Pedagogia.
8

ABSTRACT

For students to learn well and improve their academic performance, several factors
are relevant. Among them is the influence of the school environment. The
architecture of an educational institution can positively or negatively influence student
learning, as the comfort of a properly designed school environment allows students
the necessary conditions for good academic performance. Issues such as good
location in the sense of a good place to live, not just a real estate vision, constant
cleaning, adequate lighting and ventilation are factors that directly influence making
the environment pleasant and favorable to learning. The aim of this work is to
understand how the school space can influence learning, taking into account an
interactionist pedagogical model. As a methodology, this study analyzes the
architecture of a municipal school in the city of Quintana-SP, observing the
architectural and pedagogical aspects and their correlations. It is expected as results
to point out aspects of the school environment that conditioned to the pedagogical
model can be improved, thus improving the teaching and learning process.

Keywords: School architecture. Learning. Education. Interactionism.


Pedagogy.
9

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Fachada da escola EMEF Prof° Pedro Sommerhauzer .........................................28


Figura 2: Quintana no Mapa do Brasil....................................................................................29
Figura 3: Quintana - Vista superior.........................................................................................30
Figura 4: Quintana no mapa do estado de São Paulo............................................................30
Figura 5: Escola EMEF Prof° Pedro Sommerhauzer na cidade de Quintana........................31
Figura 6: Planta baixa da Escola: Planta do Pavimento Térreo e Superior e Quadra
Poliesportiva...........................................................................................................................32
Figura 7: Fluxograma dos setores da escola..........................................................................33
Figura 8: Entrada Lateral para os alunos...............................................................................34
Figura 9: Entrada pela secretaria ......................................................................................... 35
Figura 10: Pátio descoberto ................................................................................................. 35
Figura 11: Pátio de entrada dos alunos – imagem panorâmica onde se pode ver a escada
principal e a escada com a rampa à esquerda.......................................................................36
Figura 12: Escada e rampa à esquerda ............................................................................... 36
Figura 13: Palco para apresentações com banheiros nas laterais no pátio coberto ............. 37
Figura 14: Sanitários ao lado do palco ................................................................................ 38
Figura 15: Escada de acesso ao palco ................................................................................ 38
Figura 16: Rampa e escada de acesso ao pátio coberto......................................................39
Figura 17: Pátio coberto: Refeitório com palco ao fundo ...................................................... 39
Figura 18: Porta da cozinha localizada no final do refeitório ................................................ 40
Figura 19: Área interna da cozinha ..................................................................................... 40
Figura 20: Pátio descoberto visto por trás..............................................................................41
Figura 21:Pátio descoberto visto pela frente ........................................................................ 42
Figura 22: Arquibancadas da quadra coberta – vista lateral................................................. 42
Figura 23: Quadra coberta – vista frontal ............................................................................. 43
Figura 24: Gramado próximo à quadra coberta - vista panorâmica.....................................44
Figura 26: Campo de futebol e arquibancadas - vista panorâmica ....................................... 44
Figura 27: Bloco externo de salas ........................................................................................ 45
Figura 28: Salas em desuso do bloco externo ..................................................................... 46
Figura 29: Disposição espacial entre a quadra descoberta, o pátio coberto e o bloco de salas
externo ................................................................................................................................ 47
Figura 30: Vista traseira do bloco principal de salas da escola ............................................ 47
Figura 31: Corredor do térreo .............................................................................................. 48
Figura 32: Laboratório de Informática .................................................................................. 49
Figura 33: Sala da Coordenação ......................................................................................... 49
Figura 34: Sala da Coordenação ......................................................................................... 50
Figura 35: Sala da Direção .................................................................................................. 50
Figura 36: Banheiro de uso administrativo ........................................................................... 51
Figura 37: Sala de Aula - Ambiente externo e interno .......................................................... 51
Figura 38: Sala de aula 1 ..................................................................................................... 52
Figura 39: Sala de aula 2 .................................................................................... .................52
Figura 40: Sala de aula 2 ..................................................................................................... 53
Figura 41: Sala dos Professores .......................................................................................... 53
Figura 42: Depósito ............................................................................................................. 54
Figura 43: Primeiro vão da escada ...................................................................................... 55
Figura 44: Segundo vão da escada........................................................................................55
Figura 45: Terceiro vão da escada.........................................................................................56
Figura 46: Quarto vão da escada ......................................................................................... 56
Figura 47: Guarda-corpo...................................................................................................... 57
10

Figura 48: Janela grande da escada .................................................................................... 57


Figura 49: Sala de aula do andar superior ........................................................................... 58
Figura 50: Sala de aula do andar superior – Janelas ........................................................... 59
Figura 51: Sala de aula do andar superior – Quadro lateral ................................................. 59
Figura 52: Sala de atendimento educacional especializado ................................................. 60
Figura 53: Sala de atendimento educacional especializado ................................................ 60
Figura 54: Sala de Vídeo ..................................................................................................... 61
Figura 55: EMEF Prof Pedro Sommerhauzer: Vista superior ............................................... 64
Figura 56: Rua da frente da EMEF Prof° Pedro Sommerhauzer .......................................... 64
Figura 57: Ponto de ônibus ao lado da EMEF Prof° Pedro Sommerhauzer ......................... 65
Figura 58: Setorização da escola ......................................................................................... 68
Figura 59: Gramado com árvores grandes........................................................................... 70
Figura 60: Porta da biblioteca (trancada) ............................................................................. 71
Figura 61: Porta de entrada da escola ................................................................................. 72
Figura 62: Amarelinha ao lado da entrada da escola ........................................................... 73
Figura 63: Amarelinha ao lado da entrada da escola ........................................................... 73
Figura 64: Estacionamento da escola .................................................................................. 74
Figura 65: Corredor do térreo .............................................................................................. 75
Figura 66: Corredor do andar superior ................................................................................. 76
Figura 67: Rampa de acesso ao interior da escola .............................................................. 77
Figura 68: Rampa de acesso ao refeitório ........................................................................... 77
Figura 69: Modelo de sala de aula dos alunos dos 4° e 5° anos .......................................... 80
Figura 70: Modelo de sala de aula dos alunos dos 2° e 3° anos .......................................... 81
Figura 71: Latas de lixo organizadas por tipo de material .................................................... 82
Figura 72: Poluição visual na sala da coordenação ............................................................. 83
Figura 73: Poluição visual na sala de atendimento educacional especializado .................... 83
Figura 74: Iluminação da sala de aula ................................................................................. 86
Figura 75: Cor interna da escola ......................................................................................... 89
Figura 76: Cor externa da escola ......................................................................................... 89
Figura 77: Teste – Mapa mental .......................................................................................... 94
Figura 78: Questionário de satisfação do usuário ................................................................ 96
11

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Resultados – Mapa mental..............................................................................95


Tabela 2: Resultados – Questionário de satisfação do usuário........................................98
Tabela 3: Resultados – O que você mudaria na sua sala de aula?.......................................99
Tabela 4: Resultados – O que você mudaria no espaço externo?........................................99
Tabela 5: Resultados – Que cor você pintaria sua escola?..............................................100
12

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........…………………………….........……………................13
1.1 Considerações acerca da história da Arquitetura Escolar no Brasil e no
Mundo ........................................................................................................................13
1.2 Justificativa................................................................................................17
1.3 Objetivos....................................................................................................18
1.3.1 Objetivo Geral............................................................................................18
1.3.2 Objetivos Específicos................................................................................18

2 DESENVOLVIMENTO …………………………………………………….....19
2.1 Referencial Teórico……………………………………………………...........19
2.1.1 Conceituação da relação usuário-ambiente no espaço escolar................19
2.1.2 Contextualização.......................................................................................20
2.1.2.1 Relação da arquitetura e da Pedagogia....................................................20
2.1.3 Modelos Pedagógicos: Empirismo, Apriorismo e Interacionismo..............21
2.1.3.1 Empirismo..................................................................................................22
2.1.3.2 Apriorismo.................................................................................................24
2.1.3.3 Interacionismo...........................................................................................25
2.1.3.3.1 Vygotsky e Piaget..................................................................................... 26
2.2 Metodologia..............................................................................................28

3 ESTUDO DE CASO: ESCOLA EMEF Prof. P. SOMMERHAUZER 29


3.1 Localização da escola......................................................................... 29
3.2 Disposição dos Ambientes na Escola................................................. 32

4 ANÁLISES E DISCUSSÕES....................................................................64
4.1. Aspectos contextuais-ambientais..............................................................64
4.1.1 Relações com o entorno da escola...........................................................64
4.1.1.1 Dados demográficos da cidade de Quintana............................................64
4.1.1.2 O entorno da escola..................................................................................65
4.2 Aspectos programáticos-funcionais...........................................................68
4.2.1 Organização espacial................................................................................68
4.2.2 Acessos e percursos.................................................................................73
4.2.3 Adequação do layout escolar....................................................................80
4.2.4 Luminosidade e acústica...........................................................................86
4.3 Aspectos estéticos-compositivos..............................................................89
4.4 Wish poems e Mapas mentais..................................................................92
4.4.1 Aplicação dos Wish Poems.......................................................................92
4.4.1.1 Resposta dos alunos de oito anos de idade.............................................93
4.4.1.2 Resposta dos alunos de nove anos de idade...........................................93
4.4.1.3 Resposta dos alunos de dez anos de idade.............................................93
4.4.2 Aplicação dos Mapas Mentais...................................................................95
4.4.3 Aplicação do questionário de satisfação dos usuários..............................98

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................102

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................104
13

1. INTRODUÇÃO

1.1) Considerações acerca da história da Arquitetura Escolar no Brasil e no


Mundo

Segundo Paulo Freire (2003, p.40) “A educação é sempre uma certa teoria do
conhecimento posta em prática.” Ou seja, a educação significa o meio em que os
valores e tradições de uma civilização são transferidos de geração em geração.
A arquitetura escolar, de acordo com Frago e Escolano (2001), pode ser
definida como a relação do aluno com o ambiente de uma escola. É quando a
educação se aplica em um espaço físico projetado para o aprendizado, que oferece
uma estrutura pensada para que o conhecimento seja construído e alcançado.
Segundo Costa e Jerônimo (2017) apud Melatti (2004, p.90), existiram vários
modelos de escola que foram se modificando até a escola que conhecemos hoje.
Nos primórdios da humanidade, as atividades voltadas para a educação aconteciam
ao ar livre, em casa, na natureza ou em alguma outra edificação destinada a outro
fim, sem as características e condições necessárias. Não existia um modelo de
arquitetura escolar, mas sim um ambiente aleatório onde acontecia uma educação
informal, ou seja, os conceitos de aprendizagem eram passados dentro da própria
família, com o passar das gerações. (COSTA; JERÔNIMO, 2017)

Foi na Europa, a partir do século 12, que foram fundadas as


primeiras escolas com professores e alunos, no mesmo modelo que
seguimos atualmente, e todo processo educativo era assumido pela
igreja católica, que ensinava as crianças práticas católicas e as
ensinavam também a ler, escrever e contar (FUJITA,2008).

A educação das crianças sempre foi considerada importante na esfera social


do mundo todo, e com o tempo foi ganhando maior proporção, sendo aplicada em
um espaço físico específico com características que precisam ser estudadas e
aprimoradas ao longo do tempo.

Segundo Costa e Jerônimo (2017), no século XX muitas modificações


passaram a ocorrer no sistema educacional e no ambiente escolar, principalmente
mudanças relacionadas à integração. Brubaken (apud KOWALTOWSK, 2011, p. 76)
14

relata que as construções das escolas seguiam estilos mais modernos, com
formatos retos lembrando a indústria, que poderiam ser comparadas a caixas.
(COSTA; JERÔNIMO, 2017)
Depois das manifestações da Semana de Arte Moderna, em 1922, e
também após revoluções, como por exemplo, a Revolução de 1930, as edificações
escolares começaram a serem executadas com uma arquitetura mais moderna,
evitando referências aos estilos antigos. Os espaços eram construídos com maior
racionalidade e funcionalidade: edifícios menos compactos, maior liberdade na
implantação, espaço livre para as atividades de lazer, entre outras mudanças
(BUFFA; PINTO, 2002).
Simultaneamente, novos conceitos começaram a ser executados no projeto
arquitetônico de escolas, como por exemplo, construção de salas de aula mais
amplas, bem iluminadas e com boa ventilação, pintadas com cores mais claras, a
implantação de novas instalações como auditórios, salas de educação física,
bibliotecas, salas para assistência médica, dentista, entre outros (FDE, 2016). Nos
últimos quarenta anos, a arquitetura escolar foi padronizada nos estados do Brasil.

O programa de necessidades das nossas atuais escolas


passou a incluir quadra de esportes coberta e sala de
informática. Dessa forma, as quadras cobertas passam a
incorporar à comunidade imediata das escolas, pois são
utilizadas aos finais de semana para atividades de lazer e
culturais (KOWALTOWSKI, 2011 apud COSTA; JERONIMO,
2017, p. 92).

Depois de descrever brevemente a evolução da arquitetura escolar no mundo, pode-


se debater acerca da educação no Brasil.

No Brasil, a história da educação não ocorreu ao acaso, sobretudo


foi estruturada sobre a intervenção dos fundamentos da história da
educação mundial. Ou seja, para que se possa ser entendido o
contexto histórico da educação no Brasil, antes é preciso entender o
caminho percorrido pela educação em um contexto geral, desde a
antiguidade até os dias de hoje, para concluirmos que as coisas que
vivenciamos atualmente são vestígios do passado. (PACHECO,
2010).
15

Segundo Azevedo (2018), a educação no Brasil, a princípio, era focada


basicamente na catequização dos índios. Foi isso que deu início a história da
educação no Brasil.

Foi assim que nasceu o embrião do ensino no Brasil, em 1549,


quando os primeiros jesuítas desembarcaram na Bahia. A
educação pensada pela Igreja Católica - que mantinha uma
relação estreita com o governo português- tinha como objetivo
converter a alma do índio brasileiro à fé cristã. Havia uma
divisão clara de ensino: as aulas lecionadas para os índios
ocorriam em escolas improvisadas, construídas pelos próprios
indígenas, nas chamadas missões; já os filhos dos colonos
recebiam o conhecimento nos colégios, locais mais
estruturados por conta do investimento mais pesado.
(AZEVEDO, 2018)

O Padre Manuel da Nobrega descreveu os índios que habitavam o Brasil


como um “papel em branco”, ou seja, era fácil ensiná-los já que eles nunca haviam
sido ensinados antes. A missão de educar os índios foi de responsabilidade do
padre José de Anchieta, que é considerado um dos mais importantes nomes da
história da educação brasileira, porque sua obra que relatava a rotina escolar no
Brasil foi preservada.
Com aulas diferenciadas, aprendendo história, letras e outras matérias,
estavam os filhos dos portugueses, que também frequentavam as aulas dos
jesuítas, mas com um aprendizado diferenciado, não apenas o ensino religioso, já
que a elite colonial que estava no Brasil exigia essa diferenciação. (AZEVEDO,
2018).
Segundo Manacorda (1997), Pombal trouxe ao Brasil no ano de 1772 a
Reforma Pombalina, convicto de que a educação no país precisava passar por uma
revolução. Com forte influência das ideias iluministas, Pombal cria as aulas régias,
ministradas por professores concursados, funcionários públicos. (MANACORDA,
1997).
16

Apesar de o país ter se tornado independente em 1822, a


educação, durante o período Imperial, não contabilizou muitos
avanços práticos. Em 1827, foi sancionada a primeira lei
brasileira que tratava exclusivamente da educação. O texto, em
seu artigo 1º, afirmava que “Em todas as cidades, vilas e
lugares mais populosos, haverão as escolas de primeiras letras
que forem necessárias” (ABBAGNANO 1982).

Segundo Azevedo (2018), as escolas que o governo federal mantinham


eram para as crianças ricas. Para as crianças pobres, apenas as escolas mantidas
pelo estado, que contavam com uma estrutura inferior à estrutura das escolas
federais e professores com pouca qualificação. A mudança dessa realidade só
ocorreu em 1920 com o movimento da Escola Nova no Brasil, que se destacou por
tentar implantar um ensino mais inclusivo, mais moderno e mais prático. Surgiram
nomes de liderança desse movimento nesse período, como por exemplo, o
educador Anísio Teixeira, que tinha como base ideias de John Dewey, filósofo
criador da pedagogia da ação: aprender a aprender.
Com todas as mudanças vieram o ensino Universitário, o ensino Técnico
voltado as profissionalização e 1961 foi promulgada a primeira lei de Diretrizes e
Bases. Grandes nomes na educação surgiram com o decorrer do tempo, Piaget,
Vygotsky, Wallon, e o brasileiro reconhecido mundialmente Paulo Freire.
(MANACORDA, 1997).

Atualmente, o Brasil e também o exterior buscam edificações


escolares de alto desempenho nas quais o construtor busca sempre
reduzir o custo de operação e o impacto ambiental, fazendo uso
eficiente da água, e considerando a sustentabilidade nos detalhes.
Além disso, procura realizar uma melhoria da qualidade de vida dos
usuários do edifício através de uma arquitetura eficiente, utilizando
da natureza para formatar ambientes confortáveis visualmente,
termicamente e acusticamente. (KOWALTOWSKI apud COSTA &
JERONYMO, 2017).

Em decorrência à globalização, desde o início deste século, há um cuidado


voltado para a aplicação de uma educação planetária, que tem como base quatro
bases de sustentação: Aprender a conhecer, a fazer, a viver em sociedade e
aprender a ser. (UNESCO, 1998)
17

1.2) Justificativa

Destacar a importância da arquitetura escolar no processo de aprendizado


dos estudantes é algo fundamental que precisa ser cada vez mais discutido e
aprimorado. A disposição dos ambientes, o estudo das cores, a iluminação e
acústica dos espaços, por exemplo, são fatores que devem ser considerados no
planejamento arquitetônico de uma escola, com a finalidade de auxiliar no processo
de aprendizagem dos alunos.
É de suma importância que se estude sobre esse assunto e que se criem
propostas para melhorar tais aspectos em uma escola, pois, segundo alguns
escritores, pedagogos e arquitetos como, por exemplo, Dóris Kowalkowski, o
ambiente escolar influencia diretamente no comportamento de um estudante, e pode
ajudar ou atrapalhar seu processo de desenvolvimento.
A ideia desse trabalho é desenvolver um estudo que conscientize as
instituições da importância de se realizar o planejamento arquitetônico do ambiente
escolar, para oferecer aos alunos um ambiente escolar organizado que favoreça o
aprendizado. É importante reforçar que um espaço bem planejado com certas
características previamente pensadas, traz para o estudante, boas condições de
aprendizagem e de desenvolvimento.
18

1.3) Objetivos

1.3.1) Objetivo Geral

Nesse trabalho será realizado um estudo de campo em uma escola municipal


da cidade de Quintana (SP), para avaliar a qualidade do ambiente escolar, levando-
se em consideração a perspectiva pedagógica interacionista, identificando supostos
problemas arquitetônicos que possam ser aperfeiçoados para melhorar o processo
de aprendizagem dos alunos.

1.3.2) Objetivos Específicos

Os objetivos específicos desse trabalho são:


- Fazer uma contextualização com conceitos que relacionem a arquitetura
com a pedagogia se utilizando de um breve histórico da arquitetura escolar no
Mundo e no Brasil.
- Fazer um levantamento cadastral do edifício da EMEF Professor Pedro
Sommerhauzer na cidade de Quintana (SP) e produzir o layout e plantas baixas no
arquivo CAD.
- Elaborar atividades com os alunos, como mapas mentais, para entender a
relação usuário/ambiente.
19

2. DESENVOLVIMENTO

2.1) Referencial Teórico

2.1.1) Conceituação da relação usuário-ambiente no espaço escolar

A relação usuário-ambiente no contexto escolar é a maneira com que o


aluno se relaciona com o espaço escolar e como essa relação pode afetar seus
comportamentos e seu aprendizado de maneira geral. Existe uma enorme
importância em observar o que as escolas estão ensinando para os alunos, tanto em
termos de aprendizado e educação quanto em termos de relações usuário-ambiente
(SANTOS, 2010).
Segundo Frago e Escolano (2001), “O espaço não é neutro. Sempre educa.
Resulta daí o interesse pela análise conjunta de ambos os aspectos: o espaço e a
educação.” O arquiteto, de certa forma, é também um educador, pois a construção
projetada por ele também tem poder de educar, desde que seu projeto seja
executado de forma correta. O espaço não é neutro.
Devido à importância da relação usuário-ambiente, deve-se observar se há a
presença da natureza no ambiente escolar, principalmente no ensino fundamental,
analisando o ambiente físico, a disposição espacial e a percepção dos usuários. A
escola, além de ser a principal fonte de conhecimento do aluno, é também
responsável na condução de valores de uma cultura para o usuário, sabendo-se que
o ambiente contribui significativamente na aprendizagem.
A sala de aula sugere tanto expectativas quanto ocupações, por exemplo,
cadeiras em círculos informam que poderá ocorrer um debate, carteiras enfileiradas
informam que haverá uma aula expositiva com o uso da lousa, mesas próximas uma
da outra, formando duplas ou trios, podem informar um trabalho em grupo, e assim
por diante. Ademais, a mobília e a disposição dos elementos em uma sala de aula
também podem influenciar quanto a sociabilidade dos usuários e em seu
desempenho acadêmico, pois pode acarretar em problemas físicos como resfriados,
20

dores de cabeça, garganta, problemas de posturas, coluna, ou outros problemas


relacionados com o ambiente escolar. (SANTOS, 2010)
Em comparação com outras áreas do conhecimento, como a medicina, por
exemplo, as escolas atuais não evoluíram tão significativamente quando
comparadas com as escolas do século passado. Ou seja, um aluno atual
conseguiria facilmente se adaptar as aulas do século passado e vice e versa, devido
ao fato de que, na grande maioria, as salas de aula ainda seguem um mesmo
padrão, com aulas expositivas, mestres, repetição, memorização de conteúdos, e
um mesmo modelo tradicional de aprendizado.
Devido a isso, é importante que se estude técnicas de modernização para a
sala de aula, que melhore a relação usuário-ambiente no espaço escolar, e que,
assim como em outras áreas de conhecimento que são periodicamente
modernizadas (tanto tecnologicamente quanto arquitetonicamente), as salas de aula
também se modifiquem com o objetivo de trazer melhorias para o aprendizado dos
alunos. (AZEVEDO, 2002).
Segundo Elali (2003),

“Mais do que base física a partir e por meio da qual a pessoa recebe
informações (visuais, táteis, térmicas, auditivas e/ou olfativas-
gustativas), o ambiente é um agente continuamente presente na
vivência humana. De fato, grande parte do comportamento do
indivíduo envolve a interação com o espaço e no espaço, desde
atividades simples como alimentar-se e vestir-se, até atividades
complexas, como definir um percurso na urbe.” (ELALI , 2003,p.1).

2.1.2) Contextualização

2.1.2.1) Relação da Arquitetura e da Pedagogia

Atualmente, devido ao excesso de trabalho, as famílias cada vez mais


necessitam deixar suas crianças em creches ou escolas infantis para conseguirem
realizar suas atividades diárias. Devido a isso, a escola passa a ser o ambiente em
que a criança mais passa seu tempo, muitas vezes até de forma integral. Porém, as
escolas ainda não modificaram sua estrutura física, o que deveria ser feito em
benefício da criança. (SOARES, 2020)
21

A instituição escolar e o ensino só merece esse nome quando se


localizam ou realizam num lugar específico. E, com isso, quero dizer
no lugar especificamente pensado, desenhado, construído e utilizado
única exclusivamente para esse fim. (FRAGO, 2001, p 69).

Espaços externos mais amplos, abertos, verdes, com contato com a


natureza para as crianças brincarem ainda é algo pouco comum no ambiente
escolar, ao invés disso, nota-se construções rígidas, grama sintética e um ambiente
que não foi projetado para incentivar a imaginação e o desenvolvimento pessoal da
criança. A falta de planejamento do ambiente escolar, que muitas vezes é
improvisado e mal feito, e o desencontro da arquitetura com a pedagogia pode ser
muito prejudicial para os usuários no cotidiano escolar.
O governo federal, em parceria com a Unicef, Inep, Ministério da
Educação, Ação Educativa e UNDP definiu nesse documento 7
indicadores por meio das quais se possa avaliar diferentes aspectos
da qualidade de uma escola, um deles é o ambiente essa dimensão
reafirma a necessidade de se pensar na escola como um espaço
para aquisição dos saberes, para a socialização e para a convivência
com a diversidade. É nesse lugar especial que o aluno adquire
noções de cidadania, solidariedade e cristaliza valores por meio da
orientação dos profissionais da educação. Para isso, esse indicador
propõe que o gestor busque criar um ambiente na escola favorável à
alegria, respeito, tolerância e disciplina. (BRASIL, 2019).

Por exemplo, rampas elevadas, escadas com os degraus fora de norma ou


sem corrimão, salas pequenas e com disposição inadequada do mobiliário, janelas
inadequadas, muitas vezes de frente para a lousa, banheiros impróprios para
crianças pequenas ou portadores de deficiência, a falta de acessibilidade e inclusão
de todos, piso inconvenientes e tantos outros, sendo que alguns destes podem até
promover algum tipo de acidente, como por exemplo, quedas de professores,
crianças, entre outros. “Os espaços educacionais geralmente são construídos pelos
adultos e não levam em consideração as necessidades e o desejo das crianças.”
(SOARES, 2020)

2.1.3) Modelos Pedagógicos: Empirismo, apriorismo e interacionismo

Segundo Abranche e Anastácio (1989), na formação do conhecimento, na


qual a interação sujeito/mundo estabelece o processo, pode ser evidenciada por três
formas de interpretação da interação sujeito/mundo (simultaneamente com a relação
ensino/aprendizagem): o empirismo, o apriorismo e o interacionismo.
22

2.1.3.1) Empirismo

Partindo do pressuposto que o Empirismo é uma das linhas pedagógicas


citadas no trabalho, se faz necessário entender no que isso consiste, qual ideologia
e quais as razões para que essa prática pedagógica seja utilizada.
Quando se pensa o empirismo, denomina-se que a única fonte de
conhecimento humano é a experiência adquirida em função do meio físico do
ambiente é por essa razão que em algumas situações ganha o nome de
ambientalismo e é mediada pelos sentidos.

O sujeito encontra-se, por sua própria natureza, vazio, como uma


"tábua rasa", uma folha de papel em branco. "Não há nada no nosso
intelecto que não tenha entrado lá através dos nossos sentidos"
(Becker, 1994).

Aconteceu na Inglaterra (1632 – 1704) o desenvolvimento do empirismo,


com John Locke. Segundo o filósofo, “o homem não pode atingir a verdade
definitiva, que tem nos fatos a fonte principal para sua explicação”. Contraria a ideia
inatista e, com isso, valoriza a importância da educação na formação da criança.
Piaget se opõe à essa teoria que "tende a considerar a experiência como
algo que se impõe por si mesmo, como se fosse impressa diretamente no organismo
sem que uma atividade do sujeito fosse necessária à sua constituição." (BECKER,
1998, p.12)

O empirismo, também denominado de ambientalismo, sensualismo,


associacionismo ou behaviorismo, é uma corrente filosófica que tem
a experiência como critério ou norma da verdade, e que se
caracteriza por reconhecer que: toda verdade pode e deve ser posta
à prova, logo eventualmente modificada, corrigida ou abandonada.
(ABRANCHE & ANASTÁCIO)

No empirismo, a razão é adquirida através da experiência. Contudo, o


empirismo não contesta e nem abdica a razão, exceto quando a razão tem por
objetivo estabelecer verdades absolutas. De acordo com o empirismo, as nossas
23

convicções são oriundas das nossas percepções sensoriais. John Locke, filósofo
empirista, afirmava que “ao nascermos, nossa mente é como um papel em branco,
completamente desprovido de ideias.” (ABRANCHE & ANASTACIO, 1989)

Empregada tanto nos objetos sensíveis externos como nas


operações internas de nossas mentes, que são por nós mesmos
percebidas e refletidas, nossa observação supre nossos
entendimentos com todos os materiais do pensamento. Dessas duas
fontes de conhecimentos jorram todas as nossas ideias, ou as que
possivelmente teremos (LOCKE, 1997, p. 57).

A teoria filosófica que defende a verdade, as ideias racionais e o


conhecimento da razão, embasada na experiência, denomina-se empirismo. É
qualificado pelo conhecimento científico obtido através de compreensões de fatos,
percepções sobre determinado assunto, e pela relação causa/efeito, na qual
assimilamos fatos através de experiências do cotidiano, comprovando ou não
hipóteses por meio de testes. (PEREIRA, 2009)
Dentro do empirismo, tudo que existe são fatos físicos, sociais e culturais,
construído por coisas perceptíveis. Em uma escola, a figura que representa o mundo
é o mestre, pois apenas o mestre pode passar para o aluno conhecimentos novos. O
aluno é um indivíduo manipulável que pode se desenvolver de diversas formas, de
acordo com o meio, com as condições e com o contexto em que está inserido.
Dessa forma, por meio de estímulos do mestre ou do ambiente, o aluno tem acesso
a novos conhecimentos, que tem o poder de mudar seu ponto de vista e formar suas
ideias. (ABRANCHE; ANASTÁCIO,1989)

O professor considera que seu aluno é tabula rasa não somente


quando ele nasceu como ser humano, mas frente a cada novo
conteúdo estocado de sua grade curricular, ou nas gavetas de sua
disciplina (BECKER, 2001).

De modo geral, na percepção empirista, o professor sempre vê seu aluno


como alguém que não sabe nada sobre o assunto o qual ele está ensinando,
realmente como uma tábua em branco, e suas ações em relação ao aluno não
devem ser inapropriadas, pelo contrário, o professor deve agir da melhor forma
possível a fim de que o aluno absorva o que de melhor ele tem a oferecer.
24

Seu procedimento epistemológico é uma reiteração do empirismo: o


indivíduo é influenciado pelo mundo ou pelos meios social e físico. Segundo Freire
(2003), o mestre ensina dessa maneira “porque ele aprendeu que é assim que se
ensina”.
2.1.3.2) Apriorismo

O apriorismo, também conhecido como inatismo, racionalismo ou idealismo,


vem do termo “a priori”, que significa, “conhecimento que é condição de
possibilidade de experiência, e que independe dela quanto à sua própria origem”
(FERREIRA, 1999).
Ou seja, é a afirmação de que todo conhecimento vem antes da experiência,
o que contraria os conceitos de empirismo. Nesse conceito, considera-se que o
indivíduo possui bagagem genética e precisa apenas de um pouco de esforço para
aprender o que precisa, conforme a etapa de desenvolvimento humano que estiver
passando. No apriorismo, a razão está no indivíduo. Sua capacidade cognitiva é um
dom, já nasce com cada um. (ABRANCHE; ANASTÁCIO, 1989)
De acordo com o apriorismo, o conhecimento de cada um, conforme o nome
já apresenta, são elementos a priori, ou seja, desvinculado das experiências de vida.
Os conceitos do apriorismo se parecem com um copo vazio que a experiência aos
poucos vai completando com informações concretas. O princípio que rege o
apriorismo, segundo o filósofo Immanuel Kant afirma que “conceitos sem intuições
são vazios; intuições sem conceitos são cegas”. (COSTA, 2018).
O mundo, no apriorismo, é um montante de ideias e princípios que trazem
significado e criam tudo que existe. De acordo com o apriorismo, o mundo não
interfere na criação do saber na mente do indivíduo, mas o aprendizado é
consequência do desenvolvimento das estruturas mentais, que não depende e não
sofre influência direta do meio em que se está inserido. O indivíduo aprende por si
só, ninguém é capaz de ensinar algo ao outro. Dessa forma, o mestre é apenas um
orientador, que tem como função auxiliar e facilitar que o conhecimento chegue até a
mente do aluno, interferindo minimamente, uma vez que o aluno tem o potencial de
aprender sozinho. (ABRANCHE & ANASTÁCIO, 1989)

Esta epistemologia renuncia à característica fundamental da ação


docente que é a intervenção no processo de aprendizagem do aluno.
25

O aluno já traz um saber que ele precisa, qualquer ação que ele
decida fazer é instrutiva, o que ele realmente necessita é organizá-la
e recheá-la de conteúdos. O poder que é exercido sem reservas, no
modelo empírico, pelo professor cai por terra no modelo apriorista.
(BECKER, 2001, p. 21-22).

Descartes (1996) retrata de forma satisfatória o apriorismo ao dizer “penso


logo existo”, pois para Descartes não se pode considerar que algo é ou não
verdadeiro apenas pela dedução ou apenas observando seus aspectos. Utilizar-se
da razão é que de fato pode diferenciar o real do irreal. (DESCARTES ,1996)

2.1.3.3) Interacionismo

Segundo Educação (2021), o interacionismo nada mais é do que uma


terceira linha de pensamento, além do empirismo e do apriorismo, que leva em
consideração fatores orgânicos e também fatores ambientais, ou seja, conceitos
objetivos e também conceitos subjetivos na determinação do desenvolvimento da
criança. A crença dos interacionistas é que existe uma diversidade de combinações
de influências que podem ajudar ou atrapalhar no processo de aprendizagem do
aluno. Este, não é percebido como ser passivo, ao contrário disso é considerado um
ser ativo, que utiliza de objetos e de suas vivências para aprender e se desenvolver
como ser humano.
Diferente do empirismo e do apriorismo, na abordagem interacionista a
aprendizagem e o desenvolvimento de alguém se inter-relacionam e se completam,
o que leva ao próprio indivíduo a responsabilidade integral de sua aprendizagem.

A concepção Interacionista de desenvolvimento apoia-se na ideia de


interação entre organismo e meio e vê a aquisição de conhecimento
como um processo construído pelo indivíduo durante toda a sua vida,
não estando pronto ao nascer nem sendo adquirido passivamente
graças às pressões do meio. (DAVIS & OLIVEIRA, 1994).

Os dois principais teóricos do interacionismo são Lev Seminovitch Vygotsky


e Jean Piaget. Para Piaget, o ser humano quando criança é ativo e age no ambiente
por vontades espontânea, funcionalmente igual aos adultos, mas estruturalmente
diferente. Ou seja, a sua mentalidade é desenvolvida de acordo com seu grau de
desenvolvimento, que em sua vida é dividido em estágios de acordo com sua idade.
26

Seus conhecimentos são construídos por meio de seu contato com o local em que
está inserido. Piaget se dedicou ao estudo do desenvolvimento cognitivo e o
“construtivismo” foi o nome pelo qual sua teoria se popularizou.

2.1.3.3.1) Vygotsky e Piaget

A teoria de Vygotsky é muito parecida com a de Piaget, porém sua teoria é


situada em um contexto sócio-histórico-cultural, ou seja, a sociedade, a história e a
cultura do meio em que o ser humano está inserido exerce influência em seu
desenvolvimento. É pela interação com pessoas mais experientes e pelas
características específicas do meio em que está inserido que a criança constrói seu
aprendizado. As mudanças são recíprocas ao ser humano e ao meio em que ele se
encontra. (Educação, 2021)

Basicamente todo o conhecimento que possuímos acerca do mundo


ao nosso redor é adquirido por meio de um processo de observação,
absorção e compreensão das informações que nos são
apresentadas nas mais diversas situações. (MARONESE &
MACHADO, 2002)

De acordo com isso, todo o desenvolvimento do conhecimento acontece


com base na aprendizagem e na aquisição de novas informações. Mas então, o que
vem a ser aprendizagem? De acordo com Ferracioli (1999), Piaget “restringe a
noção de aprendizagem à aquisição de um conhecimento novo e específico
derivado do meio”, sendo que seu "resultado (conhecimento ou desempenho) é
adquirido em função da experiência (...) do tipo físico, do tipo lógico-matemático ou
dos dois". (FERRACIOLI, 1999)
Segundo Maronese e Machado (2002), pensadores de muitas áreas
buscaram compreender, ao longo dos séculos, como acontece o processo de
aprendizagem dos seres humanos. Nesses pensadores, inclui-se com grande
relevância o filósofo Piaget.

Jean William Fritz Piaget, psicólogo, biólogo e filosofo, nasceu em


Neuchâtel, Suíça, em 9 de agosto de 1896. É mundialmente
27

conhecido por seu trabalho sobre a inteligência e o desenvolvimento


infantil, sendo base para inúmeros estudos em psicologia e
pedagogia até os dias atuais. Na maior parte de sua carreira, Piaget
interagiu com crianças, observando e estudando os processos de
desenvolvimento na infância, fundando, assim, a Epistemologia
Genética e a Teoria do Conhecimento. (MENDES, 2011)

Construtivismo é uma teoria sobre a origem do conhecimento que


considera que a criança passa por estágios para adquirir e construir
o conhecimento. Tem como objeto de estudo da alfabetização a
língua escrita. (NUNES, 1990)

De acordo com Fossile (2010), Piaget, fundador do construtivismo, leva em


consideração quatro fatores fundamentais para que uma criança possa se
desenvolver cognitivamente: 1) Biológico (relaciona-se ao desenvolvimento orgânico
e ao amadurecimento do sistema nervoso); 2) Experiências e exercícios (obtido de
acordo com a ação da criança acerca dos objetos); 3) Interações sociais (se constrói
através da educação e da linguagem); 4) Equilíbrio das ações (relaciona-se à
adequação ao meio em que se vive ou às situações que acontecem ao longo da
vida) (FOSSILE, 2010).
28

2.2) Metodologia

O trabalho de conclusão de curso em questão se utilizará de duas vertentes


metodológicas. Através da pesquisa, fará uma coleta de dados em uma Instituição
de Ensino para demonstrar, através de fotos ilustrativas, o espaço físico da escola
bem como identificar os pontos fortes e fracos quanto a parte arquitetônica e a
demonstrar, através da Revisão Bibliográfica, como isso pode influenciar no espaço
de aprendizagem, levando em consideração a pedagogia pautada no interacionismo.
Essa pesquisa será realizada se utilizando dos principais meios de busca nas
melhores e mais conceituadas plataformas como o Scielo, Pub Med e Google
Acadêmico, além de considerar os livros e periódicos que tratem do assunto e que
estejam disponíveis de forma física ou digital.
O trabalho em questão visa analisar os aspectos físicos do ambiente escolar
e sua relação com o entorno, e avaliar suas características de acordo com aspectos
contextuais-ambientais, aspectos programático-funcionais e aspectos estético-
compositivos. Além disso, o trabalho também apresentará mapas mentais, wish
poems e um questionário de satisfação do usuário, aplicado aos alunos da EMEF
Prof. Pedro Sommerhauzer para ajudar a encontrar conclusões na avaliação do
espaço escolar.
29

3) Estudo de caso na escola EMEF Prof. Pedro Sommerhauzer

3.1 Localização da Escola

A Instituição de Ensino que serve como base para a coleta de dados do


presente trabalho é a EMEF Prof. Pedro Sommerhauzer está localizada na Avenida
Santa Amélia, n° 647 no Centro da cidade de Quintana interior do estado de São
Paulo e conta com toda uma estrutura necessária para o desenvolvimento
educacional dos seus alunos, como por exemplo: internet, refeitório, quadra
esportiva coberta, laboratório de informática, pátio coberto, pátio descoberto, sala do
professor e alimentação. (Melhor Escola, 2021).

Figura 1: Fachada da escola EMEF Prof. Pedro Sommerhauzer


30

Fonte: Acervo particular da Instituição


Figura 2: Quintana no mapa do Brasil
31

Fonte: (Wikipédia, 2021)

Figura 3: Quintana – vista superior

Fonte: (Google Earth, 2021)


32

A cidade de Quintana está localizada no estado de São Paulo, a uma


latitude 22°04’21’’ sul e uma longitude 50º18'27" oeste, tem atualmente 6.736
habitantes. A área da cidade é de 320,62 km² e se localiza há 495 km da capital.
(Wikipédia, 2021)

Figura 4: Quintana no mapa do estado de São Paulo

Fonte: (Wikipédia, 2021)

Figura 5: Escola EMEF Prof. Pedro Sommerhauzer na cidade de Quintana – SP

Fonte: (Google Maps, 2021)


33

3.2 Disposição dos ambientes na escola

A escola EMEF Prof. Pedro Sommerhauzer adota o modelo pedagógico


interacionista, segundo o secretário da educação da cidade de Quintana, e o
modelo de ensino é fortemente influenciado pelos pensamentos de Vygotsky e
Piaget. A escola fica bem situada no centro da cidade e recebe alunos das mais
variadas áreas. Para melhor analisar o contexto, podemos observar sua
localização e preenchimento dos ambientes nos apercebendo da disposição
encontrada e destacada em sua planta baixa que demonstra com detalhes essa
disposição.

Figura 6 - Planta baixa da Escola: Planta do Pavimento Térreo e Superior e Quadra Poliesportiva
34

Fonte: Arquivo Particular da Instituição


35

Figura 7 - Fluxograma dos setores da escola

Fonte: O Próprio Autor


36

A escola possui duas portas principais, sendo que a primeira fica na lateral
da escola e é destinada, para a entrada de alunos, dando acesso ao pátio principal.
A segunda é destinada para a entrada de funcionários, pais e professores, e dá
acesso somente à secretaria, isso atende uma norma importante de segurança onde
todos os pais ou responsáveis que vierem a escola precisam se identificar na
secretária e não tem acesso direto aos alunos.

Figura 8: Entrada lateral para os alunos

Fonte: Acervo particular da Instituição

Figura 9: Entrada pela secretaria


37

Fonte: Acervo da Instituição

Pela primeira entrada, virando à esquerda temos acesso ao pátio descoberto


lateral, no qual podemos encontrar uma árvore grande, latas de lixo recicláveis e
desenhos coloridos no chão para as crianças brincarem.

Figura 10: Pátio descoberto para os alunos brincarem

Fonte: Acervo Particular da Instituição


38

Se o aluno seguir reto por onde entrou, encontrará uma escada, ou poderá
encontrar uma rampa de acesso à esquerda junto com outra escada, que dá acesso
ao bloco principal da escola, o bloco das salas de aula.

Figura 11: Pátio de entrada dos alunos – imagem panorâmica onde se pode ver a escada principal e
a escada com a rampa à esquerda

Fonte: Acervo particular da Instituição

Figura 12: Escada e rampa à esquerda

Fonte: Acervo Particular da Instituição


39

Ainda na área externa, seguindo à esquerda, na parte de trás fica o refeitório


e o pátio coberto. No fundo do refeitório fica a cozinha, na qual é um ambiente onde
são realizadas o preparo de todas as refeições para serem servidas aos alunos na
hora do intervalo das aulas. Nesse ambiente que compreende o pátio na parte da
frente da área coberta existe um palco para utilização quando há apresentações das
crianças, eventos ou palestras na escola com escadas de acesso nas duas laterais.
De cada lado do palco existe um banheiro, a esquerda de quem da frente
olha e respectivamente a direita sendo um feminino e outro masculino.

Figura 13: Palco para apresentações com banheiros nas laterais no pátio coberto

Fonte: Acervo particular da Instituição


40

Figura 14: Sanitários ao lado do palco

Fonte: Acervo Particular da Instituição

Figura 15: Escada de acesso ao palco no pátio coberto

Fonte: Acervo Particular da Instituição


41

Figura 16: Rampa e escada de acesso ao pátio coberto

Fonte: Acervo Particular da Instituição

Figura 17: Pátio coberto: refeitório com o palco ao fundo

Fonte: Acervo Particular da Instituição


42

Figura 18: Porta da cozinha localizada no final do refeitório.

Fonte: Acervo Particular da Instituição.

Figura 19: Área interna da cozinha

Fonte: Acervo Particular da Instituição


43

Na área externa da escola também estão localizados mais um pátio


descoberto, uma quadra coberta, um espaço de gramado para as crianças
brincarem, uma quadra descoberta, um campo de futebol e um bloco de salas, que
inclui a biblioteca, o almoxarifado, sala de esportes e sala de reforço. Também há
uma pequena lavanderia aos fundos da escola.

Figura 20: Pátio descoberto visto por trás

Fonte: Acervo Particular da Instituição


44

Figura 21: Pátio descoberto visto pela frente

Fonte: Acervo particular da Instituição

Figura 22: Arquibancadas da quadra coberta – vista lateral

Fonte: Acervo Particular da Instituição


45

Figura 23: Quadra coberta – vista frontal

Fonte: Acervo da Particular da Instituição

O espaço gramado para as crianças brincarem com contato com a natureza


fica atrás, na frente e ao lado da quadra coberta.

Figura 24: Gramado próximo à quadra coberta - vista panorâmica

Fonte: Acervo Particular da Instituição


46

Figura 25: Quadra descoberta atrás da quadra coberta

Fonte: Acervo Particular da Instituição

Figura 26: Campo de futebol e arquibancadas - vista panorâmica

Fonte: Acervo Particular da Instituição

O bloco de salas da parte externa do edifício fica ao lado do pátio coberto


onde fica o palco e o refeitório. Nele há quadro salas: um almoxarifado, uma
biblioteca, uma sala de esportes e uma sala que reforço. Com exceção da sala de
esportes, todas as salas estão em desuso no momento, pois necessitam de
reformas para voltarem a funcionar
47

Figura 27: Bloco externo de salas

Fonte: Acervo Particular da instituição


48

Figura 28: Salas em desuso do bloco externo

Fonte: Acervo Particular da Instituição


49

Figura 29: Disposição espacial entre a quadra descoberta, o pátio coberto e o bloco de salas externo

Fonte: Acervo Particular da Instituição

Ainda da área externa da escola, no pátio descoberto da lateral, podemos ter


uma visão mais ampla do prédio que compreende o bloco principal onde estão
localizadas as salas de aulas, na parte interna da escola, esse local está disposto e
dividido em dois andares.

Figura 30: Vista traseira do bloco principal de salas da escola

Fonte: Acervo Particular da Instituição


50

A entrada no bloco principal escola pode ocorrer de duas maneiras: Por um


acesso frontal pela secretaria, ou por acesso lateral, conforme a Figura 5, utilizando
a escada da Figura 8 ou a rampa da Figura 9.
Ambas as entradas dão acesso ao mesmo corredor, conforme a imagem abaixo:

Figura 31: Corredor do térreo

Fonte: Acervo Particular da Instituição

Nesse corredor há acesso para nove portas, sendo elas dos respectivos
ambientes: Laboratório de informática, sala da coordenação, sala da direção, WC
feminino, WC masculino, sala de aula 1 (do 3°B e do 3°D), sala de aula 2 (do 3°A e
do 3°C), sala dos professores e depósito.
51

Figura 32: Laboratório de Informática

Fonte: Acervo Particular da Instituição

Figura 33: Sala da Coordenação

Fonte: Acervo Particular da Instituição


52

Figura 34: Sala da Coordenação

Fonte: Acervo Particular da Instituição

Figura 35: Sala da Direção

Fonte: Acervo Particular da Instituição


53

Figura 36: Banheiro de uso administrativo

Fonte: Acervo Particular da Instituição

Figura 37: Sala de Aula - Ambiente externo e interno

Fonte: Acervo Particular da Instituição


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Figura 38: Sala de aula 1

Fonte: Acervo Particular da Instituição

Figura 39: Sala de aula 2

Fonte: Acervo Particular da Instituição


55

Figura 40: Sala de aula 2 – Carteiras, janelas e quadro lateral

Fonte: Acervo Particular da Instituição

Figura 41: Sala dos Professores

Fonte: Acervo Particular da Instituição


56

Figura 42 - Depósito

Fonte: Acervo particular da Instituição

Esse depósito é específico para guardar material didático, como exemplo


rolos de TNT, EVA, Folhas Diversas, Resmas de Sulfite coisas do gênero e o
material utilizado nas aulas de educação física, pode ser considerado um
almoxarifado.
A escada de acesso ao segundo andar fica localizada no final do corredor,
próximo ao pátio de entrada dos alunos. Na frente do primeiro vão da escada há
uma janela grande e guarda-corpo em uma parte da escada.
57

Figura 43: Primeiro vão da escada e primeiro patamar

Fonte: Acervo Particular da Instituição

Figura 44: Segundo vão da escada e segundo patamar

Fonte: Acervo Particular da Instituição


58

Figura 45: Terceiro vão da escada e terceiro patamar

Fonte: Acervo Particular da Instituição

Figura 46: Quarto vão da escada

Fonte: Acervo Particular da Instituição


59

Figura 47: Guarda-corpo

Fonte: Acervo Particular da Instituição

Figura 48: Janela grande da escada

Fonte: Acervo particular da Instituição


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No andar superior, pode-se observar um longo corredor que dá acesso a


todas as salas de aula desse andar. São cinco salas: três salas de aula, uma sala de
vídeo e uma sala de atendimento educacional especializado. Pode-se perceber com
a foto que como a estrutura do prédio é antiga os corredores tem uma altura elevado
do piso isso favorece a ventilação e iluminação do ambiente já que as paredes são
pintadas de branco.

Figura 49: Sala de aula do andar superior

Fonte: Acervo Particular da Instituição


61

Figura 50: Sala de aula do andar superior – Janelas

Fonte: Acervo Particular Instituição

Figura 51: Sala de aula do andar superior - Quadro lateral

Fonte: Acervo Particular da Instituição


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Figura 52: Sala de atendimento educacional especializado

Fonte: Acervo Particular da Instituição

Figura 53: Sala de atendimento educacional especializado

Fonte: Acervo Particular da Instituição


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Figura 54: Sala de Vídeo

Fonte: Acervo Particular da Instituição


64

4) Análises e Discussões:

Segundo a autora Azevedo (2002), a qualidade ambiental de uma escola


pode ser avaliada segundo três critérios: Aspectos contextuais-ambientais, aspectos
programático-funcionais e aspectos estético-compositivos. Seguindo tal metodologia,
o presente trabalho pretende realizar o estudo de caso da escola avaliando esses
três aspectos dentro da EMEF Prof. Pedro Sommerhauzer e entendendo como
esses aspectos podem afetar o bem-estar e o aprendizado do aluno.
A qualidade de um ambiente é influenciada pelo grau de adequação e
desempenho de cada espaço, e a relação usuário-ambiente está relacionada ao
nível de interação dos alunos com as atividades realizadas dentro da escola e com
cada um dos ambientes da escola. Os três aspectos abordados nesse trabalho
buscam estabelecer uma relação entre características espaciais e variáveis e projeto
que ainda não são observadas com a devida importância no momento da
elaboração do projeto de uma escola.

4.1) Aspectos contextuais-ambientais:

Os aspectos contextuais-ambientais são aqueles decorrentes de situações pré-


existentes (que ocorrem antes da construção do edifício escolar), relacionadas à
infraestrutura urbana e suas características, que poderão influenciar nas escolhas
arquitetônicas de um projeto escolar. Por exemplo, o entorno da escola, a
vizinhança, as condições do terreno escolhido, a legislação do município, fatores
econômicos, climáticos, socioculturais, o tráfego de veículos existente na avenida da
escola, entre outros.

4.1.1) Relações com o entorno da escola EMEF Prof. Pedro


Sommerhauzer

4.1.1.1) Dados demográficos da cidade de Quintana


A densidade demográfica da cidade de Quintana, interior do estado de São
Paulo, é de 17,02 hab./km², pouco populosa comparada com a capital São Paulo,
que possui 177,4 hab./km². Ou seja, a cidade de Quintana possui apenas 10% da
65

densidade demográfica da capital. Em relação à expectativa de vida, a população da


cidade de Quintana vive em média 69,96 anos, menor que a capital, que conta com
uma expectativa de vida de 75,4 anos. A taxa de fecundidade das mulheres da
cidade é de 2,06 filhos por mulher. A taxa de alfabetização é de 85,44% das
pessoas da cidade. A taxa de escolarização, de acordo com os dados do IBGE de
2010, é de 98,1% das crianças de 6 a 14 anos de idade. O Índice Médio de
Desenvolvimento Humano na cidade de Quintana é de 0,732, sendo o IDH-M Renda
de 0,670, o IDH-M Longevidade de 0,716 e o IDH-M Educação de 0,836.

A mortalidade infantil na cidade de Quintana em 2008 era de 10 óbitos por mil


nascidos vivos. Já em 2019, essa taxa subiu para 22,47 óbitos por nascidos vivos, o
que mostra um aumento de 224% na mortalidade infantil.
O PIB anual da cidade, no ano de 2008, segundo dados do IBGE, foi de
R$56.014,390 e o PIB per capita anual foi de R$9.484,32, no mesmo ano. Já no ano
de 2018, última análise, o PIB per capita anual foi de R$26.261,02, o que mostra um
aumento do PIB per capita de aproximadamente 277% em 10 anos a cidade de
Quintana.

4.1.1.2) O entorno da escola

A escola fica localizada em uma avenida movimentada, com fluxo de veículos


intenso, pois é uma das principais avenidas de Quintana – SP, próxima à praça
principal e à Igreja Matriz. Por estar localizada no centro da cidade, também fica na
mesma região dos locais mais importantes da cidade (como podemos observar na
Figura 6), como por exemplo, a prefeitura municipal de Quintana, a câmara
municipal de Quintana, a Santa Casa e o comércio local, o que torna o fluxo de
veículos intenso na avenida. Porém, a maior parte das pessoas que moram nas
casas à frente e ao lado da escola são idosos, o que torna o ambiente silencioso,
calmo e tranquilo, como pode-se observar na Figura 7. Atualmente, não existem
obras sendo executadas na rua da escola, outro fator que auxilia na tranquilidade do
local. Ao lado da escola há um ponto de ônibus, o que facilita o acesso dos
estudantes à escola, uma vez que essa escola atende toda a população da cidade,
pois é a única escola de ensino fundamental de Quintana.
66

Figura 55: EMEF Prof. Pedro Sommerhauzer - vista superior

Fonte: (Google Earth, 2021)

Figura 56: Rua da frente da EMEF Prof. Pedro Sommerhauzer

Fonte: O Próprio Autor


67

Figura 57: Ponto de ônibus ao lado da EMEF Prof. Pedro Sommerhauzer

Fonte: O Próprio Autor


68

4.2) Aspectos programático-funcionais

Os aspectos programático-funcionais relacionam-se com as condições de


desempenho de determinado ambiente, quanto a sua funcionalidade,
embasando-se nas atividades para que são destinadas. Por exemplo, a
organização espacial, os acessos e percursos da escola, a segurança do local, a
disposição do layout e do mobiliário, entre outros.

4.2.1) Organização Espacial

O ambiente em que a aprendizagem se dá pode fazer toda a diferença em


como a criança aprende. Conforme Ceppi e Zini (2013)

“[...] um ambiente caracterizado pelas relações que consegue


estimular ou possibilitar: um espaço relacional, cuja qualidade não
deriva de uma Teoria, mas de uma maneira de enxergar, ler, estudar,
interpretar a realidade e de representa-lo com a consciência crítica.”
(CEPPI et al, 2013, p.21).

O espaço físico tem muita importância na relação ensino/aprendizagem. No


referencial curricular isso fica muito explicito. Segundo o Referencial Curricular
Nacional da Educação Infantil (1998),

“as crianças constroem o conhecimento a partir das interações que


estabelecem com as outras pessoas e com o meio em que vivem. O
conhecimento não se constitui em cópia da realidade, mas sim, fruto
de um intenso trabalho de criação, significação e ressignificação.”
(BRASIL, 1998, p 21,22).

De acordo com Horn (2004) o ambiente escolar também é um fator


predominante para o trabalho do professor, sendo assim, é importante que a
disposição dos objetos dentro do ambiente tenha a sua participação e o seu olhar.
(HORN, 2004, p.15.)
69

Segundo Piaget citado por Kramer (2000),

“o desenvolvimento da criança é resultado de questões e situações


que trazem uma correlação entre aquilo que o organismo traz e as
circunstâncias oferecidas pelo meio em ele vive e que a maneira com
o qual aprendemos e assimilamos faz com que aprendamos através
da assimilação dessas adaptações progressivas, que ocorrem com
os estágios de desenvolvimento.” (KRAMER, 2000, P.29).

A organização de um espaço escolar influencia diretamente na relação da


criança com o ambiente, uma vez que a interação acontecerá em determinado
espaço, que pode ser organizado de forma a estimular ou atrapalhar essa interação,
visto que uma boa organização do espaço escolar traz à criança maior clareza em
suas decisões e também traz sensação de bem-estar no ambiente.
Um bom espaço escolar oferece ao aluno áreas de recreação, de convivência
coletiva, favorecendo a interação com os alunos da mesma turma e também de
outras turmas, mas ao mesmo tempo também oferece áreas de concentração
individual, visto que o aluno também precisa de momentos de privacidade, área de
descanso, de concentração, ou simplesmente pelo desejo de ficar só por um tempo.
Esses espaços podem funcionar muito bem nos corredores, devido ao melhor
aproveitamento de um espaço que é destinado apenas para a circulação horizontal,
e consequentemente suaviza a sensação de mal-estar que trazem os corredores
longos, estreitos e vazios. Os corredores da escola estudada são longos, vazios e
sem cor, o que não estimula a criatividade do usuário.
Outro fator importante para a boa organização de uma escola é a sua
setorização. Os ambientes devem ser estrategicamente pensados e distribuídos,
levando em consideração qual espaço é mais vantajoso ficar próximo de outro
espaço, seguindo a lógica de proporcionar uma interação inteligente entre os
ambientes, não apenas encaixando salas em lugares não apropriados.
A setorização da escola estudada não foi pensada estrategicamente, visto
que os alunos precisam caminhar um longo percurso para ir ao banheiro, que fica do
lado externo da escola, ao lado do palco. Os banheiros de dentro do bloco das salas
de aula são destinados apenas aos professores, servidores e funcionários da escola.
Os alunos que estudam no andar superior precisam descer as escadas e se
deslocarem até o pátio para ir ao banheiro, pois não há sanitários no andar superior.
70

Figura 58 - Setorização da escola

Fonte: O Próprio Autor


71

A escola não conta com plataformas elevatórias nem elevadores, e a sala de


atendimento aos alunos com necessidades especiais fica no andar superior, o que
atrapalha o deslocamento vertical de eventuais alunos com deficiência física. A
escolha da localização da sala de atendimento a alunos com necessidades
especiais não favorece a inclusão nem a interação do aluno com o ambiente, uma
vez que é mais difícil para esse aluno chegar até essa sala.
Um aluno com autismo ou TOC, por exemplo, poderia se sentir irritado ou
inquieto com tantas cores, texturas e desorganização em um ambiente pequeno
como essa sala, que, a princípio, é destinada justamente para ele se sentir bem. É
necessário que haja uma preocupação maior com esses detalhes, para que todos os
alunos se sintam inclusos e tenham um ambiente preparado e pensado para seu
aprendizado.
Outro ponto importante na analise da interação do aluno com o ambiente
escolar é a integração dos ambientes internos e externos. É relevante que se projete
salas de aula com fácil acesso ao espaço externo, integrando os dois ambientes,
pois isso é favorável ao aprendizado do aluno, uma vez que o contato com a
natureza estimula a curiosidade e a criatividade da criança. É importante que haja a
possibilidade de realizar uma aula no exterior da escola, em um espaço aberto, com
contato com a natureza, e não apenas aulas expositivas tradicionais.
Na EMEF Prof. Pedro Sommerhauzer as salas de aula não foram projetadas
para terem contato direto com o exterior, mas pela janela tem-se a visão das árvores
do lado de fora, o que torna o ambiente agradável para os alunos. Além disso,
segundo professores da escola, existe a possibilidade dos alunos realizarem
atividades ao ar livre, no exterior da escola, já que a escola conta com um gramado
com árvores grandes, conforme a imagem abaixo.
72

Figura 59: Gramado com árvores grandes na parte de trás da escola

Fonte: Acervo Particular da Instituição

Segundo Azevedo (2002),

“A localização de determinados ambientes pode também enfatizar


a filosofia pedagógica adotada pela escola, assim como valorizar seu
caráter e significados. A localização central e privilegiada da
biblioteca destaca a ênfase dada pela instituição ao hábito da leitura,
por exemplo; e ainda, as dimensões e a ordenação espacial podem
identificar a escola com uma imagem mais institucional ou
residencial.” (AZEVEDO, 2002, P.19).

Na escola analisada, a biblioteca não está em funcionamento. No momento


ela se encontra trancada e, segundo funcionários da escola, está prevista uma
reforma na biblioteca há alguns meses e logo o projeto será executado. Antes, a
biblioteca ficava localizada em um bloco externo da escola, muito mal localizada em
relação às salas de aula. Os alunos tinham que percorrer dois corredores grandes e
o pátio inteiro para conseguir chegar na biblioteca, que hoje está fechada.
73

Figura 60: Porta da biblioteca (trancada)

Fonte: Acervo Particular da Instituição

4.2.2) Acessos e Percursos

Em uma escola é muito importante que se pense e se projete os acessos e


percursos, como corredores, rampas, escadas, desníveis, entre outros, de maneira a
integrar os alunos com espaço escolar. Segundo Azevedo (2002),

“O espaço de chegada à escola funciona como uma espécie de


"boas-vindas" da escola; sua qualidade ambiental vai depender de
aspectos que favoreçam essa receptividade entre alunos, pais e
instituição, e que, ao mesmo tempo, assegurem aos pais o fator
segurança. As entradas principais devem ser facilmente
identificadas, e devem contar com algum mecanismo que controle o
acesso dos usuários e visitantes, de maneira a garantir a segurança
dos primeiros.” (AZEVEDO, 2002, P.19).

É necessário que se pense em uma área para as crianças brincarem logo na


entrada, para que assim elas se familiarizem com o espaço escolar já na hora que
74

entrarem na escola, e se sintam a vontade para permanecerem ali. É comum que as


crianças menores sintam medo de deixarem seus pais ao entrarem na escola,
muitas até choram e é trabalhoso fazê-las se acalmarem para permanecerem em
seu local de aprendizado. Por isso o ambiente precisa ser atrativo para as crianças,
com cores vivas, com parquinhos, brinquedos e atividades para elas se sentirem
parte do ambiente e não um ambiente monótono, pálido, sem vida, que traga medo
e desconforto para os alunos.
Também é necessário que na entrada da escola haja um estacionamento
projetado para atender os pais dos alunos e os professores, funcionários e
servidores da escola, evitando fluxo intenso e aglomeração de automóveis na rua da
escola, que podem causar acidentes ou atrasos nos horários das atividades
escolares.
A entrada dos alunos na escola EMEF Prof. Pedro Soummerhauzer é estreita,
uma porta pequena, e o espaço escolar não é colorido e atrativo, é todo verde com
algumas paredes em amarelo. Existe apenas uma espécie de “amarelinha” pintada
no chão ao lado da entrada, conforme as imagens abaixo.

Figura 61: Porta de entrada da escola

Fonte: Acervo Particular da Instituição


75

Figura 62: Amarelinha ao lado da entrada da escola

Fonte: Acervo Particular da Instituição

Figura 63: Amarelinha ao lado da entrada da escola

Fonte: Acervo Particular da Instituição


76

A entrada da escola, apesar de conter esses desenhos pintados no chão para


as crianças brincarem, que chamam a atenção delas e traz o prazer em entrar na
escola, poderia ser mais atrativa se tivesse um parquinho, alguns brinquedos ou
espaços coloridos e chamativos logo na entrada para as crianças. Se as paredes
fossem coloridas, pintadas com desenhos, isso também seria uma forma de
despertar o interesse dos alunos.
O estacionamento da escola fica na parte da frente da escola, na rua
perpendicular à entrada das crianças, e mesmo sendo pequeno, segundo servidores
da escola, é o suficiente para a demanda e não causa problemas no fluxo de
automóveis na hora da entrada e da saída dos alunos.

Figura 64: Estacionamento da escola

Fonte: Acervo Particular da Instituição

Segundo Azevedo (2002),

“A relação entre as áreas de circulação e as áreas de atividades


deve ser coerente de maneira a facilitar a integração dos ambientes,
evitando-se o desperdício de espaço e longos percursos; as
circulações horizontais devem estar na medida do possível,
concentradas, privando-se da utilização de corredores muito
extensos” (AZEVEDO, 2002, P.26).
77

Os corredores internos da instituição são longos, amarelos e vazios, o que


não desperta a criatividade e o interesse dos alunos. O ideal é que fossem
projetados espaços de lazer ao longo do corredor, com bancos, painéis para as
crianças desenharem, mesinhas pequenas com desenhos para pintarem, armários
coloridos para guardarem seus pertences ou qualquer outra atividade para
realizarem ali nos horários vagos. Algo que trouxesse a sensação de vida dentro dos
corredores, não de uma tela em branco, que pode causar nos alunos uma sensação
de desconforto e abandono. Outro ponto muito interessante seria que os corredores
tivessem visão do exterior do prédio, para os alunos não se sentirem presos e
enclausurados no prédio, podendo contemplar uma paisagem enquanto caminham
nos corredores.

Figura 65: Corredor do térreo

Fonte: Acervo Particular da Instituição


78

Figura 66: Corredor do andar superior

Fonte: Acervo Particular da Instituição

A autora Azevedo (2002) também afirma em sua análise que deve haver uma
coerência nos espaços destinados a circulação, ou seja, nos corredores.

“As proporções desses espaços devem ser coerentes ao tipo e a


quantidade de tráfego que tenha que canalizar; por exemplo, uma via
estreita e fechada funcionará simplesmente como espaço de
passagem, estimulando a circulação. Enquanto que, espaços mais
amplos e abertos podem se converterem aos espaços que
atravessam, tornando-se prolongamento destes, garantindo uma
continuidade visual e oferecendo a possibilidade de descanso e
contemplação.” (AZEVEDO, 2002, P.27)

Outro ponto fundamental para o bom funcionamento de uma escola e uma


boa interação dos alunos com o espaço escolar é que toda a circulação horizontal
da edificação esteja bem resolvida em rampas de acesso, oferecendo qualidade
ambiental e acessibilidade a eventuais portadores de deficiência. A escola em
análise conta com rampas de acesso em todos os pontos necessários, exceto para
acesso ao palco que há no refeitório, que há apenas escadas laterais.
79

Figura 67: Rampa de acesso ao interior da escola

Fonte: Acervo Particular da Instituição

Figura 68: Rampa de acesso ao refeitório

Fonte: Acervo Particular da Instituição


80

Concluindo, de acordo com o pensamento da autora Azevedo (2002), cada


detalhe dos edifícios escolares devem ser pensados a fim de trazer bem estar para
os alunos, além de estimular as suas habilidades e o seu aprendizado. Além disso, o
ambiente deve ser confortável e seguro, para que o aluno se adapte a escola com
facilidade.

“Todas essas características e significados da edificação podem ser


tratados e sublinhados de maneira a colaborar com o
desenvolvimento da inteligência da criança de suas habilidades
psicossociais e motoras revelando não só aspectos relacionados à
descoberta dos espaços, mas também, utilizados diretamente para o
aprendizado de formas geométricas, cores, tamanhos, texturas,
direções etc., além de contribuírem também com o desenvolvimento
emocional, conferindo um apelo estético ao edifício que facilite a
adaptação à escola. As áreas da entrada devem ser alegres e
convidativas e com tamanho e escala que não amedrontem a
criança; os percursos ou espaços de distribuição devem ser tratados
com cores e formas variadas, estimulando a curiosidade das crianças
e convidando-as a participarem dos espaços contíguos.
Oportunidade de tocar, ver, sentir e ouvir com variedade, estimula os
sentidos, contribuindo com o aprendizado e o desenvolvimento da
inteligência.” (AZEVEDO, 2002, P.27)

4.2.3) Adequação do layout escolar

A Norma Técnica Brasileira determina que:

[...] as edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos


determina que escolas brasileiras públicas e privadas devem ser
acessíveis. A obrigatoriedade visa ao desenvolvimento da cultura de
valores inclusivos na rede de ensino e traz diversos benefícios.
(ABNT NBR 9050, 2015).

De acordo com Azevedo (2002), o mobiliário de uma escola deve ser


adaptável às necessidades dos alunos. Visando estimular a interação com o
ambiente e com os outros alunos, é preferível que as mesas e cadeiras sejam de
fácil movimentação, podendo ser remanejadas em sala de aula para formar duplas,
grupos, círculos para conversas, para assistirem filmes ou vídeos, não apenas
carteiras fixas e enfileiradas no modelo de aulas expositivas tradicionais. É
importante que as dimensões das carteiras atendam a faixa etária específica que se
propuserem, variando os tamanhos de acordo com a idade da criança.
81

“As características ambientais funcionais imprescindíveis à


adequação dos espaços às atividades destinadas são aquelas
relacionadas ao dimensionamento e à forma dos mesmos; às
relações mais frequentes entre os conjuntos funcionais; às
dimensões e forma das circulações; à existência de mobiliário
ergonomicamente adaptado à faixa etária, além da disponibilidade
dos mesmos à realização das atividades armários, escaninhos e
bancadas com pia nas salas de aula, por exemplo; à flexibilidade do
ambiente em possibilitar diferentes arranjos do layout e a
versatilidade à diferentes usos, como por exemplo adaptação das
salas para projeção de filmes, requerendo instalação elétrica
compatível e proteção das aberturas.” (AZEVEDO, 2002, P.18)

É necessário que a escolha do mobiliário seja pensada no projeto do edifício


escolar, no momento do dimensionamento dos ambientes, evitando quinas em locais
perigosos, armários atrapalhando a passagem, mesas com dimensões inapropriadas
para o tamanho dos alunos, tudo isso visando que o aluno se sinta bem no ambiente
escolar e tenha todos esses detalhes pensados a favor do seu aprendizado e do seu
desenvolvimento escolar e pessoal.
A escolha das formas do mobiliário e dos objetos em sala de aula também é
importante serem pensadas. Escolher formas geométricas diferentes, não
convencionais, como círculos, losangos, triângulos, entre outros, pode estimular a
curiosidade dos alunos, o que é favorável ao seu aprendizado. A decoração da sala
de aula deve procurar evitar poluição visual, excesso de informações, como textos e
coisas aleatórias coladas nas paredes sem organização. Ao contrário disso, procurar
manter-se organizada e ao mesmo tempo colorida e com variedades de formas
geométricas e texturas, para estimular a curiosidade e a criatividade sem cansar os
alunos visualmente. Também é importante que o mobiliário seja pensado para
atender eventuais alunos com deficiência, visando a acessibilidade e a integração.

“De acordo com o IBAM (1996), a definição do mobiliário é um fator


importante no processo de planejamento da edificação escolar,
estando atrelado inclusive, ao próprio dimensionamento dos
ambientes. Alguns critérios básicos deverão ser considerados, como
a adequação às dimensões e às dinâmicas corporais da criança,
levando-se em conta seu desenvolvimento físico ao longo do
processo educacional; a flexibilidade de uso nas possibilidades de
arranjo espacial e os aspectos técnico- construtivos resistências,
segurança, índice de reflexão luminosa e manutenção. Além desses
aspectos, existe também a possibilidade de utilizar cadeiras, mesas
ou outros equipamentos que apresentem cores e formas geométricas
diferenciadas, quadrado, círculo, retângulo, que possam também
estimular o aprendizado.” (AZEVEDO, 2002, P.112)
82

Na escola analisada o mobiliário varia de acordo com a faixa etária, ou seja,


existem dois layouts de sala de aula, um para as crianças maiores e outro para as
crianças menores. As mesas das crianças maiores são grandes, mais altas e
brancas. Já as mesas das crianças menores são menores, mais baixas e amarelas,
conforme as imagens abaixo.

Figura 69: Modelo de sala de aula dos alunos dos 4° e 5° anos.

Fonte: Acervo Particular da Instituição


83

Figura 70: Modelo de sala de aula dos alunos dos 2° e 3° anos.

Fonte: Acervo Particular da Instituição

As carteiras não são fixas no chão, o que é vantajoso considerando uma


abordagem interacionista, uma vez que ficam livres para trabalharem em duplas,
grupos, círculos, ou qualquer outra disposição espacial que se sentirem a vontade,
com a orientação do professor.

A organização e a limpeza de uma sala de aula devem ser pensadas para


zelar pela saúde física e mental daqueles que utilizam o espaço, pois é nesse
ambiente que o aluno vai encontrar meios para se desenvolver e aprender com o
professor e com o ambiente em que se está inserido.
O espaço físico da escola merece todo o cuidado no que se diz respeito a
organização e limpeza, e é importante que todos que estão nesse ambiente se
preocupem em mantê-lo organizado. A limpeza deve se estender ao longo do
edifício escolar, atingindo todos os setores, incluindo os utensílios e materiais a
serem usados.
84

As salas de aula da escola em análise são muito limpas e organizadas, e


conta com profissionais capacitados para manter o espaço sempre em ordem.
Segundo servidores da escola, não há problemas em relação a isso, já que manter o
espaço organizado a favor da segurança das crianças é prioridade de todos na
escola, e isso inclusive é fortemente ensinado às crianças, que, por exemplo, são
instruídas a separar o lixo em materiais recicláveis ou orgânicos, limpar as carteiras
periodicamente e manter sempre seu espaço arrumado.

Figura 71: Latas de lixo organizadas por tipo de material.

Fonte: Acervo Particular da Instituição

Segundo o autor Dantas (2008), quando se fala sobre poluição visual em um


ambiente escolar, na grande maioria das vezes não se trata de um trabalho de
engenharia ou arquitetura, mas de um trabalho pedagógico. Se ao entrarmos numa
sala de aula com cores suaves, nas paredes existirem uma infinidade de cartazes e
desenhos informativos sem nexo e sem planejamento, apenas como um excesso de
informações, como por exemplo, alfabeto colorido, lista de presença com
personagens infantis enormes, calendários velhos, coloridos e cansativos, tudo isso
com a finalidade de chamar a atenção das crianças, isso acaba se tornando poluição
visual. (DANTAS, 2008).

A poluição visual “gera desarmonia ou desequilíbrio no meio


ambiente artificial [...], prejudicando o bem estar da população,
comprometendo a saúde das pessoas, através de efeitos
psicológicos difíceis de serem diagnosticados, enquadrando-se no
conceito jurídico de poluição (art. 3º, III, da Lei n. 6.938/81)”
(CASTANHEIRO, 2009).
85

Para Dantas e Silva (2008), o excesso de objetos colocados em determinado


local de forma desarmônica, é responsável pelo cansaço visual, e podem provocar
dor de cabeça, sonolência, cansaço, entre outros sintomas negativos. Tudo deve ser
pensado de forma harmônica e não obsoleta, a fim de despertar a curiosidade das
crianças sem deixarem-nas visualmente cansadas.
Nas salas da coordenação e de atendimento educacional especializado pode-
se observar desorganização e poluição visual, devido ao excesso de objetos e ao
excesso de cores distribuídos por toda a sala, conforme as imagens abaixo.

Figura 72: Poluição visual na sala da coordenação

Fonte: Acervo Particular da Instituição

Figura 73: Poluição visual na sala de atendimento educacional especializado

Fonte: Acervo Particular da Instituição


86

4.2.4) Luminosidade e Acústica

A luminosidade e a acústica de um ambiente são fatores importantíssimos


para a qualidade do aprendizado dos alunos. Em um ambiente escuro, com a falta
de iluminação natural, há dificuldade para os alunos enxergarem a lousa, e
automaticamente dificulta a absorção do conteúdo passado pelo professor. Existem
muitos problemas relacionados a má iluminação da escola, como por exemplo,
dores de cabeça, fadiga, cansaço e irritação nos olhos. (MAJOROS ,1998 apud
AMORIM 2002).
Em um ambiente com a acústica insatisfatória também há dificuldade em
aprender, uma vez que o principal instrumento de ensino do professor é sua voz.
Se os alunos não o escutarem direito, não conseguirão absorvem o conteúdo
ministrado a eles.

A NBR17, que trata sobre ergonomia, diz que:

Os locais devem ser dotados de condições acústicas adequadas,


adotando-se de medidas que atendas aos itens da norma brasileira
NBR-10152/87 que é a única a estabelecer uma diretriz, ou seja, um
valor mínimo e um valor máximo aceitável para o ruído ambiente, na
escola ainda contamos com a dificuldade de possuir salas onde o
controle acústico deve ser ainda mais intenso como nas salas de arte
onde se utiliza a música como coadjuvante da aprendizagem.
(BRASIL, 2017)

Para que o espaço tenha uma acústica de qualidade reparos devem ser
realizados a fim de impedir a má propagação do som. Quando o isolamento sonoro
acontece de forma correta, os ruídos externos indesejados são resolvidos, ou
passam despercebidos, pois passam a representar incomodo desprezível. (Barreiros
e Sopchaki, 2013)

O autor Ferreira (2008) mostra que a função de entregar uma qualidade


luminosa e acústica em um ambiente escolar é do projetista responsável por esse
edifício.
87

O papel dos arquitetos, engenheiros, técnicos e projetistas no


desenvolvimento das cidades e na adequação do edifício à dinâmica
das transformações contemporâneas são imprescindíveis. Estes
devem considerar que a edificação escolar, onde a inteligibilidade da
fala é fundamental, necessita de tratamento acústico. Alguns
arquitetos têm dificuldade de compreender a acústica como parte do
projeto arquitetônico. As condições acústicas adequadas contribuem
para um melhor aprendizado nas salas de aula, contudo essa
característica tem sido frequentemente negligenciada. (FERREIRA,
2008).

É necessário que a iluminação natural seja integrada ao ambiente escolar,


para melhorar a qualidade ambiental e para fornecer energia e vitalidade ao
ambiente, além de trazer benefícios financeiros, uma vez que a iluminação natural é
sustentável, e pode trazer uma economia de até 82% no ano.

A iluminação natural proporciona grandes vantagens e pode ser


usada para se alcançar uma maior qualidade no meio ambiente e até
mesmo eficiência energética nas edificações, e entre alguns pontos
positivos que a luz natural proporciona, pode-se apresentar alguns.
(MAJOROS, 1998 apud AMORIM, 2002).

As salas da escola analisada são bem iluminadas, com bastante entrada de


luz natural através de grandes janelas na parede perpendicular à lousa, protegidas
por cortinas de cores escuras, o que é o correto, uma vez que não é indicado que a
fonte principal de luz seja posicionada paralela à lousa, e nem sem a proteção de
uma cortina escura, já que os raios de sol incidindo na lousa causam cansaço e
irritação nos olhos dos alunos.

Das janelas podem-se observar as árvores do lado de fora da escola, o que


também é favorável ao bem estar do aluno, pois o contato com a natureza desperta
sentimentos agradáveis aos alunos, e poder olhar o lado de fora evita as sensações
de medo e claustrofobia. As salas analisadas são bem ventiladas, todas com
ventiladores em bom estado, e, segundo servidores da instituição, e segundo foi
observado e analisado durante a aplicação de um teste com as crianças em sala de
aula, não há problemas relacionados à acústica da sala de aula.
88

Na imagem abaixo pode-se observar a iluminação e a vista das janelas das


salas de aula da escola analisada.

Figura 74: Iluminação da sala de aula

Fonte: Acervo Particular da Instituição


89

4.3) Aspectos estético-compositivos

Os aspectos estético-compositivos relacionam-se com as condições de


desempenho de determinado ambiente, quanto a sua imagem. A estética de um
ambiente tem o poder de despertar a curiosidade e a criatividade da criança, bem
como estimular os seus sentidos. Por exemplo, a diversidade de cores, padrões,
formas, texturas e símbolos de um espaço escolar, ou seja, cada elemento visual do
edifício.
É comprovado que as cores influenciam na aprendizagem. No decorrer do
tempo, a psicologia das cores vem ganhando espaço em todos os ambientes,
inclusive no ambiente escolar, pois sabe-se que as cores tem influência direta na
concentração e na resposta de nosso cérebro a determinadas situações de
aprendizagem. Leger apud Heller (2017) afirma que a cor no ambiente é algo
primordial e que as cores vieram para ter seu espaço e sua importância. A cor,
portanto, é um elemento essencial na relação espaço/usuário.

As cores quentes remetem a alegria, vivacidade e calor, como uma tarde de


verão. As cores vermelha, amarela, laranja são muito bem-vindas em um ambiente
em que se deseja trazer sensações de alegria. Já as cores frias, como por exemplo
o azul claro, verde claro e lilás remetem a sensações de calma e tranquilidade, o
que é muito bem vindo em áreas da escola como a biblioteca, ou outras áreas que
exijam maior concentração dos alunos. As cores tem o poder de influenciar as
emoções das pessoas. Cada cor pode despertar uma sensação diferente, como
alegria e energia, efeito das cores quentes, ou até sensações de tristeza e mal-estar,
causadas por cores escuras e caídas, como por exemplo, preto e cinza. Além disso,
as cores de um ambiente podem influenciam significativamente nos processos de
educação e aprendizagem. Os alunos adquirem um grau de concentração mais
avançado quando expostos a cores mais intensas e quentes, uma vez que essas
cores podem despertar a atenção e instigar a criatividade de quem está exposto a
um ambiente de aprendizado.
90

O autor Azevedo (2000) considera que:

[...] todas as atividades humanas sofrem influência de três


aspectos: físico, cognitivo e psíquico, e que a conjugação adequada
desses fatores permite projetar ambientes seguros, confortáveis e
eficientes. Em uma abordagem ergonômica é necessário conhecer a
atividade que se desenvolverá no ambiente antes de configurá-lo. No
caso de um ambiente de ensino, para as atividades a serem
desenvolvidas, é necessário estabelecer uma sensação de conforto
ambiental que propicie a criatividade, motivação, interação, evitando
assim ambientes que gerem fadiga e monotonia, que impeça o
processo de aprendizagem. (AZEVEDO, et al, 2000).

Lacy (1996, p.46-47) demonstra que o ideal é usar em um ambiente a


combinação de uma cor quente e uma cor fria, uma vez que existem cores ideais
para a decoração de um ambiente de ensino. Por exemplo, a cor laranja pode
auxiliar na liberação das emoções dos alunos, ou seja, ajuda-o a se expressar e
ajuda também na comunicação do aluno com seus colegas e com seus professores,
além de vitaliza-lo e ter o poder de estimular a criatividade. Já a cor azul possui um
poder terapêutico, uma vez que é considerada uma cor fria, deve ser utilizada na
realização de atividades, pois desperta a sensação de calma, diminuindo a
ansiedade, o medo e a angústia.
Na análise realizada na escola EMEF Prof. Pedro Sommerhauzer, notou-se
que sua estética é simples e, apesar da escola ser muito organizada e tudo
aparentemente ser feito com muito capricho, no que diz respeito a formas, texturas e
cores, deixa a desejar.
A escola analisada segue um mesmo padrão em todos os ambientes, ou seja,
não trabalha com diferentes formas e padrões (como salas redondas, por exemplo).
Ela é simplificada em suas formas, sem nada de diferente do tradicional. A escola
não conta com diferentes texturas, é inteira pintada com tinta óleo (o que é vantajoso
por ser uma tinta lavável e de fácil limpeza e manutenção). A parte interna da escola
inteira é pintada de amarelo claro, e a cor faz com que os corredores da escola
lembram corredores de hospitais. O exterior é quase que inteiramente pintado da cor
verde clara, uma cor que acalma, mas a falta de cores quentes no ambiente não
desperta nos alunos a curiosidade, a criatividade e diversas outras sensações
importantes citadas anteriormente.
91

Nas imagens abaixo pode-se observar a escolha das cores da parte de dentro
e na parte de fora da escola analisada.

Figura 75: Cor interna da escola

Fonte: Acervo Particular da Instituição

Figura 76: Cor externa da escola

Fonte: Acervo Particular da Instituição


92

4.4) Os Wish Poems e os Mapas Mentais

4.4.1) Aplicação dos Wish Poems

Segundo a definição de Azevedo (2002) em seu trabalho, os wish poems são


importantes para interpretarmos os sentimentos e as sensações dos alunos em
relação à escola.

[...] A elaboração dos "poemas de desejos" Ou "wish poems"


consiste segundo SANOFF (1996), em um método no qual
professores e estudantes relatam seus desejos a partir de uma frase
aberta: "Eu gostaria que a minha escola..." As respostas podem ser
traduzidas através de frases escritas e/ou desenhos esquemáticos,
representando os sonhos, desejos e expectativas com relação à
escola ideal. A análise dos resultados dos "wish poems" vai fornecer
subsídios para a construção do imaginário coletivo da escola.
(AZEVEDO, 2002, pág. 132)

A aplicação dos wish poems foi realizada de forma simples, em um horário


pré-estabelecido pela coordenadora, que seria cedido do próprio horário de aula dos
alunos, com a permissão das professoras. Foi entregue aos alunos de diferentes
idades (8, 9 e 10 anos) e de diferentes turmas (3° e 4° ano) folhas de papel A4 com
a seguinte pergunta: “O que você mudaria em sua escola?”.
Os alunos foram muito participativos e ágeis em suas respostas, e
demostraram muito interesse em ajudarem no trabalho proposto a eles. Alguns
alunos escreveram, outros desenharam, pois não sabiam escrever, e outros falaram
suas respostas para mim e eu escrevi na folha para eles. O tempo dado aos alunos
para responderem essa pergunta foi de 10 minutos, e a maioria terminou de
responder antes do tempo acabar.
As respostas dadas pelos alunos foram separadas pela faixa etária, e a
pergunta foi respondida por um total de 24 alunos, o que representa uma amostra de
10% dos alunos da escola.
93

4.4.1.1) Resposta dos alunos de oito anos de idade:

“Eu gostaria que a minha escola...”

... fosse azul, pois essa cor traz alegria.


... tivesse parquinhos para brincar.
... tivesse uma biblioteca com livros para pintar.
... tivesse um cachorro pequenininho.
... tivesse uma bicicleta para eu andar.
... tivesse um monte de flores e borboletas.
... fosse exatamente como ela é, eu não mudaria nada.

4.4.1.2) Resposta dos alunos de nove anos de idade:

... fosse mais colorida.


... tivesse um parque lá fora.
... tivesse mais jogos.
... tivesse mais árvores lá fora.
... fosse pintada das cores rosa e ciano.
... batesse menos sol no corredor.
... não tivesse uma sala de aula tão bagunçada.
... tivesse mais bancos para sentar e poder ler lá fora.
... não fosse tão calor aqui quando está sol.

4.4.1.3) Resposta dos alunos de dez anos de idade:

... não tivesse o bloco externo, pois tenho medo.


... fosse mais arrumada.
... fosse pintada de rosa, pois é uma cor alegre.
... fosse rosa e azul, pois tudo amarelo me dá medo.
... não tivesse uma cor tão feia.
... tivesse banheiros mais perto das salas.
... não tivesse essa escada.
... tivesse coca-cola no bebedouro.
94

Os resultados verificados no teste dos Nish Poemas conferem com a


avaliação técnica da escola em alguns pontos, principalmente no que diz respeito as
cores, uma vez que vários alunos relataram que mudariam a cor da escola. Outros
alunos disseram que mudariam a distância dos banheiros e das salas de aula, pois
fica muito longe, observação que já havia sido constatada na avaliação técnica da
escola. Outros alunos relataram que a escola deveria ser mais organizada, outro
ponto já notado na avaliação.
Um ponto interessante nas respostas dos alunos foi o desejo expressado por
eles de ter mais árvores no espaço externo, ou seja, o desejo dos alunos em ter
contato com a natureza na escola foi comprovado no teste. Outro ponto interessante
na análise dos wish poems foi o desejo dos alunos por ter jogos e parquinhos para
eles brincarem na escola. Mesmo tendo bastante espaço livre, a escola não conta
com brinquedos para as crianças, e elas sentem falta disso.
A falta da biblioteca também foi citada nas respostas dos alunos, o que
mostra a importância desse espaço no desenvolvimento do aprendizado e na
formação das crianças de diversas idades, desde os menores que querem apenas
alguns livros para colorir, até os maiores que gostariam de mais bancos lá fora para
sentarem e lerem livros.
95

4.4.2) A aplicação dos Mapas Mentais

Um mapa mental é uma estratégia de gerenciar informações de maneira


visual em diversas áreas do conhecimento. Foi dado a vinte e quatro alunos de
oito, nove e dez anos da EMEF Prof. Pedro Sommerhauzer uma atividade em
uma folha de papel A4, em que eles deveriam hachurar os ambientes da
escola de acordo com os sentimentos que aquele ambiente traz a ele. Ficou a
critério dos alunos utilizarem os sentimentos e as hachuras que foram
colocadas no questionário, ou criar o próprio sentimento e escrevesse dentro
do espaço da escola. Todas as orientações estavam escritas na folha do teste.
O teste foi realizado em horário de aula, com a orientação da
coordenadora da escola, e os alunos interagiram muito bem com a atividade. A
atividade foi explicada de modo geral, para todos os alunos, à frente da sala
de aula, e depois foi aberto para os alunos que tivessem dúvidas erguerem a
mão para terem atendimento individual para a explicação da atividade. A
atividade durou cerca de trinta minutos.
Todos os alunos se orientaram pelos sentimentos pré-definidos no
questionário, ou seja, nenhum deles listou outro sentimento diferente de:
alegria, desconforto, medo, abandono, angustia, bem estar e tranquilidade. Os
alunos ficaram livres para listar quantos sentimentos quisessem no mesmo
ambiente, ou seja, não ficaram limitados a apenas um sentimento por
ambiente. Na imagem abaixo pode-se observar com detalhes como era a
atividade que foi aplicada para os alunos realizarem.
96

Figura 77: Teste – Mapa mental

Fonte: O Próprio Autor

Os resultados do teste foram transcritos na tabela abaixo, na qual se


pode observar o número de alunos que responderam que determinado
ambiente causa determinado sentimento.

Tabela 1: Resultados – Mapa mental

PÁTIO SALA DE AULA ADMINISTRAÇÃO QUADRA CORREDOR WC

ALEGRIA 11 9 0 12 - -
DESCONFORTO 1 - 1 - - -
MEDO - - 13 - - -
ABANDONO 2 - 1 - - -
ANGUSTIA 1 - - - - -
BEM ESTAR 2 2 3 1 - 2
TRANQUILIDADE 6 6 1 2 1 1

Fonte: O Próprio Autor


97

Nota-se que a quadra, a sala de aula e o pátio trazem, na grande maioria das
respostas, sensações positivas os alunos, como alegria, tranquilidade e bem estar.
Já o bloco administrativo, devido à presença da diretoria nesse bloco, traz
sensações negativas na grande maioria dos alunos, como medo e desconforto.
Em relação aos banheiros e aos corredores, a grande maioria dos alunos
ficaram neutros, e disseram que seus sentimentos quanto a esses espaços eram
indiferentes, ou seja, não despertavam sentimento nenhum. A indiferença em
relação aos corredores reforça os resultados obtidos na avaliação técnica, uma vez
que foi dito que os corredores pálidos e sem vida não despertavam a criatividade e a
imaginação dos alunos. Se o ambiente fosse pensado e projetado melhor, poderia
trazer sensações positivas aos alunos, e não a indiferença.
Dois alunos responderam que sentem sensações de abandono no pátio, e
quando questionados do motivo disso, ambos deram a mesma resposta. Eles
disseram que é porque o bloco externo em desuso, que fica localizado no pátio,
deixa-os assustados e causa sensação de abandono.
98

4.4.3) A aplicação do questionário de satisfação do usuário

O questionário de satisfação do usuário foi aplicado para os mesmos 24


alunos que realizaram a atividade do mapa mental e dos wish poems. Devido ao fato
de que alguns alunos não sabiam escrever, o questionário foi aplicado em grupo,
mas explicado individualmente para cada aluno. Essa atividade durou cerca de
quinze minutos, e aconteceu logo após a atividade do mapa mental. Cala aluno
recebeu um questionário em folha de papel A4, o qual contava com nove perguntas
com alternativas, e as crianças também tinham a liberdade de selecionar quantos
ambientes elas quisessem, sem limitação de quantidade. Na figura abaixo tem-se o
questionário, e pode-se observar quais perguntas foram feitas aos alunos.

Figura 78: Questionário de satisfação do usuário

Fonte: O Próprio Autor


99

Tabela 2: Resultados – Questionário de satisfação do usuário

SENTE SENTE LUGAR QUE LUGAR QUE LUGAR MAIS LUGAR QUE GOSTA DE
SONO CANSAÇO MAIS GOSTA MENOS GOSTA IMPORTANTE FICAR COM OS AMIGOS

SALA DE AULA 14 1 7 - 14 4
QUADRA 1 8 8 1 3 12
ADMINISTRAÇÃO - - - 10 - -
CORREDOR - 5 - - - -
PÁTIO 4 2 - - 2 4

Fonte: O Próprio Autor

Um ponto interessante sobre as respostas dos alunos a essa parte do


questionário é que os mesmos alunos que disseram que a sala de aula causa sono
foram os que disseram que considera a sala de aula como o lugar mais importante
da escola. Ou seja, reconhecem a importância da sala de aula e enxergam que o
fato de sentirem sono naquele ambiente é um problema.
Se a sala de aula fosse mais colorida, mais viva e mais dinâmica e se
houvesse maior interação dos alunos com o espaço, tanto interno quanto externo,
eles se sentiriam mais a vontade na sala de aula, mais vivos e alegres, e não
sentiriam tanto sono. Mais uma vez, o bloco administrativo recebeu respostas
negativas em peso quando foi perguntado qual o espaço que menos gostam na
escola. A justificativa de todos foi a mesma, eles têm medo da sala da diretora, que
fica no bloco administrativo.
Quando perguntado sobre qual o ambiente sentem mais cansaço, a grande
maioria respondeu a opção “quadra”. A justificativa para isso é que a quadra é
grande, e eles utilizam o espaço para correr e brincar, por isso ficam cansados.
Outra opção com muitas respostas foi “corredores”. Uma justificativa plausível para
isso é que os corredores da escola são muito longos e monótonos, e trazem a
sensação de cansaço tanto física, por terem que andar bastante para chegar até a
sala de aula, quanto emocional, uma vez que é pálido e vazio, e não tem nenhum
ponto que desperte o interesse das crianças.
O lugar preferido de encontro das crianças da escola é a quadra. Metade das
respostas aponta que o lugar que eles mais gostam de se reunir para brincarem e
passar o tempo junto é na quadra.
100

Tabela 3: Resultados – O que você mudaria na sua sala de aula?

NADA COR MESAS CADEIRAS


SALA DE AULA 5 10 6 6

Fonte: O Próprio Autor

Quando questionados do motivo pelo qual trocariam as mesas e cadeiras,


disseram que as mesas estavam velhas, sujas, rabiscadas, e que não gostavam da
aparência delas. Ou seja, o fator principal para essas respostas foi estético, e não
conforto ou segurança. A mudança da cor também é um fator estético, muitas não
gostam da cor amarela, outras afirmam que a cor da escola dá medo.

Tabela 4: Resultados – O que você mudaria no espaço externo?

NADA MAIS ÁRVORES MAIS BANCOS OUTRO


ESPAÇO 1 11 8 5
EXTERNO

Fonte: O Próprio Autor

Dos alunos que responderam a opção “outro”, dois deles justificaram que
colocariam um parquinho lá fora, um relatou que gostaria que tivesse uma biblioteca
grande em funcionamento e os outros dois gostariam que colocassem jogos para
eles brincarem.
O desejo por mais árvores, novamente expressa o desejo dos alunos pelo
contato com a natureza, o que é fundamental quando se pensa em uma abordagem
interacionista. A interação do aluno com as árvores e com a natureza é muito
necessária em uma escola.
Os alunos que disseram que gostaria que a escola tivessem mais bancos
relataram que não tem lugar pra sentar com os amigos no recreio, e precisam sentar
no chão para brincar ou para conversar. Para comer, eles ficam no refeitório, onde
tem cadeiras para todos, mas passado o tempo da refeição, não tem para onde
irem.
101

Tabela 5: Resultados – De que cor você pintaria sua escola?

COR NÃO MUDA AZUL ROSA VERMELHO VERDE COLORIDO


4 4 3 1 1 3

Fonte: O Próprio Autor

Quando questionados sobre a cor da escola, a grande maioria dos alunos


afirma que se pudessem trocaria a cor da escola. Alguns gostariam que a cor fosse
quente, outros que a cor fosse fria, e outros ainda gostariam de ver a escola pintada
com o mix de cores, com desenhos nas paredes feitos por eles mesmos, e um dos
alunos relatou que se pudesse faria uma parede com as mãos de todos os alunos
carimbadas, toda colorida. Com isso, pode-se observar que os alunos sentem falta
das cores, das texturas e dos padrões diferentes dentro do ambiente escolar.
Quando questionados se a escola era ou não organizada, obtiveram-se 13
respostas para não e 11 respostas para sim. Como a maioria dos alunos
responderam que não, comprova-se a avaliação técnica feita anteriormente, na qual
foi falado que a escola precisa melhorar quanto a sua organização.
102

5) CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme foi explicado na justificativa do trabalho, a ideia inicial dessa pesquisa


é realizar um estudo e uma coleta de informações que conscientize e auxilie as
instituições de ensino da necessidade de se planejar e se pensar nos detalhes de
uma escola, considerando que o espaço tem caráter formador, e influencia
significativamente no aprendizado. Um bom projeto escolar pode oferecer aos
alunos um ambiente organizado que favoreça seu aprendizado. Ou seja, um espaço
bem planejado com ideias pensadas e calculadas oferece ao aluno condições ideais
de aprendizagem.
O objetivo principal desse trabalho, que é realizar um estudo de caso na escola
EMEF Prof. Pedro Sommerhauzer, na cidade de Quintana – SP, foi muito bem
atendido. Apesar dos desafios enfrentados, como a pandemia que começou ao
decorrer desse trabalho, suspendendo as aulas presenciais e automaticamente
dificultando a execução do mesmo, o objetivo pôde ser atendido e o estudo da
qualidade do ambiente escolar, levando-se em consideração a perspectiva
pedagógica interacionista, foi realizado.
Conforme demonstrado ao longo deste trabalho, a pesquisa proposta cumpriu o
objetivo de estudar os principais problemas no espaço escolar que podem influenciar
no aprendizado dos alunos, e o estudo de caso foi realizado com foco na análise da
escola e no apontamento dos problemas que poderiam ser evitados com um
planejamento prévio. Os objetivos específicos do trabalho também foram executados
sem muitas limitações.
Em um primeiro momento coletaram-se informações, através de revisão
bibliográfica, a respeito da arquitetura escolar e suas características esperadas e
também foi feito um breve histórico sobre a educação no Brasil e no mundo. Em
seguida, estudou-se sobre as abordagens pedagógicas, o empirismo, o apriorismo
e o interacionismo, para que se entendesse como o espaço pode influenciar no
aprendizado e qual a importância das relações usuário/ambiente.
Na sequência, foi feita a apresentação da escola em que se realizaria o
estudo de caso, e observar as características da escola através de imagens
permitiu a compreensão prévia dos principais problemas do espaço escolar.
103

Em seguida, através de uma metodologia já existente, foi feito o estudo e a


análise da escola, considerando aspectos contextuais-ambientais, aspectos
programático-funcionais e aspectos estético-compositivos, tendo em vista sempre
uma abordagem interacionista, ou seja, a interação otimizada entre o aluno e o
espaço escolar.
Além da análise dos pontos positivos e negativos da escola, foram realizadas
algumas atividades com os alunos da escola, como os Wish Poems, os mapas
mentais e o questionário de satisfação do usuário, tudo para avaliar a qualidade da
escola e poder citar os pontos a serem melhorados. A limitação na aplicação das
atividades foi o tempo, uma vez que foi possível passar apenas uma hora em
contato com os alunos para realizar todos os testes, pois, devido à pandemia, a
escola ficou fechada por muito tempo com aulas à distância, e quando voltou
presencialmente foi por pouco tempo, então o tempo foi bem apertado para
conseguir realizar todo o estudo. Na fase de aplicação das atividades com os
alunos faltavam poucos dias para os mesmos entrarem de férias, o que foi uma
limitação para o trabalho.
Uma recomendação para eventuais e futuras pesquisas dentro do tema, é
que se tenha mais tempo de contato com os alunos para entender melhor seu
pensamento e suas vontades. Aplicar outras atividades diferentes, conversar mais
com os alunos e assistir mais a rotina deles na escola seria interessante para criar
um olhar mais apurado sobre os reais problemas atuais na educação.
104

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