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O I CHING e a SINCRONICIDADE

José Luiz Balestrini

Objetivos principais da aula:

1. Relembrar o conceito de SINCRONICIDADE de C. G. Jung e entender como ele está


relacionado à utilização (manifestação) do I CHING.

2. Explicar, através da construção histórica dos hexagramas e dos textos do I CHING, os


métodos de consulta ao livro.

3. Explorar exemplos de SINCRONICIDADE na utilização do I CHING.

4. Em grupo: elaborar uma pergunta e refletir sobre a mesma. Consultar a resposta do


oráculo e ampliar a imagem recebida.

Começamos com uma explicação curta e concisa do próprio Jung para definir
SINCRONICIDADE:

"A sincronicidade, portanto, significa, em primeiro lugar, a simultaneidade de um estado


psíquico com um ou vários acontecimentos que aparecem como paralelos significativos de
um estado subjetivo momentâneo e, em certas circunstâncias, também vice-versa." (Jung,
8/3 p. 850)

Os fenômenos sincronísticos podem ser agrupados basicamente em três categorias:

A. Coincidência de um estado psíquico do observador com um acontecimento objetivo externo e


simultâneo, que corresponde ao conteúdo psíquico, onde não há nenhuma evidência de uma
conexão causal entre os dois;

B. Coincidência de um estado psíquico com um acontecimento exterior correspondente (mais ou


menos simultâneo), que tem lugar fora do campo de percepção do observador, ou seja,
especialmente distante, e só se pode verificar posteriormente;

C. Coincidência de uma estado psíquico com um acontecimento futuro, portanto distante no


tempo e ainda não presente, e que só pode ser verificado posteriormente.

Assim como qualquer método mântico (Tarô, Búzios, etc), o funcionamento do I CHING
está diretamente ligado ao princípio da SINCRONICIDADE.

“O método se baseia, como todas as técnicas divinatórias ou intuitivas, no princípio da


conexão sincronística ou acausal. Na prática, como admitirá qualquer pessoa sem
preconceito, ocorrem muitos casos evidentes de sincronicidade que se poderiam considerar

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racionalmente ou um tanto arbitrariamente como simples projeções. Mas, supondo que


elas sejam realmente aquilo que parecem ser, então seriam coincidências significativas para
as quais – enquanto sabemos – não há explicação causal.” (C. G. Jung, vol 8/3 p. 866)

Os autores do I CHING

A lenda chinesa do surgimento do livro diz que o texto foi um presente dos criadores da
humanidade: Nu Kua e Fu Xi. O mito aponta que os dois eram irmãos que mais tarde se unem
como esposos. Ambos filhos do Espírito do Trovão. Sua mãe teria engravidado após pisar numa
pegada gigante que pertencia ao deus.

Etimologia

“I” não é mudança no sentido ordinário – não é a mudança das estações; ou a mudança da
água em estado líquido para gelo. “I” é imaginação (Ritsema) e versatilidade (Tao). A mutação é
imutável. A expressão “CHING” significa verdade ou clássico. Um texto que traz sabedoria é
considerado um “CHING”, como por exemplo a Bíblia que é chamada na China de “SHENG
CHING”, ou o clássico do espírito (ou espiritual).

Taoismo

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“O Curso que se pode discorrer

Não é o eterno curso

O nome que se pode nomear

Não é o eterno nome”

(Tao Te King, cap. 1)

A letra chinesa “Tao” é formada por duas partes. A primeira representa uma cabeça. A
segunda um barco e seu leme. Os ideogramas chineses tem a função principal de transmitir uma
ideia através de uma imagem. São símbolos em movimento e a análise e ampliação de cada um
deles pode levar a muitas interpretações diferentes.

Na concepção taoista, a harmonia é alcançada quando os dois lados, Yin (inconsciente) e


Yang (consciente), possuem o mesmo sentido. O problema surge sempre na unilateralidade
exclusiva, normalmente da consciência, que irá gerar sintomas de maneira enantiodrômica.

“Quando surgiu a afirmação e a negação (yang e yin), o Sentido (Tao) desapareceu.


Quando o Sentido desapareceu, houve uma vinculação unilateral.” (Jung citando Chuang
Tzu em Sincronicidade p. 913)

Encontrar o caminho do Tao seria então a aceitação de uma situação em que as forças da
consciência e do inconsciente estariam em harmonia (equilíbrio dinâmico).

“O estado no qual o eu e o não eu já não se opõem é chamado o eixo do Tao.”

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“Se compreendermos o Tao como método ou caminho consciente, que deve unir o separado,
estaremos bem próximos do conteúdo psicológico do conceito.” (Jung, O segredo da flor de
ouro, pág. 37)

Quando o ser humano encontra esse caminho não tem mais a necessidade de fazer
afirmações pífias com relação àquilo que acredita ser. Entende o seu propósito, o mito do seu
significado e atinge seu entorno relacional de maneira natural.

"É a ideia chinesa do Tao. Se alguém resolve bem seu problema ou sua tarefa interiormente
e invisivelmente, mesmo que não seja divulgada na televisão ou no rádio (ou nas redes
sociais), ainda assim há alguma coisa que muda no universo." (ML Von Franz, A busca do
sentido, pág. 78)

Esse sentido somente pode ser encontrado através de um mergulho profundo em si


mesmo. Os sonhos se manifestam como forças do inconsciente, assim como as imagens e
símbolos do I CHING.

"Mas você pode inventá-lo, se você tomar inventar no sentido profundo da palavra
encontrar. Nós podemos encontrá-lo ao descer em nós mesmos. Ele está em nós e podemos
pescá-lo na profundeza. Ou, se colocarmos a pergunta, se dissermos: ´Qual o meu mito?',
então através dos sonhos vêm as indicações." (ML Von Franz, A busca do sentido, pág. 40)

Na nota 75 (p. 913) do livro "SINCRONICIDADE”, Jung se refere ao pensamento chinês


com a expressão “mentalidade sincronística”. Em nossa visão, essa seria a maneira simbólica de
olhar o mundo. E somente olhando dessa maneira para os fenômenos e acontecimentos da vida é
que o ser humano pode atingir o inconsciente.

“Só através do símbolo o inconsciente pode ser atingido e expresso; este é o motivo pelo
qual a individuação não pode, de forma alguma, prescindir do símbolo.” (Jung, O segredo
da flor de ouro, pág. 45)

E segundo o próprio Jung, essa maneira de pensar atinge seu ápice no texto sagrado do I
CHING:

“Esse tipo de pensamento, baseado no princípio da sincronicidade, atinge seu ponto


máximo no I CHING e constitui a mais pura expressão do espírito chinês (taoista).” (Jung,
O segredo da flor de ouro, pág. 15)

Oráculo ou um livro de sabedoria?

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Sabemos que a faceta mais conhecia do I CHING é a sua função oracular. Porém ele é
também, talvez anteriormente, um livro de sabedoria. Apesar de existirem controvérsias entre
autores e estudiosos sobre um uso ou o outro, nós acreditamos que os dois sejam importantes e
de maneira alguma exclusivos entre si.

Basicamente o que precisamos para consultar o I CHING de maneira oracular é uma


situação problemática, um sintoma que já caracteriza uma tentativa de comunicação do
inconsciente a qual o ego costuma se opor. A adivinhação irá revelar exatamente o que o ego
rejeitou. O I CHING é uma maneira criativa de entrar em contato com o inconsciente. Seus
símbolos evocam a harmonia. Muitas vezes somente o contato com suas imagens gera um
movimento suficiente para causar mudanças significativas na vida do consulente (mesmo
mecanismo dos sonhos). O I CHING, nas palavras de Rudolph Ritsema, é um “espelho das
forças inconscientes”.

Os símbolos e imagens apresentados pelo texto conectam o indivíduo com o “I”. O


símbolo, sendo a imagem que une a consciência e o inconsciente, pode fazer surgir o tertium non
datur, o terceiro elemento não dado, a função transcendente de onde pode surgir a expressão
criativa da alma.

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Originalmente o I CHING era um livro sem palavras, formado apenas pelas imagens “I”.
O Rei Wên e Duque de Chou no início da Dinastia Chou 1150 a.C., uma época marcada por
guerras e muito turbulenta, incluiriam interepretacoes em forma de textos, chamados os
Julgamentos das imagens e das linhas. Mais tarde, entre os anos 550 a.C. - 480 a.C. tivemos o
surgimento do Taoísmo com seu texto fundamental, o Tao Te King (Lao Tze). Confúcio e seus
discípulos adicionaram ao livro os Comentários.

O pensamento chinês é marcadamente metafórico exatamente pelo desenvolvimento de


sua linguagem escrita e falada. Os textos incluídos no I CHING são filosóficos, por isso seus
ensinamentos são transmitidas de forma proverbial.

“Já se adivinha, suponho, que, dentre todos os autores, os que devem possuir em mais alto
grau o talento do provérbio são os filósofos. Mas (e aí está um fato notável) o talento do
provérbio é indispensável não apenas para os defensores da tradição ortodoxa: também o é,
e o é acima de tudo, para os mestres do pensamento místico, para aqueles cujo objetivo é
expressar o indizível.” (GRANET, 2008 p. 55)

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A pergunta

Temos que lembrar, durante todo o processo de elaboração da pergunta, que ela será
elaborada de maneira consciente, e o Oráculo irá responder com imagens que representam
conteúdos do inconsciente.

O livro possui completa autonomia e deve ser considerado um ser vivo. Seu real
significado não está simplesmente nos textos ou nos kua e sim no processo inteiro de consulta. A
pressa e o imediatismo nos afasta do diálogo oracular (o inconsciente tem seu próprio tempo) e
precisamos dar atenção aos rituais desse processo.

Uma vez que conseguimos estruturar uma pergunta, antes de consultar o oráculo
precisamos explorar os motivos que nos levaram à questão.

1. Qual a importância dessa pergunta?

2. Intenção - qual o propósito e a finalidade da pergunta?

3. Forma - é preciso declarar ao oráculo de maneira muito clara o que está sendo perguntado

4. Quais as possíveis repostas?

5. Como eu lido com essas possibilidades?

Muitas vezes (e talvez na maioria) obtemos a resposta antes mesmo de consultar o oráculo.

Métodos de consulta

Cascos de Tartaruga

Ossos de animais

Caule de Milefólio - mais fácil de conseguir, resistente, de preparação simples e era considerado
uma dádiva divina para se comunicar com o céu

Moedas - Dinastia Sung do sul (1127-1279); muito popular no ocidente (exatamente po ser mais
rápido)

Método das varetas

1. Segure 50 varetas na mão esquerda

2. Retire uma delas e coloque separada à sua frente (o começo absoluto)

3. Divida as 49 restantes em dois grupos, um à direita e um à esquerda

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4. Retire uma do grupo da direta e coloque na mão esquerda entre os dedos anelar e mínimo

5. Retire conjuntos de 4 varetas do grupo da esquerda até restar 4 ou menos varetas

6. Coloque o que restar entre os dedos anelar e médio da mão esquerda

7. Faça o mesmo processo com o grupo da direita e coloque as varetas restantes entre os
dedos médio e indicador da mão esquerda

8. Reúna as varetas que estão entre os dedos e separe-as. A soma dessas varetas deve ser 5
ou 9.

9. Repita a operação com as varetas restantes mais duas vezes (a soma das varetas no final
do processo deve ser 4 ou 8)

Dois métodos para desenhar a linha (yao).

A – Somar: 4/5 = 3; 8/9 = 2

B – Separar o restante em conjuntos de 4 varetas e contar o total de conjuntos: 6/8 = Yin; 7/9 =
Yang

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As linhas contam uma história

6.Yin - Fim, limite, momento de transição, novo começo.

5.Yang - Posição suprema, mestre do hexagrama

4.Yin - Cuidado! Estamos aproximando da 5a linha.

3.Yang - Precaução! Momento de transição para o outro trigrama.

2.Yin - Como será o caminho? Melhor se for correspondente

1.Yang - Fase inicial.

Lidando com a resposta

A confusão inicial sentida quando começamos a ler a resposta faz parte e é uma etapa
necessária do processo (como um sonho). A chave é estar aberto e receptivo às imagens e
símbolos que se apresentam. O texto conversa diretamente com o inconsciente tocando os
complexos (novamente como a imagem principal de um sonho). É a atitude do ego que irá
determinar a ativação ou não da imaginação que poderá clarificar a situação.

O nome do hexagrama mostra a descrição da situação (fixação da consciência) e


aconselha o jeito mais efetivo de lidar com ela. A Imagem descreve uma situação arquetípica.
Conforme o indivíduo passeia pelo texto é importante que dê atenção aos termos, imagens e
símbolos que chamam sua atenção. Mais tarde é possível ampliar esses motivos. A próxima etapa
é olhar separadamente os trigramas superior e inferior pois eles revelam informações sobre as
dinâmicas dos mundos externo e interno.

Linhas móveis

No texto será importante ler a análise dessas linhas pois indicam pontos específicos de
mudança na psique. Elas geram o hexagrama final que mostra uma imagem potencial do futuro:
objetivo, desejo, confirmação, advertência (como qualquer prognóstico que pode ser mudado de
acordo com a atitude do consulente, o futuro não é imutável).

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Jung consulta o oráculo

Num primeiro momento, Jung personificou o livro perguntando sobre a situação em que
ele se encontrava: a intenção de apresentar o oráculo, através de seu prefacio, à mente ocidental.
O foco de sua pergunta era o próprio livro e não somente sua ação.

Nas palavras do próprio Jung, o I CHING respondeu sua pergunta da seguinte maneira:

“...(o livro) se vê como um recipiente no qual as oferendas ao sacrifício são trazidas aos
deuses, a comida do ritual destinada a sua alimentação. Concebe a si próprio como um
utensílio de culto destinado a prover o alimento espiritual para os elementos ou forças
inconscientes (“agentes espirituais”) que foram projetados como deuses – em outras
palavras, para dar a essas forças a atenção que elas necessitam para desempenhar seu
papel na vida do indivíduo. Na realidade, esse é o significado original da palavra ‘religio’ –
uma cuidadosa observação e consideração (de ‘relegere’) do numinoso.” (Jung, Prefácio do
I CHING, pág. 19)

Jung achou interessante consultar uma vez mais o oráculo porque suas opiniões sobre o
livro mudaram a situação. Escrever o prefácio causou uma transformação, agora a pergunta era
direcionada diretamente à sua própria ação.

“... quis conhecer a atitude do I CHING diante da nova situação. As circunstâncias tinham
sido alteradas pelo que havia escrito, uma vez que eu mesmo tinha entrado em cena e,
portanto, esperava ouvir algo referente à minha própria ação.” (Jung, Prefácio do I
CHING, pág. 22)

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Segue a análise de Jung sobre a reposta obtida nessa segunda consulta ao oráculo:

“A resposta à segunda pergunta dizia que eu me encontrava numa dificuldade, pois o I


CHING representava um profundo e perigoso fosso com água no qual poder-se-ia
facilmente atolar. No entanto, o fosso com água revelou ser um velho poço que precisava
apenas ser restaurado parar tornar-se útil novamente.” (Jung, Prefácio do I CHING, pág.
26)

Exemplo: a mulher invisível (exemplo retirado da versão na língua inglesa do I CHING de


Rufolph Ritsema, tradução livre)

Ela formulou a pergunta porque sentia-se presa, amedrontada e desesperada. A única


coisa que a mantinha em ordem era sua escrita. Ela apostou tudo nisso abandonando um
treinamento profissional, sua casa e seus amigos. Trabalhava cuidando de um idoso em troca de
um lugar para morar e comida. Ela estava impossibilitada de encontrar o homem que amava. Ela
queria escrever um livro e acreditava que isso mudaria a sua sorte, uma nova vida surgiria disso.
Mas, agora, ela não conseguia escrever. Ela culpava a situação e não conseguia enxergar uma
saída. Em pânico, caminhando em direção a um surto, ela consultou o I CHING.

Pergunta: O que eu posso fazer com relação a maneira como eu vivo e ao meu trabalho?

Resposta: KUN, hexagrama 47, sem linhas móveis.

Traduções do nome: Confinamento (Ritsema); Exaustão (Huang); Opressão (Wilhelm)

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O hexagrama descreve a situação exatamente como ela é (fixação da consciência):


restrição e estresse.

Para seguir de acordo com a mutação a resposta do oráculo é: entrar em confinamento (o


que te fere é o que te cura).

O I CHING diz para ela entrar numa espécie diferente de confinamento. Ao invés de ficar
presa no mundo exterior, sugere que ela entre numa viagem ainda mais profunda para dentro de
si mesma (mecanismo de compensação).

Meditação

O conceito de meditação tradicional taoista mostra claramente sua similaridade à técnica


da imaginação ativa desenvolvida por Jung. Hoje é muito comum a disseminação de técnicas
“milagrosas” de meditação que não levam o individuo ao encontro das forças do inconsciente.
Muitas vezes essas praticas são combinadas com o uso de substâncias psicoativas que na verdade
levam a um rebaixamento da consciência.

“Antes de entender todas essas informações técnicas, pode-se desenvolver a intuição para
obter conhecimentos extraordinários através da adivinhação. Um dos melhores caminhos
para isso é a meditação; contudo o conceito chinês de meditação é o oposto do conceito
ocidental. No ocidente, a meditação é o ato de pensar profundamente sobre alguma coisa;
mas, quando eu estava aprendendo a meditar, meus mestres sempre me instruíam a não
pensar em nada. Após anos e anos de prática de meditação, entendi que esvaziar minha
mente é deixá-la corresponder à vontade da Divindade.” (Alfred Huang, I CHING, pag. 16)

O objetivo principal é permitir o surgimento de imagens espontâneas do inconsciente.

As 5 ideias principais do I CHING

1. Unidade Homem – Natureza

A grande maioria das escolas de pensamentos filosóficos chineses tem como fundamental
a ideia de que o homem e a natureza estão completamente conectados. Somos parte do
todo, o que nos falta é a percepção. A busca pela unidade (integração) é o próprio
processo de individuação descrito por Jung.

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2. Yin Yang

Essa teoria resume como todos os fenômenos acontecem de maneira universal. Asssim
como na psicologia junguiana, mostra como devemos nos entregar para uma busca
constante pela integração dos opostos. Da conversa entre as manias diferentes antinomias
surge a transcendência.

3. Harmonia e Equilíbrio

A saúde é determinada pela nossa capacidade de seguir o caminho das mutações. O I


CHING é uma das ferramentas que indica esse caminho, mudar a atitude consciente para
que isso ocorra depende da prontidão do ego.

4. Mutações

Agir de acordo com o tempo é importante e na maioria das vezes a consciência tende à
inércia (seja ela da paralisação ou do movimento ininterruptos). Entender quando
devemos mover e quando devemos ficar parada é fundamental para encontrar a harmonia.
Isso nos ajuda a tomar ações conscientes e não reativas de acordo com as situações.
Assim aprendemos a lidar com nossos complexos: enfrentando, conversando, ignorando
ou até mesmo aceitando o que eles têm a dizer.

5. Boa fortuna e infortúnio

O conceito principal do livro das mutações está em seu nome: “I” – mutação/não
mutação, ou como Rudolph Ritsema traduziu a expressão, versatilidade. Seus
ensinamentos nos trazem reflexões sobre como podemos agir para tornarmo-nos flexíveis
e saber adaptar-nos em todos os aspectos e esferas da vida. Porém, o mais importante, é
entender e aceitar que somente o paradoxal pode abarcar todos os fenômenos da vida.

“... qualquer pessoa inteligente e versátil pode torcer tudo isso e mostrar como eu projetei
os meus conteúdos subjetivos no simbolismo dos hexagramas. Semelhante crítica, ainda

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que catastrófica do ponto de vista do racionalismo ocidental, não afeta a função do I


CHING. Ao contrário, o sábio chinês me diria sorrindo: ‘Não percebe quão útil é o I
CHING para fazer com que você projete num simbolismo abstruso seus pensamentos, até
então não percebidos?” (Jung, Prefácio para o I CHING, pág. 26)

Referências

JUNG, C. G. Sincronicidade, OC vol 8/3. Petrópolis: Vozes, 2014

______ O Segredo da Flor de Ouro. Petrópolis: Vozes, 2016

SPROVIERO, M. B. Escritos do Curso e Sua Virtude (Tao Te King). São Paulo: Editora
Mandruvá, 1997

VON FRANZ, M-L. A Busca do Sentido. São Paulo: Paulus, 2018

WILHELM, R. I CHING, O Livro das Mutações. São Paulo: Pensamento, 2017

HUANG, A. I CHING, Edição Completa. São Paulo: Martins Fontes, 2012

RITSEMA, R. I CHING, The Classic Chinese Oracle of Change. EUA: Barnes and Noble
Books, 1994

GRANET, M. O Pensamento Chinês. Rio de Janeiro: Contraponto, 2008

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