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(21)99227-7468. Todos os direitos autorais desse material sao do IJEP e de seus autores, nao podendo ser citada, mesmo
que parcialmente, sem as devidas referencias, copiada, reproduzida, emprestada ou cedida em nenhuma hipotese sob
pena de medidas judiciais.
O I CHING e a SINCRONICIDADE
Começamos com uma explicação curta e concisa do próprio Jung para definir
SINCRONICIDADE:
Assim como qualquer método mântico (Tarô, Búzios, etc), o funcionamento do I CHING
está diretamente ligado ao princípio da SINCRONICIDADE.
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Os autores do I CHING
A lenda chinesa do surgimento do livro diz que o texto foi um presente dos criadores da
humanidade: Nu Kua e Fu Xi. O mito aponta que os dois eram irmãos que mais tarde se unem
como esposos. Ambos filhos do Espírito do Trovão. Sua mãe teria engravidado após pisar numa
pegada gigante que pertencia ao deus.
Etimologia
“I” não é mudança no sentido ordinário – não é a mudança das estações; ou a mudança da
água em estado líquido para gelo. “I” é imaginação (Ritsema) e versatilidade (Tao). A mutação é
imutável. A expressão “CHING” significa verdade ou clássico. Um texto que traz sabedoria é
considerado um “CHING”, como por exemplo a Bíblia que é chamada na China de “SHENG
CHING”, ou o clássico do espírito (ou espiritual).
Taoismo
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A letra chinesa “Tao” é formada por duas partes. A primeira representa uma cabeça. A
segunda um barco e seu leme. Os ideogramas chineses tem a função principal de transmitir uma
ideia através de uma imagem. São símbolos em movimento e a análise e ampliação de cada um
deles pode levar a muitas interpretações diferentes.
Encontrar o caminho do Tao seria então a aceitação de uma situação em que as forças da
consciência e do inconsciente estariam em harmonia (equilíbrio dinâmico).
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“Se compreendermos o Tao como método ou caminho consciente, que deve unir o separado,
estaremos bem próximos do conteúdo psicológico do conceito.” (Jung, O segredo da flor de
ouro, pág. 37)
Quando o ser humano encontra esse caminho não tem mais a necessidade de fazer
afirmações pífias com relação àquilo que acredita ser. Entende o seu propósito, o mito do seu
significado e atinge seu entorno relacional de maneira natural.
"É a ideia chinesa do Tao. Se alguém resolve bem seu problema ou sua tarefa interiormente
e invisivelmente, mesmo que não seja divulgada na televisão ou no rádio (ou nas redes
sociais), ainda assim há alguma coisa que muda no universo." (ML Von Franz, A busca do
sentido, pág. 78)
"Mas você pode inventá-lo, se você tomar inventar no sentido profundo da palavra
encontrar. Nós podemos encontrá-lo ao descer em nós mesmos. Ele está em nós e podemos
pescá-lo na profundeza. Ou, se colocarmos a pergunta, se dissermos: ´Qual o meu mito?',
então através dos sonhos vêm as indicações." (ML Von Franz, A busca do sentido, pág. 40)
“Só através do símbolo o inconsciente pode ser atingido e expresso; este é o motivo pelo
qual a individuação não pode, de forma alguma, prescindir do símbolo.” (Jung, O segredo
da flor de ouro, pág. 45)
E segundo o próprio Jung, essa maneira de pensar atinge seu ápice no texto sagrado do I
CHING:
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Sabemos que a faceta mais conhecia do I CHING é a sua função oracular. Porém ele é
também, talvez anteriormente, um livro de sabedoria. Apesar de existirem controvérsias entre
autores e estudiosos sobre um uso ou o outro, nós acreditamos que os dois sejam importantes e
de maneira alguma exclusivos entre si.
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Originalmente o I CHING era um livro sem palavras, formado apenas pelas imagens “I”.
O Rei Wên e Duque de Chou no início da Dinastia Chou 1150 a.C., uma época marcada por
guerras e muito turbulenta, incluiriam interepretacoes em forma de textos, chamados os
Julgamentos das imagens e das linhas. Mais tarde, entre os anos 550 a.C. - 480 a.C. tivemos o
surgimento do Taoísmo com seu texto fundamental, o Tao Te King (Lao Tze). Confúcio e seus
discípulos adicionaram ao livro os Comentários.
“Já se adivinha, suponho, que, dentre todos os autores, os que devem possuir em mais alto
grau o talento do provérbio são os filósofos. Mas (e aí está um fato notável) o talento do
provérbio é indispensável não apenas para os defensores da tradição ortodoxa: também o é,
e o é acima de tudo, para os mestres do pensamento místico, para aqueles cujo objetivo é
expressar o indizível.” (GRANET, 2008 p. 55)
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A pergunta
Temos que lembrar, durante todo o processo de elaboração da pergunta, que ela será
elaborada de maneira consciente, e o Oráculo irá responder com imagens que representam
conteúdos do inconsciente.
O livro possui completa autonomia e deve ser considerado um ser vivo. Seu real
significado não está simplesmente nos textos ou nos kua e sim no processo inteiro de consulta. A
pressa e o imediatismo nos afasta do diálogo oracular (o inconsciente tem seu próprio tempo) e
precisamos dar atenção aos rituais desse processo.
Uma vez que conseguimos estruturar uma pergunta, antes de consultar o oráculo
precisamos explorar os motivos que nos levaram à questão.
3. Forma - é preciso declarar ao oráculo de maneira muito clara o que está sendo perguntado
Muitas vezes (e talvez na maioria) obtemos a resposta antes mesmo de consultar o oráculo.
Métodos de consulta
Cascos de Tartaruga
Ossos de animais
Caule de Milefólio - mais fácil de conseguir, resistente, de preparação simples e era considerado
uma dádiva divina para se comunicar com o céu
Moedas - Dinastia Sung do sul (1127-1279); muito popular no ocidente (exatamente po ser mais
rápido)
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4. Retire uma do grupo da direta e coloque na mão esquerda entre os dedos anelar e mínimo
7. Faça o mesmo processo com o grupo da direita e coloque as varetas restantes entre os
dedos médio e indicador da mão esquerda
8. Reúna as varetas que estão entre os dedos e separe-as. A soma dessas varetas deve ser 5
ou 9.
9. Repita a operação com as varetas restantes mais duas vezes (a soma das varetas no final
do processo deve ser 4 ou 8)
B – Separar o restante em conjuntos de 4 varetas e contar o total de conjuntos: 6/8 = Yin; 7/9 =
Yang
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A confusão inicial sentida quando começamos a ler a resposta faz parte e é uma etapa
necessária do processo (como um sonho). A chave é estar aberto e receptivo às imagens e
símbolos que se apresentam. O texto conversa diretamente com o inconsciente tocando os
complexos (novamente como a imagem principal de um sonho). É a atitude do ego que irá
determinar a ativação ou não da imaginação que poderá clarificar a situação.
Linhas móveis
No texto será importante ler a análise dessas linhas pois indicam pontos específicos de
mudança na psique. Elas geram o hexagrama final que mostra uma imagem potencial do futuro:
objetivo, desejo, confirmação, advertência (como qualquer prognóstico que pode ser mudado de
acordo com a atitude do consulente, o futuro não é imutável).
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Num primeiro momento, Jung personificou o livro perguntando sobre a situação em que
ele se encontrava: a intenção de apresentar o oráculo, através de seu prefacio, à mente ocidental.
O foco de sua pergunta era o próprio livro e não somente sua ação.
Nas palavras do próprio Jung, o I CHING respondeu sua pergunta da seguinte maneira:
“...(o livro) se vê como um recipiente no qual as oferendas ao sacrifício são trazidas aos
deuses, a comida do ritual destinada a sua alimentação. Concebe a si próprio como um
utensílio de culto destinado a prover o alimento espiritual para os elementos ou forças
inconscientes (“agentes espirituais”) que foram projetados como deuses – em outras
palavras, para dar a essas forças a atenção que elas necessitam para desempenhar seu
papel na vida do indivíduo. Na realidade, esse é o significado original da palavra ‘religio’ –
uma cuidadosa observação e consideração (de ‘relegere’) do numinoso.” (Jung, Prefácio do
I CHING, pág. 19)
Jung achou interessante consultar uma vez mais o oráculo porque suas opiniões sobre o
livro mudaram a situação. Escrever o prefácio causou uma transformação, agora a pergunta era
direcionada diretamente à sua própria ação.
“... quis conhecer a atitude do I CHING diante da nova situação. As circunstâncias tinham
sido alteradas pelo que havia escrito, uma vez que eu mesmo tinha entrado em cena e,
portanto, esperava ouvir algo referente à minha própria ação.” (Jung, Prefácio do I
CHING, pág. 22)
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Segue a análise de Jung sobre a reposta obtida nessa segunda consulta ao oráculo:
Pergunta: O que eu posso fazer com relação a maneira como eu vivo e ao meu trabalho?
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O I CHING diz para ela entrar numa espécie diferente de confinamento. Ao invés de ficar
presa no mundo exterior, sugere que ela entre numa viagem ainda mais profunda para dentro de
si mesma (mecanismo de compensação).
Meditação
“Antes de entender todas essas informações técnicas, pode-se desenvolver a intuição para
obter conhecimentos extraordinários através da adivinhação. Um dos melhores caminhos
para isso é a meditação; contudo o conceito chinês de meditação é o oposto do conceito
ocidental. No ocidente, a meditação é o ato de pensar profundamente sobre alguma coisa;
mas, quando eu estava aprendendo a meditar, meus mestres sempre me instruíam a não
pensar em nada. Após anos e anos de prática de meditação, entendi que esvaziar minha
mente é deixá-la corresponder à vontade da Divindade.” (Alfred Huang, I CHING, pag. 16)
A grande maioria das escolas de pensamentos filosóficos chineses tem como fundamental
a ideia de que o homem e a natureza estão completamente conectados. Somos parte do
todo, o que nos falta é a percepção. A busca pela unidade (integração) é o próprio
processo de individuação descrito por Jung.
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2. Yin Yang
Essa teoria resume como todos os fenômenos acontecem de maneira universal. Asssim
como na psicologia junguiana, mostra como devemos nos entregar para uma busca
constante pela integração dos opostos. Da conversa entre as manias diferentes antinomias
surge a transcendência.
3. Harmonia e Equilíbrio
4. Mutações
Agir de acordo com o tempo é importante e na maioria das vezes a consciência tende à
inércia (seja ela da paralisação ou do movimento ininterruptos). Entender quando
devemos mover e quando devemos ficar parada é fundamental para encontrar a harmonia.
Isso nos ajuda a tomar ações conscientes e não reativas de acordo com as situações.
Assim aprendemos a lidar com nossos complexos: enfrentando, conversando, ignorando
ou até mesmo aceitando o que eles têm a dizer.
O conceito principal do livro das mutações está em seu nome: “I” – mutação/não
mutação, ou como Rudolph Ritsema traduziu a expressão, versatilidade. Seus
ensinamentos nos trazem reflexões sobre como podemos agir para tornarmo-nos flexíveis
e saber adaptar-nos em todos os aspectos e esferas da vida. Porém, o mais importante, é
entender e aceitar que somente o paradoxal pode abarcar todos os fenômenos da vida.
“... qualquer pessoa inteligente e versátil pode torcer tudo isso e mostrar como eu projetei
os meus conteúdos subjetivos no simbolismo dos hexagramas. Semelhante crítica, ainda
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Referências
SPROVIERO, M. B. Escritos do Curso e Sua Virtude (Tao Te King). São Paulo: Editora
Mandruvá, 1997
RITSEMA, R. I CHING, The Classic Chinese Oracle of Change. EUA: Barnes and Noble
Books, 1994