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Telêmaco Borba - PR
2019
RENAN LENON MARCONDES MARCELINO
Telêmaco Borba - PR
2019
Marcelino, Renan Lenon Marcondes
S578g A Compatibilidade Funcional da Atuação do Ministério Público
Face à Propositura de Ações que Visem a Exclusão de Herdeiro por
Indignidade: Lei 13.532 de dezembro de 2017 / Renan Lenon
Marcondes Marcelino. – Telêmaco Borba, PR. 2019.
126f.
CDD 658
RENAN LENON MARCONDES MARCELINO
COMISSÃO EXAMINADORA
______________________________________
Professora: Hanna Caroline Krüger.
Faculdade de Telêmaco Borba
______________________________________
Professor Jorcy Erivelto Pires.
Faculdade de Telêmaco Borba
______________________________________
Professor: Thiago Ferreira Pavezzi.
Faculdade de Telêmaco Borba
RESUMO
ABSTRACT
Among the fundamental principles of law are morality and justice, which guide the
entire Brazilian legal system. In this tuning fork, the national legislator enshrined these
principles in the institute of inheritance unworthiness, expressed in the current law,
Law 10.406 of 2002, which provides for the exclusion of the heir or legatee from the
right to succeed if he / she engages in certain offensive acts against the person, the
honor or interests of the inheritor or any of his family members. In 2017, Law 13,532
came into force, which gives the Public Prosecution Service its legitimacy to propose
actions aimed at the exclusion of heirs for indignity, in the crimes expressed in art.
1,814 of the referred legal diploma. Formerly the norm, the doctrine argued, between
pro and con comments about the insertion of Parquet at the heart of private law, by
entering the action of indignity, creating a heated discussion about the limits of the
prosecution. In view of this, we will seek to analyze the functional compatibility of the
performance of the MP against the current law, seeking technical basis for both lines
of argument, from the early days of the Institute's creation to the present day.
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 11
METODOLOGIA ..................................................................................................... 50
ANEXOS ............................................................................................................... 57
11
INTRODUÇÃO
CAPITULO 1
_____________
1 REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. Miguel Reale. – 27. ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
p. 1
2 CASTRO, Flávia Lajes de. História do Direito Geral e Brasil. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007.p. 5.
14
_____________
3 CERQUEIRA, Fábio Vergara. As origens do direito ocidental na pólis grega. Revista Justiça e
História. TJRS. Disponível em:
https://www.tjrs.jus.br/export/poder_judiciario/historia/memorial_do_poder_judiciario/memorial_judiciar
io_gaucho/revista_justica_e_historia/issn_1676-5834/v2n3/doc/04-Fabio.PDF>. Último acesso em set
de 2019.
4 Século V – ano 1066, período de criação e desenvolvimento do Common Law.
5 Paleo-babilônicas – período que os historiadores remetem à elaboração do Código do Hamurabi.
6 Aprox. 1930 a.C - Tábuas escritas em língua arcádica; trata-se, contudo, não de cópias oficiais dessa
coleção jurídica, mas sim de tábuas usadas para treinamento dos escribas.
7 Preâmbulo do Código de Hamurabi: “Quando o alto Anu, Rei de Anunaki e Bel, Senhor da Terra e dos
céus, determinador dos destinos do mundo, entregou o governo de toda a humanidade a Marduc;
quando foi pronunciado o alto nome da Babilônia; quando ele a fez famosa no mundo e nela
estabeleceu um duradouro reino cujos alicerces tinham a firmeza do céu e da terra, -por esse tempo
Anu e Bel me chamaram, a mim Hamurabi, o excelso príncipe, o adorador dos deuses, para implantar
justiça na terra, para destruir os maus e o mal, para prevenir a opressão do fraco pelo forte, para
iluminar o mundo e propiciar o bem estar do povo. Hamurabi, governador escolhido por Bel, sou eu; eu
o que trouxe a abundância à terra; o que fez obra completa para Nippur e Dirilu; o que deu vida à cidade
de Uruk; supriu água com abundância aos seus habitantes; o que tornou bela a nossa cidade de
Brasíppa; o que encelerou grãos para a poderosa Urash; o que ajudou o povo em tempo de
necessidade; o que estabeleceu a segurança na Babilônia; o governador do povo, o servo cujos feitos
são agradáveis a Anuit”.
15
_____________
8 CERQUEIRA, Fábio Vergara. op. cit. p.4
9 CERQUEIRA, Fábio Vergara. op. cit. mesma página.
16
_____________
10 CERQUEIRA, Fábio Vergara. op. cit.
11
Louis Gernet foi o decano da faculdade de letras em Argel, helenista, especialista em direito grego,
mas igualmente sociólogo.
12 CERQUEIRA, Fábio Vergara. op. cit., p.5.
13 CERQUEIRA, Fábio Vergara. op. cit., p.5.
17
_____________
14 CASTRO, Roberto Carlos Gomes. A Grécia antiga: uma visão panorâmica. IJI - Universidade do
Porto. 2014. p. 5.
15 Responsáveis por levar a notícia crime à Assembleia do povo.
16 CASTRO, Roberto C. G. op. cit., pág. 18. p. 7.
17 CERQUEIRA, Fábio Vergara. op. cit., p.18.
18
_____________
18 Quando o ofendido não exercia seu direito de acusação, os éforos eram encarregados de incriminar
os acusados, evitando que estes ficassem impunes.
19 ANDREATTA, Lucas Henrique Padovan. A investigação criminal realizada pelo Ministério Público e
137.
22 ANDRADE, Mauro Fonseca. Ministério Público e sua Investigação Criminal, 2ª edição, Curitiba,
Art. 21. O membro do Supremo Tribunal Federal, que for nomeado procurador geral da Republica,
deixará, de tomar parte nos julgamentos e decisões, e, uma vez nomeado, conservar-se-ha
vitaliciamente nesse cargo.
Art. 22. Compete ao procurador geral da Republica:
20
_____________
a) exercer a acção publica e promovel-a até final em todas as causas da competencia do Supremo
Tribunal;
b) funccionar como representante da União, e em geral officiar e dizer de direito em todos os feitos
submettidos á jurisdicção do Supremo Tribunal;
c) velar pela execução das leis, decretos e regulamentos, que devem ser applicados pelos juizes
federaes;
d) defender a jurisdicção do Supremo Tribunal e a dos mais juizes federaes;
e) fornecer instrucções e conselhos aos procuradores seccionaes e resolver consultas destes, sobre
materia concernente ao exercicio da justiça federal.
Art. 23. Em cada secção de justiça federal haverá um procurador da Republica, nomeado pelo
Presidente da Republica, por quatro annos, durante os quaes não poderá ser removido, salvo si o
requerer.
Art. 24. Compete ao procurador da Republica na secção:
a) promover e exercitar a acção publica, funccionar e dizer de direito em todos os processos criminaes
e causas que recaiam sob a jurisdicção da justiça federal;
b) solicitar instrucções e conselhos do procurador geral da Republica, nos casos duvidosos;
c) cumprir as ordens do Governo da Republica relativas ao exercicio das suas funcções, denunciar os
delictos ou infracções da lei federal, em geral promover o bem dos direitos e interesses da união;
d) promover a accusação e officiar nos processos criminaes sujeitos á jurisdicção federal até ao seu
julgamento final, quer perante os juizes singulares, quer perante o Jury.
Art. 25. Os procuradores seccionaes serão julgados nos crimes de responsabilidade pelos juizes das
respectivas secções, com recurso para o Supremo Tribunal, no caso de condemnação.
Art. 26. Nas faltas ou impedimentos temporarios dos procuradores seccionaes, o procurador geral da
Republica nomeará quem os substitua
27 Código Civil de 1917; Código de Processo Civil de 1939 e de 1973; Código Penal de 1940 e o
_____________
30 GOMES, Rodrigo Jimenez. op. cit., p.40.
31 GOMES, Rodrigo Jimenez. op. cit., mesma pag.
22
CAPITULO 2
_____________
32 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil : direito das sucessões / Silvio de Salvo Venosa. 9. ed. – São
Paulo : Atlas, 2009.
33 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil brasileiro, volume VII : Direito das Sucessões / Carlos
Neste sentido, Carlos Roberto Gonçalves enfatiza que “no direito das
sucessões, o vocábulo é empregado em sentido estrito, para designar tão-somente a
decorrente da morte de alguém”35.
Necessário mencionar que o Direito de sucessão causa mortis refere-se
apenas à pessoas naturais, não abarcando pessoas jurídicas, vez em que, não tem
expressão de última vontade do falecido e os preceitos estatutários regulam o destino
do patrimônio social da empresa.
No tocante as espécies de sucessão, estas podem ser classificadas em
sucessão testamentária e sucessão legítima ou ab intestato.
Na primeira, diz ser oriunda de testamento válido ou de disposição de última
vontade do de cujus. Sobre o tema, o Código Civil expressa em seu artigo 1.857 que
“toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade de seus bens, ou de
parte deles, para depois da sua morte”36.
Não obstante, a sucessão legítima ou ab intestato é produto da lei, ou seja, a
sucessão legítima prevalece quando não houver testamentos válidos, ou se houver,
ocorrer a caducidade. Desse modo, o patrimônio do falecido passará aos herdeiros
legítimos estabelecidos em lei37, obedecendo a ordem de vocação hereditária.
Importante salientar que, em decorrência dos julgados no Supremo Tribunal
Federal, Recurso Extraordinário nº 646.72138 e Recurso Extraordinário nº 878.69439,
entendeu-se que:
“[...] no sistema constitucional vigente, é inconstitucional a distinção de
regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros, devendo ser aplicado,
em ambos os casos, o regime estabelecido no art. 1.829 do CC/2002”. RE
646721. Min. Relator Roberto Barroso.
_____________
35 GONÇALVES, Carlos Roberto. op. cit., p. 1.
36 Lei 10.406/02 - Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus
bens, ou de parte deles, para depois de sua morte.
§ 1° - A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no testamento.
§ 2° - São válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial, ainda que o testador
somente a elas se tenha limitado.
37 Lei 10.406/02 - Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o
falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640,
parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens
particulares;
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - aos colaterais.
38 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário 646721. Relator Ministro Roberto
_____________
40 Lei 10.406/02 – Art. – 426: Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
41 Lei 10.406/02 – Art. 26: Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou
representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se
declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão.
42 VENOSA, Sílvio de Salvo. op. cit., p.6.
43 Lei 10.406/02 - Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os
herdeiros.
Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto à propriedade e posse da herança,
será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio.
25
_____________
44 GONÇALVES, Carlos Roberto. op. cit., p. 14.
45 VENOSA, Sílvio de Salvo. op. cit., p.7.
46 Lei 10.406/02 – Art. 91 – Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas de
Helena Diniz – 23. ed. reformulada – São Paulo : Saraiva, 2009. p. 28.
26
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50 Lei 10.406/02 – Art. 1849: O herdeiro necessário, a quem o testador deixar a sua parte disponível,
ou algum legado, não perderá o direito à legítima.
51 Lei 10.406/02 – Art. 1845: São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o
cônjuge.
52 Lei 10.406/02 - Art. 1.846: Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens
a partilha, só respondem os herdeiros, cada qual em proporção da parte que na herança lhe coube.
§ 1o Quando, antes da partilha, for requerido no inventário o pagamento de dívidas constantes de
documentos, revestidos de formalidades legais, constituindo prova bastante da obrigação, e houver
impugnação, que não se funde na alegação de pagamento, acompanhada de prova valiosa, o juiz
mandará reservar, em poder do inventariante, bens suficientes para solução do débito, sobre os quais
venha a recair oportunamente a execução.
§ 2o No caso previsto no parágrafo antecedente, o credor será obrigado a iniciar a ação de cobrança
no prazo de trinta dias, sob pena de se tornar de nenhum efeito a providência indicada.
27
_____________
58 GONÇALVES, Carlos Roberto. op. cit., p. 102.
59 Lei 10.406/02 - Art. 1.814: São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários:
I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste,
contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente;
II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime
contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro;
III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor
livremente de seus bens por ato de última vontade.
60 Lei 10.406/02 - Art. 1.965: Ao herdeiro instituído, ou àquele a quem aproveite a deserdação,
por indignidade, mas apenas os descritos no rol do artigo 1.814, do referido diploma
legal.
De acordo com a doutrina de Carlos Roberto Gonçalves,
O Código Civil de 2002 continua a tratar a deserdação como um instituto de
sucessão testamentária, e, dessa forma, é possível afirmar que a indignidade
é um instituto de sucessão legítima, malgrado possa alcançar também o
legatário, enquanto a deserdação só pode ocorrer na sucessão
testamentária, pois depende de testamento, com expressa declaração de
causa63.
O Código Civil, aduz ainda, em seu art. 1.961, que os herdeiros necessários
podem ser privados de sua legítima, ou deserdados, em todos os casos em que
podem ser excluídos da sucessão.
Ademais, os artigos subsequentes mencionam outras hipóteses em que o
testador poderá afastar da linha sucessória os herdeiros legítimos, tais como ofensa
física, injúria grave, entre outros64.
Outrossim, o art. 1.964, do Código Civil, determina que a deserdação só
poderá ocorrer com expressa declaração de causa. Ao inserir o referido artigo no
diploma legal vigente, o legislador busca evitar formas de abusos do que podem
ocorre por parte do testador.
_____________
63 GONÇALVES, Carlos Roberto. op. cit., p. 103.
64 Lei 10.406/02 - Art. 1.962: Além das causas mencionadas no art. 1.814, autorizam a deserdação
dos descendentes por seus ascendentes:
I - ofensa física;
II - injúria grave;
III - relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto;
IV - desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade.
65 INDIGNO. In: DICIONÁRIO WEB. Disponível em: <http://www.dicionarioweb.com.br/digno/>. Último
_____________
67 VENOSA, Sílvio de Salvo. op. cit., p.53.
68 DINIZ, Maria Helena. op. cit., p. 53.
Nulla poena sine lege: Não haverá pena sem prévia cominação legal.
69 SILVA. Daniella de Almeida e, Os herdeiros que perdem seus direitos. Migalhas. 2019. Disponível
em: <https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI116049,41046-
Os+herdeiros+que+perdem+seus+direitos>. Último acesso em set de 2019.
70 DINIZ, Maria Helena. op. cit., p. 54.
31
_____________
71 Aquele que comete patricídio: crime cometido pelo indivíduo que mata o próprio pai.
72 Aquele que comete matricídio: crime cometido pelo indivíduo que mata a própria mãe.
73 VENOSA, Sílvio de Salvo. op. cit., p.54.
74 GONÇALVES, Carlos Roberto. op. cit., p. 106.
75 DINIZ, Maria Helena. op. cit., p. 54.
32
_____________
76 GONÇALVES, Carlos Roberto. op. cit., p. 95.
77 DINIZ, Maria Helena. op. cit., p. 50.
33
O referido inciso refere-se aos art. 339 (denunciação caluniosa), 138 (calúnia),
139 (difamação) e 140 (injúria), todos presentes no Código Penal Brasileiro.
O doutrinador Sílvio Venosa assim ensina:
[...] a denunciação caluniosa constitui-se no fato de alguém dar causa à
instauração de investigação policial ou processo judicial contra outrem,
imputando-lhe crime de que sabe ser inocente. Os reflexos devem atingir o
juízo criminal, ainda que a imputação tenha sido veiculada no juízo cível.
Aqui, pela dicção legal, não há necessidade de condenação criminal79.
_____________
78 Código de Processo Civil - Art. 315. Se o conhecimento do mérito depender de verificação da
existência de fato delituoso, o juiz pode determinar a suspensão do processo até que se pronuncie a
justiça criminal.
§ 1o Se a ação penal não for proposta no prazo de 3 (três) meses, contado da intimação do ato de
suspensão, cessará o efeito desse, incumbindo ao juiz cível examinar incidentemente a questão prévia.
§ 2o Proposta a ação penal, o processo ficará suspenso pelo prazo máximo de 1 (um) ano, ao final do
qual aplicar-se-á o disposto na parte final do § 1o.
79 VENOSA, Sílvio de Salvo. op. cit., p.61.
34
_____________
80 DINIZ, Maria Helena. op. cit., p. 50.
35
_____________
86 Lei 10.406/02 - Art. 884: Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será
obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários.
Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu é obrigado
a restituí-la, e, se a coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que
foi exigido.
87 Lei 10.406/02 – Art. 1.817: Art. 1.817. São válidas as alienações onerosas de bens hereditários a
Importante enfatizar que os bens pelos quais haverá restrição aos curadores,
referem-se, única e exclusivamente, aos bens da herança ao qual o herdeiro foi
excluído.
Conclui-se que, uma vez excluído, o herdeiro declarado indigno por sentença
judicial estará sempre nessa situação.
Em que pese, o aludido parágrafo único do referido artigo preveja que não
havendo reabilitação expressa, o indigno, contemplado em testamento do ofendido,
quando o testador, ao testar, já conhecia a causa da indignidade, pode suceder no
limite da disposição testamentária.
Ao conceder o perdão ao indigno, o autor da herança evita que outros
interessados na herança excluam o referido herdeiro da sucessão, após a abertura
desta. Entende-se, dessa forma, que ninguém melhor que o próprio autor da herança
para mensurar a intensidade da ofensa praticada.
_____________
94 VENOSA, Sílvio de Salvo. op. cit., p.58.
95 GONÇALVES, Carlos Roberto. op. cit., p. 108.
96 GONÇALVES, Carlos Roberto. op. cit., p. 108.
39
CAPITULO 3
_____________
97 GOMES, Rodrigo Jimenez. A investigação criminal e a atuação do Ministério Público. PUC– São
Paulo. 2009. p.72
98 Art. 127 - O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais
indisponíveis.
§ 1º São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a independência
funcional.
§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa, podendo, observado o
disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços
auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou de provas e títulos, a política
remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento”.
(Redação dada pela Emenda Constitucional n. 19, de 1998).
99 ANDREATTA, Lucas Henrique Padovan. op. cit. p. 17.
40
_____________
100 VILLELA, Fábio Goulart. As formas de atuação do Ministério Público do Trabalho no regime
democrático. Revista Consultor Jurídico, novembro de 2015. Disponível em: <
https://www.conjur.com.br/2015-nov-21/fabio-villela-formas-atuacao-ministerio-publico-
trabalho#_ftn2>. Último acesso em set de 2019.
41
processos judiciais que tramitam no âmago do Poder Judiciário, mas, tão somente
àqueles aos quais possui legitimidade.
_____________
101 Villela, Fábio Goulart. op. citado.
42
_____________
102 MAZZILLI, Hugo Nigro. O Ministério Público e a defesa do regime democrático. Revista Justitia,
São Paulo, vol. 180, p.139 e s., jul-dez, 1997. Disponível em: <
http://www.mazzilli.com.br/pages/artigos/mpedemocracia.pdf>. Último acesso em set 2019.
103 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:
_____________
juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I - Interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de
natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de
fato;
II - Interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de
natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a
parte contrária por uma relação jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.
105 NETO, Pedro Jorge. O Ministério Público e as principais ações em defesa dos direitos difusos e
afirmarem que, por esse motivo, não é coerente que o Ministério Público ingresse com
ações que visem a exclusão de herdeiro indigno, pois alegam não ser de bom tom a
interferência do Parquet na vida íntima e privada do núcleo familiar.
Ademais, ressaltam que, devido ao fato do direito de herança ser garantido
constitucionalmente, com previsão legal expressa no rol do artigo 5º, incisos XXX, da
Carta Magna, permanece evidente o interesse privado em detrimento do público.
O Código Civil de 2002, foi omisso nessa questão onde deveria ter incluído o
Ministério Público, para também atuar nos casos de exclusão de herdeiro da sucessão
por indignidade.
_____________
112 IBDFAM, Instituto Brasileiro de Direito de Família. Ministério Público agora tem legitimidade para
pedir exclusão de herdeiro indigno. 2017.
<http://www.ibdfam.org.br/noticias/6531/Minist%C3%A9rio+P%C3%BAblico+agora+tem+legitimidade
+para+pedir+exclus%C3%A3o+de+herdeiro+indigno> último acesso em março de 2017.
46
_____________
113DIREITO DIÁRIO. Tutela e Guarda: sobre as formas de proteção do menor de idade no
ordenamento brasileiro. Maio, 2016. Disponível em: < https://direitodiario.com.br/tutela-e-guarda-
sobre-as-formas-de-protecao-do-menor-de-idade-no-ordenamento-brasileiro/>. Último acesso em
out 2019.
47
Ademais, Venosa descreve o possível caso em que herdeiro que atente contra
a vida do autor da herança, sem que haja outros herdeiros interessados para promover
_____________
114 DINIZ, Maria Helena. op. cit., p. 54.
115 GONÇALVES, Carlos Roberto. op. cit., p. 106.
116 GONÇALVES, Carlos Roberto. op. cit., mesma página.
117 VENOSA, Sílvio de Salvo. op. cit., p. 54.
48
que se trata de uma questão de ética. O Direito Civil não pode e não resolverá
os dilemas éticos da humanidade. É forma de regular as relações particulares
e resolver as questões concretas122.
_____________
122 SIMÃO, José Fernando. op. cit.
50
4 METODOLOGIA
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de jan. de 2002. Código Civil Brasileiro, Brasília, DF,
jan. 2002;
CASTRO, Flávia Lajes de. História do Direito Geral e Brasil. Rio de Janeiro:
Lúmen Juris, 2007.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, volume 6 : direito das
sucessões / Maria Helena Diniz – 23. ed. reformulada – São Paulo : Saraiva, 2009.
GAGLIANO, Pablo Stolze. Manual de direito civil; volume único. – Ed. 1. São
Paulo. Saraiva, 2017;
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil brasileiro, volume VII : Direito das
Sucessões / Carlos Roberto Gonçalves. – 3. ed. rev. São Paulo : Saraiva, 2009.
ISMAIL, Mona Lisa Duarte Abdo Aziz. O papel do Ministério Público no controle
de políticas públicas. Boletim Científico ESMPU, Brasília, jan./dez. 2014
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. Miguel Reale. – 27. ed. – São
Paulo : Saraiva, 2002.
sucessor por indignidade. Consultor Jurídico. Jan, 2018. Disponível em: <
https://www.conjur.com.br/2018-jan-28/processo-familiar-legitimidade-mp-acao-
exclusao-sucessor-indignidade>. Último acesso em out de 2019.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil : direito das sucessões / Silvio de Salvo
Venosa. 9. ed. – São Paulo : Atlas, 2009.
ANEXOS
“Remetido ao DJE
Relação: 0119/2015 Teor do ato: Vistos. 1-Uma vez transitada em julgado a sentença
deste Juízo que determinou a exclusão, por indignidade, da herdeira Suzane Louise
von Richthofen, relativamente ao bens deixados por seus pais, ora inventariados,
defiro o pedido de adjudicação formulado pelo único herdeiro remanescente, Andreas
Albert von Richtofen. Expeça-se o necessário, à inexistência de custas a serem
recolhidas, sempre ressalvado erros, omissões ou prejuízo a terceiros; 2-Na esteira
da R. Decisão da Egrégia Corregedoria Geral da Justiça, proferida aos 21.10.2013,
nos autos do Processo - DICOGE 1.2 - nº 2013/39867, que atendeu a proposta
formulada pela Presidência do Colégio Notarial do Brasil, para rápida efetivação da
decisão ora proferida, o formal de partilha será expedido, preferencialmente, por
Tabelião de Notas, no prazo de cinco dias, através de peças que serão extraídas
mediante entrega dos autos judiciais originais pelo interessado, ou do processo
judicial eletrônico, conforme o caso, tudo conforme detalhadamente regulamentado
no correlato Provimento - CG nº 31/2013, publicado às fls. 10/13, no DJE do dia
23/10/2013. Arquive-se. P.R.I. FAZENDA PÚBLICA. Advogados(s): MARIA
APARECIDA C F L EVANGELISTA (OAB 20249/SP), DENIVALDO BARNI JUNIOR
(OAB 235518/SP), WANDA APARECIDA GARCIA LA SELVA (OAB 70573/SP),
DENIVALDO BARNI (OAB 51448/SP)”.