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Paraíso do Tocantins
2023
Matheus Ramos Campelo
Paraíso do Tocantins
2023
DECLARAÇÃO DE AUTORIA PRÓPRIA E AUTORIZAÇÃO DE PUBLICAÇÃO
_________________________________________
Matheus Ramos Campelo
Matheus Ramos Campelo
AVALIADORES
Luciana Ventura
Mestra em Direito
Faculdade de Ciências Jurídicas de Paraíso do Tocantins
Paraíso do Tocantins
2023
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 4
2 CONTRATOS 6
2.1 CONTEXTO HISTÓRICO 7
2.2 CONTRATOS POR ADESÃO 9
3 CLÁUSULAS ABUSIVAS 11
4 AS CLÁUSULAS ABUSIVAS NOS CONTRATOS DE COMPRA E VENDA
IMOBILIÁRIOS POR ADESÃO 15
4.1 CLÁUSULA CONTRATUAL DE DEVOLUÇÃO DE VALORES PAGOS 17
4.2 CLÁUSULA CONTRATUAL DE DECAIMENTO 19
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 21
6 REFERÊNCIAS 23
CLÁUSULAS ABUSIVAS NOS CONTRATOS DE COMPRA E VENDA POR
ADESÃO ENTRE AS INCORPORAÇÕES IMOBILIÁRIAS E O CONSUMIDOR
ABSTRACT
1
Graduando do curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas de Paraíso do Tocantins (FCJP).
2
Professor da Faculdade de Ciências Jurídicas de Paraíso do Tocantins (FCJP).
4
1 – INTRODUÇÃO
este o patrimônio de afetação, o qual foi ditado pela primeira vez com a promulgação
da Lei 10.931 de 2004.
Ao observar as leis que regulam a defesa do consumidor nestas relações,
nota-se clara a figura vulnerável do mesmo, e ainda que tais leis existam, as
grandes incorporações imobiliárias tendem a realizar a inclusão de cláusulas
abusivas no ambiente mais propício para tal, sendo este o contrato por adesão.
Por meio das cláusulas abusivas há a maximização de ganhos e minimização
de perdas para a incorporação, a qual negociará com o consumidor, que já possui a
vulnerabilidade na relação de consumo, colocando-o em situação que gera ainda
mais desvantagem em relação à incorporação, sendo este um grande mau para as
relações de consumo no mercado imobiliário. Assim, o objeto de pesquisa deste
trabalho se delimita ao tema das cláusulas abusivas nos contratos de compra e
venda por adesão por parte das incorporações imobiliárias.
Por estes expostos, o presente trabalho versa sobre as Cláusulas Abusivas
nos Contratos por Adesão entre as Incorporações Imobiliárias e o Consumidor, visto
que a adição de cláusulas abusivas nos contratos de compra e venda imobiliários
acarretam diversos problemas ao consumidor, visto a vulnerabilidade deste e o
conteúdo que se encontra nestas cláusulas, podendo prejudicá-lo demasiadamente.
O trabalho se aterá em conceituar sobre o tema contratos no segundo
capítulo, além de pontuar brevemente sobre a contextualização histórica deste
dispositivo, também conceituando os contratos por adesão e suas características.
No terceiro capítulo será tratado especificamente sobre as clausulas abusivas,
desde suas características, conceito, e consequências de suas utilizações em
contratos.
O quarto capítulo versa sobre o tema do presente trabalho, focando em
conjecturar os conhecimentos já inseridos no trabalho científico em sua
especifidade, e com isso trazendo exemplos de cláusulas recorrentes nos contratos
de compra e venda por adesão imobiliários, e os entendimentos jurisprudenciais
sobre a nulidade das respectivas cláusulas.
Com os possíveis efeitos que a inserção destas cláusulas podem causar
surge a seguinte indagação de um problema que pode se tornar uma terrível
realidade ao consumidor: As cobranças em rescisões unilaterais e/ou distratos nos
contratos de compra e venda por adesão por parte das imobiliárias, são realmente
devidas?
6
2 – CONTRATOS
jurídicos esperados, deve obedecer aos limites traçados pela legislação para o
devido cumprimento de sua função social, em conformidade com o art. 421 do
Código Civil Brasileiro, o qual dispõe especificamente sobre o assunto.
Nas palavras de Ricardo Luiz Lorenzetti:
Desta forma, com a originação do contrato, surge por meio dele a garantia
para o cumprimento de uma obrigação. Ainda que os romanos já tivessem discutido
sobre este instituto, os conceitos originais se diferem dos conceitos atuais. Para
eles, o termo contactum (unir, contrair) se distanciava do significado contemporâneo
de contratos, porém já caminhava na direção do que conhecemos hoje como
contrato. Nas palavras do ilustre Professor José Reinaldo de Lima Lopes, em O
Direito Na História, “Admite-se hoje que os contratos no Direito Romano eram
verdadeiras fontes de obrigação.” (LOPES, 2000) .
Embora os romanos tenham grande participação na criação dos institutos
jurídicos que conhecemos hoje em dia, cada sociedade contribuiu ao longo das
décadas para que de fato o contrato tivesse a forma que conhecemos hoje. Nas
palavras de Ronnie Herbert Barros Soares e Josué Modesto Passos trazendo a
análise feita por Ebert Chamoun:
“Os romanos não construíram uma teoria geral do ato jurídico. Foram
os juristas do século XIX, e, sobretudo, os Pandectistas, que a
formularam. Os romanos encaravam o ato jurídico mais como uma
atividade do que como uma vontade. Desvalorizando os elementos
abstratos, limitaram-se a expor os requisitos particulares e os vários
tipos de ato jurídico. Contudo, sua contribuição é, sem dúvida
alguma, o fundamento da moderna teoria do ato jurídico.”
(TOLEDO, 2013, p. 33)
Contrato de adesão é uma espécie de contrato em que uma parte pré constrói
este contrato, eliminando a livre discussão e possíveis acordos que precedem
normalmente à formação dos contratos, para ser aceito sem restrições pela outra
parte.
Como define a Professora Cláudia Lima Marques:
3 – CLÁUSULAS ABUSIVAS
“[...] uma cláusula contratual poderá ser tida como abusiva quando se
constitui um abuso de direito (o predisponente das cláusulas
contratuais, num contrato de adesão, tem o direito de redigi-las
previamente; mas comete abuso se, ao redigi-las, o faz de forma a
causar dano ao aderente). Também será considerada abusiva se
fere a boa-fé objetiva, pois, segundo a expectativa geral, de todas e
quaisquer pessoas, há que haver equivalência em todas as trocas.
Presumir-se-á também abusiva a cláusula contratual quando ocorrer
afronta aos bons costumes, ou quando ela se desviar do fim social
ou econômico que lhe fixa o direito. A aferição dessas condições não
se faz, contudo, através da indagação da real intenção das partes
intervenientes do contrato. (FONSECA, 1993, p. 156)”
Vale ressaltar que estas cláusulas são completamente ilícitas e tidas como um
abuso contratual, como o próprio nome já indica, em que o seu reconhecimento
pode gerar o dever de reparação ao consumidor, na hipótese do dano causado pelo
uso das cláusulas abusivas.
O Código de Defesa do Consumidor não trouxe o conceito direto do que são
as cláusulas abusivas, entretanto, trouxe um rol exemplificativo na tentativa de que a
identificação do caráter abusivo destas cláusulas seja feita pelos consumidores
quando consultado o CDC, desta forma, primando pela proteção do consumidor e
equilíbrio dos contratos. Vejamos o art. 51 e incisos do CDC:
No mesmo sentido, o Código Civil em seu art. 423 estabelece uma proteção
ao adquirente do serviço no contrato, vejamos:
Além disto, no próprio art. 51, ao elencar as cláusulas abusivas, afirma serem
nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que estabeleçam obrigações consideradas
iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem, ou sejam
incompatíveis com a boa-fé ou a equidade (JÚNIOR, 1995)
Cláudia Lima Marques deixa claro que o objetivo das cláusulas contratuais
não é a realização do justo equilíbrio nas obrigações das partes, nem tampouco a
boa-fé na relação de consumo, mas a manutenção da posição econômica e jurídica
dos fornecedores que utilizam destas cláusulas em seus contratos. (MARQUES, op.
cit, 2010)
Assim, esta desvantagem exagerada que se mostra presente com o uso
destas cláusulas abusivas, implicará diretamente no desequilíbrio entre as posições
15
Ocorre que, a depender do valor a ser retido pela imobiliária, esta cláusula se
torna abusiva, pois é direito do consumidor ter restituídas suas parcelas pagas ainda
que este busque a rescisão do contrato.
O STJ entende que é justo e razoável que o vendedor retenha parte das
prestações pagas pelo consumidor como forma de indenizá-lo pelos prejuízos
18
Por outro lado, em uma decisão jurisprudencial mais atual, o STJ se posiciona
no sentido de deferir a restituição das parcelas pagas em até 90% dos valores já
pagos, conforme entendimento jurisprudencial julgado em 19/05/2015:
Sendo estas umas das principais cláusulas nulas presentes nos contratos de
compra e venda por adesão entre as incorporações imobiliárias e o consumidor, não
se esgotando o rol de possibilidades de anulação de cláusulas contratuais, mas
buscando trazer, de acordo com a jurisprudência, alguns casos corriqueiros que
comumente se encontram nestes contratos.
5
Disponível em https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/stj/18612
21
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 3.Teoria das Obrigações
Contratuais e Extracontratuais. 30ª edição. Editora Saraiva, 2014.
24
JÚNIOR, Nelson; NERY, Rosa. Seção II. Das Cláusulas Abusivas In: JÚNIOR,
Nelson; NERY, Rosa. Leis Civis Comentadas e Anotadas. São Paulo (SP):Editora
Revista dos Tribunais. 2019.