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Muito comum nos Estados Unidos, a busca por soluções de espaço self-
storage vem ganhando mercado no Brasil nas últimas décadas. Atualmente, estima-se
mais de 200 unidades no país, segundo a Associação Brasileira de SELF STORAGE
(Asbrass). 1
1
Disponível em: < http://www.asbrass.com.br/home.asp > Acesso em 03/10/2019
administrativas, decisões judiciais e até iniciativas legislativas; tornando-se relevante
explanar a complexidade jurídica em questão.
2
Disponível em: <http://www.logweb.com.br/wp-content/uploads/2016/05/logweb169.pdf>. Acesso em
03 out. 2019>
Após a ocorrência de um incêndio em um desses galpões na cidade de
Belo Horizonte/MG, ocasião em que todos os bens guardados sob essa modalidade foram
incinerados, faz-se a análise dos institutos jurídicos dos contratos em questão.
(...) vislumbro que razão socorre à recorrente em que pese a ausência de sua
responsabilidade. Isso porque, em que pese o entendimento do juiz primevo
em acompanhar o do recorrido no que tange à espécie do contrato, tal
assentimento, máxima vênia, não pode prosperar. Isto porque, conforme se
depreende do contrato e de seus termos, é clara a relação de locação,
ressaltando a cláusula 4.2 e derivadas que demonstram que a responsabilidade
pelos bens armazenados no espaço é do locatário, detendo inclusive, a
chave/senha para remoção ou armazenamento, proibindo ainda a figura do
depositário infiel. Sendo assim, a responsabilidade pelos bens, no caso em
tela, é do recorrido e, portanto, não há como incumbir a recorrente dever de
indenização. “
Ocorre ainda que, em que pese a decisão em segundo grau em um desses
processos3, pendem ainda a existência de 5 (cinco) processos conexos 4 ainda em fase de
instrução e reunião no juízo prevento.
3
Processo nº: 9025757.35.2017.813.0024;
4
Processos nº: 5026181-48.2017.8.13.0024; 5052599-57.2016.8.13.0024; 5068448-69.2016.8.13.0024;
5143889-85.2018.8.13.0024 e 6133536-71.2015.8.13.0024.
5
Art. 627 do CC – Pelo contrato de depósito recebe o depositário um objeto móvel, para guardar, até que
o depositante o reclame. (...)
A citada legislação objetiva tutela de interesses do consumidor, visto que
este, em regra, se mostra como parte vulnerável e hipossuficiente na relação de consumo,
e, por se tratar de norma de ordem pública 6, deve ser aplicada ex officio pelo julgador,
quando do estabelecimento das relações de consumo.
6
Vide art. 5º, XXXII c/c art. 170, V, ambos da CRFB/88;
O contrato celebrado entre os contratantes e a contratada amoldam-se à
figura do contrato de adesão, disposto no artigo 54 do CDC, visto que as cláusulas ali
contidas foram estipuladas unilateralmente pelas empresas contratadas, sem qualquer
participação do contratante.
7
Art. 22. O locador é obrigado a:
I - entregar ao locatário o imóvel alugado em estado de servir ao uso a que se destina;
II - garantir, durante o tempo da locação, o uso pacífico do imóvel locado;
III - manter, durante a locação, a forma e o destino do imóvel;
IV - responder pelos vícios ou defeitos anteriores à locação;
V - fornecer ao locatário, caso este solicite, descrição minuciosa do estado do imóvel, quando de sua entrega, com
expressa referência aos eventuais defeitos existentes;
contas do imóvel, a exemplo do IPTU, contas de água, luz, etc., o que não verifica-se no
caso em questão.
VI - fornecer ao locatário recibo discriminado das importâncias por este pagas, vedada a quitação genérica;
VII - pagar as taxas de administração imobiliária, se houver, e de intermediações, nestas compreendidas as despesas
necessárias à aferição da idoneidade do pretendente ou de seu fiador;
VIII - pagar os impostos e taxas, e ainda o prêmio de seguro complementar contra fogo, que incidam ou venham a
incidir sobre o imóvel, salvo disposição expressa em contrário no contrato;
IX - exibir ao locatário, quando solicitado, os comprovantes relativos às parcelas que estejam sendo exigidas;
X - pagar as despesas extraordinárias de condomínio.
Parágrafo único. Por despesas extraordinárias de condomínio se entendem aquelas que não se refiram aos gastos
rotineiros de manutenção do edifício, especialmente:
a) obras de reformas ou acréscimos que interessem à estrutura integral do imóvel;
b) pintura das fachadas, empenas, poços de aeração e iluminação, bem como das esquadrias externas;
c) obras destinadas a repor as condições de habitabilidade do edifício;
d) indenizações trabalhistas e previdenciárias pela dispensa de empregados, ocorridas em data anterior ao início da
locação;
e) instalação de equipamento de segurança e de incêndio, de telefonia, de intercomunicação, de esporte e de lazer;
f) despesas de decoração e paisagismo nas partes de uso comum;
g) constituição de fundo de reserva.
3º da Lei 8.078/90, visto não restar dúvida sobre a existência de relação de consumo in
casu.
8
Vide art. 5º, XXXII, c/c art 170
9
Art. 1º - O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e
interesse social, nos termos dos arts. 5º, inciso XXXIII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de
suas Disposições Transitórias.
10
GARCIA, Leonardo de Medeiros. Direito do Consumidor: Código Comentado e jurisprudência.
Juspodivm: São Paulo, 2013.
em que não se observe a boa-fé objetiva, a transparência e o equilíbrio nas relações
contratuais.”11
11
GARCIA, Leonardo de Medeiros. Direito do Consumidor: Código Comentado e jurisprudência.
Juspodivm: São Paulo, 2013.
12
Art. 3º - Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem
como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção,
transformação, impostação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de
serviços.
13
GARCIA, Leonardo de Medeiros. Direito do Consumidor: Código do Consumidor: Código Comentado
e jurisprudência. Juspodivm: São Paulo, 2013.
da ocorrência do sinistro, tornando possível que, as partes que não integram a avença
contratual sejam legítimas a integrar o polo ativo da demanda.
14
(STJ - REsp: 1119632 RJ 2009/0112248-6, Relator: Ministro RAUL ARAÚJO, Data de Julgamento:
15/08/2017, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 12/09/2017)
15
ACCIARI, Hugo. A. Elementos da análise econômica do direito de danos. / HUGO A. Acciari;
coordenação da edição brasileira Márcia Carla Pereira Ribeiro. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2014.
A chamada responsabilidade objetiva recebeu acolhida em diversos
ordenamentos jurídicos, inclusive no brasileiro. Todavia é cediço que a responsabilidade
é em regra, subjetiva, sendo considerada objetiva quando a lei assim dispuser.
16
CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil, 10 ed. São Paulo: Atlas, 2012.
CONCLUSÃO
Toda a legislação brasileira consultada e citada neste artigo foi extraída do portal
eletrônico da Legislação, mantido pelo Poder Executivo Federal Brasileiro (Endereço
eletrônico: <http://www4.planalto.gov.br/legislacao/>.
CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 10ª ed. São Paulo:
Atlas, 2012.