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Resumo NP2 - Direito Internacional Privado

1. Direito Material vs. Direito Processual

Normas de direito material são aquelas que se aplicam à matéria, enquanto as de direito processual são
aquelas que são utilizadas como instrumento para assegurar o direito material.

Desta forma, no direito internacional pode ocorrer algum tipo de conflito entre o direito processual
estrangeiro e o direito material brasileiro. De acordo com a legislação local, estes cenários devem
seguir a legislação brasileira. Como por exemplo, o caso em que um brasileiro não pague as contas de
um hotel em que está hospedado fora do Brasil, na cobrança, o hotel deverá acionar ao STF para que
seja verificada a existência de ilícitos, e caso seja configurado como crime, deverá cumprir a pena
também no Brasil.

1.1 Evolução

As questões de direito internacional privado antes eram solucionadas pelo Direito Comercial (por
exemplo a lex mercatória), pois era a forma como se resumia antigamente. Com a globalização e o
surgimento de maiores interesses envolvendo direitos de família, sucessão etc., houve a necessidade de
que fosse criado um direito internacional privado.

1.2 Litispendência Internacional

Não existe litispendência internacional ou estrangeira, logo, caso exista ação no exterior e surja um
novo fato no tribunal estrangeiro, não irá promover litispendência (Art. 24), podendo ser promovida
nova ação no Brasil.

2. Aplicação do Processo Civil No Direito Internacional Privado

Para esta aplicação existem alguns preceitos fundamentais sendo: (i) lex fori, isto é, deve ser utilizado
o foro do local; (ii) lex mercatória; e (iii) harmonização entre o direito nacional e o direito estrangeiro.

2.1 Homologação

A homologação de decisão estrangeira deve ser realizada pelo STJ, sendo que é necessária que já
tenha ocorrido o trânsito em julgado da decisão, sendo responsável a justiça brasileira apenas pelas
verificações de procedimentos, não analisando o mérito. A homologação deve partir de iniciativa do
interessado, logo, ocorre de maneira voluntária.

2.1.1 Conceito e Abrangência (Art. 17 – LINDB)

Existem três regras gerais para a homologação: (i) a decisão deve estar de acordo com a ordem pública
brasileira (isto é, com licitude e em conformidade com os dizeres da lei local); (ii) deve ser respeitada
a soberania nacional (domínio sobre o território); e (iii) devem ser seguidos os bons costumes.

2.1.2 Procedimento Legal

A sentença deve ser traduzida para o português do Brasil, e em casos que envolvam valores, a moeda
deverá ser convertida para o real brasileiro, e quando é concedida a homologação o STJ submete esta
para a justiça de 1ª instância para que seja dado o cumprimento de sentença

2.2 Fundamentos Internacionais

No direito internacional privado, em termos de processos, são seguidas três premissas internacionais:
(i) Forum Shopping, isto é, a escolha da jurisdição pelos envolvidos no negócio jurídico; (ii) Anti-suit
injunction, que se trata de uma medida de common law que impede a impetração de mandados
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judiciais, com objetivo de impedir que as partes escolham outro estado para levantamento da lide; e
(iii) Forum Non Consensus, onde ocorre a declinação de competência por uma das partes.

3. Contratos Empresariais no Direito Internacional Privado


3.1 Franchising
A “franquia” surgiu nos Estados Unidos, sendo considerado um contrato “típico misto”. Contratos
típicos são aqueles que possuem um objeto específico (como exemplo um contrato de locação que tem
o objetivo de disponibilizar o uso do bem ao locatário, através do pagamento de prestação).

Já o contrato de franquia é “misto” pois tem diversos contratos vinculados, onde um empresário
desenvolve um contrato onde seja possível repetir o mesmo modelo de negócios para que outras
pessoas possam também utilizá-los. Neste cenário, temos o “Franqueado” e o “Franqueador”
(empresário). Neste cenário, o franqueador terá o papel de coordenar junto aos franqueados a
implementação do seu negócio.

Porém, para tal, há confecção de um “contrato mãe”, chamado de “umbrella”, que autoriza o
franqueado a utilizar uma determinada marca, e estipula regras para tal, além de prever o pagamento
de royalties pela utilização da marca, devendo estes contratos ainda ser registrados de maneira
específica. Há também previsão de que os produtos ou serviços oferecidos sejam dos mesmos moldes,
bem como os “benefícios”, fornecedores etc. Outro contrato previsto é o de “Engenharia”, em que o
franqueador projeta ao estabelecimento para o franqueado, onde o franqueador precisa aprovar o
imóvel, para garantir que este tenha as mesmas características padrão para a franquia.

Nas franquias, antes do franqueado assinar qualquer contrato, o franqueador é obrigado a oferecer,
conforme lei de franquias, um dossiê denominado “Circular de Oferta de Franquia”, que inclui
diversas informações sobre o negócio, de forma que o futuro franqueado tenha ciência de qual o
negócio que está realizando.

3.2 Factoring
Este contrato também é chamado de “Faturização”, que também é conhecido de “compra de
faturamento”. Neste cenário, a maioria dos empresários não consegue realizar vendas à vista,
sobretudo em determinadas categorias (varejo, por exemplo), onde as pessoas se utilizam do crédito
com frequência.

Já o factoring, entra como um contrato, seja a nível nacional ou internacional, onde as empresas de
factoring não precisam ser instituições financeiras, dispensando autorização do banco central para
funcionamento. Portanto, na prática, temos tanto bancos que realizam factoring, quanto outras
empresas que não o são. Neste cenário, estas empresas compram o faturamento de outras empresas.
Por exemplo, quando uma empresa realiza a venda de bens através de formas de pagamento a prazo,
mas que são realizadas via “crediário”, ou seja, onde a própria loja realiza o parcelamento, não há
como a empresas receber o valor total para fazer o “capital de giro”.

Portanto, para tal, as empresas emitem duplicatas para cada venda a prazo realizada, e estes
empresários, portanto estas duplicatas, recorrem à empresas de factoring para realizar a venda
daquelas duplicatas, que representam aquele valor., que é formalizada através de contrato de cessão de
recebíveis, normalmente. Este faturizador comprará este título com “deságio”, logo, com desconto. O
factoring também é chamado de “f

3.3 Leasing
O “Leasing” é o arrendamento mercantil sendo dividido em três modalidades.
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1 – Lease Back

Nestes cenários, empresários que tenham ativos “mobilizados”, como máquinas, mas que tenham
dificuldades com “ativos circulantes”, onde o empresário vai até um banco para realização da compra
daqueles bens mobilizados, para gerar fluxo de caixa, onde no próprio contrato de compra, ele já
indica a finalidade de alugar o bem de volta ao empresário, para que possa manter a utilização da
máquina.

Neste cenário, não é um aluguel simples, visto que neste cenário o empresário, na medida em que
realiza o pagamento daquelas prestações do arrendamento, a empresa terá direito a adquirir o bem
novamente, por um valor residual (isto é, descontada a depreciação). Não é considerado um
“empréstimo simulado”, visto que é aprovado por lei, sendo um tipo de operação financeira específica.
Nesta esteira, surgiram outras duas modalidades de leasing.

A empresa, não precisa ficar com a máquina, podendo leiloar.

2 – Lease Financeiro

Esta é a única modalidade que pode ser realizada por pessoas físicas, podendo ser realizado apenas
com bens novos, onde o banco adquire o bem conforme indicações da empresa ou pessoa, a renda vem
para a empresa, que paga ao valor e paga o valor residual ao final. Para empresas é vantajoso, visto
que há algumas isenções de imóveis. Ao fim, a empresa tem a obrigação de incorporar o bem ao seu
patrimônio.

3 – Lease Operacional

Neste tipo, não há interesse por parte do arrendatário de realizar a compra do bem, logo, não há uma
venda de bem, onde existirão três partes no negócio: arrendador (banco), arrendatário (empresa) e o
fabricante. Isso é comum em cenários de companhias aéreas, por exemplo, onde uma instituição
encomenda junto a um fabricante uma quantidade de aeronaves, e posteriormente solicita aprovação
de um leasing junto a uma instituição financeira. Neste cenário, o banco realiza a compra diretamente
com a fabricante, e depois arrenda para a empresa.

Adicionalmente, a fabricante também é indicada em contrato para prestação de serviços de


manutenção para as aeronaves, mediante remuneração. Logo, o maior interesse é que a empresa
coloque de fato o bem em operação.

3.4 Joint Venture


Aqui temos, basicamente, uma parceria e em uma tradução literal temos a “Atuação Conjunta”. Nestes
cenário, as empresas não se fundem e não se juntam juridicamente, tendo uma atuação em conjunto
para um propósito específico.

3.5 Agência
Este é um tipo de contrato onde o chamado “agente” representa um determinado empresário e seus
interesses econômicos, mas sem realizar a revenda daquele produto. A única função do agente é
realizar a captação de pedidos, como por exemplo as vendas de cosméticos como Avon, Natura etc.
Logo, há apenas uma aproximação entre o consumidor final do fabricante, mediante o pagamento de
uma comissão ao agente.

3.6 Performance Bond


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Também chamado de “Seguro de Performance”, se tratando de uma modalidade de seguro pelo qual se
visa garantir um certo desempenho. Trata-se de um item obrigatório ao edital de licitação, onde a
construtora que vier a ser escolhida, deverá realizar um contrato deste tipo para garantir o pagamento
de eventuais danos com tal empreendimento.

Por exemplo, a situação ocorrida na construção do metrô pinheiros, com a abertura da cratera muitos
imóveis tiveram de ser desocupados ou tiveram danos em sua estrutura, que tiveram de ser ressarcidos
pela construtora.

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