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3. FASHION LAW, o direito sem fronteiras.

Vivemos na era da globalização, onde não existem fronteiras e o direito da moda é


uma delas, por ser um ramo do direito que se interliga com diversos outros ramos jurídicos,
como já demonstrado supra, mas seu dinamismo não acaba somente na sua parte interna. No
externo o Fashion Law modula grande parcela das corporações e pessoas ligadas ao mundo
da confecção, criação, materiais, novidades e no tocante ao estilo de vestir.

Sua conexão com o direito internacional é demasiada, em razão da necessidade de


interligação com outros países, tanto para sua regulamentação, quanto para o seu processo de
produção, no qual muitas vezes é realizado em países baixos, e transferidos para serem
vendidos no primeiro mundo.

A atuação jurídica por prevalecer a legitimidade e a proteção das partes


envolvidas,portanto, é responsável pelos minuciosos problemas da indústria da moda, que
possui um enorme aglomerado de áreas jurídicas em suas respectivas peculiaridades, maiores
que, tradicionalmente , o ramo do Direito abarca. Este ramo do direito se mostra como uma
novo modelo de direito, sendo o presente e o futuro de um universo jurídico unido e um
ramo ainda mais promissor do que já fora visto mundo afora, essa “nova área” para se
explorar e inovar, com fundamento nas “velhas” áreas do direito, gerando e aprimorando
novas relações de negócios e de trabalho, sendo certo que tudo gerará consequências no
mundo jurídico que rege as relações das sociedades.

3.1. Panorama geral dos principais contratos que compõem o fashion


business law e suas especificidade
A indústria da moda é formada através de diversos institutos legais existentes que
garante a legalidade da indústria e um desenvolvimento baseado no crescimento sustentável e
seguro. Quando o negócio jurídico começa a ganhar uma dimensão maior, começam a surgir
os desafios da administração, do controle de contratos com fornecedores, distribuidores e a
concorrência desleal entre empresas regulamentadas com as empresas clandestinas.

As disputas entre empresas, gera deveres de reparação civil, em um primeiro


momento, analisando e o contexto da Fashion Business Law, destaca-se algumas questões
centrais das operações negociais dessa indústria, como os contratos de licenciamento, os
quais são regidos pela Lei de propriedade industrial; os contratos de franquia, sobre os quais a
Lei 8.955/1994 dispõe; os contratos de compra e venda de mercadorias, em que as transações
comerciais nacionais são reguladas pelo Código Civil (LGL\2002\400); e as transações
internacionais pela soft law, ou seja, pelas leis e usos internacionais do comércio, como a
Unidroit e a lex mercatoria e também pela Convenção das Nações Unidas para a Venda
Internacional de Mercadorias - CISG 12, da qual o Brasil é signatário desde 2014.
Atualmente a CISG é um importante instrumento legal para as relações de compra e venda
internacional no âmbito da fashion law.

Começando a diminuir esses contratos, o principal na fashion business law é o de


compra e venda, neste setor, existem basicamente dois tipos de relações de compra e venda
comercial: entre as fábricas que vendem as mercadorias para as empresas de moda detentoras
das marcas, e entre a empresa de moda e o varejista. Os contratos de compra e venda no
âmbito da fashion law podem ser tanto nacionais quanto internacionais. Mas, tendo em vista
que muitas fábricas hoje em dia estão localizadas em países como China, Índia e Vietnam, as
transações internacionais estão muito presentes ( JIMENEZ p.538).

O contrato de compra e venda internacional é tão importante para o comércio que


Véra Fradera, citando expressão da professora Aline Kaczorowska, menciona que ele é o life
blood of international commerce''. A compra e venda internacional é um dos contratos mais
antigos da história da humanidade e está atrelado a uma das leis mais universais que o Direito
possui, alex mercatoria, a qual, ainda conforme lição de Fradera, “é uma criação dos tribunais
de comércio medievais, destinada a dirimir extrajudicialmente os conflitos jurídicos
relacionados ao exercício do comércio, além das fronteiras de determinado burgo”. Hoje em
dia, a nova lex mercatoria deve ser entendida como “um direito criado pelo empresariado,
sem a intermediação do poder legislativo dos Estados, as relações comerciais que se
estabelecem dentro da unidade econômica dos mercados”. (FRADERA, p.01/08)

Esse tipo de contrato de venda comercial internacional normalmente acontece entre


partes ausentes, ou seja, mediante documentação, mais comum com a ordem de compra, e a
aceitação ou confirmação do vendedor se dá mediante um e-mail, faturando proforma. Essas
operações.

A inadimplência é algo que deve ser resguardado para proteger o vendedor, surgindo
assim o chargeback uma forma mais simples de estabelecer uma indenização por
descumprimento das condições contratuais. Por exemplo, se um fornecedor de moda enviar
ao varejista mercadorias que não estão de acordo com o estipulado, o contrato pode permitir
que seja subtraído um valor por item inapropriado.

Outro ponto de observância são os contratos de licenciamento que se subdividem em


várias modalidades, e os que mais aparecem em atuação no mercado da fashion law são os
contratos de licença para uso de marca, de patente e de desenho industrial. Normalmente é
uma obrigação acessória, dependendo da obrigação principal para ter êxito.

A licença de uso é baseada no direito que o licenciado tem de utilizar a marca, a


patente ou o desenho regularmente depositados ou registrados no INPI, por certo prazo,
devendo respeitar o disposto nos artigos 139, 140 e 141 da Lei 9.279/1996 (LPI).

Os contratos de licenciamento podem ser confundidos com os contratos de


franchising, os quais também estão presentes no âmbito da fashion law. Há vários exemplos
de franquias de moda no Brasil: Osklen, Zara, Colcci, Bodyshop, O Boticário, entre tantas
outras. O contrato de franquia está tipificado na Lei 8.955/1994, é quando o franqueador
dispõe dos direitos de uso de uma marca, concedendo a terceiros, o franqueado, poder para
dirigir exclusiva ou semi-exclusivamente serviços ou produtos da marca patenteada.

Nos conflitos em que a sede de alguma das partes contratantes é no Brasil ou em que
houve escolha da aplicabilidade da lei brasileira no contrato, deverá ser aplicada a lei que o
tipifica e também a legislação nacional. Já na situação de um contrato internacional de
franchising, os franqueadores devem buscar a homogeneidade dos contratos que celebram
por meio da aplicação de regras uniformes. Se não houver normas aplicáveis ao caso, os usos
e costumes internacionais também podem ser evocados. E, na ausência destes, as partes
devem escolher qual a regra aplicável ao contrato.

Dentre esses, temos algumas espécies mais específicas dentro dessa indústria, como o
Contrato de Confidencialidade (NDA – Non Disclosure Agreement), comum entre operações
empresariais com o objetivo de que determinadas informações permaneçam em sigilo, ou
seja, as partes da relação estão impedidas de divulgarem ou de se beneficiarem de uma
informação considerada confidencial; Contratos de Locação com Shopping Center, pode se
dizer que existem diversas peculiaridade nesse tipo de contrato, em razão da enorme relação
de vínculo sobre a qual a desenvolve entre entre o lojista, locatário e o empreendedor, o
locador. Com despesas que vão do aluguel mínimo mensal, aluguel percentual, o 13º aluguel
e as despesas específicas do espaço locado, dentre outras diversas cláusulas que devem ser
minuciosamente lidas.

Já os contratos de trabalho, envolve as questões trabalhistas e terceirizadas, assunto


que deveria ser mais questionado pelos consumidores e fiscalizado pelo Ministério do
Trabalho. Assunto delicado, pois o cenário da produção de roupas e vestimentas abarcou um
obscuro background, onde muitas vezes não sabemos quem as produziu e pela falta de
elaboração contratual justa, as empresas acabam faturando milhões a mais com isso.

Hoje o Ministério Público do Trabalho está procurando mudar, criou e está


desenvolvendo o projeto Faces & Sustentáveis, onde busca zelar pelos trabalhadores
historicamente vulneráveis, como refugiados, oferecendo uma opção honesta e em condições
justas de trabalho.

Com o desenvolvimento da sociedade, e a alta demanda de usuários que em 2004


ingressaram nas redes sociais e conquistaram os internautas se tornando uma fabricação de
dinheiro, as empresas começam a investir no meio social para construir um novo mercado
online e passando a vender seus produtos através das redes sociais

Com isso, o que se mostrando mais no mercado são os Contratos de E-commerce,


principalmente a relação contratual entre comerciante x marketplace x consumidor,
conhecido como canais de venda que surge com a necessidade de métodos mais eficientes e
rápidos para os processos de compra e venda, com isso, as empresas utilizam para fazer
publicidade, expor seus produtos, controlar seu estoque, otimizar rotas de entrega, uma
grande tecnologia que as muitas vezes as empresas não podem fornecer e acabam utilizando
as plataformas, com o seu crescimento devagar já está trazendo benefícios a consumidores e
empresas, lugar que oferece ao cliente uma segurança, previsibilidade e proteção ao
consumidor.

Inclusive, o mercado da moda influenciou demasiadamente as redes sociais,


principalmente do Instagram, criado em 2010, está sempre se modificando para se
enquadrar ao novo consumismo que estava crescendo no mundo digital, com a criação de
área de publicidade e propaganda,patrocinados, anúncios, como o próprio desing de fotos que
antes facilitava a postagem de conteúdo e hoje o fácil acesso vai para o marketplace da rede.

3.2. A influência do direito na moda na economia


O setor da indústria da moda possui uma participação fundamental na economia
global, é o mercado têxtil o ramo da atividade económica que na atualidade mais
trabalhadores emprega no mundo.

De acordo com uma pesquisa realizada pela instituição de consultoria americana


McKinsey & Company, no ano de 2016, esta indústria obteve um crescimento 5,5% ao ano, o
equivalente a US $ 2,4 trilhões, podendo assim ser classificada como a 5o maior economia
mundial, considerando também o PIB de cada nação. (Damasceno e Almeida, 2010, p.38)

O Brasil é considerado um dos países mais atrativos para a venda do varejo de


vestuário no mundo, estando em 5o lugar em escala global, conforme a análise do sócio e
líder da prática de Varejo e Bens de Consumo da A.T Kearney na América do Sul, Esteban
Bowles, realizada em 2013, na qual comentou que a classe média crescente, maior percepção
de moda e conhecimento de marcas e um mercado de shopping centers em expansão foram as
principais causas (Damasceno e Almeida, 2010, p.38)

Entretanto as elevadas cargas tributárias do país, impedem que esse número aumente,
efetivamente, pelo efeito dos elevados custos, tanto no processo de iniciação da sua produção
como também para finalização desses produtos, seja na hora da venda do produto, sobre o
lucro e até mesmo nas negociações de estabelecimentos de contratos para licenciar um
produto tais circunstâncias têm reflexos, diretos e indiretos, nas questões ambientais,
tributárias e no uso da mão-de-obra inadequada. Nesse âmbito, a Confederação Nacional da
Indústria (CNI) afirma que a carga tributária brasileira é uma das mais elevadas,
principalmente sobre as empresas industriais. No Brasil “a alíquota nominal sobre as
empresas que recolhem pelo regime de Lucro Real é de 34%. Esse é o pior índice num
ranking com 18 países que competem diretamente com o Brasil no mercado internacional,
segundo análise a partir da basede dados Tax Rates Online, da KPMG”

Dando espaço para países que a criação e a manufatura regional se dá a partir do setor
industrial textil, em que venhamos a ser lugar de novas tendências capitais,que prioriza a
movimentação do capital textil e da economia de algumas regiões, como a China.Segundo os
dados apresentados pela Confederação Nacional da Indústria - CNI, “a China possui o melhor
desempenho em relação à produção. A participação chinesa no valor adicionado da indústria
de transformação mundial cresceu de 28,85%, em 2018, para 29,67%, em 2019”.

A China é considerada a primeira no ranking entre os países em desenvolvimento da


América Latina e o Oriente Médio, a China por ser o país mais atrativo para este tipo de
varejo, com o crescimento do e-commerce, ao maior desenvolvimento do mercado de luxo
(considerado o maior mundialmente) e de um fast fashion eficiente. A moda é responsável
por 65% do aumento do consumismo dentro do país. Além disso, estatisticamente, até 2021
está previsto um aumento de 11% deste valor.

Dono de um dos maiores mercados e centros de influência sobre moda no


mundo, o Estados Unidos, é o maior exportador de produtos

De acordo com Valquíria Costa, "no Brasil, em 2020, por exemplo, embora
enfrentando adversidades, o faturamento da cadeia têxtil ficou na casa de mais de 180
bilhões. E, em 2021, houve um aumento de faturamento da ordem de mais de 170%. Para
isso, contribuiu muito o mercado de moda digital, chamado de fashion e-commerce.

Segundo estatísticas de 2018, o varejo de moda brasileiro possui cerca de 149 mil
pontos de vendas (lojas especializadas e não especializadas no ramo) e, segundo o painel do
IEMI, juntos em 2017, esses ramos movimentaram cerca de 220 bilhões em recursos anuais.
Pois somente em no ano de 2017, o mundo fashion movimentou cerca de R$ 100 bilhões ao
redor do globo.
https://www.jorgestreet.com.br/wp-content/uploads/2020/03/Monografia-O
ficial-A-Influência-da-Moda-na-Sociedade-e-Economia.pdf

https://www.conjur.com.br/2022-jan-20/saboia-direito-moda-crise-setor-ess
encia-imagem

14 CONFEDERAÇÃO NACIONAL DAS INDÚSTRIAS. Agência de notícias CNI. “Tributação sobre a renda das
empresas brasileiras é uma das mais elevadas do mundo”. 22 out. 2019. Disponibilizado em: <https://noticias.
portaldaindustria.com.br/noticias/economia/tributacao-sobre-a-renda-das-empresas-brasileiras-e-uma-das-
mais-elevadas-do-mundo/>. Acesso em: 20 dez. 2020.

15 SIMÃO, Edna; RIBEIRO, Mariana. “Carga tributária em 2019 foi de 33,17% no Brasil“. Jornal Valor
Econômico. Brasília, 30 mar. 2020. Disponibilizado em: <https://valor.globo.com/brasil/noticia/2020/03/30/carga-
tributaria-em-2019-foi-de-3317percent-no-brasil.ghtml>. Acesso em: 20 dez. 2020.

https://www.bicharaemotta.com.br/fashion-law-como-o-direito-protege-a-industria-da-moda-
e-design/

Paula, Juliana Silva de; Ferreira, Rui Miguel Zeferino (2021). Direito fiscal aplicado ao direito
da moda. In Future Law, Vol. II, p. 217-226. ISBN 978-989-54869-6-0

https://bibliotecadigital.ipb.pt/bitstream/10198/23707/1/Direito%20fscal%20aplicado%20ao%2
0direito%20da%20moda.pdf
3.3 Casos jurídicos de infrações judiciais envolvendo a indústria da moda no Brasil e no
exterior

https://xdocs.com.br/doc/contratos-e-resolucao-de-conflitos-no-ambito-do-direito-da-moda-9
877zxqll78z

Destas breves citações acima, podemos tomar alguns pontos para identificarmos a
sofisticação que este “ramo” do direito atinge, pois como dito, estamos falando de
direitos autorais, propriedade intelectual, marcas e patentes, relações contratuais e
cíveis, direito digital e E-commerce, concorrencial e comercial, ambiental, tributária,
internacional, etc., pois se formos analisar o Direito da Moda “Fahion Law”
concluiremos que todas as áreas estão envolvidas nas relações jurídicas.

Quanto ao pedido de patentes regidas pela Lei de Propriedade Industrial e INPI, o


Brasil têm problemas recorrentes com a demora na análise e concessão das
mesmas, de tal sorte que além da morosidade, não podemos deixar de atentarmos
na tríade novidade, atividade inventiva e produção industrial, pois sem um destes
requisitos sequer a patente será concedida, sendo certo que esta morosidade
muitas vezes acarretará uma perda de valor na atividade inventiva ou ficar
ultrapassada com o passar dos anos, inclusive sujeita a reprodução indevida de
ideias e produtos.

a utilização de materiais em larga escala, cuja extração se faz de maneira duvidosa


através de indiscriminada violência aos meios naturais e sem a devida fiscalização,
são motivos que geram impactos principalmente na esfera social e ambiental e
consequentemente no mundo jurídico, porquanto, todo tipo de violação social e/ou
às normas jurídicas são e devem ser passíveis de sanção, de tal sorte que grande
parte das marcas mundiais estão atentas a este cenário, de maneira que é
inconcebível ter seu produto atrelado a algo neste sentido.

http://amarantemadeira.adv.br/wp-content/uploads/2018/05/Contratos-e-resolucao-de-conflito
s-no-ambito-do-Direito-da-moda.pdf

O direito da moda envolve “todas as questões passíveis de surgir ao longo do processo


produtivo e da comercialização de um artigo fashion, começando com a ideia original do
designer até chegar ao consumidor final” (BARREIRA, 2014, p. 13).

30 JIMENEZ, Guillermo; KOLSUN, Barbara. Op.cit., p. 538. 31 FRADERA, Vera Maria Jacob
de (Org.); MOSER, Luiz Gustavo Meira. A compra e venda internacional de mercadorias: estudos
sobre a Convenção de Viena de 1980. São Paulo: Atlas, 2011. Segundo à legislação

brasileira, a lei n.o 9605, de 12 de fevereiro de 1998, no seu art. 54.o estabelece que,
“causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam
resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou
a destruição significativa da flora”8, são factos jurídicos considerados crimes
ambientais, suscetíveis de punição. A Constituição Federal da República Federativa
do Brasil de 1988, também elenca em seu art. 225.o que “todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para presentes e futuras gerações”

p. 1-8

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