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LEI DE ABUSO DE
AUTORIDADE
Comentada artigo por artigo
Lei n.º 13.869/2019
Londrina/PR
2021
Dados Internacionais de Catalogação na
Publicação (CIP)
KARLOS ALVES
Graduado pela Faculdade de Direito Prof. Jacy de Assis, na Universidade
Federal de Uberlândia (2003). Especialista em Direito Público pela
FADIPA - Faculdade de Direito de Ipatinga e Mestre em Direito Público
pela Universidade Federal de Uberlândia (2012). Doutorando em Direito
Processual Coletivo pela UNAERP. Atualmente é professor de Direito
Penal e Processual Penal da Universidade Federal de Uberlândia/MG.
http://lattes.cnpq.br/5643625088283288. ID ORCID: 0000-0001-8470-
8142. E-mail: karlosalves@gmail.com
“L’autorité des lois ne repose que sur le crédit qu’on leur fait.
On y croit, c’est là leur seul fondement. Cet acte de foi n’est
pas un fondement ontologique ou retionnel. Encore faut-il
penser ce que croire veut dire.”
— JACQUES DERRIDA
1. SILVA, Jorge Pereira da. Deveres do Estado de protecção de direitos jusfundamentais: fundamentação
e estrutura das relações jusfundamentais triangulares. Lisboa: Universidade Católica Editora, 2015,
p. 360. Destaca: “Quer isso dizer que, mesmo tomando por referência apenas as ditas posições
jusfundamentais de estrutura essencialmente negativa, nem sempre é possível deduzir deveres de
protecção em sentido próprio no tocante àqueles direitos que, atendendo à sua natureza, encontram
Constitui para mim motivo de sincera satisfação poder prefaciar este livro,
de autoria dos brilhantes professores e pesquisadores Karlos Alves, Simone
Silva Prudêncio e Gabriela Garcia Damasceno, no qual comentam artigo por
artigo, a Lei de Abuso de Autoridade.
Em primeiro lugar, vêm à minha memória as gratas recordações da
relação científica e pessoal que mantenho com os autores, iniciada durante
a prazerosa e frutífera convivência nas lides acadêmicas e no Fórum de
Uberlândia, onde atuei à frente da 1ª Vara Criminal por mais de 22 anos. Não
se limitou ao marco estrito das relações acadêmicas e às afeitas à prestação
jurisdicional, que se seguiram com assiduidade, mas que se aprofundaram ao
longo de extensas conversas, motivadas fundamentalmente pelas insaciáveis
curiosidades intelectuais dos mesmos.
Trata-se de obra paradigmática, na qual os autores conseguiram
exteriorizar, de maneira simples, clara e objetiva, todos os conhecimentos de
que dispõem e que, agora, são lançados ao público.
Empreender estudos sobre o Abuso de Autoridade, analisando o
ordenamento jurídico próprio, traçando parâmetros do contexto brasileiro, não
é tarefa fácil, ante a evidente complexidade inerente ao tema, hodiernamente
objeto de profundo debate entre diversos autores que se debruçam sobre as
inquietações trazidas por esse diploma legal, notadamente a notável dificuldade
de fixação de parâmetros doutrinários e jurisprudenciais quanto a conceitos
indeterminados contidos na mesma.
As autoras e o autor enfrentam esta dificuldade apresentando
esclarecimentos objetivos, primordialmente quando analisam conceitos
indeterminados contido na lei de abuso de autoridade, tipificadores da
hermenêutica, por vezes, da própria função pública.2
Ademais, inserem no contexto da obra todas as adequações típicas, em
que pese a aparente abertura semântica dos mesmos, sob a ótica da melhor
interpretação constitucional no que concerne o alcance incriminador de funções
específicas de autoridades do Poder Público.
Merecem destaque as análises empreendidas no primeiro capítulo, no qual
discorrem sobre as disposições gerais da lei de abuso de autoridade, trazendo
luz à base estrutural da norma, o fundamento expressado pelo primeiro artigo,
que contém disposição limitadora e geradora de inúmeros debates ínsitos ao
poder emanador das leis – e às consequências decorrentes desse poder.
O diploma legal que cuida do abuso de autoridade, comentado pelos
autores, se imiscui na elucidação da conduta do agente público que incorrerá
no abuso de autoridade quando abusar do poder que se lhe for atribuído,
mediante o dolo específico de causar prejuízo a outrem ou de se beneficiar
ou beneficiar terceiro, além de atuar por mero capricho ou satisfação pessoal,
quando a sua conduta se amoldar aos elementos do fato típico. Ademais, foram
explícitos e claros ao demonstrarem que, com a vigência da lei de abuso de
o seu campo de aplicação exclusivo nas relações que se estabelecem entre os indivíduos e o Poder
Público e que, em consequência, só podem ser ameaçados pelo Estado e demais autoridades
públicas – eficácia vertical proprio sensu.
2. BOBBIO, Norberto; VIROLI, Maurizio. Direitos e deveres na república: os grandes temas da
política e da cidadania. Tradução de Daniela Beccaccia Versiani. Rio de Janeiro: Campus,
2007, p. 50.
autoridade, não haverá crime de hermenêutica, no comentário do art. 1º, § 2º.
Este aspecto é importantíssimo para o enfrentamento de todo o conteúdo da
norma comentada, haja vista que o interprete e o aplicador da mesma poderá
ter parâmetro inexistente até o presente momento de sua vigência, quando se
deparar com a necessidade de realizar a adequação do caso concreto ao tipo
penal, o que extirpa a argumentação de sua inconstitucionalidade.
Os 45 artigos da lei de abuso de autoridade foram bem analisados e
comentados pelos autores, que contribuem para uma perfeita atuação do
intérprete sob a égide do Estado de Direito no qual a mesma atua para impedir
que qualquer autoridade se posicione acima da ordem jurídica vigente no país.
Ressalte-se que do agente público moderno se exige probidade. E, nesse
compasso, convém lembrar que o artigo 37, §4º, da Constituição da República
é assertivo: “Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão
dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e
o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo
da ação penal cabível.”
Vasto repositório normativo já existe no ordenamento para tutelar os
desvios de conduta – inclusive por violação à principiologia de regência da
atividade pública – e há normas cogentes que vinculam a atuação de indivíduos
que exercem a função pública, sob diferentes facetas, a parâmetros de
probidade e adequação. Fala-se, no direito administrativo, na necessidade de
observância à finalidade pública do ato; igualmente, prima-se pelo atendimento
do interesse público na realização da atividade pública. Porém, a ausência de
limites acaba criando zonas cinzentas nas quais a falta de imposição normativa
conduz a repudiáveis excessos nos quais mesmo esse arcabouço já existente
não basta para conter abusos e ilícitos.
Tanto se fala na premência das boas práticas de governança, do combate
a atos de corrupção e, primordialmente, da introjeção da ética nas rotinas de
estado como vetores de verdadeira accountability pública, que têm o objetivo
primordial de impedir a prática de atos arbitrários, desviados da desejada
probidade administrativa preconizada no texto constitucional.
Fomentar “uma cultura de governança e efetivo combate aos atos de
corrupção é aspecto essencial para o fortalecimento de uma democracia”3. De
fato, atuando em sentido preventivo, a norma coíbe a deflagração de árduos
e onerosos processos disciplinares, ações de improbidade e ações penais ao
fomentar verdadeira atuação norteada por parâmetros de probidade e lisura.4
Se o tema, em si, não é novo, pode-se ressaltar que a proposta
apresentada pelos autores possui contornos inovadores, colhidos da descrição
profunda e densa sobre cada um dos artigos comentados que representam,
nada mais, nada menos, que uma valiosíssima evolução de cunho informativo e
3. FALEIROS JÚNIOR, José Luiz de Moura. Administração Pública digital: proposições para o
aperfeiçoamento do Regime Jurídico Administrativo na sociedade da informação. Indaiatuba:
Foco, 2020, p. 110.
4. LORENZETTI, Ricardo Luis. A arte de fazer justiça: a intimidade dos casos mais difíceis da
Corte Suprema da Argentina. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 185. Anota: “O termo
‘boa governança’ (‘good governance’) é um padrão de governança que pode ser usado para
examinar a eficácia das instituições.”
pedagógico para evitar, prevenir e dirimir possíveis práticas de injustos, de uma
forma amistosa no âmbito do Poder Público, devendo imperar a impessoalidade.5
Esta obra propiciará ao leitor e pesquisador, às autoridades públicas, a
certeza de que o abuso de autoridade causador de injusto penal, adquiriu corpo
no Brasil e os artigos, incisos e parágrafos analisados os levarão à convicção de
que a realidade brasileira é marcada pela presença de indivíduos de múltiplas
determinações e personalidades fragmentadas6, tornando-se instrumento de
auxílio na condução do aprimoramento cultural, educacional e com um corpo
de servidores públicos respeitáveis e capazes de edificação da cidadania,
ante o avanço civilizatório que a mesma representa para o sistema jurídico
penal pátrio, acentuando as análises e reflexões frente aos contornos e limites
punitivos decorrentes do Estado de Direito.
Se, como expressa Jacques Derrida na epígrafe deste prefácio, é a
confiança no ordenamento jurídico que exprime e fomenta a lisura de seus
agentes, conhecer os limites existentes e impostos pelo próprio ordenamento
para a contenção de abusos e arbitrariedades é caminho virtuoso e necessário
rumo à consolidação de um novo paradigma. Cientes disso, sabemos que
conhecer as nuances de novas leis como a que os autores se dedicaram
a comentar é fundamental e esse livro contribuirá para a solidificação do
conhecimento de todos os que o manusearem.
AUTORES................................................................................................7
PREFÁCIO...............................................................................................9
Capítulo I
Disposições gerais................................................................................................................15
ART. 1º................................................................................................17
Capítulo II
Dos sujeitos do crime..........................................................................................................23
ART. 2º................................................................................................23
Capítulo III
Da ação penal ........................................................................................................................27
ART. 3º................................................................................................27
Capítulo IV
Dos efeitos da condenação e das penas restritivas de direitos ...........................31
ART. 4º................................................................................................31
ART. 5º................................................................................................40
Capítulo V
Das sanções de natureza civil e administrativa .........................................................51
ART. 6º................................................................................................51
ART. 7º................................................................................................54
ART. 8º................................................................................................56
Capítulo VI
Dos crimes e das penas ......................................................................................................57
ART. 9º...............................................................................................57
ART. 10º..............................................................................................83
ART. 11º..............................................................................................89
ART. 12º..............................................................................................89
ART. 13º..............................................................................................98
ART. 14º............................................................................................105
ART. 15º............................................................................................105
ART. 16º............................................................................................112
ART. 17º.............................................................................................116
ART. 18º.............................................................................................117
ART. 19º............................................................................................120
ART. 20º............................................................................................125
ART. 21º............................................................................................129
ART. 22º............................................................................................133
ART. 23º............................................................................................142
ART. 24º............................................................................................145
ART. 25º............................................................................................149
ART. 26º............................................................................................165
ART. 27º............................................................................................167
ART. 28º............................................................................................171
ART. 29º............................................................................................176
ART. 30º............................................................................................181
ART. 31º............................................................................................184
ART. 32º............................................................................................190
ART. 33º............................................................................................197
ART. 34º............................................................................................202
ART. 35º............................................................................................203
ART. 36º............................................................................................204
ART. 37º............................................................................................208
ART. 38º............................................................................................211
ART. 39º............................................................................................214
ART. 40º............................................................................................223
ART. 41º............................................................................................227
ART. 42º............................................................................................229
ART. 43º............................................................................................230
ART. 44º............................................................................................231
ART. 45º............................................................................................231
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
Lei:
Capítulo I
Disposições gerais
A previsão normativa de instrumentos jurídicos que seriam capazes de
combater os excessos e arbitrariedades praticadas por agentes públicos sempre
foi considerada uma das preocupações com o exercício da função pública.
No contexto brasileiro, a questão relativa ao abuso de autoridade era
tratada pela Lei 4.898/65, editada durante o governo militar, que descrevia os
crimes por ela tipificados como infrações de menor potencial ofensivo. Assim,
parte da doutrina brasileira reclamava de suas disposições afirmando que
estávamos diante de uma proteção deficiente do bem jurídico por ela tutelado.
Em linhas gerais, podemos afirmar que o bem jurídico tutelado pelo
presente instrumento normativo seria não só os direitos fundamentais do
cidadão, mas também a tutela do interesse geral no normal funcionamento da
administração pública e seu prestígio, resguardando o regular exercício de suas
atividades e funções.
Para o exercício da função pública, a nossa Constituição de 1988
estabeleceu que a administração pública deve obedecer aos seguintes
princípios:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE
14 Comentada artigo por artigo
Esses princípios espelham o ideário de uma época e definem-se como
um corpo de normas jurídicas que devem ser compreendidas como regras
impositivas e preceitos obrigatórios a todos os órgãos de poder e cidadãos.
Além disso, a Constituição não deve ser compreendida como um simples corpo
de normas igual a qualquer outro, ela representa algo qualificado pela posição
suprema que ocupa no conjunto normativo.
À Constituição todos devem obediência: o legislativo, o judiciário e o
executivo, por todos os seus órgãos e agentes, sejam eles de ocupantes de
qualquer escalão, bem como todos os membros da sociedade1.
Como todos devem obediência as normas constitucionais, os excessos
e as arbitrariedades não devem ser tolerados pois maculam os preceitos
constitucionais e geram um desprestígio à função pública. Nesse sentido, o
agente público deve zelar para que sua conduta seja ilibada, ao cumprir
regularmente os deveres que lhe foram confiados pelo povo, evitando assim
que, com um comportamento diverso, venha a macular a imagem do Estado.
A nova lei de abuso de autoridade, Lei n. 13.869/19, nasce com o objetivo
de modernizar a prevenção e a repressão às condutas que atentem contra as
garantias fundamentais do cidadão em relação aos agravos praticados pelos
agentes públicos.
Para tanto, foram criados novos tipos penais, reformulados outros e
incrementadas as penas. A reformulação e o incremento das penas se deram
em virtude da proteção deficiente do bem jurídico tutelado que vozes da doutrina
bradavam sob a égide da lei anterior, já que era difícil aceitar que os crimes
dessa natureza eram, sem exceção, de menor potencial ofensivo!2
Renée do Ó Souza afirmou, ao comentar a Lei n. 4.898/65, que a lei
revelava um efeito meramente simbólico e promocional. Ela é incapaz
de combater adequadamente os ilícitos perpetrados em face dos direitos
fundamentais, já que suas penas são quase que insignificantes e facilmente
alcançáveis pela prescrição3. A nova lei procura corrigir esse tipo de problema.
Mas, como o tema é marcado pela controvérsia a Lei n. 13.869/19 nasce com a
mácula do revanchismo, algo que ficou evidente nos discursos de boa parte dos
parlamentares que debateram e aprovaram suas disposições.
Esse revanchismo deriva de uma polarização radicalizada que encerrou
um ciclo político o qual organizou nosso presidencialismo de coalização nos
últimos 25 anos. Assim, rompeu-se um eixo político partidário e se estabeleceu
um progressivo desalinhamento do sistema de partidos através de uma ruptura
eleitoral decorrente do encerramento desse ciclo4.
1. MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Eficácia das normas constitucionais e direitos sociais.
São Paulo: Malheiros, 2009. p. 11.
2. CUNHA, Rogério Sanches; GRECO, Rogério. Abuso de autoridade: Lei 13.869/2019:
comentada artigo por artigo. Salvador: Juspodivm, 2020. p. 12.
3. CUNHA, Rogério Sanches; SOUZA, Renée do Ó Souza. Et al. Leis penais especiais
comentadas artigo por artigo. Salvador: Juspodivm, 2019. p. 270.
4. ABRANCHES, Sérgio. Democracia em risco? 22 ensaios sobre o Brasil de hoje. São Paulo:
Companhia das letras, 2019. p. 11.
Karlos Alves
Gabriela Garcia Damasceno
Simone Silva Prudêncio 15
DESTAQUES
De forma geral, a Lei n. 13.869/2019 tutela os direitos fundamentais do cidadão,
o normal funcionamento da administração pública e seu prestígio, bem como o
regular exercício de suas atividades e funções.
Para atingir seus objetivos a Lei n. 13.869/2019 criou novos tipos penais,
reformulou outros e estabeleceu novos patamares punitivos.
ART. 1º
Essa lei se aplica ao agente público, servidor ou não, que abusa do poder
no exercício da função pública. A expressão “agente público” é ampla, pois
engloba todos aqueles que exercem funções públicas.
Para Matheus Carvalho, agente público é qualquer pessoa que age em
nome do Estado, independentemente de vínculo jurídico, ainda que atue sem
remuneração e transitoriamente5.
O art. 2º da Lei de improbidade administrativa define agente público como
sendo:
Art. 2º Reputa-se agente público, para os efeitos desta
Lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente
7. PRADO, Luiz Regis. Comentários ao código penal: jurisprudência e conexões lógicas com os
vários ramos do direito. 7. ed. São Paulo: Revista dos tribunais, 2012. p. 911.
8. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 19. ed. São Paulo: Malheiros, 1994.
p. 72.
9. MARINELA, Fernanda. Direito administrativo. 4. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2010. p. 210.
LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE
18 Comentada artigo por artigo
Temos excesso de poder quando o agente público atua fora dos limites
de sua competência, ou seja, ele extrapola a competência que lhe foi atribuída
praticando atos que não estão previamente estipulados em lei10.
DESTAQUES
Agente público todos aqueles que exercem função pública ou que agem em
nome do Estado, independentemente do tipo de vínculo jurídico, da forma de
investidura, ainda que atue sem remuneração ou transitoriamente.
Abuso de poder é gênero que comporta duas espécies: o desvio de poder (desvio
de finalidade) e o excesso de poder.
Desvio de poder: o agente atua dentro dos limites da sua competência, mas visa
alcançar finalidade não prevista em lei.
Excesso de poder: o agente extrapola a competência que lhe foi atribuída por lei.
(...)
DESTAQUES
A Lei n. 13.869/2019 estabelece as seguintes finalidades específicas para as
condutas descritas como crimes de abuso de autoridade: 1. Prejudicar a outrem;
2. Beneficiar a si mesmo; 3. Beneficiar a terceiro; 4. Mero capricho; 5. Satisfação
Pessoal.
Essas finalidades específicas devem ser apontadas na inicial da ação penal, sob
pena de inépcia da peça acusatória.
11. BUSATO, Paulo César. Direito penal: parte geral, v.1. São Paulo: Atlas. 2017. p. 375-377.
12. CUNHA, Rogério Sanches; GRECO, Rogério. Ob. Cit. p. 13-15.
LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE
20 Comentada artigo por artigo
Por fim, a lei dispõe que:
13. MASSON, Cleber. Direito penal esquematizado v.1. 11. ed. São Paulo: Método, 2017. p. 235.
14. FERRAZ JÚNIOR, Tercio Sampaio. A ciência do direito. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2006. p.15.
15. CUNHA, Rogério Sanches; GRECO, Rogério. Ob. Cit. p. 17.
Karlos Alves
Gabriela Garcia Damasceno
Simone Silva Prudêncio 21
DESTAQUES
A Lei n. 13.869/2019 afastou expressamente a possibilidade da existência do
crime de hermenêutica.
Capítulo II
ART. 2º
16. TAVARES, Juarez. Fundamentos da teoria do delito. Florianópolis: Tirant lo Blanch, 2018. p.
135-136.
17. LUHMANN, Niklas. apud FERRAZ JÚNIOR, Tercio Sampaio. A ciência do direito. 2. ed. São
Paulo: Atlas, 2006. p.41.
18. CUNHA, Rogério Sanches; SOUZA, Renée do Ó Souza. Et al. Ob. Cit. p. 271.
Karlos Alves
Gabriela Garcia Damasceno
Simone Silva Prudêncio 23
Com a nova redação do art. 9º, inciso II do Código Penal Militar houve
uma ampliação dos crimes de natureza militar e perdeu sentido uma divisão
na conceituação do crime em militar próprio (aquele definido no Código penal
militar impróprio) e crime militar impróprio (aquele também definido no restante
da legislação penal. Com a redação do art. 9º inciso II passa a ser considerado
19. CUNHA, Rogério Sanches; SOUZA, Renée do Ó Souza. Ob. cit. p. 271.
Referências
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BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional. 13. ed. São Paulo:
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LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE
232 Comentada artigo por artigo
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Karlos Alves
Gabriela Garcia Damasceno
Simone Silva Prudêncio 233
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