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Brazilian Journal of Development 52032

ISSN: 2525-8761

Estudo dos ciclos operacionais que influenciam a qualidade do


desmonte de rocha de mina subterrânea

Study of operational cycles that influence the quality of blasting rock


in underground mine
DOI:10.34117/bjdv7n5-548

Recebimento dos originais: 25/04/2021


Aceitação para publicação: 25/05/2021

Jean Carlo Silva Lopes


Engenheiro de Minas
Instituição: Faculdades Kennedy de Belo Horizonte
Endereço: Rua Coronel Júlio Mota 212
Bonsucesso, CEP: 34800-000,
Caeté, Minas Gerais, Brasil
E-mail: jean.minas6@gmail.com

Carlos Antônio Diniz


Engenheiro de Minas
Instituição: Faculdades Kennedy de Belo Horizonte
Endereço: Rua Ramiro Franco, nº 37 – Centro, CEP: 34800-000,
Caeté, Minas Gerais , Brasil -
E-mail: ca-diniz@hotmail.com

Cláudia Duarte da Conceição


Mestre e Especialista em Exploração Mineral
Docente na Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais-UEMG | Unidade João
Monlevade
Endereço: Avenida Brasília, 1304, Baú, CEP: 35.930-314, João Monlevade, Minas
Gerais, Brasil
E-mail: claudia.conceicao@uemg.br

RESUMO
A falta de cumprimento do ciclo operacional de desmonte de rocha acarreta em resultados
indesejáveis, tanto na qualidade e produção, quanto na preservação do maciço rochoso
remanescente. Ao se adotar o ciclo operacional, tem-se a preparação da área a ser
detonada conforme padronização da sequência das etapas subsequentes, otimizando o
desmonte. As conclusões da pesquisa demonstram que é imprescindível buscar a
qualidade da detonação, que contribui significativamente para a fragmentação desejada e
com o menor impacto no maciço rochoso remanescente, e evitar a instabilidade da área
operacional, que pode impossibilitar as próximas operações de explotação.

Palavras-Chave: Ciclo Operacional, Desmonte de Rocha, Otimização.

ABSTRACT
Failure to comply with the operating cycle of rock blasting entails in undesirable results.
Both in quality and production, as well at preservation of the remaining host rocks.
Adopting the operating cycle, has the preparation area to be detonated according

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production planning and standardizing of the subsequent stages. This optimizes the rock
blasting. The conclusions of this research demonstrate that it is essential looking for
quality of detonation, which contributes significantly to desired fragmentation and with
minimum impact on the remaining rock mass, and avoid instabilization the operational
area and, consequently may turn the exploitation impossible.

Keywords: Operating Cycle, Rock Blasting, Optimization.

1 INTRODUÇÃO
Devido à necessidade de cumprimento da produção de minério, percebe-se que a
etapa de desmonte de rocha (primeira fragmentação) é a etapa chave para viabilizar o
transporte do material. Sabe-se que a detonação das rochas pode ser realizada sem
obedecer aos ciclos operacionais, mas que tal fato comprometerá significativamente os
resultados do desmonte.
De acordo com Kurcewicz (2004) , a criação de ciclos operacionais para o
desmonte de rocha contribui significativamente para a qualidade da detonação. Isso
porque a queima de etapas implica em uma falta de controle da detonação que
proporcionará um desmonte sem qualidade, causando grandes impactos na rocha,
fragmentação indesejada, perda de face livre e automaticamente o não cumprimento das
metas de produção estabelecidas.
Por isso, há diversos estudos na área da Engenharia de Minas voltados a descrever
como se minimizam as perdas existentes nessa etapa, pois sabe-se que qualquer resultado
negativo impactará diretamente na produção planejada e, consequentemente podendo
gerar prejuízos econômicos ao empreendedor. Diante das necessidades de melhoria no
desmonte de rocha na lavra de mina subterrânea, percebe-se a importância de conhecer e
planejar corretamente todas as etapas do ciclo operacional, o que irá contribuir para uma
qualidade do processo e menor impacto nas rochas encaixantes.
As aplicações dessas etapas incidem em procedimentos de ciclo operacional, que
consiste em atingir uma padronização de sequências operacionais, evitando “queima” de
etapas. As sequências dessas etapas compreendem a preparação do ambiente de trabalho
para a perfuração, levantamento topográfico, perfuração, monitoramento da qualidade de
perfuração através da perfilagem, filmagem dos furos para identificação de estruturas,
desenvolvimento do plano de fogo e controle de vibrações através de sismógrafo.
Este artigo apresenta relevância teórica e prática por realizar um estudo
bibliográfico e descritivo dos processos envolvidos nos ciclos operacionais de desmonte

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de rocha, visando apontar a influência desses procedimentos na qualidade da


fragmentação da rocha da lavra e conservação das rochas encaixantes, que representa a
vida útil da mina.
O objetivo geral desse trabalho é apresentar ferramentas para a contribuição da
qualidade do desmonte de rochas nas minas subterrâneas para conservação das rochas
encaixantes, além do cumprimento da produção planejada. Os objetivos específicos são:
➢ Descrever quais são os procedimentos necessários para se preparar o ambiente de
trabalho para perfuração;
➢ Analisar os fatores preponderantes para o monitoramento da qualidade de
perfuração, através da perfilagem dos furos;
➢ Identificar quais podem ser as falhas e fraturas que podem ser visualizadas através
de filmagens dos furos;
➢ Demonstrar como devem ser o planejamento das cargas de explosivos e de
retardos;
➢ Dissertar sobre a importância da sismografia para monitorar impactos no maciço.

2 METODOLOGIA
Os procedimentos metodológicos consistiram na análise e descrição sistemática
dos fatores e instrumentos envolvidos no desmonte de lavra de mina subterrânea.
Primeiramente, realizou-se a análise descritiva e exploratória de diversos relatórios
obtidos de uma empresa de grande porte de mineração.
Por questões de ética científica, adotou-se um nome fictício para a mesma, pois o
objeto de pesquisa incide somente sobre os relatórios já existentes de desmontes já
concluídos e não sobre a empresa como instituição.
Em um segundo momento, realizou-se uma pesquisa bibliográfica apresentando
autores que convalidam a importância e interferência de cada etapa do ciclo operacional
no desmonte subterrâneo.
Por fim, apresentou-se um detalhamento de cada etapa desse ciclo, como devem
ser realizadas e as devidas influências no desmonte de rocha.
É importante destacar que se trata de uma pesquisa qualitativa, aliada a
observações do próprio autor baseados em sua experiência profissional em área correlata
ao tema. Portanto, no próximo capítulo, apresentam-se os tópicos referentes às etapas do
ciclo operacional e suas devidas considerações.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 PREPARAÇÃO DO AMBIENTE DE TRABALHO
Segue a descrição das etapas necessárias, bem como suas devidas considerações:
➢ Preparação de pista: É o procedimento necessário para remoção do “repé”, rocha
in situ que não foi fragmentado no processo de desmonte, localizadas nas laterais ao longo
da galeria. O repé ocorre devido a falhas nas detonações sucessivas do desenvolvimento
para abertura da galeria. Para essa remoção, é necessário que uma retro escavadeira raspe
todo material ou utiliza-se um rompedor para quebrar a rocha. Em seguida faz-se o
nivelamento da pista com uma moto niveladora. É importante manter o grau de inclinação
ascendente em sentido ao final da galeria para drenagem da água gerada pela perfuração
e dimensionamento adequado da galeria para equipamento de perfuração.
(ALVARENGA, 2012)
➢ Adaptação de tubulação hidráulica, tubulação de ar comprimido e cabo elétrico:
As adaptações de tubulação hidráulica, ar comprimido e cabo elétrico tem que respeitar
os pontos demarcados evitando que sejam fixados na malha de perfuração. Esse
procedimento é essencial para manter o emboque do furo, conforme planejado. E, de
acordo com Rodovalho (2013), a infraestrutura é de grande relevância para o
desenvolvimento das atividades na mina.
➢ Ventilação e captação de água: O duto de ventilação será fixado no teto ao longo
de toda galeria, sendo removido em lances conforme o recuo do equipamento de
perfuração. Desta forma, evita-se que representem barreiras, impedindo a realização dos
furos, ou atrapalhando as manobras que o operador precise realizar no processo. Neste
realce, faz-se necessário a instalação de uma bomba no sump para drenagem da água
gerada pelo equipamento de perfuração.
A Figura 1 mostra uma adaptação da adequação da infraestrutura.

Figura 1: Adaptação adequada da Infraestrutura

Fonte: Pesquisa Aplicada,2016

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Na Figura 2 ilustra uma pista de frente de lavra em perfuração.

Figura 2: Pista de realce em perfuração

Fonte: Pesquisa Aplicada,2016

3.2 LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO


O levantamento considerado nesse trabalho é realizado por uma estação total, que
é a principal ferramenta para coletar dados do comportamento estrutural da galeria, de
[4]
acordo com Veiga (2007) . Em seguida, esses dados são transferidos para o software
onde ocorre tratamento e projeção. Os resultados obtidos são importantes para
desenvolvimento de projetos de perfuração e futuras avaliações comparativas entre
atividades planejadas e executadas, assim como análise dos resultados alcançados. A
Figura 3 ilustra esse processo.

Figura 3: Levantamento topográfico da área operacional para desenvolvimento de projeto da perfuração(a),


com as suas delimitações de área mineralizada, programada e realizada(b)

Fonte: Pesquisa Aplicada,2016

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No levantamento para desenvolvimento de projeto de perfuração a estação total é


instalada em diversos pontos estratégicos ao longo da galeria para levantamento das suas
medidas reais. Os dados coletados identificam detalhes como pequenos blocos de rocha,
raios de curvatura, desnível de pista e diversas irregularidades ao longo da galeria.
Os dados são tratados por softwares que cruzam informações, acompanhando o
corpo mineralizado em profundidade. Essas informações são entregues para
desenvolvimento de projetos para a perfuração, conforme afirma Paiva (2016). No projeto
representado na Figura 4, contemplou-se 6 furos dentro da área mineralizada, sendo
marcados da letra A ao F. O furo F, embora fora da área mineralizada é necessário para
uma inclinação favorável ao escoamento da rocha fragmentada.

Figura 4:Levantamento topográfico para desenvolvimento de projeto da perfuração

Fonte: Pesquisa Aplicada,2016

Para a certificação da qualidade da atividade de perfuração e a garantia do


planejado é realizado o levantamento dos pontos exatos onde foram feitos os furos. A
estação total coleta todos os dados de emboque dos mesmos para identificação dos pontos
e faz – se um comparativo com o planejado. No Quadro 1 apresenta-se 7 (sete) furos, dos
leques 10 ao 17, com o registro de cada desvio.

Quadro 1: Quadro de desvio do emboque dos furos

Fonte: Pesquisa Aplicada,2016

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O levantamento para identificação da área desmontada é realizado através da


estação total onde se coletam os dados da área desmontada, visando pontuar em detalhes
o resultado de cada detonação. Através desses dados pode-se avaliar a ocorrência ou não
de underbreak ou overbreak. A Figura 5 apresenta um caso em que ocorreu overbreak,
região demarcada na parte superior da linha de contorno da perfuração.

Figura 5: Exemplo de overbreak. desplacamento do Hangwall, identificado pelo levantamento topográfico

Fonte: Pesquisa Aplicada,2016

3.3 PERFURAÇÃO
Segundo Quaglio (2003), a perfuração é a etapa que contribui para atender à
demanda da produção da mina, bem como a conservação das encaixantes para não ser
perfurada e automaticamente detonada. (GOMES 2011)
A sequência para execução da perfuração segue os passos descritos abaixo:
➢ Escalação do equipamento: O equipamento será escalado na extremidade do
realce em pontos estratégicos, respeitando a altura correta, inclinação e afastamento
conforme registrado no projeto. Nesse procedimento, o operador deve mante a
estabilidade do equipamento, que é feito através da patola (Figura 6).
➢ Parâmetros de pressão: Os parâmetros envolvidos na perfuração percussão,
avanço e rotação devem ser controlados através das variáveis operacionais, como
pressões de água e ar comprimido, respeitando os parâmetros do fabricante. Caso
contrário, poderão ocorrer desvios no furo (SILVA 2009). As pressões de ar comprimido
e água, que chegam ao equipamento devem ser adequadas conforme mostra o Quadro 2:

Quadro 2: Parâmetros de perfuração – pressão e velocidade média de rotação

Fonte: Pesquisa Aplicada,2016

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➢ Emboque dos furos: Caso ocorra o erro no emboque do furo, certamente ocorrerá
desvio. A Figura 7 apresenta um comparativo do furo planejado na cor lilás e realizado
na cor vermelha, demonstrando falha no emboque dos furos.

Figura 7: Comparativo de furo planejado e furo realizado causado por falha no emboque

Fonte: Pesquisa Aplicada,2016

➢ Quantidade, inclinação e profundidade dos furos: Os dados da perfuração como


seu comprimento, inclinação e ângulo são pré-estabelecidos pelo planejamento mediante
as informações da área operacional. O operador deverá respeitar cada informação, caso
contrário, os furos devem ser cancelados.

Quadro 3: Dados da furação

Fonte: Pesquisa Aplicada, 2016

3.4 PERFILAGEM
A etapa da perfilagem, segundo Webber (2008) é utilizada nos furos de desmonte
em minas.
Nesta etapa realiza-se a avaliação do furo, convalidando a qualidade quanto às
exigências de ângulo, inclinação e profundidade que estão registrados no projeto de
perfuração. Os dados de perfilagem são extraídos a partir de ferramentas com sensores
que são inseridos nos furos para identificação de possíveis desvios. Após o processo em
campo, os dados são tratados por software, que demonstram através de figuras o

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comportamento de cada furo em profundidade e posteriormente são comparados com o


planejado para avaliação dos possíveis impactos no desmonte.
O levantamento de dados em campo requer uma limpeza adequada e eficiente dos
furos utilizando ar comprimido. O sensor para coleta de dados é fixado nas hastes (Figura
8), que são inseridas manual e gradativamente nos furos em toda sua extensão.

Figura 8: Operação em campo com sensor de perfilagem (a) ; fixação do sensor nas hastes (b).

Fonte: Pesquisa Aplicada, 2016

➢ Tratamento de Dados: Os resultados obtidos pela perfilagem para avaliação da


perfuração realizada possibilitam o sucesso do desmonte. Pois, é uma etapa que aponta -
feed back -, para a equipe de perfuração, referente a sua qualidade quanto ao alinhamento
dos furos. (BARROS et. al, 2017) . A Figura 9 mostra a visualização de desvios dos furos
e os dados tratados estão no Quadro 4.

Figura 9: Visualização de desvio dos furos em perfil

Fonte: Pesquisa Aplicada, 2016

Quadro 4 : Dados tratados dos desvios da figura 9.

Fonte: Pesquisa Aplicada, 2016

3.5 FILMAGEM
A filmagem é realizada com uma câmera fixada na ponta de uma haste e
introduzida dentro do furo de forma manual para visualização de 360 graus da parede dos

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furos (COTA, 2011). Ao identificar alguma alteração que possa comprometer o


desmonte, a equipe registrará a metragem que possa ter possíveis falhas ou fraturas para
realização de filmagem. Esta filmagem com televisionamento é obtida através de uma
micro câmera adaptada em uma sonda que é inserida no furo relatado (DE OLIVEIRA,
2012).
Quando se detona um furo com bolsão, que automaticamente recebe maior
quantidade de massa explosiva na área vazia do furo, a rocha absorve toda a energia
gerada e consequentemente comprometendo a estabilidade da área operacional. A
filmagem auxilia, também, no monitoramento da sequência planejada para detonação de
cada espoleta. A presença de fraturas, bolsões e intercepções de outros furos, podem
iniciar outra espoleta, por simpatia, ou seja, forçando a detonação fora do tempo
estipulado.

Figura 10: Operação de filmagem (a); Furo com cisalhamento(b) e Intercepção de 2 furos(c).

Fonte: Pesquisa Aplicada, 2016

Na Figura 10 (a, b e c) o equipamento registrou uma área de cisalhamento e outra


de intercepção de outro furo. Como consequência, podem ocorrer problemas na
fragmentação ou até mesmo perda total da área detonada.

3.6 PLANO DE FOGO


Neste planejamento, desenvolvido pelo blaster ou engenheiro de minas, são
apresentados os dados das atividades que antecedem a detonação, bem como o registro
dos parâmetros de furação, tipo e quantidade de explosivos e acessórios de detonação que
serão utilizados.

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Nessa etapa, será extremamente necessário ter em mãos os dados das etapas de
perfuração, perfilagem e filmagem, para que cálculo adequado da quantidade de
explosivos, retardos e demais acessórios para cada furo e consequentemente cada linha a
ser desmontada. Devem-se considerar os resultados das detonações anteriores e os dados
do sismógrafo, que apontarão possíveis irregularidades prejudiciais ao desmonte. Cada
plano de fogo deve ser readequado mediante o cenário atual da área a ser desmontada.

Figura 11: Leque carregado com explosivo (a); Resultado da do leque 10 (b); Leque carregado com
explosivo (c)

Fonte: Pesquisa Aplicada, 2016

Essa atividade de comparação com outras detonações, exemplificadas nas figuras


acima (Figura 11 a, b e c), são essenciais para a qualidade da detonação e conservação
das rochas encaixantes, pois não podemos padronizar a quantidade de explosivos e tempo
de detonação (retardo) para todos os furos devido às diversas irregularidades operacionais
e oscilações estrutural de cada maciço rochoso.
A imagem do leque 10 antes da detonação, identificou os furos 3 e 6 ultrapassaram
a área mineralizada afetando o hangwall, causando uma fragmentação não desejada da
área, o que pode afetar rocha encaixante e a diluição do minério.
O Quadro 5 apresenta os parâmetros do plano de fogo dos leques 10 e 11.

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Quadro 5: Dados do plano de fogo dos leques 10 e 11 apresentados na figura 11

Fonte: Pesquisa Aplicada, 2016

3.7 SISMOGRAFIA
A sismografia será a ferramenta que avaliará a qualidade do desmonte quanto a
suas vibrações. Tal ferramenta é necessária neste ciclo operacional (GONTIJO, 2014). A
sismografia é o avaliador entre a fragmentação da rocha mineralizada e a rocha que deve
ser conservada com o menor impacto possível, pois, ainda de acordo com Ribeiro (2008),
é a conservação dessa estrutura que contribuirá para a vida útil da mina.
Nesta etapa tem-se, também, uma avaliação da detonação, objetivando monitorar
e adequar as vibrações do maciço rochoso decorrente das detonações, visando o menor
impacto nas rochas encaixantes. O sismógrafo será fixado com gesso na parede da galeria
em localização segura, próximo da área a ser detonada (Figura 12).

Figura 12: Fixação do sismógrafo (a)e localização da fixação do sismógrafo e detonação (b)

Fonte: Pesquisa Aplicada, 2016

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O sismógrafo captará as ondas de vibrações geradas pelo impacto da detonação


dos explosivos por cada furo e posteriormente serão tratados por software que
correlacionará com dados do plano de fogo. Com esses dados tratados, serão apontados
sugestões que contribuirá para que o plano de fogo seja adequado em busca de menor
impacto nas rochas encaixantes.

Figura 13: Representação gráfica dos furos que causaram vibrações


G F E D C B A

Fonte: Pesquisa Aplicada, 2016

Figura 14: Identificação dos furos (no leque) que causaram vibrações

Fonte: Pesquisa Aplicada, 2016

Nas Figuras 13 e 14, apresentadas acima, são apresentados os dados referentes à


sismografia Nas letras A, C e G foram identificados vibrações e, nas letras B, D, E e F,
não teve nenhuma vibração, demonstrando que houve falhas no desmonte neste leque, o
que pode ter gerado baixa produtividade decorrente desta detonação, entre outras
deficiências no desmonte.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES


As diversas e fundamentais etapas do ciclo operacional para o desmonte de rocha
da lavra de mina subterrânea são, muitas vezes, negligenciadas porque pode, a princípio,
demandar tempo e as empresas mineradoras trabalham com metas de produção. Em
muitos casos, constata-se, ainda, falta de conhecimento por parte dos gestores sobre os
benefícios que esse ciclo pode representar.

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As etapas descritas nesse artigo não são inovadoras, mas, por vezes, são deixadas
em segundo plano, prejudicando a qualidade do desmonte e impactando diretamente na
produção e na vida útil da mina. Uma instabilidade do maciço rochoso, causada por falhas
de detonação, poderá trazer sérias consequências, como interdição da área de lavra.
É sabido, especialmente pelos gestores, que não aplicar todas as ferramentas do
processo de desmonte de rocha não impedirá a detonação, mas é indiscutível, como se
demonstrou nesse estudo, a relevância de aplicá-las.
A adesão ao ciclo operacional contribuirá significativamente, ao longo de
detonações sucessivas, para melhoria da produtividade atendendo a meta almejada,
conforme planejamento da área operacional, melhoria na fragmentação do material e para
manter a estabilidade das rochas encaixantes.
Esse estudo, com foco qualitativo, deixa margens para o desenvolvimento de um
estudo quantitativo, com a prática do procedimento do ciclo operacional, visto que, cada
uma de suas etapas influencia na mitigação ou supressão de erros que comprometem a
produção planejada e, consequentemente a segurança e a economicidade da lavra.
Recomenda-se, portanto, para trabalhos futuros, um estudo quantitativo,
comparando dados da produtividade e custos envolvidos antes da aplicação do
procedimento operacional e após a sua implantação.

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