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A IMPORTÂNCIA

de dar
um GELO.
por Jairo Teixeira
BOM,
Gostaria de falar da importância do "gelo".
Ou seja, a importância de você negar
atenção ao seu cão! Você deve estar se
perguntando, por quê eu faria isso? Qual o
meu objetivo? O que eu ganho?

É necessário entender que a atenção


que temos para oferecer aos nossos cães
é de extrema importância para eles! Então
eu posso usar isso a meu favor. Mas
também, se for descuidado, posso acabar
criando problemas, fornecendo atenção
da maneira errada.

Eu posso estar sem saber, colaborando


e reforçando comportamentos que não
são interessantes. Então geralmente as
pessoas dão atenção com o intuito de
corrigir o comportamento, mas isso acaba
tendo o efeito contrário. Estimulam o mau
comportamento, de forma inadvertida,
obviamente.

Exemplo: O cão late "au, au, au"! E o dono


pensa como fazer para parar o latido.
Então solta um "Pshhh, quieto".

O cachorro está fazendo barulho e o dono


acaba fazendo barulho também... A versão
humana dos latidos.

Barulho gera barulho. A agitação gera


agitação. Calma gera calma. Ou seja, com
o dono fazendo barulho a inclinação
natural do cão é fazer mais barulho.

Prefere ser repreendido do que ignorado.

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E ao ganhar atenção o dono reforçou o
comportamento do cão. Pronto. Está
estabelecido um padrão.

Trabalhei com cães nesse estado que


chegaram a auto mutilação. Acontece
mais frequente do que vocês possam
imaginar. Por isso ignorar é uma
ferramenta valiosa para o trabalho de
adestramento.

Ganhar a atenção do cachorro quando


nos interessa, da maneira correta.

Então, o que é o "gelo"? Dar um "gelo"...


"Could shoulder". O gelo não significa
exclusão e também não necessariamente
significa que eu vou prender o animal.

Existem casos onde essa exclusão é


necessária, especialmente com cães
agressivos. Não dá pra brincar com
agressividade, é uma coisa muito séria.

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Mesmo cães de pequeno porte, podem
acabar machucando seriamente. Um
cachorrinho pequeno com dente afiado é
capaz de cegar uma pessoa.

Nessas situações, eu recomendo tirar o


animal de cena.

Mas o gelo pode ocorrer eu estando no


mesmo ambiente que o cachorro. E tem
um impacto tremendo!

Onde o cachorro está, ali tentando se


fazer notar, viciado na atenção do dono. É
nesses momentos que você deve fingir
que não está vendo o cão. Ignorar ele
enquanto pratica os comportamentos
indesejados.

Ele está apresentando o comportamento


pois está acostumado com o resultado.
"Se eu pular, latir, roer, vou ganhar
atenção".
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No momento que você não dá a resposta
esperada, cria um estado de confusão
mental muito grande.

Não adianta estar com "pena" ou com


"dor no coração". Se você está com dó,
não entendeu a proposta. O motivo pelo
qual você está fazendo isso. É preciso
estar convicto. O animal percebe, sua
atitude, sua falta de convicção. Já vi donos
que ficavam espiando o cão. "Como será
que ele está?".

Você
irradia esse
sentimento,
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Através da sua postura!
O "gelo" para ser autêntico o dono tem
que desconsiderar a atitude do cachorro,
não importa. Algo que é muito difícil para
algumas pessoas.

Por exemplo: quando o cachorro está


comendo fezes. É muito difícil para
algumas pessoas.

Eu digo: Tem que ignorar. "Mas como é


que eu vou ignorar? Na automutilação
também. Eu digo para o dono: ignora.
"Mas como eu vou ignorar? O bicho está
'se devorando', está 'comendo' as patas."
"Como eu vou ignorar?" É difícil.

Mas, casos gravíssimos que eu


trabalhei, eu só consegui um "ponto de
retorno" através do gelo!

É como eu chamo quando o cão começa a


mudar o comportamento. Que ocorre
quando o dono está tipo: "Azar!".

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"Quer comer cocô? Come!" "Quer se
mutilar? Faz o que quiser!" Quando o
dono chega nesse ponto de "Sabe o quê?
Cansei! Não estou nem aí!"

Aí a pessoa realmente tem uma atitude


completamente desprovida de emoção e
o cachorro não consegue receber mais
nada de volta. E aí extingue o
comportamento.

Claro que, quando eu falo "gelo", eu falo


como uma ferramenta dentro de um
contexto. Não é mágica. O "gelo" até é
mágico; tem um poder forte. Mas, não é
uma coisa sozinha, entende?

É uma ferramenta muito importante.


Uma ferramenta principal, porém existe
uma série de outros procedimentos que
a gente faz, obviamente.

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O gelo, é a
ferramenta
Que vai abrir o caminho !

E tem que ser sincero, verdadeiro. A


pessoa precisa parar de se incomodar
com aquele comportamento para que o
cão chegue no ponto de retorno.

O comportamento para de ser


abastecido. Então criamos outras
propostas de atenção. Mas primeiro ele
tem que desistir da "fonte" de atenção
anterior. Você não fala o nome do
cachorro. Você não olha, não faz contato
visual com o cachorro.

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Eu, por exemplo, quando falo com uma
pessoa gosto que ela olhe nos meus
olhos.

Com crianças eu lembro, quantas vezes


eu disse para meus filhos: "Olha para
mim que estou falando contigo".
Corrigindo meus filhos. Presta atenção
em mim. Comunica comigo.

Quando a gente quer se comunicar, a


gente propõe isso. E cachorro também.

Os cachorros trocam olhares.


Eles se ameaçam com olhares.
Eles se comunicam com olhar.
Olho no olho é comunicação.

O dono, o ambiente, as pessoas


envolvidas produziram o cachorro. Então
no momento que ela "dá um gelo", ela
para de errar. Vamos parar um
pouquinho, número um.

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Número dois, eu tiro "status" do cachorro.


Porque o momento que o dono dá
atenção para os comportamentos do cão,
ele valoriza as atitudes.

O cão se sente dando as cartas quando


consegue induzir o dono a este ou aquele
comportamento.

Deveria ser ao contrário. Eu agir e o cão


reagir. Eu tenho que estar um passo à
frente. Nessa situação o dono está um
passo atrás.

O cachorro se sente o centro do


mundo. E muitas vezes ali naquele
ambiente, ele é.

Observo muitos donos que valorizam


muito as atitudes do cão. "Ah, hoje ele
está estressado." Invés de focar na
resolução do problema, valoriza.

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Você
valoriza o
comportamento,
Quando deveria Desprezar!

Quem gosta de falar dos maus


comportamentos do seu cão, de alguma
forma acaba contribuindo para eles.

É preciso concentrar no que tem que ser


feito para mudar. Ou você gosta?

Porque tem gente que gosta. "A miséria


adora companhia." Às vezes quer só um
ombro para chorar. Eu já vi isso!

Mas não sou psicólogo. Se quiser mudar o


cão a gente pode mudar.
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Então por que eu recomendo "dar um
gelo" no início?

1: o dono para de errar.

2: eu tiro o "status" do cão.

3: eu crio um estado mental de


confusão

Que é o que me interessa, muito! O


cachorro fica perdido. A gente "remolda" o
cachorro. É a hora de inserir novos
comportamentos. Substituir.

"O que está acontecendo aqui?" O cão


passa a observar. Então dessa forma eu
crio o ambiente.

Eu crio a situação ideal para substituir os


comportamentos que não nos interessam
por comportamentos que nos interessam.

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é importante falar que "gelo"aplicado
da maneira correta, pode piorar o
comportamento do cão antes de
melhorar!

Por exemplo: um cachorro que latia, passa


a latir assustadoramente. Um cachorro
que costumava pegar objetos, começa a
sair catando tudo!

Eu lembro de um cliente, uma das queixas


era que o cachorro pegava tudo com a
boca. Já tinha destruído coisas valiosas.
Pegou a carteira, rasgou o dinheiro. Era
um padrão muito com raiz profunda.

Eu falei: Vou chegar aí e vamos combinar


uma coisa "não existe cachorro". Ninguém
vai baixar os olhos além da linha do
horizonte. Então vamos ignorar o
cachorro. Fui na casa, cheguei e o
cachorro estava ali, pulando, se fazendo
notar. Eu entrei, desprezei o cachorro.

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Eles tiveram um acesso de riso até porque
o cachorro começou a fazer coisas
malucas. Pegar qualquer coisa. Ele pegava
algo, eu dizia: Vamos embora. O cachorro
vinha atrás, pegava outra coisa. E nós
fugindo do cachorro, mas fugindo nesse
sentido: O cachorro pegava uma planta
aqui: "Vamos ali, me mostra a casa"

Eu botei uma lente de aumento na


situação, para mostrar como era profunda
a raiz e como tinha a ver com a atenção
deles.

O cão
tentando se
reestruturar
Fica desesperado.
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Porque o animal não pegava um objeto e
ficava com o objeto. Ele pegava o objeto,
mas no momento que nós simplesmente
desprezávamos, virávamos as costas, ele
largava o objeto.

Não é um raciocínio lógico na cabeça do


cachorro. Mas ele fazia algo ontem e dava
resultado; e hoje não dá.

E eu já vi os dois extremos. Tanto o cão


chegar num nível de pânico, ficar ofegante,
"passando mal".

Quanto o cão ficar quieto, introspectivo e


o dono achar que o cão está doente.

Ele está passando por um estresse,


obviamente. Mas, é isso ou é isso.

Ou ele passa por estresse ou você


continua passando. Alguém vai passar
por um estresse

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Eu tinha uma aluna, ela tinha dois Poodles.
Um preto e um branco. O problema que
ela tinha é que dentro do carro, ela
colocava os cães no banco de trás, os cães
acabavam brigando muitas vezes.

E ela dirigindo. Imagina ela numa avenida


super movimentada em Porto Alegre.

Os cachorros começavam a brigar, ia pêlo


para todo lado e ela ficava apavorada com
o risco de sofrer um acidente ou
ocasionar um acidente.

Ela tinha um pânico disso, porque não


sabia o que de repente disparava esse
gatilho.

Com muito custo, eu consegui convencer


ela do seguinte: Quando acontecer isso,
você calmamente estaciona o carro. Sai do
carro, deixa o vidro aberto.

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Atravessa a rua. Vai dar a volta na quadra.
E eu demorei para convencê-la disso.
Porque ela achava que "quando eu voltar,
eles vão ter se matado."

O dia que ela tomou coragem para fazer


isso o relato dela foi esse: "Jairo, eu fechei
o carro. Quando fui atravessar a Protásio
Alves e cheguei na metade do canteiro do
meio, eu olhei para trás e estavam os dois
na janela. "Onde é que ela foi?" "Ei, você
não vai vir apartar a briga aqui?'"! Resolveu
o problema. Quase mágico, né?

Os cães,
longe da dona
Paravam de brigar.
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Porque a motivação, o combustível
para esse comportamento era a
atuação da dona. Quando ela saiu,
acabou a disputa

Semelhante a um Lulu da Pomerânia,


Spitz, que lambia as patas e o pêlo
começou a cair. A dona claro, foi no
veterinário e ele diagnosticou uma alergia,
entrou com medicamento. Mas não surtia
resultado, porque o animal continuava se
lambendo.

Eu falei: Eu não sou veterinário mas isso


não é alergia. Isso é comportamental. Qual
é o momento que o cachorro apresenta
esse comportamento?

- "Eu estou na sala sentada, vou assistir


televisão ele deita na minha frente e
começa a se lamber." E qual é a sua
atitude? - "Eu falo não." "Não. Não se
lambe!".

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Essa era a atitude dela, acreditando


que iria interromper aquele padrão
aquele comportamento.

Eu falei: Faz o seguinte: sente na frente da


televisão, tranquila. O cachorro começou a
exibir o comportamento: levanta, vai até a
cozinha, abre a geladeira, fecha a
geladeira. Fica lá uns três, quatro minutos
lá. Vamos ver o que acontece.

Depois volte e sente-se novamente no


mesmo local. Se o cachorro exibir de novo,
levante e vá ao banheiro; Bate a porta, sai
do apartamento.

Resultado: no momento que ela levantou


e foi para a cozinha, o cachorro
imediatamente saiu de onde estava e foi
atrás dela. Quando foi para o quarto, a
mesma coisa. No banheiro, igual. Quando
ela saiu do apartamento, abriu a porta o
cachorro estava esperando.

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Por que ele não continuou lambendo? O
que houve? Não tinha atenção, não tinha
retorno. O que ele mais queria era
atenção e não tinha mais.

Então quebra o padrão. Desencoraja o


animal. Você nunca vai resolver esse tipo
de comportamento dando atenção. Você
vai só reforçar mais ainda.

Então resolvi muitos casos desse tipo. Por


isso que eu recomendo que tu não pode
criar um cachorro totalmente solto.

Não
funciona
deixar o cão
Solto dentro de casa
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Porque o filhote vai se comportar como
filhote. E você vai ter que dar atenção.

Se eu soltar um filhote aqui dentro, por


exemplo, ele vai agir como um filhote: usar
a boquinha dele para investigar o mundo
e vai pegar coisas. Eu vou ser obrigado a
dizer: Psh! Ei!... Não, para!

Essa é a receita para que surjam esses


tipos de comportamento. Para que o
filhote descubra que com essa ou aquela
atitude, ele consegue ganhar minha
atenção.

Então eu tenho meu filhote lá no canto


dele querendo muita atenção!

e eu dou toda atenção que ele quer


dentro do meu padrão, dentro do meu
molde.

Deixo ele carente. Minha atenção vale


muito! Atenção é legal, é gostoso!
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A minha aula é super criativa! Eu não
sou chato. Não fico repetindo trinta
vezes a mesma coisa.

A aula é curta, rápida. Meu cachorro ama


isso! Ele ama o trabalho.

"Jairo, eu estou ensinando ele a sentar."


"Ele estava sentando as primeiras vezes
mas ele parou, não quis mais sentar." "O
que será que está acontecendo?"

Quantas repetições? - "Ah, eu fiz umas


trinta." Pelo amor de Deus. Coitado do
cachorro. Devia ter parado na segunda.
Terceira, no máximo. Tá bom.

"Senta", "Senta"... trinta vezes. O cachorro


vai: "Pô, quando é que isso vai acabar? É
horrível!" "Já estou com dor nas pernas
desse 'senta e levanta'." Entende? As
pessoas não se dão conta.

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Eu manipulo a atenção da forma correta
para obter comportamentos que me
interessam. É por aí que a coisa funciona.

• o dono para de errar; tira o "status"


do cachorro, gera um estado mental de
confusão; "puxo o tapete" do cachorro
e é esse exato momento que eu amoleço
a massa e moldo o cachorro do jeito
que eu quero, de uma forma melhor

Onde o cachorro vai ser mais feliz. Porque


um cachorro que come a própria cauda
não é um cachorro feliz. Um cachorro que
se lambe até tirar sangue. Não é um
cachorro saudável, equilibrado. Ok?

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