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SILVA, Patrícia
silva.131313@gmail.com
UFPB – Universidade Federal da Paraíba
http://orcid.org/0000-0002-9415-0629
PRETTO, Nelson
nelson@pretto.pro.br
UFBA – Universidade Federal da Bahia
https://orcid.org/0000-0001-8152-8963
RESUMO: O objetivo desse artigo teórico é sugerir uma outra leitura aos estudos
humanistas na Educação. Começa com o foco na materialidade e é alimentado pela
observação de que os seres humanos não são/estão totalmente no controle das
práticas educacionais, mas apoiada pela suposição de que os objetos/coisas também
participam e contribuem para a formação delas. As agendas em Educação carecem
de uma metodologia que não inicie apenas com os seres humanos, seus objetivos e
seus interesses e quando trabalhamos a sociomaterialidade e, consequentemnete, a
Teoria Ator-Rede (ANT), é para destacar as maneiras pelas quais a matéria pode ser
concebida como mais do que apenas uma superfície passiva na qual os significados
culturais são registrados. É importante que nós educadores reexaminemos a justiça
social a partir de uma perspectiva humana descentralizada.
Palavras-chave: Educação. Sociomaterialidade. Teoria Ator-Rede.
1 INTRODUÇÃO
[...] o motivo pelo qual parece tão importante aprender a navegar nesse
espaço achatado é que, quando passamos a focalizar melhor aquilo que
circula, conseguimos perceber muitas outras entidades cujo deslocamento
mal era visível antes. Em verdade, nem mesmo se supunha que circulassem.
Talvez seja possível vislumbrar fenômenos bem mais sutis que, antes, tinham
de ser guardados no santuário interior do sujeito por causa de sua aparente
insignificância.
Para a sociologia do social, criticada por Latour (2012), quem faz, quem age, é
sempre o componente humano, contudo não podemos esquecer que outros
componentes fazem-fazer. Sendo assim, as coisas são importantes, “[...] o objeto
ganha outro status, não sendo mais uma simples prótese do humano”
(CASTANHEIRA, 2008, p. 18). Esta materialidade no trabalho associativo das redes
que é muitas vezes esquecida. Sørensen (2009) reclama da cegueira em relação à
questão de como a prática educacional é afetada pelos materiais e argumenta que
sua consequência é tratar os materiais como meros instrumentos para promover o
desempenho educacional.
Para ser ANT, Latour (2005, p. 10, tradução nossa) nos apresenta três critérios:
1. Os não-humanos “têm de ser actantes […] e não simplesmente os infelizes suportes
de projeções simbólicas; 2. O social não pode ser a constante, mas sim a variável; e
3. Qualquer desconstrução deve visar uma recomposição do social”. Assim, não existe
pensar no social sem pensar nos actantes, sejam eles objetos/coisas/pessoas e, muito
menos, apartá-los ou dividi-los. Assim Latour (2012), nos apresenta os três princípios
da ANT.
Nos princípios da ANT não existem hierarquias ou subordinações, ou seja,
todos os três têm a mesma importância e destaque (quadro 1).
Seguir as Coisas
Simetria
Não-Purificação
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
PATRÍCIA SILVA
Doutora em Educação (FACED/UFBA). Professorado Departamento de Ciência da
Informação (UFPB). Membro do Grupo de Pesquisa Educação, Comunicação e
Tecnologias (GEC/UFBA), e do Laboratório de Tecnologias Intelectuais (LTi/UFPB).
NELSON PRETTO
Doutor em Comunicação (USP). Professor Titular (e ativista) da Faculdade de
Educação (UFBA). Líder do Grupo de pesquisa Educação, Comunicação e
Tecnologias (GEC).
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