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Mecânica

Prof. Diego Milnitz


Prof. Henrique Gonçalves Pereira
Prof. Leonardo Garcia dos Santos

Indaial – 2021
2a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021

Elaboração:
Prof. Diego Milnitz
Prof. Henrique Gonçalves Pereira
Prof. Leonardo Garcia dos Santos

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

M659m

Milnitz, Diego

Mecânica. / Diego Milnitz; Henrique Gonçalves Pereira;


Leonardo Garcia dos Santos. – Indaial: UNIASSELVI, 2021.

196 p.; il.

ISBN 978-65-5663-944-4
ISBN Digital 978-65-5663-945-1

1. Energia mecânica. - Brasil. I. Milnitz, Diego. II. Pereira,


Henrique Gonçalves. III. Santos, Leonardo Garcia dos. IV. Centro
Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 620

Impresso por:
Apresentação
Olá, acadêmico! Seja muito bem-vindo à disciplina de Mecânica. Este
livro está dividido em três unidades.

Na Unidade 1, você compreenderá os conceitos fundamentais da


mecânica, entenderá os movimentos dos objetos, assim como suas progressões
temporais e as relações matemáticas que os definam; conhecerá os tipos de
movimento mais recorrentes e usualmente discutidos, como o movimento
retilíneo uniforme, o movimento uniformemente variado e o lançamento de
um projétil; e, por fim, discutirá os movimentos relativo, circular e rotação.

Na Unidade 2, você compreenderá os conceitos de trabalho e energia;


entenderá a relação entre o trabalho de uma força e a energia de um sistema;
conhecerá os tipos e os conceitos de energia mecânica; aprenderá sobre o
princípio da conservação de energia; e, por útltimo, conseguirá aplicar o
princípio da conservação de energia em situações práticas.

Por último, na Unidade 3, você compreenderá a relação entre


velocidade e aceleração linear e angular; conseguirá resolver problemas que
envolvem energia, torque e momento angular de um corpo rígido.

Desejamos a você uma excelente jornada pelo caminho desta


disciplina! Bons estudos!

Prof. Diego Milnitz


Prof. Henrique Gonçalves Pereira
Prof. Leonardo Garcia dos Santos
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-
de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!
LEMBRETE

Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela


um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro


que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


Sumário
UNIDADE 1 — CINEMÁTICA E LEIS DE NEWTON..................................................................... 1

TÓPICO 1 — CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA MECÂNICA................................................ 3


1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................................... 3
2 GRANDEZAS ESCALARES E VETORIAIS................................................................................... 3
2.1 NOTAÇÃO ...................................................................................................................................... 4
2.2 IGUALDADE DE VETORES.......................................................................................................... 6
2.3 ADIÇÃO DE VETORES.................................................................................................................. 7
2.4 MULTIPLICAÇÃO DE VETORES................................................................................................. 8
2.4.1 Multiplicação de um vetor por um escalar......................................................................... 8
2.4.2 Produto escalar........................................................................................................................ 9
2.4.3 Produto vetorial...................................................................................................................... 9
3 SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES........................................................................... 10
3.1 UNIDADES DE BASE................................................................................................................... 11
3.2 UNIDADES DERIVADAS............................................................................................................ 12
3.3 UNIDADES SUPLEMENTARES................................................................................................. 13
4 OUTROS CONCEITOS BÁSICOS DA MECÂNICA.................................................................. 14
4.1 CORPO OU ENTIDADE............................................................................................................... 14
4.1.1 Partícula ou ponto material................................................................................................. 15
4.1.2 Corpo extenso........................................................................................................................ 15
4.2 REFERENCIAL.............................................................................................................................. 16
4.3 TRAJETÓRIA.................................................................................................................................. 18
4.4 ESPAÇO PERCORRIDO............................................................................................................... 19
4.5 DESLOCAMENTO........................................................................................................................ 19
4.6 TEMPO............................................................................................................................................ 20
4.7 VELOCIDADE................................................................................................................................ 21
4.8 ACELERAÇÃO ............................................................................................................................. 23
5 FECHAMENTO................................................................................................................................... 25
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 27
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 28

TÓPICO 2 — MRU, MRUV E LANÇAMENTO DE PROJÉTEIS................................................. 31


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 31
2 MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORME (MRU)........................................................................ 31
3 MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORMEMENTE VARIADO (MRUV)................................. 33
4 MOVIMENTO DE PROJÉTIL (LANÇAMENTO VERTICAL).................................................. 36
4.1 FUNÇÃO HORÁRIA DA VELOCIDADE................................................................................. 36
4.2 FUNÇÃO HORÁRIA DA POSIÇÃO.......................................................................................... 37
4.3 EQUAÇÃO DE TORRICELLI...................................................................................................... 38
5 MOVIMENTO DE PROJÉTIL (LANÇAMENTO OBLÍQUO)................................................... 40
5.1 ALCANCE HORIZONTAL.......................................................................................................... 41
5.2 ALTURA MÁXIMA....................................................................................................................... 43
6 FECHAMENTO .................................................................................................................................. 45
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 46
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 47

TÓPICO 3 — MOVIMENTO RELATIVO, CIRCULAR E ROTAÇÃO....................................... 49


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 49
2 MOVIMENTO RELATIVO............................................................................................................... 50
3 MOVIMENTO CIRCULAR.............................................................................................................. 54
4 MOVIMENTO DE ROTAÇÃO........................................................................................................ 57
4.1 MOVIMENTO DE ROTAÇÃO UNIFORME............................................................................. 58
4.2 MOVIMENTO DE ROTAÇÃO UNIFORMEMENTE ACELERADO..................................... 59
5 FECHAMENTO................................................................................................................................... 62
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................. 63
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 71
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 72

REFERÊNCIAS....................................................................................................................................... 74

UNIDADE 2 — ENERGIA E MOVIMENTO................................................................................... 75

TÓPICO 1 — TRABALHO E ENERGIA CINÉTICA...................................................................... 77


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 77
2 ENERGIA CINÉTICA........................................................................................................................ 77
3 TRABALHO E ENERGIA CINÉTICA............................................................................................ 80
3.1 TEOREMA DO TRABALHO E ENERGIA CINÉTICA............................................................ 82
3.2 TRABALHO REALIZADO PELA GRAVIDADE...................................................................... 84
3.3 TRABALHO REALIZADO POR UMA MOLA......................................................................... 87
3.4 TRABALHO REALIZADO POR UMA FORÇA VARIÁVEL.................................................. 90
4 POTÊNCIA........................................................................................................................................... 91
4.1 UNIDADE . .................................................................................................................................... 92
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 94
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 96

TÓPICO 2 — ENERGIA POTENCIAL.............................................................................................. 99


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 99
2 ENERGIA POTENCIAL GRAVITACIONAL ............................................................................. 101
3 ENERGIA POTENCIAL ELÁSTICA ............................................................................................ 104
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 107
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 108

TÓPICO 3 — CONSERVAÇÃO DE ENERGIA............................................................................. 111


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 111
2 CONSERVAÇÃO DA ENERGIA MECÂNICA.......................................................................... 111
2.1 ENERGIA MECÂNICA ............................................................................................................. 112
3 CONSERVAÇÃO DA ENERGIA TOTAL EM UM SISTEMA ISOLADO ........................... 116
LEITURA COMPLEMENTAR........................................................................................................... 119
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 122
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 123

REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 126
UNIDADE 3 — CINEMÁTICA E DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO..................................... 127

TÓPICO 1 — SISTEMAS DE PARTÍCULAS E CONSERVAÇÃO DO MOMENTO............. 129


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 129
2 CENTRO DE MASSA...................................................................................................................... 129
3 MOMENTO LINEAR DE UMA PARTÍCULA............................................................................ 135
4 COLISÕES.......................................................................................................................................... 139
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 141
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 142

TÓPICO 2 — CINEMÁTICA ROTACIONAL............................................................................... 144


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 144
2 ROTAÇÃO EM TORNO DE UM EIXO FIXO............................................................................. 144
3 ENERGIA CINÉTICA DA ROTAÇÃO......................................................................................... 151
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 161
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 163

TÓPICO 3 — DINÂMICA ROTACIONAL.................................................................................... 165


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 165
2 TORQUE DE UMA FORÇA........................................................................................................... 165
3 MOMENTO ANGULAR................................................................................................................. 171
LEITURA COMPLEMENTAR........................................................................................................... 180
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 183
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 185

REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 187
UNIDADE 1 —

CINEMÁTICA E LEIS DE NEWTON

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender os conceitos fundamentais da mecânica diante da sua


significância ao estudo da cinética;
• entender os movimentos dos objetos, assim como suas progressões
temporais e as relações matemáticas que os definam;
• conhecer os tipos de movimento mais recorrentes e usualmente discutidos,
como o movimento retilíneo uniforme, o movimento uniformemente
variado e o lançamento de um projétil;
• discutir os movimentos relativo, circular e rotação.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA MECÂNICA.

TÓPICO 2 – MRU, MRUV E LANÇAMENTO DE PROJÉTEIS.

TÓPICO 3 – MOVIMENTO RELATIVO, CIRCULAR E ROTAÇÃO.

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

1
2
TÓPICO 1 —
UNIDADE 1

CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA MECÂNICA

1 INTRODUÇÃO
Para o estudo e o compreendimento da mecânica em particular, é preciso
iniciar com alguns conceitos primordiais. Necessita-se fazer ainda algumas
conjecturas admissíveis. Dois dos conceitos mais fundamentais são o espacial
e o temporal. Neste ensinamento inicial do estudo das forças associadas ao
movimento, ciência do movimento e cinética, será proposto que o ambiente físico
dos ensaios comuns é apresentado adequadamente pelo espaço matemático de
três dimensões da geometria (BEER; JOHNSTON JUNIOR; CLAUSEN, 2006).

Com relação à conceituação temporal, será proposto que um encadeamento


ordenado de eventos pode ser medido em uma proporção de tempo absoluta e
uniforme. Além disso, também será proposto que o espaço e o tempo são entes
distintos e independentes (HIBBELER, 2011). Entretanto, quando se estuda a
teoria da relatividade, essas definições para espaço e tempo mudam, pois estes
não são independentes e nem absolutos. Todavia, isto é um tema relativamente
recente que complementa a mecânica clássica, em alguns aspectos, e, em outros,
nos leva a reflexões muito intrigantes sobre a física e como o universo funcionam
verdadeiramente.

Para determinar a posição de um objeto no espaço, é preciso ter um


conjunto de referência. No estudo da mecânica, esse conjunto de referência é
comumente denominado de sistema de coordenadas. O modelo fundamental de
sistema de coordenadas que contenta as finalidades deste estudo é o sistema de
coordenadas cartesianas ou retangulares, isto é, uma composição de três linhas
retas ou eixos reciprocamente perpendiculares. Para especificar a posição de um
ponto neste sistema cartesiano, serão empregadas as três coordenadas: x, y e z.
As coordenadas de um ponto móvel alteram ao longo do tempo, portanto, são
funções do valor “t”, medido segundo a grandeza de tempo escolhida.

A partir dessas definições básicas sobre tempo e espaço, conforme


Marques (2016), outra significação muito relevante para o estudo da mecânica
está relacionada ao entendimento das grandezas escalares e vetoriais.

2 GRANDEZAS ESCALARES E VETORIAIS


Para Hibbeler (2005), uma grandeza física que é inteiramente explicitada
por um só número é denominada de escalar. Alguns exemplos conhecidos de
escalares são a massa, o comprimento, o tempo, a temperatura etc. A Figura 1
3
UNIDADE 1 — CINEMÁTICA E LEIS DE NEWTON

apresenta um exemplo prático de um escalar. Imagine que você está passeando em


São Paulo e observa um termômetro de rua marcando 15 ºC. Para o entendimento
real da situação, você não precisa de mais nenhuma informação. Pela leitura do
termômetro, é possível entender que neste dia estava bem frio em São Paulo.

FIGURA 1 – EXEMPLO DA GRANDEZA ESCALAR TEMPERATURA

FONTE: <https://bit.ly/2ZBLXcp>. Acesso em: 5 maio 2021.

Na matemática, escalares são conhecidos como números reais comuns.


Esses números reais comuns satisfazem a todas as regras algébricas de adição,
subtração, multiplicação, divisão, entre outras (YOUNG; FREEDMAN, 2010).

Por outro lado, existem certas grandezas físicas que possuem uma
propriedade direcional, como um deslocamento de um lugar para outro no
ambiente. Essas grandezas precisam de uma direção, sentido e um módulo para
as suas totais parametrizações. Estas grandezas são denominadas de vetores. Um
vetor é uma entidade matemática caracterizada por ter um sentido, uma direção
e um módulo (intensidade).

Além da mudança de posição no ambiente, outros exemplos conhecidos


de vetores são impulso, quantidade de movimento, campo elétrico etc. A
definição de vetor e o aprimoramento de toda uma matemática de grandezas
vetoriais consiste em imprescindível desenvolvimento da Mecânica, neste caso
em específico, da cinética.

2.1 NOTAÇÃO
Geralmente, as grandezas vetoriais são caracterizadas em algumas obras
por tipo em negrito, por exemplo “A”, enquanto tipo itálico “A” representa
quantidades escalares (YOUNG; FREEDMAN, 2010). Entretanto, a forma mais
comum encontrada em trabalhos da área física e matemática é a utilização de

4
TÓPICO 1 — CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA MECÂNICA


uma flecha, A, para caracterizar um vetor.

Caracteriza-se um vetor A por seu módulo, sua direção e sentido, no que
diz respeito a algum sistema de referência selecionado. Já quando se representa
um vetor por meio de um esquema ou gráfico, este deve ser um segmento de reta
direcionado, como representado na Figura 2.

FIGURA 2 – COMPONENTES DE UM VETOR EM UM SISTEMA CARTESIANO DE COORDENADAS

FONTE: O autor

Um vetor pode ainda ser caracterizado pela relação de seus componentes


ou representações em cima dos eixos das coordenadas. O símbolo desses
componentes [Ax, Ay, Az] será utilizado como uma reprodução possível para
um vetor.


A = [Ax, Ay, Az] Equação (1)


O lado direito da equação demonstra o vetor A segundo as componentes
de um sistema de coordenadas específico. Nesse caso, é submetido ao sistema de
coordenadas cartesianas (x, y, z), a menos que seja especificado outro tipo.

A título de exemplo, se o vetor A simula um movimento de um ponto Pa
(xa; ya; za) até o ponto Pb (xb; yb; zb), logo Ax = xb-xa, Ay = yb-ya, Az = zb-za. Se

A caracteriza uma força, desse modo, Ax é a componente x da força, e igualmente
às demais componentes apresentadas. Notoriamente, os valores das componentes
escalares de um vetor estão amarradas à definição dos eixos de coordenadas.

Reduzindo o estudo sobre vetores em um ambiente plano, nesse caso, é


preciso apenas duas componentes. Entretanto, pode-se determinar um espaço
matemático de infinitas dimensões. Então o símbolo [Ax, Ay, Az, ..., An] demonstra
um vetor n-dimensional.

5
UNIDADE 1 — CINEMÁTICA E LEIS DE NEWTON

2.2 IGUALDADE DE VETORES


Se dois vetores são idênticos, então, os vetores são equivalentes e têm o
mesmo tamanho, mas não têm essencialmente a mesma localização (YOUNG;
FREEDMAN, 2010). A Figura 3 exemplifica de forma gráfica dois vetores iguais.

FIGURA 3 – DEMONSTRAÇÃO GRÁFICA DA IGUALDADE DE VETORES

FONTE: O autor

Note que os vetores podem formar lados contrários de um paralelogramo.


Vetores iguais não são essencialmente equivalentes por completo. Portanto, é
possível que duas forças vetoriais idênticas que atuem em pontos distintos de um
elemento podem gerar resultados mecânicos desiguais.

A equação,
→ →
A = B Equação (2)

ou,

[Ax, Ay] = [Bx, By] Equação (3)

é análoga às três equações

Ax = Bx; Ay = By Equação (4)

Ou seja, dois vetores serão idênticos se, e somente se, suas devidas
componentes forem idênticas.

6
TÓPICO 1 — CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA MECÂNICA

2.3 ADIÇÃO DE VETORES


O somatório de dois vetores é análogo ao terceiro lado de um triângulo,
dois lados do qual são os vetores informados (YOUNG; FREEDMAN, 2010).
O somatório dos vetores está demonstrado na Figura 4. A adição é permitida
além disso pela regra do paralelogramo, como é possível observar na figura em
questão.

FIGURA 4 – SOMATÓRIO DE DOIS VETORES

FONTE: O autor

A soma de dois vetores é determinada pela equação:


→ →
A + B Equação (5)

que é igual:

[Ax, Ay] + [Bx, By] Equação (6)

que também é igual:

[Ax + Bx; Ay + By] Equação (7)

O somatório de dois vetores é um vetor em que as componentes são as


adições das componentes dos vetores informados.

Igualmente é possível realizar a subtração de dois vetores, conforme a


seguir:

7
UNIDADE 1 — CINEMÁTICA E LEIS DE NEWTON

→ →
A - B Equação (8)

que é igual:
→ →
A + (-1)* B Equação (9)

que também é igual:

[Ax - Bx; Ay - By] Equação (10)

Exemplo 1 – Dados os vetores


encontre o vetor resultante da soma entre eles. Encontre também o seu módulo
(FROEHLICH, 2012, p. 6).

Solução

Para encontrar o vetor resultante da soma, fazemos:

O módulo pode ser obtido como segue:

2.4 MULTIPLICAÇÃO DE VETORES


Existem três possibilidades para multiplicar vetores, que são a
multiplicação de um vetor por um escalar, produto escalar e produto vetorial.
Contudo, o que se denomina de multiplicação de vetores não é, via de regra, uma
elementar multiplicação algébrica (YOUNG; FREEDMAN, 2010).

2.4.1 Multiplicação de um vetor por um escalar


Este é o caso mais simples em que se multiplica um vetor por um escalar.

Por exemplo, a multiplicação do escalar “t” pelo vetor A.
Onde,

A= [Ax + Ay + Az] Equação (11)

8
TÓPICO 1 — CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA MECÂNICA

O resultado dessa multiplicação é igual a:



t* A = [t*Ax + t*Ay + t*Az] Equação (12)

Resultando num novo vetor com um fator igual a “t”.

2.4.2 Produto escalar


O produto escalar, ou produto interno, é a multiplicação entre dois
vetores, que resulta num escalar e é definido pela equação:
→ →
A * B Equação (13)

que é igual:

[Ax*Bx + Ay*By] Equação (14)

que também é igual por meio da aplicação da lei dos cossenos:

A * B * cos θ Equação (15)

2.4.3 Produto vetorial


→ →
O produto vetorial de dois vetores A e B é definido pelo vetor em que os
componentes são apresentados pela equação:
→ →
A * B Equação (16)

que é igual:

A * B * sen θ Equação (17)

Ainda, caso sejam consideradas as três coordenadas cartesianas, têm-se


também:

[Ay*Bz – Az*By; Az*Bx – Ax*Bz; Ax*By – Ay*Bx] Equação (18)

Exemplo 2 – Dados os vetores ,


encontre o produto escalar e os módulos entre eles (FROEHLICH, 2012, p. 7).

Solução

9
UNIDADE 1 — CINEMÁTICA E LEIS DE NEWTON

Para encontrar o produto escalar, utiliza-se a multiplicação com seus


vetores unitários,

Para encontrar os seus módulos:

3 SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES


Ao longo do tempo, vários foram os sistemas de unidades instituídas
nas diversas regiões do mundo. Em função do escambo global de produtos e
informações, bem como da própria contradição entre unidades anteriormente
seguidas, estabeleceu-se nos anos 1960, por meio do Bureau Internacional de Pesos
e Medidas (BIPM), um conjunto coerente de unidades, o Sistema Internacional de
Unidades (SI).

E
IMPORTANT

As unidades de medida são essenciais para a realização de uma mensuração,


instituída por um padrão, segundo um acordo comum, regional, nacional ou internacional.

O Bureau Internacional de Pesos e Medidas tem por incumbência garantir


a unificação mundial das medidas físicas, tendo como responsabilidade:

• Estabelecer os padrões básicos e as escalas das grandezas físicas fundamentais


e manter os protótipos internacionais.
• Realizar a comparação dos padrões nacionais e internacionais.
• Garantir a coordenação das técnicas de medidas adequadas.
• Coordenar as determinações relativas às constantes físicas que interferem nas
atividades de mensuração (BIPM, 2018).

A adesão das unidades do SI no Brasil é uma exigência legal e ocasiona


alguns pontos positivos como:

• Clareza no entendimento das informações em nível internacional (vantagem


comercial e científica).
10
TÓPICO 1 — CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA MECÂNICA

• Comprovação de maturidade técnico-científica por meio da renúncia de


sistemas superados.
• Simplificação das equações que relatam os fenômenos físicos, pelo fato de
existir consistência entre as unidades das grandezas envolvidas (BIPM, 2018).

No Sistema Internacional, distinguem-se três classes de unidades, que são:

I. Unidades de base.
II. Unidades derivadas.
III. Unidades suplementares (BIPM, 2018).

3.1 UNIDADES DE BASE


No Sistema Internacional de Unidades, somente sete grandezas físicas
independentes são definidas, as denominadas unidades de base. Todas as demais
unidades são derivadas dessas sete (BIPM, 2018). As definições dessas grandezas
serão expostas na Quadro 1. Ainda que o valor de cada grandeza seja sempre fixo,
não é raro que a forma de determinar uma grandeza apresente alteração.

Quando acontecem, essas alterações são causadas por algum avanço


tecnológico que cria melhores condições de representação do valor unitário dessa
grandeza, ou seja, facilidade e menores erros.

QUADRO 1 – UNIDADES DE BASE DO SISTEMA INTERNACIONAL


GRANDEZA UNIDADE
UNIDADE DEFINIÇÃO
FUNDAMENTAL SÍMBOLO
O metro é o comprimento do trajeto
Comprimento percorrido pela luz no vácuo durante o intervalo m
de tempo de 1/299792458 do segundo.
O quilograma é a unidade de massa: ele é igual à
Massa kg
massa do protótipo internacional do quilograma.

O segundo é a duração de 9.192.631.770 períodos da


Tempo radiação correspondente à transição entre dois níveis s
hiperfinos do estado fundamental do césio 133.

O ampère é a intensidade de uma corrente elétrica


constante que, mantida entre dois condutores
paralelos, retilíneos, de comprimento infinito, de
Intensidade de
seção circular desprezível e situada à distância A
corrente elétrica
de 1 metro entre si, no vácuo, produz entre esses
condutores uma força igual a 2 x 10-7 newton por
metro de comprimento.
O kelvin, unidade de temperatura termodinâmica,
Temperatura
é a fração 1/273,16 da temperatura termodinâmica K
termodinâmica
do ponto tríplice da água.

11
UNIDADE 1 — CINEMÁTICA E LEIS DE NEWTON

A candela é a intensidade luminosa, numa dada


direção de uma fonte, que emite uma radiação
Intensidade
monocromática de frequência 540 x 1012, cuja cd
luminosa
intensidade energética nessa direção é 1/683 watt
por esterradiano.
O mol é a quantidade de matéria de um sistema
Quantidade de contendo tantas entidades elementares quanto
mol
matéria átomos presentes em 0,012 quilogramas de
carbono 12.
FONTE: Alves (1998, p. 23)

3.2 UNIDADES DERIVADAS


Unidades derivadas são as unidades que são constituídas pela combinação
das unidades de base segundo relações algébricas que correlacionam as
apropriadas grandezas. Compõem a maioria das grandezas em utilização.

O Quadro 2 apresenta algumas dessas grandezas. Por serem muito


utilizadas, algumas recebem designação característica, como newton, pascal,
watt, hertz etc. (a escrita com iniciais em letras minúsculas é propositada e é para
distinguir dos respectivos nomes próprios Newton, Pascal, Watt, Hertz etc.).

QUADRO 2 – UNIDADES SI DERIVADAS

Grandeza Nome Símbolo


Superfície metro quadrado m²
Volume metro cúbico m³
Velocidade metro por segundo m/s
Aceleração metro por segundo ao quadrado m/s²
Número de ondas 1 por metro
Massa específica quilograma por metro cúbico kg/m³
Concentração quant. matéria mol por metro cúbico mol/m³
Volume específico metro cúbico por quilograma m³/kg
Luminância candela por metro quadrado cd/m²
Frequência hertz Hz
Força newton N
Pressão pascal Pa
Energia, trabalho, quantidade de calor joule J
Potência, fluxo energético watt W
Carga elétrica coulomb C
Tensão elétrica volt V
Capacitância elétrica farad F
Resistência elétrica ohm Ω

12
TÓPICO 1 — CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA MECÂNICA

Condutância siemens S
Fluxo de indução magnética weber Wb
Indução magnética tesla T
Indutância henry H
Fluxo luminoso lumen lm
Iluminamento ou aclaramento lux lx
Viscosidade dinâmica pascal segundo Pa.s
FONTE: Alves (1998, p. 24)

3.3 UNIDADES SUPLEMENTARES


No Sistema Internacional são também determinadas as unidades
suplementares. São unidades cujo sentido é puramente matemático, sem que
um padrão ou elemento físico seja mandatório. Trata-se fundamentalmente das
unidades de ângulo plano e ângulo sólido, como mostra o Quadro 3. O ângulo
plano é a relação entre dois comprimentos e o ângulo sólido é a relação entre uma
área e o quadrado de um comprimento.

São unidades sem dimensão. Nota-se que essas unidades também podem
ser combinadas com as unidades base para formar novas unidades derivadas.

QUADRO 3 – UNIDADES SI SUPLEMENTARES E SUAS DERIVADAS

Grandeza Nome Símbolo


Ângulo plano Radiano rad
Ângulo sólido Esterradiano sr
Velocidade angular Radiano por segundo rad/s
Aceleração angular Radiano por segundo quadrado rad/s²
Intensidade energética Watt por esterradiano W/sr
Luminância energética Watt por metro quadrado esterradiano W/m².sr
FONTE: Alves (1998, p. 25)

O Bureau Internacional de Pesos e Medidas verificou que os usuários do


Sistema Internacional terão necessidade de utilizar em conjunto algumas unidades
que não fazem parte do SI, contudo estão vastamente difundidas. Essas unidades
exercem papel tão importante que é indispensável conservá-las para uso geral
com o Sistema Internacional de Unidades (BIPM, 2018). Elas são apresentadas no
Quadro 4.

13
UNIDADE 1 — CINEMÁTICA E LEIS DE NEWTON

QUADRO 4 – UNIDADES QUE NÃO FAZEM PARTE DO SI, MAS SÃO AMPLAMENTE USADAS

Nome Símbolo Valor


Minuto min 1 min = 60 s
Hora h 1 h = 60 min = 3.600 s
Dia d 1 d = 24 h = 86.400 s
Grau ° 1° = (p/180) rad
Minuto ' 1' = (1/60)° = (p/10.800) rad
Segundo " 1" = (1/60)' = (p/648.000) rad
Litro l, L 1l = 1dm³ = 10¯³ m³
Tonelada t 1 t = 10³ kg
FONTE: Alves (1998, p. 25)

A associação de unidades desse quadro com unidades SI, para formar


unidades compostas, não deve ser empregada senão em casos restritos, a fim de
não perder as vantagens de consistência das unidades SI.

Exemplo 3 – Calcule o número de km em 6 milhas (FROEHLICH, 2012,


p. 14).

Solução
Temos que 1 km = 0,6214 mi. A regra é simples, multiplicamos a unidade
que desejamos converter (1 mi) pela unidade que desejamos obter (1 km) e
dividimos pelo seu equivalente na unidade que queremos substituir (0,6214 mi).

4 OUTROS CONCEITOS BÁSICOS DA MECÂNICA


Além do entendimento sobre vetores e as diversas unidades de medida
do Sistema Internacional, outros conceitos básicos para o estudo da mecânica
serão apresentados na sequência, como o conceito de corpo e ponto material,
referencial, espaço, tempo, deslocamento, trajetória, velocidade e aceleração.

4.1 CORPO OU ENTIDADE


No estudo da mecânica, a definição de corpo é compreendida como sendo
uma entidade material que ocupa um lugar no espaço e no tempo (OLIVEIRA,
2013). Além disso, segundo Marques (2016), sofre dois tipos de classificação,

14
TÓPICO 1 — CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA MECÂNICA

dependendo do referencial que se utiliza na comparação, ou seja, uma entidade


pode ser classificada como sendo uma partícula ou ponto material, e também
pode ser considerada como sendo um corpo extenso.

4.1.1 Partícula ou ponto material


Uma entidade é classificada como partícula ou ponto material em física
quando suas medidas são desprezíveis na circunstância estudada (OLIVEIRA,
2013). Na Figura 5 será apresentado um exemplo de uma partícula ou ponto
material, que nesse caso é o barco se comparado ao mar.

FIGURA 5 – EXEMPLO DE UMA PARTÍCULA OU PONTO MATERIAL

FONTE: <https://bit.ly/3ij15Sz>. Acesso em: 5 maio 2021.

Nesse caso, um barco se movimenta no mar, portanto, pode-se considerar


esse barco como sendo um ponto material, já que seu tamanho, quando comparado
com a extensão do mar, é totalmente desprezível.

4.1.2 Corpo extenso


Um corpo extenso é aquele que não possui tamanho ou dimensões
insignificantes na circunstância considerada (OLIVEIRA, 2013). Na Figura 6
será apresentado um exemplo de um corpo extenso, que nesse caso é o barco se
comparado ao estaleiro onde está sendo construído.

15
UNIDADE 1 — CINEMÁTICA E LEIS DE NEWTON

FIGURA 6 – EXEMPLO DE UM CORPO EXTENSO

FONTE: <https://bit.ly/2Y2UQeV>. Acesso em: 5 maio 2021.

Esse barco, que no mar pode ser entendido como um ponto material ou
partícula, dentro de um estaleiro não será mais insignificante, pois ocupará um
espaço considerável do estaleiro onde está sendo construído, portanto, ele passa
a ser compreendido com um corpo extenso.

É interessante lembrar que essas representações são possíveis por meio


de outro importante conceito em física que também é aplicado ao estudo da
mecânica. Uma entidade pode ser definida como um ponto material ou um corpo
extenso, isso estará sujeito à referência considerada na circunstância, no primeiro
exemplo, o mar, e, no segundo, o estaleiro. No próximo subitem será abordada
em mais detalhes a definição de referencial.

4.2 REFERENCIAL
De maneira formal, um referencial pode ser entendido como um conjunto
de elementos que formam um sistema de referência, ou seja, que serve de
referência (HIBBELER, 2005). Talvez o entendimento prático seja possível por
meio da resposta a uma simples pergunta: “neste momento, você está parado ou
em movimento?”.

Inicialmente, essa questão pode aparentar ser sem muita relevância e com
resposta inequívoca, entretanto, se parar para refletir é possível entender que essa
resposta não é tão simples. Pode-se considerar parado em relação ao chão da sua
casa, por exemplo, ou como se está contido na Terra, consequentemente também
sofre influência dos movimentos que ela apresenta, isto é, rotação e translação.
Desse modo, em relação ao sol, por exemplo, pode-se considerar em movimento.

16
TÓPICO 1 — CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA MECÂNICA

Para Hibbeler (2005), a definição de referencial é muito relevante,


principalmente no que diz respeito a trajetórias de um movimento. Nas Figuras
7 e 8 serão apresentados exemplos de dois observadores olhando o mesmo
fenômeno, em que cada um analisa uma trajetória diferente.

FIGURA 7 – AVIÃO SOLTANDO UMA BOMBA E EVENTO SENDO OBSERVADO POR UMA PESSOA

FONTE: O autor

No evento da Figura 7, um avião bombardeiro solta um míssil em campo


aberto. Note que para o observador olhando de fora do avião bombardeiro, o
míssil cai formando uma curva (parábola), ou seja, essa é a sua trajetória.

A Figura 8 ilustra o mesmo evento observado do ponto de vista do piloto.

FIGURA 8 – AVIÃO SOLTANDO UMA BOMBA E EVENTO SENDO OBSERVADO PELO PILOTO

FONTE: O autor

17
UNIDADE 1 — CINEMÁTICA E LEIS DE NEWTON

Tendo o piloto como observador do míssil caindo sempre abaixo de seu


avião bombardeiro, ele sempre observa uma trajetória reta. Obviamente, nesse
caso, considerando nula a resistência do ar.

4.3 TRAJETÓRIA
Segundo Hibbeler (2005), a trajetória pode ser definida como o caminho
efetivado por uma determinada entidade no espaço, baseado em um sistema de
coordenadas preestabelecido. Como visto nos exemplos das Figuras 7 e 8, em que
um avião bombardeiro solta um míssil, temos que:

Na Figura 7, quando o referencial observa o evento de fora do avião, ele


observa uma trajetória curva da bomba em relação ao distanciamento do avião e
à aproximação com o solo.
Já na Figura 8, quando o referencial é o piloto do avião bombardeiro, este
observa uma trajetória reta do míssil se afastando do avião em direção ao solo.

Exemplo 4 – Um trem anda sobre trilhos horizontais retilíneos com


velocidade constante igual a 80 km/h. No instante em que o trem passa por uma
estação, cai um objeto, inicialmente preso ao teto do trem, conforme apresentado
na Figura 9.

FIGURA 9 – EXEMPLO DE TRAJETÓRIA

FONTE: <http://muitafisica.blogspot.com/2009/03/cinematica.html>. Acesso em: 5 maio 2021.

Pergunta-se:
a) Qual a trajetória do objeto, vista por um passageiro parado dentro do trem?
b) Qual a trajetória do objeto, vista por um observador parado na estação?
(Suponha que o trem vai em sentido à estação).

Resposta: levando em consideração a definição apresentada nesse caso, a


trajetória do objeto vista pelo passageiro dentro do trem será reta em direção ao
chão do trem. Já a trajetória vista pelo observador na estação será curva, conforme
os exemplos apresentados nas Figuras 7 e 8.
18
TÓPICO 1 — CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA MECÂNICA

4.4 ESPAÇO PERCORRIDO


O espaço percorrido é compreendido como uma grandeza escalar,
contrariamente ao deslocamento. O espaço ou distância transcorrida é o somatório
dos módulos de todos os deslocamentos retos que derivam no deslocamento
integral de uma entidade (BEER; JOHNSTON JUNIOR; CLAUSEN, 2006). Ainda,
o espaço transcorrido pode ser medido com a soma total das distâncias que a
entidade realiza até atingir a posição final. O espaço percorrido pode ainda ser
denominado de deslocamento escalar. Na Figura 10 há um exemplo de espaço
percorrido.

FIGURA 10 – EXEMPLO DE ESPAÇO PERCORRIDO

FONTE: <https://bit.ly/3ileidI>. Acesso em: 21 maio 2021.

Na Figura 10, o espaço percorrido é o somatório total da distância realizada


entre o ponto A e o ponto B, sendo representado pela curva na cor preta, ou seja,
o espaço percorrido ou distância foi de 50 km.

4.5 DESLOCAMENTO
Deslocamento é uma grandeza vetorial que é medida pela subtração de
duas grandezas vetoriais: a posição final (SF) e a posição inicial (S0) de um objeto,
isto é, o deslocamento de uma entidade corresponde à distância entre esses dois
pontos, assim sendo, se essa entidade se move e retorna para o ponto de onde
partiu, seu deslocamento constará como nulo (BEER; JOHNSTON JUNIOR;
CLAUSEN, 2006). A Figura 11 ilustra um exemplo de deslocamento entre dois
pontos, A e B.

19
UNIDADE 1 — CINEMÁTICA E LEIS DE NEWTON

FIGURA 11 – EXEMPLO DE DESLOCAMENTO

FONTE: <https://bit.ly/3ileidI>. Acesso em: 21 maio 2021.

Na Figura 11, o deslocamento é a subtração entre a distância do ponto A até


o ponto B, sendo representado pela reta na cor vermelha, ou seja, o deslocamento
foi de 30 km.

Matematicamente, o deslocamento pode ser representado por meio de


uma equação algébrica que represente a relação a seguir, onde:

Deslocamento = Posição Final – Posição Inicial

Pode-se representar essa relação por:

• Deslocamento – igual a Δx (sendo que o “Δ” representa a variação entre as


posições calculadas x).
• Posição inicial – igual a “xi” é a posição inicial.
• Posição final – igual a “xf” é a posição final.

Portanto, tem-se:

Δx = xf - xi Equação (19)

Desse modo, com a expressão anterior é possível calcular o deslocamento


para qualquer situação.

4.6 TEMPO
Na física, especialmente na mecânica clássica, o tempo é a grandeza
física rigorosamente relacionada ao correto sequenciamento, por meio da
ordem de acontecimentos, dos fatos naturais, definidos segundo casualidades
respectivamente espaciais e temporais entre tais fatos e as referências de um ou
mais relógios devidamente dispostos, sincronizados e atrelados ao ponto inicial
e aos eixos de coordenadas de referência em que se define o tempo (OLIVEIRA,
2013).
20
TÓPICO 1 — CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA MECÂNICA

De outra forma, pode ser compreendido com uma grandeza “t” empregada
para contar as alterações das posições e mostrar se o objeto se encontra em
movimento ou parado. Em um determinado intervalo de tempo “Δt”, a sincronia
e a precedência de um acontecimento são independentes de quem observa.

É importante salientar que esse conceito de tempo aplicado na mecânica


clássica se altera quando tratado a partir dos ensinamentos da mecânica quântica,
principalmente pela teoria da relatividade restrita de Einstein. Entretanto, esse
assunto não será abordado neste livro.

4.7 VELOCIDADE

A velocidade pode ser compreendida como uma grandeza vetorial “ ” que


determina a rapidez com que um objeto se movimenta. A velocidade ainda pode
ser definida como velocidade média, ou velocidade instantânea. A velocidade
média pode ser definida como a razão entre a variação do deslocamento pela
variação do tempo. Na figura a seguir será apresentado um gráfico que exemplifica
as velocidades média e instantânea.

FIGURA 12 – GRÁFICO DAS VELOCIDADES MÉDIA E INSTANTÂNEA

reta tangente à curva


das posições

FONTE: Froehlich (2012, p. 19)

Matematicamente, podemos representar por:

Equação (20)

Assim,

Equação (21)

21
UNIDADE 1 — CINEMÁTICA E LEIS DE NEWTON

Já a velocidade instantânea é definida pela taxa de variação no tempo de


deslocamento, ou seja, é representada pela derivada da posição em relação ao
tempo. Portanto,

Equação (22)

Assim,

Equação (23)

Exemplo 5 – Utilizando os dados do exemplo anterior, encontre a


velocidade média e a velocidade instantânea da partícula móvel (FROEHLICH,
2012, p. 19).

Solução

A velocidade média é dada pela definição, , sendo a posição


inicial igual a zero e o tempo inicial também igual a zero. Assim, encontramos:

A velocidade instantânea é dada pela derivada da posição, .


Assim, devemos encontrar a derivada de x e de y:

22
TÓPICO 1 — CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA MECÂNICA

Substituindo o tempo por 15 segundos, temos:

Dessa maneira, o vetor velocidade instantânea se torna,

4.8 ACELERAÇÃO
A aceleração pode ser compreendida como uma grandeza física que
mostra como a velocidade de um objeto varia no tempo. A aceleração geralmente
é provocada por um agente físico chamado de força. Quando um objeto é
submetido à ação de uma força, ou de um sistema de forças, pode ficar sujeito a uma
aceleração e, por conseguinte, apresentará variação de velocidade. A aceleração
ainda pode ser definida como aceleração média, ou aceleração instantânea.

Por definição, a aceleração média é a razão entre a variação de velocidade


e a variação do intervalo de tempo. Matematicamente, podemos representar por:

Equação (24)

Assim,

Equação (25)

Já a aceleração instantânea é definida pela taxa de variação no tempo da


velocidade, ou seja, é representada pela derivada da velocidade em relação ao
tempo. Portanto,

23
UNIDADE 1 — CINEMÁTICA E LEIS DE NEWTON

Assim,

Equação (27)

Exemplo 6 – Um ponto material se desloca em linha reta, de modo que a


sua posição é definida pelo diagrama da figura a seguir (FROEHLICH, 2012, p. 23).

FIGURA 13 – POSIÇÃO “Y” EM FUNÇÃO DO TEMPO “X”.

FONTE: Froehlich (2012, p. 23)

Encontre a função da velocidade e da aceleração em função do tempo.


Mostre os gráficos.

Solução

A velocidade é a derivada da posição no tempo ,


que descreve o comportamento do gráfico da figura a seguir.

FIGURA 14 – VELOCIDADE “Y” EM FUNÇÃO DO TEMPO “X”

FONTE: Froehlich (2012, p. 24)

24
TÓPICO 1 — CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA MECÂNICA

No gráfico da velocidade v(m/s) em função do tempo t(s), a velocidade


inicial é zero em zero segundos, em t = 2 s o corpo atinge a velocidade máxima de
12 m/s, depois volta a decrescer até zero, quando volta a aumentar em módulo. O
sinal negativo indica que o ponto material está se aproximando da origem.

A aceleração é dada pela derivada da função da velocidade ,


que descreve o comportamento do gráfico na figura a seguir.

FIGURA 15 – ACELERAÇÃO “Y” EM FUNÇÃO DO TEMPO “X”

FONTE: Froehlich (2012, p. 24)

No gráfico da velocidade v(m/s) em função do tempo t(s), a aceleração


inicial é de 12 m/s2 e, em t = 2 s, a aceleração se anula.

5 FECHAMENTO
Neste capítulo, foram abordados dois dos conceitos fundamentais da
mecânica, que são o espacial e o temporal. Nesse ensinamento inicial do estudo
das forças associadas ao movimento, ciência do movimento e cinética, foi definido
que o ambiente físico dos ensaios comuns é apresentado adequadamente pelo
espaço matemático de três dimensões da geometria.

Com relação à conceituação temporal, foi definido que um encadeamento


ordenado de eventos pode ser medido em uma proporção de tempo absoluta e
uniforme. Além disso, também foram definidos que o espaço e o tempo são entes
distintos e independentes.

Para determinar a posição de um objeto no espaço, é preciso ter um


conjunto de referência. No estudo da mecânica, esse conjunto de referência é
comumente denominado de sistema de coordenadas. O modelo fundamental de
sistema de coordenadas que contenta as finalidades desse estudo é o sistema de
coordenadas cartesianas ou retangulares, isto é, uma composição de três linhas
retas ou eixos reciprocamente perpendiculares. Para especificar a posição de um

25
UNIDADE 1 — CINEMÁTICA E LEIS DE NEWTON

ponto nesse sistema cartesiano, foram empregadas as três coordenadas, x, y e z.


As coordenadas de um ponto móvel alteram ao longo do tempo, portanto, são
funções do valor “t” medido segundo a grandeza de tempo escolhida.

A partir dessas definições básicas de tempo e espaço, outra significação


muito relevante para o estudo da mecânica está relacionada ao entendimento das
grandezas escalares e vetoriais.

26
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• É fundamental o entendimento do que é um vetor, bem como as operações


básicas com vetores.

• Existem diversos tipos de unidades de grandezas mecânicas no Sistema


Internacional (SI).

• É importante a caracterização e a compreensão sobre corpo extenso de ponto


material.

• A definição de espaço, tempo e referencial é primordial para o estudo da


mecânica.

• Os conceitos de deslocamento e trajetória são cruciais aos estudos da cinemática.

• A velocidade e a aceleração têm uma relação importante com o tempo.

27
AUTOATIVIDADE

1 Um carro se movimenta sobre uma ponte, como mostra a figura, onde o


corpo se desloca do ponto A, considerado posição inicial (S0), e o ponto B,
considerado a posição final (SF), a uma aceleração constante de 12 m/s e
um intervalo de tempo de 18 segundos, avaliando que a variação de espaço
percorrido é calculada pela diferença entre a posição final e a inicial.

Com base nas informações apresentadas, responda às questões:

a) Qual a distância percorrida (variação de espaço) pelo carro em cima da


ponte? Apresente o cálculo.

b) Utilizando a fórmula, calcule a velocidade média durante o deslocamento


do carro sobre a ponte.

2 A velocidade de um corpo é definida pela relação entre o deslocamento


de um corpo em um tempo determinado. É classificada, também, como a
grandeza que mede o quão rápido um corpo se desloca. Sobre o exemplo
de um tigre em um zoológico que demora 4 segundos para atravessar sua
jaula de 12 metros, analise as sentenças a seguir:

I- A velocidade é definida como a variação no tempo do vetor deslocamento.


II- A velocidade média que o tigre se desloca é de 5 m/s.
III- A velocidade é determinada pela variação da posição em que se encontra,
em relação ao deslocamento percorrido.
IV- A velocidade média que o tigre se desloca é de 3 m/s.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças II e IV estão corretas.


b) ( ) As sentenças I, III e IV estão corretas.
c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
d) ( ) As sentenças I e IV estão corretas.

28
3 O Sistema Internacional de Unidades (SI) deveria estabelecer para cada
grandeza somente uma unidade. Do mesmo modo, foram estabelecidos
os seus símbolos, as unidades derivadas, as unidades suplementares e os
prefixos. O progresso científico e tecnológico tem possibilitado a redefinição
dos padrões dessas grandezas. Sobre as unidades de base, conforme os
símbolos, analise as sentenças a seguir:

I- Intensidade de corrente elétrica - A (ampère).


II- Temperatura - K (kelvin).
III- Quantidade de matéria - mol.
IV- Temperatura - C (celsius).

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.


b) ( ) As sentenças I, III e IV estão corretas.
c) ( ) Somente a sentença I está correta.
d) ( ) As sentenças II, III e IV estão corretas.

4 Uma pessoa que se movimenta sobre uma calçada, desloca-se do ponto


A, considerado posição inicial (S0 = 0m), até um ponto B, considerado
a posição final (SF = 100m), a uma aceleração constante de 1 m/s e um
intervalo de tempo de 60 segundos, avaliando que a variação de espaço
percorrido é calculada pela diferença entre a posição final e a inicial. Com
base nas informações apresentadas, responda à questão a seguir:

Qual é a velocidade média durante o deslocamento da pessoa sobre a calçada?

5 Isaac Newton foi uma das mentes mais brilhantes que apareceram em nosso
planeta em todos os tempos. Os benefícios de suas descobertas foram e
ainda são de grande importância em áreas como a engenharia. A afirmação:
“os corpos permanecem em repouso ou em movimento retilíneo uniforme
a não ser que sobre eles atue alguma força resultante diferente de zero”
corresponde à:

FONTE: FROEHLICH, M. L. Física geral. Indaial: UNIASSELVI, 2011.

a) ( ) Primeira Lei de Newton.


b) ( ) Segunda Lei de Newton.
c) ( ) Terceira Lei de Newton.
d) ( ) Quarta Lei de Newton.

29
30
TÓPICO 2 —
UNIDADE 1

MRU, MRUV E LANÇAMENTO DE PROJÉTEIS

1 INTRODUÇÃO
A Mecânica é a parte da Física encarregada de estudar os movimentos dos
objetos, assim como suas progressões temporais e as relações matemáticas que
os definam. Para Merian e Kraige (2008), é um conhecimento de extraordinária
relevância, com inúmeras aplicações, como na Geofísica, na Medicina, na
Astrofísica e, principalmente, na Engenharia.

Os pilares do que compreendemos como Mecânica Clássica foram


difundidos inicialmente por Galileu Galilei, Johannes Kepler e Isaac Newton.
De modo geral, a Mecânica Clássica é dividida em Cinemática e Dinâmica
(MARQUES, 2016), sendo que este capítulo é focado no estudo da Cinemática.

A cinemática preconiza o ensinamento matemático dos movimentos.


As causas que os ocasionam não são estudadas, apenas suas classificações e
comparações são consideradas. Alguns exemplos de assuntos abordados pela
cinemática e que serão descritos neste tópico e no próximo, são: movimento
uniforme, movimento uniformemente variado, movimento circular, entre outros.

2 MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORME (MRU)


No movimento retilíneo uniforme (MRU), a velocidade é constante ao
longo do tempo, assim sendo, a aceleração é anulada (HIBBELER, 2011). O objeto
se movimenta em extensões iguais com períodos de tempo iguais, importante
destacar que, em virtude de não se ter a aceleração sobre o objeto no movimento
retilíneo uniforme, a resultante das forças sobrepostas é anulada.

Uma das características do MRU é que sua velocidade em qualquer


instante é igual à velocidade média (HIBBELER, 2011). Portanto,

Equação (28)

Sabendo que a taxa de variação do deslocamento em função do tempo nos


fornece a velocidade, portanto, pode-se escrever que:

Equação (29)

31
UNIDADE 1 — CINEMÁTICA E LEIS DE NEWTON

Ainda, essa equação pode ser reagrupada de outra forma, como segue:

Integrando o lado esquerdo em relação ao deslocamento, e o lado direito


em relação ao tempo, tem-se:

Como a velocidade é constante, pode-se posicioná-la fora do símbolo de


integral e realizar a operação da seguinte forma:

Resolvendo as integrais, tem-se:

Como t0 = 0 e, reagrupando a equação para isolar o vetor deslocamento



(S), tem-se:

Equação (30)

Essa equação é compreendida como a função horária da posição do


movimento retilíneo uniforme, em que:

• S é a posição ou espaço final.

• S0 é a posição ou espaço inicial.

• V é a velocidade.
• t é o tempo.

Exemplo 7 – Um automóvel em movimento retilíneo uniforme (MRU)


tem a seguinte função horária s = 30 + 2t. Considerando que os valores estão no
Sistema Internacional de Unidades, determine:

a) A posição do automóvel no instante inicial do deslocamento.


b) A sua posição após 60s.

Solução

Comparando a função dada com a função horária, é possível ver que o


valor da posição inicial é igual a 30 m.

32
TÓPICO 2 — MRU, MRUV E LANÇAMENTO DE PROJÉTEIS

Para encontrar a posição pedida, devemos substituir o valor de t na função.


Dessa forma, temos: s = 30 + 2*60 = 150 m

3 MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORMEMENTE VARIADO (MRUV)


Para Hibbeler (2011), o Movimento Retilíneo Uniformemente Variado é
o movimento no qual a velocidade escalar altera uniformemente no transcorrer
do tempo. O movimento diferencia-se por possuir uma aceleração constante e
não nula. No MRUV, a aceleração é constante em qualquer instante ou período
de tempo. Além disso, o movimento também é considerado acelerado, pois o
valor absoluto da velocidade de qualquer objeto aumenta ou diminui ao longo
do tempo.

Como a taxa de variação da velocidade em função do tempo proporciona


a aceleração, explicada no tópico anterior, pode-se representar tal qual:

Equação (31)

Ainda, essa equação pode ser reagrupada de outra forma, como segue:

Integrando o lado esquerdo em relação à velocidade, e o lado direito em


relação ao tempo, tem-se:

Como a aceleração é constante, pode-se posicioná-la fora do símbolo de


integral e realizar a operação da seguinte forma:

Resolvendo as integrais, tem-se:


Como t0 = 0 e, reagrupando a equação para isolar o vetor velocidade (V),
tem-se:

Equação (32)

Essa equação é compreendida como a função horária da velocidade, em


que:

33
UNIDADE 1 — CINEMÁTICA E LEIS DE NEWTON


• V é a velocidade final.

• V é a velocidade inicial.
• →
a é a aceleração.
• t é o tempo.

No Movimento Retilíneo Uniformemente Variado, a função horária para


a posição pode ser determinada de forma análoga ao se adotar a taxa de variação
do deslocamento em relação ao tempo e integrá-la, portanto, tem-se:

Equação (33)

Ainda, essa equação pode ser reagrupada de outra forma, como segue:

Integrando o lado esquerdo em relação ao deslocamento, e o lado direito


em relação ao tempo, tem-se:

Como a velocidade no MRUV não é constante, deve-se considerar na


integral, como:

Então, deve-se substituir na equação anterior e realizar a integração,


assim, tem-se:

Resolvendo as integrais, tem-se:

Como t0 = 0 e, reagrupando a equação para isolar o vetor deslocamento



(S), tem-se:

Equação (34)

Essa equação é compreendida como a função horária da posição no


Movimento Retilíneo Uniformemente Variado. Ainda, a partir da equação
anterior e considerando algumas definições e resoluções algébricas, é possível
se obter uma nova equação independente do tempo, também denominada de
Equação de Torricelli, que é representada da seguinte forma:
34
TÓPICO 2 — MRU, MRUV E LANÇAMENTO DE PROJÉTEIS

Equação (35)

Exemplo 8 – Uma aplicação dos conceitos abordados até aqui é um sistema


de polias, como o da figura a seguir, em que um cursor A e um bloco E estão
ligados por uma corda que passa sobre três polias C, D e B. As polias B e D estão
fixas. A polia C está presa a um cursor e é puxada para baixo com velocidade
constante igual a 2m/s. No instante t = 0, o cursor A inicia o movimento para
baixo, a partir da posição P, com uma aceleração constante. Sabendo-se que a
velocidade do cursor A é 8m/s, ao passar pelo ponto Q, determine o tempo que o
cursor A levou para alcançar o ponto Q (FROEHLICH, 2012, p. 28).

FIGURA 16 – SISTEMA COM POLIAS

FONTE: Froehlich (2012, p. 28)

Solução

Escolhemos a origem como sendo o plano horizontal superior e o sentido


positivo de y para baixo (observe a figura a seguir). Notamos que, em t = 0, o
cursor A está na posição P e sua velocidade inicial é zero, νA0 = 0. Quando o cursor
passar pela posição Q, sua velocidade é νA= 8m/s e ΔγA = γA- γA0 = 5m , assim é correto
escrever:

Agora, podemos determinar o tempo que o cursor A levou para alcançar


o ponto Q,

35
UNIDADE 1 — CINEMÁTICA E LEIS DE NEWTON

4 MOVIMENTO DE PROJÉTIL (LANÇAMENTO VERTICAL)


O movimento de um projétil na vertical é uma movimentação sob uma
única dimensão em que não se considera o atrito com o ar (MARQUES, 2016).
Esse tipo de deslocamento acontece quando um objeto é lançado no sentido
vertical, isto é, para cima. O deslocamento apresentado pelo objeto é retardado
pela aceleração da gravidade até que ele alcance a sua elevação máxima. Em
seguida, o deslocamento começa a ser apresentado como uma queda livre.

O movimento de um projétil na vertical é um evento peculiar de


movimento uniformemente variado (MUV), já que acontece sob a atuação de
uma aceleração constante (MARQUES, 2016). Nessa situação, a aceleração da
gravidade contrapõe à velocidade do movimento do projétil, que tem orientação
positiva.

Na Figura 17, será esquematizado o movimento de um projétil na vertical.

FIGURA 17 – MOVIMENTO DE UM PROJÉTIL NA VERTICAL

FONTE: O autor

As expressões que governam esse tipo de movimento são as mesmas


empregadas para os eventos comuns do movimento uniformemente variado,
sujeitas a breves modificações.

4.1 FUNÇÃO HORÁRIA DA VELOCIDADE


Uma das primeiras expressões é a função horária da velocidade para o
arremesso vertical. Nesta, tem-se a velocidade final νγ , a velocidade de arremesso
do objeto ν0γ , a aceleração da gravidade “g” e o tempo “t”. A seguir, veja a equação
da velocidade para o movimento de um projétil na vertical:

36
TÓPICO 2 — MRU, MRUV E LANÇAMENTO DE PROJÉTEIS

Equação (36)

Por meio dessa expressão, pode-se calcular o tempo que o objeto leva
para subir. Para isso, deve-se cuidar que, ao alcançar a sua elevação máxima, a
velocidade vertical é zero.

Além do mais, o deslocamento altera o sentido e passa a apresentar uma


queda livre. Na expressão original "V0γ+ gt"com a mudança de sentido fica, "V0γ- gt"e
admitindo que a velocidade vertical é anulada na posição mais alta do arremesso
vertical, tem-se:

então,

Equação (37)

4.2 FUNÇÃO HORÁRIA DA POSIÇÃO


Outra expressão do movimento uniformemente variado, denominada de
função horária da posição, também sofreu algumas adequações. Essa fórmula
possibilita definir em qual elevação “γ ” um objeto se encontra em um dado
período de tempo “t”. Para tal, deve-se conhecer de qual elevação o objeto foi
arremessado “H”, sendo que:

e em qual velocidade aconteceu o arremesso “V0γ”. Se trocarmos o tempo


de subida nas variáveis “t” na fórmula, é admissível definir uma relação entre a
elevação máxima alcançada e a velocidade de arremesso do objeto “V0γ”. Assim
sendo, tem-se:

Equação (38)

A equação alterada da função horária é:

Equação (39)

37
UNIDADE 1 — CINEMÁTICA E LEIS DE NEWTON

então,

realizando os cálculos algébricos e rearranjos, tem-se:

como, H = Δγ = (γ - γ0 ), então:

Equação (40)

4.3 EQUAÇÃO DE TORRICELLI


De forma análoga às equações anteriores que foram adequadas a partir
dos conceitos do movimento uniformemente variado, a equação de Torricelli
também foi adequada para o caso de movimento de um projétil na vertical. Assim
sendo, tem-se:

Equação (41)

Na expressão anterior, “Vγ ” é a velocidade final que o objeto alcança para


um dado momento de tempo “t”. A velocidade inicial “V0γ ” é a velocidade com
que o objeto é arremessado, nesse caso, pode ser positivo, quando o arremesso
é para cima, ou negativo, se o arremesso for para baixo, isto é, ao sentido da
gravidade. As alturas final e inicial do arremesso são definidas como “γ” e “γ0”,
e estão contidas na variação de altura “Δγ ”, e “g” é a aceleração da gravidade no
local do arremesso.

E
IMPORTANT

Nos estudos de Movimentos Verticais, existe o denominado de Queda Livre –


este é caracterizado pelo abandono de um corpo a uma certa altura em relação ao solo.

38
TÓPICO 2 — MRU, MRUV E LANÇAMENTO DE PROJÉTEIS

Exemplo 9 – Um projétil de 2 kg é lançado verticalmente para cima, a


partir do solo, com velocidade de 20 m/s (MARQUES, 2016). Dados: g = 10 m/s².
Determine:

a) O tempo total de subida do projétil.


b) A altura máxima atingida pelo projétil.
c) A velocidade do projétil nos instantes t = 1,0 s e t = 3,0 s. Explique o resultado
obtido.

Solução

a) Podemos calcular o tempo de subida do projétil usando uma das equações


mostradas ao longo do texto:

Para usar essa equação, é preciso lembrar que, no ponto de altura


máxima, a velocidade final do projétil é nula. Como foi informado pelo exercício,
a velocidade de lançamento do projétil é de 20 m/s. Dessa forma:

b) Sabendo o tempo necessário para o projétil atingir sua altura máxima, podemos
calcular facilmente essa altura. Para isso, utilizaremos a seguinte relação:

No cálculo anterior, levamos em conta que o projétil foi lançado a partir


do solo, por isso, γ0 = 0.

c) Podemos calcular facilmente a velocidade do projétil para os instantes t = 1,0 s


e t = 3,0 s usando a função horária da velocidade. Observe:

39
UNIDADE 1 — CINEMÁTICA E LEIS DE NEWTON

Feitos os cálculos, encontramos os valores de 10 m/s e de -10 m/s para os


instantes de tempo t = 1,0 s e t = 3,0 s, respectivamente. Isso indica que, no tempo
de 3,0 s, o projétil se encontra na mesma altura que no tempo de 1,0 s. No entanto,
o movimento ocorre em sentido contrário, uma vez que o tempo de subida desse
projétil é de 2,0 s. Após a passagem desse intervalo de tempo, o projétil inicia seu
movimento de queda livre.

5 MOVIMENTO DE PROJÉTIL (LANÇAMENTO OBLÍQUO)


O movimento de projétil no lançamento oblíquo pode ser visto como uma
composição de dois movimentos diferentes e simultâneos, em que no mesmo
instante que existe um deslocamento retilíneo uniforme na direção “y”, isto é, na
vertical, subindo e descendo, também realiza um deslocamento uniformemente
variado na direção “x”, ou na horizontal (MARQUES, 2016). De outra forma, o
lançamento oblíquo pode ser compreendido como aquele que acontece quando
um corpo inicia seu deslocamento formando um determinado ângulo com o eixo
horizontal. A Figura 18 ilustra a trajetória realizada por um objeto quando do seu
lançamento oblíquo.

FIGURA 18 – MOVIMENTO DE UM PROJÉTIL COM MOVIMENTO OBLÍQUO

FONTE: O autor

40
TÓPICO 2 — MRU, MRUV E LANÇAMENTO DE PROJÉTEIS

A Figura 18 apresenta a trajetória de um objeto que realiza um deslocamento


oblíquo. Essas formas de deslocamento podem ser observadas, por exemplo, no
lançamento de uma bola na direção da cesta, realizado por um jogador em uma
partida de basquete, no momento da tacada em uma bola de beisebol, entre outros
eventos em que a trajetória é similar à apresentada.

O estudo do lançamento oblíquo precisa ser realizado considerando


o deslocamento no sentido vertical (geralmente é o eixo y) e o deslocamento
no sentido horizontal (geralmente no eixo x) (MARQUES, 2016). Com relação
ao deslocamento no eixo y, o cuidado deve ser determinar a elevação máxima
alcançada pelo objeto, pois existe a influência da gravidade no eixo vertical, assim
o movimento será uniformemente variado. Os estudos do deslocamento no eixo
x definirão o comprimento horizontal do deslocamento, ou seja, a extensão entre
a origem e o local de chegada. No sentido horizontal, o movimento será retilíneo
e uniforme.

5.1 ALCANCE HORIZONTAL


O comprimento horizontal é o deslocamento entre os locais de início e fim
do lançamento oblíquo do corpo (MARQUES, 2016). Para realizar esse cálculo,
será utilizada a função horária da posição para o movimento retilíneo uniforme
(MRU), com alguns ajustes em função da trajetória do objeto no espaço.

Um ponto muito importante na análise do deslocamento oblíquo é o


ângulo que o objeto faz em relação aos eixos vertical (y) e horizontal (x), dessa
forma, quando da utilização dos devidos componentes do vetor velocidade, deve-
se considerar também o ângulo formado, assim, tem-se:

Equação (42)

Equação (43)

Como a função horária da posição para o MRU é:

Então, pode-se representar da seguinte forma:

Fazendo os ajustes algébricos necessários, tem-se:

41
UNIDADE 1 — CINEMÁTICA E LEIS DE NEWTON


Geralmente, o ΔS, que representa a variação do deslocamento no eixo x,
é substituído pela letra “A”, que é denominada de alcance do objeto. Portanto, a
equação final fica:

Das deduções do item 4.1, é possível compreender que o tempo total gasto
para que um corpo alcance a altura máxima vertical seja:

Equação (44)

Como nesse caso a fórmula mostra o tempo total gasto para o alcance da
altura máxima, ou seja, tempo de subida, portanto, para considerar o tempo total
entre subida e descida, é necessário multiplicar por “2”, e, além disso, deve-se
considerar o ângulo em relação ao componente da velocidade na fórmula, assim
sendo, tem-se:

Dessa forma, a fórmula do alcance do objeto pode ser reescrita assim:

Fazendo os cálculos algébricos, a fórmula fica:

Nessa fórmula, ainda é possível substituir a expressão“ ” pela


identidade trigonométrica “ ”, assim, tem-se:

Equação (45)

E
IMPORTANT

O alcance máximo possível para um objeto lançado de forma oblíqua é quando


o ângulo de lançamento for igual a 45°.

42
TÓPICO 2 — MRU, MRUV E LANÇAMENTO DE PROJÉTEIS

5.2 ALTURA MÁXIMA


A altura é o deslocamento no sentido vertical do eixo, geralmente,
definido como sendo o eixo “y” do lançamento oblíquo do objeto (MARQUES,
2016). Para realizar o cálculo da altura máxima que o objeto consegue atingir,
será utilizada a equação de Torricelli do movimento uniformemente variado,
independente do tempo, com alguns ajustes em função da trajetória do objeto no
espaço. Essa equação é apresentada no item 3 e adequada no item 4.3 e a forma
básica é apresentada como sendo:

Equação (46)

Como se está analisando a altura máxima pelo eixo y, as velocidades



serão referenciadas neste eixo e a variação de deslocamento “ΔS” será substituída
por “H”. Além disso, nesse caso, a aceleração “a” é substituída pela forma da
gravidade que está atuando no objeto. O sinal negativo na fórmula a seguir
representa o movimento na ascendente, contrário ao sentido da gravidade. Dessa
forma, tem-se:


Como “Vγ0” pode ser reescrito como “V0 * senθ” e a velocidade final na
altura máxima é nula, tem-se:

0 = (V0 * senθ)2 - 2 * g * H

Realizando os cálculos algébricos para determinar a altura máxima, tem-se:

H = ⁽_____⁾ Equação (47)


V₀ senθ
*
2*g

A expressão anterior representa a altura máxima que um corpo pode


alcançar executando o movimento oblíquo.

Exemplo 10 – Uma pedra é projetada de um rochedo íngreme, de altura


h, com velocidade inicial de 42 m/s, direcionada em um ângulo de 600 acima da
horizontal. (figura a seguir). A pedra cai em um ponto A, 5,5 s após o lançamento.
Encontre (a) a altura h do rochedo, (b) a velocidade da pedra imediatamente antes
do impacto em A, e (c) a altura máxima H, alcançada acima do chão (FROEHLICH,
2012, p. 32).

43
UNIDADE 1 — CINEMÁTICA E LEIS DE NEWTON

FIGURA 19 – MOVIMENTO DO PROJÉTIL

FONTE: Froehlich (2012, p. 32)

Solução

a) A altura h é a coordenada y do deslocamento como tempo igual a 5,5 s e


dada pela equação . Sendo , substituindo
encontramos a velocidade inicial na direção y como sendo
. Sabendo que quando a pedra foi lançada ela
se encontrava na origem das posições e que a aceleração da gravidade
vale g = 9,8m/s, podemos encontrar a altura do rochedo, h = y:

b) Para encontrar a velocidade da pedra ao bater no rochedo, precisamos encontrar


as coordenadas de x e y para a velocidade e calcular o seu módulo. Na direção
x, o movimento é uniforme, portanto, a velocidade nesta direção é constante.
Assim:

A velocidade na direção y pode ser encontrada mediante a equação:

44
TÓPICO 2 — MRU, MRUV E LANÇAMENTO DE PROJÉTEIS

c) Observe a figura anterior. Na altura máxima, a componente y da velocidade


é igual a zero, vy = 0. Podemos utilizar a equação da velocidade em y para
encontrar o tempo e utilizar na equação da posição de y para determinar a
altura máxima H.

Substituindo esse tempo na equação para y, encontramos:

6 FECHAMENTO
A Mecânica é a parte da Física encarregada de estudar os movimentos
dos objetos, assim como suas progressões temporais e as relações matemáticas
que os definam. É um conhecimento de extraordinária relevância, com inúmeras
aplicações, como na Geofísica, na Medicina, na Astrofísica e, principalmente, na
Engenharia.

Os pilares do que compreendemos como Mecânica Clássica foram


difundidos inicialmente por grandes pensadores. De modo geral, a Mecânica
Clássica é dividida em cinemática e dinâmica, sendo que neste capítulo foi
apresentado e discutido o estudo da cinemática.

A cinemática preconiza o ensinamento matemático dos movimentos.


As causas que os ocasionam não são estudadas, apenas suas classificações e
comparações são consideradas. Alguns exemplos de assuntos abordados pela
cinemática e que foram descritos neste tópico são: o movimento uniforme, o
movimento uniformemente variado e o movimento de projétil.

45
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• O movimento retilíneo uniforme é o movimento cujo trajeto é realizado em


linha reta e a aceleração é considerada nula. Desse modo, o objeto se movimenta
com velocidade constante.

• Em um movimento uniformemente variado com aceleração constante e não


nula, a velocidade do objeto é uma função que depende do tempo.

• O deslocamento de projétil pode ser representado por dois tipos de movimentos


independentes: um na direção y em MRU, e outro na direção x em MRUV, em
que existe a interação da força gravitacional.

46
AUTOATIVIDADE

1 O MRU, ou também chamado de movimento retilíneo uniforme, é o


movimento que define variações de espaços iguais em intervalos de tempos
iguais, em outras palavras, a velocidade é constante. Observe a figura a
seguir em que o rapaz percorre espaços iguais em tempos iguais. Ele leva
2 s para percorrer cada 10 m, ou seja, quando está a 10 m se passaram 2 s,
quando está em 20 m se passaram 4 s e assim sucessivamente. Calcule a
velocidade em cada uma das posições descritas (comparadas com a posição
inicial) utilizando a função horária do MRU.

2 Um objeto parte do repouso em movimento retilíneo e acelera com acele-


ração escalar constante e igual a 2,0 m/s². Pode-se dizer que sua velocidade
escalar e a distância percorrida após 3,0 segundos, valem, respectivamente:

a) ( ) 6,0 m/s e 9,0 m.


b) ( ) 6,0 m/s e 18 m.
c) ( ) 3,0 m/s e 12 m.
d) ( ) 12 m/s e 35 m.
e) ( ) 2,0 m/s e 12 m.

3 O movimento de projétil no lançamento oblíquo pode ser visto como


uma composição de dois movimentos diferentes e simultâneos, em que
no mesmo instante que existe um deslocamento retilíneo uniforme na
direção “y”, isto é, na vertical, subindo e descendo, também realiza um
deslocamento uniformemente variado na direção “x”, ou na horizontal. Por
exemplo, um objeto é arremessado num ângulo de 30° com o horizonte e
velocidade de 200 m/s. Considerando a aceleração da gravidade igual a
10 m/s2 e desconsiderando a resistência do ar, o período de tempo entre
as passagens do objeto pelos pontos de altura 480 m acima do ponto de
arremesso, em segundos, é:

(DADOS: sen 30° = 0,50 e cos 30° = 0,87)

a) ( ) 2,0.
b) ( ) 4,0.
c) ( ) 6,0.
d) ( ) 8.0.
e) ( ) 12.

47
4 A função horária do espaço de um carro em movimento retilíneo uniforme
é informada pela seguinte expressão: x = 85 + 6.t. Sobre o momento em que
esse móvel passará pela posição 225 m, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) 23,33 segundos.
b) ( ) 19,85 segundos.
c) ( ) 51,66 segundos.
d) ( ) 24,72 segundos.

5 No movimento retilíneo uniforme (MRU), a velocidade é constante ao longo


do tempo, assim sendo, a aceleração é anulada. O objeto se movimenta
em extensões iguais com períodos de tempos iguais, importante destacar
que, em virtude de não se ter a aceleração sobre o objeto no movimento
retilíneo uniforme, a resultante das forças sobrepostas é anulada. Dada a
função horária do espaço de um carro em movimento retilíneo uniforme
pela seguinte expressão: x = 115 + 9.t, qual é o momento em que esse móvel
passará pela posição 240 m?

48
TÓPICO 3 —
UNIDADE 1

MOVIMENTO RELATIVO, CIRCULAR E ROTAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
A cinemática é a parte da Física que foca na descrição dos movimentos
das entidades, sem se embrenhar na análise de suas causas, que é tratada na parte
da dinâmica. De modo geral, neste campo da física, estuda-se as partículas ou
pontos materiais, objetos em que todos os seus pontos se deslocam de forma igual
e em que são desconsideradas suas dimensões em relação ao evento.

Nesta unidade, no Tópico 1, foram apresentados os conceitos fundamentais


da mecânica clássica, no Tópico 2, foram discutidos os tipos de movimento mais
recorrentes e usualmente discutidos, como o movimento retilíneo uniforme, o
movimento uniformemente variado e o lançamento de um projétil. Agora, no
Tópico 3, serão apresentados e discutidos os movimentos relativo, circular e
rotação.

O movimento relativo, de maneira geral, pode ser compreendido como


todo e qualquer movimento (BEER; JOHNSTON JUNIOR; CLAUSEN, 2006). O
termo “relativo” evidencia que o movimento é sempre mensurado em relação a
alguma coisa, que pode ser, como já foi discutido nos tópicos iniciais, o referencial
ou um observador. Um mesmo objeto pode ter seu deslocamento caracterizado
por diversos observadores, isto é, relativo a múltiplos referenciais específicos.

Outro tipo de movimento que será apresentado neste tópico é o movimento


circular, que na mecânica clássica, principalmente no estudo da cinemática,
é aquele em que um corpo ou ponto material se movimenta em um caminho
redondo, também chamado de circular. Nesse tipo de movimento existe uma força
centrípeta que modifica a direção do vetor velocidade, sendo ininterruptamente
aplicada para o centro da circunferência.

Por fim, será estudado o movimento de rotação. Na matemática, uma


rotação é um movimento físico rígido que, oposto de uma translação, sustenta
um ponto fixo. Essa descrição se emprega nas rotações incluindo dois e três eixos
(em um plano e no espaço, simultaneamente). Uma rotação é meramente uma
orientação radial gradativa para um ponto comum.

49
UNIDADE 1 — CINEMÁTICA E LEIS DE NEWTON

2 MOVIMENTO RELATIVO
Como já foi apresentado no início deste tópico, o movimento relativo é
todo e qualquer deslocamento. Além disso, a expressão “relativo” demonstra
que o movimento é continuamente mensurado em relação a alguma coisa, que é
chamado de referencial ou também de observador. O referencial está contido no
eixo de coordenadas empregado para caracterizar o movimento. Ainda, pode-
se definir o referencial como sendo alguma coisa que se encontra observando o
deslocamento de um objeto (BEER; JOHNSTON JUNIOR; CLAUSEN, 2006).

Geralmente, o estudo do movimento relativo se dá por meio da descrição


do próprio movimento baseado no seu respectivo referencial, assim sendo,
o questionamento básico a ser realizado é: “um observador está alterando a
posição em relação a determinada referência?”.

Outra forma de compreender o movimento relativo e sua descrição sob um


referencial é a adequação da expressão citada anteriormente, isto é: “o observador
está se aproximando (ou se afastando) de determinado referencial?”.

Outra forma de compreender o movimento relativo é por meio de uma


aplicação prática das situações citadas anteriormente. Nesse caso, será analisado
o movimento relativo com um ônibus.

Suponha que você está dentro de um ônibus, sentado no banco com outros
passageiros. O motorista liga o ônibus e vocês saem para uma determinada viagem.
Com relação à via onde estão trafegando, a sua localização está continuamente
alterando a cada momento, você está em uma posição distinta, o ônibus se desloca
na via, portanto, você está em movimento relativo à via. Entretanto, em relação
ao ônibus, sua posição não muda, pois você está sentado no banco do passageiro,
de certa forma, parado no lugar onde está sentado. Você não está nem próximo
e nem afastado do ônibus, ou seja, não altera a localização em relação ao ônibus.
Portanto, você está em inércia relativa ao ônibus.

Na Figura 20, será ilustrado um exemplo de movimento relativo onde


tem-se um passageiro “P” que se move em relação a um referencial definido como
Trem “B” e se quer descrever seu movimento em relação a outro referencial, que
é o ciclista “A”, que aguarda o trem passar, supondo que o Trem “B” se desloca
com velocidade constante em relação ao ciclista “A”.

50
TÓPICO 3 — MOVIMENTO RELATIVO, CIRCULAR E ROTAÇÃO

FIGURA 20 – EXEMPLO DE MOVIMENTO RELATIVO

FONTE: <https://bit.ly/3B4buZy>. Acesso em: 26 maio 2021.

Para facilitar o entendimento sobre o movimento relativo, será apresentado


na Figura 21 um esquema de como o movimento relativo pode ser representado
algebricamente.

FIGURA 21 – ESQUEMA ALGÉBRICO PARA O MOVIMENTO RELATIVO

FONTE: O autor

A partir da observação da Figura 21, tem-se que o referencial do ciclista


“A” está em repouso e o referencial do trem “B” se move com velocidade constante
→ →
(VB/A = constante) no plano xyz. SB/A é o vetor posição do referencial B em relação
→ →
ao referencial A, SP/A é o vetor posição do ponto P em relação ao referencial A e SP/B
é o vetor posição do ponto P em relação ao referencial B.

É possível encontrar uma equação para a posição do ponto “P” que


relaciona os dois referenciais de tal forma que:
51
UNIDADE 1 — CINEMÁTICA E LEIS DE NEWTON

→ → →
SP/A = SB/A + SP/B Equação (48)

Essa equação vetorial é equivalente às três equações escalares, que são:

xP/A = xB/A + xP/B Equação (49)


yP/A = yB/A + yP/B Equação (50)
zP/A = zB/A + zP/B Equação (51)

Para determinar a velocidade, deve-se derivar a equação para a posição


do ponto “P” em relação ao tempo. Assim:
→ → →
SP/A = SB/A + SP/B

fica:

Equação (52)

Assim, a velocidade relativa pode ser expressa da seguinte forma:

Equação (53)
→ →
Sendo “v P/A
” a velocidade de “P” em relação a “A”, “vP/B” a velocidade de

“P” em relação a “B” e “vB/A” a velocidade do referencial “B” relativa ao referencial

“A”, além disso, “vB/A” apresenta velocidade constante, portanto:
→ →
a P/A = a P/B Equação (54)

Outro ponto importante é que a equação geral da velocidade,

, é equivalente às três equações escalares que seguem, isto é:

V(P/A) = V(B/A) +V(P/B) Equação (55)


X X X

V(P/A) = V(B/A) +V(P/B) Equação (56)


y y y

V(P/A) = V(B/A) +V(P/B) Equação (57)


z z z

Exemplo 11 – Uma bola é arremessada verticalmente para o alto a partir


do nível de 12 m de um poço de elevador com uma velocidade inicial de 18 m/s.
No mesmo instante, um elevador de plataforma aberta passa pelo nível de 5 m,
subindo com uma velocidade constante de 2 m/s (BEER; JOHNSTON JUNIOR;
CLAUSEN, 2006).

52
TÓPICO 3 — MOVIMENTO RELATIVO, CIRCULAR E ROTAÇÃO

Determine:
a) Quando e onde a bola atingirá o elevador.
b) A velocidade relativa da bola em relação ao elevador quando a bola o atinge.

Solução

a) Podemos descrever o movimento da bola, com aceleração constante a = -9,8 m/s2,


como um movimento uniformemente acelerado. Em t = 0 a bola se encontra na
posição inicial y0 = 12 m e velocidade inicial v0 = 18 m/s,

O movimento do elevador, com velocidade constante vE = 2m/s, é um


movimento uniforme e possui apenas uma equação,

Onde a posição inicial é de 5 m, conforme podemos ver na figura anterior,


para yE. Quando a bola atinge o chão do elevador yB = yE, então podemos escrever
que:

Ou seja, a bola atinge o elevador em t = 3,65 s, desprezando o tempo


negativo. Para determinar o lugar, basta substituir o tempo em uma das duas
equações para as posições,

53
UNIDADE 1 — CINEMÁTICA E LEIS DE NEWTON

b) A velocidade relativa da bola em relação ao elevador é

O sinal negativo indica que a bola é observada do elevador, deslocando-se


no sentido negativo (para baixo).

3 MOVIMENTO CIRCULAR
O movimento circular (MC) de um objeto é descrito pelo seu deslocamento
em forma de um círculo ou arco de círculo (BEER; JOHNSTON JUNIOR;
CLAUSEN, 2006). Neste item, serão estudadas e determinadas as velocidades e
as acelerações existentes nesse tipo de movimento.

Um evento específico de MC é o movimento circular uniforme (MCU), em


que o objeto se desloca em arcos iguais e em períodos de tempos também iguais.
Alguns exemplos desse tipo de MCU podem ser observados no deslocamento
dos ponteiros de um relógio, no deslocamento da lua, entre outras possibilidades.

Um ponto importante é sobre o termo “uniforme” no estudo do MCU


que pode induzir ao erro de compreensão, isto é, o que é constante é o módulo
da velocidade, mas como o deslocamento é curvo, sua direção altera, logo, a
aceleração jamais é nula.

Na Figura 22, será apresentado um esquema sobre o movimento circular,


em que um objeto sai do ponto “0” e se desloca até o ponto “P2” percorrendo uma
trajetória curva.

54
TÓPICO 3 — MOVIMENTO RELATIVO, CIRCULAR E ROTAÇÃO

FIGURA 22 – ESQUEMA PARA O MOVIMENTO CIRCULAR

FONTE: O autor

Para poder realizar os cálculos algébricos e determinar a velocidade


angular, por exemplo, é necessário apresentar alguns conceitos básicos
relacionados com o movimento circular, isto é:

• Período (T) é compreendido como o tempo preciso para que um corpo em


deslocamento de modo circular conclua um giro (HIBBELER, 2011).
• Frequência (f) é a quantidade de giros realizados em um intervalo de tempo.
Geralmente expressa em rotações por minuto (RPM) (HIBBELER, 2011).

Sob a ótica da Matemática, o período é o inverso da frequência e vice e


versa. Portanto, tem-se:

Equação (58)

Além das definições sobre período e frequência, outra definição


fundamental é a da velocidade angular, ou seja, a velocidade angular (ω) é a
razão entre o deslocamento angular sofrido por um móvel em relação ao tempo.
Se observar a Figura 16 é possível perceber que o deslocamento do ponto “0”
até o ponto “P2” gera dois ângulos distintos, o “φ1” e o “φ2”, a diferença entre
os ângulos gera o “Δφ”. De forma análoga, para saber o tempo gasto entre o
deslocamento do ponto “0” até o “P2”, é preciso fazer as diferenças entre “t1” e
“t2”, ou seja, tem-se o “Δt”. Portanto, a velocidade angular pode ser representada
da seguinte forma:

Equação (59)

55
UNIDADE 1 — CINEMÁTICA E LEIS DE NEWTON

A partir dessa expressão básica da velocidade angular e aplicando os


conceitos de período e frequência, bem como considerando o deslocamento
angular completo (Δφ), de 360º ou (2.π rad) e que o tempo gasto em uma volta
completa (Δt) seja o período (T) do movimento, então:

Equação (60)

Para obter a velocidade em que o objeto se movimente de forma circular é


preciso relacionar a velocidade angular com a velocidade linear. Assim sendo, a
velocidade linear é obtida pela razão entre o deslocamento “ΔS” e a variação de
tempo “Δt”, ou seja:

Equação (61)

Considerando que o objeto realiza uma volta completa formando um


círculo, o deslocamento total ou “ΔS” será o próprio comprimento do círculo,
ou seja, “2.π.R”, e o tempo total gasto para realizar a volta “Δt” seja considerado
como o período “T”, então, tem-se:

Essa equação ainda pode ser ajustada para:

ou seja,

Equação (62)

Após a determinação da velocidade de um objeto em movimento circular,


outra importante definição atrelada ao MC é o da aceleração centrípeta (aCP).
A aceleração centrípeta causa a mudança na direção e no sentido do vetor
velocidade. Assim, por definição, tem-se que a aceleração centrípeta é a razão
entre o quadrado da velocidade (V2) pelo raio da circunferência (R). Portanto,
tem-se:

Realizando os devidos ajustes e cálculos algébricos, essa equação básica


pode ser reescrita da seguinte forma:

56
TÓPICO 3 — MOVIMENTO RELATIVO, CIRCULAR E ROTAÇÃO

assim,

aCP
Equação (63)

Exemplo 12 – O carro esportivo Aston Martin V8 Vantage possui


“aceleração lateral” de 0,96 g, o que equivale a (0,96) (9,8 m/s2) = 9,4 m/s2. Isso
representa a aceleração centrípeta máxima sem que o carro deslize para fora de
uma trajetória circular. Se o carro se desloca a uma velocidade constante de 40
m/s (89 mi/h ou cerca de 144 km/h), qual é o raio mínimo da curva que ele pode
aceitar? (FROEHLICH, 2012, p. 45).

Solução

4 MOVIMENTO DE ROTAÇÃO
O movimento de rotação pode ser definido como o movimento circular de
um objeto rígido que conserva um ponto fixo (HIBBELER, 2011). De outra forma,
a rotação pode ser compreendida como uma simples orientação radial gradativa
para um ponto comum, sendo que esse ponto comum está contido no eixo desse
movimento (MARQUES, 2016).

No movimento de rotação, todos os pontos de um corpo rígido deslocam-se


em trajetórias circulares com velocidade angular igual. Geralmente, a determinação
do movimento de rotação é realizada com as equações do movimento circular
uniforme e do movimento circular com aceleração constante. Um exemplo de
movimento de rotação são as pás de um ventilador, que executam o movimento
de rotação, isto é, todos os pontos das pás têm velocidade angular igual.

Um corpo rígido em movimento de rotação possui velocidade angular


“ω” e aceleração angular “α” na direção do eixo de rotação.

57
UNIDADE 1 — CINEMÁTICA E LEIS DE NEWTON

4.1 MOVIMENTO DE ROTAÇÃO UNIFORME


Sabendo que a variação do deslocamento angular “φ” em função do
tempo nos fornece a velocidade angular, portanto, pode-se escrever que:

Equação (64)

Ainda, essa equação pode ser reagrupada de outra forma, como segue:

Integrando o lado esquerdo em relação ao deslocamento angular, e o lado


direito em relação ao tempo, tem-se:

Como a velocidade angular é considerada constante, pode-se posicioná-la


fora do símbolo de integral e realizar a operação da seguinte forma:

Resolvendo as integrais, tem-se:

Como t0 = 0 e, reagrupando a equação para isolar o deslocamento angular


(φ), tem-se:

Equação (65)

Essa equação é compreendida como a função horária do deslocamento


angular do Movimento de Rotação Uniforme, em que:

• φ é a posição angular final;


• φ0 é a posição angular inicial;
• ω é a velocidade angular;
• t é o tempo.

58
TÓPICO 3 — MOVIMENTO RELATIVO, CIRCULAR E ROTAÇÃO

4.2 MOVIMENTO DE ROTAÇÃO UNIFORMEMENTE


ACELERADO
Como a variação da velocidade angular em função do tempo proporciona
a aceleração angular, pode-se representar tal qual:

Equação (66)

Ainda, essa equação pode ser reagrupada de outra forma, como segue:

Integrando o lado esquerdo em relação à velocidade, e o lado direito em


relação ao tempo, tem-se:

Como a aceleração é constante, pode-se posicioná-la fora do símbolo de


integral e realizar a operação da seguinte forma:

Resolvendo as integrais, tem-se:

Como t0 = 0 e, reagrupando a equação para isolar a velocidade angular


(ω), tem-se:

Equação (67)

Essa equação é compreendida como a função horária da velocidade


angular, em que:

• ω é a velocidade angular final;


• ω0 é a velocidade angular inicial;
• α é a aceleração angular;
• t é o tempo.

Além disso, a função horária para o deslocamento angular (φ) pode ser
determinada de forma análoga ao se adotar a variação do deslocamento angular
em relação ao tempo e integrá-la, portanto, tem-se:

59
UNIDADE 1 — CINEMÁTICA E LEIS DE NEWTON

Equação (68)

Ainda, essa equação pode ser reagrupada de outra forma, como segue:

Integrando o lado esquerdo em relação ao deslocamento angular, e o lado


direito em relação ao tempo, tem-se:

Como a velocidade angular não é constante, deve-se considerar na


integral, como:

Então, deve-se substituir na equação anterior e realizar a integração,


assim, tem-se:

Resolvendo as integrais, tem-se:

Como t0 = 0 e, reagrupando a equação para isolar o deslocamento angular


(φ), tem-se:

Equação (69)

Essa equação é compreendida como a função horária do deslocamento


angular no movimento de rotação uniformemente acelerado. Ainda, a partir da
equação anterior e considerando algumas definições e resoluções algébricas,
é possível se obter uma nova equação, independente do tempo, derivada da
Equação de Torricelli, que é representada da seguinte forma:

Equação (70)

60
TÓPICO 3 — MOVIMENTO RELATIVO, CIRCULAR E ROTAÇÃO

Exemplo 13 – O braço AO da figura a seguir possui 1 m de comprimento


e gira ao redor do ponto O, definido pela relação θ = 0,2t2, em que θ é dado
em radianos e t em segundos. O cursor C desliza ao longo do braço dado pela
relação r = 1 – 0,15 t2 em relação ao ponto O, em que r é dado em metros e t
em segundos. Determine a velocidade do cursor após o braço ter girado 400
(FROEHLICH, 2012, p. 48).

FIGURA 23 – BRAÇO ARTICULADO

FONTE: Froehlich (2012, p. 48)

Solução

Sabendo que 1800 = π * rad, encontramos que 10 = 0,01745rad. Assim, temos


que 400 = 0,698rad. Substituindo na expressão para θ, temos:

Tomando as expressões para θ e “r”, substituímos “t”, assim θ = 0,2t2 e


r = 1 - 0,15t2, portanto, temos:

A velocidade do cursor é dada em termos de θ e r,

61
UNIDADE 1 — CINEMÁTICA E LEIS DE NEWTON

5 FECHAMENTO
Nesta unidade, no Tópico 1, foram apresentados os conceitos fundamentais
da mecânica clássica, no Tópico 2, foram discutidos os tipos de movimento mais
recorrentes e usualmente discutidos, como o movimento retilíneo uniforme, o
movimento uniformemente variado e o lançamento de um projétil. No Tópico 3,
foram apresentados e discutidos os movimentos relativo, circular e rotação.

O movimento relativo, de maneira geral, pode ser compreendido como


todo e qualquer movimento (BEER; JOHNSTON JUNIOR; CLAUSEN, 2006). O
termo “relativo” evidencia que o movimento é sempre mensurado em relação a
alguma coisa, que pode ser, como já foi discutido nos tópicos iniciais, o referencial
ou um observador. Um mesmo objeto pode ter seu deslocamento caracterizado
por diversos observadores, isto é, relativo a múltiplos referenciais específicos.

Outro tipo de movimento que foi apresentado neste tópico é o movimento


circular, que na mecânica clássica, principalmente no estudo da cinemática,
é aquele em que um corpo ou ponto material se movimenta em um caminho
redondo, também chamado de circular.

Por fim, foi estudado o movimento de rotação. Na matemática, uma


rotação é um movimento físico rígido que, oposto de uma translação, sustenta
um ponto fixo. Essa descrição se emprega nas rotações incluindo dois e três eixos
(em um plano e no espaço, simultaneamente). Uma rotação é meramente uma
orientação radial gradativa para um ponto comum.

62
TÓPICO 3 — MOVIMENTO RELATIVO, CIRCULAR E ROTAÇÃO

LEITURA COMPLEMENTAR

FORÇAS E LEIS DE NEWTON

Margaret Luzia Froehlich

INTRODUÇÃO

Nesta unidade, começamos a estudar como os corpos se movimentam.


Preocupamo-nos apenas em descrever o movimento, sem incluir a sua causa.
Podemos, no entanto, ir mais além. Sabe-se que se liberarmos um corpo de
certa altura da superfície da Terra ele cai, e que essa queda é devido à força
gravitacional, por que, então, o satélite permanece na órbita sem cair sobre
a Terra? Na verdade, tudo depende da sua velocidade, cuja força centrípeta
equilibra a força gravitacional e torna a aceleração na direção radial nula. O que
é preciso fazer para parar um trem? Por que as rodas dos pneus se desgastam?
Como é possível garantir segurança na construção de brinquedos de um parque
de diversões? O que significa ser capaz de compensar uma força ou suplantá-la?

Para responder essas e outras perguntas, precisamos definir algumas


grandezas físicas, como massa, força, quantidade de movimento e momento
angular.

MASSA

Grandeza escalar m associada à quantidade de matéria de um corpo


extenso ou ponto material de tal maneira que, quanto maior a massa de um corpo,
maior a sua inércia. Quando pesamos os corpos na Terra e os levamos para a Lua
percebemos que eles são mais leves na Lua. Isso acontece porque a força atrativa
da Lua é menor do que a da Terra, ou seja, a atração da Terra é maior porque
possui uma quantidade maior de massa.

Outra coisa interessante é o fato de que corpos com massas diferentes caem
com a mesma aceleração em queda livre. Acredita-se que Galileu comprovou isso
experimentalmente quando jogou duas pedras, de pesos diferentes, do alto da
torre Pisa e elas caíram aproximadamente juntas, contrariando completamente
o que se pensava na época. Isso vem do fato de que a força aumenta na mesma
proporção de aumento da massa, ou seja, se a massa é maior a força sobre ela
também é maior,

63
UNIDADE 1 — CINEMÁTICA E LEIS DE NEWTON

Fornecendo, assim, uma aceleração constante no caso da interação


gravitacional.

Pense no seguinte, quando tomamos uma pedra maior, solicitamos mais


força para erguê-la, isso ocorre porque a força atrativa entre as duas massas (a
pedra e a Terra) também é maior. A força que temos que fazer para pegar uma
pedra maior é a mesma força que a Terra tem que fazer para atrair a pedra para
ela. Galileu conseguiu mostrar que todos os corpos em queda livre (livre de forças
opostas à queda) caem com a mesma aceleração,

MOMENTO LINEAR

Imagine dois corpos vindo em sua direção, ambos com uma velocidade
de 3 m/s. Um dos corpos é uma bola de tênis e o outro é um caminhão. Se você
tivesse que escolher qual deles colidiria com você, certamente, a resposta seria
a bola de tênis. Você tem uma definição intuitiva sobre qual deles tem a maior
quantidade de movimento. A Grandeza Vetorial, que mede a quantidade de
movimento de cada um desses corpos, é denominada momento linear e é dada
pela expressão , em que m é a massa e a velocidade com a qual o corpo está
se movendo. A unidade do momento linear no SI é o kg.m/s.

Em um sistema isolado e fechado, quando a força resultante sobre o sistema


é nula, a quantidade de movimento se conserva e é dada pela expressão , ou
seja, a quantidade de movimento antes é igual à quantidade de movimento depois.

Exemplo – Uma caixa com massa m = 6,0 kg desliza com velocidade v =


4,0 m/s em um piso sem atrito no sentido positivo de um eixo x. Repentinamente,
ela explode em dois pedaços. Um pedaço de massa m1 = 2,0 kg se desloca no
sentido positivo do eixo x com velocidade v1 = 8,0 m/s. Qual a velocidade v2 do
segundo pedaço de massa m2?

Solução: utilizando o princípio de conservação, temos:

64
TÓPICO 3 — MOVIMENTO RELATIVO, CIRCULAR E ROTAÇÃO

MOMENTO ANGULAR

O momento angular é uma das propriedades básicas da Mecânica


Rotacional e está intimamente relacionado com a tendência do corpo em continuar
seu estado de movimento circular. Quando a velocidade escalar do corpo é
perpendicular (forma ângulo de 90º) em relação à direção do eixo de rotação,
é possível calcular o módulo do momento angular do corpo com a expressão a
seguir:

L = r*Q

O momento angular é uma quantidade vetorial, portanto, apresenta


módulo, direção e sentido bem definidos. É importante saber que o momento
angular sempre é perpendicular ao plano formado pelos vetores r e Q (distância
ao eixo de rotação e quantidade de movimento, respectivamente). Sua unidade
de medida no Sistema Internacional de Unidades (SI) é kg.m2/s, pois envolve o
produto de uma distância r (dada em metros, m) por uma massa (em quilogramas,
kg) e pela velocidade do corpo v (em metros por segundo, m/s).

Observe, na figura a seguir, a relação espacial entre os três vetores L, r e Q.

FIGURA – RELAÇÃO ESPACIAL ENTRE OS TRÊS VETORES

FONTE: Froehlich (2012, p. 48)

Nessa figura, podemos ver um sistema de referência ortogonal, com as


direções x, y e z representadas. No plano xy, são apresentados os vetores r e
Q. Perpendicular ao plano formado por eles, na direção z, encontra-se o vetor
momento angular, em verde. A grandeza quantidade de movimento é dada pelo
produto entre o raio de rotação (r) e a velocidade instantânea do corpo, por isso,
é ainda possível escrever a relação do momento angular em função da massa e
velocidade do corpo em rotação:

L = r*m*v

65
UNIDADE 1 — CINEMÁTICA E LEIS DE NEWTON

Muitos sistemas físicos podem ser estudados de acordo com a sua


quantidade de momento angular, já que um dos princípios fundamentais da Física
diz que: “na ausência de quaisquer forças externas, a quantidade de momento
angular total é mantida”.

Exemplo – Um satélite é lançado em uma direção paralela à superfície da


Terra com uma velocidade de 30112 km/h de uma altitude de 384 km. Determine
a velocidade do satélite quando ele atinge sua altitude máxima de 3774 km.
Recorde-se que o raio da Terra é de 6370 km (BEER; JOHNSTON JUNIOR;
CLAUSEN, 2006).

Solução: a situação está ilustrada na figura a seguir. Como o satélite está


se movendo sob a ação de uma força central dirigida para o centro da Terra, seu
momento angular é constante, portanto, temos:

FORÇA

A Grandeza Vetorial , que associa a interação entre os corpos ou partículas


e se caracteriza pelo seu ponto de aplicação, intensidade, direção e sentido. A
força é dada pela taxa de variação do momento linear. Assim, escrevemos,

onde m é a massa em kg e a é a aceleração em m/s2.

Num sistema com “n” forças atuando, pode-se encontrar um sistema


equivalente com uma única força que é a soma de todas as forças. Tal força é
denominada força resultante,

FORÇAS ESPECIAIS

Em muitos dos nossos problemas, encontramos envolvidas sempre as


mesmas forças que estão presentes na natureza e, obrigatoriamente, precisam ser
consideradas. Embora o acadêmico já tenha trabalhado com elas exaustivamente
na disciplina de Física Geral, vale a pena lembrar, aqui, suas definições, uma vez
que serão amplamente utilizadas na disciplina de Mecânica.
66
TÓPICO 3 — MOVIMENTO RELATIVO, CIRCULAR E ROTAÇÃO

FORÇA GRAVITACIONAL

Vamos localizar o nosso sistema referencial no solo, sobre a superfície da


Terra. Embora a Terra esteja em movimento, nós o desconsideramos e dizemos
que o sistema de referência se encontra em repouso. Vamos desprezar também a
resistência do ar, de modo que um objeto largado próximo à superfície da Terra
executa um movimento de queda livre, sujeito apenas à aceleração da gravidade.

Pelo princípio fundamental, ou segunda lei de Newton, temos que a força


é proporcional à aceleração através da seguinte expressão F=m*a. Substituindo a
aceleração “a” pela aceleração da gravidade “g”, levando em conta o fato de esta
aceleração apontar no sentido decrescente do eixo y, encontramos que F=-m*g em
notação de vetor unitário, ou simplesmente na forma vetorial, dada por:

FORÇA NORMAL

Quando um corpo, como o da figura a seguir, encontra-se apoiado sobre


uma superfície, ele pressiona esta superfície, deformando-a. Essa deformação não
pode ser percebida em corpos rígidos, mas, mesmo assim, ela continua existindo.
Ao mesmo tempo, a superfície deformada empurra o corpo de volta com uma
força normal N, perpendicular ao apoio.

Utilizando o princípio fundamental e aplicando o princípio de inércia na


direção vertical y, encontramos que:

FIGURA – CORPO APOIADO SOBRE UMA MESA

FONTE: Froehlich (2012, p. 69)

Substituindo Fg pela sua definição e rearranjando os termos da equação,


temos que “N = mg”, ou seja, o módulo da força normal N (da mesa sobre o corpo)
é igual ao módulo da força gravitacional Fg (do corpo sobre a mesa).
67
UNIDADE 1 — CINEMÁTICA E LEIS DE NEWTON

FORÇA DE TRAÇÃO

A força de tração T está associada a corpos puxados por cordas, como é o


caso da pedra na extremidade da corda na figura a seguir. Quando a corda está
sob tensão, cada extremidade sente um puxão, que se estende ao longo da corda.
A força com que o homem segura a corda é, em módulo, a mesma que segura a
pedra.
Exemplo – A extremidade de um pêndulo de 2 m de comprimento
descreve um arco de circunferência em um plano vertical. Se a tração da corda é
2,5 vezes o peso do pêndulo para a posição mostrada, encontre a velocidade e a
aceleração do pêndulo nessa posição (BEER; JOHNSTON JUNIOR; CLAUSEN,
2006).

FIGURA – FORÇA DE TRAÇÃO

FONTE: Froehlich (2012, p. 70)

Solução: o peso do pêndulo é mg; a tração na corda é, portanto, 2,5 mg.


Recordando que an é dirigido para o centro e at, como mostrado na figura anterior,
podemos escrever,

FIGURA – FORÇA DE TRAÇÃO

FONTE: Froehlich (2012, p. 70)

68
TÓPICO 3 — MOVIMENTO RELATIVO, CIRCULAR E ROTAÇÃO

FORÇA DE ATRITO

Você já notou que, quando tenta mudar um móvel de lugar, o esforço que
tem que fazer para iniciar o movimento é bem maior do que para mantê-lo? Isso
se deve às forças de coesão entre as moléculas do móvel e da superfície de apoio,
que permanecem ligadas microscopicamente por uma espécie de soldagem a frio.
Uma vez rompida essa soldagem, o corpo desliza com mais facilidade sobre a
superfície de apoio.

Todos os corpos possuem asperezas em maior ou menor grau, que são


responsáveis por uma força de resistência contrária ao movimento. Essa força
que aparece quando um corpo é arrastado sobre outro é chamada de força de
atrito FA. Podemos definir o atrito como sendo a resistência de contato exercida
por um corpo sobre o outro quando este se move ou tende a se mover com
relação ao outro. Nas máquinas, o atrito pode ser tanto uma vantagem quanto
uma desvantagem. Ele é essencial para vários dispositivos em que há ligação ou
fixação, já quando provoca o desgaste ou perda de potência o atrito é indesejável.

Assim, podemos escrever as seguintes expressões para a força de atrito


estática e a força de atrito dinâmica, respectivamente:

Nos projetos de engenharia, procura-se utilizar materiais com pequeno


coeficiente de atrito para minimizar o desgaste e melhorar a eficiência das
engrenagens, evitando boa parte da perda do rendimento nas máquinas.

Exemplo – Um caminhão transporta um bloco de ferro de 3,0 t, trafegando


horizontalmente e em linha reta, com velocidade constante. O motorista vê o sinal
ficar vermelho e aciona os freios, aplicando uma desaceleração constante de valor
3,0 m/s2. O bloco não escorrega. O coeficiente de atrito estático entre o bloco e a
carroceria é 0,40. Adote g = 9,8 m/s2. a) Qual a intensidade da força de atrito que
a carroceria aplica sobre o bloco durante a desaceleração?

Solução: utilizando o princípio fundamental da dinâmica, encontramos:

69
UNIDADE 1 — CINEMÁTICA E LEIS DE NEWTON

FORÇA ELÁSTICA

Observando-se o comportamento mecânico de uma mola, descobriu-se


que as deformações elásticas obedecem a uma lei muito simples. Verificou-se
que, quanto maior o peso de um corpo suspenso a uma das extremidades de
uma mola (cuja outra extremidade está fixa no suporte), maior é a deformação
sofrida pela mola. Analisando outros sistemas elásticos, o físico inglês R. Hooke
verificou que existe sempre uma proporcionalidade entre a força de restituição
e a deformação elástica produzida. Com base nessas observações, encontramos
uma lei geral, conhecida como a lei de Hooke, para essa força de restituição:

O fator k, que é característico da mola considerada, é denominado


constante da mola.

FONTE: FROEHLICH, M. L. Mecânica. Indaial: UNIASSELVI, 2012.

70
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• O movimento relativo se dá por meio da descrição do próprio movimento


baseado no seu respectivo referencial.

• O movimento circular (MC) de um objeto é descrito pelo seu deslocamento em


forma de um círculo ou arco de círculo.

• O período é compreendido como o tempo preciso para que um corpo em


deslocamento de modo circular conclua um giro.

• O movimento de rotação pode ser definido como o movimento circular de um


objeto rígido que conserva um ponto fixo.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

71
AUTOATIVIDADE

1 Um trem e um carro se movimentam, no mesmo sentido, com velocidades


de 40 m/s e 50 m/s, respectivamente. Sentado a uma das janelas do trem,
um passageiro marca um tempo de 4 s para que o carro ultrapasse o trem.
Determine o tamanho do trem.

2 Um carro se movimenta em uma via horizontal com velocidade constante,


de tal modo que os seus pneus rolam sem qualquer deslizamento na via.
Cada pneu tem diâmetro D = 0,50 m, e um medidor colocado em um deles
registra uma frequência de 840 rpm. A velocidade do carro é de:

a) ( ) 3 π m/s.
b) ( ) 4 π m/s.
c) ( ) 6 π m/s.
d) ( ) 7 π m/s.

3 Um peso A está conectado a uma polia dupla pelo cabo inextensível,


conforme figura a seguir. O movimento da polia é controlado pelo cabo
B, que possui aceleração angular constante de 4,51rad/s2 e uma velocidade
angular inicial de 4,74rad/s, ambas para a direita.

Determine a velocidade e o deslocamento angular finais da polia em 3 s.

4 Considere que uma partícula se movimenta com aceleração escalar de 8


m/s2 em uma trajetória circular de raio igual a 21 m. No momento em que
o tempo é igual a 2 s, a velocidade deste elemento é igual a 10 m/s. Dessa
forma, determine o módulo da aceleração tangencial e classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Em uma trajetória circular, o valor do módulo é determinado pelo produto


entre velocidade multiplicado pelo tempo.
( ) Em um trajeto de curvas, a aceleração tangencial conserva o mesmo valor
do módulo, sendo assim o mesmo valor da aceleração escalar.
( ) O módulo da aceleração tangencial é de 20 m/s.
( ) O valor do módulo da aceleração tangencial é de 8 m/s2, sendo igual ao
valor da aceleração escalar.

72
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V - V - V - V.
b) ( ) F - V - F - V.
c) ( ) F - V - V - F.
d) ( ) V - F - F - V.

5 O apoio simples preserva o movimento do corpo na direção da força de


reação (normal ao plano de apoio) e possibilita a transferência. Segundo
esse plano e a rotação do corpo, é produzida uma força de reação de direção
conhecida. Sobre os aspectos da composição do apoio simples, analise as
sentenças a seguir:

I- O apoio simples não impede que o objeto realize o sistema de rotação.


II- Sempre que houver este tipo de apoio, apenas uma reação será a incógnita.
III- Na condição de apoio simples, as reações desconhecidas são x e y.
IV- Exemplos desse tipo de apoio são os roletes, os balancins, as superfícies
lisas, as hastes curtas e cabos, os cursores e os pinos deslizantes.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças III e IV estão corretas.


b) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas.
c) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
d) ( ) As sentenças I e III estão corretas.

73
REFERÊNCIAS
ALVES, M. Instrumentação e medidas I. Porto: Instituto Superior de
Engenharia do Porto, 1998.

BEER, F. P.; JOHNSTON JUNIOR, E. R.; CLAUSEN, W. E. Mecânica vetorial


para engenheiros: estática. São Paulo: McGraw Hill, 2006.

BUREAU INTERNACIONAL DES POIDS ET MESURES (BIPM). BIPM, 2018.


Member States. Disponível em: https://www.bipm.org/en/associates. Acesso em:
14 set. 2021.

FROEHLICH, M. L. Mecânica. Indaial: UNIASSELVI, 2012.

HIBBELER, R. C. Estática: mecânica para engenheiros. 10. ed. São Paulo: Person
Education do Brasil, 2005.

HIBBELER, R. C. Dinâmica: mecânica para engenharia. 12. ed. São Paulo:


Pearson Prentice Hall, 2011.

MARQUES, F. das C. Física mecânica. Barueri: Manole, 2016.

MERIAN, J. L.; KRAIGE, L. G. Mecânica: estática. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC,


2008.

OLIVEIRA, J. U. C. L. de. Introdução aos princípios de mecânica clássica. Rio


de Janeiro: LTC, 2013.

YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física I: mecânica. São Paulo: Pearson


Prentice Hall, 2010.

74
UNIDADE 2 —

ENERGIA E MOVIMENTO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender os conceitos de trabalho e energia;


• entender a relação entre o trabalho de uma força e a energia de um sistema;
• conhecer os tipos e os conceitos de energia mecânica;
• aprender sobre o princípio da conservação de energia;
• aplicar o princípio da conservação de energia em situações práticas.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – TRABALHO E ENERGIA.

TÓPICO 2 – ENERGIA POTENCIAL.

TÓPICO 3 – CONSERVAÇÃO DA ENERGIA.

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

75
76
TÓPICO 1 —
UNIDADE 2

TRABALHO E ENERGIA CINÉTICA

1 INTRODUÇÃO
Na Unidade 1, nós estudamos os conceitos que estão relacionados ao
movimento dos corpos e como eles se aplicam em cálculos mecânicos. Também
vimos aplicações das leis de Newton.

Neste tópico, daremos continuidade ao estudo da mecânica, porém


diferente da unidade anterior, em que abordamos principalmente grandezas
vetoriais, como o deslocamento, a velocidade, a aceleração dos corpos e até
mesmo as forças envolvidas nesses movimentos, agora, abordaremos as relações
sobre a energia mecânica e o movimento.

E
IMPORTANT

Certo, mas o que é energia? Bom, energia não é algo tão simples de definir, no
entanto, Halliday, Resnick e Walker (2016) consideram energia como uma grandeza escalar
associada ao estado de um ou mais objetos. Os autores ainda ampliam esse conceito,
baseando-se em uma propriedade do universo, onde a energia permanece constante, ou
seja, ela pode mudar de forma e ser transferida de um objeto para outro, mas a quantidade
total de energia é conservada.

TUROS
ESTUDOS FU

O uso da conservação de energia é muito importante no mundo da física e


falaremos mais dela ainda nesta unidade.

2 ENERGIA CINÉTICA
Na mecânica, associamos a energia cinética ao movimento dos corpos, ou
seja, se não há movimento (corpo em repouso), consideramos a energia cinética
como nula.
77
UNIDADE 2 — ENERGIA E MOVIMENTO

Na física newtoniana, a energia cinética (K) é dada pela seguinte equação:

(1)

Onde v é a velocidade do objeto e m é a sua massa.

E
IMPORTANT

Veja que a energia cinética, também conhecida como energia do movimento,


está sempre atrelada a um corpo de massa m e sua velocidade v. Assim, para que um corpo
possua energia cinética, obrigatoriamente ele deve possuir velocidade diferente de zero.

Perceba pela equação que a energia cinética é proporcional ao quadrado da


velocidade, ou seja, ao aumentarmos a velocidade, aumentamos significativamente
a energia cinética de um corpo. Por outro lado, a massa do corpo é justamente a
resistência ao movimento deste corpo, em outras palavras, analisando a Equação
1, podemos perceber que quanto maior for a massa do corpo, mais energia será
necessária para que este atinja uma determinada velocidade.

A unidade de energia cinética é a mesma de qualquer tipo de energia, o


joule (J).

Fazendo uma análise dimensional da Equação 1, em que a massa é dada


em kg e a velocidade em m/s, temos que:

(2)

Agora, que tal aplicarmos isso a um exemplo? Vamos ao Exemplo 1,


retirado de Halliday, Resnick e Walker (2016).

Exemplo 1:

No final do século XIX, na cidade de Waco, Texas, William Crush posicionou
duas locomotivas em extremidades opostas de uma linha férrea com 6,4 km de
extensão e provocou uma colisão entre elas. Conta a história que ele acendeu as
caldeiras, amarrou os aceleradores para que permanecessem acionados e fez com
que as locomotivas sofressem uma colisão frontal, em alta velocidade, diante de
cerca de 30 mil espectadores (Figura 1), porém centenas de pessoas ficaram pelos
destroços e várias vieram a óbito.

78
TÓPICO 1 — TRABALHO E ENERGIA CINÉTICA

Qual era a energia cinética das duas locomotivas imediatamente antes da


colisão? Para isso, levaremos em conta que cada locomotiva tinha o peso de 1,2 x
106 N, e que permaneceram em velocidade constante de 0,26 m/s².

FIGURA 1 – RESULTADO DA COLISÃO ENTRE AS DUAS LOCOMOTIVAS

FONTE: Halliday, Resnick e Walker (2016, s.p.)

Resposta: para resolvermos o problema proposto, deveremos aplicar a


Equação 1, a energia cinética é dada por:


Então, em um primeiro momento, devemos descobrir a massa dos trens.
Pela leitura do problema, vimos que o peso de cada trem é de 1,2 x 106 N, como
Peso é uma força, logo, podemos aplicar a 2ª lei de Newton, onde F = m . a. Onde
F será a força peso e a será a aceleração da gravidade (g). Reorganizando, temos:

Em um segundo momento, necessitamos saber a velocidade dos trens


quando houve a colisão. Como sabemos a aceleração dos trens e a distância
percorrida por cada um, podemos aplicar a equação de Torricelli, onde:

Como os trens possuem a mesma velocidade inicial, partindo do repouso


(v0 = 0 m/s), e a mesma aceleração, podemos deduzir que eles se encontraram
exatamente no meio do caminho. Como a ferrovia possuía 6,4 km de extensão,
cada trem percorrerá um Δs de 3,2 km. Sendo assim, temos que:
79
UNIDADE 2 — ENERGIA E MOVIMENTO

Aplicando a velocidade e a massa encontradas na Equação 1, temos:

Essa é a energia cinética de cada trem no momento da colisão, como eram


2 trens colidindo, a energia cinética total foi de:

Essa energia despendida durante o impacto é equivalente à explosão de


uma bomba, dessa forma, não foi à toa que muitas pessoas que assistiam à colisão
foram acertadas pelos destroços. Talvez se o cálculo tivesse sido feito, as pessoas
pensassem duas vezes antes de se aproximar de uma colisão dessas.

3 TRABALHO E ENERGIA CINÉTICA


Neste momento, faremos a inserção do conceito do Trabalho, que pode ser
realizado por um corpo ou realizado sobre o corpo. Certo, mas o que é Trabalho?

Trabalho pode ser definido como a energia transferida para um corpo, ou


de um corpo, por meio de uma força. Para melhor convencionarmos a definição
de trabalho, definiremos que o trabalho é positivo quando o corpo em questão
recebe energia, ou seja, quando é realizado trabalho sobre o corpo. Agora, quando
a energia sai do corpo, ou seja, quando o corpo realiza trabalho, para este caso,
consideraremos o trabalho como negativo.

Vamos pensar em um exemplo prático, imagine um corpo em movimento,


este corpo em movimento possui uma energia cinética associada a ele, correto?
Bom, agora imagine que uma força é aplicada sobre esse corpo, de modo a
aumentar a sua velocidade, nesse caso, dizemos que uma força realizou trabalho
sobre o corpo.

Para encontrarmos uma expressão matemática para o trabalho,


utilizaremos a 2ª Lei de Newton e a Equação de Torricelli para força e velocidade,
respectivamente. Primeiramente, analisaremos a Figura 2, em que uma conta
sofre a ação de uma força constante com ângulo φ ao deslocamento.

80
TÓPICO 1 — TRABALHO E ENERGIA CINÉTICA

→ → →
FIGURA 2 – FORÇA CONSTANTE F ALTERANDO A VELOCIDADE DE UM CORPO DE vo PARA v

FONTE: Adaptada de Halliday, Resnick e Walker (2016)

Analisando a força decomposta no eixo x e a velocidade também no eixo


x, temos:

(3)

(4)

Dessa forma, podemos explicitar αx na equação 4, substituí-lo na equação


3 e reorganizar os termos para obtermos a equação 5.

(5)

Perceba que o lado esquerdo da Equação 5 se trata de uma variação da

energia cinética do corpo . Essa alteração de energia


cinética foi causada pelo trabalho (W) executado pela força, assim, dizemos que:

(6)

Como você pôde observar na equação 6, o trabalho é dependente da


força aplicada, mas também é dependente do deslocamento, ou seja, se não há
deslocamento provocado por uma força, então o trabalho dessa é nulo.

Outro pronto que podemos observar é que se decompormos a componente


vertical Fy , como não há deslocamento em y, o trabalho realizado por Fy é nulo.
Isso se dá, pois Fy é ortogonal ao deslocamento. Em outras palavras, Fy faz um
ângulo de 90º graus com o deslocamento. Assim, podemos escrever que:
81
UNIDADE 2 — ENERGIA E MOVIMENTO

(7)

Perceba que, ao decompormos o vetor, obtemos duas forças no plano, Fy


e Fx , em que a primeira faz um ângulo de 90º graus com o deslocamento, logo,
o cos (90) = 0, então W = 0. Já a componente em x faz um ângulo de 0º com o
deslocamento (está na mesma direção do deslocamento), logo, como o cos (0) = 1,
então .

3.1 TEOREMA DO TRABALHO E ENERGIA CINÉTICA


Certo, como vimos anteriormente na Equação 5, temos uma variação da
energia cinética (ΔK) do lado esquerdo, conforme a seguir:

(8)

Como do lado direito da Equação 5 temos F. d e vimos na Equação 6 que


isso se trata de W, unindo as equações 6 e 8, obtemos a Equação 9:

(9)

Exemplo 2 (TIPLER; MOSCA, 2009, p. 171):



Pense no seguinte caso: um caminhão com 3 toneladas precisa ser
carregado por um guindaste para dentro de um navio. O guindaste exerce uma
força constante de 31kN, para cima, sobre o caminhão, movimentando o caminhão
para cima por uma distância de 2,0 metros. Dessa forma, responda:

a) Qual é o trabalho realizado sobre o caminhão pelo guindaste?


b) Qual é o trabalho realizado pela força gravitacional do caminhão?
c) Qual é o trabalho resultante?

Resposta: para resolvermos o problema proposto, deveremos aplicar a


Equação 7, onde:

Perceba, conforme o esboço a seguir (Figura 3), que tanto a força aplicada

pelo guindaste (Fapl ) é vertical e faz ângulo com o deslocamento do
caminhão, mostrado em 2). Dessa forma:

Podemos simplificar a Equação 7 para:

82
TÓPICO 1 — TRABALHO E ENERGIA CINÉTICA


FIGURA 3 – FORÇA CONSTANTE (Fapl ) DE UM GUINDASTE IÇANDO O CAMINHÃO

FONTE: O autor

Seguindo esse raciocínio, para a pergunta da letra a), devemos analisar o


trabalho realizado por Fapl , sabendo que d = yf – yi, dessa forma, temos:

Já para a letra b), temos que analisar o trabalho realizado pela força da
gravidade (Fg), onde o deslocamento realizado foi o mesmo e que , então:


Obs.: note que o trabalho realizado por Fg é negativo, uma vez que se
opõe ao movimento. Podemos observar isso em relação ao ângulo φ, da Equação

7, como Fg é vertical e para baixo, o descolamento é vertical e para cima, φ = 180ᵒ
e o cos (180) = -1, podemos concluir que o trabalho de uma força que se opõe ao
movimento será um trabalho negativo.

Para responder a letra c), podemos optar por dois caminhos. O primeiro

seria calcular a Força Resultando no eixo Y (Fres) e, em seguida, calcular o trabalho
realizado por essa força, como vemos a seguir:

83
UNIDADE 2 — ENERGIA E MOVIMENTO

Assim, o trabalho total da Fresy fica:

O segundo modo de calcular o trabalho líquido de um sistema


seria realizar o somatório dos trabalhos realizados, como vemos a seguir:

(10)

𝑊𝑡𝑜𝑡 = 𝑊𝑎𝑝𝑙 + 𝑊𝑔 = 62𝑘𝐽 − 58,8 𝑘𝐽

Veja que, em ambos os casos, o resultado é o mesmo, como não poderia


deixar de ser.

3.2 TRABALHO REALIZADO PELA GRAVIDADE


Como vimos no exemplo anterior, podemos definir o trabalho (Wg)realizado

pela força da gravidade (Fg). Mais que isso, podemos definir uma equação para
ela, uma vez que a força da gravidade pode ser considerada constante em toda a
superfície terrestre.

Para isso, utilizamos , onde m é a massa do corpo e g a aceleração


da gravidade, e combinamos com a Equação 7, o resultado pode ser visualizado
na Equação 11.

𝑊𝑔 = 𝐹𝑔 . 𝑑 = 𝑚. 𝑔. ℎ. 𝑐𝑜𝑠(𝜑) (11)

84
TÓPICO 1 — TRABALHO E ENERGIA CINÉTICA

Onde h é o deslocamento vertical, ou seja, a altura.

Outro ponto que devemos considerar na Equação 11 é o sinal algébrico


do ângulo φ. Conforme mencionamos no exemplo anterior, se o deslocamento
for positivo, isso quer dizer que φ = 180ᵒ, uma vez que a força da gravidade
sempre aponta para baixo. Nesse caso, o W realizado pela força de gravidade será
negativo, pois o cos (φ) = -1. Para os casos em que o deslocamento é para baixo,
no mesmo sentido de Fg , o ângulo φ = 0, onde o cos (φ) = 1, logo o trabalho será
positivo, conforme equações a seguir.

(12)

(13)

Basicamente, podemos concluir que o trabalho Wg será positivo quando


o deslocamento realizado pela partícula, em y, for negativo, assim como Wg será
negativo quando o deslocamento da partícula, em y, for positivo.

Façamos mais um exemplo.

Exemplo 3 (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2016):



Conforme Figura 4, um objeto é puxado, a partir do repouso, em uma
rampa inclinada 30º com a horizontal, até atingir novamente o repouso (ΔK = 0).
A massa do trenó é de 200 kg e a distância percorrida é de 20 m. Pelo fato de a
encosta ser escorregadia, podemos desconsiderar o atrito. Com base nisso, qual
trabalho realizado pelas forças que agem sobre o trenó?

FIGURA 4 – TRENÓ SENDO PUXADO POR UMA CORDA EM UMA RAMPA INCLINADA θ = 30°

FONTE: Adaptada de Halliday, Resnick e Walker (2016)

Resposta: para começarmos, devemos realizar uma análise de quais


forças estão atuando no trenó, para isso, realizaremos um diagrama de corpo
livre e iremos decompor essas forças em dois eixos de nossa preferência, conforme
Figura 5.

85
UNIDADE 2 — ENERGIA E MOVIMENTO

FIGURA 5 – DIAGRAMA DE CORPO LIVRE DAS FORÇAS ATUANTES NO TRENÓ

FONTE: Adaptada de Halliday, Resnick e Walker (2016)


Perceba que temos 3 forças atuantes, a força da gravidade Fg (referente ao

peso do trenó), uma força de tração T (devido à força exercida pela corda) e uma

força normal FN (resposta da superfície inclinada ao peso do trenó).

Um ponto a ser destacado é que como a velocidade inicial é zero (partiu


do repouso) e a velocidade final também é nula, a variação da energia cinética
ΔK é zero. Essa informação é especialmente importante, pois pelo teorema do
trabalho e energia cinética (Equação 9), observamos que:

Dessa forma, o trabalho total de todas as forças envolvidas no sistema


também será zero. Logo:

Perceba que pela figura do diagrama de corpo livre, FN é ortogonal ao


deslocamento, que ocorre ao longo do eixo x (rampa inclinada). Logo, por ser
uma força ortogonal (θ = 90º), o trabalho WN será nulo, pois o cos (θ) = 0.

Na mesma imagem, podemos perceber que a FT atua no mesmo sentido


do deslocamento, realizando um trabalho positivo, enquanto a componente da
força de gravidade, m.g.sen (θ), atua no sentido oposto, realizando um trabalho
negativo (observe que a componente m.g.cos(θ), assim como FN , faz um ângulo
de 90º com o deslocamento, dessa forma, também não realiza trabalho).

Assim, obtemos:

Logo,

86
TÓPICO 1 — TRABALHO E ENERGIA CINÉTICA

Observe que assim como no exemplo anterior, poderíamos ter resolvido


esse problema pelo somatório das forças resultantes no eixo x e calculado o
trabalho dessa força resultante. Faça você o teste e veja se consegue chegar no
mesmo resultado.

3.3 TRABALHO REALIZADO POR UMA MOLA


Vejamos agora mais um caso específico, o trabalho realizado pela força

elástica (FS) de uma mola. Para isso, visualize a Figura 6.

FIGURA 6 – BLOCO DE MASSA M PRESO A UMA MOLA SOBRE


UMA SUPERFÍCIE LISA (SEM ATRITO)

FONTE: Adaptada de Halliday, Resnick e Walker (2016)

87
UNIDADE 2 — ENERGIA E MOVIMENTO

Na figura anterior, em (a), o bloco está preso a uma mola que está em seu
comprimento natural (x = 0), nesse caso, não há nenhuma força atuando. Em (b),
o bloco é arrastado para a direita (sentido positivo de x) e a mola é tracionada,
→ →
surgindo uma FS de sentido contrário ao deslocamento d. No instantâneo (c), a

mola é comprimida e o deslocamento d possui sentido negativo em x, porém a

FS da mola continua agindo no sentido contrário ao deslocamento, ou seja, no
sentido positivo de x.

Perceba, então, que tanto para o cenário (b) quanto para o cenário (c),

a força elástica FS da mola é sempre contrária ao deslocamento. A esse tipo de
força, que sempre tende a voltar ao repouso (momento em que a mola não está
deformada, em x = 0), damos o nome de força restauradora. Analisando a equação

do trabalho para FS, temos que:

(14)


Por FS se tratar de uma força restauradora (sempre se opondo ao movimento),
o ângulo φ da força com o deslocamento será de 180º, onde o cos (φ ) = -1. Sendo
assim, podemos reescrever a Equação 14 e obter a Equação 15:

(15)


Podemos ampliar ainda mais esse conceito, uma vez que sabemos que
o módulo da força elástica da mola é FS - k.x, substituindo em 15, e colocando a
constante elástica k para fora da integral, obtemos a Equação 16:

(16)


Agora, resolvendo a integral da Equação 16, obtemos a expressão do
trabalho de uma mola, conforme Equação 17:

(17)

Onde k é a constante elástica da mola, dada em N/m, e Δx é a variação da


posição (posição final – posição inicial) da mola, dada em m.

88
TÓPICO 1 — TRABALHO E ENERGIA CINÉTICA


Perceba que o sinal negativo do trabalho é justamente devido a FS ser uma
força restauradora e sempre se opor ao deslocamento do corpo.

Como já é de praxe, vamos a um exemplo!

Exemplo 4 (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2016):



Observe a Figura 7, em que um objeto, de massa m = 0,40kg, desliza em uma
superfície plana e lisa, com velocidade constante v = 0,50 m/s. Logo em seguida,
esse objeto colide com uma mola de constante elástica k = 750 N/m e começa
a comprimi-la. No instante em que o objeto para momentaneamente, devido à
força exercida pela mola, determine qual a distância d a mola foi comprimida.

FIGURA 7 – OBJETO DE MASSA m SE APROXIMA COM VELOCIDADE CONSTANTE v DE UMA


MOLA PRESA A UMA PAREDE COM CONSTANTE ELÁSTICA k

FONTE: Adaptada de Halliday, Resnick e Walker (2016)

Resposta: para descobrirmos o valor de d, abordaremos dois temas que


vimos anteriormente neste tópico. O primeiro deles é o teorema do trabalho e
energia cinética, e o segundo é o trabalho realizado pela força elástica de uma
mola.

Onde temos:

89
UNIDADE 2 — ENERGIA E MOVIMENTO

Como o objetivo é encontrar o deslocamento d no exato momento em que


o objeto está parado, podemos concluir que →vf = 0, logo Kf = 0. Assim, temos que:

Reorganizando a equação, de forma a explicitar d, obtemos:

Substituindo os valores de massa, velocidade e da constante elástica,


temos:

3.4 TRABALHO REALIZADO POR UMA FORÇA VARIÁVEL


Como vimos anteriormente, o trabalho pode ser realizado por uma força
constante, como é o caso do trabalho realizado pela força da gravidade, ou pode
ser realizado por uma força variável, como no caso da força da mola.

Nesse ponto, vamos justamente definir alguns pontos, em que poderemos


aproveitar os conceitos do trabalho realizado por uma força variável qualquer.

O primeiro ponto é estabelecer uma equação geral, em que o trabalho


realizado por uma força variável qualquer, em uma análise unidimensional, pode
ser expresso por:

(18)

Analisando de modo geométrico a Equação 18, podemos concluir que o


trabalho é igual à área compreendida entre a curva de F(x) e o eixo x e entre os
limites xi e xf (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2016). Assim, podemos observar
esse conceito ilustrado na Figura 8.

90
TÓPICO 1 — TRABALHO E ENERGIA CINÉTICA

FIGURA 8 – O TRABALHO REALIZADO POR UMA FORÇA É A ÁREA COMPREENDIDA ENTRE A


CURVA DE F(x) E O EIXO X E ENTRE OS LIMITES xi e xf

FONTE: Adaptada de Halliday, Resnick e Walker (2016)


Levando esse conceito para três dimensões e que a força variável F possua
componente nas três direções, temos que o trabalho W será igual a:

(19)

4 POTÊNCIA
Já que falamos em trabalho, podemos ampliar o conceito um pouco mais
para falarmos em potência. Potência pode ser descrita como a taxa de variação de
trabalho em função do tempo.

Podemos descrever dois tipos de potência, a Potência Média (Pméd), que


é o trabalho realizado em um intervalo de tempo, e a Potência Instantânea (P),
que é a taxa de variação instantânea do trabalho realizado. As Equações 20 e 21
trazem as expressões desses dois tipos de potência.

(20)

91
UNIDADE 2 — ENERGIA E MOVIMENTO

(21)

4.1 UNIDADE
Conforme visualizado na equação anterior, a unidade de Potência é
joule dividido por segundos. A unidade de J/s no SI é denominada watt (W), em
homenagem a James Watt, matemático e engenheiro britânico, cujos experimentos
influenciaram diretamente a Revolução Industrial, devido as suas contribuições
pelos melhoramentos em motores a vapor.

A unidade de potência utilizada no sistema inglês é o pé-libra por segundo


(ft.lb/s) e sua conversão para o SI está apresentada na Equação 22.

(22)

Outra unidade bastante comum de potência e que certamente você já


deve ter ouvido falar é o cavalo de potência, ou, em inglês, horsepower (hp). Sua
conversão para o SI é apresentada na Equação 23.

(23)

Há também outra forma muito comum de expressar a potência,


multiplicando-a pelo tempo, sendo expressada por quilowatt x hora (kW.h).
Assim, a conversão de kWh nos dá a quantidade de energia necessária para um
equipamento operar pelo período de 1 hora, conforme visto na Equação 24:

(24)

Exemplo 5 (SOUSA, 2013, p. 12):



Considere que um elevador carregado tem massa total de 1,2 tonelada.
Esse elevador deve elevar uma carga, em 3,0 minutos, até uma altura de 54
metros. O elevador possui um contrapeso de 950 kg. Nesse sentido, qual deve ser
a potência média que o motor do elevador deve realizar sobre o cabo de tração?

Resposta: para resolvermos esse problema, precisamos encontrar o


trabalho realizado por todas as forças do sistema. Sobre o elevador, realizam
→ →
trabalho as forças: Fg (força gravitacional do elevador), FCP (força do contrapeso) e

TM (força de tração do motor). Dessa forma, o trabalho total é de:

92
TÓPICO 1 — TRABALHO E ENERGIA CINÉTICA

Levando em consideração que o elevador parte do repouso e após chegar


a 54 m de altura ele para, a variação de energia cinética ΔK = 0, e pelo teorema do
trabalho e energia cinética, temos que:

Logo:


Sendo assim, temos que:


Para o cálculo da potência média do motor, basta calcular a quantidade de
trabalho executada pelo intervalo de tempo, que é de 3 minutos ou 180 segundos,
assim, temos que:

Desse modo, pudemos observar, ao longo deste tópico, a relação entre


trabalho e energia cinética, ao mesmo tempo que adicionamos o conceito de
potência, que se trata de uma taxa de energia, ou seja, energia em função do
tempo.

93
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• A energia cinética (K) está associada ao movimento de um corpo.

• A expressão da energia cinética é dada por .

• Se um corpo não possui velocidade (v = 0), sua energia cinética é nula.

• A unidade de energia no SI é o joule (J).

• O trabalho é energia transferida de um corpo, ou para um corpo, através da


aplicação de uma força.

• O trabalho realizado por uma força constante é dado por .

• Segundo o teorema do trabalho e energia cinética, temos que a variação da


energia cinética é igual ao trabalho .

• O trabalho realizado pela força gravitacional é dado por .

• O trabalho realizado pela força elástica de uma mola é dado por

• O trabalho realizado por uma força variável qualquer em uma direção é dado

por

• O trabalho realizado por uma força variável qualquer é dado por

• A potência de uma força é a taxa de trabalho realizada por unidade de tempo.

• A potência média é dada por

94
• A potência instantânea é dada por

• A unidade de potência no SI é J/s ou W (watt).

• A conversão do sistema inglês para o SI, para potência, é dada por

• A conversão da unidade de horsepower para o SI, para potência, é dada por

• Quando expressamos potência em kWh, estamos multiplicando a potência

pelo tempo, conforme .

95
AUTOATIVIDADE

1 Considere uma fisga gigante feita de meia elástica de constante k = 100


N/m. Arma-se a fisga com uma bola de corante e estica-se a meia 5,00 m,
largando-se em seguida. Qual o valor, em módulo, do trabalho realizado da
meia sobre a bola quando ela volta ao seu comprimento normal? Assinale a
alternativa CORRETA:

a) ( ) 1,25 kJ.
b) ( ) 1500 J.
c) ( ) 3,2 kJ.
d) ( ) 12,3 kJ.

2 A energia cinética é a energia associada ao movimento. Logo, tudo que se


move tem energia cinética. Considere dois automóveis, com massa igual a
1500 kg, que colidem numa mesma barreira. O automóvel A possui uma
velocidade de 20 m/s e o veículo B uma velocidade de 35 m/s. Com relação
à energia de impacto, analise as opções a seguir.

I- O veículo A sofrerá um maior impacto, pois ele possui a mesma massa


que o veículo B, entretanto, possui uma energia cinética superior à do
veículo B.
II- Ambos os veículos sofrerão o impacto com as mesmas intensidades, pois
possuem a mesma massa.
III- O veículo B tenderá a sofrer um maior impacto, pois ele possui uma
velocidade superior à do veículo A e, consequentemente, possui uma
energia cinética maior.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Somente a sentença I está correta.


b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 (QUADRIX, 2018) Durante uma tempestade, um caixote desliza pelo


piso escorregadio de uma calçada, sofrendo um deslocamento
em metros, ao ser empurrado pelo vento com uma força em
newtons. Com base no exposto, se o caixote possuir uma energia cinética
de 12 J no início do deslocamento, então, sua energia cinética ao final do
deslocamento será de:

a) (    ) -8,0 J.
b) (    ) 4,0 J.
c) (    ) -12,0 J.
d) (    ) 8,0 J.
96
FONTE: <https://bit.ly/3BfEtJY> Acesso em: 20 jul. 2021.

4 Considere uma força horizontal Fa de intensidade de 20,0 N que está sendo


aplicada a um livro com massa m = 3,0 kg que se desloca 0,500 m sob uma
rampa de inclinação θ = 30º, sem atrito (Figura). Calcule:

a) ( ) Qual é o trabalho total realizado sobre o livro por Fa, pela força
gravitacional e pela força normal?
b) ( ) Se o livro tem energia cinética nula no início do deslocamento, qual é a
sua energia cinética final?

FIGURA 9 – AUTOATIVIDADE 4

FONTE: Adaptada de Halliday, Resnick e Walker (2016)

5 Considere o baú da Figura 10, em que atuam as três forças, de intensidade


F1 = 5,00 N, F2 = 9,00 N e F3= 3,00 N. O ângulo θ = 60º. O baú sofre um
deslocamento de 3,00 m para a esquerda sob a ação dessas forças. Desse
modo, qual é o trabalho total realizado sobre o baú pelas três forças e qual
a variação da energia cinética?

FIGURA 10 – AUTOATIVIDADE 5

FONTE: Sousa (2013, p. 12)

97
98
TÓPICO 2 —
UNIDADE 2

ENERGIA POTENCIAL

1 INTRODUÇÃO

No tópico anterior, pudemos observar o desenvolvimento de conceitos


acerca de energia cinética e trabalho, e falamos ainda do teorema do trabalho e
da energia cinética, em que podemos calcular o trabalho desenvolvido por uma
força analisando a variação de sua energia cinética.

Tanto o trabalho quanto a energia cinética são formas de como a energia
mecânica pode se manifestar em um corpo. No entanto, há ainda um terceiro tipo
de energia mecânica que devemos observar, que é a energia potencial, mas, afinal,
o que é energia potencial?

E
IMPORTANT

Rosa (2009) define energia potencial como um tipo de energia que está
relacionada à configuração do sistema. Essa configuração do sistema se refere ao modo
como as diversas partes desse sistema se localizam uma em relação às outras e à maneira
pela qual as partes de um sistema interagem entre si.

Bom, vamos usar um exemplo simples, como o da figura a seguir.

FIGURA 11 – ESFERA DE MASSA m COM VELOCIDADE INICIAL ZERO SOFRE QUEDA LIVRE
DEVIDO À FORÇA GRAVITACIONAL

FONTE: <https://www.todamateria.com.br/energia-potencial/>. Acesso em: 20 jul. 2021.

99
UNIDADE 2 — ENERGIA E MOVIMENTO

A esfera descrita na figura anterior está parada (instante A), antes de ser
solta e cair em queda livre, velocidade inicial igual a zero, nesse caso, podemos
concluir que sua energia cinética antes de ser solta também é igual a zero. No
instante B, ela chega ao solo com velocidade V maior que zero devido à ação da
gravidade, então podemos concluir que a energia cinética nesse instante também
é maior que zero.

Você certamente já deve ter ouvido isso nas aulas de física do Ensino
Médio, mas tanto a matéria quanto a energia não se criam, elas são apenas
transformadas. Então, nesse caso, a energia cinética no instante B tem de ter vindo
de algum lugar, certo? Afinal, sua energia cinética no instante A era zero.

A essa energia, que estava armazenada na esfera, logo antes de ser solta,
damos o nome de Energia Potencial, e essa se trata ainda de tipo específico, a
Energia Potencial Gravitacional.

TUROS
ESTUDOS FU

Sobre essa transformação de energia, no caso citado anteriormente de energia


potencial gravitacional para energia cinética, fique atento, pois voltaremos a falar sobre isso
no próximo tópico, em que estudaremos um dos princípios mais fundamentais do universo
e da física: a conservação de energia.

Como pode ser visto em um exemplo do dia a dia (Figura 12), após o
arremesso de uma bola de basquete, ela cairá e sua energia potencial gravitacional
irá transformar-se em energia cinética, aumentando sua velocidade escalar.

FIGURA 12 – APÓS A QUEDA, A ENERGIA POTENCIAL GRAVITACIONAL DA BOLA SE


TRANSFORMARÁ EM ENERGIA CINÉTICA

FONTE: Young e Freedman (2008, p. 214)

100
TÓPICO 2 — ENERGIA POTENCIAL

2 ENERGIA POTENCIAL GRAVITACIONAL


Para o estudo da energia potencial gravitacional (Eg), podemos seguir
analisando o exemplo da esfera anterior, mas agora é interessante equacionar os
valores desse tipo de energia.

Bom, para isso, faremos um experimento mental, e, se você quiser, pode


até fazer um experimento parecido na sua casa. Imagine que você pega uma
esfera de massa m1 e a solta de uma altura h1 , essa esfera atingirá o solo com uma
velocidade v1 . Agora, imagine essa mesma esfera de massa m1, só que agora você
solta essa esfera de uma altura h2 maior que h1, você provavelmente notará que
a velocidade v2 com que essa esfera atingirá o solo é maior que v1. Um terceiro
experimento mental: imagine uma esfera de dimensões parecidas, só que com
massa m2 maior que m1 e que você a solte da altura h2 , não é tão difícil de concluir
que a velocidade v3 que a esfera atingirá o solo será maior que v2 .

Com esse experimento mental, concluímos que v3 > v2 > v1 , logo, a energia
cinética antes do impacto também é maior para o experimento 3, depois para o
2 e, por último, para o experimento 1. Como na nossa análise inicial dissemos
que essa energia cinética durante o impacto provém da nossa energia potencial
gravitacional, é fácil de relacionar que essa energia depende da altura e da massa
do corpo e tem como força motriz a gravidade.

E
IMPORTANT

Vale lembrar que para efeito do experimento mental descrito anteriormente,


consideramos que nossa esfera estava em queda livre, isto é, para isso, tomamos
como premissa que sua queda se deu no vácuo, onde não há nenhuma resistência ao
seu movimento, como a força de arrasto, que seria a resistência do ar atmosférico ao
movimento. Nesse caso, então, nem a forma do objeto influenciaria em sua queda.

Assim como no tópico anterior relacionamos o trabalho e a variação de


energia cinética, podemos aqui relacionar o trabalho da força gravitacional com a
variação da energia potencial gravitacional na forma da equação a seguir.

(25)
O sinal negativo da equação é devido ao fato de o trabalho da força
gravitacional ser positivo quando o deslocamento aponta para baixo e ser negativo
quando o deslocamento aponta para cima, como podemos observar na Figura 13.

101
UNIDADE 2 — ENERGIA E MOVIMENTO

FIGURA 13 – ILUSTRAÇÃO DO TRABALHO REALIZADO PELA FORÇA GRAVITACIONAL

FONTE: Adaptada de Halliday, Resnick e Walker (2016)

Como pudemos observar na ilustração da Figura 13, o trabalho realizado


pela força gravitacional para levantar a maçã é igual, em módulo, ao trabalho
realizado por Fg para trazer a maçã de volta até a mão, no entanto, possui sentidos
opostos, isso quer dizer que W1 = -W2, em que W1 seria o trabalho realizado durante
a subida e W2 seria o trabalho realizado durante a descida, ou seja, são iguais e
com sinais opostos. Esse tipo de configuração é comum às forças conservativas,
sendo assim, podemos considerar a força gravitacional, assim como a força
elástica, como uma força conservativa.

Para estabelecermos um valor para a energia potencial gravitacional,


podemos partir da Equação 25, que relaciona justamente essa variação com
o trabalho da força gravitacional, conforme segue, lembrando que a força
gravitacional só agirá no eixo vertical, que nesse caso tomaremos como o eixo y.

(26)

Como a massa (m) do corpo e a aceleração da gravidade (g) permanecem


constantes, a Equação 26 fica dessa forma:

(27)

102
TÓPICO 2 — ENERGIA POTENCIAL

Ampliando essa relação, podemos relacionar os valores separados da


energia potencial inicial () e da energia potencial final, na forma das Equações 28,
29 e 30.

(28)

Onde:
(29)

(30)

Exemplo 6 (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2016):

Neste exemplo, deveremos prestar atenção em uma dica valiosa que


pode facilitar, e muito, os nossos cálculos, a escolha do nível de referência para a
energia potencial gravitacional.

Considere a preguiça empoleirada em um galho de uma árvore, conforme


Figura 14, com massa m = 2,0 kg. Dessa forma, calcule a energia potencial
gravitacional U do sistema preguiça-Terra, caso nosso ponto de referência y =
0 seja (a) o solo, (b) o piso de uma varanda que está a 3,0 m acima do solo, (c)
o galho onde está a preguiça, e (d) 1,0 m acima do galho. Após esses cálculos,
imagine que a preguiça desce da árvore, nesse caso, (e) qual é a variação ΔU
da energia potencial do sistema preguiça-Terra para cada escolha do ponto de
referência?

FIGURA 14 – ILUSTRAÇÃO DA PREGUIÇA

FONTE: Adaptada de Halliday, Resnick e Walker (2016)

103
UNIDADE 2 — ENERGIA E MOVIMENTO

Resposta: analisaremos cada caso, na letra (a), nossa referência é o solo,


logo, a preguiça está localizada a 5 metros de altura, sendo assim, sua energia
potencial gravitacional será:

No caso da letra (b), nossa referência é a varanda, que está a 3 metros de


altura do solo, logo, a preguiça estará a 2 metros de altura em relação à referência,
sendo assim, sua energia potencial gravitacional será:

Na letra (c), nossa referência é o próprio galho, que está a 5 metros de


altura do solo, logo, a preguiça está na mesma altura que a referência, sendo
assim, sua energia potencial gravitacional é nula, conforme podemos observar:

Na letra (d), nossa referência está acima da preguiça, 1 metro a mais


que a posição da preguiça, logo, a preguiça estará 1 metro abaixo em relação à
referência, sendo assim, sua energia potencial gravitacional é negativa, conforme
visto a seguir:

A letra (e) pede que calculemos a variação de energia potencial (ΔU), para
cada referência, quando a preguiça desce 5 metros da sua posição inicial, mas
perceba que, para todos os casos, o valor de ΔU será o mesmo, pois em todos os
casos a variação da altura (Δy) é a mesma, então, temos que:

Nesse último caso, não importa a nossa referência, somente o deslocamento


efetuado pela preguiça, que no caso foi de 5 metros negativos.

3 ENERGIA POTENCIAL ELÁSTICA


Assim como podemos estipular uma energia potencial para a gravidade,
podemos estipular uma energia potencial para um outro sistema que estudamos
que também contém uma força conservativa, no caso, a força elástica de uma
mola, ou qualquer outro sistema elástico.

104
TÓPICO 2 — ENERGIA POTENCIAL

Conforme estudamos, sabemos que ΔU = -W, nesse caso, utilizaremos


o trabalho da força elástica da mola para estabelecermos uma equação para a
energia potencial elástica, conforme equação a seguir.

(31)

Para esse cálculo, consideramos que a mola está em uma superfície plana
e sua força está agindo somente na horizontal (eixo x). Como a constante elástica
(k) da mola é constante, retiramos esse valor da integral e eliminamos o sinal
negativo para obter a Equação 32.

(32)

Assim, obtemos a equação da variação da energia potencial elástica.


Como a variação da energia potencial (ΔU) é igual a Uf - Ui , podemos escrever as
equações de Uf e Ui para a energia potencial elástica, conforme equações 33 e 34.

(33)

(34)

Exemplo 7

Considere um sistema bloco-mola sobre uma superfície sem atrito (Figura


15). O bloco de massa m = 5 kg está inicialmente parado e a mola está totalmente
relaxada (posição de equilíbrio em xi). Em um segundo momento, o bloco é
empurrado para a direita, de modo que a mola se comprime em 50 cm, em xf.
Qual a variação de energia potencial elástica do sistema bloco-mola? Considere a
constante elástica da mola k = 400 N/m.

FIGURA 15 – ILUSTRAÇÃO DO SISTEMA BLOCO-MOLA

105
UNIDADE 2 — ENERGIA E MOVIMENTO

FONTE: Nussenzveig (2002, p. 125)

Resposta: para calcularmos a energia potencial do sistema bloco-mola,


primeiro devemos considerar que no nosso sistema de coordenadas, a posição de
equilíbrio da mola em xi é igual a zero. Devemos considerar também que o valor
de x é crescente da esquerda para a direita.

Logo, o deslocamento da mola será:

Com o valor do deslocamento Δx, podemos calcular a variação da energia


cinética no sistema, conforme Equação 32.

Para esse caso, o sistema bloco-mola possui uma energia potencial elástica
de 50 J.

Dessa forma, encerramos o tópico relativo ao estudo da variação da


energia potencial. Já no próximo tópico, falaremos a respeito da transformação
da energia mecânica que os corpos estão sujeitos e a sua conservação.

106
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• A variação da energia potencial ΔU é igual a -W.

• A força elástica de uma mola e a força gravitacional são forças conservativas.

• A variação da energia potencial gravitacional é ΔU = m.g.Δy.

• A variação da energia potencial gravitacional é ΔU k. (Δx)2.

• Para o cálculo da energia potencial, sempre devemos escolher adequadamente


nossa referência (y ou x = 0).

107
AUTOATIVIDADE

1 Um bloco que se move horizontalmente pode seguir três caminhos sem


atrito (Figura 16), que diferem apenas na altura, para alcançar a linha
de chegada representada por uma reta tracejada. Com base no exposto,
assinale a alternativa CORRETA:


FIGURA 16 – BLOCO COM VELOCIDADE v EM TRÊS DIFERENTES TRAJETÓRIAS

FONTE: Adaptada de Halliday, Resnick e Walker (2016)

a) ( ) O bloco passará com maior velocidade pelo caminho 1, pois parte de


sua energia cinética se transformará em energia potencial gravitacional.
b) ( ) O bloco passará com maior velocidade pelo caminho 2, pois manterá
sua energia cinética constante ao longo de todo o caminho.
c) ( ) O bloco passará com maior velocidade pelo caminho 3, pois parte de
sua energia potencial se transformará em energia cinética.
d) ( ) O bloco ultrapassa a linha de chegada ao mesmo tempo, em qualquer
trajetória.

2 A energia mecânica de um determinado objeto pode se apresentar na forma


de energia potencial e energia cinética. Com relação a esses conceitos,
analise as opções a seguir.

I- Considerando o solo como referência, a energia potencial gravitacional de


um objeto que pesa 2.000 N e que está suspenso a uma altura de 20 m do
solo é de 20 kJ.
II- Um automóvel de 1 tonelada, que está percorrendo uma via a 108 km/h,
possui energia cinética de 450 kJ.
III- Um objeto que está em queda livre não possui energia cinética, apenas
energia potencial gravitacional.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Somente a sentença I está correta.


b) ( ) Somente a sentença II está correta.

108
c) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2016) Considere uma mola


perfeitamente elástica que armazena 25 J de energia ao ser comprimida 7,5
cm de sua posição de equilíbrio. Com base no exposto, qual a constante
elástica k dessa mola?

a) (    )
b) (    )
c) (    )
d) (    )

4 (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2016) Duas amigas estão em uma sacada


quando uma deixa cair um livro de massa m = 2,00 kg para outra que está
na calçada a uma distância D = 10,0 m. Suponha que as mãos estendidas
da amiga que está embaixo estão a uma distância d = 1,5 m acima do solo,
conforme Figura 17.

a) ( ) Qual é o trabalho Wg realizado sobre o livro pela força gravitacional até


o livro cair nas mãos da amiga?
b) ( ) Qual é a variação ΔU da energia potencial gravitacional do sistema
livro-Terra durante a queda?
c) ( ) Se a energia potencial gravitacional U do sistema é considerada nula no
nível do solo, qual é o valor de Ui quando a primeira amiga deixa cair o
livro e o valor de Uf quando o livro chega às mãos da segunda amiga?

FIGURA 17 – AUTOATIVIDADE 4

FONTE: Adaptada de Halliday, Resnick e Walker (2016)

109
5 (TIPLER; MOSCA, 2009) Considere um bloco de 4,0 kg, conforme Figura 18,
que está em uma mesa sem atrito e preso a uma mola que possui constante
elástica k = 400 N/m. Em um instante inicial, a mola está comprimida em x1
= - 5,0 cm. Com base no exposto, calcule:

a) ( ) O trabalho realizado pela mola sobre o bloco, enquanto ela se movimenta


de x1 para x2.
b) ( ) A velocidade do bloco em x2.
c) ( ) A variação de energia potencial elástica do sistema, de x1 para x2.

FIGURA 18 – AUTOATIVIDADE 5

FONTE: Tipler e Mosca (2009, p. 177)

110
TÓPICO 3 —
UNIDADE 2

CONSERVAÇÃO DE ENERGIA

1 INTRODUÇÃO

Chegamos ao terceiro tópico da Unidade 2. Neste tópico, falaremos de


um princípio fundamental da física que será aplicado nos nossos estudos sobre
energia mecânica, estamos falando do princípio da conservação de energia.

Entretanto, o que este princípio tem a nos dizer? Basicamente, o princípio


da conservação de energia estabelece a seguinte premissa: ‘a energia pode ser
transformada ou transferida, mas nunca criada ou destruída’.

Perceba que apesar de ser relativamente um princípio simples de


compreender, suas implicações são inúmeras, afinal, está afirmando que todas
as formas de energia que conhecemos não podem ser criadas do “zero” e que
também não podemos “destruir” a energia existente no Universo, mas sim que
ela pode ser transformada.

Agora, analisaremos o princípio da conservação de energia com o foco da


nossa disciplina, em que estamos interessados em um tipo particular de energia,
a Energia Mecânica (Emec) e, nesse caso, sua conservação.

2 CONSERVAÇÃO DA ENERGIA MECÂNICA


Nos tópicos anteriores, vimos que a energia mecânica pode ser expressa na
forma de trabalho (W), vimos ainda dois tipos importantes de energia mecânica,
a energia cinética (K) e a energia potencial (U). Inclusive, quando falamos da
energia potencial, chegamos a falar brevemente da conservação da energia
mecânica de um sistema.

A energia mecânica em um sistema isolado se conservará se, e somente se,


não houver forças dissipativas agindo sobre ela, e sim, só as forças conservativas
que já estudamos, como é o caso da força de gravidade (Fg) e da força elástica
(Fs).

Você sabe (lembra) o que são forças dissipativas? Como exemplos de forças
dissipativas podemos citar a força de arrasto, que é promovida pela resistência
de um fluido, como o ar atmosférico, por exemplo, e também a força de atrito,
promovida pelo contato com uma superfície sólida, que é dada em função da
força normal.

111
UNIDADE 2 — ENERGIA E MOVIMENTO

Certo, mas e por que não podemos ter forças dissipativas em nosso
sistema isolado para termos conservação de energia mecânica? O motivo é que
essas forças dissipativas transformarão parte dessa energia mecânica em energia
térmica, como o atrito entre duas superfícies. Assim, a energia total do sistema
ainda se conservaria, pois estamos falando de um sistema isolado, porém sua
energia mecânica não, pois transformar-se-ia em energia térmica.

E
IMPORTANT

Um sistema isolado é aquele em que não há trocas de energia com o ambiente


externo, nesse caso, todas as formas de energia são conservadas em seu interior. Podemos
citar como formas de energia desse sistema isolado a energia mecânica, a energia térmica
e a energia interna do sistema.

Assim, admitindo que a energia mecânica, em um sistema isolado que


não possui forças dissipativas, é mantida constante, podemos escrever a Equação
35 da seguinte forma:

(35)

Observando a Equação 35, podemos facilmente concluir que, como a ΔEmec


= 0, podemos reescrever a equação anterior na forma da Equação 36.

(36)

O que a Equação 36 mostra é que a energia mecânica final (ou no estado


2) será igual à energia mecânica inicial (ou no estado 1), devido justamente a sua
conservação.

2.1 ENERGIA MECÂNICA


A Emec , conforme estudamos, é composta pela sua componente cinética e
sua componente potencial, assim escrevemos a Equação 37.

(37)

Para relacionarmos a variação das energias cinética e potencial (ΔK e ΔU),


dentro de um sistema isolado, podemos relacionar as equações 9 e 25 (ΔK = W e
ΔU = -W), para escrevermos a Equação 38.

ΔK = -ΔU (38)

112
TÓPICO 3 — CONSERVAÇÃO DE ENERGIA

O que a Equação 38 nos diz é que, em um sistema em que ocorre a


conservação de energia mecânica, conforme a energia cinética desse sistema
aumenta, sua energia potencial diminui e vice-versa. Essa situação pode ser
ilustrada na Figura 19, em que consideramos que não há atrito entre a rampa e o
skate e nenhuma outra força dissipativa ocorrerá no sistema.

FIGURA 19 – ENERGIA MECÂNICA EM UMA RAMPA DE SKATE SEM ATRITO

FONTE: <https://bit.ly/3uNezv0>. Acesso em: 21 jul. 2021.

Observando a figura anterior, perceba que quando o skatista está no


topo da rampa (A), sua energia potencial é máxima, porém este é um momento
de velocidade nula, logo, sua energia cinética é zero. No momento em que ele
desce, como não há ações de forças dissipativas nesse exemplo, toda a sua energia
potencial é transformada em energia cinética, em que sua velocidade é máxima
exatamente no centro (B), logo antes de começar a subir novamente. Nesse ponto
de altura mínima, que estamos considerando como a referência do sistema (y = 0),
temos energia potencial igual a zero.

Observando a conservação da energia mecânica do sistema skatista-
rampa, podemos concluir que no ponto A, Emec = U, pois não há velocidade
associada a esse instante. Em seguida, em B, temos que Emec = K, uma vez que toda
a energia potencial foi transformada em cinética e chegamos no nosso ponto de
altura mínima. Já em C, toda a energia cinética voltou a ser transformada em
energia potencial, logo, a energia mecânica nesse ponto é dada por Emec = U .

Agora, ampliando a Equação 38, podemos reescrevê-la na forma da


Equação 39.

K2 - K1 = -(U2 - U1) (39)


Melhorando a organização dessa equação, passando os termos do estado
inicial (1) para a direita e do estado final (2) para a esquerda, escrevemos a
Equação 40.
113
UNIDADE 2 — ENERGIA E MOVIMENTO

K2 + U2 = K1 + U1 (40)
Perceba que a Equação 40 é a mesma Equação 36 (Emec2 = Emec1), em que
falamos que a energia mecânica no momento 2 será exatamente igual à energia
mecânica no momento 1.

Exemplo 8 (YOUNG; FREEDMAN, 2016, p. 227)

Podemos prever a altura de uma bola de beisebol arremessada utilizando


a conservação da energia mecânica. Imagine que essa bola tenha massa m = 145
g e que você faça um arremesso horizontal, de forma que ao sair da sua mão, a
bola tenha uma velocidade inicial vertical positiva de 20,0 m/s. Presumindo que a
resistência do ar possa ser desconsiderada, qual será a altura máxima que a bola
de beisebol atingirá?

Resposta: para resolvermos esse problema considerando a conservação


da energia mecânica, estipularemos que o momento 1 ocorre exatamente quando
a bola deixa a sua mão, com velocidade inicial v1 = 20 m/s. Exatamente nesse
ponto, consideraremos nossa altura 1 = 0 m (nossa referência).

O momento 2 será quando a bola de beisebol atingir a altura máxima


y2. Vale notar que essa altura máxima ocorrerá no exato momento em que a
velocidade vertical da bola for nula (v2 = 0), ou seja, o instante exato antes de a
bola de beisebol começar a cair.

A Figura 20 ilustrará as informações que acabamos de deduzir.

FIGURA 20 – ILUSTRAÇÃO DA CONSERVAÇÃO DA ENERGIA MECÂNICA


NO ARREMESSO DE UMA BOLA DE BEISEBOL

FONTE: Young e Freedman (2016, p. 227)

114
TÓPICO 3 — CONSERVAÇÃO DE ENERGIA

Sabendo que pela conservação de energia mecânica ela será a mesma no


instante 1 e no instante 2, então temos que:

Emec2 - Emec1

Logo, temos que:

K2 + U2 = K1 + U1

Escrevendo os termos das equações, temos que:

Perceba que agora podemos fazer algumas simplificações, uma vez que
a massa m aparece multiplicando todos os termos, podemos retirá-la do nosso
cálculo:

Outra simplificação que podemos fazer é quanto a nossa altura y1 e a


nossa velocidade v2, pois ambas são iguais a zero. Isso fica fácil de observar, pois
a energia potencial no instante inicial U1 é igual a zero, assim como a energia
cinética no instante 2 K2 também vale zero.

Assim, U2 = K1, independente da massa do objeto:

Reorganizando a equação, temos que:

Perceba que como g é constante, a altura que a bola de beisebol atingirá irá
depender apenas da velocidade com que ela sair da mão do arremessador. Logo,
a altura máxima y2 será dada por:

115
UNIDADE 2 — ENERGIA E MOVIMENTO

3 CONSERVAÇÃO DA ENERGIA TOTAL EM UM SISTEMA


ISOLADO
Certo, neste momento seguiremos considerando um sistema isolado, só
que agora a energia mecânica do sistema poderá se transformar em outro tipo de
energia, conforme Equação 41.

(41)
Onde ΔE é a variação da energia total do sistema, ΔEmec é a variação da
energia mecânica desse sistema, ΔEt é a variação da energia térmica e ΔEint é a
variação da energia interna do sistema.

Quando ΔEt surgir devido à ação da força de atrito, ou seja, devido a um


trabalho provocado pela força de atrito (WK), podemos utilizar a seguinte equação:

(41)
Onde Fk é a força de atrito que atua no comprimento L. Podemos ainda
escrever FK = FN . μk, onde FN é a força normal e μk é o coeficiente de atrito cinético.
Logo, temos a Equação 42.

ΔET = FN .μk.L (42)

Façamos um exemplo onde vemos parte da energia mecânica do sistema


se transformar.

Exemplo 9 (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2016):

Considere o toboágua mostrado na Figura 21, onde um carrinho é


impulsionado por uma mola e escorrega com água (sem atrito) até a base do
brinquedo, em que mergulha parcialmente na água e se move horizontalmente
até que o atrito com a água o faça parar. Qual é a distância que o carrinho percorre
no trecho horizontal até parar, considerando as seguintes informações:

• A altura inicial do carrinho é de h = 35,0 m.


• A mola é comprimida inicialmente a 5,00 m da sua posição de equilíbrio e sua
constante elástica é de 3,20 kN/m.
• A massa total do carrinho (junto ao passageiro) é de 200 kg.
• O coeficiente de atrito cinético entre o carrinho e a água no trecho horizontal do
percurso é μk = 0,800.

116
TÓPICO 3 — CONSERVAÇÃO DE ENERGIA

FIGURA 21 – EXEMPLO 9

FONTE: Adaptada de Halliday, Resnick e Walker (2016)

Resposta: nesse problema, consideraremos a conservação da energia de


todo o sistema, ou seja, a energia total não pode mudar:

ΔE = 0

Nesse caso, teremos variação de energia mecânica e, após o atrito, teremos


variação de energia térmica, logo, podemos escrever que:

ΔE = ΔEmec + ΔEint = 0

Onde temos que:

ΔEmec = -ΔEint

Analisando somente a energia mecânica, no estado inicial, temos um


carrinho com velocidade nula a uma certa altura e uma mola comprimida, logo,
Emec1:

Já no momento 2, após o carrinho parar, sua velocidade é nula, sua altura


é zero e a mola está relaxada, logo, Emec2 = 0.

Como ΔEmec = Emec2 - Emec1 , temos que:

ΔEmec= - Emec1

Sendo assim, concluímos que toda energia mecânica inicial será


transformada em energia térmica, conforme segue:

117
UNIDADE 2 — ENERGIA E MOVIMENTO

Emec1 = ΔEint

A variação da energia térmica será dada pelo atrito da água, assim, temos
que pela Equação 42:

ΔEt = FN .μk.L

Perceba que no trecho horizontal, a única força vertical, além de FN , é a


força de gravidade Fg , sendo assim, pela 2ª Lei de Newton, essas forças opostas
serão iguais em módulo, o que quer dizer que FN = Fg , ou seja, FN = m.g .
Assim, podemos reescrever nossa equação na forma da Equação 43:

ΔEt = m.g.μk.L (43)


Como nesse caso, Emec1 = ΔEint , temos que:

Agora, podemos isolar L e reorganizar nossa equação da seguinte forma:

Substituindo os valores, temos:

Logo:

L = 69,26 m

Perceba que pudemos facilitar nossos cálculos analisando apenas o estado


inicial e final do nosso objeto em questão, não importando o que ocorreu nesse
meio-tempo. Esses tipos de cálculos são sempre possíveis quando consideramos
o nosso sistema isolado e que a energia do sistema é conservada.

Agora, que tal dar uma lida na nossa leitura complementar? Embora o
assunto seja sobre termodinâmica, ela faz um paralelo bastante interessante com
o que vimos neste tópico, a Conservação da Energia.

Não deixe de conferir!

118
TÓPICO 3 — CONSERVAÇÃO DE ENERGIA

LEITURA COMPLEMENTAR

MÁQUINAS TÉRMICAS

Leila J. Gonçalves

A palavra máquina origina-se do grego mechane, que significa qualquer


dispositivo engenhoso ou invenção. Uma máquina é definida como um aparelho
composto por várias partes com funções definidas.

Heron de Alexandria, que viveu por volta de 130 a.C., era um grande
inventor. Catalogou os primeiros instrumentos chamados de máquinas simples:
a alavanca, a roda e o eixo, a roldana, a cunha e a rosca.

A máquina térmica é um dispositivo que transforma a energia interna


de um combustível em energia mecânica. Também pode ser definida como o
dispositivo capaz de converter calor em trabalho.

Tanto as máquinas térmicas a vapor, que operam com o vapor d'água


produzido em uma caldeira, quanto as máquinas térmicas de combustão interna,
que operam devido aos gases gerados pela queima de combustíveis, têm seu
funcionamento baseado no aumento da energia interna das substâncias envolvidas
e no trabalho realizado, e tanto a energia interna quanto o trabalho dependem da
quantidade de energia na forma de calor que foi transferida à substância.

As máquinas térmicas fazem conversão de energia?

As máquinas devem realizar trabalho mecânico, como elevar, movimentar


ou misturar e seu funcionamento depende de um combustível, ou fonte de
energia, logo, elas transformam algum tipo de energia em energia mecânica.

Em geral, elas convertem a energia do combustível em energia térmica de


um gás através do processo de combustão e o gás se expande, realizando trabalho
enquanto sua temperatura diminui.

Há conservação de energia nas máquinas térmicas?

A conservação de energia é um princípio que se aplica a qualquer sistema,


assim como a conservação de massa.

As máquinas térmicas obedecem à Primeira Lei da Termodinâmica, pois


parte da energia na forma de calor (Q) que recebem é transformada em trabalho
(W). Essa é a parte de energia útil. A outra parte é transformada em variação de
energia interna, Eint, essa parte representa a quantidade de energia degradada ou
não aproveitada, de modo que: Q = W + ΔEint.
119
UNIDADE 2 — ENERGIA E MOVIMENTO

Portanto, a soma do trabalho realizado pela máquina com o aumento da


energia interna deve ser igual à quantidade de energia que lhe foi fornecida.

Entretanto, e se realizarmos trabalho ao invés de adicionarmos calor ao sistema?

Segundo a Primeira Lei da Termodinâmica, deverá haver um aumento da


energia interna. Esse é um caso simples que ocorre em nossa vida diária quando,
por exemplo, esfregamos as mãos. O trabalho mecânico que realizamos faz com
que a energia interna aumente e as mãos se aqueçam. O mesmo ocorre quando
enchemos o pneu de uma bicicleta com uma bomba manual.

É possível construir uma máquina que realize trabalho continuamente sem


consumo de energia?

Uma máquina desse tipo chama-se moto-perpétuo ou moto-contínuo e


produziria trabalho a partir do nada. Isso é impossível, pois viola o Princípio da
Conservação da Energia ou a Primeira Lei da Termodinâmica.

Máquinas em movimento perpétuo foram procuradas por muitos


inventores e cientistas, inclusive Leonardo da Vinci, porém, um moto-contínuo
não existe, pois sempre haverá perda de energia ou por atrito das peças ou por
resistência do ar.

Uma polia simples, por exemplo, seria um moto-contínuo se, em condições


ideais (sem atrito no eixo e sem resistência do ar), girasse indefinidamente, não
realizando trabalho e nem trocando calor com o meio, logo, pela Primeira Lei, 0 =
0 + ΔEint, assim ΔEint = 0, o que não viola a conservação de energia.

Só que nas máquinas reais, uma parte da energia é degradada a cada


ciclo e, então, um moto-perpétuo, para funcionar, teria que criar energia, o que
viola o Princípio da Conservação de Energia (‘a energia não pode ser criada nem
destruída, apenas transformada de uma forma em outra’).

Mesmo que toda a energia fornecida ao sistema fosse conservada, apenas


uma parte seria reaproveitada para a realização de trabalho, pois pela Segunda Lei
da Termodinâmica, nenhuma máquina térmica converte todo o calor em trabalho.

Uma máquina funciona continuamente porque opera em CICLOS, ou


seja, retorna ao seu estado inicial passando por etapas intermediárias em um
certo intervalo de tempo.

Como é uma máquina térmica?

Basicamente, uma máquina térmica é constituída por dois reservatórios,


como mostra a figura a seguir. O calor flui do reservatório à temperatura
elevada (fonte quente) para o reservatório à temperatura mais baixa (fonte fria),
obedecendo à Segunda Lei da Termodinâmica e transformando parte do calor
que sai da fonte quente em trabalho.
120
TÓPICO 3 — CONSERVAÇÃO DE ENERGIA

FIGURA – CICLO TERMODINÂMICO DE UMA MÁQUINA TÉRMICA

FONTE: <https://www.if.ufrgs.br/cref/leila/maquina.htm>. Acesso em: 21 jul. 2021.

Se só uma parte do calor foi convertida em trabalho, para onde foi o resto?

A parte de calor que não foi utilizada para a realização de trabalho é


cedida para a fonte fria ou é dissipada, portanto, uma máquina térmica nunca
rende o máximo.

A Segunda Lei da Termodinâmica, que diz que é impossível transformar


todo calor em trabalho, reflete o fato de que nenhuma máquina térmica tem 100%
de eficiência, portanto, o rendimento de tais máquinas é sempre inferior a 100%.

FONTE: <https://www.if.ufrgs.br/cref/leila/maquina.htm>. Acesso em: 21 jul. 2021.

121
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• A energia pode ser transformada ou transferida, mas nunca criada ou destruída.

• A energia mecânica, em um sistema isolado, que não possui forças dissipativas,


é mantida constante.

• A energia mecânica é dada por Emec1 = K + U.

• A variação da energia mecânica é dada por K2 + U2 = K1 + U1.

• A variação da energia total do sistema é dada por ΔE = ΔEmec+ ΔEt + ΔEint.

• A variação da energia térmica de um sistema causado pela força de atrito é


dada por ΔEt = FN.μk.L.

CHAMADA

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pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

122
AUTOATIVIDADE

1 (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2016) Considere que um carro de


montanha-russa (Figura 22), de massa m = 825 kg, atinge o cume da primeira
elevação com uma velocidade v0 = 17,0 m/s a uma altura h = 42,0 m. O atrito
é desprezível.

a) ( ) Qual é a velocidade do carro no ponto A?


b) ( ) Qual é a velocidade no ponto B?
c) ( ) Qual é a velocidade no ponto C?
d) ( ) Que altura o carro alcança na última elevação, que é alta demais para
ser transposta?

FIGURA 22 – AUTOATIVIDADE 1

FONTE: Adaptada de Halliday, Resnick e Walker (2016)

2 Utilizando o exemplo do exercício anterior, com relação ao princípio da


conservação da energia mecânica, analise as opções a seguir.

I- Se a massa m é duplicada, a variação da energia potencial gravitacional


do sistema entre os pontos A e B aumenta.
II- Se a massa m é dividida pela metade, a variação da energia potencial
gravitacional do sistema entre os pontos A e B diminui.
III- Se a massa m é duplicada, a variação da energia potencial gravitacional
do sistema entre os pontos A e B permanece a mesma.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Somente a sentença I está correta.


b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

123
3 (EAM, 2020) Em um parque de diversões, um carrinho de montanha-russa,
(Figura 23), possui massa m = 500 kg e passa pelo ponto A com uma altura
de 35 m, possui velocidade escalar de 12 m/s. Considerando que a energia
mecânica se conserva, pode-se afirmar que a velocidade do carrinho a passar
pelo ponto B, a uma altura de 18 m, considerando g = 10 m/s², será de:

FIGURA 23 – AUTOATIVIDADE 3

FONTE: <https://bit.ly/2YnXuM0>. Acesso em: 21 jul. 2021.

a) ( ) 14 m/s.
b) (   ) 22 m/s.
c) (   ) 17 m/s.
d) (   ) 28 m/s.

4 (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2016) Considere a Figura 24, em que


um pequeno bloco, inicialmente em repouso, é liberado em uma rampa
sem atrito a uma altura de 3,0 m. As alturas das elevações ao longo da
rampa estão indicadas na figura. Os cumes das elevações são todos iguais,
de forma circular, e o bloco não perde contato com o piso em nenhuma das
elevações.

a) ( ) Qual é a primeira elevação que o bloco não consegue superar?


b) ( ) O que acontece com o bloco em seguida?
c) ( ) No cume, de que elevação a aceleração centrípeta do bloco é máxima?

FIGURA 24 – AUTOATIVIDADE 4

FIGURA 24 – AUTOATIVIDADE 4

124
5 O princípio da conservação de energia é um dos princípios fundamentais
da física e está presente nas mais diversas situações. Nesse aspecto, analise
as opções a seguir.

I- Quando o freio for acionado, para que o veículo pare, o trabalho da força
de atrito, em módulo, deverá ser igual a sua energia cinética inicial.
II- Nos sistemas isolados, a energia pode ser transformada de uma forma
para outra, o que resulta na diminuição da energia total do sistema.
III- A energia mecânica de um sistema é a soma da energia cinética e da
energia potencial. Se as únicas forças presentes são a força gravitacional e
a força elástica, o valor da energia mecânica permanece constante mesmo
que a energia cinética e a energia potencial variem com o tempo.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Somente a sentença I está correta.


b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

125
REFERÊNCIAS
GONÇALVES, L. J. Máquinas térmicas. Porto Alegre: UFRGS, c2021. Disponível
em: https://www.if.ufrgs.br/cref/leila/maquina.htm. Acesso em: 21 jul. 2021.

HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física: mecânica.


10. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016.

NUSSENZVEIG, H. M. Curso de física básica: mecânica. 4. ed. São Paulo:


Edgard Blucher, 2002.

ROSA, P. R. S. Curso de física básica. Campo Grande: UFMS, 2009.

SOUSA, N. Caderno de exercícios resolvidos de física. Lisboa: Editora do


Autor, 2013.

TIPLER, P. A.; MOSCA, G. Física para cientistas e engenheiros: mecânica,


oscilações e ondas, termodinâmica. v. 1. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009.

YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física I: mecânica. 12. ed. São Paulo:


Pearson Prentice Hall, 2008.

YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física I: mecânica. 14. ed. São Paulo:


Pearson Education do Brasil, 2016.

126
UNIDADE 3 —

CINEMÁTICA E DINÂMICA
DO CORPO RÍGIDO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• analisar a necessidade do cálculo do centro de massa para sistemas de


partículas;
• utilizar os conceitos de momento linear para problemas envolvendo
colisões;
• compreender a relação entre velocidade e aceleração linear e angular;
• resolver problemas que envolvem energia, através do cálculo de momento
de inércia;
• calcular os momentos de inércia dos principais tipos de corpos;
• resolver problemas que envolvem torque e momento angular de um
corpo rígido.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – SISTEMAS DE PARTÍCULAS E CONSERVAÇÃO DO


MOMENTO.
TÓPICO 2 – CINEMÁTICA ROTACIONAL.
TÓPICO 3 – DINÂMICA ROTACIONAL.

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

127
128
TÓPICO 1 —
UNIDADE 3

SISTEMAS DE PARTÍCULAS E CONSERVAÇÃO


DO MOMENTO

1 INTRODUÇÃO
Ao analisar um sistema composto por vários corpos durante a atuação
de uma força externa, podemos imaginar que cada um desses corpos, sujeito
à interação com essa força, agirá de modo diferente. Por esse motivo, a análise
do movimento total desse sistema é muito complexa, portanto, deve haver uma
forma mais simples de se realizar essa análise.

Diante disso, neste tópico, iniciaremos os estudos falando de um dos


conceitos mais importantes para os estudos que seguem, o conceito de Centro
de Massa. Seu estudo visa solucionar mais facilmente problemas que envolvem
mais de um corpo, pois seria como se todas as massas dos corpos envolvidos
estivessem sobre ele.

Na sequência, discorreremos acerca do movimento desse centro de massa,


analisando o que chamaremos de momento linear de um sistema de partículas,
estudo que será fundamental para o objetivo principal desta última unidade de
estudos, a cinemática e a dinâmica do corpo rígido.

2 CENTRO DE MASSA
Conforme dito na introdução deste tópico, quando tratamos de um
conjunto de corpos, mesmo que estes estejam em movimento, sujeitos à atuação
de uma força externa, há um ponto chamado Centro de Massa que se movimenta
como se toda a massa do conjunto estivesse sobre ele. Ainda que o sistema não
seja um corpo rígido (definição que veremos mais adiante), mas sim, um conjunto
de partículas, definiremos o conceito de centro de massa.

Centro de Massa – uma dimensão

Definição: a posição xCM do centro de massa, onde o sistema é composto


por duas partículas com massas m1 e m2, que se encontram em posições x1 e x2,
conforme a Figura 1, respectivamente é dada por:

129
UNIDADE 3 — CINEMÁTICA E DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO

FIGURA 1 – SISTEMA COMPOSTO POR DUAS PARTÍCULAS EM LINHA RETA (UMA DIMENSÃO)

FONTE: O autor

Para uma outra análise, a relação vista anteriormente pode ser reescrita
como:

(2)

Desse modo, conseguimos compreender essa última relação como sendo
a “média ponderada” das posições das partículas de massa mi , onde o peso para
o cálculo da média é a fração da massa total que se encontra na posição xi . Sendo
assim, o conceito pode ser estendido para sistemas de N corpos:

Ou seja:

(3)

Como mi é igual à massa total do corpo, que chamaremos de M, temos:

(4)

Centro de Massa – três dimensões

Como o conceito de centro de massa para duas dimensões está implícito


no caso de três dimensões, definiremos diretamente o caso mais geral, o de três
dimensões.

Definição: para um sistema de N partículas deslocando-se em três


dimensões, o centro de massa, de coordenadas xCM, yCM, zCM, será dado por:

130
TÓPICO 1 — SISTEMAS DE PARTÍCULAS E CONSERVAÇÃO DO MOMENTO

Se analisarmos a posição do centro de massa, vetorialmente, se


considerarmos que:

Teremos que:

(5)

Exemplo: dada a figura a seguir, calcule as coordenadas do centro de


massa composto pelas três partículas.
Resolução: esse caso se trata de uma situação em duas dimensões, logo,

devemos calcular xCM e yCM. Devemos notar também que cada uma das massas
indicadas na figura está em uma coordenada para X e Y, desse modo, teremos:

131
UNIDADE 3 — CINEMÁTICA E DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO

Movimento do Centro de Massa

Vimos que a forma vetorial para o cálculo do centro de massa é dada por:

Reescrevendo a relação, chegamos em:

Como queremos analisar o movimento do centro de massa com relação


a um certo intervalo de tempo, ou seja, determinar a variação da sua posição,
realizaremos a derivada temporal da expressão anterior:

Já vimos que, , então:


Por sua vez, a variação dessas velocidades com relação ao tempo é dada
novamente pela derivada temporal, que será:

Como , temos:

Conforme visto em unidades anteriores, cada termo m1.ai da expressão se


refere a uma partícula do sistema e é igual à força resultante que atua sobre ela,
de acordo com a Segunda Lei de Newton. Desse modo, segue que:

132
TÓPICO 1 — SISTEMAS DE PARTÍCULAS E CONSERVAÇÃO DO MOMENTO

Quando estudamos as Leis de Newton, aprendemos que em uma partícula,


as forças resultantes são compostas por duas partes: temos as forças externas ao
sistema, as quais atuam sobre as partículas, e as forças internas, que são geradas
pela interação das próprias partículas que compõem o sistema. Podemos, a partir
disso, intuir que:

Agora, em face à Terceira Lei de Newton, a famosa lei da ação e reação,


notamos que as forças de interação entre as partículas, como a força que a
partícula 2 faz na partícula 3, terão uma força contrária a que a partícula 3 exerce
na partícula 2, cancelando-se mutuamente. Desse modo, percebemos que as
forças internas do sistema resultam em FINT = 0, e assim sendo:

(6)

Isso mostra que, segundo essa última equação, o centro de massa de um
sistema de partículas se move (acelera) como se toda a massa M estivesse sobre o
único ponto (que é representado pelo centro de massa). Obviamente, essa massa
está sujeita à força externa resultante, respeitando a Segunda Lei de Newton.

FIGURA 2 – REPRESENTAÇÃO DO MOVIMENTO DO CENTRO DE MASSA

FONTE: <https://bit.ly/3mB8n5E>. Acesso em: 11 jul. 2021.

Para ilustrar o último conceito, a figura anterior descreve o movimento


de um martelo lançado de modo oblíquo. Perceba que seus pontos são descritos
por movimentos aleatórios e complexos, porém, o centro de massa (em vermelho)
se desloca como se fosse uma partícula, de massa igual à do martelo, em um
movimento “normal” sob a ação da gravidade (força peso), conforme o lançamento
oblíquo tradicional (parábola).
133
UNIDADE 3 — CINEMÁTICA E DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO

E
IMPORTANT

O movimento da figura comprova que o movimento causado pelas forças


internas ao sistema (rotação do martelo) não altera o movimento do centro de massa,
fazendo com que a Segunda Lei de Newton seja respeitada.

Desse modo, podemos aferir que:

(7)

e,

(8)

calculam velocidade e aceleração do centro de massa, respectivamente.

Exemplo: as partículas A e B possuem massas respectivamente iguais a


1 kg e 3kg. Elas deslocam-se sobre o eixo X, conforme mostra a figura, e com
velocidades de 10 m/s e 2 m/s, respectivamente.

Determine:

a) O módulo da velocidade do centro de massa do sistema.


b) O valor da força resultante aplicada para que a velocidade do sistema aumente
25% em 5 segundos.

Resolução: a) Conforme visto, a velocidade do centro de massa é dada por:

Obs.: note que a velocidade 2 é negativa, pois a partícula B se move para


a esquerda.

b) Se a velocidade aumentou 25%, ela se tornará 1,25 m/s. Se o tempo discorrido


foi de 5 segundos, podemos calcular a aceleração do processo:

134
TÓPICO 1 — SISTEMAS DE PARTÍCULAS E CONSERVAÇÃO DO MOMENTO

Para determinar a força resultante, usamos a Segunda Lei de Newton:

3 MOMENTO LINEAR DE UMA PARTÍCULA


Após definir que o movimento de um sistema de partículas pode ser
representado pelo movimento de seu centro de massa, iremos, nesse ponto do
nosso estudo, analisar como se comporta a “quantidade desse movimento”.
Entretanto, o que isso quer dizer? Partículas, ao se movimentarem, geram
energia (cinética), ou seja, criam uma capacidade de gerar um certo trabalho. Essa
capacidade está associada a duas grandezas físicas, a massa e a velocidade da
partícula (ou partículas) em questão.

Podemos imaginar, por exemplo, que uma partícula de massa 1 kg gera


menos energia do que uma de 100 kg. Claro! Entretanto, se a partícula de 1 kg
estiver viajando com velocidade de 1000 m/s, ela gera 10 vezes mais energia do
que a de 100 kg viajando a 1m/s.

Será a partir desse raciocínio que definiremos a quantidade de movimento


de uma partícula como sendo o Momento Linear da partícula.

Definição: o momento linear de uma partícula é uma grandeza vetorial


representada por e é calculado pelo produto da massa multiplicado pela
velocidade da partícula, ou seja:

(9)

Unidade de medida:

NTE
INTERESSA

Após essa definição, contaremos um pouco de história. Há uma versão


da história que afirma que Newton formulou a sua segunda lei a partir do conceito de
momento linear. O que faz muito sentido! ‘A variação do momento linear de uma partícula
é proporcional à força nele aplicada, tendo a mesma direção e sentido desta força’.

135
UNIDADE 3 — CINEMÁTICA E DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO

Para equacionar o que o UNI anterior nos trouxe, vamos realizar:

Como a massa da partícula é constante, ela pode sair da derivada,


multiplicando-a:

Desse modo, comprovando que realmente:

(10)

Onde a Segunda Lei de Newton pode ser vista como a variação do


momento linear.

Exemplo: uma bola de 400 g se movimenta num dado instante, conforme


figura a seguir, com velocidade de módulo igual a 2 m/s. Qual o módulo, a direção
e o sentido da quantidade de movimento da bola no referido momento?

Resolução: a quantidade de movimento é representada pelo momento


linear, ou seja:

Momento Linear para um sistema de partículas

O conceito de momento linear para um sistema de partículas é muito


similar ao conceito de momento para uma partícula apenas. A diferença é que há
o somatório de cada momento para compor o momento total.

Definição: para um sistema composto por N partículas, o momento linear


total é definido por:

Ou seja:

(11)

Entretanto, como já estudamos o movimento do centro de massa de um


sistema de partículas, temos que:
136
TÓPICO 1 — SISTEMAS DE PARTÍCULAS E CONSERVAÇÃO DO MOMENTO

(12)

E
IMPORTANT

Essa última relação afirma que o momento linear total do sistema de partículas
é igual à massa total do sistema multiplicada pela velocidade do centro de massa do
sistema de partículas.

Exemplo: duas partículas estão em movimento. Uma delas tem massa


2500 kg e desloca-se a 14 m/s de oeste para leste e a outra de 1500 kg no sentido
contrário (mas na mesma direção) a 23 m/s. Qual o módulo e o sentido do
momento linear total do sistema?

Resolução: para determinar o momento linear total do sistema, deve-


se lembrar inicialmente da negativa quando o sentido é para a esquerda. Desse
modo, temos que:

Desse modo, temos que o módulo do momento linear total é 500 kg e o


sentido é o convencional (de oeste para leste), pelo fato de que o sinal do resultado
é positivo.

Conservação do Momento Linear

Conforme a Segunda Lei de Newton, só existe a variação da quantidade


de movimento caso exista uma força resultante (externa) atuando no sistema, ou
seja:

(13)

137
UNIDADE 3 — CINEMÁTICA E DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO

TUROS
ESTUDOS FU

Pesquisa: O que são forças externas e internas?

Caso não haja forças externas atuando no sistema, temos que a variação
do momento será nula, ou seja, será conservada.

Entretanto, analisaremos essa questão da conservação do momento linear


por outra perspectiva, introduzindo o conceito de impulso gerado por uma força.

Definição: o impulso I é uma grandeza que é resultado da força aplicada


a um sistema multiplicada pelo tempo de atuação dessa força.

(14)

Lembrando que , ou , temos:

Chegando no teorema do Impulso x Momento Linear, que afirma que o


impulso é igual à variação do momento linear:

(15)

Como já vimos que para conservar o momento linear não podemos ter a
atuação de forças externas, temos que:

Logo:

(16)

138
TÓPICO 1 — SISTEMAS DE PARTÍCULAS E CONSERVAÇÃO DO MOMENTO

Os momentos totais iniciais e finais do sistema são iguais, logo, conservam-


se. A principal aplicação da conservação do momento linear é no estudo das
colisões.

4 COLISÕES
O primeiro ponto que devemos entender é o que é uma colisão. Vamos
imaginar a colisão de duas bolas de bilhar, onde uma se chocará com uma
segunda que se encontra em repouso. Sabemos que não há interação significativa
entre as bolas de bilhar antes, na aproximação e nem depois, no afastamento após
a colisão ocorrer. Isso mostra que fisicamente uma colisão é quando uma força
interage em dois corpos por um intervalo muito curto de tempo, como pode ser
visto na figura a seguir.

FIGURA 3 – REPRESENTAÇÃO DO TEMPO DE INTERAÇÃO DE UMA FORÇA

FONTE: O autor

As colisões, em geral, conservam o momento linear do sistema, porém, a


partir disso, podemos dividi-las em dois tipos:

• Colisão Elástica: conserva momento e energia.


• Colisão Inelástica: conserva apenas o momento.

Nesse estudo, abordaremos apenas as colisões elásticas, para fins de


simplificação de cálculos e análises. Desse modo, para a resolução dos problemas,
basta aplicar o princípio da conservação de momento para realizar os cálculos
necessários.

Exemplo: dois patinadores inicialmente em repouso, um de 36 kg e


outro de 48 kg, empurram-se mutuamente para trás. O patinador de 48 kg sai
com velocidade de 18 km/h. Despreze o atrito. Qual a velocidade com que sai o
patinador de 36 kg?

139
UNIDADE 3 — CINEMÁTICA E DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO

Resolução: utilizaremos o princípio da conservação do momento linear


para esse problema envolvendo colisão, verificando que o momento inicial é zero,
pois inicialmente eles estão em repouso.

Exemplo: um canhão de circo de massa 100 kg atira horizontalmente uma


bola de massa 5 kg com uma velocidade de 20 m/s. A velocidade de recuo do
canhão imediatamente após o disparo em m/s vale:

Resolução: mesmo se tratando de um “disparo”, podemos analisar esse


problema como uma colisão e partir da conservação do momento linear.

Exemplo: durante um reparo na estação espacial internacional, um


cosmonauta, de massa 80 kg, substitui uma bomba do sistema de refrigeração,
de massa 360 kg, que estava danificada. Inicialmente, o cosmonauta e a bomba
estão em repouso em relação à estação. Quando ele empurra a bomba para o
espaço, ele é empurrado no sentido oposto. Nesse processo, a bomba adquire
uma velocidade de 0,2 m/s em relação à estação. Qual é o valor da velocidade
escalar adquirida pelo cosmonauta, em relação à estação, após o empurrão?

Resolução: Conservação do Momento Linear (quantidade de movimento)

Neste tópico, finalizamos os conceitos mecânicos sob a ótica “linear”.


Vislumbramos os seus conceitos, aplicações e consequências, que começaram na
Unidade 1 deste material e encerrou-se neste ponto.

Adiante, nos próximos dois tópicos, o enfoque será a ótica “angular” da
mecânica, analisando os conceitos da cinemática e da dinâmica angular.
140
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• A posição xCM do centro de massa, onde o sistema é composto por duas


partículas, com massas m1 e m2, que se encontram em posições e ,
respectivamente, é dado por:

• Para um sistema de N partículas deslocando-se em três dimensões, o centro de


massa, de coordenadas xCM, yCM, zCM, será dado por:

• O momento linear de uma partícula é uma grandeza vetorial representada


por e é calculado pelo produto da massa multiplicado pela velocidade da
partícula, ou seja:

• Para um sistema composto por N partículas, o momento linear total é definido


por:

• Quando não há atuação de forças externas em um sistema de partículas, o


momento linear é conservado. Logo:

141
AUTOATIVIDADE

1 Calcule as coordenadas do centro de massa do sistema constituído de 5


partículas que se encontram nos pontos indicados na figura, sabendo que
eles possuem massa igual a 2 kg.

2 Determine a posição x do centro de massa, onde as partículas de massa mA e


mB estão posicionadas nas extremidades de uma barra de massa desprezível,
como mostra a figura. Analise os casos:

a) mA = mB
b) mA = 5mB

3 Sobre uma partícula de 8kg, movendo-se a 25 m/s, passa a atuar uma


força constante de intensidade 2,0.10²N durante 3 s no mesmo sentido do
movimento. Determine a quantidade de movimento dessa partícula após o
término da ação da força.

4 Um projétil com velocidade de 500 m/s e massa 0,05 kg atinge


horizontalmente um bloco de madeira de massa 4,95 kg, em repouso
sobre um plano horizontal sem atrito, e nele se aloja. Determine com que
velocidade o conjunto bala-bloco se moverá após o choque.

142
5 Um objeto de massa 5,0 kg, movimentando-se a uma velocidade de módulo
10 m/s, choca-se frontalmente com um segundo objeto de massa 20 kg,
parado. O primeiro objeto, após o choque, recua uma velocidade de módulo
igual a 2,0 m/s. Desprezando-se o atrito, a velocidade do segundo, após o
choque, tem módulo igual a:

a) ( ) 2,0 m/s.
b) ( ) 3,0 m/s.
c) ( ) 4,0 m/s.
d) ( ) 6,0 m/s.
e) ( ) 8,0 m/s.

6 Um corpo A de 2 kg que se movimenta sobre uma superfície horizontal sem


atrito, com 8 m/s, choca-se com outro B de mesma massa que se encontra
em repouso nessa superfície. Após o choque, os corpos A e B se mantêm
juntos com velocidade de:

a) ( ) 2 m/s.
b) ( ) 4 m/s.
c) ( ) 6 m/s.
d) ( ) 8 m/s.
e) ( ) 10 m/s.

143
TÓPICO 2 —
UNIDADE 3

CINEMÁTICA ROTACIONAL

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, iniciaremos a cinemática do movimento plano de um corpo
rígido. Um corpo rígido, diferentemente de uma partícula, leva em consideração
os pontos de aplicações de forças sobre ele. Outro ponto importante a ser
considerado é o fato de que para um corpo ser rígido, a distância entre qualquer
um de seus pontos deve sempre ser fixa ao longo do movimento realizado.

Visto isso, o estudo da cinemática será muito importante para o estudo


futuro de engrenagens e mecanismos úteis para muitos projetos mecânicos.
Desse modo, após a cinemática estar completamente fixada, poderemos analisar
equações do movimento, relacionando forças com o movimento do corpo
(dinâmica).

Há três tipos de movimentos vistos para os corpos rígidos: a translação,


que já fora analisada nas unidades anteriores, a rotação em torno de um eixo fixo,
em que todas as partículas que compõem o corpo rígido deslocam-se em torno de
trajetórias circulares, e a combinação desses dois tipos iniciais de movimento, que
chamamos de movimento plano geral.

Desse modo, como o movimento de translação já foi fortemente visto neste
material, iniciaremos o estudo diretamente na rotação em torno de um eixo fixo.

2 ROTAÇÃO EM TORNO DE UM EIXO FIXO


Quando estamos diante de uma rotação em torno de um eixo fixo, todos
os pontos se deslocam sobre trajetórias circulares. Sendo assim, para estudar
esse tipo de movimento, devemos inicialmente discutir o movimento angular em
torno do eixo.

Sabendo que pontos são adimensionais, ele não é passível de movimento


angular, somente linhas ou corpos possuem tal movimento. Observe a figura
para exemplificar um movimento angular.

144
TÓPICO 2 — CINEMÁTICA ROTACIONAL

FIGURA 4 – REPRESENTAÇÃO DE MOVIMENTO ANGULAR

FONTE: O autor

A figura da esquerda mostra um corpo rígido, em cinza, disposto em um


eixo de coordenadas XY. Ele está rotacionando em torno da origem das coordenadas.
Digamos que no tempo inicial t - t1 sua linha de referência se encontra sobre o
eixo em azul, na posição θ1. Caso ele tenha alterado sua posição para θ2 em algum
tempo t - t2, pode-se afirmar que ele se encontra em movimento angular.

Aproveitando essa primeira explicação acerca do movimento angular,


definiremos, agora, dois conceitos básicos importantes. A posição e o deslocamento
angular.

• Posição angular: na figura apresentada, a posição angular é definida pelo ângulo


θ, medida em radianos, a partir de uma linha fixa de referência, normalmente o
eixo X.
• Deslocamento angular: como toda definição física de deslocamento, o deslocamento
angular é a variação da posição angular. Esta variação é medida por:

(17)

ou em termos infinitesimais, dθ.



Uma vez que estamos lidando com um movimento em torno de um eixo fixo,
a direção do deslocamento angular é sempre ao longo desse eixo e é determinada
pela regra da mão direita, onde os dedos são fechados ao redor da rotação e o
polegar aponta no sentido do vetor deslocamento, convencionando-se, Δθ > 0,
rotação no sentido anti-horário e Δθ < 0, rotação no sentido horário. A unidade de
medida para deslocamento angular é o radiano ou revoluções (1 rev = 2τ rad).

FIGURA 5 – REPRESENTAÇÃO DA REGRA DA MÃO DIREITA

FONTE: O autor

145
UNIDADE 3 — CINEMÁTICA E DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO

Seguindo a mesma lógica do estudo da translação, analisaremos o conceito


de velocidade angular.

Velocidade angular: define-se a velocidade angular (velocidade de giro)


como sendo a variação temporal das posições angulares. Inicialmente, caso
tenhamos um deslocamento angular Δθ em um tempo decorrido Δt, temos a
velocidade angular média :

(18)

Caso a análise for através do deslocamento infinitesimal dθ em um tempo


Δt muito pequeno, temos a velocidade angular média ω:

(19)

A velocidade angular é normalmente medida em rad/s. Aqui estamos


dando apenas o valor escalar dessa grandeza, porém, lembrando de que se trata
de uma grandeza vetorial, ela segue a mesma direção e sentido do deslocamento
angular.

Aceleração angular: a aceleração angular , por sua vez, analisa a variação


temporal da velocidade angular. O módulo de sua intensidade é dado por:

(20)

Para calcular a aceleração angular instantânea α, temos que realizar a


derivada da velocidade angular:

(21)

A aceleração angular é normalmente medida em rad/s². Aqui estamos


dando apenas o valor escalar dessa grandeza, porém, lembrando de que se trata
de uma grandeza vetorial, ela segue a mesma direção e sentido da velocidade
angular.

Exemplo: dado um motor elétrico e analisando suas rotações a partir de t = 0,


sabemos que ele produz um deslocamento angular dado por:

θ(t) = (250)t - (20)t2 - (1.50)t3

Calcular a velocidade e a aceleração angular em 5s.

146
TÓPICO 2 — CINEMÁTICA ROTACIONAL

Resolução: a função dada nos faz calcular as posições angulares ao longo


do tempo. Desse modo, para calcular a velocidade e a aceleração, devemos
realizar as derivadas temporais e substituir o valor t = 5.

Aceleração angular constante

Considerando a aceleração do corpo constante ao longo de sua rotação,


podemos aferir algumas relações importantes para a resolução de problemas.
Para tal, sabendo que a aceleração é constante, temos que teremos as
seguintes relações:

(22)

(23)

(24)

Nessas relações, temos θ0 e ω0 como sendo os valores das posições e
velocidade angular iniciais, respectivamente. Outro ponto importante é o fato da
similaridade com as relações já vistas na cinemática do movimento retilíneo.

Relação entre grandezas lineares e angulares

Enquanto um corpo rígido rotacional, podemos analisar esse movimento


sob a ótica de um ponto P em sua extremidade. Esse ponto, além de possuir uma
velocidade de giro, como aprendemos a calcular anteriormente, também percorre
um espaço linear (comprimento). Visto isso, deve haver alguma ligação física
entre as velocidades e acelerações desse ponto P. Vejamos a figura:

FIGURA 6 – REPRESENTAÇÃO DO ARCO DE CIRCUNFERÊNCIA GERADO PELA ROTAÇÃO

FONTE: O autor

147
UNIDADE 3 — CINEMÁTICA E DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO

Note que, enquanto o vetor representa a posição do ponto P em


sua rotação, na medida em que ele se desloca, vai se formando um arco de
circunferência de medida s com ângulo central de medida θ. Desse modo,
lembrando dos conceitos de geometria e trigonometria básica, temos:

s - θ . t (25)

Derivando essa expressão com relação ao tempo, temos:

Usando a regra da derivada do produto, do lado direito da igualdade,


vem:

Como o corpo é rígido, temos que , logo:

No entanto, já vimos que, e , logo:

v = ω . R (26)

Que é a relação entre a velocidade linear v e a velocidade angular ω.

Dando sequência, tomaremos essa última expressão para calcular a


relação entre as acelerações lineares e angulares:

v=ω.R

Derivando essa expressão com relação ao tempo, temos:

Usando a regra da derivada do produto, do lado direito da igualdade,


vem:

Como o corpo é rígido, temos que , logo:

148
TÓPICO 2 — CINEMÁTICA ROTACIONAL

Já vimos que, e , logo:

a = α . R (27)

Essa última relação relaciona a aceleração linear com a aceleração angular,


porém, nesse caso, estamos falando da aceleração tangencial. Devemos lembrar
que na rotação, além da aceleração tangencial (que altera o valor da velocidade),
temos a aceleração radial, que é responsável pela “manutenção” do giro,
alterando a direção do vetor velocidade. Chamaremos essa aceleração de aR e ela
será calculada por:

aR - ω 2 . R (28)

FIGURA 7 – REPRESENTAÇÃO DOS VETORES VELOCIDADE E ACELERAÇÃO NA ROTAÇÃO

FONTE: O autor

Desse modo, para calcular a aceleração resultante, devemos realizar:

(29)

Exemplo: uma polia A, de raio 0,15 m, inicia seu movimento a partir do


repouso com aceleração angular constante de 2 rad/s2. Essa polia é conectada
a uma roda B, de raio 0,40 m, por uma correia que gira sem escorregamento.
Determine os módulos da velocidade e da aceleração de um ponto P na periferia
da roda B após 2 rotações.

149
UNIDADE 3 — CINEMÁTICA E DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO

Resolução: as polias apresentadas na figura são solidárias, ou seja, as


grandezas lineares são iguais para ambas, pelo fato de que o movimento é regido
pela correia que as liga. Desse modo, temos:

aA - aB

Como a = α . R, temos:

Temos que:

Logo:

Calcularemos agora a velocidade do ponto P.

Agora, as acelerações tangencial e radial, para, na sequência, calcular a


aceleração resultante.

150
TÓPICO 2 — CINEMÁTICA ROTACIONAL

3 ENERGIA CINÉTICA DA ROTAÇÃO


Uma vez que estamos falando do movimento de corpos rígidos, ou seja,
um corpo de dimensões e formas definidas, sabemos que caso aplicarmos uma
força nele, ele estará sujeito a dois tipos de movimento, o translacional e o de
rotação. O primeiro deles (translação), já vimos em unidades anteriores que as
equações do movimento são regidas por F = m . a, já o de rotação será equacionado
por τ = I . a, conceito que veremos no tópico seguinte, porém, para compreendê-lo,
teremos que estudar inicialmente a energia do movimento de rotação.

Para dar início a esse estudo, temos que compreender que em corpos
rígidos fazemos a análise de uma fração de massa do corpo para depois realizar a
soma de todos os pontos de massa existentes no corpo. Imaginemos um ponto de
massa mi rotacionando com velocidade linear vi, conforme mostra a figura:

FIGURA 8 – REPRESENTAÇÃO DA ROTAÇÃO DE UM PONTO DE MASSA mi

FONTE: O autor

Para calcular a energia cinética desse ponto de massa mi temos a relação:

(30)

Como o corpo é rígido, sabemos que ele é composto por diversos pontos
de massa mi, logo, a energia cinética total, caso possamos determinar cada um
desses pontos de massa, será:

Como vi pode ser diferente dependendo do ponto de massa em questão,


analisaremos ω, que é o mesmo para todas, usando a relação vista anteriormente
vi = ω . ri. Assim:

151
UNIDADE 3 — CINEMÁTICA E DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO

(31)

Sendo que esse último somatório indica um conceito muito importante


no estudo que seguirá. Ele é o conceito de momento de inércia de massa de um
corpo, representado por I e calculado no sistema internacional em kg . m2, ou seja,
para um sistema de partículas, temos:

(32)

Se o número de partículas tende ao infinito, esse somatório se transforma


em:

(33)

Finalizando, na relação para calcular a energia cinética de um corpo em


rotação:

(34)

E
IMPORTANT

O momento de inércia é para a rotação o que a massa é para a translação. O


momento de inércia é a medida da “dificuldade” de rotacionar um certo corpo. Ele depende
não só da massa, mas também de como a massa está distribuída no corpo em questão.
Note na figura a seguir que no caso 1 as massas estão mais próximas do eixo de rotação,
fato que se altera nos casos 2 e 3. Logo, o momento de inércia no caso 1 é menor, pois é
“mais fácil” rotacionar o corpo nesse modo.

FIGURA 9 – REPRESENTAÇÃO DO MOMENTO DE INÉRCIA SOBRE A ÓTICA DA


DISTRIBUIÇÃO DE MASSA

FONTE: O autor

152
TÓPICO 2 — CINEMÁTICA ROTACIONAL

Exemplo: na figura, temos um conjunto com três massas idênticas de valor


0,01 kg rotacionando por um eixo de comprimento total L = 6 cm.

Determine:

a) O momento de inércia total do conjunto.
b) Se removermos a partícula mais interna, qual o percentual de redução do
momento de inércia? E se retirarmos a mais externa?

Resolução: a) Sabemos que o momento de inércia total é calculado por:


As distâncias d são iguais a 2 cm = 0,02 m. Logo:

b) Caso retirarmos a mais interna, teremos:

Redução percentual:

Caso retirarmos a mais externa, teremos:

153
UNIDADE 3 — CINEMÁTICA E DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO

Redução percentual:

E
IMPORTANT

O resultado do exemplo anterior mostra que massas mais distantes do eixo


contribuem mais para o momento de inércia.

Após esse exemplo, calcularemos alguns momentos de inércia referentes


aos principais corpos rígidos que podemos nos deparar em exemplos e exercícios.
Inicialmente, calcularemos esses momentos de inércia através do conceito da
integral definida e, posteriormente, repassaremos uma tabela de cálculo dos
principais momentos de inércia existentes. Vamos a eles.

Exemplo: momento de inércia de um disco que gira por um eixo


perpendicular que passa pelo seu centro.

Resolução: consideremos um disco de massa M e raio R. Vamos subdividir


esse disco em elementos que possuem massa, sendo representados no disco
por anéis raio r e massa dm. A massa está uniformemente distribuída em sua
superfície, desse modo, o momento de inércia do disco se dará pela soma de
todos os momentos de inércia desses anéis. Vejamos a figura:

FIGURA 10 – DISCO UNIFORME DO EXEMPLO DESCRITO

FONTE: O autor

154
TÓPICO 2 — CINEMÁTICA ROTACIONAL

Para cada anel, o momento de inércia é dado por:

Agora, delimitaremos que como o disco é homogêneo, sua densidade


superficial será dada por σ e sua área dada por A = 2τR2. Desse modo, cada
elemento de massa (anel) será dado por:

Onde dA é a área elementar.

O momento de inércia para o disco será dado por:

(35)

E
IMPORTANT

O momento de inércia de um cilindro é o mesmo do disco.

Exemplo: momento de inércia de uma barra girando pela sua extremidade.

Resolução: vamos considerar uma barra de densidade uniforme com


comprimento L e massa M. Essa barra gira por um eixo passando pelas suas
extremidades.

155
UNIDADE 3 — CINEMÁTICA E DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO

FIGURA 11 – BARRA UNIFORME DO EXEMPLO DESCRITO

FONTE: O autor

Tomando uma fração da barra (conforme feito anteriormente no caso do


disco), essa fração terá massa dm e estará a uma distância x do eixo de rotação.
Como a barra é homogênea, podemos dizer que a densidade linear será dada por:

Assim, o momento de inércia total da barra será dado por:

Como a densidade é constante, vamos relacionar dm com dx:

Completando a integral:

(36)

156
TÓPICO 2 — CINEMÁTICA ROTACIONAL

Para o caso do disco e da barra, podemos automaticamente, a partir de


agora, calcular os momentos de inércia apenas usando a fórmula encontrada.
Para os demais casos, os momentos de inércia para as principais figuras, podemos
seguir essa tabela:

FIGURA 12 – MOMENTO DE INÉRCIA DAS PRINCIPAIS FIGURAS

FONTE: Hibbeler (2012, p. 246)

Exemplo: uma porta retangular de 20 kg tem 200 cm de altura e 80 cm de


largura. Qual é o momento de inércia da porta para rotações em torno de:

a) Um eixo paralelo ao seu lado mais longo, que passa pelo centro da porta.
b) Um eixo paralelo ao seu lado mais longo, que passa pelas dobradiças.

Resolução: utilizando as fórmulas disponíveis, temos:

Teorema dos eixos paralelos

Nas fórmulas descritas, a maioria dos momentos de inércia são para eixos
passando pelo centro de massa das figuras, mas aí vem a pergunta: como realizar
o cálculo do momento de inércia para eixos em qualquer posição? Para responder
essa pergunta, analisaremos agora o teorema dos eixos paralelos.

157
UNIDADE 3 — CINEMÁTICA E DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO

FIGURA 13 – FÓRMULA PARA CALCULAR I DO DISCO COM EIXO PELO CENTRO DE MASSA /
EIXO EM UM PONTO QUALQUER

FONTE: O autor

Teorema: se ICM é o momento de inércia de um corpo, girando em torno de


seu centro de massa, para calcular o momento de inércia Io com eixo de rotação
passando pelo ponto O, devemos calcular:

(37)

Onde h é a distância entre o eixo de rotação original e o eixo que passa no


centro de massa.

Exemplo: voltando ao exemplo anterior, no caso da porta, vamos calcular


o momento de inércia passando por um eixo paralelo ao seu lado mais longo, que
passa a uma distância de 20 cm das suas dobradiças.

Resolução: como o valor do momento de inércia passando pelo centro de


massa foi de 1,067, temos:

Exemplo: (HIBBELER, 2012): Determine o momento de inércia da placa


fina com relação a um eixo perpendicular à página, passando pelo ponto O.
Sabemos que o material possui densidade superficial de 20 kg/m².

158
TÓPICO 2 — CINEMÁTICA ROTACIONAL

Resolução: devemos inicialmente calcular a massa do disco completo e,


na sequência, da placa que vaza a figura, para depois calcular o momento de
inércia.

Massa do disco:

Massa da placa:

Momento de inércia do disco:

Momento de inércia da placa:


O momento de inércia da peça, de modo elementar, é dado pela diferença
entre a parte sólida e a parte vazada, logo:

Momento de inércia da peça: 0,151 – 0,0373 = 0,1137 kg.m²

Exemplo: (HIBBELER, 2012) Determine o momento de inércia de uma


régua de um metro de comprimento e massa de 0,56 kg em torno de um eixo
perpendicular à régua e passando pela marca de 20 cm.

Resolução: utilizando o Teorema dos eixos paralelos:

Exemplo: se a placa mostrada na figura tem uma densidade de 8000 kg/


m³, determine o momento de inércia em relação ao eixo perpendicular à página,
passando pelo ponto G.

159
UNIDADE 3 — CINEMÁTICA E DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO

Resolução: devemos inicialmente determinar as massas de cada parte


indicada. Realizaremos esse procedimento calculando o volume de cada parte e
depois multiplicando pela densidade.

Figura 1:

V1 = π . R2 . espessura
V1 = 3,14 . 0,252 . 0,01 = 0,00196253
M1 = 8000 . 0,0019625 = 15,7 kg

Figura 2:

V2 = π . R2 . espessura
V2 = 3,14 . 0,1252 . 0,01 = 0,0004906253
M2 = 8000 . 0,000490625 = 3,925 kg

Calcularemos, agora, o momento de inércia a partir da diferença entre as


partes indicadas.

Momento de inércia:

Após finalizar esse exemplo, damos por encerrado este tópico. Nele,
verificamos e aplicamos os conceitos da cinemática angular. Os pontos principais
abordados foram os de velocidade e aceleração, com suas respectivas relações
com as grandezas lineares e, principalmente, o conceito de momento de inércia
de um corpo. Com esse conceito, teremos a ferramenta necessária para abordar a
dinâmica angular, conceito que se preocupa com as “causas” do movimento de
rotação de um corpo.

160
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• O deslocamento angular é a variação da posição angular. Esta variação é


medida por:

Δθ = θ - θ0

• A direção do deslocamento angular é sempre ao longo desse eixo e é determinada


pela regra da mão direita, em que os dedos são fechados ao redor da rotação e
o polegar aponta no sentido do vetor deslocamento, convencionando-se, Δθ > 0,
rotação no sentido anti-horário, e Δθ < 0, rotação no sentido horário.

• A velocidade angular (velocidade de giro) é a variação temporal das posições


angulares. Inicialmente, caso tenhamos um deslocamento angular Δθ em um
tempo decorrido Δt, temos a velocidade angular média

• Caso a análise for através do deslocamento infinitesimal dθ em um tempo Δt


muito pequeno, temos a velocidade angular média ω:

• A aceleração angular , por sua vez, analisa a variação temporal da velocidade


angular. O módulo de sua intensidade é dado por:

• Para calcular a aceleração angular instantânea a, temos que realizar a derivada


da velocidade angular:

• As seguintes relações valem quando temos rotação com aceleração constante:



161
• A relação entre velocidade linear e angular é dada por:

v=ω.R

• A relação entre aceleração linear e angular é dada por:

a=a.R
aR = ω2 . R

• Para calcular a aceleração resultante, devemos realizar:

• O conceito de momento de inércia de massa de um corpo é representado por


I e calculado no sistema internacional em kg . m2, ou seja, para um sistema de
partículas, temos:

• Se o número de partículas tende ao infinito, este somatório se transforma em:

• Para calcular a energia cinética de um corpo em rotação, devemos usar:

• Se o teorema dos eixos paralelos diz que se ICM é o momento de inércia de um


corpo, girando em torno de seu centro de massa, para calcular o momento de
inércia Io com eixo de rotação passando pelo ponto O, devemos calcular:

Io = ICM + M . h2

162
AUTOATIVIDADE

1 Dada a função das posições:

θ(t) = 5t - t3 + 2t4

Sendo t em segundos e θ em radianos, determine:

a) ( ) A velocidade angular em t=2s.


b) ( ) A velocidade angular em t=4s.
c) ( ) A aceleração média entre t=2 e t=4s.
d) ( ) A aceleração instantânea em t = 2s.
e) ( ) A aceleração instantânea em t = 4s.

2 Dada a função da posição de um móvel , determine a


sua velocidade e aceleração em 2 s.

3 (FISCAEXE) Uma serra elétrica gira a 1440 rpm no momento em que é


desligada, sua velocidade angular diminui uniformemente, sendo que 10 s
após sua frequência é de 240 rpm. Determinar:

a) ( ) O tempo que a serra gira até parar.


b) ( ) O número total de voltas, em rotações, que a serra dá do momento que
é desligada até parar totalmente.

4 (FUVEST-SP) O ponteiro dos minutos de um relógio mede 50 cm.

a) ( ) Qual a velocidade angular do ponteiro?


b) ( ) Calcule a velocidade linear da extremidade do ponteiro.

5 Calcule o momento de inércia de uma barra delgada de ferro de 2 m de


comprimento e 8,7 kg de massa em torno de um eixo perpendicular à barra
e localizado a 30 cm do centro da barra.

6 Dois cilindros sólidos uniformes, cada um girando em torno do seu eixo


(longitudinal) central, têm a mesma massa de 1,25 kg e giram com a mesma
velocidade angular de 235 rad/s, mas eles possuem raios diferentes.

a) ( ) Qual a energia cinética de rotação do cilindro menor de raio 0,25 m?


b) ( ) Qual a energia cinética de rotação do cilindro maior de raio 0,75 m?

7 Diferentemente da massa inercial (que é um escalar), o momento de inércia


ou Tensor de Inércia também depende da distribuição da massa em torno
de um eixo de rotação escolhido arbitrariamente. Quanto maior for o
momento de inércia de um corpo, mais difícil será girá-lo ou alterar sua

163
rotação. Sendo assim, assinale a opção que apresenta, respectivamente, o
momento de inércia de uma barra de comprimento 50 cm, e massa 0,2 kg,
com eixo de rotação perpendicular à barra e passando pelo seu centro de
massa e o momento de inércia da rotação em um eixo perpendicular à barra
que dista 15 cm da extremidade da barra.

a) ( ) 0,004166 e 0,008666.
b) ( ) 0,004166 e 0,006166.
c) ( ) 0,16664 e 0,008666.
d) ( ) 0,16664 e 0,006166.

8 Uma placa plana, quadrada de lado L = 12,5 cm, de espessura desprezível e


massa 200 g possui um furo de raio R = 5 cm no seu centro. Considerando
a placa com densidade constante, determine o valor que mais se aproxima
do momento de inércia, em g.cm², com referência no eixo dado pela figura.

a) ( ) 1300.
b) ( ) 3300.
c) ( ) 4000.
d) ( ) 7900.
e) ( ) 12000.

164
TÓPICO 3 —
UNIDADE 3

DINÂMICA ROTACIONAL

1 INTRODUÇÃO
Após compreender vários conceitos introdutórios importantes acerca
de sistemas de partículas e da cinemática rotacional, daremos continuidade ao
estudo da dinâmica rotacional. Neste momento, abordaremos conteúdos bastante
práticos da mecânica e que podem ser explorados em diversas aplicações.

Inicialmente, definiremos uma nova grandeza física, o torque, que


descreverá a forma de ação rotacional ou qual é o efeito da torção de uma
força. Veremos também uma “versão angular” para a Segunda Lei de Newton,
associando ao torque, ao momento de inércia e à aceleração angular.

Por fim, antes de dar início a este tópico, fica a pergunta para que você
possa tentar responder ao longo dos estudos que seguem: por que as maçanetas
das portas não são colocadas no centro da porta, mas sim em sua extremidade?

2 TORQUE DE UMA FORÇA


Definindo teoricamente o que significa a grandeza física chamada de
Torque, podemos dizer que ela mede como a ação de uma força altera o estado de
rotação de um corpo. Agora, tentaremos ilustrar melhor, imaginando um corpo
rígido que sofre a ação de uma força, que iremos decompor em suas componentes
vertical (força tangencial) e horizontal (força radial).

FIGURA 14 – REPRESENTAÇÃO DA AÇÃO DE UMA FORÇA EM UM CORPO RÍGIDO

FONTE: O autor

Notamos, na parte esquerda da figura, que está sendo aplicada uma força
ao corpo. Essa força está sendo aplicada na posição indicada pelo vetor r e forma
um ângulo φ com o vetor posição. Na parte da direita da figura anterior, a força
F foi decomposta em suas componentes tangencial e radial. Note, desse modo,

165
UNIDADE 3 — CINEMÁTICA E DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO

que a componente radial Fr não é capaz de rotacionar o corpo por ser paralela ao
vetor posição r, ou seja, a força responsável por gerar a rotação é a componente
tangencial da força, portanto, podemos definir o torque como sendo o produto
dos vetores posição e força tangencial. O torque será indicado pela letra grega τ.

(38)

Para determinar o módulo (valor) do torque, resolvemos este produto


escalar. Para isso, devemos lembrar dos conceitos de Álgebra Linear, em que
vimos que para esse caso, temos:

τ = Ft . R . senφ (39)

A unidade de medida para o torque é o N.m. Neste material, não usaremos


J (joule) para não confundir com a unidade de medida para energia, vista em
unidades anteriores. A direção e o sentido do torque são os mesmos da velocidade
e aceleração angulares.

Exemplo: (HIBBELER, 2012) Um bombeiro hidráulico, incapaz de afrouxar


a conexão de um tubo, encaixa um pedaço de tubo de sucata (uma alavanca)
sobre a haste da chave de grifo. A seguir, ele usa seu peso todo de 900 N, ficando
em pé na extremidade da alavanca. A distância entre o centro da conexão e o
ponto onde o peso atua é 0,80 m, e o eixo da alavanca faz um ângulo de 19º com
a horizontal. Calcule o módulo, a direção e o sentido do torque que ele aplica em
torno do centro da conexão do tubo.

Resolução: para resolver o problema, basta utilizar a relação vista para


o cálculo do torque, lembrando que se a chave faz o ângulo de 19 graus com a
horizontal, a força representada forma 71 graus (ângulos complementares), onde:

τ = Ft . r . senφ
τ = 900 . 0,8 . sen71o
τ = 680 N . m

166
TÓPICO 3 — DINÂMICA ROTACIONAL

Segunda Lei de Newton para Rotação

Imaginemos, agora, um corpo sujeito à ação de três forças F1 , F2 e F3.

FIGURA 15 – CORPO SUJEITO À AÇÃO DE TRÊS FORÇAS

FONTE: O autor

Perceba que como cada força está sendo aplicada em um ponto específico
do corpo, indicada pelos vetores de posição respectivos, podemos calcular o
torque resultante:

τRES = τ1 + τ2 + τ3

Caso houvesse N forças, o torque resultante seria dado por:

τRES = τ1 + τ2 + τ3+ ... + τN = τi

Escrevendo o torque por meio de sua definição, teremos:

τi = ri . FiT

Onde este T indexado anteriormente representa a ação da força tangencial


sobre a i=ésima partícula, porém, pelo que já conhecemos FiT = mi . a iT , logo:

τi = ri . mi . aiT

Seguindo, já vimos que aiT = ri . α:

τi = ri . mi . (riα) = m i r i2 . α

167
UNIDADE 3 — CINEMÁTICA E DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO

Entretanto,

mi ri2 = I

Portanto:

τRES = I . α (40)

ATENCAO

A última relação enuncia a Segunda Lei de Newton para a rotação, que diz
que o torque resultante sobre um corpo é igual ao seu momento de inércia vezes sua
aceleração angular.

Exemplo: (HIBBELER, 2012) Um cabo é enrolado diversas vezes em torno


de um cilindro sólido e uniforme que pode girar em torno de seu eixo. O cilindro
possui diâmetro igual a 0,120 m e massa de 50 kg. O cabo é puxado com uma
força igual a 9,0 N. Supondo que o cabo seja desenrolado sem se dilatar e sem
deslizar, qual é sua aceleração?

Resolução: o braço de giro (ponto de aplicação da força) dista 0,06 m do


centro de giro. Devemos lembrar, também, que o momento de inércia de um
cilindro (consultar tabela do tópico anterior) é dado por:

Logo:
τ=I.a
a=

168
TÓPICO 3 — DINÂMICA ROTACIONAL

Exemplo: na figura, temos uma bicicleta em que a roda traseira pode girar
de modo livre. No pinhão, de raio 7 cm, é aplicada uma força de 18N. Considerando
a roda como sendo um aro de massa 2,4 kg e 35 cm de raio, determine qual a
velocidade angular da roda após 5 segundos.

Resolução: inicialmente, lembramos que as medidas devem ser em


metros. O momento de inércia de um aro (consultar tabela tópico anterior) é dado
por I = MR2. Desse modo, lembrando que o torque pode ser calculado por dois
meios distintos: τ = F . R ou τ = I . a, segue que:

F.R=I.α

α=

No entanto, como a questão pede a velocidade angular, vamos lembrar


da relação:

ω = ω0 + α . t

ω = 0 + 4,28 . 5 = 21,4 rad/s

Trabalho e Potência

Do mesmo modo que podemos calcular os conceitos de trabalho e potência


para a translação, definiremos esses conceitos para o movimento de rotação.
Definição: o torque que atua em um corpo durante uma rotação realiza
trabalho sobre esse corpo. O trabalho, calculado em Joules, é definido pela integral
definida pelo torque aplicado:

(41)

169
UNIDADE 3 — CINEMÁTICA E DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO

Caso o torque for constante, temos, resolvendo a integral:

(42)

E
IMPORTANT

Para a rotação, também vale o teorema do trabalho-energia cinética, que diz


que:

(43)

Definição: a potência, calculada em Watts (W), mede a taxa de variação do


trabalho com relação ao tempo, ou seja:

Se o trabalho for constante:

(44)


Podemos realizar também a seguinte análise:


Como dθ/dθ = ω, temos que:

Pot = τ . ω (45)

Exemplo: (MERIAN; KRAIGE, 2013) Um anúncio fazendo propaganda


da potência desenvolvida pelo motor de um automóvel afirma que o motor
desenvolve 1,49 x 105 W para uma rotação de 6000 rpm. Qual o torque desenvolvido
pelo motor?

Resolução: devemos, inicialmente, transformar rpm para rad/s:

6000 𝑟𝑝𝑚 ÷ 60 = 100 𝐻𝑧 → 𝑓𝑟𝑒𝑞𝑢𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎


𝜔 = 2𝜋 ⋅ 𝑓 = 2𝜋 ⋅ 100 = 200 𝜋 𝑟𝑎𝑑/𝑠

170
TÓPICO 3 — DINÂMICA ROTACIONAL

Usando a relação para o cálculo da potência, vem:

P=τ.ω
149000 = τ . 628

τ= 237 N . m

Exemplo: (MERIAN; KRAIGE, 2013) Um motor elétrico exerce um torque


constante de 10 N.m sobre um esmeril montado em seu eixo motor. O momento
de inércia é I = 2,0 Kg.m2. Sabendo que o sistema começa a se mover a partir do
repouso, calcule o trabalho realizado pelo motor em 8,0 s e a energia cinética no
instante final. Qual é a potência média desenvolvida pelo motor?

Resolução: através da Segunda Lei de Newton para a rotação, calcularemos


a aceleração angular, para, na sequência, calcular a velocidade angular:

τ =I.α
10 = 2 . α
α = 5 rad/s2
ω = ω0 + α . t
ω = 0 + 5 . 8 + 40 rad/s

Pelo teorema do trabalho-energia cinética, calcularemos o trabalho


realizado, lembrando que:

Como Pot = , temos:

3 MOMENTO ANGULAR
O conceito de momento angular, que será representado por 𝑙⃗ , é análogo
ao de momento linear visto no Tópico 1 desta unidade. A diferença é o fato de
que o momento angular “mede” a quantidade de movimento de rotação de um
corpo. Para uma partícula, ele se define pelo produto vetorial do momento linear
da partícula e o vetor posição com relação ao eixo de giro.

171
UNIDADE 3 — CINEMÁTICA E DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO

FIGURA 16 – REPRESENTAÇÃO DO MOMENTO ANGULAR DE UMA PARTÍCULA

FONTE: O autor

Logo:

𝑙⃗ = 𝑟⃗ × 𝑝⃗ (46)

ATENCAO

O momento angular de uma partícula é sempre definido com relação a um


ponto.

Para determinar o valor deste produto vetorial, temos que resolver


a seguinte relação:

l = r . p . senφ

Como p = m . v, segue:

l = m . r . v . senφ (47)

A unidade de momento angular no sistema internacional é o kg.m/s² e a
direção e o sentido são os mesmos da aceleração e velocidade angular do corpo.

Agora, analisaremos o momento angular sob a ótica dos corpos rígidos.
Para tal, imagine a rotação de um disco, em que nele, observaremos um ponto de
massa m em sua borda.

172
TÓPICO 3 — DINÂMICA ROTACIONAL

FIGURA 17 – REPRESENTAÇÃO DO MOMENTO ANGULAR DE UM DISCO

FONTE: O autor

Já sabemos que o momento angular da partícula de massa m é calculado


por:

l = m . r . v . senφ

Nesse caso, como senφ = sen = 1, temos:

l=m.r.v

Como v = r . ω, vem:

l=m.r.r.ω
l = m . r2 . ω

Entretanto, sabemos que os corpos rígidos são compostos por N partículas


de massa m, desse modo, podemos dizer que:

L= li = m i . r i2 . ω


Entretanto, lembramos que:

m i . r i2 = I


Portanto:

L = I . ω (48)

Como o momento angular varia no tempo?

173
UNIDADE 3 — CINEMÁTICA E DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO

Através da definição de momento angular, temos que:

𝑙⃗ = 𝑟⃗ × 𝑝⃗

Derivando a expressão com relação ao tempo, temos que:

Como o comprimento do braço de giro é constante, temos que = 0, logo:

Como FRES = m . a, pela Segunda Lei de Newton, segue que:

Ou ainda:

(49)

Essa última relação mostra mais uma interpretação para a Segunda Lei
de Newton da rotação, que diz que o momento angular varia com o tempo,
dependendo do torque resultante aplicado ao corpo. Ou, ainda, o torque gera a
variação do momento angular.

Exemplo: (HIBBELER, 2012) A hélice da turbina de um motor a jato possui


momento de inércia 2,5 Kg.m² em torno do eixo de rotação. Quando a turbina
começa a girar, sua velocidade angular em função do tempo é dada por:

174
TÓPICO 3 — DINÂMICA ROTACIONAL

ω = 40t2

a) Calcule o momento angular da hélice em função do tempo e ache seu valor em


t = 3s.
b) Determine o torque resultante que atua sobre a hélice em função do tempo e
calcule seu valor para t = 3s.

Resolução:

a) Inicialmente, calcularemos a velocidade angular em t = 3s.



ω = 40 . 32 = 360 rad/s

Calculando o momento angular, segue que:

L=I.ω
L = 2,5 . 360 = 900kg . m/s
2

b) O torque resultante é dado pela variação do momento angular:



L = I . ω = 2,5 . 40t2 ⟹ L = 100t2

E ainda:

200t

Então, para 3s:

Conservação do Momento Angular



No item anterior, vimos que o torque aplicado a um corpo gera a variação
do momento angular. Após lembrar esse fato, temos que colocar que esse torque
resultante se refere a torques externos pelo mesmo motivo que as forças externas
influenciavam na variação do momento linear (Tópico 1 desta unidade). Além
disso, é elementar perceber que se trata de uma via de mão dupla, ou seja, se
apenas torques externos geram a variação do momento angular, temos que, na
ausência desses torques externos, o momento linear se conserva.

Definição: na ausência de torques externos, o momento angular é


conservado, ou seja:

175
UNIDADE 3 — CINEMÁTICA E DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO

Ou, ainda, caso o torque resultante seja nulo:

LFinal = Linicial (50)



O exemplo a seguir mostrará uma aplicação que dará o entendimento
completo desse princípio.

Exemplo: (HIBBELER, 2012) Um professor está em pé sobre uma mesa


giratória, mantendo os braços estendidos horizontalmente com um haltere de 5,0
Kg em cada mão, como mostra a figura. Ele está girando em torno de um eixo
vertical e completa uma volta em 2,0 s. Calcule a nova velocidade angular do
professor quando ele aproxima os dois halteres do estômago e discuta como isso
modifica sua energia cinética. Seu momento de inércia (sem os halteres) é igual
a 3,0 Kg.m2 quando seus braços estão estendidos, diminuindo para 2,2 Kg.m2
quando suas mãos estão próximas do estômago. Os halteres estão inicialmente a
uma distância de 1,0 m do eixo e a distância final é igual a 0,20 m. Considere os
halteres como partículas.

Resolução: desprezando o atrito da mesa girante, não teremos torque


externo onde então o momento angular se conserva. O momento de inércia inicial
do sistema será:

Onde, como ele completa uma volta a cada 2 segundos, temos:

O momento de inércia final será:

176
TÓPICO 3 — DINÂMICA ROTACIONAL


Como o momento angular se conserva:
LFinal = Linicial
I1 . ω 1 = I2 . ω 2
13 . 3,14 = 2,6 . ω2

ω2 = = 15,7 rad/s

A energia cinética inicial e final será:

A energia cinética excedente veio do trabalho que o professor realizou


ao puxar os braços e os halteres para junto de si, porém, perceba que como o
momento de inércia do professor diminuiu quando ele encolhe os braços, a
velocidade angular aumentou para “compensar” e manter o momento angular
conservado. O mesmo ocorre quando o professor abre os braços, aumentando o
seu momento de inércia, a velocidade diminuiria para “compensar” e manter a
conservação do momento angular.

Exemplo: (HIBBELER, 2012) A figura mostra dois discos: um deles (A) é


o volante de um motor e o outro (B) é um disco ligado a um eixo de transmissão.
Seus momentos de inércia são IA e IB. Inicialmente, eles estão girando com a
mesma velocidade angular ωA e ωB, respectivamente. A seguir, empurramos
os dois discos juntos, aplicando forças que atuam ao longo do eixo, de modo
que sobre nenhum dos dois discos surge torque em relação ao eixo. Os discos
se deslocam unidos e acabam atingindo a mesma velocidade angular total ω.
Deduza as expressões para ω.

177
UNIDADE 3 — CINEMÁTICA E DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO

Resolução: o único torque que atua sobre cada disco é o torque que um
exerce sobre o outro; não existe nenhum torque externo. Assim, o momento
angular total se conserva. Quando giram juntos é como se fossem um único corpo
com I= IA + IB.

Pela conservação do momento angular, temos:

Essa colisão entre dois discos é análoga a uma colisão completamente


inelástica. Dois objetos em movimento de rotação ao longo do mesmo eixo se
unem e aderem um ao outro, e o momento angular é conservado. Assim como na
conservação do momento linear, a energia cinética diminui.

Exemplo: no exemplo anterior, imagine que o volante A tenha massa de 2


kg e raio 20 cm, com uma velocidade de giro de 50 rad/s. Já a embreagem B, massa
de 4 kg, raio 10 cm e velocidade de 100 rad/s. Qual a velocidade comum após o
acoplamento? O que acontece com a energia cinética?

Resolução: inicialmente, devemos calcular o momento de inércia:

Desse modo, temos que a velocidade angular terá valor:

178
TÓPICO 3 — DINÂMICA ROTACIONAL

E a energia cinética:

Logo, o momento angular se conserva e a energia cinética não (devido a


atritos internos).

Com esse conceito acerca da conservação do momento angular,
finalizamos este tópico, que nos permitiu aprender vários conceitos que podem
ser fortemente aplicados na engenharia e na tecnologia em geral, especialmente
no que diz respeito a elementos de máquina.

Outro ponto importante a considerar no final desta unidade é a importância
de se perceber as relações entre as grandezas lineares e angulares. Esse fato será
muito importante para a assimilação dos conceitos aqui visualizados.

179
UNIDADE 3 — CINEMÁTICA E DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO

LEITURA COMPLEMENTAR

CÁLCULO DO MOMENTO DE INÉRCIA DE UM DISCO, VIA


ENERGIA E LEIS DE NEWTON

Metodologia 1: via Energia Mecânica

Escrevendo as expressões da energia potencial do sistema quando a massa


suspensa está a uma altura h em relação ao solo e quando a massa chega ao solo:

Altura (h): Ao solo:


Ep massa = m g h Ep massa = 0

Escrevendo as expressões da energia cinética do sistema quando a massa


suspensa está a uma altura h em relação ao solo e quando a massa chega ao solo:

Altura h: Ao solo:
Ec disco = Ec massa = 0 Ec massa =

Ec disco =

O princípio de conservação da energia estabelece que a variação da energia


mecânica é nula, ou seja, a variação de energia potencial do sistema adicionada à
variação de energia cinética é nula.

Representando matematicamente esse princípio, temos:

ΔEm = 0
ΔEp + ΔEc = 0

ms.g.h =

Obtendo a expressão para o momento de inércia:

Considerando que a linha não desliza sobre o disco menor, a relação entre
a velocidade linear da massa e a velocidade angular do disco é:

Vmassa = ωdisco R

ωdisco =

180
TÓPICO 3 — DINÂMICA ROTACIONAL

Velocidade angular da massa:

Para esse caso, tal expressão é válida, pois quando a massa se desloca até
o solo, o movimento descrito por essa é do tipo retilíneo uniformemente variado.

Reescrevendo a equação final de I, em termos de ms, R, g, h e t:

Metodologia 2: via Leis de Newton

Escrevendo a equação da Segunda Lei de Newton para o corpo em


translação:

F=ma
P - T = ms a
T = ms (g - a) (A)

Escrevendo a expressão da Segunda Lei de Newton para o disco em


rotação:

(1)

𝜏⃗ = 𝑟⃗ 𝑥 𝐹⃗

181
UNIDADE 3 — CINEMÁTICA E DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO

|𝜏| = 𝑟 𝐹 𝑠𝑒𝑛 𝜃
𝜏 = 𝑟 𝑇 𝑠𝑒𝑛 90
(2)

(1) em (2)

(B)

Relacionando as equações da Segunda Lei de Newton para rotação e


translação, temos:
Substituindo (B) em (A), temos:

Escrevendo a relação entre a velocidade angular do disco e a velocidade


linear da massa (considerando que a linha não desliza na roldana), obtemos a
equação final para o momento de inércia do disco experimental:

𝑉=𝜔𝑅
𝑎=𝛼𝑅

Onde a aceleração linear da massa é , então:

FONTE: FUKUHARA, F. Momento de inércia. Maringá: Universidade Estadual de Maringá, 2015.

182
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• Para determinar o módulo (valor) do torque, usamos: τ = Ft . senφ

• O torque resultante é dado por:

τRES = τ1 + τ2 + τ3+ ... + τN = τi

Ou ainda,

τRES = I . α

• O torque que atua em um corpo durante uma rotação realiza trabalho sobre
esse corpo. O trabalho, calculado em Joules, é definido pela integral definida
pelo torque aplicado:

• Caso o torque for constante, o trabalho é calculado por:

W = τ . (θ - θ0) = τ . Δθ

• Para a rotação, também vale o teorema do trabalho-energia cinética, que diz


que:

W = ΔEC = ECf - ECi

• A potência, calculada em Watts (W), mede a taxa de variação do trabalho com


relação ao tempo, ou seja:

• Se o trabalho for constante:

E ainda,

183
𝑃𝑜𝑡 = 𝜏 ⋅ 𝜔

• Para determinar o momento angular de uma partícula, devemos utilizar a


seguinte relação:

l = m . r . v . senφ

Ou, para corpos rígidos,

L=I.ω

• Na ausência de torques externos, o momento angular é conservado, ou seja:

Ou, ainda,

LFinal = Linicial

CHAMADA

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pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

184
AUTOATIVIDADE

1 A figura mostra o braço de um homem apertando um parafuso com uma


chave de boca de 0,20 m de comprimento. Para dar o aperto final, fazendo
a porca girar em torno do eixo que passa por seu centro, é necessário um
momento de 100 N.m em relação ao eixo. Estando a ferramenta na horizontal,
o valor mínimo do módulo da força vertical que o homem precisa exercer
na extremidade da chave é:

a) ( ) 100N.
b) ( ) 150N.
c) ( ) 200N.
d) ( ) 300N.
e) ( ) 500N.

2 Ricardo quer remover o parafuso sextavado da roda do automóvel


aplicando uma força vertical F = 40 N no ponto A da chave. Verifique se
Ricardo conseguirá realizar essa tarefa, sabendo-se que é necessário um
torque inicial de 18 N.m em relação ao eixo para desapertar o parafuso.
Dados: AC = 0,3 m e AD = 0,5 m.

3 Um cilindro de massa 2 kg gira pelo seu eixo central, conforme a figura.


Nele são aplicadas as forças F1 = 6N, F2 = 4N, F3 = 2N e F4 = 5N. Os raios
mostrados na figura são R1 = 5 cm e R2 = 12 cm. Determine o valor e o
sentido da aceleração angular do cilindro.
185
4 Um corpo de massa 5 kg se movimenta com velocidade 2,8 m/s na periferia
de um disco que gira com sentido contrário de velocidade angular 0,2
rad/s. O raio do disco é 3 m e seu momento de inércia em torno do eixo
de rotação (centro do disco) é 80 kgm². Calcule a velocidade angular do
sistema quando o corpo cessa seu movimento.

5 Uma roda cujo momento de inércia é de 1,27 kg.m² gira com velocidade
angular de 824 rpm. Uma segunda roda com momento de inércia 4,85
kg.m² inicialmente em repouso é acoplada bruscamente ao conjunto. Qual
será a velocidade de rotação do conjunto de rodas? Quanta energia cinética
será perdida com a perda de velocidade?

6 Uma corda está enrolada em torno da borda de um disco uniforme que


pode girar, sem atrito, em torno de um eixo fixo que passa pelo seu centro.
A massa do disco é 3 kg e o seu raio 25 cm. A corda é puxada por uma força
de módulo 10 N. Se o disco estiver inicialmente em repouso, qual a sua
velocidade angular após 5 s?

186
REFERÊNCIAS
HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física I. 8. ed. Rio
de Janeiro: LTC, 2008.

HIBBELER, R. C. Dinâmica: mecânica para engenharia. 12. ed. São Paulo:


Pearson Prentice Hall, 2012.

MERIAN, J. L.; KRAIGE, L. G. Mecânica para engenharia: dinâmica. 7. ed. Rio


de Janeiro: LTC, 2013.

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