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METODOLOGIA DO

ENSINO DA
MATEMÁTICA

Tiago Loyo Silveira


Tendências atuais de ensino
e educação matemática
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Diferenciar educação matemática de ensino da matemática.


 Identificar as principais tendências do ensino da matemática.
 Reconhecer a educação matemática em seu contexto interdisciplinar.

Introdução
Nas últimas décadas, o modo de se ensinar matemática e outras dis-
ciplinas tem mudado muito. Não houve necessariamente um evento
desencadeador disso, mas estudos mais aprofundados sobre a cognição
têm feito com que especialistas de diversas áreas repensem o ensino de
certos conteúdos.
A educação matemática se dedica a estudar justamente a forma
como a matemática é ensinada. Portanto, ela se relaciona com áreas mais
amplas — como psicologia e pedagogia — a fim de encontrar respostas
para os anseios de quem quer aprimorar as formas de ensinar e aprender.
Neste capítulo, você vai ver as diferenças entre a educação matemática
e o ensino de matemática. Também vai conhecer as principais tendências
do ensino dessa disciplina. Por fim, vai ver como abordar os conteúdos
de matemática de forma interdisciplinar.

A educação matemática e o ensino da matemática


Até a metade do século passado, a matemática era ensinada predominante-
mente com base no método. Como você sabe, uma era tecnológica despontou
após a Segunda Guerra Mundial e durante a Guerra Fria. Nessa época, os
alunos frequentavam a escola a fim de se tornarem operários. A ideia era que
auxiliassem nas linhas de produção industriais pelo mundo. Óbvio que sempre
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haveria aqueles que ascenderiam e ocupariam diferentes posições ou funções.


Porém, a grosso modo, a escola era vista como uma linha de produção. Dentro
das escolas, havia excesso de rigor matemático, foco em memorização de
fórmulas e baterias de exercícios à exaustão. Não havia preocupação com o
contexto no qual o conhecimento estava inserido.
A partir da década de 1970, principalmente na Europa, uma série de es-
tudiosos começou a defender, em congressos, que a forma de se ensinar a
matemática deveria ser revista. Seus apontamentos indicavam que a me-
todologia puramente conteudista, voltada para práticas tecnicistas, estava
ultrapassada. Segundo eles, essa metodologia estava produzindo uma mão
de obra de autômatos, que não sabiam como aplicar, no dia a dia, tudo o que
haviam absorvido em sala de aula.
Segundo Sá (2018, documento on-line) “A Educação Matemática, que tem
como patrono o pesquisador e educador matemático Ubiratan D'Ambrosio,
nasceu para corrigir as mazelas matemáticas advindas de métodos de ensino
ultrapassados, mais conhecidos como tradicionalistas [...]”. Nas metodologias
tradicionalistas, o aluno era um personagem coadjuvante. Ou seja, era uma espécie
de esponja seca que deveria ir à escola para se encharcar com o conhecimento do
professor, que seria o único protagonista do processo de ensino e aprendizagem.
Aos poucos, esses modelos foram sendo modificados e substituídos por
dinâmicas que davam mais espaço ao aluno. Desse modo, professor e aluno
participavam de forma interativa da construção do saber. No Brasil, contudo,
as práticas tradicionalistas, mais especificamente o tecnicismo empregado
ao longo do período dos governos militares, perdurou por um pouco mais de
tempo. Sua substituição iniciou-se tardiamente, na década de 1990, após a
reabertura democrática.
A partir daí, buscando se contrapor aos métodos tradicionalistas, a educação
matemática preocupou-se em se debruçar sobre os métodos de ensino e aprendi-
zagem de matemática. Ela buscou, com o auxílio da psicologia, compreender a
inter-relação existente entre os conteúdos de matemática, o professor e o aluno.
A ideia era que nenhum deles fosse colocado em primeiro plano ao longo do
processo. A área de pesquisa da educação matemática são os métodos e aplicações
contextualizadas. Ela busca a constante a readaptação do método à realidade
cognitiva e social do aluno, contribuindo para facilitar o ensino de matemática.
Portanto, você deve diferenciar a educação matemática do ensino de mate-
mática. A educação matemática é uma área de saber, uma outra ciência. Ela
se apropria dos aspectos pedagógicos e psicológicos para estudar os métodos.
Por sua vez, o ensino de matemática consiste na aplicação dos métodos
propriamente constituídos.
Tendências atuais de ensino e educação matemática 3

As principais tendências do ensino da matemática


As tendências de ensino são diferentes abordagens a serem desenvolvidas
em sala de aula. No geral, as abordagens são formuladas com a finalidade
de proporcionar melhor rendimento ao processo de ensino e aprendizagem.
Você deve ter em mente que não existe melhor ou pior tendência. Não
existe tendência certa ou errada. Cada uma implica uma forma diferente
de entender e de fazer matemática em sala de aula. Cabe ao professor ter o
domínio dos métodos e trabalhar em constante inovação. Assim, ele terá plena
capacidade para decidir qual é o método ideal para cada contexto. Tal decisão
deve ser pautada pelo nível dos alunos, pelo contexto sociocultural em que
estão envolvidos, pelos objetivos a serem alcançados, entre outros aspectos.
Já existiram diversas tendências para o ensino da matemática, muitas
das quais estão hoje em desuso. A seguir, você vai conhecer algumas das
tendências contemporâneas com maior expressão no meio acadêmico. São
elas: etnomatemática, novas tecnologias, modelagem matemática, resolução
de problemas e história da matemática.

Etnomatemática
A etnomatemática constrói o aprendizado a partir do contexto cultural e
social em que o aluno está inserido. Dessa forma, ela visa à valorização e ao
aproveitamento da cultura do povo local em sala de aula. Essa metodologia
foi proposta por Ubiratan D'Ambrosio em meados da década de 1970.
D'Ambrosio (1997, p. 111) afirma que, para compor a palavra “etnoma-
temática”, utilizou “[...] as raízes tica, matema e etno para significar que há
várias maneiras, técnicas, habilidades (tica) de explicar, de entender, de lidar
e de conviver (matema) com distintos contextos naturais e socioeconômicos
da realidade (etno) [...]”.

Novas tecnologias
As novas tecnologias, também conhecidas como “mídias digitais” ou “mídias
tecnológicas”, se concentram, principalmente, nos meios digitais de produção
de conhecimento (SANTOS, 2007; RIBEIRO; PAZ, 2012). Dessa forma, sua
aplicação é muito vasta e tem se tornado cada vez mais necessária e presente
nas salas de aula.
Quando recém concebida, essa tendência tinha foco limitado a compu-
tadores e calculadoras. Porém, com a chegada dos celulares, o acesso aos
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computadores e a sua praticidade passaram a ser questionados. Além disso, um


simples aplicativo passou a substituir até mesmo as calculadoras científicas.
Atualmente, celulares e tablets são acessíveis a quase todo aluno, in-
dependentemente da sua idade, da sua etapa escolar ou do meio social no
qual está inserido. Boa parte dos estudantes tem acesso ao celular. Isso
oferece ao professor uma infinidade de ferramentas em uma só. Softwares
e aplicativos gratuitos permitem aos estudantes, por exemplo, simular um
teodolito ou construir e manusear gráficos de funções de desenho complexo.
O manuseio geométrico também facilita a apropriação da visão espacial por
parte dos alunos.

Você deve notar que até o uso de calculadoras simples oferece uma infinidade de
possibilidades em sala de aula. Além disso, o ganho de atenção e interação pode ser
potencializado com esses recursos.

Modelagem matemática
A modelagem matemática associa a problematização à transformação da lin-
guagem escrita ou verbal na linguagem simbólica matemática. Ou seja, ela parte
de situações do cotidiano do aluno a fim de gerar uma problematização que
culmina na investigação. Em síntese, para a modelagem matemática, o processo
investigativo para a resolução de uma situação-problema presente em um contexto
real traz a possibilidade de construir conhecimentos reais e mais palpáveis.
Existem diferentes definições para a modelagem matemática. Porém, ao con-
trário do que você pode imaginar, essa tendência não é recente. Biembengut (1999)
apresenta textos históricos de aproximadamente 1200 a.C. que apontam problemas
cujas soluções culminaram na elaboração dos primeiros modelos matemáticos.
Porém, se você levar em conta as bases filosóficas, a própria criação de símbolos
ou de sistemas de contagem veio de problemas reais, ou seja, esses símbolos e
sistemas foram talvez as primeiras concepções de problemas modelados.

Resolução de problemas
De acordo com Mazur (2012), a resolução de problemas objetiva resolver o
máximo possível de situações apresentadas, sem a preocupação com a qualidade
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e com o nível de dificuldade (se são problemas fáceis, médios ou difíceis).


Mas, antes de resolver um problema, é necessário levar em consideração certas
estratégias que facilitam a compreensão e a interpretação matemáticas. Só
assim esse procedimento vai ser visto como um conhecimento capaz de ser
apreendido pelos alunos.
Obviamente, o professor precisa não só ensinar o conteúdo previamente,
como também estar aberto a observações e pontos de vista diferentes. Ele deve
até mesmo considerar a possibilidade de se deparar com formas inovadoras
de resolver problemas. Assim, precisa destinar um período para obter um
retorno dos alunos. Isso favorece o pensamento matemático, que passa a ser
uma ação criativa.
Na resolução de problemas, a técnica utilizada pelo aluno é pouco signifi-
cativa. Ele pode utilizar a oralidade, o desenho, a dramatização, até chegar à
possibilidade de utilizar os critérios formais impostos pelas regras matemá-
ticas. Contudo, o professor deve analisar o percurso percorrido na resolução
para que não haja resultados corretos porém feitos de forma errada. Como
você pode imaginar, isso poderia levar o aluno a acertar alguns problemas
similares, porém não todos.

História da matemática
Para começar, veja a definição de Einstein sobre a matemática:

A melhor coisa que podemos vivenciar é o mistério. Ele é a emoção funda-


mental que está no berço da ciência e da arte verdadeiras. Aquele que não
conhece e não mais se maravilha, não sente o deslumbramento, vale o mesmo
que um morto, que uma vela apagada (LÍVIO, 2009, p. 14).

A história da matemática é uma tendência pedagógica que pode ser uma


grande aliada do professor na tarefa de despertar nos alunos o deslumbramento a
que Einstein se referiu. Essa tendência busca firmar as bases cognitivas do aluno
no processo histórico que envolveu a construção de cada tópico a ser estudado.
Assim, os professores que utilizam essa pedagogia precisam pesquisar e elaborar
suas aulas e atividades para que os questionamentos sobre o tema sejam lançados
e possivelmente respondidos dentro do contexto histórico original.
Como você sabe, cada vez mais se busca a contextualização no ensino
da matemática. Mas essa contextualização pode dar-se dentro do contexto
atual do seu uso e da sua aplicação, ou de acordo com a tendência de his-
tória da matemática, baseada nas origens dessa disciplina. Essa tendência
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costuma despertar o interesse pela história como ferramenta de ensino.


Ela tem se tornado uma forma de trabalhar situações mais próximas da
realidade dos alunos.
Para consolidar o processo de ensino e aprendizagem apoiando-se na história
da matemática, é necessário realizar atividades centradas nas informações
históricas existentes, ainda que sejam lendas. A partir daí, a ideia é conduzir
a produção de conhecimento e orientar os estudantes durante a realização das
atividades. Assim, a história da matemática pode ser uma ferramenta pode-
rosa para trazer novos conteúdos ao conhecimento dos alunos. Porém, essa
prática exige a adoção de uma metodologia de ensino diferenciada por parte
do professor, que pode vir a se perguntar: como prosseguir com os conteúdos
após a explanação histórica inicial?
Esse questionamento é perfeitamente válido, porém não há necessidade
de a metodologia ser totalmente voltada para a apreciação histórica. O que se
espera é que o aluno ocupe o lugar de quem precisa resolver dado problema
ou situação em um contexto histórico. Após o estudante perceber as necessi-
dades que deram origem aos estudos e avanços de determinado conteúdo, o
professor pode seguir com outro método, sem que tenha prejudicado o foco
da investigação inicial.
As atividades históricas podem ser escritas ou visuais, mas precisam
provocar a curiosidade do aluno. Essa curiosidade deve estimular o estudante
a participar e a conceber ideias e expressões verbais, ou seja, ele precisa ser o
protagonista da experiência. Esse processo de construção reflexiva aponta para
a compreensão dos fatos observados por meio da formalização concretizada
pelos algoritmos sistematizados e fórmulas, que devem ser apresentados depois
da investigação e da construção do processo.

As atividades relacionadas à história da matemática podem ser desenvolvidas nas pri-


meiras séries do ensino fundamental. Toda dinâmica com bases históricas desenvolvida
em sala de aula estimula o pensamento investigativo. Nos primeiros anos escolares, esse
estímulo pode aguçar a curiosidade e despertar o gosto pelo ato de descobrir. Esse
processo ativo-reflexivo na aprendizagem tem suma importância na vida acadêmica
do aluno. Dessa maneira, a história da matemática é um método pedagógico que
garante ao estudante papel ativo na construção de seu conhecimento.
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Aqui, você conheceu as tendências mais utilizadas atualmente. Contudo,


existem diversas outras. Você pode pesquisar mais sobre o assunto e escolher
as alternativas que considerar mais interessantes. Muitas dessas práticas podem
ser aplicadas em conjunto, e nenhumas delas deve se tornar engessada. A ideia
é que elas auxiliem o professor e o aluno ao longo do processo de ensino e
aprendizagem — nunca o contrário.

A educação matemática em seu contexto


interdisciplinar
A interdisciplinaridade é um conceito relativamente novo. O debate em torno
dele só teve início no século passado. Em síntese, a interdisciplinaridade é
a coexistência entre duas ou mais disciplinas com o objetivo de unificar ou
universalizar conhecimentos. Quando se contextualiza um tema, fica ainda
mais evidente que situações reais sempre envolvem mais de uma disciplina.
Existem outros conceitos que são “irmãos” da interdisciplinaridade. Se-
gundo as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCNEB),
“[...] a disciplinaridade, a pluridisciplinaridade, a transdisciplinaridade e a
interdisciplinaridade são as quatro flechas de um único e mesmo arco: o do
conhecimento [...]” (NICOLESCU, 2000, p. 17 apud BRASIL, 2013, p. 28).
Conforme as DCNEB, a interdisciplinaridade pressupõe a transferência de
conhecimentos entre diferentes disciplinas. Essa prática deve ser considerada
no momento em que o professor elabora o currículo anual, bem como ao
organizar cada aula. Por sua vez, a transversalidade

[...] é entendida como uma forma de organizar o trabalho didático-pedagógico


em que temas e eixos temáticos são integrados às disciplinas e às áreas ditas
convencionais, de forma a estarem presentes em todas elas. A transversali-
dade difere-se da interdisciplinaridade e complementam-se; ambas rejeitam
a concepção de conhecimento que toma a realidade como algo estável,
pronto e acabado. A primeira se refere à dimensão didático-pedagógica
e a segunda, à abordagem epistemológica dos objetos de conhecimento.
A transversalidade orienta para a necessidade de se instituir, na prática
educativa, uma analogia entre aprender conhecimentos teoricamente siste-
matizados (aprender sobre a realidade) e as questões da vida real (aprender
na realidade e da realidade). Dentro de uma compreensão interdisciplinar
do conhecimento, a transversalidade tem significado, sendo uma proposta
didática que possibilita o tratamento dos conhecimentos escolares de for-
ma integrada. Assim, nessa abordagem, a gestão do conhecimento parte
do pressuposto de que os sujeitos são agentes da arte de problematizar e
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interrogar, e buscam procedimentos interdisciplinares capazes de acender


a chama do diálogo entre diferentes sujeitos, ciências, saberes e temas. A
prática interdisciplinar é, portanto, uma abordagem que facilita o exercício da
transversalidade, constituindo-se em caminhos facilitadores da integração do
processo formativo dos estudantes, pois ainda permite a sua participação na
escolha dos temas prioritários. Desse ponto de vista, a interdisciplinaridade
e o exercício da transversalidade ou do trabalho pedagógico centrado em
eixos temáticos, organizados em redes de conhecimento, contribuem para
que a escola dê conta de tornar os seus sujeitos conscientes de seus direitos
e deveres e da possibilidade de se tornarem aptos a aprender a criar novos
direitos, coletivamente (BRASIL, 2013, p. 29).

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) traz as orientações para


a construção dos currículos. Juntamente à contextualização de temas, esse
documento ressalta a importância de se levar em conta a interdisciplinaridade,
ou seja, de

[...] decidir sobre formas de organização interdisciplinar dos componentes


curriculares e fortalecer a competência pedagógica das equipes escolares para
adotar estratégias mais dinâmicas, interativas e colaborativas em relação à
gestão do ensino e da aprendizagem [...] (BRASIL, 2018, documento on-line).

Além disso, no que diz respeito à disciplina de matemática, a BNCC sugere


que os temas interdisciplinares levem em conta cultura, trabalho e dinheiro, além
de questões psicológicas, sociais e políticas. Dessa forma, a interdisciplinaridade
extravasa as disciplinas curriculares e os limites da escola (BRASIL, 2018,
documento on-line). Ela deve envolver temas com os quais o aluno convive
ou conviverá fora da escola. Portanto, a interdisciplinaridade compete com a
contextualização no que tange ao aprimoramento curricular e pedagógico, cola-
borando para a formação de um aluno crítico dos temas da sociedade à sua volta.

A interdisciplinaridade na prática
Veja o que Galileu Galilei disse sobre a matemática:

A Filosofia está escrita neste grande livro — refiro-me ao Universo — que


se mantém continuamente aberto ao nosso escrutínio, mas que não pode ser
compreendido, a menos que primeiro se aprenda a entender a linguagem e
interpretar as letras com que foi escrito. Ele foi escrito na linguagem da Ma-
temática, e sua escrita são triângulos, círculos e outras figuras geométricas,
sem as quais é humanamente impossível entender uma palavra sequer dele.
Sem elas, fica-se vagando em labirinto escuro (LÍVIO, 2009, p. 271).
Tendências atuais de ensino e educação matemática 9

Como Galileu afirmou, a matemática foi a linguagem utilizada para escrever


o universo. Então, ela compõe tudo à sua volta. O que o homem fez foi criar
símbolos que a representam. Portanto, a matemática pode — e deve — ser vista
dessa forma, ou seja, como uma linguagem simbólica utilizada para expressar
fenômenos naturais. Sem ela, a sua vida não seria a mesma.
Como você viu nos tópicos anteriores, a educação matemática se encarrega
dos métodos de ensino de matemática. Além disso, ela busca o constante
aprimoramento da relação entre ensino e aprendizagem. Então, certamente
deveria preocupar-se também em fazer da matemática uma disciplina mais real
e interdisciplinar, que pudesse ser vista de forma mais palpável pelos alunos.
Em todas as tendências, conteúdos matemáticos básicos, como estatística,
podem ser foco de trabalhos e pesquisas interdisciplinares já desde os primeiros
anos do ensino fundamental. Contudo, um tema em especial pode ser explorado
de forma lúdica e rompendo as barreiras da sala de aula: o meio ambiente. Para
abordar a temática do meio ambiente, o professor pode usar largamente a razão
áurea em sala de aula, visto que ela expressa uma matemática bem concreta e
visual, facilitando a atividade de campo com alunos de qualquer idade.

Para tratar de temas diversos, atividades como palestras e apresentações


de cartazes podem ser ótimas sugestões para relacionar a matemática com
outras disciplinas. Palestras sobre saúde, por exemplo, podem vir carregadas
de números e dados estatísticos. Esses dados podem ser usados posteriormente
para a aplicação de diversos conteúdos.

Além disso, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) citam a impor-


tância da matemática para a formação cidadã. Assim, outra possibilidade de
abordagem interdisciplinar é o ensino da matemática voltada para a educação
do consumidor. É possível, nesse caso, relacionar temas como medidas, por-
centagens e sistema monetário (BRASIL, 1996).
10 Tendências atuais de ensino e educação matemática

BIEMBENGUT, M. S. Modelagem matemática & implicações no ensino e aprendizagem de


matemática. Blumenau: FURB, 1999.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018.
Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 25 set. 2018.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Secretaria de Edu-
cação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Secretaria de Educação
Profissional e Tecnológica. Conselho Nacional da Educação. Câmara Nacional de
Educação Básica. Diretrizes curriculares nacionais gerais da educação básica. Brasília:
MEC, 2013. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_
docman&view=download&alias=13448-diretrizes-curiculares-nacionais-2013-
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BRASIL. Ministério de Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC, 1996.
Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/33038>. Acesso em:
20 set. 2018.
D’AMBROSIO, U. Educação matemática: da teoria à prática. 2. ed. Campinas: Papirus,1997.
LÍVIO, M. Razão áurea: a história de FI, um número surpreendente. Rio de Janeiro:
Record, 2009.
MAZUR, S. M. L. As diferentes tendências em educação matemática e o seu significado
para o estudo dessa ciência. 2012. 42 f. Monografia (Especialização em Educação:
Métodos e Técnicas de Ensino) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná,
Medianeira, 2012.
RIBEIRO, F. M.; PAZ, M. G. O ensino da matemática por meio de novas tecnologias.
Revista Modelos, Osório, ano 2, v. 2, n. 2, ago. 2012. Disponível em: <http://facos.edu.
br/publicacoes/revistas/modelos/agosto_2013/pdf/o_ensino_da_matematica_por_
meio_de_novas_tecnologias.pdf>. Acesso em: 20 set. 2018.
SÁ, R. Educação matemática. [2018]. Disponível em: <https://www.infoescola.com/
matematica/educacao-matematica/>. Acesso em: 20 set. 2018.
SANTOS, R. M. B. TIC’S: uma tendência no ensino de matemática. 2007. Disponível em:
< https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/tics-uma-tendencia-no-ensino-
-matematica.htm>. Acesso em: 20 set. 2018.
Tendências atuais de ensino e educação matemática 11

Leituras recomendadas
BIEMBENGUT, M. S. Número de ouro e seção áurea: considerações e sugestões para a
sala de aula. Blumenau: FURB, 1996.
SILVEIRA, T. L. A razão áurea na botânica: práticas contextualizadas utilizadas como
elemento de motivação da educação matemática. 2018. 96 f. Dissertação (Mestrado
em Matemática) – Pós-Graduação em Mestrado Profissional em Matemática em Rede
Nacional, Instituto de Ciências Exatas, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro,
Seropédica, 2018. Disponível em: <https://sca.profmat-sbm.org.br/sca_v2/get_tcc3.
php?id=160510443>. Acesso em: 20 set. 2018.
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