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INSTITUTO SANTO TOMÁS DE AQUINO

Teologia 2° período - 26/11/2015


História do Cristianismo Medieval/ Luiz Antônio
Aluno: José Roney de Freitas Machado

Tese Reassuntiva

“Cluny não foi o único centro de reforma monástica durante o dramático ‘Século de
Ferro’. Mas não podemos negar que sua benéfica influência foi a mais vasta e
duradoura. Graças à sua atuação e à explícita vinculação à Sé de Roma, tornou-se
um dos principais instrumentos de renovação eclesiástica do séc. XI.”

De modo geral, falar em Igreja ou Papado entre os Séculos X e XIII é análogo a


falar em Reforma. Dentre as reformas que se sucederam nesse intervalo de tempo, uma
das mais significativas e duradouras, que se tornou um importante instrumento de
renovação eclesiástica do século XI foi a reforma de Cluny.
Tal reforma, antecipada pelo Monge Bento de Aniane (750-821), que defendia
para o Monacato maior independência em relação ao poder político, bem como maior
solidariedade entre os vários mosteiros, teve seu marco inicial na segunda metade do
século X, também conhecido como “século de ferro”, dada as inúmeras convulsões e
transformações sócio-político-econômico-culturais e religiosas que ele abrigara. Nesse
momento, devido ao declínio do Império Carolíngio, a decadência material e moral da
Cristandade, e a perda dos favores oferecidos pelo poder político, a Igreja que, outrora,
gozava de grande status social, viu-se envolvida nas rivalidades dos senhores feudais, e
teve que lidar com o problema das investiduras leigas (Briga entre Espada e Cruz).
Fundada nas imediações do ano de 910 pelo Duque Guilherme de Aquitâna, na
região da Borgonha (extremo leste da França atual), próximo à Taizé, Cluny foi a
Abadia que deu origem a Ordo Cluniacensis. Desde o início, ela gozou de notável
liberdade de atuação frente a Bispos e Príncipes locais. Isso se deu graças à sua
favorável localização em território independente e devido a uma carta de isenção que a
desobrigava de se submeter a autoridades temporais externas (privilégio concedido pelo
Papa João XIX em 1024, e confirmado por Gregório VII em 1080), mantendo-se
dependente somente da Santa Sé.
Cluny se multiplicou em inúmeras Abadias por várias regiões da Europa, todas
elas, vinculadas à abadia-mãe. Os laços que as mantinham unidas eram basicamente
três: a submissão ao Abade Geral (Abade de Cluny), a aceitação da Regra de São Bento
e a carta de dependência, contendo obrigações, privilégios e imunidades.
Cluny foi bem sucedida no seu propósito reformista de promover uma renovação
espiritual, conter o relaxamento dos costumes que, por influência das intromissões
políticas, havia invadido a vida monástica e eclesiástica, bem como se desvincular da
tutela do senhorio leigo. Não obstante, devido a uma série de fatores, dentre os quais, o
seu desmedido enriquecimento, o aumento excessivo de seus integrantes, o descuido na
formação de novos candidatos, os exageros litúrgicos quanto à oração, o quase
desaparecimento do trabalho e as novas tendência e aspirações religiosas que surgem
naquele período (anseio por uma vida religiosa mais austera),”, Cluny perde o seu vigor
inicial e cai em declínio.
Nesse contexto, como reação direta contra a Ordo Cluniacensis, temos notícia da
fundação da Abadia de Cister, por Roberto de Molesme (+1111), este que, juntamente
com alguns monges companheiros, abandona Cluny para retornar à observância radical
da antiga Regra Beneditina. Esse foi o ponto de partida para o surgimento da Ordem dos
Cistercienses, cujo principal protagonista é, sem dúvidas, São Bernardo de Claraval
(1153).
De qualquer modo, embora se tenha apagado com o tempo o ardor primeiro,
parece indiscutível o fato de que, as forças morais e espirituais armazenadas na
renovação monástica de Cluny foram a base da reforma do Papado no Século XI, a
então chamada “Reforma Gregoriana”.

Referências:

KNOWLES, David. Ascensão e declínio de Cluny. 03 - Concilium, Petrópolis: Vozes,


v.97, n.7, p. 848-857, 1974.
MATOS, Henrique Cristiano José. Introdução à História da Igreja: idade antiga e
medieval. 6.ed. Belo Horizonte: O Lutador, 1997 / 2009. v.1. 351 p.
_______. HI-29. Ascenção e Declínio de Cluny. s/d.

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