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Aletheia 27(1), p.51-64, jan./jun.

2008

Fenomenologia da queixa depressiva em adolescentes:


um estudo crítico-cultural
Anna Karynne da Silva Melo
Virginia Moreira

Resumo: Esta pesquisa teve como objetivos compreender o fenômeno da queixa depressiva da
clientela adolescente do SPA/NAMI, a Clínica Escola da Universidade de Fortaleza, e a relação entre
a queixa depressiva e o mundo cultural dos adolescentes que buscam tratamento nesta instituição.
Utilizando uma metodologia fenomenológica analisamos vinte prontuários de adolescentes atendi-
dos ou em atendimento com queixa de depressão. Os resultados mostram que a condição sócio-
econômica, a relação familiar, a experiência da religião, o relacionamento afetivo, a percepção de si, a
experiência com as drogas, a busca do findar o sofrimento e a dificuldade de interação social são
aspectos constitutivos da experiência vivida da depressão destes adolescentes.
Palavras-chaves: depressão; adolescência; fenomenologia.

Phenomenology of the depressive complaint in adolescents:


a critical cultural study
Abstract: This research had as objective to understand the phenomenon of the depressive
complaint of the adolescent clientele of the SPA/NAMI, the Clinical School of the University
of Fortaleza, and the relation between the depressive complaint and the cultural world of the
adolescents who search treatment in this institution. Using a phenomenologycal methodology
we analyze twenty handbooks of taken care of adolescents or in attendance with depression
complaint. The results show that the partner-economic condition, the familiar relation, the
experience of the religion, the affective relationship, the perception of itself, the experience
with the drugs, the search of finishing the suffering, and the difficulty of social interaction are
constituent aspects of the lived experience of the depression of these adolescents.
Keywords: depression; adolescence; phenomenology.

Introdução

A depressão, como síndrome psicopatológica, está, atualmente, muito presente


na adolescência tal como assinalam estudos recentes sobre esta sintomatologia
específica nesta fase (Braconnier,1989; Harrington, 2005; Moj & Sartorius, 2005). Tendo
em vista que estes estudos foram realizados em outros contextos socioculturais, nos
interessou pesquisar como a depressão é vivida por adolescentes atendidos no SPA/
NAMI - Serviço de Psicologia Aplicada, em Fortaleza, Ceará, com suas características
socioculturais específicas, ou seja, de uma população de um bairro da periferia da
cidade de Fortaleza.
Esta pesquisa consiste em um prolongamento do projeto de pesquisa “Critical
Phenomenology of depression: a cross cultural study in Brazil, Chile, and the United
States” (Moreira, No prelo). Segundo conclusões do referido estudo, há uma mútua

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constituição entre depressão e cultura, significando que a constituição da
psicopatologia é formada de “múltiplos contornos”: a depressão e a cultura estão
entrelaçadas. Pretendendo ampliar aquela investigação a respeito da mútua constituição
entre depressão e a cultura, focalizamos, aqui, especificamente, a clientela adolescente
do SPA/NAMI em Fortaleza. CE. As hipóteses levantadas foram de que a experiência
de depressão do adolescente cearense se constitui mutuamente com o mundo
sociocultural em que ele vive; de que a sintomatologia da depressão é diferente na
adolescência daquela da vida adulta e de que a depressão está relacionada com o
modo de vida do adolescente. A partir da análise fenomenológica (Moreira, 2004) da
queixa inicial de adolescentes que buscam atendimento no SPA/NAMI, nossa
investigação se voltou às diversas formas, através das quais as queixas depressivas
dos adolescentes informam sobre a sua existência, buscando compreender como
aspectos sócio-culturais fazem parte dos sintomas que expressam esta vivência na
adolescência. Esta pesquisa teve como objetivos compreender o fenômeno da queixa
depressiva da clientela adolescente do SPA/NAM, descrevendo a sintomatologia
depressiva como queixa dos adolescentes do SPA/NAMI e compreender a relação
entre a queixa depressiva e o mundo cultural dos adolescentes.

Adolescência, mundo atual e depressão

A adolescência é um período com características próprias, no qual o sujeito


necessita de delimitações para exercitar a busca de si mesmo, responder para si a
questão: quem eu sou? Nesta, é produzida uma angústia inerente ao processo da
adolescência, dado que, ao longo deste, ocorrem mudanças físicas, tais como o
crescimento dos seios e do pênis, por exemplo, e psíquicas, como a capacidade do
pensamento abstrato e sentimento de perdas, que são sensações bastante específicas
desta fase, com situações e peculiaridades próprias experienciadas por qualquer
adolescente. Na adolescência, surgem novas experiências e desmoronam velhas
certezas (Erikson, 1993; Jeammet, 1994; Rappaport & cols., 1993; Rassial,1997).
Nos dias atuais a adolescência é considerada um processo cada vez mais longo,
pois não se trata mais de pensá-la como faixa etária e sim como forma de lidar com os
acontecimentos subjetivos de sua existência. As experiências da infância praticamente
estão desaparecendo com as imposições da mídia, do consumo e da publicidade, que
fazem as crianças cada vez mais próximas do mundo adolescente e adulto. Essa
proximidade faz com que o adolescente contemporâneo viva uma adolescência
prolongada. O que está ocorrendo para que aconteçam estas mudanças? O que vivemos
agora é a expressão da pluralidade e da diversidade dos modos de vida que provocam,
no adolescente, um sentimento de insegurança e de incerteza quanto às suas
necessidades e à possibilidade de realizá-las na relação com o mundo. Isto suscita um
mal-estar que, em alguns casos, gera novas síndromes psicopatológicas, caracterizadas
como stress, fobia, bulimia, alterações do sono e depressão.
É interessante pensar sobre o diagnóstico dessas novas síndromes a partir da
idéia de Bergeret (1988), que indica a existência da dificuldade do clínico em classificar
os fenômenos psicopatológicos na adolescência, por se tratar de um período de

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potencial estrutural, ou seja, não se tem a definição estrutural do sujeito para que se
possa realizar uma definição válida da psicopatologia. Essa dificuldade torna-se ainda
mais complicada, quando se traz à tona a discussão de normalidade e anormalidade.
Para este autor, esses conceitos não podem ser entendidos por aquilo que é da ordem
do coletivo, do ideal ou do que é comum a todos, estatisticamente apontado. Normal e
patológico está em relação ao modo como o sujeito supera ou não supera os seus
conflitos, “... um sujeito que conserva em si tantas fixações conflituais como tantas
outras pessoas...” (p.21).
Assim, normal ou sadio é a flexibilidade das capacidades pessoais e defensivas
ou adaptativas, compreendendo que patológico, é a fixação dessas capacidades.
Bergeret (1988) compreende que a qualquer momento o que é ‘normal’ pode passar a
ser uma patologia mental. Esses conceitos são definidos independentes da noção de
estrutura, como nos indica: “A noção de ‘normalidade’ estaria, assim, reservada a um
estado de adequação funcional feliz, unicamente no seio de uma estrutura fixa, seja
esta neurótica ou psicótica, sendo que a patologia corresponderia a uma ruptura do
equilíbrio dentro de uma mesma linhagem estrutural” (p.29).
Numa mesma perspectiva, Widlöcher (2001) assinala que o diagnóstico de um
fenômeno psicopatológico na adolescência, principalmente, o da depressão, deve
levar em consideração aspectos subjetivos e objetivos. O diagnóstico da depressão
deve buscar reconhecer em que ela se diferencia de outros sinais como a simples
tristeza. Os sujeitos descrevem sua angústia, seu sentimento de fracasso e de
desespero, sua sensação de fadiga e sua dificuldade de concentração como sendo os
sintomas experienciados na depressão. Aparece ainda, na descrição dos adolescentes
depressivos, o comportamento abatido, linguagem lenta e movimento corporal mais
paralisado. Widlöcher (2001) afirma que para caracterizar efetivamente a depressão é
necessário aparecer dois sintomas centrais: a tristeza e a lentificação psicomotora.
Apesar do sentido de universalidade dos sintomas, deve-se pensar nas diferenças
culturais na descrição e no sentido do vivido da experiência depressiva do adolescente.
Kleinman e Good (1985), Desjarlais, Eisenberg, Good e Kleinman (1997) também
indicam a estreita relação entre cultura e depressão. Segundo estes autores, os estudos
antropológicos demonstram diferenças entre as culturas tanto no sentido da depressão
como em seus nos sintomas. Assim, diferentes culturas apontam diferentes sinais da
depressão. Entendemos que na realidade brasileira há sinais e descrições diferentes
da depressão quando consideramos que muitos dos jovens no Brasil encontram-se na
rua. Muitas crianças e adolescentes não conseguem permanecer na escola, pois logo
cedo precisam se inserir no mercado de trabalho informal para complementar a renda
familiar. Alguns dos jovens entram na prostituição e no roubo. Esta realidade faz com
que tenham relações sexuais precocemente, consumam drogas e contraiam doenças,
ainda muito novos.
Tendo todas essas questões atravessando a adolescência, Harrington (2005)
compreende que cada vez mais a depressão acontece nos sujeitos adolescentes. A
turbulência na adolescência que antes era considerada como inerente ao processo,
tem passado a ser entendida como algo não tão ‘banal ‘ ou ‘comum’, mas como um
fenômeno que traz um grande conflito nesse período. Devido a isso, tem-se uma enorme

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dificuldade em diagnosticar a depressão na adolescência. Assim o melhor indicador
dessa patologia na adolescência seria a duração do problema.
Numa conceituação validada dos sinais que possibilitam diagnosticar a depressão,
temos a Classificação de Transtornos Mentais e Comportamentos do CID-10 (OMS,
1993), que indica a depressão como pertencendo ao grupo dos transtornos afetivos do
humor, apresentando como principais sintomas, a perda de interesse e de prazer e a
energia reduzida, levando à fatiga aumentada e à atividade diminuída. Outros sintomas
também podem estar presentes tais como concentração, atenção, auto-estima e
autoconfiança reduzidas; idéias de culpa e de inutilidade; visões desoladas e pessimistas
do futuro; idéias ou atos autolesivos ou de suicídio; sono perturbado, e apetite
diminuído. Pode apresentar também aspectos como irritabilidade, consumo excessivo
de álcool, comportamentos histriônicos ou exacerbação de sintomas fóbicos ou
obsessivos. Conforme o CID-10 (OMS, 1993) alguns dos sintomas da depressão são
precipitados pela vida estressante em muitas culturas, mas não define o que considera
estressante e nem mesmo aponta as diferenças culturais. Na verdade, estas são diretrizes
diagnósticas consideradas universais, ou seja, norteiam a descrição e a leitura do
diagnóstico de todo profissional que trabalha com as psicopatologias.
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais [DSM IV], (2002)
apresenta a depressão na seção relativa aos transtornos de humor. O Transtorno
Depressivo é classificado em: Transtorno Depressivo Maior, caracterizado por um ou
mais episódio depressivo maior (presença dos sintomas de perda de interesse ou
prazer por quase todas as atividades pelo menos por duas semanas); Transtorno
Distímico, a presença dos sintomas por pelo menos dois anos e na maior parte do
tempo; e Transtorno Depressivo Sem outra especificação, são os transtornos com os
sintomas depressivos, mas que não seguem totalmente os critérios dos outros
transtornos citados acima. Na adolescência, segundo esta classificação, os sintomas
de tristeza e ausência de interesse são substituídos, algumas vezes, pelo da irritabilidade.
Compreendemos a importância da leitura diagnóstica a partir da CID-10 (OMS,
1993) e do DSM IV (2002), pois nos aponta indicativos de um delineamento do quadro
depressivo, mas reconhecemos também a limitação desta forma de diagnosticar. Assim,
partimos da idéia de que a depressão é uma das possibilidades de existir do sujeito na
sua relação com o mundo, já que entendemos que os fenômenos psicopatológicos têm
uma etiologia tanto biológica, quanto situacional e cultural (Moreira, 2001). A lente da
psicopatologia crítica, utilizada no presente estudo, nos leva a buscar compreender a
multiplicidade dos contornos na composição da depressão. Trata-se de pensar o sujeito
cultural, numa perspectiva na qual a cultura é compreendida como constituinte dos
quadros psicopatológicos, buscando compreender as desordens psicopatológicas
como manifestações de processos socioculturais, trabalhando tanto no nível
comunitário quanto no interpessoal, para além do individual (Fox & Prilleltensky, 1997;
Moreira, 2001, 2002, 2003a, 2003b, 2003c, 2005a, 2005b; Moreira & Freire, 2003; Sam, &
Moreira, 2002; Sloan,1996).
Com a modernização da sociedade brasileira, as pessoas migraram intensamente
do interior para as zonas urbanas. Isto provocou um aumento da busca de emprego,
habitação, educação e saúde. Com este novo cenário, as relações afetivas foram sendo

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deterioradas, pois a luta pela sobrevivência tornou-se questão central para o sujeito,
não havendo mais espaço para ritos, como sentar nas calçadas para a conversa de fim
de tarde com os vizinhos, que, antes, existiam e que eram importantes para a subjetivação
(Barreto, 1993).
Segundo Scliar (2003), atualmente o homem se perde na ampliação dos espaços
urbanos; com a hegemonia do capitalismo ocorreu a destruição da antiga forma de
viver para surgir uma nova maneira, ou seja, antes o cotidiano não era tão atravessado
pela tecnologia e pela rapidez do tempo como agora em que as relações são virtuais e
efêmeras.
O autor sustenta que a destruição nunca acontece sem a culpa, e com a culpa vem
a depressão. Assim, a depressão passou a ser uma nova maneira de estar no mundo.
Entretanto, esta maneira de viver é considerada, na modernidade, como uma doença,
embora, para Scliar (2003), não exista doença sem hospedeiro. Ou seja, há uma
suscetibilidade do homem moderno à depressão, devido a este novo modo de viver, isto
é, existe uma relação entre depressão psíquica com a depressão econômica e social.
Este autor ilustra a discussão com o exemplo de um outro momento histórico, a
grande depressão norte-americana, quando os trabalhadores viveram um período de
grande temor, de falta de emprego e de fome. Depressão era, então, sinônimo de pobreza,
no sentido econômico. Scliar (2003) destaca que estas duas concepções de depressão,
a psíquica e a econômica, referem-se a uma carência e a um sentimento de perda e de
inadequação para alcançar objetivos. Para ele, no sistema econômico capitalista, prega-
se um modo de vida maníaco, que seria supostamente menos doloroso e mais rentável.
A mania tem uma imagem melhor do que a depressão, pois se refere à agilidade, à
produtividade e à aceleração necessárias para este novo modo de viver.
Como se inserem estas questões na adolescência? Há uma exigência cada vez
maior e mais veloz do “mundo pós-moderno” quanto ao desempenho e à eficácia com
relação à informação e à tecnologia. Estas exigências se manifestam cada vez mais
cedo para os adolescentes. O início das exigências ocorre desde a infância, quando as
crianças assumem responsabilidades como cuidar de casa, dos irmãos mais velhos, de
reconhecer o certo e o errado, nas classes sociais pobres, ou são cobradas por atividades
complexas e diversificadas como o uso do computador e da internet, nas classes mais
favorecidas economicamente. Nem todos os adolescentes estão preparados para
enfrentar as exigências “pós-modernas”, principalmente aquela que se refere à escolha
definitiva da profissão, pois eles têm dificuldade de lidar com a necessidade de se
adaptar a esta nova proposta de vida, no qual os acontecimentos são rápidos e
eficientes. Muitas vezes o sujeito vive, ainda, numa infância que não elaborou, pois o
mundo impôs a necessidade dele ser adolescente; vive ainda uma vida de criança, e
mesmo com algumas exigências, o tempo não tem a mesma pressa. O que é praticamente
imposto aos adolescentes é a necessidade de estar constantemente reciclando as
informações, pois o que lhes é transmitido é que quanto mais o sujeito for atualizado e
informado, melhor administrará a si mesmo e tanto maior será a sua capacidade de lidar
com as adversidades do mundo.
Descrever a experiência vivida na adolescência muitas vezes se confunde com a
descrição do que caracteriza a depressão. Tristeza, raiva, apatia e sentimento de

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inutilidade são fenômenos comuns tanto à adolescência quanto à depressão. Por isso
mesmo diferenciar adolescência de depressão é, frequentemente, uma questão difícil;
é necessário ficar-se atento não apenas ao sujeito adolescente, como também à sua
relação com o mundo e a seu modo de viver. Ou seja, só a compreensão do mundo
vivido (lebenswelt) do adolescente, tornará possível uma maior clareza com relação a
esta questão, não confundindo características próprias da adolescência com sintomas
de depressão.

Local do estudo: o Serviço de Psicologia Aplicada da Universidade de Fortaleza –


SPA/NAMI

O SPA/NAMI é uma instituição que tem como objetivo prestar serviços à


comunidade de baixa renda de Fortaleza e proporcionar aos estudantes de psicologia
atividades de estágio. Trata-se da Clínica Escola da Universidade de Fortaleza, que
oferece vários serviços nas áreas de psicologia clínica, escolar e organizacional.
Atualmente, esta instituição atende a todas as comunidades da cidade de Fortaleza,
mas, mais especificamente, a do Dendê. Esta se encontra no bairro Edson Queiroz e
sofre de uma enorme carência econômica, más condições básicas de saneamento,
índices altos de prostituição e de adolescentes com problemas com drogas. Como o
SPA/NAMI está situado neste bairro, dá prioridade de atendimento às pessoas que
residem no Dendê. Os primeiros atendimentos eram realizados especificamente para
a clientela desta comunidade, mas o crescimento da demanda por atendimento tanto
da população do Dendê quanto de outras, ocorreu a ampliação dos serviços e dos
bairros que poderiam receber atendimentos na instituição, que se tornou, hoje, uma
referência em psicologia.
As pessoas buscam os serviços prestados pelo SPA/NAMI fazendo inscrição
através de uma ficha. Esta contém os dados gerais do futuro paciente. Após o
preenchimento desta ficha, ocorre o processo de triagem ou as entrevistas iniciais
feitas pelos estudantes do Curso de Psicologia nos últimos semestres. Nesse processo
de entrevistas iniciais é investigado o motivo da procura pelos serviços do SPA/
NAMI, ou seja, a queixa que levou à busca de ajuda psicológica. Ao término das
entrevistas iniciais ou de triagem, o paciente é encaminhado a algum serviço de
psicologia como psicoterapia, psicodiagnóstico, psicoterapia breve, grupo operativo,
dentre outros, ou para demais serviços oferecidos no NAMI como terapia ocupacional,
nutrição, atendimento médico, fisioterapia, dentre outros. Foi a partir destas fichas
que descrevem a queixa inicial que realizamos a coleta dos dados da queixa de pressão
nos adolescentes atendidos ou em atendimento nos diversos serviços de psicologia
do SPA/NAMI.

Método

Esta pesquisa trabalhou com o método fenomenológico baseado no


pensamento de Merleau-Ponty, entendendo que a experiência de depressão do

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adolescente cearense se constitui mutuamente com o mundo sociocultural em que
ele vive (Moreira, 2004). O método fenomenológico busca a descrição do fenômeno
com o intuito de construir um conhecimento do mundo. Utilizando este método,
propusemo-nos à descrição do que significa ser adolescente atualmente, na realidade
sócio-cultural especifica dos pacientes atendidos no SPA/NAMI, e de como a
depressão é vivida pelo sujeito adolescente, buscando compreender os elementos
do seu mundo relacionados à depressão. Forghieri, (1993) e Amatuzzi (1994, 1995,
1996) indicam que este método elabora a construção de um conhecimento a partir
dos dados e do material colhido. É através da objetivação do vivido que se pode
construir um saber que dê conta daquilo que está acontecendo e da experiência da
qual o pesquisador colheu os dados para articulá-los em uma perspectiva teórica.
Trata-se de descrever uma estrutura para chegar a um conhecimento dela. O
pesquisador é quem constrói os próprios passos na pesquisa. Isto significa que, a
partir do que é colhido, este faz uma análise daquilo que o sujeito quis dizer: é a
intenção significativa do vivido, ou ainda, a análise da intenção de dizer.
Neste estudo foram analisados fenomenologicamente 20 prontuários de
adolescentes atendidos no SPA/NAMI nos diversos tipos de atendimento oferecidos
pela instituição. O material utilizado para a análise foi transcrições contidas nos
prontuários, que descrevem e aponta, na maioria das vezes, a queixa depressiva. Para
tanto, foram lidas as primeiras entrevistas que se referiam ao processo de triagem.
Primeiro, fizemos uma seleção dos prontuários optamos por trabalhar com a
delimitação de adolescência por faixa etária, como critério inicial, por entendermos que
isto melhor delinearia a população que poderíamos pesquisar. Foram selecionados os
prontuários dentre os pacientes em atendimento, os desligados e os de processo
interrompido no período de 2000 a 2003 com faixa etária de 13 a 18 anos. Um outro
critério utilizado foi a sintomatologia adotada numa perspectiva nosográfica da
depressão (Braconnier, 1989; Cid-10/DSM IV, [OMS], 1993). Nos prontuários
pesquisados, inicialmente identificamos a queixa depressiva em adolescentes cuja
idade variou dos 15 aos 18 anos, de ambos os sexos, sendo que, dos 20 prontuários
analisados, 7 eram do sexo masculino e 13 do sexo feminino. A escolaridade média dos
pacientes cujos prontuários foram estudados era o ensino médio e a maioria pertencia
às classes sociais de baixa renda.
O passo seguinte diz respeito ao delineamento da pesquisa fenomenológica em
seu momento inicial, a descrição. Este se deu com a leitura dos prontuários, identificando
aqueles, que na sua transcrição, apresentavam a sintomatologia da depressão, fosse
pela fala textual do paciente, fosse por enumerações de sintomas referentes à depressão.
Salientamos que a transcrição dos prontuários foi feita por alunos que cursavam a
disciplina de estágio na área de psicologia clínica, buscando identificar as falas do
adolescente sobre sua depressão. Não utilizamos as interpretações elaboradas pelos
estagiários e transcritas nos prontuários, pois compreendemos que apenas nas falas dos
próprios adolescentes encontraríamos a descrição da queixa de depressão, buscando
uma maior aproximação com o fenômeno vivido.
Em seguida passamos para as demais fases da pesquisa fenomenológica: a de
redução e de compreensão da vivência da depressão pelos adolescentes, conforme

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modelo empregado por Moreira (2001, 2004). Seguindo este modelo, dividimos o texto
da transcrição dos prontuários em:
a) Texto nativo/transcrição literal do prontuário;
b) Análise descritiva ou articulação de sentido do que emerge da descrição.
Trata-se de uma síntese da transcrição buscando o significado ou o sentido da
experiência de depressão vivida pelos adolescentes;
c) A busca das categorias que emergem das falas dos pacientes, no caso desta
pesquisa, as falas se referem à descrição da queixa depressiva, a adolescência e ao
mundo dos sujeitos e sua cultura.

Resultados

Na descrição da queixa depressiva dos pacientes adolescentes atendidos no


SPA/NAMI, tal como registrada nos prontuários, emergiram os seguintes temas a
serem descritos a seguir e ilustrados pelas falas dos adolescentes com nomes fictícios.

A depressão na adolescência é vivida como uma experiência do contexto


familiar.
“Quando eu tinha treze anos, bem no auge dos conflitos entre meus pais, minha
cabeça já não agüentava mais, conheci uma turma e, um dia, na casa de um amigo,
cheirei cocaína.” (Maria, 16 anos)
“Têm várias coisas, mas a mais importante era que eu conseguisse ser eu mesma,
sem que os outros dissessem o que eu deveria fazer. Eles nunca me deixam fazer nada
que eu queira, como sempre fui a queridinha do papai, eles nunca me deixaram “quebrar
a cara”, descobrir as coisas. A única coisa que descobri foi o pó e foi uma péssima
descoberta.” (Maria,16 anos)
“Meu pai diz: são as piores filhas do mundo”, que o cão a leve! Quando penso
que minha irmã morreu e que o meu pai disse isso, fico arrasada. Como é que um pai
deseja uma coisa dessas a uma filha?”(Joana,16 anos)

A descrição da depressão por parte dos adolescentes refere-se à experiência


com a religião, principalmente no que se refere à vivência da dualidade entre o bem
e o mal e aos valores impostos aos adolescentes.
“Minha religião pede que eu fale com outras pessoas sobre Deus, mas não
consigo. Uma vez, tentei e fiquei passando mal, com as mãos geladas; a voz quase não
saía e fiquei tonta.” (Vitória,13 anos)
“... É o lugar mais horrível do mundo e tem dedo dele (o adolescente refere-se ao
Diabo), e podia ser que estivesse no caminho do mal.” (João, 15 anos)

Os adolescentes experienciam o relacionamento afetivo com grande intensidade


e, na maioria das vezes, a queixa depressiva se refere à experiência amorosa.
“Eu fico doida, “pirada”. Sou doente por ele.” (Mariana, 18 anos)
“Quando chego perto dele, fico com dor de barriga, tremo as pernas. Penso 24
horas nele. Não entendo o que se passa comigo.” (Mariana, 18 anos).

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A descrição a depressão por parte dos adolescentes refere-se constantemente à
idéia e às tentativas de suicídio como possibilidade de findar o sofrimento e a perda
de sentido da vida.
“Já tentei me jogar em frente de um carro por ciúmes dele.” (Mariana, 18 anos).
“Minha mãe diz que meu sofrimento é também o sofrimento dela e é por isso que
ainda não fiz besteira, não me joguei de uma ponte: primeiro, pela minha mãe, e, depois,
porque iria queimar, pretinho, no inferno.” (Rafael, 15 anos).

A experiência da percepção de si mesmo emerge das descrições da vivência da


depressão.
“Acho que sou muito agressiva. Não gosto de falar de mim. Quando não gosto
de algo, basta um olhar meu. Também tenho mania de perfeição: sou meio paranóica;
para mim, tudo tem que ser perfeito; já desisti de muita coisa por achar que não atingia
a perfeição que eu queria. Sou muito isolada: chego da aula e me tranco no meu
quarto; não tenho amigos. Acho que é por isso que minha mãe quis que eu viesse, mas
acho que não preciso de psicóloga.” (Maria,16 anos)
“Não sei. Talvez não me aceite. Sei lá! Eu sempre fui medroso”. (Pedro, 15 anos).
“É, mais ou menos. Não sei como gostaria de viver porque não sei o que um
adolescente faz, o que ele gosta de fazer, o que ele pensa...” (Pedro, 15 anos).
“Me sinto como um inseto: ninguém liga e ninguém quer saber. Às vezes até
atrapalha”. (Leonardo, 16 anos)

Os adolescentes descrevem a sua experiência com a droga como um modo de


vivenciar o mundo.
“Uma vez, não sei nem como cheguei em casa! Eles nunca notaram: minha mãe,
eu posso fumar do lado dela que ela não sente e não sabe o que é. Se, um dia, ela notar,
dou qualquer desculpas e pronto.” (Maria,16 anos)
“Uma vez, tentei contar a ele, mas ele achou que era brincadeira minha. A única
pessoa que contei foi minha amiga e ela tentou me ajudar. Há alguns meses, cheirei,
tomei comprimidos e bebi: cheguei em casa, dopada; estava muito mal; ninguém me
viu. No meio da noite, comecei a passar mal, vomitava e desmaiei. Meus pais me
levaram para o hospital. Não sei o que disseram para minha mãe, mas mandaram ela
procurar um psicólogo pra mim.” (Maria,16 anos)

A importância da formação de pares é tema constante na descrição da


experiência da depressão dos adolescentes: por um lado, como suporte para lidar
com a depressão e, por outro, como suscitador do sofrimento deles.
“Achei que ia morrer. Estou tentando me afastar desta turma, pois estava
“descendo” cada vez mais.” (Maria, 16 anos)
“Devido ao meu pai estar sempre bêbado, não levo ninguém para casa, pois
tenho vergonha e, com isto, não tenho amigos e estou me sentindo muito sozinha. Não
agüento mais esta situação.” (Luciana, 18 anos)

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A descrição do que compõe a queixa depressiva refere-se ao modo como o
adolescente lida com a experiência da adolescência.
“ Não tenho vontade de estudar nem de fazer nada.” (Luciana,18 anos)
“Não tenho amigos, e estou me sentindo muito sozinha.” (Luciana, 18 anos)
“Vou acumulando as coisas que as pessoas falam fora de casa, pois não consigo
revidar na hora, e, quando chego em casa, basta alguém falar uma coisinha de nada que
explodo e sou muito grosseira com pessoas que não têm nada a ver.” (Lia, 16 anos)

O adolescente descreve o mundo que o circunda como uma experiência de


despotencialização e de injustiça social
“Ninguém pode ficar parado, só vendo as coisas acontecerem, sem tomar
nenhuma atitude diante disso. Detesto as desigualdades sociais, o consumismo, o
capitalismo e o sistema de massificação”. (Aparecida, 17 anos)
“É mais assim como alguém que conheço, com quem converso sobre muitas
coisas que acontecem no mundo: falamos sobre dinheiro - que ele pensa muito nisso
- e que a sociedade é muito consumista etc. Não há demonstração de carinho e amor”.
(Aparecida, 17 anos)
Os resultados demonstram que a sintomatologia da queixa depressiva é
experienciada de modo similar pelos vários adolescentes, cujos sintomas, conforme a
literatura descritiva desta patologia são: agressividade, timidez, choro fácil, insegurança,
desânimo e tristeza profunda, dentre outros descritos pelos adolescentes.

Discussão

A fenomenologia da depressão está relacionada com o contexto social dos


adolescentes. A depressão na adolescência, na cultura ocidental, tem aumentado devido
ao conflito entre a sua necessidade de laços afetivos e a multiplicidade de situações de
separação e de ruptura. As exigências da sociedade e a valorização da independência
e da autonomia também contribuem para o aumento dos índices de depressão na
adolescência.
Deste modo, faz-se necessário à compreensão da relação entre: ideologia x homem
x patologia x cultura. Visto que esta relação se constitui mutuamente, não tem sentido
pensar esses fenômenos isoladamente. A psicopatologia tem tanto características
universais quanto culturais (Schumaker, 2001). Pesquisas transculturais buscam
compreender a depressão como um fenômeno mundano (Moreira, 2002, 2003c e no
prelo; Moreira & Freire, 2003; Moreira & Coelho, 2003) que se constitui mutuamente
com cada cultura específica. Entendemos que estas diferentes formas de expressão da
depressão estão relacionadas, também, com as mudanças históricas próprias culturais
de cada cultura.
Com o advento da modernidade, as tradicionais formas culturais de proteção
contra os efeitos nocivos da depressão no Brasil e especificamente no Nordeste
brasileiro, que é tradicionalmente uma cultura onde as pessoas se aconchegam, se
tocam, convivem em família, os estreitos laços afetivos interpessoais, estão sendo

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destruídas e tornando-se insuficientes para proteger os indivíduos de uma situação de
perdas reais importantes (Moreira, 2002). Barreto (1993) lembra que no Nordeste têm
sido abandonados os rituais que possibilitavam suporte para o sujeito lidar com as
suas perdas, como se vestir de preto, passar um período de luto. Para este autor, neste
novo contexto, o sujeito substituiu o ritual pela concretização da perda. Perder algo
significa morrer. Os rituais possibilitavam uma demarcação clara da espacialidade e da
temporalidade ao sujeito em seu se tornar adolescente, significa dizer, que o adolescente,
antes, tinha uma noção bem delineada do tempo e do lugar de experienciar a
adolescência. Para o sujeito moderno, restou o processo da adolescência como
possibilidade de lidar com o que se apresenta de novo para ele. Este processo aparece
como substituto dos rituais como os bailes de debutantes, a inserção na universidade,
as tarefas a serem cumpridas que denotavam coragem e autonomia, dentre outros.
Neste experienciar das perdas e mudanças na adolescência, restou para o sujeito a
depressão como possibilidade de organizar-se num mundo em que o “ter” é o “ser”, ou
seja, o valor atribuído ao que o sujeito tem, como aquilo que ele possui é bem mais alto
do que a preocupação com o ser do adolescente.
Numa cultura do consumo e da intolerância à dor, o adolescente busca saídas
para esta nova configuração existencial. É o que Perls (1997) denomina de auto-
regulação. Nesta auto–regulação o adolescente tenta lidar com o que se configura na
cultura contemporânea, o consumismo. A depressão é considerada como uma forma
de alcançar o equilíbrio no processo de auto-regulação. Como podemos perceber na
fala de uma adolescente: “Ninguém presta atenção em mim, ninguém quer saber como
estou me sentindo ou como foi o meu dia” (Ana, 16 anos), a depressão é o modo como
o adolescente consegue lidar com o seu sofrimento e com suas inquietudes da sua
existência numa tentativa de manutenção do equilíbrio, da auto-regulação.
A todas as especificidades da adolescência e de sua relação com a cultura,
somam-se, ainda, problemas familiares e socioeconômicos, tais como: crises de
separação dos pais, violência doméstica, doenças orgânicas, alcoolismo, drogas, morte
e pobreza, o que aponta algumas das possíveis causas do grande número de
adolescentes deprimidos que nossa sociedade produz. Também tensões da vida
cotidiana, os fracassos e a discriminação, a pressão para realizar inúmeras tarefas e o
luto patológico pela morte de um ente querido, pela perda de um amigo ou pelo
rompimento de uma relação amorosa são fatores que contribuem para o
desencadeamento da depressão nos adolescentes. Muitos adolescentes têm
dificuldades para lidar com essas perdas e com as expectativas que o mundo tem de
sua adaptação na cotidianidade (Ballone, 2001).
Compreendemos que pensar estas dificuldades para lidar com as experiências de
ser adolescente através das descrições da queixa depressiva aponta para a confirmação
da nossa hipótese de que a experiência da depressão entre eles é constituída mutuamente
com a cultura, sendo composta por contornos culturais, sociais e econômicos nos
quais vivem os adolescentes. As descrições da queixa depressiva trazem as experiências
que constituem o modo como eles lidam com o que se apresenta para eles. Nas falas
dos adolescentes, questões como família, condição social, corpo, drogas surgem como

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temáticas que delineiam esses contornos culturais, sociais e econômicos e que expõem
o adolescente num confrontar-se com as possibilidades e limites da sua existência.
Compreendemos, finalmente, que esta pesquisa tomou um caminho para investigar
a depressão na adolescência, embora sabendo que outros podem existir para desvendar
as experiências do sujeito adolescente. Pensamos que esta exploração da queixa
depressiva pôde nos levar a compreender melhor a experiência de ser adolescente
neste contexto sócio-cultural específico, contribuindo para uma maior fundamentação
do atendimento psicológico de adolescentes nesta região.

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Recebido em março de 2007 Aceito em agosto de 2007

Anna Karynne da Silva Melo: psicóloga; mestre em Psicologia (UNIFOR); professora do curso de Psicologia
da Universidade de Fortaleza.
Virginia Moreira: psicóloga; doutora em Psicologia Clínica (PUC-SP); pós-doutora em Antropologia Médica
(DSM/HARVARD).

Endereço para correspondência: karynnemelo@unifor.br

Nota: Os autores agradecem as bolsistas de iniciação científica Sarah Fichera (Pibic/CNPq), Daniela Furlani,
Desirée Abreu, Marcela Ranier e Shimênia Oliveira (bolsistas voluntárias) por sua colaboração nesta pesquisa.

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