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Apesar dos nortes teóricos, a vida concreta convocava, constantemente, a um


deslocamento.
Para Arendt (2008), por vezes, a filosofia resvala em discussões sobre a vida
contemplativa e não a vida ativa. Isso é testemunhado constantemente por mim em cada
atendimento clínico: a vida concreta/ativa é muito distinta da contemplativa.
Foi nessa interrogação que nasceu a inquietação de como estamos pensando as questões
específicas do povo brasileiro a partir de teóricos euro-estadunidenses.
No que concerne à nossa realidade geopolítica, Santos (2017) indica que nossa história é
diferente do que chamamos de mundo ocidental pelo fato de não termos passado pelos
mesmos processos históricos. E complementa: “Somos um caldo cultural formado por
povos europeus, ameríndios e africanos”
repensar as bases epistemológicas levando em consideração a colonização como fator
histórico, bem como a colonialidade como determinante epistêmico.
Como o início da profissionalização da Psicologia no Brasil, as teorias e técnicas psicoterápicas
da clínica tradicional da psicóloga, surgem baseadas em valores sociais e linguagem de padrões
da classe média, com instrumentos, métodos e técnicas padronizados. Assim, a simples
transposição desse modelo para o atendimento de indivíduos das populações que se
apresentam as instituições públicas, geralmente pertencentes às classes populares, não
contemplam a visão de mundo, as representações e modelos de subjetividades desses
indivíduos

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Dicotomia cartesiana mente-corpo, como também pela posição assumida pela
engrenagem hospitalar enquanto centro especializado em saúde. Nesse caminho, não
podemos deixar de mencionar o papel exercido pela medicina enquanto saber-poder, a
qual gerencia os dispositivos que vão organizar, classificar e falar oficialmente sobre
saúde e doença.

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A escuta e a interação entre o usuário e o profissional vai facilitar o questionamento
sobre o que levou ao adoecimento, permitindo a posição ativa do individio na
construção da sua saúde/doença.
Vínculo: algo que ata ou liga pessoas, indica interdependência, relações com linhas de
compromissos dos profissionais com pacientes e vice versa.
Trabalhar com ofertas mais do que restrições, procurando descobrir novos prazeres,
pode ser um enfoque mais eficaz do que trabalhar com proibições.
Uso de termos simples.

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Uma ação política fruto de uma construção conjunta, legítima e significativa de saberes,
para compreender e intervir sobre o sofrimento psíquico, bem como a compreensão de
que esse sofrimento não é produzido individualmente, mas tem fortes relações com o
atual modo de produção, produção material, produção de subjetividades, produção de
sentidos para o que é sofrimento e em contraponto, para o que seria bem viver
Essa demanda nos exige alerta para distinguir uma necessidade de busca
por psicoterapia que seja consequência da "medicalização de sua existência, ou de
despolitização, pela psiquiatria, dos conflitos sociais em que está imerso"
(SOARES, 2005, p. 596).Há, na Psicologia hoje, uma reprodução do modelo
da formação médica que reproduz a “psicologização” do processo de adoecer,
sem que se reconheça a relevância social para a promoção da saúde coletiva, sem a
preocupação de inserir o contexto no fator adoecimento
Ao ouvir o sujeito ou a família, percebemos os inúmeros contextos de possibilidades de
ação que existem, que elas não se encerram no indivíduo, na sua doença e na resposta
objetiva de um único profissional de curá-lo.
Esse processo de patologização tem um componente apolítico, pois a partir do momento
em que aspectos da vida são transformados em doenças, a manutenção da
desresponsabilização de pessoas, instituições e governos pela situação de sofrimento,
discriminação e exclusão são mantidas (CRP-SP, 2019). Assim, a doença ocupa todo o
lugar do indivíduo, há um apagamento de todas as dimensões existenciais ou sociais
do sujeito e a doença recobre como uma nova identidade (CAMPOS, 2002).
Lidar com o que os manuais diagnósticos não explicam, abrir se para o
imprevisível pode ser ansiogênico para os profissionais. As queixas “psicológicas” não
estão localizadas em um órgão, elas estão no viver, estão nas relações familiares e
amorosas, nas histórias de violência e abandono, na falta de arroz e feijão na mesa,
entre outros.

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Não nos permite cair na visão neoliberal, individualizante e culpabilizante do sujeito e, ao
mesmo tempo que coletiviza o sofrimento decorrente das relações do modelo do capital, traz
a importância de entendermos a vivência particular. 

Sawaia (1999) ressalta que o sofrimento ético político tem suas raízes na injustiça social, e que
os pobres não buscam apenas o acesso à comida e aos bens materiais, mas também à
felicidade. Não reconhecer as emoções dos pobres significa não os reconhecer como
humanos  
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