Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
URCAMP
Reflexão inicial: qual seria a diferença entre ética e humanização?
Muito embora alguns as entendam como sinônimos, uma reflexão mais aprofundada
leva a perceber que de fato são qualidades complementares para a boa prática da
profissão.
Posto de outra forma, podemos entender a humanização como uma prática baseada
na empatia dos profissionais de saúde em relação aos seus pacientes. Observa-se,
assim, que a humanização fundamenta-se nos parâmetros da ética profissional, mas
a transcende, complementa e dá-lhe um sentido mais amplo.
EXEMPLO DA IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA HUMANISTA
Observação: nesse caso não houve infração ética, pois o paciente tem o direito de
ser informado sobre a sua doença. Entretanto, faltou humanidade (sentimento) na
forma como a comunicação foi feita. Como coloca adiante o autor do capítulo:
É frequente se encontrarem referências à necessidade de uma postura humanista
(ou humanização) como uma qualidade complementar à Ética Profissional. Exemplos:
https://www.significados.com.br
A importância da empatia transcende a propria prática
clínica, mas, no cuidado aos pacientes ela é fundamental
https://www.significados.com.br
Vimos que a desumanização decorre da falta de empatia.
Mas, o que causa essa falta de empatia ?
Causas principais:
1. Assimetria de poder
Comercialização da medicina
“A ética ainda pode ser fiscalizada pelo Conselho, mas os valores humanísticos
estão muito esquecidos na sociedade moderna, onde se prioriza o consumo.
Neste contexto o paciente pode ser facilmente confundido com um cliente, com
tudo de pernicioso que possa haver nessa relação.”
CAUSAS DA DESUMANIZAÇÃO
Assimetria de poder
•Burn=queima e out=exterior
Grandes
demandas
Contexto econômico-político profissionais
Corrupção:
- Baixo investimento na saúde
- Baixos Salários
Estresse
- Excesso de trabalho
“Burn out”
- Má formação profissional
Depressão
Falta de empatia
(Insensibilidade)
Desumanização
A humanização da prática de saúde depende de ações coletivas e individuais, que
envolvam a humanização da sociedade como um todo, a melhoria dos serviços de
saúde e o cuidado aos profissionais, para reduzir o seu estresse e sofrimento.
AÇÕES
COLETIVAS /
POLÍTICAS
Humanização no
atendimento
aos pacientes
AÇÕES INDIVIDUAIS
ÉTICA / Controle do Burnout
Política Nacional
de Humanização
Contradições da
política e a
questão da
equidade
Histórico e Conjuntura
◼ Século XX início século XXI: Humanização aparece em algumas
literaturas e são feitas algumas experiências principalmente no
ambiente hospitalar, UTI Neonatal, Parto Humanizado ETC
CONCEIÇÃO 2009
◼ 2003: Elaborada a Política Nacional de Humanização (PNH), que
aglutina experiências que antes se desenvolviam particularmente em
hospitais e as ampliou para a atenção e gestão da saúde. Atribuiu-se
a essa política um caráter transversal. CONCEIÇÃO 2009
◼ 2004: É publicada oficialmente a política
◼ 2016: Política implementada ainda de forma frágil, se apresenta nos
serviços concretizada mais em estruturas físicas do que realmente
em transformações no modelo de atenção e na acadêmia ainda se
apresenta por discursos inacessíveis e análises pouco realistas
A política Nacional de
Humanização de 2004
◼ “[...] o acesso aos serviços e aos bens de saúde com conseqüente
responsabilização de acompanhamento das necessidades de cada usuário
permanece com graves lacunas. A esse quadro acrescente-se a
desvalorização dos trabalhadores de saúde, expressiva precarização das
relações de trabalho, baixo investimento num processo de educação
permanente desses trabalhadores, pouca participação na gestão dos
serviços e frágil vínculo com os usuários. Um dos aspectos que mais tem
chamado a atenção quando da avaliação dos serviços é o despreparo dos
profissionais para lidar com a dimensão subjetiva que toda prática de
saúde supõe. Ligado a esse aspecto, um outro que se destaca é a presença de
modelos de gestão centralizados e verticais desapropriando o trabalhador
de seu próprio processo de trabalho. O cenário indica, então, a necessidade de
mudanças. Mudanças no modelo de atenção que não se farão, a nosso ver, sem
mudanças no modelo de gestão. MINISTÉRIO DA SAÚDE 2004
A política Nacional de
Humanização de 2004
◼ “Por humanização entendemos a valorização dos diferentes sujeitos
implicados no processo de produção de saúde: usuários,
trabalhadores e gestores. Os valores que norteiam esta política
são a autonomia e o protagonismo dos sujeitos, a co-
responsabilidade entre eles, o estabelecimento de vínculos
solidários e a participação coletiva no processo de gestão. “
MINISTÉRIO DA SAÚDE 2004
A política Nacional de Humanização de 2004
(Avanços e desafios do SUS)
- Fragmentação do processo de trabalho e das ◼ - Poucos dispositivos de fomento à co-gestão
relações entre os diferentes profissionais; e à valorização e inclusão dos gestores,
trabalhadores e usuários no processo de
- Fragmentação da rede assistencial produção de saúde;
dificultando a complementaridade entre a rede
básica e o sistema de referência; ◼ - Desrespeito aos direitos dos usuários;
” CONCEIÇÃO 2009
horizonte a luta por direitos já assegurados.
Discussão
Os conselhos de saúde são dados como espaços esgotados e se aposta em novas formas de
participação, ultrapassando de forma violenta espaços ainda disputados e ativos e propondo através
da proposição de autonomia do sujeito e valorização das subjetividades espaços diluídos e pouco
claros para conciliação dos segmentos.
◼ “Temos a impressão de que o debate da humanização sai da esfera do que é público, que é regido por leis e
diretrizes estatais, para vincular-se ao privado, numa relação que não vai muito além daquilo que já foi mencionado,
queixa e encaminhamento, porém coloca trabalhadores frente a frente, como se usuários e profissionais da saúde
não fossem todos trabalhadores e, ao contrário, estivessem numa arena de disputa. A esse respeito, não seria
interessante, então, nos perguntarmos sobre o modelo de saúde vigente, baseado no modelo biomédico e
hospitalocêntrico? Seria possível mudar este modelo, a partir tão somente da vontade dos sujeitos implicados nesse
processo?
Discussão
Há situações também em que a humanização, ao contrário de sua proposta de
autonomia, valorização das subjetividades, participação, etc, é minada por um
“perfil idealizado” do que vem a ser atenção humanizada. CONCEIÇÃO, 2009
◼ “Desde o século XIX, a amamentação foi vista como ponto crucial no processo de
constituição da figura higiênica da mãe, e não foram poupados esforços de autoridades para
viabilizar o aprendizado e o exercício deste dever cívico da mulher. No entanto, em que pesem
os argumentos em contrário, a amamentação não é um instinto nem um ato puramente
biológico, é também, e sempre, um processo social. As situações de dificuldade e conflitos na
amamentação remetem a uma reflexão importante: se tomado como uma norma rígida, o
incentivo à amamentação deixa de ser um direito da mulher, tornando-se um dever normativo e
disciplinador” (TORNQUIST, 2003, p. 425).
Discussão
[...] o que seria um direito, passa a ser uma obrigação, muitas vezes infligindo
agressões psicológicas, sociais e até mesmo físicas CONCEIÇAO 2009
◼ “O ideário do parto humanizado, portanto, contém paradoxos: de um lado, advoga os direitos das
mulheres no momento do parto, de outro, parece estar desatento às diferenças socioculturais entre estas
mulheres. Se as experiências de humanização se concentram em aspectos técnicos isolados e num modelo
universalista de família e de feminilidade, no contexto de uma cultura fortemente centrada no mito do
amor materno e na pesada herança higienista da medicina, pode minimizar seu grande potencial que é o
do empoderamento das diferentes mulheres no que tange à sua saúde reprodutiva e sexualidade”
(TORNQUIST, 2003, p. 426).
Discussão
A PNH pode impactar na assistência mas pouco impacta no acesso, a questão da equidade não é
melhorada.
De acordo com a pesquisa Nascer com Equidade (2010), apesar de o Estado de São Paulo ser o
mais desenvolvido do país e, consequentemente, com melhores condições de vida relativas, ainda
assim, constatam-se desigualdades geográficas e sociais significativas, entre as quais se
destacam as referentes à raça/cor da população, que agem como fatores determinantes
para o tipo de assistência recebida no setor da saúde.
A exemplo disso, de acordo com a Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde (2012),
em 2011 a taxa de mortalidade materna por 100.000 habitantes era de 50,6 para mulheres
brancas e 68,8 para mulheres negras. Já o pré-natal relata ter sido realizado com no mínimo 7
consultas (sendo a recomendação mínima de 6) por 74,5% de mulheres brancas em contrapartida a
55,7% de mulheres negras.
Conclusão
A demanda legítima de uma Política que impactasse na assistência não encontra
efetividade na PNH, apesar do esforço de muitos profissionais, acreditamos que é
extremamente difícil a individualização de uma demanda construída socialmente e
historicamente no nosso paí
A mudança das práticas tem de ser feita para que o trabalho em saúde não se torne um
espaço rígido, mas isso tem de fazer sentido, pensando historicidade e contexto social,
sempre retomando a Reforma Sanitária para que tenhamos continuidade e renovação e
não sobreposição e fragmentação.
A coletividade, a luta das minorias protagonizada pelos atores sociais de cada setor da
classe trabalhadora, a aposta nos espaços de participação social através da
instrumentalização e implicação destes sujeitos na coletividade trarão impactos no
acesso, e através do empoderamento dos sujeitos, transformações no modelo de atenção.
Transformações na formação em saúde.
HUMANIZAÇÃO
EXEMPLO PRÁTICO
A Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do
SUS tem como propósitos: