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DURAÇÃO: 30 dias
INVESTIMENTO: Gratuito
Brasília-DF
Agosto de 2016.
ISMAIL, Kennyo. *** INTRODUÇÃO À MAÇONARIA *** No Esquadro ©
APRESENTAÇÃO
Prezado Irmão, meu nome é Kennyo Ismail e serei o instrutor deste curso de Introdução
à Maçonaria. Sou professor universitário, com experiência em Ensino à Distância, além de
pesquisador acadêmico, escritor e palestrante. Na Maçonaria, sou Mestre Instalado, Cavaleiro
Templário do Rito de York e 33º grau do Rito Escocês Antigo e Aceito. Se quiser saber um pouco
mais a meu respeito, acesse este link do blog “No Esquadro”.
Nesse contexto, o blog “No Esquadro”, que tem, desde 2010, oferecido conteúdo
maçônico de qualidade, numa linguagem de fácil assimilação, e servido de fonte de informação
e notícia a dezenas de milhares de maçons do Brasil e de todo o mundo, tornando-se, assim, o
principal blog maçônico do país, decidiu pela criação da Escola No Esquadro, que tem por
objetivo tornar o conhecimento maçônico mais acessível, em todos os sentidos, “em busca de
mais luz na Maçonaria”, como bem diz seu lema.
A Escola No Esquadro oferece diversos cursos de pequena duração, mas que juntos
formam trilhas de aprendizagem. Essas trilhas de aprendizagem são muito utilizadas atualmente
na educação corporativa, ou educação organizacional (o que a Maçonaria não deixa de ser), e
tem se mostrado um método mais eficaz do que o modelo convencional de educação, no que
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SOBRE O CURSO
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1. O QUE É A MAÇONARIA
Há diversas e distintas definições da Maçonaria, não havendo uma que seja oficial da
instituição ou mesmo que descreva satisfatoriamente o que realmente a Maçonaria é, o que
torna a missão de defini-la desafiadora.
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Essa última definição, assim como as citadas como mais comuns, expõe os atributos
maçônicos básicos, ao apresentar a Maçonaria como um sistema de moralidade e de ética
social.
A Maçonaria está presente nos cinco continentes por meio de quase 200 Grandes Lojas
internacionalmente reconhecidas, consideradas independentes, autônomas e soberanas entre
si. É importante esclarecer que a instituição não possui um poder ou liderança mundial
constituída, como explicado por Christopher Hodapp:
Uma coisa de suma importância para entender sobre a Maçonaria é que não
há um único organismo mundial que rege a fraternidade. (...) Nenhum
homem fala pela Maçonaria, e nunca falará. (...) Cada Estado dos Estados
Unidos, cada província do Canadá, e quase todos os países do mundo tem
uma Grande Loja - muitas vezes mais de uma. Cada Grande Loja tem regras e
regulamentos que regem as Lojas dentro de sua jurisdição, e cada Grande
Loja tem um Grão-Mestre, que é essencialmente o presidente naquela
jurisdição. Mas Grãos-Mestres não têm nenhum poder para fazer regras ou
tomar decisões fora de suas fronteiras. Não existe nenhum grupo nacional ou
internacional que controla ou dirige as Grandes Lojas (Freemasons for
Dummies, HODAPP, 2005, p. 15).
Desse modo, os maçons se reúnem em Lojas, sendo que três ou mais Lojas de um
mesmo Distrito, Província, Estado ou Nação formam um Grande Corpo Maçônico, comumente
chamado de Grande Loja, mas que pode receber outra denominação, como Grande Oriente.
Como Hodapp bem observou, uma mesma região pode possuir mais de uma Grande Loja, seja
por origens distintas ou cisões históricas. Esse é o caso do Brasil, em que se pode encontrar até
três Grandes Organizações Maçônicas em um mesmo Estado.
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A fórmula que bem resume os conceitos apresentados pode ser resumida como:
Mas quando me refiro a uma moral teísta, não utilizo o termo “teísta” no sentido estrito
da palavra, como referência à filosofia teísta de que Deus age, influencia e interfere diretamente
em nossas vidas, sendo possível a revelação divina, operação de milagres, etc. Refiro-me à moral
baseada na crença em um ser supremo, ou seja, de que alguns valores morais são derivados do
“bem”, de Deus, de certa forma outorgados por Ele ao homem. Essa é a moral presente na
Maçonaria.
Qual diferença isso faz? Toda! Isso porque a moral “ateísta” seria o entendimento
contrário, de que os valores morais, mesmo os mais básicos, são apenas uma convenção social
e, portanto, passíveis de mudança conforme a sociedade se transforma. Um exemplo claro da
diferença prática entre essas duas vertentes morais: no caso da sociedade se tornar mais
violenta com o passar das décadas, matar outra pessoa pode se tornar algo moralmente
aceitável ao adepto da moral ateísta, enquanto que o princípio moral de “não matar” é imutável
ao adepto da moral teísta. E é sobre esta última que a Maçonaria foi desenvolvida e a qual ensina
aos seus membros.
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1
HORKHEIMER, M; ADORNO, T. W. Dialética do Esclarecimento. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.
2
RAMOS, A. G. A nova ciência das organizações, uma reconceituação da riqueza das nações. Rio de
Janeiro: Fundação Getulio Vargas, 1981.
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Adorno, apresenta uma solução alternativa mais eficaz para essa alegoria da caverna: por meio
do diálogo e do debate entre todos os prisioneiros, eles podem alcançar essa libertação, juntos.
Habermas chama isso de “razão comunicativa”, quando é possível constituir um palco para
debate de assuntos relevantes, no qual impera a liberdade de comunicação e igualdade de
tratamento entre os participantes.3 Inclusive, Habermas faz menção direta a essa característica
da Maçonaria, ao mencionar seu relevante papel no passado, como esfera de discussão das
ideias iluministas.4
Nesse contexto, enquanto maçons, aprendemos a conviver uns com os outros como
irmãos, mesmo eventualmente discordando em questões religiosas, políticas, sociais. O que nos
une não são nossas diferenças, e sim o que temos em comum, ou seja, o desejo de nos
desenvolvermos moralmente e, individualmente ou em grupo, colaborarmos para uma
sociedade melhor. Em busca da harmonia em Loja, ou, como alguns maçons “esotéricos”
preferem, da famigerada egrégora, evita-se a discussão durante as reuniões. Alguns rituais
possuem, inclusive, mecanismos que impedem um livre debate. Entretanto, se amamos nossa
Sublime Ordem Maçônica, precisamos discuti-la. Em templos da moral e da razão, só há
evolução por meio da discussão, da dialética.
Os catecismos, instruções e até mesmo boa parte dos rituais maçônicos mais antigos
foram construídos com base pura e simplesmente na boa e velha dialética aristotélica: diálogos
em forma de perguntas e respostas que buscam uma melhor compreensão dos tópicos
expostos. E essa melhor compreensão (síntese) só é alcançada se o tópico inicial (tese) é
devidamente questionado (antítese).
Figura: Dialética
Fonte: Elaborado pelo autor
3
HABERMAS, J. Direito e democracia: entre facticidade e validade. Rio Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997.
4
HABERMAS, J. Mudança estrutural da esfera pública. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984.
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Quanto a missão, visão e valores, há regras para a definição dessas e empresas pagam
caro para que consultores as auxiliem no desenvolvimento das mesmas. Ensino esse conteúdo
aos meus alunos de graduação em Administração e muitos têm dificuldades iniciais, algumas
vezes confundindo missão com visão, etc. Resumindo, de forma bem simples, missão é a razão
de existir da organização; visão é onde ela quer chegar; e valores são os princípios que seus
membros se comprometem a seguir para cumprir a missão e alcançar a visão da organização.
Como não sou bom em ganhar dinheiro, fiz a pesquisa e desenvolvi a missão, visão e
valores genéricos da Maçonaria:
Agora talvez você esteja se perguntando: “Peraí, eu não conheço esses valores... os
valores não seriam Liberdade, Igualdade e Fraternidade?” Liberdade, Igualdade e Fraternidade
não são valores. Esse lema nem mesmo é originalmente maçônico. Para entender melhor isso,
sugiro a leitura de um artigo a respeito, neste link.
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Homens livres,
que creem em Deus,
maiores de idade,
dignos e idôneos,
e bem recomendados.
Por homens livres, entende-se seres humanos nascidos como homem e que
permanecem como tal. É importante esclarecer isso, já que, com o surgimento das cirurgias de
mudança de sexo, uma fêmea pode se tornar um homem e um macho pode se tornar uma
mulher. Se quiser conhecer alguns dos argumentos contrários ao ingresso de mulheres na
Maçonaria, recomendo a leitura deste post publicado originalmente no blog No Esquadro.
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Qual maçom nunca foi questionado por um profano do porquê do termo “LOJA”?
Muitos são aqueles que perguntam se vendemos alguma coisa nas Lojas, para justificar o nome.
Alguns, fanáticos e ignorantes, chegam a ponto de indagar se é na Loja que os maçons vendem
suas almas ao diabo!
Da mesma forma, o termo usado na língua inglesa, “lodge”, significa cabana, casa
rústica, alojamento de funcionários ou a casa de um caseiro, porteiro ou outro funcionário. Os
termos mais apropriados para um estabelecimento comercial em inglês são “store” ou “shop”.
Já o termo italiano “loggia” significa cabana, pequeno cômodo, tenda, mas também
pode designar galeria de arte ou mesmo varanda. Os termos corretos para um estabelecimento
comercial são “magazzino”, “bottega” ou “negozio”.
Por último, podemos pegar o exemplo alemão, “loge”, que não tem apenas a grafia em
comum com o francês, mas também o significado: um pequeno cômodo mobiliado para porteiro
ou caseiro, ou um camarote. Já os melhores termos para estabelecimento comercial em alemão
são “kaufhaus”, “geschaft” ou “laden”.
Com base nesses termos, que denominam as Lojas Maçônicas nas línguas francesa,
italiana, espanhola, alemã e inglesa, pode-se compreender que as expressões se referem a uma
edificação rústica utilizada para alojar trabalhadores, e não a um estabelecimento comercial.
Verifica-se então uma relação direta com a Maçonaria Operativa, em que os pedreiros
costumavam e até hoje costumam construir estruturas rústicas dentro do canteiro de obras,
onde eles guardam suas ferramentas e fazem seus descansos. Essas simples edificações que
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abrigam os pedreiros e suas ferramentas nas construções são chamadas de “loge, lodge, loggia,
logia” nos países de língua francesa, alemã, inglesa, italiana e espanhola.
A palavra na língua portuguesa que mais se aproxima desse significado não seria “loja”
e sim “alojamento”. Nossas Lojas Maçônicas são exatamente isso: alojamentos simbólicos de
construtores especulativos. Isso fica evidente ao se estudar a história da Maçonaria em muitos
países de língua espanhola, que algumas vezes utilizavam os termos “Alojamiento” em
substituição à “Logia”, o que denuncia que ambas as palavras têm o mesmo significado.
À luz dos significados dos termos que designam as Lojas Maçônicas em outras línguas,
podemos observar que a teoria amplamente divulgada no Brasil de que o uso da palavra “Loja”
é herança das lojas onde os artesãos vendiam o “handcraft”, ou seja, o fruto de seu trabalho
manual, além de simplista, é furada. Se fosse assim, os termos utilizados nas outras línguas
citadas teriam significado similar ao de estabelecimento comercial, se seria usado em
substituição às outras palavras que servem a esse fim.
Na próxima vez que você passar em frente a um canteiro de obras e ver à margem aquela
estrutura simples de madeira compensada ou placas de zinco, cheia de trolhas, níveis, prumos
e outros utensílios em seu interior, muitas vezes equipada também com um colchão para o
pedreiro descansar à noite, lembre-se que essa estrutura é a versão atual daquelas que
abrigaram nossos antepassados, os maçons operativos, e que serviram de base para nossas Lojas
Simbólicas de hoje.
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7. AS DIVISÕES DA MAÇONARIA
Sim, a Maçonaria é uma, mas ela pode ser dividida de inúmeras maneiras. Vejamos:
Em 1927, Mário Marinho de Carvalho Behring, que havia sido Grão-Mestre do Grande
Oriente do Brasil e ocupava o posto de Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho do
Rito Escocês Antigo e Aceito, apoiou a fundação de Grandes Lojas Estaduais no Brasil.5 Seguindo
o formato norte-americano, de uma Grande Loja para cada Unidade Federativa, as 27 Grandes
Lojas brasileiras se reúnem em uma Confederação, a Confederação da Maçonaria Simbólica do
Brasil - CMSB, num total de mais de 2.700 Lojas e de 105.000 maçons.
Em 1973, o GOB sofreu outra grande cisão, após uma eleição conturbada para seu Grão-
Mestrado. 10 Grandes Orientes Estaduais federados ao GOB, num movimento liderado por
Minas Gerais e São Paulo, se desligaram da instituição, declarando-se independentes.6 Essa cisão
originou a Confederação Maçônica do Brasil – COMAB, formada atualmente por 21 Grandes
Orientes Independentes e mais de 40.000 maçons.
5
PIRES, Joaquim da Silva. A Cisão Maçônica Brasileira de 1927. Londrina: Editora Maçônica “A Trolha”,
2015.
6
SOBRINHO, Octacílio Schüler. Uma Luz na História: o sentido e a formação da COMAB. Florianópolis:
Ed. O PRUMO, 1998.
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Esses três tipos de organizações maçônicas convivem fraternalmente entre si (na maior
parte do tempo e na maioria dos estados brasileiros), promovendo em muitos Estados tratados
de convivência e colaboração, sendo as únicas organizações maçônicas reconhecidas como
regulares no território brasileiro.
Essas Obediências adotam ritos maçônicos que, no caso do Brasil, estão concentrados
em 08 principais: Moderno, Adonhiramita, Escocês Antigo e Aceito, Ritual de Emulação, Rito de
York, Brasileiro, Schroeder, e Escocês Retificado. Com exceção do Shroeder e do Emulação, que
possuem apenas os 03 graus simbólicos de Aprendiz, Companheiro e Mestre, os demais
possuem mais do que isso. Porém, as Obediências Maçônicas só possuem autoridade para
administrar os três primeiros graus (os Simbólicos), estando os outros, comumente chamados
de “Altos Graus”, sob administração de outras organizações maçônicas, como Supremos
Conselhos, Conclaves, Capítulos, Priorados, etc. E essas organizações maçônicas definem de
quais Obediências aceitam membros.
Quem é regular? Para alguns maçons, uma Obediência Regular é aquela que tem
reconhecimento da Grande Loja Unida da Inglaterra - GLUI, visto essa ser a 1ª Grande Loja da
história, tida por isso como a Grande Loja Mãe do Mundo. Para esses, não importa se uma
Obediência possuir reconhecimento de outras 200 Obediências Regulares nos cinco continentes
ou até mesmo da própria Obediência a que eles pertencem. Se não tiver o reconhecimento da
GLUI, não é regular.
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O GOB conseguiu o pleno reconhecimento da GLUI em 1912, quase 100 anos após sua
fundação. Já as quatro citadas Grandes Lojas, fundadas a partir de 1927, possuem tratados mais
atuais. Como justificativa para a negativa de reconhecimento às demais, a GLUI declara que há
a necessidade de concordância prévia do GOB. No entanto, há exceções cometidas pela própria
GLUI, que há mais de cem anos reconheceu as Grandes Lojas Prince Hall sem a concordância
prévia das Grandes Lojas dos respectivos Estados norte-americanos.
Já sobre o Rito Escocês no Brasil, a história se complica um pouco mais e esse mesmo
argumento de regularidade defendido por uns cai por simples incoerência. Muitos dos maçons
reconhecidos pela GLUI, são membros de um Supremo Conselho do REAA não reconhecido pelo
Supremo Conselho “Mãe do Mundo” (São Cristóvão). Em contrapartida, muitos outros que ainda
não têm reconhecimento da GLUI, são membros do Supremo Conselho do REAA reconhecido
internacionalmente (Jacarepaguá). Acaba que aqueles que declaram que o reconhecimento da
Grande Loja Mãe do Mundo é a única regularidade válida, não se importam de serem membros
de um Supremo Conselho do REAA que não tem o reconhecimento de todos os demais
Supremos Conselhos regulares do mundo. Em resumo: muitos dos defensores da “regularidade”
nos Graus Simbólicos com base no reconhecimento são “espúrios” nos Graus Superiores do
REAA. Contraditório, não?
A bagunça já começou e ainda nem entramos na discussão mais polêmica: a GLUI, que
tem um pouco mais de 200 mil maçons, é realmente a regra? A primeira sempre manda? Aliás,
ela é realmente a primeira? Ou será que os EUA, que possuem mais de 1 milhão de maçons,
seria a regra? Aliás, a regra é realmente se balizar pelos outros? Isso não seria um tipo de
“colonialismo”? Talvez o ideal não fosse haver um Conselho, uma Confederação, algo como uma
ONU maçônica? Como ficam as já mencionadas “Prince Hall”, que têm o reconhecimento da
GLUI e muitas não têm da Grande Loja convencional de seu próprio estado? São reconhecidas
pelos estrangeiros, mas não são para muitos daqueles de seu próprio país. Ou duas Obediências
mexicanas, que não se reconhecem, mas ambas têm o reconhecimento da GLUI? São regulares
para a Inglaterra, mas não se consideram entre si. Enfim, quem é regular e quem não é?
Na verdade, regularidade e reconhecimento são coisas distintas, que não devem ser
confundidas. A regularidade é com base em regras claras de origem e de funcionamento, com
pouca variação dessas regras entre as Obediências. Regras de origem: ser constituída por uma
Grande Loja Regular ou por três Lojas Regulares, num território independente, e ser soberana
em sua administração. Regras de funcionamento: crença em um Ser Superior; sigilo; simbolismo
operativo; divisão em apenas três graus: Aprendiz Companheiro e Mestre; observar a Lenda do
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Terceiro Grau; juramento perante o Livro Sagrado; presença do Livro Sagrado, Esquadro e
Compasso; investigar a Verdade; proibição de discussões político-partidárias e religiosas. Se uma
Obediência atende a essas regras, seu funcionamento é indiscutivelmente regular. Já o
reconhecimento é um ato administrativo, de relações exteriores, e cada Obediência tem
autonomia para reconhecer ou não outra Obediência regular, assim como retirar esse
reconhecimento quando quiser.
Enfim, quando se trata de Maçonaria Brasileira, desconfie das afirmações. Nada é tão
simples quanto parece. A aberração de ontem pode ser a tradição de amanhã e, algumas vezes,
os princípios de igualdade e fraternidade ficam à mercê da vaidade ou prejudicados por uma
história que não fomos nós que escrevemos. Mas o presente, esse sim está em nossas mãos.
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Rito e Ritual: costuma-se fazer grande confusão entre esses dois termos, principalmente
na Maçonaria. Alguns acreditam serem sinônimos, outros que se trata de coletivo e unidade. Há
ainda algumas explicações filosóficas complexas ou mesmo reflexões etimológicas sobre os
termos, que, muitas vezes, mais complicam do que explicam.
Um Rito é realmente como uma lei. É um conjunto de preceitos e obrigações gerais que
produz efeitos sobre aqueles que estão sob seu alcance. Assim como uma lei, um Rito reflete
princípios que o orientam, possui elementos históricos, além de buscar um objetivo específico.
Para ilustrar essa afirmação, podemos utilizar o Rito Escocês Antigo e Aceito – REAA, devido à
sua expressividade no cenário maçônico brasileiro. Da mesma forma que uma lei é desenvolvida
com base em valores de uma determinada sociedade e normas éticas oriundas desses valores,
o REAA tem por base os princípios de Fraternidade, Tolerância, Caridade e Verdade, conforme
missão declarada do Supremo Conselho do Rito Escocês “Mãe do Mundo”. Assim como uma lei
surge de uma demanda social presente em um contexto histórico específico para tratar de um
conflito ou situação que necessite ordenamento, o REAA surgiu, em maio de 1801, para trazer
ordem ao caos em que se encontrava o Rito de Heredom nos EUA, com dezenas de diferentes
autoridades conferindo os graus de diferentes formas. E assim como uma lei atende a um
objetivo específico por meio de sua observância, o REAA tem por objetivo o desenvolvimento
moral e espiritual de seus membros por meio de sua prática.
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Uma instituição que possui um sistema de ritos e rituais que podem colaborar para suas
compreensões é a Igreja Católica. A Igreja possui vários ritos: Rito Ambrosiano, Rito Bracarense,
Rito Galicano, Rito Bizantino, Rito Romano, etc. Cada um desses Ritos possui diferentes Rituais
para sua prática: missa, batismo, crisma, casamento, natal, etc. E mesmo dentro de um Rito
específico, como o Rito Romano, há variações nos Rituais, conforme país, movimentos, etc.
É também por esse motivo que o Ritual de Emulação é chamado de Ritual e não de Rito,
pois se refere a um manual com textos e práticas específicas, que segue estritamente as
diretrizes do sistema inglês, sistema esse que a Grande Loja Unida da Inglaterra opta por não
chamar de Rito. Há na Inglaterra outros tantos rituais diferentes: Bristol, East End, Falcon,
Goldman, Henley, Humber, Logic, Newman, Oxford, Paxton, Stability, Sussex, Taylor, Universal,
Veritas, West End, etc. Porém, todos esses Rituais, assim como o de Emulação, como boas
instruções normativas que são, também seguem as mesmas diretrizes da “lei” maçônica inglesa
pós-1813.
O próprio Rito de York, o norte-americano, não fica de fora de ter diferentes rituais. Há
nos graus simbólicos diferentes versões do Ritual de Webb, além do Ritual de Duncan e tantos
outros pouco conhecidos por grande parte dos maçons, mas todos provenientes do Antigo Rito
de York.
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Ressalta-se que a inclusão não ocorre automaticamente. Deve o Grande Corpo ainda
não incluído, em junho, enviar à PP&S uma solicitação de inclusão, anexando a essa cópia dos
10 tratados de reconhecimento. Então a editora verificará a validade dos mesmos antes de
incluir o solicitante na publicação do ano seguinte.
Dessa forma, adianto que alguns Grandes Corpos regulares e com diversos
reconhecimentos internacionais, como alguns dos Grandes Orientes filiados à COMAB, por
exemplo, que, mesmo já filiados à Confederação Maçônica Interamericana - CMI, ainda não
figuram no List of Lodges por ainda não possuírem o reconhecimento de 10 Grandes Lojas
Estaduais norte-americanas. Apenas por essa razão, seus números não puderam ser
computados no presente estudo.
CONTINENTE GRANDES C. %
África 8 4%
América 134 71%
Ásia 9 5%
Europa 31 16%
Oceania 8 4%
Total Geral 190 100%
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Vê-se que 71% dos Grandes Corpos encontram-se no continente americano. Isso deve-
se principalmente pelo modelo de Grandes Lojas estaduais, criado nos EUA e adotado também
no Brasil, Canadá, México e Colômbia. Esses 05 países somam 117 Grandes Corpos dos 134 do
continente americano (87%) e dos 190 do mundo (62%).
Um dado novo neste estudo é quanto a longevidade desses Grandes Corpos ainda em
funcionamento, que apresentam média mundial de 125 anos de idade.
Como era de se esperar, o continente com Grandes Corpos com média de idade maior
é a Europa, berço da Maçonaria Especulativa, com 139 anos de idade, seguido proximamente
do Novo Mundo, o continente americano, com média de 134 anos. O continente cujos Grandes
Corpos têm média mais jovem é a África, com 26 anos. Vejamos os dados por século:
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Interessante o fato de que o continente americano é o único que ainda não consta um
novo Grande Corpo criado neste século XXI, apesar da existência em apenas 22 dos 35 países
que compõem o continente. Ou seja, ainda existe 13 nações no continente americano que,
apesar de não possuírem proibições legais ou vetos religiosos conhecidos, ainda não
enxergaram a luz da sublime ordem maçônica.
Como se pôde ver, o continente americano concentra a maioria dos Grandes Corpos do
mundo, favorecido principalmente pelo modelo de Grandes Lojas Estaduais, presente nos EUA,
Canadá, México, Brasil e Colômbia. Mas verifiquemos se essa hegemonia persiste ao se analisar
o número de Lojas e membros:
O mundo conta com mais de 36 mil Lojas Maçônicas, das quais aproximadamente 57%
se localizam no continente americano.
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A maior concentração ocorre nos EUA, que, sozinho, possui em torno de 58% dos
maçons do mundo. Em segundo vem a Inglaterra, seguida de perto pelo Brasil, cada um com
quase 10%. No entanto, deve-se observar que a diferença de membros entre a Inglaterra e o
Brasil é de menos de 4 mil membros. Considerando que muitos desses membros computados à
Inglaterra são de Lojas localizadas em outros países, por conta de suas Grandes Lojas Distritais,
e ainda levando em consideração o fato de que muitos Grandes Orientes Estaduais da COMAB
ainda não constam no estudo, os quais juntos somam mais de 40 mil maçons, sabe-se que o
Brasil ultrapassa a Inglaterra em número de membros em, pelo menos, 50 mil membros,
figurando como a segunda maior nação maçônica do mundo.
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a Grande Loja da Pensilvânia (258); enquanto que o Brasil, segundo colocado em número
absoluto de membros, apresenta uma média de apenas 35,21; e a Inglaterra de 26,92 membros
por Loja. Outros países como Haiti, Japão e Dinamarca apresentaram médias superiores a 100
membros por Loja.
Os países com menor média de membros por Loja são a Espanha (14,25), o Equador
(15,91) e a Ucrânia (17,69). Interessante observar uma concentração de países latino-
americanos entre os com as menores médias. Além do Equador, em segundo entre as menores
médias, temos a Nicaragua em 4º lugar (17,86), seguida pela Guatemala em 5º (18,35), a
República Dominicana em 7º (19,88), o Panamá em 8º (19,9), e a Argentina em 10º (20,36).
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Neste curso, você aprendeu o que é a Maçonaria, qual sua missão, visão e valores, além
de alguns de seus conceitos básicos, mas imprescindíveis para dar continuidade aos seus
estudos maçônicos, como: rito e ritual, regularidade e reconhecimento, moral e ética, o que é
Loja. Ainda, pôde entender o método de ensino maçônico, baseado na dialética, e os números
da Maçonaria em todo o mundo.
Para que sua formação seja completa, recomendo que não deixe de assistir as vídeo-
aulas dentro do período disponível e ler a literatura complementar (links no texto) e a
recomendada, cujos detalhes podem ser conferidos na próxima página, nas referências
bibliográficas.
Quaisquer dúvidas, você pode entrar em contato comigo pelo e-mail da Escola No
Esquadro: escola@noesquadro.com.br
Bons estudos!
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COIL, Henry Wilson; BROWN, William M. Coil’s Masonic Encyclopedia. New York: Ed.
Macoy,1961.
HABERMAS, J. Direito e democracia: entre facticidade e validade. Rio Janeiro: Tempo Brasileiro,
1997.
HABERMAS, J. Mudança estrutural da esfera pública. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984.
HODAPP, Christopher. Freemasons for Dummies. Hoboken, NJ: Wiley Publishing Inc., 2005.
HORKHEIMER, M; ADORNO, T. W. Dialética do Esclarecimento. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.
KANT, Emmanuel. Fundamentos da Metafísica dos costumes. Tradução de Lourival de Queiroz
Henkel. Rio de Janeiro: Ediouro, 1986.
LIST OF LODGES. Bloomington, IL: Pantagraph Printing & Stationery CO., 2016.
PIRES, Joaquim da Silva. A Cisão Maçônica Brasileira de 1927. Londrina: Editora Maçônica “A
Trolha”, 2015.
PRESTON, William. Illustrations of Masonry. New York: Masonic Publishing and Manufacturing
Co., 1867.
RAMOS, A. G. A nova ciência das organizações, uma reconceituação da riqueza das nações. Rio
de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, 1981.
SOBRINHO, Octacílio Schüler. Uma Luz na História: o sentido e a formação da COMAB.
Florianópolis: Ed. O PRUMO, 1998.
THE GRAND LODGE OF OHIO. Past Grand Masters. Disponível em:
http://www.freemason.com/glo/past-grand-masters. Acesso em: 08/08/2016.
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