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Faculdade de Educação de Jaru – FIMCA

UNICENTRO
Sociedade Rondoniense de Ensino Superior Dr.
Aparício Carvalho de Moraes Ltda.
Credenciada pela Portaria Ministerial nº 563 de
22/03/2001

BACHARELADO EM DIREITO
ANDREIA CAMILO RAMOS

O ESTADO DE EXCEÇÃO COMO PARADIGMA DE GOVERNO

JARU
2022
ANDREIA CAMILO RAMOS

O ESTADO DE EXCEÇÃO COMO PARADIGMA DE GOVERNO

Atividade apresentada, como


requisito avaliativo parcial do 2°
bimestre, à disciplina de Economia
Política no curso de Bacharelado em
Direito da Faculdade de Educação de
Jaru – FIMCA/ UNICENTRO, sob
orientação da professora Gislene de
Laparte Neves.

JARU
2022
O ESTADO DE EXCEÇÃO COMO PARADIGMA DE GOVERNO

A priori o livro apresenta a carência de teoria do estado de exceção no


direito público, fazendo uma severa critica aos jurista e especialistas em direito
público por entender que os mesmos consideram isso uma problemática de fato
deixando de observar o problema jurídico.
Para o autor negar a teoria é o mesmo que não ter forma jurídica, mas
buscar o limite entre politica e o direito. Já que ambos constituem um ponto de
desequilíbrio entre direito público e o fato politico isso nas palavras de Saint-
Bonnet, 2001, p. 28).
Não distante desse pensamento começamos a juntar as peças de quebra
cabeças, ou seja, entre o direito público e o fato politico e porque não dizer entre
político e o jurídico entre o direito e o vivente.
Enquanto os juristas permanecem de olhos e ouvidos vendados aos
acontecimentos a política através de seus artifícios busca violentamente se
sobrepor aos seus interesses, mesmo que para isso possa manipular a ordem
jurídica que permanece inerte a situação.

“O totalitarismo moderno pode ser


definido, nesse sentido, como a
instauração, por meio do estado de
exceção, de uma guerra civil legal que
permite a eliminação física não só dos
adversários políticos, mas também de
categorias inteiras de cidadãos que, por
qualquer razão, pareçam não integráveis
ao sistema político.”

O que outrora era uma exceção no Estado contemporâneo e/ou


democrático passa a se tornar práxis, configurando assim um Estado
permanente de emergência. Ao se instaurar uma “guerra civil mundial”, o quando
o nazismo tomou através da política o domínio sobre um povo e em detrimento
de seus interesses usou de má fé da ordem jurídica para encobertar seus
mandos e desmandos sem se preocupar com o ser vivente.
Demonstra o quanto frágil ainda percorre o senso do direito público e
alarga os horizontes para compreensão da necessidade de distinguir Estado de
exceção.
A linha tênue que alcança os interesses da biopolítica e discretamente
forja a manipulação do Estado democrático, o mesmo que tenta enfraquecer a
democracia e almeja através do poder dominante tomar as rédeas, coloca em
cheque uma indeterminação entre democracia e absolutismo.

“0 significado imediatamente
biopolítico do estado de exceção como
estrutura original em que o direito inclui
em si o vivente por meio de sua própria
suspensão aparece claramente na
"military order", promulgada pelo
presidente dos Estados Unidos no dia 13
de novembro de 2001, e que autoriza a
"indefinite detention" e o processo
perante as "military commissions" (não
confundir com os tribunais militares
previstos pelo direito da guerra) dos não
cidadãos suspeitos de envolvimento em
atividades terroristas.”

Para a doutrina jurídica o conceito “estado de exceção” diverge em


terminologias para alemã estado de necessidade, enquanto as doutrinas italiana
e francesa entabulam como decretos de urgência e de estado de sítio, na anglo-
saxônica martial law e emergency powers (lei marcial e poder de emergência).
Através da história podemos compreender o surgimento a terminologia
“estado de exceção” seja, através da relação estado enquanto poder que até os
tempos atuais se vislumbra as barbáries postas por esse poder e por outro lado
se almeja que este estado não sirva de uma direito especial usado para instaurar
guerra, mas sim para que a ordem jurídica possa prevalecer.
Dentre as pontuações observadas vale refletir sob qual aspecto o estado
de exceção surgiu e de que forma ele veio a ter relevância, foi ele produto de
interesse do estado absolutista que em seu detrimento não se importava com a
segura, igualdade, fraternidade e dignidade na pessoa humana ou foi através
de grandes lutas para alcançar de forma democrática-revolucionária as garantia
e resgaste a esses direitos ora violados.
Esse marco de lutas não foi apenas para uma garantia genérica, mas para
uma garantia efetiva que pudesse fazer com que a própria estrutura
governamental fosse de fato modificada.
A idéia de uma suspensão da
constituição é introduzida pela primeira
vez na Constituição de 22 frimário
[terceiro mês do calendário da primeira
república francesa, de 21 de novembro a
20 de dezembro] do ano VIII que, no artigo
92 declarava:
Dans les cas de révolte 3 main armée
ou de troubles qui menaceraient la
sécurité de l'État, la loi peut suspendre,
dans les lieux et pour le temps qu'elle
détermine, l'empire de la constitution.
Cette suspension peut être provisoirement
déclarée dans les mêmes cas par un arrêté
du gouvernement, le corps législatif étant
en vacances, pourvu que ce corps soit
convoqué au plus court terme par un
article du même arrêté.

Porém todos esses avanços com o passar do tempo foram sendo


corrompidos e manipulados pela própria biopolítica, como o próprio Schmitt
explora em seu livro “Die Diktatur” A ditadura.
Desse modo, fica evidente a profecia Schmitiana que pregava esse uso
do estado de exceção como um viés político, prática essa muito comum nos dias
de hoje, onde temos ditaduras disfarçadas de democracia, mas sempre
esboçando suas maleficências através das medidas excepcionais, burlando o
sistema democrático. Em estado exceção, o instrumento que garante a liberdade
os direitos fundamentais são ignorados não para preservar a constituição, mas
sim para extingui-la.
Agamben, busca mais uma referencia em dois livros de Carl Schmitt, onde
explica a força da lei, no estado de exceção.
“A tentativa mais rigorosa de construir
uma teoria do estado de exceção é obra de
Carl Schmitt, principalmente em Die Diktatur
[1921] e em Politische Theologie [Teologia
política], publicado um ano mais tarde. Dado
que esses dois livros, publicados no início da
década de 1920, descrevem, com uma
profecia por assim dizer interessada, um
paradigma (uma "forma de governo" [Schmitt,
1921, p. 151]) que não só permaneceu atual,
como atingiu, hoje, seu pleno
desenvolvimento, é necessário expor aqui as
teses fundamentais da doutrina schmirtiana
do estado de exceção”.
Dessa forma, Agamben faz essa referência, não apenas concordando
com Schmitt que escreveu essas duas obras durante a ditadura, mas também a
trata como ferramenta atua da política de vários países e diferentes formas de
governo, afinal essa, essas medidas são meios para torna qualquer forma de
governo em ditadura, torna uma ferramenta universal contra qualquer forma de
governo, manipula a população para mascarando um real propósito, para atingir
o seu objetivo, sem ter complicações burocráticas com meios políticos e judiciais.
O paradigma fica descrito na obra de Schmitt e citada por Agamben, como
duas formas de se utilizar esse instrumento da excepcionalidade. A primeira,
esclarece que a ditadura se revela através do estado de exceção, suspendendo
direitos e os cerceando. Com isso, a supressão de direitos já arremete a uns
problemas desde então 1920, quando livro foi escrito por Schmitt, até a
atualidade, onde fica a preservação dos princípios constitucionais nascidos a
partir da dignidade humana, Agamben crítica dizendo que esse problema nunca,
foi prestigiado pela doutrina geral do direito. Como Schmitt já dizia, existem dois
meios de se utilizar o instrumento do estado de exceção, na ditadura de fato e
na ditadura comissária, nessa tem como objetivo suspender a constituição
vigente, para conseguir preserva-la, já na ditadura de fato, ou ditadura soberana,
essa suspenção não tem um teor de preservação, mas de extinção.
Além disso, no contexto atual em muitas formas de governo de vários
países, inclusive os democráticos, o que vemos é o paradigma do estado de
exceção, buscando não a preservação do direito, mas uma ditadura que figura-
se no estado de exceção a medida em que vai alcançando e suspendendo
direitos, deixando evidente a política do biopolítica, decidindo sobre vidas, ao de
modo pelo qual seja mais viável a quem detém o poder e não visando vida
humana a dignidade o direito a um julgamento justo, o nazismo deixo isso muito
evidente. Mas a obra de Agamben, nos deixa rasga o véu e mostra que isso não
terminou com o nazismo e a atualidade está repleta de tribunal de exceção, os
decretos de americanos na guerra do Afeganistão não respeito o próprio acordo
do POW, onde não dá ao preso de guerra a dignidade de ter uma prisão justa.
Pois em uma guerra de nações não há quem está certo ou quem está errado,
pois ambos defendem sua pátria, sua soberania, visando isso a Convenção de
Genebra, garante o julgamento de dos presos de guerra, mas o presidente
americano George W. Bush após o ataque terrorista o ataques de 11 de
setembro de 2001, extirpou o direito de guerra, matando sem julgamento justo
centenas de talibãs apenas por retaliação e demonstração de poder.
Aplicação do estado de exceção, é uma ferramenta importante para um
estado soberano manter sua soberania, a problemática está em tornar isso um
paradigma, e mais, usar para afastar o todo o sistema jurídico na busca de
preservar não os direitos fundamentais, mas sim preservar o poder nas mãos de
quem está com ele. Schmitt chama essa primeira ideia de ditadura comissária e
a segunda de ditadura soberana, o que mais se vê na história até os tempos
modernos é a ditadura soberana, o que leva a frustação de muitos juristas que
vê os direitos sendo suprimidos de forma impotente. A segunda forma, a ditadura
comissária essa sim é excepcional até mesmo o seu aparecimento na própria
história.
Em síntese fica a reflexão, quem vai tomar a frente e limitar esse paradigma,
Agamben joga isso na obra espera uma ação, mas quem deveria tomar essa
atitude, os juristas, o povo através dos seus representantes em Estados
democráticos. O problema é jurídico ou político? O que falta é uma população
menos ignorante quanto aos seus direitos, dar a importância devida ao mesmo,
pois muitos perdem sem ao menos saber que já tiveram. No Brasil, existem duas
políticas, um bem atuante outra nem tanto. A atuante é a política para o político,
que só projeta e legisla para interesse da categoria política, a outra se arrasta,
seria a política para em prol do povo, essa só é lembra para ganhar instrumentos
de manipulação em mídias parciais, que educa (adestra) a população, para que
a política para políticos possa atuar. Em suma, é assim que nascem tantas
medidas provisórias, tantas medidas excepcionas o estado de sítio é ponto de
partida para um estado de exceção, que é o nascimento de uma ditadura
figurada.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS

AGAMBEN, Giorgio. Estado de exceção. Homo sacer II, 1. São Paulo,


tradução de Iraci D. Poleti. Boitempo, 2004

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