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AR Direito Deles,

Transformação
Para Todos

TI #Ontem
#Hoje

CU
#Amanhã
Diagnóstico da atuação dos
conselheiros e das conselheiras
de direitos da criança e do
adolescente em Florianópolis.

L
Gestão 2019-2022

INICIATIVA CORREALIZAÇÃO
Ficha técnica

Realização
AR
Instituto Comunitário Grande Florianópolis (ICOM)

Correalização
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA)
Observatório de Inovação Social de Florianópolis (OBISF)

TI
Núcleo de Inovações Sociais na Esfera Pública (NISP)
Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas (ESAG)
Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)

Financiadores
Engie
Eletrosul
OI Futuro
Koerich
Cassol

CU
Coordenação técnica
Natasha Naomi Ishizaka de Oliveira
Renata Machado Pereira da Silva

Colaboração
Edelvan Jesus da Conceição
Indianara Trainotti
João Vitor Libório da Silva
Maria Carolina Martinez Andion

Entrevistadores
João Vitor Libório da Silva

L
Maria Carolina Martinez Andion
Natasha Naomi Ishizaka de Oliveira
Renata Machado Pereira da Silva

Relatores das Entrevistas


Isabella Ferro
João Vitor Libório da Silva
Leonardo Hauschildt Machado
Natasha Naomi Ishizaka de Oliveira

Edição e Revisão
Stefani Ceolla

Projeto Gráfico
Patropi Comunica

Florianópolis . 2020
Sumário

1. O PORQUÊ DO DIAGNÓSTICO 07
1.1 O projeto Articula Floripa 07
1.2 Conhecendo os idealizadores 08
Instituto Comunitário Grande Florianópolis (ICOM) 08
Observatório de Inovação Social de Florianópolis (OBISF) 09
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) 09
1.3 Como esta pesquisa foi realizada? 10

2. CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM FLORIANÓPOLIS 12

3. SISTEMA DE GARANTIA DOS DIREITOS DA CRIANÇA 14


E DO ADOLESCENTE EM FLORIANÓPOLIS E SUAS INSTÂNCIAS
3.1 Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente 15
Qual a importância? 15
O que é? 15
Como funciona em Florianópolis? 15
Como se dá a posse dos conselheiros em Florianópolis? 17
3.2 Fundo da Infância e Adolescência (FIA) 18
O que é? 18
3.3 Conselho Tutelar 18
O que é? 18
Como funciona? 19
3.4 Organizações da Sociedade Civil que fazem parte do CMDCA 20
As OSCs no SGDCA 20
O que são as OSCs? 20
As OSCs no CMDCA de Florianópolis 21

4. O RETRATO DO CMDCA: ONTEM, HOJE E AMANHÃ 23

4.1 De onde eu vim? 23


a. Quem sou eu? 23
b. De onde eu vim? 25
c. Como cheguei ao CMDCA? 26
O QUE NOS CHAMA ATENÇÃO - De onde eu vim 27
4.2 Onde estamos? 27
a. Desempenho do CMDCA 27
b. Avaliação pessoal dos conselheiros e das conselheiras de direitos 32
c. A coordenação do CMDCA 36
d. As competências dos conselheiros e das conselheiras de direitos 37
O QUE NOS CHAMA ATENÇÃO - Onde estamos 39
4.3 Para onde vamos? 40
a. Desafios e motivações 40
b. Desenvolvimento e capacitação 41
c. Mudanças e melhorias 42
d. Aprendizados 43
O QUE NOS CHAMA ATENÇÃO - Para onde vamos 44

4
5. REFLEXÕES DOS CONSELHEIROS E DAS CONSELHEIRAS DE DIREITOS 46
5.1 Que reflexões eu tive da minha atuação como conselheiro e conselheira de
direito ao fim da entrevista? 46

6. NOSSAS PERCEPÇÕES 48

7. COMO APROVEITAR ESTE RELATÓRIO 51


Para sociedade em geral e todo SGDCA 51
Para conselheiros de direito 51
Para OSCs 52
Para o poder público 52
Agenda 2030 da ONU 52

8. REFERÊNCIAS 54

5
AR
TI 1
CU
# O porquê do

L
Diagnóstico
1. O porquê do Diagnóstico

Esse documento apresenta um retrato da atuação do Conselho Municipal dos Direitos da


Criança e do Adolescente (CMDCA) de Florianópolis e resulta de uma pesquisa em forma-
to de entrevistas semi-estruturadas realizada de 6 de maio a 30 de junho de 2020 com 15
conselheiros de direito membros do CMDCA. Esse diagnóstico é iniciava do ICOM - Institu-
to Comunitário Grande Florianópolis, em parceria com o OBISF/NISP/ESAG/UDESC e o
CMDCA, por meio do projeto Articula Floripa, apresentado na sequência, e tem como
objetivo contribuir para o fortalecimento do CMDCA e subsidiar um processo de formação
dos conselheiros, reforçando seu papel no controle e gestão da política de garantia dos
direitos das crianças e adolescentes. Além de permitir conhecer melhor o perfil, as caracte-
rísticas e os desafios da atuação dos conselheiros, esse diagnóstico proporcionou momen-
tos de reflexão e espaços de escuta e diálogo, constituindo-se num processo de aprendiza-
gem coletiva para os envolvidos.

1.1 O projeto Articula Floripa

O projeto Articula Floripa: Direito Deles, Transformação para Todos teve início em agosto
de 2019 com o propósito de promover e garantir os direitos de crianças e adolescentes em
Florianópolis.

O projeto tem como objetivos FORTALECER o Conselho Municipal dos Direitos da Criança
e do Adolescente de Florianópolis (CMDCA) e PROMOVER espaços de conexão entre os
atores do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente (SGDCA). Ele está
dividido em quatro fases, a serem realizadas ao longo de dois anos. As duas primeiras
etapas ocorreram em 2019 e 2020.

1ª Fase

Conhecimento e Articulação do SGDCA: criação de momentos de conexão, articulação e reflexão


entre os atores da política pública sobre a garantia dos direitos da criança e do adolescente na
cidade e realização da campanha ECA 30 anos (http://eca30anosfloripa.com.br/quem-somos/).
2ª Fase

Fortalecimento do CMDCA: criação de espaços e processos de aprendizagem coletiva entre


os conselheiros de direito, apoio na elaboração do plano de ação do CMDCA 2020-2022,
realização de diagnóstico dos conselheiros e jornada formativa.
3ª Fase

Desenvolvimento Portal WEB - Transparência: desenvolvimento de uma página virtual


para mobilizar, ampliar a transparência e dar visibilidade às ações do CMDCA e do Fundo
da Infância e Adolescência (FIA).
4ª Fase

Mobilização: mobilização e sensibilização da sociedade, pessoas físicas e empresas sobre os direitos da


criança e do adolescente, o papel do CMDCA, das Organizações da Sociedade Civil (OSCs) e do FIA.

7
O Articula Floripa é uma iniciativa do Instituto Comunitário Grande Florianópolis (ICOM),
em parceria com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA)
e a Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), por meio do Observatório de
Inovação Social de Florianópolis (OBISF), projeto do Núcleo de Inovação Social na Esfera
Pública (NISP) do Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas (ESAG),
coordenado pela professora Carolina Andion, e é financiado pelas empresas Engie,
Eletrosul, OI Futuro, Koerich e Cassol, por meio dos recursos do Fundo da Infância e
Adolescência de Florianópolis.

1.2 Conhecendo os idealizadores

Instituto Comunitário Grande


Florianópolis (ICOM)

O ICOM é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos e de interesse público
que, desde 2005, promove o desenvolvimento comunitário em Santa Catarina, mobilizan-
do, articulando e apoiando a sociedade civil organizada e investidores sociais. O sonho da
organização é que todos possam viver em comunidades sem violência, sem preconceitos e
sem injustiças. O ICOM acredita que a sociedade civil organizada apresenta caminhos
possíveis para fortalecer a democracia e alcançar esse ideal.

Tendo sua atuação guiada por esse propósito, o ICOM:

Ÿ Realiza ações para articular a comunidade e conhecer os desafios locais por meio de
diagnósticos sociais participativos, para influenciar políticas públicas, subsidiar a atua-
ção da sociedade civil organizada e orientar o investimento social privado;

Ÿ Fortalece organizações da sociedade civil, grupos e movimentos sociais para que sejam
cada vez mais autônomos e capazes de coproduzirem o bem público e lutarem por
direitos;

Ÿ Mobiliza e engaja pessoas e empresas para que se envolvam e doem para a sociedade
civil organizada.

Dentro do eixo de fortalecimento da sociedade civil organizada, desde 2007, o ICOM vem
atuando na causa da garantia dos direitos da criança e do adolescente, por meio de
projetos de desenvolvimento institucional para Organizações da Sociedade Civil que
atuam diretamente com esse público-alvo, fortalecendo a atuação em Florianópolis. Além
disso, produz diagnósticos participativos, o relatório Sinais Vitais, sobre o contexto da
criança e do adolescente, trabalhando com dados da cidade e disseminando conhecimen-
to sobre a realidade local.
8
Observatório de Inovação Social
de Florianópolis (OBISF)

O Observatório de Inovação Social de Florianópolis (OBISF) é um projeto que articula


ensino, pesquisa e extensão, desenvolvido no âmbito do Núcleo de Inovações Sociais na
Esfera Pública (NISP) em parceria com o grupo Strategos, ambos da UDESC/ESAG. O
OBISF é formado por uma equipe de mais de 25 pessoas, incluindo professores, alunos da
graduação e da pós-graduação, e se materializa por meio de uma plataforma online
colaborativa (www.observafloripa.com.br), criada em 2017. A plataforma promove a
cartografia e o acompanhamento da rede que forma o Ecossistema de Inovação Social
(EIS) de Florianópolis. Essa rede é composta tanto por iniciativas que se mobilizam para
responder aos problemas públicos da cidade, quanto por organizações que oferecem
suporte a essas iniciativas, seja em termos de financiamento, apoio técnico, aceleração,
formação, entre outros.

Além de promover a cartografia e a análise dessa rede, o OBISF visa promover processos
de investigação pública e de experimentação democrática nas diversas arenas públicas
pesquisadas na cidade. Para tanto, além de pesquisas sistemáticas, o OBISF realiza diver-
sas ações de ensino e de extensão, em conjunto e/ou a convite dos próprios atores que
formam a rede do EIS de Florianópolis, dentro e fora da Universidade.

Em 2018 e 2019, a equipe do OBISF organizou 23 eventos que contaram com a participação
de mais de 1000 pessoas, e apoiou 34 iniciativas da sociedade civil por meio de trabalhos
realizados pelos alunos da graduação. Até final de agosto de 2020, 436 iniciativas de
inovação social foram mapeadas pelo Observatório, das quais 146 foram acompanhadas,
por meio de visitas, pelos pesquisadores. Foram também cartografados 356 atores de
suporte e 42 iniciativas que tornaram-se inativas, desde o início do Observatório.

O OBISF busca assim ser um recurso para dar visibilidade, articular e dar suporte às dife-
rentes comunidades de prática que formam o ecossistema de inovação social da cidade.
Em outras palavras, o OBISF visa fortalecer os laboratórios vivos de inovação social de
Florianópolis enquanto espaços reais de interação, colaboração e inventividade que se
constituem enquanto laboratórios de ação pública e, portanto, espaços nos quais as
inovações sociais podem florescer e promover novas respostas aos problemas socioambi-
entais da cidade.

Conselho Municipal dos Direitos da Criança


e do Adolescente (CMDCA)

O Conselho é um órgão colegiado, de caráter deliberativo, controlador da política da


criança e do adolescente dentro do município, cuja competência e legitimidade é a garan-
tia e efetivação dos direitos de crianças e adolescentes. Nesta perspectiva, a necessidade

9
de capacitação constante aos conselheiros de direitos e dos atores do Sistema de Garantia
dos Direitos da Criança e Adolescente (SGDCA) é uma condição importantíssima para uma
atuação qualificada e que impacte decisivamente na política pública municipal.

O CMDCA tem a atribuição legal de promover a articulação da rede do SGDCA, procurando


otimizar a atuação de cada organização e coordenar as intervenções conjuntas e/ou
interinstitucionais atendendo a demandas existentes na cidade de Florianópolis. O projeto
Articula Floripa concorda e apoia esse propósito, e oportuniza a capacitação continuada
dos conselheiros de direitos e articulação entre os atores do SGDCA.

1.3 Como esta pesquisa foi realizada?

A metodologia utilizada para realizar esse diagnóstico foi construída conjuntamente pelas
equipes do ICOM e do OBISF e teve como objetivo conceber um retrato atual do CMDCA, a
partir do diagnóstico e das experiências dos conselheiros de direito da gestão 2019-2022.

Para isso, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas online pela plataforma Google
Meet, do dia 6 de maio a 30 de junho de 2020, com o total de 15 conselheiros. Cada conver-
sa durou , em média, uma hora e trinta minutos.

A entrevista tinha como foco compreender a trajetória de cada conselheiro, buscando


identificar aspectos da sua história antes de chegar no CMDCA; a sua atuação e sua visão a
respeito dos desafios e perspectivas futuras do conselho. A conversa foi conduzida num
formato de autodiagnóstico, permitindo uma reflexão individual de cada entrevistado
sobre o seu percurso. Os momentos da entrevista abordaram os seguintes pontos:

1 Quem sou: perfil do (a) conselheiro (a). 2 De onde eu vim: aproximação com
CMDCA e início de mandato.

3 Onde estou: conhecimento acerca do


CMDCA, seu papel e atuação no conselho. 4 Para onde vou: perspectivas, competências
e formação, dificuldades e motivações.

A partir dos registros, análise e sistematização, realizados pelas equipes do ICOM e OBISF,
foi possível construir um diagnóstico com as perspectivas de passado, presente e futuro do
CMDCA. Assim, a estrutura dos resultados das entrevistas se divide em três partes:

De onde viemos? Onde estamos? Para onde vamos?

A proposta foi explorar a conexão entre a trajetória, considerando experiência profissional


e envolvimento anterior dos conselheiros com a política, sua atuação no presente junto ao
CMDCA e, também, perspectivas e desafios para o fortalecimento do conselho de direito.

10
AR
#
2TI
C
U
Crianças e

L
adolescentes
em Florianópolis
2. Crianças e adolescentes
em Florianópolis

Em 2010, 26% da população de Florianópolis era formada por crianças e adolescentes,


vivendo na capital com o maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM) do Brasil. No
entanto, 1 em cada 7 crianças encontra-se vulnerável à pobreza como mostrou o Sinais
Vitais Florianópolis Criança e Adolescente - Direito Deles, Transformação para Todos
(ICOM,2017). Apesar do alto IDHM e do avanço de diversas políticas públicas de garantia de
direitos, nossa cidade ainda apresenta muitas desigualdades sociais.

Os dados do Censo de 2010 demonstraram que a população de Florianópolis era de 420


mil pessoas, e que a Capital catarinense crescia em um ritmo maior do que a média nacio-
nal. Entre 2000 e 2010, a população cresceu a uma taxa média anual de 2,09%, enquanto
no Brasil o crescimento foi de 1,17%, no mesmo período (PNUD, 2013).

Segundo a estimativa populacional de 2020, já somos 508.826 habitantes (IBGE, 2020) em


Florianópolis. Em 2015, a estimativa era de que crianças e adolescentes representavam 19%
da população da cidade (IBGE, 2015). Quando comparado ao Censo de 2010, percebe-se
uma diminuição no percentual de crianças e adolescentes na Capital.

Segundo censo de 2010, crianças e


adolescentes representam cerca de

26%
de toda população de Florianópolis

1 em cada 7 crianças
encontra-se vulnerável à pobreza como mostrou o
Sinais Vitais Florianópolis Criança e Adolescente -
Direito Deles, Transformação para Todos (ICOM,2017).

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3TI
C
U
Sistema de garantia dos

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direitos da criança e do
adolescente em Florianópolis
e suas instâncias
3. Sistema de Garantia dos Direitos
da Criança e do Adolescente em
Florianópolis e suas Instâncias

O Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente (SGDCA) consolidou-se a


partir da Resolução 113 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
(CONANDA), de 2006. O início do processo de formação do Sistema, porém, é fruto de
uma mobilização anterior, marcada pela Constituição de 1988 e pela promulgação do
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei Federal nº 8069/1990, que tem como
objetivo a proteção integral dessa população.

Constituição Resolução 113 do


Federal CONANDA

1988 1990 2006

Estatuto da Criança
e do Adolescente

O SGDCA constitui-se na articulação e integração entre o Estado, as famílias e a sociedade


civil para orientar a formulação, a implementação e o controle das políticas públicas em
todas as esferas do governo (BRASIL/CONANDA, 2006).

O SGDCA, conforme Sinais Vitais Florianópolis Criança e Adolescente, se organiza em três


eixos:

Promoção de direitos: Compreende as políticas sociais básicas, como por


exemplo saúde, educação, assistência social, cultura, lazer e segurança;

Controle social: Compreende a participação da sociedade na formulação e


acompanhamento das políticas públicas, em Fóruns de políticas públicas,
organizações da sociedade civil e Conselho Municipal dos Direitos da
Criança e do Adolescente e outros;

Defesa de direitos: Tem o objetivo de zelar pelo cumprimento dos direitos


da criança e do adolescente, intervir nos casos de ameaça ou violação e
garantir o acesso à justiça, como a atuação do Conselho Tutelar, Vara da
Infância e Adolescência, Ministério Público, Defensoria Pública e outros.

O SGDCA de Florianópolis é formado por diferentes instâncias que são brevemente


descritas a seguir.

14
3.1 Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente

Qual a importância?

Os conselhos de políticas públicas surgiram a partir da promulgação da Constituição


Federal de 1988, como um novo instrumento de expressão, representação e participação
popular. Segundo Gohn (2001, p.7): os conselhos são “canais de participação que articulam
representantes da população e membros do poder público estatal em práticas que dizem
respeito à gestão de bens públicos”. Consistem em dispositivos institucionais que favore-
cem que a sociedade possa participar das ações do Estado, ao proporcionar que a popula-
ção, movimentos sociais, organizações da sociedade civil tenham acesso a instâncias
decisórias.

O que é?

Os Conselhos Municipais dos Direito da Criança e do Adolescente (CMDCA) foram instituí-


dos pelo ECA e são devidamente regulamentados pelo CONANDA desde 2005, estabele-
cendo as diretrizes de sua criação e funcionamento na Resolução n° 105/2005, em que
define os conselhos como:

“(...) órgãos deliberativos da política de promoção dos direitos da criança e do adolescente,


controladores das ações, em todos os níveis, de implementação desta mesma política e responsáveis
por xar critérios de utilização e planos de aplicação do Fundo dos Direitos da Criança e do
Adolescente (BRASIL, 2005)”

Em Florianópolis, o CMDCA foi criado em 1992, por meio da Lei Municipal nº 3794/1992,
revogada pela Lei nº 7855/2009, como órgão integrante da Política Municipal dos Direitos
da Criança e do Adolescente, com atribuições e funcionamento definidos em Regimento
Interno próprio.

Como funciona em Florianópolis?

O CMDCA é o órgão que faz parte do eixo de controle do SGDCA, sendo o principal ator
para a garantia dos direitos, pois é ele quem delibera sobre este tema. Tem caráter perma-
nente, normativo, deliberativo e controlador da política de promoção, defesa e garantias
dos direitos da criança e do adolescente no município.

15
O CMDCA de Florianópolis está organizado em cinco comissões temáticas, estabelecidas
pela Resolução n° 704, de 8 de maio 2018:

Fiscaliza e monitora os recursos do Fundo Municipal dos Direitos


Finanças e Recursos da Criança e Adolescente (Floricriança), planejando as aplica-
Públicos ções e destinações dos mesmos, além de cuidar do orçamento e
analisar as prestações de contas;

Se relaciona com outras entidades do SGDCA, atendendo aos


dispositivos legais que regem o CMDCA. Controla as inscrições
Normas, Registro
das Organizações da Sociedade Civil (OSCs) inscritas no Conse-
e Inscrição
lho, e fiscaliza as entidades governamentais e não governamenta-
is inscritas e registradas;

As instituições governamentais deverão proceder à inscrição de seus programas e as


entidades não-governamentais deverão proceder ao seu registro e à inscrição de seus
programas junto ao CMDCA.
Artigo 4 da Lei Municipal 7.855/2009

Formula, monitora e delibera sobre as políticas relacionadas aos


Políticas Públicas direitos da criança e do adolescente de forma articulada com
demais setores que compõem o SGDCA;

Acompanhamento Acompanha, dá suporte e se relaciona com os conselheiros


e avaliação dos tutelares a fim de incentivar o trabalho, compreender a atuação e
Conselhos Tutelares contexto, com dados de atendimento, visitas, capacitações etc;

Articulação, Mobiliza e articula não só dentro do próprio Conselho, mas com a


comunicação e sociedade, fazendo o acompanhamento das ações do CMDCA a
mobilização
fim de ser divulgado.
intersetorial

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Como se dá a posse dos conselheiros em Florianópolis?

O mandato da gestão do CMDCA tem duração de três anos, e os conselheiros eleitos


podem ser reeleitos/reconduzidos uma única vez. A escolha dos conselheiros para compor
o CMDCA é diferente entre os representantes do poder público e da sociedade civil:

Poder público

Os membros dos órgãos governamentais, titulares e suplentes, são


indicados, pelos respectivos secretários municipais e presidentes de
Fundação, e nomeados pelo chefe do poder Executivo. As entidades
representadas em Florianópolis, são:

a) Secretaria Municipal de Educação;


b) Secretaria Municipal de Saúde;
c) Secretaria Municipal de Finanças;
d) Secretaria Municipal de Assistência Social;
e) Secretaria Municipal de Defesa do Cidadão;
f) Fundação Municipal de Esportes;
g) Fundação Franklin Cascaes.

Sociedade Civil

Para os representantes das Organizações da Sociedade Civil, é realiza-


da uma eleição por meio do Fórum de Políticas Públicas de Florianó-
polis – FPPF*. Só poderão participar da eleição organizações com
registro válido no CMDCA de Florianópolis.

*O Fórum de Políticas Públicas de Florianópolis (FPPF) é uma


instância permanente e legítima de articulação, mobilização,
organização e fortalecimento de entidades e movimentos sociais,
organizações da sociedade civil, de representantes de usuários e
organizações de usuários, de representantes de categorias
profissionais com atuação em políticas públicas e de apoio aos
Conselheiros representantes da sociedade civil do município de
Florianópolis, na luta e defesa pelos direitos de todos os usuários
das diversas Políticas Públicas do município de Florianópolis.

17
3.2 Fundo da Infância e Adolescência (FIA)

O que é?

O Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente, popularmente conhecido como FIA,


constitui-se num Fundo Especial, nos moldes do art. 71 da Lei Federal 4.320/64, sendo “o
produto de receitas especificadas que por lei se vinculam à realização de determinados
objetivos ou serviços, facultada a adoção de normas peculiares de aplicação”. Na prática, é
uma fonte de recursos própria, com o objetivo de facilitar a captação e a aplicação de
recursos públicos e privados exclusivamente para o desenvolvimento de políticas, ações,
projetos e programas que visem a promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e
do adolescente.

Em Florianópolis, o FIA foi criado pela Lei Municipal 3.794/92 e atualmente é regulado pelo
Art. 17 da Lei Municipal 7855/2009, o qual dispõe sobre a Política Municipal de Atendimen-
to dos Direitos da Criança e do Adolescente e estabelece as normas gerais para a aplicação
da mesma, tendo sua regulamentação realizada pelo Decreto Municipal nº 208/1993.
Os recursos do FIA são aplicados em conformidade com o plano de aplicação dos recursos
do fundo aprovado preliminarmente pelo CMDCA, atendendo seus objetivos.

Administrativamente, o FIA de Florianópolis é gerido pela Secretaria Municipal de Assis-


tência Social, a qual é responsável pelas medidas necessárias à liberação, aplicação e ao
controle dos recursos, de forma a cumprir as deliberações do CMDCA, em conformidade
com o plano municipal de aplicação dos recursos do FIA e observando o princípio constitu-
cional da prioridade absoluta à criança e ao adolescente.

Em outubro de 2013, o FIA de Florianópolis passou a adotar o nome fantasia de FloriCriança.

3.3 Conselho Tutelar

O que é?

O Conselho Tutelar (CT) é um órgão que atua diretamente na garantia dos direitos das
crianças e adolescentes. O ECA, além de instituir esses direitos, também criou o CT. Este é
um órgão permanente, autônomo, não-jurisdicional, encarregado de zelar pelo cumpri-
mento dos direitos da criança e do adolescente. Isso significa que o CT não pode ser extinto
após sua criação (permanente); que ele toma suas decisões para garantia dos direitos das
crianças e adolescentes sem necessitar de decisão judicial para aplicação de medidas
protetivas (autônomo) e também não pertence ao poder judiciário e não exerce suas
funções (não-jurisdicional).

18
Atualmente, Florianópolis possui quatro sedes dos CTS, sendo elas nas regiões: Centro,
Continental, Norte e Sul.

Norte
Rodovia SC401, KM18, nº17.500
Canasvieiras
CEP 88025-000
Telefones: 48 3266 0243 . 3266 7412
Plantão: 48 99935 9248
E-mail: ctnorte@pmf.sc.gov.br

Centro
Rua Júlio Moura, nº 84
Centro
CEP 88020-150
Telefones: 48 3223 4330 . 3225 5870
Plantão: 48 99935 9247
E-mail: ctcentro@pmf.sc.gov.br

Sul
Avenida Pequeno Principe, nº921
Campeche
CEP 88063-000
Telefones: 48 3238 3223 . 3238 8074
Plantão: 48 98419 9724
E-mail: ctsul@pmf.sc.gov.br

Continental
Rua João Vieira, nº59
Capoeiras
CEP 88070-210
Telefones: 48 3244 5691 . 3244 8010 . 3248 4143
Plantão: 48 98407 1290
E-mail: ctcontinente@pmf.sc.gov.br

Como funciona?

Como órgão de defesa de direitos, conforme o eixo do SGDCA, tem como objetivo princi-
pal atuar na garantia e defesa dos direitos de todas as crianças e adolescentes em todas as
instâncias: família, comunidade, sociedade e poder público.

Assim, o Conselho Tutelar atende situações que tratam de suspeita ou violação de direito
de crianças e adolescentes. Após atender, esse órgão tem a obrigação de aplicar medidas
de proteção a essas crianças e adolescentes e até mesmo a suas famílias. Dentre essas
medidas existem diversas possibilidades de encaminhamentos, seja para rede pública,
OSCs, Judiciário, dentre tantas outras.

19
3.4 Organizações da Sociedade Civil que fazem parte do CMDCA

As OSCs no SGDCA

Nos artigos 90 e 91, o ECA especifica sobre a obrigatoriedade do registro das organizações
não-governamentais e inscrição dos programas de organizações governamentais e não-
governamentais junto ao CMDCA, definindo os regimes de atendimento:

Art. 90 - As entidades de atendimento são responsáveis pela manutenção das próprias


unidades, assim como pelo planejamento e execução de programas de proteção e
socioeducativos destinados a crianças e adolescentes, em regime de:

I - orientação e apoio sociofamiliar;


II - apoio socioeducativo em meio aberto;
III - colocação familiar;
IV - acolhimento institucional;
V - prestação de serviços à comunidade;
VI - liberdade assistida;
VII - semiliberdade;
VIII - internação.

§ 1º As entidades governamentais e não-governamentais deverão proceder à inscrição de


seus programas, especificando os regimes de atendimento, na forma definida neste
artigo, no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual manterá
registro das inscrições e de suas alterações, do que fará comunicação ao Conselho Tutelar
e à autoridade judiciária.

Art. 91. As entidades não-governamentais somente poderão funcionar depois de registra-


das no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual comunicará o
registro ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária da respectiva localidade.

O que são as OSCs?

As Organizações da Sociedade Civil (OSCs), conhecidas como ONGs (Organizações Não-


Governamentais), são definidas pela Lei Federal n° 13.019/2014, que estabelece o regime
jurídico das parcerias entre o governo e as OSCs, como: as entidades privadas sem fins
lucrativos; as sociedades cooperativas; e as organizações religiosas que se dedicam a
ações de interesse público.

20
Assim, as associações e as fundações são entidades privadas sem fins lucrativos. Caracteri-
zam-se como instituições que não distribuem dividendos, resultados, sobras ou exceden-
tes operacionais entre os seus sócios, associados, diretores, empregados ou doadores.
Todos os recursos dessas organizações são aplicados integralmente na consecução do
respectivo objeto social.

São exemplos de organizações da sociedade civil: uma associação que lute por direitos de
mulheres vítimas de violência, uma associação de bairro, um conselho comunitário, uma
organização que preste serviço de contraturno escolar para crianças, uma organização que
realiza serviço de acolhimento institucional de crianças e adolescentes, uma fundação
familiar ou empresarial.

Também são consideradas OSCs as sociedades cooperativas formadas por pessoas em


situação de risco ou vulnerabilidade social; beneficiadas por programas e ações de
combate à pobreza e de geração de trabalho e renda; as voltadas para fomento, educação
capacitação de trabalhadores rurais ou capacitação de agentes de assistência técnica e
extensão rural; e as capacidades para execução de atividades ou de projetos de interesse
público e de cunho social.

E, por fim, considera-se como OSC, também, as organizações religiosas que se dediquem a
ações ou projetos de interesse público e de cunho social diferentes.

As OSCs no CMDCA de Florianópolis

Em 2018, estavam registradas no CMDCA 83 Organizações da Sociedade Civil (OSCs), que


juntas atendem cerca de 57 mil crianças e adolescentes (OBISF, 2018). Das OSCs registra-
das:

Público-alvo Serviços prestados

67,8% 33,3%
atendem das OSCs prestam serviço de
crianças de convivência e fortalecimento
0 a 11 anos de vínculos

28,8% 19,6%
atendem das OSCs oferecem
adolescentes de serviço de contraturno
12 a 17 anos escolar

3,4% 13,7%
atendem das OSCs
jovens de realizam acolhimento
18 a 24 anos institucional

21
AR
TI 4
CU
#
O Retrato do

L
CMDCA: Ontem,
Hoje e Amanhã
4. O Retrato do CMDCA:
Ontem, Hoje e Amanhã

Aqui são apresentados os resultados do diagnóstico realizado com 15 (54%) dos conselhei-
ros que responderam a pesquisa. Destes, 9 eram titulares e 6 suplentes, 7 eram da socieda-
de civil e 8 do poder público.

4.1 De onde eu vim?

Perfil, origem e trajetória dos (as) conselheiros (as) de direito.

a. Quem sou eu?

#Gênero

11 mulheres 4 homens

73% 27%

#Faixa etária

6 entre 30 e 40

6 entre 41 e 50

3 mais de 51

23
#Raça

1 Preto

3 Pardos

11 Brancos

#Tempo no Conselho

9
5
1
Até 1 ano 1 a 3 anos Mais de 5 anos

*Nova gestão assumiu em junho de 2019. Entrevistas feitas em maio e junho de 2020

#Áreas de Formação

gestão ambiental

direito medicina-veterinária
serviço social educação física
geografia

administração medicina-pediatria
letras licenciatura ciências contábeis
pedagogia psicologia

*100% dos conselheiros de direitos possuem Ensino Superior

24
b. De onde eu vim?

#Conhecimento do CMDCA

67%
dos conselheiros de direito
entrevistados possuíam conhecimento
prévio do CMDCA.

Destes:

100%
dos conselheiros representando
a Sociedade Civil tinham
conhecimento.

37%
dos conselheiros representando
o Poder Público tinham
conhecimento.

#Envolvimento prévio com a causa da criança e do adolescente

Participação em outras gestões do CMDCA;

Envolvimento voluntário por muitas anos (histórico com a causa);

Representação da instituição em espaços de discussões sobre a temática;

Envolvimento profissional a partir da área de formação;

Experiências e práticas durante a graduação.

25
c. Como cheguei ao CMDCA?

#Porque vieram para o CMDCA

Com o objetivo de representar a organização ao qual faço parte


(stakeholder profissional);

Pela vontade da minha organização de influenciar/contribuir para


a política pública municipal da infância e da adolescência;

Por uma motivação e envolvimento pessoal (militância);

Para cumprir a exigência legal/institucional de representar a entidade.

#Trajetória anterior

dos conselheiros de direito já participaram de outras

67% gestões do CMDCA de Florianópolis e/ou em outros


municípios, e também foram ou são conselheiros (as)
de outros conselhos de políticas públicas.

6%
vem exclusivamente de
participações em fóruns de
discussões municipais.

27%
não possuem experiências anteriores
com o CMDCA ou em outros conselhos
de políticas públicas.

26
#O que nos
chama atenção
(De onde eu vim)

73%
dos entrevistados
são mulheres
brancas.

100%
dos entrevistados
possuem Ensino
Superior.

60%
dos entrevistados
estão no CMDCA a
menos de um ano.

dos entrevistados representando a Sociedade Civil

100% tinham conhecimento sobre o CMDCA antes de assumir


a gestão, e só 37% dos conselheiros representando o
Poder Público tinham esse conhecimento.

67%
dos entrevistados já foram
ou são ainda conselheiros
de outros conselhos.

4.2 Onde estamos?

Percepção das conselheiras e dos conselheiros do CMDCA sobre sua própria atuação e gestão
atual.

a. Desempenho do CMDCA

27
Quais são os desafios na prática do CMDCA?

#Em relação à estrutura

Falta de estrutura física e de recursos humanos;

Necessidade de dedicar muito tempo para dar continuidade


a processos já conquistados;

Destinar muita energia para construir novos fluxos/processos;

Não conseguir avançar com as discussões de políticas públicas


por estar engessado a atividades protocolares.

#Em relação à rede do SGDCA

Pouca articulação entre os atores do Sistema de Garantia dos Direitos da


Criança e do Adolescente e dificuldades de aproximação e articulação entre
as próprias entidades e secretarias que representam o conselho;

Desconhecimento da distinção entre os eixos do SGDCA (controle,


promoção e defesa) e quem faz parte de cada um deles;

Poucos espaços que proporcionem a discussão da política de garantia


dos direitos da criança e do adolescente;

Plenárias pouco atrativas: falta de temáticas e discussões relevantes


do contexto dos direitos das crianças e dos adolescentes;

Confusão das funções de conselheiros de direitos e conselheiros


tutelares: não compreendem as distinções.

#Em relação às atribuições

Baixo entendimento dos processos de repasses dos recursos do FIA;

Engessamento referente aos processos de liberação dos recursos do FIA;

Não conseguir garantir e acompanhar a atuação dos Conselhos Tutelares;

Fragilidade da proteção no que tange à prevenção e as respostas às violações;

Falta de comprometimento de alguns com o seu papel e responsabilidade.

28
Como o CMDCA deve atuar para garantir os direitos
das crianças e dos adolescentes na cidade?

#Ter à sua disposição...

Conselheiros e conselheiras mais dedicados;

Conteúdos, materiais e legislações atualizadas sobre a infância e adolescência;

Infraestrutura adequada;

Recursos humanos e materiais propícios para execução do trabalho.

#Ser um órgão...

Que zela pela garantia dos direitos da criança e do adolescente;

De referência quanto a assuntos da infância e adolescência na cidade.

#Realizar ações...

De divulgar o trabalho e o papel do CMDCA;

Articuladas com outros atores do SGDCA;

Para acompanhar o orçamento e outras pautas legislativas


da política municipal da infância e da adolescência;

Para organizar formações continuadas aos (as) conselheiros (as)


de direitos e tutelares.

29
#Quais são os outros atores do SGDCA com
quem o CMDCA deve interagir?

conselho tutelar
poder público
judiciário prefeitura
cras
saúde secretarias
escolas icom

universidades ministério público oscs


creas secretaria de assistência creche
educação unidade básica de saúde
secretaria de segurança pública
câmara municipal

#Quais foram as últimas decisões do CMDCA que impactaram


as crianças e os adolescentes na cidade?

Realização das eleições unificadas para conselheiros tutelares do município;

Aprovação de recursos via FIA para impulsionar o trabalho das OSCs que
prestam Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos e Acolhimento
Institucional neste período de pandemia causada pelo novo coronavírus;

Realização de um mutirão de renovação de inscrição de registro das


organizações da sociedade civil e seus respectivos programas;

Construção de editais de chamamento público a partir


dos objetivos definidos no Plano Decenal;

Proporcionar formações para conselheiros (as) de direitos e tutelares:


permitindo a participação em eventos externos com direito a
despesas de deslocamentos e diárias;

Aprovação do Plano de Ação Estratégico


para a atual gestão 2019-2022.

30
#Que nota você, conselheiro e conselheira,
atribui à atuação do CMDCA?

7,25
foi a média resultante, sendo que um
total de 8 conselheiros e conselheiras
pontuaram uma nota.

*2 não responderam; e 5 não se sentiram apropriados e à vontade de pontuar.

#Como o CMDCA é reconhecido pela sociedade


em geral e o poder público?

“Enquanto conselheiro e conselheira


de direito percebo que a sociedade em
geral não conhece o CMDCA.”

“Acredito que o poder público


tem a visão do CMDCA como
um órgão protocolador.”

“Vejo que dentro da sociedade em geral o


CMDCA só é visto e conhecido por aqueles
que possuem proximidade e atuam com a
causa da garantia dos direitos da criança
e do adolescente de forma direta.”

“Noto que os papéis do CMDCA e dos


Conselhos Tutelares se confundem.”

31
“Há um consenso quanto ao desconhecimento em geral do CMDCA. As
pessoas conhecem mais o Conselho Tutelar (CT) pelo seu papel fiscalizador.
Também há um consenso quanto ao fato de que o CMDCA é um espaço
pouco conhecido e valorizado pelo poder público municipal.”

b. Avaliação pessoal dos conselheiros


e das conselheiras de direitos.

#Como os conselheiros e conselheiras de


direitos contribuem e atuam?

Participando ativamente
nas comissões, levantando
pautas, propondo e
deliberando em
conjunto.
Cumprindo o papel de Compartilhando com os
representar a instituição na pares: levar as discussões
plenária (obrigatoriedade e decisões para dentro
do conselheiro de direito das organizações e
segundo legislação). secretarias.

ATUAÇÃO DO
Participando de todos
os espaços do CMDCA, CMDCA Sendo um canal de
escuta para se aperfeiçoar
deliberando, controlando e
dos assuntos do CMDCA,
propondo políticas públicas
levar para discussão
municipais para a infância
e tomar decisões.
e adolescência.

Garantindo que as
atribuições/funções Pautando, discutindo
das comissões sejam e deliberando assuntos
executadas (visitas para dentro da Mesa Diretora
registro, criação para levar às plenárias.
de editais).

32
#Quanto tempo me dedico ao CMDCA?

3
conselheiros (as)
2
conselheiros (as)
6
conselheiros (as)
3
conselheiros (as)
1
conselheiro (a)

Até 4 horas 5 a 10 horas 11 a 20 hora Todos os dias Não


por mês por mês por mês dedica algumas respondeu
horas

#Como se dá a interação com os demais conselheiros


e conselheiras de direito?

Por meio das plenárias (1 vez por mês);

Em espaços de discussões sobre a garantia dos direitos


das crianças e dos adolescentes (ex: fóruns, capacitações, seminários);

Dentro das reuniões das comissões temáticas do CMDCA;

Grupos do Whatsapp e e-mails.

#Quais os níveis de interação?

53%
interagem também em ações
47%
interagem unicamente
externas do CMDCA: em espaços nos momentos das
de discussão, diálogo e reflexão plenárias, reuniões
sobre a infância e adolescência das comissões.

33
Os atores da rede do SGDCA

#Com que atores da rede que forma o SGDCA


os conselheiros interagem?

Ministério Público

Secretaria de Conselho
Assistência Social Tutelar

Secretaria de Órgãos da Prefeitura Câmara de


Educação (Secretarias e Fundações) Vereadores

Tribunal de
FIA OSCS Promotoria
Justiça

#Por qual motivo interagem com esses atores?

Em busca de ajuda em relação a denúncias de


atuação do Conselho Tutelar;

Para um melhor entendimento da legislação


existente da atuação do CMDCA;

Consultar profissionais que já vivenciaram


experiências semelhantes;

Com objetivo de atualizar os demais atores acerca


das discussões pertinentes ao CMDCA;

Pelo CMDCA estar vinculado administrativamente à secretaria.

34
#Como se dá a relação entre o (a) conselheiro (a)
de direito e a instituição que representa?

“Disponho de espaço para compartilhar as


demandas, decisões e discussões do CMDCA
com a equipe da minha organização.”

“Tenho a oportunidade de levar os temas abordados


dentro da entidade para os espaços do CMDCA.”

“Possuo autonomia para representar e tomar


decisões pela minha organização.”

“Compartilho as discussões do CMDCA com


os parceiros da minha instituição.”

“Divulgo sobre o CMDCA dentro da


secretaria ao qual represento.”

“Participo de uma organização aberta ao


diálogo, porém fico sem liberdade para
deliberar em nome da entidade.”

#Quais os níveis de interação?


“Cumpro apenas o papel atribuído por lei
de obrigatoriamente da minha entidade ser
indicada para representação.”

35
c. A coordenação do CMDCA.
100% dos conselheiros e conselheiras identificam que há uma coordenação no CMDCA.

#De que forma você enxerga a coordenação do CMDCA?

Por meio dos papéis da atuação da presidência e vice-presidência;

Através da mesa diretora (presidente, vice-presidente, 1° e 2° secretários);

Dentro das comissões geralmente tem alguém que assume a liderança.

#Características da coordenação

Ocorre a partir das lideranças que surgem pelas pessoas que mais se
manifestam e mobilizam os demais colegas de forma natural;

Quem possui conhecimento para atender às demandas


que surgem assume a responsabilidade;

Quem tem mais visibilidade acaba assumindo a linha de frente;

Possui processo de construção conjunta para tomada de decisões.

#Porque é importante ter coordenação?

Por questão de ordem;

Para o trabalho fluir;

Para organizar eventos e reuniões.

36
d. As competências dos conselheiros
e das conselheiras de direitos.

#Quais competências você identifica entre os (as)


conselheiros (as) de direito durante sua atuação?

Participação

Proatividade

Comprometimento

Colaboração

Disponibilidade

Liderança

Vontade de aprender

Engajamento com a causa da garantia de direitos da


criança e do adolescente

Organização

Mediação

Conhecimento da causa da garantia de direitos da criança e


do adolescente (de acordo com experiências anteriores)

Compreensão da legislação para garantir os direitos da


criança e do adolescente

37
Quais dificuldades você encontra no desempenho
das atividades do CMDCA?

#Em relação ao trabalho nas comissões temáticas

Algumas comissões não possuem liderança;

Falta de clareza sobre o direcionamento do trabalho;

Acúmulo de demandas urgentes para cobrir, advindas


de trabalhos anteriores;

Excessivo foco em processos: “apagar incêndio”.

#Em relação à participação dos conselheiros e das conselheiras

Falta da atuação e participação dos (das) conselheiros (as)


de direitos empossados;

Predominância de discussões com viés político-partidário


nas plenárias;

Uma parcela se relaciona por obrigação e acabam


se eximindo das responsabilidades;

Problemas interpessoais.

#Em relação à participação dos conselheiros e das conselheiras

Desconhecimento sobre as legislações e instrumentos


pertinentes à atuação do CMDCA;

Falta de entendimento dos processos de resoluções,


editais, liberação de recursos via FIA, etc.

38
#O que nos
chama atenção
(Onde estamos)

Ÿ Dificilmente todos os conselheiros ficam inteirados de todos os


assuntos pertinentes à atuação do CMDCA. Cada conselheiro possui
sua experiência e visão, logo não conseguem no todo entender as
deliberações que ocorrem dentro do CMDCA;

Ÿ Para muitos entrevistados o CMDCA se concentra mais em atividades


protocolares e burocráticas, do que na promoção dos direitos das
crianças e adolescentes;

Ÿ A falta de infraestrutura e de capacidade de gestão são fatores que


dificultam a plena atuação do CMDCA para os entrevistados;

Ÿ A falta de conhecimento sobre as funções de um conselheiro de


direito resulta na dificuldade de plena atuação do CMDCA;

Ÿ Pessoas sem experiência de atuação com a causa da garantia dos


direitos da criança e do adolescente possuem uma maior dificuldade
de se inteirar das decisões;

Ÿ Muitos entrevistados não possuem entendimento sobre o que é


representatividade e o papel que devem assumir. Dessa forma, não
conseguem levar a discussão para dentro das entidades que representam;

Ÿ A importância de, no processo de indicação e eleição, os (as)


conselheiros (as) estarem sensibilizados com a causa;

Ÿ Devido ao acúmulo das funções de conselheiro e da organização


que representa, muitos não conseguem administrar as atividades.
Ser conselheiro não seria o papel principal e acaba não dando a
atenção devida às ações.

39
4.3 Para onde vamos?

Compreensão dos desafios e das motivações relacionados a sua atuação e, a partir disso,
vislumbrar os próximos passos para construção de um conselho de direito mais forte e atuante.

a. Desafios e motivações

#O que desafia e o que motiva os conselheiros e as conselheiras?

Motivador Desafiador

Conhecer e registrar organizações que


Falta de recursos humanos
atuam na causa da criança e do adolescente

Alguns conselheiros comprometidos Conselheiros sem entendimento


(visão de parceria) ou com pouca compreensão da política

Contribuir com a causa da defesa Encontrar equilíbrio entre as atribuições


e garantia dos direitos da criança da organização que representa e o
e do adolescente papel de conselheiro de direito

Motivação pessoal, me identifico


com a causa e gosto de atuar Falta de conhecimento da política,
com a política legislação e do funcionamento
do CMDCA

Poder contribuir com os conhecimentos


da minha área articulando com o papel Dificuldade de entender os fluxos
de atuação do CMDCA e atividades do CMDCA

Conectar-se em rede (conhecer pessoas) Pessoas preocupadas mais em si


que defendem a causa da garantia dos do que em defender a causa
direitos da criança e do adolescente

Acreditar na causa da garantia dos Divulgar a atuação e atividades


direitos da criança e do adolescente do CMDCA

Contribuir de alguma forma para a Política municipal da infância e


infância e adolescência adolescência segmentada

Dificuldade de conexão com os


atores do SGDCA

Ampliar e incluir novas pautas nas


discussões sobre a garantia dos direitos
da criança e do adolescente

40
b. Desenvolvimento e capacitação.

#O que eu gostaria de desenvolver e aprender


enquanto conselheiro de direito?

Habilidades pessoais e sociais: desenvolver o


comprometimento, pró-atividade, participação
e envolvimento;

Conhecimento e competências relacionadas ao


CMDCA: entender o papel do CMDCA, aprender
sobre legislações, fluxos e processos de trabalho;

Conhecimento e competências relacionadas ao


SGDCA: compreender os papéis dos atores que
compõem o SGDCA;

Conhecimento e competências relacionadas aos


Direitos das Crianças e dos Adolescentes: conhecer
a situação das crianças e adolescentes na cidade e
dialogar com este público.

41
c. Mudanças e melhorias

#No contexto atual do CMDCA, o que poderia ser diferente?


Teria algo a melhorar?

Maior número de conselheiros (as) participando


das comissões, para que as funções e atividades não
fiquem concentradas em apenas alguns;

Conselheiros (as) dispondo de mais tempo


para realizar as atividades do CMDCA;

Antes de tomar posse, o (a) conselheiro (a) poderia passar


por um processo formativo, compreendendo seu papel e
o espaço onde está se inserindo;

Conselheiros (as) participando mais ativamente


das decisões e discussões;

Proporcionar espaços para discussões de temáticas


importantes sobre a infância e adolescência (exemplo de temas:
papel dos CTs, violência, saúde mental);

Ampliar as discussões sobre os cuidados com crianças e adolescentes


junto à sociedade, conversando com pessoas que estão diretamente
ligadas a esse público (exemplo: pais e responsáveis);

Conselheiros (as) serem mais consultados (as) individualmente;

Ampliar as discussões com pautas de outras


secretarias e temáticas.

42
d. Aprendizados

#Quais meus aprendizados como conselheiro


e conselheira de direito?

A quantidade e diversidade O quanto conseguimos avançar


das causas que as OSCs trabalham em algumas políticas e outras não.
em Florianópolis.

Desenvolvimento de uma escuta


em meio a um espaço diversificado
Que tem muito trabalho a ser feito. e de me colocar no lugar do outro.

A articulação do SGDCA: O processo do financiamento:


por meio das secretarias e o poder público e sociedade civil;
relacionamento entre a sociedade
civil e o poder público.

Construção do edital e realização


Conhecimento sobre a área da da eleição do processo unificado
infância e adolescência e também do Conselho Tutelar.
crescimento pessoal, como tem a
ver com o outro, respeitar o outro
e a dinâmica do conselho.
Lidar com várias forças
envolvidas, e se relacionar com
todas as instâncias. Saber lidar
com diversos atores e pressões.
Distinção entre o papel do CMDCA
e as funções das comissões temáticas.

Quais as atribuições dos (as)


conselheiros (as) e o papel do
Como é a tomada de decisão CMDCA em garantir os direitos
dentro das plenárias. da criança e do adolescente.

As funções que a comissão


Importância dos serviços de deve exercer.
convivência e fortalecimento
de vínculos.

Conhecer a realidade do contexto


das OSCs que atuam com a causa da
garantia dos direitos da criança e do
adolescente, enxergar a importância
do CMDCA e estar articulado
com essas instituições.

43
#O que nos
chama atenção
(Para onde vamos)

Ÿ Quando conseguem contribuir com suas ações para alguma


mudança na política os entrevistados se sentem bastante
motivados;

Ÿ A falta de engajamento e as dificuldades em termos de infra-


estrutura e capacidade de gestão são fatores desmotivadores
para a maioria dos entrevistados;

Ÿ A articulação, a troca e a comunicação com outros atores do


SGDCA é um fator importante para realização do trabalho e de
motivação para os entrevistados, mas nem sempre essa acontece;

Ÿ A necessidade de ampliar o comprometimento e aprofundar


a formação dos conselheiros, tanto em relação a habilidades
sociais quanto técnicas, parece um consenso.

44
AR
TI
CU
# L
Reflexões dos
conselheiros e
das conselheiras
de direitos
5. Reflexões dos conselheiros e
conselheiras de direitos

5.1 Que reflexões eu tive da minha atuação como conselheiro e conselhei-


ra de direito ao fim da entrevista?

‘‘Perguntas pertinentes fazem com que a gente pense em ‘‘Foi muito bom re etir, porque a gente precisa, e no dia a dia
coisas que nem sempre analisamos. Fazem com que a gente acaba não fazendo. Quando somos questionados, re etimos e
se avalie, avalie o CMDCA e essa relação.’’ buscamos essas informações na nossa memória.’’

‘‘Saber da existência do projeto de capacitação e formação ‘‘Acho que é um momento histórico, já estamos começando a
(Articula Floripa) foi bom, eu tenho bastante interesse moldar nossa coluna para que a gente consiga ir para frente.
de participar e agregar conhecimento para minha vida Acho que isso precisa ser divulgado para que as pessoas saibam o
pessoal e para poder desenvolver habilidades e dar um que está acontecendo, e que o Articula pode ser referência para
retorno para o conselho. Foi muito importante para outros conselhos também. As pessoas, nos conselhos de direito,
entender a realidade do conselho e conseguir vislumbrar estão muito desesperançosas. Precisamos mostrar isso (o projeto)
o que pode fazer para melhorá-lo.’’ para todos. Sem essas parcerias a gente não consegue avançar.’’

‘‘Os questionamentos me ajudam a entender mais a minha ‘‘Me chama a atenção que eu preciso ter mais horas lendo
responsabilidade enquanto pro ssional, conselheira.’’ coisas do conselho, eu tenho que me aprimorar.’’

‘‘Espero que esse tipo de trabalho possa gerar frutos positivos. “Me fez re etir sobre minha própria atuação e sobre a política.
Essa foi a primeira vez na minha vida que falei sobre o Essas coisas não fazemos no cotidiano, pois às vezes entramos
conselho de forma aberta. Eu pude hoje pela primeira vez falar nos processos de trabalho e deixamos isso de lado. Trouxemos
sobre o conselho, o resultado vai ser positivo. A partir desse uma avaliação da política do município e teremos
ponto podemos avançar.’’ elementos bem bacanas.”

‘‘Fez com que eu repensasse algumas coisas na minha ‘‘Eu estou saindo com vontade de buscar mais informações,
atuação enquanto conselheira.’’ preciso ler mais a respeito do meu papel ali dentro, entender
melhor qual meu dever ali como conselheira.’’

46
AR
6 CU
#
T INossas

L
percepções
6. Nossas percepções

A partir da sistematização das respostas dos conselheiros e das conselheiras, foi possível
traçar o perfil destes representantes, bem como verificar suas apreensões sobre a forma
de atuação, avaliação do trabalho do conselho e influência nas políticas públicas. Os
principais resultados foram aqui demonstrados, assim como alguns tópicos para debate e
reflexão a respeito do funcionamento do conselho.

Tais reflexões têm o intuito de auxiliar o conselho na busca conjunta de caminhos para a
melhoria de seu processo decisório e para melhor articulação do CMDCA com as demais
instâncias governamentais, organizações da sociedade civil, poder executivo, legislativo,
judiciário, Ministério Público, conselheiros tutelares e outras instâncias do SGDCA.

Vale ressaltar como aspecto positivo neste processo os espaços que proporcionamos de
autorreflexão e autoconhecimento para os conselheiros e conselheiras, permitindo que
pudessem compartilhar e conversar sobre sua atuação enquanto conselheiro (a), momen-
to ao qual nunca tiveram a oportunidade de vivenciar, fazendo-os (as) se aproximarem do
Projeto Articula Floripa, perceberem a relação que se tem em seu papel de conselheiro
(a), as ações do CMDCA e a política municipal da infância e adolescência, e se motivarem
para contribuir na garantia dos direitos da criança e do adolescente na cidade.

A partir dessas reflexões que os conselheiros e as conselheiras explanaram, identificamos


também aspectos a aprimorar e desafios que eles enfrentam para garantir os direitos da
criança e do adolescente na nossa cidade:

1. Necessidade de uma adequada representação e participação efetiva e engajamento do


membros da sociedade civil e dos órgãos governamentais no CMDCA;

2. Necessidade de melhoria da infraestrutura física e de sistema de gestão do CMDCA;

3. Que os conselhos possam definir/deliberar as prioridades de atenção aos direitos da


criança e do adolescente, tendo maior foco na prevenção e na promoção dos direitos e
não apenas no combate às suas violações;

4. Que o conselho seja promotor de articulação intersetorial das políticas públicas com
toda rede que atua com a causa da criança e do adolescente e que tenha uma maior
interação e diálogo com outros atores do SGDCA;

5. Que o CMDCA e o FIA melhorem e ampliem a sua transparência e a sua comunicação


com a sociedade;

6. Que se amplie a incidência do CMDCA na definição das prioridades e do orçamento


municipais em termos de políticas públicas voltadas para a garantia dos direitos da
criança e do adolescente.

48
Acredita-se que tal diagnóstico poderá apoiar a atuação dos (as) conselheiros (as) do
CMDCA daqui para frente, bem como para subsidiar as diferentes políticas públicas ligadas
à causa da infância e da adolescência no município. Por fim, ressalta-se que esse diagnósti-
co contribuiu também para a construção, em conjunto pelos correalizadores do projeto
Articula Floripa, de uma Jornada Formativa de 24 horas, em formato de curso de extensão
certificado pela UDESC/ESAG, ofertada para os (as) conselheiros (as) (gestão do CMDCA
2019-2022) e com alguns encontros abertos voltados também a outros atores do SGDCA.

Conheça a Jornada Formativa Articula Floripa

Início > 01/09/2020 > 14h30

Lançamento da Jornada Formativa Articula Floripa: apresentação dos


dados das entrevistas com conselheiros de direitos.

10/09/2020 > 14h30


Trajetória da política pública de garantia dos direitos
da criança e do adolescente em Florianópolis
22/09/2020 > 14h30

Conselheiros de direito: engajamento e comprometimento

29/09/2020 > 14h30

Direitos e violações: a questão do Trabalho Infantil.

01/10/2020 14h30

Construção do Plano de Comunicação do CMDCA.

06/10/2020 > 14h30

Atuação do CMDCA: teoria e prática.

13/10/2020 > 16h

Direitos da crianças e do adolescente: propostas


para a política municipal de Florianópolis.

29/10/2020 > 14h30

FIA: Legislação e processos conforme o MROSC.

12/11/2020 > 14h30


Conselho Tutelar e seu papel na defesa dos direitos
da criança e do adolescente.
24/11/2020 > 14h30

Conversando sobre direitos: dialogando com crianças e adolescentes

49
AR
I
CU 7
L # Como aproveitar
este relatório
7. Como aproveitar este relatório

Acreditamos que este documento contribui para diversos atores fortalecerem a política
municipal dos direitos da criança e do adolescente, pois é dever de toda a sociedade
priorizar a infância e a adolescência:

“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem,


com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, explora-
ção, violência, crueldade e opressão.”
Art. 227 da Constituição Federal do Brasil 1988

Apresentamos maneiras de como utilizar as informações para transformar nossa realidade:

Para sociedade em geral e todo SGDCA

Ÿ Conhecer sobre o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, quem


são os (as) conselheiros (as), sendo que este conselho é quem decide e define sobre a
política municipal da criança e do adoelscente na cidade.

Ÿ Se envolver com a causa da garantia dos direitos da criança e do adolescente, participan-


do dos espaço de discussão da política, apoiando financeiramente com o FIA e contribu-
indo para o fortalecimento da política municipal da infância e da adolescência.

Para os (as) conselheiros (as) de direito

Ÿ Conectar com os demais conselheiros e conselheiras, percebendo que compartilham de


desafios em comum.

Ÿ Construir um processo de formação continuada para os (as) conselheiros (as), a partir


das informações explanadas pelos (as) mesmos (as).

Ÿ Inspirar próximas gestões para que conheçam os (as) conselheiros (as) e, a partir disso,
promovam formações.

Ÿ Conhecer a trajetória dos conselheiros e conselheiras.

Ÿ Proporcionar mais momentos de autorreflexão para conselheiros e conselheiras.

Ÿ Reforçar seu papel no controle e gestão da política de garantia dos direitos das crianças
e dos adolescentes.

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Para as OSCs

Ÿ Identificar o perfil dos conselheiros e conselheiras que fazem parte do CMDCA.

Ÿ Refletir para que, nas eleições futuras, tenham representantes disponíveis e comprome-
tidos com a causa.

Ÿ Motivar a participarem dos espaços de controle da política municipal dos direitos da


criança e do adolescente.

Ÿ Conectar a sua organização com os demais atores da rede SGDCA.

Ÿ Conhecer a realidade do CMDCA, motivando a ajudar no fortalecimento da sua atuação


e também se envolver com a causa da garantia dos direitos da criança e do adolescente.

Para o poder público

Ÿ Indicar servidores com perfil para representar e defender a causa da infância e do


adolescente.

Ÿ Levar discussões sobre a causa da garantia dos direitos da criança e do adolescente para
dentro da secretaria/fundação.

Ÿ Conhecer o que é o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, suas


atribuições, qual sua relação enquanto órgão público municipal e a responsabilidade da
secretaria/fundação.

Ÿ Integrar com outros atores que atuam na rede SGDCA para fortalecer a política munici-
pal da criança e do adolescente.

Agenda 2030 da ONU

O Diagnóstico da atuação dos (as) conselheiros (as) de direitos da criança e do adolescen-


te de Florianópolis contribui para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU.

Paz, Justiça e Instituições Parcerias e Meios de


Eficazes Implementação
Promover sociedades pacíficas e Fortalecer os meios de implementação
inclusivas para o desenvolvimento e revitalizar a parceria global para o
sustentável, proporcionar o acesso desenvolvimento sustentável.
à justiça para todos e construir
instituições eficazes, responsáveis
e inclusivas em todos os níveis.
(Fonte: ONU)

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8. Referências

ANDION, C.; SERVA; M. Por uma visão positiva da sociedade civil organizada no Brasil, uma análise
histórica da sociedade civil organizada no Brasil. Cayapa. Revista Venezolana de Economía Social, v.
4, n. 7, 2004.

BRASIL. Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e
dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 jul. 1990.
Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm#art266.

BRASIL. Lei nº 13.019, de 31 de julho de 2014. Estabelece o regime jurídico das parcerias entre a
administração pública e as organizações da sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a
consecução de finalidades de interesse público e recíproco, mediante a execução de atividades ou de
projetos previamente estabelecidos em planos de trabalho inseridos em termos de colaboração, em
termos de fomento ou em acordos de cooperação; define diretrizes para a política de fomento, de
colaboração e de cooperação com organizações da sociedade civil; e altera as Leis nºs 8.429, de 2 de
junho de 1992, e 9.790, de 23 de março de 1999

CONANDA. Resolução nº 113, de 19 de abril de 2006. Dispõe sobre os parâmetros para a institucio-
nalização e fortalecimento do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente. Dispo-
nível em https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=104402.

FLORIANÓPOLIS. Lei nº 7855, de 22 de abril de 2009. Dispõe sobre o Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e Adolescente e sobre a revogação dos arts. 4º e 5º da Lei nº 6134 de 20002 e das
Leis nºº 3.794 de 1992 e 6.565 de 2004.

FLORIANÓPOLIS. Regimento interno do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescen-


te de Florianópolis, 2008.

GOHN, Maria da Glória. Conselhos Gestores e Participação Sóciopolítico. 1ª Ed. São Paulo: Cortez
Editora, 2001, v.01.

IBGE. As Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos no Brasil: 2010. Estudos e Pesqui-
s a : I n fo r m a ç ã o Eco n ô m i c a , n . 2 0. R i o d e J a n e i ro : I B G E , 2 01 2 . D i s p o n í ve l e m :
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101647.pdf. Acesso em: 10 de junho de 2019

ICOM. Sinais Vitais Florianópolis Criança e Adolescente - Direito Deles, Transformação para Todos.
Instituto Comunitário Da Grande Florianópolis. Florianópolis, 2017.

LOPEZ, F. G. (Org). Perfil das organizações da sociedade civil no Brasil. Brasília: Ipea, 2018.
Disponível em:
http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/livros/180607_livro_perfil_das_orga
nizacoes_da_sociedade_civil_no_brasil.pdf. Acesso em: 10 de junho de 2019.

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PEDRA
BRANCA

CIDADE
CRIATIVA

FAMÍLIA MACEDO . FAMÍLIA GOMES VIEIRA

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