Beth Harmon é uma jovem órfã dos anos 1950 que desenvolve uma paixão e talento extraordinários pelo xadrez enquanto cresce num orfanato, onde também fica viciada aos tranquilizantes que lhe são administrados. Após ser adotada, viaja pelo país a participar em torneios de xadrez, quebrando barreiras de género e tornando-se numa das melhores jogadoras do mundo, numa jornada de descoberta pessoal através do jogo.
Beth Harmon é uma jovem órfã dos anos 1950 que desenvolve uma paixão e talento extraordinários pelo xadrez enquanto cresce num orfanato, onde também fica viciada aos tranquilizantes que lhe são administrados. Após ser adotada, viaja pelo país a participar em torneios de xadrez, quebrando barreiras de género e tornando-se numa das melhores jogadoras do mundo, numa jornada de descoberta pessoal através do jogo.
Beth Harmon é uma jovem órfã dos anos 1950 que desenvolve uma paixão e talento extraordinários pelo xadrez enquanto cresce num orfanato, onde também fica viciada aos tranquilizantes que lhe são administrados. Após ser adotada, viaja pelo país a participar em torneios de xadrez, quebrando barreiras de género e tornando-se numa das melhores jogadoras do mundo, numa jornada de descoberta pessoal através do jogo.
O livro que vou apresentar hoje é “The Queen’s Gambit”, ou
“Gambito de Dama” em português, que foi escrito por Walter Stone Tevis.
Tevis, foi um escritor e contista norte-americano. Nasceu a 28 de
fevereiro de 1928, em São Francisco, na Califórnia e faleceu a 9 de agosto de 1984, em Nova Iorque, nos Estados Unidos.
É também autor de seis outros romances, dos quais se destacam
3, que deram origem a filmes de grande sucesso.
“The Queen’s Gambit” foi publicado pela primeira vez em inglês
no ano de 1983, e é considerado um romance semi-biográfico uma vez que a obra foi baseada na vida do autor que aprendeu a jogar xadrez aos 7 anos e que dois anos depois lhe foi diagnosticada febre reumática, ficando internado durante um ano. Nesse período de tempo passou a tomar doses de um barbitúrico que lhe causava dependência, tal como, em Gambito de Dama, Elizabeth Harmon fica viciada nos calmantes que lhe são dados no orfanato. Depois da saída do hospital, os pais de Tevis mantiveram-se ausentes na vida do autor, fazendo assim com que ele procurasse um refúgio, neste caso o bilhar, no caso de Beth, o xadrez.
Este livro foi também lançado pela Netflix, como minissérie, a 23
de outubro de 2020.
Eu li a primeira edição portuguesa publicada em fevereiro de
2021, cuja editora é “Suma de Letras”. Seguindo uma lógica cronológica, após um acidente de viação fatal que causou a morte da mãe, e com o pai fora de cena, aos 8 anos Beth vai viver para um orfanato, ambientado nos anos 50, no qual ganha não só o vício pelo xadrez, como pelos tranquilizantes (dados às crianças para as manter calmas e bem- comportadas).
A correlação entre ambos não é uma mera casualidade.
Atormentada pelos demónios de uma infância traumática e de um espírito singular, Beth vê no xadrez um mundo onde consegue manter o controlo e dominar o que lhe acontece, e nos comprimidos um escape para esse domínio.
Durante a sua estadia no orfanato conhece o solitário Senhor
Shaibel, que depois de lhe ensinar as bases do jogo depressa reconhece que Beth é um pequeno génio do xadrez.
Mais tarde, após ser adotada, cria uma relação de amizade e
companheirismo com a mãe adotiva, que se apercebe do seu potencial enquanto jogadora e dos benefícios de enveredar por entre um mundo de vitórias, encorajando-a assim na sua paixão.
Juntas viajam para os mais variados destinos em torneios de
xadrez, através dos quais Beth ganha reputação, quebrando estereótipos e tornando-se uma das adversárias mais temidas pelos seus oponentes.
Paralelamente à evolução do jogo de Beth, dá-se uma jornada
pessoal, como jogadora e como jovem mulher, através da qual cria amizades e rivalidades, deparando-se com desafios muito maiores do que aqueles que enfrenta no jogo e caminhando em direção a um desfecho que tanto pode ser o seu triunfo, como o seu declínio. A obra tem uma escrita brilhante, onde o autor descreve cada jogada, cada movimento de peças… de uma forma tão incrível e inexplicável que mesmo quem nunca jogou xadrez consegue se imaginar a jogar, porém uma escrita simples, com frases curtas e vocabulário acessível, não sendo necessário ser-se perito em xadrez para que se desfrute da beleza da prosa.
O título é bastante alusivo à obra dado o facto de que se intitula
de “The Queen’s Gambit”, o nome de uma abertura de xadrez, uma das primeiras jogadas que Beth aprendeu e a que recorreu num dos jogos mais importantes.
A história é contagiante, que imerge o leitor nas suas intrigas e o
deixa curiosíssimo em relação aos acontecimentos futuros.
O livro é focado na personagem Elizabeth Harmon (a minha
personagem favorita), uma menina inteligente e com uma memória visual apuradíssima, na qual podemos encontrar um feminismo subtil, que encara a posição de igualdade da mulher com a naturalidade que lhe deveria ser reconhecida.
Apesar de toda a alusão ao jogo, o livro aborda também vários
outros temas como: o luto, a institucionalização de crianças, o abuso de substâncias, a adoção, enfim um leque de assuntos importantes e que fizeram todo o sentido nesta narrativa, que considero bastante relevantes e chamativos.
Considerando o facto de vivermos numa época ainda fortemente
marcada por diferenças de género, a inclusividade está de certa forma bastante vincada no xadrez.
No momento/ instante do jogo gera-se um mundo num tabuleiro
onde todos cabem e no qual importa apenas a capacidade de jogar. De fora fica o que não tem relevância perante o poder de cada uma daquelas peças, barreiras como: género, raça, idade, estatuto social, entre outros privilégios.
Em comum existe apenas a paixão pelo jogo e a vontade de
vencer, que é algo bastante admirável para a sociedade da época.
“The Queen’s Gambit” funciona também como um aviso para
não nos tornarmos escravos da nossa própria paixão e do nosso próprio cérebro.
Recomendo não só a leitura da obra, como a visualização da
aclamada minissérie, que traz uma nova vida a esta narrativa por si só incrível.
Aqui temos uma citação de Alice Harmon: “A pessoa mais forte
de todas não tem medo de ficar sozinha.”, uma frase que Alice usa para mostrar a Beth que apesar de o ser humano viver em sociedade, apreciar e até precisar da companhia dos outros, é independente e não precisa da muleta de terceiros para encontrar paz, felicidade e força.