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Informações sobre o autor- Christiane Vera Felscherinow mais conhecida como Christiane F.

, nasceu em
Hamburgo, no dia 18 de Maio de 1962. É a personagem principal do livro autobiográfico Wir Kinder vom Bahnhof
Zoo, publicado e editado pela revista alemã Stern em 1978. Este livro foi posteriormente editado em Portugal,
tendo como título: Os filhos da droga, o qual foi um autêntico sucesso. Este livro foi também adaptado ao cinema
por Ulrich Edel, um realizador alemão que conseguiu chocar os críticos devido à veracidade e à maneira como os
actores e actrizes representaram papéis tão complexos e difíceis.

Resumo-A história baseia-se nos relatos de uma adolescente chamada Christiane, que tinha apenas 13 anos quando
enveredou pelos caminhos da droga.

Até aos 6 anos ela viveu numa pequena aldeia onde o ambiente era humilde. Passado algum tempo, ela, os pais e a irmã
mudaram-se para Berlim, para uma zona hostil e a família começou a desmoronar-se pouco a pouco, porque o pai de Christiane
começou a bater-lhe, à irmã e à própria mulher.

A mãe de Christiane divorciou-se e levou a Christiane com ela, enquanto que a sua outra filha preferiu viver com o pai e a sua
amante.

Christiane ficou abalada com tudo o que lhe estava a acontecer e pouco a pouco acabou por experimentar, primeiramente
tabaco e álcool e seguidamente, drogas consideradas leves (haxixe, LSD, Valium, Mandrix) que adquiria na casa do centro, uma
casa onde se reuniam alguns jovens alegadamente para rezarem e prestarem culto, mas na realidade era para se drogarem,
ouvirem música e viverem a realidade que eles tinham construído à custa das drogas.

Daí em diante experimentou Heroína com o seu namorado, Detlef quando ela tinha treze anos e ele dezassete. Depressa
ficaram dependentes da Heroína recorrendo às teias da prostituição para sustentar o vício, chegando mesmo a serem presos.

A mãe dela já não sabia o que fazer para tirar do peito a dor que sentia por ver o desmoronamento da filha e do namorado,
dado que tentaram inúmeras vezes desintoxicar-se, sem conseguirem grandes resultados e afundavam-se cada vez mais na
dependência.

Então a mãe levou-a para casa da avó onde ela poderia sair do ambiente que a matava lentamente e, talvez deixar as drogas,
dado que a avó vivia num local mais puro e onde ela podia repensar toda a sua existência.

No fim do livro, Christiane deixa as drogas pesadas, mas sem deixar o álcool e o haxixe termina esta história, que poderia ser a
de qualquer um de nós.

Citações-“ Achei que desta vez era o fim. Mas não era uma overdose, era só vinagre. Perdi toda a
resistência e meu corpo não me obedecia mais. Foi assim que os outros morreram. Muitas vezes, depois
de uma picada eles perdiam a consciência. E um dia eles não acordavam mais. Não sei por que tive tanto
medo de morrer. De morrer só. Os drogados morrem sós. Mais frequentemente em em casas de banho
nojentas. Tive então, uma verdadeira vontade de morrer. No fundo não esperava por outra coisa. Não
sabia o que estava a fazer no mundo. Antes, eu também não sabia muito bem. Mas um viciado vive para
quê? Para se destruir e destruir aos outros? Pensei, naquela tarde, que seria melhor que eu tivesse
morrido, mesmo que fosse só pelo amor à minha mãe. De qualquer forma, não sabia mais se existia ou
não.”

Comentário- Este é um livro que, de uma forma simples e descomplexada, trata um dos maiores problemas da
actualidade e que, infelizmente, tende a alastrar-se a uma velocidade gigantesca.
Christiane F. não foi apenas mais uma toxicodependente, não foi apenas mais uma que caiu e se deixou manipular
pelas teias da droga e da dependência, ela não foi mais uma a morrer por dentro e não foi mais uma a sofrer ao ver
a sua morte prematura escolhida por si mesma e pelos seus erros.

Christiane F. não foi apenas mais uma, porque ela teve a coragem, a força que, num ímpeto, num sobressalto a fez
escrever este livro! Ela é dotada de uma força, que talvez desconheça, porque ela própria nunca foi ensinada nem
incentivada a conhecer-se…

Se digo, que este problema se tende a alastrar, não é porque não acredite na força da união, da compaixão e da
educação! Digo-o, porque não acredito, que com a mentalidade que nos encerra a visão, que com esta
“necessidade” da perfeição ou melhor, de termos de alcançar uma perfeição inexistente, consigamos ver a
realidade! É nesta sociedade que concentra em si a vontade de ser bajulada por se encontrar no topo hierárquico,
onde se esquecem e se perdem as grandes pessoas…Perdem-se aquelas, que com o seu grande coração poderiam
vencer e serem elas sim, merecedoras da glória!

Por isso, no meu ponto de vista, este não é um livro fácil, nem de todo agradável, no sentido em que não nos forma
um sorriso nos lábios e não nos enche o coração desses sentimentos que outros conseguem encher…Mas, se
escutado (!) e lido com uma atenção que dê o devido valor aos pormenores que, minuciosamente nos comandam a
vida, poder-se-á observar que a coragem, a força e a brutal guerra de sentimentos que este livro encerra em si, nos
faz ver aquilo de que nós, apesar de sabermos que é a realidade, tentamos fugir com o intuito de nos escaparmos a
ela!

Concluo então, que esta pequena grande mulher, não merece o pódio por ter errado, mas por ter tido a coragem
de mostrar o seu erro, para que outros não o cometam!

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