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Trabalho Final - Estéticas Ocidentais nas Américas

Bruno Savi de Castro Melo (iesk_spirit_crusher@hotmail.com)

Depois que as américas foram colonizadas o conceito estético ocidental europeu foi
dominando o imaginário da sociedade, o que aqui já havia, foi sendo destruído pois era visto
como inferior, afinal éramos o povo dominado e escravizado e as diversas culturas nativo
americanas foram subjugadas, assim como fizeram com os negros quando foram tirados de
sua terra natal e aqui escravizados e proibidos de praticar sua cultura. Por muitos anos foi
assim, o exemplo de cultura (arte, religião, costumes, etc..) que reinava nas américas não era
nativo, era europeu, até que um dos países das américas (Estados Unidos) decidiu adotar a
prática imperialista e começou a impor o seu “american way of life” (gostaria de fazer um
adendo aqui dizendo que somos mais americanos que esses filhos de anglo-saxões, embora
eles tenham se apossado do termo americano pra eles) pois perceberam que isso gerava um
lucro absurdo, uma ideia é vendida, para se vender coisas, especular ações, é lucro em cima
de lucro em cima de lucro ad infinitum e hoje isso se torna ainda mais voraz com o advento
dos algoritmos, penso que a indústria cultural extrapolou as expectativas mais pessimistas de
Adorno.
Basicamente as américas ficaram com esse imaginário, onde a arte como entretenimento vem
dos Estados Unidos e a “alta cultura” da Europa. Falando de Brasil passamos por alguns
movimentos que tentaram gerar/retomar uma identidade para nosso povo, a semana de 22 e
os movimentos antropofágicos que se estendem para o tropicalismo, cinema novo, cinema
marginal...são vários os exemplos de movimentos que misturam elementos das mais diversas
culturas e os devolvem do jeito brasileiro, estilos como a bossa nova que é uma mistura de
samba (afro-brasileiro) com jazz (estadunidense) e a grande maioria do que se é feito de arte
no brasil é essa grande mistura cultural. Nosso país é tão grande que se falar de uma única
identidade é uma besteira enorme, do cordel ao rock gaúcho, é difícil se falar em arte no
brasil sem ser plural.
Certamente também temos que preservar culturas que a todo momento tentam ser apagadas
pela elite burguesa, culturas ancestrais como as afro-brasileiras e indígenas, para isso é
importante a existência de museus, demarcações de reservas indígenas, transcrições da
cultura indígena para a cultura do homem branco, e sempre dar voz aos que vivem na
margem, muito mais do que um pensamento glauberiano de representar a “fome”, mas
colocar o “faminto” para produzir sua arte, pois é assim que se vê pelo ponto de vista de
quem está inserido nessa situação, é a partir da integralização do brasileiro na arte (quando
digo brasileiro, estou me referindo a todos, principalmente da sua grande maioria, mulher,
negra e pobre) que se existe um arte genuinamente brasileira, mas não é isso que vemos
acontecer.
Os reis do gado (donos do agronegócio) controlam as rádios e TVs para que o sertanejo não
saia da moda, pois é uma ótima propaganda pró-agro(tóxico) e os ritmos como o rap e o funk
são discriminados, as salas de cinema são em sua grande maioria ocupadas por filmes
estadunidenses ou suas réplicas, assim como na TV e nas plataformas de streaming, enquanto
Jeferson De e seu Dogma Feijoada são jogados de escanteio, o pouco que existe de arte
Brasileira (isso, com o B maiúsculo) é pouco consumida, é pouco veiculada, é pouco
conhecida, e quando sai desse patamar do pouco, ela é muito, muito discriminada, é “coisa de
bandido”, “de pobre”, “mal feito”, quando se foge dos moldes que foi posto no imaginário
coletivo soa estranho pra quem observa, e o preconceito (geralmente) é a resposta para aquilo
que é diferente.
Me parece que se há alguma solução ela está tão longe de se concretizar que mal posso
enxerga-la, creio que tudo vem de ecos, um movimento ali, um acola, tudo vai ecoando,
como até hoje a semana de 22 (por mais burguesa e elitista que foi) vêm ecoando. Talvez
esses ecos se tornem cada vez maiores e as mudanças cada vez mais significativas, hoje o
funk e o rap tornam possível um preto dirigir uma lamborghini, mas ele ainda vai ser parado e
visto como ladrão ou traficante, enquanto os maiores donos desses carros, que compraram
com dinheiro de roubo e tráfico, mas são brancos, dirigem por aí recebendo acenos e elogios.
Por hora sou a favor da arte do incomodo, se não for pra chocar e gerar questionamentos a
respeito de si, do próximo e do universo, pra causar desconforto nos ideais retrógrados,
quebrar aquele modelo de perfeição estabelecido pelos mesmos que querem colocar os seres
humanos em caixas, vomitar tudo aquilo que nos foi empurrado numa chanchada e avacalhar
com tudo, pois sinceramente não sei outro caminho para expressar meus sentimentos a
respeito do acidente que é o ocidente.

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