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A FISIOTERAPIA COMO TRATAMENTO NA POLIOMIELITE: UM RELATO DE

EXPERIÊNCIA

Natalie Queiroz da Rosa 1

Natálie Queiroz da Rosa 2

Priscila Gularte Padoin 3

Resumo:

Trata-se de um relato de experiência das atividades práticas realizadas no componente curricular de


Fisioterapia Ortopédica, Traumatológica e Reumatológica II durante o 7º semestre do Curso de
Graduação em Fisioterapia da Universidade Federal do Pampa, Campus Uruguaiana, no período do
primeiro semestre de 2017. Relatando o caso do paciente E.M.R, 42 anos, sexo masculino, que aos seis
meses de idade, teve poliomielite, a qual acarretou alterações anatômicas em membro inferior direito.
Este mesmo, por indicação médica procurou o serviço de fisioterapia da Universidade Federal do Pampa
que foi iniciada no dia 16/03/2017. Sendo que o tratamento fisioterapêutico mostrou-se eficaz e de
grande importância, principalmente se procurado inicialmente após processo cirúrgico de correção em
casos de poliomielite. Os objetivos do tratamento conseguiram a curto prazo obter a diminuição do
quadro álgico, edema e consequentemente a funcionalidade e independência deste indivíduo,
proporcionando autonomia nas atividades de vida diária.

Palavras-chave: Fisioterapia; Poliomielite; Avaliação poliomielite

Modalidade de Participação: Iniciação Científica

A FISIOTERAPIA COMO TRATAMENTO NA POLIOMIELITE: UM RELATO DE


EXPERIÊNCIA
1 Aluno de graduação. nataliequeirozr@gmail.com. Autor principal

2 Aluno de graduação. nataliequeirozr@gmail.com. Apresentador

3 Docente. priscilapadoin@unipampa.edu.br. Orientador

Anais do 9º SALÃO INTERNACIONAL DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO - SIEPE


Universidade Federal do Pampa | Santana do Livramento, 21 a 23 de novembro de 2017
A FISIOTERAPIA COMO TRATAMENTO NA POLIOMIELITE: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA
1. INTRODUÇÃO
A poliomielite é uma doença infecciosa aguda causada pelo poliovírus, que
afeta o sistema nervoso central e leva à destruição de neurônios motores, resultando
em paralisia muscular flácida. (RECHENCHOSKI et al, 2016). As grandes epidemias
de poliomielite nas décadas de 1950-1960, ocorridas no período prévio à introdução
da vacina. (WALDMAN et al, 2016). Uma vez publicado, o Ministério da Saúde traz
que o último caso de poliomielite no Brasil foi em março de 1989.
A transmissão desta dá-se principalmente por via fecal-oral, oral-oral através
de gotículas expelidas durante a fala, tosse ou espirro da pessoa contaminada e
geralmente manifesta-se como infecções, quadro febril inespecífico, meningite
asséptica, paralisia e até a morte. Esta, teve maior incidência principalmente
crianças de zero a quatro anos (não vacinadas), causando a morte por
comprometimento dos músculos respiratórios ou deixando sequelas com a
perda parcial ou total da capacidade de contração dos músculos. (BARROS, 2008).
No Brasil, a partir da epidemia de poliomielite, notou-se que havia a
necessidade de reabilitação da população afetada pelo vírus e em proporcionar
qualidade de vida à essas pessoas que apresentavam as sequelas da doença. A
partir desde ocorrido, a fisioterapia tem o papel essencial em questões de
reabilitação e funcionalidade para estes. (BARROS, 2008).
Hoje em dia, com a erradicação da doença no país, devido às campanhas de
vacinação, são poucos os casos que ainda se apresentam na prática clínica de
fisioterapia. Sendo assim, o objetivo desse trabalho relatar um caso de poliomielite
com sequela em membro inferior direito bem como a atuação fisioterapêutica no
mesmo.
Tendo como objetivo relatar o caso do paciente E.M.R, 42 anos, sexo
masculino, que aos seis meses de idade, teve poliomielite, a qual acarretou
alterações anatômicas em membro inferior direito. Este mesmo, por indicação
médica procurou o serviço de fisioterapia da Universidade Federal do Pampa que foi
iniciada no dia 16/03/2017.

2. METODOLOGIA
Trata-se de um relato de experiência das atividades práticas realizadas no
componente curricular de Fisioterapia Ortopédica, Traumatológica e Reumatológica
II durante o 7º semestre do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade
Federal do Pampa, Campus Uruguaiana, no período do primeiro semestre de 2017,
sendo acompanhado um paciente com sequela de poliomielite, que após cirurgia de
correção no pé direito, iniciou o tratamento e acompanhamento fisioterapêutico.
Como métodos de avaliação, inicialmente foi realizada a avaliação postural em
vista anterior, posterior, lateral direita e esquerda. Posteriormente a inspeção,
palpação, goniometria, perimetria, teste de força muscular, teste de sensibilidade e
testes especiais, sendo todos estes em MMII. Assim como ao inicio e fim de cada
atendimento foi aplicada a Escala EVA. Na intervenção fisioterapêutica o protocolo
aplicado constituiu-se das seguintes condutas: Mobilização articular de metatarsos,
massoterapia, liberação miofascial, prancha de equilíbrio e propriocepção; eversão e
inversão; flexão de artelhos com faixa elástica; resistência manual em joelho e
quadríceps; Treino de marcha dinâmica e estática em barras paralelas; exercícios
posturais; descarga de peso em MMII na bola suíça.

3. RESULTADOS e DISCUSSÃO
Durante o primeiro dia de acompanhamento do paciente, conforme o RX
apresentado evidenciou-se o inicio de osteoporose em fíbula no membro inferior
direito e fratura, correlacionada ao fato de que o paciente não realizava descarga de
peso correta no membro afetado. Pela diferença de comprimento deste, inversão do
pé e pelo encurtamento desta musculatura.
A partir da avaliação postural foi possível observar que em vista anterior o
paciente apresenta pé direito e joelho em RE, Não apoia todo o arco plantar; MID
com atrofia muscular visível; Quadril em inclinação à esquerda e Ombro direito mais
elevado. Em vista posterior apresenta pé direito em RE; Quadril com elevação a
esquerda; Presença de prega cutânea a esquerda devido a postura adotada; Ângulo
do cotovelo esquerdo maior e ombro direito mais elevado. Observando em vista
lateral direita apresentaram-se pé direito rotado; Anteversão pélvica e não encosta
todo o arco plantar no chão. Já em vista lateral esquerda pé direito em rotação;
Quadril inclinado para esquerda e tronco levemente rodado para esquerda.
Durante a inspeção foi observado o pé direito com edema e inchado; Atrofia
muscular em perna direita (gastrocnêmio); Cicatrizes na parte inferior da perna e pé
(9cm) decorrente da cirurgia; Local da cicatriz avermelhado; Pele íntegra; Unhas de
ambos pés amareladas. Na palpação o paciente apresentou cicatrizes aderidas em
parte inferior da perna e pé. A goniometria foi feita porém em pé direito, o qual não
realizava os movimentos de inversão, eversão, plantiflexão e dorsiflexão.
A perimetria foi realizada sendo que na cirtometria em 8 no pé esquerdo tinha
57,5cm e no pé direito com edema apresentou 65cm. Com a avaliação de Ponto fixo
a cada 5 cm partindo de maléolo lateral, no lado esquerdo apresentava em 5cm:
27cm; 10cm: 26cm; 15cm: 24cm. E em pé direito: 5cm: 29cm; 10cm: 27cm; 15cm:
28cm. Na sequência foi realizado o Teste de força muscular em que no MID foram
testados quadríceps, com força 5; Tibial anterior: não foi possível realizar, pois
paciente não realiza o movimento; Abdutor: 5; Adutor: 4; Glúteo médio: 3 e
Isquiotibiais força 2. Em MIE foram avaliados também quadríceps, tibial anterior,
abdutor/adutor, glúteo médio, isquiotibiais, eversão/inversão, sendo que todos
apresentaram força 5.
Na avaliação do Teste de sensibilidade tátil, térmica e dolorosa mostram-se
preservadas em ambos pés, porém não preservada em médio pé direito. Como
Teste especial foi realizado Teste de Cacifo, o qual foi positivo (+++) em dorso do pé
direito e em região de maléolo lateral.
Por fim, como Diagnóstico Fisioterapêutico traz que o paciente tem alterações de
fraqueza muscular de glúteo médio, mínimo e máximo, adutores e abdutores;
Ausência de movimentos na dorsiflexão, plantiflexão e inversão; Alteração da
marcha; Déficit de descarga de peso em MID; Hiperextensão de joelho esquerdo;
Rotação externa de quadril; Encurtamento de cadeia posterior e abdutores e atrofia
muscular.
O tratamento fisioterapêutico teve como objetivos melhorar o equilíbrio e
propriocepção, recuperar tecido ósseo, diminuir edema, fortalecimento de inversores
e eversores; abdutores e adutores, treino de marcha. Sabendo-se que a as
mobilizações articulares promovem a congruência articular, diminuindo o atrito
mecânico na articulação, melhora a dor, edema, a melhor função do segmento
corporal comprometido (RESENDE et al, 2006), optou-se começar por esta técnica.
Conjuntamente a liberação miofascial, a qual tem o efeito de que a
manipulação da musculatura intrínseca do pé faz com que ocorra um aumento da
área de contato plantar, resultando num melhor equilíbrio corporal e mobilidade
funcional (MARQUES, 2016). Neste caso principalmente no pé direito, para que a
partir daí pudessem ser iniciadas as próximas condutas de descarga de peso em
MID, aumento de força muscular em MMII e paravertebrais, e posteriormente o
treino de marcha.
A evolução do paciente notou-se partir do momento em que se sentiu seguro
para ficar em ortostatismo sem o auxilio das muletas canadenses e bota ortopédica
que fazia uso, pelo fato de ter diminuído o quadro álgico e de inchaço no pé direito,
podendo avançar para os exercícios de fortalecimento muscular de MMII,
principalmente de glúteo médio, abdutores e adutores do MID, por que através de
exercícios de fortalecimento, é possível atuar no sistema efetor, assim minimizando
os déficits, diminuindo o risco de quedas e dependência, melhorando o desempenho
funcional (FARIA et al, 2003).
O ganho de força e equilíbrio gradualmente permitiram que fosse trabalhado
plantiflexão e dorsiflexão em pé direito, associado à plataforma de instabilidade,
assim como exercícios posturais na bola suíça dando estímulo propioceptivo e
estimulando a descarga de peso em MID também. Observando a estabilidade do
paciente, acrescentou-se ao tratamento a realização de treino de marcha estática e
dinâmica, livre e sem resistência.
A literatura relaciona que a recuperação da marcha é uma tarefa difícil em
que os pacientes muitas vezes são incapazes de produzir a força muscular
necessária para manter a postura e caminhar. Nestes casos, é necessário prover um
suporte para proteger estes de quedas, por meio dos sistemas simples de ajuda
para auxílio na marcha, como barras paralelas. É evidente que a assistência durante
a marcha pode ser dada por dois terapeutas, auxiliando o paciente. Sendo que o
primeiro, posicionado atrás do paciente, consegue observar o tronco e com as mãos
nos quadris do paciente, corrige a extensão do tronco, rotação pélvica, transferência
de peso e extensão no quadril (HAUPENTHAL et. al, 2017).
Com o segundo terapeuta posicionado ao lado do paciente, observa-se o
membro inferior acometido, corrigindo o movimento, evitando a hiperextensão de
joelho para ter uma marcha ideal que irá proporcionar a aquisição de todas
competências para a deambulação sem o uso de órteses (HAUPENTHAL et. al,
2017).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho traz que a fisioterapia foi essencial para o
desenvolvimento de habilidades, tais como diminuição da EVA no decorrer dos
atendimentos, melhora da postura e equilíbrio, caminhar sem uso de órteses (muleta
canadense), que o paciente não apresentava antes de ter o primeiro contato, após a
cirurgia de correção realizada. Assim como os objetivos do tratamento conseguiram
a curto prazo obter a diminuição do quadro álgico, edema e consequentemente a
funcionalidade e independência deste indivíduo, proporcionando autonomia nas
atividades de vida diária.
O tratamento fisioterapêutico mostrou-se eficaz e de grande importância,
principalmente se procurado inicialmente após processo cirúrgico de correção em
casos de poliomielite.

5. REFERÊNCIAS

BATALHA MONTEIRO DE BARROS, Fabio Batalha. Poliomielite, filantropia e


fisioterapia: o nascimento da profissão de fisioterapeuta no Rio de Janeiro dos anos
1950. Ciência & Saúde Coletiva, v. 13, n. 3, 2008.

Brasil. Ministério da Saúde. Poliomielite: A importância da continuidade das


campanhas de vacinação.[internet]. Brasília, DF: Blog da saúde; 2015. [acesso
em 30 set 2017] Disponível: http://www.blog.saude.gov.br/iwts2g

FARIA, Juliana de Castro et al. Importância do treinamento de força na reabilitação


da função muscular, equilíbrio e mobilidade de idosos. Acta fisiátrica, p. 133-137,
2003.

HAUPENTHAL, Alessandro et al. Análise do suporte de peso corporal para o treino


de marcha. Fisioterapia em movimento, v. 21, n. 2, 2017.

MARQUES, Ana Elisa Zuliani Stroppa. Efeitos da mobilização miofascial plantar no


equilíbrio corporal, mobilidade funcional e ativação muscular em idosas. 2016.

RECHENCHOSKI, Daniele Zendrini et al. Poliomielite±erradicação ou


controle?. Revista de Ciências Médicas e Biológicas, v. 14, n. 2, p. 233-237, 2016.

RESENDE, M. A. et al. Estudo da confiabilidade da força aplicada durante a


mobilização articular ântero-posterior do tornozelo. Revista Brasileira de Fisioterapia,
v. 10, n. 2, 2006.
WALDMAN, Eliseu Alves; SATO, Ana Paula Sayuri. Trajetória das doenças
infecciosas no Brasil nos últimos 50 anos: um contínuo desafio. Revista de Saúde
Pública, v. 50, p. 68, 2016.

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