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Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais
b
Laboratório de Revestimentos Cerâmicos - LaRC, Departamento de Engenharia de
Materiais - DEMa, Universidade Federal de São Carlos - UFSCar,
Rod. Washington Luiz, km. 235, 13565-905 São Carlos - SP, Brasil
*e-mail: daob@power.ufscar.br
1. Introdução
A formulação de massas para a fabricação de produtos • a variabilidade das características físicas, químicas e
cerâmicos é uma etapa de pesquisa associada a muitos tes- mineralógicas das matérias-primas naturais emprega-
tes em escala de laboratório e posteriormente em escala das requer constantes ajustes da formulação para
semi-industrial, até o desenvolvimento de uma massa ade- manter o controle da produção e a constância das
quada para a produção industrial. Se esta etapa de desen- características do produto acabado dentro de inter-
volver e caracterizar o comportamento das massas formula- valos aceitáveis.
das for realizada de maneira descuidada (alterando-se Neste trabalho, a metodologia para o desenvolvimento
aleatoriamente os teores de cada matéria-prima nas formu- de formulações foi aplicada em produtos do tipo porcela-
lações testadas sem nenhum cuidado estatístico), mesmo nato, com a técnica de planejamento de experimentos com
que se obtenha uma “boa massa”, dificilmente se terá co- mistura2,3. O objetivo do experimento foi obter produtos
nhecimento do efeito que a variação do teor de alguma com características compatíveis com as exigidas para
matéria-prima causará nas características do produto1. porcelanato, sendo avaliadas a retração linear de queima, a
As indústrias de produtos cerâmicos queimados em ci- absorção de água e o módulo de resistência à flexão das
clo rápido, como é o caso da indústria de pisos e revesti- peças produzidas com as massas formuladas em função da
mentos, ainda encontram duas dificuldades adicionais quan- variação dos teores das matérias-primas. O comportamen-
to à formulação de massas: to das massas também foi avaliado com as curvas de
• as técnicas de formulação de massas com o uso dos compactação e gresificação.
diagramas de equilíbrio de fases são pouco utiliza- O presente trabalho está dividido em duas partes:
dos, devido à inadequação destes diagramas para os • na primeira, são apresentadas algumas considerações
produtos queimados em ciclo rápido, que permane- sobre a metodologia de planejamento de experimen-
cem apenas poucos minutos, durante a queima, em tos com misturas, a caracterização das matérias-pri-
temperaturas superiores a 1000° C; e mas utilizadas e a definição das formulações; e
Referências
1. Villafranca, R. R. Diseño de experimentos para la
Figura 2. Espaço amostral do experimento. optimización de mezclas. Castellon: ATC, 1999. Não
paginado.
2. Montgomery, D. C. Design and Analysis of Experiments.
Tabela 6. Composição das massas formuladas, percentual em
massa. 2. ed. New York: John Wiley and Sons, 1984. 538 p.
3. Zauberas, R. T. Desenvolvimento de uma Metodologia para
Massa Argila (%) Caulim (%) Fundente (%) a Formulação e o Processamento de Massas para
1 25,00 25,00 50,00 Porcelanato. 2004. 288p. Tese (Doutorado em Ciência e
2, 5, 7 38,75 17,50 43,75 Engenharia de Materiais) - Departamento de Engenharia
3 40,00 10,00 50,00 de Materiais, Universidade Federal de São Carlos, 2005.
4 45,00 10,00 45,00 4. Zauberas, R. T., et al. Planejamento estatístico de experi-
6 45,00 25,00 30,00 mentos aplicado ao desenvolvimento de formulações
para revestimentos cerâmicos. Cerâmica, v. 50, n. 313,
p. 33-37, jan.-mar. 2004.
Tabela 7. Características de interesse das massas formuladas. 5. Box, G. E. P.; Hunter, W. G.; Hunter, J. S. Statistics for
Característica Massa experimenters: an introduction to design, data
1 2, 5 e 7 3 4 6 analysis, and model building. New York: John Wiley
and Sons, 1978. 653 p.
partículas > 52 µm (%) 1,4 1,1 0,9 0,9 1,4
6. Cornell, J. A. Experiments with mixtures. New York: Wiley,
partículas < 1,6 µm (%) 29,8 33,3 33,3 34,7 35,4
1981, 305 p.
IAM (meq AM/100 g) 7,3 9,5 9,8 10,6 10,5
7. Funk, J. E.; Dinger, D. R. Predictive process control of
Fe2O3 (%) 0,9 1,0 1,1 1,2 1,1
crowded particulate suspensions: applied to ceramic
Óxidos alcalinos (%) 5,9 5,3 5,9 5,4 4,0
manufacturing. Norwell: Kluwer Academic Publishers,
1997. 786 p.
como favoráveis à obtenção de porcelanato de massa clara, 8. Fiori, C.; Fabbri, B.; Ravaglioli, A. Materie prime
com boa compacidade na prensagem3: menos do que 3% de ceramiche vol.I: studi, ricerche e tecnologie in Italia.
partículas maiores que 50 µm, mais do que 25% de partículas Faenza: Faenza Editrice, 1989. 322 p.