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Garcia de Orta- Biografia

Garcia de Orta nasceu em 1501 em Castelo de Vide e morreu em 1568, em Goa. Era filho de
Fernando Isaac de Orta e de Leonor
Gomes. Casou-se em 1541 com
Biranda de Solis. Foi um médico judeu
que viveu na Índia e um autor
pioneiro em botânica, farmacologia,
medicina tropical e antropologia.

Garcia de Orta estudou medicina,


artes e filosofia nas universidades de
Alcalá de Henares e Salamanca, em
Espanha. Formou-se e retornou a
Portugal em 1525, dois anos após a
morte do seu pai. Praticou medicina
primeiro em sua cidade natal e a
partir de 1526 em Lisboa, onde
obteve um cargo de professor na
universidade em 1532. Tornou-se
também médico real de João III de
Portugal.

Talvez temendo o crescente poder da


Inquisição Portuguesa, e evitando a
proibição da emigração de novos
cristãos, ele partiu para a Índia
portuguesa deixando Lisboa em
março de 1534 como Médico Chefe a bordo da frota de Martim Afonso de Sousa, mais tarde
nomeado Governador. Chegou a Goa em setembro e viajou com Sousa em várias campanhas.
Em 1538, estabeleceu-se em Goa, onde logo teve uma proeminente prática médica. Ele foi
médico de Burhan Nizam Shah I da dinastia Nizam Shahi de Ahmadnagar, e simultaneamente a
vários vice-reis portugueses sucessivos e governadores de Goa.

Em 1549, a sua mãe e duas das suas irmãs, que haviam sido presas como judeus em Lisboa,
conseguiram juntar-se a ele em Goa. De acordo com uma confissão de seu cunhado após a sua
morte, Garcia de Orta continuou a afirmar que "a Lei de Moisés era a verdadeira lei"; noutras
palavras, ele, provavelmente em comum com outros da sua família, permaneceu um crente
judeu. Em 1565 uma corte inquisitorial foi aberta em Goa. A perseguição ativa contra judeus,
judeus secretos, hindus e novos cristãos começou. O próprio Garcia foi postumamente
condenado pelo judaísmo. Seus restos mortais foram exumados e queimados junto com uma
efígie num auto da fé em 4 de dezembro de 1580.

Obra
A obra que perpetuou o nome de
Garcia de Orta foi o livro Colóquio dos
simples e drogas e coisas medicinais da
Índia, editado em Goa em 1563. Este
trabalho está escrito em português na
forma de diálogo entre o próprio Orta
e Ruano, um colega recém-chegado a
Goa e ansioso por conhecer a matéria
médica da Índia. Os Colóquios incluem
58 capítulos onde se estuda um
número aproximadamente igual de
drogas orientais, principalmente de
origem vegetal, como o aloés, o
benjoim, a cânfora, a canafístula, o
ópio, o ruibarbo, os tamarindos e
muitas outras.

Nesses capítulos, Orta apresenta a


primeira descrição rigorosa feita por
um europeu das características
botânicas (tamanho e forma da
planta), origem e propriedades
terapêuticas de muitas plantas
medicinais que, apesar de conhecidas
anteriormente na Europa, o eram de maneira errada ou muito incompleta e apenas na forma
da droga, ou seja, na forma de parte da planta colhida e seca.

Contrariamente à atitude dominante entre os médicos portugueses dos séculos XVI a XVIII,
que consideraram o estudo da matéria médica como um tema menor, dirigindo os seus dotes
literários para as observações clínicas, Orta interessou-se prioritariamente pelo estudo das
propriedades das drogas e medicamentos. Para além do seu valor científico, a obra de Orta
inclui a primeira poesia impressa da autoria de Luís de Camões.

Hoje em dia, podemos observar várias homenagens a Garcia de Orta. Podemos observar no
Porto a Escola Secundária Garcia de Orta e em Almada o hospital Garcia de Orta. Quando foi
realizada a exposição mundial de 1998, foi construído o Jardim Garcia d' Orta em sua
homenagem, onde diferentes passagens dos portugueses pelo mundo são representadas com
plantas, sobretudo tropicais.

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