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LIBRARY
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FORMULARIO

OU

GUIA MEDICA

QUE CONTÉM

A DESCRIPÇÃO DOS MEDICAMENTOS ,


SUAS DOSES, AS MOLESTIAS EM QUE ELLES SE EMPREGÃO,
AS AGUAS MINERAES MAIS USADAS ,
O BREVE TRATAMENTO DAS MOLESTIAS ,
A ESCOLHA DAS MELHORES FORMULAS , ETC. ,

POR

PEDRO LUIZ NAPOLEÃO CHERNOVIZ

DOUTOR EM MEDICINA, CAVALLEIRO DA ORDEM DE CRISTO.

SEXTA EDIÇÃO
Augmentada pelo autor , e acompanhada
de 121 figuras intercaladas no texto ,
que representão as plantas medicinaes.

PARIZ

EM CASA DO AUTOR
RUA BASSE DE
PASSY BESTHER
4864
-.
PROLOGO . LTRBR

84076- •C42
MAK 6
A maneira favoravel com que o publico medico
tem acolhido este livro , me empenha em torna-lo
cada vez mais completo . A quinta edição , que publi-
quei em 1860, acha - se esgotada ; mas quando as-
sim não fosse, uma nova edição tornar - se - hia ne-
} cessaria, para lhe accrescentar medicamentos novos,
ou introduzir as modificações exigidas pelos progres-
sos modernos . Esta obra é do genero daquellas, que
depressa se fazem antigas : cumpre pois reforma-la
de annos a annos, para que os medicos e pharma-
ceuticos possuão uma guia que contenha resumida-
mente os conhecimentos actuaes.

Eis-aqui a ordem em que dispuz os diversos arti-


gos d'este livro :
1° Considerações sobre a arte de formular.
2º Descripção das fórmas pharmaceuticas dos me-
dicamentos .
3° Tabella dos pesos usados nas pharmacias do
Brasil e de Portugal, comparados com os pesos de-
cimaes .
4° Algumas noções sobre o areometro .
5° Taboa comparativa dos tres thermometros.
6° Formulario. -- N'esta parte do livro descrevo,
por ordem alphabetica , todas as substancias empre-
gadas em medicina. Tratando de cada medicamento ,
indico a sua synonymia, a significação em francez ,
o nome botanico em latim (se o medicamento é uma
planta) , os caracteres physicos, as suas proprieda-
des, as molestias em que elle se emprega, suas dóses,
as substancias com que não se deve associar, emfim
as formulas sob as quaes póde ser receitado . N'esta
parte do livro acha-se a descripção das aguas mi-`
neraes do Brasil, de Portugal e de outros paizes.
7° Receitas diversas . Reuno n'este lugar varias
receitas uteis nas artes, sciencias e na economia do-
mestica, taes como a agua de Colonia , tintas de es-
crever , venenos para a destruição dos animaes dam-
ninhos, etc., e dou tambem a composição de diversas
VI PROLOGO.
preparações que se vendem como segredos, e que é
bom que o publico conheça, como sejão pomadas para
tingir o cabello, diversos arrebiques, agua para tirar
as nodoas de tinta de escrever, etc. Aqui indico as
aguas mineraes mais usadas actualmente na Europa .
Os varios modos de embalsamento dos corpos são
descriptos tambem n'esta parte do livro , e todos esses
diversos artigos estão coordenados segundo a ordem
alphabetica, para que o leitor possa acha-los com mais
facilidade . Muitas d'essas receitas não pertencem á
medicina propriamente dita, mas são todas baseadas
nas sciencias naturaes , e devem, por conseguinte ,
achar aqui o seu lugar.
8° Classificação dos medicamentos .
9° Memorial therapéutico ou indicação abreviada
dos diversos meios empregados no tratamento das
molestias.

Cinco indices fechão o livro. O primeiro é o in-


dice alphabetico, francez e portuguez , das substan-
cias medicinaes. O segundo indica as 121 figuras
intercaladas no texto . O terceiro apresenta , por or-
dem alphabetica , os nomes dos Autores cujas recéi-
tas estão no Formulario , e designa essas receitas . O
quarto, igualmente alphabetico , é o indice geral , que
contém todos os agentes medicinaes, todas as formu-
las , e todos os objectos de que trata o mesmo livro.
O quinto e ultimo é o indice methodico das materias.
Descrevo mais de cincoenta plantas indigenas do
Brasil , que não são empregadas na materia médica
europea . São principalmente as plantas usadas no Rio
de Janeiro , onde exerci a medicina por espaço de
quinze annos . Para que essas plantas fiquem mais em
evidencia, vão marcadas com um asterisco no capi-
tulo destinado á classificação dos medicamentos, e
no indice geral das materias .
Publiquei as cinco edições precedentes d'este livro
nos annos de 1844 , 1846 , 4852, 1856 e 1860. Pu-
bliquei as quatro primeiras no Rio de Janeiro ,
quanto à quinta e á presente sexta edição, mandei-
as imprimir em Pariz, onde actualmente resido .
Basta um simples exame para conhecer a que ponto
a presente sexta edição é superior ás edições prece- 1
dentes. O memorial therapeutico , isto é o capitulo
PROLOGO. VII
concernente ao tratamento das molestias, acha-se
sobremaneira melhorado ou modificado conforme os
ultimos progressos da sciencia medica . As 121 figu-
ras intercaladas no texto, que representão fielmente
as principaes plantas medicinaes, constituem tam-
bem um importante melhoramento .
Este livro é destinado só aos medicos e pharma-
ceuticos . As pessoas estranhas á sciencia medica , se
exporião a erros se se quizessem servir d'elle ;
para estas pessoas compuz outro livro : o Diccio
nario de medicina popular, onde podem achar
preceitos salutares, tanto no estado de saúde como
no de molestia.
PEDRO LUIZ NAPOLEÃO CHERNOVIZ .

ABREVIATURAS

USADAS NESTE LIVRO.

Ach. Acharius.
ana ou aa. De cada substancia.
B. Areometro de Baumé.
B. M. Banho-maria.
Cart . Areometro de Cartier.
Cent. Thermometro centigrado .
Cod. fr. Codigo francez .
D. Dóse.
D. C. ou De C. De Candolle.
F. Faça.
F. S. A. Faça segundo a arte.
Fahr. Thermometro de Fahrenheit.
fr. Em francez .
gr. Grão.
Ľ. Linneo.
Lam . Lamarck.
Lib. comm. Libra commum , isto é, a libra de
46 onças.
M. Misture.
Mart. Martius.
N° Numero .
VIII ABREVIATURAS.
Pal. de Beauv. Palissot de Beauvois.
p. Parte ou pagina .
p. ig. Partes iguaes.
P. us. Partes usadas.
Ph. G. Pharmacopea geral .
pulv . Pulverisado .
q. b. Quanto baste.
q . q. Qualquer quantidade.
q. s. Quantidade sufficiente .
R. Thermometro de Réaumur.
Reaum . Thermometro de Réaumur.
Rich. Richard .
Spreng. Sprengel.
Subst . incomp. Substancias incompativeis, isto é as
que não podem entrar na com -
posição de um medicamento , sem
produzir a sua decomposição .
Sw. Swartz.
Thunb . Thunberg.
V. Veja-se.
v . g. Verbi gratia.
Vent. Ventenat.
Willd . Willdenow .
Igual a
* Este asterisco designa a planta in-
digena empregada só no Brasil.
Todas as vezes que neste livro se falla de libra
sem accrescentar c. ou commum , entende-se a libra
medicinal de 12 onças .
Todas as vezes que se falla de uma colhér , sem de-
signar se é de sopa ou de chá, entende-se uma co-
lher de sopa, que contém, pouco mais ou menos , "
meia onça d'agua .
Quanto aos signaes que os facultativos empregavão
outrora na redacção das formulas, achão-se elles in-
dicados na 4 pagina. Devo dizer aqui que o uso des-
tes signaes ficou prohibido no Brasil pelo regula-
mento da Junta de Hygiene, publicado em 29 de
Setembro de 1854. Desde então são obrigados os fa-
cultativos a escrever as receitas por extenso em por-
tuguez sem abreviaturas, signaès, nem algarismos .
"
ARTE DE FORMULAR

A arte de formular é aquella parte da sciencia me-


dica que prescreve as regras que se devem seguir
na preparação e administração dos medicamentos.
Toda a substancia empregada pela medicina para
restabelecer a saúde chama-se medicamento.
Os medicamentos são officinaes e magistraes. Os
medicamentos officinaes, taes como xaropes, vinhos,
extractos, tinturas, conservas, emplastos, unguen-
tos, etc. , devem achar-se já promptos nas boticas, e
podem conservar-se por muito tempo , e alguns até
um anno inteiro. Suas receitas achão-se inseridas nas
obras especiaes chamadas Pharmacopéas ou Codigos
pharmaceuticos ; forão estabelecidas estas receitas
quer seja por uma junta de medicos, quer por autores
de reputação, e achão- se sanccionadas por lei ou pela
maior parte dos medicos do paiz . Os medicamentos
magistraes, taes como poções, cozimentos, collyrios,
pilulas, emulsões, linimentos, cataplasmas, etc. , não
são preparados senão segundo as formulas de cada
medico e quando os doentes precisão delles . Estes
não podem, em geral, conservar-se sem alteração por
muito tempo.
Chama-seformula ou receita a indicação escripta
das substancias que devem entrar na composição de
um medicamento, as dóses destas substancias, a fórma
pharmaceutica que se quer dar ao medicamento, e
ás vezes a maneira de prepara-lo e de administra-lo .

Distingue-se nas formulas a base, o adjuvante ou


o auxiliar, o correctivo, o excipiente e o interme-
dio.A base é a substancia mais activa, o agente prin-
1
ARTE DE FORMULAR.
cipal do medicamento : ella é simples , quando se
emprega uma só substancia, e composta, quando se
empregão muitas, e dotadas das mesmas proprieda-
des. O adjuvante ou auxiliar é a substancia que serve
de augmentar as propriedades e virtudes da base. O
correctivo é aquella que disfarça o sabor e cheiro da
base, enfraquece sua grande actividade, ou diminue
a acção corrosiva que poderia produzir sobre a super-
ficie do orgão em que deve ser applicada. O excipiente
é a substancia que serve de vehiculo ás outras tres, e
que lhes dá a fórma e a consistencia . O intermedio é
uma especie de excipiente, destinado a tornar o me-
dicamento soluvel na agua . Mas estas distincções
não podem ser admittidas em todas as formulas . A
base é a parte essencial de uma formula : ella deve
sempre existir. O auxiliar, o excipiente, o correctivo
e o intermedio, pelo contrario, podem faltar, sem que
por isso a formula seja menos bem feita e menos
completa. Assim nesta poção vomitiva :
Tartaro stibiado.. 1 grão,
Agua.. 4 onças,
o tartaro stibiado é a base, a agua é o excipiente. Na
mistura balsamica de Fuller ( cuja formula é a se-
guinte copahiba 2 onças, gemmas de ovo nº 2,
xarope de balsamo de tolu 2 onças , vinho branco
6 onças) , a copahiba é a base, o xarope o correctivo ,
as gemmas de ovo o intermedio , e o vinho branco o
excipiente . Na pomada antidartrosa de Biett ( cal
extincta 4 oitava , subcarbonato de soda 2 oitavas,
extracto aquoso de opio 10 grãos, banha duas onças) ,
a cal é a base, o subcarbonato de soda o auxiliar ou
a segunda base, o opio o correctivo , a banha o inter-
medio.
Muitas vezes a formula se compõe só da base, e é
quando o medicamento se administra sem mistura
alguma este modo é o mais simples e o mais exacto .
Verbi gratia : tome copahiba, duas onças ; e admi-
nistre uma colher de sopa, tres vezes por dia.
É ordinariamente inutil empregar todos os elemen-
tos na formação de um medicamento composto : tanto
mais que a simplicidade é uma das condições mais
essenciaes das preparaçõas pharmaceuticas . Acon-
ARTE DE FORMULAR. 3
tece ainda que a mesma substancia preenche muitas
destas indicações .

Regras que se devem observar na redacção de


uma formula. O uso tem consagrado na redacção
das formulas certos preceitos que é util conservar.
Deve-se :
1° Escrever legivelmente as substancias umas
abaixo das outras , e geralmente na ordem em que
devem ser misturadas .
2º Pôr de fronte de cada uma destas substancias,
por extenso ou em caracteres bem formados , a quan-
tidade em que se deseja emprega -las . Quando muitas
substancias devem ser empregadas na mesma dóse,
podem reunir-se por meio de um colchete, põe- se
então o signal aa ou aná, e designa-se a quantidade
commum a todas.
3º Indicar o modo de preparação do medicamento .
Muitas vezes basta recommendar a mistura das sub-
stancias designadas na formula : então põe-se a pala-
vra misture ; outras vezes, e nestes casos a prepara-
ção nada apresenta de particular, o medico se limitará
a escrever faça segundo a arte, ou simplesmente
faça, indicando o nome pharmaceutico do medica-
mento uma poção, uma mistura, pilulas, etc.
Mas se as propriedades das substancias dependem
do modo da sua preparação, é necessario então desi-
gnar esse modo . Assim, por exemplo, o musgo islan-
dico privado anteriormente do seu principio amargo
por uma maceração em agua alcalina, torna-se emol-
liente, de tonico que é sem esta operação prelimi-
nar: a raiz de calumba é mais amarga e mais tonica,
tratada pela ínfusão do que pela decocção, etc.
4º Escrever o modo por que o medicamento deve
ser tomado, e a sua dóse ; se convem ser administrado
por uma ou mais vezes, por chicaras, colheres, got-
tas, etc. Esta indícação deve ser precedida da palavra
transcreva, afim de que o pharmaceutico transcreva
no rotulo do medicamento o seu modo de adminis-
tração.
50 Datar e assignar.
6º Designar o nome do doente , se não houver
4 ARTE DE FORMULAR.
alguma indiscrição em proceder desta maneira .
7° Ler com attenção a receita antes de a mandar
para a botica.
As abreviaturas usadas em alguns paizes ou nas
obras de medicina , na redacção das formulas, são as
seguintes :
ou R. no principio da receita significa recipe
ou tome.
lb c. libra commum ou 16 onças.
Ib m. libra medicinal ou 12 onças .
ib libra medicinal ou 12 onças .
onça ou 8 oitavas .
oitava ou 3 escropulos.
escropulo ou 24 grãos.
go ou gr. grão .
Got. gotta.
B significa metade .
aa ou aná, de cada substancia.
M. Misture.
F. S. A. Faça segundo a arte.
T. Transcreva .
q. s. Quantidade sufficiente.
pg. Pugillo, que corresponde á quantidade ap-
proximativa que podem conter as extre-
midades dos tres primeiros dedos reu-
nidos.
b. m. Banho-maria.
Devo dizer aqui que o uso destes signaes ficou pro-
hibido no Brazil , pelo regulamento da Junta de Hy-
giene, publicado em 29 de Setembro de 1851. Daqui
por diante são obrigados os facultativos a escrever as
receitas por extenso em portuguez, sem abreviatu-
ras, signaes, nem algarismos. Os artigos deste regu-
lamento a que me refiro são os seguintes :
« Art. 40. Os facultativos serão obrigados a escre-
ver as receitas em portuguez, e a lançar por extenso
as formulas dos remedios , ou sejão proprias ou
alheias , com os nomes e dóses das substancias que
entrão na composição dos mesmos remedios , sem
abreviaturas , signaes , nem algarismos. São excep-
tuados sómente os casos em que as formulas se achem
escriptas nas pharmacopéas ; que então bastará es-
ARTE DE FORMULAR. 5
crever o nome porque é conhecido o remedio e a
pharmacopéa em que se acha ; mas isto mesmo sem
abreviatura , nem signaes .
« Art. 41. As receitas deverão tambem conter o
modo porque se deve fazer uso do remedio , e espe-
cialmente se interna ou externamente ; deverão de-
clarar o nome do dono da casa , e não havendo incon-
veniente, a pessoa a quem é destinado , assim como
o dia , mez e anno em que são escriptas . >>
Não deve o medico receitar por uma vez uma
grande quantidade de medicamentos que se estragão
facilmente. As poções , as emulsões , os cozimentos
devem ser reformados pelo menos todas as 24 horas.
Deve evitar de fazer entrar na composição das
pilulas saes deliquescentes, verbi gratia, acetato de
potassa.
Evitar tanto quanto fôr possivel , de associar me-
dicamentos que se não podem misturar, a menos que
não se lhes ajunte um intermedio conveniente. Assim
por exemplo, quando se receita um clyster com agua
e oleo de ricino, ou assafetida, é necessario ajuntar
gemma de ovo como intermedio .
Na adopção de um medicamento de preferencia a
outro, o medico deve preoccupar-se do tempo neces-
sario para a sua preparação . Um medicamento de
longa preparação não póde servir n'um caso urgente,
quando póde ser, como acontece quasi sempre, sub-
stituido por outro de uma preparação prompta.
Modelo de uma formula.
Infusão de herva cidreira cinco onças ,
Ether sulfurico trinta gottas ,
Agua de flôr de laranja uma oitava ,
Xarope de gomma uma onça .
Misture. Para tomar uma colher de sopa de meia
em meia hora.

Qual é o fim da associação dos medicamentos ?


Misturão-se os medicamentos para conseguir diffe-
rentes fins. 4° Para augmentar a acção da substancia
principal. 2º Para diminuir ou corrigir a acção mui
irritante de um medicamento . 3° Para obter ao
mesmo tempo os effeitos de dous ou de muitos me-
6 ARTE DE FORMULAR.
dicamentos differentes . 4° Para formar um medica-
mento novo, cujos effeitos não poderião ser produzidos
por nenhuma das substancias tomadas separadamente.
5º para dar ao medicamento a fórma mais agradavel .
-- Examinemos cada um destes casos .
I. A acção de um medicamento pode ser aug-
mentada :
4° Misturando diversas preparações da mesma sub-
bstancia . Quando todos os principios activos de um
medicamento não são soluveis no mesmo vehiculo ,
e quando este medicamento não póde ser adminis-
trado em substancia, deve recorrer-se a este genero
de misutra . Assim, para tornar algumas infusões ou
decocções vegetaes mais activas, ajunta-se-lhes uma
certa porção de tintura ou de extracto das mesmas
plantas. Exemplo : cozimento de quina, com tintura
de quina e xarope de quina.
20 Reunindo medicamentos da mesma classe; isto
é, os que tomados separadamente, podem produzir
efleitos immediatos semelhantes , mas com menos
energia do que quando reunidos. Os tonicos amar-
gos, os adstringentes , os catharticos , os diureticos,
os emeticos, os antispasmodicos e os narcoticos tem
uma acção muito maior sendo entre si combinados,
do que tomados separadamente.
II . A acção mui irritante de um medicamento
pode ser diminuida ou corrigida, pela addição de
uma substancia susceptivel de preservar o estomago
ou a economia em geral de seus effeitos nocivos .
O senne occasiona frequentes colicas para diminuir
a sua intensidade , deve associar-se este medica-
mento a substancias aromaticas , taes como a herva
doce ou o coentro . O aloes unido com sabão amyg-
dalino tem menos acção sobre o recto, e não produz
tantos puxos. O sublimado corrosivo ou o emetico
misturados com opio não irritão tanto o estomago .
O opio é uma das substancias mais convenientes
para corrigir os effeitos dos medicamentos ; outras
vezes os emollientes, a gomma ; outras , emfim , as
substancias aromaticas preenchem esta indicação .
III. Misturão-se os medicamentos para obter ao
mesmo tempo os effeitos de dous ou de muitos
ARTE DE FORMULAR. 7
d'entre elles . Para se obter este fim misturão -se
os purgantes com os antispasmodicos , narcoticos ,
tonicos, mercuriaes. No tratamento das hydropisias ,
ha casos em que é preciso reanimar as forças do
doente, e determinar abundantes evacuações ; pro-
voca-se este duplo resultado associando os tonicos e
os excitantes aos purgantes drasticos . Na diarrhéa
chronica, administrão- se com feliz exito os adstrin-
gentes reunidos ao opio.
IV. Combinão - se duas ou muitas substancias
medicamentosas, para obter effeitos que não re-
sultarião , se ellas fossem tomadas separada-
mente. Administrando o opio com ipecacuanha não
se obtem os effeitos narcoticos de um, nem os eme-
ticos da outra, mas produz-se uma diaphorese. Na
poção anti-emetica de Rivière, mistura-se o sumo de
limão com bicarbonato de potassa , para decompôr
este ultimo e produzir o desenvolvimento do gaz
acido carbonico , que é o agente principal nesta
preparação.
V. Emfim, misturando os medicamentos deseja-se
dar-se-lhes uma fórma mais agradavel ou mais
efficaz. As substancias que se ajuntão aos medica-
mentos , quer para tornar o gosto e o cheiro menos
desagradavel aos doentes, quer para facilitar a sua
acção, varião conforme a natureza dos medicamen-
tos, o fim que o medico se propõe, e, até um certo
ponto, conforme o capricho do doente. Fallando de
cada um dos medicamentos , apresentaremos suas
diversas combinações : o facultativo poderá então
escolher facilmente.

Erros que se devem evitar na composição das


formulas. Estes erros dependem das causas se-
guintes :
4° Associando substancias que não se podem
misturar ou que não podem produzir compostos
de uma consistencia uniforme e apropriada a
fórma pharmaceutica indicada . Muitas substancias
insoluveis na agua não podem ser administradas
debaixo da fórma liquida, senão por meio de um
intermedio , tal como a mucilagem , que serve para
8 ARTE DE FORMULAR.
ter as suas moleculas em suspensão . Se se omittisse
o intermedio, o medicamento não produziria o effeito
que se esperava. Assim , quando se receita uma
poção com camphora, é preciso prescrever a gemma
de ovo, ou qualquer liquido alcoolico, para dissolvê-
la, pois que ella não é soluvel na agua. Em uma
poção em que entra o sulfato de quinina , é indis-
pensavel ajuntar algumas gottas de acido sulfurico,
sem o qual o sulfato não se dissolveria.
2º O methodo indicado para a preparação dos
medicamentos póde não permitir que se consiga
o fim proposto, ou póde destruir a efficacia das
substancias empregadas. Ha substancias que per-
dem todas as suas propriedades activas, quando são
preparadas por um modo de preferencia ao outro.
Taes são, por exemplo, as plantas aromaticas , que
perdem pela ebullição a sua actividade ; devem ser
por conseguinte submettidas só a uma infusão, e
ainda assim em vasos fechados. Certos medicamentos
não são soluveis senão no alcool , ether ou azeite ,
como a camphora , as resinas , os balsamos , etc .;
outros só se dissolvem na agua quente, como a gela-
tina, a fecula, o amido, etc. A agua fria dissolve só
um pequeno numero de substancias , como o assu-
car, a gomma e alguns saes. É por conseguinte im-
portante que se não indique indifferentemente o
modo de preparação .
3° Misturando substancias que se decompoem
mutuamente ; sua acção se acha então mudada ou
destruida no seu todo . Se se mistura, por exemplo,
qualquer sal com um acido, haverá quasi sempre
de composição. Assim, deve cuidadosamente evitar- se
a mistura do tartaro emetico com uma substancia
que contenha acido gallico ou tannino, porque no
caso contrario o emetico seria decomposto, e perde-
ria as suas propriedades . O que acabamos de dizer
da acção do tannino sobre o emetico deve-se appli-
car á maior parte dos outros saes metallicos, sobre
os quaes esta acção é a mesma. Quando na compo-
sição de uma formula entrão dous saes, é preciso "
tambem saber se estes saes não exercem uma acção
reciproca um sobre o outro . Assim , todas as vezes
ARTE DE FORMULAR. 9
que se misturão dous saes soluveis , ou um não so-
luvel e outro soluvel , a decomposição é evidente.
Estas considerações são mui importantes , pois que
os novos saes que se formão poder ter propriedades
medicas differentes das que existião primitivamente .
É pois necessario, quando se faz uma receita , não
misturar senão substancias cujas moleculas não se de-
compoem reciprocamente, salvo se se houver tencio-
nado determinar esta decomposição , afim de apro-
veitar os novos principios que ella produz ; o que
tem lugar, por exemplo, na mistura salina, na qual
o acido citrico decompõe o carbonato de potassa , e
forma o citrato de potassa, novo sal, que constitue a
base desta mistura..-Para evitar semelhantes erros
o facultativo achará neste Formulario, nas descrip-
ções particulares dos medicamentos , suas substan-
cias incompativeis ; isto é , as que não lhes podem
ser associadas sem produzir a sua decomposição.
Da incompatibilidade . Chamão - se incompati-
veis as substancias que não podem associar - se na
composição de um medicamento . Os autores tem
exagerado muito o sentido que se deve dar á pa-
lavra incompatibilidade . Assim, logo que duas
substancias formão , unindo-se , compostos insolu-
veis, julgava-se que erão incompativeis ; entretanto
mostra a experiencia que taes compostos podem ser
mui activos, porque podem-se dissolver nas diversas
partes do apparelho digestivo. Todos os dias asso-
cião os medicos a quina com preparações ferrugi-
nosas, o sublimado corrosivo com farinha de trigo
(pilulas Cullerier) ou com albumina, associações que
dão compostos íncompativeis para os chimicos , e
que entretanto produzem excellentes effeitos como
medicamentos . Mas fallando em geral , é melhor, e
sobretudo na preparação dos medicamentos soluveis ,
dos collyrios sobretudo , não associar senão as sub-
stancias que pela sua mistura não dão productos in-
soluveis . Se n'um collyrio em que entra o nitrato de
prata ou acetato de chumbo , se quizer ajuntar lau-
dano, o chumbo ou a prata se precipitarão no estado
de meconnato de chumbo ou de prata , e o collyrio
poderá ter effeitos duvidosos, e até offender o olho.
1.
10 ARTE DE FORMULAR.
Este exemplo constitue uma verdadeira imcompati-
bilidade.
No Formulario são indicadas as substancias que
por sua reunião formão compostos insoluveis , mas
advirto, que isto não constitue sempre uma condição
absoluta da incompatibilidade . O joven medico achará
uma guia certa a este respeito nas diversas formulas
que seguem a descripção de cada substancia medi-
camentosa.
Das doses dos medicamentos . A dóse dos medi-
camentos varía sob a influencia de causas mui diffe-
rentes, como o sexo , idade, temperamento, profissões ,
costumes , constituição medica , etc. Assim , a dóse
de um medicamento deve ser menos forte para uma
mulher do que para um homem , para as pessoas
irritaveis e fracas do que para aquellas cujo corpo é
endurecido pelo trabalho ; para os habitantes dos
paizes quentes do que para os dos frios , no verão
do que no inverno . Esta differença deve ser gra-
duada segundo as idades : assim, as pessoas são tanto
mais impressionaveis pelos medicamentos, quanto
mais jovens. Muitos autores procurárão estabelecer
a escala das doses para as differentes idades ; eis-aqui
a de Gaubio, que é quasi geralmente adoptada :
Para um adulto, dóse inteira .....
Para a criança de menos de 4 anno . 4/16
De 1 a 2 annos . 1/8
De 2 a 3 annos . 4/6
De 3 a 7 annos . 4/3
De 7 a 14 annos . 1/2
De 14 a 20 annos .
De 20 a 60 annos .
Para as pessoas que tiverem mais de 60 annos
seguir-se-ha uma gradação inversa . Sendo a mulher
geralmente de uma constituição menos forte do que
o homem, as dóses para ella devem ser mais fracas.
Neste Formulario a dose dos medicamentos que
apresentamos é aquella que se dá ordinariamente a
um adulto ; mas nada podia haver de absoluto nesta
indicação . Tencionavamos sómente designar as quan-
tidades que se podem administrar immediatamente
sem correr o risco de prejudicar, deixando ao me-
ARTE DE FORMULAR. 44
dico o direito de augmentar ou de diminuir segundo
o seu discernimento . É necessario saber que o habito
tem muita influencia sobre a dóse dos medicamentos.
Ha certas substancias que, administradas progressi-
vamente em dóses crescentes, podem ser elevadas
a uma quantidade que poderia envenenar se fosse
dada no principio . Assim , por exemplo , o opio, na
dóse de 20 grãos, deve ser considerado como veneno ;
entretanto os doentes podem chegar progressiva-
mente a dóse ainda maior sem nenhum accidente.
Mas isso não acontece com todas as substancias ve-
nenosas empregadas como medicamentos ; ha algu-
mas cujas doses não podem ser ultrapassadas, e tudo
isto acha-se indicado neste livro .
FÓRMAS PHARMACEUTICAS

DOS MEDICAMENTOS

AGUAS DISTILLADAS. São productos de dis-


tillação da agua sobre uma ou muitas plantas, obti-
dos pelo alambique ordinario, e que contém por con-
seguinte todas as partes volateis e odoriferas dessas
plantas.
Os vegetaes contém todos, em proporções mui di-
versas, um aroma particular suscepitvel de ser dis-
solvido pela agua, e por ella levado durante a distil-
lação : elle vai condensar-se nos recipientes .
Qualquer que seja o estado odorifero da planta ,
uma unica distillação é sufficiente para obter a agua
convenientemente saturada do principio medicamen-
toso volatil : sendo demonstrado por experiencia que
se a cohobação, ou a distillação repetida sobre novas
plantas, dá productos mais saturados, estes se cor-
rompem com maior facilidade. Póde-se attingir o fim
que se desejava pela cohobação, augmentando a pro-
porção das plantas e diminuindo o producto .
Empregão-se as plantas frescas où seccas : frescas,
se perdem o cheiro pela deseccação ; seccas, se não
perdem nada por esta causa, ou mesmo se adquirem
um cheiro mais suave, como verbi gratia o`sabu-
gueiro, coentro, herva cidreira, etc. As substancias
seccas e compactas devem ser maceradas por algum
tempo na agua , antes de se proceder á distillação .
As aguas distilladas corrompem-se promptamente.
Forma-se pouco a pouco no seu interior um deposito
esbranquiçado ou esverdinhado . Devem conservar-se
em lugares escuros e frescos, e é necessario filtra-las
FORMAS PHARMACEUTICAS. 13
de vez em quando . Conservão-se bem em frascos ta- .
pados com rolhas de vidro esmerilhadas.
As aguas distilladas constituem uma fórma phar-
maceutica importante ; são o excipiente ou a parte
activa das poções, collyrios, injecções, etc.
Agua distillada . (Agua pura. ) Cod . fr. Agua de
rio ou de fonte q . s. Distille em alambique de cobre
a um calor sufficiente para que o liquido ferva mo-
deradamente ; deite fóra como menos pura a primeira
quarta parte do liquido que passar, e continue a dis-
tillar até que o producto represente a metade da agua
empregada.
Conhece-se que a agua distillada é pura, quando
não se turva nem pelo nitrato de prata, nem pelo
nitrato de baryta, nem pelo oxalato de ammoniaco
nem pelo sublimado corrosivo, nem pelas aguas de
cal ou de baryta.
Agua distillada de alface . Cod . fr . Talos frescos
de alface 10 libras, agua commum 20 libras . Pise
os talos de alface, ponha-os com a agua na cucurbita
de um alambique e distille a um fogo moderado, até
que o producto obtido seja de 10 libras.
Preparão-se da mesma maneira as aguas distilla-
das de borragem , tanchagem , parietaria , e outras
plantas não aromaticas.
Agua distillada de lourocerejo . Cod . fr . Folhas
recentes de lourocerejo 2 libras, agua commum 4 li-
bras. Incisão-se as folhas e distillão-se a fogo mode-
rado, até se obterem 2 libras de producto distillado . É
preciso passar o producto por um filtro molhado, para
separar completamente o oleo essencial que possa fi-
car em suspensão e produzir accidentes graves.
Preparão-se da mesma maneira as aguas distilladas
de folhas de pecegueiro e de folhas de amendoeira.
Agua distillada de amendoas amargas. Cod . fr.
Amendoas amargas machucadas 2 libras, agua com-
mum fria q. s . Dilue-se a massa de amendoas na
agua até obter uma especie de pápa bem fluida ; in-
troduz-se na cucurbita de um alambique ; arma-se
o apparelho distillatorio, e deixa-se macerar por
24 horas ; no fim deste tempo distilla-se por meio do
vapôr d'agua que se faz chegar ao fundo da cucurbita
14 FORMAS PHARMACEUTICAS
por meio de um tubo que communica com uma cal-
deira cheia d'agua em ebullição . Continua-se a dis-
tillação até se obterem quatro libras do producto.
Passa-se a agua distillada por um filtro de papel
molhado, para isolar della completamente o oleo es-
sencial não dissolvido.
Agua distillada de flôr de laranja. Cod . fr. Flôres
de laranjeira recentemente colhidas 10 libras , agua
commum q. s. Poem-se as flôres sobre um septo fu-
rado disposto na parte superior de uma cucurbita na
qual deita-se primeiro que tudo a quantidade d'agua
necessaria ; arma-se o apparelho distillatorio , dis-
tilla-se a vapor e recebe-se o liquido condensado
n'um recipiente florentino, afim de separar o oleo es-
sencial ; continua-se a distillação até se obterem vinte
libras d'agua distillada .
Agua distillada de rosas ou agua rosada . Cod .
fr. Petalas de rosas pallidas 2 libras, agua commum
q. s. Distille a vapor até obter 2 libras d'agua dis-
tillada.
Agua distillada de tilia . Cod. fr . Flôres seccas de
tilia 2 libras, agua commum q. s. Distille a vapor até
obter 8 libras d'agua distillada .
Da mesma maneira se preparão as aguas distilla-
das de sabugueiro, ouregão e serpão.
Agua distillada de hortelãa-pimenta. Cod . fr.
Summidades frescas de hortelãa pimenta 2 libras,
agua commum q . s. Distille a vapor para obter 2 li-
bras d'agua distillada.
Da mesma maneira se preparão as aguas distilla-
das de hysopo , herva cidreira, e artemija.
Agua distillada de alfazema. Cod . Summidades
floridas e frescas de alfazema 2 libras, agua com-
mum q. s. Distille a vapôr até obter quatro libras
d'agua distillada.
Da mesma maneira se preparão as aguas distilla-
das de salva, thymo, losna, tanaceto e hera terrestre.
Agua distillada de herva doce . Cod . fr . Sementes
de herva doce 2 libras, agua commum q. s. Distille
a vapôr para obter 8 libras d'agua distillada .
Da mesma maneira se preparão as aguas distilla-
das de sementes de salsa , de sementes de funcho , de
DOS MEDICAMENTOS . 45
sementes de angelica, de aniz estrellado, de bagas
de genebra, e de raiz de valeriana.
Agua distilada de canella . Cod . fr . Canella de
Ceylão 2 libras , agua commum 16 libras. Deixe ma-
cerar por 12 horas ; distille depois a fogo nú ; fa-
zendo ferver brandamente até obter 8 libras d'agua
distillada .
Da mesma maneira se preparão as aguas distilla-
das de sassafraz , cascartilha e de cravo da India.
AGUAS MINERAES . Veja – se a descripção no
Formulario.
ALCOOLATOS . Preparações que resultão da dis-
tillação do alcool sobre uma ou muitas substancias
medicamentosas são simples , no primeiro caso ,
compostos no segundo. Os alcoolatos forão tambem
designados debaixo do nome de espiritos.
Na preparação dos alcoolatos empregão-se umas
vezes substancias frescas, outras vezes seccas . Umas
e outras devem ser primeiro divididas , afim de que
o alcool as penetre mais facilmente ; além disto devem
ser maceradas por algum tempo para facilitar a disso-
lução dos principios aromaticos que depois passão
mais facilmente na distillação .
Os alcoolatos devem ser distillados a calor de
banho-maria. Emprega-se para a sua preparação al-
cool mui puro, mais ou menos rectificado para os
alcoolatos simples serve o alcool a 80 gráos centesi-
maes ( 34 ° Cartier) ; emprega-se no mesmo gráo ou
então a 56 gráos cent . ( 21 ° Cart . ) , e ainda a 86 gráos
cent. ( 34° Cart .) para alguns alcoolatos compostos .
Os alcoolatos podem conservar-se por muito tempo
sem se deteriorarem, comtanto que sejão guardados
em lugares frescos, e em frascos bem tapados.
Alcoolato de casca de laranja ( Espirito de la-
ranja ) . Cod . fr . Casquinha fresca de laranjas 4 libra,
alcool a 34 ° Cart. (80 centesimaes ) 6 libras. Macere
por dous dias , e distille a banho - maria até ficar
secco.
Da mesma maneira se preparão os alcoolatos de
limão, cidra e bergamota.
Alcoolato de cochlearia ( Espirito de cochlearia) .
Cod. fr. Folhas frescas de cochlearia 9 libras , alcool
16 FÓRMAS PHARMACEUTICAS
a 31° Cart. ( 80 cent . ) 6 libras. Distille a banho-
maria até obter 5 libras de alcoolato .
Acoolato de alecrim ( Espirito de alecrim ) . Cod .
fr. Summidades floridas e frescas de alecrim 2 libras,
alcool a 34° Cart. ( 80 cent . ) 6 libras, agua distillada
de alecrim 2 libras. Macere por quatro dias, e dis-
tille a banho-maria até obter 5 libras de alcoolato .
Da mesma maneira se preparão os alcoolatos de
hortelãa, herva cidreira, alfazema, etc.
Alcoolato de canella ( Espirito de canella ) . Cod .
fr . Canella fina 4 libra , alcool a 31 ° Cart. ( 80 cent . )
8 libras . Reduza a canella a pó grosso, macere por
quatro dias, e distille a banho-maria até obter debaixo
da fórma de alcoolato quasi todo o alcool empregado.
Da mesma maneira se preparão os alcoolatos de
cravo da India , noz moscada , sassafraz e calamo
aromatico.
APOZEMAS. Medicamentos liquidos cuja base é
uma decocção ou uma infusão aquosa de uma ou
de muitas substancias vegetaes , á qual se ajuntão
diversos outros medicamentos simples ou compos-
tos, taes como saes , xaropes , electuarios , tinturas ,
extractos. A decocção branca de Sydenham é um
apozema.
ARROBES ou robes . Designão - se debaixo deste
nome sumos de quaesquer fructos, reduzidos pela
evaporação á consistencia de mel de abelha . Taes são
o robe de sabugueiro , de belladona, de groselhas, etc.
Os robes distinguem-se dos extractos em que estes
ultimos provém não dos fructos mas de outras partes
do vegetal ; por exemplo, debaixo do nome de ex-
tracto de belladona, entender-se-ha sempre o extracto
das folhas desta planta, entretanto que o robe de bel-
ladona significará o extracto obtido das bagas.- Dá-
se ainda o nome de robes , por extensão , a alguns
xaropes que contém, em relação ao assucar que levão,
uma grande porção de succo de plantas. Tal é o Robe
antisyphilitico de Laffecteur.
BALSAMOS . Em materia medica este nome é
dado a todas as substancias que contém o acido
benzoico e um oleo essencial : são succos de certas
arvores , tal é o benjoim, o balsamo peruviano , o de
DOS MEDICAMENTOS. 17
tolu , etc. Mas em pharmacia designão- se debaixo
do nome de balsamos , ora tinturas alcoolicas mui
carregadas de resinas e de substancias aromaticas ,
ora oleos medicinaes ou pomadas , tal é, por exem-
plo, o balsamo de Fioraventi , o balsamo tranquillo ,
opodeldoch, etc.
BANHOS . Medicamentos externos , em que se
mergulha por algum tempo quasi todo o corpo , ou só
alguma das suas partes. No primeiro caso chamão-se
banhos geraes, no segundo pediluvios, manuluvios,
semicupios ou banhos de assento, conforme a parte
do corpo que se acha mergulhada no banho .
Os banhos se distinguem em frios , tépidos e
quentes.
Os banhos frios cuja temperatura é abaixo de 15
gráos +0 de Réaumur, ou 66 de Fahrenheit, são to-
nicos . Os banhos d'agua corrente se empregão com
vantagem contra as escrophulas, hypochondria, hys-
terismo, amenorrhea, rachitismo, etc. Os banhos de
mar são ainda mais tonicos do que os de agua cor-
rente, por causa dos hydrochloratos de soda e cal que
contém, e que contribuem a produzir a excitação
viva de todo o systema cutaneo e a estimular toda a
economia. Os semicupios frios tem frequentemente
suspendido as hemorrhagias uterinas , où fluxos he-
morrhoidaes abundantes. Os pediluvios frios tem
sido uteis nas torceduras, luxações, etc.
Os banhos frios não convem durante a gravidez e
menstruação. As pessoas affectadas de aneurismas in-
ternos, de phlegmasias, as que são sujeitas às hemo-
ptyses, devem igualmente abster -se delles .
Os banhos tépidos são aquelles cuja temperatura
é de 20 a 250 de R. ou 77 a 89 de Fahr.; são
emollientes e calmantes. Convem nas febres inflam-
matorias , nas phlegmasias abdominaes e cutaneas ,
no primeiro periodo da dysenteria, na nephrite , pe-
ritonite, rheumatismo agudo , irritações nervosas ,
espasmos, insomnias, colicas, molestias syphiliticas
tratadas pelo mercurio, etc. Estes banhos são tam-
bem uteis para facilitar os partos.
Os banhos quentes, aquelles cuja temperatura é de
27 a 32 + 0 R. ou de 80 a 90 Fahr. , são excitantes ,
18 FORMAS PHARMACEUTICAS
sudorificos e revulsivos . São aconselhados nos rheu-
matismos chronicos , no fim dos agudos, em certos
casos de seccura da pelle acompanhada de symptomas
de irritação de algum orgão interno ; para favorecer a
erupção dos sarampos, provocar as hemorrhoidas, etc.
Os pediluvios quentes se empregão todos os dias
para chamar os menstruos e locchios supprimidos ,
para prevenir as affecções cerebraes, etc.
Os banhos de vapôr são poderosos sudorificos e
excitantes, cujas propriedades são postas em pratica
nas mesmas circumstancias que as dos banhos quen-
tes, e particularmente na sarna, syphilis, dôres osteo-
copas , rheumatismos chronicos , contracturas mus-
culares , falsas ankyloses , certas nevralgias , gota .
laryngite, amenorrhéa. Estes banhos podem ser de
vapor aquoso simples ou aromatico .
Quando se administra estes banhos em grande es-
cala, costuma haver um apparelho proprio , ao qual
se faz chegar vapores de agua commum , ou de al-
guma infusão de plantas aromoticas ; porém em uma
casa particular substitue-se este apparelho por um
tubo de vidro ou de qualquer metal , competente-
mente curvado para ter uma extremidade dentro de
um vaso meio cheio de agua fervendo, e outra entre
os lençóes da cama do doente.
Os banhos de chuveiro ou de chuva são uteis em
algumas nevroses graves , como a choréa, o hyste-
rismo e outras. Sua temperatura é de 14 a 16 +0 R.
ou 65 a 68 Fahr. O apparelho proprio para a sua ad-
ministração consiste em uma especie de guarita da
altura de sete pés , por cima da qual se acha um
reservatorio de zinco , que póde conter 70 a 80 libras
communs de agua, e com o fundo crivado de buracos
que se tapão com uma valvula movel. O doente col-
locado dentro desta caixa , e todo despido , recebe
uma especie de aguaceiro, que dura , quando muito ,
dous a tres minutos .
Os banhos de substancias molles ou pulverulentas ,
taes como os banhos de area quente, de estrume,
de lodo das aguas mineraes , são pouco empre-
gados hoje.
Os banhos podem-se fazer medicamentosos , carre-
DOS MEDICAMENTOS. 19
gando a agua de certas substancias medicinaes ; taes
são os banhos sulfurosos, gelatinosos, aromaticos, etc.
BOLOS. São pilulas cujo peso passa de 6 grãos ,
e póde chegar a 18, 24 gr. , mesmo até 4 oitava.
BUGIAS , candelinhas ou velinhas. Tem este
nome certos rolos quasi cylindricos , de mui pequeno
diametro , destinados para serem introduzidos na
uretra. Preparão-se com tiras de cambraia finissima,
cobertas nos dous lados de uma substancia emplas-
tica, e enroladas sobre si mesmas.
CALDOS MEDICINAES . São productos da de-
cocção na agua de uma substancia animal só , ou
unida a alguma substancia vegetal . Ás vezes, entre-
tanto, dá-se o nome de caldos a simples decocções
vegetaes , ás quaes se ajunta uma pequena quantidade
de sal e manteiga : tal é o caldo de hervas.
CAPSULAS. São envoltorios da fórma e quasi do
tamanho de azeitonas , feitos de gelatina e de massa
de açofeifas , que contém certos medicamentos de
cheiro e gosto desagradavel, e facilitão desta maneira
a administração desses medicamentos. A copahiba ,
o oleo de figado de bacalháo, o oleo de ricino, etc.,
administrão-se por meio das capsulas.
CATAPLASMAS . São medicamentos formados
de farinhas, de polpas, de pós das folhas das plantas,
reduzidos por meio d'agua fervendo ou de algum
outro liquido á consistencia de papas espessas.
CAUSTICOS ou vesicatorios . Dá-se este nome aos
medicamentos externos que , applicados sobre a pelle,
determinão uma secreção serosa , pela qual a epi-
derme é levantada de maneira que forme empolas :
taes são a mostarda, o trovisco, e sobretudo as can-
tharidas. Os causticos applicão-se debaixo da fórma
de emplastos, de cataplasmas e de encerados.
CEROTOS. São preparações de uma consistencia
semi-liquida , unicamente destinadas ao uso externo,
e compostas de oleo e cera, ás quaes se ajuntão fre-
quentemente algumas substancias mais activas .
Ceroto simples . Cod . fr. Oleo de amendoas doces
12 onças , cera branca 4 onças . Derreta a cera no
oleo a calor de banho-maria ; lance depois em um al-
mofariz de marmore previamente aquecido , mexendo
20 FORMAS PHARMACEUTICAS
de continuo até que arrefeça, e até que o ceroto fique
perfeitamente ligado . Serve para curar as feridas, os
causticos, etc..
Ceroto de Galeno . Cod . fr. Oleo de amendoas doces
16 onças, cera branca 4 onças, agua de rosas 12 onças .
Derreta a cera no oleo a calor brando n'uma ter-
rina, deite em um almofariz de marmore aquecido,
e mexa continuamente até que a mistura fique quasi
inteiramente fria ; incorpore então a agua de rosas
pouco a pouco, mexendo fortemente o ceroto.
Ceroto de espermacete, ceroto de Saturno, ceroto
sulfureo, etc. Vejão-se as formulas no Formulario,
nas paginas indicadas no Indice alphabetico .
CERVEJAS MEDICINAES. São medicamentos
que resultão da maceração de differentes substancias
em cerveja. Não devem ser preparadas senão em
pequena quantidade de cada vez , porque se alterão
facilmente. São hoje pouco usadas.
CIGARRILHAS. São preparações medicamento-
sas destinadas a obrarem na superficie pulmonar de-
pois de se tornarem gazeiformes pela combustão .
Preparão-se de diversas maneiras : ou se embrulhão
em papel sem colla as plantas que hão-de ser quei-
madas, como são, por exemplo, a belladona, o estra-
monio , etc. , para que se inspirem os seus vapores ;
ou então uma substancia volatil, liquida ou concreta,
tal como o ether ou a camphora , fica retida n'um
canudo de penna por meio de um pouco de algodão,
e aspirão-se a frio os vapores que se exhalão della.
CLYSTERES . São injecções feitas no grosso intes-
tino . Quando o medico quizer administrar um clyster
preparado com alguma substancia medicamentosa, é
preciso previamente dar um clyster d'agua simples.
Por este meio as materias que possão achar- se no
intestino serão evacuadas , e o remedio será mais
facilmente conservado e absorvido .
COLLUTURIOS. Medicamentos liquidos que não
differem dos gargarejos senão em serem empregados
para obrar sobre as gengivas e as paredes internas
das faces, e não sobre a garganta . Applicão-se ordi-
nariamente por meio de um pincel ou de uma pe-
quena esponja.
DOS MEDICAMENTOS. • 24
COLLYRIOS . Entende-se por este nome os me-
dicamentos que se poem em contacto com os olhos
doentes . Estas preparações podem ser seccas, liquidas
ou gazosas. - Os collyrios seccos são compostos de
pós mui finos, que se assoprão nos olhos por meio de
uma carta ou de uma penna. Os collyrios liquidos
são misturas de liquidos de diversa natureza , que se
instillão entre as palpebras , e com que se lavão estes
orgãos. Os collyrios gazosos consistem em vapores
que se dirigem aos olhos.- Consideravão-se antiga-
mente como collyrios certas pomadas que se punhão
em contacto com a margem livre das palpebras.
CONFEIÇÕES . V. Electuarios, pag. 21 .
CONSERVAS . Preparações pharmaceuticas com-
postas de uma pôlpa vegetal, e de quantidade suffi-
ciente de assucar . Estes medicamentos estragão-se
com facilidade, e por isso devem ser preparados em
pequena quantidade e renovados frequentemente .
Como exemplo de conservas, veja-se Conserva de
rosas, no Formulario, artigo Rosa rubra. É quasi a
unica conserva empregada no Rio de Janeiro.
COZIMENTOS . Designão -se debaixo deste nome
os medicamentos liquidos, que servem para bebida
habitual do doente, e que ordinariamente se preparão
pela deccoção de alguma planta em agua . Este modo (a
decocção) , antigamente muito empregado, está hoje ,
com justa razão, quasi abandonado . Com effeito tem
o inconveniente de modificar as propriedades medi-
cinaes dos corpos que lhe são submettidos, ou de fa-
zer entrar nos liquidos principios que não devem en-
trar, taes são os principios acres da inula campana e
do alcaçuz. Mas se a decocção deve ser rejeitada no
maior numero de casos, é entretanto indispensavel
em muitos outros . Assim recorrer-se-ha á decocção
sempre que as substancias não se possão dissolver se-
não pela acção prolongada da agua e do calor : neste
caso se achão o musgo islandico, a cevada, o arroz ,
a grama, o guaiaco, etc.
CRISTEIS. V. Clysteres, p . 20 .
DECOCTOS. É synonymo de cozimentos .
ELECTUARIOS ou confeições ou opiatos . São
preparações de consistencia molle, compostas de pós ,
22 FÓRMAS PHARMACEUTICAS
pôlpas, extractos ou productos immediatos dos ve-
getaes, bem como de substancias animaes ou mine-
raes misturadas com assucar, mel ou vinho .
ELIXIRES . São soluções de muitas substancias
em alcool ; isto é, são tinturas alcoolicas compostas.
EMBORCAÇOES. Consistem em applicações de
columnas de liquido de diametro e temperatura va-
riaveis, que vem tocar uma parte qualquer de corpo,
com força tambem variavel e dependente da altura
do reservatorio. As emborcações são ascendentes
quando se dirigem de baixo para cima ; descendentes
quando se fazem em sentido inverso ; horizontaes
quando se fazem lateralmente tambem podem ser
frias, tépidas ou quentes ; de agua simples, de decoc-
tos de plantas medicinaes, ou de aguas mineraes.
O tempo que deve durar uma emborcação varia
conforme as circumstancias ; mas ordinariamente é
de 10 a 20 minutos.
O apparelho proprio para dar emborcações é mui
simples, pois consiste em um reservatorio collocado
na altura de tres até doze pés, e do fundo do qual
parte um tubo de couro mui flexivel, com uma tor-
neira na extremidade e mais um apendice. O diametro
da torneira é de 6 a 12 linhas, que se pode diminuir
á vontade. O appendice, de tirar e pòr, póde fazer
com que a torneira termine em pontas de variadas
fórmas, sendo algumas vezes como as dos regadores.
Empregão-se as emborcações frias em muitos casos
de alienação mental , na melancolia , mania , hypo-
chondria, etc. As emborcações quentes são uteis nas
hemiplegias, paralysias locaes, dòres rheumaticas
chronicas, em alguns casos de ankyloses incompletas,
enfartes indolentes, etc. As emborcações sulfurosas
quentes convem especialmente contra os dartros .
EMBORCAÇÕES . São applicações sobre a pelle de
algum liquido oleaginoso . Chamão- se tambem embro-
cações liquidos que servem para fazer estas appli-
cações.
EMPLASTOS ou emplastros . Tem por base, como
os unguentos e pomadas, um corpo gorduroso ; mas
são solidos, tenazes e adherem á pelle sem se derre-
terem . Entre os emplastos, uns são formados de cor-
DOS MEDICAMENTOS. 23
pos gordurosos e oleosos, de resina , cera, pós vege-
taes, ou de decocções sem nenhum oxydo metallico :
estes se designão debaixo do nome de unguentos em-
plasticos. Os outros são solidificados pelo oxydo de
chumbo dá-se-lhes o nome de emplastos propria--
mente ditos.
Emplasto simples ou commum. Cod . fr . Lithargy-
rio em pó fino 4 libras, banha de porco 4 libras, azeite
doce 4 libras, agua commum 8 libras. Ponha n'um
grande tacho de cobre a banha , o azeite e depois o
lithargyrio ; derreta e mexa com colher de pão até ob-
ter uma mistura exacta ; ajunte então a agua, que é
preciso elevar á temperatura da ebullição, mexendo
continuamente com colher de pão até o lithargyrio se
achar completamente dissolvido, e a mistura adquirir
uma cor branca e uma consistencia solida, o que se
conhece quando uma pequena porção da massa lan-
çada em agua fria tomar consistencia para poder
amassar-se sem pegar nos dedos . Tire então do fogo ,
deixe arrefecer, amasse para melhor separar alguma
agua , e divida em rolos.
O emplasto simples é o excipiente da maior parte
dos emplastos compostos.
Emplasto agglutinativo ou Emplasto de André de
la Croix, Cod . fr. Pêz branco 8 onças , resina elemi
2 onças, terebenthina 4 onça , oleo de louro 4 onça .
Derreta tudo a calor brando, côe por panno de linho
e guarde. É este emplasto que alguns industriosos
gabão contra os calos .
Emplasto de cera. Cod . fr . Cera amarella 3 libras,
sebo de carneiro 3 libras, pèz branco 4 libra. Der-
reta a fogo brando, côe por panno de linho e con-
serve para uso.
Emplasto de pez. Cera amarella 4 libra, pêz branco
3 libras. Derreta e côe por panno de linho .
Emplasto de acetato de cobre (Cera verde) . Cod .
fr. Cera amarella 4 onças, pêz branco 2 onças, tere-
benthina 1 onça, verdete porphyrisado 1 onça . Der-
reta a calor brando a cera, o pêz e a terebenthina ,
côe e ajunte o verdete ; mexendo até o emplasto res-
friar em grande parte. É o remedio mais ordinario
dos curiosos contra os calos .
24 FORMAS PHARMACEUTICAS
Emplasto decicuta . Cod . fr . Resina de pinho 15 on-
ças, pêz branco 7 onças, cera amarella 10 onças, oleo
de cicuta 2 onças, folhas verdes de cicuta 32 onças,
gomma ammoniaca 8 onças . Derreta n'um tacho de
cobre, a fogo brando , a resina de pinho, o pêz branco,
a cera e o oleo de cicuta ; ajunte as folhas de cicuta
pisadas, e continúe a aquecer até se evaporar toda
a agua da planta ; côe com espressão ; deixe arrefe-
cer e separe as fezes . Torne depois a derreter toda
esta massa emplastica e incorpore a gomma ammo-
niaca dissolvida em alcool a 24 ° Cartier, e depois
evapore até á consistencia de extracto.
Emplasto de cantharidas. Veja-se o artigo Can-
tharidas no Formulario.
Emplasto diachylão gommado. Cod . fr. Emplasto
simples 48 onças, cera amarella tres onças, pêz branco
3 onças, terebenthina 3 onças, gomma ammoniaca
1 onça, bdellio 1 onça , galbano 1 onça, sagapeno
1 onça. Derreta-se o emplasto simples com a cera ;
por outra parte derreta-se o pêz com a terebenthina;
côe-se està ultima mistura e ajunte-se á primeira ;
deitem-se depois na massa emplastica e incorporem-se
pela agitação as gommas resinas que tiverem sido pre-
viamente dissolvidas no alcool a 24 ° Cartier, e redu-
zidas pela distillação e evaporação á consistencia de
mel de abelha espesso . Depois do emplasto arrefe-
cido, formem-se cylindros sobre a pedra.
O emplasto diachylão gommado applica-se sobre as
espinhas, leicenços, etc. , como emolliente. Estendido
sobre pedaços de panno, forma o sparadrapo que é
frequentemente empregado para reunir os labios das
feridas .
Emplasto de Canet. Cod . fr. Emplasto simples
4 onças, emplasto diachylão gommado 4 onças , cera
amarella 4 onças, azeite doce 4 onças, colcothar
4 onças. Triture sobre um porfido o colcothar com a
terça parte de azeite ; de outra parte derreta os em-
plastos, e a cera com o resto de azeite ; ajunte o col-
cothar ; e mexa até a massa emplastica resfriar.
Emplasto mercurial ou de Vigo : Veja-se no For-
mulario o artigo Mercurio.
Emplasto de sabão . Cod . fr . Emplasto simples
DOS MEDICAMENTOS . 25
64 onças, cera branca 3 onças, sabão branco 4 on-
ças. Derreta-se o emplasto com a cera, ajunte- se o
sabão cortado com faca ou raspado , e incorpore-se
pela agitação.
Emplasto roxo. Veja unguento róxo no Formula-
rio, artigo Lythargyrio .
Emplasto confortativo . Emplasto commum 48 on-
ças, cera amarella 12 onças , breu 12 onças, tereben-
thina 4 onças, bolo armenio 3 onças , rosas rubras
pulverisadas 4 onça , murtinhos pulv . 1 onça, insenso
pulv. 1 onça, myrrha pulv. 1 onça , almecega pulv.
1 onça, minio q. b. para dar a côr vermelha . Faça
emplasto .
EMULSÕES. Dá- se o nome de emulsões a licôres
de apparencia leitosa, que se preparão pisando com
agua as sementes oleaginosas. São medicamentos
mui alteraveis , e por este motivo não devem ser
preparados senão no momento em que se precisa
delles.
Dá-se tambem o nome de emulsões a preparações
que tem a mesma apparencia que as precedentes, mas
cuja composição é differente ; obtem-se dividindo e
suspendendo algumas materias oleosas, resinosas ou
gommo-resinosas na agua por meio da mucilagem ou
da gemma de ovo. O leitor procure no Indice alpha-
betico as diversas emulsões, cujas formulas existem
neste Formulario.
ENCERADOS, sparadrapos ou oleados . São peda-
ços de têa sobre a qual se acha estendido de um lado
o emplasto. Preparão-se fixando bem o panno e esten-
dendo-o de modo que fique sem rugas, lançando sobre
elle o emplasto meio derretido , distribuindo-o com
igualdade pela superficie mediante uma faca , ou es-
patula de páo, de marfim, de metal ou com um ins-
trumento chamado sparadrapeiro . O caracter essen-
cial desta preparação é que o panno seja o mais liso
possivel ; que o emplasto fique exactamente distri-
buido, tendo em toda a sua extensão a mesma espes-
sura e que fique sufficientemente pegajoso e flexível,
amollecendo-se com o calor dos dedos.
Encerado commum . Cod . fr. Emplasto diachylão
gommado q. s. Derreta a fogo brando e estenda-o
26 FORMAS PHARMACEUTICAS
sobre panno de algodão ou de linho mediante uma
faca de ferro ou um sparadrapeiro.
O encerado commum cortado em tiras serve para
fazer pontos falsos no curativo das feridas.
Encerado inglez ou tafetá. Prepara-se, esten-
dendo sobre um pedaço de tafetá preto ou côr de
rosa muitas camadas successivas de uma dissolução
aquosa alcoolisada de colla de peixe, tendo cuidado
de interpòr entre as duas ultimas uma camada de tin-
tura de balsamo peruviano. Serve para reunir as
margens das feridas pequenas .
ESPECIES. Dá-se este nome a uma certa reunião
de vegetaes , seccos , cortados e misturados exacta-
mente. Todos estes vegetaes devem ter uma acção ana-
loga, e deve-se ter cuidado de lhes não associar senão
substancias de textura e consistencia semelhante,
e que cedão os seus principios activos ao mesmo
meio de extracção , á infusão, á deccoção ou á mace-
ração. As especies servem para a preparação das
bebidas dos doentes, dos banhos, fomentações, etc.
Procurem-se as differentes especies no Formulario ,
indicadas segundo a ordem alphabetica .
ESSENCIAS. V. Oleos essenciaes .
EXTRACTOS . Dá se o nome de extracto ao pro-
ducto de evaporação até á consistencia molle , firme
ou secca , de um succo natural ou de uma solução
obtida de uma substancia vegetal ou animal , com
um vehiculo tal como a agua, o alcool, o ether, e
raras vezes com vinho e vinagre. Os extractos molles
que se fazem com succos espressos e não fermenta-
dos de certos fructos, são mais particularmente cha-
mados arrobes.
Os extractos apresentão, debaixo de um pequeno
volume, os principios activos das substancias medi-
camentosas, e por isso são de um uso quotidiano na
praxe medica.
A preparação de um extracto se compõe sempre
de duas operações : a primeira tem por fim a prepa-
ração do licòr que deve dar o extracto ; a segunda é
a concentração deste licôr pela evaporação .
Quando na preparação de um extracto se emprega
um succo natural, é forçosamente necessario toma-lo
DOS MÉDICAMENTOS . 27
no estado de concentração em que a natureza o apre-
senta ; mas todas as vezes que se recorre a uma dis-
solução artificial , qualquer que seja o vehiculo , é
preciso procurar obter os licôres concentrados, afim
de subtrahi-los , tanto quanto for possivel , ao risco
de deterioração que as materias organicas experi-
mentão durante a sua evaporação ao contacto do ar.
Se a extracção se faz de plantas verdes , deverá
espremer-se o succo sem addição d'agua, ou com a
menor possivel, afim de o expôr pouco tempo ao fogo .
Os principios soluveis das plantas seccas obtem-se
pela lixiviação , maceração , digestão e infusão : a de-
cocção raras vezes se emprega e deveria ser pros-
cripta . O processo de lixiviação , chamado tambem
processo de deslocação , é o mais vantajoso quanto ao
producto. A experiencia tem tambem decisivamente
demonstrado que os extractos obtidos por meio da
agua são em muitos casos mais activos e de mais facil
conservação do que os extractos obtidos de sumo .
Processo da lixiviação ou da deslocação . Quando
por uma substancia que contenha principios soluveis
se faz passar um liquido qualquer ( agua , vinho, al-
cool , ether, etc. ) , seja frio, seja quente , faz-se uma
lixiviação .
Para lixiviar uma substancia , é preciso reduzi - la
a pó grosso, pô-la n'um vaso com um orificio na sua
parte inferior : um simples tubo posto sobre uma
garrafa constitue um apparelho de deslocação ; então
deita-se o liquido na superficie, e á medida que pene-
tra e escorre, substitue-se por uma nova quantidade .
Tal é a manipulação, fallando de uma maneira geral,
mas existem particularidades na operação que pas-
sâmos a expôr circumstanciadamente.
Opera-se com liquido quente , quando nenhuma
consideração se oppõe a isto . Operando-se com ether,
é preciso servir-se de apparelhos fechados. Os pós
não devem ser nem muito finos nem muito grossos,
entretanto este gráo de tenuidade varía conforme a
substancia. Os pós devem ser introduzidos por por-
ções no apparelho e calcados na mesma proporção ;
a calcadura varía conforme a substancia, e só a pra-
tica pode guiar neste ponto . Cobrem-se os pós com
28 FÓRMAS PHARMACEUTICAS
nm diaphragma movel crivado de buracos , afim de
que o liquido não cave a superficie . Este diaphragma
é de estanho , papel . panno de linho , de lãa , etc. O
liquido deve ser deitado de maneira que forme uma
camada não interrompida na superficie, e se passa
muito de pressa , ou se não passa , é prova que ha
um defeito ao qual é preciso remediar.
Acontece ás veses que a substancia introduzida
secca no appparelho, incha de tal maneira que não
permitte a deslocação pela addição do liquido : neste
caso convém humedecer os pós antes de pô-los no
apparelho .
Com algumas substancias é bom deixar a primeira
dóse de liquido em contacto antes de fazer o seu es-
corrimento.
Depois de obtida a solução medicamentosa é pre-
ciso evapora-la. Geralmente evaporão-se os extractos
a banho-maria por meio do apparelho simplificado
de Henry.
Os extractos bem preparados não são pretos ; tem
sómente uma côr rôxa mais ou menos escura ; devem
conservar um sabôr pronunciado das materias que
tiverem servido para a sua preparação , e sobretudo
não ter o gosto de queimado. Aquelles que se obtem
pela agua , comtanto que não se tenha recorrido á
cozedura, são quasi completamente soluveis na agua ;
aquelles que provém dos succos de folhas , não depu-
rados, devem ter uma côr verde e conservar o cheiro
da planta. སྐ
Os extractos alterão-se ás vezes com grande promp-
tidão ; muitos attrahem fortemente a humidade do
ar é preciso conserva-los em vasos de vidro ou de
porcelana que possão ser fechados hermeticamente .
Ha extractos que apezar de todas as cautelas não se
podem conservar.
Extracto de alface ou Thridacio . Cod . fr . Talos
de alface ordinaria ( lactuca sativa) que se ache perto
da inflorescencia q. s . Despreze as folhas, pise os
talos, esprema o succo e evapore em pratos na estufa ;
depois de secco, guarde.
Extracto de alcaçuz . Cod . fr. Raiz secca de al-
caçuz q. s. Corta-se esta raiz em pedaços delgados ;
DOS MEDICAMENTOS. 29
secca-se na estufa e reduz-se no moinho a pó meio
fino ; humedecem-se estes pós com metade do seu
peso d'agua distillada fria , e depois de doze horas de
contacto, calcão-se convenientemente entre dous dia-
phragmas n'um cylindro de estanho ; lixivião-se com
agua distillada de 15 a 20 gráos cent .; faz-se parar o
escorrimento dos licôres logo que estes passem pouco
concentrados ; aquecem-se a banho-maria ; coão-se
para separar a parte coalhada, e procede-se á evapo-
ração a banho-maria até à consistencia de extracto.
Da mesma maneira se preparão os extractos de raiz
de bardana , raiz de bistorta , raiz de genciana , raiz
de salsa , raiz de saponaria , raiz de inula campana ,
raiz de labaça, raiz de ratanhia, raiz de grama, raiz
de quassia amarga, raiz de parreira brava , talos de
doce-amarga, folhas de absinthio, folhas de artemija ,
folhas de cardo santo, folhas de digital , folhas de
borragem, folhas de senne , flôres de camomilla ro-
mana, e de folhas de centaurea menor.
Da mesma maneira fazem-se tambem os extractos
preparados com agua e folhas seccas de cicuta, bel-
ladona, meimendro, estramonio, aconito.
Extracto de rhuibarbo . Cod . fr . Rhuibarbo esco-
lhido e cortado em pedaços 4 libra, agua fria 4 li-
bras. Macere por 24 horas , còe com uma ligeira
espressão . Deite de novo sobre a raiz tres partes
d'agua fria ; côe no fim de doze horas ; submetta o
residuo á prensa , e depois de filtrado o licôr que es-
correr ajunte-lhe o primeiro producto ; evapore a
banho-maria até á consistencia de extracto .
Da mesma maneira se prepara o extracto de colo-
quintidas.
Extracto secco de quina (Sal essencial de Laga-
raye) . Cod . fr. Casca de quina cinzenta q . s. Moe-se
a quina no moinho para reduzi-la a pó meio fino ;
humedece-se este pó com metade do seu peso d'agua
distillada fria, e depois de doze a quinze horas de
contacto, calca-se fortemente entre dous diaphrag-
mas n'um cylindro de estanho e lixivia-se com agua
distillada na temperatura de 15 a 20 gráos cent.:
pára-se com o escorrimento dos licòres logo que pas-
sem pouco concentrados ; evoporão-se a banho-maria
2.
30 FORMAS PHARMACEUTICAS
até á consistencia de xarope espesso ; estende-se este
extracto uniformemente sobre pratos de louça que
se levão á estufa; logo que o extracto ficar secco se-
para-se na mesma estufa com uma faca, e fecha-se
promptamente em frascos de pequena capacidade
que é neecessario tapar hermeticamente.
Extracto de quina molle . Cod . fr. Casca de quina
cinzenta 4 libra , agua distillada 6 libras. Depois de
machucada a quina ferva-se na agua por um quarto
de hora ; côe-se ; torne-se a ferver o residuo por um
quarto de hora em igual quantide d'agua ; torne-se
a coar : misturem-se os liquidos, e evaporem-se a
banho-maria até á consistencia de extracto .
Extracto de zimbro ou junipero . Cod . fr. Bagas
seccas de zimbro 1 libra , agua distillada de 25 a 30
gráos cent. 3 libras. Machuquem-se as bagas de
zimbro mui levemente com um pilão de páo ; mace-
rem-se na agua por 25 horas ; côem-se com uma li-
geira espressão ; deite-se uma nova quantidade d'agua
sobre as bagas ; tornem-se a coar depois de doze horas
de maceração ; filtrem-se os liquidos e evaporem-se
até á consistencia de extracto molle.
Extracto de canafistula. Cod . fr. Canafistula 2 li-
bras, agua distillada 2 libras . Abrão-se os fructos, e
tirem-se com uma espatula a polpa , as sementes e os
septos interiores ; diluão-se em agua fria ; còem - se sem
espressão por panno de lãa ; lave-se com uma pouca
d'agua fria a substancia que ficou sobre o coador ;
reunão -se os liquidos e evaporem - se a calor de
banho-maria até à consistencia de extracto .
Extracto de guaiaco . Cod . fr . Pão de guaiaco ras-
pado 2 libras, agua distillada 20 libras. Ferve-se por
uma hora e côa-se por panno de linho ; submette-se o
residuo a uma nova decocção ; deixão-se depòr os liqui-
dos durante doze horas ; decantão-se e submettem-se
á evaporação na temperatura de ebullição n'um pe-
queno tacho que é necesario entreter cheio , deixando-
se cahir nelle continuamente um pouco de liquido ;
quando este ficar reduzido aos tres quartos, acaba-se
a evaporação a banho-maria até à consistencia molle ;
ajunta-se então a esta substancia o oitavo do seu peso
de alcool a 34 gráos ; mistura-se exactamente e aca-
DOS MEDICAMENTOS. 34
ba-se a evaporação até à consistencia de extracto .
Extracto de opio ( aquoso ) . Cod . fr. Opio esco-
lhido 4 libra. Corte-se o opio em talhadas delgadas,
e macere-se por doze horas em 6 libras d'agua dis-
tillada fria ; passado este tempo amasse-se o opio com
as mãos, e depois de mais outras doze horas de mace-
ração passe-se o liquido com espressão por panno de
linho ; esgote-se o residuo por meio de nova mace-
ração em 6 partes d'agua fria, e côe-se ainda com
espressão ; decantem-se os liquidos e evaporem-se
em banho-maria até á consistencia de extracto ; dei-
tem-se sobre este extracto 8 libras d'agua fria ou
cerca de dezeseis vezes o seu peso ; mexa-se de vez
em quando para facilitar a dissolução ; côem-se os
liquidos, e acabe-se a evaporação até à consistencia
de pilulas.
Extracto de opio vinoso . Cod . fr . Opio escolhido
4 libra , vinho branco 4 libras . Corte-se o opio em
talhadas delgadas e macere-se em vinho por 24 ho-
tras , mexendo-se de vez em quando ; côe-se com es-
pressão ; divida-se o residuo em outras 2 libras de
vinho branco, e depois de algumas horas, esprema-se
de novo ; passem-se os liquidos vinosos por manga
de lãa , e evaporem-se a banho-maria até á consis-
tencia de extracto .
Extracto de cato (Cato purificado) . Cod . fr. Cato
machucado 4 libra , agua fervendo 6 libras . Ponha
de infusão por 24 horas, mexendo de vez em quando ;
decante os liquidos, e evapore até á consistencia de
extracto .
Extracto alcoolico de cicuta. Cod . fr. Cicuta
secca 2 libras, alcool a 24 gráos Cart. 7 libras . Re-
duza-se a cicuta a pó meio fino, humedeça-se com
uma libra de alcool indicado, calque-se convenien-
temente entre os dous diaphragmas n'um cylindro de
estanho ; depois de doze horas lixivie-se com o resto
do alcool ; quando a ultima porção do alcool tiver
penetrado no pó, cubra-se este com uma pouca d'a-
gua, e pare-se com a operação logo que o liquido que
correr produzir um precipitado , cahindo nos pri-
meiros liquidos.- Distillem-se as tinturas alcoolicas
a banho-maria para tirar dellas toda a parte espiri-
32 FORMAS PHARMACEUTICAS
tuosa , e acabe-se a evaporação a banho-maria até á
consistencia de extracto.
Assim se preparão os extractos alcoolicos de folhas
de aconito, folhas de belladona, folhas de meimendro,
folhas de estramonio, folhas de digital , folhas de
arruda, folhas de sabina, flores de arnica, pinhas de
luparo, casca de quina, casca de raiz de romeira,
raiz de cainca, bolbos de colchico, raiz de colchico,
raiz de calumba, raiz de ipecacuanha, raiz de salsa-
parrilha, raiz de valeriana, raiz de polygala, raiz de
jalapa e de cantharidas.
Extracto de scilla . Cod . fr.: Escamas seccas de
scilla 4 libra, alcool a 24 gráos Cart. 4 libras . Ma-
cere-se por alguns dias ; còe-se com espressão ;
filtre-se ; deitem-se sobre o residuo outras 2 libras de
alcool ; e depois de dous ou tres dias còe-se de novo
com espressão ; ajuntem-se as tinturas ; distillem-se
para extrahir dellas toda a parte espirituosa, e eva-
pore-se até á consistencia de extracto .
Assim se preparão os extractos de coloquintidas,
açafrão e de noz vomica , empregando-se para esta
ultima alcool a 34 gráos Cartier.
Extractos de sementes de estramonio . Sementes
de estramonio 4 libra, alcool a 24 Cart. 3 libras. Di-
girão-se por algumas horas em alcool a calor brando
as sementes de estramonio reduzidas previamente a
pó no moinho ; còem-se com espressão, digira-se o re-
siduo com outras 3 partes de alcool ; torne-se a coar ;
filtrem-se os liquidos ; evaporem-se até á consisten-
cia de extracto ; dissolva-se este em quatro vezes o
seu peso d'agua fria ; filtre-se e evapore-se de novo
até à consistencia de extracto pilular.
Assim se preparão os extractos de sementes de
meimendro e de sementes de belladona.
FOMENTAÇÕES . São applicações que se fazem
sobre a pelle, de baeta ou de pannos embebidos em
um liquido carregado de principios medicamento-
sos . O vulgo dá o nome de fomentações ás embroca-
ções ou fricções .
FRICÇÕES. Chama-se fricção a acção de esfre-
gar alguma parte do corpo . As fricções são seccas
ou humidas : as primeiras se fazem com as mãos,
DOS MEDICAMENTOS. 33
escôva ou baêta ; as outras com oleos, linimentos ,
a acção de esfregar, esta mesma cção designe
Bem que a palavra
se applica
tambem ás substancias ou liquidos que servem para
esfregar.
FUMIGAÇÕES. As fumigações consistem em
expansões de gaz ou de vapores que se derramão na
atmosphera ou que se dirigem sobre alguma parte de
corpo .
GARGAREJOS. São medicamentos liquidos que
se poem em contacto com o interior da bocca e da
garganta , que não devem ser engulidos, e que se
agitão em diversos sentidos , pelo ar que se faz sahir
do larynge.
GELEAS. As geleas são preparações que tem uma
consistencia trémula quando arrefecidas. Tem por
base a gelatina animal ou principios vegetaes diver-
sos, taes como a pectina, o amido, etc. Como exem-
plo veja-se a geléa de musgo islandico.
GRAGÉAS. E uma nova fórma pharmaceutica
que, em certos casos, póde ser vantajosa para conser-
var um medicamento e facilitar a sua administração .
Para se obterem as gragéas fazem-se com uma sub-
stancia medicamentosa mui pequenas pilulas, que se
cobrem depois com assucar aromatisado, agitando- as
por mui longo tempo num tacho levemente aquecido,
onde se deita pouco a pouco um xarope aromatico .
É uma especie de confeitos medicamentosos . Taes
são verbi gratia gragéas de Fortin com copahiba.
GRANULOS. Preparações pharmaceuticas de
forma das pilulas, compostas de assucar e de sub-
stancias medicamentosas . São pequenos globulos, do
tamanho de um grão de milho, que se preparão da
mesma maneira que as gragéas, e que os doentes
engolem com facilidade.
HAUSTOS. Confundem-se debaixo deste nome as
misturas , poções, julepos . loocks, etc.
INFUSÕES ou infusos. São medicamentos que
resultão do contacto convenientemente prolongado
d'agua fervendo com uma ou muitas substancias
vegetaes . A palavra infusão se applica á operação
pharmaceutica e ao liquido que resulta desta opera-
32 FÓRMAS PHARMACEUTICAS
tuosa , e acabe-se a evaporação a banho-maria até á
consistencia de extracto .
Assim se preparão os extractos alcoolicos de folhas
de aconito, folhas de belladona, folhas de meimendro,
folhas de estramonio, folhas de digital , folhas de
arruda, folhas de sabina, flores de arnica, pinhas de
luparo, casca de quina, casca de raiz de romeira,
raiz de cainca, bolbos de colchico, raiz de colchico ,
raiz de calumba, raiz de ipecacuanha, raiz de salsa-
parrilha, raiz de valeriana, raiz de polygala, raiz de
jalapa e de cantharidas.
Extracto de scilla . Cod . fr.: Escamas seccas de
scilla 4 libra, alcool a 24 gráos Cart . 4 libras . Ma-
cere-se por alguns dias ; còe-se com espressão;
filtre-se ; deitem-se sobre o residuo outras 2 libras de
alcool ; e depois de dous ou tres dias còe-se de novo
com espressão ; ajuntem-se as tinturas ; distillem-se
para extrahir dellas toda a parte espirituosa, e eva-
pore-se até á consistencia de extracto .
Assim se preparão os extractos de coloquintidas,
açafrão e de noz vomica , empregando-se para esta
ultima alcool a 34 gráos Cartier.
Extractos de sementes de estramonio . Sementes
de estramonio 4 libra, alcool a 24 Cart. 3 libras . Di-
girão-se por algumas horas em alcool a calor brando
as sementes de estramonio reduzidas previamente a
pó no moinho ; côem-se com espressão, digira-se o re-
siduo com outras 3 partes de alcool ; torne-se a coar ;
filtrem-se os liquidos ; evaporem- se até á consisten-
cia de extracto ; dissolva-se este em quatro vezes o
seu peso d'agua fria ; filtre-se e evapore-se de novo
até à consistencia de extracto pilular.
Assim se preparão os extractos de sementes de
meimendro e de sementes de belladona .
FOMENTAÇÕES . São applicações que se fazem
sobre a pelle, de baeta ou de pannos embebidos em
um liquido carregado de principios medicamento-
sos . O vulgo dá o nome de fomentações ás embroca-
ções ou fricções .
FRICÇÕES . Chama-se fricção a acção de esfre-
gar alguma parte do corpo . As fricções são seccas
ou humidas : as primeiras se fazem com as mãos,
DOS MEDICAMENTOS. 33
escôva ou baêta ; as outras com oleos, linimentos,
unguentos, etc. Bem que a palavra fricção designe
a acção de esfregar, esta mesma palavra se applica
tambem ás substancias ou liquidos que servem para
esfregar.
FUMIGAÇÕES. As fumigações consistem em
expansões de gaz ou de vapores que se derramão na
atmosphera ou que se dirigem sobre alguma parte de
corpo.
GARGAREJOS. São medicamentos liquidos que
se poem em contacto com o interior da bocca e da
garganta , que não devem ser engulidos, e que se
agitão em diversos sentidos, pelo ar que se faz sahir
do larynge .
GELEAS. As geleas são preparações que tem uma
consistencia trémula quando arrefecidas. Tem por
base a gelatina animal ou principios vegetaes diver-
sos, taes como a pectina, o amido, etc. Como exem-
plo veja-se a geléa de musgo islandico.
GRAGEAS. E uma nova fórma pharmaceutica
que, em certos casos, póde ser vantajosa para conser-
var um medicamento e facilitar a sua administração .
Para se obterem as gragéas fazem-se com uma sub-
stancia medicamentosa mui pequenas pilulas, que se
cobrem depois com assucar aromatisado, agitando- as
por mui longo tempo num tacho levemente aquecido,
onde se deita pouco a pouco um xarope aromatico .
É uma especie de confeitos medicamentosos . Taes
são verbi gratia gragéas de Fortin com copahiba .
GRANULOS. Preparações pharmaceuticas de
forma das pilulas, compostas de assucar e de sub-
stancias medicamentosas. São pequenos globulos, do
tamanho de um grão de milho, que se preparão da
mesma maneira que as gragéas, e que os doentes
engolem com facilidade.
HAUSTOS . Confundem-se debaixo deste nome as
misturas , poções, julepos . loocks , etc.
INFUSÕES ou infusos. São medicamentos que
resultão do contacto convenientemente prolongado
d'agua fervendo com uma ou muitas substancias
vegetaes . A palavra infusão se applica á operação
pharmaceutica e ao liquido que resulta desta opera-
34 FÓRMAS PHARMACEUTICAS
ção. É o modo a que se recorre ordinariamente para
a preparação das nocões e bebidas ou tisanas dos
doentes, que ás vezes chamão impropriamente cozi-
mentos. Convém ás substancias de um tecido leve e
ás que tem o tecido compacto, comtanto que estas
ultimas sejão convenientemente divididas. A infusão
é sobretudo applicavel ás raizes amylaceas e ás sub-
stancias aromaticas.
INJECCÕES. Medicamentos liquidos, destinados
a serem impellidos em certas cavidades ou canaes do
corpo , e mais especialmente na uretra .
JULEPOS . São medicamentos de gosto agradavel,
de consistencia viscosa, e compostos de aguas distil-
ladas e de xaropes . Tomão-se ordinariamente de noite,
em uma ou duas vezes, e differem das poções e
loocks, em não conterem nem pós, nem substancias
oleosas.
LAMBEDORES . A palavra lambedor e synonyma
de julepo ou de loock."
LAVATORIOS ou loções . Consistem em lavar
uma parte do corpo com esponja ou panno embebido
no liquido medicamentoso.
LINIMENTOS. Preparações unctuosas, de consis-
tencia media entre oleos e gordura . feitas com oleos
e substancias nelles soluveis , destinados a untar a
pelle .
LOOCKS. São poções cujo vehiculo é sempre uma
emulsão .
MELLITES. São preparações liquidas e viscosas,
provenientes da solução de uma grande porção de
mel de abelha em um liquido aquoso ; não differem
por conseguinte dos xaropes senão em ser nos pri-
meiros o assucar substituido pelo mel.
MISTURAS. São reuniões de medicamentos mui
activos, destinadas a serem tomadas por gottas com
assucar, ou n'um copo d'agua ou em alguma outra
bebida. Uma mistura é uma composição que não tem
vehiculo aquoso entretanto dá-se trivialmente o
nome de mistura aos medicamentos compostos , que
não são outra cousa senão poções.
MUCILAGENS . São aguas carregadas de uma
'DOS MEDICAMENTOS. 35
certa quantitade de gomma, ou de um principio mu-
cilaginoso que tem muita analogia com esta , e que
existe em um grande numero de substancias vegetaes,
como sejão as raizes de malvaisco , as sementes de
linhaça , os musgos . Estas preparações são viscosas
e se estragão rapidamente.
OLEADOS. V. Encerados, p . 25.
OLEOS ESSENCIAES , ou essencias, ou oleos vo-
lateis . Liquidos de cheiro vivo , penetrante, mais ou
menos agradavel , de sabor acre, ardente, e ás vezes
caustico, e que se inflammão pela approximação ou
pelo contacto de um corpo em combustão . Obtem-se
pela distillação de certas plantas ; taes são os oleos
essenciaes de canella, cravo, hortelãa , etc.
OLEOS MEDICINAES. Os oleos fixos podem dis-
solver certas substancias medicinaes activas ; para
este uso prefere-se a todos os outros o azeite doce
que se conserva por muito tempo , sendo contido em
vasos bem tapados . Para a preparação dos oleos me-
dicinaes recorre-se umas vezes á maceração, outras
vezes á digestão . Quando se quer carregar o azeite
com principios contidos nas plantas frescas , é preciso
fervê- las no azeite até que se haja evaporado a agua
de vegetação, que se poderia oppor ao contacto das
materias soluveis com o azeite, e por conseguinte á
sua dissolução . Os oleos medicinaes são preparações
alteraveis que devem ser reformadas todos os annos;
deverão conservar-se em sitio fresco, em vasos de
vidro ou de barro , bem tapados .
Oleo camphorado . Veja-se o artigo Camphora.
Oleo de camomilla. Cod . fr . Flores seccas de ca-
momilla 2 onças , azeite doce 16 onças . Ponha em
digestão por duas horas n'um vaso coberto a banho-
maria , mexendo de vez em quendo ; còe com espres-
são e filtre.
Da mesma maneira se preparão os oleos com sum-
midades de absintho , folhas de arruda, flòres de sa-
bugueiro e de alfazema .
Oleo de cicuta. Cod. fr. Folhas de cicuta 4 libra,
azeite doce 2 libras. Pise as folhas de cicuta , mis-
ture com o azeite, e aqueça a fogo brando , até desap-
parecer toda a agua de vegetação da cicuta : então
36 FORMAS PHARMACEUTICAS
deixe digerir por duas horas, côe com espressão e
filtre .
Na falta da planta verde substitue-se toda a quan-
tidade prescripta por metade da planta secca, previa-
mente amollecida em 1 1/2 libra d'agua .
Preparão-se assim os oleos de belladona , herva
moura, meimendro negro, nicociana ou fumo , estra-
monio , etc.
Oleo de cantharidas . V. o artigo Cantharidas.
OPIATOS . A palavra opiato emprega - se geral-
mente como synonymo de electuario ; entretanto só
se deveria dar o nome de opiatos aos electuarios que
contém opio.
OXYMELLITES ou oxymeis , resultão da disso-
lução de uma certa porção de mel de abelha em vi-
nagre pouco concentrado , simples ou carregado de
principios medicamentosos .
PASTAS . São massas compostas de differentes
pós ou ingredientes, unidos por meio de substancias
glutinosas.
PASTILHAS e TABELLAS. Medicamentos inter-
nos, de fórma redonda , quadrada ou rhomboidal,
compostas de diversas materias medicamentosas liga-
das por meio de assucar ou de alguma mucilagem.
Até agora os pharmaceuticos tem feito a distincção
entre as tabellas propriamente ditas e as pastilhas; mas
o uso tendo confundido estes dous medicamentos ,
temo-los reunido no mesmo artigo , fazendo entretanto
duas classes : Pastilhas preparadas por meio de uma
mucilagem (tabellas propriamente ditas) . 2ª Pastilhas
preparadas ajuntando -se os ingredientes á calda do
assucar em ponto de espadana ou de cabello.
Pastilhas preparadas por meio de uma mucila-
gem. Reduzem- se a pós finos os ingredientes ; uma
parte delles incorpora-se á mucilagem n'um almofa-
riz, depois lança-se esta massa molle sobre uma mesa
de marmore, e mistura-se o resto dos pós amassando
tudo, e por meio de um rôlo, se estende a massa e se
aplana, dando-se-lhe a grossura que se quizer, depois
de cobrir a mesa com um pouco de polvilho. Polvi-
lha-se igualmente a superficie da massa . Para se ter
pastilhas da mesma espessura, empregão -se quadra-
DOS MEDICAMENTOS. 37
dos ou reguas de páo ou de ferro , sobre que se apoião
as duas extremidades do rôlo ; quando à massa ficar
convenientemente estendida , divide-se em pastilhas
com instrumentos proprios, de fórmas e feitios que
se quizerem ; depois do que, ou em cima do papel,
ou sobre o sedaço ou peneira, se seccão um pouco, e
finalmente levão-se á estufa para acabar a sua des-
secação .
A mucilagem das pastilhas é quasi sempre a de
gomma alcatira ; mas segundo alguns pharmaceuticos
a mucilagem de gomma arabica é preferivel , por for-
mar pastilhas de um aspecto transparente. Outros,
para obter esta quasi transparencia , aconselhão o em-
prego da clara de ovo .
A quantidade de mucilagem necessaria para ligar as
substancias varía um pouco ; é mais forte para as pas-
tilhas que contém acidos e saes , do que para as que
contém substancias extractívas. Esta proporção varía
de 100 a 125 partes de mucilagem (preparada com
unia parte de gomma alcatira e doze partes d'agua)
para 1,000 partes de mistura pulverulenta . Deve no-
tar-se que as pastilhas que contém muita mucilagem
ficão bastante duras com o tempo . As mucilagens se
fazem com agua simples ou com aguas distilladas
aromaticas. Ás vezes estas ultimas são substituidas
pelas essencias que se ajuntão á massa .
Segundo estes principios preparão-se as pastilhas
de bicarbonato de soda ou de Vichy, de cato, carvão,
ipecacuanha , manná , enxofre , e que são indicadas
fallando-se de cada uma destas substancias no For-
mulario.
Pastilhas preparadas por meio de assucar em
calda, N'uma pequena panela, cujo bico é virado do
lado esquerdo, deita-se o assucar com uma pouca
d'agua aromatica para fazer uma massa . Aquece-se ,
e logo que a substancia se levantar por uma leve
ebullição , ajunta-se uma nova quantitade de assucar
para lhe dar a consistencia conveniente, e ao mesmo
tempo a substancia ( essencias ou alcoolatos , etc. ) que
formar a base das pastilhas ; pega-se na panella pelo
cabo com a mão esquerda ; vira-se de maneira que
o bico fique por diante ; vasa-se o liquido gotta por
3
38 FORMAS PHARMACEUT
ICAS
gotta em uma folha de Flandres fria, facilitando-se
o escorrimento com um fio de metal . Cada gotta coa-
gulando-se toma uma fórma hemispherica. Levão-se di
depois as pastilhas á estufa para acabarem de seccar.
Seu peso é de 6 a 9 grãos.
Pastilhas de hortelaa. Cod. fr . Oleo essencial de
hortelãa 4 oitava, assucar refinado 12 onças, agua de
hortelãa q . s . F. S. A. como ficou dito acima.
Da mesma maneira se preparão as pastilhas aro-
maticas de rosa , limão , flor de laranja , etc.
PILULAS. Preparações formadas de pós mistura-
dos e incorporados por meio de um xarope, mucila-
gem , mel , conserva , etc. , ás quaes dá-se a forma glo-
bular, e o peso de 1 a 6 grãos . De 6 grãos para cima
tomão o nome de bolos .
POÇÕES. São medicamentos liquidos, que os doen-
tes tomão por uma ou mais vezes, e com intervallos
mais ou menos approximados. Resultão da mistura de
cozimentos, infusões, xaropes, pós, extractos, etc.
POLPAS . Dá-se este nome ás partes tenras, car-
nosas dos vegetaes, separadas das partes duras por
meios convenientes , e reduzidas à consistencia de
massa molle .
POMADAS. Dá-se este nome á banha de porco
ou a qualquer outra gordura animal, misturada com
um ou mais principios medicamentosos .
POS . São substancias medicinaes, reduzidas por
meios mecanicos a uma grande tenuidade. Todas as
substancias que tem de submetter-se á pulverisação
devem estar no mais perfeito estado de seccura . A
pulverisação se effeitua de differentes modos . Taes são :
4° Contusão empregando-se perpendicularmente
a acção da mão do almofariz sobre as substaucias em
geral mais resistentes, como lenhos, cascas, raizes , etc.
Exemplo :
O alcaçuz ; raspa-se primeiro a epiderme, corta-se
em pequenas rodellas, que se seccão na estufa , pul-
verisão-se e peneirão-se depois.
2º Trituração : effeitua-se comprimindo a substan-
cia com esforço proporcionado á resistencia que ella
oppõe, entre as paredes do almofariz e o pistillo,
movendo este circularmente sobre aquellas .
DOS MEDICAMENTOS. 39
3° Porphyrisação : é para as materias duras e que-
bradiças, que pela contusão não se podem reduzir a
particulas mui finas . É de duas especies : 1 ° por-
phyrisação secca : por exemplo o ferro toma-se a
limalha mui fina , e pulverisa-se em almofariz de
ferro; depois passa-se no porphyro, até que , esfre-
gando o pó na mão , este deixe um traço difficil de
desapparecer; 2º porphyrisação humida, verbi gra-
tia, os olhos de carangueijo, com addição d'agua ;
seccão-se depois, ou fazem-se trociscos.
40 Fricção : esfregando as substancias sobre o se-
daço ou peneira apertada, e são aquellas que, ou por
mui leves, ou por muito pesadas, em vez de se divi-
direm, se estenderíão debaixo do pistillo ou mão do
almofariz . Taes são a magnesia e ò alvaiade.
5° Intermedio as substancias que por sua elasti-
cidade ou molleza não podem pulverisar-se pelos
meios acima indicados , exigem para isso a inter-
venção de diversos meios , como sejão o assucar,
o alcool , o vapor d'agua ; exemplo : a baunilha , a
camphora.
6º Tamisação : é uma operação subsequente ás pre-
cedentes ; pois que por meio della , se obtém o pó
homogeneo, ou da mesma grossura .
As regras que se observão na pratica são as se-
guintes :
Antes de pulverisar é necessario crivar as substan-
cias para separa-las de materias estranhas ; cortar as
folhas, talos e raizes das plantas fibrosas, como as de
alcaçuz, althéa, etc.; raspar e grosar alguns lenhos ,
como os de guaiaco, sassafraz, etc.; limar os metaes ;
extrahir e separar partes que não tem propriedade
alguma, como o meditullio lenhoso das raizes de
ipecacuanha, cynoglossa , bardana, etc. : a epiderme
de algumas cascas como a de canella.
Não se pulverisará ao mesmo tempo muita quan-
tidade de substancias.
Quando houverem de se pulverisar substancias dif-
ferentes ao mesmo tempo, como quando se quizer
preparar os pós compostos, começar-se-ha pelas mais
duras, como certas raizes e lenhos, e depois pelas
menos compactas. Se as substancias se pisarem sepa-
40 FORMAS PHARMACEUTICAS
radamente, haverá a maior cautela para que se faça
uma exacta e perfeita mistura das partes .
Evitar-se-ha a acção nociva de certas substancias
no acto da pulverisação e tamisação, como as can-
tharidas, o alvaiade e outras, cobrindo-se com algum
panno ou pelle a bocca do almofariz.
Conservão - se os pós em vasos bem tapados e
opacos.
Pó de rhubarbo . Raiz de rhuibarbo q. s . Ma-
chuca-se a raiz n'um almofariz ou corta-se em ro-
dellas ; depois secca-se na estufa e reduz-se a pó fino
por contusão , sem deixar residuo .
Da mesma maneira se preparão os pós de raizes de
aipo, acoro, bardana, bryonia, calumba, curcuma ,
elleboro branco, genciana, gengibre, inula campana,
lirio florentino, jalapa , labaça , peonia , pyrethro ,
tormentilla, e em geral os pós de todas as raizes que
sendo succulentas e carnosas no estado de frescura ,
se tornão compactas depois da sua dessecção, e con-
tém poucas partes fibrosas. Entretanto preparão-se
da mesma maneira os pós das raizes fibrosas de ra-
tanhia e salsaparrilha.
Pó de valeriana. Raiz de valeriana q . s. Pise leve-
mente a raiz n'um almofariz com um pistillo de páo ;
crive-a para separar della a terra, faça secca-la na
estufa , e pulverise n'um almofariz de bronze sem
deixar residuo.
Da mesma maneira obtém-se os pós de raizes de
angelica, arnica, contraherva, elleboro negro, ser-
pentaria de Virginia, e em geral os pós de todas as
raizes miudas, pouco lenhosas e reunidas em mólhos
que retem facilmente terra.
Pó de alcaçuz. Raiz de alcaçuz q. s . Raspe leve-
mente a epiderme com faca, córte a raiz em peque-
nas rodellas , deixe seccar na estufa, e pulverise por
contusão até que não fique senão um residuo fibroso
e quasi sem sabor .
Da mesma maneira se preparão os pós de raiz de
althéa, de parreira brava, e de todas as outras raizes
muito fibrosas .
Pó de ipecacuanha . Raiz de ipecacuanha q. s.
Deixe seccar a raiz na estufa e pulverise por contu-
DOS MEDICAMENTOS. 44
são, até obter no estado de pós finos os tres quartos
da raiz empregada .
Pó de raiz de feto macho . Tronco subterraneo
de feto macho q. s . Corte-se o feto macho em rodel-
las pequenas, crive-se para separar as escamas fo-
liaceas, deixe-se seccar na estufa e pulverise-se por
contusão sem deixar residuo .
Pó de salepo. Salepo q . s . Macere-se o salepo em
agua fria por 24 horas ; esfregue-se fortemente n'um
panno grosso para tirar a parte cortical ; deixe-se
seccar na estufa , reduza-se por contusão a pó fino
e passe-se por tamiz.
Pó de scilla. Scilla q. s . Deixe-se seccar na es-
tufa as escamas de scilla , e reduzão-se a pó fino por
contusão, sem deixar residuo. - Os pós de scilla
attrahem poderosamente a humidade do ar ; é neces-
sario tornar a pô-los na estufa depois da sua prepa-
ração, fecha-los em vidros seccos e de pequena ca-
pacidade . Durante a operação é preciso cobrir com
um panno a bocca do almofariz .
Pó de simaruba. Casca de simaruba q. s. Corte-
se a casca de simaruba em rodellas mui finas , deixe-
se seccar na estufa e pulverise-se por contusão.
Da mesma maneira se pulverisão todas as cascas
mui fibrosas.
Pó de sabina. Sabina q. s. Deixe seccar na estufa
e pulverise sem deixar residuo .
Pó de digital. Folhas de digital . q . s . Deixe-se sec-
car na estufa e pulverise-se por contusão n'um almo-
fariz ; pare-se com a operação logo que as tres quar-
tas partes da substancia estejão pulverisadas.
Da mesma maneira se preparão os pós de folhas de
aconito, belladona , meimendro , laranjeira, senne e
de quasi todas as outras folhas .
Pó de guaiaco. Páo de guaiaco q . s . Reduza-se
a pó grosso por meio do ralador ; deixe - se seccar
na estufa e pulverise -se por contusão sem deixar
residuo .
Da mesma maneira se preparão os pós dos páos e
das grossas raizes muito lenhosas, e vem a ser os de
páo de aloes, páo de sandalo, raiz de quassia , raiz
de sassafraz .
42 FORMAS PHARMACEUTICAS
Pó de canella. Casca de canella q. s . Pulverise por
contusão n'um almofariz sem deixar residuo .
Da mesma maneira se preparão os pós da casca de
Winter.
Pó de quina. Quina q . s. Raspe a casca com uma
faca , para separar o musgo, a epiderme e o tecido
cellular subjacente ; deixe seccar a casca na estufa e
reduza-a a pó fino sem deixar residuo.
Da mesma maneira se preparão os pós de cascar-
rilha , de angustura verdadeira e falsa .
Pó de rosas rubras. Petalas de rosas rubras q. s .
Deixe seccar na estufa e pulverise por contusão sem
deixar residuo .
Da mesma maneira se preparão os pós de violas,
açafrão , camomilla , arnica , e de sementes contra
vermes .
Pó de centaurea menor . Summidades floridas de
centaurea menor q . s . Deixe seccar na estufa e pul-
verise por contusão , parando com a operação logo
que as tres quartas partes da centaurea estejão redu-
zidas a pó.
Da mesma maneira se preparão os pós de quasi
todas as summidades floridas das plantas.
Po de pimentas cubebas . Cubebas q . s . Deixe-se
seccar na estufa e pulverise-se por contusão n'um al-
mofariz sem deixar residuo .
Da mesma maneira se preparão os pós de pimenta
branca, pimenta preta , herva doce, e das outras se-
mentes ombelliferas .
Pó de cardamomo. Cardamomo q. s. Rasgue os
fructos de cardamomo e conserve só as sementes ;
deixe seccar na estufa e pulverise sem deixar residuo .
Pó de coloquintidas . Fructos de coloquintidas
q. s. Abrem-se os fructos , deitão-se fóra as sementes,
corta-se a polpa em pedacinhos, faça-se seccar na es-
tufa e pulverisa-se por contusão sem deixar residuo.
Da mesma maneira se preparão os pós de cabeças
de dormideira.
Pó de arroz . Arroz q . s. Lave-se o arroz em agua
até que esta sáia limpida : deite-se sobre um panno,
e borrife -se de vez em quando com agua, até que o
grão fique opaco e friavel ; pulverise então neste es-
DOS MEDICAMENTOS. 43
tado sem deixar residuo : faça-se seccar o pó na estufa .
Pó de sementes de linhaça ( Farinha de linhaça) .
Sementes de linhaça q. s . Pisem- se n'um almofariz e
passem-se por peneira de crina.
A farinha de linhaça se prepara mais facilmente
no moinho do que no almofariz ; o moinho destinado
para este uso deve preencher a condição de rasgar ou
cortar a semente, e não esmaga-la .
Pó de mostarda ( Farinha de mostarda) . Mostarda
preta q. s. Pise-se a mostarda n'um almofariz de ferro
ou de bronze, com um pistillo cuja cabeça tenha
poucca superficie, e passe- se por peneira de crina.
Póde-se fazer a farinha de mostarda em moinho.
Pó de baunilha. Baunilha 1 onça, assucar em pe-
dra 2 onças. Corte-se a baunilha em pedaços miudos
com uma tesoura, triture-se com assucar n'um gral
de marmore, e passem-se os pós por peneira de seda .
Pó de musgo islandico . Musgo islandico q . s.
Deixe-se seccar na estufa e pulverise-se por contu-
são sem deixar residuo.
Pó de centeio espigado. Centeio espigado q. s.
Reduza-se a pó por contusão e trituração, e passe- se
por peneira de seda.
O pó de centeio espigado se deteriora mui prompta-
mente. Deve ser preparado em pequena quantidade e
guardado em vasos bem tapados ; é melhor ainda pre-
para-lo no momento em que se pede, e fazer só a
quantidade que é receitada.
Pó de musgo de Corsega. Musgo de Corsega q . s.
Ponha-se o musgo sobre nma mesa, bata-se com va-
rinhas, e limpe-se depois com a mão para lhe tirar
o resto dos mariscos ; passe-se por um crivo, deixe-se
seccar na estufa e reduza-se a pó sem deixar residuo.
Pó de gomma arabica . Gomma arabica q . s . Ti-
rem-se os corpos estranhos que adherem á superficie
da gomma, machuque-se sem se deixar seccar na es-
tufa e pulverise-se sem deixar residuo.
Da mesma maneira se preparão os pos de gomma
alcatira, mas conservão-se a parte os primeiros pós
fornecidos d'esta gomma que são algum tanto córados.
Pó de opio. Opio q . s . corte-se em rodellas, deixe-
se seccar na estufa e pulverise-se sem deixar residuo .
44 FORMAS PHARMACEUTICAS
Do mesmo modo se preparão os pós de aloes, cato,
succo de alcaçuz e gomma kino .
Pó de colophonia. Colophonia q. s. Pulverise-se
por trituração e passe-se por uma peneira.
Da mesma maneira se preparão os pós de benjoim ,
balsamo de tolu, resina de guaiaco , resina de jalapa ,
mastiche, sangue de drago e de outras resinas.
Pó de gomma ammoniaca. Gomma ammoniaca
q. s. Pulverise-se por trituração e peneire-se.
Assim se preparão os pós de assafetida , galbano,
opopanaco, olibano e de outras gommas-resinas.
Pó de camphora. Camphora q . s. Deite-se a cam-
phora n'um gral de marmore, ajunte-se um pouco
de alcool rectificado para que penetre a camphora , e
reduza-se a pó por trituração .
Pó de cantharidas . Cantharidas q . s. Deixem-se
seccar ao sol ou na estufa , e reduzão -se a pó n'um
almofariz de bronze sem deixar residuo . Durante a
operação deve-se cobrir com algum panno a bocca
do almofariz .
Da mesma maneira se preparão os pós de cocho-
nilha e de kermes mineral.
Pó de castoreo. Castoreo q. s . Rasgue-se o sacco
de castoreo, deite-se fóra o envoltorio externo e tanto
quanto fôr possivel todas as partes membranosas,
pulverise-se o resto por trituração sem deixar resi-
duo, e passe-se por um tamiz .
Da mesma maneira se preparão os pós de almiscar ,
Pó de coral vermelho . Coral vermelho q. s. Lave-
se o coral inteiro em agua morna e deixe-se seccar,
pise-se n'um almofariz e passe-se por peneira de crina .
Lave-se este pó em agua fervendo quatro ou cinco
vezes ; porphyrise-se , molhando-o sobre um por-
phyro , e ajuntando-se-lhe, se for preciso, uma nova
porção d'agua ; dilua-se em agua para separar as par-
tes finas das partes mais grossas ; proceda-se com es-
tas da mesma maneira até que tudo fique reduzido a
pó impalpavel; reduza -se tudo em trociscos e deixe-se
seccar.
Da mesma maneira se prepara o pó de olhos de ca-
rangueijo.
Pó de ossos de siba . Ossos de siba q. s . Limpem-se
DOS MEDICAMENTOS. 45
os ossos de siba com uma faca, de todos os corpos que
The manchão a superficie, e deitem-se fóra as partse
duras da concha ; pise-se o resto n'um almofariz e
passe-se por um sedaço ; reduza-se depois sobre um
porphyro, sem o emprego d'agua, a pó impalpavel .
Pó de nitro. Nitro q. s . Pulverise-se por contusão
n'um gral de marmore com um pistillo de páo , e
peneire-se.
Da mesma maneira se preparão os pós de acetato
de chumbo , bicarbonato de soda, tartrato de potassa,
e em geral de todos os saes neutros não metallicos.
Pó de verdete . Verdete q. s. Reduza a pó por
conlusão n'um almofariz de bronze coberto de uma
pelle, e passe por um sedaço coberto .
Da mesma maneira se preparão os pós de pedra-
hume, cal, carvão, cremor de tartaro, lithargyrio,
sulfato de ferro, sulfato de potassa, sulfato de zinco,
e em geral de todas as substancias mineraes que tem
bastante dureza para riscar o marmore, e que não de-
compoem, quando seccas, um almofariz de bronze.
Pó de acido citrico . Acido citrico q . s . Pise por
contusão n'um almofariz de vidro ou de louça .
Da mesma maneira se preparão os pós de acido
tartrico, cremor de tartaro soluvel, emetico, calome-
lanos, sublimado corrosivo, e em geral os pós de to-
dos os acidos cristallisados, dos saes com excesso
de acido, e dos outros saes que atacão facilmente o
almofariz metallico .
Pó de magnesia branca . Magnesia em pães q . s.
Ponha uma peneira de crina sobre uma folha de pa-
pel, e esfregue successivamente os pães de magnesia
sobre a peneira até que tudo tenha passado por suas
ma lhas. Torne a passar os pós por um sedaço.
Da mesma maneira se prepara o pó de alvaiade ;
mas para ter o pó de alvaiade muito fino , é preciso
depois porphyrisa-lo sobre o porphyro.
Pó de bolo armenio . Bolo armenio q . s. Reduza-se
o bolo armenio a pó por contusão n'um almofariz ;
neste estado deite-se n'uma terrina com agua fria ;
dilua-se completamente, e deixe-se estar de molho
por 48 horas, mexendo-se de vez em quando ; mis-
ture-se então o deposito com o liquido, deixe-se de-
3.
46 FORMAS PHARMACEUTICAS
pôr por alguns minutos , decante-se o licôr ainda
turvo ; torne-se a renovar esta manipulação até que
todas as partes finas fiquem desta maneira separadas ;
deite-se fóra o residuo como inutil ; deixem-se depòr
todos os licôres, escorra-se o deposito sobre um
panno, reduza-se en trociscos e deixe-se seccar.
Da mesma maneira se preparão os pós de giz e de
todas as substancias argilósas .
ROBES. V. Arrobes, p. 16 .
SACCHAROLEOS . Misturas de assucar com oleo
volatil. Obtem-se pela trituração dos oleos com o
assucar. Quando se querem preparar os saccharoleos
das cascas de laranja , limão ou lima, esfrega- se a parte
amarella superficial com o assucar em torrões , este
impregna-se do oleo volatil , e pulverisa-se depois .
Saccharoleo de aniz . Cod . fr. Oleo volatil de aniz
1 gotta, assucar refinado 4 oitava . Triture n'um al-
mofariz de marmore, vidro ou louça .
Da mesma maneira se preparão os outros sac-
charoleos.
Saccharoleo de limão . Cod . fr . Limão fresco 1 , as-
sucar em pedra 2 oitavas . Esfregue o assucar contra
a superficie externa do limão para separar toda a cas-
quinha amarella ; triture depois n'um almofariz para
ter uma mistura exacta.
Assim se preparão os saccharoleos de laranja, ci-
dra, e bergamota.
SACCHARURETOS . São medicamentos de fórma
pulverulenta, compostos de assucar, em que se mis-
turão substancias medicamentosas previamente dissol-
vidas em menstruo , que é rejeitado pela evaporação
depois da mistura com o assucar. O processo geral de
preparação consiste em misturar o assucar com tin-
turas alcoolicas ou ethereas, fazer seccar e pulverisar
de novo a materia, obtendo-se por este modo um pó ,
em que a substancia medicamentosa está perfeita-
mente dividida.
SOLUÇÕES. Chama-se solução um liquido em o
qual se faz dissolver saes , extractos e outras substan-
cias soluveis. O liquido que serve para esta prepa-
ração é ordinariamente agua, e por isso quando se diz
verbi gratia, solução de gomma arabica entende- se
DOS MEDICAMENTOS. 47
a dissolução de gomma arabica em agua. Ha solu-
ções que se fazem em vinho ou alcool : estas exigem
uma explicação especial.
SPARADRAPOS. V. Encerados, p. 25 .
Succos ou sumos medicinaes, ou succos espres-
SOS. Designão- se debaixo deste nome os liquidos con-
tidos no parenchyma das plantas , obtidos por meio de
espressão , e clarificados por diversos processos . Estas
preparações empregão -se como cozimentos e apoze-
mas, ou entrão na composição de outros medica-
mentos .
SUPPOSITORIOS . São medicamentos ordinaria-
mente solidos, de fórma conica, de comprimento de
um dedo , destinados a serem introduzidos e a demora-
rem-se algum tempo no intestino recto . Preparão-se
com mechas de fios cobertas com ceroto, pomada
ou unguento ; ou com sabão, manteiga de cacáo ou
raizes emollientes .
TABELLAS. V. Pastilhas , p . 36 .
TINTURAS . São soluções de uma ou de muitas
substancias no alcool ou ether, e por isso distin-
guem-se em tinturas alcoolicas ou espirituosas, e
tinturas ethereas. Quando se diz simplesmente tin-
turas, entendem-se as tinturas alcoolicas . Preparão- se
por meio de digestão, mais ou menos longa. Differem
as tinturas alcoolicas dos alcoolatos; porque estes ul-
timos se preparão por meio de distillação .
Tinturas alcoolicas . As substancias que servem
de base ás tinturas alcoolicas devem ser divididas afim
de que o alcool exerça mais facilmente nellas uma
acção dissolvente ; e devem ser seccas para que o al-
cool não seja enfraquecido pela sua agua de vegetação.
O gráo de força do alcool deve ser apropriado á na-
tureza das substancias que se dissolvem . Para as tin-
turas medicinaes emprega-se o alcool em tres estados
differentes de concentração, a saber : alcool a 56 grãos
centesimaes ou 24 gráos Cartier ; alcool a 80 gráos
cent. ou 34 gráos Cartier, e alcool a 86 gráos cent.
ou 34 graos Cartier. O alcool fraco deve ser preparado
com alcool muito puro, que se dilue com q. s. d'agua
distillada para ser levado ao gráo conveniente.
As tinturas alcoolicas são medicamentos preciosos ,
48 FORMAS PHARMACEUTICAS
porque contém todos os principios soluveis das sub-
stancias n'um estado perfeito de conservação, mesmo
depois de annos . Empregão -se em pequenas dóses,
em poções, e em dóses fortes em fricções .
Tintura de ambar amarello ou succino . Cod. fr.
Ambar amarello em pó fino 1 onça, alcool a 31 gráos A
Cart. 46 onças . Ponha-se em digestão em vaso fe-
chado por seis dias e filtre-se.
Tintura de benjoim . Cod . fr. Benjoim em pó 4 on-
ças, alcool a 34 gráos Cart. 16 onças . Macere por 15
dias, mexendo de vez em quando , e filtre .
Da mesma maneira se preparão as tinturas com
as seguintes substancias : balsamo de tolu e todos
os balsamos, terebenthina, resina de guaiaco e todos
os succos resinosos , escamonea , asafetida , gomma
ammoniaca , myrrha e todas as outras gommas- #
resinas.
Tintura de canella . Cod . fr. Canella em pó meio
fino 4 onças, alcool a 34 gráos Cart. 16 onças, Ma-
cere por 15 dias, côe com espressão e filtre.
Da mesma maneira se preparão as tinturas de casca
de cascarrilha , raiz de elleboro negro , contraherva ,
gengibre, pyrethro, folhas de digital, noz vomica,
cravo da India, açafrão, baunilha, castoreo, almis-
car e de ambar gris.
Tintura de quina. Cod . fr. Casca contusa de quina
cinzenta 4 onças, alcool a 21 gráos Cartier 16 onças.
Macere por 15 dias, còe com espressão e filtre.
Do mesmo modo se preparão as tinturas de casca
de quina amarella, quina vermelha , pão de guaiaco,
raiz de inula campana, raiz de jalapa, raiz de ipeca-
cuanha , raiz de genciana , raiz de quassia , raiz de
rhuibarbo , raiz de valeriana, bolbos de scilla, bolbos
de colchico , folhas de absinthio , folhas de aconito ,
folhas de belladona , folhas de cicuta, folhas de mei-
mendro, foliolos de senne, folhas de estramonio e
de cato.
Tintura de cantharidas . Cod . fr. Cantharidas em
pó 2 onças, alcool a 21 grãos Cartier 46 onças . Ma-
cere por 15 dias, còe com espressão et filtre.
Tintura de extracto de opio . Cod . fr. Extracto
de opio 14 onça , alcool a 24 gráos Cartier 12 onças .
DOS MEDICAMENTOS. 49
Dissolva por uma maceração sufficientemente pro-
longada e filtre.
Tinturas ethereas . Resultão da maceração de certas
substancias no ether, e principalmente no ether sul-
furico . Não contém muitos principios vegetaes, que
se encontrão nas dissoluções alcoolicas. Estas prepa-
rações, attenta a mui pequena dóse em que são admi-
nistradas, obrão quasi exclusivamente pelo seu exci-
piente , e poderião sem inconveniente ser riscadas
das Pharmacopéas.
TISANAS. Designão- se debaixo deste nome me-
dicamentos liquidos, pouco carregados de principios
medicamentosos, destinados para a bebida ordinaria
do doente, que se preparão por differentes processos,
taes como a decocção , maceração e sobretudo infusão .
Devem ser leves , e pouco desagradaveis para que
o doente não tenha muita repugnancia em toma-las .
Adoção-se com assucar, mel de abelha , alcaçuz ou
algum xarope.
UNGUENTOS . São preparações de gorduras com
resinas. Sua consistencia é um pouco maior do que
a das pomadas. Prepara-se um unguento, derretendo
simultaneamente as gorduras com resinas , passando-
as depois por um panno de tecido cerrado , para
separar as impurezas, e mexendo tudo brandamente
com um pilão até que a massa arrefeça perfeitamente.
Ás vezes derretem-se certas substancias separada-
mente, quando divergem muito os gráos de sua fusi-
bilidade. Quando na composição de um unguento
entrão substancias odoriferas ou volateis , não se
ajuntão senão no fim : esta regra deve ser observada
para a camphora, terebenthina e os oleos essenciaes;
emfim quando n'um unguento se incorporão os pós ,
é preciso que sejão finissimos.
VELINHAS . V. Bugias, p . 19.
VINAGRES MEDICINAES . São vinagres que
contém em dissolução algumas substancias medica-
mentosas. Preparão-se por maceração . Empregar- se-
ha sempre o melhor vinagre de vinho de bòa quali-
dade. Nunca se preparão em vasos metallicos .
Vinagre scillitico . Cod . fr. Escamas seccas de
E UTICAS
30 FORMAS PHARMAC
scilla 8 onças, vinagre tinto mui forte 96 onças. Ma-
cere por 15 dias ; côe e filtre .
Da mesma naneira se prepara o vinagre com bolbos
seccos do colchico .
Vinagre rosado. Cod. fr. Petalas seccas de rosas
rubras 1 onça , vinagre tinto mui forte 42 onças .
Macere por oito dias , vascolejando de quando em
quando ; côe com espressão e filtre.
Da mesma maneira se preparão os vinagres de flores
de sabugueiro, alecrim , salva , alfazema e de cravos .
Vinagre de framboezas . Cod . fr. Framboezas 3 li-
bras, vinagre tinto mui forte 2 libras. Macere n'um
garrafão de vidro por quinze dias ; côe depois com
espressão e filtre .
Da mesma maneira se preparão os vinagres com
os outros fructos encarnados. Veja-se tambem o artigo
Vinagre no Formulario .
VINHOS MEDICINAES . Dá - se este nome aos
vinhos que contém em dissolução uma ou muitas
substancias medicamentosas. Os vinhos empregados
para estas preparações são de natureza mui variavel :
devem sempre escolher-se puros e generosos.
Os vinhos medicinaes serão preparados pela mace-
ração a frio em vasos bem tapados. Depois de um
contacto prolongado por mais ou menos tempo, con-
forme a densidade das materias, côem-se com espres-
são e filtrem-se ; guardem-se depois em garrafas bem
tapadas, e em lugar fresco.
Sendo muito alteraveis os vinhos medicinaes , devem *
ser preparados em pequena quantidade, e renovados
frequentemente.
Vinho de absinthio . Cod . fr . Folhas seccas de
absinthio 1 onça , vinho branco generoso 32 onças,
alcool a 31 gráos Cartier 4 onça . Borrife com o alcool
o absinthio e depois de 24 horas de contacto , ajunte
o vinho , e deixe macerar por dous dias ; côe com
espressão e filtre. - Empregando - se o vinho de
Lisboa , que chega ao Brazil misturado com espirito
de vinho , não necessario ajuntar o alcool .
Da mesma maneira se prepara o vinho de raiz de
inula campana .
Vinho de genciana . Cod . fr . Raiz de genciana
DOS MEDICAMENTOS . 51
4 onça , alcool a 24 gráos Cartier 2 onças, vinho tinto
32 onças. Ponha com o alcool a genciana dividida
n'um vaso fechado ; depois de 24 horas de contacto
ajunte o vinho ; deixe macerar por oito dias n'um
vaso tapado e filtre. Empregando-se o vinho de Lisboa
qne chega ao Rio de Janeiro misturado com espirito
de vinho , não é necessario ajuntar o alcool.
Vinho de quina. Cod . fr. Quina cinzenta 2 onças,
alcool a 24 gráos Cartier 4 onças, vinho tinto gene-
roso 32 onças. Deite o alcool sobre a quina machu-
cada , deixe em contacto por 24 horas n'um vaso
tapado ; ajunte o vinho, deixe macerar por oito dias ,
mexendo de vez em quando ; côe com espressão e
filtre . Se se empregar o vinho de Lisboa, que contém
já bastante quantidade de espirito de vinho, não é
necessario accrescentar o alcool .
Vinho scillitico . Cod . fr. Escamas seccas de scilla
1 onça , vinho de Malaga 16 onças. Macere no vinho
a scilla contusa por doze dias.
Da mesma maneira se preparão os vinhos de bol-
bos de colchico e de sementes de colchico .
XAROPES. São medicamentos liquidos, doces e
agradaveis , um pouco viscosos e unctuosos, que se
preparão fazendo-se dissolver assucar, por meio de
um calor brando, em agua pura ou carregada de
principios medicamentosos . Entrão na composição
dos xaropes os productos da infusão ou decocção de
uma só, ou de muitas substancias, os succos espres-
sos, os succos fermentados dos fructos e os succos
emulsivos. O fim desta preparação é conservar sem
alteração por muito tempo as partes soluveis dos
vegetaes, ou para edulcorar outros liquidos, e torna-
los mais agradaveis ao paladar.
A densidade mais ordinaria dos xaropes é de 1,321 ;
seu ponto, ou gráo de cozedura é 35 gráos do areo-
metro Baumé, quando são frios, ou 30 gráos quando
são quentes. Só depois de completamente frios
guardão-se em vasos bem tapados e em lugares bem
frescos.
Xarope simples branco. Cod . fr . Assucar muito
branco e fino 32 onças, agua pura 16 onças, carvão
animal preparado 2 onças. Dissolva o assucar a frio ;
52 FORMAS PHARMACEUTICAS
ajunte o carvão, e depois de 12 horas de contacto
filtre por um papel .
O carvão destinado á preparação do xarope deve
ser purificado da maneira seguinte : reduz-se o carvão
a pó, ajunta-se-lhe uma q. s . d'agua para fazer uma
massa liquida , que se borrifa com uma quantidade
de acido hydrochlorico igual em peso á oitava parte
do carvão ; no fim de uma hora lava-se tudo repetidas
vezes em agua fervendo, e deixa-se seccar o carvão.
Xarope simples ou commum ou xarope de assu-
car. Cod. fr.: Assucar commum 12 libras communs,
agua q. s . , claras de ovo 2. Bata as claras de ovo
com 6 libras d'agua ; conserve á parte duas libras
desta agua albuminosa, e misture completamente as
outras com o assucar n'um tacho de cobre ; ajunte-lhe
duas libras d'agua ; ponha o tacho sobre o fogo e
aqueça gradualmente, mexendo de vez em quando
para facilitar a dissolução ; e de maneira que não se
leve o licòr ao ponto de ebullição , senão quando todo
o assucar ficar dissolvido ; quando a ebullição levan-
tar a massa, modere o fogo, lance por porções a
agua albuminosa posta em reserva ; tire as escumas
depois de cada aspersão com a agua albuminosa, e
quando se tornarem consistentes ; logo que o xarope
se achar clarificado , eleve a ebullição até que fervendo
marque 30 gráos no areometro ; côe por um filtro.
Xarope de ether. Cod . fr.: Xarope simples
branco 16 onças, ether sulfurico 4 onça . Deite-se o
xarope n'um frasco tapado com rolha de vidro esme-
rilhada e tendo na sua parte inferior uma torneira de
vidro ; misture-se o ether com o xarope mexendo o
frasco de vez em quando por cinco ou seis dias ; con-
serve-se em repouso n'um lugar fresco ; deixe-se
escorrer o xarope pela torneira , e guarde-se em
frascos bem tapados e de pequena capacidade .
Xarope de acetato de morphina . Cod . fr.: Ace-
tato de morphina 4 grãos, xarope simples branco
16 onças. Dissolva o acetato de morphina n'uma mui
pequena quantidade d'agua , acidulada com um pouco
de acido acetico, e ajunte ao xarope frio.
Da mesma maneira se prepara pela simples mis-
tura a frio o xarope de sulfato de morphina.
DOS MEDICAMENTOS . 53
Xarope de sulfato de quinina. Cod . fr . Sulfato
de quinina 32 grãos, xarope simples branco 16 on-
ças , agua distillada 2 oit . , alcool sulfurico 8 gottas.
Proceda como fica dito para o xarope de acetato de
morphina.
Xarope de extracto de opio . Cod . fr .: Extracto
de opio 16 gr. , agua 4 oit. , xarope simples 16 onças.
Dissolva o opio na agua, filtre a dissolução ; ajunte-
The o xarope fervendo, deixe ferver por alguns in-
stantes e côe por um filtro.
Ajuntando-se a 1 onça de xarope de opio 2 grãos
de espirito volatil de succino , obtem-se a preparação
conhecida debaixo do nome de xarope de karabé .
Xarope diacodio . Cod . fr.: Extracto alcoolico de
cabeças de dormideira 4 oit. , agua 4 onças , xarope
simples 48 onças. Dissolva o extracto na agua, filtre
a dissolução , ajunte-lhe o xarope fervendo, e ferva
até á consistencia de xarope. Cada onça contém
6 gráos de extracto de dormideiras .
Xarope de ratanhia. Cod . fr .: Extracto de ra-
tanhia 4 oit. , agua 4 onças, xarope simples 16 onças.
Dissolva o extracto na agua, filtre a dissolução ; ferva
o xarope, e quando tiver perdido uma quarta parte
do seu peso, ajunte-lhe a dissolução do extracto e
côe . Cada onça deste xarope contém 18 grãos de
extracto de ratanhia.
Xarope de ipecacuanha . V. Ipecacuanha no For-
mulario.
Xarope de belladona. Cod . fr.: Extracto de bel-
ladona 32 grãos, agua 4 oit . , xarope simples 16 on-
ças. Dissolva o extracto na agua, ajunte o licôr ao
xarope fervendo, ferva por alguns instantes e côe.
Cada onça deste xarope contém 2 grãos de extracto
de belladona .
Da mesma maneira se prepara o xarope de mei-
mendro e de estramonio .
Xarope de thridacio . Cod . fr.: Extracto de alface
128 gr. , agua 2 onças, xarope simples 46 onças . Dis-
solva o extracto na agua ; ajunte o licôr ao xarope
fervendo ; leve este pela evaporação á consistencia
ordinaria, e côe. Cada onça deste xarope contém
8 grãos de extracto de alface .
54 FORMAS PHARMACEUTICAS
Da mesma maneira se prepara o xarope de cato ,
com o extracto de cato purificado.
Xarope de gomma. Cod . fr .: Gomma arabica
branca 1 libra , agua fria 4 libra , xarope simples
8 libras. Lave a gomma duas vezes em agua fria ;
ponha-a depois em contacto com a agua prescripta,
e mexa de vez em quando para facilitar a dissolu-
ção ; côe depois o licor sem espressão por um coador ,
misture com o xarope e ferva até que o xarope mar-
que 29 gráos no areometro.
Xarope de flor de laranja. Cod . fr .: Agua dis-
tillada de flôr de laranja 1 libra , assucar refinado
2 libras . Dissolva o assucar a frio em agua de flôr e
filtre o xarope por papel .
Da mesma maneira se preparão os xaropes de ca-
nella, rosas, hortelãa e de alface.
Xarope de hyssopo . Cod . fr .: Summidades sec-
cas de hyssopo 1 onça, agua distillada de hyssopo,
32 onças, assucar refinado q. s. , cerca de 64 onças .
Digira o hyssopo na agua distillada de hyssopo no
banho-maria coberto por duas horas ; deixe resfriar
côe e filtre ; ajunte ao licor o assucar refinado cujo
peso seja o dobro do peso da infusão ; dissolva tudo
a banho-maria n'um vaso fechado . Côe o xarope de-
pois de frio .
Da mesma maneira se preparão os xaropes de
hortelãa, marroio, hera terrestre e de aipo .
Xarope de marmelo. Cod . fr.: Succo purificado
de marmelo 46 onças , assucar refinado 30 onças.
Dissolva a calor brando n'um vaso de vidro ou de
prata , e côe.
Da mesma maneira se preparão os xaropes de
limão , laranja, cereja, romaa , groselha, framboeza,
amora, maçãa e de vinagre com framboezas .
Costuma-se aromatisar o xarope de limão com
tintura alcoolica de casquinha fresca de limão, e o
xarope de laranja com tintura de casquinha fresca
de laranja .
Xarope de pontas de espargos . Cod . fr. Sumo
de pontas de espargos purificado e filtrado 4 libra,
assucar refinado 2 libras . Dissolva o assucar no sumo
a hanho-maria e còe.
DOS MEDICAMENTOS. 55
Da mesma maneira se preparão os xaropes de
agrião, cochlearia, cerefolio, couve rubra , flores de
pecegueiro e de borragem .
Xarope de violetas . Cod . fr. Petalas frescas e
mondadas de violetas 4 libra, agua fervendo 2 libras,
assucar refinado q. s. , cerca de 4 libras. Deite sobre
as violetas tres vezes o seu peso d'agua a 36 gráos R. ,
mexa por alguns minutos e côe com leve espressão ;
torne à pôr as violetas n'um banho-maria de estanho e
deite sobre ellas duas vezes o seu peso d'agua fer-
vendo ; depois de doze horas de infusão , côe por
panno bem limpo ; deixe depôr o licor e decante ;
torne a pô-lo no banho-maria com o dobro do seu
peso de assucar, e dissolva este a um brando calor.
Da mesma maneira se preparão , mas sem lavar as
flores, os xaropes de madresilva, camomilla, nym-
phea, papoulas, cravos, tussilagem, peonia e narciso .
Xarope de absinthio . Cod . fr.: Summidades sec-
cas de absinthio 2 onças, agua fervendo 16 onças,
assucar, q. s. cêrca de 32 onças. Deite a agua fer-
vendo sobre o absinthio inciso ; ponha de infusão
por doze horas ; côe com espressão ; filtre o licor ;
ajunte o duplo do seu peso de assucar, e faça xa-
rope, por solução , no vaso fechado e a calor do
banho-maria.
Da mesma maneira se prepara o xarope de arte-
mija.
Xarope de cascas de laranjas . Cod . fr.: Cas-
quinhas de laranjas 3 onças, agua fervendo 16 onças,
assucar refinado q. s. Deite a agua fervendo sobre
as casquinhas de laranja ; no fim de 24 horas côe, e
dissolva no licor e a calor do banho-maria o dobro
do seu peso de assucar.
Da mesma maneira se prepara o xarope de cascas
de limão .
Xarope de cascas de laranja amarga. Cod . fr.:
Casquinhas de laranjas amargas 3 onças , agua fer-
vendo 22 onças, assucar refinado q . s . cêrca de 32 on-
ças. Deite a agua fervendo sobre as casquinhas de
laranja . ponha de infusão por 24 horas , côe com
espressão, filtre o licor, ajunte-lhe o dobro do seu
peso de assucar, e faça um xarope, por simples solu-
56 FORMAS PHARMACEUTICAS
ção, em vaso fechado e a calor do banho-maria.
Xarope de genciana . Cod . fr.: Raizes seccas de
genciana 12 oitavas, agua fervendo 18 onças, assucar
refinado q. s . cerca de 32 onças . Ponha de infusão a
genciana na agua fervendo ; côe com espressão ,
filtre o licor, e dissolva nelle o assucar a calor do
banho-maria.
Xarope de digital. Veja-se o artigo Digital.
Xarope de rhuibarbo . Cod . fr.: Raiz secca de
rhuibarbo 3 onças, agua fria 16 onças, assucar refi-
nado q . s. cerca de 32 onças . Còrte o rhuibarbo em
pedaços, macere na agua por doze horas, côe com
espressão, filtre e dissolva no licor o dobro do seu
peso de assucar. Uma onça deste xarope contém os
principios soluveis de 36 grãos de rhubarbo .
Xarope de salsaparrilha . Veja-se o artigo Salsa-
parrilha.
Xarope de fumaria . Cod . fr .: Sumo de fumaria
purificado 2 libras, assucar refinado 2 libras . Mis-
ture e ferva até à consistencia de xarope.
Da mesma maneira se preparão os xaropes de ro-
sas pallidas, espinheiro cambra e trevo aquatico.
Xarope de balsamo de tolu. Cod . fr.: Balsamo
de tolu 4 onças , agua 16 onças, assucar refinado
q . s . , cêrca de 32 onças . Digira o balsamo de tolu
com a agua, a banho-maria coberto, por doze horas,
mexendo de vez em quando ; filtre o licor, ajunte-lhe
o dobro do seu peso de assucar e dissolva este a
calor brando em vaso fechado ; filtre o xarope por
papel .
Xarope de capillaria ou avenca. Veja-se se o
artigo Avenca.
Xarope de althéa . Cod . fr .: Raiz de althéa secca
e cortada em pequenos pedaços, 1 onça , agua fria
6 onças, xarope simples 32 onças. Macere a raiz de
althéa na agua por 12 horas , côe sem espressão,
ajunte o licor ao xarope ; ferva até á consistencia de
Xarope e côe .
Da mesma maneira se preparão os xaropes de con-
solda e de cynoglossa .
Xarope de quina. Veja-se o artigo Quina.
Xarope vinoso de quina . Veja-se o artigo Quina.
DOS MEDICAMENTOS . 37
Xarope de musgo de Corsega. Cod . fr. Musgo
da Corsega 4 libra, xarope de assucar 6 libras. Se-
pare com cuidado do musgo de Corsega a arêa e
os mariscos que lhe adherem ; macere o musgo em
2 libras d'agua morna ; depois de 24 horas còe com
uma forte espressão ; filtre o licor e pese ; deite sobre
o residuo 2 libras d'agua morna ; deixe macerar còe
e filtre o novo licor. Misture então este ao xarope,
evapore até que não fique mais senão o xarope muito
cozido, cujo peso represente o peso do xarope de
assucar empregado , menos o peso do primeiro licor
de musgo de Corsega ; ajunte então rapidamente este
ao xarope, e côe .
Xarope de dulcamara . Cod . fr . Talos seccos de
dulcamara 4 libra, xarope simples 8 libras . Ponha
de infusão a dulcamara por 42 horas em 2 libras e
meia d'agua , côe sem espressão , pese e conserve o
licor á parte ; ponha de infusão o residuo em 3 libras
d'agua, còe e misture este segundo licor ao xarope
simples ; acabe então o xarope , procedendo como
fica dito para o xarope de musgo da Corsega.
Xarope de valeriana. Cod . fr . Raiz secca de va-
leriana 1 libra, xarope simples 8 libras. Contunda e
ponha a valeriana na cucurbita de um alambique
com 8 libras d'agua, e depois de 12 horas de con-
tacto, distille para tirar uma libra e meia de pro-
ducto ; côe com espressão a materia que ficou na cu-
curbita ; filtre e misture o licor com o xarope até que
tudo pese 6 libras e meia, deixe resfriar em grande
parte o xarope, e ajunte o licor aromatico.
Xarope de amendoas ou de orxata (Sirop d'or-
geat em francez) . Cod . fr. Amendoas doces 46 onças,
amendoas amargas 5 onças, assucar refinado 96 onças,
agua 52 onças, agua de flòr de laranja 8 onças. Lim-
pas e descascadas as amendoas pisem-se em gral de
pedra para serem reduzidas a massa fina, ajuntando-
se-lhes 4 onças d'agua e 16 onças do assucar pres-
cripto ; dilua-se exactamente esta massa no resto da
agua ; còe-se com forte espressão ; ajunte-se á emul-
são o resto do assucar e dissolva-se a banho-maria ;
quando o assucar estiver dissolvido ajunte-se a agua
de flor de laranja ; côe-se o xarope com espressão por
58 FORMAS PHARMACEUTICAS .
um panno de tecido cerrado, e deixe-se resfriar n'um
vaso coberto ; ponha-se em garrafas bem enxutas que
estejão bem tapadas e conservem-se n'um lugar fresco .
Da mesma maneira se prepara o xarope com pe-
vides de melancia e melão.
Xarope de açafrão. Cod . franc. Açafrão 1 onça,
vinho de Malaga 16 onças, assucar refinado 24 onças.
Macere o açafrão por dous dias no vinho, côe com
espressão e filtre o licor, ajunte-lhe o assucar e dis-
solva este a banho-maria.
Xarope das cinco raizes . Veja-se o artigo Cinco
raizes aperientes.
Xarope de rhuibarbo composto. Veja-se o artigo
Chicoria.
PESOS E MEDIDAS

No Brasil a libra é commum ou medicinal. A


commum consta de 16 onças , a medicinal de 12. A
seguinte tabella mostra a divisão da libra tanto com-
mum como medicinal.
Onças. Oitavas. Escropulos . Grãos.
Libra comm. 1 = 16 = 128 = 384 = 9246
Onça 4 = 8 = 24 =** 576
Oitava 4 = 3 72
Escropulo 4 = 24
Libra medic. 4 = 12 96 = 288 - 6942
Um quartilho de um liquido aquoso igual a 42 onças .
Copo... é igual a 5 onças.
Colher de sopa . igual a 5 oitavas.
Colher de chá.. igual a 4 oitava .
Gotta ..... igual a 1 grão.
Estes ultimos valores são sómente aproximativos :
portanto só se fará uso das medidas de capacidade
para medir os liquidos aquosos , cuja virtude medi-
cinal seja pouco activa.
O peso da gotta é tambem aproximativo : elle
varía conforme a densidade e viscosidade do liquido .
A seguinte tabella mostra o peso de 20 gottas das
substancias mais frequentemente empregadas.
Ether sulfurico de 66° .. 7 grãos.
Licor d'Hoffmann . 9 grãos.
Alcool 340 Cart ... 9 grãos.
Tintura alcoolica de benjoim .. 10 grãos.
de castoreo.. 10 grãos.
Azeite doce .... 11 grãos .
Oleo de amendoas.. 14 grãos .
Acido acetico a 10º . 12 grãos.
Vinagre distillado .. 13 grãos .
Oleo essencial de hortelãa-pimenta . 13 grãos .
Agua de Rabel . 14 grãos.
Agua distillada ... 14 grãos.
Laudano de Sydenham .. 15 grãos.
Essencia de cravo da India . 16 grãos.
60 PESOS E MEDIDAS.
Laudano de Rousseau .. 22 grãos.
Acido sulfurico a 66° . 24 grãos.
Xarope simples a 35º . 30 grãos .
As amendoas que se empregão para a preparação
das emulsões pesão em geral cada una 23 grãos.
E quando são descascadas 20 grãos .
Por conseguinte 28 a 29 amendoas descascadas
pesão cerca de uma onça .
Em Portugal até o anno de 1860 as medidas e
os pesos erão igualmente divididos como os do Brasil,
mas as medidas modernas tem mui differente divisão .
Esta divisão , á qual foi dado o nome de systema
decimal, foi adoptada ao exemplo da França , onde
se acha em pratica desde o anno de 1840. Porém os
medicos de Portugal continuão ainda a se servir nos
seus receituarios do systema antigo , porque pelo
decreto que mandou por em vigor o systema metrico
de pesos , foi exceptuada a classe medica , devendo
esta continuar com os pesos antigos de medicina
(libras , onças, oitavas, escropulos , grãos), até nova
providencia governativa.
O gramma é a unidade dos pesos novos francezes .
Seu peso é igual ao de um centimetro cubico de agua
distillada , na temperatura do seu maximo gráo de
condensação.
Mil grammas chama-se kilogramma.
As fracções do gramma são :
O decigramma, que é a decima parte do gramma .
O centigramma, que é a centesima parte do gram.
O milligramma , que é a millesima parte do gram .
Um litro d'agua pesa 32 onças, 5 oitavas e 35 grãos .
As unidades do gramma são separadas dos deci-
grammas pela virgula . Exemplo :
1 , gramma .
2,
30,
Os decigrammas poem-se à direita da virgula e
escrevem-se assim :
0,4 significa decigramma.
0,4 4 decigr.
0,6 6 decigr.
PESOS E MEDIDAS . 64
Os centigrammas poem - se à direita dos deci-
grammas e escrevem-se assim :
0,04 significa 1 centigramma.
0,03 3 centigr.
Se houver ao mesmo tempo decigrammas e centi-
grammas, cada um dos algarismos respectivos con-
servará o seu lugar. Exemplo :
0,15 gram. significa 15 centigr . , ou um decigr.
e 5 centigr.
Os milligrammas collocão-se à direita dos centi-
grammas e escrevem-se assim :
0,005 gram. , o que significa 5 milligrammas.
Se ha ao mesmo tempo centigrammas e milligram-
mas, cada grao de fracção deve igualmente conservar
o seu lugar. Exemplo :
0,015 significa 15 milligr. , ou 1 centigr. e 5 milligr .
Se ha ao mesmo tempo decigrammas, centigrammas
e milligrammas , escrevem-se da maneira seguinte :
0,245 significa 2 decigr. , 4 centigr. e 5 milligram.
Se ha grammas e fracções de gramma , segue-se a
mesma regra :
1,245 significa 4 gram. , dois decigr . , 4 centigr.
e 5 milligr.
2,15 significa 2 gram . , 1 decigr. , 5 centigr. ou
2 gram. e 15 centigr.
Como uma mudança na posição da virgula póde
occasionar differenças graves, é melhor, quando se
receita, escrever por extenso , sem recorrer a estas
abreviaturas.
Valor exacto dos pesos decimaes em pesos actuaes
brasileiros ou antigos portuguezes :
1 kilogramma ou 1000 grammas é igual a 34 onças,
6 oitavas e 64 grãos.
1 gramma ou 20,08 grãos .
4 decigramma ou 2,008 grão .
1 centigramma ou 0,2008 grão .
Valor exacto dos pesos decimaes em pesos antigos
francezes, usados em França até o anno de 1840 :
1 kilogramma igual a 32 onças, 5 oitavas, 35 grãos.
1 gramma 48,43 grãos .
4 decigramma 1,84 grãos.
4 centigramma - 0,184 grãos.
62 PESOS E MEDIDAS .
Estas relacções são mui complicadas. Eis aqui as
relações menos exactas , porém mais simples, è que
por isso serão mais facilmente conservadas na me-
moria. Ellas forão adoptadas pela Commissão do Co-
digo pharmaceutico francez , na occasião em que se
tratava de converter os pesos antigos francezes em
pesos decimaes . Esta tabella póde tambem servir,
quando se quizer converter approximativamente os
pesos actuaes brasileiros ou os antigos portuguezes
em decimaes, e vice versa.
Valor approximado dos pesos decimaes em pesos
antigos francezes.
4 kilogramma equivale a.... 32 onças .
750 grammas.. 24 onças .
625 grammas . 20 onças.
500 grammas . 46 onças .
470 grammas . 15 onças .
440 grammas .. 44 onças.
400 grammas .. 43 onças.
375 grammas . 12 onças .
350 grammas . 14 onças.
320 grammas . 40 onças .
280 grammas 9 onças.
250 grammas .. 8 onças.
220 grammas . 7 onças.
192 grammas . 6 onças.
156 grammas . 5 onças.
125 grammas.. 4 onças.
96 grammas . 3 onças.
80 grammas . 2 4/2 onças .
64 grammas . 2 onças .
48 grammas . 1 1/2 onça .
32 grammas .. 4 onça .
24 grammas... 6 oitavas.
20 grammas. 5 oitavas.
16 grammas.. 4 oitavas.
42 grammas.. 3 oitavas.
10 grammas . 2 1/2 oitavas .
8 grammas.. 2 oitavas .
6 gram mas. 1 1/2 oitava.
4 gram mas. 4 oitava.
2 grammas.. 36 grãos .
PESOS E MEDIDAS . 63
1 1/2 gramma 27 grãos.
1 gramma 18 grãos.
1/2 gramma 9 grãos.
8 decigrammas 15 grãos.
7 decigrammas . 14 grãos .
5 decigrammas 9 grãos.
4 decigrammas . 8 grãos .
3 decigrammas . 6 grãos.
2 decigrammas 4 grãos.
4 decigramma .. 2 grãos.
100 centigrammas.. 18 grãos.
50 centigrammas .. 9 grãos.
40 centigrammas .. 8 grãos .
30 centigrammas.. 6 grãos.
25 centigrammas.. 5 grãos .
20 centigrammas .. 4 grãos.
15 centigrammas.. 3 grãos.
40 centigrammas .. 2 grãos.
5 centigrammas .. 4 grão.
4 centigrammas .. 4/5 grão.
3 centigrammas .. 3/5 grão .
2 1/2 centigrammas .. 1/2 grão.
2 centigrammas .. 2/5 grão .
1 centigramma 1/5 grão.
50 milligrammas . 1 grão .
38 milligrammas . 3/4 grão .
25 milligrammas . 1/2 grão.
15 milligrammas . 1/3 grão .
10 milligrammas . 4/5 grão.
6 milligrammas . 1/8 grão.
5 milligrammas . 1/10 grão .
4 milligramma... 4/50 grão.
Valor exacto dos pesos actuaes brasileiros ou an-
tigos portuguezes em pesos decimaes .
1 grão ou... 0,049 gramma.
4 escropulo ou 24 grãos . 1,176 gramma.
1/2 oitava ou 36 grãos .... 1,764 gramma .
2 escropulos ou 48 grãos. 2,352 grammas.
4 oitava ou 72 grãos ... 3,585 grammas.
2 oitavas .... 7,170 grammas.
4/2 onça ou 4 oitavas . 14,340 grammas.
4 onça.. 28,687 grammas .
58 FORMAS PHARMACEUTICAS .
um panno de tecido cerrado, e deixe-se resfriar n'um
vaso coberto ; ponha-se em garrafas bem enxutas que
estejão bem tapadas e conservem-se n'um lugar fresco.
Da mesma maneira se prepara o xarope com pe-
vides de melancia e melão.
Xarope de açafrão . Cod . franc . Açafrão 1 onça,
vinho de Malaga 16 onças, assucar refinado 24 onças.
Macere o açafrão por dous dias no vinho, côe com
espressão e filtre o licor, ajunte-lhe o assucar e dis-
solva este a banho-maria.
Xarope das cinco raizes . Veja-se o artigo Cinco
raizes aperientes .
Xarope de rhubarbo composto. Veja-se o artigo
Chicoria.
PESOS E MEDIDAS

No Brasil a libra é commum ou medicinal. A


commum consta de 16 onças , a medicinal de 12. A
seguinte tabella mostra a divisão da libra tanto com-
mum como medicinal .
Onças. Oitavas. Escropulos. Grãos.
Libra comm. 1 :- 16 = 128 = 384 = 9216
Onça 4 = 8 = 24 -- 576
Oitava 1 = 3 72
Escropulo 4 = 24
Libra medic. 1 12 96 == 288 = 6942
Um quartilho de um liquido aquoso igual a 12 onças .
Copo . é igual a 5 onças.
Colher de sopa . igual a 5 oitavas .
Colher de chá.. igual a 4 oitava .
Gotta .... igual a 1 grão.
Estes ultimos valores são sómente aproximativos :
portanto só se fará uso das medidas de capacidade
para medir os liquidos aquosos , cuja virtude medi-
cinal seja pouco activa.
O peso da gotta é tambem aproximativo : elle
varía conforme a densidade e viscosidade do liquido .
A seguinte tabella mostra o peso de 20 gottas das
substancias mais frequentemente empregadas.
Ether sulfurico de 66° . 7 grãos.
Licor d'Hoffmann .. 9 grãos.
Alcool 340 Cart ... 9 grãos.
Tintura alcoolica de benjoim . 10 grãos.
de castoreo.. 10 grãos .
Azeite doce ... 11 grãos.
Oleo de amendoas.. 14 grãos.
Acido acetico a 10° . 12 grãos .
Vinagre distillado .. 13 grãos .
Oleo essencial de hortelãa-pimenta . 13 grãos.
Agua de Rabel .... 14 grãos.
Agua distillada .. 14 grãos .
Laudano de Sydenham.. 15 grãos .
Essencia de cravo da India.. 16 grãos.
60 PESOS E MEDIDAS.
Laudano de Rousseau.. 22 grãos .
Acido sulfurico a 66°. 24 grãos.
Xarope simples a 35º . 30 grãos.
As amendoas que se empregão para a preparação
das emulsões pesão em geral cada una 23 grãos.
E quando são descascadas 20 grãos .
Por conseguinte 28 a 29 amendoas descascadas
pesão cerca de uma onça .
Em Portugal até o anno de 1860 as medidas e
os pesos erão igualmente divididos como os do Brasil,
mas as medidas modernas tem mui differente divisão .
Esta divisão , á qual foi dado o nome de systema
decimal, foi adoptada ao exemplo da França , onde
se acha em pratica desde o anno de 1840. Porém os
medicos de Portugal continuão ainda a se servir nos
seus receituarios do systema antigo , porque pelo
decreto que mandou por em vigor o systema metrico
de pesos , foi exceptuada a classe medica , devendo
esta continuar com os pesos antigos de medicina
(libras , onças, oitavas, escropulos , grãos ) , até nova
providencia governativa.
O gramma é a unidade dos pesos novos francezes .
Seu peso é igual ao de um centimetro cubico de agua
distillada , na temperatura do seu maximo gráo de
condensação .
Mil grammas chama-se kilogramma.
As fracções do gramma são :
O decigramma, que é a decima parte do gramma.
O centigramma, que é a centesima parte do gram .
O milligramma, que é a millesima parte do gram .
Um litro d'agua pesa 32 onças, 5 oitavas e 35 grãos .
As unidades do gramma são separadas dos deci-
grammas pela virgula . Exemplo :
4 , gramma.
2,
30,
Os decigrammas poem-se à direita da virgula e
escrevem-se assim :
0,4 significa 4 decigramma.
0,4 4 decigr.
0,6 6 decigr.
PESOS E MEDIDAS. 64
Os centigrammas poem-se à direita dos deci-
grammas e escrevem-se assim :
0,04 significa 1 centigramma .
0,03 3 centigr.
Se houver ao mesmo tempo decigrammas e centi-
grammas, cada um dos algarismos respectivos con-
servará o seu lugar. Exemplo :
0,15 gram. significa 15 centigr . , ou um decigr.
e 5 centigr.
Os milligrammas collocão-se á direita dos centi-
grammas e escrevem-se assim :
0,005 gram. , o que significa 5 milligrammas.
Se ha ao mesmo tempo centigrammas e milligram-
mas, cada gráo de fracção deve igualmente conservar
o seu lugar. Exemplo :
0,015 significa 45 milligr. , ou 1 centigr. e 5 milligr.
Se ha ao mesmo tempo decigrammas, centigrammas
e milligrammas, escrevem-se da maneira seguinte :
0,245 significa 2 decigr. , 4 centigr. e 5 milligram .
Se ha grammas e fracções de gramma , segue-se a
mesma regra:
1,245 significa 1 gram . , dois decigr. , 4 centigr.
e 5 milligr.
2,15 significa 2 gram., 1 decigr. , 5 centigr. ou
2 gram. e 15 centigr.
Como uma mudança na posição da virgula póde
occasionar differenças graves, é melhor, quando se
receita , escrever por extenso, sem recorrer a estas
abreviaturas.
Valor exacto dos pesos decimaes em pesos actuaes
brasileiros ou antigos portuguezes :
1 kilogramma ou 1000 grammas é igual a 34 onças,
6 oitavas e 64 grãos.
1 gramma ou 20,08 grãos .
4 decigramma ou 2,008 grão.
4 centigramma ou 0,2008 grão .
Valor exacto dos pesos decimaes em pesos antigos
francezes, usados em França até o anno de 1840 :
4 kilogramma igual a 32 onças, 5 oitavas, 35 grãos.
1 gramma 48,43 grãos .
4 decigramma - 1,84 grãos.
4 centigramma 0,184 grãos.
62 PESOS E MEDIDAS.
Estas relacções são mui complicadas . Eis aqui as
relações menos exactas , porém mais simples, e que
por isso serão mais facilmente conservadas na me-
moria. Ellas forão adoptadas pela Commissão do Co-
digo pharmaceutico francez , na occasião em que se
tratava de converter os pesos antigos francezes em
pesos decimaes . Esta tabella póde tambem servir,
quando se quizer converter approximativamente os
pesos actuaes brasileiros ou os antigos portuguezes
em decimaes, e vice versa .
Valor approximado dos pesos decimaes em pesos
antigos francezes .
1 kilogramma equivale a... 32 onças.
750 grammas .. 24 onças .
625 grammas . 20 onças.
500 grammas . 16 onças .
470 grammas. 45 onças.
440 grammas .. 14 onças .
400 grammas.. 43 onças.
375 grammas . · 42 onças .
350 grammas . 11 onças .
320 grammas . 40 onças.
280 grammas 9 onças .
250 grammas . 8 onças.
220 grammas . 7 onças.
192 grammas . 6 onças .
156 grammas .. 5 onças .
125 grammas.. 4 onças.
96 grammas . 3 onças.
80 grammas . 2 4/2 onças.
64 grammas . 2 onças .
48 grammas .. 1 1/2 onça .
32 grammas.. 1 onça.
24 grammas.. 6 oitavas .
20 grammas.. 5 oitavas .
16 grammas . 4 oitavas .
12 grammas.. 3 oitavas.
40 grammas.. 2 1/2 oitavas .
8 grammas.. 2 oitavas.
6 grammas.. 1 1/2 oitava.
grammas .. 4 oitava.
2 grammas.. 36 grãos .
PESOS E MEDIDAS. 63
4 1/2 gramma 27 grãos.
1 gramma 18 grãos.
1/2 gramma 9 grãos .
8 decigrammas 15 grãos .
7 decigrammas . 14 grãos.
5 decigrammas 9 grãos.
4 decigrammas . 8 grãos.
3 decigr ammas 6 grãos.
2 decigrammas . 4 grãos.
4 decigramma .. 2 grãos .
100 centigrammas .. 18 grãos.
50 centigrammas .. 9 grãos .
40 centigrammas .. 8 grãos.
30 centigrammas.. 6 grãos .
25 centigrammas .. 5 grãos.
20 centigrammas.. 4 grãos .
15 centigrammas.. 3 grãos .
40 centigrammas .. 2 grãos.
5 centigrammas .. 4 grão .
4 centigrammas . 4/5 grão .
3 centigrammas.. 3/5 grão .
2 1/2 centigrammas.. 1/2 grão.
2 centigrammas .. 2/5 grão .
1 centigramma 1/5 grão.
50 milligrammas . 1 grão .
38 milligrammas . 3/4 grão .
25 milligrammas . 1/2 grão.
15 milligrammas . 1/3 grão.
40 milligrammas . 1/5 grão.
6 milligr ammas . 1/8 grão.
5 milligrammas . 1/10 grão.
4 milligramma.. 1/50 grão .
Valor exacto dos pesos actuaes brasileiros ou an-
tigos portuguezes em pesos decimaes.
4 grão ou . 0,049 gramma.
4 escropulo ou 24 grãos . 1,176 gramma.
4/2 oitava ou 36 grãos .... 1,764 gramma .
2 escropulos ou 48 grãos . 2,352 grammas.
4 oitava ou 72 grãos ... 3,585 grammas.
2 oitavas.. 7,470 grammas.
4/2 onça ou 4 oitavas . 14,340 grammas.
4 onça .. 28,687 grammas.
64 PESOS E MEDIDAS .
4 onças . 114,748 grammas.
8 onças 229,496 grammas.
12 onças . 344,244 grammas .
16 onças . 460 grammas .
32 onças .. 920 grammas .
Valor exacto dos pesos antigos francezes em
decimaes.
1 grão ou . 0,053 gramma .
4 escropulo ou 24 grãos. 1,272 gramma .
1/2 oitava ou 36 grãos .... 1,908 gramma .
2 escropulos ou 48 grãos 2,544 grammas.
1 oitava ou 72 grãos .... 3,816 grammas .
2 oitavas ... 7,632 grammas .
1/2 onça ou 4 oitavas ... 15,264 grammas.
1 onça.. 30,528 grammas.
4 onças . 122,38 grammas.
8 onças . 244,75 grammas .
12 onças . 367,13 grammas.
16 onças.. 489,51 grammas .
32 onças . 979,90 grammas .
Quando no anno de 1840 foi posto em vigor em
França o systema decimal , tornou-se necessario con-
verter os pesos das antigas formulas em novos. Os
Autores do Codigo , que forão os primeiros que fize-
rão esta conversão, procurárão a relação , não exacta ,
mas mais approximada , em numeros redondos, e
facilmente divisiveis .
Eis aqui as relações approximadas , adoptadas
pelo Codigo francez .
1 grão equivale a .... 0,05 gramma .
2 grãos .... 0,4 gramma.
1/2 oitava ou 36 grãos . 2,0 grammas .
4 oitava ou 72 grãos .. 4,0 grammas.
2 oitavas .. 8,0 grammas.
1/2 onça ou 4 oitavas .. 16,0 grammas.
4 onça.. 32,0 grammas .
1 1/2 onça... 48,0 grammas.
2 onças 64,0 grammas .
3 onças 96,0 grammas.
4 onças 125,0 grammas.
8 onças . 250,0 grammas.
PESOS E MEDIDAS . 65
46 onças. 500,0 grammas.
32 onças 1000,0 grammas .
Mas este modo de reducção , com excepção dos
dois primeiros pesos e dos quatro ultimos , é um
pouco elevado . A avaliação sería mais exacta adop-
tando-se as relações seguintes :
1/2 onça ou 4 oitavas.. 15 grammas.
4 onça. 30 grammas.
1 1/2 onça.. 45 grammas.
2 onças.. 60 grammas.
3 onças.. 90 grammas.
Bouchardat no seu Formulario nas formulas tiradas
do Codigo , conforma-se ás relações adoptadas por
esta obra legal , porém na conversão dos pesos das
formulas tiradas dos autores, reduz a onça a 30 gram-
mas , em lugar de 32 grammas como faz o Codigo .
Estas differenças , alias , são tão pequenas, e tem
lugar em substancias ordinariamente tão pouco acti-
vas, que é indifferente adoptar uma ou outra divisão .
A seguinte tabella indica as relações approxi-
madas das fracções de grãos convertidas em milli-
grammas :
1/2 grão .. 0,025 gramma.
1/3 grão . 0,017 gramma .
1/4 grão . 0,013 gramma .
4/5 grão . 0,010 gramma .
1/6 grão . 0,009 gramma.
1/7 grão . 0,008 gramma.
1/8 grão . 0,007 gramma.
4/9 grão... 0,006 gramma .
Antes de finalisar estas noções preliminares é ne-
cessario dizer que os pesos actuaes brasileiros e an-
tigos portuguezes são um pouco menores do que os
francezes : assim , 1 grão brasileiro e portuguez é
igual a 0,93768 de grão francez ; 4 onça brasileira e
portugueza , ou 8 oitavas , são iguaes a 7 oitavas e
meia francezas ; mas estas differenças são tão peque-
nas, que os autores das Pharmacopeas e dos Formu-
larios escriptos em lingua portugueza não fizerão
nenhuma differença quando traduzirão as formulas
dos autores francezes : nós tambem faremos o mesmo .

4.
AREOMETRO

É muitas vezes necessario nas operações de phar-


macia levar um liquido a uma densidade determi-
nada o instrumento que serve de guia neste caso é
o areometro . Toma o nome de pesa-acido oupesa-
sal quando é destinado a tomar a densidade dos liqui-
dos mais pesados do que a agua ; chama-se pesa-licor,
pesa-alcool, pesa-ether, pesa-espirito, quando se
emprega para os liquidos menos densos. Os areome-
tros, em geral, são tubos ôcos de vidro ou de metal,
terminados na parte inferior por um vaso conico cheio
de chumbo ou de mercurio que serve de lastro aflm
de que o instrumento fluctuante tome a posição ver-
tical. O areometro se afunda nos liquidos tanto mais
quanto elles são mais leves, e se afunda tanto menos
quanto mais densos são os liquidos.
Os principaes areometros são : o areometro de peso
(fig. 1 ) , o areometro de hastea graduada ( fig . 2) , o
areometro de Baumé (fig. 3 e 4) , e o de Cartier.
1° Areometro de peso ou de Fahrenheit ( fig. 1) .
Consiste em um tubo AB de uma a duas pollegadas de
diametro, soldado em baixo a uma bola ôca C , e tendo
por cima uma hastea A D de meia linha de diametro ,
terminada superiormente por um bassinete D em que
se lanção os pesos. Este instrumento póde ser de folha
de Flandres, de cobre ou vidro. Seu peso deve ser
determinado exactamente e marcado no instrumento ;
este peso deve ser tal que, sendo mergulhado no li-
quido o mais leve (ether rectificado) , o instrumento
se afunde n'elle até á metade de sua hastea ou a li-
nha do aferimento a ; e é até esta linha que se deve
mergulhar o instrumento em cada experiencia . Se-
gundo que o liquido que se experimenta for mais ou
menos denso, será preciso lançar no bassinete mais
ou menos peso, para que o ínstrumento se mergulhe
ate á linha a estes pesos reunidos aos pesos do ins-
AREOMETRO . 67
trumento representão o peso do liquido deslocado ; e
como este liquido é constante em cada experiencia,
ha todos os dados necessarios para se conhecerem as
densidades. Seja 50 grammas o peso de instrumento,
se é necessario lançar no bassinete 20 grammas para
que o instrumento merguîhado na agua distillada,
chegue á linha a, e se só são necessarios 10 gram-
mas, para que elle chegue á mesma linha na aguar-
dente, concluir-se ha, que o volume d'agua deslocada
é para o mesmo volume d'aguardente, como 50+ 20
é para 50 + 10 ou como 70 é para 60, ou como 1000
é para 857.10 por conseguinte o peso especifico
d'agua é para o peso especifico d'aguardente como
4000 é para 857.10 . Da mesma maneira poder-se-hia
calcular o peso de qualquer outro liquido mais leve
do que a agua.
20 Areometro de hastea graduada (fig 2 ) . É de vi-
dro. Differe do areometro de peso em que o peso d'este
varía (visto que se lança no bassinete maior ou menor
peso) , ficando o mesmo o volume do liquido deslo-
cado; entretanto que no areometro graduado o peso
do instrumento se conserva o mesmo : e é o volume do
liquido deslocado que varía, porque o instrumento se
mergulha mais se o liquido é menos denso e sobre-
nada mais, se o liquido é mais pesado . Supponhamos
que em agua distillada o nivel do liquido seja á linha
1000 mergulhando o instrumento n'um liquido de
uma densidade dobrada, levantar-se-ha a cima de sua
superficie até que o volume da parte mergulhada seja
diminuido de metade ; marcando-se n'este ponto o nu-
mero 2000, saber-se-ha que todos os liquidos que che-
garem ao mesmo ponto , terão um peso especifico.
duas vezes maior que o da agua . Mergulhando-se o in-
strumento nos liquidos de um peso determinado inter-
medio entre 1000 e 2000, ter-se-ha os gráos 1100 ,
4200 , 1300, 1400, separados por distancias que dimi-
nuirão sucessivamente de cima para baixo . Sendo uma
vez estes gráos marcados na hastea, o instrumento,
mergulhado n'um liquido qualquer, indicará , che-
gando-se a tal ou tal gráo, qual é o peso especifico
d'esse líquido comparativamente ao da agua .
3º O areometro de Baumé consiste, como o prece-
68 AREOMETRO.
dente, em um tubo de vidro cylindrico, terminado
inferiormente por uma expansão e por uma esphera
lastrada de mercurio. Mas a sua construcção differe
se é destinado para os liquidos mais densos do que
a agua (pesa-sal, pesa-acido, pesa-xarope), ou
para os liquidos mais leves (pesa-licôr, pesa-espi-
rito, pesa-alcool , pesa-ether) . O pesa-acido (fig. 3)
deve ter o lastro tal que o mergulhe quasi inteira-
mente em agua distillada até um ponto A, e que é o
zero da escala, prepara-se depois um lícor composto
de 15 partes de sal marinho e de 85 partes d'agua ;
mergulha-se n'elle o instrumento, que desce menos,
e sobrenada em um ponto B , que marcado forma o
15° gráo ; divide-se o intervallo em 15 partes iguaes,
e a mesma graduação se faz no resto da hastea ; n'este
caso os grãos são iguaes e contão-se de cima para
baixo. O pesa-alcool ( fig. 4), deve ter um lastro
tal que o mergulhe somente até 4 em um liquido
composto de 10 partes de sal marinho e 90 d'agua :
este ponto marca o zero da escala ; mergulha-se de-
pois o instrumento em agua distillada , que porser
menos densa, o deixa descer mais até B : este ponto
marca o 10° gráo da escala. O espaço entre A e B se
divide em 10 partes iguaes e continua-se a mesma
divisão na hastea indo de baixo para cima.
4º O areometro de Cartier, usado tambem sómente
para os liquidos mais leves que a agua, é construido
segundo os mesmos principios que o pesa-alcool de
Baumé, sómente com uma leve alteração . O zero é o
mesmo para um e outro; mas o 30° gráo de Cartier
corresponde ao 32º de Baumé ; assim o mesmo espaço,
que no areometro de Baumé se acha dividido em 22
gráos, se acha dividido em 20 no de Cartier.
No areometro centesimal de Gay- Lussac, a escala
é dividida em 100 gráos desiguaes em comprimento :
o zero corresponde á agua pura e o numero 100 ao
alcool absoluto . Cada gráo intermediario exprime em
centesimos a quantidade de alcool absoluto contido
no licòr experimentado : assim por exemplo, quando
o instrumento se afunda n'um liquido alcoolico até
40°, deve-se concluir que este liquido contém sobre
100 partes , 60 partes d'agua e 40 de alcool puro.
AREOMETRO. 69
Este instrumento foi graduado para a temperatura de
15 centigrados , e as suas indicações não são rigo-
rosamente exactas senão para esta temperatura : é
preciso por conseguinte reduzir a esta temperatura
os licores que se experimentão .

A 0
1000 10 ச0
B 15
1100 20 50

2
1200 30 40
1300 40 30
1400 50 20
1500
1600 60 B 10
1700 70 A 0
1800
1900
2000
B

Fig. 1 . Fig. 2. Fig. 3. Fig. 4.


Areometros.
THERMOMETRO

O thermometro do grego thermos, quente, e me-


tros, medida, é o instrumento que é destinado a
apreciar a temperatura dos corpos. Sua construcção
é baseada sobre a propriedade que tem certos liqui-
dos de se dilatar de uma maneira regular pelo calor
e de se contrahir da mesma sorte pelo frio . O ther-
mometro ordinario compõe- se de um tubo de vidro,
de mui pequeno diametro , tendo na sua extremidade
um engrossamento ou expansão em fórma de globo
ou cylindro que serve de reservatorio ao liquido . Se
a temperatura do lugar onde se acha o instrumento
se elevar, o liquido augmentará de volume, e, não
podendo já ser contido no reservatorio , subirá mais
ou menos no tubo ; se, pelo contrario , a tempera-
tura baixar, succederá o inverso. O mercurio e o
alcool colorido de vermelho pela orzella são os dous
liquidos ordinariamente empregados para os thermo-
metros . Este tubo dispõe-se ao longo de uma prancha
com escala , para dar a conhecer as differentes mu-
danças do calor e do frio.
Gradua-se o thermometro depois de estabelecidos
certos pontos fixos da maneira seguinte. Mergulha-se
o instrumento em gelo deliquescente ; então a co-
lumna de mercurio ou de alcool pára no tubo em um
certo ponto que se designa com um zero ; mer-
gulhada , em seguida, em agua fervendo , a mesma co-
lumna sobe a um outro ponto que se marca de novo.
Emfim o intervallo comprehendido entre zero e este
segundo ponto é dividido em 100 partes iguaes no
Thermometro centigrado , e em 80 no Thermometro
de Réaumur; estas divisões chamão-se gráus . Mar-
cando em baixo de zero as divisões do mesmo es-
paço, tem-se gráus para as temperaturas inferiores
ao ponto de congelação da agua ; obtem-se da mesma
THERMOMETRO 71
maneira graus que indicão temperaturas mais eleva-
das que o ponto
de ebullição da
agua, fazendo di-
visões semelhan-
tes em cima desse
ponto. A figura 5
representa um
thermometro de
mercurio , centi-
grado , applicado
sobre a taboleta 110- 410
de marfim ; esta 100 400
escala estende-se 90
desde 20 graus 80 80
abaixo de zero até
70
440 gráus a cima . 60
Os graus de ther-
mometro indicão- 50
se por um peque- 40
no zero collocado 30 30
á direita e um 20
pouco por cima
do numero que 16 10
marca a tempera- 0 0
tura; verbi gra- 10 40
tia , 25 gráus es- 20 -20
crevem-se assim :
25°. Distinguem-
se os gráus a cima
de zero pelo signal
mais +, e os de-
baixo pelo signal
menos
Existe tambem
um thermometro
de Fahrenheit. O
ponto fixo supe-
rior de sua escala
corresponde ain-
da á temperatura Fig. 5. 1 Thermometro.
da agua fervendo, mas em vez de 100 gráos, mar-
72 THERMOMETRO.
cão-se n'elle 212. Em quanto ao ponto fixo in-
ferior, este não corresponde á temperatura do gelo
deliquescente , mas a um frio muito mais intenso,
que se obtem misturando pesos iguaes de gelo
pilado, e de sal ammoniaco. Marcando zero no
ponto a que desce o mercurio quando o thermo-
metro é mergulhado n'esta mistura refrigerante,
divide-se o intervallo entre estes dous pontos fixos
em 212 partes iguaes, e a escala fica então graduada :
este thermometro marca 32 gráos em gelo deli-
quescente , por conseguinte o zero do thermometro
centigrado e do de Réaumur, corresponde exacta-
mente a 32° de Fahrenheit. Os thermometros de
mercurio são mais exactos que os de alcool , porque
de todos os liquidos é o mercurio que se dilata mais
regularmente.
TABOA COMPARATIVA DOS THERMOMETROS ,
FAHRENHEIT, CENTIGRADO E RÉAUMUR.

F. C. R. F. C. R.
012320

0-17,78 -14,22 20 -6,67 -5,33


17,22 13,78 24 6,11 4,89
16,67 43,33 22 5,56 4,44
46,44 12,89 23 5 42
45,56 12,44 24 4,44 3,56
15 12 25 3,89 3,44
14,44 44,56 26 3,33 2,67
7 43,89 44,44 27 2,78 2,22
13,33 40,67 28 2,22 4,78
9 42,78 40,22 29 1,67 4,33
40 42,22 9,78 30 4,44 0,89
44 44,67 9,33 34 0,56 0,44
42 44,44 8,89 32 0 0
3 40,56 8,44 33 +0,56 +0,44
14 40 8 34 4,44 0,89
15 9,44 7,56 35 4,67 4,33
16 8,89 7,41 36 2,22 1,78
17 8,33 6,67 37 2,78 2,22
18 7,78 6,22 38 3,33 2,67
19 7,22 5,78 39 3,89 3,44
THERMOMETRO. 73

F. C. R. F. C. R.

40+ 4,44 + 3,56 79 +26,11 +20,89


44 5 4 80 26,67 21,33
42 5,56 4,44 81 27,22 21,78
43 6,14 4,89 82 27,78 22,22
44 6,67 5,33 83 28,33 22,67
45 7,22 5,78 84 28,89 23,14
46 7,78 6,22 85 29,44 23,56
47 8,33 6,67 86 30 24
48 8,89 7,44 87 30,56 24,44
49 9,44 7,56 88 31,44 24,89
50 40 8 89 34,67 25,33
54 40,56 8,44 90 32,22 25,78
52 44,44 8,89 94 32,78 26,22
53 11,67 9,33 92 33,33 26,57
54 42,22 9,78 93 33,89 27,44
55 42,78 40,22 94 34,44 27,56
56 13,33 40,67 95 35 28
57 13,89 44,44 96 35,56 28,44
58 14,44 14,56 97 36,44 28,89
59 15 12 98 36,67 29,33
60 45,56 12,44 99 37,22 29,78
64 16,44 12,89 400 37,78 30,22
62 16,67 43,33 404 38,33 30,67
63 17,22 13,78 402 38,89 34,44
64 47,78 14,22 403 39,44 31,56
65 48,33 14,67 104 40 32
66 18,69 15,44 405 40,56 32,44
67 19,44 15,56 406 44,14 32,89
68 20 46 107 41,67 33,33
69 20,56 16,44 408 42,22 33,78
70 21,11 16,89 109 42,78 34,22
71 21,67 17,33 440 43,33 34,67
72 22,22 17,78 444 43,89 35,44
73 22,78 18,22 442 44,44 35,56
74 23,33 18,67 443 45 36
75 23,89 19,14 144 45,56 36,44
76 24,44 19,56 445 46,44 36,89
77 25 20 416 46,67 37,33
78 25,56 20,44 447 47.22 37,78
20

5
O
74 THERMOMETR .

F. C. R. F. C. R.

14847,78 +38,22 157 +69,44 + 55,56


449 38,67 158 70 56
48,33
420 48,89 39,14 459 70,56 56,44
424 49,44 39,56 160 74,44 56,89
422 50 40 164 71,67 57,33
123 50,56 40,44 462 72,22 57,78
124 54,44 40,89 463 72,78 58,22
125 54,67 44,33 464 73,33 58,67
426 52,22 41,78 165 73,89 59,44 t
427 52,78 42,22 466 74,44 59,56
128 53,33 42,67 167 75 60
429 53,89 43,11 468 75,56 60,44
130 54,44 43,56 469 76,44 60,89
434 55 44 470 76,67 61,33
132 55,56 44,44 174 77,22 64,78
133 56,47 44,89 172 77,78 62,22
134 56,67 45,33 173 78,33 62,67
435 57,22 45,78 174 78,89 63,41
136 57,78 46,22 475 79,44 63,56
137 58,33 46,67 476 80 64
438 58,89 47,11 177 80,56 64,44
439 59,44 47,56 478 84,44 64,89
140 60 48 479 84,67 65,33
144 60,56 48,44 180 82,22 65,78
442 64,44 48,89 181 82,78 66,22
143 64,67 49,33 182 83,33 66,67
144 62,22 49,78 183 83,89 67,44
445 62,78 50,22 184 84,44 67,56
146 63,33 50,67 485 85 68
147 63,86 54,44 486 85,56 68,44
448 64,44 54,56 487 86,14 68,89
449 65 52 188 86,67 69,33
450 65,56 52,44 489 87,22 69,78
454 66,11 52,89 490 87,78 70,22
152 66,67 53,33 194 88,33 70,67
453 67,22 53,78 492 88,89 74,44
454 67,78 54,22 493 . 89,44 74,56
455 68,33 54,67 194 90 72
156 68,89 55,44 495 90,56 72,44
THERMOMETRO. 75

F. C. R. F. C. Ꭱ.

496 91,14 +72,89 205 +96,14 +76,89


197 94,67 73,33 206 96,67 77,33.
198 92,22 73,78 207 97,22 77,78
499 92,78 74,22 208 97,78 78,22
200 93,33 74,67 209 98,33 78,67
201 93,89 75,14 240 98,89 79,14
202 94,44 75,56 244 99,44 79,56
203 95 76 212 400 80
204 95,56 76,44

t
FORMULARIO

ABOBORA DO MATO ou Tajuja. Trianosperma


ficifotia, Mart. Planta trepadeira do Brasil. P. us.
Raiz. Esta raiz é comprida, arredondada , de uma a
duas pollegadas de diametro, rugosa e amarella escura
por fóra, branca amarellada por dentro, sabor amargo
e acre .
Purgante energico .
INTERIORMENTE. Raiz secca, 12 a 24 gr. em pó ;
ou em deccocção 4 oit. para 8 onças d'agua . Quando
a raiz é fresca , a dóse deve ser dupla .
ABSINTHIO ou Losna (Absinthe, fr.) . Artemi-
sia absinthium ,
L. Planta que
em Portugal ha-
bita nas riban-
ceiras do Douro,
junto ao Porto ,
e outras partes
do Reino ; no
Brasil é culti-
vada nas hortas.
Fig. 6. Caule de
2 pés ; folhas es-
branquiçadas de
ambos os lados
tres - pinnatifi -
das, com laci-
niaslineares , um
pouco obtusas ,
villosas ; flores
amarelladas; sa-
bor muito amar-
go.P.us.Folhas
Fig. 6. --- Absinthio. e summidades .
Tonico, estomachico e segundo a escola italiana
AÇAFRÃO . 77
hyposthenisante gastrico. Empregado como emme-
nagogo, febrifugo, vermifugo e nas affecções atonicas
do canal intestinal .
Substancias incompativeis. O sulfato de ferro , de
zinco , o acetato de chumbo, o emetico.
INTERIORMENTE . Infusão, folhas de absinthio 4 oit.
agua fervendo 12 onças . Ponha de infusão e côe.
Tintura. (Absinthio, 1 p. , alcool a 24 ° Cart., 4 p .)
meia a 2 oit. em poção conveniente. Vinho meia a
2 onças de manhã . Xarope . Meia a 2 onças. Oleo es-
sencial. 24 a 36 gr . Extracto. Meia a 4 oit .
ABUTUA ou Parreira brava (Parreira-brava, fr.) .
Cissampelos pareira, Lam. Planta trepadeira do
Brasil. P. us. Raiz . Esta raiz é dura, lenhosa , fusca
por fora, por dentro cinzenta amarellada, sem cheiro ,
sabor amargo .
Diuretico, empregado nas hydropesias .
INTERIORMENTE. Infusão . Abutua 2 oit. agua fer-
vendo 12 onças . Ponha de infusão e côe.
AÇAFRÃO. ( Safran , fr . ) . Crocus sativus, L.
Pequena planta bulbosa, originaria do Oriente, cul-
tivada principalmente na Hespanha e no Sul da
França. Fig. 7. P. us . Estigmas . São filamentos
compridos, enrolados , de côr amarella escura, sabor
amargo, corando a saliva de amarello ; cheiro parti-
cular e forte, que depende da presença de um oleo
volatil . A luz priva o açafrão de sua côr, e torna-o
quasi inerte ; e por isso deve ser conservado em vasos
opacos e bem fechados .
O açafrão em pequenas dóses ( 4 a 8 gr . ) favorece
a digestão . Quando se toma na dóse de um escropulo
e mais, produz uma anxiedade na região epigastrica
e nauseas, symptomas que só durão alguns instantes ;
ao mesmo tempo a circulação se accelera, e appare-
cem ás vezes hemorrhagias. Em dóses mui fortes,
occasiona embriaguez , somnolencia e delirio . Em-
prega-se como emmenagogo e antipasmodico , e é
aconselhado na amenorrhea , chlorose , hysterismo,
epilepsia, e para combater as dôres lombares, que
precedem e acompanhão a menstruação .
INTERIORMENTE . Infusão, açafrão 18 gr., agua
fervendo 16 onças , ponha de infusão por meia hora
78 AÇAFRÃO .
e côe. Pó 18 a 36 gr . Tintura 18 gr. a 4 oitava.
Xarope. Meia a 4 onça .
EXTERIORMENTE . Infusão em lavatorios, fomen-
tações.

Fig. 7. Açafrão.
Pilulas emmenagogas .
Carbonato de ferro 4 oitava
Açafrão aná 36 grãos
Canella
Castoreo
Extracto d'aloes
aná 18 grãos
Extracto de rhubarbo
Extracto d'arruda
Xarope de artemisia q. s.
F. 36 pilulas. Cada uma pesa 6 grãos e contém
ACETATO DE CHUMBO. 79
2 grãos de carbonato de ferro, 1 grão d'açafrão ,
4 grão de canella, meio grão de castoreo, d'aloes , de
rhuibarbo e d'arruda. D. 3 de manhã, e outras tan-
tas á noite .
Poção emmenagoga .
Agua distillada de hortelã pimenta 2 onças
Infusão de arruda 2 onças
Tintura de açafrão 30 gottas
Xarope d'artemisia 1 onça.
M. D. uma colher de sopa de hora em hora.
Emulsão emmenagoga.
Myrrha em pó 36 grãos
Gomma arabica 2 oitavas.
Faça uma emulsão com
Xarope simples 1 onça
Infusão de açafrão 6 onças.
D. Uma colher de sopa de tres em tres horas .
Cataplasma anti-ophthalmica.
Miolo de pão 2 onças
Gemma de ovo 4 onça
Açafrão em pó 18 grãos .
F. cataplasma s . a . para applicar entre dous pan-
nos sobre o olho affectado de ophthalmia aguda.
Açafrão de marte aperitivo. V. Subcarbonato de
ferro no artigo FERRO.
Acetato de alumina e potassa. V. Alumen .
Acetato de ammoniaco . V. Ammoniaco .
ACETATO DE CHUMBO NEUTRO . Sal ou
Assucar de Saturno ou Sal de chumbo . (Acetate de
plomb, fr.) Massas irregulares, brancas, assaz seme-
lhantes a pedaços de assucar, formadas pela aggre-
gação de pequenas agulhas , de sabor doce, depois
adstringente, soluveis na agua .
Este sal em alta dóse è um veneno irritante ; em
pequena, goza só de uma acção adstringente . Foi
aconselhado interiormente nos suores dos tysicos, nas
diarrhéas collíquativas, hemorrhagias dos pulmões
e do utero, e nas nevralgias ; mas hoje receita-se
raras vezes com este intuito e o seu uso mais fre-
quente é para o exterior. Aproveita sobretudo nas
ophthalmias purulentas, e para este fim reduzido a
80 ACETATO DE CHUMBO.
pó impalpavel applica-se por meio de um pincel
sobre o olho imflammado. ― A escola italiana attri-
bue ao acetato de chumbo e ás outras preparações
saturninas a virtude hyposthenisante cardiaco-vascu-
lar, e pretende que estes remedios obrão ao mesmo
tempo electivamente como contra-stimulantes sobre
a medulla espinhal, e como taes, combatem feliz-
mente a inflammação bronchica ou pulmonar, que é
a fonte da expectoração , da tosse e dos suores noc-
turnos.
Subst. incomp. Os alcalis, os carbonatos alcali-
nos, os acidos, os saes neutros, os hydrosulfatos, o
alumen, o borax , os sabões, as infusões vegetaes
adstringentes, a albumina, o leite, etc.
INTERIORMENTE . Meio grão até 2 grãos, e ainda
mais, progressivamente em pilulas ou dissolvido em
poção conveniente .
EXTERIORMENTE . Dissolução, 2 oitavas até 2 on-
ças para 12 onças de liquido, em injecções, colly-
rios, etc.
Pós saturninos (Hufeland) .
Acetato de chumbo 4 grão
Opio 1 grão
Assucar 4 escropulo.
M. e divida em 12 papeis . 1 de manhã e outro á
tarde . Suores e diarrhéas colliquativas dos tisicos .
Raramente empregados .
Pilulas de acetato de chumbo ( Fouquier) .
Acetato de chumbo
Pòs de althéa aná 100 grãos
Xarope simples q. b.
F. 50 pilulas. D. 4 a 5 por dia, para moderar os
suores dos tysicos . Pouco usadas hoje.
Mistura calmante e adstringente ( Monin ) .
Acetato de chumbo 4 grãos
Agua distillada 1 1/2 onça
Extracto de opio 2 grãos .
M. D. Uma colher de chá de duas em duas horas ,
na dysenteria.
Collyrio contra as ophthalmias chronicas .
Acetato de chumbo 16 grãos
Agua distillada 4 onças.
M.
ACETATO DE POTASSA. 84
Pós contra a ophthalmia purulenta (Buys).
Acetato de chumbo em pó impalpavel : 6 grãos .
Um pequeno pincel, do tamanho dos que servem
para a miniatura, molha-se em agua, e cobre-se com
1 a 2 grãos de pós de acetato de chumbo . Isto feito ,
applica-se o pincel sobre as faces internas da palbe-
bra superior e inferior. Este contacto produz um
sentimento de adstricção, ás vezes ardor, raras vezes
uma verdadeira dôr. Esta operação repete-se de dous
em dous dias, até à diminuição da inflammação . É
optimo o seu effeito .
Injecção adstringente (Bell).
Acetato de chumbo 24 grãos
Agua 8 onças .
Dissolva. Blennorrhagia chronica.
Injecção adstringente (Ricord) .
Agua 32 onças
Acetato de chumbo . 180 grãos .
M. Leucorrhéa .
Pomada saturnina (Foy) .
Acetato de chumbo 36 grãos
Agua 2 oitavas
Banha 1 1/2 onça.
F. S. A. Empregada nas ulcerações superficiaes da
pelle.
Pomadas contra as fendas ou rachas do anus (Foy) .
Acetato de chumbo
Extracto de belladona } aná 2 oitavas
Banha 1 1/2 onça .
F. S. A.
Pomada ophthalmica (Guthrie) .
Acetato de chumbo 5 grãos
Nitrato de prata fundido 6 grãos
Banha 4 onça.
F. S. A. Introduz-se de dous em dous dias no
olho uma pequena porção do tamanho da cabeça de
um alfinete, no tratamento das ophthalmias chro-
nicas.
Acetato de mercurio (Proto). V. Mercurio .
Acetato de morphina. V. o artigo Opio.
ACETATO DE POTASSA. Terra foliada de tar-
taro, ou sal diuretico, ou alcali vegetal com vinagre .
5.
82 ACIDO ACETICO.
(Acétate de potasse , ou terre foliée de tartre, fr. )
Apresenta-se debaixo da fórma de frócos brancos
brilhantes , leves, extremamente deliquescentes, e
reduzindo-se a um liquido de aspecto oleaginoso,
de sabor picante .
Este sal em pequena dóse é diuretico, antiphlo-
gistico, e empregado como tal nas ictericias , nas
hydropisias ; em alta dóse é um brando purgante.
Subst. incomp. A maior parte dos fructos acidos ,
os acidos mineraes e muitos saes.
INTERIORMENTE . Como dieuretico 18 grãos até
1 oitava , em dissolução ; como purgante meia a
1 onça e mais .
Poção diuretica ( Ratier ) .
Acetato de potassa 2 oitavas
Infusão de tilia 4 onças
Agua de canella 2 oitavas
Xarope de vinagre 1 onça .
M. Uma colher de sopa de hora em hora . Ictericia .
Cozimento diuretico ( Foy ) .
Cinco raizes aperientes 1 onça
Agua fervendo 32 onças
Acetato de potassa 24 grãos
Mel scillitico 4 onça.
Ponha as raizes de infusão em agua, côe; e ajunte o
mel e o acetato . D. Uma chicara de duas em duas ho-
ras, contra a hydropisia.
Cozimento diuretico ( Brera ) .
Infusão de casquinha de laranja 12 onças
Acetato de potassa 1 1/2 oitava
Assucar 6 oitavas.
M. Por chicaras, na ictericia, hydropisia.
ACETATO DE SODA. (Acétate de soude, fr . ) .
Este sal cristallisa em longos prismas brancos, inal-
teraveis ao ar ; seu sabor é picante e amargo.
Tem as mesmas propriedades que o precedente ,
mas é menos activo , e muito menos empregado .
INTERIORMENTE . 2 a 4 oitavas em vehiculo aquoso .
ACIDO ACETICO (Acide acétique, fr.) . Em-
prega-se debaixo de tres estados principaes : 4º puro ,
20 vinagre radical , 3° vinagre commum.
4° Acido acetico puro . Obtem-se distillando uma
ACIDO BENZOICO. 83
mistura de 3 partes de acetato de soda e de 9,7 par-
tes de acido sulfurico concentrado . É ordinariamente
debaixo da fórma de um liquido sem côr, de cheiro
particular e penetrante, de sabor picante e caustico .
Cristallisa pelo frio . O acido acético puro dá- se a
respirar como estimulante nas syncopes, asphyxias ,
enxaquecas, mas convem approxima-lo com cuidado
ao nariz, pois que sendo posto em contacto com a
membrana mucosa póde produzir a vesicação .
2° Vinagre radical. Obtem-se distillando o acetato
de cobre . É liquido , sem côr sendo puro, transpa-
rente, de um cheiro forte . Dá-se tambem respirar
na syncope . Deita-se ordinariamente em pequenas
garrafinhas de cristal com pedaços de sulfato de po-
tassa . Esta mistura chama-se sal de vinagre , e cos-
tuma ser aromatisada com algumas gottas de qualquer
oleo essencial agradavel .
3° Vinagre commum. Veja-e esta palavra na sua
ordem alphabetica.
Acido arsenioso . V. Arsenico.
Acido azotico. V. Acido nitrico , p. 87.
ACIDO BENZOICO ou flôres de benjoim (Acide
benzoïque ou fleurs de benjoin, fr . ) . Principio im-
mediato que existe em todos os balsamos, e princi-
palmente no benjoim . Este acido é solido , branco ,
cristallisado em agulhas opacas, lustrosas e um pouco
ducteis ; sabor picante e um pouco amargo . É ape-
nas soluvel em agua fria, soluvel em 12 partes d'agua
fervendo, soluvel no alcool e essencia de terebenthina .
Estimulante, empregado para favorecer a expecto-
ração. O Dr. Ure fez uma observação importante , que
as ourinas vertidas duas horas depois da ingestão de
acido benzoico ou de um benzoato soluvel, experi-
mentavão uma grande modificação . O acido urico de-
sapparecia é substituido pelo acido hippurico . O
ponto importante para a pratica medica que apre-
senta este resultado, é que o novo acido forma com
as bases ordinarias dos fluidos organicos, como a
soda, potassa e ammoniaco, saes extremamente solu-
veis . Â applicação deste facto teve bons resultados
nos doentes affectados de areias e de gota, pelo em-
prego de acido benzoico ou de um benzoato . É acon-
84 ACIDO BORICO.
selhada para este fim a mistura benzoica abaixo
mencionada.
INTERIORMENTE . 10 a 36 gr . e mais, em pó , pilu-
las ou em poção conveniente.
Pilulas de acido benzoico ( Fresse ) .
Acido benzoico 400 grãos
Conserva de rosas q . s .
F. 50 pilulas . D. 1 a 4 duas vezes por dia , na in-
continencia de ourina.
Marmelada expectorante.
Mel de abelha 6 onças
Xarope scillitico aná onça
Xarope de polygala de Virginia.
Acido benzoico
aná 4 escropulo
Flores de enxofre
Ippecacuanha 6 grãos .
F. S. A. D. Uma colher de chá, tres ou quatro
vezes por dia. Catarrhos chronicos dos velhos.
Mistura benzoica .
Acido benzoico 48 grãos
Phosphato de soda 2 1/2 oitavas
Agúa distillada 3 onças
Xarope simples 4 onça.
F. S. A.- Duas colheres de sopa de 2 em 2 horas . O
phosphato de soda tem por fim de facilitar a dissolu-
ção do acido urico .
Loock expectorante ( Radius ) .
Acido benzoico 1 oitava
Gomma arabica 2 oitavas
Xarope de orxata 4 onças .
F. S. A. Uma colher de sopa de hora em hora.
ACIDO BORICO, ou sal sedativo do Homberg
(Acide borique, fr . ) . Este acido é solido , debaixo da
fórma de escamas brancas , brandas ao tacto, inodo-
ras, de sabor um pouco acido.
Temperante , mas pouco empregado , senão em
gargarejos.
INTERIORMENTE . 10 a 36 grãos para 24 onças de
agua com assucar, como limonada.
EXTERIORMENTE . 36 grãos a 1 oitava para 24 onças
de agua como gargarejo .
Acido caincico. V. Cainca.
ACIDO CARBONICO. 85
ACIDO CARBONICO. ( Acide carbonique , fr. ) .
O acido carbonico é um gaz, mais pesado do que
o ar atmospherico, sem côr, de cheiro picante , de
sabor azedinho, soluvel em agua, e a elle é que as
aguas mineraes de Seltz , de Vichy, a cerveja e o
vinho de Champanha , devem a propriedade de espu-
mar. Desenvolve-se na mistura anti-emetica de Ri-
vière, e em geral pela acção dos acidos sobre os car-
bonatos alcalinos ; como acontece na dissolução dos
pós que no commercio correm com o nome de pós de
Seltz ou de Sedlitz .
O acido carbonico dissolvido em agua obra como
temperante e diuretico . Emprega-se contra os vomi-
tos , dòres de estomago e digestões difficeis . As pes-
soas expostas á atmosphera que contém acido carbo-
nico experimentão dôres de cabeça, vertigens, perda
de força muscular, zunidos nos ouvidos, tendencia
ao somno e syncopes. Depois o pulso torna-se pe-
queno, sobrevem convulsões e a morte. Segundo a
escola italiana, a acção do acido carbonico é eviden-
temente hyposthenisante, e a intoxicação que se se-
gue deve ser combatida pelos remedios excitantes.
Veja-se Asphyxia pelo vapor de carvão no Memo-
rial therapeutico .
INTERIORMENTE . Agua saturada de gaz acido car-
bonico, tem o nome de agua gazosa, e toma-se por
cópos .
Poção anti-emetica de Rivière.
Bicarbonato de potassa 1/2 oitava
Agua 3 onças
Xarope simples 4 onça .
M. - Toma-se uma colher de sopa desta poção , de
10 em 10 minutos, e logo depois uma colher de chá,
de sumo de limão azedo ; desta maneira o gaz acido
carbonico se desenvolve no estomago . Vomitos spas-
modicos.
Poção effervescente ( Chaussier) .
Assucar 1 onça
Bicarbonato de potassa 2 oitavas
Acido tartrico pulverisado 1 oitava .
Misture, e ajunte, no momento em que se deve
tomar :
86 ACIDO HYDROCHLORICO .
Agua 4 onças.
Nos mesmos casos que a precedente .
Pós de Seltz ou Soda Powders.
Acido tartrico 5 1/2 oitavas.
Divida em 42 papeis brancos ;
Bicarbonato de soda 6 oitavas.
Divida em 12 papeis azues.
Dissolve-se um papel do acido em meio cópo d'agua ,
dissolve-se um papel do bicarbonato de soda em outro
meio cópo, misturão-se os dous liquidos, e bebem-se
immediatamente . É bebida temperante e facilita as
digestões.
Pós de Sedlitz ou Sedlitz Powders.
Acido tartrico 1 onça
Divida em 12 papeis brancos ;
Bicarbonato de soda 4 onça
Tartrato de potasa e soda 3 onças.
M. e divida em 12 papeis azues .
Dissolva um papel branco em meio cópo d'agua,
dissolva um papel azul em outro meio cópo d'agua,
misture os dous liquidos, e beba . - Bebida gazosa ,
temperante e laxante.
Acido chlorhydrico. V. Acido hydrochlorico, na
mesma pagina, mais abaixo .
ACIDO CITRICO ( Acide citrique , fr . ) . Existe no
limão , laranja e muitas fructas azedas . É branco,
cristallisado em prismas rhomboidaes, inalteraveis ao
ar, inodoros, e de sabor mui acido.
Emprega-se em lugar do sumo de limão para a pre-
paração das limondas ; obra então como temperante .
Segundo Giacomini , é hyposthenisante vascular-ve-
noso . Em alta dóse e concentrado, poderia produzir
accidentes por causa de sua causticidade .
INTERIORMENTE . Limonada, escropulo para 42
onças d'agua adoçada.
Limonada secca ( Acido citrico, 2 oitavas ; assu-
car, 4 onças ; essencia de limão, 8 gott. ) . D. Uma
colher de sopa para um cópo d'agua .
ACIDO HYDROCHLORICO , ou chlorhydrico ,
ou muriatico, ou marinho, ou espirito de sal mari-
nho (Acide hydrochlorique , chlorhydrique , muria-
tique, marin ou esprit de sel marin, fr. ) . Este acido
ACIDO NITRICO. 87
puro é no estado de gaz sem côr, de sabor acido , de
cheiro suffocante e especial ; produz vapores bran-
cos na atmosphera. O acido hydrochlorico do com-
mercio é uma dissolução saturada deste gaz na agua.
É sem côr ou um pouco amarello ; seu cheiro e sa-
bor são os mesmos que os do acido gazoso ; produz,
como elle, vapores brancos na atmosphera.
O acido hydrochlorico , sendo concentrado, é um
caustico violento , e empregado como tal exterior-
mente na podridão do hospital, nas ulcerações da gar-
ganta, nas ulceras escorbuticas e outras ; diluido em
agua, é aconselhado internamente nas febres adyna-
micas, como antiseptico ou temperante. Segundo Gia-
comini , o acido hydrochlorico diluido é hypostheni-
sante vasculo-venoso .
Subst. incomp. Os saes de prata , os alcalis e car-
bonatos alcalinos .
INTERIORMENTE . Meia oitava até 4 oitavas para 24
onças d'agua.
EXTERIORMENTE . Em lavatorios, 2 a 3 oitavas para
12 onças d'agua.
Limonada muriatica.
Acido hydrochlorico concentrado 24 gottas
Xarope simples 2 onças
Agua commum 24 onças.
M. - D. Por chicaras nas febres adynamicas.
Linimento contra as frieiras (Cadet) .
Acido hydrochlorico 8 gottas.
Balsamo de Fioraventi 4 onça .
M.
Acido hydrocyanico . V. Acido prussico, p. 89.
Acido muriatico. V. Acido hydrochlorico, p. 86.
ACIDO NITRICO, ou acido azotico, ou espirito de
nitro (Acide nitrique, acide azotique ou esprit de
nitre, fr.) . Liquido sem côr, de cheiro desagradavel,
espalha vapores brancos , e adquire uma còr ama-
rellada pela luz quando é muito concentrado (35º e
mais) ; não derrama vapores, nem é alteravel pela
luz, quando é diluido em agua : neste caso chama-
se agua forte ( 26º) . Mancha a pelle em amarello e a
desorganisa completamente.
Concentrado é um caustico violento, e empregado
88 ACIDO OXALICO.
como tal só para uso externo contra as verrugas,
as feridas envenenadas, e as chagas complicadas de
podridão do hospital . Diluido em agua é aconselhado
interiormente como temperante contra as febres ty-
phoides, as affecções do figado, a asthma , o escor-
buto ; e exteriormente contra as ulceras atonicas , e
algumas molestias de pelle. Segundo Giacomini , a
acção do acido nitrico diluido é hyposthenisante vas-
culo-venosa .
Subst incomp. O acido nitrico nunca deve ser
associado ás bases salinaveis , aos carbonatos, aos
acetatos, etc. Nunca tambem deve ser guardado em
vasos metallicos.
INTERIORMENTE . 10 gottas para 24 onças d'agua,
convenientemente adoçada, ou até uma agradavel
acidez , o que constitue a limonada nitrica . Esta li-
monada quando é mui acida ataca os dentes ; para
evitar este inconveniente convem sorvê-la por meio
de um tubo de vidro.
Acido nitrico diluido (Acido nitrico 4 p . agua
distillada 9 p. ) . D. 20 a 30 got. e mais em 6 onças
de vehiculo.
Acido nitrico alcoolisado ou espirito de nitro
doce ( Acido nitrico 1 p . , alcool 3 p. ) . D. Meia a ↑
oitava em uma poção de 6 onças .
EXTERIORMENTE . 4 a 6 oitavas para 12 onças
d'agua em lavatorios , banhos e fomentações .
Poção diuretica.
Espirito de nitro doce 1/2 oitava
Agua de parietaria 4 onças
Agua de hortelãa-pimenta 1 onça
Oxymel scillitico 1/2 onça .
M. - Por colheres .
Pomada oxygenada.
Banha 4 onças
Acido nitrico (35 ° ) 1/2 onça .
F. S. A. - Empregada contra a tinha e dartros .
ACIDO OXALICO (Acide oxalique, fr. ) . Existe
no sumo de muitos vegetaes e principalmente nas
azedas. É debaixo da fórma de pequenos cristaes
compridos, transparentes , inodoros , e de sabor
mui acido. Dissolvendo - se em agua fria faz um
ACIDO PRUSSICO . 89
ruido, que pode servir para o fazer reconhecer .
Concentrado, e em alta dóse , é um veneno corro-
sivo. Diluido em agua , e administrado em alta dóse,
exerce tambem uma acção funesta. Com 6 oitavas de
acido oxalico a morte sobrevem em cinco minutos. O
envenenamento principia por dôres de estomago e vo-
mitos . Pouco a pouco a circulação do sangue torna-se
lenta e fraca, o pulso imperceptivel ; um frio glacial
e suores viscosos annuncião a morte. Entretanto é
aconselhado em pequenas dóses e muito diluiido ( 12
a 48 grãos para 24 onças d'agua adoçada), como tem-
perante ; mas é melhor empregar o acido tartarico ou
citrico . Segundo Giacomini , sua acção é hypostheni-
sante vascular. A dissolução de acido oxalico em agua
emprega-se para tirar as nodas de tinta de escrever.
ACIDO PRUSSICO, ou hydrocyanico ou cyanhy-
drico (Acide prussique, hydrocyanique ou cyanhy-
drique, fr.) . Liquido sem côr, cheiro semelhante ao
das amendoas amargosas, sabor acre. - Este acido
obtem-se do azul de Prussia, substancia que se pre-
para com sangue de vacca, carbonato de potassa e
sulfato de ferro.
Veneno dos mais violentos ; uma só gotta deitada
na lingua de um cão mata-o quasi instantaneamente;
derramado em certa quantidade sobre a pelle , póde
occasionar accidentes sérios e até a morte ; simples-
mente respirado produz symptomas mui graves . Se a
dóse deste veneno não é bastante elevada para occa-
sionar a morte, produz vertigens, entorpecimento e
fraqueza nos membros ; as pulsações do coração tor-
não-se fracas e lentas , os olhos immoveis, a pupilla
dilatada e insensivel á luz. Sendo diluido é aconse-
lhado interiormente como calmante nas tosses nervo-
sas, asthma, coqueluche, tisica , molestias do coração,
e dôres occasionadas pelo cancro ; e exteriormente
em lavatorios, nas affecções cutaneas para mitigar o
prurido ; mas este medicamento é frequentemente
perigoso, raras vezes curativo, e por estes motivos de-
veria ser banido do uso therapeutico . Prepara-se por
quatro ou cinco differentes processos, nos quaes o
gráo de sua concentração varía muito : é necessario,
por conseguinte, que o medico que o quizer empre-
90 ACIDO PRUSSICO.
gar, designe na receita o processo segundo o qual
deseja ter o acido preparado.
Giacomini considera o acido prussico como um dos
mais poderosos hyposthenisantes, e apezar de ser um
remedio muito perigoso, aconselha o seu uso nas in-
flammações das arterias, do coração , dos pulmões e
do cerebro, e de todas as molestias inflammatorias
que este acido cura, segundo este autor, até sem o
soccorro das sangrias O mesmo professor gaba o acido
prussico contra o tetano . Para evitar qualquer des-
graça, é melhor recorrer á agua de lourocerejo, que
deve sua virtude à presença do acido prussico, e que
não possue tanta energia.
Não se administra nunca puro, mas ordinariamente
debaixo da fórma de acido prussico medicinal, como
abaixo se indica. Conservado ao abrigo da luz póde
ficar muitos mezes sem alterar-se ; mas ás vezes de-
compõe-se muito mais cedo, e toma então a cor roxa.
Sendo misturado com poções adoçadas, cozimentos
ou xaropes é inteiramente decomposto ao cabo de
poucas horas.
INTERIORMENTE . Acido prussico medicinal (Acido
prussico de Gay-Lussac 4 parte em peso ; agua dis-
tillada 8 4/2 partes ; ou então 6 partes d'agua em
volume, para parte de acido . ) . D. 6 até 15 gottas
progressivamente, em 4 onças d'agua distillada, não
adoçada. Esta dóse administra-se em 24 horas, por
colheres de sopa, uma colher de hora em hora . Esta
mistura deve estar n'um frasco coberto de papel
preto , e o doente deve mexê-la sempre que quizer
tomar a dóse , para evitar a accumulação do acido,
que mais leve do que a agua, sobrenada na super-
ficie . Esta recommendação é applicavel á preparação
seguinte.
Acido prussico medicinal alcoolisado (Magen-
die) . Acido prussico de Gay-Lussac 1 p . em volume,
alcool 6 p. ) 6 a 15 gottas em 4 onças d'agua distillada ,
por 24 horas. Dá-se uma colher de hora em hora.
Esta preparação tem a vantagem de se decompôr
menos facilmente.
As outras preparações pharmaceuticas do acido
prussico, como pilulas, xaropes, misturas, nas quaes
ACIDO SULFURICO. 94
entrão outras substancias, devem ser abandonadas
por serem infieis .
EXTERIORMENTE . Solução 1 a 2 oitavas de acido
prussico medicinal para 32 onças d'agua distillada,
em injecções contra o cancro do utero ; em lavato-
rios nos dartros dolorosos, etc.
Acido sulfureo . V. Acido sulfuroso, p . 93.
ACIDO SULFURICO ou oleo de vitriolo (Acide
sulfurique, ou huile de vitriol , fr. ) . O acido sulfu-
rico ordinario é um liquido branco, inodoro, de con-
sistencia oleaginosa ; marca 66° no areometro ; toma
uma côr amarella, roxa e até preta pelo contacto das
menores parcellas organicas, que ataca e destroe
subitamente . Exposto ao ar attrahe a humidade e
perde por conseguinte sua força .
Puro é um dos mais violentos causticos, e empre-
gado só externamente para cauterisar as verrugas e
as feridas envenenadas. Diluido em agua é adstrin-
gente, temperante, e usado como tal nas febres ady-
namicas , escarlatina e sarampos malignos, nas he-
morrhagias, suores colliquativos, dysenterias antigas,
chlorose, cachexia mercurial, escorbuto, delirium
tremens, vomitos espasmodicos e colicas de chumbo.
Segundo Giacomini, sua acção é hyposthenisante vas-
cular . Uma mistura de uma onça de aguardente e
quatro gottas de acido sulfurico, administrada por
pequenas colheres, foi empregada com vantagem
para produzir a aversão contra as bebidas alcoolicas
a individuos acostumados a embriagar-se.
Subst. imcomp. Os alcalis, os carbonatos, os hy-
drochloratos , os nitratos , os sulfuretos , as emul-
sões, o leite.
INTERIORMENTE . 10 a 30 gottas em 24 onças d'agua
adoçada .
Limonada sulfurica. Agua 22 onças ; acido sul-
furico a 66° 30 grãos (25 gottas) ; xarope simples,
2 onças. - A dóse do acido é deixada ás vezes ao
arbitrio dos pharmaceuticos, quanto baste para aci-
dular agradavelmente o liquido.
Acido sulfurico diluido (Acido sulf. 4 p. , agua
distillada 5 p . ) . D. 10 , 15. 20 gottas até 4 oitava em
uma poção de 6 onças.
92 ACIDO SULFURICO.
Agua de Rabel ou Acido sulfurico alcoolisado
(Acido sulf. a 66º, 1 p .; alcool a 36º, 3 p . ) . D. 1 es-
cropulo até 1 oit . em 24 onças d'agua .
Elixir vitriolico de Mynsicht ou Tintura aroma-
tica sulfurica. ( Raiz de calamo aromatico 32 p. , ga-
langa 32 , flores de camomilla 16 , salva 16 , absinthio 16 ,
hortelãa 16 , cravo da India 12 , canella 12, cubebas 12,
noz moscada 42, gengibre 12, páu de aloes 4, cas-
quinha de limão 4, assucar 96, alcool a 30° Cart.
1000 , acido sulfurico a 66° 125. Reduzidas todas es-
tas substancias a pó grosso poem-se n'um matraz ,
deita-se por cima 250 p . de alcool . Depois de 48 ho-
ras de maceração , ajunta-se pouco a pouco o acido sul-
furico, deixa-se tudo em contacto por 24 horas; depois
ajunta-se o resto do alcool . Deixa-se ainda macerar
por quatro dias ; côa- se com espressão, e filtra-se) .
D. 15 a 30 gottas n'uma poção, como anti-septico ,
cordial e anti-scorbutico .
Poção adstringente (Cadet) .
Agua de Rabel 15 gottas
Agua de flor de laranja 3 onças
Xarope de violas 1/2 onça.
M. D. Uma colhér de hora em hora.
Poção tonica (Foy) .
Dococção de quina 6 onças
Tintura de quina 4 onça
Acido sulfurico diluido 4 oitava
Xarope de casca de laranja 1/2 onça .
M. D. Duas colheres de sopa, de hora em hora,
nas affecções typhoides.
EXTERIORMENTE. Puro, como caustico , para caute-
risar as feridas das cobras venenosas e dos cães dam-
nados ; diluido em agua, em proporção de 1 a 2 oi-
tavas de acido para 16 onças d'agua, é aconselhado
em lavatorios contra os dartros . Foi tambem indicado
para a composição dos gargarejos adstringentes ; mas
melhor é para este fim empregar outros acidos, pois
que o acido sulfurico póde atacar os dentes.
Caustico de acido sulfurico e de açafrão (Velpeau) .
Açafrão em pó 2 oitavas
Acido sulfurico concentrado 4 oitavas .
Empregado para cauterisar os tumores cancrosos ,
ACIDO TARTARICO. 93
as feridas de máu caracter, as feridas gangreno-
sas, etc. Eis aqui como se procede :
No momento de sua applicação mistura-se o acido
sulfurico com o açafrão n'um pires, e a massa que
resulta desta mistura estende - se com uma faca, em
camada de uma espessura de 2 a 4 linhas , sobre a
parte que se quer destruir, e deixa-se exposta ao ar
até que fique secca forma-se logo uma crosta mui
secca e dura , que convem cobrir com um panno e
uma atadura . Em alguns dias a porção queimada cahe
e deixa uma ferida limpa, que se cura com ceroto
simples.
ACIDO SULFUROSO ou sulfureo (Acide sulfu-
reux, fr. ) . Gaz que resulta da combustão do enxofre
no ar . É sem côr, de cheiro picante.
Respirado em grande quantidade produz á morte;
em menor quantidade irrita fortemente os orgãos da
respiração, occasiona a tosse e até escarros de san-
gue. Applicado na pelle , estimula fortemente esta
membrana, e emprega-se com vantagem para com-
bater os dartros, a sarna, as dores rheumaticas, cer-
tas paralysias e amenorrhéas.
EXTERIORMENTE . Fumigações sulfureas . O corpo
inteiro do doente, com excepção da cabeça , ou mem-
bro que se quer tratar, é fechado n'uma caixa, á qual
chega o acido sulfuroso que se desenvolve pela com-
bustão do enxofre no interior da caixa, ou n'uma
caixinha que communica por meio de um canudo
com o apparelho no qual se acha o doente . A duração
destas fumigações é de 20 a 30 minutos .
ACIDO TARTARICO ou tartrico (Acide tarta-
rique, fr. ) . É solido, cristallisado em laminas largas
ou prismas achatados, inalteraveis ao ar, sem côr,
nem cheiro ; sabor mui acido .
Em pequenas doses emprega-se como temperante
nas molestias febris : em alta dóse obra como irri-
tante e poderia produzir accidentes.
Subs. incomp. A agua de cal, os saes de baryta, o
acetato de chumbo.
INTERIORMENTE . 5 a 15 grãos com assucar. Disso-
lução. Meia oitava a 2 para 24 onças d'agua adoçada.
Xarope 1 a 2 onças para 24 onças de líquido .
94 ACIDO TARTARICO .
Limonada tartarica ou vegetal . Agua, 24 onças,
xarope tartarico 4 1/2 onça. Por chicaras .
Aconitina. V. p. 95.
ACONITO (Aconit, fr. ) . Aconitum napellus, L.
Planta que habita nas montanhas da Europa e é culti-
vada no Brasil. Fig. 8. A sua haste, de 3 a 4 pés de
altura, é direita ; as fo-
lhas são divididas em
5 ou 7 lobulos ; flores
azues ; dispostas em es-
piga ; a raiz como a de
um pequeno nabo, de-
negrida por fóra e bran-
ca por dentro ; o cheiro
de toda a planta éfraco,
mas nauseante, sabor
amargo e acre . P. us.
Folhas e raiz.
O aconito em alta
dóse ( 1 a 2 oitavas) é
um veneno narcotico
acre ; em pequena em-
prega- se na asthma ,
syphilis hydropisia ,
rheumatismo, sciatica,
gota, nevralgia facial ,
tysica , amaurose, pa-
ralysia, nas febres exan-
thematicas, taes como
sarampos , escarlatina ,
cataporas, bexigas, ery-
sipelas, etc. O aconito
possue a propriedade
Fig. 8. - Aconito . de supprimir à exhala-
ção sanguinea na dy-
senteria, e é aconselhado com proveito nesta ultima
molestia. Exerce sua acção sobre o systema nervoso,
e obra tambem como sudorifico e diuretico . A planta
fresca é muito mais activa do que a secca.
Eis aqui os phenomenos observados por Matthioli,
pela acção de 2 oitavas de aconito, em quatro con-
damnados á morte : entorpecimento da lingua, suores
ACONITO . 95
geraes, pallidez, dilatação da pupilia, peso de cabeça ,
vertigem, salivação, frio no espinhaço, escurecimento
da vista, ourinas copiosas, vomitos, evacuoções alvi-
nas involuntarias, nodoas vermelhas no corpo, fra-
queza, convulsões, paralysia, pulso fraco, e final-
mente a morte ao cabo de tres horas.
Segundo Giacomini o aconito é um remedio hy-
posthenisante vascular.
INTERIORMENTE . Pó (quasi inerte ) 2 a 24 grãos .
Infusão. Aconito 9 grãos, agua fervendo 3 onças ;
ponha de infusão e côe. Dá-se por colhéres ; uma
colher de hora em hora . Extracto preparado com
o succo não depurado (boa preparação ), 4 a 6 grãos .
Extracto alcoolico, 1/2 a 2 grãos . Tintura alcoolica
preparada com a planta secca (má preparação ),
10 a 30 gottas em poção. Tintura alcoolica pre-
parada com a planta fresca ( boa preparação) 5 a
45 gottas é mais progressivamente em poção. Tin-
turas ethereas . As mesmas dóses.
Pilulas de aconito (Biett) .
Extracto alcoolico de aconito 36 grãos
Pós de althéa q . s.
F. 48 pilulas. Cada uma contém 3/4 de grão de
extracto de aconito . D. 1 a 2 de manhãa e de tarde
nas dores esteocopas .
Pilulas anti-rheumaticas de Stoll.
Extracto alcoolico de aconito
Enxofre dourado de antimonio aná 36 grãos
Xarope de gomma q. s.
F. 36 pilulas. D. 2 a 6 por dia.
Poção de aconito contra a dysenteria ( Marbot ) .
Extracto alcoolico de aconito 2 grãos
Agua 3 onças .
D. Uma colher de sopa, de 2 em 2 horas.
ACONITINA (Aconitine, fr. ) . Principio activo de
aconito . Eis aqui como se extrahe este alcali vege-
tal, segundo a Pharmacopéa Londinense. Tome raiz
de aconito secca e contusa 24 onças, espirito de
vinho rectificado 384 onças, acido sulfurico diluido,
ammoniaco liquido e carvão animal purificado aná
q. s. Ferva por uma hora o aconito com 132 on-
ças de espirito n'uma retorta , á qual se adapta
96 ACONITO .
um recipiente. Decante o liquido , torne a ferver o
residuo com 132 onças de espirito e com o espi-
rito que acabou de ser distillado , para decantar
o liquido. Repita esta operação pela terceira vez com
120 onças restantes de espirito, e com o espirito
distillado ; esprema então o aconito, e depois de
misturados filtrados todos os licores, distille o
espirito ; evapore o residuo até à consistencia ex-
tractiva ; dissolva este extracto em agua e filtre. Eva-
pore o licor a um brando calor, até á consistencia
quasi de xarope, ajunte-lhe então uma mistura de
acido sulfurico diluido e de agua distillada em
quantidade sufficiente para dissolver a aconitina .
Então deite por
gottas o ammo-
niaco no licor, e
dissolva a aco-
nitina que se
precipita no aci-
do sulfurico di-
luido e mistu-
rado , como da
primeira vez ,
com agua . De-
pois ajunte o
carvão animal ,
mexendo de vez
em quando por
um quarto de
hora . Emfim ,
filtre , torne a
deitar no licor
ammoniaco por
gottas, para pre-
cipitar a aconi-
tina , que é preci-
Fig. 9. Açofeifeira . so lavareseccar.
Gottas de aconitina (Turnbull ) .
Aconitina 18 grãos
Alcool rectificado 2 oitavas.
Dissolva. Esta preparação emprega-se com pro-
veito na surdez e nas dores de ouvido . Exige
AGRIÃO DO PARÁ. 97
muita cautela. Com 40 a 15 gottas fazem-se fricções
detrás da orelha, duas vezes por dia, ou molha-se
algodão na quantidade de 10 a 15 gottas e intro-
duz-se no conducto auditivo .
AÇOFEIFA (Jujube, fr.) . Fructo da Açofeifeira ou
maceira de anafega, Rhamnus zizyphus, L., arbusto
de 15 a 20 pés, originario do Egypto, d'onde foi
transportado para a Europa meridional ; em Portugal
cultiva-se no Algarve. Fig. 9. Este fructo é ovoïde,
carnoso, do tamanho de uma azeitona ; polpa sacca-
rina, um tanto vinosa ; contém um caroço com dous
repartimentos.
As açofeifas são estimadas como emollientes ; en-
trão na composição dos fructos peitoraes . Fazem-se
com ellas cozimentos mucilaginosos ; a dóse é de
6 oitavas para ter 12 onças de decocto . Preparão - se
tambem com açofeifas pastas peitoraes , que servem
contra a tosse.
AGRIAO ORDINARIO (Cresson , fr. ) . Sisym-
brium nasturtium, L. Planta mui commum na Eu-
ropa acha-se nos prados, é cultivada no Brasil .
Caule reptante, de um pé de comprimento, folhas
quasi cordiformes ; flores brancas ; sabor picante,
sub-amargo ; cheiro quasi nullo . P. us. Folhas e
caules .
Estimulante . Come-se em salada, e é aconselhado
nas affecções anti-scorbuticas, e molestias de pelle .
INTERIORMENTE . Infusão, Agrião 1 1/2 oit . , agua
fervendo 16 onças . Sumo espresso, 2 a 4 onças .
Xarope, meia a 2 onças. Extracto, meia a 14 oitava.
AGRIAO DO PARÁ (Cresson de Pará, fr . ) . Spi-
lanthus oleracea , L. Esta planta, originaria do
Brasil, é cultivada em algumas hortas da Europa .
Fig. 10. O seu caule, de um pé de altura, é tenro,
succulento, guarnecido de folhas cordiformes, obtu-
sas, dentadas e oppostas ; flores amarellas ; sabor
acre . P. us. Toda a planta.
Excitante, antiscorbutico.
INTERIORMENTE . Infusão . Agrião 1 1/2 oit. , agua
fervendo 46 onças.
Tintura (Agrião do Pará, 4 p.; alcool a 35° 2 p.;
6
98 AGUA.
macere por quinze dias, esprema e côe) , D. 2 a
4 oitavas em 12 onças de infusão de almeirão .
Xarope (Béral) . Xarope simples, 16 p.; tintura
de agrião do Pará,
2p. Misture em uma
escudella de prata ;
evapore todo o al-
cool, retire do fogo,
e deixe esfriar) . D.
Meia a 4 onça em
vehiculoconvenien-
te , como tonico e
antiscorbutico .
EXTERIORMENTE .
Tintura , 4 colher
n'um copo d'agua,
para gargarejo.
Paraguay- Roux
(Folhas e flores de
inula bifrons, 4 p.;
flôres de agrião do
Pará , 4 p .; raiz de
pyrethro , 1 p.; al-
cool a 33°, 8 p. Ma-
cere por 45 dias ,
Fig. 10. Agrião do Pará .
esprema e côe) . Re-
medio proposto contra as dores de dentes. Para este
fim humedece-se um pouco de algodão com este liqui-
do, que se introduz na cavidade do dente cariado .
Mas as virtudes attribuidas ao Paraguay- Roux são
mui duvidosas .
AGRIMONIA (Aigremoine, fr. ) . Agrimonia eu-
patoria, L. Planta que habita nos prados e beiras
dos caminhos da Europa . Caule hirsuto, folhas denta-
das, flores amarellas ; sabor amargo, adstringente .
P. us. Toda a planta.
Adstringente, mas pouco energico ; sua infusão
emprega-se só em gargarejos nas esquinencias chro-
nicas ; e prepara-se com 2 oitavas de planta e 12 on-
ças d'agua fervendo .
AGUA. A agua é um medicamento frequente-
mente empregado no tratamento das molestias . A
AGUAS MINERAES . 99
agua fria estimula, fortifica ; a agua morna relaxa ;
a agua quente produz a rubefacção e a queima-
dura. As fomentações d'agua fria são mui uteis nas
contusões , torceduras , inflammações do cerebro,
ophthalmias, hemorrhagias, queimaduras, e em mui-
tos outros casos ; a agua morna é empregada como
emolliente ; a agua fervendo occasiona instantanea-
mente vesicação da pelle, e póde substituir as can-
tharidas, quando é necessario obrar com prompti-
dão, como por exemplo nas asphyxias .
Agua de Colonia. V. Receitas diversas.
Agua de Labarraque. V. Chlorureto de soda.
Agua de louro-cerejo . V. Lourocerejo, e para a
sua preparação veja-se p. 13.
AGUA DO MAR. Contém acido carbonico e mui-
tos saes, taes como o chlorureto de sodio , de potas-
sio, de magnesio ; os ioduretos e os bromuretos das
mesmas bases os sulfatos de soda e de magnesia.
Administrada interiormente é um purgante, mas
raramente empregada como tal . É pelo contrario
frequentemente usada como tonico nas flores bran-
cas, escrophulas , engurgitamento dos ganglios me-
sentericos, ulceras escorbuticas, dyspepsia, affecções
do figado, etc. Os banhos de mar podem ser appli-
cados no tratamento de diversas molestias, que são
caracterisadas pela fraqueza e inercia dos orgãos .
INTERIORMENTE. 4 a 12 onças por dia.
EXTERIORMENTE . Em banhos, por espaço de cinco
a quinze minutos (banhos frios) , ou de meia hora
(banhos quentes) . Os primeiros são tonicos , os se-
gundos excitantes.
Agua de mel . Cosmetico. V. Receitas diversas .
AGUAS MINERAES. Designão - se com este
nome todas as aguas que contém substancias estra-
nhas á sua natural composição , e em quantidade tal,
que podem exercer na economia uma acção especial,
e dependente da natureza destas substancias e de
suas proporções. Existem em grande numero na na-
tureza, e a arte imita algumas dellas com bom resul-
tado . As primeiras chamão- se naturaes , as segundas
artificiaes. Atemperatura destas aguas varía muito :
umas são frias, outras quentes ou thermaes . Cha-
100 AGUAS MINERAES.
mão-se frias , quando a sua temperatura é inferior á
do ar ambiente ; são quentes quando a sua tempe-
ratura excede 20º R.; algumas tem 40° e até 60º. As
substancias que se encontrão nas aguas mineraes
são gazes, acidos, oxydos, saes e materias organicas .
Todas as aguas forão divididas nas cinco classes
abaixo indicadas , conforme tal ou tal substancia pre-
domina nellas e lhes dá uma propriedade particular.
As aguas mineraes naturaes constituem uma classe
importante de medicamentos . Da difficuldade de ob-
tê- las, e da possibilidade de se corromperem nos
depositos, veio a idéa de reproduzi-las artificial-
mente. Mas o estado actual da sciencia não permitte
chegar a uma imitação fiel da agua da maior parte
das fontes naturaes não devem por conseguinte ser
consideradas as formulas como reproducção exacta
das aguas naturaes . Entretanto, sendo as aguas arti-
ficiaes do dominio da materia medica, e prestando
ellas bastante serviço á arte de curar, vão indicadas
aqui segundo o Codigo francez certas formulas nas
quaes se achão comprehendidas as principaes varie-
dades dos principios que entrão na composição das
aguas mineraes .
I. AGUAS ACIDULAS GAZOSAS . São as em que
prodomina o gaz acido carbonico . Conhecem-se pelo
sabor acidulo, picante e agradavel, desenvolvem
muitas bolhas pela agitação como vinho de Cham-
panha, mudão em vermelho as cores azues vegetaes ,
formão com agua de cal um precipitado branco .
Contém materias salinas de natureza variavel , mas
em proporções moderadas ; o ferro póde encontrar-se
nellas, mas pouco abundante. A sua temperatura é
fria ou quente ; as suas propriedades excitantes e
diureticas . Empregão -se nas gastralgias, debilidade
dos orgãos digestivos, amenorrhéa, chlorose, hy-
pochondria, vomitos espasmodicos , affecções ner-
vosas, etc.
INTERIORMENTE. As aguas frias 10 a 32 onças
por dia.
EXTERIORMENTE . As aguas quentes em banhos,
nas affecções cutaneas , rheumatismaes, gôta , tumores
brancos, etc.
AGUAS MINERAES. 404
A principal agua gazosa do Brasil é a agua Vir-
tuosa da Campanha, chamada tambem Agua Santa.
Acha-se na provincia de Minas Geraes, a sessenta
leguas da Corte do Rio de Janeiro , e tres da cidade
da Campanha . Quando se acha em garrafa bem ta-
pada, espuma e faz effervescencia ao destapar.
Existem tambem na provincia de Pernambuco al-
gumas fontes em Pajehú de Flores .
As aguas acidulas gazosas da Europa mais im-
portantes são, entre as aguas thermaes, as de Mont-
Dore em França , de Baden na Suissa, Bristol em
Inglaterra , Toeplitz na Bohemia , Lucca na Ita-
lia, etc .; e entre as frias : as de Seltz ou Selters no
ducado de Nassau em Allemanha .
Agua gazosa simples. Agua pura 4 volume ; gaz
acido carbonico , 5 volumes . Carrega-se a agua com
o acido carbonico por meio de um apparelho de
compressão, e divide-se a dissolução gazosa em gar-
rafas de uma capacidade de 20 onças, que se tapão
hermeticamente e se guardão em lugar fresco. Dei-
tando 3 onças de xarope de limão em cada garrafa
antes de enchê-la com agua saturada de gaz carbo-
nico, obtem-se uma bebida mui agradavel, que tem
o nome de limonada gazosa . Variando a natureza
dos xaropes, póde-se preparar á vontade um grande
numero de bebidas acidas e doces.
Agua de Seltz artificial. Cod . fr.: Chlorureto de
calcio 6 grãos, chlorureto de magnesio 5 grãos, chlo-
rureto de sodio 20 grãos , carbonato de soda 16 grãos ,
phosphato de soda 4 4/3 grão, sulfato de soda 1 grão ,
agua 20 onças, acido carbonico 5 volumes.
Faça dissolver na agua de uma parte os saes de
soda, e de outra os chloruretos ; misture os liquidos
e sature-os de acido carbonico ; deite a agua salina
gazosa que resultar desta operação em garrafas , que
devem ser tapadas immediamente.
Dóse. 20 a 40 onças por dia.
Nota. Quasi toda a agua de Seltz que se serve nas
mesas não é senão a agua gazosa simples .
Pós para agua de Seltz.
Bicarbonato de soda 2 oitavas
Acido citrico cristallisado 2 1/2 oitavas
6.
402 AGUAS MINERAES .
Introduza n'uma garrafa cheia d'agua, e tape logo .
II. AGUAS ALCĂLINAS . São ricas em bicarbo-
nato de soda tem um sabor amargo, ourinoso : es-
pumão levemente por conterem um pouco de acido
carbonico ; enverdecem a tintura de violas ; preci-
pitão em branco os saes de cal ; além disso, fazem
effervescencia quando se lhes ajunta um acido. As
aguas alcalinas modificão e economia de uma maneira
poderosa ; a saliva , a urina e outras secreções acidas
tornão-se alcalinas . São recommandadas para dissol-
ver as pedras da bexiga formadas pelo acido urico ;
são de uma incontestavel utilidade na gôta, areas ,
gastralgia, azias, etc.
INTERIORMENTE . 12 a 32 onças em jejum.
EXTERIORMENTE . Em banhos e emborcações .
As principaes aguas alcalinas são as de Vichy e de
Plombières em França , e as de Carlsbud na Bohemia.
Agua de Vichy artificial. Cod . fr.: Carbonato de
soda 126 grãos, chlorureto de sodio 1/3 de grão ,
chlorureto de calcio 11 grãos , sulfato de soda
6 grãos, sulfato de magnesia 3 grãos, sulfato de ferro
4/3 de grão , agua privada de ar 20 onças, gaz acido
carbonico 3 1/2 volumes.
Faça uma dissolução dos saes de soda , uma outra
de sulfato de magnesia ; uma terceira de chlorureto
de calcio ; misture todos estes liquidos e sature-os
com o acido carbonico ; deite a agua salina gazosa
que resultar destas operações em garrafas , nas quaes
se tenha introduzido previamente o sulfato de ferro
dissolvido n'uma pequena quantidade d'agua .
De 20 a 40 onças por dia.
Aqui devemos mencionar as aguas thermaes de
Caldas Novas (Brasil, comarca de Santa-Cruz, pro-
vincia de Goyaz) . Estas aguas forão examinadas em
4842 pelo Dr. Faivre, e chamadas por elle Aguas ther-
maes alcalinas azotadas . Contém gaz azoto, acidos
chlorico , carbonico e silicico ; e as bases potassa,
soda, cal, magnesia, alumina ; tudo em mui pequena
quantidade. Estas aguas sahem de doze lugares dif-
ferentes sua temperatura varía desde 34° cent. até H
40° cent. A agua destas fontes é limpida, sem côr ,
sem cheiro nem sabor apreciaveis . O resfriamento e
AGUAS MINERAES . 403
o repouso de muitos dias não produzem deposito
algum . Seu peso especifico é de 1,003 . Dous litros,
isto é, 64 onças desta agua evaporada até á seccura
tem dado um residuo de tres grãos de peso . Estas
aguas gozão de uma grande reputação no Brasil,
como mui efficazes contra a morphéa. Mas, segundo
o Dr. Faivre, não se póde citar nem um só facto de
cura, e a mortandade que se observa por anno nestas
Caldas é maior do que a quinta parte dos doentes
que se dirigem a este lugar de varias partes do Brasil.
III. AGUAS FERREAS . As aguas ferreas, mar-
ciaes ou chalybeadas , são as que contém sufficiente
quantidade de ferro , para que este metal seja sensi-
vel ao gosto e apreciavel á analyse . Ao sahir da
fonte, são, pela maior parte, limpidas, inodoras, de
sabor estyptico um pouco semelhante ao da tinta de
escrever, Expostas ao contacto do ar , apresentão na
superficie uma pellicula ferruginea avermelhada, ou
iriada, e depôem, debaixo da forma de frocos amarel-
lados, uma certa quantidade de protoxydo de ferro :
fazem-se negras com a addição de infusão de noz de
galha, até mesmo com o chá da India ; são minerali-
sadas pelo subcarbonato ou sulfato de ferro ; e con-
tém além deste metal , saes de soda, de cal, de ma-
gnesia, manganez, etc. São frias ou quentes ; gozão
de propriedades tonicas, e convêm em todas as mo-
lestias caracterisadas pela debilidade, como chlorose,
leucorrhéa, amenorrhea, tremor dos membros, escro-
phulas, convalescenças, etc.
INTERIORMENTE . Costumão tomar-se pela manhãa
em jejum, na dóse de 1 a 3 copos de seis onças
cada um.
EXTERIORMENTE . Administrão-se em banhos .
As aguas ferreas do Brasil mais conhecidas são :
Agua de Matacavallos (cidade do Rio de Janeiro) .
É limpida ao sahir da fonte, alguns minutos depois
turva-se adquirindo uma cor branca amarellada , e
depois amarella avermelhada ; sabor desagradavel,
ferruginoso e levemente adstringente ; temperatura
menor do que a do ar ambiente. Tendo observado
esta temperatura no dia 16 de dezembro de 1843,
achei 19 1/2 de R. , quando no ar o thermometro
404 AGUAS MINERAES .
marcava 23º. Segundo a analyse feita pela Sr. Dr. An-
tonio Maria de Miranda e Castro, quatro libras desta
agua contém :
Acido carbonico 0,8460 de grão .
Chlorureto de calcio >>
Chlorureto de sodio juntos 0,4580
Sulfato de cal >>
Sulfato de magnesia juntos 0,5440
Proto-carbonato de ferro 2,2305 grãos.
Silica quant. indeterm .
Agua do Andarahy ( municipio do Rio de Ja-
neiro) . Transparente ; sabor styptico e metallico ; sem
cheiro ; temperatura 19º 1/2 R. , sendo a temperatura
atmospherica na occasião da experiencia 20° 1/2 R.
Quatro libras d'agua contém, segundo a analyse do
Sr. Dr. A. M. de Miranda e Castro :
Acido carbonico 0,7022 de grão .
Chlorureto de calcio 0,0625 >>
Proto-carbonato de ferro 4,8543 >>
Silica quant. indeterm .
Agua das Larangeiras (municipio do Rio de Ja-
neiro) . Sem côr, transparente , sem cheiro, sabor
styptico, pouco sensivel, temperatura 18° 1/2 R. ,
quando a temperatura do ar atmospherico era 24º¸R.
Ó Sr. Dr. Miranda e Castro achou em 4 libras d'agua :
Acido carbonico 0,1057 de grão.
Chlorureto de calcio quant . indeterm .
Proto-carbonato de ferro 0,2787 de grão .
Silica quant. indeterm .
Agua da rua de Silva Manoel (cidade do Rio de
Janeiro ) . Tem os mesmos caracteres physicos que a
de Matacavallos, com a differença de ter um sabor
muito menos styptico . Sua composição chimica , em
4 libras d'agua, segundo o Sr. Dr. Miranda e Castro :
Acido carbonico 0,4945 de grão.
Chlorureto de calcio t . indeterm .
quan
Sulfato de cal
Proto-carbonato de ferro 0,5376 de grão .
Silica quant. indeterm ,
Agua da Lagoa de Rodrigo de Freitas (munici-
pio do Rio de Janeiro) . Eis-aqui a sua composição
AGUAS MINERAES . 405
chimica, determinada pelo Sr. Dr. Miranda e Castro
em 4 libras d'agua :
Acido carbonico 0,5626 de grão .
Chlorureto de calcio quant. indeterm .
Proto-carbonato de ferro 4,4833 de grão .
Silica quant. indeterm .
Na provincia do Rio de Janeiro onze fontes de
aguas ferreas, observadas em 1844 e sitas nos se-
guintes lugares : Nichteroy, morro de S. Lourenço .
Na mesma cidade, chacara do fallecido Exmo Sr.
José Caetano de Andrade Pinto . - Freguezia de
S. Gonçalo, situação do Sr. Justino de Vargas e Faria .
Freguezia do Sr. vigario Joaquim Pereira de Es-
cobar, nas circumvizinhanças da villa de Rezende.
- Villa de Iguassú, terras do fallecido Sr. Januario
Fernandes Alves . Fazenda do Exmo marechal Ge-
nelli , uma legua distante da precedente villa.
Fazenda do Sr. Antonio Avelino Damasceno , arredada
duas leguas da mesma villa . -— Serra de Santa Anna ,
fazenda denominada Piedade . - Freguezia do Paty
do Alferes, fazenda do Sr. José Maria Guadalupe .
Cume da Serra denominada Botaes, terras do
Emo marquez de S. João Marcos . Parahyba do Sul ,
fazenda intitulada Boa Vista .
Na provincia de Minas Geraes : Meio quarto
de legua da cidade de Ouro Preto , onde existe uma
fonte publica. Morro de Santa Anna, um quario
de legua da cidade de Marianna . - Pitangui, fazenda
de Sr. Joaquim Cordeiro Valladares. — Serra da Boa
Morte, tres leguas distante de Congonhas do Campo .
- Rio Verde junto à sua margem. - Serra do Ca-
raça, fazenda dos clerigos da Congregação da Mis-
são de S. Vicente de Paula. - Cidade Diamantina
do Serro. (Observações feitas em 1844.)
Na provincia de Pernambuco cinco fontes tres
nas circumvizinhanças da cidade de Olinda ; - uma
em Epipuncas ; - e uma em Morteiros, lugares
proximos á cidade do Recife .
No Maranhão : varias fontes nas circumvizinhan-
ças da cidade.
Na provincia do Piauhy : municipios Principe
Imperial e Paranaguá.
406 AGUAS MINERAES .
Na provincia do Espirito Santo , terras do
Sr. Francisco Pinto Homem de Azevedo.
Na provincia de S. Paulo, ao sul da cidade de
Santos, na base do monte denominado Monserrate.
Nos confins das provincias de Minas e de S. Paulo,
a dous dias de viagem de Mogymirim .
As principaes aguas ferreas da Europa são :
As que são mineralisadas pelo carbonato de ferro :
Bagnères de Bigorre ( França ) , Bussang (Fr. ) , Bus-
signargues (Fr.) , Bath ( Inglaterra) , Bourbon l'Ar-
chambault (Fr.) , Chateldon (Fr. ) , Chaudebourg
(Fr.) , Cheltenham ( Ing . ) , Contrexeville (Fr. ) , For-
ges (Fr. ), Godelheim (Westphalia) , Lichtenstein
(Saxonia), Luisenbad (Pomerania) , Mont-Dor (Fr. ) ,
Pyrmont (Westphalia), Rennes ( Fr. ) , Salerno (Na-
poles ) , Spa (Belgica ), Toeplitz (Bohemia) , etc.
As que são mineralisadas pelo sulfato de ferro :
as da Cabeça de Mont'achique , denominadas Mina-
Nova (Portugal) , Camara (Portugal) , Alais (Fr.) ,
Passy ( Fr. ) , Pisciarelli (Napoles ) , Bonneby (Sue-
cia ) , etc.
A Cabeça de Mont'achique é perto de Lisboa. A
vertente, chamada Mina-Nova, fornece uma agua
ligeiramente amarellada, transparente, com sabor
ferreo e levemente adstringente , cuja temperatura
media, no estio, achada em differentes horas do dia ,
é de 18,44 centigr. , estando a do ar ambiente
a + 20,67 centigr. Um litro desta agua, á tempera-
tura media de + 20° do thermometro centigrado , e
á pressão atmospherica de 76 centimetros do baro-
metro, contém, segundo a analyse feita e publicada
pela Sociedade Pharmaceutica Lusitana, no seu Jor-
nal (Tomo II, p. 674) :
Gaz oxygeneo 6 cent. cub.
Gaz azoto 14 cent. cub .
Chlorureto de calcio 0,048 gramma.
Sulfato de protoxydo de ferro 0,135 >>
Sulfato de protoxydo de calcio 0,330 >>
Sulfato de oxydo de aluminio 0,047 >>
A agua da Camara, distante duas leguas de Lis-
boa , é limpida, com sabor ferreo levemente acido .
A sua temperatura media , achada em as differentes
AGUAS MINERAES . 407
horas do dia, no estio , é de + 48°, 56 centigr., es-
tando a do ar ambiente a + 20°, 89 centigr . Um litro
desta agua, na temperatura media de + 20 do ther-
mometro centigrado , e pressão barometrica de
76 centimetros contém (veja-se Jornal da Sociedade
pharmaceutica Lusit., t. II , p . 675 ) :
Gaz oxygeneo 6 cent. cub.
Gaz acido carbonico livre 2 cent. cub.
Gaz azoto 46 cent. cub.
Chlorureto de calcio 0,030 gramma.
Sulfato de sesqui-oxydo de ferro 0,245 >>>>
Sulfato de protoxydo de calcio 0,710 >>
Sulfato de protoxydo de magnesio 0,015 >>
Pós para agua ferrea (Colombat) .
Sulfato de ferro 36 grãos .
Acido tartarico 1 1/2 oitava
Assucar 3 oitavas.
M. e divida em 12 papeis rotulados Nº 4. De outra
parte
Bicarbonato de soda 2 oitavas
Assucar 3 oitavas.
M. e divida em 12 papeis rotulados N° 2. Dissolva
um papel de cada numero em uma pouca d'agua ,
reuna os liquidos, e beba promptamente durante a
effervescencia. D. 4 a 2 papeis de cada numero por
dia. Chlorose.
IV. AGUAS SALINAS . Assim se chamão as aguas
mineraes que, não sendo nem sulfurosas, nem fer-
reas, nem acidulas, nem alcalinas, tem por principios
predominantes alguns saes. O seu sabor é fresco ,
amargo ou picante ; a sua temperatura fria ou quente.
Contém chloruretos de sodio , calcio e magnesio , sul-
fato de soda, carbonatos alcalinos, silica, vestigios
de ferro, sulfato de alumina, ioduretos, bromuretos,
acido carbonico, e ás vezes hydro-sulfurico . Muitas
são purgativas d'aquellas que contém saes em bas-
tante proporção ; as outras são diureticas . Em bebida
são uteis na ictericia, nos calculos biliares, catarrho
vesical, suppressão dos menstruos , molestias escro-
phulosas, leucorrhéas, affecções nervosas, gastrites
chronicas. Em banhos são recommandadas nas para-
lysias, mesmo naquellas que são a consequencia de
408 AGUAS MINERAES.
uma apoplexia, nos dartros, nas contracções muscu-
losas , nos rheumatismos chronicos, e em muitas mo-
lestias caracterisadas pela debilidade geral .
INTERIORMENTE. Como purgantes 4 a 48 onças
conforme a proporção dos saes que a agua contém.
Como alterantes 2 a 6 onças por dia.
EXTERIORMENTE , em banhos, emborcações , etc.
A agua mineral salina por excellencia é a agua do
mar ( veja-se pag. 99) .
As aguas mineraes salinas do Brasil que são mais
conhecidas são as da comarca de Itapicuru , distante
44 legoas da cidade da Bahia. As vertentes destas
aguas se achão collocadas irregularmente pela mar-
gem do rio Ita picurú , em uma extensão de quasi
14 legoas, e apresentão uma temperatura superior å
do ar ambiente . Os Srs. Dr. Eduardo Ferreira França,
Dr. Ignacio Moreira do Passo, e Manoel Rodrigues
da Sylva, analysárão tres principaes vertentes destas
aguas, e publicárão o resultado do seu trabalho no
Commercio, jornal da Bahia ( anno de 1843 , nºs 445
e 116 ) o que precede e o que segue é extrahido
desta publicação.
Vertente da mãi d'agua do Sipó, distante da
villa de Soure 3 a 4 legoas , 10 a 14 metros da mar-
gem direita da rio Itapicurú . Esta agua é sem còr
nem cheiro ; tem um sabor salino ; sua temperatura
é 34 ° R.; sahe della continuadamente uma multidão
de bolhas de gaz , que se reconheceu ser o ar atmo-
spherico. Cinco litros ( 160 onças ) d'agua mineral
contém em solução os corpos seguintes :
Grammas.
Chlorureto de sodio 4.237 ou 1 oit. e 5 grãos .
Chlorureto de calcio 0,450
Chlorureto de magnesio 0,217
Sulfato de soda 0,045
Bicarbonato de soda 0,348
Carbonato de cal 0,095
Carbonato de magnesia 0,120
Acido silicico 0,456
Peroxydo de ferro 0,085
Perda 0,508
5,964 ou 4 oit. e 37 grãos .
AGUAS MINERAES . 109
Vertente de Mosquete, 5 legoas distante da villa
da Missão da Saude, ao lado esquerdo do rio Itapi-
curú. A agua é limpida e transparente, sem cheiro;
nenhum sabor ; a sua temperatura é de 29 ° R.- Dez
litros ( 320 onças ) desta agua contém :
Grammas.
Chlorureto de sodio 0,584 ou 40 grãos .
Acido silicico 0,480
Sulfato de soda 0,045
Carbonato de cal 0,264
Carbonato de magnesia 0,260
Perda 0,237
4,540 ou 28 grãos .
Vertente da villa do Itapicurú , outr'ora Missão
da Saude, distante um quarto de legoa da villa do Ita-
picurú. A agua é limpida e transparente ; sem cheiro ;
com sabor ligeiramente salino ; a sua temperatura
de 25° R. Cinco litros (160 onças) desta agua contém :
Grammas.
Chlorureto de sodio 0,935 ou 17 grãos
Chlorureto de magnesio 0,152
Acido silicico 0,036
Sulfato de soda 0,024
Carbonato de cal 0,214
Carbonato de magnesia 0,450
Peroxydo de ferro 0,000 vestigios
Materia organica destruida
Perda 0,206
1,744 ou 34 grãos.
Além destas aguas ha na comarca do Itapicurú
outras, mas menos importantes , cujas vertentes são
denominadas Rio Quente , Ferventinho do Sabiá ,
Talhado, Olho d'agua, e Fonte da Lage, que todas
são mais ou menos quentes. Contém quasi os mesmos
corpos ; porém em mui pequena quantidade.
As aguas mineraes salinas de Portugal são :
Estoril ou Cascaes, distante 4 legoas de Lisboa ,
450 passos do mar . A agua é sem cheiro , transpa-
rente, de sabor salino , macia e unctuosa ao tacto,
não dissolve o sabão, não coze os legumes ; sua tem-
peratura é de 22º a 19º + O Réaumur. Eis aqui a sua
7
440 AGUAS MINERAES.
analyse feita pelos Srs . José Dionisio Corrêa, e Fran-
cisco Mendes Cardoso Leal Junior, publicada no Jor-
nal das Sciencias medicas de Lisboa , anno de 1835 ,
tomo II , pag. 217.
Cinco kilogrammas d'agua contém :
Gaz acido carbonico 12 centim. cub.
Ar atmospherico 408 >>>
(A temperatura 43 1/5º Réaumur e á pressão de
764, 53 millimetros. )
Chlorureto de sodio 14,429 grammas
Chlorureto de calcio 0,7 >>>
Chlorureto de magnesio 4,89 >>
Carbonato de cal 0,98 >>
Carbonato de magnesia 0,5 >>
Sulfato de cal 4,02 »
Sulfato de magnesia 1,39 »
Silica 0,2 >>
Oxydo de ferro 0,2 >>
Materia organica 0,1 >>
Substancia gorda 0,04 >>
As aguas mineraes salinas principaes nas outras
partes da Europa são : as d'Aix ( França ) , Bains (Fr. ) ,
Epsom ( Inglaterra ) , Lovesche ( Suissa ) , Balaruc
(Fr. ) , Lucca (Italia) , Marienbad ( Bohemia), Chelten-
ham ( Ingl . ) , Egra ( Bohemia ) , Pulna ( Suecia ),
Seidschutz ( Bohemia ) , Sedlitz ( Bohemia ) , etc.
Agua de Sedlitz artificial ( Cod . fr.) .
Sufato de magnesia 4 onça
Agua pura 20 onças
Gaz acido carbonico 3 volumes
Dissolva o sulfato de magnesia na agua, incorpore
o acido carbonico por meio de apparelho de com-
pressão e engarrafe . D. 20 onças como purgante.
V. AGUAS SULFUROSAS. As aguas sulfurosas,
chamadas tambem hepaticas, tem o cheiro de ovos
podres , são limpidas , macias e unctuosas ao tacto ,
de sabor salgado mui desagradavel ; a sua tempera-
tura é ora fria, ora quente de 17° a 60º + O Réaum . ) ,
porém o mais ordinariamente quente, e os seus prin-
cipios mineralisadores são o hydrogeneo sulfureo, os
sulfuretos, os hydrosulfatos, etc .; dão um precipitado
negro com as soluções de chumbo , de prata , e um
AGUAS MINERAES. 444
precipitado amarello com a solução do tartaro eme-
tico. As aguas sulfurosas exercem uma acção par-
ticular sobre o systema cutaneo e lymphatico ; são
empregadas, tanto interior como exteriormente, nas
molestias da pelle, nos catarrhos pulmonares e vesi-
caes , escrophulas, engorgitamentos das glandulas
lymphaticas, rheumatismos chronicos, gota , paralysia,
ankylose , etc.
INTERIORMENTE 12 a 24 onças por dia.
EXTERIORMENTE , em banhos , lavatorios , etc.
As aguas sulfurosas brasileiras mais conhecidas
são : Quentes na provincia de Minas Geraes quatro
fontes tres na fazenda do Sr. Joaquim Bernardes da
Costa Junqueira, a seis legoas da villa de Caldas,
com 35º R. de temperatura; e uma na margem direita
do Rio Verde . No Rio Grande do Norte, a fonte Ap-
pody. Frias : na provincia de Goyaz muitas fontes no
arrayal de S. Domingos do Araxá ; e em Minas Geraes
algumas fontes na margem do Rio Verde, uma legoa
distante da villa de Caldas. ( Observações feitas em
1844 ).
As aguas sulfureas de Portugal são :
Agua que borbulha junto ao Caes da Areia , na
Praça do Commercio de Lisboa. É transparente com
cheiro de ovos podres, sabor salino è levemente
amargo, temperatura na nascente +12 4/5° R. , sendo
a do ar ambiente + 131/5° R. Segundo a analyse pu-
blicada pela Sociedade Pharmaceutica de Lisboa, no
Jornal da mesma Sociedade ( T. I , pag . 24 ) , tres
kilogrammas e meio desta agua sulfurosa contém em
dissolução , á temp . de + 16º R. e á pressão de 780
millimetros.
Gaz acido hydrosulfurico 100 centimetros cubicos
Gaz acido carbonico 260 >>
Gaz azoto 43 >>
Chlorureto magnesico 14,51 grammas
Carbonato calcico 2,00 >>
Acido silicico 0,10 >>
Sulfato calcico 1,70
Sulfato magnesico 2,50 >>
Chlorureto sodico 54,00 >>
Vestigios de materia organica gorda.
142 AGUAS MINERAES .
Caldas da Rainha, distante 14 legoas e meia de
Lisboa. A agua tem sufficiente transparencia , cheiro
sulfureo, sabor um pouco nauseoso ; a temperatura
varía conforme as nascentes , de 26 1 /2º R. a 28 1 /2° R. *
Caldas de S. Pedro do Sul , conhecidas tambem
pelos nomes de Caldas de Lafões e Caldas doBanho,
situadas na villa do Banho , distante de S. Pedro do
Sul meia legoa, e de Vizeu tres legoas, na raiz do
monte Lafão. A temperatura da agua na bocca da
nascente é de 54 1 /5° R. , sendo a da atmosphera ga-
zosa na arêa da nascente 23 2/5º R.; é a agua mais
quente de todas as conhecidas em Portugal. O seu
cheiro é o de ovos podres , o sabor um tanto acidulo
e adstringente, e nauseoso para muitas pessoas ; a
agua é cristallina e transparente , e tem uma appa-
rencia unctuosa como sabão esfregado nas mãos.
As aguas sulfurosas principaes dos outros paizes
da Europa são : Bagnères de Luchon , Barèges ,
Bonnes , Cauterets , Enghien , Saint - Sauveur, em
França ; Caudier, no Piemonte ; Aix-la-Chapelle , na
Prussia; Alcamo, na Sicilia ; Cheltenham , na Ingla-
terra ; Gex , na Suissa ; Bade, na Suabia, etc.
Agua sulfurosa artificial para uso interno . Cod . fr.
Sulfureto de sodio cristallisado
Carbonato de soda cristallisado aná 3 grãos
Chlorureto de sodio
Agua privada de ar 24 onças .
Dissolva e conserve em garrafas bem tapadas. Esta
agua é destinada a substituir as aguas mineraes que
contém sulfureto de sodio , e ordinariamente as aguas
sulfurosas dos Pyreneos , das quaes entretanto ella não
é mais que uma imitação imperfeita . Receita-se in-
differentemente debaixo dos nomes d'agua artificial
de Barèges, de Cauterets , de Saint-Sauveur, etc.
INTERIORMENTE. 12 a 24 onças por dia em bebida.
Agua sulfurosa artificial para uso externo ou
Banho de Barèges artificial sem cheiro. Cod . fr .
Sulfureto de sodio cristallisado 2 onças
Carbonato de soda id . 2 onças
Chlorureto de sodio id.. 2 onças
Agua quente 10 onças
ALCACUS . 143
Dissolva. Este liquido deita-se na agua no momento
de entrar no banho.
Ás cinco classes d'aguas mineraes que acabamos
de enumerar poderião ser addicionadas as denomi-
nadas hydriodicas , e bromicas , mas ainda não estão
bem examinadas e confundem-se com as precedentes .
AIPO ( Céleri , Ache , fr . ) . Apium graveolens .
A raiz desta planta que habita nos lugares pantanosos
da Europa, e que é cultivada nas hortas do Brasil ,
é diuretica , e uma das cinco raizes chamadas ape-
rientes ; a semente do aipo é aromatica , e faz parte
das quatro sementes quentes.
Alambre. Veja Ambar amarello, p. 133 .
ALBUMINA ( Albumine, fr. ) . Principio imme-
diato dos animaes ; constitue quasi totalmente a clara
de ovo. A albumina liquida é viscosa , transparente ;
sem côr ; sendo aquecida, coalha-se . Emprega-se
com mui feliz exito na dysenteria, e para este fim se
administra em bebida e em clysteres. Possue ainda
a propriedade preciosa de decompôr as soluções
metallicas, principalmente as de cobre e de mercu-
rio, e de formar com estes saes novos corpos, que
não tem nenhuma acção nociva sobre a economia ; e
por isso as claras de ovos diluidas em agua são o
antidoto o mais efficaz destas substancias . O uso de
claras de ovos no estado de saude provoca os desejos
amorosos.
Bebida albuminosa (Mondière) .
Agua simples 22 onças
Claras de ovos 4 onças
Bata bem, côe e ajunte :
Xarope simples 2 onças
Agua de flor de laranja 2 oitavas.
D. Uma chicara de duas em duas horas, na dysen-
teria.
Clyster contra a dysenteria.
Decocção de sementes de linhaça 6 onças
Claras de ovo n° 3 .
M. Dão-se tres destes clysteres por dia.
ALCACUS ( Réglisse , fr.) . Glycyrrhiza glabra, L.
Arbusto da Europa . Em Portugal habita nos sitios
um tanto humidos nos arredores de Torres Vedras ,
414 ALCACUS.
nos marechões humidos entre Vallada e Castanheira
e outras partes na Extramadura e Alemtejo, e tam-
bem pelo norte da Beira. Fig. 11. P. us . Raiz. É

Fig. 11 . - Alcaçus.
comprida, da grossura do dedo, rôxa exteriormente ,
amarella no interior , sabor doce, um pouco acre .
Emolliente e diuretico , empregado nas molestias
inflammatorias. Os pós de alcaçus, d'aquelles que são
chamados inertes nas boticas , servem para cobrir as
pilulas. No commercio prepara-se desta raiz um ex-
tracto chamado sumo de alcaçus, que serve para a
composição das massas peitoraes.
INTERIORMENTE . Raiz . Infusão : Raiz de alcaçus
4 oit. , agua fervendo 12 onças. Ponha de infusão e
côe.
ALCATRÃO. 445
Nola. A decocção desenvolve no alcaçus um gosto
acre, e por isso esta raiz nunca deve ser fervida.
Extracto, meia a uma onça e mais dissolvido em
algum cozimento.
Alcali volatil. V. Ammoniaco liquido, p. 137.
Alcanfor . V. Camphora.
ALCARAVIA (Carvi , fr .) . Carum carvi, L. As
sementes desta planta, umas das quatro sementes
quentes maiores, são carminativas, e empregadas
nas flatuosidades e colicas ventosas.
INTERIORMENTE . Pó . 24 gr. até 1 oitava. Infusão :
Alcaravia 1 oit . , agua fervendo 12 onças. Oleo es-
sencial 2 a 6 gottas em poção .
EXTERIORMENTE. Oleo essencial em fricções no
ventre.
ALCATRAO (Goudron , fr .) . É uma mistura de
essencia de terebenthina, de resina, de oleo empy-
reumatico, de carvão e de acido acetico ; que se pre-
para fazendo queimar lentamente , n'uma fornalha
particular, os troncos dos pinheiros que já não dão
terebenthina. É da consistencia de um xarope mui
espesso, de uma côr rôxa preta , e de um cheiro par-
ticular.
Emprega-se interiormente contra as molestias cu-
tan as, os catarrhos vesicaes e pulmonares, escor-
buto, asthma, rheumatismo chronico, etc.; exterior-
mente contra a sarna e outras molestias da pelle .
INTERIORMENTE. 15 a 20 gr. por dia em pilulas.
Agua de alcatrão . ( Alcatrão , 1 onça ; agua ,
32 onças. Macere por 10 dias, mexendo de quando
em quando com uma espatula de páo, e côe. Uma
onça contém quasi 1 grão de alcatrão em solução .)
D. 4 a 5 copos por dia, pura ou misturada com leite,
ou cozimento de althéa, nos catarrhos chronicos .
Póde-se tambem preparar agua de alcatrão em me-
nos tempo , fazendo- se simplesmente ferver meia
onça de alcatrão em 32 onças d'agua e coando-se
liquido.
Xarope de alcatrão. (Alcatrão , 1 p .; agua, 1 p .
Ponha de digestão em banho-maria por 12 horas,
agitando por vezes ; deixe esfriar e côe ; ajunte ao
licòr o duplo do seu peso de assucar, e faça derreter
116 ALCOOL.
a um brando calor. ) D. 3 a 4 colheres de sopa por dia .
EXTERIORMENTE. Em fricções q. b.
Fumigações de alcatrão . Faz -se aquecer uma
onça de alcatrão n'uma libra d'agua, e faz-se entre-
ter tudo no calor da ebullição . O doente affectado do
catarrho pulmonar respira o vapor que sahe do vaso.
Pomada de alcatrão . (Alcatrão e banha aná p. ig .
Derreta e còe por panno de linho . )
Pilulas de alcatrão ( Palietti ) .
Alcatrão
aná 2 oitavas
Balsamo peruviano
Alcaçus pulverisado 1/2 onça .
F. 96 pilulas . Cada uma pesa 6 grãos e contém
4 1/2 gr . de alcatrão. D. 6 duas vezes por dia.
ALCOOL (Alcool, fr .) . Liquido que se obtem pela
fermentação de qualquer vegetal que contenha assu-
car. Chama-se arack, quando é produzido pelo arroz
fermentado ; rhum , aguardente de canna, ou sim-
plesmente caxaça, quando provem da canna de as-
sucar; aguardente de vinho ou espirito de vinho,
quando é extrahido do vinho, etc. O alcool empre-
gado nas boticas é o resultado da distillação do vinho ,
e marca 33 a 36 gráos no areometro de Baumé.
Pelas distillações successivas é privado da agua, e
fica alcool puro, alcool absoluto, marca antão 42º :
mas neste gráo quasi nunca é empregado . A caxaça
mais forte marca 20° a 23º.
Concentrado e administrado em alta dóse, o alcool
produz os mais graves accidentes, taes como a in-
sensibilidade, as convulsões, a difficuldade de respi-
rar, a coma, e ás vezes a morte ; diluido em agua, e
em pequena dóse, obra como excitante do apparelho
cerebral, ou hypersthenisante segundo a expressão
de Giacomini . É então um poderoso remedio sempre
que é preciso excitar as forças da vida, como no typho ,
na cholera-morbus , etc. Exteriormente serve como
rubefaciente quando é concentrado ; e como adstrin-
gente quando diluido em agua . Segundo o Dr Richard ,
uma injecção de uma oitava e meia de alcool a 36º
Baumé é efficaz para curar radicalmente o hydrocele .
INTERIORMENTE . I oitava a 2 onças diluido em
bebidas.
ALFACE BRAVA. 447
EXTERIORMENTE . Em fricções , lavatorios, como
excitante e resolvente.
Ponche.
Infusão de chá da India 8 onças
Aguardente de canna 4 onça
Sumo de limão 4 onça
Assucar 2 onças.
M. D. Por colheres, nas febres graves, convales-
cenças das molestias longas, etc.
ALECRIM ( Romarin , fr. ) . Rosmarinus offici-
nalis , L. Arbusto cultivado nos
jardins , commum no Brasil .e em
Portugal. Fig. 12. Tem dous pés
de altura ; folhas duras , estreitas ,
mui aromaticas ; flôres de côr rôxa
pallida. P. us . Folhas e summi-
dades floridas.
Excitante , empregado na ano-
rexia , digestões difficeis , tosses
humidas , chlorose , escrophulas ,
etc.
INTERIORMENTE . Infusão. Ale-
crim 4 oit ., agua fervendo 12 on-
ças. Alcoolato e vinagre , 1 oit .
até 4.
Essencia, 2 a 12 gottas .
EXTERIORMENTE. Infusão em la-
vatorios , fomentações e banhos ;
2 libras para um banho.
ALECRIM SELVAGEM. Bac-
charis. Arbusto do Brasil. O seu
caule se divide em ramos delgados ,
de côr cinzenta , guarnecidos dé
folhas numerosas, estreitas, lineares, Fig. 12. — Alecrim.
agudas, algumas destas folhas são
oppostas , outras irregularmente espalhadas ; flôres
brancas amarelladas, oppostas, verticilladas na extre-
midade dos ramos ; cheiro aromatico. P. us. Folhas
e flores.
Estimulante,, empregado nos mesmos casos e nas
mesmas doses que o precedente.
ALFACE BRAVA (Laitue sauvage, fr .) . Lactuca
7.
448 ALFAE CULTIVADA.
virosa, L. Esta planta habita nas margens dos ca-
minhos da Europa temperada. Tem 3 a 4 pés de
altura , folhas oblongas, denticuladas, flôres amarel-
las. P. us . Toda a planta.
Narcotico e diuretico ; empregado na hydropisia,
ictericia, angina do peito. Em dose alta produz vo-
mitos, vertigens e os mais accidentes do narcotismo .
INTERIORMENTE, Extracto 2 a 24 gr . e até 1 oitava
progressivamente, em pilulas .
ALFACE CULTIVADA ( Laitue cultivée , fr. ) .
Lactuca sativa capitata , L. Planta cultivada nás
hortas, do Brasil e de Portugal. Apresenta na sua
joven idade uma reunião de folhas arredondadas .
concavas , ondulosas, succulentas , apertadas umas
contra as outras e formando juntas uma cabeça arre-
dondada é nesse estado que é usada em salada nas
mesas. Deixando-se a crescer, produz uma haste de
dous pé de alto , guarnecida de folhas imbricadas , de
mais em mais pequenas, terminada por um corymbo
de flores de um amarello pallido . A haste possue, na
epoca de florescencia, um succo leitoso, branco, de
sabor amargo, cheiro viroso analogo ao opio, que foi
proposto como succedaneo do opio . Este succo, ob-
tido por incisões transversaes feitas na haste, recebeu
o nome de lactucario ; tal como foi preparado por
Aubergier, pharmaceutico em Clermont (em França) ,
para ser entregue ao commercio, apresenta-se de-
baixo da fórma de pães orbiculares achatados, do
peso de tres a oito oitavas, secco , cheiro viroso, sabor
excessivamente amargo , côr rouxa , cubertos ás vezes
de uma efflorescencia esbranquiçada que é a man-
nite. O S Aubergier cultiva para este fim uma es-
pecie de alface chamada gigantesca lactuca altis-
sima, de que obtem o seu lactucario .
O lactucario , goza de propriedades hypnoticas
incontestaveis . É sobretudo empregado com vanta-
jem para acalmar a tosse dos tisicos, nas bronchites ,
insomnias, dores rheumaticas, em todos os casos ,
emfim, nas quaes é necessario produzir um effeito cal-
mante, sem recorrer a um agente tão energico como
o opio . Os medicos , que o tem experimentado, attri-
buem-lhe uma propriedade sedativa pura, entretanto
ALFACE CULTIVADA. 449
que o opio, que será sempre o somnifero por ex-
cellencia, agila e não pode ser supportado por certas
organisações.
Independentemente do lactucario , emprega - se
como calmante um extracto de alface preparado com
o succo espremido do talo da alface, conhecido de-
baixo do nome de thridacio . Este extracto obtem-se
pisando os talos da alface, espremendo o sumo, e
fazendo-o evaporar em pratos na estufa. O lactuca-
rio, pelo contrario, é o succo condensado que corre
naturalmente das incisões feitas nos talos . O thridacio
é muito menos activo do que o lactucario .
A agua distillada da alface cultivada é usada como
vehiculo de muitas poções calmantes.
INTERIORMENTE . Agua distillada, 4, 6 onças e
mais.
Thridacio, 2, 4 , 15 grãos e mais progressiva-
mente, em pilulas . Xarope de thridacio, 1 a 2 on-
ças. O modo da sua preparação é indicado na p . 28 .
Lactucario. 2 a 10 grãos e mais progressivamente,
como calmante, em pilulas .
Extracto alcoolico de lactucario . Pulverise gros-
seiramente o lactucario, faça o macerar por alguns
dias em 4 vezes o seu peso de alcool a 56° centesi-
maes, côe com espressão e filtre. Deite sobre o residuo
a mesma quantidade de alcool , e depois de uma nova
maceração, torne a coar com espressão e filtre ; reúna
as tinturas, distille para tirar todo o alcool : evapore
o residuo a banho-maria até á consistencia de ex-
tracto , e acabe a deseccação na estufa.
Xarope de lactucario (Aubergier) . Extracto al-
coolico de lactucario 30 partes, assucar candi 10,000 ,
agua distillada 5,000 , acido cítrico 15 , agua de flor
de laranja 500. Faça um xarope com o assucar candi
e a agua de flor de laranja . Por outra parte, faça dis-
solver o extracto de lactucario em 500 d'agua distil-
lada fervendo e côe por panno de linho ; torne a dis-
solver o residuo em uma nova quantidade d'agua
ainda fervendo, lance os licores turvos no xarope
fervendo , e faça ferver com força ; de tempo em
tempo, lance no xarope agua albuminosa até que a
escuma se separe em uma massa coherente e que o
120 ALFAZEMA.
xarope seja limpido . Então tire a escuma, ajunte o
acido citrico dissolvido em uma pouca d'agua, e
deixe o xarope sobre o fogo até que tenha excedido
o gráu de cozedura afim de que a addição da agua de
flor de laranja o leve a este gráu ; ajunte esta agua
de flor de laranja, e passe por manga de baeta .
D. 1 a 4 colheres por dia, puro ou misturado com
agua . É um bom medicamento.
Pasta de lactucario (Aubergier) .
Pasta de açofeifas 400 partes.
Extracto alcoolico de lactucario 4 p.
Tintura de balsamo de Tolu 2 p.
F. S. A. 1 a 2 onças nas bronchites.
ALFAVACA ( Basilic, fr . ) . Ocimum basilicum, L.
Planta dos tropicos, cultivada nas hortas . Compõe-se
de talo ligeiramente velloso, folhas ovaes, dentadas,
flôres roseas, cheiro aromatico.
Excitante ; empregada para a preparação dos
banhos aromaticos, na dose de 1 onça para 32 onças
d'agua quente.
ALFAVACA DO CAMPO . Ocimum incanes-
cens, Mart . Planta
do Brasil . Ramos
quadrangulares , fo-
lhas oppostas , o-
vaes, agudas , den-
tadas , cheiro aro-
matico , flôr em
espiga . P. us . Toda
a planta.
Excitante , sudo
rifico.
INTERIORMENTE .
Infusão , 2 oitavas
para 42 onças d'agua
fervendo .
EXTERIORMENTE.
Infusão em banhos ,
2 libras para um
banho.
ALFAZEMA
Fig. 13. Alfazema. (Lavande , fr. ) . La-
ALHO. 121
vandula vera , De C. Planta cultivada nos jardins
do Brasil et de Portugal. Fig. 13. Tem talo esbran-
quiçado, folhas agudas, flores azuladas, dispostas em
espigas terminaes ; cheiro aromatico. P. us . Toda a
planta.
Excitante ; empregada principalmente nos banhos .
INTERIORMENTE. Pó (raramente) , 24 gr. até 1 oit.
Infusão, 1 oit. para 12 onças d'agua fervendo . Agua
distillada e alcoolato, 1 a 2 oitavas. Oleo essencial,
2 a 4 gottas em poção.
EXTERIORMENTE . Infusão , em lavatorios , ba-
nhos, etc. , 2 libras para um banho . Alcoolato em
fricções.
ALGODAO (Coton , fr . ) . Especie de felpa que
cobre as semen-
tes do algodeiro
(Gossypium
herbaceum,L.).
Fig. 14. O algo-
dão cardado em-
prega - se com
vantagem no cu-
rativo das quei-
maduras, das fe-
ridas e nas ery-
sipelas.
ALHO ( Ail ,
fr.) . Allium sa-
tivum, L. Planta
cultivada nas
hortas , cujos
bolbos , com-
postos de mui-
tos bolbinhos
chamados den-
tes, são empre-
gados contra os
vermes.
INTERIOR- Fig. 14. Algodão.
MENTE. Infusão , 2 oitavas de alho pisado para 8 on-
ças d'agua ou de leite quente. Sumo 5 a 10 gottas.
EXTERIORMENTE. Em fricções no ventre.
122 ALMISCAR .
Linimento anthelmintico ( Dubois)
Oleo commum 1 1/2 onça
Dentes de alho pisados nº 1 e meio
Alcool camphorado 1 onça
Balsamo de Fioraventi 4 oitavas
Ammoniaco liquido 1/2 oitava.
Faça a mistura n'um almofariz de marmore, e
ajunte no fim o ammoniaco . Para friccionar o ventre
das crianças.
Almecega . V. Mastiche .
Almeirão. V. Chicoria.
ALMISCAR ou moscho (Musc, fr. ) . Substancia
que se acha n'uma bolsa situada entre o embigo e as

Fig. 15. - Gamo-Moscho .


s
parte genit aes de uma especie de veado chamado
moschus moschiferus , L., que vive na Asia central ,
e que se acha representado na fig . 15. O almiscar é
solido, em pedaços , de côr escura : cheiro particu-
lar, sabor amargo . No commercio acha-se contido
na bolsa membranosa que o produziu .
Antispasmodico energico ; empregado no hyste-
rismo , tetano, hydrophobia, typho, e em todas as
febres graves, que são complicadas de accidentes
ALOES. 123
nervosos, taes como delirio, convulsões, sobresaltos
de tendões ; produz tambem uma excitação notavel
dos orgãos genitaes. A escola italiana considera o
almiscar como um leve hyposthenisante .
INTERIORMENTE . 5 a 36 gr . em pó, pilulas ou sus-
penso em poção . Tintura . 10 a 20 gottas em po-
ção. Tintura etherea. As mesinas dóses .
Pós antispasmodicos.
Almiscar 36 grãos
Opio 4 grãos
Assucar 24 grãos .
M. e divida en 12 papeis. D. Um papel, tres vezes
por dia.
Pós aphrodisiacos (Pierquin) .
Almiscar 24 grãos
Canella 1/2 onça
Gengibre
Pimentão aná 1 oitava
Nóz moscada
Assucar 4 oitavas.
M. e divida em 6 papeis . 1 , 2 e mais por dia.
Pilulas antispasmodicas (Ratier) .
Almiscar
Extracto de valeriana aná 24 grãos
Opio 12 grãos.
F. 46 pilulas. D. 1 a 3 e mais por dia . Affecções
nervosas.
Julepo moschado ou almiscarado (Brera) .
Almiscar 12 grãos
Agua de hortelãa-pimenta 3 onças
Xarope de casca de laranja 4 onça .
M. D. Uma colher de hora em hora nos soluços
teimosos.
Clyster de almiscar.
Almiscar 36 grãos
Gemma de ovo uma
Cozimento de linhaça 8 onças .
F. S. A. Affecções typhoides.
ALOES ou azebre (Aloès , fr. ) . Sumo inspissado
extrahido das folhas de muitas especies do genero
aloes , planta conhecida com o nome de herva ba-
bosa que habita no Cabo da Boa Esperança , na Ja-
124 ALOES.
maica, em Socotorá, no Brasil e em outros paizes
quentes. É de tres especies : o mais estimado e
principalmente empregado na medicina chama-se
aloes socoto-
rino : é em pe-
daços , de côr
escura , friavel ,
cheiro aroma-
tico particular,
sabormui amar-
go; o pó é de
côr de ouro mui
nitida. Extrahe-
se da aloe so-
cotrina (fig.16)
que habita na
Arabia e na ilha
Socotorá .
Purgante vio-
lento ; dirige
principalmente
a sua acção so-
bre o recto , e
por isso não
convêm quando
existem hemor-
rhoidas . Não
convêm igual-
mente ás mu-
lheres gravidas .
Em pequena dó-
se é tonico e es-
tomachico . As
dejecções alvi-
nas tem lugar
somente oito ou
dez horas depois
Fig. 16. Aloes socotorino. que o aloes foi
tomado . Segundo a escola italiana , a acção do aloes
é hyposthenisante , que se exerce principalmente
no estomago e nos intestinos se a dóse é pequena ;
sobre todo o organismo se a dóse é grande . Empre-
ALOES. 125
ga-se nas pessoas ameaçadas de congestões cerebraes ,
na prisão de ventre que depende do estado atonico do
canal intestinal, na hepatite chronica , ictericia , dys-
pepsia , e como anthelmintico . A acção do aloes sobre
o recto pode-se propagar até o utero e excitar o fluxo
menstrual , e por isso este medicamento é aconse-
lhado na chlorose e amenorrhéa . O aloes entra na
composição dos collyrios excitantes , e póde empre-
gar -se externamente para avivar as ulceras ato-
nicas.
INTERIORMENTE . Como tonico 1 a 4 grãos ; como
drastico 6 a 36 grãos , em pó ou pilulas . Tintura ,
10 gottas até meia oitava em poção conveniente.
Pilulas de aloes ( Requin ) .
Aloes socotorino 20 grãos
Pós de alcaçuz 20 grãos
Mel de abelha q. s.
F. 20 pilulas . D. 5 a 10 , á noite ao deitar-se, como
purgante.
Pilulas de Holloway.
Aloes 1 oitava
Rhuibarbo 36 grãos
Pimenta da India 9 grãos
Açafrão 4 grãos
Sulfato de soda 4 grãos.
F. 144 pilulas. Cada uma contém meio grão de
aloes e 1/4 de grão de rhuibarbo .
Pilulas de Rufus, ou pilulas de tribus .
Aloes socotorino 4 partes
Myrrha 2 p.
Estigmas de açafrão aná
1 p.
Xarope simples
F. pilulas de 4 grãos . (Cada uma contém 2 grãos de
aloes ). D. 4 até 12 por dia como emmenagogo e pur-
gante.
Pilulas benedictas de Fuller.
Aloes 8 partes
Senne 4 p.
Assafetida
Galbano aná 2 p.
Myrrha
126 ALOES .
Açafrão
Macis aná … 4 р.
Sulfato de ferro 12 P.
Oleo de succino 1 p.
Xarope de artemisia 15 partes .
F. pilulas de 4 grãos . (Cada uma contém 2/3 de
grão de aloes, e 4 grão de sulfato de ferro . ) D. 3 duas
vezes por dia, na chlorose.
Pilulas de Anderson ou escossezas.
Aloes socotorino
aná 24 grãos
Gomma gutta
Oleo de aniz 1 grão
Xarope q. b.
F. 12 pilulas . D. 3 a 4 como purgantes.
Pilulas de Bontius.
Aloes socotorino 32 partes
Gomma gutta 32 p.
Gomma ammoniaca 32 p.
Vinagre de vinho branco 192 p.
F. pilulas de 4 grãos . D. 2. 4 a 6 por dia .
Pilulas ante-cibum .
Aloes 24 grãos
Extracto de quina 12 grãos
Pós de canella 4 grãos
Xarope de losna q. b.
F. 12 pilulas . D. 1 a 2 antes de jantar.
Pilulas angelicas ou Grãos de saúde do Dr. Frank.
Aloes socotorino 48 grãos
Jalapa 48 grãos
Rhuibarbo 12 grãos
Xarope de losna q. b .
F. 36 pilulas prateadas . Cada uma pesa 3 grãos e
contém 1 1/3 gr. de aloes, 1 1/3 gr . de jalapa e
1/3 gr. de rhuibarbo . D. 1 a 3 por dia como toni-
cas, 6 a 12 como purgativas.
Pilulas anti-icterias (Buchan) .
Aloes socotorino
Rhuibarbo aná 1 oitava
Sabão medicinal
Xarope commum q. b.
F. 36 pilulas . D. 3 a 6 por dia.
ALOES . 127
Pilulas purgativas chamadas Medicina popular
do Dr. Snell.
Aloes 14 partes , jalapa 7, gomma gutta 6, cremor
de tartaro 2 , tartaro emetico 1/2 , carvão animal 1 ,
oleo essencial de canella 4 , tintura de opio 4 1/2,
alcool a 45° q. s. para fazer uma massa . F. pilulas
de 5 grãos . D. 4 a 3 por dia como purgantes.
Pilulas vegetaes universaes americanas
do Dr. Brandreth.
Aloes 10 onças , gomma gutta 6 onças, jalapa 5 on-
ças, rhubarbo 3 onças, cremor de tartaro 2 onças,
tartaro emetico 1 1/2 onça, oleo essencial de canella
6 oitavas , oleo essencial de hortelãa-pimenta 2 oita-
vas, alcool a 45 ° 1 1/2 onça . F. pilulas de grãos . D.
1 a 3 como purgantes .
O nome de vegetaes , dado a estas pilulas, é muito
improprio, porque o tartaro emetico é uma substan-
cia mineral.
Elixir de longa vida Cod . fr.
Aloes socotorino 9 oitavas, agarico branco 1 oit . ,
genciana 4 oit . , rhuibarbo 1 oit . , raiz de zedoaria
1 oit. , açafrão 4 oit. , theriaga 4 oit . , alcool a 24 °
Cartier 54 onças .
Deite a metade do alcool sobre todas as substancias
convenientemente divididas ; deixe macerar por oito
dias e côe com espressão ; deite sobre o residuo o
resto do alcool ; macere por oito dias ; torne a coar,
misture o producto com a primeira tintura, e filtre.
Esta tintura composta contém 12 grãos de aloes
por onça. D. 2 oitavas a 1 onça como estomachico e
purgativo.
Elixir santo .
Rhuibarbo onça , aloes 5 oit . , cardamomo me-
nor 3 oit. , alcool a 21 ° 24 onças.
Ponha de infusão por tres dias e filtre . D. 1 onça
como tonico e purgativo. Cada onça contém perto de
15 grãos de aloes.
Collyrio de Brun.
Aloes 1 oitava
Vinho branco 1 1/2 onça
128 ALTHEA.
Ferva, còe e ajunte :
Agua de rosas 1 1/2 onça
Tintura de açafrão 30 gottas.
Ophthalmias chronicas.
ALTHEA ou malvaisco (Guimauve, fr. ) . Althea
officinalis , L. Planta mui commum em Portugal ;
habita pelos ribeiros nos sitios um tanto humidos e

Fig. 17. Althéa.

prados perto do Tejo e Mondego, nos arredores de


Obidos e outras partes na Extremadura e Beira.
Fig. 17. Tem caule herbaceo de 2 até 3 pés de alto,
folhas cordiformes, molles ; flôres brancas passando
a côr de rosa. P. us. Toda a planta, mas principal-
mente a raiz. - A raiz secca, como apparece no
ALUMEN. 129
commercio, é sem epiderme, muito branca , inodora,
e com sabor mucilaginoso .
Emolliente, frequentemente empregada para com-
bater as inflammações, e sobretudo as pulmonares.
INTERIORMENTE . Infusão . Raiz de althea 2 oit. ,
agua fervendo 12 onças . Ponha de infusão e còe. Esta
infusão convenientemente adoçada com assucar, xa-
rope ou mel de abelha , constitue uma bebida emol-
liente ; simples , isto é , sem ser edulcorada , serve
para os clysteres emollientes.
Xarope, 1 a 2 onças para adoçar as bebidas emol-
lientes . Sua preparação é indicada na pag. 56 .
· EXTERIORMENTE . Decocção 4 onça para 12 d'agua ,
em lavatorios, fomentações, gargarejos, collyrios , etc.
Unguento de althea (Mucilagem de raiz de althéa
3 p. , banha de porco 9 p ., cera 4 p . Coza-se a mu-
cilagem com a banha até que se evapore o que hou-
ver d'agua, e ajunte-se a cera ) . Como emolliente ,
em fricções.
Infusão peitoral.
Raiz de althéa 3 oitavas.
Agua fervendo q. s. Infunda e côe de modo que se
obtenha 24 onças de liquido . Ajunte :
Gomma arabica
Assucar aná 1 onça .
D. Por chicaras.
Gargarejo emolliente .
Raiz de althéa 1 1/2 onça
Figos seccos 6 oitavas
Agua 36 onças.
Ferva até ficarem 24 onças ; ajunte :
Mel de abelha 1 1/2 onça.
ALUMEN ou pedra hume, ou sulfato de alu-
mina e potassa (Alun, sulfate d'alumine et potasse ,
fr. ) . É um sal sem côr, inodoro, cristallisado em oc-
taedros ; sabor doce e depois acido . Dissolve- se no
seu peso d'agua a 72º Réaum. , e em 18 vezes o seu
peso d'agua fria.
Adstringente, venenoso em alta dóse ; gabado inte-
riormente na diarrhéa chronica, hemoptysia, hemor-
rhagia uterina, flôres brancas, polluções nocturnas,
febres typhoides e colica de chumbo . A escola ita-
130 ALUMEN.
liana considera o alumen como um remedio hypos-
thenisante, e aconselha o seu uso interno nas moles-
tias inflammatorias. Tomado em dóse elevada provoca
os vomitos e a diarrhéa . Exteriormente usa-se nas
hemorrhagias como meio hemostatico, nas ulceras
indolentes, ophthalmias chronicas , aphtas da bocca ,
flôres brancas, angina e garrotilho . Segundo o Dr John-
ston, o melhor meio de prevenir os accidentes graves
que resultão ás vezes das feridas feitas nas dissec-
ções anatomicas , é de lavar a parte, por dous ou
tres dias, com uma solução de alumen .
Subst. incomp. O acetato de chumbo , os alcalis ,
carbonatos alcalinos , a ammonia, a cal , as emul-
sões , o leite, a infusão de quina , a de noz de galha ,
e de outras substancias vegetaes adstringentes , a ma-
gnesia, os saes de mercurio, e a maior parte dos saes
metallicos.
INTERIORMENTE . 6 grãos a 2 oitavas, e mesmo até
6 oitavas por dia.
Nota. Não se chega a esta dóse senão gradual-
mente, principiando por 6 grãos , e augmenta-se até
que não occasione accidentes . É raro que se possa
administrar oitava de alumen no principio do tra-
tamento e de uma vez , sem provocar vomitos, coli-
cas e dejecções alvinas .
EXTERIORMENTE . Pó assoprado nas fauces com
uma penna , na dóse de um escropulo , 4 ou 5 vezes
por dia, no caso de angina e de garrotilho .
Dissolução. Meia oitava até 1 onça e mais para
24 onças d'agua em injecções , collyrios, gargare-
jos, etc.
Pós adstringentes opiaceos ( Bouchardat) .
Alumen } aná 1 oitava
Assucar
Opio 4 grãos.
M. e divida em 12 papeis. D. 3 a 4 por dia, nas
diarrhéas chronicas, hemorrhagias passivas.
Pós adstringentes .
Alumen 2 oitavas
Assucar
aná 1 oitava.
Gomma arabica {
ALUMEN. 134
M. e divida em 6 papeis. D. 3 por dia nas pollu-
ções .
Pilulas adstringentes (Capuron) .
Cato em pó 48 grãos
Alumen 24 grãos
Opio 8 grãos
Xarope de rosas vermelhas q. b.
F. 16 pilulas. D. 1 a 2 por dia nas blennorrhagias .
Poção aluminosa .
Agua distillada 5 onças
Alumen 1 oitava
Xarope de gomma 1 onça.
M. D. Duas colheres de duas em duas horas, na
colica de chumbo , metrorrhagia , etc.
Injecção adstringente .
Alumen 4 oitavas
Agua commum 24 onças
Essencia de rosas 2 gottas.
M. No prolapso do utero ou do recto, nas blennor-
rhagias chronicas, etc.
Gargarejo adstringente.
Cozimento de cevada 22 onças
Alumen 2 oitavas
Mel rosado 2 onças.
M. Nas esquinencias e na surdez .
Gargarejo adstringente (Bennati) .
Decocção de cevada 40 onças
Alumen 1 oitava
Xarope diacodio 1/2 onça .
M. Na aphonia, salivação mercurial e anginas
chronicas. A dóse do alumen augmenta-se gradual-
mente até 2 onças para a mesma quantidade do li-
quido .
Gargarejo antiscorbutico.
Alumen 54 grãos
Vinho branco 12 onças
Tintura de quina 4 oitavas
Tintura de myrrha 2 oitavas
Mel rosado 2 onças
Laudano de Sydenham 20 grãos .
M.
132 ALUMEN CALCINADO .
Injecção aluminosa (Ricord ) .
Agua distillada de rosas 6 onças
Aluwen 18 grãos.
M. Blennorrhagia e leucorrhea.
Collyrio aluminoso.
Alumen 1 escrop .
Agua de rosas 4 onças .
Dissolva. Nas ophthalmias chronicas .
Pomada antidartrosa ( Gibert) .
Alumen 48 grãos
Camphora 15 grãos
Banha 4 onça .
M.
ALUMEN CALCINADO ou Pedrahume calci-
nada ( Alun calciné , fr . ) . Os cristaes de alumen sendo
submettidos á acção do fogo, perdem uma grande
parte de sua agua de cristallisação , e constituem o
alumen calcinado . É um corpo leve, poroso, branco ,
de sabor caustico.
Emprega-se exteriormente como catheretico para
fazer parar as hemorrhagias provenientes das picadas
de bixas, para reprimir as fungosidades na molestia
chamada unha encravada, e para destruir as carno-
sidades das feridas .
Pós hemostaticos (Mialhe) .
Alumen calcinado
Gomma alcatira aná 2 oitavas .
Tannino
M. Estes pós são mui efficazes para fazerem parar
o escorrimento sanguineo que resulta das picadas de
bixas.
Collyrio secco de Beer.
Alumen calcinado
Sulfato de zinco aná 1 escropulo
Borax
Assucar 2 escropulos .
M. Assopra-se entre as palpebras, na dóse de al-
guns grãos, uma ou duas vezes por dia, nas ophthal-
mias chronicas .
Alvaiade (Céruse, fr . ) . V. Carbonato de chumbo .
AMBAYBA. 133
AMBAR AMARELLO , Alambre , Karabe , ou
Succino (Ambre jaune ou succin, fr .) . Substancia
analoga ás resinas, acha-se fossil , principalmente nas
praias do mar Baltico, ou fluctuante nas aguas do
mesmo mar. É solido, duro, fragil , transparente, ás
vezes opaco, de côr amarella mais ou menos carre-
gada, ou vermelha fusca , inodoro e insipido .
Antispasmodico, pouco empregado hoje.
INTERIORMENTE . Tintura 10 a 24 gottas em po-
ção. Oleo essencial 4 a 6 gottas. Espirito vola-
til 1/2 a 1 oitava em poção .
EXTERIORMENTE . Oleo essencial em fricções no
rheumatismo .
Os vapores que resultão do succino pulverisado e
deitado sobre brasas forão tambem aconselhados no
rheumatismo .
AMBAR GRIS (Ambre gris, fr .) . Substancia que
se acha nas aguas do mar, e parece ser uma concre-
ção que se forma nos intestinos de uma especie de
balea (physeter macrocephalus ) . Consistencia pouco
maior que a da cera ; insoluvel na agua, mas soluvel
no alcool quente, ether, oleos fixos e volateis ; sabor
insipido ; cheiro forte e agradavel ; côr cinzenta de-
negrida com veios brancos, amarellados .
Estimulante energico, póde ser util nas nevroses,
nas febres adynamicas, mas hoje é mais empregado
pelos perfumistas do que pelos medicos.
INTERIORMENTE . 6 a 24 grãos em pilulas ou poção .
Tintura, 24 a 36 grãos em poção conveniente. Tin-
tura etherea . As mesmas dóses .
Pós aphrodisiacos.
Ambar gris 1 oitava
Almiscar 1/2 oitava
Açafrão
Cravo da India aná 2 oitavas
Gengibre
Assucar 1/2 onça.
M. e divida em 12 papeis . D. 1 de manhã e outro
á noite, na impotencia viril.
AMBAYBA, Ambauba, Imbayba, Umbauba Ou
Arvore da preguiça . Fam . Urticeas ; genero Cecro-
8
134 AMENDOAS AMARGAS .
pia, L. Arvore que habita no Brasil , em S. Domin-
gos, Jamaica , Guyanas, etc. Arvore bastante alta ,
dioica e não lactescente, raizes ramosas e fibrosas ;
tronco erecto e fistuloso ; sua madeira é esbranqui-
çada, secca e leve ; ramos alternos, arredondados,
nodosos e fistulosos, offerecendo septos no seu inte-
rior, e contendo uma massa molle , escura , côr de
chocolate, que se encontra igualmente no tronco ; a
qual massa contém ordinariamente muitas formigas ;
folhas alternas, pecioladas, palmato-lobadas, verdes
e asperas na face superior e na inferior cobertas de
um tomento esbranquiçado, apresentando as suas
nervuras uma côr avermelhada e ferruginosa . As
folhas novas, e que se achão contidas ainda na spa-
tha, estão ahi dobradas cum muita elegancia , e tem
uma côr sanguinea , n'uma especie : n'outra especie
essas folhas são brancas, e depois tornão-se verdes
na parte superior, e de uma côr esbranquiçada na
inferior o vulgo dá o nome de ambayba rôxa á pri-
meira especie, e de ambayba branca á segunda es-
pecie ; flores dioicas em fasciculos . Nas Antilhas esta
arvore chama- se vulgarmente bois- trompette.
A massa que se acha no interior dos troncos da
ambayba estendida em panno, applica-se no Brasil
contra os cancros ulcerados e occultos , O Sr. Dr. Car-
los Luiz de Saules publicou no anno de 1848 uma
excellente these , de que extrahimos a descripção da
ambayba, e em que relata factos que provão a effi-
cacia da massa desta arvore contra o cancro . Em
alguns casos a cura foi completa, nos outros só teve
lugar o desapparecimento das dôres .
AMEIXAS SECCAS ( Pruneaux , fr. ) . Fructos
deseccados da Prunus domestica, L. A decocção de
sua polpa é um brando laxante , emprega- se nas
inflammações ; prepara-se com 6 oitavas de polpa de
ameixas e 12 onças d'agua.
AMENDOAS AMARGAS (Amandes amères , fr . ) .
Sementes da Amygdalus communis amara, L., ar-
vore originaria da Africa, cultivada no sul da Europa .
São oblongas comprimidas, cobertas de uma pellicula
roxa amarellada ou vermelha ; parenchyma branco,
duro ; cheiro forte ; sabor amargo.
AMENDOAS DOCES . 435
Contém o acido prussico , que lhes dá proprieda-
des venenosas ; na dóse de 7 amendoas já produzem
anxiedade e desmaios ; em grande dóse podem occa-
sionar a morte. As suas preparações são empregadas ,
mas com muita prudencia, contra as febres intermit-
tentes, embriaguez , como calmante nas tosses ner-
vosas e em outros casos nos quaes é indicado o acido
prussico . Este acido, bem que derramado em toda a
polpa das amendoas amargas , se acha em maior
quantidade na sua pellicula que lhe serve de envol-
torio . Segundo a escola italiana, as preparações de
amendoas amargas constituem um remedio contra-
stimulante, util em todas as molestias inflamma-
torias .
INTERIORMENTE . Duas a seis amendoas n'uma
emulsão de 6 onças , que se administra por colhéres
de hora em hora. Diminue-se o numero das amen-
doas ou suspende-se o seu uso, se sobrevem vertigens
ou vomitos . Se o medicamento é tolerado , póde-se
augmentar progressivamente a dóse das amendoas
até duas oitavas e meia por 24 horas.
Agua distillada, 20 gottas até duas oitavas e meia ,
n'uma poção de 6 onças, que será administrada por
colheres, uma colher de hora em hora.
Oleo essencial. 1 gotta e mais progressivamente
em poção conveniente, ou com agua e assucar.
Emulsão de amendoas amargas .
Amendoas amargas com pelliculas 2 oitavas
Amendoas doces sem pelliculas 3 oitavas
Agua commum 5 onças
Xarope de flôr de laranja 1 onça .
F. uma emulsão . D. 2 colheres de sopa de 2 em
2 horas.
AMENDOAS DOCES ( Amandes douces , fr. ) .
Sementes da Amygdalus communis dulcis, L. , ar-
vore originaria da Africa, cultivada em pomares em
Portugal. Fig. 48. São oblongas, comprimidas , co-
bertas de uma pellicula rôxa amarellada ou ver-
melha ; parenchyma branco , duro , sem cheiro ; sabor
doce.
Emolliente , empregado nas febres agudas , nas
136 AMENDOAS DOCES.
phlegmasias do apparelho digestivo, circulatorio ,
respiratorio , ce-
rebral , em uma
palavra em todas
as inflammações .
Subst.incomp .
Com a emulsão
de amendoas não
se devem mistu-
rar nem os aci-
dos nem as dis-
soluções adstrin-
gentes , para não
haver decomposi-
ção .
INTERIORMEnte .
Para emulsão
1 onça para 12 on-
ças d'agua e 6 oi-
tavas de assucar .
Para loock 15 a
18 amendoas para
4 onças d'agua .
Xarope 1 a 2 on-
ças em poção . A
preparação d'este
xarope é indicada
Fig. 18. -- Amendoeira . na pag. 57.
Amendoada ou Leite de amendoas doces , ou
Emulsão commum , Emulsão simples . Cod . fr.
Amendoas doces descascadas 1/2 onça
Assucar fino 1/2 onça
Agua fria 16 onças .
Pise em gral de marmore as amendoas com uma
pouca d'agua fria, até formar uma pasta molle que
se dilue com o resto d'agua ; dissolva o assucar e côe
com espressão por peneira.
Loock branco (Cod . fr . ) .
Amendoas doces descascadas 4 1/2 oitavas
Amendoas amargas descascadas 1/2 oitava
Assucar branco 4 oitavas
Oleo de amendoas doces 4 oitavas
AMMONIACO LIQUIDO . 137
Gomma alcatra pulverisada 16 grãos
Agua de flôr de laranja 4 oitavas
Agua commum 4 onças.
Faça uma emulsão com as amendoas , a agua com-
mum e quasi todo o assucar ; dilua pouco a pouco
n'esta emulsão a gomma alcatira misturada com o
resto do assucar ; ajunte o oleo de amendoas doces
por porções, batendo por muito tempo : ajunte final-
mente a agua de flor de laranja .
Toma-se por colheres nas molestias acompanhadas
de tosse, mas não é agradavel ao gosto ; o seguinte
não tem este inconveniente .
Loock branco sem oleo.
Amendoas doces descascadas 5 oitavas
Amendoas amargas 36 grãos
Xarope simples 6 oitavas
Gomma alcatira 16 grãos
Agua de flôr de laranja 1/2 oitava
Agua commum 4 onças.
F. S. A. - D. Por colheres como calmante.
Cozimento emulsionado .
Amendoas doces 4 onça
Pise n'um almofariz e ajunte
Cozimento de cevada 24 onças
Xarope de violas 4 onça
Agua de canella 2 oitavas .
D. Por chicaras .
Amido. V. Polvilho.
AMMONIACO LIQUIDO ou ammoniaca ou am-
monia liquida , ou alcali volatil, ou espirito de sal
ammoniaco (Ammoniaque liquide, alcali volatil , es-
prit de sel ammoniac, fr. ). Solução de gaz ammo-
co em agua. Liquido sem còr, transparente, de cheiro
mui vivo, de sabor caustico .
O ammoniaco e seus compostos são considerados
pela escola italiana como remedios hyposthenisantes
vasculares. A corrente do gaz ammoniaco dirigida
pelo gargalo do frasco sobre a parte doente, é mui
util nas molestias nervosas . Nas nevralgias faciaes e
nas odontalgias a corrente é dirigida ao nariz. É
usado da mesma maneira na asphyxia, syncope, nos
alaques da gota coral e no envenenamento pelo acido
8.
138 AMMONIACO LIQUIDO .
hydrocyanico . Aproxima-se nestes casos o frasco que
contém este liquido ás ventas do enfermo , tendo
cautela de não derrama-lo sobre as partes vizinhas ,
que poderião soffrer de sua acção eminentemente
caustica . Interiormente nunca se administra puro,
pois que obraria como um veneno energico ; mas
diluido em agua, e em pequena dóse emprega-se nas
febres eruptivas, rheumatismo, epilepsia, tetano,
asthma, embriaguez , amenorrhéa, mordeduras de
animaes venenosos , hydropisias , coqueluche, convul-
sões das parturientes, rheumatismo . Exteriormente
usa-se para cauterisar as mordeduras de animaes
venenosos, e para a preparação dos linimentos em-
pregados nos rheumatismos , gota , paralysia, etc.
Subst. incomp. Os acidos, e os saes metallicos , o
alumen, etc.
INTERIORMENTE . ( Deve marcar 22º Baumé) 10 a
20 gottas e mais progressivamente em 6 onças de
vehiculo, muitas vezes por dia .
EXTERIORMENTE . Puro, como caustico , q . s.
Linimento volatil ou ammoniacal . (Alcali volatil
1 p . , oleo de amendoas doces 8 p. ) Como rubefaciente.
Poção contra a embriaguez.
Agua pura 4 onças
Ammoniaco liquido 8 gottas.
M. Tomar de uma vez.
Poção contra a epilepsia ( Lemoine) .
Agua distillada de tilia 2 onças
Agua de lourocerejo 2 1/2 oitavas
Agua de flor de laranja 4 onça
Ammoniaco liquido 12 gottas.
M. Uma colher de sopa, 3 vezes por dia.
Poção anti-acida (Chevalier) .
Agua distillada 5 onças
Agua distillada de hortelã 4 oitavas
Ammoniaco liquido 3 gottas.
M. Toma-se em duas vezes contra os arrotos acidos .
Caustico ammoniacal ou Pomada de Gondret.
Cebo de carneiro
Azeite doce aná 1 p .
Derretão-se a calor brando , côem-se para um
frasco de vidro , e ajunte-se
AMMONIACO ( ACETATO DE ) . 139
Ammoniaco liquido 2 p.
Vascoleje-se até que à mistura se coagule . Serve
para cauterisar a pelle nos casos em que é necessaria
viva e prompta impressão ; proprio para a applicação
dos medicamentos pelo methodo endermico , como da
strychnina na amaurose, do hydrochlorato de mor-
phina nas nevralgias e rheumatismos .
Linimento volatil camphorado.
Oléo de amendoas doces 7 partes
Camphora 1 p.
Ammoniaco liquido 1 p.
F. S. A. Em fricções nos rheumatismos chronicos.
Linimento anti-arthritico.
Linimento volatil 1 1/2 onça
Essencia de terebenthina 1/2 onça .
M. Em fricções nos rheumatismos .
Linimento ammoniacal cantharidado.
Linimento volatil 3 onças
Camphora 3 oitavas
Tintura de cantharidas 30 gottas.
M. e mexa sempre que delle usar . Estimulante mui
energico, empregado em fricções sobre os membros
paralysados .
Embrocação ophthalmica ( Sichel ) .
Ether sulfurico 4 oitavas
Ammoniaco liquido 2 oitavas
Azeite doce 2 oitavas.
M. e mexa quando usar d'ella . Tres fricções por dia
sobre a testa, com uma colher de chá deste linimento ,
na gota serena.
Acetato de ammoniaco ou de ammonia ou Espirito
de Minderer (Acétate d'ammoniaque, ou Esprit de Min-
dererus, fr .) . Liquido sem còr, transparente, inodoro ,
de sabor fresco e picante , depois um pouco doce .
Este sal era considerado como estimulante e dia-
phoretico, porém a escola italiana provou que a sua ac-
ção é hyposthenisante. Empregado no rheumatismo,
gota, paralysia , febres adynamicas , nos casos de es-
carlatina, e de bexigas quando a erupção não se faz
convenientemente ou quando foi supprimida ; é usado
ainda contra a embriaguez, e para calmar as colicas
que acompanhão ou precedem a menstruação em al-
140 AMMONIACO ( ACETATO DE ) .
gumas mulheres. Na Italia receita-se em quasi todas
as poções antiphlogisticas nas molestias inflammato-
rias, nas bronchites agudas , pneumonias , etc.
Substanciasincompativeis . A potassa, soda , os aci-
dos concentrados, o sublimado, e o nitrato de prata .
INTERIORMENTE . 1 oitava até 1 onça em vehiculo
apropriado, como excitante e diaphoretico. Na em-
briaguez, 20 gottas em um cópo d'agua adoçada .
EXTERIORMENTE . Diluido em duas partes d'agua,
como resolvente.
Poção sudorifica (Foy) :
Acetato de ammonia 3 oitavas
Vinho tinto 5 onças
Tintura de canella 2 oilavas
Xarope simples 1 onça.
M. Uma colher de sopa de hora em hora.
Poção excitante ( Harless ) .
Folhas de digital 1/2 oitava
Casca de cascarilha 2 oitavas
Agua fervendo 5 onças.
Ponha de infusão, côe e ajunte :
Espirito de Minderer
aná 1/2 onça .
Xarope simples
D. Uma colher de sopa, tres a quatro vezes por
dia, na hydropisia.
Poção contra a dysmenorrhea ( Raciborski ) .
Infusão de sabugeiro 6 *onças
Acetato de ammonia 4 oitavas
Xarope de flôr de laranja 4 oitavas
Xarope de opio 4 oitavas.
M. Duas colheres de sopa de duas em duas horas .
Poção emmenagoga ( Phoebus ) .
Raiz de valeriana 2 oitavas
Açafrão 1 1/2 oitava
Agua fervendo q. s . para ter 5 onças de infusão ; ajunte :
Espirito de Minderer 1/2 oitava
Xarope simples 1 onça.
D. Uma colher de sopa de duas em duas horas .
Poção tonica ( Ratier ) .
Acetato de ammonia 1/2 onça
Ether 1/2 oitava
Tintura de quina 2 oitavas
AMMONIACO ( HYDROCHLORATO DE ) . 144
Agua de canella aná 2 onças
Agua etherea camphorada }
Xarope de cravo 4 onça .
M. Uma colher de sopa de hora em hora.
Carbonato de ammoniaco ou Sub-carbonato de
ammoniaca ou de ammonia ( Carbonate d'ammo-
niaque, fr . ) . Sal em fórma de pedaços brancos, meio
transparentes, compostos de uma reunião de peque-
nos cristaes, de textura fibrosa ; soluvel em agua ;
cheiro picante, sabor caustico .
Puro e em alta dóse, é um veneno caustico ; di-
luido em agua é considerado como hyposthenisante
pela escola italiana . Emprega-se nas febres ataxicas,
mordeduras de animaes venenosos, em certos casos
de erupções cutaneas que difficilmente se manifestão ,
gota coral, asthma, garrotilho, escarlatina , nas con-
vulsões das crianças dependentes da dentição , etc.
Subst. incomp. Os acidos, a cal , soda, potassa, os
sulfatos de magnesia , de ferro, de zinco, o acetato de
chumbo, o sublimado , etc.
INTERIORMENTE . 12 grãos até 2 oitavas n'uma po-
ção de 6 onças, que se administra por colheres de
hora em hora.
EXTERIORMENTE . Como estimulante e resolvente.
Ceroto ammoniacal de Rechoux . Carbonato de
ammoniaco, 1 oit.; ceroto simples, 1 onça . D. 1 oitava
tres a quatro vezes por dia em fricções nos tumores
chronicos.
Poção de Stahl.
Carbonato de ammonia 2 oitavas
Agua distillada 7 onças
Xarope de althéa 1 onça .
M. Uma colher de sopa de duas em duas horas na
escarlatina ataxica .
Mistura anti- asthmatica de Van Swieten .
Carbonato de ammonia 1 oitava.
Agua distillada de arruda 8 onças
Xarope diacodio 2 onças .
M. D. Uma colher de dez em dez minutos na as-
thma convulsiva.
Hydrochlorato de ammoniaco ou de ammonia ou
sal ammoniaco (Hydrochlorate d'ammoniaque , ou
sel ammonjac, fr. ) . Pães bastante volumosos, con-
142 AMORAS .
vexos de um lado , concavos do outro , brancos, cris-
tallisados em agulhas dispostas como as barbas de
uma penna, inodoros , de sabor amargo, acre e fresco .
Este sal é difficil de ser reduzido a pô ; é inalteravel
ao ar, soluvel em agua fria : esta solução é acompa-
nhada de um grande abaixamento da temperatura.
Hyposthenisante segundo a escola italiana . Empre-
ga-se nas molestias inflammatorias, nas molestias da
pelle, rheumatismos, hydropisias . No exterior, como
resolvente e refrigerante, nas inflammações superfi-
ciaes, anginas chronicas, enxaquecas, etc.
INTERIORMENTE. 12 grãos até uma oitava em poção
ou cozimento .
EXTERIORMENTE . Solução : 1 a 3 onças em 32 on-
ças d'agua ; em lavatorios, fomentações, etc.
Mistura peitoral.
Sal ammoniaco 4 oitava
Infusão de althéa 6 onças
Sumo de alcaçuz 4 oitavas .
M. Duas colheres de duas em duas boras . Catar-
rhos pulmonares.
Gargarejo resolvente .
Sal ammoniaco 36 grãos
Camphora 36 grãos
Infusão de quina 16 onças .
M. Anginas chronicas .
Fomentação resolvente de Justamond.
Sal ammoniaco 1 onça
Alcoolato de alfazema 16 onças .
M. Tumores chronicos .
Pós para provocar nos pés a transpiração
supprimida.
Cal viva 2 partes
Sal ammoniaco 4 p.
M. Polvilhão-se as plantas dos pés com esta mis-
tura e por cima calção-se meias de lã.
AMORAS ( Mûres, fr.) . Fructos da morus nigra,
L., arvore originaria de Persia , cultivada na Europa .
São bagas de cor vermelha preta , de sabor acidulo .
Adstringente . Osumo destesfructos, evaporado a fogo
brando até á consistencia competente, é conhecido de-
baixo do nome de arrobe de amoras , e usa-se nas esqui-
nencias, em gargarejos, na dóse de 4 onça para 12 on-
ANGELICA. 143
ças de liquido ; ou puro, para tocar as aphtas da bocca .
ANDA-AÇU, ou purga de gentio ou coco de purga,
ou fructa de arara. Fructo da Johanesia princeps,
Gomez, ou da Anda Gomesii, St. Hilaire , grande
arvore do Brasil . É uma noz contendo uma amendoa
branca do tamanho de uma castanha de gosto ado-
cicado ; coberta de uma casca rôxa escura.
Purgante energico.
INTERIORMENTE. 1 a 3 amendoas. Oleo. 6 a 8 got-
tas, e mais progressivamente até effeito purgativo .

Fig. 19. Angelica.


ANGELICA (Angélique, fr. ) . Angelica archan-
gelica, L. Planta que habita na Europa. Fig. 19.
144 ANGELIM.
P. us Raiz, talo e sementes . A raiz secca, tal qual
se acha no commercio , a que é principalmente em-
pregada, é cinzenta, enrugada por fóra, esbranqui-
çada por dentro ; cheiro aromatico ; sabor quente,
doce ao principio e depois amargo.
Estimulante mui forte, aconselhado nas digestões
difficeis, nos catarrhos pulmonares chronicos, vomi-
tos espasmodicos, chlorose, hysterismo, e como em-
menagogo.
INTERIORMENTE . Pós 2 oitavas até 2 onças por dia.
Infusão, 2 oit. para 12 onças d'agua fervendo . Tin-
tura 30 gottas até 1 oitava em poção . Agua distil-
lada 1 a 2 onças . Conserva 1 a 2 onças.
Para uso externo a angelica entra na composição
do balsamo de Commendador e da agua vulnera-
ria, preparações empregadas nas contusões como
resolventes.
ANGELIM . Semente da Andira vermifuga, Mart. ,
arvore do Brasil . Esta arvore tem o tronco inerme,
os ramos com casca grossa, os foliolos ellipticos ;

Fig. 20. Semente de angelim.


glabros por cima ; as nervuras dos foliolos da face
inferior são de còr de ferrugem e avelludadas, as flores
paniculadas , e os calices rôxos escuros cobertos de
pellos . O fructo é uma drupa oval, contendo uma
amedoa quasi de uma pollegada de comprimento ,
branca quando fresca, e amarellada quando secca, de
sabor amargo e acre. Fig. 20.
ANIZ. 145
Estas sementes são frequentemente empregadas no
Brasil, como vermifugas, mas com alguma precau-
ção, pois que em grandes dóses produzem vomitos,
dejecções alvinas abundantes, e poderião occasionar
accidentes ainda mais graves .
INTERIORMENTE . 10 a 20 grãos, para uma criança
de 4 annos, em pós que se tomão em 4 colheres de
leite morno com assucar.
ANIZ ou herva doce (Anis, fr . ) . Pimpinella ani-
sum, L. Planta originaria da Africa, cultivada nas
hortas do Brasil e de l'ortugal . Fig. 24. P. us . Se-

Fig. 21. - Aniz ou herva doce.


mentes . São debaixo da fórma de grãos ovoides , de côr
esverdinhada , sabor aromatico, cheiro agradavel.
9
146 ANIZ ESTRELLADO .
Estimulante, carminativo , empregado nas flatuo-
sidades intestinaes , colicas das crianças, diarrhéas
chronicas, etc. Na Italia o aniz é considerado como
um leve hyposthenisante-enterico.
INTERIORMENTE . Pó 1 escrop. até 1 oitava . Infusão
1 oit . para 12 onças d'agua fervendo . Agua distil-
lada, meia a uma onça . Oleo essencial 6 a 10 gottas
em poção.
Pós digestivos.
Herva doce
Coentro aná 2 oitavas .
Funcho
Casca de laranja
Canella
Cravo da India aná 36 grãos
Rhuibarbo
Assucar 2 oitavas.
Reduza a pó , misture e divida em 12 papeis . D.
Um papel , duas vezes por dia , na inappetencia e
flatuosidades.
Poção anizada.
Sementes de aniz 36 grãos
Agua quente q . s. Infunda e côe de modo que se
tenha 4 onças de liquido . Ajunte
Assucar 2 oitavas.
M. D. Uma colher de sopa de hora em hora nas
colicas das crianças .
Agua de Botot.
Herva doce 4 onça
Cravo da India 2 oitavas
Canella 2 oitavas
Essencia de hortelãa 1 oitava
Espirito de vinho 28 onças.
Ponha de infusão por sete dias, filtre e ajunte
Tintura de ambar gris 4 oitava.
Algumas gottas n'um cópo d'agua para se lavar a
bocca. Fortifica as gengivas.
ANIZ ESTRELLADO ( Anis étoilé ou Badiane,
fr. ) . Fructo da Illicium anisatum , L. , arvore da
China e do Japão . Fig. 22. Este fructo é constituido
por sete ou oito capsulas, reunidas pela base e dis-
postas em estrella , comprimidas , avermelhadas, de
ANTIMONIO METALLICO. 147
sabor e cheiro semelhantes aos da herva doce ; cada
capsula contém uma semente lustrosa . As mesmas
propriedades, as mesmas dóses e os mesmos modos

Fig. 22. - Aniz estrellado.


de administração que a herva doce. Veja-se a pagina
precedente.
ANTHRAKOKALI. Carbureto de potassio . (An-
thrakokali . Carbure de potassium , fr . ) É um medi-
camento novo, vivamente recommendado nas mo-
lestias da pelle, ha alguns annos, mas hoje, injusta-
mente ou com razão, fóra de uso.
ANTIMONIO METALLICO , regulo de anti-
monio ( Antimoine métallique, régule d'antimoine ,
fr. ) . Metal de cor branca prateada , de textura lami-
nosa , em pequenos grãos quando é puro , e com
largas facetas quando contém outros metaes ; mui
quebradiço e facil a pulverisar. Existe na natureza
no estado metallico ; mas aquelle que se acha no
148 ANTIMONIO ( SULFURETO DE )
commercio obtem-se do sulfureto de antimonio , e
contém ferro , chumbo e arsenico ; para tê-lo puro
é preciso purifica-lo . Antigamente o antimonio 'me-
tallico era empregado em medicina , mas hoje é
sem uso.
Antimonio cru. V. Sulfureto de antimonio, mais
abaixo.
Antimonio diaphoretico lavado. Bi - antimoniato
de potassa , impropriamente chamado oxydo branco
de antimonio ( Antimoine diaphorétique lavé , bi-
antimoniate de potasse, fr . ) . Sal pulverulento, branco,
insoluvel na agua.
Esta preparação é mui infiel ; anda quasi sempre
unida a uma pequena porção de arsenico, de que
não é possivel despoja-la ; por estas razões deveria
ser banida da materia medica ; entretanto alguns
facultativos a empregão frequentemente como dia-
phoretica e expectorante.
INTERIORMENTE . 10 a 30 grãos em pó ou em loock.
Loock contra-stimulante ( Trousseau ) .
Loock branco 5 onças
Antimonio diaphoretico lavado 1 oitava.
M. Uma colher de sopa de duas em duas horas.
Mexa cada vez que se tomar.
Chlorureto de antimonio ou manteiga de anti-
monio (Chlorure d'antimoine ou beurre d'antimoine,
fr. ) . Sal solido , branco, meio transparente, deliques-
cente, mui caustico, sem cheiro . Ao contacto do ar
absorve-lhe facilmente a humidade , e se transforma
em um liquido oleaginoso , de côr amarellada , e o
seu effeito então nem sempre é infallivel.
Caustico violento, empregado principalmente para
cauterisar as feridas sinuosas feitas por animaes dam-
nados e venenosos . Applica-se por meio de um pincel
feito de panno ou de fios .
Sulfureto de antimonio ( proto ) , ou antimonio
cru ( Sulfure d'antimoine, proto-sulfure d'antimoine
ou antimoine cru , fr. ) . Cristaes compridos prisma-
ticos, em fórma de agulhas, de còr cinzenta azulada ,
de brilho metallico , insoluveis na agua . Existe abun-
dantemente na natureza . Prepara-se nas artes pela
simples fundição do metal ; mas contém sulfuretos
ANTIMONIO ( ENXOFRE DOURADO DE) 149
de chumbo , de ferro, de cobre , e sobretudo sulfureto
de arsenico que lhe póde communicar propriedades
venenosas. Para os usos medicinaes é preciso pre-
para-lo artificialmente, derretendo juntamente n'um
cadinho de terra 2 1/2 partes de antimonio e 1 parte
de enxofre, e augmentando o fogo no fim da opera-
ção para expellir o excesso de enxofre.
Administrado interiormente em forte dóse possue
propriedades emeto - catharticas. Emprega - se para
combater as molestias da pelle .
INTERIORMENTE . 18 grãos a 1 oitava em pó , pilulas
ou em pó suspenso em poção .
Tabellas antimoniaes de Kunkel. (Amendoas do-
ces 2 onças, assucar 13 onças , pó de cardamomo
menor 4 onça , pó de canella 1/2 onça , sulfureto de
antimonio 1 onça , mucilagem de gomma alcatira
q. s. F. tabellas de 18 grãos . ) Cada uma contém
1 grão de sulfureto de antimonio . D. 4 a 10 por dia
e mais, nas molestias da pelle .
Pós de James. Sulfureto de antimonio , pontas de
veado , aná p . ig . Calcine n'um cadinho de ferro e
porphyrise. D. 6 a 10 gr. em pilulas, como diapho-
retico e contra-stimulante .
Pós depurantes de Jaser.
Sulfureto de antimonio
Flores de enxofre
Nitro aná 1 oitava.
Lirio florentino
M. e divida em 12 papeis. D. Um papel de manhãa,
e outro á noite. Molestias da pelle .
Pilulas anti-herpeticas de Kunkel.
Sulfureto de antimonio 1 oitava
Extracto de dulcamara 2 oitavas
F. pilulas de 4 grãos. 2 a 12 por dia. Molestias
da pelle.
Enxofre dourado de antimonio ou hydrosulfato
de antimonio ( Soufre doré d'antimoine ou hydro-
sulfate sulfuré d'antimoine, fr . ) . Pós de còr amarella
alaranjada, sem cheiro nem sabor, insoluveis na agua .
Exicitante , expectorante , diaphoretico ; em dóse
elevada emetico e laxativo . É aconselhado nos ca-
tarrhos pulmonares como expectorante .
150 ANTIMONIO (HYDROSULFATO DE)
INTERIORMENTE . 3 a 20 grãos em pó com assucar,
em loock, ou em pilulas com algum extracto .
Pilulas peitoraes.
Enxofre dourado de antimonio 1 oitava
Scilla 36 grãos
Gomma ammoniaca 1 1/2 oitava
Extracto de polygala 3 oitavas.
F. 72 pilulas. D. 2 a 12 por dia.
Kermes mineral ou hydrosulfato de antimonio
(Kermes minéral ou hydrosulfate d'antimoine, fr .) .
Pós de côr rôxa vermelha , de aspecto avelludado ,
inodoro quando é perfeitamente secco , cheiro um
pouco sulfuroso quando está humido , insoluvel na
agua. Exposto ao ar e á luz perde a sua côr vermelha
e o seu aspecto avelludado .
Em dóse pequena favorece a expectoração, e é em-
pregado nos catarrhos pulmonares, asthma , etc. Em
alta dóse é sudorifico e contra-stimulante, e admi-
nistra-se como tal nas affecções gotosas, rheumatis-
maes e pulmonares . O kermes produz ás vezes
vomitos, e parece que este effeito se declara mais fre-
quentemente quando é a lministrado na dóse de 2 a
3 grãos, do que na de 4 ou 5 grãos .
INTERIORMENTE . Como expectorante 1 a 4 grãos
em emulsão, pó ou pilulas . Como contra-stimulante
2 a 24 grãos, e progressivamente 48 grãos e mais .
Pós contra a coqueluche. 1
Kermes mineral 1 grão
Ipecacuanha 6 grãos.
M. e divida em 6 papeis. D. 1 de duas em duas
horas ás crianças.
Pastilhas peitoraes de Jobard.
Kermes mineral 40 grãos
Scilla 10 grãos
Opio gommoso 12 grãos
Ipecacuanha 24 grãos
Assucar 4 oitavas
Mucilagem de gomma arabica q. b.
F. pastilhas de 12 grãos . D. 2 a 4 por dia.
Loock de kermes .
Loock branco 6 onças
Kermes 2 grãos .
ANTIMONIO ( TARTRATO DE POTASSA E DE) . 151
M. Por colheres . Catarrhos pulmonares.
Poção de kermes contra-stimulante.
Infusão de grelos de laranjeira 6 onças
Gomma alcatira 18 grãos
Kermes mineral 36 grãos
Xarope simples 4 oitavas
Xarope diacodio 4 oitavas.
M. Uma colher de sopa de hora em hora.
Tartaro emetico. Tartaro stibiado , ou simples-
mente Emetico, ou Tartrato de potassa e de anti-
monio, ou Tartrato antimoniado de potassa . ( Tartre
émétique, tartre stibié, émétique, tartrate de potasse
et d'antimoine, ou tartrate antimonié de potasse, fr. ) .
Sal branco, cristallisado em octaedros ou em tetra-
edros meio transparentes, inodoros, de sabor estip-
tico e nauseante, soluvel na agua.
Na dóse de 1 a 4 gráos , diluido em uma ou tres
chicaras d'agua, o tartaro emetico irrita a superficie
gastrica e produz vomitos. Esta irritação póde chegar
até os intestinos delgados , e occasionar dejecções
alvinas. Mas augmentando estas dóses, e repetindo-as
com pouca demora de uma a outra, não se obtem os
mesmos effeitos . Poder- se-hão introduzir no estomago
20 , 24 , 36 grãos e mais por dia , sem provocar vo-
mitos nem diarrhéa. Outros phenomenos não menos
incomprehensiveis se apresentão ao observador : 0
pulso torna-se lento ; bate só 50 a 55 vezes por mi-
nuto ; a transpiração cutanea e a secreção urinaria
augmentão consideravelmente . Esta acção do tartaro
emetico, á qual a escola italiana tem dado o nome de
contra-stimulante, foi aproveitada no tratamento
das pneumonias, e tem produzido curas admiraveis.
O tetano , o rheumatismo articular agudo , as affecções
comatosas, a apoplexia , o narcotismo, a colica de
chumbo, os catarrhos pulmonares , a coqueluche ,
tem muitas vezes cedido ao emprego do emetico.
Applicado exteriormente, goza de propriedades irri-
tantes e revulsivas , de que se tem tirado vantagens
no tratamento da coqueluche, pleuriz , rheumatismo ,
gota, pneumonia e outras affecções do peito .
Subst. incomp. Os acidos concentrados , os oxydos
metallicos da segunda classe, e seus carbonatos, os
152 ANTIMONIO ( TARTRATO DE POTASSA E DE) .
sabões, o tannino, a quina, o rhuibarbo, os vegetaes
amargos e adstringentes, etc. A agua dos poços e
geralmente todas as aguas que contém carbonatos de
cal e magnesia, precipitão lentamente o oxydo de
antimonio e instantaneamente pela ebullição .
INTERIORMENTE , como vomitivo , 4 a 3 grãos n'uma
chicara d'agua fria ou morna , que se administra por
uma vez , ou em duas dóses com um quarto de hora
de intervallo. Facilitão-se os vomitos dando-se a
beber porções de agua morna.
Como purgativo , 1/2 grão até 1 grão em 24 onças
de vehiculo, do qual se toma um copo de hora em
hora.
Como contra-stimulante 6 a 24 grãos no espaço de
24 horas.
Contra a apoplexia , as affecções comatosas , em
clysteres 4 a 8 grãos, em 6 onças d'agua . Contra o
tetano 8 a 12 grãos em poção conveniente.
Vinho emetico ou antimoniado . Cod . fr . (Eme-
tico 36 grãos, vinho de Malaga 18 onças . ) Uma onça
contém 2 grãos de emetico . D. uma onça . Raramente .
EXTERIORMENTE . 12 a 24 grãos sobre um emplasto
de pêz de Borgonha, para produzir uma erupção de
botões.
Pomada stibiada ou d'Autenrieth. (Emetico 4 p.,
banha 2 p . ) Em fricções como revulsivo . Continua-se
o seu emprego, duas a tres vezes por dia, até produzir
erupção dos botões , que se parecem com os das
bexigas.
Pilulas de Pariset.
Emetico 3 grãos
Opio 3 grãos
Gomma alcatira 12 grãos
Xarope q . b.
F. 12 pilulas. D. 4 , duas ou tres vezes por dia, nos
rheumatismos , e como expectorantes nos catarrhos
chronicos.
Poção contra-stimulante (Laennec) .
Tartaro emetico 6 grãos
Infusão de grelos de laranjeira 5 onças
Xarope simples 4 onça.
M. Duas colheres de sopa de duas em duas horas ,
ANTIMONIO (TARTRATO DE POTASSA E DE) . 153
no rheumatismo agudo , pneumonia, e em geral nas
inflammações parenchymatosas.
Poção stibiada (Louis) .
Emetico 6 grãos
Infusão de flor de tilia e grelos de laranjeira 5 onças
Xarope diacodio 1 onça.
M. Duas colheres de sopa de duas em duas horas
na pneumonia.
Poção stibio-opiacea (Peysson) .
Tartaro emetico
Opio } aná 1 grão
Gomma alcatira 24 grãos
Agua commum 8 onças
Agua de flôr de laranja 2 oitavas .
F. S. A. Uma colher de sopa de meia em meia
hora, nas febres intermittentes.
Poção stibio-opiacea (Collin) .
Emetico 8 grãos
Tintura de opio 30 gottas
Agua 8 onças
Xarope simples 2 1/2 oitavas.
M. Duas colheres de sopa de duas em duas horas.
Poção contra o garrotilho.
Emetico 2 grãos
Agua distillada 4 onças
Xarope de ipecacuanha 4 oitavas
Oxymel scillitico 4 oitavas.
M. Uma colher de sopa, de meia em meia hora,
para favorecer a expulsão das membranas .
Bebida emeto-cathartica.
Polpa de tamarindos 2 onças
Agua fervendo q. s. Infunda e côe de modo que se
obtenha 8 onças de liquido . Ajunte :
Emetico 2 grãos
Toma-se em duas dóses, mediante uma hora de
intervallo.
Outra.
Emetico 1 grão
Sulfato de magnesia 4 onça
Agua 24 onças.
Dissolva. Uma chicara de quarto em quarto de
hora.
9.
154 ARNICA.
Emetico em lavagem.
Emetico 4 grão
Agua de vitella , de frango , de cevada ,
agua pura ou caldo de hervas 32 onças .
M. Uma chicara de meia em meia hora como pur-
gante.
Poção emetisada e nitrada (Richter) .
Tartaro stibiado 1 grão
Nitrato de potassa 1 oitava
Infusão de sabugueiro 3 onças
Mel de abelha 4 onça.
M. Uma colher de sopa de hora em hora no pleu-
riz, depois das emissões sanguineas.
Emplasto contra o catarrho pulmonar.
Emplasto de cicuta 2 oitavas
Emplasto de pêz de Borgonha 1 oitava
Emplasto diachylão gommado 1 oitava
Misture, estenda sobre um pedaço de panno , e
pulverise com
Emetico 12 grãos.
Applica-se no peito . Produz uma erupção de botões .
Suppositorio irritante.
Manteiga de cacao 2 oitavas
Aloes 12 grãos
Tartaro stibiado 1 grão .
Faça-se um cone, que se introduz no recto, para
provocar os menstruos ou o fluxo hemorrhoidal.
APIOL (Apiol, fr . ) . Dá-se este nome a um oleo
obtido das sementes da salsa hortense ( Apium petro-
selinum, L.) . É quasi sem côr, de cheiro semelhante
ao da semente pulverisada, sabor acre e picante. Foi
aconselhado contra as febres intermittentes na dóse
de 18 a 36 grãos.
Arilho de noz moscada. V. Moscada.
ARNICA ( Arnica , fr .) . Arnica montana , L.
Planta da Europa ; em Portugal habita nos sitios
humidos e paludosos perto do porto de S. Martinho,
em Antanhol perto de Coimbra, nos montes visinhos
a Guimarães, e outras partes na Extramadura, Beira
e Minho. Fig. 23. Caule de um pé de altura ; folhas
radicaes ovaes - lanceoladas , caulinas menores ,
lineares-lanceoladas ; flôres amarellas ; raiz miuda,
AROEIRA. 155
denegrida por fóra, branca por dentro ; sabor amargo,
cheiro forte. P. us . Flores e raizes.
É aconselhada nas febres adynamicas, tosses con-
vulsivas, rheumatismo chronico , amaurose e para-
lysia . Em alta dóse provoca vomitos e dejecções
alvinas. Se a dóse é bas-
tante forte , manifestão-se
vertigens, calefrios , movi-
mentos involuntarios nas
pernas, fraqueza nos bra-
ços ; a pelle fica pallida, o
pulso fraco e lento . Os seus
effeitos parecem- se um
pouco com os de algumas
plantas narcotico - acres .
Segundo Giacomini , a
acção desta planta é hy-
posthenisante- vascular ´e
espinhal . É um remedio.
popular contra as conse-
quencias das quédas e das
contusões.
Subst. incomp. O sulfato
de ferro, de zinco, o ace-
tato de chumbo , os acidos Fig. 23. - Arnica.
mineraes, etc.
INTERIORMENTE . Pó 6 a 36 grãos. Infusão : Ar-
nica meia oitava, agua fervendo 16 onças. Ponha de
infusão por meia hora ; côe por um panno de tecido
cerrado ou por um papel pardo , para separar as par-
ticulas das flores que, fixando-se no fundo da gar-
ganta, provocão tosse. Tintura, 1 escropulo até meia
oitava em alguma poção .
EXTERIORMENTE. Infusão em lavatorios, fomenta-
ções, etc.
AROEIRA. Schinus areira . Velloso . Arvore do
Brasil. Folhas pinnatas, foliolos ovaes, dentados, de
sabor amargoso e um pouco adstringente ; flôr miuda
branca amarellada ; casca avermelhada , coberta de
uma epiderme cinzenta , de sabor adstringente e
cheiro resinoso . P. us . Casca. Adstringente.
156 ARRUDA .
INTERIORMENTE . Infusão : 3 oitavas para 12 onças
d'agua fervendo.
EXTERIORMENTE. Decocção . Em banhos, lavato-
rios, etc.
ARROZ ( Riz, fr. ) . Sementes da Oryza sativa, L.,
planta cultivada em todos os paizes quentes.
Emolliente, frequentemente empregado nas inflam-
mações do tubo digestivo .
INTERIORMENTE. Decocção . Arroz 3 oitavas, agua
q, s . para ter 12 onças de decocto, ao qual se ajunta
qualquer xarope, assucar ou sumo de limão .
ARRUDA ( Rue , fr.) . Ruta graveolens , L. Planta
que na Europa habita de preferencia nos montes cal-
calcareos ; no Brasil é cultivada nos jardins. Fig. 24 .

Fig. 24. — Arruda.


Caule, 3 a 4 pés de alto ; folhas glaucas, foliolos cu-
neiformes ; flores amarellas , cheiro forte. P. us. Toda
a planta, mas principalmente as folhas.
ARSENICO ( ACIDO ARSENIOSO ) . 157
Estimulante, anthelmintico, emmenagogo . Empre-
gada na amenorrhéa, chlorose e hysterismo.
INTERIORMENTE. Pó 12 a 48 grãos . Infusão :
4 oitava para 12 onças d'agua fervendo . Extracto
12 a 24 grãos. Oleo essencial 2 a 10 gottas em poção .
Arseniato de ammoniaco. V. pag. 459 .
Arseniato de ferro . V. pag. 159 .
Arseniato de soda. V. pag. 160 .
ARSENICO (Arsénic, fr .) . Metal solido e fragil,
de còr cinzenta escura ; não se emprega na medi-
cina, e não deve ser confundido com o acido arse-
nioso, que tambem no commercio chama-se arsenico .
Veja-se Acido arsenioso , que segue.
Acido arsenioso ou oxydo branco de arsenico , ou
arsenico do commercio (Acide arsénieux , oxyde
blanc d'arsenic ou arsenic du commerce, fr.) . Acha-se
em dous estados no commercio, em pós brancos e
em pedaços ; é de sabor acre e corrosivo , deixando
na lingua um resaibo adocicado ; soluvel na agua ;
lançado sobre brasas volatilasa-se com um cheiro de
alho mui pronunciado.
O oxydo de arsenico e todas as outras composições
arsenicaes são perigosas para todos os entes vivos .
Para o homem o oxydo de arsenico é venenoso na
dose de alguns grãos . A sua acção é hyposthenisante ,
contra-stimulante ou antiphlogistica. Eis-aqui os
symptomas que provoca o acido arsenioso e as ou-
tras preparações arsenicaes administradas interior-
mente em grande dose : sabor acerbo e metallico ,
máo halito, constricção da garganta, soluços, syn-
cope, resfriamento do corpo, dôr de estomago, sêde,
salivação , vomitos , dejecções alvinas frequentes ,
urinas raras e ensanguentadas, prostração, delirio ,
pulso pequeno, convulsões e a morte. Tem sido en-
tretanto empregado em pequenas dóses em algumas
febres intermittentes rebeldes á quina, nas nevralgias
periodicas, affecções cancrosas, certas molestias da
pelle , principalmente na morphéa. Externamente
serve para cauterisar as ulceras cancrosas, mas exi-
ge-se muita precaução tanto no seu imprego interno
como externo. Quando se tiver de recorrer a esta
substancia, é melhor administra-la interior do que
458 ARSENICO ( ACIDO ASRENIOSO ) .
exteriormente, pois que no primeiro caso póde-se-
The limitar a dóse, entretanto que no segundo a ab-
sorpção póde introduzir na economia uma quantidade
maior do que se julgava.
Subst. incomp. A agua de cal, o sulfureto de po-
tassio, a decocção de quina , etc.
INTERIORMENTE . 1/16 a 1/8 de grão por dia em
pilulas, ou em dissolução em agua distillada .
EXTERIORMENTE . Massa caustica de Rousselot
(Oxydo branco de arsenico 1 p. , sulfureto rubro de
mercurio pulv. 16 p . , sangue de drago 8 p . ) . Faz-se
com agua uma massa bastante extensa para poder
cobrir a ulcera cancrosa.
Pós do Frei Cosme (Pós de carvão animal 4 es-
crop. , sangue de drago 2 oit , arsenico branco 6 oit . ,
cinabrio 3 oit . ) . Applica-se da mesma maneira .
Nota. Indicamos estas duas preparações para dizer
que devem ser proscriptas do uso medico, pois que
a sua applicação sobre as feridas tem já occasionado
a morte.
Pós arsenicaes febrifugos ( Boudin) .
Acido arsenioso 4/5 de grão
Assucar de leite 20 grãos .
Misture exactamente , e divida em 20 papeis . Cada
papel contém 1/400 parte de grão de acido arsenioso.
Toma-se 1 papel, dissolvido n'uma colher d'agua
fria, cinco ou seis horas antes do accesso da febre.
Esta preparação convem tambem nas affecções sy-
philiticas inveteradas.
Pilulas asiaticas .
Acido arsenioso pulv. 2 grãos
Pimenta da India 18 grãos.
Triture por muito tempo estas duas substancias
em almofariz de ferro, e ajunte :
Gomma arabica 4 grãos
Alcaçuz em pó 2 escrop.
Agua q. b.
F. 24 pilulas. (Cada uma contém 1/12 gr. de arse-
nico.) . D. 4 por dia. Morphéa.
Solução arsenical (Boudin) .
Acido arsenioso 1 grão
Agua distillada 46 onças.
ARSENICO ( ARSENITO DE POTASSA ) . 159
Dissolva. Uma onça ou duas colheres de sopa con-
tém 1/16 de grão de acido arsenioso .
D. Principia-se o tratamento das febres intermit-
tentes pela administração de 4 onça desta solução ,
cinco a seis horas antes do momento supposto do
accesso. Ha uma grande vantagem em dar antes desta
dóse um vomitorio ( ipecacuanha 18 gr., tartaro sti-
biado 2 gr. ) . Logo que a febre fòr atalhada , dimi-
nue-se progressivamente a dóse , passando a 4 oit . e
depois à 1 oit. da solução .
Na syphilis rebelde e molestias da pelle, principia-
se por uma onça desta solução por dia, até o doente
chegar progressivamente a tomar 1/3 parte de grão , e
mesmo até 1/2 grão de acido arsenioso por dia .
Arseniato de ammoniaco ( Arseniate d'ammonia-
que, fr. ) . Sal branco, cristallisado em prismas rhom-
boidaes, soluvel na agua.
Venenoso ; empregado internamente nas molestias
da pelle, na dose de 1/16 a 1/8 de grão por dia, dis-
solvido em agua distillada.
Licor arsenical de Biett.
Arseniato de ammoniaco 8 grãos
Agua distillada 8 onças.
M. D. 12 gottas até 1 oitava progressivamente por
dia, em meia chicara d'agua . Molestias da pelle.
Arseniato de ferro (Arseniate de fer, fr. ) . Sal ver-
doengo, insoluvel, alteravel no ar .
Venenoso ; empregado interiormente nas moles-
tias da pelle, na dóse de 1/16 de grão por dia , em
pilulas.
Pilulas de arseniato de ferro (Biett) .
Arseniato de ferro 3 grãos
Extracto de lupulo 1 oitava
Pós de althéa 36 grãos
Xarope de flor de laranja q. s.
F. 48 pilulas . Cada uma contém 1/16 de grão de
arseniato. D. 4 por dia . Lepra e outras molestias da
pelle.
Arsenito de potassa ( Arsénite de potasse , fr. ) .
Sal liquido, sem côr, inodoro, soluvel na agua ; sa-
bor acre .
160 ARTEMISIA.
Aconselhado na lepra, morphéa, syphilis invete-
rada , tico doloroso , mordeduras de cobras, e febres
intermittentes rebeldes ; mas o seu emprego exige
muita prudencia.
INTERIORMENTE . 1/18 a 1/6 gr. duas vezes por dia .
Licor arsenical de Fowler.
Acido arsenioso 5 partes
Carbonato de potassa 5 partes
Agua distillada 500 partes .
Ferva em capsula de vidro a banho-maria até á
completa dissolução ; depois de fria ajunte :
Alcoolato de melissa composto 16 p. , côe e ajunte
q. b. d'agua distillada para que o todo dê 500 p.;
desta maneira o licor conterá uma centesima parte
do seu peso de acido arsenioso, ou a quinquagesima
de arsenito de potassa . D. 4 a 12 gottas duas vezes
por dia, em duas colheres d'agua , contra os dartros,
cancros, etc. - 72 gottas, que pesão 50 grãos , con-
tém 1 grão de arsenito de potassa .
Arseniato de soda (Arséniate de soude, fr . ) . Sal
branco, transparente, cristallisado em prismas hexae-
dricos, soluvel na agua.
Venenoso ; empregado interiormente nas molestias
da pelle na dóse de 1/16 a 1/6 de grão por dia, em
dissolução ou em pilulas .
Pilulas de arseniato de soda (Biett ) .
Arseniato de soda 4 grão
Extracto de cicuta 12 grãos .
F. 12 pilulas. D. 4 a 2 por dia.
Molestias da pelle.
Soluto de Pearson ou Licor arsenical de Pearson.
Arseniato de soda 4 grão
Agua distillada 4 onça.
M. D. 1 escropulo até 1 oitava por dia em vehi-
culo . Uma oitava contém 1/8 gr. de arseniato.
ARTEMISIA ou Artemija (Armoise, fr. ) . Arte-
misia vulgaris, L. Planta mui commum nos lugares
incultos da Europa : habita tambem no Brasil . Caule
erecto de dous pés ; folhas por cima verdes, glabras,
por baixo cinzentas, cotanilhosas ; flores avermelha-
ASSACÚ. 464
das. As folhas tem cheiro forte, sabor amargo. P. us .
Folhas e summidades .
Emmenagogo, anti-hysterico, aconselhado tambem
contra a epilepsia.
INTERIORMENTE. Pó 36 gr . até 1 oit . Infusão 1 oit.
para 12 onças d'agua fervendo . Xarope 2 oitavas a
2 onças. Extracto 36 gr . até 4 oitava .
Clyster de artemisia , Artemisia 3 oit., agua fer-
vendo q. s. para ter 12 onças de infusão .
Fumigação de artemisia. Artemisia 1 1/2 onça ,
agua fervendo 6 libras . O vapor dirige-se ás partes
genitaes. Para provocar mestruação .
ASSACÚ ou Uassacú . Hura brasiliensis, Wilde-
now. Arvore do Brasil . Pela incisão se extrahe desta
arvore um sumo gommoso branco pardacento , ou
branco avermelhado, que se condensa e solidifica
com difficuldade e vagar ; o condensado é escuro
pardacento, com o aspecto mais de gomma que de
resina, e mui soluvel em agua ; o soluto readquire a
cor que tinha no estado de sumo quando extrahido
da arvore, e com o mesmo cheiro, porém menos pro-
nunciado.
O sumo chamado tambem leite, e o cozimento da
casca de assacú são recommandados no curativo da
morphéa, porém devem empregar-se com muita cau-
tela por serem venenosos em dose elevada .
Uma commissão de medicos do Pará apresentou
em 26 de Dezembro de 1847 um relatorio em que
demonstra a utilidade do assacú para curar a mor-
phéa. Dizem que nos primeiros dias do uso do re-
medio é espantosa a melhora que experimentão os
doentes ; depois parece que a molestia fica , senão
estacionaria, ao menos soffrendo mui lenta modifica-
ção . Os doentes que estão em curativo affirmão que
no dia em que tomão o remedio sentem formigueiros,
e lhes parece que corre um fluido tenue em diffe-
rentes lugares da pelle, sempre da superficie do
corpo para o centro . Outrosim dizem que sentem
vibrações semelhantes ás da electricidade , porém
frouxas e compassadas .
Empregão-se interiormente as pilulas de sumo e
462 ASSAFETIDA .
o cozimento da casca ; exteriormente a decocção da
casca em banhos.
O methodo de tomar o remedio que se usa no Pará
é como se segue :
O doente principia por tomar um cozimento que
recebeu o nome de vomitorio, e que se prepara da
maneira seguinte :
Casca de assacú cortada e contusa, 1/2 onça ;
ferve-se em 10 onças d'agua até que fique reduzida
a 6 onças, e junta-se-lhe leite de assacú 12 gottas. O
doente bebe em duas ou tres vezes este cozimento ,
que lhe provoca bastantes vomitos.
Este cozimento vomitivo se repete de oito em oito
dias. Durante os oito dias que constituem o inter-
vallo entre cada vomitorio , o doente usará das pilu-
las feitas com uma sexta parte de grão até um grão
de sumo e algum pó inerte, como alcaçuz ; tomando
uma até cinco pilulas por dia , o que se regulará
pelo effeito emetico ou purgativo que ellas produzi-
rem . O doente tomará, além disto , 1/2 libra do cozi-
mento ligeiro por dia, preparado com 24 até 36 grãos
de casca e quanto baste de agua.
De dous em dous dias o doente tomará um banho
do corpo todo, preparado com duas libras de casca
de assacú e quantidade sufficiente d'agua. No dia
em que não tomar banhos geraes usará de lavatorios
de cozimento que se prepara com 2 oitavas de casca
e uma libra d'agua.
Os doentes terão muito cuidado em que lhes não
cáião nos olhos algumas porções de qualquer dos re-
medios acima indicados.
ASSAFETIDA ( Asa fœtida, fr. ) . Succo gommo-
resinoso que se obtem por meio de incisões pratica-
das sobre as raizes da Ferula assa fætida, L. , planta
que habita na Persia. Fig . 25. Massas agglutinadas,
de côr rôxa, com pontos brancos e violetes, amolle-
cendo com o calor, cheiro fetidissimo, sabor amargo ;
soluvel em agua, alcool, ether, vinagre e gemma
de ovo .
Em alta dóse irrita o canal intestinal , em pequena
é antispasmodico e administra-se no hysterismo,
ASSAFETIDA. 463
asthma, vomitos nervosos, colicas nervosas, nevral-
gias, e outras affecções spasmodicas. Alguns medicos
The tem achado propriedades emmenagogas e vermi-
fugas . Giacomini consi-
dera a assafetida como
um remedio hyposthe-
nisante espinhal. Uma
substancia de um chei-
ro e sabor tão detes-
tavel, não poderia ser
tomada pela bocca em
poção, e por isso admi-
nistra-se com prefe-
rencia em pilulas ou
clysteres.
INTERIORMENTE.
10 grãos até 1 oit. , em
pilulas , ou 4 oit . até
2 oit. em clyster. Tin-
tura escrop . até 2 oit.
e mais em poção con-
veniente. Tintura ethe-
rea 20 a 30 gottas.
Pilulas
de assafetida .
Assafetida 2 oit.
Sabão medicinal 4 oit.
Oleo de funcho 6 got.
F. 72 pilulas. Cada
uma contém 2 gr. de
assafetida. D. 20 a 30
por dia. Fig. 25. - Assafetida .
Pilulas de assafetida compostas.
Assafetida
Extracto de valeriana | aná 1 oitava.
F. 72 pilulas . D. 20 a 30 por dia .
Bolos antispasmodicos (Brera) .
Assafetida
Castoreo | aná 1 oitava .
F. 18 bolos . D. 3 a 48 por dia.
Pilulas antispasmodicas (Campana) .
Assafetida 2 oitavas
164 AVENCA DO CANADA.
Almiscar
Alcanfor aná 1 oitava
Ambar gris 36 grãos.
F. 100 pilulas. D. 6 a 12 por dia .
Clyster de assafetida.
Ássafetida 4 oitava
Gemma de ovo n° 1
Agua quente 6 onças.
F. S. A. Colicas nervosas.
ATANASIA, tanasia ou tanaceto ( Tanaisie, fr. ) .
Tanacetum vulgare, L. Planta mui commum na Eu-
ropa. Caules muitos de uma só raiz , folhas serreadas,
flores amarelladas, cheiro forte. P. us . Summidades
e sementes .
Anthelmintico , tonico e excitante .
INTERIORMENTE. Infusão : 2 oit. para 12 onç . d'agua
fervendo, que se emprega em bebida ou em clyster .
Atropina. Alcali extrahido da belladona . V. p . 176 .
AVEIA (Avoine, fr. ) . Sementes da avena sativa,
L., planta cultivada em toda a Europa . São pontudas
na sua extremidade, pericarpo branco ou preto, pa-
renchyma branco, adocicado. Emolliente, empregado
nas phlegmasias .
EXTERIORMENTE. Decocção : 3 oit. para ter
12 onças de decocto .
Tisana de aveia solutiva.
Aveia 2 onças
Raiz de almeirão 4 onça
Senne 6 oitavas
Casca de limão 2 oitavas
Agua q. s. para ter 22 onças
de cozimento ; ajunte :
Nitro 1/2 oitava
Cremor de tartaro 4 escropulos
Xarope simples 2 onças .
Uma chicara de meia em meia hora, como purgante .
AVENCA DO CANADA ou capillaria ( Capil-
laire, fr. ) . Adiantum pedatum , L. Planta que habita
na Virginia e no Canadá. Foliolos pinnados , oblon-
gos , e representando como uma metade da folha ;
peciolos mui glabros . Fig . 26. P. us. Expansões
foliaceas . Emolliente , peitoral .
AVENCA DO CANADA. 165

Fig. 26. 1 Avenca do Canadá.


166 AZEDA.
INTERIORMENTE. Infusão, 1 oitava para 12 onças
d'agua fervendo . Xarope de avenca, ou Capillé.
(Capillaria 6 onças, agua fervendo 48 onças, assucar
64 onças. ) Ponha de infusão na agua os dous terços
da capillaria , ajunte o assucar, e faça o xarope que
se clarifica com clara de ovo ; quando estiver cozido ,
deite o xarope fervendo no banho-maria sobre o resto
da capillaria ; ponha de infusão por duas horas e còe .
Cod . fr. D. 1 à 2 onças.
No Brasil existem muitas especies de avenca . As
suas folhas tem cheiro agradavel e sabor doce, um
pouco estiptico : são peitoraes e administrão - se sob
a fórma de xarope . A especie mais commum nos
arredores do Rio de Janeiro é adiantum reptans,
St. Hilaire ; tem os foliolos obovatos, cuneiformes,
muito maiores do que os da avenca do Canadá ;
apice denticulato . As outras especies do Brasil são
adiantum reflexum, A. radiatum, A. subcordatum,
St. Hilaire, etc.
AYAPANA. Eupatorium ayapana , Ventenat.
Esta planta é espontanea nas provincias do norte do
Brasil; nas provincias do sul é cultivada nos jardins .
Folhas lanceoladas , estreitas , marcadas com duas
linhas lateraes, cheiro aromatico, sabor um pouco
amargo . A infusão das folhas é um poderoso sudo-
rifico.
INTERIORMENTE . Infusão, 1 oitava para 12 onças
d'agua fervendo.
EXTERIORMENTE . O succo , espremido das folhas
frescas , applica-se com vantagem nas ulceras chro-
nicas.
Azebre. V. Aloes , pag. 123 .
AZEDA ( Oseille , fr. ) . Rumex acetosa , L. Planta
commum nos prados de Portugal ; no Brasil cultiva-
se nas hortas. Folhas ovaes, obtusas , azedas ; flores
esverdinhadas . P. us . Folhas.
Temperante e refrigerante .
INTERIORMENTE. Decocçao A onça para ter 42 onças
de cozimento .
Caldo de hervas . R. Azedas frescas , 4 onça ; fo-
lhas frescas de alface, de acelga, de cerefolio , aná
BALSAMO DA MEGA. 167
1/2 onça ; agua , 20 onças ; ferva e ajunte manteiga
e sal , aná 18 grãos . Côe. Refrigerante e laxante .
AZEITE ou azeite doce ( Huile , fr .) . Oleo extra-
hido das azeitonas , fructos da oliveira , Olea Europea,
L., arvore cultivada na Europa meridional . Fig. 27.
- Na dóse de muitas
colheres occasiona dejec-
ções alvinas ; em pequena
quantidade produz effei-
tos emollientes . É recom-
mendado nas inflamma-
ções do apparelho respi-
ratorio , nas colicas
dysenteria , envenena-
mento pelas substancias
acres, e como vermifugo .
Giacomini , que attribue
ao azeite doce uma acção
hyposthenisante, aconse-
lha o seu uso interior e
exteriormente na asthma,
pneumonia, pleuriz , ne-
phrite, cystite, ischuria,
stranguria , metrite , te-
tano, gota, rheumatismo,
peritonite.
INTERIORMENTE. 1 a
2 onças e mais em poção
ou n'um clyster d'agua
morna. Fig. 27. -- Oliveira.
EXTERIORMENTE. Em fricções e como vehiculo de
diversos linimentos.
Clyster oleoso.
Decocção de raiz de althéa 5 onças .
Azeite doce 2 onças .
Mel de abelha 1 onça .
M.
Azotato de prata. V. Nitrato de prata.
Azougue. V. Mercurio.
Balsamo de copahiba. V. Copahiba.
BALSAMO DA MECA ( Baume de la Mecque,
fr. ) . Liquido branco-citrino , ficando com o tempo
168 BALSAMO PERUVIANO.
amarello e mais ou menos consistente, até solido,
de cheiro suave, sabor amargo e adstringente . Obtem-
se pelas incisões praticadas no tronco e ramos do
Amyris opobalsamum, L. , arbusto da Arabia.
Estimulante ; empregado nos catarrhos chronicos
dos pulmões e da bexiga .
INTERIORMENTE . 8 gottas a 1/2 oitava em pilulas
ou emulsão . Tintura 1 a 2 oitavas.
BALSAMO PERUVIANO ou do Perú ( Baume
du Pérou , fr .) . Succo obtido da Myroxylum perui-
ferum. L., arvore da America meridional. Fig. 28.

Fig. 28. — Myroxylum peruiferum.


Côr rôxa escura, consistencia de xarope, ás vezes
meio solida, cheiro suave.
Estimulante, empregado interiormente nos catar-
rhos pulmonares chronicos, asthma, catarrhos da
BALSAMO DE TOLU. 469
bexiga, blennorrhagias, etc. Exteriormente no cura-
tivo das ulceras.
INTERIORMENTE. 12 gr . até 4 1/2 oitava em pilu-
las ou emulsão , dissolvido por meio de mucilagem
ou de gemma de ovo . Xarope 1 a 2 onças . Tintura
1 a 2 oitavas em poção.
Poção peitoral.
Balsamo peruviano 1 1/2 oitava
Mucilagem de gomma arabica 1 onça
Agua de canel la
} aná 2 onças
Agua pura
Xarope simples 1 onça.
F. S. A. uma poção. D. Uma colher de sopa de
hora em hora.
Linimento para as rachas do seio.
Manteiga de cacáo 1/2 onça
Balsamo peruviano 30 gottas.
BALSAMO DE TOLU ( Baume de tolu , fr. ) . Ex-
trahido da Myrospermum ioluiferum, D. C. , arvore
da America meridional. Solido, côr amarella rôxa ,
sabor quente e adocicado, cheiro suave .
Estimulante, empregado principalmente nos catar-
rhos pulmonares .
INTERIORMENTE . 6 a 36 gr . e mais em pilulas ou
emulsão. Xarope 1 a 2 onças . Tintura 1 a 2 oitavas.
Pilulas balsamicas ( Chabrely) .
Balsamo de tolu 2 oitavas
Estoraque 1 1/2 oitava
Carbonato de magnesia q. s.
F. 36 pilulas. Duas pilulas tres vezes por dia, na
incontinencia de urina .
Electuario balsamico de Barthez.
Xarope de balsamo de tolu 1 onça
Xarope diacodio 2 oitavas
Conserva de rosas 4 onças.
M. Cinco a seis colheres de chá por dia na hemop-
tyse.
Emulsão balsamica.
Balsamo de tolu 3 oitavas
Balsamo da Meca 8 gottas
Amendoas doces 4 oitavas .
40
170 BARDANA .
Triture e ajunte :
Cozimento de cevada 18 onças
Assucar 6 oitavas.
D. Uma chicara de duas em duas horas. Catarrhos
pulmonares.
EXTERIORMENTE. Tintura etherea de tolu (Balsamo
de tolu, 1 p.; ether, 4 p.; dissolva n'um frasco ta-
pado) . Faz-se respirar esta dissolução nos catarrhos
pulmonares, aphonia, affecções nervosas do peito, etc.
BARDANA (Bardane , fr. ) . Arctium lappa, L.
Planta commum em Portugal : habita pelos montu-

Fig. 29. Bardana.


ros , caminhos , fundos dos montes. nos sitios um
tanto humidos e sombrios ; cresce tambem sem cul-
tura no Brasil . Fig. 29. Raiz fusiforme , da grossura
de um dedo , fusca por fóra, branca por dentro, um
BAUNILHA. 474
pouco amarga ; caule de 4 a 6 pés, avermelhado ;
folhas cordiformes, cotanilhosas ; flores violetes ou
azues. P. us . Raiz.
Tonico e sudorifico, empregado em infusão no tra-
tamento dos dartros , sarna e syphilis.
INTERIORMENTE . Infusão : 3 oitavas para 12 onças
d'agua fervendo .
Baririço . V. Mariricó .
BAUNILHA (Vanille, fr.) . Vanilla aromatica,
Sw. Cipó que cresce espontaneamente nos matos do
Brasil, Mexico e Perú . Fig. 30. P. us . Fructos . São

Fig. 30. - Baunilha.


bagens longas de 4 a 9 pollegadas , de côr rôxa, um
pouco curvadas nas extremidades ; polpa interior
denegrida ; contendo grande numero de sementes ;
cheiro suave, sabor quente. A planta tem o caule
reptante, folhas lustrosas ; flôres purpureas.
Estimulante, aphrodisiaco, emmenagogo, diuretico .
172 BELLADONA.
INTERIORMENTE . Pó 15 gr . até 1 oitava com duas
partes de assucar. Tintura 1/2 a 1 oitava em poção .
Xarope 1/2 a 1 onça em poção.
BELLADONA ( Belladone , fr .) . Atropa bella-
dona, L. Planta mui commum na Europa. Fig. 31 .
Caule de 2 a 3 pés ; folhas ovaes, grandes, verdes no
estado fresco , rôxas ou amarelladas sendo seccas ;
flôres de côr rôxa ; fructo ao principio verde, depois
vermelho, emfim preto ; raizes de côr parda amarel-
lada no exterior, brancas interiormente ; cheiro viroso.
P. us. Folhas, fructos e raizes.

Fig. 31 . - Belladona.
A escola franceza classifica a belladona como nar-
cotica, a escola italiana como hyposthenisante cepha-
lica da primeira ordem. Emprega-se esta substancia
nas colicas spasmodicas, tosses nervosas, asthma ,
coqueluche, tico doloroso da face, enxaqueca, tetano,
incontinencia de urina dos adultos e das crianças,
BELLADONA. 473
nevralgias que occupão os tegumentos do craneo,
dôres uterinas, ileo, convulsões, epilepsia , dores
nervosas de dentes e de ouvidos, amaurose, gota,
rheumatismo agudo , hydrophobia, nas inflammações
dos pulmões, e como preservativo da escarlatina.
Em dóse elevada, isto é, até que produza vertigens.
foi empregada com vantagem nas ophthalmias inten-
sas. Esta planta exerce sobre a iris uma acção parti-
cular, da qual resulta uma dilatação da menina dos
olhos . Servem -se desta acção antes da operação da
cataracta, e para isto instillão-se algumas gottas da
solução do seu extracto, entre as palpebras, uma hora
antes da operação . O extracto de belladona empre-
ga-se exteriormente com bom exito na rijeza spas-
modica do collo uterino, durante o parto, e para
vencer as contracções do anus e do canal da uretra .
Em alta dóse a belladona é um veneno narcotico
acre ; produz vertigens , seccura e constricção da gar-
ganta, perturbação da vista, dilatação enorme das
meninas dos olhos, delirio ; depois, se a substancia
foi dada na dóse toxica, segue-se agitação, fraqueza
extrema, resfriamento do corpo, e morte.
INTERIORMENTE . Pó 1 a 12 grãos . Infusão : 6 grãos
de folhas para 2 onças d'agua fervendo. Extracto
1/2 a 4 grãos . Tintura alcoolica ( a melhor prepa-
ração) 6 a 30 gottas em poção . Tintura etherea, as
mesmas dóses. Xarope 1/2 a 1 onça .
EXTERIORMENTE . Infusão : 2 oitavas para 12 on-
ças d'agua fervendo, em fomentações. Ésta infusão
com q. s. de farinha de linhaça constitue uma cata-
plasma calmante util em um grande numero de casos
nevralgicos.
Pós contra a coqueluche ( Sandras) .
Pós de raiz de belladona 1 grão
Assucar 5 grãos .
M. D. Uma semelhante dóse de manhãa e de noite
as crianças menores de 4 anno ; dóses de manhãa
e 2 de noite ás menores de 3 annos ; 4 ás crianças de
mais idade, e 8 aos adultos .
Pilulas de belladona.
Extracto de belladona 4 grãos
Arrobe de sabugueiro 12 grãos.
10.
174 BELLADONA.
Faça 16 pilulas . D. 2 a 3 pilulas por dia na coque-
luche dos adultos .
Pilulas odontalgicas .
Extracto de belladona
Extracto de meimendro aná 2 grãos
Opio }
Pos de pyrethro 4 grãos
Essencia de cravo da India 4 gottas.
F. 4 pilulas. Põe-se uma destas pilulas na cavidade
do dente cariado para acalmar as dôres.
Julepo calmante (Baron ) .
Gomma alcatira 8 grãos
Extracto de belladona 2 grãos
Extracto de opio 1/2 grão
Infusão de flôres peitoraes 3 onças
Agua de flôr de laranja 1/2 onça
Xarope de althéa 1 onça.
F. S. A. — D. Uma colher de chá, duas vezes por
dia, ás crianças de um anno ; duas colheres de chá,
duas vezes por dia, ás crianças de 2 annos ; tres
colheres de chá ás crianças de tres annos ; e assim
por diante tantas colheres de chá, duas vezes por dia,
quantos annos tem o doente. Coqueluche.
Poção preservativa da escarlatina.
Tintura de belladona 1 oitava
Agua commum 4 onças
Agua de hortelãa- pimenta 7 oitavas
Xarope de gomma 1 onça .
Misture. Esta poção administra-se de manhãa em
jejum, uma vez por dia , e por espaço de 12 dias, na
dose de uma colher de chá para as crianças de 4 a
4 annos ; duas colheres de chá para as de 4 a 10 an-
nos ; uma colher de sopa para as de 10 a 15 annos ;
duas colheres de sopa para as pessoas de 15 a 20 an-
nos ; e tres colheres de sopa para as de idade de
20 annos para cima.
Pomada de belladona.
Extracto de belladona 1 parte
Banha de porco 8 p.
M. Empregada nos estreitamentos espasmodicos
da uretra, no phimosis, paraphimosis , e para obter a
relaxação do collo uterino.
BELLADONA . 175
Clyster de belladona.
Folhas seccas de belladona 12 grãos
Agua fervendo 6 onças.
Ponha de infusão e côe. Para combater a contrac-
ção espasmodica que se oppõe ás vezes á introducção
da sonda na bexiga .
Collyrio narcotico (Foy) .
Extracto de belladona 4 grãos
Extracto de opio 2 grãos
Infusão de folhas de meimendro 4 onças .
M.
Collyrio de belladona.
Extracto de belladoua 4 oitava :
Agua q. s. para ter uma solução de consistencia
de xarope. Molha-se um pincel nesta mistura, e se
applica ao redor do olho sobre a palpebra inferior e
superior, uma vez por dia, nas ophthalmias agudas .
Emplasto de belladona (Planche) .
Extracto de belladona 9 oitavas
Resina elemi 2 oitavas
Cera 1 oitava .
Depois de dissolvida a cera e a resina, incorpore
o extracto. Tumores dolorosos .
Fumigação calmante (Furster) .
Infusão quente de salva 16 onças
Folhas de belladona 1 oitava.
Introduza n'um vaso , e faça inspirar o vapor aos
tisicos , mas principalmente ás crianças affectadas da
coqueluche.
Cataplasma narcotica.
Pòs de folhas de belladona
de cicuta
de meimendro aná 1/2 onça
- de herva moura
Farinha de linhaça
aná q. s.
Decocção de dormideiras
M. Colicas nervosas, tumores dolorosos , etc.
Unguento populeão (Cod. fr. )
Gomos seccos de choupo 12 onças, folhas frescas
de dormideira , de belladona , de meimendro , de
herva-moura aná 8 onças, banha 64 onças . Ferva as
folhas com a banha até à consumpção da humidade ,
176 BENJOIM.
ajunte o choupo , e deixe de infusão por 24 horas.
Empregado em uncções como calmante nas hemor-
rhoidas.
Linimento contra as hemorrhoidas (Buchan) .
Unguento populeão 1 onça
Laudano de Sydenham 2 oitavas
Gemma de ovo N° 1 .
F. S. A.
Balsamo tranquillo (Cod . fr.) .
Folhas frescas de belladona , de meimendro, de
herva moura, de tabaco, de figueira do inferno , de
dormideira aná 4 onças, azeite doce 96 onças. Ferva
até á consumpção da humidade, côe e deite o azeite
quente sobre summidades seccas de absinthio , de
hysopo, de alfazema, de manjerona, de costo, de
hypericão , de arruda, de salva , de thymo , flôres sec-
cas de sabugueiro, de alecrim, aná i onça . Còe de-
pois de um mez de maceração . Empregado em fric-
ções nas dores rheumaticas e outras .
Atropina. Alcali vegetal extrahido da belladona . É
em cristaes delgados , leves , lustrosos, brancos, sem
cheiro ; sabor amargo . Dissolve-se facilmente em
alcool ; é um pouco soluvel na agua . É uma substan-
cia extremamente activa . Na dose de 1/5 de grão póde
determinar no homem todos os graves accidentes das
plantas solaneas virosas , delirio , resfriamento da
pelle, syncope, perturbação da vista, aphonia.
INTERIORMENTE , a atropina é aconselhada nos mes-
mos casos em que se administra a belladona, na dóse
de 4/40 de grão.
EXTERIORMENTE . Pelo methodo endermico 1/10 de
grão por dia, sobre a pelle recentemente despida do
seu epiderme.
BENJOIM ( Benjoin , fr.) . Balsamo extrahido da
Styrax benjoin, Dryander, arvore que habita na Su-
matra . Solido, fragil, de côr rôxa, cheiro agradavel .
Empregado como estimulante nos catarrhos pulmo .
nares, asthma, atonia dos orgãos digestivos. Lançado
sobre brasas, o benjoim produz um vapor espesso ,
que se tem mostrado mui util nas affecções pulmo-
nares, inflammações articulares chronicas, tumores
indolentes, etc.
BISTORTA. 177
INTERIORMENTE . 10 a 36 grãos em po ou pilulas.
Tintura 1 a 2 oitavas em poção . Xarope 2 oitavas a
4 onça.
EXTERIORMENTE. Em fricções. Deita-se uma certa
quantidade de benjoim sobre as brasas, e recolhe-se
o vapor em um pedaço de baeta, com a qual se pra-
ticão as fricções . Em fumigações . Este vapor faz-se
respirar ao doente , ou se dirige sobre a parte affec-
tada.
Leite virginal. (Tintura de benjoim , 1 p.; agua
de rosas 40 p. ) . Empregado como cosmetico , e em
lavatorios contra as nodoas da pelle .
Tintura balsamica ou Balsamo do commenda-
dor. (Raiz d'angelica, 16 partes ; hypericão, 32 ; al-
cool a 34 ° , 1125 ; myrrha, 16 ; olibano, 16 ; balsamo
de tolu, 96 ; benjoim, 96 ; aloes 16. F. S. A. Cod . fr. ) .
Emprega - se em applicações resolutivas , puro ou
misturado com agua.
Banha balsamica.
Banha 32 onças
Benjoim 5 oitavas
Balsamo de tolu 5 oitavas .
Aqueça no banho-maria por duas horas, mexendo
de vez em quando, côe sem espressão , e mexa du-
rante o resfriamento .
A banha simples que serve de excipiente ás poma-
das fica rançosa ás vezes, o medicamento então é
desagradavel. O Sr. Deschamps notou que o benjoim
preserva a banha de ficar rançosa : por conseguinte
à banha balsamica póde substituir com vantagem
nas pomadas a banha ordinaria .
Tintura de benjoim composta ou Balsamo catho-
lico, traumatico ou vulnerario . (Ph . geral . )
Benjoim 3 onças, balsamo peruviano 2 onças, aloes
1/2 onça, alcool 30 onças. Macere por oito dias e côe .
Applica-se nas cortaduras .
Para a flor de benjoim. V. Acido benzoico, pag. 83.
Bicarbonato de potassa . V. Carbonato de potassa.
Bicarbonato de soda. V. Carbonato de soda.
BISTORTA ( Bistorte, fr . ) . Polygonum bistorta,
L. Planta da Europa . P. us . Raiz. É da grossura do
dedo, duas ou tres vezes enrolada sobre si mesma ;
178 BORAX.
parda por fora, avermelhada por dentro ; sabor ad-
stringente .
Optimo adstringente , e como tal util nos fluxos
chronicos, hemorrhagias passivas dos pulmões, diar-
rhéas, leucorrhéas, etc.
Subst. incomp. Os saes de ferro , a gelatina.
Interiormente . Pó 36 grãos a 1 oit. Infusão :
3 oit. para 12 onças d'agua fervendo .
EXTERIORMENTE . Infusão em injecções , lavatorios ,
gargarejos.
BOLO ARMENIO ( Bol d'Arménie , fr . ) . Assim
se chama nas boticas um barro vermelho , com-
pacto, pesado ; sua côr resulta da presença do oxydo
de ferro . Depois de lavado , secco e pulverisado,
emprega-se para a preparação de alguns pós denti-
fricios .
BORAX, sub-borato de soda (Borax ou sous-bo-
rate de soude, fr. ) . Sal cristallisado em hexaedros
mais ou menos chatos, terminados por pyramides de
tres faces ; branco, experimenta no ar uma efflores-
cencia superficial ; de sabor estiptico ; soluvel em
8 p. d'agua fria , em 2 p . somente d'agua fervendo .
Empregado principalmente como adstringente em
gargarejos nas aphtas da bocca, salivações ; em col-
lyrios nas ophthalmias ; em injecções nas flôres bran-
cas. Interiormente pode ser dado como lithontriptico
para dissolver as arêas formadas pelo acido urico, e
para acalmar as dores que precedem a menstruação.
Subst. incomp. Os acidos, a potassa, os sulfatos,
os muriatos de cal e magnesia, etc.
INTERIORMENTE . 5 a 20 grãos , duas a quatro vezes
por dia, em pó, pilulas, ou dissolvido em algum li-
quido .
EXTERIORMENTE . Em gargarejos, 1 a 2 oitavas
para 12 onças de liquido. Em collyrios, 1 oit. para
2 onças de liquido . Em injecções ou lavatorios, 2
a 4 oit. para 12 onças de vehiculo .
Collutorio de borax.
Borax 2 oitavas
Mel de abelha 1 onça .
M. Molha-se um pincel neste liquido e tocão- se
BROMO. 179
com elle, tres a quatro vezes por dia, as aphtas da
bocca.
Gargarejo adstringente (Radius) .
Borax 6 oitavas
Infusão de salva 24 onças
Mel rosado 3 onças .
M. Salivação e anginas.
Collyrio adstringente (Fricke) .
Borax 4 oitava
Tintura de opio 1/2 oitava
Agua de rosas 4 onças.
M. Opthalmias chronicas.
Solução de borax (Hufeland) .
Borax 4 oitava
Agua de rosas 12 onças.
M. Em lavatorios contra as empigens e sardas. Hu-
medecem-se as nodoas tres ou quatro vezes por dia
com esta solução , tendo o cuidado de deixa-là seccar
sobre o lugar em que se applica.
Pomada contra as frieiras (Hufeland) .
Borax 2 oitavas
Unguento rosado 1 onça .
M. Em fricções todas as tardes.
Linimento contra as rachas do seio (Harless) .
Borax 1 oitava
Gemma de ovo 2 oitavas
Clara de ovo 2 oitavas
Oleo de amendoas doces 1 onça
Balsamo peruviano 1 1/2 oitava.
M. Tres ou quatro applicações por dia.
BORRAGEM ( Bourrache, fr.) . Borago officina-
lis, L. Planta que habita no Brasil e em Portugal ,
perto das habitações . Fig. 32. Caule coberto de pel--
Ïos ; folhas mui grandes, ovaes, hirsutas com pellos
rudes ; flores azues. P. us . Folhas e flores .
Emolliente, sudorifico e diuretico .
INTERIORMENTE . Infusão, 1 1/2 oitava para 16-on-
ças d'agua fervendo .
BROMO ( Brome, fr. ) . Corpo simples achado nas
aguas do mar e nas plantas marinhas . É liquido , de
cor vermelha escura, cheiro forte, sabor acre ; pouco
soluvel na agua ; derrama no ar vapores rutilantes .
480 BROMURETO DE MERCURIO.
O bromo e os seus compostos são mui venenosos.
Estes medicamentos forão indicados nas mesmas
condições que o iodo , como nas escrophulas, sup-
pressão dos menstruos , e na hypertrophia do coração ,
mas são mui pouco empregados .
INTERIORMENTE. 2 a 24 gottas por dia, em 3 onças
d'agua distillada .

BEL
LOT

Fig. 32. - Borragem .


BROMURETO DE FERRO (Bromure de fer, fr. ) .
Sal avermelhado , deliquescente, mui soluvel , e de
sabor estyptico.
Empregado nas escrophulas e hypertrophia do
coração.
INTERIORMENTE . 1 a 4 grãos em pilulas ou dissol-
vido em agua distiilada .
BROMURETO DE MERCURIO (DEUTO) ( Deu-
tobromure de mercure, fr.) . Sal cristallisado em agu-
lhas, mui volatil e venenoso .
BURANHEM. 484
Aconselhado nas affecções syphiliticas inveteradas .
INTERIORMENTE. 1/3 a 1/2 grão por dia.
Soluto anti-syphilitico de Werneck.
Deuto-bromureto de mercurio 1 grão
Ether sulfurico 1 oitava.
Dissolva . D. 10 a 20 gottas, em 4 onças de cozi-
mento de cevada.
BROMURETO DE POTASSIO ou hydrobro-
mato de potassa ( Bromure de potassium ou hydro-
bromate de potasse, fr. ) . Sal cristallisado em cubos ;
acre, amargo, soluvel na agua e no alcool .
Venenoso ; aconselhado nas affecções escrophu-
losas.
INTERIORMENTE . 1/2 grão a 2 grãos .
Pomada de bromureto de potassio (Pourché) .
Bromureto de potassio 4 oitava
Banha de porco 1 onça.
M. Uma oitava por dia em fricções nos enfartes
escrophulosos e na tinha .
BRUCINA ( Brucine, fr . ) . Alcali vegetal, desco-
berto na noz vomica e angustura falsa . É solida ,
branca, cristallisada em prismas ou em pequenas fo-
lhas, inodora e de sabor mui amargo , pouco soluvel
na agua , mui soluvel no alcool.
Exerce uma acção sobre o systema nervoso como
a strychnina, mas com menos energia ; aconselhada
nas paralysias e atrophia dos membros ; em alta dóse
é um veneno .
INTERIORMENTE . 1/4 de grão a 5 grãos progressi-
vamente.
Pilulas de brucina ( Magendie ) .
Brucina pulverisada 6 grãos
Conserva de rosas 36 grãos .
Misture exactamente e faça 24 pilulas bem iguaes
e prateadas. D. 2 a 6 e mais progressivamente por dia.
Poção estimulante (Magendie) .
Brucina 6 grãos
Agua distillada 4 onças
Assucar 2 oitavas .
M. Uma colher de sopa de manhãa e outra de tarde.
Bucha dos caçadores. V. Cabacinho, p . 182 .
BURANHEM ou Guaranhem. V. Monesia.
44
182 CABACIN HO .
CABACINHO ou bucha dos caçadores (em Per-
nambuco) . Momordica bucha , Joaquim Teixeira
Duarte S. Paio . Planta que habita no Brasil, e prin-
cipalmente nos suburbios do Recife e em toda a pro-
vincia do Ceará. Da familia das cucurbitaceas . Raiz
ramosa, fibrosa , caule herbaceo , prostrado e fistuloso ,
comprimento variavel ; grossura de uma penna ;
folhas cordiformes, guarnecidas com asperos pellos ;
flôres pequenas de côr amarella ; fructo ovado ou
oblongo, secco, envolvido em uma só peça ou car-
pella, formada pelo tubo perpendicular, que na ma-
dureza passa de côr verde a escura amarellada, guar-
necida de grossos espinhos : é esta parte que constitue
o epicarpo. O mesocarpo immediato a este é com-
posto de um tecido fibroso , retiforme , que se es-
tende até ao interior, onde termina por uma camada
mais compacta (endocarpo), que forma as paredes de
tres cavidades multiloculares, contendo cada uma no
seu centro um trophosperma, e sendo o centro de tres
trophospermas occupado pelas sementes . P.us. Fructo.
O fructo de cabacinho é aconselhado na hydrope-
sia. As applicações que o vulgo faz desta planta são
em forma de clysteres, fazendo um macerato de um
quarto de fructo em agua por espaço de doze horas,
coando ao depois, batendo com um rodizio até for-
mar espuma, separando esta, e repetindo a mesma
operação por mais duas vezes esta dóse é para um
adulto. - Para beber preparão um licor com quatro
fructos privados de sementes , e lançados em uma
garrafa de aguardente de 21 °, poem em digestão por
espaço de 24 a 48 horas , e depois obrigão o doente
a fazer uso na dóse de 3 a 4 onças por dia . O clyster
obra como violento drastico , acompanhado de muitas
dores ; o licor occasiona as mesmas dòres, com vo-
mitos e dejecções alvinas . É um medicamento que
exige muita cautela .
O Sr. Joaquim Teixeira Duarte S. Paio extrahio da
fructa da bucha uma substancia cristallisavel que
chamou buchanina, que foi aconselhada na hydrope-
sia na dóse de 1/16 a 1/12 de grão por dia em pilulas
ou poção . Provoca vomitos e evacuações alvinas.
Administra - se tambem em clyster na mesma dóse .
CACAO. 183
Cabeças de dormideiras. V. Dormideiras.
Cacao (Cacao, fr.) . Semente do cacaozeiro , ar-
vore de que existem muitas especies, que habitão no
Mexico, Brasil, Antilhas, e que differem pela fórma
e volume de seus fructos. Cacaozeiro ordinario ,
Theobroma cacao, L. F. 33 , habita no Mexico ; o
seu fructo é ovoide-alongado, em fórma de pepino,
marcado com 5 a 10 bandas longitudinaes, rugosas
tuberculosas, amarello ou vermelho ; contém uma
polpa branca, acidula, no centro da qual se achão as
sementes é o cacáo . São 15 a 40 sementes em cada
fructo, ovoides , comprimidas, mais ou menos seme-
lhantes a grossas favas, lisas, de côr rôxa, carnosas ;
a amendoa é lisa , avermelhada por dentro, com te-
cido oleaginoso.
As outras especies do cacaozeiro são : T. bicolor,
Humboldt, que a elle só forma matos espessos nas
provincias do norte do Brasil ; o seu fructo, longo
de 6 pollegadas, é oval globoso . T. subincanum, syl-
vestre, e microcarpum, Mart.
As amendoas do cacáo servem para fazer choco-
late ; entrão na composição das preparações analep-
ticas, como são Racahout, Palamud, Theobrome ;
extrahe-se d'ellas um oleo concreto, chamado man-
teiga de cacáo, que é solida, de côr amarellada,
cheiro e sabor agradaveis ; com difficuldade faz-se
rançosa. A manteiga de cacáo é emolliente, e empre-
gada interiormente nos catarrhos pulmonares ; exte-
riormente para curar as rachas dos beiços e dos bicos
dos peitos.
Créme peitoral de Tronchin.
Manteiga de cacáo 2 onças
Xarope de tolu
Xarope de capillé aná 1 onça
Assucar 4 oitavas.
F. S. A. Por colheres.
Ceroto de cacao (Van Mons) .
Manteiga de cacáo } aná 2 oitavas
Cera branca
Oleo de amendoas doces 4 onça
Essencia de rosas 8 gottas.
184 CACAO.

Fig. 33. Cacaozeiro ordinario.


a semente isolada (cacáo).
CAFÉ. 185
M. para curar as rachas dos beiços e dos bicos dos
peitos.
Racahout dos Arabes.
Cacáo torrado 15 partes
Fecula de batatas 40 partes
Farinha de arroz 40 partes
Assucar 60 partes
Baunilha 2 partes.
1 a 3 colhéres em 8 onças d'agua, leite ou caldo,
como analeptico.
CAFÉ (Café, fr .) . Sementes do Coffea arabica, L.,
arbusto originario da
Arabia, cultivado no Bra-
sil e nos paizes intertro-
picaes . Fig. 34. Sementes
duras , ovaes , convexas
de um lado, planas do
outro, e marcadas de um
sulco longitudinal , de côr
parda , de sabor amargo
e aromatico.
A infusão do café tor-
rado é um excitante mui
agradavel que facilita a
digestão. Como remedio
é aconselhada na asthma,
enxaqueca , coqueluche,
catarrhos chronicos, go-
ta , amenorrhéa, e para
combater os effeitos do
envenenamento pelo opio
e pelos outros narcoticos.
A infusão do café torrado
ou a decocção do café não
torrado administra-se
Fig. 34. 1 Cafezeiro .
com vantagem contra as
febres intermittentes.
INTERIORMENTE . Infusão : Café torrado 1 onça
para 8 onças d'agua fervendo .
Café não torrado . Pós 24 grãos de hora em hora
durante a apyrexia . Decocção : 1 onça em 18 onças
186 CAINCA.
d'agua, reduzidas a 12. D. Meio copo de meia em
meia hora no intervallo das sezões .
Vinagre de café ( Swediaur ) .
Café torrado 4 onça
Vinagre 4 onças.
Aqueça até à ebullição , côe e ajunte :
Assucar 1/2 onça .
M. D. Duas colheres de quarto em quarto de hora ,
no envenenamento pelo opio, para combater o nar-
cotismo, depois de evacuada a materia venenosa pelo
emetico ou purgantes .
Poção febrifuga (Pouqueville) .
Café torrado 1 onça
Agua fervendo 4 onças .
Ponha de infusão, còe e ajunte :
Sumo de limão 4 onça.
Toma-se quente emjejum antes do accesso da febre.
CAINCA ou raiz preta (Cainca, fr .) . Chiococca
anguifuga, Martius. Arbusto que habita no Brasil .
P. us. Raiz. O arbusto tem 3 a 6 pés de altura ; fo-
lhas ovaes, de um verde claro ; flores amarellas. Raiz
ramosa, roxa ; os ramos tem 2 a 3 pes de compri-
mento, da grossura de uma penna , ou mais delgados ;
é estriada longitudinalmente ; compõe-se de uma
parte cortical mui delgada, amarga, acre, um pouco
adstringente, que é a unica activae, e de um eixo le-
nhoso que não goza de propriedad alguma .
A raiz de cainca é diuretica e purgativa ; emprega-
se nas hydropesias . Contém o acido caincico, que é
considerado como principio activo da raiz . Este acido
é branco, cristallisado em agulhas delgadas, de sa-
bor amargo, pouco soluvel na agua , mas mui solu-
vel no ether e alcool.
INTERIORMENTE . Raiz de cainca . Pó 20 a 36 grãos ,
em substancia , pilulas ou electuario . Decocção 2 oit .
para 12 onças d'agua . Extracto 15 a 20 grãos em
pilulas. Tintura 36 grãos a 2 oitavas em poção .
Acido caincico 4 a 12 grãos .
Pilulas de cainca.
Extracto de cainca 36 grãos.
Sabão medicinal 4 oitava.
CAL. 187
F. 36 pilulas . D. 2 a 4 por dia nas molestias do
figado.
CAL. Oxydo de calcio (Chaux , ou oxyde de cal-
cium fr. ) . Massas irregulares , de côr branca parda
quando a cal é anhydra; isto é, privada d'agua (cal
virgem); pós ou fragmentos friaveis e pulverulentos,
brancos, quando é hydratada (cal extincta) , de sa-
bor acre e caustico .
Pura é um caustico ; dissolvida em agua, adstrin-
gente. Empregada interiormente nas diarrhéas e leu-
corrhéas chronicas, dyspepsias, diabetes e nas affecções
verminosas ; foi gabada tambem nas molestias calcu-
losas, mas para ser util nestas circumstancias é pre-
ciso que as pedras sejão formadas de acido urico,
pois que pode augmentar a molestia no caso contra-
rio. Exteriormente é util no tratamento da sarna ,
tinha , queimadura , e para limpar as ulceras sor-
didas.
Subs. incomp. Os acidos, os carbonatos, as infu-
sões de quina, rhubarbo, etc.
INTERIORMENTE. Agua de cal ou Leite de cal
(Agua saturada de cal) 4 a 6 onças, diluidas no leite
ou em outro qualquer liquido mucilaginoso. Pura,
6 onças em clyster para matar as ascaridas. Uma onça
contém 4/9 gr. de cal, pouco mais ou menos . Eis
aqui como se prepara. Cod . fr. Ponha q. s . de cal
viva n'uma capsula de louça ; deite-lhe agua pouco a
pouco ; a massa ficará quente, desenvolverá abun-
dantes vapores aquosos, e depois se transformará em
pós brancos, que constituem a cal extincta ou cal
hydratada. Deite n'uma garrafa uma parte destes
pós ; vascoleje -os com 30 ou 40 vezes o seu peso
d'agua para lhes tirar a potassa que podem conter.
Deixe depôr o licor ; côe ; deite fóra o líquido ; depois
lance sobre os pós que ficão 100 vezes o seu peso
d'agua da fonte . Deixe em contacto durante algumas
horas, tendo o cuidado de mexer de vez em quando.
Deixe depôr de novo, e côe . Este liquido é agua de
cal absorve rapidamente o gaz acido carbonico : por
isso deve ser conservado em frascos bem tapados, e
para maior segurança deixa-se no frasco um excesso
de cal não dissolvida.
188 CALUMBA.
EXTERIORMENTE . Agua de cal , em lavatorios , gar-
garejos, injecções .
Linimento anti-herpetico .
Cal virgem 4 onça
Azeite doce 4 onças.
M. Em fricções contra o herpes .
Linimento contra as fendas do bico do peito .
Agua de cal aná 3 oitavas
Oleo de amendoas doces }
Laudano de Sydenham 1 oitava.
M. Cobre-se o bico do peito com fios embebidos
neste linimento .
Pomada dos irmãos Mahon.
Cal extincta 2 partes
Soda do commercio 3 partes
Unto 16 partes.
M. Em fricções contra a tinha.
Pós dos irmãos Mahon.
Cinza de lenha 2 onças
Carvão porphyrisado 4 onça.
M. Tinha. Todos os dias polvilha-se a cabeça depois
de untada primeiramente com a pomada precedente .
Calomelanos ou protochlorureto de mercurio.
V. Mercurio.
CALUMBA ( Colombo, fr.) . Cocculus palmatus ,
D. C. Arbusto que habita na Africa Oriental. P. us .
Raiz. Vem em rodellas circulares ou ovaes de 4 a 5
linhas de grossura , e de 18 a 24 de diametro ; cober-
tas de uma epiderme ròxa ; amarelladas no interior ;
cheiro nullo, sabor amargo.
Tonico e estomachico ; empregado na diarrhéa
chronica, dyspepsia, vomitos espasmodicos, gastral-
gia e escrophulas.
INTERIORMENTE. Pó 15 a 20 grãos duas a tres vezes
por dia. Infusão ou maceração 1 oitava para 12 on-
ças d'agua fervendo ( A infusão é mais activa do que
a decocção, por causa dos principios amylaceos que
se dissolvem nesta e a enfraquecem) . Tintura 1/2 oit .
a 2 oit. Extracto 10 a 20 gr.
Pós estomachicos .
Raiz de calumba 36 grãos
Rhuibarbo 12 grãos.
CAMOMILLA ROMANA. 189
M. e divida em 4 papeis, que se tomarão no de-
curso de um dia.
CAMOMILLA ROMANA ( Camomille romaine ,
fr.). Anthemis nobilis, L. Planta da Europa, culti-
vada no Brasil . Fig 35. Caule de 8 a 10 pollegadas ;
folhas bipinnadas ; flôres radiadas ; meio-florões da
circumferencia brancos ; os florões do centro amarel-
los, mas pela cultura mudão-se em brancos , donde

Fig. 35. - Camomilla romana.


vem a côr totalmente branca da flôr, que se acha no
commercio. P. us . Flores seccas.
Estimulante e tonico, usado ordinariamente debaixo
da fórma de chá no fastio, colicas, indigestão , chlo-
rose, hysterismo ; goza tambem de propriedades
febrifugas, anthelminticas e emmenagogas. Na Italia
a camomilla é considerada como um remedio hypos-
thenisante cardiaco-vascular ligeiro.
Nas boticas do Rio de Janeiro, em lugar da camo-
14 .
190 CAMPHORA.
milla romana, usa-se quasi sempre da macella gal-
lega (matricaria chamomilla, L. ) , planta que goza
das mesmas propriedades.
Subst. incomp. A solução de gelatina , a infusão de
quina, o sulfato de ferro , o nitrato de prata , os saes
de chumbo, o sublimado .
INTERIORMENTE . Infusão : 1/2 oit. para 16 onças
d'agua fervendo . Pó contra as febres intermittentes,
4 oit. a 4 onça , dividida em tres dóses que se tomão
misturadas com mel de abelha ou em hostia. Xarope
1/2 a 1 onça. Oleo essencial (oleo obtido pela distil-
lação) 5 a 10 gottas . Extracto 10 a 36 gr. em pilulas.
EXTERIORMENTE . Oleo de camomilla ( camomilla
1 p., azeite 8 p. Faça digerir por duas horas n'um
vaso a banho-maria, e coe com espressão . Em fo-
mentações nos rheumatismos.
CAMPHORA ou alcanfor (Camphre , fr. ) . Oleo
volatil concreto extrahido de muitos vegetaes e so-
bretudo da Laurus camphora, L. , arvore das Indias
Orientaes. Fig. 36. A camphora é solida, branca,
transparente , mui volatil ; ordinariamente apre-
senta- se no commercio debaixo da fórma de pães re-
dondos, convexos de um lado, um pouco concavos
do outro ; quebradiça, difficil de ser pulverisada , de
cheiro forte e particular, de sabor acre. Dissolve-se
no alcool, ether, oleos, banha ; mas é pouco soluvel
na agua para dissolver 4 grão de camphora é pre-
ciso perto de 1 onça d'agua.
A camphora administrada interiormente determina
tres effeitos 1 ° , excitação local ; 2° , acção sedativa ;
3º, reacção febril . Em alta dose (2 a 4 oitavas) póde
envenenar determinando syncope, suores frios, a abo-
lição dos sentidos, depois a morte, precedida ás
vezes de uma reacção impotente. A escola italiana
considera a camphora como um medicamento hypo-
sthenisante espinhal . Emprega-se interiormente e
com proveito nas nevralgias, nas affecções espasmo-
dicas da bexiga e outras, convulsões das crianças,
soluços nervosos, hypochondria , monomania, epilep-
sia, hysterismo, febres ataxicas, febres continuas,
molestias inflammatorias , catarrho vesical, metrite,
hemorrhagia uterina, peste, e contra os vermes intes-
CAMPHORA. 491
tinaes . Goza tambem de propriedades anti-aphrodi-
siacas, e tem sido administrada com vantagem no
furor uterino, priapismo e nas erecções dolorosas que
se manifestão nos doentes affectados de gonorrhea.
Incorporada nos linimentos e nas pomadas, serve nas
dores rheumaticas, nevralgias e gota . Em fumigações
aproveita muito nos rheumatismos e na gota. Polvi-
lhão-se com camphora os causticos para evitar a

Fig. 36. - Louro-camphora.


acção das cantharidas sobre o apparelho genito-uri-
nario. Os pós de camphora são uteis no curativo das
ulceras chronicas e gangrenosas.
INTERIORMENTE . 2 a 24 grãos, e mesmo até 1 oitava
por dia , em pó, pilulas, ou suspensa em vehiculo por
meio de gemma de ovo ou de uma mucilagem . (Pul-
verisa-se a camphora triturando-a com mui pequena
quantidade de alcool .)
192 CAMPHORA.
Agua etherea camphorada . (Camphora 8 p. , ether
sulfurico 24, agua distillada 470. F. S. A. ) Cada onça
contém 9 gr. de camphora, e 25 gr. de ether, pouco
mais ou menos . D. 2 oitavas a 2 onças em poção.
EXTERIORMENTE . Alcool camphorado . Cod . fr.
(Alcool a 34° Cart. onças ; camphora uma onça) .
Q. s. em fricções .
Aguardente camphorada. ( Alcool a 21 ° Cart .
40 onças ; camphora 1 onça . ) q . s. em fricções nos
rheumatismos, torceduras antigas, etc.
Vinagre camphorado . Cod . fr. ( Camphora 32 p .;
vinagre mui forte 1,250 p. Pulverise a camphora por
meio de um pouco de acido acetico concentrado
n'um gral de vidro, ajunte o vinagre pouco a pouco,
e ponha tudo em um frasco tapado : depois de alguns
dias côe e conserve para uso . ) Em fricções como
resolvente.
Oleo ou linimento camphorado . (Azeite doce
7 onças ; camphora 1 onça . Reduza a camphora a
pó por trituração n'um gral de marmore, ajuntando
algumas gottas de alcool ; divida depois a camphora
pouco a pouco no azeite, e filtre depois da dissolução
feita. Cod . fr. ) . Em fomentações nos mesmos casos.
Balsamo opodeldoch. Cod . fr. ( Sabão animal,
32 p .; camphora, 24 p .; ammoniaco liquido, 8 p.;
oleo volatil de alecrim , 6 p .; oleo volatil de thymo ,
2 p.; alcool a 34º Cart . 250 p . Dissoiva os oleos vo-
lateis no alcool e distille a banho-maria ; ponha o
liquido espirituoso num vaso ; ajunte o sabão raspado ,
e dissolva este a um brando calor ; ajunte a camphora,
e quando ella estiver dissolvida , o ammoniaco ; côe
o licor quente e ponha-o em pequenos frascos , que
serão promptamente tapados com rolhas envoltas em
uma folha de estanho . ] Empregado em fricções , con-
tra as dôres rheumaticas, contusões , etc.
Banho de vapor camphorado. Se os doentes não
podem ter apparelhos fumigatorios, devem sentar- se
em uma cadeira , debaixo da qual se ache um foga-
reiro, coberto com uma lamina metallica ; e envol-
ver-se n'um cobertor de lãa , que será apertado á
roda do pescoço e descerá até ao chão . Lança-se
então 2 a 4 oitavas de camphora sobre a lamina do
CAMPHORA. 193
fogareiro ; o medicamento se volatilisa , põe-se em
contacto com a superficie do corpo, o suor apparece ;
e o doente, depois de ficar por espaço de meia hora
neste banho de vapor camphorado, é conduzido para
a cama, embrulhado no seu cobertor.
Pilulas antisepticas (Kapeler ) .
Camphora
Nitro aná 24 grãos
Gomma arabica
Xarope simples q. s.
F. pilulas de 4 gr . (Cada uma contém 1 1/3 gr . de
camphora). D. 4 a 8 pilulas nas febres graves.
Pilulas antisepticas (Dupuytren) .
Camphora 24 grãos
Almiscar 8 grãos
Extracto de opio 2 grãos
Xarope simples q. b.
F. 6 pilulas. D. 1 de duas em duas horas. Podri-
dão do hospital.
Pilulas camphoradas .
Camphora
Conserva de rosas aná 1 oitava
F. 36 pilulas.
Bolos camphorados e nitrosos.
Camphora aná 24 grãos
Nitrato de potassa
Conserva de rosas q. s.
F. 6 bolos . D. 4 a 6 por dia nas febres graves .
Julepo camphorado.
Camphora pulverisada com al-
gumas gottas de alcool 15 grãos
Mucilagem de gomma arabica 2 oitavas
Assucar 2 oitavas
Agua fervendo 8 onças .
F. S. A.
Emulsão camphorada.
Camphora pulverisada com al-
gumas gottas de alcool 48 grãos
Amendoas descascadas 36 grãos
Assucar 36 grãos
Triture tudo e ajunte pouco a pouco
Agua 6 onças ;
194 CAMPHORA .
Côe a emulsão e ajunte
Xarope diacodio 1 onça.
Emulsão de camphora e nitro .
Camphora aná 45 grãos
Nitro
Gemma de ovo n° 1 .
Triture e ajunte :
Infusão de tilia 3 onças.
Xarope de gomma 1 onça .
Toma-se por colheres para diminuir as erecções
dolorosas na blennorrhagia.
Clyster de camphora.
Camphora 36 grãos
Gemma de ovo n° 1
Decocção de linhaça 8 onças.
F. S. A. Febres graves, nevralgias .
Gargarejo camphorado.
Camphora 1 oitava
Gemma de ovo n° 1
Xarope simples 4 onça
Ether sulfurico 1 escrop .
Agua quente 20 onças .
F. S. A. Angina de máo caracter.
Pós antisepticos .
Pós de camphora 2 oitavas
de myrrha 2 oitavas
- de camomilla 4 onça
-- de carvão 4 oitavas.
M. Empregão-se para polvilhar as ulceras gangre-
nosas.
Pós de polvilho camphorados.
Polvilho 2 onças
Camphora 2 oitavas.
M. Empregão- se em applicação local contra as in-
chações erysipelosas .
Linimento antispasmodico (Selle).
Unguento de alíhéa 2 onças
Camphora em pô 1 oitava
Laudano de Sydenham 1 oitava.
F. S. A. Uma oitava de duas em duas horas, em
fricções no ventre, nas affecções nervosas dos intes-
tinos e do estomago .
CAMPHORA. 195
Pós de camphora para cheirar (Raspail) .
Estes pós preparão-se de duas maneiras : 1º Tri-
turando-se um pedaço de camphora com uma quan-
tidade sufficiente de alcool, até ficar reduzida a pô
impalpaval pela acção do alcool , que a dissolve, e
pela evaporação abandona as moleculas da camphora .
2º Raspa-se um pedaço de camphora, e passa-se o
pó assim obtido por uma peneira de seda mui fina, e
conserva-se n'um frasco bem tapado.
Os pós de camphora sorvem-se da mesma fórma
que se toma o rapé , na enxaqueca .
Cigarrilhas de camphora ( Raspail) .
As cigarrilhas de camphora são destinadas a faze-
rem chegar a camphora ás superficies pulmonares ;
fabricão-se com caños de pennas de ganso. Para este
effeito separa-se com um canivete o cano da penna ;
arredonda-se em quadrado o còrte com o instrumento
cortante. Introduz-se a ponta do canivete no extremo
delgado opposto ao cortado ; circula-se o tubo á roda
do canivete, afim de destacar todos os pontos de
adherencia da medulla secca que tapa o orificio. De-
pois sopra-se para fazer sahir a medulla . Arre-
donda-se em quadrado este pequeno orificio, sem o
augmentar muito , de modo tal que não fique traço
algum de pellicula, a qual pela aspiração faria o
officio de uma valvula, e interceptaria a passagem
do ar. Sobre o dorso da porção da penna orlada de
rama, destaca-se, com o canivete, uma tira de uma
pollegada de comprimento, que se corta em fórma
de fita ; enrola-se entre os dedos em espiral , e intro-
duz-se assim, por meio de um pequeno estylete, pelo
grande orificio da penna, até a distancia de uma pol-
legada da pequena extremidade . O cano fica então
dividido por este diaphragma em duas cavidades,
uma mais comprida que a outra.
Introduz-se pelo grande orificio um quadrado de
papel de filtrar, de modo que cubra o diaphragma
em espiral ; enche- se a grande cavidade com peda-
cinhos de camphora não apertados, e segurão-se estes
por meio de uma rolha de papel de filtro ou de algo-
dão. Aspira-se então a camphora pela pequena extre-
midade vasia da cigarrilha.
496 CANAFISTULA.
O uso de cigarrilhas de camphora é aconselhado
na asthma, coqueluche, oppressões de peito, extinc-
ção da voz , dôres nervosas do estomago , etc.
Agua sedativa ordinaria ( Raspail) .
Ammoniaco liquido 3 oitavas
Alcool camphorado 36 grãos
Sal de cozinha 3 oitavas
Agua commum 6 onças.
Misture o ammoniaco com o alcool camphorado
n'uma garrafa. Por outra parte dissolva o sal em agua
tendo a precaução de ajuntar- lhe algumas gottas de
ammoniaco , e filtre . Misture os dous liquidos e tape
a garrafa .
A agua sedativa emprega-se principalmente nas
enxaquecas . Para este fim molha-se nesta agua um
panno de linho ou de algodão. e applica-se na testa,
tendo o cuidado de cobrir primeiramente os olhos,
para evitar que penetrem dentro alguns pingos desta
agua .
Pomada alcanforada (Raspail).
Banba 6 oitavas
Camphora em pó 2 oitavas.
Derreta a banha no banho-maria, ajunte a cam-
phora, mexendo até que se dissolva .
Cataplasma antiarthritica.
Miolo de pão ralado 32 onças
Agua e alcool, em partes iguaes q . b. para dar ao
miolo de pão a consistencia de cataplasma . Ajunte :
Extracto de opio 4 escrop.
de estramonio 4 escrop .
Apolvilhe com
Camphora em pó 4 oitavas.
Applique-se esta cataplasma tepida sobre a arti-
culação dolorosa , e conserve-se por espaço de dous
dias, tendo o cuidado de a cobrir com um oleado
para impedir a evaporação.
CANAFISTULA (Casse, fr. ) . Polpa contida nas
vagens (fructos ) da Cassia fistula, L. , arvore que
habita na Ethiopia, Egypto, India , Antilhas . Fig. 37.
As vagens tem 1 a 2 pés de comprimento, são cylin-
dricas, ás vezes curvas, da grossura do dedo polle-
gar, negras , lisas ; casca lenhosa, marcada com um
CANAFISTULA. 197
sulco longitudinal em cada lado . O interior é repar-
tido em compartimentos numerosos , em cada um dos
quaes ha uma semente oval coberta de materia pol-
posa a qual é a unica parte medicinal, de côr escura
carregada, de sabor sacarino e acidulo.
Acha-se no Brasil uma especie de canafistula, pro-

hoy go fro

qub follow

Fig. 37. Canafistula.


duzida por uma grande arvore, que é uma das mais
bellas do genero, chamada por Lamarck Cassia bra-
siliana, que tem as mesmas propriedades.
Laxante brando . Emprega-se nas molestias inflam-
matorias, e associa-se frequentemente aos purgantes
energicos como correctivo .
198 CANELLA .
INTERIORMENTE . Infusão ou Agua de canafistula.
Canafistula em vagens. 2 onças ; agua de 48 ° R. , q. s.
para ter 24 onças de infuso . Abrem--se as vagens
longitudinalmente , e dilue-se a polpa interior na
agua ; põe-se de infusão e còa-se. Toma-se por chi-
caras como laxante.
Canafistula com sementes ( que se obtem rapando
o interior do fructo) . Infusão, 1 onça para ter 12 on-
ças de liquido.
Canafistula mondada (sem sementes ) ou Polpa
de canafistula. Infusão, 1 onça para ter 12 onças de
liquido.
Canafistula cozida ou conserva de canafistula
(Polpa de canafistula, 16 onças ; xarope de violas,
12 onças ; assucar, 3 onças. Misture e ferva a banho-
maria até à consistencia de extracto molle ; depois
aromatise com 5 gottas de essencia de flôr de laranja) .
D. 4 a 8 oitavas como laxante, pura ou diluida n’uma
chicara d'agua.
Marmelada de Tronchin.
Polpa de canafistula aná 4 onça
Manná em lagrimas
Oleo de amendoas doces
aná 4 oitavas .
Xarope de violas
F. S. A. - D. Uma colher de sopa de hora em
hora como laxante.
Marmelada de Zanetti.
Manná 2 onças
Xarope de althéa 1 1/2 onça
Canafistula cozida aná 1 onça
Oleo de amendoas doces
Manteiga de cacáo 6 oitavas
Agua de flor de laranja 4 oitavas
Kermes mineral 4 gr.
F. S. A. ― D. Uma colher de sopa de duas em
duas horas como expectorante e laxante.
CANELLA ( Cannelle, fr. ) . Casca privada de seu
epiderme da canelleira , Laurus cinamomum , L. ,
arvore que habita nas Indias Orientaes, e que é cul-
tivada na Guiana do Brasil . Fig. 38. A canella de
Ceylão, que é mais estimada, acha-se em cascas com-
pridas , delgadas, enroladas , fragil , de còr amarella
CANELLA. 499
avermelhada , cheiro aromatico , sabor quente, saca-
rino. A canella da Guiana é um pouco mais espessa,
e de côr mais pallida .
Estimulante e tonico , ou hyposthenisante gastro-
enterico segundo a expressão de Giacomini, empre-

Fig. 38. Canelleira.

gada nas digestões lentas, vomitos nervosos, febres


adynamicas, escorbuto, escrophulas e leucorrhéa . É
uma substancia agradavel , que serve nas preparações
pharmaceuticas para encobrir o gosto de muitos me-
dicamentos desagradaveis .
200 CANTHARIDA.
INTERIORMENTE . Pó 12 a 24 grãos. Infusão : 1 oit .
para 12 onças d'agua fervendo . Agua distillada
1 a 2 onças e mais n'uma poção. Tintura 1/2 oi-
tava a 2 oitavas n'uma poção . Oleo essencial 2 a
6 gottas.
Confeição de jacintho. Terra sigillada 8 partes,
olhos de caranguejo 8 , canella 3, dictamo de Creta 4 ,
sandalo amarello 1 , sandalo vermelho 1 , myrrha 4 ,
açafrão 1 , mel de abelha 24 , xarope de cravos 48 .
F. S. A. um electuario . Estomachico e absorvente na
dóse de 1 a 4 oitavas . Pouco empregado hoje. Sup- .
primirão deste electuario os jacinthos a que deve o
seu nome.
Canema. V. Coerana.
CANTHARIDA (Cantharide, fr. ) . Meloe vesicato-
rius, L. Insecto commum na Europa meridional, onde
vivesobre osfreixos , lilazes e salgueiros; existe tambem
no Brasil. Fig. 39. Tem 6 a 10 linhas de comprimento;
quatro azas, duas superiores de
côr verde dourada, e duas in-
feriores, membranosas, trans-
parentes e cinzentas ; cheiro
forte e desagradavel ; sabor
acre. Pulverisadas dão pós cin-
zentos rôxos , no meio dos
quaes existem particulas bri-
lhantes de cor verde .
Na dóse de 36 grãos a
4 oitava , as cantharidas são
Fig. 39. - Cantharida . um dos mais violentos vene-
nos os seus primeiros ef-
feitos são a irritação da superficie gastro-intestinal, .
a estranguria , a hematuria e o priapismo . Entretanto
esta substancia administra-se interiormente, mas em
dóses mui pequenas , contra a paralysia da bexiga,
anaphrodisia , hydropesia , epilepsia e algumas affec-
cões da pelle . Exteriormente serve como epispastico ,
cujo uso é um dos mais frequentes.
Segundo a escola italiana moderna, a acção local
das cantharidas não tem importancia nas molestias
internas ; é uma acção physico-chimica que é com
effeito irritante. Toda a acção dos vesicatorios e das
CANTHARIDA. 201
outras preparações das cantharidas, consiste na can-
tharida absorvida , que passa no sangue , e produz so-
bre toda a economia, e principalmente sobre o cora-
ção e as arterias, um effeito hyposthenisante , e que
por isto mesmo é applicavel, como a sangria, a todas
as molestias inflammatorias. Na acção local esta es-
cola vê só duas cousas uteis : 1º a evacuação de uma
certa quantidade de serosidade , que constitue uma
especie de sangria branca, e por conseguinte uma
condição de hyposthenisação ; 2° o meio de introduzir
no sangue um medicamento, sem ter precisão de
passar pelo estomago . Emquanto á revulsão , a escola
italiana não a admitte, e por isso adopta só os caus-
ticos chamados volantes que multiplica conforme a
necessidade, e evita os causticos suppurativos que se
entretêm por meio de unguento basilicão. Qualquer
que seja o meio de introducção das cantharidas na
economia, vê- se a febre diminuir absolutamente como
pela sangria, o pulso fica mais brando, declarão-se
suores, e sobrevem uma secreção abundante das uri-
nas são os phenomenos da hyposthenia .
Os vesicatorios de cantharidas applicão-se nas mo-
lestias seguintes : pneumonia , pleuriz , inflammação
dos olhos e muitas outras inflammações; rheumatismo,
sciatica, hydarthrose, dartros, tumores brancos, so-
luços nervosos, paralysias, hydropesias e muitas ou-
tras molestias.
INTERIORMENTE. Pó 1 a 4 grãos em pilulas. (Esta
preparação é perigosa , pois que algumas particulas
podem fixar-se sobre alguns pontos do canal alimen-
tario, e determinar accidentes locaes. Querendo ad-
ministrar as cantharidas interiormente, é melhor re-
correr á tintura) .
Tintura (Cantharidas, 2 onças ; alcool a 24 ° Cart. ,
16 onças. Macere por quinze dias, côe com espres-
são e filtre) . D. 2 à 36 grãos em poção conveniente.
Tintura ethera. (Cantharidas, 425 p .; ether ace-
tico , 4,000 p. Macere por oito dias em frasco tapado
com rolha de vidro, côe com espressão e filtre) . D. 2
a 4 gottas em poção .
Extracto . 4/5 de grão a 1 grão em pilulas .
Oleo de cantharidas (Pó de cantharidas , 4 onças ;
202 CANTHARIDA.
azeite doce, 32 onças. Digira por seis horas em vaso
tapado a banho-maria , còe com espressão e filtre.
Cod . fr.) . D. 10 a 12 gottas, quatro vezes ao dia,
n'uma emulsão de 3 onças .
EXTERIORMENTE . Emplasto de cantharidas (vesi-
catorio ou caustico , Cod . fr . ) . Resina de pinho, 4 on-
ças: cera amarella, 5 onças ; banha de porco, 3 onças ;
cantharidas em pó, 4 onças. Derreta juntamente a re-
sina, a cera e a banha ; côe por um panno, e ajunte-
The logo as cantharidas, e mexa com uma espatula
até que o emplasto adquira a consistencia solidà. Es-
tende- se esta massa sobre um pedaço de papel ou de
pellica , polvilha-se por cima com cantharidas , e
forma-se assim um caustico que é o mais frequente-
mente empregado .
Caustico Leperdriel. Este caustico , cujo uso é
bastantemente derramado hoje em França , é um
sparadrapo que tem toda a apparencia do tafetá gom-
mado ordinario . A sua composição é ignorada , mas
Dorvault pensa que se poderia obter uma preparação
analoga , diluindo q . s. de extracto ethereo ou ace-
tico de cantharidas em oleo de linhaça com lithargy-
rio, e estendendo uma camada delgada d'esta com-
posição sobre o tafetá gommado. Poderia-se variar
às dóses para obter os nos 1 , 2, e 3 ; o nº 1 é o mais
fraco, e o nº 3 o mais activo.
Tintura e Tintura etherea . 1 a 2 oitavas em fric-
ções nas paralysias e rheumatismos chronicos .
Oleo de cantharidas . 1 a 2 oitavas em fricções nas
paralysias e rheumatismos.
Pilulas contra a incontinencia de ourina ( Porta) .
Pós de cantharidas 3 grãos
Camphora 10 grãos
Sabão amygdalino 1 oitava.
F. 40 pilulas ( Cada uma contém 1/13 de grão de
cantharidas) . D. 1 a 3 , tres vezes ao dia . Preparação
perigosa.
Mistura cantharidea ( Rayer ) .
Solução de gomma 4 onças
Tintura de cantharidas 12 gottas
Laudano de Sydenham 40 gottas.
CANTHARIDA. 203
M. D. Uma colher de sopa de hora em hora na pa-
ralysia da bexiga . Boa preparação.
Mistura aphrodisiaca .
Tintura de cantharidas 2 oitavas
de almiscar 2 oitavas
de noz moscada 2 oitavas
de canella 2 oitavas.
M. D. 20 a 40 gottas'n'um calix de vinho da Ma-
deira, ou de algum outro vinho generoso , de noite
ao deitar- se. Boa preparação.
Pomada de Dupuytren contra a queda do cabello .
Tutano de boi 2 onças
Acetato de chumbo cristallisado 20 grãos
Balsamo peruviano 40 grãos
Alcool a 21 ° Cart. 3 oitavas
Tintura de cantharidas 9 grãos
- de cravo da India 5 gottas
de canella 5 gottas
F. S. A. Friccione o couro cabelludo todas as noites
com uma quantidade da pomada do tamanho de uma
azeitona .
Pomada contra a queda do cabello.
Banha balsamica 3 onças
Sumo de limão azedo 1/2 oitava
Tintura de cantharidas 12 grãos
Essencia de limão 60 grãos
M.
Pomada contra a queda do cabello ( Schneider ) .
Sumo de limão 1 oitava
Extracto de quina 2 oitavas
Tintura de cantharidas 4 oitava
Essencia de cidra 24 grãos
Essencia de vergamota 10 gottas
Tutano de boi 2 onças.
M. Esta pomada é mais energica do que a preceden-
te. Antes de untar lava-se a cabeça com agua e sabão .
Pomada epispastica .
Cantharidas pulverisadas 4 onças
Banha 54 onças
Cera amarella 8 onças
Curcuma em pó 2 oitavas
Oleo essencial de limão 2 oitavas .
204 CARBONATO DE CHUMBO .
Ponha as cantharidas e a banha em banho-maria, e
faça digerir durante 3 ou 4 horas na temperatura
d'agua fervendo , mexendo de tempos a tempos ; còe
com espressão ; torne a pôr no fogo a pomada com a
curcuma, faça digerir e còe ; derreta o producto com
a cera amarella ; mexa a mistura até arrefecer , e aro-
matise com a essencia de limão . Empregada para en-
treter a suppuração dos causticos.
Pomada epispatica com camphora.
Cantharidas pulverisadas 4 onça
Agua 12 onças
Unto 6 onças
Azeite doce 4 onças
Cera 4 onças
Camphora pulverisada 2 oitavas.
Ferva as cantharidas em agua por meia hora ; côe
e faça evaporar até reduzir a 6 onças ; ajunte os
corpos gordurosos ; faça evaporar toda a agua ; deixe
arrefecer e ajunte a camphora . Para entreter a sup-
puração dos causticos, sem actuar sobre as vias uri-
narias.
Linimento de cantharidas camphorado.
Tintura de cantharidas 1/2 onça
Oleo de amendoas doces 4 onças
Sabão amygdalino 4 onça
Camphora 1/2 oitava .
Em fricções nos rheumatismos.
Capilaria. Xarope de capillé. V. p. 166 .
Carapia. V. Contraherva, p. 248 .
Carbonato de ammoniaco . V. p. 144 .
CARBONATO DE CHUMBO ou Sub-carbonato
de chumbo, ou Alvaiade ( Carbonate de plomb, cé-
ruse, fr. ) . Sal branco, sem cheiro nem sabor, mui
pesado , insoluvel em agua.
Empregado só exteriormente como deseccativo no
curativo das feridas. Misturado com oxydo branco
de chumbo, na proporção de duas oitavas de oxydo
para seis de carbonato , foi administrado com van-
tagem , contra o tico doloroso da face. Faz- se com
q . b. d'agua distillada uma massa de meia linha de
espessura , que se estende sobre a superficie affec-
tada.
CARBONATO DE POTASSA. 205
Unguento branco de Rhazės.
Carbonato de chumbo 4 parte
Banha 5 partes.
Deseccativo empregado tambem contra as nevral-
gias da face .
Carbonato de ferro. V. Ferro.
Carbonato de magnesia. V. Magnesia.
CARBONATO DE POTASSA, Sub-carbonato de
potassa, carbonato neutro de potassa , alcali vegetal
ou sal de tartaro ( Carbonate de potasse, alcali végé-
tal ou sel de tartre, fr . ) . Sal branco, acre, caustico ,
mui deliquescente, mui soluvel em agua , difficil de
ser obtido no estado cristallino .
Ingerido na dóse de duas oitavas , obra como um
violento veneno corrosivo ; queima e perfora o esto-
mago, e promptamente causa a morte. Mas em pe-
quenas doses, e diluido em um vehiculo, é um po-
deroso diuretico . Emprega-se com vantagem nas
areias que dependem do excesso de acido urico e
phosphorico , na hydropesia , engurgitamento das
visceras e enfartes das glandulas . Serve ainda para
preparação das bebidas effervescentes , frequente-
mente empregadas nas digestões difficeis, febres bilio-
sas , vomitos spasmodicos. A escola italiana considera
o sub-carbonato de potassa como um hyposthenisante.
Exteriormente emprega-se como rubefaciente ; e as-
sociado ao enxofre entra na composição das pomadas
antipsoricas.
INTERIORMENTE . 10 a 36 grãos em agua ou n'um
vehiculo mucilaginoso .
Sub-carbonato de potassa liquido (Sub- carbonato
de potassa, agua distillada , aná p. ig . ) . 10 gottas a
1 oitava n'um vehiculo apropriado.
Gottas alcalinas ( Hamilton ) .
Carbonato de potassa 1 oitava
Agua distillada 3 onças.
Dissolva. 10 a 40 gottas por dia , em agua com
assucar. Contra as convulsões das crianças . Estas
gottas constituem a solução de carbonato de potassa
de Rosenstein.
Mistura salina simples.
Sumo de limão azedo 1 onça
42
206 CARBONATO DE POTASSA .
Sub-carbonato de potassa, para fazer
saturação completa, q. b . (4 oitava
pouco mais ou menos)
Agua 40 onças
Xarope simples 1 onça .
M. Como antiphlogistico . Uma chicara de duas em
duas horas. Em lugar d'agua, póde-se empregar o
cozimento de cevada , a infusão de folhas de laran-
jeira, de flôr de tilia , etc.
Mistura salina composta.
Sumo de limão azedo 1 onça
Sub-carbonato de potassa para
completar a saturação q. b.
Agua de hortelãa 7 onças
Emetico 1 grão
Xarope simples 1/2 onça .
M. Como alterante e emetico.
EXTERIORMENTE :
Pomada antipsorica ( Helmerick ) .
Sub carbonato de potassa 4 onça
Banha 4 onças
Enxofre sublimado 2. onças.
F. S. A. É optimo o seu effeito contra a sarna .
Pomada alcalina opiacea (Gibert).
Sub-carbonato de potassa 1 oitava
Laudano de Sydenham 36 grãos
Banha 4 onça
F. S. A. Em fricções contra as empigens .
Bi-carbonato de potassa (Bicarbonate de potasse ,
fr. ) . Sal cristallisado em prismas rhomboidaes, sem
cheiro, de sabor alcalino fraco, soluvel em 4 p .
d'agua fria.
Possue as mesmas virtudes que o carbonato, sem
ser caustico como elle ; deveria por conseguinte ser-
The preferido para uso interno . Convem nas areias
que dependem do excesso de acido urico . É consi-
derado como hyposthenisante pela escola italiana .
INTERIORMENTE . Meia a 1 oitava e mais em ve-
biculo .
Bebida alcalina ( Bouchardat) .
Bi-carbonato de potassa cristallisado 14 grãos
Agua 24 onças
CARBONATO DE SODA. 207
Assucar 1 1/2 onça
Tintura de baunilha 54 grãos.
M. Toma-se por chicaras nas areias .
Tisana de Mascagni.
Bi-carbonato de potassa 2 oitavas
Agua 24 onças
Xarope de gomma 1 1/2 onça .
Uma chicara de duas em duas horas.
Poção de Stutz.
Bi-carbonato de potassa 2 oitavas
Agua 6 onças
Xarope simples 1 onça .
M. Tres colheres de hora em hora contra o tetano .
Póde-se elevar a dóse do bi-carbonato até 4 oitavas .
Nos intervallos administra-se opio na dóse de 5 até
36 grãos em 24 horas.
CARBONATO DE SODA, Sub-carbonato de soda ,
carbonato neutro de soda ; ou Natrum dos antigos
(Sous-carbonate de soude, fr. ) . Sal branco, inodoro ,
de sabor alcalino , cristallisado em octaedros rhom-
boidaes ; é mui efflorescente no ar , e dissolve-se em
duas partes d'agua fria .
Tem as mesmas propriedades medicinaes que o
carbonato de potassa ; mas como não é caustico
deveria empregar-se com preferencia nas affecções
calculosas, gotosas, na azía, coqueluche e papeira .
Exteriormente entra na composição das pomadas an-
tidartrosas.
INTERIORMENTE . 12 a 36 grãos dissolvidos em 12
onças de liquido.
Cozimento alcalino ( Biett) .
Carbonato de soda 54 grãos
Decocção de cevada 24 onças.
M. Uma chicara de duas em duas horas nas em-
pigens.
Poção absorvente (Swediaur ) .
Rhuibarbo em pó 4 oitava
• Carbonato de soda 24 grãos
Xarope simples 4 onça
Agua de hortelãa 4 onças.
M. Duas colheres de sopa , tres vezes por dia.
Mexe- se quando se toma . Azias , pyrosis, cardialgia .
208 CARBONATO DE SODA ( B1 ) .
Pomada alcalina (Biett).
Sub-carbonato de soda 2 oitavas
Laudano de Sydenham 1 oitava
Banha 1 onça .
M. Empregada em diversas affecções cutaneas .
Pomada anti-dartrosa (Bielt) .
Cal extincta 1 oitava
Sub-carbonato de soda 2 oitavas
Extracto aquoso de opio 10 grãos
Banha 2 onças .
F. S. A. Em fricções contra as diversas especies
de prurido.
Pomada epilatoria (Cazenave) .
Sub-carbonato de soda 2 oitavas
Cal 1 oitava
Banha 1 onça.
M. Em fricções no porrigo , vulgarmente caspa
da cabeça .
Bi-carbonato de soda (Bicarbonate de soude , fr. ) .
Sal branco, em pequenas folhas , inalteravel ao ar, so-
luvel em 13 p. d'agua fria , de sabor levemente alcalino .
Como diuretico emprega- se nas affecções calculo-
sas dependentes de um excesso de acido urico, e na
gota ; e como estomachico contra a azia. Associado
aos amargos administra-se contra as escrophulas .
Exteriormente usa- se em algumas affecções cutaneas .
Existe em dissolução em um grande numero de aguas
mineraes, como nas de Vichy, de Mont-Dore . Algu-
mas horas depois de ser ingerido, as urinas, que são
naturalmente acidas, ficão alcalinas. E considerado
como hyposthenisante pela escola italiana .
INTERIORMENTE . 12 grãos até 2 oitavas e progres-
sivamente até 1 onça por dia , em pô , ou dissolvido
em 24 onças d'agua .
Pastilhas de Vichy ou de Darcet.
Bi-carbonato de soda 1 parte, assucar 19 , mucila-
gem de gomma alcatira q. s. Faça pastilhas de 20 grãos ,
segundo o modo indicado na p . 36 ( Pastilhas) . Cada
uma contém 1 grão de bi -carbonato . Ordinariamente
são aromatisadas com oleo essencial de hortelãa-pi-
menta, limão, balsamo de tolu , etc. D. 10 a 20 e
mais por dia.
CAROBA. 209
Agua alcalina gazosa ou Soda Water.
Bi-carbonato de soda 20 grãos
Agua pura 20 onças
Gaz acido carbonico 5 volumes.
F. S. A. - D. Tres a quatro copos por dia, para
facilitar as digestões .
Cozimento anti-nephritico.
Cozimento de linhaça 22 onças
Xarope simples 2 onças
Bi-carbonato de soda 24 grãos .
M.D. Uma chicara de duas em duas horas nas areias .
Pós digestivos (Phoebus) .
Bicarbonato de soda 15 grãos
Saccharoleo de hortelãa-pimenta 24 grãos .
M. Uma semelhante dóse por dia.
CARDAMOMO MENOR (Petit cardamome, fr. ) .
Amomum cardamomum , L. Planta da India . P. us .
Sementes. São angulosas, ròxas, aromaticas, de sabor
picante .
Excitante. Empregado nas colicas flatulentas, em
pó, na dóse de 6 a 24 gr. Associa-se ás vezes aos
purgantes para ajudar-lhes a acção .
CAROBA , Jacarandá procera , Sprengel , e ou-
tras especies. Arbusto do Brasil . Folhas bipinnula-
das , foliolos ovaes , oblongos , verde-escuros por
cima, verde-claros por baixo , oppostos os maiores
tem duas pollegadas de comprido; todas tem as ner-
vuras lateraes obliquas e mui sahidas, e sabor muito
amargo ; flôr rôxa. O fructo é uma silicula, chata , de
duas pollegadas de comprimento , e uma e meia de
largura . Raiz lenhosa, roxa escura por fóra, branca
amarellada por dentro . P. us . Folhas.
As folhas de caroba empregão-se contra as boubas
e syphilis.
INTERIORMENTE . Decocção 6 oit .. para ter 12 on-
ças de decocto .
EXTERIORMENTE . Decoção em lavatorios, cataplas-
mas, etc.
Electuario ou Massa antiboubatica (João Alves
Carneiro).
Folhas de caroba em pó 2 onças
Salsaparrilha em pó 2 onças
12.
210 CARVÃO DE LENHA.
Folhas de senne em pó 4 onça
Calomelanos 36 grãos
Xarope simples q. b.
F. S. A. D. Uma colher de sopa de manhãa e
outra de noite.
CARQUEJA AMARGOSA. Baccharis triptera,
D. C. Planta do Brasil. Caule com tres azas, articu-
lado, amargo, folhas mui pequenas e raras ; flôr ama-
rella. P. us. Caule.
Tonico e anti-febril.
INTERIORMENTE . Infusão : 3 oit. para 12 onças
d'agua fervendo .
CARVÃO DE LENHA ou carvão vegetal (Char-
bon de bois, fr . ) . O carvão de lenha goza da pro-
priedade de tirar o cheiro desagradavel as substancias
vegetaes e animaes que principião a apodrecer. Re-
duzido a pó emprega-se principalmente no curativo
das ulceras gangrenosas , contra a tinha, sarna , e
como dentifricio. Interiormente é aconselhado para
corrigir o máu halito, na febre typhoide, e na gas-
tralgia . O Dr. Belloc aconselha nesta ultima affecção
o carvão de ramos de choupo . Para obter este reme-
dio, é preciso escolher, no momento da seiva , ramos
de 3 a 4 annos provenientes de choupos que habi-
tão n'um lugar secco e exposto ao sol . Estes ramos
cortados e descascados introduzem-se n'um vaso de
ferro fundido , e aquece-se até o branco. Mette-se o
carvão em agua por 3 ou 4 dias, tendo o cuidado de
mudar a agua 3 a 4 vezes por dia ; expõe se ao ar, e
depois se reduz a pó antes que seja completamente
secco. O Dr. Belloc administra o carvão de choupo
na dóse de 4 a 5 colheres de sopa por dia, n'uma
pouca d'agua fria. Preparão -se tambem pastilhas por
meio d'agua com assucar e de uma forte compressão.
Parece que este remedio fez curas maravilhosas, não
só nas gastralgias, mas tambem nas enxaquecas . A
escola italiana considera o carvão como um remedio
hyposthenisante, util nas molestias hypersthenisantes.
INTERIORMENTE . 20 grãos até 4 onça por dia com
assucar e algum aroma.
Pastilhas de carvão (Carvão vegetal 125 partes
(4 onças) assucar 375 p . ( 12 onças) , mucilagem de
CASCARILLHA. 241
gomma alcatira q . s . Faça pastilhas de 16 gr. , segundo
os principios indicados, fallando geralmente das pas-
tilhas, p . 36) . D. 4 a 8 e mais por dia.
EXTERIORMENTE . Pós nas ulceras , q . b .
Pomada contra a tinha ( Biett) .
Carvão de lenha pulverisado 4 onça
Flores de enxofre 2 onças
Banha 5 onças.
M.
Casca de pão pereira . V. Páo pereira.
CASCA DE WINTER (Écorce de Winter, fr. ).
Casca da Drymis Winteri, Forster, arvore da Ame-
ricana meridional . E em pedaços enrolados , de côr
amarella-ròxa por cima , e amarella-pallida por baixo,
cheiro aromatico, sabor picante.
Estimulante e estomachico. D. 12 a 24 grãos em
pó. Infusão em agua fervendo ou vinho , 1 oitava para
6 onças de liquido .
Vinho diuretico (Corvisart) .
Vinho branco generoso 64 onças, casca de Win-
ter 4 onça, casquinha de limão 4 onça , quina em pó
1/2 onça, angelica 1/2 onça , scilla 4 escrop. , bagas
de zimbro 4 escrop . , macis 4 escrop. , folhas seccas
de losna escrop. , folhas seccas de melissa 4 escrop.
Macere no banho-maria por 24 horas, mexendo de
vez em quando . Còe com espressão e filtre por um
papel . Deite o licor em garrafas bem tapadas . D. Uma
a duas onças e mais por dia, na debilidade dos orgãos
digestivos, nos engurgitamentos do figado e baço, e
na hydropesia.
CASCARILHA (Cascarille, fr. ) . Croton cascarilla,
L. Arbusto que habita nas Antilhas e na America me-
ridional. P. us . Casca. Esta casca acha- se em pedaços
mais ou menos enrolados, cobertos de uma epiderme
esbranquiçada, de cór ròxa por dentro, de sabor um
pouco amargo, aromatico e acre, e de cheiro como
almiscarado, sobretudo quando é queimada.
Tonico, excitante, diaphoretico . Empregada nas
dysenterias chronicas e dyspepsias . Parece que goza
de propriedades febrifugas ; e serve para fabricação
das pastilhas aromaticas.
Interiormente. Pó 40 a 36 gr. Infusão 2 oitavas
242 CASTORE O.
para 12 onças d'agua fervendo . Agua distillada 2 a
4 oitavas n'uma poção . Tintura . Meia a 1 oitava
n'uma poção.
CASTOREO (Castoreum, fr . ) . Materia animal que
se acha em dous bolsos situados perto das partes ge-
nitaes do castor , mammifero roedor que habita as
regiões incultas do Canadá e da Siberia. Fig. 40. É
solido , fragil como resina, unctuoso, ròxo, amargo,
de cheiro forte e particular ; é pouco soluvel na agua,
muito mais soluvel no alcool e no ether. No commer-
cio acha-se contido nos dous bolsos que o fornecerão.
Antispasmodico , empregado nas febres adynami-
cas, hysterismo, hypochondria, colicas nervosas, em

Fig. 40. -- Castor.


A
muitas outras affecções spasmodicas, e na amenor-
rhéa. Favorece a expulsão das pareas, e acalma a vio-
lencia das dôres durante o parto.
INTERIORMENTE. 10 a 24 grãos e mesmo até duas "
oitavas por dia, em pilulas , em pó misturado com
assucar, ou em poção. Tintura e tintura etherea,
10 a 30 gottas, e até 4 oitavas em poção .
Pós antispasmodicos.
Castoreo
Raiz de valeriana aná 36 grãos.
Assucar
CATO. 243
M. e divida em 6 papeis . D. ↑ de manhãa , outro
á noite.
Pilulas anti-hystericas (Selle)
Galbano
Assafetida ana 4 oitava
Extracto de angelica.
Castoreo
Açafrão aná 18 grãos
Opio 9 grãos
Tintura alcoolica de castoreo q. s.
F. pilulas de 2 grãos. D. 5 a 8 duas vezes por dia .
Poção antispasmodica.
Tintura de castoreo 2 oitavas
Licor de Hoffmann 1 oitava
Agua de melissa 6 onças
Xarope de casca de laranja 1 onça.
M. D. Por colheres.
CATO ou terra japonica (Cachou , fr. ) . Extracto
preparado com o lenho, cascas e fructos de muitas
arvores das Indias Orientaes, da familia das Legumi-
nosas, e principalmente da Acacia catechu, Wild .
Fig. 44. Ha muitas especies de cato . O melhor é sem
cheiro, de côr roxa avermelhada , de sabor adstrin-
gente particular, seguido logo de um gosto adoci-
cado ; soluvel na agua e no alcool . Apparece em pães
de 3 a 4 onças, arredondados.
Adstringente energico e tonico, empregado para
excitar o apetite, combater as diarrhéas, dysenterias,
expectorações abundantes, catarrhos chronicos da
bexiga, suores excessivos, as hemorrhagias uterinas
e outras, diabetes , o ammollecimento das gengivas,
as aphtas, o escorbuto e o máu halito.
O cato é uma substancia adstringente, cujo em-
prego é mui antigo nos povos que habitão as regiões
meridionaes e orientaes da Asia , e que lhes serve
principalmente para compôr um masticatorio cujo uso
é tão geral como o do fumo em outras partes do globo .
Este masticatorio , formado de cato , noz de areca ,
uma especie de palmeira , e de uma pouca de cal,
tudo envolvido numa folha de betele, tinge de ver-
melho a saliva, e dá uma côr desagradavel aos dentes ;
214 CATO .
mas remedeia a relaxação das gengivas e a debili-
dade dos orgãos digestivos.
Subst. incomp. Os alcalis, os saes metallicos , e
sobretudo os de ferro, e a gelatina.
INTERIORMENTE . 5 a 12 grãos como tonico ; 24 grãos
a 1 oitava como adstringente , em pó , pilulas , elec-
tuario ou poção . Infusão ou decocção 1 oitava para
12 onças d'agua . Tintura 24 grãos a 1 oitava em po-
ção. Xarope 1 a 2 onças em poção.

Fig. 41 . Acacia catechu , arvore que dá o cato.


Quando o cato é misturado com substancias estra-
nhas, é preciso, para uso pharmaceutico, dissolvê-lo
em agua quente, e evaporar o licor em banho-maria ;
chama-se então extracto ou preparação de cato.
Pastilhas de cato. (Cato, 4 p.; assucar, 4 p .;
mucilagem de gomma alcatira, q . s. para fazer pasti-
lhas de 12 grãos , conforme os principios indicados ,
fallando geralmente das pastilhas, p. 36. Cada uma
CATO. 245
contém 2 grãos de cato . ) D. 3 a 40 por dia, contra o
máu halito e como estomachicas.
Confeição japonica ou Electuario de cato . (Cato ,
4 onças ; gomma kino , 3 onças ; canella, noz mos-
cada, aná, 1 onça ; opio desfeito em q . b . de vinho
branco, 1 1/2 oitava ; xarope de rosas rubras , 27
onças.) D. 2 a 4 oitavas nas diarrhéas, hemorrhagias
passivas, etc. Em cada 8 escropulos ha 1 gr. de opio.
EXTERIORMENTE . Em dissolução, em gargarejos .
· injecções, ou em pó como dentrifricio.
Pós de cato compostos.
Cato
Cascarilha
aná 4 oitava.
Canella
Assucar
M. e divida em 12 papeis . D. Um de duas em
duas horas, nas diarrhéas chronicas.
Pilulas antidysentericas (Willis ).
Cera amarella 4 oitavas
Espermacete 4 oitava
Derrela a um brando calor e incorpore :
Cato em pó 4 oitava
Oleo essencial de canella 12 gottas.
F. pilulas de 6 grãos . Cada uma contém 1 grão de
cato. D. 6 a 24 por dia.
Poção adstringente.
Infusão de rosas rubras 5 onças
Cato 4 oitava
Xarope diacodio 4 onça.
M. Uma colher de sopa de hora em hora . Dysenteria .
Infusão de cato composta.
Canella 1 oitava
Agua fervendo q . s . Infunda e côe de modo que
se tenha 12 onças de liquido . Ajunte :
Cato em pó 4 oitavas
Gomma arabica 2 oitavas
Assucar 4 onça .
D. Uma chicara de duas em duas horas nas diarrhéas .
Apozema adstringente.
Cato
2 oitavas.
Raiz de consolda maior aná
Agua q. s . para ter 24 onças de decocto ;
246 CENTEIO ESPIGADO .
Ajunte :
Xarope de marmelo 2 onças.
D. Por chicaras nas diarrhéas .
Electuario gengival.
Cato 2 oitavas
Tintura de cochlearia 4 onça
Mel rosado 1 onça.
M. Esfregão-se com este electuario as gengivas de
manhãa e á tarde. Amollecimento das gengivas.
CENTAUREA MENOR ( Petite centaurée, fr.) .
Erythraea centaurium , Rich. Planta commum em
Portugal. Caule de um pé ; folhas ovaes, agudas ;
flores roseas ; sabor amargo ; cheiro nenhum. P. us
Caule e summidades floridas .
Tonico, empregado na debilidade dos orgãos diges-
tivos, nas affecções gotosas , na convalescença das
molestias longas, contra as febres intermittentes .
INTERIORMENTE . Pó 36 grãos a 1 oitava . Infusão :
4 oit. para 12 onças d'agua fervendo . Extracto 24 gr.
até 1 oitava em pilulas, ou como excipiente de outros
medicamentos.
CENTEIO ESPIGADO ou cravagem de centeio
(Seigle ergoté ou ergot de seigle, fr. ) . Substancia
que se desenvolve entre as valvulas, e no lugar da
semente do centeio . Fig. 42 e 43. É comprida , ar-
queada, cylindrica, bojuda ' na parte media, fragil ,
dura, de côr violacea mais ou menos escura no exte-
rior, esbranquiçada interiormente ; sabor acre e mor-
dente, cheiro fraco, mas desagradavel .
O centeio espigado tem a propriedade de provocar
as contracções uterinas. Emprega-se principalmente
para accelerar o parto, quando este é demorado pela
inercia do utero . Mas não deve ser administrado du-
rante as dores naturaes, e antes que o orificio uterino
seja sufficientemente dilatado , e é quasi inutil dizer
que o seu emprego deve ser proscripto em todos os
casos em que as contracções do utero não bastão para
expellir o producto da concepção . O centeio espigado
é ainda util nas hemorrhagias puerperaes do utero e
outras, nas retenções da placenta e do sangue que se
coalha depois do parto, nas hemoptyses, flôres bran-
cas asthenicas , menstruação copiosa ; amenorrhéa
217

Fig. 42. Centeio espigado,


tal como apparece na espiga. 13
248 CENTEIO ESPIGADO .
entretida pela fraqueza do utero, em certas retenções
de ourina que provêm da falta da contractibilidade da
bexiga. Em alta dóse o centeio espigado póde deter-
minar accidentes graves, como uma especie de em-
briaguez , vertigens, desmaios, fraqueza e lentidão do
pulso, e ás vezes póde occasionar o entorpecimento
dos pés e das mãos, que perdem o sentimento e o mo-
vimento, e se separão do corpo pela gangrena secca.
Todos estes pheno-
menos provão que
a acção do centeio
espigado é hypos-
thenisante vascular.
O centeio espigado
novo não é mais ef-
ficaz do que o an-
tigo ; alguns factos
provão até que é
necessario , afim de
Fig. 43. - Centeio espigado isolado. ter uma acção mais
completa, que expe-
rimente nos vasos em que é conservado uma especie
de fermentação, que o torna mais molle e lhe dá um
cheiro particular.
Segundo o Sr. Bonjean, pharmaceutico de Cham-
bery , o centeio espigado contém dous principios
activos mui distinctos, um medicinal e outro vene-
noso. O primeiro é um extracto molle, de côr ver-
melha escura , mui soluvel na agua fria , de cheiro
de carne assada, sabor um pouco picante e amargo ,
e que possue todas as virtudes obstetricaes e he-
mostaticas do centeio espigado. O outro principio
é um oleo fixo , sem côr , mui soluvel no ether frio,
insoluvel no alcool fervendo, e em que residem to-
das as propriedades venenosas do centeio espigado .
O primeiro producto foi chamado no principio
extracto hemostatico ; mas como este nome não de-
signava todas as suas propriedades, o Sr. Bonjean lhe
substituio o nome de ergotina. Sendo esta ergotina
inteiramente inoffensiva , resulta disto uma grande
vantagem de se a poder administrar sem receio de
nenhum dos accidentes que por si só produz o centeio
CENTEIO ESPIGADO . 249
espigado . Alguns medicos da Earopa já approvárão
estas proposições de Sr. Bonjean , e se novos factos
confirmarem as virtudes da ergotina, a humanidade
e a sciencia deverão muito ao Sr. Bonjean.
Preparação da ergotina ( Bonjean de Chambéry) .
Uma certa quantidade de pó de centeio submette-se
á extracção pelo processo da deslocação . A dissolução
aquosa que resulta põe-se em banho-maria ; acontece
ás vezes que esta dissolução se coagula pela presença
de uma certa quantidade de albumina , outras vezes
não se coagula . No primeiro caso separa -se pelo filtro
a parte coalhada ; o licor filtrado conserva- se no
banho-maria até adquirir a consistencia de xarope,
ajunta-se-lhe alcool em grande excesso para precipi-
tar todas as materias gommosas ; deixa-se a mistura
em repouso até que toda a gomma seja precipitada , e
que o liquido tenha cobrado sua transparencia e sua
limpidez ; decanta-se depois o licor para ruduzi-lo
no banho-maria á consistencia de extracto molle.
No segundo caso; isto é, quando a dissolução que con-
tém a parte extractiva do centeio espigado não se
coagula, reduz-se directamente esta dissolução á con-
sistencia de xarope, e trata-se pelo alcool, como fica
dito, para obter o seu extracto. - 50 partes de cen-
teio espigado fornecem 7 a 8 partes de extracto ; por
conseguinte 1 grão de extracto representa 6 a 7 grãos
de pó de centeio espigado .
INTERIORMENTE . Pó de centeio espigado. ( Deve
ser preparado recentemente . É a melhor preparação ) .
40 a 30 grãos, e até 2 oitavas, suspensas em algumas
colheres d'agua com assucar. Decocção ou infusão
de centeio espigado : 36 grãos em 6 onças d'agua ;
uma colher de sopa de hora em hora.
Mistura obstetrica ( Goupil ) .
Pós de centeio espigado 4 oitava
Xarope simples 1 1/2 onça
Alcoolato de hortelãa pimenta 3 gottas .
M. Uma colher de sopa de 40 em 10 minutos para
provocar as contracções uterinas durante o parto.
Poção obstetrica (Velpeau ) .
Solução de gomma 4 onças
Agua de flor de laranja 1 oitava
220 CENTEIO ESPIGADO.
Centeio espigado em pó 1 oitava
Xarope de limão 4 onça.
M. Tres colheres de sopa de meia em meia hora .
Poção obstetrica (Dewees).
Pós de centeio espigado 36 grãos
Assucar 36 grãos
Agua de canella 4 onça
M. Dá-se em tres dóses, de 20 em 20 minutos .
Vinho de Balardini .!
Pós de centeio espigado 30 grãos
Vinho branco 2 onças .
M. D. Uma colher de sopa de 10 em 10 minutos .
Poção de Stearns .
Centeio espigado em pó 30 grãos
Agua fervendo 8 onças
Ponha de infusão , côe ajunte :
Xarope simples 1 onça.
Toma-se em duas dóses.
ERGOTINA. 24 grãos a 1/2 oitava em poção ou pi-
lulas.
Pilulas de ergotina (Arnal).
Ergotina 36 grãos
Pós de alcaçuz q. b.
F. 24 pilulas . D. 6 a 10 por dia nas affecções chro-
nicas do utero .
Poção de ergotina ( Bonjean) .
Ergotina 24 grãos
Agua commum 3 onças
Xarope de fior de laranja 4 onça .
M. D. Uma colher de quarto em quarto de hora,
para combater a inercia do utero durante o parto , ou
para suspender a hemorrhagia .
Xarope de ergotina ( Bonjean) .
Ergotina 160 grãos
Agua de flôr de laranja 4 onça
Xarope simples 46 onças .
Ferva o xarope e ajunte a ergotina dissolvida em
agua de flor de laranja . D. 2 a 4 colheres por dia, e
mais, conforme a urgencia do caso .
Solução hemostatica.
Agua 5 onças
Ergotina 1/2 onça.
CEVADA. 221
Dissolva. Molhão-se os fios nesta solução e appli-
cão-se nos lugares donde corre o sangue.
CERA (Cire fr .) . Materia particular preparada pe-
las abelhas, com a qual ellas formão os favos de mel;
acha-se no commercio em pães circulares, de côr
amarella, cheiro e sabor levemente aromaticos : esta
é a cera virgem , que não é pura ; mas sendo pri-
vada dos corpos estranhos fica branca. Esta substan-
cia entra na composição da maior parte dos unguen-
tos e dos emplastos. A mistura de 3 partes de oleo
de amendoas doces, e de uma parte de cera, forma o
ceroto, chamado ceroto simples, unguento frequen-
temente empregado no curativo dos causticos e das
feridas. Interiormente a cera é aconselhada no trata-
mento da diarrhéa.
Emulsão de cera.
Cera branca 2 oitavas
Mucilagem de gomma arabica 4 onça
Agua quente 4 onças
Xarope diacodio 1 onça.
F. S. A. Por colheres de hora em hora.
CEVADA ( Orge fr .) . Sementes de Hordeum vul-
gare, L. São ovaes, oblongas, de côr amarellada no ex-
terior, branca interiormente, sabor adocicado. Acha-se
ainda, no commercio, a cevada um pouco despida do
seu envoltorio (cevada limpa) : é mais ou menos in-
teira, amarellada no exterior ; ou então a cevada se-
parada totalmente do seu envoltorio : esta é branca,
redonda, e chama-se cevadinha ( orge perlé , fr. ) .
Emolliente, muito empregada em todas as inflam-
mações.
INTERIORMENTE . Decocção . Lave 1/2 onça de ce-
vada inteira em agua morna, e ferva depois n'uma
sufficiente quantidade d'agua para ter 12 onças de
decocto.
EXTERIORMENTE. Decocção em gargarejos , lava-
torios, injecções, etc.
Farinha. Em cataplasmas.
Mistura corroborante.
Em 12 oças de cozimento de cevada fervendo deite
uma gemma de ovo batida com assucar e uma colher
222 CHA.
d'agua fria, um calix de vinho e uma pouca de noz
moscada.
Esta especie de mingáo serve para restabelecer as
forças dos convalescentes e das recem -paridas.
CHA ( Thé, fr . ) . Folhas seccas do Thea sinen-
sis , Rich . , arbusto
cultivado na China ,
Japão , Brasil. Fig. 44 .
Estimulante. Goza
de propriedades diu-
reticas e sudorificas :
é um remedio caseiro
contra as indigestões .
Subst. incomp. Os
saes de ferro , a gela-
tina, a agua de cal .
INTERIORMENTE.
Infusão : 1 oitava
para 12 onças d'agua
fervendo .
CHICORIA ou Al-
meirão(Chicorée sau-
vage, fr.) . Chicorium
intybus , L. Planta
que em Portugal ha-
bita pelos caminhos,
nas margens dos cam-
pos, entre as searas
è vinhas em todo o
Reino . Fig. 45. Raiz
da grossura de um
Fig. 44. - Chá. dedo, fusiforme, ar-
ruivada no exterior, branca interiormente; folhas
obtusas ; flores azues claras ; toda a planta tem sabor
amargo . P. us. Raiz e folhas.
Tonico , digestivo ; empregado na ictericia , nas
molestias da pelle e febres intermittentes .
Subst. incomp. A infusão de galhas, os saes de
ferro, de chumbo , etc.
INTERIORMENTE. Infusão : 1/2 oitava para 16 on-
ças d'agua fervendo . Sumo de folhas frescas 2 a 4
CHICORIA. 223
onças. Extracto 1 a 2 oitavas. Xarope simples ↑ a
3 onças, como adoçante.
Xarope de chicoria composto ou de rhubarbo
composto. Cod. fr . ( Raiz de rhuibarbo, 6 onças ; raiz
secca de chicoria , 6 onças ; folhas seccas de chicoria ,
9 onças; de fumaria,
3 onças ; de esco-
lopendra , 3 onças ;
bagas de alkekenga,
2 onças ; canella ,
1/2 onça ; sandalo
citrino, 1/2 onça ;
xarope simples, 144
onças; Corte o rhui-
barbo em pedaços ;
deite por cima 32
onças d'agua a 80º
Cent.; ponha de in-
fusão por 12 horas ;
còe com uma ligeira
espressão , e con-
serve o licor ao fres-
co. Ponha o residuo
do rhuibarbo em ba-
nho -maria com a
raiz de chicoria
quebrada, as folhas
cortadas, e as bagas
de alkekenga aber-
tas ; deite por cima
160 onças d'agua
fervendo ; depois de Fig. 45. - Chicoria.
24 horas de infusão,
côe com espressão ; filtre o licor ; ajunte-lhe o xarope ,
e evapore tudo fervendo ; no fim ajunte a primeira
infusão de rhuibarbo , e evapore até que o xarope
marque 30° ; côe então este xarope assim fervendo ,
e deite-o no banho - maria , no qual hade-se pôr a
canella e o sandalo encerrados n'uma boneca de pan-
no ; cubra o banho - maria : depois de 12 horas tire
a boneca e ponha o xarope em garrafas. ) D. 1 a 2 on-
ças como purgante de crianças.
224 CHLORO.
CHINA ou Squina ( Squine , fr . ) . Smilax china ,
L. Arbusto sarmentoso da China e da America me-
ridional, e cuja raiz, mui pouco activa, mui incerta
no seu modo de acção, faz parte de muitas prepara-
ções anti-syphiliticas nas quaes entra a salsaparri-
lha . Acha-se no commercio em pedaços mais ou menos
volumosos, de côr rôxa no exterior, branca rosada ou
rôxa interiormente.
INTERIORMENTE . Decocção : 3 oitavas para 12
onças d'agua.
CHLORATO DE POTASSA (Chlorate de potasse,
fr.) . Sal cristallisado em laminas sem côr, de sabor
acerbo, susceptivel de detonação pelo choque, solu-
vel em 25 p. d'agua fria, e em 2 p. d'agua fervendo .
Aconselhado interiormente contra a gangrena da
bocca, estomatite mercnrial, aphtas, escorbuto, an-
gina membranosa , febre typhoïde ; exteriormente
contra as ulceras e a ozena.
INTERIORMENTE . 36 grãos a 2 oit . por dia n'uma
poção de 6 onças , que se administra por colheres .
O chlorato de potassa dissolve-se difficilmente em
agua. Quando se prepara uma poção com este sal,
antes de ajuntar o xarope, faz -se dissolver o chlo-
rato por meio do calor.
Poção contra a febre typhoïde (Bellentani) .
Solução de gomma 2 onças
Xarope de limão 1 onça
Chlorato de potassa 36 grãos.
M. Uma colher de sopa de 2 em 2 horas.
EXTERIORMENTE :
Solução contra a ozena (Henri) .
Chlorato de potassa 5 partes
Agua 150 p .
Dissolva . Aspira-se este liquido pelo nariz muitas
vezes por dia .
CHLORO ( Chlore , fr . ) . Gaz de côr amarella
esverdinhada , sabor adstringente , desagradavel ,
cheiro suffocante particular. O chloro liquido, disso-
lução saturada deste gaz na agua , tem as mesmas
propriedades .
O chloro liquido foi aconselhado interiormente nas
febres typhoïdes, escorbuto e raiva ; e exteriormente
CHLOROFORMIO. 225
nas molestias da pelle e ulcerações da bocca . No es-
tado gazoso emprega-se na syncope, asphyxia, enve-
nenamento pelas preparações de chumbo , e como
meio hygienico para purificar o ar das prisões, dos
navios, hospitaes, etc. Foi ainda preconisado con-
tra os catarrhos pulmonares e contra tisica. Eis
aqui como neste caso se administra : n'um frasco
com duas aberturas, contendo 4 a 5 onças d'agua a
24° R., deita-se por uma das aberturas 2, 5 , 10, 20,
e progressivamente até 60 gottas de chloro liquido
mui puro. O gaz se desenvolve , e é aspirado pelo
doente, por meio de um tubo recurvado, que pene-
tra no frasco pela segunda abertura. Estas aspirações
durão 5 a 6 minutos , e se repetem por duas a tres
vezes por dia. - Em falta deste apparelho , um desen-
volvimento lento e contínuo do chloro , produzido
pelo chlorureto de cal liquido, posto no quarto do
doente , póde produzir o mesmo effeito . Segundo
Giacomini, o chloro é hyposthenisante .
INTERIORMENTE . Chloro liquido ( Agua saturada
de chloro) 4 oitava até 4 oitavas em 8 onças de ve-
hiculo. Toma-se por colheres.
EXTERIORMENTE . Puro ou misturado com igual
quantidade d'agua, para os gargarejos, ou com oleo de
amendoas doces para os linimentos contra os dartros.
Fumigações chloricas ou Guytonianas . Sal com-
mum, 3 p .; bioxydo de manganez , P.; acido sul-
furico a 66° B. 2 p.; agua commum , 2 p. Misture o
sal commum, o bioxydo de manganez e a agua n'uma
capsula de vidro ou de barro, e ajunte depois o acido
sulfurico. Logo se desenvolvem vapores amarellos es-
verdinhados, que serão mais abundantes mexendo- se
a mistura ; convem para isso empregar um tubo de
vidro. O quarto em que se faz a fumigação deve ficar
perfeitamente fechado, ao menos por meia hora .
CHLOROFORMIO (Chloroforme , fr. ) . Liquido
que se obtem pela distillação do alcool com o chloru-
reto de cal . Este liquido é mui denso, limpido, trans-
parente como agua, de cheiro ethereo e sabor ado-
cicado. O alcool e o ether o dissolvem facilmente, a
agua o precipita. A sua densidade é 1,49 na tempe-
ratura de 15° Cent. Não pega fogo pela aproximação
43 .
226 CHLOROFORMIO .
de um corpo inflammado, e sendo a pelle esfregada
com elle, manifesta-se uma simples rubefacção , mas
não a vesicação .
O chloroformio sendo respirado por dous ou mais
minutos produz a insensibilidade ; emprega-se para
prevenir as dores nas operações , e para este fim veio
substituir o ether sulfurico . É uma das mais bellas
acquisições da cirurgia , e foi feita no anno de 1847 .
O chloroformio foi descoberto em 1831 , quasi no
mesmo tempo, por Soubeiran, chimico de Pariz, e
por Liebig, na Allemanha, e ficou por muitos annos
sem uso, até que o Dr Simpson , lente em Edim-
burgo, o empregou pela primeira vez no homem no
anno de 1847. Hoje o seu uso é universal , e no Brasil
varios facultativos se servem delle para tornar insen-
siveis os doentes durante as operações.
O chloroformio se respira por meio de um appa-
relho particular é um frasco com uma embocadura
que se adapta á bocca do doente ; mas tambem não é
necessario ter um apparelho particular. Em geral, é
sufficiente , para produzir a, insensibilidade em um ou
dous minutos, derramar 10, 20, 40, 60 ou 100 gottas
de chloroformio na concavidade de uma esponja ou
sobre um lenço, que se mantem applicado sobre a
bocca e o nariz, de maneira que a aspiração seja
feita juntamente com a do ar atmospherico . São suf-
ficientes 10 a 20 aspirações, e ás vezes menos .
A pessoa que é submettida ás emanações do chloro-
formio sente nos primeiros instantes um vapor assu-
carado que penetra nas vias respiratorias , e que pro-
duz ás vezes uma especie de encanto. No fim de um
ou dous minutos , ás vezes mais cedo , outras vezes
mais tarde , o doente adormece ; mas , antes disso ,
sobrevem o ronco e ouve-se um ruido particular como
se elle suffocasse . Ao mesmo tempo as feições ficão
mudadas, o pulso mais frequente ; mas logo depois
torna ao estado normal e até fica mais lento. Logo que
sobrevem o somno, está completa a insensibilidade e
cessa o ronco. A insensibilidade dura 5 , 10 , 15 mi-
nutos, e pode ser prolongada por mais tempo se fòr
preciso, dando-se a respirar novas dóses de chlorofor-
mio durante este tempo o cirurgião faz a operação ,
CHLOROFORMIO. 227
sem ser inquietado nem pelos movimentos, nem pelos
gritos do doente, que não soffre nada. Ao despertar ,
sente este mais ou menos vivamente a dôr resultante
da operação, mas muito menos intensa do que se não
houvesse sido chloroformisado .
Mas nem todos os doentes tem um somno tran-
quillo , sem agitação , sem movimentos tumultuosos
do corpo ; ha alguns que, apezar de ficarem insensi-
veis, tem movimentos involuntarios tão fortes, que
é difficil segura-los. Outros , depois de acordados ,
proferem palavras incomprehensiveis e tem uma es-
pecie de delirio ; outras vezes o abatimento que suc-
cede dura pelo menos uma hora.
O chloroformio foi empregado com muita vanta-
gem nos partos laboriosos, sem que resultasse o me-
nor accidente nem para a mãi nem para a criança ,
e a insensibilidade produzida não paralysou as con-
tracções uterinas.
As experiencias feitas em cães tem provado que pela
aspiração do chloroformio um cão morreu em 24 mi-
nutos, outro em 34. As gallinhas morrem muito mais
rapidamente pelos vapores do chloroformio .
Daqui resulta que o chloroformio é um agente mui
energico e formidavel, e por isso não deve ser ap-
plicado por pessoas inexperientes .
Até ao mez de Maio do anno de 1848 milhares de
operações forão feitas em homens com o chloroformio
em varios paizes, sem constar inconveniente algum ,
até que no mez de Junho'do mesmo anno accontecerão
dous casos infelizes em França. Um destes factos des-
graçados, que deve servir de escarmento e acautelar
contra os perigos do uso do chloroformio , foi com-
municado á Academia de Medicina de Pariz pelo
Dr Gorré, cirurgião-mór do hospital de Bolonha em
França : « Uma senhora de trinta annos devia sub-
<< metter-se a uma operação mui simples : abertura de
<< uma postema produzida pela introducção de um
<< corpo estranho debaixo da pelle . Estando tudo dis-
<< posto para esta operação , o Dr Gorré poz debaixo do
« nariz da doente um lenço sobre que tinha deitado
<< 45 a 20 gottas, quando muito , de chloroformio . Ape-
« nas a doente tinha feito algumas aspirações, quando
226 CHLOROFORMIO .
de um corpo inflammado, e sendo a pelle esfregada
com elle, manifesta-se uma simples rubefacção , mas
não a vesicação .
O chloroformio sendo respirado por dous ou mais
minutos produz a insensibilidade ; emprega-se para
prevenir as dores nas operações, e para este fim veio
substituir o ether sulfurico . É uma das mais bellas
acquisições da cirurgia , e foi feita no anno de 1847 .
O chloroformio foi descoberto em 1831 , quasi no
mesmo tempo, por Soubeiran , chimico de Pariz, e
por Liebig, na Allemanha, e ficou por muitos annos
sem uso, até que o Dr Simpson, lente em Edim-
burgo, o empregou pela primeira vez no homem no
anno de 1847. Hoje o seu uso é universal, e no Brasil
varios facultativos se servem delle para tornar insen-
siveis os doentes durante as operações.
O chloroformio se respira por meio de um appa-
relho particular : é um frasco com una embocadura
que se adapta á bocca do doente ; mas tambem não é
necessario ter um apparelho particular. Em geral, é
sufficiente , para produzir a insensibilidade em um ou
dous minutos, derramar 10, 20, 40, 60 ou 100 gottas
de chloroformio na concavidade de uma esponja ou
sobre um lenço , que se mantem applicado sobre a
bocca e o nariz, de maneira que a aspiração seja
feita juntamente com a do ar atmospherico. São suf-
ficientes 10 a 20 aspirações, e ás vezes menos .
A pessoa que é submettida ás emanações do chloro-
formio sente nos primeiros instantes um vapor assu-
carado que penetra nas vias respiratorias, e que pro-
duz ás vezes uma especie de encanto . No fim de um
ou dous minutos , ás vezes mais cedo , outras vezes
mais tarde , o doente adormece ; mas , antes disso ,
sobrevem o ronco e ouve-se um ruido particular como
se elle suffocasse. Ao mesmo tempo as feições ficão
mudadas, o pulso mais frequente ; mas logo depois
torna ao estado normal e até fica mais lento. Logo que
sobrevem o somno, está completa a insensibilidade e
cessa o ronco . A insensibilidade dura 5, 10 , 15 mi-
nutos, e póde ser prolongada por mais tempo se fòr
preciso, dando-se a respirar novas dóses de chlorofor-
mio durante este tempo o cirurgião faz a operação ,
CHLOROFORMIO. 227
sem ser inquietado nem pelos movimentos, nem pelos
gritos do doente, que não soffre nada . Ao despertar,
sente este mais ou menos vivamente a dôr resultante
da operação, mas muito menos intensa do que se não
houvesse sido chloroformisado .
Mas nem todos os doentes tem um somno tran-
quillo , sem agitação , sem movimentos tumultuosos
do corpo ; ha alguns que, apezar de ficarem insensi-
veis, tem movimentos involuntarios tão fortes, que
é difficil segura-los . Outros , depois de acordados ,
proferem palavras incomprehensiveis e tem uma es-
pecie de delirio ; outras vezes o abatimento que suc-
cede dura pelo menos uma hora.
O chloroformio foi empregado com muita vanta-
gem nos partos laboriosos, sem que resultasse o me-
nor accidente nem para a mãi nem para a criança,
e a insensibilidade produzida não paralysou as con-
tracções uterinas .
As experiencias feitas em cães tem provado que pela
aspiração do chloroformio um cão morreu em 24 mi-
nutos, outro em 34. As gallinhas morrem muito mais
rapidamente pelos vapores do chloroformio .
Daqui resulta que o chloroformio é um agente mui
energico e formidavel, e por isso não deve ser ap-
plicado por pessoas inexperientes.
Até ao mez de Maio do anno de 1848 milhares de
operações forão feitas em homens com o chloroformio
em varios paizes, sem constar inconveniente algum,
até que no mez de Junho'do mesmo anno accontecerão
dous casos infelizes em França . Um destes factos des-
graçados, que deve servir de escarmento e acautelar
contra os perigos do uso do chloroformio , foi com-
municado á Academia de Medicina de Pariz pelo
Dr Gorré, cirurgião- mór do hospital de Bolonha em
França « Uma senhora de trinta annos devia sub-
<< metter-se a uma operação mui simples : abertura de
<< uma postema produzida pela introducção de um
«< corpo estranho debaixo da pelle . Estando tudo dis-
<< posto para esta operação , o Dr Gorré poz debaixo do
<< nariz da doente um lenço sobre que tinha deitado
« 15 a 20 gottas, quando muito , de chloroformio . Ape-
<< nas a doente tinha feito algumas aspirações, quando
228 CHLOROFORMIO .
<< exclamou com uma voz gemente : Estou suffocada !
<< Seu rosto tornou -se pallido , a respiração embara-
( çada, os beiços se lhe cobrirão deescuma : no mesmo
« instante o lenço foi tirado e abrírão a postema. Du-
<< rante o tempo extremamente curto que durou esta
<< pequena operação , um dos cirurgiões presentes pro-
«< curou por todos os meios remediar esta anniqui-
<< lação imminente da vida . Por mais de duas horas ,
« o Dr Gorré e seus assistentes empregárão tudo o que
« é possivel fazer em semelhante caso , sem feliz exito .
« A morte que julgavão apparente era real ; foi tão
<< prompta, que sem duvida já era completa no mo-
<«< mento em que se praticou a incisão . »
Alguns outros factos funestos , acontecidos em
França, Inglaterra e Allemanha, vierão confirmar o
susto e a cautela que se deve ter no emprego do chlo-
roformio. Segundo os calculos approximativos , a pro-
porção dos mortos foi de 4 sobre 16,000 . Todos os
casos de morte conhecidos chegão a 70 desde dez e
seis annos que se emprega o chloroformio no mundo
civilisado . Repetimos, por conseguinte, que se deve
ter muita cautela no emprego do chloroformio.
Finalmente, para produzir a insensibilidade neces-
saria para operações, é preciso dar a respirar o chlo-
roformio n'uma esponja , n'um lenço ou n'um appa-
relho conveniente, sem tapar inteiramente o nariz
e a boca, para que o doente possa aspirarno mesmo
tempo umpouco de ar atmospherico; e nos casos em
que é necessario prolongar o estado de insensibilidade
muito tempo , é preciso suspender por alguns mo-
mentos a inhalação , e attenua-la muitas vezes com
algumas inspirações de ar puro ; desta maneira o
chloroformio produz simplesmente a insensibilidade,
sem occasionnar effeito algum nocivo, nem immediato
nem consecutivo. Devem-se temer os accidentes, e
por conseguinte é necessario suspender a adminis-
tração dos vapores de chloroformio no momento em
que a cabeça cahe sobre o tronco não sendo mais
Sustida pelos musculos que a segurão de ordina-
rio na posição vertical.
Meio de prevenir a morte que pode ser produ-
zida pelas inspirações de chloroformio ou de
CHLOROFORMIO. 229
ether sulfurico. Dar a respirar o chloroformio ou o
ether sulfurico , com alguma intermittencia , na dóse
de uma colher de chá, derramado sobre uma esponja,
que se põe diante da bocca meio aberta do doente ;
ou então, dar a respirar o vapor de chloroformio por
uma unica venta , ficando a outra em communicação
com o ar, e sendo a bocca fechada.
O Dr Augusto Mercier, membro da Academia de
Medicina de Pariz , propõe os meios seguintes :
1° Nunca tratar o doente pelo ether ou chloro-
formio, sem primeiro pô-lo em situação horizontal ;
2º Logo que se receie algum perigo, comprimir as
arterias axillares e cruraes, e melhor ainda, podendo
ser, a aorta abdominal .
Estes meios tem por fim dirigir para o cerebro , que
é o orgão mais importante, a pequena porção do san-
gue que o coração , enfraquecido pela influencia do
ether ou do chloroformio, póde ainda lançar no sys-
tema arterial.
Nunca o chloroformio deve ser empregado em pes-
soas que são natural ou accidentalmente dispostas á
syncope, e nas que são extremamente enfraquecidas
por hemorrhagias .
O meio do Sr. Ricord consiste na insufflação de
bocca a bocca.
O Sr. Escalier propõe outro meio, que consiste em
introduzir dous dedos profundamente na gar-
ganta até á entrada do larynge e do esopahago.
Em dous casos citados pelo Sr. Escalier sobreveio
immediatamente um movimento de expiração que foi
o signal da volta da vida .
Segundo o Sr. Duroy, a inspiração do gaz oxyge-
neo remedeia efficazmente os accidentes occasionados
pelo chloroformio.
Finalmente, o professor Jobert de Lamballe acon-
selha o uso do galvanismo contra os effeitos funestos
do chloroformio. Este meio consiste em applicar um
polo da pilha voltaïca na bocca e outro no anus .
A chloroformisação foi empregada com alguma
vantagem no tétano e nas hernias estranguladas . Neste
ultimo caso a acção do chloroformio produzindo a
insensibilidade diminue a contracção dos musculos
230 CHLOROFORMIO.
do ventre , e facilita desta maneira os meios da re-
ducção .
INTERIORMENTE o chloroformio foi aconselhado na
asthma , colica de chumbo , cholera , na dose de
48 grãos por dia.
EXTERIORMENTE. Em fricções, nas nevralgias. Uma
bola de algodão embebida em chloroformio, e intro-
duzida no ouvido acalma ás vezes as dôres de dentes
ou de ouvido.
Xarope de chloroformio.
Chloroformio puro 4 oitava , xarope simples 40 oi-
tavas. Misture-se e mexa-se cada vez que se usar
d'elle. Uma oitava d'este xarope contém quasi dous
grãos ou 4 gottas de chloroformio. Toma-se por
colheres de chá , uma colher de chá de 2 em 2 horas,
ou diluido em agua.
Poção de chloroformio ( Trousseau ) .
Chloroformio 48 grãos
Xarope de flôr de laranja 720 grãos (10 oitavas)
Agua distillada 1800 grãos ( 25 oitavas) .
M. e mexa-se cada vez que se usar d'ella . Uma
colher de sopa de 2 em 2 horas nos adultos , 1 colher
de chá nas crianças. Nevralgias , asthma , colicas
nervosas .
Linimento de chloroformio.
Chloroformio 2 oitavas
Oleo de amendoas doces 2 onças.
Misture exactamente. Em fricções nas nevralgias .
Dissolva o chloroformio no alcool e ajunte o oleo
de amendoas doces.
Linimento calmante ( Thiry ) .
Oleo de meimendro 1 onça
Chloroformio 1 oitava
Laudano de Sydenham 1 oitava .
M. Em fricções , nas nevralgias.
Topico sedante ( Diday ) .
Extracto de belladona 1 1/2 oitava
Laudano de Sydenham 54 grãos
Chloroformio 1 oitava.
M. Estende-se esta massa sobre o lugar affectado
de uma nevralgia.
CHLORURETO DE CAL. 234
Pomada de chloroformio .
Chloroformio 4 oitava
Banha 4 onça.
M. Em fricções nas nevralgias.
Chloro-hydratos , significão o mesmo que hydro-
chloratos.
Chlorureto de antimonio. V. p . 148 .
CHLORURETO DE BARIO ou Muriato, Hydro-
chlorato , ou Chlorhydrato de baryta ( Chlorure de
barium , muriate, hydrochlorate ou chlorhydrate de
baryte, fr.) . Sal branco , inodoro , de sabor acre, so-
luvel na agua , insoluvel no alcool.
Em alta dóse é um veneno violento ; em dóses pe-
quenas parece que é util nas molestias escrophulosas ,
scirrhosas e nos tumores brancos ; mas é pouco em-
pregado . Seu uso requer grande prudencia. Exte-
riormente emprega-se como excitante e escarrotico
fraco, em lavatorios nas ulceras escrophulosas, e em
collyrios nas ophthalmias chronicas.
INTERIORMENTE . 1/4 a 1 grão em 6 onças de ve-
hiculo.
EXTERIORMENTE. Solução para lavatorios das
ulceras . (Chlorureto de bario, 1 p.; agua distillada,
5 p.) Para collyrios . (Chlorureto de bario, 12 grãos ;
agua distillada , 2 onças . ) Instillão-se algumas gottas
entre as palpebras nas ophthalmias escrophulosas.
CHLORURETO DE CAL ( Chlorure de chaux ,
fr. ) . Pós grossos , ás vezes agglomerados , de còr
branca amarellada, cheiro forte de chloro , que per-
dem pela exposição ao ar ; soluveis em grande parte
na agua a porção não dissolvida que se depõe é o
hydrato de cal. Um kilogramma (32 onças) de chlo-
rureto de cal contém ordinariamente 90 litros ( 255
quartilhos ) de chloro, e chama-se então chlorureto
de cal a 90 gráus .
Desinfectante energico . Emprega-se principalmente
para uso externo no curativo de diversas ulceras, das
chagas gangrenosas, cancrosas, do carbunculo, dar-
tros , sarna, e contra o máo halito . Interiormente é
aconselhado ás vezes nas febres typhoïdes e contra
a gonorrhea. Tomado pela bocca , produz ás vezes a
232 CHLORURETO DE SODA .
abolição completa do gosto, estado que dura alguns
dias.
INTERIORMENTE . 6 gr . até 1 oitava por dia , dissol-
vido em agua .
EXTERIORMENTE . Solução 2 a 4 oitavas para 12 on-
ças d'agua , em gargarejos, lavatorios, injecções , etc.
Emulsão anti-gonorrheica (Graefe) .
Chlorureto de cal 1 oitava
Emulsão de amendoas doces 4 onças
Xarope simples 1 onça
Tintura de opio 20 gottas.
M. D. Uma colher de sopa de hora em hora.
Solução desinfectante (Chevalier) .
Chlorureto de cal 3 oitavas
Agua distillada 2 onças
Alcool 2 onças
Oleo de cravo da India 2 gottas.
Trate o chlorureto pela agua, côe e ajunte o alcool
e o oleo essencial. D. Uma colher de chá em meio
copo d'agua , com que se lava a bocca , para destruir
o máo halito .
Pomada anti-dartrosa.
Chlorureto de cal 1/2 onça
Oleo de amendoas doces 1 1/2 onça .
M.
Pomada contra a sarna ( Émery ) .
Sabão preto 4 onças
Sal commum
2 onças
Enxofre sublimado } aná
Alcool 1/2 onça
Vinagre 1 onça
Chlorureto de cal 18 grãos .
F. S. A.
Chlorureto de ferro . V. Ferro.
Chlorureto de ouro. V. Ouro .
Chlorureto de ouro e sodio. V. Ouro.
CHLORURETO DE SODA ou Hypochlorito de
soda liquido, ou Agua de Labarraque ( Chlorure de
soude , hypochlorite de soude liquide , ou eau de
Labarraque, fr.) . Liquido, sem côr, ás vezes leve-
mente rosado, transparente, de cheiro de chloro ;
sabor picante e salgado. Prepara-se da maneira se-
CHLORURETO DE SODIO. 233
guinte : Dilua 1 parte de chlorureto de cal secco a
90° em 30 p. d'agua ; de outra parte , dissolva 2 p .
de carbonato de soda cristallisado em 15 p. d'agua ;
misture as duas dissoluções e filtre. A agua de La-
barraque pode tambem preparar-se fazendo chegar
o chloro a uma dissolução de carbonato de soda. A
agua de Labarraque deve conter de chloro duas
vezes o seu volume . Interiormente , foi aconselhada
nas febres typhoïdes e na febre amarella ; exterior-
mente, no curativo das feridas, e como desinfectante.
INTERIORMENTE. 15 a 36 gottas, e progressiva-
mente até 2 oitavas em 24 onças de vehiculo .
EXTERIORMENTE . 1 onça em 12 onças d'agua, em
lavatorios, fomentações, injecções, etc.
Cozimento chloruretado (Chomel) .
Agua de Labarraque 24 onças
Cozimento de cevada 24 onças
Xarope de gomma 2 onças .
M. Uma chicara de duas em duas horas nas febres
typhoïdes.
Collutorio antiseptico .
Agua de Labarraque 4 oitavas
Agua simples 5 onças.
M. Emprega-se nas ulcerações da bocca.
Clyster chloruretado.
Agua de Labarraque 2 oitavas
Agua morna 12 onças.
M. Febres typhoïdes.
CHLORURETO DE SODIO, Hydrochlorato de
soda , sal commum , sal de cozinha ou sal marinho
( chlorure de sodium , hydrochlorate de soude , sel
de cuisine, ou sel marin , fr . ) . Cristaes cubicos , ino-
doros, brancos, de sabor fresco e salgado.
Aconselhado na tisica pulmonar , escrophulas e
oppilação . Segundo a escola franceza , a acção dyna-
mica do sal commum considera-se tonica , estimu-
lante, excitante. Segundo a escola italiana, julga-se,
pelo contrario, hyposthenisante ou antiphlogistica.
A agua que contém uma certa quantidade do sal em
dissolução é um resolvente empregado exteriormente
nas contusões e luxações.
INTERIORMENTE . 1 a 2 oitavas em agua ou n'uma
234 CHLORURETO DE ZINCO.
chicara de caldo . No mesmo dia o doente come um
pedaço de carne de vacca assada na grelha e bem
salgada. Tisica.
EXTERIORMENTE . Em banhos de pés, 12 onças para
q. s. d'agua quente. Congestões do cerebro . - Em
clysteres, 1/2 onça para 8 onças d'agua , como leve
purgante. Em fomentações , 1 onça para 8 onças
d'agua, como resolvente .
CHLORURETO DE ZINCO ( Chlorure de zinc ,
fr. ) . Solido, branco, caustico, soluvel em agua, e
mui deliquescente. No commercio não se acha senão
derretido na sua agua de cristallisação , ou em disso-
lução em agua marcando 40° no areometro Baumé .
Emprega-se como caustico, contra os scirrhos e can-
cros, e sendo dissolvido na agua é hoje com preferen-
cia empregado para o embalsamento dos corpos :
combina-se n'este caso com tecidos animaes e oppõe-
se á sua putrefacção . V Embalsamento nas Receitas
diversas.
Massa caustica de Canquoin. No 1. Chlorureto
de zinco 1 parte, farinha de trigo 2 p. Mistura-se o
chlorureto de zinco reduzido a pó com a farinha ,
ajunta-se agua para obter uma massa solida . Estende-
se sobre um marmore com um rolo em camadas que
varião de meia linha a 6 linhas, conforme a espessura
da escara que se deseja produzir. Conhece-se
debaixo do nome de massa nº 2 a em que entrão 3 p .
de farinha ; nº 3 em que entrão 4 p. de farinha ,
n° 4 em que entrão 5 p . de farinha para 1 p . de chlo-
rureto . É o nº 4 que é quasi exclusivamente empre-
gado . Corta-se a massa da fórma da escara que
se quer produzir ; applica-se sobre a parte denudada
por meio da pomada de Gondret où do alcali vo-
latil ; a massa excita no fim de alguns minutos um
calor doloroso que vai até ao sentimento de queima-
dura. A escara produzida por esta massa cahe do
oitavo ao decimo dia ; é branca , dura, espessa. É um
medicamento caustico que se emprega com proveito
para tirar os tumores scirrhosos e os cancros . Para
que seja bem feito é necessario empregar a farinha
rica em gluten . Foi proposto o emprego do gluten
puro em lugar de farinha.
CHOUPO. 235
A massa de Canquoin se conserva mal , e para a
poder conservar melhor, Robiquet modificou a sua
preparação da maneira seguinte : Dissolve-se no fogo
200 p. de chlorureto de zinco, fundido em 75 p . d'agua ,
numa capsula de louça. Deixa-se resfriar e ajunta-se
pouco a pouco 400 p. de farinha . Amassa-se esta mis-
tura por um quarto de hora , e estende-se em laminas
de meia linha de espessura . Para a massa nº 2, em-
prega-se chlorureto de zinco 400, farinha 400, agua
400. Para a massa nº 3, emprega-se chlorureto de zinco
600, farinha 400, agua 125. Assim preparado , este
caustico conserva se bem , mesmo ao contacto do ar.
Sommet , tambem com o intuito de uma melhor
conservação, modificou o caustico de Canquoin da
maneira seguinte : tomão-se p. ig. de chlorureto de
zinco e de gluten em pó ; faz-se derreter a calor
brando o chlorureto no alcool , e ajunta-se pouco a
pouco o gluten , mexendo sempre até á evaporação
do alcool. Conserva-se a massa num pote. É mui
malleavel , e póde-se rolar, quando fôr necessario,
em cylindros que se deixão seccar em estufa e que
podem servir como lapis causticos. Dissolvendo o
chlorureto de zinco no collodio elastico, e estendendo
a mistura com pincel sobre um tecido, obtem-se um
sparadrapo caustico.
Caustico com gutta - percha ( Maunoury, Robi-
quet ) . Deixando derreter a gutta-percha e introdu-
zindo n'ella metade do seu peso de chlorureto de
zinco ou de potassa caustica, obtem -se um excellente
caustico que se póde estender em laminas, moldar
em cylindros ou vasar em pastilhas. Para se servir
d'elle, basta mergulha-lo por alguns segundos em
alcool.
Estas combinações conservão a flexibilidade da
gutta-percha e pódem ser introduzidas nas cavidades
que se quer cauterisar sem experimentarem defor-
mação . As escaras são mui limpas, e conservão exac-
tamente a fórma que o cirurgião julgou conveniente
assignar-lhes.
CHOUPO (Peuplier, fr. ) . Populus nigra , L.
Arvore grande que habita em toda a Europa . Os
gommos de choupo entrão na composição do un-
236 CICUTA.
guento populeão que se emprega contra as hemor-
rhoidas, e os ramos descascados desta arvore servem
para a preparação do carvão, que é aconselhado pelo
Dr Belloc, e com muila vantagem contra a gastralgia.
V. Carvão vegetal , p. 210 .
CICUTA ( Ciguë, fr.) . Conium maculatum , L.
Planta que em Portugal acha-se entre Coimbra e
Pereira , nos arredores de Lisboa e outras partes do
Reino ; no Brasil encontra-se principalmente nas pro-
vincias de S. Paulo e Rio Grande do Sul. Raiz fusi-
forme, branca ; caule de 3 a 4 pés, liso, manchado
de nodoas negras ,
avermelhadas ; fo-
lhas tripinnadas,
profundamente den-
tadas ; flôres bran-
cas, fructo quasi glo-
boso ; cheiro desa-
gradavel, um pouco
semelhante ao da
ourina de gato . Fig.
46. P. us . Folhas.
Em alta dóse oc-
casiona uma espe-
cie de embriaguez ,
prostração geral ,
nauseas , lentidão do
pulso , escurecimen-
to da vista , delirio
furioso, convulsões ,
paralysia e morte ;
em dóses pequenas
Fig. 46. - Cicuta. é um calmante , e
emprega-se como tal nas molestias cancrosas , tisica,
nevralgias , tico doloroso da face, sciatica, coqueluche ,
asthma, tosses rebeldes . É tambem aconselhada nas
affecções venereas e escrophulosas inveteradas , nos
dartros antigos , nos endurecimentos dos testiculos ,
dos peitos e do figado . Exteriormente , sob a fórma
de cataplasma ou de emplasto, applica-se para acal-
mar as dôres cancrosas e outras . A escola italiana
considera a cicuta como um hyposthenisante .
CINCO RAIZES APERIENTES. 237
INTERIORMENTE . 2 a 24 grãos em pó ou pilulas .
Extracto 4 a 12 grãos em pilulas ou poção . Tintura
alcoolica , 10 a 20 gottas em poção . Tintura ethe-
rea. As mesmas dóses .
EXTERIORMENTE. Decocção 1/2 onça para 12 onças
d'agua , em fomentações, lavatorios, etc.
Em cataplasmas 2 oitavas de pó de cicuta para
8 onças de cataplasma de linhaça.
Oleo de cicuta ( cicuta pisada, 1 p.; azeite doce,
2p. ) em embrocações. Sua preparação é indicada
na p . 35.
Emplasto de cicuta . Applica-se sobre os lugares
dolorosos nas diversas molestias nervosas . Sua pre-
paração acha-se indicada na p . 24.
Pilulas de cicuta ( Storck ) .
Extracto de cicuta 1 oitava
Pó de cicuta q. b.
Faça pilulas de 2 grãos . D. 1 a 4 , duas vezes por dia .
Pilulas anti-ictericas ( Mac- Gregor ) .
Extracto de cicuta
aná 1 oitava
Extracto de quina
Pó de gengibre q. s.
F. 60 pilulas. Cada uma contém 11/5 grão de
extracto de cicuta. D. 2 a 3 por dia.
Cataplasma de cicuta.
Farinha de linhaça 6 onças
Decocção de cicuta q. s.
M.
Cinabrio, ou sulfureto rubro de mercurio . V. Mer-
curio.
CINCO RAIZES APERIENTES , Funcho, gil-
barbeira, aipo, espargo e salsa hortense ( cinq racines
apéritives : fenouil, petit houx, ache, asperge et persil,
fr.) . Diureticas .
Xarope das cinco raizes . Cod . fr. Raizes seccas
de aipo , funcho , salsa hortense, espargo e gilbar-
beira , aná 4 onças (125 p. ) ; xarope simples, 7 1/2 lib.
comm. ( 3750 p. ) . Corte as raizes em pedaços, e
ponha de infusão em 4 1/2 libr. comm. (2250 p. )
d'agua fervendo ; no fim de 12 horas còe sem espres-
são, e conserve o licor em lugar fresco . Faça uma
segunda infusão das raizes com 8 libr . comm. d'agua
236 CICUTA.
guento populeão que se emprega contra as hemor-
rhoidas, e os ramos descascados desta arvore servem
para a preparação do carvão, que é aconselhado pelo
Dr Belloc , e com muila vantagem contra a gastralgia .
V. Carvão vegetal , p. 240.
CICUTA ( Ciguë, fr.) . Conium maculatum , L.
Planta que em Portugal acha-se entre Coimbra e
Pereira , nos arredores de Lisboa e outras partes do
Reino ; no Brasil encontra-se principalmente nas pro-
vincias de S. Paulo e Rio Grande do Sul. Raiz fusi-
forme, branca ; caule de 3 a 4 pés, liso, manchado
de nodoas negras ,
avermelhadas ; fo-
lhas tripinnadas,
profundamente den-
tadas ; flôres bran-
cas, fructo quasi glo-
boso ; cheiro desa-
gradavel , um pouco
semelhante ao da
ourina de gato. Fig.
46. P. us. Folhas.
Em alta dóse oc-
casiona uma espe-
cie de embriaguez ,
prostração geral ,
nauseas , lentidão do
pulso , escurecimen-
to da vista , delirio
furioso, convulsões ,
paralysia e morte ;
em doses pequenas
Fig. 46. - Cicuta. é um calmante , e
emprega-se como tal nas molestias cancrosas , tisica,
nevralgias, tico doloroso da face, sciatica, coqueluche,
asthma, tosses rebeldes . É tambem, aconselhada nas
affecções venereas e escrophulosas inveteradas, nos
dartros antigos, nos endurecimentos dos testiculos,
dos peitos e do figado . Exteriormente , sob a fórma
de cataplasma ou de emplasto, applica-se para acal-
mar as dores cancrosas e outras. A escola italiana
considera a cicuta como um hyposthenisante .
CINCO RAIZES APERIENTES. 237
INTERIORMENTE . 2 a 24 grãos em pó ou pilulas.
Extracto 4 a 12 grãos em pilulas ou poção. Tintura
alcoolica , 10 a 20 gottas em poção . Tintura ethe-
rea. As mesmas dóses .
EXTERIORMENTE . Decocção 1/2 onça para 12 onças
d'agua , em fomentações, lavatorios, etc.
Em cataplasmas 2 oitavas de pó de cicuta para
8 onças de cataplasma de linhaça .
Oleo de cicuta ( cicuta pisada , 1 p .; azeite doce,
2 p. ) em embrocações . Sua preparação é indicada
na p . 35.
Emplasto de cicuta. Applica-se sobre os lugares.
dolorosos nas diversas molestias nervosas . Sua pre-
paração acha-se indicada na p . 24 .
Pilulas de cicuta ( Storck) .
Extracto de cicuta 1 oitava
Pó de cicuta q. b.
Faça pilulas de 2 grãos . D. 1 a 4, duas vezes por dia .
Pilulas anti-ictericas ( Mac-Gregor ) .
Extracto de cicuta aná 1 oitava
Extracto de quina
Pó de gengibre q. s.
F. 60 pilulas. Cada uma contém 1 1/5 grão de
extracto de cicuta. D. 2 a 3 por dia.
Cataplasma de cicuta .
Farinha de linhaça 6 onças
Decocção de cicuta q. s.
M.
Cinabrio, ou sulfureto rubro de mercurio. V. Mer-
curio.
CINCO RAIZES APERIENTES , Funcho, gil-
barbeira, aipo, espargo e salsa hortense ( cinq racines
apéritives :fenouil, petit houx , ache, asperge et persil,
fr.) . Diureticas .
Xarope das cinco raizes . Cod . fr . Raizes seccas
de aipo , funcho , salsa hortense, espargo e gilbar-
beira, aná 4 onças (125 p. ) ; xarope simples, 7 1/2 lib.
comm. ( 3750 p. ) . Corte as raizes em pedaços, e
ponha de infusão em 4 1/2 libr . comm. (2250 p. )
d'agua fervendo ; no fim de 12 horas côe sem espres-
são, e conserve o licor em lugar fresco . Faça uma
segunda infusão das raizes com 8 libr . comm. d'agua
238 COCHLEARIA.
( 4000 ) , còe com uma branda espressão ; misture
este licor com xarope simples ; ferva até que o xarope
tenha perdido em peso uma quantidade igual ao peso
da primeira infusão ; ajunte esta ultima, e côe . D. 1
a 2 onças para adoçar as bebidas diureticas .
Citrato de magnesia. V. Magnesia.
CIPÓ DE CHUMBO . Cuscuta umbellata , Hum-
boldt. Planta parasita do Brasil . Caules filiformes,
de côr amarella ala-
ranjada , de sabor
amargo ; flôres um-
belliformes, branco-
roseas. P. us. Toda
a planta.
Leve tonico . Em-
pregado nas affec-
ções do peito.
INTERIORMENTE.
Infusão : 3 oit. para
42 onças d'agua fer-
vendo.
Citrato de pro-
toxydo de ferro .
V. Ferro .
COCHLEARIA
(Cochléaria , fr.) .
Cochlearia offici-
nalis, L. Planta que
habita na Europa á
beira do mar e perto
dos regatos nas
montanhas. Fig. 47.
P.us. Folhas e cau-
les. Caule de 7 a
10 polegadas ; fo-
lhas arredondadas ,
luzidias ; flores
Fig. 47. ― Cochlearia.
brancas; sabor acre.
Excitante, estomachico e anti-scorbutico .
INTERIORMENTE . Infusão : 3 oit. para 12 onças
d'agua fervendo . Sumo espresso . 1/2 a 2 - onças .
COCO DA BAHIA. 239
Xarope. 1/2 onça até 2 e mais . Alcoolato. 1 a 4 oi-
tavas em poção. Extracto. 1/2 a 1 oitava.
EXTERIORMENTE . Infusão e alcoolato em gargarejos.
Tisana antiscorbutica .
Especies amargas 1 onça.
Agua fervendo q. s. Infunda e côe de modo que se
obtenha 20 onças de liquido.
Ajunte Alcoolato de cochlearia 1/2 onça .
Por chicaras nas affecções escrophulosas e escor-
buticas.
Poção antiscorbutica.
Xarope de quina 1 onça
Agua de hortelãa 3 onças
Alcoolato de cochlearia 1 oitava
Sumo de limão 1 onça.
M. Duas colheres de sopa tres vezes ao dia.
Thesouro da bocca.
Alcoolato de cochlearia 2 oncas
Alcoolato de alfazema 2 onças
Alcoolato de hortelãa 1 onça
Alcoolato de casquinha de limão 1 onça .
M. Uma colher de chá em meio copo d'agua fria
para lavar a bocca .
Collutorio antiscorbutico .
Mel rosado 2 onças
Alcoolato de cochlearia 1/2 onça
Tintura de quina 1/2 onça.
M. Tocão-se as gengivas com um pincel molhado
neste collutorio.
Tintura antiscorbutica.
Alcoolato de cochlearia 1 onça
Tintura de myrrha 1 oitava
Tintura de canella 1 oitava
Tintura de guaiaco 2 oitavas.
M. Uma colher de chá , n'uma chicara d'agua fria,
em gargarejos .
COCO DA BAHIA. Fructo do coqueiro ( coco-
tier, fr. ) . Cocos nucifera , L. , arvore originaria da
India, naturalisada no Brasil. O fructo é mui volu-
moso, de fórma um pouco triangular ; contém, de-
baixo de um envoltorio fibroso, uma substancia branca
e dura, de gosto de avalaa mui agradavel, e no centro
240 COLCHICO .
um succo adocicado chamado leite ou agua de coco.
O coco da Bahia emprega-se com proveito contra
a solitaria. Muitos doentes tem deitado este verme, to-
mando por unico alimento, durante quatro, seis e até
oito dias , só o coco da Bahia , e bebendo agua de coco.
COENTRO (Coriandre, fr .) . Sementes da Corian-
drum sativum , L., planta cultivada nas hortas de
Portugal e do Brasil . Têm um volume de um grão
de ervilha, rugadas na superficie , amarellas, de um
cheiro desagradavel de percevejo no estado fresco , e
agradavel sendo seccas.
Estimulante, sudorifico .
INTERIORMENTE . Pó 24 grãos a 1 oitava. Infusão
4 oit. para 12 onças d'agua fervendo .
COERANA ou Canema. Sestrum nocturnum ,
L., Arbusto do Brasil, de 10 a 12 pés de elevação ;
folhas ellipticas, alternas, lisas, pecioladas, de cheiro
nauseante, flor amarella esverdinhada que se abre de
noite. P. us Folhas.
Emolliente e calmante , empregada em banhos e
cataplasmas.
EXTERIORMENTE . Decocção : coerana 1 onça ,
agua q. s . para obter 12 onças de decocto . Este de-
cocto com q. s. de farinha de linhaça constitue uma
cataplasma que se applica nos lugares dolorosas. Em
banhos. 4 onças para um banho .
COLCHICO ( Colchique, fr .) . Colchicum autum-
nale, L. , Planta que habita nos prados da Europa
meridional . Fig. 48. Compõe-se de um tuberculo car-
noso e amylaceo, envolvido n'um pequeno numero de
tunicas fuscas ; de caule coberto de um spatho e con-
tido no prolongamento da tunica fusca ; flor roxa
composta de seis petalas ; as folhas desenvolvem-se
só no verão proximo, e os fructos apparecem no
meio d'ellas. P. us . Bolbo e sementes . No commer-
cio o bolbo tem a fórma ovoïde, do tamanho de uma
noz, convexo de um lado, e longitudinalmente esca-
vado do outro ; por fóra de còr cinzenta amarellada ,
marcada com estrias ; branco por dentro ; sabor acre .
As sementes, da grossura da cabeça de um alfinete,
são ovaes , de cor vermelha denegrida , com uma
crista assaz visivel formada pelo arilho .
COLCHICO. 241
Em dóse minima exerce sobre o systema nervoso
uma acção sedativa ; diminue a força e frequencia do
pulso ; em dóse moderada, purgante e diuretico ; em
alta dóse, é um veneno irritante : duas a tres oitavas
são sufficientes para produzir a morte nos cães. Ad-
ministrado seguidamente por muito tempo, ou em

Fig. 48. Colchico.


dóse elevada por uma vez , produz vomitos , evacua-
ções sanguinolentas , puxos e dôres hemorrhoidaes,
difficuldade de urinar, urinas sanguinolentas , ver-
tigens, tremor, oppressão, desmaio , pulso pequeno,
intermittente, transpiração, etc. Todos estes pheno-
menos provão que a acção dynamica do colchico é
hyposthenisante. Emprega-se com vantagem na gota,
rheumatismo e hydropisia.
INTERIORMENTE. Pó. 1 grão e progressivamente até
20 e 40 grãos por dia. Extracto 1/2 a 2 grãos e mais
14
242 COLCHICO .
progressivamente em pilulas. Tintura. ( Bolbos de
colchico 3 onças , alcool a 24 ° Cart. 12 onças . Macere
por 15 dias , côe com espressão e filtre. Cod . fr.)
15 gottas a 4 oitava em poção.
Vinho de bolbos de colchico . (Bolbos de colchico ,
4 onça ; vinho branco e generoso, 16 onças. Macere
por 12 dias, còe e filtre . Cod . fr .) 2 oitavas a 4 1/2 onça
em poção. Quando o medico receita vinho de col-
chico, deve-se entender vinho de bolbos de colchico .
Vinho de sementes de colchico . (Sementes de col-
chico, 4 onça ; vinho branco generoso , 16 onças . Macere
por 12 dias, côe e filtre. Cod . fr. ) 1 oit. a 6 oit. em poção.
Vinagre de colchico . (Bolbos de colchico, 4 onça ;
vinagre, 12 onças. Macere por 45 dias, còe e filtre .
Cod . fr.) 1 a 5 oitavas.
Oxymel de colchico. ( Vinagre de colchico, 4 onça ,
mel de abelha, 2 onças . Cod . fr . ) 4 oit. a 1 onça e meia .
Agua medicinal de Husson. ( Bolbos de colchico
frescos 4 p. , alcool a 36° 2 p . Macere por 5 a 6 dias,
côe e guarde. ) D. 20 a 60 gottas por dia, em meio
copo d'agua com assucar. Como excitante e purgante
na gota e rheumatismo .
Pilulas anti-gotosas.
Extracto de colchico 36 grãos
Extracto de coloquintidas composto 36 grãos
Opio 2 grãos
F. 24 pilulas . Cada uma contém 1 1/2 grão de ex-
tracto de colchico, 1 1/2 grão de extracto de colo-
quintidas e 1/12 de grão de opio. D. 3 a 6 por dia .
Poção de colchico ( Forget) .
Vinho de colchico 6 oitavas
Infusão de macella 3 onças
Agua de lourocerejo 4 oitava
Xarope simples 6 oitavas.
M. Uma colher de sopa, de duas em duas horas, na
gota . Se sobrevierem vomitos ou evacuações alvinas
mui abundantes, será preciso parar com esta poção .
Poção anti-arthritica .
Vinho de colchico 2 oitavas
Carbonato de magnesia 4 oitava
Agua distillada de canella 3 onças
Agua pura 3 onças.
COLLODIO . 243
M. D. Uma colher de tres em tres horas.
Mistura diuretica ( Hildebrand ) .
Tintura de sementes de colchico 5 oitavas
Tintura de digital 5 oitavas
Ether nitrico alcoolisado 1 oitava
M. D. 20 gottas de tres em tres horas, em meia
chicara d'agua com assucar. Hydropisias.
Colcothar ou Oxydo vermelho de ferro . V. Ferro.
COLLODIO (Collodion , fr .) . Dá-se o nome de col-
lodio a uma dissolução de algodão polvora , cha-
mado tambem algodão fulminante, quer no ether
sulfurico, quer no ether sulfurico alcoolisado. Esta
substancia goza de propriedades adhesivas mui po-
derosas, e pode ser util como medicamento aggluti-
nativo, e como bom verniz .
O collodio é um liquido esbranquiçado, viscoso ,
meio transparente. Deitando um pouco desta substan-
cia sobre a pelle bem enxuta da mão ou de outra
parte do corpo , forma-se instantaneamente uma
crosta, que não se deixa tirar nem pela agua fria,
nem pela agua quente, nem pelo alcool . O collodio
foi aconselhado no curativo das feridas , para lhes
pôr em contacto os labios ; com o qual se consegue
mais do que se poderia obter por meio de pontos
falsos ou de qualquer emplasto adhesivo . Tem-se
tambem empregado com proveito no tratamento das
queimaduras preservando estas lesões do contacto
do ar, favorece singularmente a cicatrisação .
Preparação do algodão fulminante ( Mialhe) .
Tome nitro em pó 40 onças, acido sulfurico concen-
trado 60 onças, algodão cardado 2 onças . Misture o
nitro com o acido sulfurico em uma capsula de por-
celana, ajunte logo o algodão ; agite a mistura por
espaço de tres minutos, lave-o em agua até que se
torne insipido, e seque em estufa .
O algodão fulminante inflamma-se sendo simples-
mente approximado a uma brasa ou algum outro
corpo em ignição.
Preparação do collodio . Tome algodão fulmi-
nante 8 oitavas, ether sulfurico concentrado 125 oita-
vas, alcool rectificado 8 oitavas. Introduza o algodão
fulminante e o ether dentro de um frasco appropriado,
244 COLOPHONIA .
agite e ajunte o alcool, e continue a agitar até que
o todo se torne homogeneo.
O Sr. Edwards prepara o algodão fulminante to-
mando volumes iguaes de acido nitrico de peso espe-
cifico 1,5 , e de acido sulfurico de peso de 1,845 ,
nos quaes mergulha o algodão por pequenas porções
por espaço de um minuto, depois lava-o n'uma grande
quantidade d'agua fria até que fique bem branco e
isento de acido. Este algodão fulminante se dissolve
instantaneamente no ether sulfurico do commercio ,
e dá uma geléa meio solida ou um liquido espesso ,
conforme a proporção do ether empregado . É preciso
evitar mui longa immersão nos acidos , o emprego
de acidos fracos ou de ether muito puro. Este ultimo
deve conter bastante alcool, para que sua densidade
seja cerca 0,76 a 0,77. Segundo o Sr. Edwards
esta maneira de preparar o collodio é preferivel ao
processo do Sr. Mialhe ; é de execução mais facil, e
não precisa ser lavado tanto, logo que o algodão.con-
tenha sulfato de potassa .
Finalmente eis aqui a maneira de preparar o col-
lodio segundo o Dr. Bouchardat . Algodão fulmi-
nante muito secco 16 partes em peso (ou 4 oitavas) ,
ether sulfurico puro 715 partes em peso ( ou 178 3/4
oitavas em peso). É preciso introduzir o algodão fulmi-
nante n'um balão secco, e deitar por cima 429 partes
de ether sulfurico , e tapar o balão hermeticamente.
Passados alguns minutos, quando todo o algodão
fulminante estiver bem penetrado de ether, e quando
se abater sobre si mesmo , é necessario sacudir o
vaso para dividir a massa gelatinosa, e deixa-la ao
sol por 15 a 20 minutos. Depois deste tempo ajun-
tão-se 286 partes do ether restante, e mexe-se para
dissolver a massa gelatinosa . O liquido viscoso que
resulta disto contém ainda alguns filamentos de
algodão , que ficão suspensos no collodio , mas
não prejudicão ao effeito deste composto adhesivo .
COLOPHONIA ou Colofana ( Colophane , fr. ) .
Substancia resinosa, secca, transparente, amarella ou
rôxa é o residuo da distillação da terebenthina. Re-
duzida a pó applica-se para suspender o escorrimento
sanguineo, produzido pelas picadas das bixas . Entra
COLOQUINTIDA. 245
na composição do unguento basilicão, que serve
para activar a suppuração dos causticos.
Unguento basilicão . Cod. fr. (Pêz negro 1 p. , co-
lofana 1 , cera amarella 1 , azeite doce 4. Derreta o pêz
e a colofana a fogo brando n'um tacho de cobre,
ajunte a cera, e quando esta estiver derretida ajunte
o azeite ; côe por panno de linho, e mexa o unguento
em um gral até arrefecer) .
COLOQUINTIDA (Coloquinte, fr. ) . Cucumis colo-
cynthis, L. Planta originaria do Levante, cultivada nas
hortas da Europa . Tem o fructo globoso, amarellado,
do tamanho de uma laranja. Fig. 49. P. us. Polpa do

Fig. 49. Coloquintida.


fructo. Nas boticas acha-se em massas brancas, espon-
josas, seccas e leves, em cujas cavidades estão as se-
mentes ; sabor amargo, nauseante ; sem cheiro notavel .
Purgante energico . Basta estar por algum tempo
n'uma atmosphera carregada de pós desta substancia
para se experimentar o effeito de sua grande activi-
dade. Administrada interiormente provoca dejecções
alvinas abundantes, e algumas vezes vomitos . Dirige
14.
246 COLOQUINTIDA.
principalmente a sua acção sobre o recto ; favorece
tambem o fluxo menstrual . Emprega-se na hydropi-
sia, cephalalgias intensas, epilepsia , apoplexia , de-
mencia, blennorrhagias rebeldes, etc. Não deve em-
pregar-se nas pessoas affectadas de hemorrhoidas .
Subst. incomp. Os alcalis fixos , o sulfato de ferro,
o nitrato de prata, o acetato de chumbo , etc.
INTERIORMENTE . Pó 4, 12 a 24 grãos associados a
gomma, assucar ou algum outro pó inerte.
Extracto. 4 a 8 grãos em pilulas.
Extracto de coloquintida composto ou extracto
cathartico. Pharm. Lond . (Polpa de coloquintidas 6
onças, extracto de aloes purificado 12 onças , esca-
monéa 4 onças , cardamomo 1 onça , sabão duro 3 on-
ças, alcool fraco 128 onças. Macere no alcool a colo-
quintida por 3 dias, côe, ajunte o aloes, a escamonéa
e o sabão, evapore até á competente consistencia, e
ajunte o cardamomo). D. 4 a 24 grãos como drastico.
Vinho. (Coloquintidas, 20 p . Macere em 64 p. de
alcool a 24 por 24 horas ; ajunte 940 p . de vinho
branco generoso , e depois de 8 dias de maceração,
côe com espressão . Cada onça contém 11 grãos de
coloquintidas. ) D. 1/2 a 1 onça .
Decocção . (Coloquintidas, 4 oitava ; agua q. s. para
ter 8 onças de liquido ; ajunte ether sulfurico alcoo-
lisado , 1 oitava ; xarope de casca de laranja, 4 onça . )
D. 2 colheres 3 a 6 vezes por dia , nas hydropisias.
Pilulas purgativas e diureticas (Frank ) .
Extracto de coloquintida composto 15 grãos
Gomma gutta 45 grãos
Calomelanos 10 grãos
Xarope de zimbro q. s.
F.12 pilulas . D.6 de manhãa e 6 de noite. Hydropisia .
Pilulas anti-biliosas de Barclay.
Extracto de coloquintidas 36 grãos
Resina de jalapa 48 grãos
Sabão amygdalino 27 grãos
Guaiaco 54 grãos
Emetico 2 grãos
Oleo volatil de zimbro
de alcaravia aná 1 gotta
- de alecrim
CONSOLDA MAIOR. 247
Xarope de espinha cervina q. b .
F. pilulas de 4 grãos. Cada uma contém quasi
1 grão de extracto de coloquintidas . D. 5 a 6 por dia .
Pomada purgante (Chrestien) .
Coloquintidas em pó 1 oitava
Banha 4 onça.
F. S. A. Em fricções no ventre.
CONSOLDA MAIOR ( Grande consoude, fr. ) .
Symphytum officinale , L. Planta que em Portugal

Fig. 50. - Consolda maior.


habita nos sitios sombrios e humidos de Entre-Douro
e Minho. Fig . 50. Raiz grossa, alongada, denegrida
248 CONTRAHERVA.
por fora e branca por dentro ; sabor ao principio mu-
cilaginoso , ao depois sub-adstringente e viscoso :
folhas asperas ovadas lanceoladas ; flôres brancas ou
roseas. P. us. Raiz e folhas.
Emolliente, empregado principalmente nas hemor-
rhagias dos pulmões.
INTERIORMENTE . Infusão : 1 1/2 oit. para 16 on-
ças d'agua fervendo . Xarope 1 à 2 onças para ado-
çar as bebidas emollientes.
CONTRAHERVA, Caapia ou Carapia. Dorstenia,
varias especies , e principalmente D. brasiliensis ,
Lamarck. Planta do Brasil. Fig. 51. Planta sem caule ,
folhas cordifor-
mes , flôr miuda,
branca , contida
n'um recepta-
culo carnoso ;
caule subterra-
neo vulgarmen-
te chamado raiz :
é da grossura de
um dedo peque-
no, de duas pol-
legadas de com-
primento , de côr
fusca e escamosa
porfora , branca
amarellada por
dentro , de sabor
amargo e cheiro
aromatico ;
apresenta na sua
parte inferior
Fig. 51. Contraherva. muitas peque-
nas radiculas , que são as verdadeiras raizes da
planta . P. us. Raiz (caule subterraneo ).
Nas boticas acha-se tambem a contraherva que ha-
bita no Mexico , Dorstenia contrayerba, L. A raiz
desta especie é um pouco mais grossa, mas seu cheiro
e sabor não são tão pronunciados como os da espe-
cie brasileira.
A raiz de contraherva é um excitante energico ;
COPAHIBA. 249
aconselhada nas atonias do canal digestivo , affecções
gangrenosas, febres typhoïdes, chlorose, e como em-
menagogo.
INTERIORMENTE. Infusão : 2 oitavas para 12 on-
ças d'agua fervendo .
COPAHIBA ( Copahu, fr.) . Resina impropriamente
chamada balsamo proveniente da Copaifera offici-
nalis , L. , arvore da America meridional, que abunda
principalmente no Brasil . Fig. 52. Liquido de consis-

LESESTRE
Fig. 52. - - Copahibeira.
tencia oleaginosa , transparente, branco-amarellado ,
de cheiro forte e desagradavel , sabor acre e amargo.
A copahiba dirige principalmente a sua acção sobre
o apparelho genito-urinario , e é considerada como
hyposthenisante pela escola italiana . Emprega-se
com grande vantagem nas gonorrhéas agudas e chro-
250 COPAHIBA.
nicas e na leucorrhéa : produz ás vezes erupção cuta-
nea , semelhante à dos sarampos , que desaparece
espontaneamente. Para evitar as nauseas que occa-
siona a copahiba, muitos medicos administrão esta
substancia em clysteres, e alguns pharmaceuticos
inventárão um novo methodo de tomar-se a copa-
hiba sem repugnancia ao paladar. que é incluindo -a
em capsulas gelatinosas, que são facilmente engulidas
como os bolos ou pilulas . A gelatina ou o gluten se
dissolvem , e a copahiba é posta a nú no estomago.
INTERIORMENTE. 2 a 4 oitavas por dia, pura, em
pilulas ou poção . Em clyster, 1/2 a 1 onça.
Capsulas de copahiba de Mothes . São preparadas
com a copahiba e uma capsula de gelatina . Cada uma
contém 18 grãos de copahiba. D. 3 a 6 e mais cap-
sulas, duas vezes por dia.
As capsulas de Raquin são preparadas com a
copahiba meio solidificada pela magnesia calcinada ,
envolvida em uma camada mui delgada de gluten .
Copahiba solidificada officinal ( Copahiba, 16 on-
ças ; magnesia calcinada , 1 onça . M. É preciso 8 a
12 dias para que a solidificação se opere) . D. 2 a 4 oi-
tavas em hostia ou em pilulas.
Copahiba solidificada magistral (Copahiba, 4 onça;
carbonato de magnesia , q . s. para fazer um electuario de
boa consistencia) . D. 2 à 9 oit. , em hostia ou pilulas.
Estas duas preparações são mui commodas, mas
fazem perder á a copahiba a sua actividade.
Gragéas balsamicas de Fortin. Copahiba, 1 onça;
magnesia calcinada, 27 grãos . Misture exactamente,
divida, ao cabo de 24 horas, em 72 partes que é ne-
cessario enrolar entre os dedos e converter depois
em gragéas. D. 5 a 20 por dia .
Pilulas de copahiba (Cadet).
Balsamo de copahiba 2 oitavas
Carbonato de magnesia q. S.
F. pilulas de 6 grãos . D. 6 a 8, tres vezes ao dia .
Pilulas contra o catarrho vesical (Gall) .
Copahiba
Terebenthina aná partes iguaes
Magnesia q . s.
F. pilulas de 4 grãos . D. 3 pilulas, tres vezes ao dia.
COPAHIBA. 251
Poção de Chopart.
Copahiba
Alcool
Xarope de tolu anȧ 2 onças
Agua de hortelãa
Agua de flor de laranja
Acido nitrico alcoolisado 2 oitavas.
M. D. Uma a duas colheres tres vezes por dia .
Mistura balsamica de Fuller.
Copahiba 2 onças
Gemmas de ovos duas
Triture e ajunte pouco a pouco
Xarope de tolu 2 onças
Vinho branco generoso 6 onças .
D. Uma a duas colheres tres vezes por dia . Con-
tra os catarrhos chronicos do pulmão, do utero, da
uretra e da bexiga.
Emulsão de copahiba ( Righini ) .
Balsamo de copahiba 1 onça
Extracto de ratanhia 1 oitava
Gemma de ovo uma
Acido nitrico alcoolisado 2 oitavas
Agua distillada 6 onças.
F. S. A. Toma-se em quatro ou tres dias .
Mistura brasileira.
Copahiba 3 onças
Gemma de ovo uma
Xarope de gomma 1 onça
Tintura de açafrão 2 oitavas
Agua 8 onças .
F.S. A.-D. Duas colheres tres a quatro vezes por dia .
Mistura balsamica ( Niemann) .
Copahiba
Terebenthina de Veneza aná partes iguaes .
Oleo de succino
M. D. 30 a 60 gottas tres vezes por dia, contra as
polluções nocturnas.
Mistura contra a gonorrhea ( Lisemann) .
Balsamo de copahiba 5 oitavas
Essencia de hortelãa-pimenta 4 gottas
Essencia de cravo da India 4 gotta
Tintura de opio 36 grãos.
252 CORALINA.
Misture e mexa cada vez. D. Uma colher de chá
n'uma chicara d'agua com assucar, tres vezes ao dia.
Xarope gommoso de copahiba ( Puche) .
Balsamo de copahiba 2 onças
Gomma em po 1/2 onça
Agua 1 1/2 onça
Essencia de hortelãa-pimenta 32 gottas
Xarope simples 12 onças.
F. S. A.-D. 2 oitavas a duas onças por dia. Se
este xarope produzir um effeito purgativo muito forte,
ajuntar-se-lhe-ha 2 grãos de hydrochlorato de mor-
phina para 16 onças de xarope.
Etectuario adstringente.
Copahiba 4 onça
Cubebas pulverisadas 4 onça
Extracto de ratanhia 1 oitava.
M. 1 a 4 oitavas por dia, na blennorrhagia .
Clyster de copahiba (Ricord).
Copahiba 6 oitavas
Gemma de ovo uma
Extracto de opio 1 grão
Agua 6 onças.
F. S. A.
Clyster anti-blennorrhagico.
Copahiba 1/2 onça
Gemma de ovo uma
Camphora 4 grãos
Extracto de opio 1 grão
Agua quente 4 onças.
F. S. A. O doente deve conservar no intestino estes
clysteres, e por isso convem primeiramente admi-
nistrar um ou dous clysteres d'agua morna simples .
CORALINA (Coraline blanche, fr.) . Coralina of-
ficinalis, L. Substancia considerada como perten-
cente ao genero dos polypos, por uns, e como planta
por outros ; acha-se nas beiras do Oceano e do Me-
diterraneo . E debaixo da fórma de ramos delgados ,
articulados, frageis, de côr vermelha ou rôxa-esver-
dinhada , ficando brancos com o tempo ; cheiro de
chloro, sabor salgado e nauseabundo.
Anthelmintico .
CRAVO DA INDIA. 253
INTERIORMENTE . Pó. 1 escrop. a 1 oitava . Infu-
são : 3 oitavas para 12 onças d'agua fervendo .
CORDAO DE FRADE. Phlomis nepetifolia ,
L. Planta que habita no Brasil. Caule de 3 a 4 pés de
altura , offerece no seu comprimento e na parte supe-
rior dous ou mais globulos espinhosos ( fructos ) , nos
quaes se acha a semente , flôr alaranjada, folhas for-
temente dentadas , ovaes e oblongas ; cheiro mui
aromatico. P. us . Toda a planta.
Estimulante.
EXTERIORMENTE . Infusão em banhos . 1 a 2 libras
para um banho, que é excitante ; convem ás crian-
ças debeis.
CRAVO DA INDIA (Clou de girofle, fr. ) . Flôr
da Caryophyllus aromaticus, L., arvore das Mollu-

Fig. 53. — Craveiro.


cas, cultivada na America Meridional. Fig. 53. Esta
flôr tem a fórma de um pequeno cravo de ferradura ,
15
254 CREMOR DE TARTARO.
de côr fusca escura, sabor acre e picante, cheiro
aromatico, forte e fragrante.
Excitante , cordial , aphrodisiaco , emmenagogo e
estomachico, ou, servindo-se da expressão de Giaco-
mini, hypersthenisante gastro-enterico .
INTERIORMENTE. Pó 6 grãos a 1 oitava. Infusão :
4 oitava para 12 onças d'agua fervendo. Agua dis-
tillada 4 a 2 oit . em poção . Tintura 1/2 a 1 oit. em
poção . Oleo essencial 2 a 4 gottas.
EXTERIORMENTE . O oleo essencial, que é rubefa-
ciente, emprega-se nas dôres de dentes . Para este
fim deita-se 2 ou 4 gottas em algodão , que se intro-
duz na cavidade do dente cariado .
Pastilhas ou tabellas mogolas.
Assucar 3 onças , gomma arabica 4 onça , extracto
de opio 90 grãos, cravo da India 2 onças, macis
2 onças, noz moscada 2 onças , almiscar 5 grãos,
agua distillada q . b. F. tabellas de 6 grãos . D. 2 a
3 por dia como excitante .
CREMOR DE TARTARO ou Tartrato acido de
potassa (Crême de tartre ou tartrate acide de potasse,
fr. ) . Sal que existe impuro nos tamarindos, uvas, etc.
Branco, meio-transparente, cristallisado em prismas
quadrangulares, sem cheiro , de sabor acido, inalte-
ravel ao ar, soluvel em 95 partes d'agua fria. O cre-
mor de tartaro póde ficar muito mais soluvel, mistu-
rando 4 p . deste sal , com 4 p . de acido borico e
24 p. d'agua, eevaporando esta ultima pela ebullição .
O residuo constitue o cremor de tartaro soluvel,
que se emprega frequentemente . Purgante pouco
energico em alta dóse, temperante em pequena . A
escola italiana considera o cremor de tartaro como
um remedio hyposthenisante enterico, por causa dos
effeitos seguintes que produz : pallidez geral , cala-
frios, fraqueza, augmentação das urinas, purgações
liquidas e repetidas. O cremor de tartaro emprega-se
nas molestias inflammatorias, affecções da pelle , con-
tra as hemorrhoidas, etc.
Subs. incomp. Os saes de cal, os acidos fortes.
INTERIORMENTE . Como purgante, 1/2 a 2 onças,
dissolvido em 12 onças d'agua com assucar, ou em
CREOSOTA. 255
infusão de casca de laranja ou de limão adoçada .
Como temperante 1 a 4 oitavas.
Cremor de tartaro soluvel. As mesmas dóses . Este
se emprega com preferencia.
Pastilhas de manná tartarisadas .
Cremor de tartaro 4 oitavas
Manná 4 onças
Agua 10 onças .
Ferva até à consistencia conveniente, e faça pas-
tilhas de 12 gr. Laxante commodo para as crianças.
Bebida temperante .
Cremor de tartaro soluvel 3 oitavas
Nitrato de potassa 36 grãos
Assucar 4 onça
Agua 24 onças.
M. Toma-se por chicaras.
CREOSOTA ( Créosote, fr. ) , Especie de oleo es-
sencial extrahido do alcatrão . É um liquido sem côr
quando é puro, toma com o tempo uma côr aver-
melhada ; de cheiro desagradavel e semelhante ao
da carne defumada ; de sabor acre, adstringente e
caustico; soluvel na agua, miscivel com o alcool e com
os oleos.
É dotada de uma grande actividade ; cauterisa
fortemente as membranas sobre que é applicada.
Emprega-se exteriormente em soluções, loções, po-
madas, etc. , nas ulceras atonicas, nos escorrimentos
mucosos , feridas difficeis de curar, trajectos fistu-
losos, cancros venereos, ulceras escorbuticas e escro-
phulosas, dores de dentes, certas molestias da pelle ,
surdez occasionada pela falta de secreção do humor
ceruminoso , como meio hemostatico , etc.
EXTERIORMENTE. Uma gotta em algodão que se in-
troduz no dente cariado, tendo cuidado que o reme-
dio não toque as gengivas . Póde tambem applicar-se
com um palito .
Agua de creosota ( Creosota 4 p. , agua 100 p . ) .
Póde-se augmentar a proporção da creosota até em-
pregar 10 p . de creosota para 100 p. d'agua. Usa-se
em applicações externas contra os dartros , ulceras
atonicas.
256 CUBEBAS .
Pomada de creosota (Hiff) .
Creosota 18 gottas
Oxydo de zinco 1 oitava
Banha 2 onças.
M. Coutra a tinha dartros.
CUBEBAS ( Cubèbe , fr. ) . Fructos do Piper cu-
beba, L., arbusto que habita na India e Africa. Fig.54.
São bagas pretas, enrugadas, mais grossas do que as da

Fig. 54. -- Cubebeira.


pimenta da India , pediculadas ; contém uma amen-
doa amarella, dura e coberta de uma epiderme rôxa .
As cubebas tem o cheiro aromatico e sabor picante ;
dirigem principalmente sua acção sobre os orgãos
genito-urinarios . Empregão-se com grande vantagem
contra as gonorrhéas. São aconselhadas tambem na
incontinencia de urina e nas polluções nocturnas .
INTERIORMENTE . Pó . 1/2 a 2 oitavas ; duas ou tres
CUSSO. 257
vezes por dia, em xarope, mel de abelha, doces , ou
n'uma chicara d'agua com assucar.
Electuario de cubebas.
Cubebas em pó 4 oitavas
Xarope simples q . s.
Toma-se em tres dóses por dia , em hostia , nas
blennorrhagias.
Electuario anti-blennorrhagico.
Cubebas em pó 2 onças
Copahiba 4 onça
Essencia de hortelãa-pimenta 10 gottas.
M. D. Duas colheres de chá, envoltas em hostia ;
duas vezes por dia.
Electuario de cubebas e copahiba.
Cubebas em pó 1 1/2 onça
Copahiba 1 onça
Essencia de hortelãa-pimenta 9 grãos
Acido nitrico alcoolisado 18 grãos
Assucar q. b.
F. S. A. Uma colher de sopa de manhãa, outra de
noite, na blennorrhagia.
Clyster anti-gonorrheico (Velpeau) .
Decocção de althéa 6 onças
Cubebas pulverisadas 4 oitavas.
M. D. Um de manhãa, e outro de tarde.
CUMINHO ( Cumin, fr. ) . Cuminum cyminum,
L. Planta cultivada nas hortas da Europa . P. us .
Sementes . Grãos ellipsoides, alongados , estriados ,
de côr ruiva, tem cheiro forte e sabor aromatico .
Carminativo, estomachico, excitante .
INTERIORMENTE . Pó 24 gr . a 1 oit . Infusão : 1 oit.
para 12 onças d'agua fervendo . Oleo essencial 2 a
6 gottas em poção.
CUSSO ou Kusso ( Kousso , fr. ) . Flores da Brayera
anthelmintica, Kunth, grande arvore que habita na
Abyssinia. Fig. 55. São de côr amarella escura sendo
pulverisadas. É um medicamento excellente contra a
solitaria, que principiou a empregar- se ha alguns
annos. Eis-aqui a maneira da sua administração :
Um dia antes de tomar o remedio o doente não deve
jantar. De manhãa, no dia seguinte, deitão-se sobre
5 oitavas de cusso pulverisado 8 onças d'agua fer-
258 CUSSO.
vendo, cobre-se o vaso e deixa-se por um quarto de
hora de infusão , então o doente bebe toda a mistura
com pós em jejum por duas vezes com alguns minu-
tos de intervallo, se não a póde beber por uma vez . É

Fig. 55. 1 Cusso.


preciso depois lavar a bocca com uma pouca d'agua.
Este remedio provoca sêde , mas convem não heber
até à primeira evacuação , que tem ordinariamente
lugar no fim de uma hora . Então póde-se beber agua
CYANURETO DE ZINCO . 259
fria ou chá da India, sem leite nem assucar. Com a
terceira ou quarta evacuação , a solitaria é inteira-
mente expulsa sem colicas nem febre . Se as evacua-
ções não se manifestarem ao cabo de tres horas, será
preciso provoca-las com 2 onças de sal d'Epsom, ou
2 onças de oleo de ricino .
Dóse . Para as crianças até 3 annos , 1 1/2 oitava de
cusso ; para as de 3 a 7 annos , 21/2 oitavas : para as
de 7 a 12 annos, 3 oitavas ; e para os adultos, 5 oitavas.
Esta substancia não provoca vertigens nem vomi-
tos, como faz o decocto de casca de raiz de romeira.
Cyanureto de mercurio. V. Mercurio.
Cyanureto de ouro. V. Ouro.
CYANURETO DE POTASSIO ou Hydrocyanato
de potassa (Cyanure de potassium , ou hydrocyanate
de potasse, fr. ) . Sal solido , branco, cristallisado em
cubos, de sabor acre e amargo, mui soluvel na agua,
menos soluvel no alcool ; sem cheiro quando é recen-
temente preparado, mas exposto ao ar attrahe a hu-
midade, decompõe- se lentamente, e derrama vapores
de acido prussico .
Calmante como o acido prussico. Emprega-se ex-
teriormente nas cephalalgias e nevralgias da face .
Interiormente é aconselhado nas affecções nervosas ;
mas deve administrar-se com a maior prudencia,
pois que em dóse um pouco elevada é um veneno
violento, e se altera no fim de dous ou tres mezes .
INTERIORMENTE . 1/4 a 4 gr. progressivamente em
poção, que se administra por colheres.
EXTERIORMENTE :
Solução de cyanureto de potassio (Lombard ).
Cyanureto de potassio 4 grãos
Agua distillada 1 onça.
M. Molha-se um chumaço nesta solução , e aplica -se
na parte affectada de dôr nevralgica , por cima do
chumaço applica -se uma atadura . No dia seguinte
torna-se a molhar o chumaço , e assim se continua
por cinco ou seis dias .
CYANURETO DE ZINCO (Cyanure de zinc, fr .) .
Branco, sem sabor e sem cheiro, insoluvel na agua .
Venenoso em dóse elevada ; em pequena, aconse-
260 DIASCORDIO.
lhado como antispasmodico na epilepsia, hysterismo,
gastralgia.
INTERIORMENTE . 1/4 de grão a 4 grãos , em pós
com assucar, ou em pilulas.
Dedaleira. V. Digital, p. 261 .
Dente de leão. V. Taraxaco .
Deuto-bromureto de mercurio. V. p . 180.
Deuto-chloruretc de mercnrio. V. Mercurio .
Deuto-iodureto de mercurio. V. Iodureto.
DEXTRINA ( Dextrine, fr.) . Substancia de natu-
reza gommosa, debaixo da fórma de pó branco-ama-
rellado, e que se obtem expondo o amido ou a fecula
nos fornos, a uma temperatura de 150 a 200° . A
dextrina emprega-se para os apparelhos inamoviveis
no curativo das fracturas dos membros. Eis-aqui
como se procede : Deita-se n'uma bacia a quantidade
sufficiente de dextrina que se quer empregar, e pul-
verisão-se os grumos que a humidade fórma ás vezes
nesta substancia. Deita-se depois aguardente alcan-
forada em quantidade sufficiente para formar uma
massa espessa, que é preciso amassar até que a super-
ficie principie a pegar-se aos dedos . Deitão-se depois
pequenas porções d'agua , que se incorporão suc-
cessivamente amassando de novo ; pouco a pouco
ajunta-se assim bastante agua para ter um liquido
da consistencia do mel de abelha . As proporções que
o Dr. Velpeau indica como as melhores são : dex-
trina 100 partes, aguardente alcanforada 60 partes,
agua 50 partes. Para uma fractura de côxa é presiso
16 onças de dextrina ; para a perna 10 onças, para
o braço 6 onças , assim como para o antebraço .
Applicando o apparelho é preciso : 1º, molhar le-
vemente as ataduras nesta mistura ; 2º , applicar com
precaução as ataduras , e envernisar por fora o ap-
parelho com o restante da mistura ; 3°, suspender o
membro sobre duas ou tres aladuras untadas de ce-
roto, afim de que estas não possão pegar-se ao appa-
relho que em pouco tempo ficará secco .
DIASCORDIO ( Diascordium , fr . ) . Electuario com-
posto de folhas de scordio, rosas rubras, raizes de
bistorta, genciana e tormentilla , sementes de berberis ,
DIGITAL. 261
cassia lignea, canella , dictamo de Creta, estoraque,
galbano, gomma arabica, gengibre, pimenta, extracto
de opio, mel rosado e vinho de Hespanha . Este elec-
tuario, de sabor e cheiro desagradaveis , é empre-
gado como adstringente e narcotico , nas diarrhéas.
Čada oitava de diascordio contém quasi 1/2 gr. de
extracto de opio, ou 1 gr. de opio do commercio.
Dóse. 1 a 2 oit. , em bolos, ou diluido em agua,
vinho ; ou em clysteres .
DIGITAL, Digitalis ou Dedaleira . (Digitale , fr .) .
Digitalis purpurea, L. Planta que em Portugal ha-
bita pelos tapumes , nos sitios um tanto humidos
e sombrios ; é frequente pelo norte do Reino. Fig. 56 .
Caule velloso , da altura de 2 pés ; folhas grandes ,
ovaes, dentadas, verdes escuras por cima, esbranqui-
çadas, lanuginosas por baixo ; flôres purpureas.
Cheiro das folhas um tanto viroso, sabor amargo,
acre e desagradavel . P. us. Folhas.
Em alta dóse occasiona nauseas, vomitos, evacua-
ções alvinas ; depois vertigens, cephalalgia, desmaios,
delirio, convulsões e morte. Em menor dóse só pro-
voca nauseas e colicas brandas ; ao mesmo tempo
augmenta a secreção urinaria. Em mais fraca dóse
ainda , diminue o numero das pancadas do pulso, de
um modo progressivo, effeito que dura as vezes al-
gum tempo depois da cessação do seu emprego. Sua
acção é contra-stimulante ou anti-phlogistica, analoga
á acção da sangria. Administra-se nas palpitações,
hemoptysia, asthma, affecções nervosas, catarrhos
pulmonares , hydropisias, inflammações internas , e
sobretudo na pneumonia aguda . - No anno de 1844
os Srs. Homolle e Quevenne isolárão da digital o seu
principio activo, a digitalina. (Veja-se o artigo se-
guinte, p. 264) .
Subst. incomp. O sulfato de ferro, o acetato de
chumbo, a infusão de quina, etc.
INTERIORMENTE . Pó 2 a 12 grãos, e progressiva-
mente até 24 e 36 grãos puro ou com assucar ou em
pilulas. Infusão : 1/2 oitava para 6 onças d'agua fer-
vendo. Tintura 10 gottas a 1 oitava em poção. Tin-
tura etherea 10 gottas a 4 oitava em poção . Extracto
6 a 12 grãos em pilulas.
15.
262 DIGITAL.
Xarope de digital . Cod. fr . (Folhas de digital
192 gr. , agua fervendo 16 onças, assucar branco q.

Fig. 56. -- Digital.


s., cerca de 32 onças) . Ponha a digital de infusão na
agua por seis horas, côe, ajunte ao licor o duplo do
seu peso de assucar, e dissolva a calor brando. Cada
DIGITAL. 263
onça deste xarope contém a substancia soluvel de
4 grãos de digital . D. 1/2 a 4 onça em poção.
Xarope de digital de Labelonye . Extracto hydro-
alcoolico de folhas seccas de digital 36 grãos , xarope
de assucar 36 onças . F. S. A. Čada onça deste xa-
rope contém 1 grão de extracto de digital , que equi-
vale a 4 grãos de pós de folhas de digital .
EXTERIORMENTE. Tintura 1/2 a 1 onça em fricções .
Pós diureticos .
Folhas de digital 15 grãos
Nitro 3 oitavas
Cremor de tartaro 4 oitavas.
M. e divida em 6 papeis. D. Um, tres vezes por dia.
Pós antispasmodicos (Double).
Folhas de laranjeira 4 grãos
Nitro 3 grãos
Digital 1/2 grão.
M. para uma só dóse . Toma-se uma semelhante
dóse todos os dias de manhãa, nas palpitações .
Pilulas calmantes.
Pós de digital aná 6 grãos
Opio } aná
Conserva de rosas q. s .
F. 12 pilulas . D. Uma , de hora em hora , na asthma.
Pilulas de Withering.
Folhas seccas de digital pulv .
Assafetida { aná 1 oitava
Xarope simples q. s.
F. 72 pilulas . D. Uma , duas , e successivamente mais
por dia ; nas hydropisias, molestias do coração , etc.
Pilulas de Dupuy.
Digital
Scilla
aná 1 oitava .
Assafetida
Extracto de trevo aquatico
F. 72 pilulas. D. 2 pilulas duas vezes por dia , na
hydropisia, asthma e palpitações.
Pilulas contra as palpitações (Andral ) .
Digital pulverisada 48 grãos
Extracto de meimendro 36 grãos .
F. 36 pilulas. D. Uma a oito pilulas progressiva-
mente por dia.
264 DIGITALINA.
Poção do Dr. Bayle.
Tintura de digital 18 grãos
Agua distillada de tilia 1 1/2 onça
Xarope simples 2 1/2 oitavas.
M. Toma-se no decurso de um dia, uma colher de
sopa de tres em tres horas. Todos os dias augmenta-se
a dóse de tintura de 10 até 300 gottas, dizem alguns
medicos. Tisica.
Poção diuretica.
Tintura de digital 1 oitava
Infusão de chá da India 4 onças
Mel scillitico 4 onça .
M. Uma colher de duas em duas horas.
Cozimento diuretico.
Digital 1 oitava.
Agua fervendo q. s . Infunda e côe de modo que se
obtenha 16 onças de liquido.
Ajunte Oxymel colchico 6 oitavas
Assucar 4 oitavas.
Uma chicara de duas em duas horas, nas hydro-
pisias.
Linimento sedativo (Cottereau) .
Extracto alcoolico de digital 1 oitava
Extracto alcoolico de belladona 36 grãos
Sabão amygdalino 3 oitavas
Tintura de meimendro 3 onças.
Dissolva. D. Uma colher de sopa, tres vezes por dia,
em fricções na região precordial . Affecções do cora-
ção, asthma, catarrho pulmonar chronico , tisica .
Linimento diuretico .
Folhas de digital 2 oitavas
Agua fervendo 4 1/2 onça .
Ponha de infusão , côe e ajunte :
Essencia de terebenthina 1 onça
Extracto de scilla 1 oitava
Gemmas de ovos duas.
Em fricções no ventre, nas hydropisias.
Digitalina ( Digitaline , fr. ) . Principio activo da
digital obtido em Pariz no anno de 1844 pelos Srs.
Homolle e Quevenne. Apresenta-se debaixo da fórma
de pós brancos, de uma cristallisação confusa, é pouco
soluvel na agua, insoluvel no ether, mui soluvel no
DORMIDEIRA. 265
alcool, de sabor amargo intenso . A digitalina exerce
uma acção especial sobre o coração, diminue de uma
maneira notavel o numero de suas pulsações , acalma
a suffocação, e é dotada de tal energia, que não é
possivel, sem perigo da vida, administra-la senão em
dóses extremamente pequenas (1/50 a 1/25 de grão)
repetidas duas a tres vezes por dia, raras vezes mais.
Os primeiros effeitos toxicos da digitalina são : per-
turbação da cabeça , sonhos fatigantes , hallucina-
ções, mais tarde diarrhéa ou vomitos biliosos . Neste
periodo já se deve parar com a administração da di-
gitalina, mas assim mesmo os vomitos continuão ás
vezes por dous ou tres dias.
Pilulas de digitalina.
Digitalina 4 grão
Mucilagem e pós de althéa q. s.
F. 30 pilulas. D. 1 a 4 por dia na hypertrophia do
coração.
Poção de digitalina.
Digitalina 4/40 de grão
Agua distillada de alface 3 onças
Xarope de flor de laranja 6 oitavas.
Dissolva a digitalina em algumas gottas de alcool ,
ajunte-lhe a agua de alface e o xarope. Esta poção
toma-se em 24 horas ; por colheres, uma colher de
sopa, de duas em duas horas .
Pomada de digitalina .
Digitalina 1 grão
Alcool a 22° algumas gottas
Banha balsamica 2 1/2 oitavas.
F. S. A. Em fricções na anasarca.
Doce amarga. V. Dulcamara, p . 267.
DORMIDEIRA (Pavot, fr. ) . Papaver somnife-
rum, L. Planta originaria do Oriente, abunda na
Europa ; é frequente em Portugal e cultivada no
Brasil . Fig. 57. P. us . Cabeças; isto é, capsulas ou
fructos . Estas cabeças seccas são ovoïdes, de grossura
variavel , desde a de uma noz até à de um ovo de
gallinha, de côr branca amarellada, sem cheiro, de
sabor mucilaginoso , levemente amargo. Contém no
seu interior uma grande quantidade de pequenas se-
mentes brancas ou pretas.
266. DORMIDEIRA.
Gozão das mesmas propriedades que o opio, mas
em muito menor gráo ; empregão- se nos mesmos ca-
sos, como narcotico e calmante.
INTERIORMENTE. Digestão : 1 oitava para 12 onças
d'agua ferven-
do. Raramente
empregada co-
mo bebida.
Xarope de
dormideiras .
(Xarope de dia-
codio ou de me-
conio. ) 4 a 12
oitavas em po-
ção. Cada onça
contém 6 grãos
de extracto de
dormideiras , e
iguala quasi a
1 grão de opio.
Sua preparação
é indicada na
P. 53 .
EXTERIORMEN-
TE . Digestão 2
oit. de dormi-
deiras cortadas
e privadas das
sementes para
12 onças d'agua
Fig. 57. Dormideira. fervendo, em fo-
mentações, lavatorios, gargarejos , etc.
Poção calmante.
Infusão de tilia 4 onças
Mucilagem de gomma arabica 6 oitavas
Agua de flor de laranja 2 oitavas
Xarope diacodio 1 onça .
M. Duas colheres de sopa de hora em hora , nas
dôres violentas, insomnia, etc.
Xarope peitoral.
Xarope diacodio 1 onça
Xarope de tolu 2 onças .
DULCAMARA. 267
M. Uma colher de sopa tres vezes por dia.
Gargarejo calmante.
Dormideiras 1 onça
Sementes de linhaça 2 oitavas.
Agua fervendo q . s . Infunda e côe de modo que
se obtenha 11 onças de liquido . Ajunte mel de
abelha 1 onça. ― Esquinencia .
Clyster de dormideiras .
Dormideiras 4 oitavas.
Agua fervendo q . s . Infunda e côe de modo que
se obtenha 8 onças de liquido . Diarrhéa.
Diluindo-se neste clyster 4 oitavas de polvilho,
tem-se então um clyster de dormideiras e de pol-
vilho, empregado nas diarrhéas .
DULCAMARA ou Doce-amarga ( Douce -amère ,

Fig. 58. - Dulcamara.


fr.) . Solanum dulcamara, L. Sub-arbusto que em
Portugal habita frequente nos tapumes e lugares
268 ELEMI
sombrios de entre Douro e Minho, Beira e Extrema-
dura. Fig. 58. Tem o caule dividido desde a base em
ramos sarmentosos, levemente pubescentes, longos
de 3 a 6 pés, que só se sustem encostando- se sobre
os arbustos visinhos ; folhas alternas, pecioladas ,
umas inteiras ovaes agudas , outras recortadas na
base ; flores roxas, ás vezes brancas ; bagas ovoides ,
de côr vermelha brilhante . P. us. Talos . Achão -se
no commercio cortados em pequenos pedaços, e fen-
didos no meio. Esta planta tem um cheiro viroso e
forte, menos quando secca ; sabor amargo, deixando
um gosto adocicado .
Excitante, sudorifico , util no tratamento dos dar-
tros, lepra, escrophulas, e das affecções syphiliticas
constitucionaes . Em dóse elevada produz dor de ca-
beça, embriaguez , ardor na garganta , vomitos e
desmaios . É preciso cessar o seu emprego, logo que
produza uma leve perturbação na vista e nauseas.
INTERIORMENTE . Pó 1/2 a 2 oitavas . Extracto . 6 a
18 gr. em pilulas. Infuso : 3 oitavas para 12 onças
d'agua fervendo. Xarope 1 a 2 onças em cozimento
apropriado.
ELECTRICIDADE. O fluido electrico é um esti-
mulante com o qual se tem obtido algumas curas
nos rheumatismos, nevralgias e paralysias . Geral-
mente, quanto mais leves são as lesões dos ramos
nervosos, tanto mais facilmente cedem ao tratamento
electrico , sobretudo as paralysias e as dôres. As
affecções convulsivas são mais difficeis a tratar.
As affecções que dependem da medulla espinhal
cedem menos facilmente que as que dependem dos
cordões nervosos ; as que dependem do cerebro são
ainda mais rebeldes. A electricidade se applica aos
doentes por via de apparelhos, cuja base é a pilha
de Volta, modificada de diversas maneiras.
ELEMI ( Elémi, fr.) . Resina produzida pela Amy-
ris ambrosiaca, L. Amyris heterophylla, Wilde-
dow, e Icica icicariba, D. C. , arvores da America
meridional, e que em algumas provincías do Brasil
chamão-se vulgarmente almecegueiras . Esta resina
é em pedaços, meio transparentes , amarellados, sec-
cos, quebradiços , de cheiro forte, sabor quente e um
ENXOFRE . 269
pouco amargo. Só se emprega para uso externo . En-
tra na composição de muitos emplastos, e na do bal-
samo de Fioraventi.
Emetico. V. Tartaro emetico, p. 151 .
Encerado inglez. V. p . 26 .
ENDRO ( Aneth . ) . Anethum graveolens, L. Planta
da Europa meridional, cultivada nas hortas. P. us.
Sementes. São amarelladas, chatas, oblongas ; sabor
aromatico, cheiro agradavel .
Carminativo, excitante.
INTERIORMENTE . Pó 24 gr. a 1 oit . Infusão : 2 oit.
para 12 onças d'agua fervendo.
Enula campana. V. Inula campana.
ENXOFRE (Soufre, fr. ) . Corpo simples que existe
em grande quantidade na natureza, e que se acha no
commercio no estado solido e pulverulento . No es-
tado solido existe em pedaços, mais ou menos com-
pridos, mais ou menos grossos, cylindricos, amarel-
los, friaveis , cristallisados em agulhas no interior ,
lisos por fóra ; sem sabor nem cheiro quando é esfre-
gado ; insoluvel na agua, mui pouco soluvel no al-
cool ; soluvel no azeite doce, oleo de amendoas doces,
e nos oleos essenciaes , inalteravel ao ar. No estado
pulverulento ( flôres de enxofre, enxofre sublimado)
apresenta-se debaixo da fórma de pequenos cristaes
agudos, amarellos, mui finos, gozando das outras
propriedades do enxofre. Em medicina não se em-
prega senão o enxofre sublimado .
O enxofre emprega-so com vantagem nos catarrhos
chronicos, tosses humidas, dòres rheumaticas e goto-
sas, escrophulas, edema, paralysias produzidas pelos
vapores mercuriaes e saturninos . Alguns lhe attribuem
propriedades vermifugas ; porém a sua utilidade é
mais evidente no tratamento das molestias da pelle,
como nos dartros, tinha e sarna . Nestes casos empre-
ga-se tanto interior como exteriormente. Ingerido em
alta dóse, o enxofre exerce uma acção purgante ; em
mui grande dóse é um veneno : 16 onças de enxofre
envenenão mortalmente um cavallo .
A escola italiana reconheceu na acção local deste
medicamento uma propriedade irritante physico-chi-
míca ; mas sua acção dynamica, segundo esta escola,
270 ENXOFRE .
é hyposthenisante vasculo-cardiaca . Esta opinião é
baseada sobre a diminuição da frequencia do pulso ,
sobre a fraqueza geral que resulta do emprego do
enxofre, e sobre a natureza phlogistica das molestias
que o enxofre allivia ou cura.
INTERIORMENTE. Como estimulante 12 a 24 grãos,
duas ou tres vezes por dia com assucar ou em leite ,
agua, mel ou em algum electuario . Como purgante
2 a 4 oitavas.
Pastilhas de enxofre ( Enxofre sublimado , 64 par-
tes ; assucar, 500 p .; mucilagem de gomma alcatira
com agua de rosas, q. s. F. pastilhas de 18 gr. , con-
forme os principios descriptos fallando das pastilhas
em geral, p . 36. C. fr. Cada uma contém 2 grãos de
enxofre) . D. 4 a 16 por dia, nos dartros e catarrhos
pulmonares.
Balsamo de enxofre anisado ( Enxofre subli-
mado , 1 parte ; oleo essencial de aniz , 4 p . ) . D. 5
a 10 gottas .
EXTERIORMENTE . Em fricções, misturado com cor-
pos gordurosos.
Fumigações sulfureas . V. Acido sulfuroso, p. 93 .
Ceroto sulfureo. C. fr. (Enxofre sublimado , 1 onça;
ceroto de Galeno , 3 1/2 onças ; oleo de amendoas do-
ces , 1 1/2 onça . ) M. Em fricções nos dartros , ou para
curar os dartros ulcerados.
Pomada sulfurea (Enxofre sublimado , 1 onça ;
banha, 3 onças) . Em fricções, nos dartros .
Pós anti-dartrosos (Biett) .
Enxofre sublimado 1/2 onça
Magnesia 1/2 onça.
M. e divida em 16 papeis. D. 4 todas as manhãas .
Bolos contra a cystite .
Flores de enxofre 1 oitava
Terebenthina de Veneza 48 grãos .
F. 6 bolos. D. 3 por dia.
Opiato sulfureo.
Enxofre sublimado 3 onças
Mel de abelha 1 onça .
M. D. Meia a uma oitava, uma a duas vezes por
dia. Dartros.
ENXOFRE . 271
Electuario de enxofre.
Enxofre sublimado 4 onça
Cremor de tartaro 2 onças
Essencia de limão 4 grãos
Xarope simples q. s.
para fazer um electuario solido.
D. Duas colheres de chá, duas a tres vezes por dia ,
nas hemorrhoidas como relaxante.
Pomada contra a sarna.
Sub-carbonato de potassa 4 onça
Agua 1 1/2 onça
Azeite doce 3 1/2 onças
Enxofre sublimado 2 onças .
F. S. A.
Pomada sulfuro-saponacea (Lugol) .
Enxofre sublimado 2 onças
Sabão branco 2 onças
Agua pura q. s.
F. S. A. Contra a sarna.
Unguento sulfureo (Ph. Londinense).
Flores de enxofre 2 1/2 onças
Raiz de elleboro em pó 6 oitavas
Nitro meia oitava
Sabão molle 2 1/2 onças
Banha 8 onças
Essencia de vergam ota 12 gottas.
M. Empregado contra a sarna.
Pomada antipsorica.
Enxofre sublimado 4 onças
Hydrochlorato de ammoniaco
Pedrahume aná 2 oitavas
Banha 8 onças.
F. S. A. Em fricções , contra a sarna e tinha .
Outra.
Sabão branco 20 oitavas
Oleo de amendoas doces 30 oitavas
Enxofre sublimado 4 oitavas
Carbonato de potassa 2 oitavas
Essencia de limão 6 oitavas.
F. S. A. Nos mesmos casos que a precedente .
Enxofre dourado de antimonio . V. p . 149 .
Ergotina. V. p. 220 .
272 ESCAMONEA.
ESCAMONÉA. (Scammonée, fr. ) Sumo gommo-
resinoso extrahido das raizes da Convolvulus scam-
monia, L., planta da Asia, e particularmente dos ar-
redores de Alepo . Fig. 59. A escamonéa de Alepo ,
mais estimada do que a da Smyrna, acha -se em
pães orbiculares , de côr cinzenta, friaveis, fractura
negra, cheiro forte e particular , sabor amargo e acre .
É soluvel no alcool, e triturada com agua forma uma
especie de emulsão.

Fig. 59. - Convolvulus scammonia.


Purgante mui prompto e energico : produz colicas
e calor interior. Emprega-se na hydropisia , coma ,
paralysia, e em todas as molestias em que é preciso
provocar uma revulsão forte.
INTERIORMENTE . 6 a 18 e 30 grãos em pó , pilulas
ou em poção . Tintura 24 grãos a 1 oitava em poção.
Pilulas diureticas ( Bouchardat) .
Scilla 72 grãos
Digital 72 grãos
Escamonéa 72 grãos
Xarope de gomma q. s.
ESPARGO. 273
F. 36 pilulas . D. 2 a 6 por dia . Hydropisia.
Pilulas drasticas (Rayer) .
Raiz de jalapa
Escomonéa aná 36 grãos
}
Xarope simples q. s .
F. 12 pilulas . D. 2 a 6 por dia.
Purgante leitoso.
Escamonéa 12 grãos
Leite de vacca 4 onças
Xarope de flôr de laranja 1 onça .
M. Por uma só vez para uma pessoa adulta .
Poção purgante ( Andry) .
Escamonéa 12 grãos
Tintura de alfazema 1/2 oitava
Agua de flôr de laranja 1 onça .
Xarope de flôres de pecegueiro 1 onça
F. S. A. Esta dóse é para um adulto ; para as
crianças uma colher de sopa de hora em hora até
produzir effeito purgativo . Esta poção não tem o
gosto desagradavel das outras poções purgativas.
Purgante de Leroy.
10 GRÁO. 20 GRÁO . 30 GRÁO. 40 GRÁO.
R.
Escamonea d'Alepo. 1 1/2 onça. 2 onças . 3 onças. 4 onças.
Raiz de turbitho ... 6 oitavas. 1 onça. 1 1/2 onça. 2 onças.
Jalapa.. 6 onças . 8 onças. 12 onças. 16 onças.
Aguardente....... 12 lib. c. a. 12 lib. c. a. 12 lib . c . a. 12 lib. c. a.
20º. 20º. 210 220.
Ponha em digestão por 12 horas no banho-maria , a
um calor de 20 gráos de Réaumur, côe e ajunte xa-
rope feito com
10 GRÁO . 20 GRÁO. 30 GRÁO. 40 GRÁO.
SEnne... 6 onças. 8 onças. 12 onças. 16 onças.
Agua fervendo .. 24 onças. 32 onças. 48 onças. 56 onças.
Assucar mascavado. 48 onças. 40 onças. 32 onças. 24 onças.
D. 1 a 4 colheres de sopa.
ESPARGO (Asperge, fr.) . Asparagus officinalis,
L. Planta cultivada nas hortas de Portugal e do Bra-
sil. Caule roliço, paniculado, folhas setaceas, flores
amarellas, esverdinhadas . A raiz, que é fibrosa , se
divide em um grande numero de radiculas cylindri-
274 ESPECIES AROMATICAS .
cas, mui compridas, de grossura variavel (de uma
penna de ganso , mais ou menos ) , de côr cinzenta no
exterior, branca interiormente ; sabor mucilaginoso
e amargo . P. us. Raiz e rebentões , ou renovos ver-
des, ou pontas.
A raiz de espargos , que é diuretica, emprega-se
no tratamento das hydropisias e das molestias das
vias urinarias . As pontas são dotadas de propriedades
sedativas, e applicão-se na fórma de xarope, na hy-
pertrophia do coração, para acalmar as palpitações .
A urina das pessoas que fazem uso dos espargos ad-
quire um cheiro mui fétido .
A escola italiana attribue aos espargos uma pro-
priedade hyposthenisante cardiaco-vascular.
INTERIORMENTE . Infusão (raiz) 3 oitavas para 12
onças d'agua fervendo.
Xarope de pontas de espargos . O seu modo de
preparação é indicado na p . 54. D. 1 a 2 onças nas
palpitações, como calmante.
ESPECIES ADSTRINGENTES . Cod . fr . Mistura
de partes iguaes de raiz de bistorta , de tormentilla
e de casca de romãa.
INTERIOR E EXTERIORMENTE . Infusão : 3 oitavas
para 12 onças d'agua fervendo.
ESPECIES AMARGAS . Cod . fr. Mistura de par-
tes iguaes de summidades de losna , de centaurea
menor e de folhas de chamedrios ,
INTERIORMENTE . Infusão : 3 oitavas para 12 on-
ças d'agua fervendo .
Especies aperientes . V. Especies diureticas , p . 275 .
Especies anthelminticas. V. Especies vermifu-
gas, p . 276 .
ESPECIES AROMATICAS ou Vulnerarias. Cod .
fr. Mistura de partes iguaes de folhas seccas de salva ,
thymo , serpão, hyssopo , hortélãa , ouregão , absinthio .
EXTERIORMENTE . Infusão : 3 oitavas para 42 on-
ças d'agua fervendo .
Banho aromatico . Especies aromaticas 2 lb.
Alcoolato vulnerario ou Agua vulneraria espi-
rituosa. Folhas de mangericão , de calaminta, de
hyssopo, de mangerona, de herva cidreira, de hor-
ESPECIES EMOLLIENTES . 275
telãa, de ouregão , de alecrim, de salva, de serpão ,
de tomilho, de losna, de angelica , de funcho , de ar-
ruda , summidades floridas de hypericão , e de alfa-
zema, aná 1 onça , alcool a 24 ° Cart. 48 onças. Ma-
cere por seis dias e distille .
Vinho aromatico (Cod . fr .) .
Especies aromaticas 3 onças
Vinho tinto 24 onças
Alcoolato vulnerario 1 1/2 onça .
Macere as especies aromaticas no vinho por oito
dias, côe com espressão, filtre e ajunte o alcoolato
vulnerario.
Algumas pharmacopéas supprimem o alcoolato.
Em fomentações .
ESPECIES BECHICAS ( contra a tosse) . Cod . fr.
As especies bechicas compostas de flores são : flôres
seccas de malva , de pé de gato (gnaphalium dioi-
cum, L. ) de tusilagem e de papoulas. São designa-
das pelo nome de quatro flores peitoraes. - As
especies bechicas compostas de fructos (fructos pei-
toraes são uma mistura de partes iguaes de tama-
ras privadas de seus caroços, de açofeifas, figos e
passas de uvas .
INTERIORMENTE . Infusão de flores : 1 oit. para
16 onças d'agua fervendo . Decocção de fructos :
1 onça para 16 onças d'agua.
Pasta peitoral balsamica de Regnault. Quatro
flôres, 500 p.; gomma arabica, 3000 p .; tintura de
balsamo de tolu , 24 p .; agua , 1500 p .; assucar,
2500 p . F. S. A.
ESPECIES CARMINATIVAS ( contra as ventosi-
dades) . Mistura de partes iguaes de fructos de herva
doce, alcaravia, coentro e funcho .
INTERIORMENTE . Infusão oit. para 16 onças
d'agua fervendo .
ESPECIES DIURETICAS ou aperientes . Cod . fr.
Mistura de partes iguaes de raizes seccas de funcho,
gilbarbeira, aipo , espargo e salsa hortense .
INTERIORMENTE . Infusão : 3 oil . para 12 onças
d'agua fervendo .
ESPECIES EMOLLIENTES. Cod . fr. Mistura de
partes iguaes de folhas seccas de malva , althéa ,
276 ESPERMACETE .
verbasco, tasneirinha ( senecio vulgaris , L. ) e de
parietaria.
INTERIORMENTE . Infusão : 1 oit . para 16 onças
d'agua fervendo.
EXTERIORMENTE . Decocção : 1/2 onça para 16 on-
ças d'agua, em fomentações, lavatorios, banhos, etc.
ESPECIES PEITORAES. Cod . fr. Mistura de par-
tes iguaes de folhas seccas de capillaria do Canadá,
veronica, hyssopo e de hera terrestre.
INTERIORMENTE. Infusão : 1 1/2 oit. para 16 on-
ças d'agua fervendo .
ESPÈCIES SUDORIFICAS. Cod . fr. Mistura de
partes iguaes de páu de guaiaco raspado , raiz de sal-
saparrilha, e de raiz da China cortadas.
INTERIORMENTE . Decocção : 3 oit. de especies e
agua q. s. para obter 12 onças de decocto .
ESPECIES VERMIFUGAS ou Anthelminticas.
Cod . fr. Mistura de partes iguaes de folhas e flôres
seccas da atanasia , absinthio e de flôres de camo-
milla romana.
INTERIORMENTE , Infusão : 3 oit . para 12 onças
d'agua fervendo ,
ESPERMACETE ( Blanc de baleine , fr. ) . Substan-
cia solida , branca , unctuosa , que não provem da
baleia propriamente dita, como o seu nome parece
indicar, mas que se acha em diversas especies de
cachalotes, e sobretudo no Physeter macrocephalus.
Este corpo oleoso encontra-se nas cavidades que exis-
tem na sua enorme cabeça, entre o cerebro e os os-
sos do craneo. É liquido no animal vivo, mas coalha
pelo esfriamento, e depois de varias preparações e
purificações, fórma-se em pães que se achão no com-
mercio, e são de côr branca luzidia, quasi sem
cheiro, formados de cristaes brilhantes , côr de pe-
rola, unctuosos, e dividindo-se por uma pressão entre
os dedos em laminas delgadas e transparentes . Mistu-
rado com cera e oleo d'amendoas doces fórma o ceroto
d'espermacete , empregado no curativo das feridas.
Pomada alvissima (Pharm. geral) .
Cera branca 1/2 oitava
Espermacete 1/2 oitava
Oleo de amendoas doces 1 onça.
ESPINHA CERVINA. 277
Em vaso de barro vidrado e em banho-maria se
derretão estas substancias, e assim derretidas se lan-
cem em gral de pedra , mexendo continuamente com
a mão de pao, para que se desfação bem quaesquer
grumos. Estando a pomada bem igual, ajuntem-se
6 oitavas d'agua distillada de rosas, e triture-se tudo
continuadamente até que pareça creme de leite.
Ceroto de espermacete ou Unguento branco .
Cera branca 30 partes
Espermacete 3 p.
Oleo de amendoas doces 67 p.
Derreta juntamente as tres substancias em uma
capsula a fogo muito brando , mexendo continuada-
mente. Tire a capsula do fogo , e continue a mexer
com pistillo de pão até a massa esfriar, e triture-a
depois em pequenas porções em um almofariz.
Cold-cream . Oleo de amendoas doces 50 oitavas,
cera branca 10 oit. , espermacete 10 oit. , agua de
rosas 20 oit., essencia de rosas 40 gottas, tintura de
benjoim 5 oit. , tintura de ambar gris 2 oit. M. Cos-
metico agradavel , muito empregado actualmente pelas
senhoras, para tornar macia a pelle do rosto e pescoço ;
é util tambem contra as espinhas do rosto.
ESPINHA CERVINA. Fructo do espinheiro cam-
bra ou cerval , Rhamnus catharticus, L. , arbusto
commum na Europa (Nerprun , fr.) . São bagas piri-
formes, negras quando bem maduras, luzidias, com
um ponto brilhante no centro, contendo uma polpa
esverdinhada , de cheiro nauseante, sabor amargo.
Purgante energico ; aconselhado nas hydropisias ,
principalmente na forma de xarope, mas pouco em-
pregado.
INTERIORMENTE . Bagas inteiras, 10 a 20. Decocção
12 bagas para 12 onças d'agua. Sumo 2 a 4 oitavas .
Extracto ou arrobe de espinha cervina 24 a 96 grãos .
Xarope 1 a 2 onças .
Espirito de Minderer. V. Acetato de ammonia ,
p. 139.
Espirito de sal ammoniaco. V. Ammoniaco li-
quido, p. 137.
Essencia de terebenthina. V. Terebenthina.
16
278 ESTRAMONIO.
ESTANHO (Etain , fr . ) . Metal solido , branco ;
deixa ouvir, quando o dobrão, um certo ruido cha-
mado grito de estanho ; é sem cheiro, mas adquire
pela fricção um cheiro desagradavel.
Reduzido a pó foi aconselhado como vermifugo, e
principalmente para expulsar a solitaria, mas é pouco
usado hoje.
INTERIORMENTE . Estanho pulverisado, 1/2 a 1 onça
em mel de abelha , doces ou algum xarope .
Electuario de estanho.
Pós de estanho 2 onças
Mel de abelha 2 onças.
M. Uma a duas colheres de sopa , pela manhãa e á
noite, contra a tenia .
ESTORAQUE LIQUIDO (Styrax liquide , fr.) .
Balsamo fornecido pelo Liquidambar styraciflua,
L. , arvore da America meridional . Tem a consisten-
cia do mel de abelha, cheiro aromatico, còr cinzenta
roxa, sabor acre e aromatico .
Estimulante, empregado principalmente no cura-
tivo das ulceras chronicas , Interiormente é aconse-
lhado no tratamento das blennorrhagias e leucorrhéas.
INTERIORMENTE . Meia a 4 oitava em pilulas .
Xarope de estoraque (Lhéritier ) . Estoraque, 2 on-
ças : agua, 32 onças; assucar, 64 onças. D. Seis co-
lheres por dia . Leucorrhéa ; blennorrhagia .
EXTERIORMENTE . Unguento estoraque . Cod . fr.
(Oleo commum, 12 onças ; estoraque liquido, 8 on-
ças; colophonia , 16 onças ; resina elemi , 8 onças ; cera
amarella, 8 onças. Derreta-se a colophonia, a cera e
a resina elemi a fogo brando e fóra delle ajunte- se o
estoraque ; quando este fòr derretido ajunte-se o oleo ,
coe-se por panno de linho, e mexa-se até o unguento
esfriar) . Para curar as ulceras chronicas.
Pilulas de estoraque (Lhéritier) .
Estoraque 4 oitava
Pó de alcaçuz q . s .
F. 12 pilulas. De 6 a 12 por dia.
ESTRAMONIO ou Figueira do inferno ( Stra-
moine, fr.) , Datura stramonium , L. Planta , mui
commum no Brasil e em Portugal . Fig. 60. Caule de
ESTRAMONIO. 279
2 a 4 pés, cylindrico, ouco, simples inferiormente,
dividido para cima ; folhas grandes, ovaes, com si-
nuosidades desiguaes nas margens ; flôres brancas,
afuniladas ; cheiro nausante, e muito mais esfre-
gando-se as folhas ; sabor acre e amargo em quanto
verde mas secca é quasi inodora e insipida. O fructo
é uma capsula ovoïde, eriçada de pontas espinhosas ;
contém um grande numero de pequenas sementes
rôxas. P. us. Toda a planta.
Cultiva-se nas hortas um certo numero de espe-
cies de datura, de propriedades semelhantes ás de

Fig. 60. - Estramonio.


estramonio, e que são designadas debaixo do nome
vulgar de trombeteiras. V. esta palavra .
O estramonio, semelhante nos seus effeitos á bella-
dona, exerce sua acção sobre o systema nervoso . É
venenoso em forte dóse, narcotico em dóse pequena.
É aconselhado, mas com grandes precauções, na epi-
lepsia, nevralgias, asthma e rheumatismo . Se é admi-
nistrado em alta dóse, produz vertigens, somnolencia,
vista turva , dilatação das meninas dos olhos, ardor
na garganta, agitação , vomitos, delirio ; depois , se a
substancia foi dada na dóse venenosa , sobrevem fra-
280 ESTRAMONIO.
queza extrema , esfriamento do corpo, e emfim a
morte. A cegueira occasionada pelas dóses fortes do
estramonio dura ás vezes muitos dias.
INTERIORMENTE . Pó 1 a 6 grãos , e progressiva-
mente até 20 grãos em 24 horas, com assucar, xa-
rope ou em pilulas. Extracto 1/2 a 2 grãos em pilu-
las. Tintura 2 a 20 gottas em poção. Sumo espresso
10 a 20 gottas em poção.
Xarope. Cod . fr. (Extracto de estramonio, 32 gr.;
agua, 1/2 onça ; xarope simples, 16 onças ) . Cada
onça contém 2 grãos de extracto . D. 1/2 a 1 onça
em poção .
EXTERIORMENTE . Infusão ou decocção 1/2 onça
para 12 onças d'agua . Em lavatorios e banhos . Este
decocto com q. s. de farinha de linhaça constitue
uma cataplasma calmante .
Mistura para fumar . Folhas de estramonio e de
salva aná p. ig. Fuma-se em um cachimbo, ou em ci-
garrilhas de papel, nos casos de asthma . A dóse desta
mistura para cada cachimbo é de 20 a 40 grãos .
Pilulas anti-nevralgicas (Trousseau ) .
Extracto de estramonio 40 grãos
Extracto de opio 10 grãos
Oxydo de zinco 2 oitavas .
F. 40 pilulas. D. 1 a 8 em 24 horas. Continuão-se
até o doente principiar a sentir uma perturbação
da vista.
Pilulas contra a epilepsia (Leuret) .
Extracto de estramonio 48 grãos
Extracto de belladona 48 grãos
Camphora 9 grãos
Opio 9 grãos.
F. pilulas de 2 grãos . Cada pilula contém 2/3 de
grão de extracto de estramonio , 2/3 de extracto de
belladona , 1/3 de camphora e 1/3 de opio . D. 1 a
15 progressivamente por dia.
Collyrio narcotico.
Extracto de estramonio 4 grãos
Extracto de opio 2 grãos
Agua de rosas 3 onças.
M. Ophthalmias dolorosas .
ETHER NITRICO. 284
Oleo calmante ( Righini) .
Extracto alcoolico de" estramonio 36 grãos
Azeite doce 4 onça .
M.
ETHER ACETICO ( Éther acétique, fr .) . Liquido
sem côr, de cheiro agradavel, e sabor particular : re-
sulta da combinação do acido acetico com o alcool .
Antispasmodico.
INTERIORMENTE . 20 gottas a 1/2 oitava em poção.
EXTERIORMENTE . 2 a 4 oitavas em fricções, nos
lugares affectados de dôres nevralgicas e rheuma-
tismaes.
ETHER HYDROCHLORICO (Éther hydrochlo-
rique, fr. ) . Producto da combinação do alcool com o
acido hydrochlorico . É liquido na temperatura abaixo
de 12º centigrado, e gazoso acima deste gráo, sem
côr, de cheiro forte um pouco aliaceo, sabor leve-
mente adocicado . Não pode ser administrado puro,
pois que se volatilisa na temperatura ordinaria do
Rio de Janeiro ; mas sendo misturado em partes iguaes
com alcool a 36° póde ser conservado mais facil-
mente é debaixo desta fórma que se acha nas boti-
cas, e chama-se então ether hydrochlorico alcoo-
lisado.
Antispasmodico, empregado nos mesmos casos que
o ether sulfurico.
INTERIORMENTE. 20 a 30 gottas em poção .
EXTERIORMENTE. 2 a 4 oitavas em fricções na testa ,
na enxaqueca .
ETHER NITRICO (Éther nitrique, fr . ) . Resultado
da combinação do acido nitrico com o alcool . Liquide
abaixo de 21 ° centigrado , volatil acima desta tempe-
ratura, branco amarellado , de sabor acre, cheiro
penetrante. Na therapeutica emprega-se debaixo da
fórma de ether nitrico alcoolisado (mistura de
4 parte de ether e 3 partes de alcool) .
Antispasmodico e diuretico ; empregado nos spas-
mos, hydropisias, e em algumas molestias do figado.
INTERIORMENTE . 20 a 40 gottas em poção.
EXTERIORMENTE. 2 a 4 oitavas em fricções nos lu-
gares affectados de dôres nevralgicas .
16 .
282 ETHER SULFURICO .
ETHER SULFURICO ( Éther sulfurique, fr. ) . Li-
quido sem côr, limpido, mui volatil, de cheiro forte
e agradavel , de sabor quente . Resulta da acção do
acido sulfurico sobre o alcool .
Na dóse de meia oitava, o ether produz vertigens,
nevoeiros, uma especie de embriaguez , picadas nos
membros, calor no estomago , etc. Engulido em maior
dóse, puro, e de uma vez, poderia occasionar acci-
dentes graves e até a morte . Orfila diz ter occasionado
a morte a um cão por quatro oitavas de ether que lhe
fez engulir. Em dose pequena emprega-se em todas
as molestias chamadas nervosas , nas colicas, vomitos
espasmodicos, tosses convulsivas, asthma, palpitações
do coração, soluços, febre typhoide, cholera- morbus :
é considerado como especifico na embriaguez , que
faz cessar como por encanto ; é um cordial mui util ,
quando se manifesta o estado adynamico, e por isso
Giacomini considera o ether como hypersthenisante
vasculo-cardiaco , remedio muito proprio contra todas
as molestias que tem um caracter hyposthenico . É um
estimulante empregado com vantagem nos envene-
namentos pela noz vomica, strychnina outros. De
todos os medicamentos que são aconselhados contra o
tétano, parece-me que merece a preferencia o ether
sulfurico administrado internamente em forte dóse ,
conforme a receita que abaixo vai . Aconselha-se ainda
o ether sulfurico como anthelmintico e febrifugo .
Faz-se respirar o seu vapor nos desmaios . Tambem
o esfriamento que determina pela sua volatisação ,
quando é applicado sobre alguma parte do corpo, o
tem tornado mui util nas hernias estranguladas , nas
queimaduras, em certas nevralgias, enxaquecas, etc.
Em clyster aproveita na colica nephritica. Emfim o
ether sulfurico sendo respirado por algum tempo,
produz um tal estado de insensibilidade, que as mais
graves operações podem ser praticadas , sem que o
doente sinta dòr. V. mais abaixo Etherisação , p.284.
INTERIORMENTE. 6 a 10 gottas em assucar, ou 20 a
36 gottas e mais progressivamente em poção .
Licor anodino de Hoffmann ou Ether sulfuric
alcoolisado ( Ether sulfurico, alcool, aná p . ig. Mis-
ture). D. 10 gottas até 1 oitava em poção .
ETHER SULFURICO . 283
Xarope de ether ( Ether, 4 onça ; xarope simples,
16 onças. O modo de sua preparação é indicado na
p . 52) . D. Meia a 1 onça nas poções calmantes e an-
tispasmodicas.
Perolas d'ether (Clertan) .
Fechado num envoltorio de gomma assucarada, o
ether se apresenta sob a fórma de pequenas perolas
transparentes , que se conservão indefinitamente nesse
estado, e podem ser levadas ao estomago, mediante
uma ou duas colheres d'agua. Estas perolas amolle-
cem- se, dilatão-se e partem-se no fim de alguns se-
gundos . A absorção se faz então com tanta activi-
dade que o ether fica apreciavel quasi no mesmo
momento no ar expulso dos pulmões . Dóse a
4 perolas, contra os espasmos, accidentes hystericos,
gastralgias, e colica hepatica.
Poção antispasmodica (Cod . fr .) .
Ether sulfurico 1/2 oitava
Agua distillada de tilia 2 onças
de flor de laranja 2 onças
Xarope de flor de laranja 4 onça.
M. Por colheres .
Outra.
Infusão de herva cidreira 5 onças
Ether sulfurico 30 gottas
Agua de flôr de laranja 4 oitava
Xarope de gomma 1 onça .
M. Por colheres .
Poção calmante e antispasmodica.
Infusão de grêlos de laranjeira 5 onças
Laudano de Sydenham 20 gottas
Ether sulfurico 30 gottas
Xarope de gomma 1 onça .
M. Por colheres.
Outra.
Agua de hortelãa 4 onças
Xarope de sulfato de morphina 1 onça
Ether sulfurico 30 grãos.
M. Duas colheres de sopa de hora em hora.
Poção contra o tétano.
Ether sulfurico 1/2 onça
284 ETHER SULFURICO.
Agua commum 7 onças
Xarope de gomma 1 onça.
M. e tape exactamente .
Dóse. Para uma pessoa de 20 annos para cima.
No primeiro dia, uma colher de sopa de hora em
hora ; no segundo dia, duas colheres de sopa de hora
em hora; e continua-se o remedio na mesma dóse, por
dez , quinze e mais dias, até á cura, suspendendo só
a sua administração durante a noite . Bebendo o doente
duas colheres de sopa de hora em hora , acaba-se a
poção em nove ou dez horas ; é preciso reforma-la no
dia seguinte : desta maneira o doente não bebe mais
por 24 horas do que a dóse que fica indicada na for-
mula. O ether sulfurico, administrado na dóse de
meia onça por dia, produz uma embriaguez com-
pleta, que se desvanece durante a noite, época em
que se deve suspender a administração do remedio ,
como já se disse.
Para uma pessoa de 15 a 20 annos . No primeiro
dia uma colher de sopa de hora em hora , e nos dias
seguintes uma colher e meia, de hora em hora.
Para um doente de 10 a 15 annos. Uma colher
de sopa de hora em hora, durante todo o tempo do
tratamento .
Para um doente menor de 10 annos . Meia colher
de sopa, de hora em hora, durante todo o tempo da
molestia.
Tendo já administrado o ether sulfurico nesta forte
dóse a muitos doentes, não notei accidente algum ;
entretanto seria preciso parar algumas horas com o
remedio, se a embriaguez fosse forte de mais.
Etherisação . No fim do anno de 1846 uma impor-
tante descoberta foi feita com o ether sulfurico por
dous cirurgiões dos Estados-Unidos, os Srs. Jackson
e Morton. Tem por fim esta descoberta tornar insen-
siveis á dôr os individuos que tem de soffrer opera-
ções cirurgicas. O methodo consiste em fazer respirar,
por meio de um apparelho conveniente , á pessoa que
se quer tornar insensivel, um ar saturado de vapor
de ether sulfurico . Disso resulta, ao cabo de dous ,
tres ou mais minutos, uma especie de embriaguez ,
que muitas vezes póde lançar o paciente em somno
EXTRACTO DE SATURNO. 285
profundo, mas que outras vezes apenas desenvolve
nelle um estado de vertigem, um desmaio incom-
pleto que é sufficiente para pô-lo ao abrigo das dôres
mais crueis. Milhares de operações forão já feitas com
o ether em varios paizes e tem verificado a descoberta;
em quasi todas as operações a etherisação foi util ,
mas contão-se alguns casos em que a influencia do
ether occasionou a morte.
Hernias estranguladas forão reduzidas por uma
simples compressão depois da etherisação . As inhala-
ções de ether podem suspender as dores physiologi-
cas do parto, mas não suspendem nem as contracções
uterinas , nem as contracções dos musculos abdomi-
naes. As inhalações ethereas forão tambem acon-
selhadas nas nevralgias, hysterismo , tétano e cholera-
morbus.
O chloroformio (veja-se p . 225) possue as pro-
priedades de produzir a insensibilidade muito mais
promptamente do que o ether; mas este ultimo é me-
nos perigoso do que e chloroformio . O ether produz
menos perturbação no organismo, dá maior tranquilli-
dade ao cirurgião, e sua influencia pode ser prolon-
gada sem perigo por tempo mais demorado do que
a do chloroformio . Entretanto , repetimos, o efieito
do ether não é inteiramente isento de perigo ; e as
experiencias feitas em França provão que cães ethe-
risados succumbem em 35 a 44 minutos.
EXTRACTO DE SATURNO ou Sub-acetato de
chumbo liquido (Extrait de Saturne, fr. ) . Liquido
quasi da consistencia do xarope , inodoro, de sabor
adocicado e um pouco adstringente é em geral
transparente e sem côr, mas preparado com vinagre
vermelho ordinario é colorido . Dissolve-se na agua
distillada sem precipitado; e com precipitado na agua
commum; o que é devido à decomposição dos car-
bonatos e sulfatos dissolvidos nella.
Emprega-se exteriormente como resolvente e re-
percussivo no tratamento das fracturas, contusões ,
luxações, frieiras , queimaduras , ophthalmias , in-
flammações erysipelatosas, panaricio, etc.
Agua branca de Goulard ou Agua vegeto-mine-
ral (Sub-acetato de chumbo liquido, 1 1/2 oitava ;
286 FEDEGOSO .
alcool a 34 ° Cart. , 6 oitavas ; agua commum, 12 on-
ças) . Para molhar os apparelhos das fracturas , ou
como resolvente nas erysipelas, contusões, etc.
Agua vegeto-mineral camphorada (Extracto de Sa-
turno, 41/2 oitava ; aguardente alcanforada , 1 1/2 oi-
tava ; agua commum, 12 onças . M. ) .
Ceroto de Goulard ou de Saturno. Cod . fr . (Ceroto
simples , 4 onças ; sub-acetato de chumbo liquido ,
4 oitava . M. ) . Como seccante, para curar as feridas .
Injecção resolvente.
Acetato de chumbo liquido 2 oitavas
Agua distillada 8 onças.
M. Blennorrhagias chronicas . É preciso comprimir
a uretra atrás do escroto , afim de que a injecção não
penetre na bexiga ; ou se não se toma esta precau-
ção, é preciso urinar immediatamente depois do se-
ringatorio.
Collyrio adstringente (Scarpa) .
Agua de tanchagem 6 onças
Extracto de Saturno 6 gottas
Mucilagem de gomma arabica 6 oitavas.
M. e mexa sempre que delle usar. Ophthalmias
chronicas.
Collyrio adstringente ( Rust ) .
Agua de flores de sabugueiro 1 onça
Extracto de Saturno 40 gottas
Tintura de opio 20 gottas.
M. Ophthalmias chronicas.
Cataplasma resolvente .
Cataplasma de farinha de trigo 8 onças
Extracto de Saturno 4 oitavas .
M. Contusões .
Linimento resolvente e opiaceo .
Extracto de Saturno 1/2 onça
Laudano liquido de Sydenham 2 oitavas
Azeite doce 2 onças .
M.
FEDEGOSO . Cassia ocidentalis , L. , e outras es-
pecies. Arbusto do Brasil ; folhas pinnatas, oppostas,
ovaes, agudas, de cheiro desagradavel , sabor amargo;
flor amarella alaranjada ; o fructo é uma vagem com-
prida, contendo um grande numero de sementes cor-
FERRO. 287
diformes, raiz grossa, composta de duas partes; isto
é, da parte mediana, dura e amarellada, e da parte
cortical, mais molle, de còr amarella alaranjada, co-
berta com uma epiderme ròxa ; cheiro forte e desa-
gradavel quando fresca, sabor amargo. P. us . Casca
da raiz.
Diuretico e tonico ; empregado contra a hydropisia.
INTERIORMENTE. Infusão : 3 oitavas para 12 onças
d'agua fervendo.
FERRO ( Fer , fr. ) . Metal de côr cinzenta azulada,
mui tenaz e ductil ; cheiro particular, e sabor es-
tiptico. No estado metallico, emprega-se em pó fino
debaixo da fórma de limalha .
O ferro e todas as suas preparações gozão de vir-
tudes eminentemente tonicas, posto que vagarosas em
sua manifestação . Aproveita em todas as molestias
que são caracterisadas por fraqueza , como na chlo-
rose, amenorrhéa asthenica, enfartes chronicos das
visceras abdominaes , escorbuto , escrophulas , fluxos
mucosos, convalescença de molestias graves, debili-
dade dos orgãos digestivos , oppilação , pallidez e
edema da face, etc. A escola italiana considera o ferro
e os seus compostos como hyposthenisante vascular.
O collo dos dentes se cobre com o tempo de materia
denegrida , e até a lingua fica um pouco preta nas
pessoas que tomão por muito tempo , as preparaçõez
ferruginosas.
FERRO REDUZIDO PELO HYDROGENEO . É a melhor
das preparações ferruginosas porque reune um
grande actividade a uma completa insipidez . O uso
d'esta excellente preparação foi introduzido por Que-
venne. Para obte-la introduz se uma certa quanti-
dade de deutoxydo de ferro num tubo de porcelana
que se aquece até ficar em braza ; faz-se passar por
elle uma corrente de gaz hydrogeneo até que o ferro
seja reduzido ; o que dura ordinariamente sete a oito
horas. O ferro reduzido bem preparado é em pó im-
palpavel , leve, de côr pardacenta. As vantagens que
o ferro offerece n'esse estado são : 1º de ser facil-
mente atacado, n'esse estado de extrema divisão ,
pelos acidos fracos que se achão no succo gastrico
durante a digestão ; 2° de ser despido d'este sabor
288 FERRO.
atramentario que possuem as preparações ferrugi-
nosas soluveis ; de sorte que pode ser tomado, em
pó ou pastilhas, por pessoas que mais difficeis são
para tomar remedios .
INTERIORMENTE. Ferro reduzido pelo hydro-
geneo. 1 a 20 grãos.
Limalha de ferro porphyrisada ; isto é, pulveri-
sada sobre porphido, 5 a 20 grãos tres vezes ao
dia, em pó, pilulas ou electuario.
Pastilhas deferro. Cod . fr. ( Ferro porphyrisado,
1 onça ; assucar, 10 onças ; pó de canella, 2 oitavas ;
mucilagem de gomma alcatira , q. s. F. pastilhas de
12 grãos . Cada uma contém 1 grão de ferro . ) D. 4 a
12 e mais por dia.
Vinho chalybeado . Cod . fr . ( Limalha de ferro,
1 onça ; vinho branco generoso, 32 onças. Macere por
6 dias , mexendo de quando em quando , e côe . ) D.
1/2 onça , duas a tres vezes por dia .
Pós antichloroticos.
Limalha de ferro pulverisada 1 oitava
Quina 2 oitavas
Canella 36 grãos .
M. e divida em 12 papeis. D. 3 por dia.
Pilulas tonicas de Stoll.
Limalha de ferro 4 oitava
Gomma ammoniaca 4 oitava
Extracto de centaurea menor 1 oitava
Xarope de fumaria q. b.
F. 36 pilulas. D. 1 a 2 antes do jantar, para favo-
recer a digestão.
Pilulas marciaes ( Sydenham) .
Limalha de ferro 1 oitava
Extracto de absinthio q. b.
F. 36 pilulas. D. 3 a 4, duas vezes por dia. Chlo-
rose, dyspepsia , hysterismo.
Pilulas antichloroticas ( Chomel ) .
Ferro porphyrisado 1 oitava
Extracto de scilla meia oitava
Extracto de digital meia oitava .
F. 72 pilulas. 2 a 6 por dia na albuminuria com-
plicada de chlorose .
FERRO ( OXYDO NEGRO DE ) . 289
rugi- Pastilhas ferruginosas ( Bailly) .
em Limalha de ferro porphyrisada onça , chocolate
s são 2 onças, açafrão 2 oitavas. F. pastilhas de 18 grãos .
D. 4 a 6 por dia. Oppilação, chlorose, leucorrhea .
dro- Gragéas de ferro ( Quevenne ) .
Ferro reduzido pelo hydrogeneo 64 onças, assucar
veri- 576 onças . F. 40,000 gragéas. Cada uma contém quasi
es ao 1 grão de ferro . D. 1 a 40 por dia.
Chocolate com ferro ( Quevenne ) .
ado, Ferro reduzido pelo hydrogeneo 25 partes, choco-
vas; late 5,000 p. M. Esta preparação foi calculada de
s de maneira que cada fracção de chocolate de 1 onça e
-4a um quarto , que é a quantidade que se consome
ordinariamente para uma chicara , contenha 4 grãos
rro, de ferro.
por Pilulas de ferro e aloes .
D. Aloes 1 parte
Canella 2 partes
Limalha de ferro 4 partes
Xarope de artemisia q. s .
¡ F. pilulas de 4 grãos. D. 2 a 10 por dia, na ame-
norrhéa.
Pilulas ferruginosas (Andral) .
Pó de digital 12 grãos
Limalha de ferro 36 grãos
Thridacio 36 grãos
Faça 36 pilulas. D. 2 a 3 e progressivamente mais
por dia, na chlorose.
OXYDO NEGRO DE FERRO, Deutoxydo de ferro
ou Ethiope marcial (Oxyde noir de fer , deutoxyde
de fer ou ethiops martial, fr . ) . Pó de cor preta mais
ou menos escura , deixando manchas sobre o papel ,
inodoro, de sabor ferruginoso .
Tonico , goza das propriedades do ferro, e em-
prega-se nos mesmos casos.
INTERIORMENTE . 5 grãos a 1 oitava em pó ou pilulas.
Pós contra o rachitismo ( Temple) .
Oxydo negro de ferro 18 grãos
Rhuibarbo 18 grãos
Assucar 1 oitava.
M. e divida em 6 papeis . D. 1 papel de manhãa ,
outro á noite.
17
290 FERRO ( PEROXYDO DE ) .
Pilulas tonicas.
Ethiope marcial 2 oitavas
Açafrão 9 grãos
Canella 9 grãos
Extracto de absinthio 18 grãos
Xarope de absinthio q. s.
F. 36 pilulas. D. 3 a 12 por dia.
Pastilhas ou Tabellas de ethiope marcial
(Soubeiran) .
Oxydo negro de ferro 1 oitava
Canella 18 grãos
Assucar 5 oitavas
Mucilagem de gomma alcatira q . s .
F. tabellas de 12 grãos . Cada uma contém 2 grãos
de ethiope marcial .
OXYDO VERMELHO DE FERRO . Tritoxvdo de
ferro ou Colcothar ( Oxyde rouge de fer, tritoxyde
de fer ou colcothar fr. ) . Pedaços friaveis, ou pós de
côr vermelha , inodoros , sem sabor , e deixando man-
cha nos dedos.
Tem a mesma acção que o precedente ; pouco em-
pregado interiormente . Exteriormente entra na com-
posição de algumas pomadas.
INTERIORMENTE . 4 a 12 grãos em pó ou pilulas.
EXTERIORMENTE :
Pomada ophthalmica.
Oxydo vermelho de ferro 36 grãos
Banha 4 oitavas .
M. Ophthalmias chronicas . Em fricções na margem
livre das palpebras com uma porção do tamanho de
um grão de ervilha.
PEROXYDO DE FERRO HYDRATADO ou Hy-
drato de peroxydo de ferro, ou Tritoxydo de ferro
hydratado (Peroxyde de fer hydraté, fr. ) . Esta pre-
paração é considerada como o melhor antidoto do ar-
senico. A sua dóse é 12 ou 15 vezes o peso presu-
mido do arsenico . Eis aqui como se prepara segundo
Bouchardat sulfato de ferro puro 10 partes, acido
sulfurico a 66° 2 p. , agua 40 p . , acido nitrico q . b .
Dissolva o sulfato em agua, e ajunte o acido sulfu-
rico. Ferva tudo n'uma capsula de louça lance en-
tão na dissolução o acido nitrico, por pequenas por-
FERRO ( PERCHLORURETO DE ) . 291
ções. Haverá desenvolvimento de um gaz rutilante.
Quando este cessar, continue a ajuntar uma nova
quantidade de acido nitrico, até que a addição deste
não produza mais vapores rubros, o que indica que
oferro tem passado ao estado do peroxydo . Deixe es-
friar e depois ajunte á solução 20 a 30 partes d'agua;
precipite então o oxydo de ferro pela addição do am-
moniaco em excesso ; lave o precipitado avermelhado ,
gelatinoso, pela decantação, em uma sufficiente quan-
tidade d'agua, até que esta não tenha mais cheiro
nem sabor ammoniacal ; lance o producto sobre o
panno para o fazer escorrer ; e guarde o hydrato de
peroxydo de ferro, assim obtido, em agua preceden-
temente fervida, e em frascos bem tapados.
O effeito como contra-veneno é tanto mais certo
quanto mais recentemente é preparado o hydrato ; e
por isso deve ser feito nas boticas para uma vez só-
mente (duas libras) .
BROMURETO DE FERRO . V. p . 180 .
PROTO-CHLORURETO DE FERRO ou Hydrochlo-
rato de ferro (Protochlorure de fer, fr . ) . Sal branco ,
de sabor estiptico, mui soluvel na agua e no alcool ,
mui alteravel ao ar humido .
Além das propriedades tonicas que possue como os
outros ferruginosos , este sal exerce uma acção esti-
mulante. É recommendado contra as diarrhéas que
accompanhão as febres typhoides .
INTERIORMENTE. 8 a 16 grãos em loock ou em po-
ção gommosa .
PERCHLORURETO DE FERRO ( Perchlorure de
fer, fr. ) . Sal de còr avermelhada , sabor mui estip-
ptico , mui deliquescente , soluvel na agua , no al-
cool e no ether. É preciso conservar o perchlorureto
de ferro em dissolução, porque no estado secco se
estraga facilmente .
Tonico e adstringente, aconselhado nas molestias
caracterisadas por fraqueza , na tisica pulmonar, e na
febre typhoide. O Dr. Pravaz provou que a solução
concentrada de perchlorureto de ferro goza da pro-
priedade de coagular o sangue é um meio hemos-
tatico prompto e seguro. Esta solução deve marcar
15 graus no areometro Baumé ; produz nas feridas,
292 FERRO ( PERCHLORURETO DE ) .
no momento em que se applica, uma sensação dolo-
rosa viva , mas não as inflamma ; foi empregada com
vantagem nas ulceras varicosas, contra as hemor-
rhagias dos cancros uterinos, etc. As injecções de
perchlorureto de ferro forão aconselhadas para obter
à cura das aneurismas e varizes . Póde-se, segundo o
Dr. Pravaz, coagular o sangue nos vasos arteriaes
por uma injecção de algumas gottas de perchlorureto
de ferro no maior gráu de concentração , 30º Baumé.
Esta injecção deve ser feita com um trocate mui fino
de ouro ou platina, que se introduz mui obliqua-
mente, a travez das paredes da arteria por um mo-
vimento de verruma . A este trocate se acha adaptada
uma seringa , com que se faz a injecção brandamente ,
e de maneira que a quantidade do liquido injectado
possa ser avaliada com exactidão ; é preciso, além
d'isso, suspender momentaneamente o curso do san-
gue na arteria. A solução a 30 graus do areometro
Baumé, chamada solução normal, tem servido de
base a todos os medicamentos com perchlorureto de
ferro . O xarope de perchlorureto de ferro é de còr
bella amarella, mui alteravel : não deve ser prepa-
rado senão quando se precisar d'elle. A pomada fica
rançosa com grande promptidão : convem, por con-
seguinte, para a sua preparação empregar banha com
benjoim.
INTERIORMENTE . 1 a 5 grãos e mais em poção ou
xarope.
Xarope ( Deleau) . Perchlorureto de ferro liquido
a 30° Baumé 10 p . , xarope simples 490. D. 1 onça
por dia.
Tintura de Bestucheff. Perchlorureto de ferro
secco, 1 oitava ; licor de Hoffmann , 7 oit . D. 10 a
50 gottas em poção .
Poção com perchlorureto de ferro.
Perchlorureto de ferro liquido , da densidade de
4,25 ou 30° Baumé 18 grãos
Agua distillada 4 onças
Xarope de canella 1 onça .
M. Uma colher de sopa de 2 em 2 horas, contra a
hemoptyse, febre typhoide, cholera, diarrhea .
FERRO (CITRATO DE ) . 293
Solução de perchlorureto de ferro para uso
externo (Deleau) .
Perchlorureto de ferro liquido a 30° Baumé 1 onça
Agua 32 onç .
M. Molhão-se fios ou algodão em rama e applicão-
se no lugar onde existe a hemorrhagia . A mesma
solução emprega-se em injecções contra a leucorrhea.
Segundo o effeito que se deseja produzir, augmenta-
se a dóse de perchlorureto de ferro para a mesma
porção d'agua , até 4 onças de perchlorureto de ferro
liquido a 30°.
Pomada de perchlorureto de ferro .
Perchlorureto de ferro liquido a 30° 18 grãos
Banha balsamica 4 onça.
M. Contra os dartros . Augmenta -se progressiva-
mente a dose de perchlorureto de ferro liquido , até 108
grãos para 4 onça de banha .
CARBONATO ( PROTO-) DE FERRO (Proto- carbo-
nate de fer, fr.) . Este sal, que é necessario distin-
guir do sub-carbonato de ferro, é branco, inodoro,
não é empregado no estado de isolação, mas muitas
preparações The devem suas propriedades . Existe nas
aguas mineraes ferreas ; faz a base das pilulas de
Blaud e das de Vallet, onde se forma pela decompo-
sição mutua do sulfato de ferro e do sub-carbonato
de potassa. Os medicos receitando o carbonato de
ferro entendem o sub - carbonato de ferro . Veja - se
mais abaixo, p . 295.
CITRATO (PROTO-) DE FERRO ( Proto-citrate de
fer, fr. ) . Sal que se apresenta debaixo da fórma de
cristaes finos mui brancos . Tonico , empregado na
chlorose, flôres brancas e outras molestias caracteri-
sadas pela debilidade.
1 INTERIORMENTE. 1 a 10 grãos e progressivamente
até 24 grãos e mais por dia, em agua ou pilulas .
Pilulas de citrato de ferro.
Citrato de ferro 1 oitava
Mel de abelha 12 grãos
Pós de alcaçus q. s.
F. 72 pilulas. D. 1 a 24 por dia .
CITRATO DE FERRO E AMMONIACO ( Citrate de
fer et d'ammoniaque, fr . ) . Sal debaixo da fórma de
294 FERRO PYROPHOSPHATO DE ) .
escamas transparentes, de côr vermelha. Goza das
propriedades do ferro e é aconselhado na chlorose ,
flôres brancas e molestias caracterisadas pela fra-
queza geral.
INTERIORMENTE. 1 a 24 grãos.
Xarope de citrato de ferro ( Beral) . Xarope
simples 28 p., citrato de ferro e de ammoniaco anhy-
dro 1 , saccharureto de cravo e canella 4. M. Uma a
duas colheres de sopa por dia.
O saccharureto prepara-se deitando sobre assu-
car uma pouca de tintura de cravo e de canella, e
deixando depois evaporar-se o alcool .
LACTATO DE FERRO (Lactate de fer, fr. ) . Sal que
se apresenta debaixo da fórma de laminas cristallinas
mui brancas ou de pós pouco alteraveis, soluveis em
40 partes d'agua fervendo, de sabor ferruginoso fraco.
Tonico, goza das propriedades do ferro.
INTERIORMENTE . 2 a 36 grãos em pilulas ou solução .
Xarope (Cap. ) . Lactato de ferro, 1 oit. : agua dis-
tillada fervendo , 6 1/2 onças ; assucar 13 onças . Uma
onça deste xarope contém perto de 2 grãos de lactato.
Pilulas de lactato de ferro ( Cap) .
Lactato de ferro 18 grãos
Pós de althéa 18 grãos
Mel de abelha q. s. F. 48 pilulas.
PYROPHOSPHATO DE FERRO ( Pyrophosphate
de fer, fr . ) . Misturando a solução de persulfato de
ferro com a de pyrophosphato de soda , á temperatura
que não exceda 45° centigr. , obtem-se um precipi-
tado gelatinoso que não é outra cousa senão o pyro-
phosphato de ferro , que se dissolve com facilidade
numa solução de pyrophosphato de soda. Este com-
posto ferreo foi preposto por Leras nos mesmos casos
que as outras preparações de ferro na dóse de 5 a
10 grãos. Robiquet emprega o citrato de ammoniaco
para dissolver o phosphato de ferro . Prepara-se as-
sim precipita-se 50 p . de sulfato de peroxydo de
ferro por 50 p . de pyrophosphato de ferro anhydro .
Lava-se o precipitado, e faz -se o dissolver num licor
feito com acido citrico 26 p . , ammoniaco q. s . para
se ter um producto alcalino . Para obter o sal sob a
fórma de escamas, basta estender o soluto sobre pra-
FERRO ( SUB - CARBONATO DE ) . 295
tos e pô-lo na estufa. O pyrophosphato de ferro am-
moniacal é soluvel em agua, sem sabor ; adminis-
tra-se em pilulas e xarope, na dóse de 5 a 10 grãos .
Xarope ferruginoso ( Robiquet) . Pyrophosphato
de ferro citro-ammoniacal 10 p . , xarope simples 900 ,
xarope de flor de laranja 100. F. S. A. um xarope
por simples solução, e ajunte q . b. de tintura de or-
caneta para dar còr. D. 1 onça por dia.
SUB-CARBONATO DE FERRO ( Sous-carbonate de
fer, fr. ) . Esta preparação , conhecida debaixo do nome
de açafrão de Marte aperitivo , oxydo deferro roxo,
ou ferrugem, não é , fallando exactamente, depois de
algum tempo de preparação e de exposição ao ar,
senão um peroxydo de ferro hydratado , ordinaria-
mente misturado com uma pequena porção de proto-
carbonato de ferro . Obtem - se pela dupla decom-
posição do sulfato de ferro e do carbonato de soda
cristallisado. É elle que se forma na superficie do
ferro exposto ao ar humido, ou mergulhado na agua
arejada. É em pó amarello avermelhado , inodoro, de
sabor levemente estiptico, insoluvel na agua.
Uma das preparações ferruginosas mais frequente-
mente empregadas tonico e adstringente. Admi-
nistra-se na chlorose, oppilação e outras molestias
chronicas caracterisadas pela debilidade geral , no
tico doloroso da face e outras nevralgias , hyste-
rismo, asthma, coqueluche, tétano, e como antidoto
do arsenico .
INTERIORMENTE . 6 grãos até 1/2 onça por dia , em
pó com assucar ou em pilulas .
Pós tonicos.
Sub-carbonato de ferro
Calumba
Rhuibarbo aná 1 oitava
Gengibre
M. e divida em 12 papeis. D. 3 por dia.
Pós contra a amenorrhea ( Fouquier) .
Carbonato de ferro 36 grãos
Extracto de quina 24 grãos
Canella 10 grãos.
M. Toma -se toda a porção em um dia , e de
uma vez.
296 FERRO ( SULFATO DE ) .
Agua ferruginosa .
Pregos de ferro enferrujados 1 manipulo
Agua fervendo 32 onças.
Decante a agua no fim de 12 horas . D. Tres a qua-
tro chicaras por dia, mesmo durante o jantar.
Electuario anti-nevralgico (Jolly ) .
Sub-carbonato de ferro 1/2 onça
Sulfato de quinina 18 grãos
Extracto de opio 2 grãos
Xarope simples q. s.
F. S. A. e divida em 16 dóses , das quaes admi-
nistrão-se 4 por dia.
Xarope ferruginoso ( Ricord) .
Xarope de tolu 16 onças
Sub-carbonato de ferro 2 oitavas
Extracto de ratanhia 2 oitavas
M. D. 4 a 6 colheres de sopa por dia, na gonorrhéa
e outros escorrimentos mucosos .
Chocolate marcial ( Trousseau ) .
Sub-carbonato de ferro 1/2 onça
Chocolate 16 onças.
Triture e divida em tabellas de uma onça . Cada
uma contém 18 grãos de sub-carbonato . D. Uma ta-
bella e mais, na gastralgia, chlorose.
Poção contra o envenenamento pelo arsenico
(Guibourt).
Sub-carbonato de ferro 4 onças
Agua 24 onças.
M. D. Meio copo de dez em dez minutos .
SULFATO DE FERRO . Vitriolo verde ou Capar-
rosa verde ( Sulfate de fer, vitriol vert ou couperose
verte, fr. ) . Cristaes transparentes , verdes , inodoros ,
de sabor estiptico , semelhante ao da tinta de escre-
ver ; soluveis na agua.
Adstringente e tonico empregado interiormente nos
fluxos mucosos, hemorrhagias, diabetes , chlorose ,
amenorrhea , affecções verminosas, diarrhéas chroni-
cas ; e exteriormente, contra as ulceras atonicas , he-
morrhagias, ophthalmias chronicas , pterygio , etc.
Faz parte de algumas preparações nas quaes é decom-
posto e transformado em carbonato de ferro .
Subst. incomp. Os saes cuja base forma com o acido
FERRO ( SULFATO DE ) . 297
sulfurico um composto insoluvel , os oxydos metalli-
cos das duas primeiras classes , o borax , nitro , o
tartrato de potassa e de soda, os saes de chumbo, os
sabões , o tannino e as substancias vegetaes que o
contém .
INTERIORMENTE. 1 a 24 grãos em dissolução .
Xarope chalybeado de Willis (Sulfato de ferro,
1 oitava ; agua fervendo , 2 oitavas ; xarope de gomma,
16 onças) . D. 4 a 2 onças por dia , como tonico e
adstringente, na chlorose , leucorrhéa, etc.
EXTERIORMENTE . Dissolução : 1/2 a 2 onças para
32 onças d'agua , em lavatorios , fomentações ; 4 a
2 oitavas para 8 onças d'agua em injecções ; 8 a
16 grãos para 8 onças d'agua em collyrios.
Pós ferruginosos (Colombat) .
Sulfato de ferro 36 grãos
Acido tartarico 108 grãos
Assucar 1 1/2 oitava.
Misture e divida em 12 papeis brancos.
Por outra parte
Bi-carbonato de soda 36 grãos .
Divida em 12 papeis azues .
Dissolva separadamente cada um destes papeis em
meio copo d'agua fria, misture os dous liquidos, e
beba no momento da effervescencia. D. 1 de cada um
destes papeis, duas vezes por dia . Chlorose.
Pilulas de Blaud modificadas.
Sulfato de ferro cristallisado 480 grãos
Reduza a pó, deixe seccar n'uma estufa a 40° cent . ,
misture então com
Sub-carbonato de potassa secco 108 grãos
Mel de abelha 36 grãos
Pós de althéa q. b.
Faça uma massa e divida em 100 pilulas . D. 1 a
10 por dia na chlorose.
Pilulas ferruginosas (Vallet) .
Sulfato de ferro 400 partes
Carbonato de soda cristallisado 120 p .
Mel de abelha 60 p .
Agua q. s.
Dissolva-se o sulfato de ferro na agua quente pri-
vada de ar pela ebullição , e adoçada previamente
17.
298 FERRO ( SULFATO DE ) .
com 1/16 do seu peso de xarope simples . Dissolva-se
do mesmo modo o carbonato de soda. Filtrem-se se-
paradamente os dous liquidos ; reunão-se depois em
uma garrafa e vascolejem-se bem. Deixem-se assen-
tar ; decante-se o liquido que fica sobre o precipitado
de protocarbonato de ferro, que se formou pela
mutua decomposição dos saes empregados ; e lance-
se em cima deste precipitado nova agua privada de
ar e adoçada igualmente . Continuem - se desta sorte
as lavagens até que o ultimo liquido decantado não
tenha já sabor salino nestas circumstancias lança- se
o residuo solido sobre um tecido denso impregnado de
xarope simples . Esprema-se com força e misture- se
o resultado da espressão com mel anteriormente der-
retido ao lume. Concentre-se á pressa o mixto em
banho-maria até ficar em consistencia pilular.
F. pilulas de 4 grãos com q. s. de gomma. D, 2 a
10 pilulas por dia, na chlorose.
Pilulas adstringentes (Valch) .
Sulfato de ferro 24 grãos
Gomma kino 24 grãos
Terebenthina de Veneza 48 grãos
Extracto de genciana 48 grãos
Pó de alcaçuz q . s.
F. pilulas de 2 grãos. D. 4, tres a quatro vezes por
dia, na blennorrhagia e leucorrhéa.
Pilulas tonicas e antispasmodicas .
Extracto de valeriana 1 oitava
Sulfato de ferro 1 oitava
Carbonato de potassa 1 oitava
Sulfato de quinina 24 grãos
Pó de valeriana q. s.
F. 72 pilulas. Chlorose, acompanhada de alguns
symptomas nervosos.
Solução ferruginosa contra a erysipela (Velpeau) .
Sulfato de ferro 2 onças
Agua 32 onças.
M. Molhão -se pannos n'esta solução e applicão-se
no lugar affectado da erysipela .
Pomada marcial ( Velpeau) .
Sulfato de ferro 2 oitavas
Banha 1 onça.
FETO MACHO. 299
M. Em fricções na erysipela.
TARTRATO DE POTASSA E DE FERRO. Tartaro
chalybeado (Tartrate de potasse et de fer, tartre cha-
lybé , fr. ) . Pequenas agulhas de côr rôxa averme-
lhada ; mui deliquescente, inodoro , de sabor estiptico.
Adstringente e tonico ; administra-se interiormente
nos mesmos casos que o ferro . Exteriormente é usado
como resolvente nas contusões.
Subst. incomp. Os acidos fortes, a agua de cal, o
acido hydrosulfurico e os hydrosulfatos, as infusões
vegetaes adstringentes.
INTERIORMENTE . 12 a 36 grãos em dissolução .
Tintura de Marte tartarisada (Limalha de ferro,
10 p.; cremor de tartaro, 25 ; agua ,' 300 ; alcool à
33°, 5) . 20 a 40 gottas em poção, ou numa pouca
d'agua com assucar.
Bolas de Nancy. São preparadas com limalha de
ferro, tartaro vermelho (cremor de tartaro bruto) e
decocção de especies vulnerarias. D. 18 grãos.
Agua de bola ( Bolas de Nancy, 18 grãos ; agua, 32
onças) , D. 3 a 4 copos por dia.
EXTERIORMENTE. Dissolução . Meia onça para 12 on-
ças d'agua, em lavatorios ou fomentações, nas con-
tusões.
Xarope marcial .
Tintura de Marte tartarisada 3 oitavas
Xarope de chicoria 12 onças.
M. D. 2 a 3 colheres em vehiculo, para fortificar
os orgãos digestivos das crianças.
Vinho chalybeado (Parmentier) .
Tintura de Marte tartarisada 4 onça
Vinho branco 32 onças.
M. Meia a 1 onça de manhãa em jejum , em vehi-
culo apropriado, como tonico, emmenagogo e ape-
riente.
Ferrugem da chaminé. V. Fuligem , pag. 302.
FETO MACHO (Fougère måle, fr. ) . Polypodium
filix mas, L. Planta herbacea commum na Europa ;
em Portugal habita junto dos rios e sitios silvados ,
nas provincias do norte. Fig . 60. P. us . Tronco
subterraneo erenovos . Os troncos subterraneos (vul-
garmente raizes ) são mais ou menos grossos, cylin-
300 FETO MACHO.
dricos, recurvados, formados de tuberculos ou reno-
vos conicos imbricados uns sobre os outros em roda
de um eixo commum , escamosos ; rôxos no exte-
rior; amarellados, esbran-
quiçados ou verdes no in-
terior ; de sabor amargo e
adstringente ; e separados
uns dos outros por um te-
cido lustroso , de côr loura,
e entre os quaes sahem fi-
bras cylindricas, filiformes
e rôxas, que são as verda-
deiras raizes da planta.
Vermifugo de uma effi-
cacia reconhecida , empre-
gado principalmente con-
tra as lombrigas, os tricho-
cephalos , e até contra a
tenia. Duas ou tres horas
w depois da sua adninistra-
‫ " א‬www ção, dá -se um purgante
para ajudar a expulsão dos
vermes .
w INTERIORMENTE . Pó 4
ww oitavas até 4 1/2 onça em
www.m leite, agua ou mel de abe-
lha ( Boa preparação) .
Decocção ( preparação
infiel ) 1/2 onça para 12 on-
ças d'agua.
Tintura de renovos de
feto macho ( Peschier).
Renovos frescos de feto
macho, 1 onça ; ether sul-
furico, 8 onças . Depois de
seis dias de maceração côe.
D. 2 oitavas n'um copo
Fig. 61. Feto macho . d'agua com assucar .
A preparação seguinte é muito mais efficaz contra
a solitaria :
Oleo ethereo de feto macho (Peschier) . Tintura
etherea de renovos de feto macho, 32 onças. Distille
FLORES DE PECEGUEIRO. 304
a banho-maria para separar o ether, reuna o producto
que fica na cucurbita, que é um oleo-resina de feto
macho, espesso e de côr rôxa. Esta preparação serve
para expulsar a solitaria. D. 36 grãos a 2 oitavas em
hostia ou em pilulas. Duas horas depois administrão-
se 2 onças de oleo de ricino.
Pós vermifugos.
Feto macho 24 grãos
Gomma-gutta 2 grãos .
M. Tomão-se em jejum, por uma só vez .
Pilulas vermifugas (Peschier).
Oleo ethereo de feto macho 40 grãos
Mucilagem de gomma e pó de feto macho q. s.
F. 10 pilulas . D. 2 pilulas de hora em hora. Em
cima das pilulas bebe -se meia chicara de cozimento
de feto macho ; e uma hora depois das ultimas pilu-
las administrão-se 2 onças de oleo de ricino . Tenia.
Remedio de Nouffer contra a solitaria .
Á vespera o doente come uma sopa feita com pão
e agua quente. Na manhãa do dia seguinte toma 3
oitavas de raiz de feto macho em po fino, diluido
em 6- onças de decocção de feto . Duas horas depois
toma um bolo purgante composto de
Calomelanos
Escamonéa aná 10 grãos
Gomma-gutta 6 grãos
Confeição de jacintho q . s.
F. 3 bolos. D. 14 para as crianças ; 2 para as pes-
soas delicadas ; e 3 para os adultos vigorosos, com o
intervallo de um quarto de hora de um a outro bolo.
FIGO ( Figue, fr . ) . Fructo da Ficus carica, L.,
arvore da Europa meridional, cultivada no Brasil.
Os figos seccos entrão na composição das especies
bechicas , que servem para preparação das bebidas
emollientes. Uma decocção feita com figos seccos e
leite constitue um gargarejo mui util nas esquinen-
cias agudas.
Figueira do inferno. V. Estramonio , p . 278 .
Flor de benjoim. V. Acido benzoico, p . 83.
FLORES DE PECEGUEIRO (Fleurs de pêcher,
fr. ) . Tem uma acção levemente purgante ; servem
para preparação do xarope, que se emprega na dóse
302 FULIGEM .
de 1 a 2 onças para purgar as crianças. O seu modo
de preparação está indicado na p . 55 .
As amendoas, as folhas e as flôres do pecegueiro
dão pela distillação uma agua que contém bastante
quantidade de acido prussico e de oleo essencial , e
que é recommendada pela escola italiana . como um
remedio hyposthenisante , nas molestias inflammato-
rias, na mesma dóse , e com a mesma cautela que a
agua de lourocerejo.
FLORES PEITORAES . Mistura de partes iguaes
de flores de malva , althéa , tussilagem , papoula e
verbasco.
Infusão : 2 oit. para 16 onças d'agua fervendo .
Nas molestias acompanhadas de tosse.
FRAGARIA ou Morangueiro ( Fraisier, fr . ) . Fra-
garia vesca, L. Planta commum nos bosques som-
brios de Portugal, cultivada nas hortas do Brasil ; dá
fructos (os morangos) mui estimados. P. us. Raiz e
folhas. A raiz é cylindrica, ramosa, escamosa ; ròxa
no exterior , amarella ou avermelhada no interior ;
sub-amarga e sub-adstringente.
Adstringente e tonico fraco .
INTERIORMENTE . Infusão : 3 oit. para 12 onças
d'agua fervendo .
FRAMBOEZAS (Framboises, fr. ) . Fructos do
Rubus idaeus, L., arbusto dos paizes frios, culti-
vado nas quintas de Portugal e nas regiões monta-
nhosas do Brasil. Faz-se com elles xarope, que é
empregado na dóse de 1 a 2 onças nas bebidas,
como temperante .
Fructos peitoraes. V. Especies bechicas , p . 275 .
FULIGEM ou Ferrugem da chaminé (Suiè, fr.) .
Substancia formada de carvão e cinzas. É composta
de resina empyreumatica, de acido acetico, de ma-
terias extractivas, de hydrochlorato de ammonia e
de outros saes. Acha-se em laminas frageis, luzidias,
mui pretas, de cheiro desagradavel, sabor amargo .
Estimulante ; empregada exteriormente com van-
tagem contra a tinha e as affecções dartrosas e ophthal-
mias. Interiormente é aconselhada, nas affecções ner-
vosas e verminosas.
INTERIORMENTE . Tintura de fuligem (fuligem ,
FUNCHO. 303
4 p.; alcool a 22º , 8 p . Macere por 8 dias e còe) .
De 20 a 30 gottas em poção .
EXTERIORMENTE . Decocção de fuligem ( Blaud) .
( Fuligem, 4 onças ; agua , 16 onças. Ferva por meia
hora, e côe . ) Em lavatorios contra a tinha e dartros .
Pomada de fuligem (Marinas) .
Fuligem pulverisada aná 2 onças .
Banha
M. Em fricções contra a tinha .
Collyrio anti-scrophuloso ( Baudeloque) .
Fuligem onça.
Dilua em q . s. d'agua fervendo , côe e evapore até
seccar. Dilua este residuo ou extracto de fuligem em
Vinagre forte 6 onças.
Ajunte :
Extracto de rosas rubras 12 grãos .
Algumas gottas deste soluto n'um copo d'agua
morna, constituem um collyrio resolvente , recoin -
mendado nas ophthalmias purulentas.
FUMARIA ( Fumeterre, fr. ) . Fumaria officina-
lis, L. Planta que habita nos campos do Brasil e de
Portugal. Fig. 62. Caule glauco, quadrado, liso ; fo-
lhas pinuladas, recortadas ; flôres purpurinas mistu-
radas de preto ; a planta toda é mui succulenta e
amarga. P. us . Toda a planta.
Tonico, cujo emprego é aconselhado nas affecções
cutaneas, escorbuticas , escrophulosas, na ictericia e
amenorrhéa .
INTERIORMENTE . Infusão : 3 oit. para 12 onças
d'agua fervendo. Sumo , 2 a 3 onças. Extracto, 4 a
2 oit. em pilulas . Xarope , 1 a 2 onças: (Sua prepara-
ção acha-se indicada na pag. 56.)
Fumo. V. Tabaco.
FUNCHO ( Fenouil , fr . ) . Sementes da Anethum
funiculum , L. planta da Europa , cultivada nas hor-
tas do Brasil . Sementes alongadas, quasi cylindricas,
estriadas longitudinalmente, de cor verde pallida
quando são recentes , amarelladas quando antigas :
cheiro aromatico, sabor quente.
Estimulante, carminativo ; empregado nas colicas
flatulentas.
304 GALHA.
INTERIORMENTE . Pó 24 grãos a 4 oitava . Infusão :
4 oit. para 16 onças d'agua fervendo .

Fig. 62. Fumaria .

GALHA ou Noz de galha ( Noix de galle, fr. ) . Ex-


crescencia desenvolvida nas folhas de uma especie
de carvalho , que habita na Asia Menor; são produzidas
pela picada de um insecto. Fig. 63. Corpo carnoso,
globuloso , duro, pesado, aspero, de côr fusca ou es-
verdinhada, sendo menos estimados os esbranquiça-
dos e furados ; tem sabor amargo e adstringente.
Adstringente e tonico , aconselhado interiormente
GALHA. 305
na diarrhéa, leucorrhéa, e como antidoto do emetico ,
exteriormente em gargarejos , para combater a sali-
vação mercurial.
INTERIORMENTE . Pó, 8 a 24 grãos . Infusão ou De-
cocção, 2 oitavas para 12 onças d'agua.
EXTERIORMENTE. Infusão ou Decocção : Meia
onça para 16 onças d'agua em gargarejos, fomenta-
ções, injecções.

Fig. 63. -Galha.


Gargarejo adstringente.
Noz de galha 1 oitava
Rosas rubras 1 oitava
Casca de romãa 4 oitava
Agua fervendo q. s.
Infunda e côe de modo que se tenha 8 onças
de liquido ; ajunte :
Vinho tinto 8 onças
Mel rosado 2 onças.
M. Salivação mercurial.
Pomada anti-hemorrhoidal ( Cullen) .
Pó de galhas 1 oitava
Banha 1 onça .
M.
306 GENCIANA.
Pomada anti-hemorrhoidal ( Ware) .
Pó de galhas 2 oitavas
Pó de camphora 1 oitava
Cera derretida 1 onça .
Misture e ajunte :
Tintura de opio 2 oitavas.
Friccionão-se levemente os tumores hemorrhoidaes
duas vezes por dia , com o tamanho de uma azeitona
desta pomada.
INTERIORMENTE . Pó 24 grãos a 1 oitava. Infusão :
4 oitava para 46 onças d'agua fervendo .
GENCIANA ( Gentiane, fr. ) . Gentiana lutea, L.
Planta que em Portugal habita no cimo das mais ele-

Fig. 64. - Genciana.


vadas montanhas da serra de Estrella . Fig. 64. Raiz
perpendicular, ramosa, da grossura de um dedo ou
mais, cylindrica, rugosa, rugas annulares ; fusca no
GENCIANA. 307
exterior, amarella no interior ; caule de 2 a 3 pés de
altura ; folhas abarcantes, ovaes, verdes claras ; flòres
amarellas em espiga . P. us . Raiz.
Poderoso tonico , estomachico, anthelmintico e fe-
brifugo . Convem na inappetencia, diarrhéa chronica ,
escorbuto, escrophulas , chlorose, gota , ictericia, fe-
bres intermittentes , etc. A escola italiana considera
a genciana em pequena dóse como um remedio hy-
posthenisante gastrico, e como hyposthenisante vas-
cular sendo adminlstrada em grande dóse .
Subst. incomp. O acetato de chumbo, os saes de
ferro , etc.
INTERIORMENTE . Pó . Como tonico, 12 a 24 grãos ;
como febrifugo , até 1 oitava em substancia ou pilu-
las. Infusão : 1 oitava para 16 onças d'agua fer-
vendo. Extracto, 12 a 36 gr . Tintura, 2 a 4 oitavas
em poção. Xarope, 1 a 2 onças em poção . V. p . 56.
Vinho de genciana. 1 a 2 onças . Sua preparação
acha-se indicada na pag. 50 .
Tintura de genciana ammoniacal ou Elixir
anti-scrophuloso . Genciana, 4 onça ; carbonato de
ammonia, 2 oit .; alcool a 24 ° Cart., 32 onças . Macere
por 8 dias, e côe com espressão . ) D. 2 a 12 oitavas .
Elixir anti-scrophuloso de Peyrilhe . O mesmo,
com a differença que as 2 oitavas de carbonato de
ammonia são substituidas por 3 oitavas de carbonato
de soda. D. 2 a 12 oitavas em poção.
Xarope de Portal (Guibourt) . Genciana , 2 onças ;
ruiva dos tintureiros, casca de quina , aná 1 onça ;
agua fervendo q. s. Ponha de infusão , còe e ajunte
xarope simples, 9 libras communs . Ferva a 30° cent.
Separadamente pise rabão sylvestre, 2 onças, agrião
e cochlearia, anȧ q . s . para obter 12 onças de succo
filtrado ; derreta neste succo 22 onças de assucar.
Còe e misture os dous xaropes . D. 1 a 2 onças como
anti-scorbutico.
Pós estomachicos .
Genciana 40 grãos
Canella | aná
Rhuibarbo 16 grãos.
M. Divida em 4 papeis . D. 1 papel , meia hora
antes do jantar.
308 GENGIBRE .
Apozema amargo.
Genciana 2 oitavas
Macella gallega 1 oitava
Agua fervendo q . s . Infunda e côe de modo que
se tenha 16 onças de liquido ; ajunte
Xarope de absinthio 2 onças .
M. D. Uma chicara de duas em duas horas, como
tonico.
GENGIBRE (Gingembre, fr. ) . Zingiber officina-
lis, Roscoë. Planta originaria da India, importada
para o Brasil, Antilhas, Mexico , etc. Fig. 65. P. us.

Fig. 65. Gengibre.


Tronco subterraneo (rhizoma ) , chamado impropria-
mente raiz. Este tronco é tuberoso , articulado, ras-
GLYCERINA. 309
teiro, produzindo talos contidos nas bainhas forma-
das das folhas ; as flores são dispostas em espigas
em fórma de cone, e supportadas pelas hastes radi-
caes curtas e compostas de escamas imbricadas, uni-
floras. Em boticas a raiz acha-se em pedaços, da
grossura de um dedo , achatada e como palmada,
dura, compacta, epiderme acinzentada, por dentro
branca amarellada ; sabor acre , quente ; cheiro forte.
Excitante, administrado nas inappetencias, colicas
flatulentas ; entra em muitas composições officinaes
como correctivo, e principalmente nos ingredientes
purgativos.
INTERIORMENTE . Pó, 6 a 24 gr . Infusão : 1 oitava
para 16 onças d'agua fervendo .
Pós estimulantes .
Gengibre em pó 18 grãos
Canella 36 grãos
Aniz 4 oitava
Quina 48 grãos.
M. e divida em 9 papeis. D. 1 a 2 por dia, no
fastio.
GERVAO. Verbena jamaicencis, L. Planta do
Brasil . Caule de 4 pés ; folhas ovaes, dentadas, um
pouco aromaticas ; flor côr de violas . P. us. Folhas.
Sudorifico e estimulante.
INTERIORMENTE . Infusão : 1 oit. para 12 onças
d'agua fervendo .
GILBARBEIRA ( Petit houx , fr .) . Ruscus acu-
leatus, L. Pequeno arbusto da Europa . P. us . Raiz.
É da grossura de um dedo, torcida e marcada de an-
neis mui conchegados ; sabor amargo.
Fraco diuretico ; entra na composição do xarope
das cinco raizes aperientes .
INTERIORMENTE . Infusão : 3 oit. para 12 onças
d'agua fervendo.
GLYCERINA ( Glycerine , fr . ) . Principio doce
dos oleos. Liquido de consistencia de xarope, sem
cheiro , sem còr, de sabor doce ; densidade 4,28 ;
exposto ao contacto do ar , torna - se amarello e
depois rôxo ; soluvel na agua e no alcool , mas
insoluvel no ether. A glycerina dissolve muitas
substancias que a agua , o alcool e o ether dis-
340 GLYCERINA .
solvem ; dissolve muitos saes e os oxydos terreos .
A glycerina obtem-se saponificando materias gor-
das por um leite de cal forma-se neste caso um
sabão calcario insoluvel ; separa-se então o liquido ,
ajunta-se-lhe um pouco de acido sulfurico diluido,
o qual precipita no estado de sulfato a cal que ficou
em dissolução ; evapora-se a banho-maria ; dissolve-
se o residuo em alcool forte que se apodera da gly..
cerina, e finalmente evapora-se o soluto alcoolico a b.
m. para obter a glycerina . Nas fabricas de velas
stearicas póde se ter este producto em abundancia .
O liquido aquoso, residuo da preparação do em-
plasto simples, póde servir para preparar a glycerina .
A glycerina só, ou misturada com substancias me-
dicamentosas, é frequentemente empregada hoje no
curativo das feridas, excoriações, dartros, etc. , da
maneira seguinte : um chumaço furado de pequenos
buracos, mergulhado nesta substancia, applica-se na
ferida ; por cima do chumaço poêm-se fios ; e tudo se
mantem por meio de um panno e de uma atadura.
No dia seguinte, tira-se o chumaço , sem dôr nem
difficuldade, e faz -se um novo curativo da mesma
maneira. A glycerina emprega-se tambem nas oph-
thalmias, pura ou misturada com outras substancias .
Dá-se o nome de glyceroleos ás dissoluções na gly-
cerina de uma substancia medicinal qualquer .
Interiormente a glycerina é aconselhada contra a
dysenteria e glycosuria.
Poção de glycerina.
Glycerina 4 oitavas
Agua de flor de laranja 2 1/2 oitavas
Agua commum 4 onças e meia
Xarope simples 1 onça.
M. 2 colheres de sopa de 2 em 2 horas.
Clyster de glycerina.
Glycerina 2 1/2 oitavas
Cozimento de linhaça 5 onças. M.
Gelea de glycerina (Stratin) .
Gomma alcatira 2 oitavas
Agua de cal 4 onças
Glycerina 4 onça
Agua de rosas 3 onças .
GOMMA ALCATIRA. 314
Obtem-se assim uma gelea molle, que se emprega
em uncções contra os dartros.
Linimento contra a eczema (Rodet) .
Oleo de amendoas doces 2 oitavas
Glycerina 2 oitavas
Oxydo de zinco 4 oitavas.
M.
Linimento de glycerina com alcatrão (Lecocq) .
Glycerina 1 onça
Polvilho 90 grãos
Alcatrão meia oitava .
Ferva o polvilho com a glycerina, mexendo con-
stantemente e ajunte o alcatrão . Dartros .
Glyceroleo de alcatrão .
Alcatrão 1 parte
Glycerina 4 p.
Faça aquecer a banho-maria, por alguns minutos,
e côe. Applica-se exteriormente contra os dartros .
GOIABEIRA. Psidium pomiferum , L. Arvore
do Brasil , de 18 a 20 pés de altura , que dá os fruc-
tos chamados goiabas ; flor branca , folhas ellipticas ,
oppostas , de gosto amargo e adstringente . P. us .
Folhas.
Empregadas em decocção como adstringentes, in-
teriormente nas diarrhéas , exteriormente em banhos,
nas inchações das pernas.
INTERIOR E EXTERIORMENTE . Decocção : 4 onça
de folhas para 12 onças d'agua .
GOMMA ALCATIRA ou tragacantha (Gomme
adraganthe. fr.) . Gomma que mana de differentes ar-
bustos do Oriente, pertencentes ao genero Astraga-
lus, e sobretudo do Astragalus verus . Fig. 66. É
solida, opaca , branca ou amarellada, não friavel , em
pequenas fitas mais ou menos largas, torcidas, ou
em pequenos pedaços sem fórma.
P Emolliente, como a gomma arabica, e contém sob
o mesmo volume 25 vezes mais do principio gommoso
do que esta. Emprega-se principalmente para dar
maior consistencia ás poções, e para suspender em
agua os pós insoluveis .
INTERIORMENTE . Pó 10 a 20 gr . em loock ou n'uma
312 GOMMA ALCATIRA.
poção de 6 onças. Solução , 1 oit. para 12 onças
d'agua.
Mucilagem . Cod. fr. (Gomma alcatira inteira ,
1 onça ; agua fria, 8 onças. Limpa-se a gomma com
um canivete de todas as impurezas que lhe podem
adherir á superficie ; mette-se n'um vaso de louça
com a quantidade d'agua prescripta, e digere-se por

Fig. 66. Astragalus verus, arbusto que produz


a gomma alcatira.

24 horas a calor brando ; côa-se com forte espressão ,


e bate-se a mucilagem n'um gral de marmore para
ficar homogenea.) Esta mucilagem tem uma consis-
tencia firme , mui conveniente para preparação de
pastilhas; dá-se-lhe á vontade uma consistencia mais
molle augmentando a proporção d'agua.
GOMMA ARABICA. 343
GOMMA AMMONIACA (Gomme ammoniaque,
fr .) . Succo espesso proveniente de uma arvore do
genero Ferula , que habita na Africa e nas Indias
Orientaes . É em massas de volume variavel, ou em
lagrimas brancas ou amarelladas ; sabor um pouco
amargo e nauseante, cheiro fraco mas desagradavel .
Antispasmodica e excitante . Emprega-se na asthma,
nevroses da respiração e da digestão, chlorose, hyste-
rismo, como emmenagogo, e para facilitar a expec-
toração nos catarrhos pulmonares . Para os usos ex-
ternos entra na composição do emplasto fundente de
cicuta, de diachylão gommado, de Vigo, etc.
INTERIORMENTE . 10 a 36 gr. e mais em pilulas ou
suspensa em poção por meio de uma gemma de ovo.
Tintura, 24 a 36 grãos em poção.
Pilulas expectorantes .
Gomma ammoniaca 4 oitava
Scilla pulverisada 24 grãos .
F. 48 pilulas. D. 4 ou 5 por dia.
Emulsão diuretica ( Swediaur) .
Gomma ammoniaca 2 oitavas
Gemmas de ovos duas
Infusão de raiz de salsa hortense 8 onças
Nitrato de potassa 2 oitavas .
M. D. Por colheres . Hydropisia.
GOMMA ARABICA ( Gomme arabique , fr. ) .
Gomma que mana de muitas arvores da Africa, da
familia das leguminosas, e principalmente da Acacia
vera. Willd. Fig . 67. Acha-se em pedaços seccos,
meio transparentes, rugosos, friaveis , arredondados,
amarellados, inodoros, de sabor mucilaginoso .
Emolliente , frequentemente empregada nas inflam-
mações dos orgãos pulmonares, digestivos e outras.
INTERIORMENTE . Pó , 36 grãos a 2 oitavas em po-
ção. Solução ou agua de gomma, 2 oit . para 12 on-
ças d'agua fria.
Xarope (Gomma arabica , 1 libra ; agua fria , 4 li-
bra ; xarope simples, 8 libras . F. S. A. pag. 54) . Cada
onça deste xarope contém 1 oit. de gomma . D. 1 a
3 onças para adoçar as bebidas emollientes.
Mucilagem de gomma arabica. Cod . fr. (Gomma
arabica pulv. agua fria, aná p . ig. Divida exacta-
18
314 GOMMA ARABICA .
mente n'um gral de marmore ) . Esta preparação
serve ordinariamente de vehiculo a outros medica-
mentos.

Fig. 67. Acacia vera , arbusto que produz a


gomma arabica .

Julepo ou poção gommosa (Cod . fr. ) .


Gomma arabica pulverisada 2 oitavas
Xarope de althéa 1 onça
Agua de flor de laranja 4 oilavas
Agua commum 3 onças .
F. S. A. Por colheres , contra a tosse . Serve muitas
vezes de vehiculo a outras poções.
GOMMA- GUTTA. 345
Emulsão arabica.
Emulsão commum 12 onças
Mucilagem de gomma arabica 2 onças
Xarope simples 1/2 onça .
M. Uma chicara de duas em duas horas como
emolliente nas inflammações dos rins, bexiga, ure-
tra, estomago, etc.
GOMMA - GUTTA (Gomme-gutte, fr. ) . Gomma-
resina extrahida da Stalagmitis cambogioides, Mur-
ray, arvore que habita nas Indias Orientaes. Fig. 68.

Fig. 68. - Stalagmitis cambogioides, arvore que dá


gomma gutta.
Apparece em pedaços cylindricos mais ou menos
volumosos, de côr rôxa amarellada no interior, e
amarella avermelhada no interior ; friavcis ; inodo-
ros ; sabor fraco ao principio , e depois acre.
Um dos mais violentos drasticos ; servem-se della
quando é necessario produzir uma revulsão forte,
316 GOMMA- KINO.
como na hydropisia, paralysia, asthma , e é acon-
selhada, como vermifugo. Administrada em alta dóse
occasiona colicas e vomitos . Ordinariamente é asso-
ciada a outros purgantes. A escola italiana considera
duas acções na gomma-gutta : uma local que é pur-
gativa, e outra dynamica ; e chegou á seguinte con-
clusão que este medicamento administrado em
pequena dóse é um hyposthenisante cardiaco -vascu-
lar, proprio por conseguinte para combater certas
molestias inflammatorias, taes como dysenteria, pe-
ritonite, colite, e gastro-enterite.
INTERIORMENTE. 2 a 6 gr. em pilulas, pó où emul-
são, como purgante ; e 4 a 18 e até 24 grãos como
hyposthenisante. !
Pilulas de gomma-gutta.
Gomma-gutta 12 grãos
Canella 4 grãos
Gengibre 4 grãos
Xarope simples q . s.
F. 6 pilulas . Toma-se uma pilula , de quarto em
quarto de hora , até produzir evacuações .
Pilulas de gomma-gutta compostas ( Ph . Lond . ) .
Gomma-gutta 12 grãos
Extracto de aloes 18 grãos
Gengibre 6 grãos
Sabão medicinal 24 grãos .
F. 15 pilulas. Cada pilula pesa 4 grãos, e contém
4/5 de gr. de gomma-gutta , 6/5 gr. de extracto de
aloes, 2/5 gr. de gengibre e 8/5 gr. de sabão medi-
cinal. D. 2 a 6 como purgantes .
GOMMA-KINO ( Gomme- kino, fr. ) . Extracto ob-
tido das folhas e ramos da Nauclea gambeer, Hun-
ter, arvore que habita nas ilhas de Sonda (Indias
Orientaes) . Massas opacas, duras, frageis, de côr
vermelha escura, inodoras, sabor mui estiptico, se-
guido de um gosto adocicado .
Adstringente poderoso , aconselhado nas diarrhéas,
fluxos mucosos chronicos, hemorrhagias passivas
uterinas e outras, no diabetes, etc. O bom kino é
raro.
Subst. incomp. Os saes de ferro, os acidos mine-
raes, o emetico, etc.
GUAIACO. 317
INTERIORMENTE. 18 grãos a 4 oitava em pilulas,
pó, electuario ou em solução em liquido conveniente .
Tintura, 1 a 4 oitavas em poção . Decocção, 1 oit.
para 12 onças d'agua.
EXTERIORMENTE . Decocção em injecções nas blen-
norhagias.
Electuario adstringente (Most).
Kino pulverisado
Gomma arabica pulverisada } aná 4 oitavas
Agua de hortelãa- pimenta q . s.
M. Diarrhéa chronica. Uma colher de chá, quatro
vezes por dia.
Gomma tragacantha. V. Gomma alcatira, p. 344 .
GRAMA (Chiendent, fr. ) . Triticum repens, L.
Planta commum em Portugal , acha-se tambem no
Brasil . Caule de 2 pés , pouco mais ou menos, folhas
molles e verdes ; raizes delgadas , nodosas , de còr
amarellada no exterior, sobretudo sendo seccas, um
pouco mais pallidas no estado fresco ; brancas e
oucas no interior, de sabor adocicado. P. us. Raiz.
Emolliente e diuretica, empregada nas inflamma-
ções, e principalmente nas das vias urinarias.
INTERIORMENTE. Decocção : 3 oit. para ter 12 on-
ças de decocto. É preciso lavar a grama em agua
fria, antes de fazer o cozimento, para despil-a do
principio levemente adstringente que contém .
GREDA ( Craie, fr. ) Nome vulgar de uma varie-
dade de subcarbonato de cal . É em massas brancas,
tenras, friaveis, de um aspecto branco-terreo. Pre-
parada em pães ou cylindros, a greda toma o nome
de giz (blanc d'Espagne, fr.) . A greda entra na com-
posição dos pós dentifricios.
GROSELHA (Groseille, fr. ) . Fructo do Ribes ru-
brum, L., arbusto da Europa . Serve para preparação
do xarope, que se emprega como temperante, na
dóse de 1 a 2 onças em bebidas .
GUAIACO ou Páo santo ( Gayac ou saint bois ,
fr.). Guaiacum officinale, L. Arvore que habita na
Jamaica e ilha de S. Domingos . Fig. 69. P. us . Páo
e resina. O páo vem em achas ou em pedaços, cujo
exterior é coberto de casca espessa, acinzentada,
18.
318 GUAIACO .
resinosa, com pontos brilhantes em sua superficie
interna. O alburno é amarellado, leve e pouco resi-
noso ; o pão, propriamente dito ( parte central) , é
verde-escuro e muito resinoso, duro, compacto, ino-
doro e amargo . - A resina (succo que distilia da
casca por incisão) é em massas irregulares, friaveis,
de fractura brilhante, còr fusca esverdinhada , cheiro
agradavel, sabor acre, inteiramente soluvel no alcool,
e parcialmente na agua.

Fig. 69. - Guaiaco.


Sudorifico ; empregado na syphilis, affecções da
pelle, dòres rheumaticas, gota, escrophulas, etc. A
escola italiana considera o guaiaco como um leve
hyposthenisante.
Subst. incomp. Os acidos mineraes.
INTERIORMENTE. Páo, Decocção : Páo de guaiaco
raspado, 3 oit .; agua, q. s. para ter 12 onças de
liquido, depois de uma hora de fervura. Extracto,
24 a 36 grãos em pilulas. Tintura, 36 grãos a 4 oit.
em poções ou bebidas sudorificas.
Resina . 10 a 24 grãos em pilulas ou emulsão . Tin-
tura de resina . 2 a 4 oitavas em poção .
GUAXIMA. 319
Bolos anti-psoricos (Levacher) .
Extracto de guaiaco 18 grãos
Extracto de salsaparrilha 18 grãos
Flores de enxofre 36 grãos.
F. 6 bolos . D. 2 de manhãa, e outros tantos de
tarde. Boubas.
Cozimento de guaiaco composto (Chaussier) .
Guaiaco raspado 3 oitavas
Passas de uvas 2 oitavas
Agua 20 onças
Ferva por 30 a 40 minutos, e ajunte depois
Alcaçuz cortado 1 oitava
Sassafrás raspado 1 oitava.
Ponha de infusão até esfriar e côe. Uma chicara
de 3 em 3 horas. Syphilis, gota.
GUARANÁ. Succo gommo-resinoso, obtido dos
fructos do Paullinia sorbilis , Martius, arbusto tre-
pante qué habita no Pará. O succo vem em fórma de
pães ellipticos ou redondos, de côr ròxa ou cinzenta,
de sabor amargo, sem adstringencia sensivel ; é duro ,
difficil de ser pulverisado, mas amollece na agua .
O guaraná reduzido a pó, misturado com agua e
assucar, usa-se no Brasil como limonada refrigerante,
para acalmar a sêde, e é aconselhado como medica-
mento em varias molestias, mas principalmente nas
diarrhéas e dysenterias ; goza de propriedades to-
nicas.
INTERIORMENTE . Em dissolução 2 oitavas para
8 onças d'agua.
GUAXIMA. Urena lobata, Cavanilles. Arbusto do
Brasil ; de 3 a 6 pés, folhas arredondadas , lobadas,
pecioladas, verdes escuras por cima, verdes claras
por baixo, flor rosea escura, sabor mucilaginoso. P.
us. Folhas.
Emolliente, empregado interiormente nos defluxos ,
e exteriormente em banhos nas inflammações .
INTERIORMENTE. Infusão : 1 oitava para 12 onças
d'agua fervendo.
EXTERIORMENTE. Decocção : 4 onça para ter
24 onças de decocto ; em banhos, lavatorios, clys-
teres, etc.
320 HERVA CIDREIRA.
HERA TERRESTRE (Lierre terrestre, fr. ) . Gle-
coma hederacea, L. Planta commum em Portugal ;
habita nos sitios som-
brios e humidos da Bei-
ra , Extramadura e ou-
tras partes ; é cultivada
no Brasil. Fig.70 . Caule
quadrangular, reptan-
te, folhas oppostas, re-
niformes, de côr verde-
escura , assim como os
caules no estado fresco ,
um pouco roxas no es-
tado secco, e amarella-
das quando velhas ; de
cheiro forte, sabor um
pouco aromatico ; flores
purpureas ou azuladas .
P. us. Folhas e sum-
midades.
Estimulante fraco ,
Fig. 70.- Hera terrestre.
empregado como ex-
pectorante nos catarrhos pulmonares , tisica , etc.
INTERIORMENTE . Infusão : 1 1/2 oit . para 16 on-
ças d'agua fervendo .
HERVA DO BICHO ou acataya. Polygonum
anti-hæmorrhoidale, Mart . Planta do Brasil . Caule
de 3 pés, liso , com numerosos nós, de uma pollegada
de intervallo de um a outro ; folhas agudas ; sendo
fresca ; tem um sabor acre, apimentado, sem cheiro
notavel, flor miuda, branca. P. us . Folhas e caule .
Estimulante e diuretica , empregada nas affecções
das vias urinarias e na gota.
INTERIORMENTE . Infusão : 1 oitava para 12 onças
d'agua fervendo.
HERVA CIDREIRA ou melissa ( Mélisse , fr.).
Melissa officinalis, L. Planta que habita nos sitios
sombrios de Portugal ; tambem se cultiva nas hortas
do Brasil . Fig. 71. Caule ramoso , de 2 palmos de
altura e mais ; folhas ovaes ; flores brancas : cheiro
semelhante ao de limão , sabor aromatico. P. us.
Toda a planta .
HERVA CIDREIRA. 324
Excitante e antispasmodico, empregada nas diges-

Fig. 71. - Herva cidreira.


tões difficeis, affecções nervosas, e como emmenagogo.
322 HERVA DE SANTA LUZIA.
Subst. incomp. O sulfato de ferro , o nitrato de
prata e o acetato de chumbo .
INTERIORMENTE . Infusão: 4 1/2 oit . para 16 onças
d'agua fervendo . Agua distillada, 1 a 4 onças como
vehiculo das poções calmantes . Alcoolato, 1 a 2 oil.
EXTERIORMENTE . Infusão em lavatorios, banhos, etc.
Alcoolato, em fricções, como tonico e estimulante .
Alcoolato de melissa composto . Melissa fresca em
flor 750 partes, casquinha de limão 125, canella 64,
cravo da India 64, moscada 64, coentro secco 32 ,
raiz de angelica 32 , alcool a 34 ° Cart. 4000. Macere
por 4 dias , e distille a banho-maria. Empregado inte-
riormente na dóse de 1 oitava em meio copo d'agua
com assucar, como estimulante ; exteriormente em
fricções nos rheumatismos , febre typhoide, etc.
Herva doce. V. Aniz, p. 145 .
HERVA GROSSA ou Herva collegio. Elephan-
topus Martii, Graham. Planta do Brasil . Caule de 2
a 3 pés ; folhas grandes , ovaes, asperas , amargas :
flor esbranquiçada ; raiz rôxa por fora, branca por
dentro. P. us. Raiz e folhas.
Tonico.
INTERIORMENTE . Infusão : 3 oit. para 12 onças
d'agua fervendo.
HERVA DE S. JOAO . Planta do Brasil. Raiz
multipla , filiforme caule de 2 a 3 pés ; folhas cor-
diformes , verdes-escuras por cima, verdes-claras
por baixo, cobertas de ambos os lados com peque-
nos pellos, cheiro aromatico ; flor azul clara . P. us.
Toda a planta.
Excitante.
EXTERIORMENTE . Infusão em banhos, 4 onças para
um banho.
HERVA DE SANTA LUZIA. Euphorbia brasi-
liensis, Lam. Planta que habita nos lugares humidos
do Brasil. Caule de 1 a 2 pés de alto , nodoso, con-
tém um succo branco , caustico ; folhas oblongas ,
agudas, pequenas, contém o mesmo succo, mas em
menor quantidade ; flor miuda , vermelha. P. us.
Toda a planta .
O sumo desta planta emprega-se nas roças contra
as belidas dos olhos, mas é um medicamento que se
HERVA DE SANTA MARIA. 323
deve applicar com muita cautela. Fazem-se tambem
cataplasmas com as folhas, e applicão-se nas ulceras
chronicas do corpo.
HERVA DE SANTA MARIA. Chenopodium

Fig. 72. · Herva de Santa Maria.


ambrosioides, L. (Ambroisie, fr. ) Planta do Brasil,
naturalisada na Europa. Fig. 72. Esta figura foi
324 HORTELAA PIMENTA .
desenhada segundo o ramo colhido nos arredores do Rio
de Janeiro ; representa a metade do tamanho natural .
Caule de 3 a 5 pés de alto, da grossura de uma penna
de escrever: raiz oblonga, amarellada por fora, branca
por dentro ; folhas alternas, compridas, agudas, for-
temente dentadas ; flor miuda , esverdinhada ; fructo
envolvido exactamente no caliz ; sementes mui pe-
quenas, pretas, cobertas de uma casquinha amarella
escura ; cheiro de toda a planta aromatico e particu-
lar. P. us. Folhas e sementes .
Medicamento vermifugo , muito efficaz contra as
lombrigas, e frequentemente empregado no Brasil.
INTERIORMENTE . Pó , 1 a 2 oitavas. Infusão : 3 oi-
tavas para 8 onças d'agua fervendo . Sumo espresso
2 a 4 colheres de sopa.
HERVA MOIRA ( Morelle , fr. ) . Solanum ni-
grum , L. Planta commum em Portugal ; acha-se
tambem no Brasil . Caule ramoso , anguloso ; folhas
ovaes, sinuosas ou dentadas, flores brancas em um-
bella pequena , bagas ao principio verdes , depois
vermelhas e emfim quasi negras quando maduras .
P. us. Folhas.
Calmante e emolliente ; empregada em cataplasmas
nas retenções espasmodicas de urina . Sua decocção
serve para lavar as partes inflammadas e dolorosas .
Os fructos (bagas) possuem algumas propriedades
deleterias.
EXTERIORMENTE. Infusão : 4 onça para 24 onças
d'agua.
HERVA TOSTAO . Boerhaavia hirsuta , L. Planta
rasteira do Brasil. Raiz da grossura de um dedo ,
roxa por fóra, branca por dentro ; folhas ovaes, ver-
des por cima, verdes claras por baixo ; flor mui pe-
quena, vermelha amarantina . P. us . Raiz.
Empregada como diuretico e desobstruente nas
molestias do figado .
INTERIORMENTE . Infusão : 3 oit. para 12 onças
d'agua fervendo .
EXTERIORMENTE. Decocção com q. s . de farinha
de linhaça para cataplasma .
HORTELAA PIMENTA ( Menthe poivrée, fr. ) .
Mentha piperita, L. Planta cultivada nas hortas de
HORTELA A PIMENTA. 325
Portugal e do Brasil . Fig . 73. Caule erecto de 2 pés,
ramoso ; folhas ovaes, serreadas ; flores purpurinas,
formando espigas obtusas nas extremidades dos cau-
les ; cheiro agradavel , sabor picante . P. us. Folhas
e summidades.
Excitante, empregada nas colicas nervosas, nas
diarrhéas, vomitos espas-
modicos, tosses convul-
sivas, asthma, e como
vermifugo. A escola ita-
liana , abstracção feita da
acção local ou estimulan-
te que a hortelãa exerce,
julga que esta planta sen-
do absorvida, tem uma
acção hyposthenisante
como a camphora, e que
longe de excitar o orga-
nismo , enfraquece, faz
baixar o pulso e dissipa
as affecções inflamma-
torias.
INTERIORMENTE . Infu-
são : 4 oit. para 16 onças
d'agua fervendo . Agua
distillada , 1 a 4 onças
em poção . Alcoolato,
1/2 a 1 onça . Xarope, Fig. 73.- Hortelãa pimenta.
1/2 a 2 onças. Oleo es-
sencial , 2 a 4 gottas . Pastilhas, 6 a 12 .
EXTERIORMENTE . Infusão em lavatorios.
As outras especies de hortelãa, como hortelaa
verde, hortelãa crespa , etc. , gozão das mesmas
propriedades, mas menos pronunciadas do que a
hortelãa-pimenta .
Lavatorio aromatico contra a sarna (Cazenave).
Essencia de hortelãa 18 grãos
Essencia de alecrim 18 grãos
Essencia de alfazema 18 grãos
Essencia de limão 18 grãos
Alcool a 32° 6 oitavas
Infusão de tomilho 80 onças .
19
326 HYDROTHERAPIA.
M. O tratamento da sarna com este lavatorio
dura oito dias , termo medio . Os lavatorios devem
ser seguidos de banhos geraes d'agua morna com
sabão.
Hydrato de peroxydo de ferro. V. Peroxydo de
ferro hydratado, p. 290.
Hydriodatos. V. Ioduretos.
Hydrobromato de potassa. V. Bromureto, p. 181 .
Hydrochlorato de ammoniaco. V. p . 144 .
Hydrochlorato de baryta. V. p. 234 .
Hydrochlorato de ferro. V. p. 291 .
Hydrochlorato de morphina. V. Opio.
Hydrochlorato de ouro, de ouro e sodio . V. Ouro .
Hydrochlorato de soda. V. p. 233 .
Hydrocyanato de potassa. V. p. 259 .
Hydrocyanato de zinco ou cyanureto. V. p. 259 .
Hydro-sudo-pathia. V. Hydrotherapia.
Hydro-sudo-therapia. V. Hydrotherapia.
Hydropathia. V. Hydrotherapia.
HYDROTHERAPIA : Esta palavra, de origem
grega, significa o tratamento das molestias pela agua .
Muitos autores, para designarem o mesmo methodo
de curativo, empregão a palavra de hydro-sudo-the-
rapia, hydropathia e hydro-sudo-pathia . É um
novo methodo de tratar as molestias introduzido em
1829 por Priesnitz , medico veterinario de Graefen-
berg, pequena aldea da Silesia pertencente á Austria .
Consiste este methodo na administração d'agua fria
em abundancia , quer interna quer externamente ,
combinada com um meio sudorifico energico , fricções
prolongadas , exercicio quasi incessante , regimen
simples e um ar vivo e puro . No exterior a agua é
usada debaixo da fórma de banhos geraes ou parciaes,
que se dividem em semicupios, banhos de pés e de
muitas outras regiões. Seguem-se as applicações de
pannos molhados , os seringatorios, os lavatorios, as
emborcações ascendentes, descendentes, horizontaes ;
os banhos de chuveiro ou de chuva, as emborcações
vaginaes, rectaes , nasaes, etc.
A medicina hydrotherapica se compõe de tres
meios. O primeiro é o uso d'agua fria, o segundo
provoca os suores, e o terceiro consiste em tratar os
HYDROTHERAPIA. 327
doentes n'um paiz montanhoso, ou, pelo menos,
n'um paiz salubre, no meio de uma atmosphera viva
e pura . Os doentes devem fazer grandes excursões
por veredas ingremes, durante o tempo frio e secco .
A agua empregada para os banhos e para as bebi-
das deve ser bem arejada, de boa qualidade, agra-
davel, isenta, tanto quanto for possivel , de sulfatos
que perturbão a digestão ; deve tambem ser muito
fria. Priesnitz dava muita importancia á frieza d’agua,
e aconselhava a muitos doentes que não se podião
curar no verão , de remetter o tratamento para o
inverno. O que é mais certo é , que durante o calor
o tratamento não produz tão bom effeito, a reac-
ção não é tão franca , a transpiração vem mui facil-
mente.
Methodo seguido em Graefenberg. Ás quatro horas
da manhã chega um servente para embrulhar o doente
n'um cobertor de laa . Depois de suar por duas horas,
entra o doente no banho . Ao sahir do banho vai ao
passeio , onde bebe sua porção d'agua até ao almoço ,
que tem lugar ás oito horas. Meia hora é sufficiente
para esta refeição, depois da qual principia-se de
novo o passeio e a bebida d'agua . Ás onze horas , o
doente mette-se debaixo de uma bica d'agua frigidis-
sima, de quinze a vinte palmos de altura, e demora-
se n'este banho de emborcação dous a cinco minutos.
Quando ha uma parte do corpo enferma , dirige-se
para ahi a queda da agua . Janta-se ao meio dia , e
depois o doente passeia. Um pouco antes das quatro
horas, dá o doente o ultimo passeio, que se chama
sudorifico, porque consiste em descer uma montanha
que é preciso subir depois para provocar uma trans-
piração com que se entra de novo no envoltorio . De- ,
pois de suar, toma o doente o banho ; em seguida
faz um ligeiro exercicio e cêa ás oito horas. Depois
da cêa, algumas pessoas vão passear, outras ficão na
sala para assistirem a um pequeno concerto ou á
dansa . Antes de se deitar, toma-se um semicupio
frio e vai-se dormir.
Priesnitz , que morreo no anno de 1851 , modificou
muito nos ultimos annos da sua vida o modo de tra-
tamento . Salvo um grande numero de excepções,
328 HYDROTHERAPIA.
motivadas pela constituição dos doentes ou por suas
molestias , o tratamento consistia essencialmente , nos
ultimos annos da vida de Priesnitz, 1º em um lençol
molhado com que se embrulhava o doente ; 2º em-
borcações frias ; 3° banho de assento frio ; 4° cinto
molhado . Desde o anno de 1845 , a agua tomada em
bebida era administrada mencs abundante do que
no principio. Na primeira parte da sua carreira ,
Priesnitz empregava muito o envoltorio secco ; no
fim quasi renunciou a elle .
O emprego externo e interno d'agua fria exige ex-
periencia e costume : por isso foi abandonado pelo
empirismo , e medicos instruidos em varios paizes ,
entregando-se a esta especialidade, fundárão estabe-
lecimentos que rendem importantes serviços .
Eis aqui a descripção resumida dos differentes
modos de tratamento da hydrotherapia .
Envoltorio humido . Estando o doente na cama ,
deixa-a por um instante. Um servente estende então,
por cima de um cobertor de lãa , um lençol previa-
mente molhado e fortemente torcido ; o doente se
deita em cima do lençol , e rapidamente fica embru-
lhado n'elle. Poêm-se-lhe por cima tres ou quatro
cobertores de iaa. Logo que o calor torna a appare-
cer, o que acontece passados vinte minutos ou mais
tarde , o doente sahe do envoltorio para entrar no
banho frio geral ou parcial. O banho parcial emprega-se
de preferencia no principio do tratamento, ou nos
doentes fracos ou nervosos.
Envoltorio secco . Faz-se da mesma maneira que
o envoltorio humido, com a differença que se em-
pregão dous cobertores de lã , sem intermedio do
lençol molhado . Por cima poem-se sempre dous ou
tres cobertores de lãa . O doente fica n'elle um tempo
variavel, até que a transpiração seja abundante, ás
vezes tres horas e mais. Tem o inconveniente este
envoltorio de ser mui penoso , mui excitante . Muitos
doentes não podem supporta-lo . É seguido, como o
envoltorio humido , da agua fria debaixo de diver-
sas fórmas ; e ordinariamente do banho geral n'um
tanque.
Fricção com lençol molhado . Faz -se da maneira
HYDROTHERAPIA. 329
seguinte : De manhã, immediatamente depois que
o doente sahir da cama, o servente deita-lhe sobre
os hombros e sobre o corpo, um lençol molhado e
torcido ; depois esfrega fortemente por detraz , com
a mão aberta , as espaduas, as costas, os braços , as
côxas, as pernas, e ao mesmo tempo o proprio doente
esfrega por diante o peito e o ventre ; dura isto tres
a quatro minutos, até se sentir que o lençol principia
a aquecer-se ; substitue-se então um lençol molhado
por um lençol secco, muito grosso e muito aspero,
com que se enxuga e se esfrega com força o doente,
ou melhor ainda , em vez de enxuga-lo dá-se-lhe um
banho de ar,
Banho de ar. Depois da agua fria o doente, em vez
de se deixar enxugar pelo servente , toma um lençol
de panno de linho bastante grosso pelas duas pontas,
põe o por cima da cabeça e o sacode dos dous lados;
n'este tempo o servente segura o lençol pelas outras
duas pontas e sacode de cima para baixo . O doente
se colloca para isto n'uma correnteza de ar, entre a
janella e a porta aberta ; ao cabo de um minuto está
inteiramente enxuto ; deixa então cahir sobre o corpo
o lençol com o qual o servente esfrega o doente ; a
evaporação produziu uma refrigeração bastante viva ,
mas superficial , que é seguida rapidamente da reac-
ção geral .
Temperatura da agua . A temperatura da agua
nos estabelecimentos hydropathicos da Europa é mui
baixa, é de 6 a 7 grãos centigr. , e por isso as opera-
ções frias são n'elles mui curtas. As emborcações
os pediluvios são de um a dous minutos ao mais .
A immersão no tanque , raramente passa de um mi-
nuto . Ha doentes que ficão no banho mais tempo ,
até á apparição do segundo calefrio . Para os que são
delicados aquece-se um pouco a agua ; outras vezes,
pelo contrario , abaixa-se artificialmente a temperatura
tanto quanto for possivel , por meio de gelo que se
deita dentro da agua.
As operações hydrotherapicas tem por effeito rea-
nimar todas as funcções da pelle, cujo entorpeci-
mento é uma das causas mais importantes de um
grande numero de molestias.
330 INULA CAMPANA.
Applicação da hydrotherapia . Este methodo cu-
rativo tem produzido grandes vantagens na gota ,
rheumatismo chronico , nos engurgitamentos do fi-
gado, do baço , nas escrophulas, na syphilis invete-
rada que tem resistido ao mercurio , nas molestias
cutaneas, flores brancas , colicas nervosas, urinas san-
guinolentas, nas affecções nervosas, taes como gota
coral, hysterismo , enxaqueca , etc.
HYPOSULFITO DE SODA. Cristaes em prismas
de quatro faces , transparentes , sem cheiro, pouco
alteraveis ao ar. Dissolvido em agua é empregado
para conservar os cadaveres que servem para os es-
tudos de anatomia nas escolas de medicina. A injec-
ção faz-se com uma seringa pela abertura feita na
arteria carotida esquerda , e o cadaver assim injec-
tado não exhala cheiro algum por dous mezes.
HYSOPO (Hysope, fr . ) . Hyssopus officinalis,
L. Arbusto que habita na Europa meri-
dional. Fig. 74. Caule do comprimento
de um pé ; folhas estreitas ; agudas ;
flores azues ou còr de rosa , cheiro
aromatico, sabor quente. P. us. Folhas
e summidades.
Estimulante e expectorante : em-
pregado em muitas affecções pulmo-
nares.
INTERIORMENTE . Infusão : 4 oitava
para 16 onças d'agua fervendo.
INULA CAMPANA ou Enula cam-
pana ( Aunée, fr . ) . Inula helenium ,
L. Planta que habita em Portugal ,
França , Italia , etc. , nos sitios som-
brios , e se cultiva nos jardins . Fig. 75.
Tem caule directo , velloso , alto de 3 a
4 pés ; folhas grandes, ovaes, denta-
das, asperas por cima, cotanilhosas por
baixo; raiz grossa , tuberosa, alongada,
rôxa por fora, branca por dentro, cheiro
Fig. 74 . aromatico , sabor amargo e picante .
Hysopo. P. us. Raiz.
IODO. 334
Tonico e estimulante ; empregada na asthma , ca-
tarrhos dos pulmões e da bexiga, leucorrhéa, dyspep-
sia, etc.

Fig. 75. Inula campana.


INTERIORMENTE. Infusão : 3 oitavas para 12 onças
d'agua fervendo. Extracto, 24 grãos a 2 oitavas em
pilulas. Xarope e vinho, 1 a 2 onças.
IODO (lode, fr. ) . Corpo simples obtido de plan-
tas marinhas, do genero fucus . E solido , em escamas
de côr negra cinzenta, de um brilho metallico, cheiro
d'agua de Labarraque, e sabor acre ; pouco soluvel
332 IODO .
na agua, mais soluvel no alcool e no ether ; deli-
quescente.
O iodo e seus compostos empregão-se com grande
vantagem na papeira , escrophulas, engurgitamento
das mammas e dos testiculos, endurecimento da lin-
gua e do collo uterino, e em geral em todas as tume-
facções parenchymatosas , na blennorrhagia , leu-
corrhéa , e como excellentes emmenagogos . Tambem
tem sido apregoados nas affecções tuberculosas e
cancrosas, tumores brancos , molestias cutaneas, sy-
philis constitucional ; e em vapores contra a tisica e
bronchite chronica . As injecções do iodo forão em-
pregadas com vantagem no tratamento do hydro-
cele . A reacção foi mui moderada ; os operados pu-
dérão voltar a suas occupações no fim de tres ou
quatro dias, e a cura foi completa no intervallo de tres
a seis semanas. O iodo foi descoberto em 1843 , mas
havia já muito tempo que as suas propriedades erão
aproveitadas no emprego das esponjas nas quaes se
acha. Em todos os casos é preciso ter muita pruden-
cia na sua administração, pois que é um veneno mui
irritante, e corrosivo mui energico , e deve cessar o seu
emprego logo que sobrevenha o emmagrecimento do
corpo. Em certas circumstaucias sobrevem uma dôr
de garganta que é o preludio dos outros accidentes ;
esta dôr é, até um certo ponto , o thermometro da
saturação iodica.
A escola italiana considera o iodo e seus com-
postos como remedios hyposthenisantes glandulares .
Combatem-se os effeitos da acção excessiva do iodo ,
pela suspensão completa deste medicamento , pela
administração do chá de canella, e do vinho .
INTERIORMENTE . 1/3 a 4 grão duas vezes por dia,
em pilulas.
Tintura Iodo, 4 onça ; alcool a 34º , 12 onças) .
Cada escropulo ( 24 gottas ) contém 1 grão de iodo .
D. 4 , 10 a 20 gottas progressivamente , tres vezes por
dia, em meio copo d'agua assucarada .
Ether sulfurico iodurado ( Iodo, 6 grãos ; ether,
1 oitava) . 30 gottas contém 1 grão de iodo . D. 4 ,
10 a 30 gottas tres vezes por dia.
IODURETO DE CHUMBO. 333
Poção contra a salivação mercurial (Knod) . -
Iodo 5 grãos
Alcool 2 oitavas
Agua de canella 2 1/2 onças
Xarope simples 1/2 onça.
M. D. 2 até 8 colheres de chá por dia .
EXTERIORMENTE.
Pomada iodurada.
Iodo 1/2 oitava
Banha 1 1/2 onça.
M. Em fricções nos tumores indolentes , bubões
duros.
Injecção contra o hydrocele (Velpeau) .
Tintura alcoolica de iodo 2 oitavas
Agua 1 onça .
M. Esta porção é sufficiente para um hydrocele de
pequeno volume ; porém para os mais volumosos a
quantidade de liquido é de 2 , 3 até 4 onças. Póde-se
tambem augmentar á proporção da tintura. Assim o
Dr. Velpeau tem empregado a solução composta de
partes iguaes de tintura e d'agua, e até a tintura
pura. É inutil aquecer a solução, e não é indispensa-
vel encher a tunica vaginal ; é mister somente com-
primir o tumor, afim de que o medicamento toque
todos os seus pontos. Depois da injecção o doente
póde deixar de ficar deitado ; o escroto cresce durante
3 ou 4 dias, sem occasionar febre nem dôr intensa ;
a resolução se effeitua depois com rapidez, e em 8,
10, 15 , 20 ou 40 dias completa - se a cura.
IODURETO DE CHUMBO ( Iodure de plomb , fr.) .
Sal amarello pouco soluvel na agua fria, um pouco
mais soluvel na agua fervendo, inalteravel ao ar.
Tem as mesmas propriedades que o iodo ; aconse-
lhado interiormente nas escrophulas, tumores scir-
rhosos ; exteriormente nos dartros , tinha.
INTERIORMENTE. 1/2 grão a 12 grãos, e progres-
sivamente até 30 grãos em pilulas , com conserva
de rosas ou com algum extracto.
Pilulas de iodureto de chumbo (Cottereau ) .
Iodureto de chumbo 36 grãos
Conserva de rosas q. s.
F. 144 pilulas. Cada uma contém 1/4 de grão de
49.
334 IODURETO DE FERRO ( PROTO- ) . `
iodureto . D. Uma , duas vezes por dia, e progressi-
vamente até doze e mais por dia. Escrophulas, tu-
mores scirrhosos.
EXTERIORMENTE :
Pomada de iodureto de chumbo (Cotterau) .
Iodureto de chumbo 1 oitava
Banha 4 onça
M. Em fricções contra a tinha, ou para curar as
ulceras do utero.
IODUREO DE ENXOFRE (Iodure de soufre, fr. ) .
Sal solido , de còr violacea , cheiro forte de iodo, e
sabor acre.
Empregado exteriormente contra as molestias cu-
taneas .
Pomada de iodureto de enxofre (Biett) .
Iodureto de enxofre 1 parte
Banha 20 partes .
M. Em fricções contra os dartros.
IODURETO DE FERRO ( PROTO- ) (Proto-io-
dure de fer, fr.) . Sal ròxo, de sabor estiptico, deliques -
cente, mui soluvel em agua quando é recentemente
preparado, mas com o tempo fica quasi insoluvel. O
iodureto de ferro se conserva difficilmente . Muitos
esforços forão tentados para assegurar a fixidade d'este
bom medicamento ; as pilulas de Blancard , abaixo
indicadas, constituem a melhor maneira de o admi-
nistrar.
Excitante e tonico, goza das propriedades do iodo
e do ferro . Empregado nas molestias syphiliticas inve-
teradas, tisica, affecções tuberculosas, flores bran-
cas, amenorrhéa, chlorose, etc.
INTERIORMENTE . 2 a 4 grãos e progressivamente
até 36 grãos em pilulas.
Xarope de iodureto de ferro (Bouchardat ) . Iodu-
reto de ferro, 1 p .; xarope simples, 400 p . ) D. 5 a 6
colheres de sopa por dia.
Pilulas de iodureto de ferro ( Blancard) .
Iodo 74 grãos
Limalha de ferro 36 grãos
Agua distillada 2 oitavas
Mel de abelha 90 grãos
Pós de althéa 772 grãos .
IODURETO DE FERRO ( PROTO-) . 335
Para fazer 100 pilulas. Eis aqui como se procede :
Poe-se a agua , o iodo e o ferro em contacto n'um
pequeno balão de vidro ; vascoleja- se fortemente a
mistura no momento em que principia a reacção ;
filtra-se o licor verde resultante n'uma pequena cap-
sula de ferro de que se conhece primeiramente o
peso. Lava-se o balão e o filtro com um pouco de mel ,
daquelle que deve entrar na composição das pilulas.
Reunem-se os licores, ajunta-se o resto do mel, e eva-
porão-se estes licores ao principio rapidamente, e
depois, no fim, á temperatura branda, até que o peso
da mistura esteja 180 grãos. Ajunta-se q. s . de pó de
althéa , cerca de 136 grãos . Divide-se a massa em
quatro partes iguaes que é preciso enrolar em pós
de ferro . Estendem- se em cylindros estas pequenas
massas sobre uma chapa de ferro , e divide-se cada
cylindro em 25 pilulas que é preciso enrolar n'uma
nova quantidade de pós de ferro para que tudo esteja
coberto de ferro. Expôem-se estas pilulas a uma branda
temperatura para que não possão attrahir a humidade
do ar, e procede-se immediatamente á segunda parte
da operação que tem por fim enverniza-las.
Faz-se uma dissolução de balsamo de tolu em
3 partes de ether puro : deita-se uma certa quantidade
desta tintura n'uma pequena capsula de louça em que
são dispostas as 400 pilulas, e dá-se á capsula um
movimento rapido de rotação para humedece-las em
todas as suas partes externas e favorecer a evaporação
do ether. Enfim , no momento em que as pilulas prin-
cipião a unir-se, deitão-se sobre um taboleiro untado
de mercurio, tendo o cuidado de separar aquellas que
ficão unidas. Deixão-se por 24 horas ao ar livre, e
ficão completamente seccas expondo-as em estufa á
temperatura de 20 a 25 gráos cent . Para que
possão apresentar todas as qualidades desejaveis, é
bom dar-lhes uma segunda camada de verniz.
Cada pilula é formada, entre outros principios , de
1 grão de iodureto de ferro, de 1/3 de grão de ferro
porphyrisado fixado na sua superficie, tudo coberto
com uma camada de balsamo de tolu que pesa ape-
nas 1/16 de grão se é simples, ou 1/8 de grão se é
dupla. D. 2 a 6 pilulas por dia.
336 IODURETO DE FERRO ( PROTO-) .
Pilulas de iodureto de ferro (Piédagnel ) .
lodureto de ferro 4 grãos
Extracto de genciana q . s.
F. 1 pilula, e como esta tantas quantas fòrem pre-
cisas, que devem ser conservadas n'um frasco bem
tapado . Exostoses. Principia-se o tratamento por
2 pilulas, e augmenta-se successivamente 2 por dia
até 30 pilulas. Depois suspendem-se as pilulas du-
rante 15 dias, para tornar a administra-las por 2, 4,
6, etc. , até 30 por dia. Ordinariamente estes dous
tratamentos são sufficientes. —- O Dr. Piédagnel ad-
ministra ao mesmo tempo a agua iodada para bebida,
e faz praticar fricções com a pomada hydriodatada .
Pilulas de iodureto de ferro ( Bouchardat) .
Proto-iodureto de ferro 180 grãos
Carbonato de potassa secco
aná 90 grãos
Mel de abelha
Pós de althéa e de gomma q . s.
F. S. A. 400 pilulas . D. 1 a 10 por dia . Chlorose .
Pilulas de iodureto de ferro e de quinina.
Proto-iodureto de ferro 400 grãos
Sulfato de quinina 20 grãos
Mel de abelha 20 grãos
Pós de alcaçus q. s.
F. 50 pilulas. 2 a 6 por dia na chlorose .
Solução officinal de proto-iodureto de ferro
(Dupasquier).
Iodo 37 partes, fio de ferro 75, agua distillada 400 .
Córte o fio de ferro em fragmentos do comprimento
de cerca de uma pollegada ; metta-os n'um frasco
esmerilado , depois ajunte a agua , o iodo , e tape . Se
se precisa immediatamente de uma parte da solução ,
é necessario mergulhar o frasco durante oito ou dez
minutos na agua elevada á temperatura de cerca de
80 gráos cent., tendo o cuidado de vascolejar a mistura
muitas vezes. Filtra-se depois a quantidade da solu-
ção de que se precisa , quando o liquido que passa
for sem côr. Se não tem de empregar-se immediata-
mente uma parte da solução , deixa-se a mistura en-
tregue a si mesma , e a combinação do iodo e do ferro
se fará sem que seja necessario aquecê- la . A solução
conserva-se depois indefinitamente . Quando se quizer
IQDURETO DE MERCURIO (PROTO-) . 337
executar uma formula , filtra-se uma porção do li-
quido, e depois de empregada a quantidade pres-
cripta, deita-se no frasco a porção exuberante. Poder-
se-ha usar desta maneira, pouco a pouco, de todo o
conteúdo do frasco, e a solução será sempre sem côr.
Xarope de iodureto de ferro.
Solução officinal de iodureto de ferro 4 partes,
xarope de gomma sem côr e muito consistente 200 ,
xarope de flor de laranja 30. Misture exactamente
sacudindo a garrafa por alguns instantes. D. Meia
onça a 2 onças por dia.
É necessario que os xaropes de gomma e de flor
de laranja estejão sem côr, para que o medico possa
ter a certeza que o medicamento não está alterado .
É util tambem dar a estes xaropes maior consistencia
do que tem de ordinario, afim de que com a addição
da solução officinal não fiquem muito fluidos, o que
facilitaria a deterioração do iodureto de ferro . Com
esta cautela o xarope de iodureto de ferro póde-se
conservar por um mez.
Pastilhas de iodureto de ferro (Bouchardat) .
Iodo 20 p . , ferro porphyrisado 10 , agua 200 .
Aqueça a banho-maria até obter um liquido sem
côr . Filtre. Por outra parte, misture : assucar 4,000 p ..
essencia de hortelãa 5. Ajunte á solução de iodu-
reto de ferro q. s . d'agua de hortelãa. F. S. A. pas-
tilhas de peso de 9 grãos . D. 40 por dia e mais nas
affecções escrophulosas, tuberculosas e syphiliticas.
Vinho de iodureto de ferro (Pierquin) .
Iodureto de ferro 4 oitavas, vinho de Bordeos
16 onças. Dissolva . D. Uma colher de manhãa e ou-
tra á noite. Chlorose.
EXTERIORMENTE :
Pomada de iodureto de ferro (Pierquin) .
Iodureto de ferro 1 1/2 oitava
Banha 1 onça.
M. D. 1 oitava em fricções duas vezes por dia, na
syphilis constitucional.
¡ODURETO DE MERCURIO (PROTO-) ( Proto-
iodure de mercure , fr . ) . Sal de côr amarella esver-
dinhada , volatil, não soluvel na agua nem no alcool ;
decompõe-se pela luz.
338 JODURETO DE MERCURIO ( DEUTO-) .
Veneno irritante mui energico ; goza das proprie-
dades dos dous elementos de que se compõe . Em
mui pequenas dóses emprega-se nas affecções syphi-
liticas e escrophulosas .
INTERIORMENTE . 1/8 de grão a 1 grão em pilulas .
Pilulas de proto-iodureto de mercurio ( Velpeau) .
Proto-iodureto de mercurio 18 grãos
Extracto de opio 18 grãos.
F. 72 pilulas. Cada uma contém 1/4 de grão de
proto-iodureto . D. ↑ a 2 por dia .
Pilulas de proto-iodureto de mercurio ( Ricord) .
Proto- iodureto de mercurio 36 grãos
Thridacio 36 grãos
Extracto thebaico 12 grãos
Extracto de cicuta 4 oitava.
F. 36 pilulas. Cada uma contém 1 grão de proto-
iodureto de mercurio . D. 4 à noite , tres horas de-
pois da ultima comida.
Pilulas de proto- iodureto de mercurio (Biett) .
Proto-iodureto de mercurio 18 gr ãos
Thridacio 4 oitava .
F. 100 pilulas . Cada uma contém um pouco mais
de 4/5 de grão de iodureto de mercurio . D. 1 a 5 nas
syphilides.
Pilulas de proto-iodureto de mercurio e de guaiaco
(Brett).
Proto-iodureto de mercurio 36 grãos
Extracto de guaiaco 4 oitava
Thridacio 54 grãos
Xarope de salsaparrilha q. s.
F. 72 pilulas . D. 1 a 2 por dia nas syphilides. Cada
uma contém 1/2 grão de proto-iodureto .
EXTERIORMENTE :
Pomada de proto-iodureto de mercurio (Biett ) .
Proto - iodureto de mercurio 4 parte
Banha 30 partes .
M. D. 18 grãos para uma fricção . Serve tambem
para curar as ulceras syphiliticas.
IODURETO DE MERCURIO (DEUTO-) (Deuto-
iodure de mercure, fr. ) . Pó de bella cor vermelha,
insoluvel na agua , soluvel no alcool, porém mais so-
Juvel sendo o alcool quente do que frio.
IODURETO DE POTASSIO. 339
Tem as mesmas propriedades que o proto-iodu-
reto, mas é mais energico . Empregado nos mesmos
casos, mas o seu uso exige muita prudencia .
INTERIORMENTE . 1/16 a 1/2 grão em dissolução ou
pilulas.
Solução alcoolica (Magendie) . Deuto -iodureto de
mercurio, 20 grãos ; alcool a 36º, 11/2 onça . 26 got-
tas contém cerca de 1/8 de grão de deuto-iodureto .
D. 10 a 20 gottas e mais progressivamente, em meio
copo d'agua distillada .
Solução etherea ( Magendie) . As mesmas propor-
ções que para a preparação precedente. De 5 à 15
gottas e mais.
Pilulas de deuto-iodureto de mercurio ( Magendie ) .
Deuto-iodureto de mercurio 1 grão
Extracto de zimbro 12 grãos
Pó de alcaçuz q . s.
F. 8 pilulas . D. de 1 a 4 por dia.
EXTERIORMENTE :
Pomada de deuto-iodureto de mercurio ( Biett ) .
Deuto-iodureto de mercurio 12 grãos
Banha 4 onça .
M. Affecções escamosas da pelle . Em dóse elevada
emprega-se como escarrotica , principalmente no
lupus.
IODURETO DE POTASSIO ou Hydriodato de
potassa ( Iodure de potassium ou Hydriodate de
potasse, fr. ) . Sal solido , branco , cristallisado em
cubos ou em prismas quadrangulares , opaco , mui
deliquescente , soluvel na agua e no alcool , de sabor
acre.
Tem as mesmas propriedades que o iodo, mas é
menos activo . Emprega-se no tratamento da syphilis
constitucional , papeira, escrophulas, inchação escor-
butica das gengivas, hypertrophia do coração, etc.
INTERIORMENTE . 2 a 90 grãos dissolvido em agua .
EXTERIORMENTE . Pomada de hydriodato de po-
tassa (Hydriodato de potassa, 4 oitava ; banha , 4 onça) .
D. 4 oitava duas vezes por dia , em fricções nas pa-
peiras, tumores escrophulosos, engurgitamentos dos
testiculos .
340 IODURETO DE POTASSIO .
Poção ou solução atrophica ( Magendie ) .
Hydriodato de potassa 4 oitavas
Agua de alface 8 onças
Agua de hortelãa 2 oitavas
Xarope de althéa 1 onça .
M. D. Uma até duas colheres de sopa , duas vezes
por dia , n'uma pouca d'agua. Hypertrophia do co-
ração.
Poção atrophica com tintura de digital (Magendie) .
Hydriodato de potassa 4 oitavas
Tintura de digital 1 oitava
Agua de alface 8 onças
Agua de flôr de laranja 2 oitavas
Xarope de althéa 1 1/2 onça.
M. As mesmas dóses, e nos mesmos casos que a
precedente .
Salsaparrilha iodurada ( Magendie) .
Iodureto de potassa 36 grãos
Decocção de salsaparrilha 16 onças
Xarope de casca de laranja 1 1/2 onça.
M. Por copos em 24 horas. Syphilis constitucional .
Tisana iodurada (Ricord) .
Infusão de saponaria 24 onças
Iodureto de potassio 27 grãos
Xarope simples 1 1/2 onça.
M. Uma chicara de duas em duas horas , na syphilis
constitucional. A dose do iodureto de potassio póde
ser augmentada gradualmente até o doente tomar
2 oitavas por dia no mesmo cozimento .
Xarope iodurado ( Ricord ) .
Xarope de salsaparrilha 16 onças
Iodureto de potassio 4 oitavas.
M. D. 3 a 12 colheres de sopa por dia , em agua
ou em algum cozimento amargo.
Agua iodurada para bebida ( Lugol) .
Iodo puro 2 grãos
Iodureto de potassio 4 grãos
Agua distillada 16 onças.
M. D. 6 a 8 onças, em 2 ou 3 porções por dia, du-
rante os primeiros 45 dias para o diante 10 a 12
onças por mais 15 dias ; e ao depois 46 onças e mais.
IPECACUANHA. 341
Ajunte-se assucar á vontade no momento da admi-
nistração do remedio.
Solutos iodurados para uso externo ( Lugol) .
N. 1. N. 2. N. 3 .
Iodo 2 grãos 3 grãos 4 grãos
Iodureto de potassio 4 grãos 6 grãos 8 grãos
Agua distillada 16 onças 16 onças 16 onças
F. solutos, que são empregados em lavatorios,
collyrios, injecções, fomentações, cataplasmas ; nas
ophthalmias escrophulosas, trajectos fistulosos, ozê-
nas, etc.
Soluto iodurado rubefaciente (Lugol) .
Iodo 1 oitava
Iodureto de potassio 1 onça
Agua distillada 1 1/2 onça.
M. Para excitar vivamente as ulcerações escrophu-
losas.
Todo caustico (Lugol) .
Iodo
Iodureto de potassio { aná 1 oitava
Agua distillada 2 oitavas .
Dissolva. Empregado para avivar as ulceras e os
trajectos fistulosos, quando o soluto precedente já
não produz effeito.
Gargarejo iodurado (Ricord ) .
Agua distillada 6 onças
Iodureto de potassio 8 grãos
Tintura de iodo 1 oitava.
M. Contra as ulcerações syphiliticas da garganta.
Esta mesma solução póde ser empregada em injec-
ções contra as ulceras das fossas nasaes .
Banho iodurado ( Lugol) .
Iodo 2 oitavas
Iodureto de potassio 4 oitavas
Agua 20 onças .
M. Ajunte-se esta dissolução a um banho prepa-
rado em uma gamella . Nos banhos iodurados para as
crianças, as oitavas de iodo e de iodureto são substi-
tuidas por outros tantos escropulos . Empregão - se
com vantagem no tratamento das escrophulas.
IPECACUANHA ou Poaya ( Ipecacuanha , fr .) .
Raiz do Cephalis ipecacuanha, Rich., arbusto que
342 IPECACUANHA.
habita nos matos do Brasil e do Perú . Fig. 76. É pe-
queno; folhas ovaes, lanceoladas , verdes ; flôres bran-
cas ; fructo ovado, denegrido . As raizes, taes como
se achão no commercio, tem 1 a 4 polegadas de
comprido, torcidas , da grossura de uma pequena

Fig. 76. Ipecacuanha.

penna de ganso, com muitos anneis irregulares, epi-


derme cinzenta denegrida ; cheiro fraco, mas desa-
gradavel, sabor amargo e nauseante . São formadas
de uma parte cortical, cuja fractura é esbranquiçada
ou cinzenta e resinosa , e de uma parte mediana, fi-
brosa, amarellada , menos sapida . Esta especie chama-
IPECACUANHA. 343
se ipecacuanha cinzenta , é a melhor de todas, e
forma os tres quartos da ipecacuanha do commer-
cio as outras especies (rôxa e branca) ministradas
pelas outras arvores da mesma familia são menos
estimadas.
Vomitivo em alta dóse, tonico e expectorante em
pequena . Empregada com vantagem na dysenteria,
febres de máo caracter, garrotilho, coqueluche, ca-
tarrhos pulmonares , etc.; foi aconselhada na perito-
nite puerperal. É um dos medicamentos mais recom-
mendaveis. A escola italiana considera este remedio
como hyposthenisante vascular . Ingerida no esto-
mago em dóse menor de 3 grãos, a ipecacuanha pro-
voca facilmente suor. Continuada em pequena dóse,
determina a salivação, o abatimento, um sentimento
de frio em todo o corpo, fraqueza no estomago e al-
gumas vertigens . Em dóse elevada , produz nauseas,
pallidez e vomitos , e ás vezes evacuações alvinas ; o
pulso fica fraco . Sobrevindo alguns accidentes com-
batem-se com chá de canella e vinho.
Subs. incomp. Os acidos vegetaes, as infusões ad-
stringentes, etc.
INTERIORMENTE. Pó (cinzento) . Como vomitivo 45
a 30 grãos , em meio copo d'agua morna. Como ex-
pectorante 1 a 6 gr. em pilulas. Infusão em agua
fervendo, 2 oitavas para 6 onças d'agua fervendo.
Tintura alcoolica, 2 oitavas em tres dóses, como
vomitivo . Extracto alcoolico, 6 gr. em pilulas como
vomitivo.
Xarope de ipecacuanha . Cod . fr . Extracto alcoo-
lico de ipecacuanha , 32 p . ( ou 4 onça) ; agua, 250
(8 onças) ; xarope simples, 4500 ( 144 onças) . Dis-
solva o extracto em agua, filtre : de outra parte ferva
o xarope, ajunte-lhe a dissolução de extracto, entre-
tenha a ebullição até que o xarope tenha voltado á
sua primeira consistencia, e côe . Cada onça de xa-
rope de ipecacuanha contém 4 grãos de extracto, ou a
substancia de 16 grãos da raiz de poaya . É um vomi-
torio precioso para as crianças. Meia onça ou uma
colher de sopa é sufficiente para uma criança de
3 annos.
Vinho de ipecacuanha. ( Ipecacuanha, 2 onças ;
344 JALAPA.
vinho branco generoso, 30 onças . Macere por 6 dias
e filtre.) D. 1 a 2 onças como vomitivo .
Pastilhas. Cod . fr. (Pó de ipecacuanha, 32 p.;
mucilagem de gomma alcatira feita com agua de flôr
de laranja, q. s . F. pastilhas de 12 grãos , conforme
os principios estabelecidos fallando das pastilhas em
geral, pag. 36. Cada uma contém 1/4 de grão de pó
de ipecacuanha . ) D, 4 a 6 como expectorante .
Pós vomitivos .
Ipecacuanha 24 grãos
Emetico 1 grão .
M. e divida em 3 papeis. D. Um de quarto_em
quarto de hora. Se os dous primeiros produzem bas-
tantes vomitos , não se dá o terceiro papel . Facili-
tão-se os vomitos bebendo muita agua morna.
Pós emeto-catharticos.
Ipecacuanha
Rhuibarbo } aná 24 grãos.
M. Tomão-se por uma vez.
Pós expectorantes .
Ipecacuanha 24 grãos
Scilla 12 grãos.
M. e divida em 12 papeis. D. Um papel de duas em
duas horas .
Julepo anti-dysenterico.
Ipecacuanha 1 oitava .
Ferva por um quarto de hora em q. s. d'agua para
ter 5 onças de decocto ; ajunte :
Xarope de flor de laranja 1 onça.
M. Uma colher de sopa de 10 em 10 minutos.
JABOTICABA. Fructo da Eugenia cauliflora,
Mart ., arvore do Brasil . É uma baga que tem uma
polpa branca, adocicada, coberta de casca rôxa pur-
puracea, mui acida. P. us. Casca do fructo.
Adstringente, empregada em gargarejos nas esqui-
nencias chronicas.
EXTERIORMENTE . Decocção : 1 onça para 12 on-
ças d'agua.
JALAPA (Jalap , fr.) . Exogonium purga, Ben-
tham. Planta que habita no Mexico e em outras par-
tes da America meridional. P. us. Raiz. Hastes
herbaceas, de 15 a 24 pés de alto , enroscando-se nas
JALAPA. 345
outras plantas, do tamanho de uma pequena penna
de escrever, cylindricas , lisas, de côr roxa bri-
Ihante ; folhas alternas , pecioladas, cordiformes, pro-
fundamente chanfradas na base, acuminadas ; flores
de cor rosea tenra ; fructo (capsula) ovoide arredon-

Fig. 77. - Exogonium purga , planta que produz a jalapa.


dado , envolvido pelo caliz , com 4 compartimentos ,
contendo cada um uma semente solitaria, globosa ,
glabra; raiz tuberosa, arredondada, mais ou menos
irregular, branca , carnosa , cheia de um succo lac-
tescente e resinoso . Fig. 77. No commercio acha-se
em pedaços oblongos ou rodellas compactas ; pardas
escuras por fòra , esbranquiçadas ou amarelladas por
dentro, com linhas concentricas ; superficie enrugada ,
346 JALAPA.
fractura lisa, ondulada, com pontos brilhantes ; sabor
ao principio fraco, depois acre ; cheiro nauseante ; pó
de côr amarella cinzenta . Fig. 78 .
Purgante energico, exerce especialmente sua acção
nos intestinos delgados . Convem ás pessoas cujos or-
gãos são pouco sensiveis. Em dóse elevada, occasiona
vomitos e um abatimento geral ; effeito que é consi-
derado como hyposthenisante pela escola italiana.
INTERIORMENTE . Raiz . Pó . 12 a 36 grãos em pilulas
ou emulsão. Extracto, 6 a 12 grãos em pilulas. Tintu-
ra , 16 a 36 gottas em poção . Xarope, 2 a 4 oitavas.

Fig. 78. - Raiz de jalapa das boticas.


Resina ( De côr rôxa esverdinhada , fragil , frac-
tura nitida, cheiro viroso , sabor acre. Adultera-se
com as resinas de pinho, ou outras de menor preço .)
2 a 10 grãos em pó, pilulas ou poção.
Sabão de jalapa . (Resina de jalapa , 1 p. ; sabão
medicinal raspado, 2 p. Dissolva a calor brando em
q . b. de alcool a 32° : evapore até á consistencia pi-
lular e guarde. ) D. 10 a 20 grãos como purgante.
Pós purgantes .
Jalapa 24 grãos
Rhuibarbo 48 grãos
Cremor de tartaro 1 oitava
Oleo essencial de canella 1 gotta.
M. Para uma só dóse.
JAPECANGA. 347
Pilulas anti-biliosas (Harvey) .
Resina de jalapa 24 grãos
Aloes 24 grãos
Rhuibarbo 24 grãos
Extracto de coloquintidas 24 grãos
Xarope de espinha cervina q . b.
F. pilulas de 4 grãos . D. 1 a 4 por dia, como pur-
gantes.
Biscoutos purgantes.
Raiz de jalapa pulverisada 4 oitaval
Farinha de trigo 4 onça
Ονο N° 2
Assucar 1 onça .
F. 3 biscoutos. A metade de um biscouto é suffi-
ciente para uma criança de 3 annos .
Emulsão purgante .
Raiz de jalapa pulverisada 18 grãos
Escamonéa 6 grãos
Emulsão de amendoas doces 4 onças
Xarope de flor de laranja 1 onça.
M.
Xarope antigoloso.
Extracto de guaiaco 10 partes, extracto alcoolico
de salsaparrilha 10 p . , resina de jalapa 10 p . , alcool a
24° 100 p., xarope simples 1,000. F. S. A. Uma co-
lher de sopa, de 2 em 2 horas, até produzir evacua-
ções . Esta receita póde substituir a do xarope de
Boubée.
JAPECANGA. Herreria salsaparrilha, Mart.
Planta trepadeira do Brasil . Caule espinhoso, folhas
ellipticas , lanceoladas, em fórma de fasciculo ; raiz
multiplice, da grossura de um dedo, fusiforme, ama-
rella escura por fora , carnosa , branca interiormente ;
meditullio branco e mais duro do que a parte exte-
rior ; sabor da raiz mucilaginoso e um pouco amargo .
Dá-se ainda o nome de japecanga a varias especies
de Smilax. P. us . Raiz.
A raiz de japecanga é aconselhada nas molestias
syphiliticas e dartrosas ; é considerada por algumas
pessoas como gozando das mesmas propriedades que
a salsaparrilha.
336 IODURETO DE FERRO (PROTO-) .
Pilulas de iodureto de ferro (Piédagnel ) .
lodureto de ferro 4 grãos
Extracto de genciana q . s.
F. 4 pilula, e como esta tantas quantas fòrem pre-
cisas, que devem ser conservadas n'um frasco bem
tapado. Exostoses . Principia-se o tratamento por
2 pilulas, e augmenta-se successivamente 2 por dia
até 30 pilulas . Depois suspendem-se as pilulas du-
rante 15 dias, para tornar a administra-las por 2, 4 ,
6, etc. , até 30 por dia. Ordinariamente estes dous
tratamentos são sufficientes . — () Dr. Piédagnel ad-
ministra ao mesmo tempo a agua iodada para bebida,
e faz praticar fricções com a pomada hydriodatada .
Pilulas de iodureto de ferro ( Bouchardat) .
Proto-iodureto de ferro 180 grãos
Carbonato de potassa secco
Mel de abelha aná 90 grãos
Pós de althéa e de gomma q. s.
F. S. A. 400 pilulas. D. 4 a 10 por dia . Chlorose.
Pilulas de iodureto de ferro e de quinina .
Proto-iodureto de ferro 400 grãos
Sulfato de quinina 20 grãos
Mel de abelha 20 grãos
Pós de alcaçus q. s.
F. 50 pilulas. 2 a 6 por dia na chlorose .
Solução officinal de proto-iodureto de ferro
( Dupasquier).
Iodo 37 partes, fio de ferro 75, agua distillada 400 .
Córte o fio de ferro em fragmentos do comprimento
de cerca de uma pollegada ; metta-os n'um frasco
esmerilado, depois ajunte a agua, o iodo , e tape . Se
se precisa immediatamente de uma parte da solução ,
é necessario mergulhar o frasco durante oito ou dez
minutos na agua elevada á temperatura de cerca de
80 gráos cent. , tendo o cuidado de vascolejar a mistura
muitas vezes . Filtra-se depois a quantidade da solu-
ção de que se precisa, quando o liquido que passa
for sem côr. Se não tem de empregar-se immediata-
mente uma parte da solução , deixa-se a mistura en-
tregue a si mesma , e a combinação do iodo e do ferro
se fará sem que seja necessario aquecê- la . A solução
conserva-se depois indefinitamente. Quando sequizer
IODURETO DE MERCURIO (PROTO-) . 337
executar uma formula , filtra-se uma porção do li-
quido, e depois de empregada a quantidade pres-
cripta, deita-se no frasco a porção exuberante . Poder-
se-ha usar desta maneira, pouco a pouco, de todo o
conteúdo do frasco, e a solução será sempre sem côr.
Xarope de iodureto de ferro.
Solução officinal de iodureto de ferro 4 partes,
xarope de gomma sem côr e muito consistente 200 ,
xarope de flor de laranja 30. Misture exactamente
sacudindo a garrafa por alguns instantes. D. Meia
onça a 2 onças por dia.
É necessario que os xaropes de gomma e de flor
de laranja estejão sem côr, para que o medico possa
ter a certeza que o medicamento não está alterado .
É util tambem dar a estes xaropes maior consistencia
do que tem de ordinario, afim de que com a addição
da solução officinal não fiquem muito fluidos , o que
facilitaria a deterioração do iodureto de ferro . Com
esta cautela o xarope de iodureto de ferro póde-se
conservar por um mez .
Pastilhas de iodureto de ferro (Bouchardat) .
Iodo 20 p . , ferro porphyrisado 10 , agua 200 .
Aqueça a banho-maria até obter um liquido sem
côr. Filtre . Por outra parte, misture : assucar 1,000 p ..
essencia de hortelãa 5. Ajunte á solução de iodu-
reto de ferro q . s. d'agua de hortelãa . F. S. A. pas-
tilhas de peso de 9 grãos . D. 10 por dia e mais nas
affecções escrophulosas, tuberculosas e syphiliticas .
Vinho de iodureto de ferro (Pierquin) .
Iodureto de ferro 4 oitavas , vinho de Bordeos
16 onças. Dissolva . D. Uma colher de manhãa e ou-
tra á noite. Chlorose.
EXTERIORMENTE :
Pomada de iodureto de ferro (Pierquin) .
Iodureto de ferro 1 1/2 oitava
Banha 1 onça.
M. D. 1 oitava em fricções duas vezes por dia, na
syphilis constitucional .
IODURETO DE MERCURIO (PROTO-) (Proto-
iodure de mercure, fr . ) . Sal de côr amarella esver-
dinhada , volatil , não soluvel na agua nem no alcool ;
decompõe-se pela luz .
348 LARANGEIRA.
INTERIORMENTE . Decocção : 1 onça para 24 on-
ças d'agua .
JEQUITIBA. Pixydaria macroparpa . Schott.
Arvore do Brasil . P. us. Casca. Esta casca é grossa,
dura , vermelha escura, de sabor amargo e um pouco
adstringente.
Adstringente, póde ser empregada em banhos nas
inchações das pernas e das outras partes do corpo .
EXTERIORMENTE . Decocção : 1 onça para 12 on-
ças d'agua.
Junipero . V. Zimbro .
Kermes mineral. V. pag. 150 .
Kino. V. Gomma kino, pag. 316.
Kreosota. V. Creosota, pag. 255 .
Kusso. V. Cusso, pag. 257.
LABACA (Patience, fr. ) . Rumex patientia, I..
Planta europea, na-
turalisada no Brasil.
Fig. 79. Tem 5 pés
de alto ; raiz grossa,
longa , perpendicu-
lar, amarga ; caule
sulcado , amarella-
do ; folhas ovaes ,
lanceoladas , gran-
des ; flores peque-
nas , esverdinha-
das. P. us . Raiz.
Tonico e diapho-
retico .
INTERIORMENTE .
Infusão , 3 oitavas
para 12 onças d'a-
gua fervendo .
Lactato de ferro.
V. pag. 294 .
Lactucario . V. Fig. 79. - Labaça .
pag . 118 .
LARANGEIRA ( Oranger, fr . ) . Citrus auran-
tium , L. Arvore commum no Brasil , e em Portugal.
P. us . Folhas, grelos, flores, fructos, e a propria
casca.
LIMÃO. 349
As folhas, flôres e a casca do fructo são estimu-
lantes, tonicas e antispasmodicas , e empregadas nas
digestões lentas e molestias nervosas, como espasmos
hystericos, convulsões, oppressões , palpitações do
coração, etc. O fructo contém o sumo, que é usado
como temperante .
INTERIORMENTE. Folhas com grelos. Infusão :
1 1/2 oitava para 16 onças d'agua fervendo .
Flores. Infusão : 4 pugillo de flores para 8 onças
d'agua fervendo . Agua distillada , 1 à 4 onças em
poções. Xarope, 1 a 2 onças.
Fructo ( laranja ) . Sumo q . s . para acidular agra-
davelmente a agua.
Casca de laranja. ( Casquinha de laranja ou ama-
rello de casca de laranja . ) Infusão : 2 oitavas para
8 onças d'agua fervendo . Xarope , 1 a 2 onças. Oleo
essencial, 2 a 6 gottas em poções .
Laranjada. Laranja cortada , nº 1 ; assucar, 2 on-
ças ; agua fria ou quente, 24 onças. Macere por uma
hora e côe. Por chicaras, nas febres inflammatorias .
Laureola femea. V. Trovisco .
LEITE ( Lait, fr . ) . O leite de jumenta , de cabra
ou de vacca é emolliente e nutritivo , e empregado
nas molestias do peito.
Subst. incomp. Os acidos, as soluções adstringen-
tes e metallicas .
Lichen islandico . V. Musgo islandico .
LIMÃO (Citron , fr. ) . Fructo da Citrus limonum,
Risso , arvore commum no Brasil , e em Portugal.
Contém um sumo acido , que se emprega como adstrin-
gente e temperante. A casca exterior do limão (cas-
quinha de limão ou amarello de casca de limão ) con-
tém oleo essencial , e por esta razão é estomacal e
antispasmodica.
INTERIORMENTE . Sumo 2 a 4 oitavas em poção.
Limonada. Limão cortado, nº 4 ; xarope simples ,
4 onça ; agua, 16 onças . Por chicaras, nas febres in-
flammatorias.
Casca. Infusão : 4 oitava para 12 onças d'agua
fervendo. Esta infusão , adoçada , constitue uma be-
bida tonica e antispasmodica .
Oleo essencial , 2 a 6 gottas em poção .
20
350 LITHARGYRIO .
LINHAÇA (Graine de lin , fr. ) . Grãos ou semen-
tes da Linum usitatissimum , L. planta cultivada
na Europa . Fig. 80. Estas sementes são pequenas ,
oblongas , comprimidas , luzidias , de côr rôxa aver-
melhada no exterior, esbranquiçada no interior, olea-
ginosas , sabor adocicado .
Emolliente , frequentemente empregada em todas
as inflammações , e principalmente nas das vias
urinarias . As sementes de linhaça , reduzidas a fari-
nha , formão a base das cataplasmas emollientes,
ordinariamente empregadas.
INTERIORMENTE. Infusão :
2 oitavas para 12 onças d'a-
gua fervendo. Esta infusão ,
convenientemente adoçada ,
constitue uma bebida emol-
liente.
Clyster de linhaça . Se-
mentes de linhaça , 2 oita-
vas. Ferva por um quarto
de hora em q . s. d'agua para
obter 8 onças de decocto .
EXTERIORMENTE . Decoc-
ção : Linhaça . 1 onça ; agua,
32 onças. Ferva por um
quarto de hora . Em fomen-
tações, lavatorios , injecções ,
collyrios, etc.
Cataplasma de linhaça.
Farinha de linhaça, von-
tade ; agua fervendo , q . s .
Fig. 80. - Linho . Misture.
Cataplasma maturativa (Ph. G.) .
Farinha de linhaça 4 onças
Agua fervendo q. s . para fazer a cata-
plasma, ajunte :
Galbano dissolvido em gemma de ovo 1 onça
Polpa de cebolas assadas debaixo de
cinzas quentes 1/2 onça
Azeite doce q. b.
e incorpore a fogo brando .
LITHARGYRIO ou Protoxydo de chumbo fun-
LOUROCEREJO. 354
dido ( Litharge ou protoxyde de plomb fondu , fr. ) .
Laminas cristallinas , brilhantes , opacas, amarellas ,
ou amarellas avermelhadas, sem sabor nem cheiro .
Empregado só exteriormente na preparação dos
emplastos e unguentos seccativos e maturativos.
Unguento da mai ou unguento róxo ou emplasto
rôxo . (Azeite doce, 1000 p .; banha , 500 ; manteiga,
500 ; sebo de carneiro, 500 ; cera amarella , 500 ; li-
thargyrio, 500 ; pêz negro, 125. ) Deite todas as mate-
rias gordurosas n'uma grande bacia de cobre, e aqueça
até principiarem a deitar fumo ; ajunte então por
porções o lithargyrio pulverisado, mexendo conti-
nuamente com uma espatula de páo : deixe a mis-
tura sobre o fogo mexendo continuamente , até que
a massa tome uma côr rôxa escura ; então ajunte o
pêz negro que é necessario purificar previamente
derretendo-o e coando-o por panno de linho . Quando
o emplasto ficar em grande parte esfriado, ponha-o
n'um vaso coberto de papel .
Empregado como maturativo nos abcessos.
Emplasto simples . Cod . fr. ( Lithargyrio, banha
de porco, azeite doce, aná 4 p .; agua , 2 p . ) . Veja-se
o seu modo de preparação, pag. 23 ( Emplastos) .
Losna. V. Absinthio , pag. 76.
LOUROGEREJO ( Laurier - cerise , fr. ) . Prunus
lauro cerasus, L. Arbusto originario das margens
do mar Negro, naturalisado na Europa . Fig . 81. Tem
folhas grandes, ovaes , alongadas, agudas, dentadas ,
duras, mui luzidias ; flôres brancas ; a estas succe-
dem fructos arredondados , denegridos, que contém
um caroço, dentro do qual se acha uma amendoa
muito amarga, com cheiro de amendoas amargas , ou
de acido prussico . P. us . A agua distillada e o oleo
essencial das folhas. - O oleo essencial de louro-
cerejo contém acido prussico , e , administrado em
dóse ainda mesmo fraca , determina promptamente a
morte. Entretanto emprega-se como calmante, nas
tosses nervosas , asthma , palpitações e na tisica , mas
só na dóse de 1 a 3 ou 4 gottas. A agua distillada é
muito menos perigosa ; mas é preciso que depois de
sua distillação esteja filtrada , para separar della o oleo
essencial ; neste caso é mui transparente, um pouco
352 LOUROCEREJO .
amarga, de cheiro de amendoas amargas, bastante
agradavel, e póde-se dar por oitavas . A agua distil-
lada não sendo filtrada, é turva , e póde envenenar
na dóse de 1 a 2 oitavas. Pelo que fica dito, se vê
que esta preparação pharmaceutica é mui inconstante,
e não deve ser empregada interiormente senão com
grande circumspecção .
A agua distillada de lourocerejo em pequena dóse
produz um enfra-
quecimento geral;
o pulso torna - se
lento e pequeno .
Continuando-se o
seu uso sobrevem
vertigens, delirio
e modorra . Aug-
mentando -se a
dóse manifestão-
se espasmos e con-
vulsões , e final-
mente declara-se
a paralysia. A es-
cola italiana con-
sidera a agua de
lourocerejo como
um poderoso con-
tra - stimulante ,
util nos pleurizes,
pneumonias ,
rheumatismo's
agudos e todas as
molestias inflam-
Fig. 81. - Lourocerejo.
matorias , no té-
tano , tisica , nevralgias , enfartes do figado e baço ,
hydrophobia, vomitos nervosos , etc. A agua de lou-
rocerejo não differe do acido prussico senão em ter
uma força menos energica.
INTERIORMENTE . Agua distillada (sua preparação
acha-se indicada na pag.13) .10 a 40 gottas de duas em
duas horas em poção, ou então, 2 oitavas até 1 onça,
progressivamente em 24 horas n'uma poção de 6 on-
ças, que se dá por colheres, uma colher de hora em
LUPARO. 353
hora. É necessario assegurar-se primeiro na botica
da qualidade deste remedio para proporcionar con-
venientemente a dáse. Oleo essencial . 1 a 4 gottas ,
n'uma emulsão de 6 onças que se administra por co-
lheres de sopa de hora em hora, tendo o cuidado de
mexer a emulsão no momento de toma-la.
Poção calmante .
Agua distillada de alface 3 onças
Agua de lourocerejo 2 oitavas
Xarope de gomma 1 onça .
M. Uma colher de sopa de hora em hora.
Poção calmante e antispasmodica.
Agua distillada de lourocerejo 2 oitavas
Agua distillada 3 onças
Xarope de flor de laranja 1 onça
Extracto de belladona 1 grão
Ether sulfurico 36 grãos .
M. Uma colher de sopa de hora em hora . Tosses
nervosas, asthma, palpitações.
Ceroto calmante ( Roux) .
Ceroto 1 onça
Agua de lourocerejo 1 1/2 onça.
M. Para curar as queimaduras , o cancro ulce-
rado, etc.
Linimento contra a gota.
Agua de lourocerejo 1 onça
Ether sulfurico 1 oitava
Extracto de belladona 36 grãos
Extracto de meimendro 36 grãos .
Misture.
LUPARO ou Lupulo (Houblon , fr . ) . Humulus lu-
pulus, L. Planta cultivada na Europa ; em Portugal
habita nos arredores de Coimbra, Porto e outras
partes do norte do Reino . Fig. 82. P. us . Pinhas
(fructos). Estes fructos são cones compostos de es-
camas foliaceas, de côr amarella esverdinhada, CO-
berta de pequenos pellos, dos quaes sahe uma es-
pecie de poeira chamada lupulina , sabor amargo ,
cheiro viroso.
Tonico energico ; empregado nas affecções escro-
20.
354 MACELLA GALLEGA .
phulosas, rachitismo, dyspepsia e dartros ; goza tam-
bem de propriedades anthelminticas e narcoticas.

Fig. 82. -Luparo. a, lupulina de tamanho natural ; b, lupulina


vista de lado pelo microscopio ; c, a mesma vista perpendicular-
mente do lado convexo.

INTERIORMENTE . Infusão, 1 oitava para 16 onças


d'agua fervendo . Extracto, meia a 1 oitava.
MACELLA GALLEGA ou Marcella gallega (Ca-
momille vulgaire, fr. ) . Matricaria chamomilla, L.
Planta commum em Portugal, cultivada no Brasil .
Fig. 83. Caules muitos de uma só raiz, de um pé de
MAGNESIA CALCINADA. 355
altura ; folhas tripinnadas ; flôres brancas com um
disco amarello ; cheiro aromatico , sabor amargo. P.
us . Flores.
Tonico e estimulante, empregado nas colicas, indi-
gestões , inappetencias , e
em todos os casos em que é
indicada a camomilla ro-
mana , que substitue fre-
quentemente, pois que goza
das mesmas propriedades.
É um remedio vulgar que
se administra em infusão
quente. Segundo a escola
italiana , a macella gallega
é um remedio hypostheni-
sante cardiaco-vascular li-
geiro.
INTERIORMENTE. Infusão,
4/2 oitava para 46 onças
d'agua fervendo . Esta infu-
são , adoçada com assucar,
constitue um remedio vulgar
contra as indigestões.
Clyster de macella . Ma-
cella , 1 oitava ; agua fer-
vendo , 12 onças ; ponha de
infusão e côe . Colicas ner-
vosas.
Macis. V. Moscada.
MAGNESIA CALCI-
NADA ou Oxydo de ma-
gnesio ( Magnesie calcinée ou
oxyde de magnesium , fr . ) .
Branca , pulverulenta , sem Macella gallega.
sabor nem cheiro, mui pouco Fig. 83.
soluvel na agua . Prepara-se calcinando em vasos de
barro o sub-carbonato de magnesia, até desapparecer
completamente a agua e o acido carbonico .
Furgante brando em alta dóse ; absorvente e anti-
acido em pequena . Aconselhada contra as azias, nos
envenenamentos pelos acidos mineraes, no diabetes,
na pyrose, etc.
356 MAGNESIA ( CITRATO DE ) .
INTERIORMENTE . Como purgante 2 a 4 oitavas.
Como anti-acido 6 a 24 grãos . Como antidoto dos
acidos concentrados, 2 a 4 oitavas diluidas n'um copo
d'agua , e repetidas por muitas vezes .
Purgante de magnesia calcinada.
Magnesia calcinada 2 oitavas
Assucar 1 onça
Sumo de limão azedo 1 onça
Agua 7 onças .
M. Para beber de uma vez .
Pós de rhuibarbo e magnesia.
Magnesia calcinada
Rhuibarbo em pô aná 1 oitava.
M. e divida em 12 papeis. D. 1 por dia antes da
comida, na gastralgia è azias .
Pós anti-acidos .
Magnesia calcinada 4 oitavas
Canella 1 oitava
Assucar 1 oitava.
M. e divida em 8 papeis. D. 2 a 4 por dia.
CARBONATO DE MAGNESIA ou SUB-CARBONATO
DE MAGNESIA ( Carbonate de magnésie, fr. ) . Acha-se
na natureza em mui pequena quantidade e ordina-
riamente impura. Prepara-se tratando uma dissolução
de sulfato de magnesia pelo carbonato de potassa
fervendo. - Pedaços cubicos, brancos, sem sabor
nem cheiro, inalteraveis ao ar, completamente inso-
luveis na agua .
Goza das mesmas propriedas purgativas que a ma-
gnesia calcinada , porém mais fracas.
INTERIORMENTE. 2 a 4 oitavas em 6 onças d'agua
fria com assucar, como purgante. - 18 a 36 grãos
como absorvente.
Pós de carbonato de magnesia ( Frank ) .
Carbonato de magnesia 36 grãos
Rhuibarbo em pô 10 grãos
Canella em pó 10 grãos.
M. e divida em 2 papeis, que se tomão n'um dia.
Cardialgia, azias.
CITRATO DE MAGNESIA (Citrate de magnésie ,
fr .) . Sal branco, pulverulento , de sabor fraco, um
pouco amargoso . Para prepara-lo dissolvem-se
MAGNESIA ( CITRATO DE ) . 357
16 onças de acido citrico em 64 onças d'agua fria.
Quando a dissolução estiver feita ajunta-se pouco a
pouco, e só á medida da inteira dissolução, sufficiente
quantidade de carbonato de magnesia em pó, cerca
de 10 onças e meia . Depois da dissolução filtra-se e
deixa-se em repouso . Algumas horas depois o licor
principia a cristallisar ; estende-se a massa sobre
papel, e deixa-se seccar em estufa.
O citrato de magnesia é um purgante brando na
dóse de 1 onça e meia . Seu sabor póde ser facilmente
disfarçado n'uma limonada. Os doentes que tomão
com repugnancia os medicamentos podem ser agra-
davelmente purgados com citrato de magnesia. Mas
este sal dissolve-se com difficuldade na agua, e quando
com custo se obtem a sua dissolução por meio do
excesso de acido citrico , turva-se o licôr passadas
algumas horas , e o citrato de magnesia passa ao
estado insoluvel , o que torna o seu emprego difficil,
e por isso nunca se usa desta maneira. Entretanto a
união do acido citrico com a magnesia é mui facil,
qualquer que seja a temperatura e a quantidade
d'agua, e existem dous meios igualmente bons para
preparar facilmente a limonada de citrato de magne-
sia 1 ° a reacção , no momento em que se precisa,
do acido citrico dissolvido em agua sobre o carbo-
nato de magnesia ; 2º a mistura no estado pulveru-
lento do acido citrico com a magnesia .
O uso do carbonato de magnesia é preferivel neste
caso ao da magnesia calcinada, porque o sub-carbo-
nato é mais facilmente atacado pelo acido citrico,
sua composição chimica é mais constante, e é muito
mais barato .
Passamos a indicar varias formulas por meio das
quaes se obtem os resultados mencionados .
Limonada purgativa com citrato de magnesia
ou Magnesia liquida.
Carbonato de magnesia 4 oitavas
Acido citrico 5 1/2 oitavas
Agua 10 onças
Xarope de limão 2 onças.
Dissolva o acido na agua , ajunte pouco a pouco o
carbonato á medida que se fôr dissolvendo, filtre no
358 MAGNESIA ( SULFATO DE ) .
fim de um quarto ou de meia hora e ponha na gar-
rafa que contém o xarope de limão .
O doente bebe esta liinonada em duas ou tres por-
ções com meia hora de intervallo. Ás vezes esta li-
monada deixa depositar o citrato de magnesia pas-
sadas sete ou oito horas, outras vezes mais tarde , e
por isso deve ser preparada no dia mesmo em que se
deve beber. É um purgante agradavel .
Limonada gazosa com citrato de magnesia (Garot).
Carbonato de magnesia 4 oitavas
Acido citrico 5 1/2 oitavas
Agua 40 onças
Xarope de limãɔ 2 onças.
Dissolva o acido na agua, ajunte pouco a pouco a
magnesia até á dissolução completa, filtre, ajunte o
xarope, encha com este liquido uma garrafa e ajunte
Bicarbonato de soda 1 oitava .
Tape exactamente. - Para beber esta porção por
duas vezes ou toda junta . Esta limonada se decompõe
com o tempo , e por causa disto não deve ser prepa-
rada senão para 6 ou 8 dias.
Pós purgativos com citrato de magnesia (Rogé) .
Carbonato de magnesia 1 oitava
Magnesia calcinada 2 oitavas
Acido citrico 6 oitavas
Assucar aromatisado com es-
sencia de limão 1 1/2 onça.
Misture. Estes pós, lançados n'um copo d agua,
dão ao cabo de um quarto de hora uma limonada
limpida, se o carbonato de magnesia não contém im-
purezas. O doente bebe por uma vez .
SULFATO DE MAGNESIA, Sal d'Epsom, sal in-
glez, sal de Sedlitz ou sal cathartico amargo ( Sulfate
de magnésie, sel d'Epsom, sel anglais, sel de Sedlitz
ou sel cathartique amer, fr. ) - Sal solido branco,
inodoro, de sabor amargo, cristallisado em prismas
de quatro faces, ou em massas compostas de um
grande numero de pequenas agulhas ; soluvel no seu
peso d'agua fria .
Purgante brando ; emprega-se nas febres typhoi-
des , diarrhéas biliosas, dysenterias epidemicas, mo-
lestias cutaneas, congestões cerebraes . O seu effeito
MALVA. 359
purgativo se manifesta depois de tres ou quatro ho-
ras de administração. As evacuações alvinas são
sero-biliosas ; succedem-se rapidamente e cessão de
ordinario passadas oito ou deż horas. Segundo a es-
cola italiana é um hyposthenisante vascular .
INTERIORMENTE . 1 a 2 onças, dissolvidas em 8 on-
ças d'agua fria , em caldo de hervas ou em algum
outro vehiculo.
Aqua de Trevez.
Sulfato de magnesia 1 onça
Emetico 1/2 grão
Agua 32 onças .
Dissolva. Um copo de quarto em quarto de hora ,
como purgante.
Clyster purgante.
Sulfato de magnesia 1 onça
Infusão de macella gallega 6 onças .
Dissolva.
TARTRATO DE MAGNESIA (Tartrate de magné-
sie, fr. ) . O tartrato de magnesia é um sal que se pre-
para dissolvendo o acido tartarico em agua, ajuntando
depois o carbonato de magnesia até á saturação com-
pleta, e deixando o liquido em repouso até o sal se
cristallisar.
O tartrato de magnesia é um purgante na dóse de
1 onça a 1 onça e meia. A fórma debaixo da qual se
receita é a seguinte :
Limonada purgativa de tartrato de magnesia.
Carbonato de magnesia 4 oitavas
Acido tartarico 5 1/2 oitavas
Agua 42 onças
Xarope simples 2 onças.
Dissolva o acido na agua , ajunte o carbonato de
magnesia pouco a pouco medida que se for dissol-
vendo, filtre e ajunte o xarope.
Esta limonada bebe-se por duas vezes com meia
hora de intervallo. É um purgante agradavel.
MALVA (Mauve, fr . ) . Genero de plantas composto
de um grande numero de especies, que vegetão em
diversos climas do globo, algumas existem no Brasil,
e são todas notaveis por suas propriedades emol-
lientes, de sorte que podem ser, sem inconveniente,
360 MALVA.
substituidas umas ás outras no uso medico. As prin-
cipaes que se achão nas boticas são : MALVA SILVES-
TRE , Malva sylvestris, L. , e MALVA DE FOLHAS RE-

Fig. 84. - Malva silvestre .


DONDAS OU MALVA PEQUENA, M. rotondifolia, L.;
ambas habitão espontaneas quasi em todo o reino de
Portugal e são cultivadas nos jardins do Brasil . A
malva silvestre (Fig. 81 ) tem caules asperos, de um,
ΜΑΝΝΑ. 361
dois e mais pés de alto ; folhas alternas, chanfradas
na base, de 5 ou 7 lobulos agudos ou um pouco ob-
tusos, crenulados ; peciolos longos, pilosos ; flores
entre azues e purpureas, com veios de còr escura ;
sabor mucilaginoso . P. us. Folhas e flores.
Emolliente, frequentemente empregada em todas
as inflammações.
INTERIORMENTE. Infusão : Flores , 1 oitava para
12 onças d'agua fervendo . Esta infusão , conveniente-
mente adoçada, constitue uma bebida emolliente,
empregada principalmente nos defluxos e catarrhos
pulmonares.
EXTERIORMENTE. Flores ou folhas . Decocção ,
1/2 onça para 12 onças d'agua em lavatorios, fo-
mentações, banhos, gargarejos , collyrios , etc.
MAMONA. Ricinus communis , L. Arvore espa-
lhada quasi por todo o globo ; acha-se no Brasil e em
Portugal. De suas sementes se extrahe o oleo de ri-
cino . Suas folhas são empregadas em banhos , como
emollientes. Estas folhas são grandes , palmadas, com
7 ou 9 lobulos agudos e dentados. Veja-se sua figura
no artigo Oleo de ricino, pag. 402 .
MANNÁ (Manne, fr. ) . Succo concreto fornecido
por muitos vegetaes do genero Fraxinus, L. , que
habitão na Italia. Ha tres sortes de manná no com-
mercio : 4 ° manná em lagrimas , em grãos arredon-
dados , de côr esbranquiçada , sabor saccarino, e
quasi nada nauseante é o melhor ; manná com-
mum, em pedaços grandes, amarellados, pegando-se
aos dedos , sabor doce e nauseante ; 3° manná
gordo, em massas molles pegajosas, pardo ou côr de
mel de abelha, misturado com muitas impurezas ;
sabor mais desagradavel .
Laxante brando, convem ás crianças, ás mulheres
gravidas e pessoas delicadas. Emprega-se nas bron-
chites. Pode ser administrado nas inflammações . As-
Socia-se ordinariamente ás outras substancias pur-
gativas, para diminuir a acção irritante que estas
produzem nas vias alimentarias .
INTERIORMENTE . 4 a 3 onças em 6 onças d'agua ou
de leite .
Pastilhas ou tabellas (Cod . fr . ) . Manná em lagri-
21
362 MARAVILHA.
mas, 2 onças ; assucar, 14 onças ; gomma alcatira ,
36 grãos ; agua de flôr de laranja, 1 onça . F. tabellas
de 16 grãos, conforme os preceitos estabelecidos fal-
lando das pastilhas em geral, p . 36. Cada uma contém
2 grãos de manná. D. 10 a 20 e mais como expecto-
rante, ou para as crianças como purgante.
Pastilhas ou tabellas de manná de Manfredi ou
Pastilhas de Calabria ( Raiz de althéa, 4 onças ; agua,
64 onças. Ferva por 6 minutos e ajunte manna em
lagrimas, 6 onças. Côe e ajunte assucar, 96 onças ;
extracto de opio dissolvido n'uma pouca d'agua ,
12 grãos . Evapore até á consistencia de um electuario
solido, e incorpore agua de flor de laranja , 3 onças ;
essencia de limão e de bergamota, aná 4 gottas. Còe
a massa em quadrados de papel untados com azeite,
e divida em tabellas de 18 grãos) . D. 8 a 12 por dia.
Poção oleosa purgativa.
Manná 2 onças
Agua 4 onças.
Dissolva e ajunte :
Oleo de amendoas doces 2 onças.
Toma-se de uma vez . Esta poção convem nas af-
fecções de peito, e nas molestias das mulheres re-
cem -paridas .
Poção laxativa de Fernel.
Manná onça
Agua 3 onças.
Dissolva, côe e ajunte
Canafistula cozida 4 onça
Oleo de amendoas doces 4 onça.
Toma-se de manhãa em jejum para produzir uma
ou duas evacuações .
Emulsão de manná.
Amendoas doces 4 oitavas
Manná em lagrimas 2 onças
Xarope de flor de pecegueiro 1 onça
Infusão de alcaçus 4 onças
Agua de flor de laranja 4 oitavas .
F. S. A. Toma-se junta por uma vez como pur-
gante, ou por colheres nos catarrhos pulmonares .
MARAVILHA, Bonina ou Bellas noites. Mira-
bilis dichotoma, L. Planta do Brasil . Caule de mui-
MARIRIÇÓ . 363
tos pés, avermelhado, folhas triangulares, flor ver-
melha ou branca rosea que se abre de tarde, raiz de
8 a 10 pollegadas de comprimento, e de 2 de dia-
metro, irregularmente arredondada , fusiforme, ròxa
escura por fora, branca por dentro, gosto mucilagi-
noso, sem cheiro . Nas boticas acha-se esta raiz em
fórma de rodellas de quatro linhas de espessura. P.
us . Raiz.
Purgante.
INTERIORMENTE . Raiz . Meia oitava até 2 oitavas
em pó, pilulas ou decocção .
Marcella. V. Macella gallega, p. 354 .
MARIRICO Ou Baririçó. Sisyrinchium galaxioi-
des, Gomes, ou melhor Poarchon fluminensis, se-
gundo o Sr. Dr. Francisco Freire Allemão, Lente
jubilado da Escola de Medicina do Rio de Janeiro .
Planta cultivada nos arredores do Rio de Janeiro . Eis
aqui o resumo da descripção desta planta, feita pelo
distincto Professor acima citado . Rhizoma tuberi-
forme, cylindrico, vertical, tendo até duas pollega-
das de comprimento , e uma de grossura, obtuso em
baixo, subcarnoso e marcado de linhas transversaes ;
de côr açafroada ; todo coberto de raizes fibrosas,
roliças e longas. Este rhizoma chama-se vulgarmente
cabeça de mariricó . Folhas ensiformes, reunidas no
alto do rhizoma, chegando a mais de 2 palmos de
comprimento, 6 a 8 linhas de largura , planas. Caule,
ou antes pedunculo axillar, unico para cada flores-
cencia, elevando-se além da altura das folhas, com-
primido , fistuloso . Flores solitarias na axilla de cada
bractea, amarellas. O fructo é uma capsula oblonga,
obtusa ; sementes numerosas. P. us . Rhizoma, vul-
garmente raiz ou cabeça.
A cabeça de maririço é composta de fecula amy-
lacea, e de um principio acre, no qual reside a vir-
tude emeto-cathartica, e bastante energica. A fecula
da raiz que se encontra no commercio é em fórma
de farinha branca , de um gosto amylaceo ; não pos-
sue propriedades particulares ; serve de vehiculo a
uma preparação que se acha nas boticas do Rio de
Janeiro, e que se chama Purgante de maririçó . A
composição deste purgante e a sua dóse varião con-
364 MEIMENDRO BRANCO .
forme a botica ; ordinariamente entra nelle assucar,
escamonéa , resina de jalapa, e resina de batata ,
substancias sem as quaes a farinha de maririçó não
produziria effeitos purgantes.
INTERIORMENTE . Infusão da raiz inteira : 1 a 6
raizes para 6 onças d'agua fervendo , como purgante.
MARMELO (Coing, fr . ) . Fructo da Pyrus cydonia,
L., arvore cultivada no Brasil e em Portugal. Este
fructo é nimiamente adstringente. Com seu sumo
prepara-se um xarope que se emprega na dóse de 1
a 2 onças, em cozimentos apropriados, nas diarrhéas
chronicas. As sementes contém abundante quantidade
de mucilagem, e sua infusão , que se prepara com
2 oitavas de sementes e 16 onças d'agua fervendo,
usa -se como chá nas tosses , ou em gargarejos ,
collyrios como emolliente .
MARROIO BRANCO ( Marrube , fr. ) . Marru-
bium vulgare, L Planta da Europa. Caule velloso ,
esbranquiçado, folhas ovaes , pennugentes flores
brancas, pequenas ; cheiro aromatico. P. us. Toda a
planta.
Estimulante , diaphoretico , empregado nos catar-
rhos pulmonares chronicos .
INTERIORMENTE . Infusão : 4 oitava para 16 onças
d'agua fervendo .
MASTICHE ou Almecega ( Mastic, fr . ) . Resina
fornecida pela arvore Pistacia lentiscus , L., que
habita em Chio . Ha duas especies de mastiche : em
lagrimas e commum. O mastiche em lagrimas é ama-
rello, as lagrimas menores são redondas, as maiores
achatadas, cheiro brando ; amollece-se entre os dentes
e fica ductil . Usa-se no Oriente como mastigatorio,
ou para fumigações excitantes.
MASTRUCO . Senebiera pinnatifida, D. C. Planta
que se acha no Brasil . Folhas pinnatas, foliolos pe-
quenos, incisos , de sabor acre e picante ; flor branca .
P. us. Toda a planta.
Excitante e anti-scorbutico .
INTERIORMENTE . Infusão : 4 1/2 oitava para 46 on-
ças d'agua fervendo . Sumo espresso, 2 a 4 onças .
MEIMENDRO BRANCO ( Jusquiame blanche ,
fr . ) . Hyosciamus albus, L. Não differe do meimen-
MEIMENDRO NEGRO. 365

dro negro senão por suas folhas mais redondas, e


pela cor branca de suas flores. As suas propriedades
medicinaes são as mesmas .
MEIMENDRO NEGRO (Jusquiame noire, fr . ) .
Hyosciamus niger, L., planta europea, importada no
Brasil ; acha -se em S. Paulo, Santa Catharina e no
Rio Grande do Sul em Portugal habita pelos ca-
minhos, ruinas de edificios na Beira e norte do Reino.
Fig. 85. Caule de 1 a 2 pés, ramoso, avelludado, vis-

Fig. 85. Meimendro negro.

coso ; folhas angulosas, profundamente sinuadas nas


margens, avelludadas ; flores amarelladas , com strias
rubras, em espiga unilateral ; cheiro fetido , sabor
adocicado ; raiz fusiforme , esbranquiçada ; fructo
alongado ; sementes cinzentas, ovaes, comprimidas ,
negras quando maduras. P. us. Toda a planta.
Planta venenosa , cujas folhas forão algumas vezes
366 MEIMENDRO NEGRO.
tomadas pelas da chicoria, e as raizes pelas da pasti-
naca . Administrada em pequenas dóses é de um
grande soccorro na therapeutica . Emprega-se como
calmante do systema nervoso, na epilepsia, hypo-
chondria, alienação mental, colica de chumbo, tico
doloroso da face, tremor dos membros, nevralgias,
convulsões, etc. Exteriormente as suas folhas se ap-
plicão nos tumores e nas ulceras. Estas mesmas
folhas, enroladas e fumadas á maneira dos cigarros,
forão propostas contra as affecções nervosas do peito .
O meimendro ingerido em alta dóse produz os
symptomas seguintes : espasmos , accessos de lou-
cura, delirio, coma, cegueira , dilatação da pupilla ,
enfraquecimento do systema muscular, lentidão do
pulso, ás vezes acceleração . Na dóse de 2 , 3 ou 4 oi-
tavas, o extracto de meimendro occasiona a morte . A
escola italiana considera esta planta como hyposthe-
nisante cardiaco- vascular, e aconselha o seu uso na
meningite, myelite, rheumatismo, pneumonia e oph-
thalmia.
INTERIORMENTE . Pó 2 a 12 grãos . Extracto 1 a
4 grãos . Tintura 5 a 20 gottas em poção.
EXTERIORMENTE . Decocção, 1 onça para 16 onças
d'agua, em lavatorios, fomentações, etc.
Pós sedantes (Richter) .
Extracto de meimendro 12 grãos
Extracto de cicuta 12 grãos
Enxofre sublimado 48 grãos
Assucar 48 grãos.
Misture e divida em 6 papeis. D. 4 a 2 por dia .
Tosse espasmodica.
Pilulas de Meglin.
Extracto de meimendro negro 36 grãos
Extracto de valeriana 36 grãos
Oxydo de zinco 36 grãos.
F. 36 pilulas. D. 1 até 4 por dia. Nevralgias, epi-
lepsia , tico doloroso.
Pilulas de meimendro e cicuta .
Extracto de meimendro 48 grãos
Extracto de cicuta 18 grãos
Pó de alcaçus q. s.
F. 36 pilulas . D. 1 a 2 como calmante no cancro .
MEL DE ABELHA. 367
Pomada mercurial anodyna (Weller) .
Extracto de meimendro 12 grãos
Opio 6 grãos
Unguento napolitano 1 oitava.
M. Em fricções por cima das sobrancelhas , nas
ophthalmias agudas.
Cataplasma calmante.
Meimendro negro 1/2 onça
Cabeças de dormideira 2 oitavas
Agua q. s. para ter 6 onças de decocto : ajunte
Farinha de linhaça q. s.
MEL DE ABELHA (Miel, fr . ) . É uma substancia
doce, molle ou liquida, branca amarellada, de sabor
e cheiro mais ou menos agradavel, colhida nas flores
pelos insectos chamados abelhas, fig. 86 , que a en-

Fig. 86. - Abelha.

golem , preparão, e depõem depois nos alveolos de


seus cortiços. O mel offerece um grande numero de
variedades conforme o seu estado de pureza, con-
forme os lugares, as estações , abelhas e plantas que
o fornecem.
O mel é um alimento salubre e agradavel . Empre-
ga-se para adoçar os cozimentos e os gargarejos.
Forma a base das preparações officinaes, conhecidas
pelo nome de mellites e oxymeis. Na dóse de 1 a
2 onças, goza de propriedades laxativas, principal-
mente nas crianças. Misturado com agua ou cozi-
368 MERCURIO .
mento, na dóse de 1 onça para 12 onças de liquido ,
é emolliente, diluente , relaxante.
Agua de mel (Cosmetico) . Veja -se esta composi-
ção nas Receitas diversas.
Melissa. V. Herva cidreira, p. 320 .
MERCURIO , ou Azougue ou Hydrargyro ( Mer-
cure, fr . ) . Metal liquido, brilhante , branco azulado,
sem cheiro nem sabor, mui pesado .
O mercurio, remedio especifico das molestias sy-
philiticas, emprega- se tambem com vantagem nas
boubas e outras affecções cutaneas. Exteriormente
em fricções aproveita na peritonite, metrite, erysi-
pela , panaricio, inflammações cellulares, ophthalmias
purulentas, phlegmasia alba dolens, cholera-morbus,
febre amarella, peste, tetano, enfartes chronicos das
visceras, tumores brancos, rheumatismos e molestias
das glandulas lymphaticas. Uma até duas oitavas de
mercurio metallico, tomadas interiormente , são suf-
ficientes para combater os symptomas primitivos da
syphilis, entretanto que para destruir os seus sym-
plomas segundarios são necessarias tres oitavas, e até
mais. - Ös symptomas primitivos da syphilis sárão
ás vezes sem mercurio , mas está bem provado que a
syphilis consecutiva é mais commum quando os
symptomas primitivos não forão combatidos pelas
preparações mercuriaes. - - O mercurio e todas as
suas preparações continuadas por algum tempo pro-
duzem inchação das gengivas , feridas na lingua , e
provocão uma abundante secreção de saliva. Para
diminuir esta susceptibilidade dos orgãos salivares,
póde-se associar o opio ao mercurio . Quando o hu-
morismo reinava nas escolas, pensava-se que a sali-
vação era um meio depurativo salutar, uma via de
eliminação do virus syphilitico, que com novas dóses
de mercurio convinha cuidadosamente entreter. Os
progressos da sciencia porém tem mudado as idéas a
esse respeito . Hoje administra-se o mercurio em pe-
quenas dóses se a salivação apparece, suspende- se
o tratamento, e não se lança mão delle senão depois
de cessada a irritação dos orgãos bocaes . Desta ma-
neira destróe -se o virus syphilitico , sem produzir os
graves accidentes que se occasionavão outr'ora , e
MERCURIO . 369
que são causa da grande repugnancia que ainda hoje
muitas pessoas tem contra o mercurio .
A escola italiana considera a acção dynamica das
preparações mercuriaes como hyposthenisante geral ,
que se dirige electivamente sobre o systema lympha-
tico, e como tal applicavel a todas as molestias phlo-
gisticas.
INTERIORMENTE . 1 a 2 grãos duas vezes por dia,
em pilulas .
Mercurio gommoso de Plenck (Mercurio, 4 p.;
gomma arabica pulverisada, 3 p .; xarope diacodio ,
4 p . ) . Triture até à extincção do mercurio . D. 4 a
16 grãos por dia , em pilulas. Em cada 8 grãos desta
massa ha 1 grão de mercurio .
EXTERIORMENTE . Unguento mercurial napolitano,
duplo, ou de Beaume ( Mercurio metallico, banha ,
aná p . ig. ) . D. 1 oitava a 2 por dia em fricções .
Unguento cinzento (Unguento napolitano, 1 p.;
banha , 3 p . ) . D. Meia oitava até 2 para uma fricção .
Ceroto mercurial (Unguento napolitano, 4 p.; ce-
roto, 3 p .) . Para curar as ulceras syphiliticas.
Pomada mercurial opiacea (Unguento napolitano ,
ceroto opiaceo, aná p . ig. ) . D. 4 oitava, 2 a 4 vezes
por dia, em fricções no ventre, na peritonite .
Unguento digestivo mercurial (Unguento napoli-
tano, digestivo simples, aná p. ig. ) . Para curar as
ulceras venereas atonicas .
Emplasto de mercurio composto, ou de Vigo.
Cod. fr. ( Emplasto simples , 1250 p .; cera amarella,
64 resina de pinho, 64 ; gomma ammoniaca, 20 ;
bdellio, 20 ; olibano, 20 ; myrrha, 20 ; açafrão , 12 ;
mercurio , 375 ; terebenthina, 64 ; estoraque liquido ,
192 : essencia de alfazema, 8. ) Reduza a pó as gom-
mas resinas e o açafrão ; por outra parte, triture o
mercurio com o estoraque e a terebenthina n'um
almofariz de ferro até á extincção. Derreta o emplasto
simples com a cera e a resina de pinho, ajunte os
pós e a essencia, e quando o emplasto estiver arrefe-
cido, mas ainda liquido , ajunte a mistura mercurial
que é preciso incorporar pela agitação .
Pilulas de Sedillot.
Unguento napolitano 3 oitavas
21 .
370 MERCURIO .
Sabão medicinal 2 oitavas
Pó de alcaçus 4 oitava.
F. pilulas de 4 grãos . Cada uma contém 1 grão de
mercurio metallico . D. 1 a 2 , duas vezes por dia, na
syphilis. É uma boa preparação .
Pilulas mercuriaes de Biett.
Unguento napolitano 4 oitava
Pó de salsaparrilha 1 oitava.
F. 48 pilulas . Cada uma contém 1 1/2 grão de
unguento napolitano ou 3/4 de grão de mercurio
metallico. D. 4 a 4 por dia na syphilis.
Pilulas mercuriaes calmantes.
Unguento napolitano 4 oitava
Opio 9 grãos
Extracto de cicuta 9 grãos
Pó de alcaçus q. s.
F. 36 pilulas. Cada uma contém 1 grão de mercu-
rio, 1/4 de grão de opio e 4/4 de grão de cicuta . D. 1
a 2 por dia.
Pilulas contra as urinas albuminosas (Martin-Solon ) .
Unguento napolitano 4 oitava
Sabão medicinal 2 escropulos
Scilla . 4 escropulo
Extracto de opio 6 grãos .
F. 24 pilulas . Cada uma contém 1 1/2 grão de
mercurio metallico . D. 1 a 2 por dia.
Pilulas mercuriaes de Plenck.
-Mercurio 12 grãos
Extracto de cicuta 12 grãos
Mel de abelha 24 grãos
Pó de alcaçus 24 grãos.
Misture até á extincção do mercurio e faça 36 pi-
lulas. Cada uma contém 1/3 de grão de mercurio . D.
2 a 6 por dia.
Pilulas azues.
Mercurio 4 oitava
Conserva de rosas 1 1/2 oitava
Alcaçus em pó 1/2 oitava.
Misture o mercurio com a conserva até que os
globulos desappareção , ajunte depois o alcaçus e
faça pilulas de 3 grãos, ou 72 pilulas . Cada uma
contém um grão de mercurio . D. 1 a 4 por dia .
MERCURIO ( OXYDO RUBRO DE ) . 371
Pilulas mercuriaes de Belloste.
Mercurio 6 oitavas
Pó de aloes 6 oitavas
Pó de rhuibarbo 3 oitavas
Pó de escamonéa 2 oitavas
Pó de pimenta da India 4 oitava
Mel de abelha q. s .
F. pilulas de 4 grãos . Cada uma contém 1 grão,
pouco mais ou menos, de mercurio . D. 4 a 2 como
antisyphiliticas, 6 a 12 como purgantes .
Pomada fundente ( Ricord) .
Extracto de belladona
Camphora aná 4 oitava
Laudano de Rousseau
Unguento mercurial duplo 4 onça.
M. Em fricções , uma vez por dia ; uma oitava
para cada fricção ; contra o engurgitamento do epi-
didymo.
Pomada ophthalmica de Sichel.
Unguento napolitano 2 oitavas.
D. Uma porção como uma azeitona, para friccio-
nar a testa 5 a 6 vezes por dia, nas ophthalmias vio-
lentas .
Emplasto contra as dôres osteocopas ( Ricord ) .
Emplasto de Vigo 5 oitavas
Emplasto de cicuta 5 oitavas
Extracto gommoso de opio 4 oitava.
M.
OXYDO RUBRO DE MERCURIO, PRECIPITADO RU-
BRO OU PÓS DE JOANNES ( Oxyde rouge de mercure ou
précipité rouge, fr. ) . Pedaços formados de pequenas
escamas hrilhantes , de côr vermelha ou amarella
alaranjada, inodoros ; sabor caustico e metallico.
Veneno energico . Empregado só exteriormente,
como excitante e caustico nas excrescencias fungo-
sas, ulceras boubaticas e syphiliticas ; entra na com-
posição de muitos collyrios e pomadas ophthalmicas.
EXTERIORMENTE . 10 grãos em pó para polvilhar
as ulceras boubaticas .
Pomada ophthalmica de Regent.
Oxydo rubro de mercurio 10 grãos
Acetato de chumbo 10 grãos
372 MERCURIO ( PROTO - CHLORURETO DE ) .
Camphora 4 grão
Manteiga ou banha fresca 2 oitavas .
F. S. A. Applica -se sobre a margem livre das pal-
pebras uma porção do tamanho de uma ervilha nas
ophthalmias chronicas .
Pomada ophthalmica de Desault.
Oxydo rubro de mercurio
Oxydo de zinco
aná 4 oitava
Acetato de chumbo cristallisado
Pedra-hume
Sublimado corrosivo 12 grãos
Banha lavada em agua de rosas 4 onça .
F. S. A. Empregada como a precedente.
Pomada ophthalmica de Dupuytren.
Oxydo rubro de mercurio 4 parte
Sulfato de zinco. 2 partes
Banha 96 partes.
F. S. A. Emprega-se da mesma maneira.
Pomada mercurial opiacea de Weller .
Oxydo rubro de mercurio 5 grãos
Laudano de Sydenham 36 grãos
Banha 1 oitava.
Applica-se uma ou duas vezes por dia uma porção
do tamanho de uma cabeça de alfinete, para destruir
as belidas da cornea.
Pomada ophthalmica.
Pós de Joannes 4 grãos
Oleo de figado de bacalháo 1 oitava
Ceroto 36 grãos .
M. Emprega-se contra as belidas do olho .
Pomada anti-syphilitica ( Gibert ) .
Ceroto opiaceo 1 onça
Pós de Joannes 12 grãos .
M. Para curar as ulceras venereas estacionarias .
Mel mercurial de Swediaur.
Oxydo rubro de mercurio
Assucar aná 24 grãos
Mel de abelha 3 onças.
M. Para curar as ulceras syphiliticas.
BROMURETO DE MERCURIO . V. pag. 480.
PROTO - CHLORURETO DE MERCURIO, MEL-
CURIO DOCE OU CALOMELANOS (Protochlorure de mer-
MERCURIO ( PROTO - CHLORURETO DE ) 373
cure, mercure doux ou calomel , fr .; aquila alba , em
latim ) . Sal solido , branco , ou branco amarellade
tendo sido exposto ao ar, cristallisado em agulhas
prismaticas, inodoro, insipido, não soluvel na agua
nem no alcool . - Administrado em dóse um pouco
elevada exerce uma acção purgante e vermifuga. Em
dóse fraca e continuada goza de propriedades geraes
das outras preparações mercuriaes, e, como ellas,
produz salivação . Emprega- se interiormente na pe-
ritonite, nas inflammações do figado, do baço, da
arachnoide e do cerebro , no hydrocephalo , hydro-
pisia , boubas , etc. Raras vezes usa-se como anti-
syphilitico . Exteriormente entra na composição das
pomadas anti-dartrosas .
Subs. incomp. Os acidos e o sal commum o con-
vertem em sublimado corrosivo venenoso . O iodureto
de potassio e o hydrochlorato de ammoniaco tornão
o proto-chlorureto de mercurio soluvel e venenoso.
Suas outras substancias incompativeis são os alcalis ,
a agua de cal, os sulfuretos de potassa e de antimo-
nio, o ferro, o cobre, o acido prussico, as amendoas
amargosas, a agua de lourocerejo , etc.
INTERIORMENTE . Como purgante, 5, 45 até 24 grãos .
Como alterante, 1 a 5 grãos por dia, em pó puro , ou
misturado com assucar ; ou em pilulas com algum
extracto.
Pós purgantes.
Calomelanos 2 grãos
Rhuibarbo 6 grãos
Raiz de jalapa 30 grãos.
M. Tomão-se por uma só vez.
Pós anti-dysentericos ( Ellis ) .
Calomelanos 18 grãos
Opio 5 grãos
Ipecacuanha 40 grãos.
M. e divida em 8 papeis. D. 4 papel quatro vezes
por dia.
Pós vermifugos .
Calomelanos 3 grãos
Semente contra vermes 45 grãos
Rhuibarbo 42 grãos.
M. Para uma só dóse .
374 MERCURIO (PROTO - CHLORURETO DE) .
Pós fundentes ( Most ) .
Calomelanos 6 grãos
Extracto de opio 6 grãos
Pó de alcaçus 1 1/2 oitava.
M. e divida em 12 papeis. D. 3 a 4 por dia. Phleg-
masia alba dolens.
Pilulas de calomelanos .
Calomelanos 4 oitava
Sumo de alcaçus 2 oitavas
Xarope de gomma q. s.
F. 72 pilulas . Cada uma contém 4 grão de calome-
lanos.
Pilulas alterantes de Plumer.
Calomelanos 1/2 oitava
Enxofre dourado de antimonio 1/2 oitava
Extracto de fumaria 1/2 oitava.
F. 36 pilulas . D. 1 a 3 por dia , nas molestias
syphiliticas e dartrosas.
Pilulas de cicuta e de calomelanos (Gama) .
Extracto de cicuta 4 oitava
Calomelanos 18 grãos .
F. 36 pilulas. D. 4 a 6 por dia , nas inflammações
chronicas dos testiculos .
·Pilulas de calomelanos de Ricord.
Calomelanos 24 grãos
Pó de folhas de cicuta 48 grãos
Sabão medicinal 48 grãos.
F. 24 pilulas. Principia-se por 4 por dia , e aug-
menta-se todos os 5 dias , até á dóse de 6 pilulas por
dia , nos engurgitamentos dos testiculos que persis-
tem depois das gonorrhéas .
Pilulas anti-ictericas ( Cadet) .
Calomelanos 36 grãos
Extracto de saponaria 1 oitava.
F. 36 pilulas . D. 2, 3 a 4 por dia.
Pilulas anti-dysentericas ( Boudin ) .
Calomelanos 2 grãos
Ipecacuanha 24 grãos
Opio 4 grãos
Mucilagem de gomma arabica q . s.
F. 12 pilulas. D. Uma , quatro vezes por dia, nas
MERCURIO ( DEUTO - CHLORURETO DE ) . 375
diarrhéas e dysenterias , que reinão nos paizes
quentes.
Pilulas de Segond.
Ipecacuanha 8 grãos
Calomelanos 4 grãos
Extracto aquoso de opio 1 grão
Xarope de espinha cervina q . b.
F. 6 pilulas. D. Uma pilula de 2 em 2 horas, con-
tra a dysenteria dos paizes quentes .
Pilulas contra a hydropisia.
Calomelanos 8 grãos
Scilla 4 grãos
Rhuibarbo 4 grãos
Xarope das cinco raizes q . s.
F. 4 pilulas, para toma-las em 24 horas
EXTERIORMENTE :
Agua phagedenica negra.
Calomelanos 16 grãos
Agua de cal 4 onças.
M. triturando. Para curar as ulceras venereas .
Mel de calomelanos ( Swediaur) .
Calomelanos 4 oitava
Mel de abelha 1 onça.
M. Para curar as ulceras venereas .
Pomada de calomelanos.
Calomelanos 48 grãos
Banha 4 onça.
M. Em fricções contra as erupções chronicas da
pelle ; e para curar as ulceras syphiliticas .
Pomada de calomelanos composta ( Cazenave) .
Calomelanos 36 grãos
Camphora 6 grãos
Banha 4 onça .
M. Contra as empigens do rosto.
Pomada anti-herpetica.
Calomelanos 4 oitava
Enxofre sublimado 2 oitavas
Banha 4 onça.'
M.
DEUTO-CHLORURETO DE MERCURIO, SUB LI-
MADO OU SUBLIMADO CORROSIVO (Deutochlorure de
mercure, sublimé ou sublimé corrosif , fr . ). Acha-se
376 MERCURIO ( DEUTO - CHLORURETO DE ) .
no commercio em pedaços mais ou menos volumosos,
solidos , pesados , circulares , concavos de um lado ,
convexos do outro : é branco , cristallisado em agulhas
prismaticas ; inalteravel ao ar, inodoro , de sabor
caustico e metallico , soluvel na agua , no alcool e
ether.
Um dos mais violentos venenos : ingerido na dóse
de 5 a 8 grãos , corroe as membranas do estomago,
produz um calor acre e ardente na garganta e na
região epigastrica, vomitos , dejecções alvinas, dôres
atrozes, phenomenos nervosos e morte. Quando se
busca no sublimado um agente medicinal , adminis-
tra-se em pequenas dóses, como 1/4 ou 1/8 de grão .
Depois da ingestão desta pequena quantidade , per-
cebe-se ainda o seu caracter irritante sobre os orgãos
da digestão . Ao mesmo tempo o movimento fluxional
se dirige sobre os orgãos salivares . Entretanto de
todas as preparações mercuriaes o sublimado é a que
menos frequentemente produz a salivação . Trinta e
dous até quarenta grãos curão os symptomas primi-
tivos da syphilis ; entretanto que uma a duas oitavas
de mercurio metallico tomadas internamente são
apenas sufficientes para obter este resultado . O subli-
mado por conseguinte não produzirá esses acciden-
tes, que se attribuem ao abuso dos mercuriaes . Além
disto, com o sublimado obtem-se melhores vantagens
na syphilis constitucional do que com os outros com-
postos mercuriaes, e por todas estas razões deve ser
com preferencia empregado. Além do seu uso na
syphilis , administra - se tambem interiormente com
proveito nas boubas e nos dartros ; e exteriormente
em lavatorios contra a tinha , em collyrios contra as
ophthalmias, em gargarejos contra as ulcerações sy-
philiticas da garganta , etc.
Subst. comp. Um tão grande numero de substan-
cias decompõem o sublimado, principiando pela agua.
ordinaria , saliva e succos gastricos , que ninguem
se póde lisongear de administra-lo isento de qual-
quer alteração . Nada prova entretanto que elle deva
obrar como deuto-chlorureto para ser efficaz ; tudo,
pelo contrario, leva a crer que isto nunca acontece .
Convem todavia evitar as substancias que produzem
MERCURIO ( DEUTO - CHLORURETO DE ) . 377
reacções mui notaveis , como a agua commum , por
causa dos saes que contém ; os alcalis, os carbonatos
alcalinos , o emetico, o sulfureto de potassa, os sabões ,
o ferro, o cobre, o chumbo , o mercurio metallico , as
decocções vegetaes adstringentes, as aguas distilladas
das plantas . A gomma e o assucar tem uma acção
lenta sobre o sublimado.
INTERIORMEMTE . 1/16 a 1/4 de grão duas vezes
por dia , em pilulas ou dissolvido em agua distillada.
EXTERIORMENTE. Pomada de Cirillo . Sublimado,
1 oitava ; banha , 4 onça . D. 1/2 a 1 oitava para fricção .
Em lavatorios , 6 a 8 grãos dissolvidos em 2 onças
d'agua distillada .
Em banhos, 2 oitavas até 1 onça para 200 libras
d'agua. Estes banhos tomão-se em uma banheira de
páo, nas molestias syphiliticas constitucionaes . Trinta
banhos são sufficientes .
Em gargarejos, 1 a 2 grãos em 4 onças de liquido.
Em collyrios, 1/4 a 1 grão para 4 onça de liquido .
Pilulas anti-herpeticas ( Double) .
Sublimado corrosivo 2 grãos
Extracto de aconito 24 grãos .
F. 24 pilulas. D. 1 a 2 , duas vezes por dia .
Pilulas mercuriaes (Cullerier ) .
Sublimado corrosivo 18 grãos
Farinha de trigo 4 oitavas
Gomma pulverisada 36 grãos
Agua distillada q. s .
F. 108 pilulas. Cada uma contém 1/6 de grão de
sublimado.
Pilulas anti-syphiliticas ( Dupuytren) .
Sublimado corrosivo 4 grãos
Extracto de opio 8 grãos
Extracto de guaiaco 36 grãos.
F. 24 pilulas. D. Uma , tres vezes ao dia . Cada uma
contém 1/6 de grão de sublimado , 1/3 de grão de
extracto de opio , e 1 1/2 grão de extracto de guaiaco .
Licor de Van Swieten.
Sublimado corrosivo 8 grãos , alcool 1 1/2 onça ,
agua distillada 14 1/2 onças . Dissolva o sublimado
no alcool e ajunte a agua . D. 1 a 4 colheres de chá ,
duas vezes por dia , n'um copo de cozimento de sal-
378 MERCURIO (CYANURETO DE ) .
saparrilha . Cada colher pesa 1 oitava e contém 1/16
de grão de sublimado.
É a maneira mais conveniente de administrar o
sublimado.
Gargarejo com sublimado ( Ricord) .
Decocção de cicuta e de herva moura 8 onças
Sublimado 2 grãos .
M. Ulceras syphiliticas da garganta . Augmenta-se
a dóse do sublimado até 8 grãos para 8 onças do
liquido .
Agua phagedenica.
Deuto-chlorureto de mercurio 8 grãos
Agua pura 3 oitavas
Agua de cal 4 onças.
M. Para lavar as ulceras venereas indolentes .
Collyrio de Conradi.
Sublimado corrosivo 1 grão
Infusão de flor de sabugueiro 4 onças
Tintura de opio 1 oitava.
M. Ophthalmias syphiliticas .
Injecção de sublimado.
Sublimado corrosivo 1 a 4 grãos
Agua distillada 4 onças.
M. Flores brancas , gonorrhéa. Esta solução póde
servir tambem para curar as ulceras syphiliticas in-
dolentes .
CYANURETO DE MERCURIO (Cyanure de mer-
cure, fr . ) . Sal sem côr , de sabor desagradavel , mui
venenoso, cristallisado em prismas rhomboidaes , so-
luvel em agua , pouco soluvel no alcool .
Aconselhado nas molestias syphiliticas e dartrosas,
mas deve ser empregado com muita prudencia .
INTERIORMENTE. 1/16 a 1/2 grão , por dia , em
dissolução ou pilulas .
Pilulas de cyanureto de mercurio (Parent) .
Cvanureto de mercurio 6 grãos
Opio 12 grãos
Miolo de pão 4 oitava
Mel de abelha q . s.
F. 96 pilulas. D. 1 a 4 , duas vezes por dia. Cada
uma contém 1/16 de grão de cyanureto.
MERCURIO ( SULFURETO RUBRO DE ) . 379
Solução cyanurada (Parent)
Cvanureto de mercurio 8 grãos
Agua distillada 16 onças.
M. D. 1 a 4 oitavas, duas vezes por dia, n'uma chi-
cara de leite ou d'agua de cevada. Cada oitava con-
tém 1/16 de grão de cyanureto.
Pomada de cyanureto de mercurio ( Parent ) .
Cyanureto de mercurio 12 grãos
Banha 1 onça .
M. Para curar as ulceras syphiliticas e dartrosas.
Ioduretos do mercurio. V. pag. 337.
SULFURETO RUBRO DE MERCURIO . Cinabrio
ou vermelhão Sulfure rouge de mercure, cinabre, ou
vermillon , fr . ) . Pedaços de grossura variavel , com-
postos de um grande numero de agulhas cristallinas,
dispostas parallelamente, côr roxa , que passa a ver-
melha viva pela pulverisação .
Tem as mesmas propriedades que as outras prepa-
rações mercuriaes ; só se emprega exteriormente no
tratamento de algumas affecções chronicas da pelle ,
ulceras e prurido pedicular .
INTERIORMENTE. 4 a 24 grãos em pilulas, ou elec-
tuario.
EXTERIORMENTE . Em fumigações . Lança-se , 1 a 4
oitavas de cinabrio sobre uma lamina de ferro quente,
e dirigem-se os vapores, que se desenvolvem , sobre as
partes affectadas. Este methodo determina facilmente
salivação, e é hoje pouco empregado .
Pomada anti-dartrosa.
Cinabrio 1 1/2 oitava
Sal ammoniaco 1/2 oitava
Banha 2 onças
Agua de rosas 1 oitava .
F. S. A. Empregada nas affecções dartrosas, e para
destruir os piolhos da cabeça.
Pomada de sulfureto de mercurio ( Biett).
Sulfureto de mercurio 36 grãos
Camphora 10 grãos
Ceroto simples 4 onça .
M. Esta receita constitue tambem o ceroto anti-
herpetico d'Alibert. Emprega-se em fricções nos
dartros.
380 MERCURIO (NITRATO ACIDO DE ) .
PROTO-ACETATO DE MERCURIO ( Proto-acétate
de mercure, fr. ) . Sal sob a fórma de palhetas cris-
tallinas, brancas, ficando negras à luz , quasi insoluvel
na agua , e mesmo no alcool , e de sabor acre.
Foi aconselhado nas molestias syphiliticas, na dóse
de 1/4 de grão até 2 grãos por dia ; mas hoje é raras
vezes empregado ; entra na composição de algumas
preparações officinaes , e entre outras na dos Con-
feitos anti-syphiliticos de Keyser ( Proto-acetato
de mercurio, 12 grãos ; manná , 3 oitavas . F. 72 pi-
tulas ) . D. 1 até 12 por dia.
PROTO-NITRATO DE MERCURIO (Proto-nitrate
de mercure , fr. ) . Cristaes prismaticos, brancos, de
sabor acre e estiptico, inodoros e mui pesados .
Veneno corrosivo em alta dóse , anti-syphilitico em
pequena. Quasi sem uso interiormente ; exterior-
mente empregado como estimulante , detergente e
escarotico.
EXTERIORMENTE :
Unguento citrino .
Mercurio metallico 4 onça
Acido nitrico 1 onça .
Dissolva o metal no acido a calor do banho de arêa ,
e ajunte :
Azeite doce 4 onças
Banha 8 onças.
Aconselhado em fricções contra a sarna na dóse de
2 a 3 oitavas por dia . Produz facilmente salivação .
É melhor empregar a pomada d'Helmerick . composta
de enxofre e de sub- carbonato de potassa . V. pag. 206 .
Pomada de proto-nitrato de mercurio ( Biett ) .
Proto-nitrato de mercurio 24 grãos
Banha 1 onça .
M. Em fricções na lepra e psoriasis .
NITRATO ACIDO DE MERCURIO ( Nitrate acide
de mercure, fr. ) . Liquido transparente , sem côr,
ficando verde pela acção da luz , inodoro, de sabor
caustico . Prepara-se dissolvendo 100 partes de mer-
curio em 200 partes de acido nitrico a 35°, evapo-
rando a dissolução até que fique reduzida a tres quar-
tos do seu peso primitivo; isto é, a 225 partes.
Caustico violento, empregado para cauterisar as
MONESIA. 384
mordeduras de animaes venenosos , as ulceras can-
crosas, a gangrena da bocca , etc. Applica-se na parte
doente por meio de um pincel feito com fios.
SUB-DEUTO-SULFATO DE MERCURIO , ou TUR-
BITHO MINERAL ( Sous-deuto-sulfate de mercure, ou
turbith minéral , fr . ) . Sal amarello , insoluvel em agua .
Empregado só exteriormente contra alguns dartros .
Pomada de turbitho mineral.
Turbitho mineral 1 oitava
Banha 2 onças.
M. Em fricções.
Pomada anti-herpetica ( Cullerier ) .
Turbitho mineral 2 oitavas
Laudano de Sydenham 2 oitavas
Flores de enxofre 1 oitava
Banha 2 onças.
M. Em fricções nos dartros .
MILHOMENS ou Jarrinha. Aristolochia trilo-
bata. Wild., e outras especies . Planta trepadeira do
Brasil . Folhas trilobadas, raiz de grossura differente,
desde a de uma penna de ganso até a de um dedo
pollegar, rôxa escura e rugosa por fóra , composta
interiormente de duas partes : externa , molle, de còr
amarella, avermelhada sendo fresca, e interna mais
dura, lenhosa e amarella ; cheiro forte , desagradavel,
sabor amargo alcanforado . P. us . Raiz.
Estimulante ; póde empregar-se interiormente na
inappetencia, febres adynamicas , chlorose, e exte-
riormente em pó nas ulceras chronicas.
INTERIORMENTE . Pó 4 escropulo tres vezes ao dia.
Infusão : 4 oitava para 16 onças d'agua fervendo .
MIOLO DE PÃO ( Mie de pain , fr . ) . Emolliente,
empregado em cataplasmas nos panaricios e outras
inflammações de pequena extensão .
MONESIA , Buranhem ou Guaranhem. Chryso-
phyllum buranhem , Riedel . Arvore do Brasil . P. us.
Casca , e principalmente o seu extracto . A casca
acha-se em pedaços largos , pesados, de cor vermelha
escura, sabor doce ao principio , e depois amargo e
um pouco adstringente ; sendo fresca contém um
succo leitoso .
O extracto de monesia é em pedaços mais ou me-
382 MOSCADA.
nos grandes, de còr ròxa escura quasi preta , fractura
luzente , soluvel em agua , de sabor adocicado ao
principio, e depois amargo e um pouco acre .
A decocção de casca de monesia, que se prepara
com 1 onça de casca e 16 onças d'agua, emprega-se
em banhos, e pode servir contra as inchações que são
consequencia das erysipelas.
O extracto de monesia raras vezes emprega-se no
Rio de Janeiro, mas em França foi gabado ha poucos
annos com grande enthusiasmo , e aconselhado como
adstringente e tonico , interiormente , nos catarrhos
chronicos, hemoptysia , diarrhéa , blennorrhagias , e
exteriormente nas ulceras cutaneas, rachas do anus,
ophthalmias purulentas, etc.
INTERIORMENTE. 12 a 36 grãos em pó ou pilulas .
Xarope ( Extracto de monesia , 6 grãos ; xarope
simples, 4 onça ) . D. 1 a 2 onças .
Tintura ( Extracto de monesia , 1 parte ; alcool a
22º , 20 partes. Dissolva e filtre ) . D. 2 a 4 oitavas em
poção.
EXTERIORMENTE . Pós . Q. s . nas ulceras.
Pomada (Extracto de monesia , 4 parte ; banha ,
7 partes) . Para curar as ulceras, as rachas do anus , etc.
Morangueiro. V. Fragaria , pag. 302 .
MORPHINA ( Morphine, fr. ) . Um dos principios
activos do opio . Veja-se o artigo Opio, pag. 440 .
MOSCADA . Amendoa do fructo da moscadeira ,
Myristica moschada , Thumb . , arvore das Molucas ,
cultivada no Pará . Fig. 87. Esta amendoa é oval ,
dura , unctuosa , de còr cinzenta avermelhada , com
veios cinzentos ; cheiro suave e forte, sabor quente.
É envolvida em uma especie de cupula , chamada
arilho da noz moscada ou macis, que se divide em
tiras chatas, ramosas , cartilagineas, frageis, muito
vermelhas quando está fresca , mas fazendo-se ama-
rellas com o tempo ; é a substancia mais aromatica
de todo o fructo .
A moscada contém um oleo essencial ou volatile
um oleo gordo, concreto, aromatico , abundante, cha-
mado manteiga de moscada , que vem das Molucas
em pães de meia libra pouco mais ou menos, qua-
MOSCADA. 383
drados, amarellos, com veios rubros, quebradiços ,
envolvidos em folhas de palmeira . Obtem- se pela
espressão.
Excitante poderoso, empregado nas digestões diffi-
ceis, em algumas diarrhéas, vomitos spasmodicos,
colicas.
INTERIORMENTE . 10 a 24 grãos em pó. Oleo essen-
cial , 2 a 4 gottas em poção .

Fig. 87. Moscada,

EXTERIORMENTE . Balsamo nerval ( Cod . fr . ) . ( Tu-


tano de boi , 4 onças ; oleo espesso de moscada , 4
onças ; oleo essencial de alecrim , 2 oitavas ; oleo de
cravo da India , 1 oitava ; camphora , 1 oitava ; bal-
samo de tolu , 2 oitavas ; alcool a 34°, Cart ., 1/2 onça .
Derreta n'um frasco de larga abertura o tutano e o
oleo de moscada , ajunte os oleos essenciaes, a cam-
phora e o balsamo de tolu dissolvido no alcool ; deixe
resfriar mexendo o frasco de vez em quando para
ter uma mistura bem uniforme . ) Em fricções nas
paralysias.
384 MOSTARDA.
Linimento de Rosen.
Aguardente 2 onças
Essencia de cravo meia oitava .
Oleo concreto de moscada meia oitava .
M. Em fricções, ao longo da columna vertebral ,
contra o marasmo das crianças , na dóse de uma
colher de chá , duas vezes por dia.
Moscho. V. Almiscar, pag . 122 .
MOSTARDA ( Moutarde, fr .) . Semente da Sinapis
nigra , L. , planta cultivada em Portugal e no Brasil .
São quasi redondas, de côr ròxa por fóra , amarella
por dentro, cheiro forte quando é triturada em agua ,
e de sabor picante .
Tomada em pequena quantidade, a mostarda excita
as forças digestivas , e todos conhecem a sua utilidade
como tempero . Na therapeutica emprega-se princi-
palmente para o uso externo, como sinapismo, e está
approvada desta maneira contra a gotta, dôres rheu-
matismaes , pleurodynia , apoplexia , e em muitas
affecções em que a vida parece estar extincta.
A acção dos sinapismos e da mostarda em geral , é
considerada em França como estimulante e ao mesmo
tempo revulsiva . Por outra parte , a escola italiana
declara que a acção dynamica dos sinapismos é hy-
posthenisante ou antiphlogistica , sendo só irritante
à acção local. Basêa esta conclusão : 4 ° em que a acção
da mostarda faz baixar o pulso , e produz uma especie
de enfraquecimento do systema muscular; 2° em que
esta acção apaga as molestias inflammatorias ou con-
gestões activas , e provoca secreções como todos os
remedios antiphlogisticos ; 3º em que a vermelhidão
local é menor quando os sinapismos se conservão
applicados por muito tempo, porque a acção local
primitiva se acha corrigida pela acção dynamica que
The succede. Emquanto á acção revulsiva , a escola
italiana a considera em geral como uma theoria chi-
merica.
INTERIORMENTE . Sementes machucadas. 2 a 4 oi-
tavas em 12 onças d'agua ou de leite. Raramente .
EXTERIORMENTE . Sinapismo . Farinha de mostarda,
4 onças ; agua morna , q . s. Importa que esta pre-
paração seja feita com agua morna e não quente .
MUSGO DE CORSEGA. 385
Á agua mui quente e o vinagre impedem o desen-
volvimento do principio acre da mostarda.
Sinapismo fraco. Cataplasma de linhaça, 4 onças ;
farinha de mostarda, 4 oit. Empregado nas crianças .
Pediluvio sinapisado . Farinha de mostarda , 4 on-
ças ; agua , q . s. Dilua-se a farinha de mostarda em
dous quartilhos de agua morna ; cubra-se o vaso e
deixe-se em repouso por alguns minutos ; ajunte-se
depois uma q. s . d'agua quente para ter um pedilu-
vio na temperatura conveniente. ― Empregado nas
congestões sanguineas das partes superiores do corpo.
Muriatos . V. Chloruretos.
MUSGO DE CORSEGA ( Mousse de Corse, fr . ) .
Fucus helminthocorton , L. Planta marinha que ha-
bita nas costas do Mediterraneo e na ilha de Corsega .
Fig. 88. Reunião de filamentos numerosos, curtos,
entrelaçados uns aos ou-
tros de textura flexivel,
de cor vermelha escura ,
sabor amargo e salgado ,
e cheiro nauseante . P.
us. Toda a planta.
Vermifugo, exerce prin-
cipalmente sua acção so-
bre as lombrigas.
INTERIORMENTE . PO 40
a 72 grãos com mel de
abelha , ou em leite. In-
fusão : 3 oitavas para
8 onças d'agua fervendo .
Gelea ( Musgo de Cor-
sega , 8 partes ; assucar,
16 ; vinbo branco , 16 ;
Fig. 88. Musgo de Corsega.
colla de peixe, 1 ) . D. 4 a
2 colheres de chá e mais , de manhãa em jejum , ás
crianças.
Xarope. 1 a 2 onças. Sua preparação acha- se indi-
cada na pag. 57.
Poção vermifuga.
Musgo de Corsega 1 oitava
Leite fervendo 3 onças
Còe e ajunte assucar 1/2 onça .
22
386 MUSGO ISLANDICO .
Para tomar por uma vez de manhãa. A dóse e a
fórma é mui commoda para as crianças de 2 annos .
Xarope vermifugo (Boulay).
Musgo de Corsega 160 partes, agua 1000 p. Ferva
até á reducção da metade, deite tudo n'um banho-
maria sobre : Calamo aromatico 30 p. , angelica 30 p . ,
senne 30 p. Ponha de infusão por 12 horas, còe com
espressão, e dissolva no licòr : assucar 1000 p. Cla-
rifique com clara de ovo , e ferva no 32° fervendo .
D. Uma colher de sopa ás crianças de 2 a 4 annos .
Continua-se por tres dias seguidos .
Clyster anthelmintico .
Musgo de Corsega 3 oitavas
Agua 12 onças.
Ferva por 10 minutos, còe e ajunte :
Oleo de ricino 1 onça.
MUSGO ou Lichen islandico ( Lichen d'Islande,
fr. ) . Cetraria islandica, Ach . Planta que habita na
Islandia . Fig. 89. São producções foliaceas, ou fitas
irregulares, seccas , co-
riaceas , vermelhas es-
curas na base, por cima
cinzentas, amarelladas
ou esbranquiçadas , ino-
doras , sabor amargo ;
mucilaginosas.
As suas preparações
são tonicas, se contém
a substancia amarga ;
se são della privadas
pela maceração, tornão-
se emollientes e ana-
lepticas . No primeiro
caso, o musgo islandico
emprega-se nas dyspep-
Fig. 89. - Musgo islandico. sias , dysenterias chro-
nicas , diarrhéas não
inflammatorias, e todas as vezes que é preciso ani-
mar as forças vitaes ; no segundo é indicado nos ca-
tarrhos pulmonares, tisica e diarrhéas agudas. Mas
as preparações do musgo islandico, que contém o
seu principio amargo, são muito uteis no principio
MUSGO ISLANDICO. 387
da tisica , periodo em que é necessario animar as
forças vitaes, e convem reservar as preparações pri-
vadas do principio amargo do musgo só para o ultimo
periodo da tisica , ou para as molestias que necessitão
medicamentos emollientes .
Giacomini declara que se o musgo islandico é util
na tisica é porque a sua acção hyposthenisante
vascular. O musgo dado em forte dóse abaixa notavel-
mente o pulso e augmenta as evacuações alvinas.
INTERIORMENTE . Como tonico . Decocção : 4 oitava
para 12 onças d'agua que se reduzem a 10 onças pela
decocção . Este cozimento, adoçado com assucar ou
com xarope de gomma, é muito util nas molestias do
peito, e principalmente no principio da tisica .
Como emolliente. Decocção ou Cozimento mucila-
ginoso de musgo islandico ( Musgo islandico, 4 oi-
tava. Deite sobre o musgo 3 onças d'agua fervendo,
tendo em dissolução 6 grãos de sub-carbonato de
potassa, macere por meia hora, còe, lave muitas vezes
até que a agua de maceração não esteja nem amarga
nem alcalina, e lance fóra os liquidos. Ferva então o
musgo por 2 horas com q . s. d'agua para obter 12 on-
ças de decocto . Côe com espressão , deixe depôr,
decante, e ajunte xarope simples 1 onça ) . Este cozi-
mento é frequentemente empregado nas affecções pul-
monares .
Geléa de musgo islandico.Cod . fr. Musgo islandico,
2 onças ; assucar, 4 onças ; colla de peixe, 4 oitava ;
agua , q. s . Ferva o musgo em q. s . d'agua por uma
hora para ter uma solução concentrada ; côe com
espressão ; deixe depôr o liquido e decante ; torne a
por o liquido sobre o fogo ; ajunte o assucar e a colla
de peixe previamente amollecida pela maceração em
2 onças d'agua fria ; mexa continuamente até que o
liquido entre em ebullição; continue a ebullição branda
até que o producto fique bastantemente concentrado
para se transformar em geléa pelo esfriamento ; tire a
pellicula que se forma sobre a superficie, e deite a geléa
n'uma vasilha que se põe n'um lugar fresco . D. 1/2
a 2 onças por dia. Quando o medico receita a gelea
privada do principio amargo, é preciso previamente
macerar o musgo em agua alcalina que se deita fóra.
388 MYRRHA.
Gelea de musgo islandico com quina . Cod . fr.
Musgo islandico , 2 onças ; xarope de quina , 6 onças ;
colla de peixe, 1 oitava . Proceda da mesma maneira,
como acima fica dito .
Chocolate com musgo islandico ( Massa de choco-
late, 50 partes ; musgo em pó , 1 parte. Misture) .
Xarope de Lanthois,
modificado pelo Sr. Ezequiel Corrêa dos Santos.
Doce- amarga 4 onça , polygala senega 1 onça, sa-
ponaria 4 onça , hera terrestre 1 onça , flôr de arnica
1/2 onça, musgo islandico 1/2 onça, agua 48 onças ,
vinho da Madeira 48 onças . Deite tudo dentro de um
vaso de folha apropriado , feche hermeticamente, e
deixe assim em banho-maria por oito dias , agitando
repetidas vezes . Finda esta maceração, deixe esfriar
completamente o liquido, côe com forte espressão e
filtre . Depois de filtrado ajunte a cada libra deste
liquido duas libras de assucar, que é necessario fundir
em banho-maria no mesmo vaso bem tapado .
Dóse. Duas colheres de sopa , tres vezes por dia ,
puro ou misturado com uma chicara d'agua morna .
Nas bronchites e outras molestias do peito.
As preparações seguintes , ainda que não conte-
nhão musgo islandico , vão indicadas neste lugar,
para não separa-las do xarope do mesmo autor . São
aconselhadas nas molestias do peito .
Pilulas de Lanthois modificadas .
Sabão medicinal 48 grãos , terebenthina cozida
48 grãos, extracto de rhuibarbo 24 grãos, extracto
de quina 24 grãos . nitro 6 grãos , balsamo de copa-
hiba 24 grãos. F. 48 pilulas .
Fomentação ou Fricção de Lanthois.
Extracto de bagas de zimbro 1 onça, tintura alcoo-
lica de quina 8 onças, camphora 41 onça , ammoniaco
liquido 2 oitavas . M.
Emplasto de Lanthois.
Galbano 1 onça, quina em pó 4 onça, colofana
4 onça , terebenthina 4/2 onça , extracto de Saturno
4 oitavas, extracto de cicuta 4 oitavas, cera amarella
e oleo de zimbro aná q . s . para fazer emplasto .
MYRRHA ( Myrrhe, fr. ) Gomma resina produzida
pelo Balsamodendrum myrrha , Nees , arbusto da
NITRATO DE POTASSA. 389
Arabia. É em lagrimas ou grãos irregulares, frageis ,
meio transparentes , de cor amarella avermelhada ,
cheiro aromatico pouco agradavel , sabor amargo.
Excitante e tonico . Aconselhada nos catarrhos chro-
nicos, amenorrhéa , affecções atonicas do canal di-
gestivo . Recommendada exteriormente como estimu-
lante , nas anginas , ulcerações rebeldes , relaxação
escorbutica das gengivas e carie dos ossos .
INTERIORMENTE. Pó, 10 grãos a 1 oitava . Extracto,
5 grãos a 4 oitava . Tintura , 1/2 a 1 oitava em poção.
EXTERIORMENTE . Tintura diluida em agua, em
injecções nos trajectos fistulosos ; em gargarejos nas
esquinencias chronicas , etc.
Pós emmenagogos.
Myrrha 4 oitavas
Açafrão 4 oitava
Oleo de cravo da India 3 gottas .
M. e divida em 24 papeis . D. Um, tres vezes por dia .
Pilulas estomachicas de Tronchin.
Myrrha 1 oitava
Extracto de centaurea 1/2 oitava
Balsamo peruviano 12 grãos .
F. pilulas de 3 grãos. D. 10 por dia , nas debili-
dades do estomago .
Elixir de propriedade (Paracelso) .
Tintura de myrrha 4 partes, tintura de açafrão
3 p., tintura de aloes 3 p. M. e filtre . D. Meia a
4 onça como emmenagogo.
Nitrato acido de mercurio . V. p. 380 .
NITRATO DE POTASSA , Nitro , Sal de nitro
ou Salitre ( Nitrate de potasse, Nitre ou Sel de nitre,
fr .) . Sal em forma de cristaes prismaticos, brancos,
transparentes , inalteraveis ao ar, inodoros , sabor
fresco e picante, seguido de um gosto um pouco
amargo ; soluvel em agua.
Emprega-se no ultimo periodo das inflammações
das vias urinarias, gonorrhéas, febres inflammatorias,
ictericias, affecções rheumaticas , e principalmente
nas hydropisias. Na dóse de 18 grãos a 1 oitava faz
baixar o pulso, provoca a secreção urinaria e as eva-
cuações alvinas . Em alta dose é considerado como
contra-stimulante, como sedante da circulação , e em-
22.
390 NITRATO DE POTASSA .
pregado como tal para combater as inflammações e
hemorrhagias. A escola italiana considera o nitro
como um hyposthenisante cardiaco-vascular de pri-
meira ordem , e aconselha o seu uso em dóse propor--
cionada á tolerencia , em todas as molestias inflam-
matorias. Accidentes graves, e até a morte, podem
resultar do seu emprego em quantidade exagerada .
Na dóse de 1 onça diluido em pequena proporção de
liquido, e administrado por uma vez , produz ás vezes
nauseas, diarrhéa, desmaio, esfriamento geral , verti-
gens, enfraquecimento de pulso , prostração , e até
morte. Entretanto alguns medicos o tem aconse-
lhado nas hemorrhagias até á dóse de 2 onças . Não
se deve porém dar ao principio mais do que 1/2 onça,
e não augmentar esta dóse senão gradualmente .
Exteriormente o sal de nitro emprega-se em garga-
rejos como refrigerante .
Subst. incomp . O acido sulfurico e os outros aci-
dos fortes, a pedra-hume , os sulfatos de magnesia ,
de ferro, de zinco , de cobre, etc.
INTERIORMENTE . Como diuretico , 6 a 24 grãos em
12 onças de vehiculo mucilaginoso. Como contra-
stimulante, 1 a 4 oitavas e mais progressivamente,
em 42 onças de qualquer cozimento, que se admi-
nistra por chicaras , havendo uma hora de intervallo
entre cada chicara .
EXTERIORMENTE . Dissolução . 1 a 4 oitavas para
12 onças d'agua, em gargarejos, lavatorios e fomen-
tações.
Pós contra-stimulantes.
Calomelanos 18 grãos
Nitrato de potassa 90 grãos.
M. e divida em 9 papeis . D. Um de duas em duas
horas na inflammação do cerebro e outras molestias
inflammatorias. Alguns autores pretendem que a ad-
dição do nitrato de potassa impede a salivação .
Pós de nitro camphorados (Swediaur)
Nitro 40 grãos
Camphora 4 grãos
Gomma arabica 24 grãos .
M. e divida em 2 papeis, que se tomão por dia em
NITRATO DE PRATA. 391
uma chicara d'agua com assucar, como temperante
nas blennorrhagias .
Cozimento antiphlogistico de Stoll.
Decocção de cevada 12 onças
Xarope de vinagre 40 oitavas
Nitrato de potassa 40 grãos.
M. Uma chicara de duas em duas horas nas febres
inflammatorias .
Tisana diuretica (Bouchardat) .
Bi-carbonato de potassa 30 grãos
Nitrato de potassa 6 grãos
Infusão de junipero 12 onças .
M. Uma chicara de duas em duas horas.
Mistura nitrada.
Nitrato de potassa 4 oitavas
Mel de abelha 4 onça
Agua 24 onças .
M. Uma chicara de duas em duas horas como con-
tra-stimulante nas febres inflammatorias , rheuma-
tismo, etc.
Emulsão nitrada .
Emulsão de amendoas adoçada 16 onças
Nitro 45 grãos .
M. Por chicaras no periodo inflammatorio das af-
fecções eruptivas.
Gargarejo refrigerante.
Nitro 6 oitavas
Decocção de cevada 16 onças
Mel rosado 3 onças .
M.
Fomentação refrigerante.
Nitro 1 1/2 oitava
Sal ammoniaco 1 oitava
Vinagre 8 onças
Agua 32 onças.
M. Contusões, torceduras, etc.
NITRATO DE PRATA ou Azotato de prata ou
Pedra infernal ( Nitrate d'argent , azotate d'argent,
pierre infernale, fr. ) . Este sal se acha debaixo de
duas formas : 4° O nitrato de prata cristallisado,
que é em laminas delgadas , brilhantes, brancas, de
sabor mui caustico ; torna-se negro pela influencia
392 NITRATO DE PRATA.
da luz, dissolve- se em agua distillada ; fica decom-
posto pela agua commum ; faz sobre a pelle nodoas
rôxas . 2º Nitrato de prata fundido ou pedra infer-
nal. Este é em cylindros brancos, amarellados, cin-
zentos ou pretos, da grossura de uma penna de ganso .
Quando se emprega o nitrato de prata solido, é a
pedra infernal que deve servir ; quando se emprega
em dissolução, é ao nitrato de prata cristallisado que
se deve recorrer.
O nitrato de prata é um caustico energico : queima
os tecidos com que está posto em contacto . Entretanto
alguns medicos ousárão administrar esta substancia
interiormente contra a epilepsia e as nevralgias . As
curas tem sido mui raras, e o medicamento admini-
strado pela bocca tem o grande inconveniente de com-
municar á pelle e ás unhas uma côr escura e indelevel .
Exteriormente o nitrato de prata tem mui numerosas
e mui preciosas applicações . Serve para cauterisar as
carnosidades das chagas, as belidas da cornea , OS
cancros venereos , os estreitamentos do canal da ure-
tra, as fistulas lagrimaes e outras. Ha poucos annos
foi proposto para cauterisar os botões variolicos do
rosto e dos olhos este methodo tem por fim não
sómente fazer abortar a molestia e prevenir as defor-
midades, mas tambem impedir o desenvolvimento da
meningite, que se complica muitas vezes com as bexi-
gas. É preciso então cauterisar no primeiro ou no
segundo dia ; mais tarde já não é tempo , as bexigas
se desenvolvem é sufficiente abrir cada botão vario-
lico com um estylete molhado n'uma solução de ni-
trato de prata. As esquinencias, as blennorrhagias,
as rachas no anus, as frieiras , as ulcerações do bico
do peito. as erysipelas da face, os dartros, tem cedido
frequentemente a leves cauterisações com nitrato de
prata. Foi ainda applicado sobre a conjunctiva nas
ophthalmias purulentas ; sobre a mucosa da trompa
d'Eustachio nas aphonias ; sobre a mucosa da bexiga
nos catarrhos vesicaes ; sobre a face interna do utero
nas leucorrhéas rebeldes, e sobre a porção prostatica
do canal da uretra nas perdas seminaes involuntarias .
O nitrato de prata applicado na pelle produz man-
chas pretas, que desapparecem no fim de alguns dias ;
NITRATO DE PRATA. 393
podem se tirar immediatamente molhando a parte em
uma solução saturada de iodureto de potassio .
Subst . incomp. Os alcalis fixos, os acidos hydro-
chlorico, sulfurico, tartarico , os sabões , o arsenico ,
os hydrosulfatos , os hydrochloratos, o tannino, as
infusões adsiringentes . É preciso receitar com pre-
ferencia o nitrato de prata dissolvido em agua dis-
tillada.
INTERIORMENTE . 1/10 a 1/5 de grão , duas a tres
vezes por dia, em dissolução na agua distillada , ou
em pilulas com miolo de pão ou gomma .
Pilulas de Mérat.
Extracto de opio 36 grãos
Alcanfor 48 grãos
Almiscar 24 grãos
Nitrato de prata cristallisado 3 grãos
Xarope simples q. s.
F. 48 pilulas. Cada uma contém 1/16 de grão de
nitrato de prata. D. 1 a 3, duas vezes por dia , nas
molestias nervosas .
Collyrio adstringente.
Nitrato de prata cristallisado 1 grão
Agua distillada 4 onça.
M. Ophthalmias chronicas .
Collyrio de nitrato de prata ( Reveillé-Parise) .
Nitrato de prata cristallisado 2 grãos
Agua distillada 4 onça .
M. Instillão-se algumas gottas deste collyrio entre
as palpebras, 5 a 6 vezes por dia, na ophthalmia pu-
rulenta dos adultos e dos recem-nascidos.
Collyrio de nitrato de prata (Velpeau) .
Nitrato de prata cristallisado 18 grãos
Agua distillada 4 onça .
Dissolva . Ophthalmia purulenta aguda dos adultos .
Duas a tres vezes por dia fazem-se instillações entre
as palpebras com algumas gottas deste collyrio ; mas
antes d'isto deve-se lavar previamente o olho com
agua morna para tirar todo o pus . É preciso haver o
cuidado que o collyrio penetre até ao fundo das
cavidades que existem em ambos os lados do olho ,
e que apenas toque a cornea transparente .
394 NITRATO DE PRATA.
Injecção de nitrato de prata contra a balanitis
(Ricord).
Nitrato de prata cristallisado 18 grãos
Agua distillada 8 onças . '
M. Balanitis . Fazem-se tres injecções por dia , entre
a glande e o prepucio.
Injecção de nitrato de prata contra a blennorrhagia
(Ricord) .
Nitrato de prata cristallisado 1 grão
Agua distillada 4 onças.
M. Duas injecções por dia . A proporção do nitrato
póde ser augmentada gradualmente .
Injecção de nitrato de prata contra a leucorrhea
(Ricord).
Nitrato de prata cristallisado 18 grãos
Agua distillada 16 onças.
M. A proporção pode ser augmentada até 36 grãos
de nitrato para 16 onças d'agua.
Injecção de nitrato de prata (Serre) .
Nitrato de prata cristallisado 2 grãos
Agua distillada S onças.
M. Catarrho chronico da bexiga.
Solução de nitrato de prata (Sanson) .
Nitrato de prata cristallisado 5 grãos
Agua distillada 1 onça.
M. Empregada no curativo das ulceras indolentes.
Solução de nitrato de prata (Biett ) .
Nitrato de prata cristallisado 45 grãos
Agua distillada 4 onça.
Dissolva . Dartros . Toca-se a superficie affectada
com a rama de uma penna molhada nesta solução , e
logo depois lava-se esta superficie com agua fria.
Pomada ophthalmica ( Velpeau) .
Nitraio de prata fundido 2 grãos
Banha 2 oitavas.
Misture n'um almofariz de louça. Contra as oph-
thalmias intensas. Em fricções sobre a margem livre
das palpebras inferiores, com uma porção do ta-
manho de uma ervilha ; uma a duas vezes por dia.
Agua do Egypto para tingir o cabello .
É uma solução de nitrato de prata em agua dis-
tillada.
NOZ VOMICA. 395
Nitro. V. Nitrato de potassa, pag. 389.
Noz de galba . V. Galha, pag. 304.
Noz moscada. V. Moscada, pag. 382.
NOZ VOMICA (Noix vomique, fr. ) . Semente da
Strychnos nux vomica, L. arvore da India. Fig. 90 .

Fig. 90. Noz vomica.


É redonda, chata, umbilicada em uma das faces, de
largura de 6 a 8 linhas, de consistencia como cornea,
denegrida ou acinzentada , coberta com pello curtis-
simo no exterior, ordinariamente branca, e ás vezes
negra no interior , inodora , sabor extremamente
amargo.
A noz vomica tem uma acção particular sobre o
382 MOSCADA.
nos grandes, de còr ròxa escura quasi preta , fractura
luzente , soluvel em agua , de sabor adocicado ao
principio, e depois amargo e um pouco acre .
A decocção de casca de monesia, que se prepara
com 1 onça de casca e 16 onças d'agua, emprega-se
em banhos, e pode servir contra as inchações que são
consequencia das erysipelas.
O extracto de monesia raras vezes emprega-se no
Rio de Janeiro, mas em França foi gabado ha poucos
annos com grande enthusiasmo , e aconselhado como
adstringente e tonico, interiormente, nos catarrhos
chronicos, hemoptysia , diarrhéa , blennorrhagias , e
exteriormente nas ulceras cutaneas, rachas do anus ,
ophthalmias purulentas, etc.
INTERIORMENTE. 12 a 36 grãos em pó ou pilulas .
Xarope ( Extracto de monesia , grãos ; xarope
simples, 4 onça ) . D. 1 a 2 onças .
Tintura (Extracto de monesia , 1 parte ; alcool a
22º, 20 partes. Dissolva e filtre ) . D. 2 a 4 oitavas em
poção.
EXTERIORMENTE. Pós. Q. s . nas ulceras.
Pomada (Extracto de monesia , 1 parte ; banha ,
7 partes ) . Para curar as ulceras, as rachas do anus, etc.
Morangueiro. V. Fragaria , pag. 302 .
MORPHINA ( Morphine , fr .) . Um dos principios
activos do opio. Veja-se o artigo Opio, pag. 440.
MOSCADA. Amendoa do fructo da moscadeira ,
Myristica moschada , Thumb. , arvore das Molucas ,
cultivada no Pará . Fig. 87. Esta amendoa é oval ,
dura , unctuosa , de còr cinzenta avermelhada , com
veios cinzentos ; cheiro suave e forte, sabor quente.
É envolvida em uma especie de cupula , chamada
arilho da noz moscada ou macis, que se divide em
tiras chatas, ramosas , cartilagineas , frageis, muito
vermelhas quando está fresca , mas fazendo-se ama-
rellas com o tempo ; é a substancia mais aromatica
de todo o fructo .
A moscada contém um oleo essencial ou volatil e
um oleo gordo, concreto, aromatico, abundante, cha-
mado manteiga de moscada , que vem das Molucas
em pães de meia libra pouco mais ou menos, qua-
MOSCADA. 383
drados, amarellos, com veios rubros, quebradiços ,
envolvidos em folhas de palmeira . Obtem-se pela
espressão.
Excitante poderoso, empregado nas digestões diffi-
ceis, em algumas diarrhéas, vomitos spasmodicos,
colicas.
INTERIORMENTE . 10 a 24 grãos em pó. Oleo essen-
cial , 2 a 4 gottas em poção .

Fig. 87. Moscada,

EXTERIORMENTE . Balsamo nerval (Cod . fr. ) . ( Tu-


tano de boi , 4 onças ; oleo espesso de moscada , 4
onças ; oleo essencial de alecrim , 2 oitavas ; oleo de
cravo da India , 1 oitava; camphora , 1 oitava ; bal-
samo de tolu , 2 oitavas ; alcool a 34°, Cart., 1/2 onça.
Derreta n'um frasco de larga abertura o tutano e o
oleo de moscada , ajunte os oleos essenciaes, a cam-
phora e o balsamo de tolu dissolvido no alcool ; deixe
resfriar mexendo o frasco de vez em quando para
ter uma mistura bem uniforme. ) Em fricções nas
paralysias.
384 MOSTARDA .
Linimento de Rosen.
Aguardente 2 onças
Essencia de cravo meia oitava .
Oleo concreto de moscada meia oitava .
M. Em fricções, ao longo da columna vertebral ,
contra o marasmo das crianças , na dóse de uma
colher de chá , duas vezes por dia.
Moscho. V. Almiscar, pag . 122 .
MOSTARDA (Moutarde, fr .) . Semente da Sinapis
nigra , L. , planta cultivada em Portugal e no Brasil.
São quasi redondas, de côr rôxa por fóra , amarella
por dentro, cheiro forte quando é triturada em agua ,
e de sabor picante .
Tomada em pequena quantidade, a mostarda excita
as forças digestivas, e todos conhecem a sua utilidade
como tempero. Na therapeutica emprega-se princi-
palmente para o uso externo, como sinapismo, e está
approvada desta maneira contra a gotta, dôres rheu-
matismaes , pleurodynia , apoplexia , e em muitas
affecções em que a vida parece estar extincta.
A acção dos sinapismos e da mostarda em geral , é
considerada em França como estimulante e ao mesmo
tempo revulsiva . Por outra parte, a escola italiana
declara que a acção dynamica dos sinapismos é hy-
posthenisante ou antiphlogistica , sendo só irritante
à acção local. Basêa esta conclusão : 4 ° em que a acção
da mostarda faz baixar o pulso, e produz uma especie
de enfraquecimento do systema muscular; 2º em que
esta acção apaga as molestias inflammatorias ou con-
gestões activas , e provoca secreções como todos os
remedios antiphlogisticos ; 3° em que a vermelhidão
local é menor quando os sinapismos se conservão
applicados por muito tempo, porque a acção local
primitiva se acha corrigida pela acção dynamica que
The succede. Emquanto á acção revulsiva , a escola
italiana a considera em geral como uma theoria chi-
merica.
INTERIORMENTE . Sementes machucadas. 2 a 4 oi-
tavas em 12 onças d'agua ou de leite . Raramente.
EXTERIORMENTE . Sinapismo . Farinha de mostarda,
4 onças ; agua morna , q . s . Importa que esta pre-
paração seja feita com agua morna e não quente .
MUSGO DE CORSEGA. 385
Á agua mui quente e o vinagre impedem o desen-
volvimento do principio acre da mostarda.
Sinapismo fraco. Cataplasma de linhaça, 4 onças ;
farinha de mostarda, 4 oit. Empregado nas crianças .
Pediluvio sinapisado . Farinha de mostarda, 4 on-
ças ; agua , q . s. Dilua-se a farinha de mostarda em
dous quartilhos de agua morna ; cubra-se o vaso e
deixe-se em repouso por alguns minutos ; ajunte- se
depois uma q . s . d'agua quente para ter um pedilu-
vio na temperatura conveniente ." - Empregado nas
congestões sanguineas das partes superiores do corpo .
Muriatos . V. Chloruretos.
MUSGO DE CORSEGA ( Mousse de Corse, fr . ) .
Fucus helminthocorton , L. Planta marinha que ha-
bita nas costas do Mediterraneo e na ilha de Córsega .
Fig. 88. Reunião de filamentos numerosos, curtos,
entrelaçados uns aos ou-
tros de textura flexivel,
de cor vermelha escura ,
sabor amargo e salgado ,
e cheiro nauseante . P.
us. Toda a planta .
Vermifugo, exerce prin-
cipalmente sua acção so-
bre as lombrigas.
INTERIORMENTE . Pó 40
a 72 grãos com mel de
abelha , ou em leite. In-
fusão : 3 oitavas para
8 onças d'agua fervendo.
Gelea ( Musgo de Cor-
sega, 8 partes ; assucar,
16 ; vinbo branco , 16 ;
Fig. 88. -- Musgo de Corsega.
colla de peixe, 4 ) . D. 4 a
2 colheres de chá e mais , de manhãa em jejum , ás
crianças.
Xarope. 1 a 2 onças. Sua preparação acha-se indi-
cada na pag. 57 .
Poção vermifuga.
Musgo de Corsega 1 oitava
Leite fervendo 3 onças
Còe e ajunte : assucar 1/2 onça.
22
386 MUSGO ISLANDIGO .
Para tomar por uma vez de manhãa . A dóse e a
fórma é mui commoda para as crianças de 2 annos.
Xarope vermifugo (Boulay) .
Musgo de Corsega 160 partes, agua 1000 p . Ferva
até á reducção da metade, deite tudo n'um banho-
maria sobre : Calamo aromatico 30 p. , angelica 30 p. ,
senne 30 p. Ponha de infusão por 12 horas, côe com
espressão, e dissolva no licòr assucar 1000 p. Cla-
rifique com clara de ovo , e ferva no 32° fervendo.
D. Uma colher de sopa ás crianças de 2 a 4 annos .
Continua-se por tres dias seguidos .
Clyster anthelmintico.
Musgo de Corsega 3 oitavas
Agua 42 onças.
Ferva por 40 minutos, còe e ajunte :
Oleo de ricino 1 onça.
MUSGO ou Lichen islandico ( Lichen d'Islande,
fr. ). Cetraria islandica, Ach. Planta que habita na
Islandia . Fig. 89. São producções foliaceas, ou fitas
irregulares, seccas , co-
riaceas , vermelhas es-
curas na base, por cima
cinzentas, amarelladas
ou esbranquiçadas, ino-
doras , sabor amargo ;
mucilaginosas .
As suas preparações
são tonicas, se contém
a substancia amarga ;
se são della privadas
pela maceração, tornão-
se emollientes e ana-
lepticas . No primeiro
caso, o musgo islandico
emprega-se nas dyspep-
Fig. 89. Musgo islandico . sias , dysenterias chro-
nicas , diarrhéas não
inflammatorias, e todas as vezes que é preciso ani-
mar as forças vitaes ; no segundo é indicado nos ca-
tarrhos pulmonares, tisica e diarrhéas agudas. Mas
as preparações do musgo islandico, que contém o
seu principio amargo, são muito uteis no principio
MUSGO ISLANDICO . 387
da tisica , periodo em que é necessario animar as
forças vitaes, e convem reservar as preparações pri-
vadas do principio amargo do musgo só para o ultimo
periodo da tisica , ou para as molestias que necessitão
medicamentos emollientes .
Giacomini declara que se o musgo islandico é util
na tisica é porque a sua acção é hyposthenisante
vascular. O musgo dado em forte dóse abaixa notavel-
mente o pulso e augmenta as evacuações alvinas .
INTERIORMENTE . Como tonico . Decocção : 1 oitava
para 12 onças d'agua que se reduzem a 10 onças pela
decocção . Este cozimento, adoçado com assucar ou
com xarope de gomma, é muito util nas molestias do
peito, e principalmente no principio da tisica .
Como emolliente . Decocção ou Cozimento mucila-
ginoso de musgo islandico (Musgo islandico, 4 oi-
tava. Deite sobre o musgo 3 onças d'agua fervendo ,
tendo em dissolução 6 grãos de sub- carbonato de
potassa, macere por meia hora, còe , lave muitas vezes
até que a agua de maceração não esteja nem amarga
nem alcalina, e lance fóra os liquidos . Ferva então o
musgo por 2 horas com q. s . d'agua para obter 4 2 on-
ças de decocto . Côe com espressão , deixe depôr,
decante, e ajunte xarope simples 4 onça ) . Este cozi-
mento é frequentemente empregado nas affecções pul-
monares .
Geléa de musgo islandico.Cod . fr . Musgo islandico,
2 onças ; assucar, 4 onças ; colla de peixe , 1 oitava ;
agua , q. s. Ferva o musgo em q. s . d'agua por uma
hora para ter uma solução concentrada ; côe com
espressão ; deixe depôr o liquido e decante ; torne a
pôr o liquido sobre o fogo ; ajunte o assucar e a colla
de peixe previamente amollecida pela maceração em
2 onças d'agua fria ; mexa continuamente até que o
liquido entre em ebullição ; continue a ebullição branda
até que o producto fique bastantemente concentrado
para se transformar em geléa pelo esfriamento ; tire a
pellicula que se forma sobre a superficie, e deite a geléa
n'uma vasilha que se põe n'um lugar fresco . D. 1/2
a 2 onças por dia. Quando o medico receita a gelea
privada do principio amargo, é preciso previamente
macerar o musgo em agua alcalina que se deita fóra.
388 MYRRHA.
Gelea de musgo islandico com quina. Cod . fr.
Musgo islandico, 2 onças ; xarope de quina , 6 onças ;
colla de peixe, 1 oitava . Proceda da mesma maneira ,
como acima fica dito .
Chocolate com musgo islandico ( Massa de choco-
late, 50 partes ; musgo em pó, 14 parte . Misture) .
Xarope de Lanthois ,
modificado pelo Sr. Ezequiel Corrêa dos Santos.
Doce-amarga 4 onça , polygala senega 1 onça, sa-
ponaria 4 onça , hera terrestre 1 onça , flôr de arnica
1/2 onça, musgo islandico 1/2 onça, agua 48 onças ,
vinho da Madeira 48 onças. Deite tudo dentro de um
vaso de folha apropriado , feche hermeticamente, e
deixe assim em banho-maria por oito dias , agitando
repetidas vezes. Finda esta maceração, deixe esfriar
completamente o liquido , côe com forte espressão e
filtre . Depois de filtrado ajunte a cada libra deste
liquido duas libras de assucar, que é necessario fundir
em banho -maria no mesmo vaso bem tapado .
Dóse. Duas colheres de sopa , tres vezes por dia ,
puro ou misturado com uma chicara d'agua morna .
Nas bronchites e outras molestias do peito .
As preparações seguintes , ainda que não conte-
nhão musgo island ico , vão indicadas neste lugar,
para não separa-las do xarope do mesmo autor. São
aconselhadas nas molestias do peito.
Pilulas de Lanthois modificadas .
Sabão medicinal 48 grãos , terebenthina cozida
48 grãos, extracto de rhuibarbo 24 grãos , extracto
de quina 24 grãos . nitro 6 grãos , balsamo de copa-
hiba 24 grãos . F. 48 pilulas.
Fomentação ou Fricção de Lanthois .
Extracto de bagas de zimbro 4 onça , tintura alcoo-
lica de quina 8 onças, camphora 4 onça, ammoniaco
liquido 2 oitavas . M.
Emplasto de Lanthois.
Galbano 4 onça, quina em pó 4 onça, colofana
1 onça , terebenthina 1/2 onça , extracto de Saturno
4 oitavas, extracto de cicuta 4 oitavas, cera amarella
e oleo de zimbro aná q . s . para fazer emplasto.
MYRRHA ( Myrrhe, fr. ) Gomma resina produzida
pelo Balsamodendrum myrrha , Nees , arbusto da
NITRATO DE POTASSA 389
Arabia. É em lagrimas ou grãos irregulares, frageis ,
meio transparentes , de côr amarella avermelhada ,
cheiro aromatico pouco agradavel , sabor amargo.
Excitante e tonico . Aconselhada nos catarrhos chro-
nicos, amenorrhéa , affecções atonicas do canal di-
gestivo . Recommendada exteriormente como estimu-
lante , nas anginas , ulcerações rebeldes , relaxação
escorbutica das gengivas e carie dos ossos.
INTERIORMENTE. Pó, 40 grãos a 1 oitava. Extracto,
5 grãos a 4 oitava . Tintura , 1/2 a 1 oitava em poção.
EXTERIORMENTE . Tintura diluida em agua, em
injecções nos trajectos fistulosos ; em gargarejos nas
esquinencias chronicas, etc.
Pós emmenagogos.
Myrrha 4 oitavas
Açafrão 4 oitava
Oleo de cravo da India 3 gottas .
M. e divida em 24 papeis . D. Um, tres vezes por dia .
Pilulas estomachicas de Tronchin.
Myrrha 1 oitava
Extracto de centaurea 1/2 oitava
Balsamo peruviano 12 grãos.
F. pilulas de 3 grãos. D. 10 por dia , nas debili-
dades do estomago .
Elixir de propriedade (Paracelso) .
Tintura de myrrha 4 partes, tintura de açafrão
3 p., tintura de aloes 3 p. M. e filtre . D. Meia a
4 onça como emmenagogo.
Nitrato acido de mercurio . V. p . 380 .
NITRATO DE POTASSA , Nitro , Sal de nitro
ou Salitre ( Nitrate de potasse, Nitre ou Sel de nitre,
fr .) . Sal em forma de cristaes prismaticos, brancos,
transparentes , inalteraveis ao ar, inodoros , sabor
fresco e picante, seguido de um gosto um pouco
amargo ; soluvel em agua .
Emprega-se no ultimo periodo das inflammações
das vias urinarias, gonorrhéas, febres inflammatorias,
ictericias, affecções rheumaticas , e principalmente
nas hydropisias . Na dóse de 18 grãos a 4 oitava faz
baixar o pulso, provoca a secreção urinaria e as eva-
cuações alvinas. Em alta dose é considerado como
contra-stimulante, como sedante da circulação, e em-
22 .
390 NITRATO DE POTASSA.
pregado como tal para combater as inflammações e
hemorrhagias. A escola italiana considera o nitro
como um hyposthenisante cardiaco-vascular de pri-
meira ordem , e aconselha o seu uso em dóse propor--
cionada á tolerencia , em todas as molestias inflam-
matorias. Accidentes graves , e até a morte, podem
resultar do seu emprego em quantidade exagerada .
Na dóse de 1 onça diluido em pequena proporção de
liquido, e administrado por uma vez , produz ás vezes
nauseas, diarrhéa , desmaio , esfriamento geral , verti-
gens, enfraquecimento de pulso , prostração , e até
morte . Entretanto alguns medicos o tem aconse-
lhado nas hemorrhagias até á dóse de 2 onças . Não
se deve porém dar ao principio mais do que 1/2 onça,
e não augmentar esta dóse senão gradualmente .
Exteriormente o sal de nitro emprega-se em garga-
rejos como refrigerante.
Subst . incomp. O acido sulfurico e os outros aci-
dos fortes, a pedra-hume , os sulfatos de magnesia ,
de ferro, de zinco , de cobre, etc.
INTERIORMENTE . Como diuretico , 6 a 24 grãos em
12 onças de vehiculo mucilaginoso. Como contra-
stimulante , 1 a 4 oitavas e mais progressivamente,
em 12 onças de qualquer cozimento , que se admi-
nistra por chicaras, havendo uma hora de intervallo
entre cada chicara.
EXTERIORMENTE . Dissolução. A a 4 oitavas para
12 onças d'agua , em gargarejos , lavatorios e fomen-
tações.
Pós contra-stimulantes .
Calomelanos 18 grãos
Nitrato de potassa 90 grãos.
M. e divida em 9 papeis. D. Um de duas em duas
horas na inflammação do cerebro e outras molestias
inflammatorias . Alguns autores pretendem que a ad-
dição do nitrato de potassa impede a salivação.
Pós de nitro camphorados (Swediaur)
Nitro 40 grãos
Camphora 4 grãos
Gomma arabica 24 grãos.
M. e divida em 2 papeis, que se tomão por dia em
NITRATO DE PRATA. 394
uma chicara d'agua com assucar, como temperante
nas blennorrhagias .
Cozimento antiphlogistico de Stoll.
Decocção de cevada 12 onças
Xarope de vinagre 40 oitavas
Nitrato de potassa 40 grãos .
M. Uma chicara de duas em duas horas nas febres
inflammatorias.
Tisana diuretica ( Bouchardat ).
Bi-carbonato de potassa 30 grãos
Nitrato de potassa 6 grãos
Infusão de junipero 12 onças .
M. Uma chicara de duas em duas horas.
Mistura nitrada .
Nitrato de potassa 4 oitavas
Mel de abelha 4 onça
Agua 24 onças.
M. Uma chicara de duas em duas horas como con-
tra-stimulante nas febres inflammatorias , rheuma-
tismo, etc.
Emulsão nitrada.
Emulsão de amendoas adoçada 16 onças
Nitro 45 grãos.
M. Por chicaras no periodo inflammatorio das af-
fecções eruptivas.
Gargarejo refrigerante.
Nitro 6 oitavas
Decocção de cevada 16 onças
Mel rosado 3 onças.
M.
Fomentação refrigerante.
Nitro 1 1/2 oitava
Sal ammoniaco 4 oitava
Vinagre 8 onças
Agua 32 onças .
M. Contusões, torceduras, etc.
NITRATO DE PRATA ou Azotato de prata ou
Pedra infernal ( Nitrate d'argent , azotate d'argent,
pierre infernale, fr . ) . Este sal se acha debaixo de
duas formas : 1º O nitrato de prata cristallisado,
que é em laminas delgadas, brilhantes, brancas, de
sabor mui caustico ; torna-se negro pela influencia
392 NITRATO DE PRATA.
da luz , dissolve- se em agua distillada ; fica decom-
posto pela agua commum ; faz sobre a pelle nodoas
rôxas . 2° Nitrato de prata fundido ou pedra infer-
nal. Este é em cylindros brancos, amarellados, cin-
zentos ou pretos, da grossura de uma penna de ganso .
Quando se emprega o nitrato de prata solido, é a
pedra infernal que deve servir ; quando se emprega
em dissolução, é ao nitrato de prata cristallisado que
se deve recorrer .
O nitrato de prata é um caustico energico : queima
os tecidos com que está posto em contacto. Entretanto
alguns medicos ousárão administrar esta substancia
interiormente contra a epilepsia e as nevralgias . As
curas tem sido mui raras, e o medicamento admini-
strado pela bocca tem o grande inconveniente de com-
municar á pelle e ás unhas uma côr escura e indelevel .
Exteriormente o nitrato de prata tem mui numerosas
e mu preciosas applicações . Serve para cauterisar as
carnosidades das chagas, as belidas da cornea , OS
cancros venereos, os estreitamentos do canal da ure-
tra, as fistulas lagrimaes e outras . Ha poucos annos
foi proposto para cauterisar os botões variolicos do
rosto e dos olhos este methodo tem por fim não
sómente fazer abortar a molestia e prevenir as defor-
midades, mas tambem impedir o desenvolvimento da
meningite, que se complica muitas vezes com as bexi-
gas. É preciso então cauterisar no primeiro ou no
segundo dia ; mais tarde já não é tempo , as bexigas
se desenvolvem é sufficiente abrir cada botão vario-
lico com um estylete molhado n'uma solução de ni-
trato de prata. Às esquinencias, as blennorrhagias ,
as rachas no anus, as frieiras, as ulcerações do bico
do peito. as erysipelas da face , os dartros, tem cedido
frequentemente a leves cauterisações com nitrato de
prata . Foi ainda applicado sobre a conjunctiva nas
ophthalmias purulentas ; sobre a mucosa da trompa
d'Eustachio nas aphonias ; sobre a mucosa da bexiga
nos catarrhos vesicaes ; sobre a face interna do utero
nas leucorrhéas rebeldes, e sobre a porção prostatica
do canal da uretra nas perdas seminaes involuntarias .
O nitrato de prata applicado na pelle produz man-
chas pretas, que desapparecem no fim de alguns dias ;
NITRATO DE PRATA. 393
podem se tirar immediatamente molhando a parte em
uma solução saturada de iodureto de potassio .
Subst. incomp. Os alcalis fixos , os acidos hydro-
chlorico, sulfurico, tartarico, os sabões , o arsenico .
os hydrosulfatos , os hydrochloratos, o tannino , as
infusões adsiringentes . É preciso receitar com pre-
ferencia o nitrato de prata dissolvido em agua dis-
tillada.
INTERIORMENTE . 1/10 a 1/5 de grão , duas a tres
vezes por dia, em dissolução na agua distillada, ou
em pilulas com miolo de pão ou gomma .
Pilulas de Mérat.
Extracto de opio 36 grãos
Alcanfor 48 grãos
Almiscar 24 grãos
Nitrato de prata cristallisado 3 grãos
Xarope simples q . s.
F. 48 pilulas. Cada uma contém 1/16 de grão de
nitrato de prata. D. 1 a 3 , duas vezes por dia , nas
molestias nervosas .
Collyrio adstringente.
Nitrato de prata cristallisado 4 grão
Agua distillada 4 onça .
M. Ophthalmias chronicas.
Collyrio de nitrato de prata ( Reveillé-Parise) .
Nitrato de prata cristallisado 2 grãos
Agua distillada 4 onça.
M. Instillão - se algumas gottas deste collyrio entre
as palpebras , 5 a 6 vezes por dia , na ophthalmia pu-
rulenta dos adultos e dos recem-nascidos .
Collyrio de nitrato de prata (Velpeau).
Nitrato de prata cristallisado 18 grãos
Agua distillada 4 onça.
Dissolva . Ophthalmia purulenta aguda dos adultos .
Duas a tres vezes por dia fazem -se instillações entre
as palpebras com algumas gottas deste collyrio ; mas
antes d'isto deve -se lavar previamente o olho com
agua morna para tirar todo o pus . É preciso haver o
cuidado que o collyrio penetre até ao fundo das
cavidades que existem em ambos os lados do olho ,
e que apenas toque a cornea transparente .
394 NITRATO DE PRATA.
Injecção de nitrato de prata contra a balanitis
(Ricord) .
Nitrato de prata cristallisado 18 grãos
Agua distillada 8 onças . "
M. Balanitis. Fazem-se tres injecções por dia , entre
a glande e o prepucio .
Injecção de nitrato de prata contra a blennorrhagia
(Ricord ).
Nitrato de prata cristallisado 4 grão
Agua distillada 4 onças.
M. Duas injecções por dia. A proporção do nitrato
póde ser augmentada gradualmente.
Injecção de nitrato de prata contra a leucorrhéa
(Ricord) .
Nitrato de prata cristallisado 18 grãos
Agua disti llada 16 onças .
M. A proporção pode ser augmentada até 36 grãos
de nitrato para 16 onças d'agua .
Injecção de nitrato de prata (Serre) .
Nitrato de prata cristallisado 2 grãos
Agua distillada S onças .
M. Catarrho chronico da bexiga .
Solução de nitrato de prata (Sanson).
Nitrato de prata cristallisado 5 grãos
Agua distillada 4 onça.
M. Empregada no curativo das ulceras indolentes.
Solução de nitrato de prata ( Biett) .
Nitrato de prata cristallisado 45 grãos
Agua distillada 1 onça.
Dissolva. Dartros . Toca-se a superficie affectada
com a rama de uma penna molhada nesta solução, e
logo depois lava-se esta superficie com agua fria .
Pomada ophthalmica ( Velpeau ) .
Nitraio de prata fundido 2 grãos
Banha 2 oitavas.
Misture n'um almofariz de louça . Contra as oph-
thalmias intensas. Em fricções sobre a margem livre
das palpebras inferiores, com uma porção do ta-
manho de uma ervilha ; uma a duas vezes por dia .
Agua do Egypto para tingir o cabello.
É uma solução de nitrato de prata em agua dis-
tillada.
NOZ VOMICA. 395
Nitro. V. Nitrato de potassa, pag. 389.
Noz de galha. V. Galha, pag. 304.
Noz moscada. V. Moscada, pag. 382.
NOZ VOMICA (Noix vomique, fr. ) . Semente da
Strychnos nux vomica, L. arvore da India. Fig . 90 .

Fig. 90. - Noz vomica.


É redonda, chata , umbilicada em uma das faces, de
largura de 6 a 8 linhas, de consistencia como cornea,
denegrida ou acinzentada , coberta com pello curtis-
simo no exterior , ordinariamente branca, e ás vezes
negra no interior , inodora , sabor extremamente
amargo .
A noz vomica tem uma acção particular sobre o
396 ODONTINA.
systema nervoso . Os seus primeiros effeitos são um
aperto nas fontes e na nuca ; os queixos ficão um
pouco rijos, apparece difficuldade de fallar e respirar,
uma pequena vertigem, percepção de uma multidão
de corpos luminosos, leves estremecimentos nos mem-
bros, erecção do membro viril . Se a dóse é exagerada,
sobrevem rijeza tetanica, convulsões, e a morte pre-
cedida por um instante de insensibilidade completa .
A dóse de 30 grãos póde produzir estes resultados
funestos. A escola italiana considera a acção da noz
vomica como hyposthenisante encephalo-rachidiana .
Em quantidade pequena a noz vomica é util nas pa-
ralysias que não dependem de lesão organica, amau-
rose, incontinencia de urina, impotencia viril . Mas
todas as preparações deste medicamento exigem
muita circumspecção em seu emprego.
INTERIORMENTE . Pó 2, 4 e progressivamente até
45 grãos divididos em muitas dóses, por 24 horas ;
em pó ou pilulas . Extracto, 1/2 grão a 4 grão. A
dóse foi levada ás vezes progressivamente até 15 graos
em 24 horas ; mas quatro a 6 grãos já podem produ-
zir effeitos tetanicos . Tintura alcoolica, 40 grãos a
1/2 oitava n'uma poção de 6 onças, que se adminis-
tra por colheres de hora em hora.
EXTERIORMENTE . Tintura alcoolica em fricções,
1/2 onça por dia.
Pilulas estimulantes.
Noz vomica pulverisada 30 grãos
Conserva de rosas q. s.
F. 40 pilulas. D. 1 a 3 por dia.
Pilulas de extracto de noz vomica (Fouquier) .
Extracto de noz vomica 4 oitava
Pó de althêa q . s.
F. 36 pilulas. D. 1 a 2, e até 9 progressivamente
por dia . Paralysia .
Linimento de noz vomica ( Magendie) .
Tintura de noz vomica 1/2 onça
Ammoniaco liquido 4 oitava.
M. Para duas fricções por dia. Paralysia .
ODONTINA (Odontine, fr. , Pelletier) . Mistura de
magnesia com manteiga de cacão aromatisada com
essencias . É um bom dentifricio .
OLEO DE AMENDOAS DOCES . 397
OLEO DE AMENDOAS DOCES ( Huile d'amandes
douces , fr. ) . É liquido , de cor branca esverdinhada ,
cheiro e sabor semelhante ao de amendoas doces.
Em alta dóse é laxante , emolliente em dóse pe-
quena . Segundo a opinião da escola italiana, é um
remedio hyposthenisante enterico e vascular. Em-
prega-se nos envenenamentos por substancias acres,
nas pneumonias , pleurizes , catarrhos pulmonares,
irritações das vias urinarias , dôres nephriticas, af-
fecções verminosas , e no exterior como topico emol-
liente .
INTERIORMENTE. 4 oitavas a 4 onça misturado com
xarope ou gemma de ovo , como emolliente.
EXERIORMENTE . Em embrocações ou como vehi-
culo de diversos linimentos .
Loock oleoso (Cod . fr. ) .
Oleo de amendoas doces 4 oitavas
Gomma arabica 4 oitavas
Xarope de althéa 4 onça
Agua de flôr de laranja 4 oitavas
Agua commum 3 onças.
F. S. A. Duas colheres de sopa de hora em hora
nos catarrhos pulmonares .
Loock peitoral.
Raiz de alcaçus 1 oitava
Agua fervendo q. s . Infunda e côe
de modo que se obtenha 6 onças
de liquido ; faça uma emulsão com
16 amendoas doces e ajunte
Gomma alcatira 48 grãos
Oleo de amendoas doces 1 onça
Xarope diacodio 1/2 onça
Agua de flor de laranja 2 oitavas.
D. Duas colheres de hora em hora nos catarrhos
pulmonares.
Loock amarello .
Oleo de amendoas doces 4 1/2 onça
Gemma de ovo 1/2 onça
Xarope de althéa 1 onça
Agua 2 onças .
F. S. A. Nos mesmos casos que o precedente.
23
398 OLEO DE CROTON TIGLIUM .
Clyster emolliente.
Decocção de linhaça 5 onças
Gemma de ovo No 1 .
Oleo de amendoas doces 4 onça .
F. S. A.
Pomada para os beiços (Cod . fr.) .
Cera branca 4 onça
Oleo de amendoas doces 2 onças
Raiz d'orcaneta 1 oitava
Essencia de rosas 6 gottas.
Derreta a cera no oleo ; ajunte a orcaneta e deixe
digerir até que a pomada adquira uma côr vermelha
viva . Còe com espressão e deixe resfriar lentamente ;
separe o deposito ; torne a derreter a pomada , e
quando ficar meio resfriada, ajunte-lhe a essencia
de rosas. Contra as inflammações , rhagadias e exco-
riações dos beiços .
OLEO DE CROTON TIGLIUM ( Huile de cro-
ton tiglium , fr . ) . Oleo extrahido das sementes do
Croton tiglium , L. , arbusto que habita nas Molucas.
Fig. 94. Este oleo tem a consistencia de xarope, de
côr escura e opaca sendo em grande quantidade ,
de còr amarella alaranjada sendo em quantidade pe-
quena, sabor quente e mui acre, cheiro particular e
desagradavel .
Purgante extremamente violento, mas infiel, por-
que este oleo é frequentemente falsificado. Seu em-
prego requer grande prudencia, pois que em minima
dóse, como na de uma gotta, determina abundantes
dejecções alvinas . Administra-se na hydropisia , apo-
plexia, colica de chumbo e contra a tenia. Applicado
exteriormente em fricções , produz uma erupção
cutanea bastante forte . Misturado com azeite doce ou
oleo de amendoas doces forma os linimentos acon-
selhados contra os rheumatismos. Puro póde ser sub-
stituido á pomada stibiada , e ainda o seu effeito é mais
rapido . Nevralgias forão curadas pela applicação do
oleo de croton sobre a parte dolorosa . Segundo a es-
cola italiana, o effeito do oleo de croton que succede
á sua absorpção é hyposthenisante enterico-vascular,
que se manifesta pelo affrouxamento do pulso, suores
frios, abatimento geral, até á syncope e morte, sym-
OLEO DE CROTON TIGLIUM. 399
ptomas que combatidos a tempo cedem ao vinho, chá
de canella e opio.
INTERIORMENTE . 1 a 2 gottas em 1/2 onça de xa-
rope ou em pilulas.

Fig. 91. Croton tiglium.


EXTERIORMENTE . Em fricções , 10 a 20 gottas, se-
gundo o effeito que se deseja obter.
Pilulas de croton.
Oleo de croton 1 gotta.
Miolo de pão q. s.
F. 1 pilula .
396 ODONTINA.
systema nervoso . Os seus primeiros effeitos são um
aperto nas fontes e na nuca ; os queixos ficão um
pouco rijos, apparece difficuldade de fallar e respirar,
uma pequena vertigem, percepção de uma multidão
de corpos luminosos, leves estremecimentos nos mem-
bros, erecção do membro viril . Se a dóse é exagerada,
sobrevêm rijeza tetanica, convulsões, e a morte pre-
cedida por um instante de insensibilidade completa.
A dóse de 30 grãos póde produzir estes resultados
funestos. A escola italiana considera a acção da noz
vomica como hyposthenisante encephalo -rachidiana .
Em quantidade pequena a noz vomica é util nas pa-
ralysias que não dependem de lesão organica, amau-
rose, incontinencia de urina, impotencia viril . Mas
todas as preparações deste medicamento exigem
muita circumspecção em seu emprego.
INTERIORMENTE . Pó 2, 4 e progressivamente até
45 grãos divididos em muitas dóses, por 24 horas ;
em pó ou pilulas. Extracto, 1/2 grão a 4 grão. A
dóse foi levada ás vezes progressivamente até 15 graos
em 24 horas ; mas quatro a 6 grãos já podem produ-
zir effeitos tetanicos. Tintura alcoolica, 10 grãos a
1/2 oitava n'uma poção de 6 onças, que se adminis-
tra por colheres de hora em hora.
EXTERIORMENTE . Tintura alcoolica em fricções,
1/2 onça por dia.
Pilulas estimulantes.
Noz vomica pulverisada 30 grãos
Conserva de rosas q. s.
F. 40 pilulas. D. 1 a 3 por dia.
Pilulas de extracto de noz vomica (Fouquier) .
Extracto de noz vomica 4 oitava
Pó de althea q. s.
F. 36 pilulas. D. 1 a 2, e até 9 progressivamente
por dia. Paralysia .
Linimento de noz vomica ( Magendie) .
Tintura de noz vomica 1/2 onça
Ammoniaco liquido 4 oitava .
M. Para duas fricções por dia . Paralysia.
ODONTINA (Odontine, fr. , Pelletier) . Mistura de
magnesia com manteiga de cacáo aromatisada com
essencias . É um bom dentifricio .
OLEO DE AMENDOAS DOCES. 397
OLEO DE AMENDOAS DOCES (Huile d'amandes
douces , fr. ) . É liquido, de cor branca esverdinhada ,
cheiro e sabor semelhante ao de amendoas doces.
Em alta dóse é laxante , emolliente em dóse pe-
quena. Segundo a opinião da escola italiana, é um
remedio hyposthenisante enterico e vascular. Em-
prega-se nos envenenamentos por substancias acres,
nas pneumonias , pleurizes , catarrhos pulmonares ,
irritações das vias urinarias , dôres nephriticas, af-
fecções verminosas , e no exterior como topico emol-
liente.
INTERIORMENTE . 4 oitavas a 1 onça misturado com
xarope ou gemma de ovo, como emolliente.
EXERIORMENTE . Em embrocações ou como vehi-
culo de diversos linimentos.
Loock oleoso (Cod . fr.) .
Oleo de amendoas doces 4 oitavas
Gomma arabica 4 oitavas
Xarope de althéa 1 onça
Agua de flor de laranja 4 oitavas
Agua commum 3 onças.
F. S. A. Duas colheres de sopa de hora em hora
nos catarrhos pulmonares.
Loock peitoral.
Raiz de alcaçus 1 oitava
Agua fervendo q. s . Infunda e côe
de modo que se obtenha 6 onças
de liquido ; faça uma emulsão com
16 amendoas doces e ajunte
Gomma alcatira 18 grãos
Oleo de amendoas doces 1 onça
Xarope diacodio 1/2 onça
Agua de flor de laranja 2 oitavas.
D. Duas colheres de hora em hora nos catarrhos
pulmonares.
Loock amarello .
Oleo de amendoas doces 4 1/2 onça
Gemma de ovo 1/2 onça
Xarope de althéa 1 onça
Agua 2 onças.
F. S. A. Nos mesmos casos que o precedente.
23
-1
398 OLEO DE CROTON TIGLIUM.
Clyster emolliente.
Decocção de linhaça 5 onças
Gemma de ovo N° 1 .
Oleo de amendoas doces 4 onça.
F. S. A.
Pomada para os beiços (Cod . fr .) .
Cera branca 4 onça
Oleo de amendoas doces 2 onças
Raiz d'orcaneta 4 oitava
Essencia de rosas 6 gottas.
Derreta a cera no oleo ; ajunte a orcaneta e deixe
digerir até que a pomada adquira uma côr vermelha
viva. Coe com espressão e deixe resfriar lentamente ;
separe o deposito ; torne a derreter a pomada , e
quando ficar meio resfriada, ajunte-lhe a essencia
de rosas. Contra as inflammações, rhagadias e exco-
riações dos beiços .
OLEO DE CROTON TIGLIUM ( Huile de cro-
ton tiglium , fr. ) . Oleo extrahido das sementes do
Croton tiglium , L. , arbusto que habita nas Molucas.
Fig. 91. Este oleo tem a consistencia de xarope, de
côr escura e opaca sendo em grande quantidade ,
de côr amarella alaranjada sendo em quantidade pe-
quena, sabor quente e mui acre, cheiro particular e
desagradavel.
Purgante extremamente violento, mas infiel, por-
que este oleo é frequentemente falsificado . Seu em-
prego requer grande prudencia, pois que em minima
dóse, como na de uma gotta, determina abundantes
dejecções alvinas. Administra-se na hydropisia, apo-
plexia, colica de chumbo e contra a tenia. Applicado
exteriormente em fricções , produz uma erupção
cutanea bastante forte . Misturado com azeite doce ou
oleo de amendoas doces forma os linimentos acon-
selhados contra os rheumatismos . Puro póde ser sub-
stituido á pomada stibiada, e ainda o seu effeito é mais
rapido . Nevralgias forão curadas pela applicação do
oleo de croton sobre a parte dolorosa . Segundo a es-
cola italiana, o effeito do oleo de croton que succede
á sua absorpção é hyposthenisante enterico-vascular,
que se manifesta pelo affrouxamento do pulso, suores
frios, abatimento geral, até á syncope e morte, sym-
OLEO DE CROTON TIGLIUM. 399
ptomas que combatidos a tempo cedem ao vinho, chá
de canella e opio.
INTERIORMENTE . 1 a 2 gottas em 1/2 onça de xa-
rope ou em pilulas.

Fig. 91. -- Croton tiglium .


EXTERIORMENTE. Em fricções, 10 a 20 gottas, se-
gundo o effeito que se deseja obter.
Pilulas de croton.
Oleo de croton 1 gotta.
Miolo de pão q. s.
F. 1 pilula.
400 OLEO DE FIGADO DE BACALHÃO.
Mistura purgante.
Oleo de croton 2 gottas
Gemma de ovo N° 1
Agua de hortelãa 1 1/2 onça.
Xarope de flor de laranja 1/2 onça
F. S. A. Uma colher de sopa de quarto em quarto
de hora.
Linimento irritante.
Oleo de croton 20 gottas
Azeite doce 4 onça .
M.
Oleo essencial de terebenthina. V. Terebenthina.
OLEO DE EUPHORBIA LATYRIS. Oleo extra-
hido da Euphorbia latyris, L. , planta europea cha-
mada tartago ou catapucia menor. É de còr ama-
rella clara, transparente, mui fluido ; sabor acre ; não
soluvel no alcool .
Purgante drastico, ás vezes emetico . Empregado
com vantagem nás urinas albuminosas , e hydropisia .
Depois da sua absorpção este remedio na dóse pur-
gativa obra como hyposthenisante enterico ; em dóse
elevada como hyposthenisante vascular.
INTERIORMENTE. 8 a 20 gottas em poção , emulsão
ou pilulas.
Poção contra as urinas albuminosas.
Oleo de euphorbia latyris 40 gortas
Gomma alcatira 20 grãos
Xarope de gomma 1/2 onça
Agua de hortelãa 3 onças.
F. S. A. Toma-se junfa por uma vez de manhãa em
jejum. Todos os dias augmenta-se o numero das got-
tas de oleo ; mas se este produzir grandes evacuações ,
diminue-se a dóse , ou suspende-se por alguns dias o
uso do remedio .
OLEO DE FIGADO DE BACALHAO ( Huile de
foie de morue, fr .) . Oleo extrahido do figado do peixe
bacalhão, representado na fig . 92. É branco ou escuro .
O primeiro é quasi sem cheiro e sem sabor ; o se-
gundo é espesso, de côr escura, cheiro de peixe mui
desagradavel.
Sua acção depende do iodo que contém. É aconse-
lhado interiormente na tisica, escrophulas , rachi-
OLEO DE RICINO. 404
tismo, tumores dos ossos, rheumatismo articular,
gastrites chronicas, pneumonia chronica, ophthalmias
escrophulosas ; exteriormente emprega-se em fricções .
INTERIORMENTE. 1 a 3 colheres tres vezes por dia.
O doente bebe por cima do remedio um pouco de
café ou de alguma infusão aromatica .

Fig. 92. Bacalháo .

Xarope (Duclou) . Oleo de figado de bacalhão,


250 partes ; gomma arabica, 156 ; agua, 375 ; xa-
rope simples, 125 ; assucar, 750. D. 1/2 a 1 onça por
dia e mais progressivamente.
Mistura de oleo de figado de bacalháo ( Rayer ) .
Oleo de figado de bacalháo 3 onças
Agua commum 3 onças
Xarope de opio 2 onças
Gomma arabica pulverisada 4 oitavas .
F. S. A. Duas colheres de sopa tres vezes ao dia.
Pneumonia chronica, rachitismo, escrophulas, tuber-
culos pulmonares.
OLEO DE RICINO, Oleo de mamona ou de palma
christi (Huile de ricin, fr.) . Oleo extrahido das se-
mentes da mamona, Ricinus communis, L. , arvore
originaria da Africa e das Indias orientaes, mas cul-
tivada em Portugal e no Brasil onde é quasi espon-
tanea e frequentemente chega á altura de quarenta
pés. Fig. 93. No commercio existem duas especies de
sementes de ricino , as da America e as da Europa.
As sementes da America , fig. 94 , são maiores , de
còr mais escura , sabor acre , aspecto marmoreo.
As sementes da Europa, fig. 95, são menores, mais
pallidas, quasi sem acrimonia, de aspecto marmoreo
402 OLEO DE RICINO .
menos pronunciado . Este oleo é de côr branca
ou amarellada , espesso , viscoso ; sabor desagra-
davel.

depotis

Fig. 93. Ricino ou mamona.

Um dos mais usados purgantes, bem que a sua acção


seja mui inconstante. Goza tambem de propriedades
vermifugas. As evacuações alvinas principião ordina-
riamente tres ou quatro horas depois da adminis-
OLEO DE RICINO. 403
tração do oleo de ricino, e continuão por cinco ou
seis horas.
Segundo a escola italiana o oleo de ricino é dotado
de propriedade hyposthenisante enterica, e ao mesmo
tempo vascular. Não ha molestia inflammatoria em
que seja contra-indicado .

Fig. 94. - Sementes do ricino Fig. 95. - Sementes do ricino


da America. da Europa.
INTERIORMENTE . Meia a 2 e 3 onças, em xarope,
caldo ou qualquer outro vehiculo, ou em clyster de
cozimento de linhaça .
Emulsão purgante.
Oleo de ricino 2 onças
Gemma de ovo N° 1
Agua de hortelãa 1 onça
Xarope simples 2 onças.
F. S. A. Toma-se em uma ou duas dóses.
Poção purgante.
Oleo de ricino 2 onças
Gemma de ovo N° 1
Xarope de flores de pecegueiro 1 onça
Agua de hortelãa 2 onças.
F. S. A.
Poção purgante.
Oleo de ricino 2 onças
Sumo de limão 1/2 onça
Xarope de gomma 1 onça
Agua commum 2 1/2 onças.
M.
Clyster laxante .
Oleo de ricino 1 onça
Mel de abelha 4 onça
Decocção de althéa 6 onças.
M.
404 OPIO.
OPIO (Opium, fr. ) . Sumo concreto, extrahido de
cabeças de dormideiras. Papaver somniferum, L.,
planta originaria do Oriente, representada na fig . 57,
pag. 266. Tal como se acha no commercio, o opio
é em pedaços mais ou menos consideraveis , de fórma
redonda e achatada , de côr arroxada escura ou ama-
rellada no interior, avermelhada no exterior , duros,
amollecendo - se facilmente entre os dedos ; de sabor
amargo, acre e nauseante, cheiro particular e viroso.
O opio é soluvel em agua, alcool, ether e vinagre.
O opio é um dos remedios mais preciosos na medi-
cina . Calmante em pequena dóse, excitante em mais
forte, póde-se tornar venenoso se fôr administrado
em grande quantidade. O opio, as preparações de que
é a base, a morphina e seus saes, em pequena dòse
diminuem a sensibilidade e produzem um estado de
socego que conduz ao somno , o que é muito evi-
dente quando o doente soffre ; administradas em
dóses mais consideraveis, estas substancias podem
occasionar uma exaltação intellectual seguida de con-
tracção das pupillas, perturbação da vista, zunidos
de ouvidos, dôr e peso de cabeça, comichão na pelle,
enfraquecimento geral e um somno de curta duração
interrompido por sonhos penosos em dóse mais
elevada produzem uma especie de embriaguez , e
somno profundo que pode ser seguido da morte.
Segundo Giacomini, a acção do opio é hypersthe-
nisante, vascular e cephalica ao mesmo tempo, como
o vinho e as bebidas alcoolicas.
O opio convem todas as vezes que o doente soffre
vivas dores, e que é sujeito á insomnia . O tétano , o
delirio nervoso, as dysenterias, diarrhéas, os rheu-
matismos, vomitos spasmodicos , as nevralgias , mo-
lestias de peito , etc. , cedem frequentemente ao seu
uso. Associado ao mercurio previne ás vezes a saliva-
ção, que este ultimo remedio tantas vezes produz.
Emprega-se tambem na cholera-morbus e nas affec-
ções cancrosas. Bem que neste ultimo caso a sua ac-
ção seja simplesmente palliativa , nem por isso é me-
nos precioso, pois que acalma as dôres que occasiona
esta terrivel, molestia . Finalmente o opio emprega-se
com vantagem no maior numero das molestias chro-
OPIO. 405
nicas . É preciso haver muita circumspecção nas doses,
empregando as preparações opiaceas na infancia . O
opio, continuado por longo tempo , diminue o appetite .
INTERIORMENTE. O opio privado mecanicamente
dos corpos estranhos , 1 , 2, 4 , 8 grãos, e progressiva-
mente até 2 oitavas, em pilulas, po ou poção .
Purificado ou Extracto aquoso , chamado tambem
Extracto gommoso ou thebaico, 1/2, 1 a 3 grãos e
muito mais, progressivamente.
Extracto alcoolico vinoso . As mesmas doses.
Laudano liquido de Sydenham . Cod . fr. Opio, 64
p.; açafrão, 32 ; canella , 4 ; cravos da India, 4 ; vinho
de Malaga, 500. Ponha tudo n'um vaso, macere por
15 dias, còe com espressão e filtre. 20 gottas pesão
15 grãos, e contém 1 grão de extracto de opio . É
uma preparação frequentemente empregada na dóse
de 15 a 32 gottas em poção ou clyster.
Laudano ou Gottas de Rousseau. Opio , 125 p.;
mel de abelha , 375 ; agua quente , 1875 ; levadura de
cerveja, 8. 20 gottas correspondem a 2 1/2 grãos de
extracto de opio. D. 6 a 10 gottas em poção .
Quando o medico receita simplesmente laudano
sem designar o nome do autor, entende-se o laudano
de Sydenham.
Tintura thebaica ou de opio . Extracto de opio ,
32 p.; alcool , 375. 15 gottas contém cerca de 1 grão
de extracto de opio. D. 15 a 30 gottas em poção.
Elixir paregorico ou Tintura de opio alcanfo-
rada. Pharm. de Dublin. Camphora, 2 p .; opio, 3 ;
acido benzoico, 3 ; oleo essencial de aniz, 3 ; alcool
a 32º, 1000. Digira-se por 7 dias e filtre-se . D. Meia
a 1 onça e mais em poção, como anodino e antispas-
modico. Meia onça contém quasi 4 grão de opio.
Xarope de opio . Extracto de opio, 16 grãos ; agua ,
4 oitavas ; xarope simples, 16 onças . Veja a sua pre-
paração na pag. 53. Cada onça contém 1 grão de ex-
tracto de opio. D. 1/2 a 1 onça e mais em poção.
Pilulas de cynoglossa . Casca de raiz de cyno-
glossa, 16 p.; sementes de meimendro, 16 ; extracto
aquoso de opio , 16 ; myrrha , 24 ; olibano, 20 ; açafrão, 6;
castoreo, 6 ; xarope de opio, q . b. Faça pilulas de 4
grãos. Cada uma contém pouco menos de 1/2 grão
23 .
404 OPIO.
OPIO (Opium, fr . ) . Sumo concreto, extrahido de
cabeças de dormideiras. Papaver somniferum, L.,
planta originaria do Oriente, representada na fig. 57,
pag. 266. Tal como se acha no commercio, o opio
é em pedaços mais ou menos consideraveis, de fórma
redonda e achatada , de côr arroxada escura ou ama-
rellada no interior, avermelhada no exterior, duros,
amollecendo-se facilmente entre os dedos ; de sabor
amargo, acre e nauseante, cheiro particular e viroso.
O opio é soluvel em agua, alcool , ether e vinagre.
O opio é um dos remedios mais preciosos na medi-
cina . Calmante em pequena dóse, excitante em mais
forte, póde-se tornar venenoso se fôr administrado
em grande quantidade . O opio , as preparações de que
é a base, a morphina e seus saes, em pequena dòse
diminuem a sensibilidade e produzem um estado de
socego que conduz ao somno , o que é muito evi-
dente quando o doente soffre ; administradas em
dóses mais consideraveis, estas substancias podem
occasionar uma exaltação intellectual seguida de con-
tracção das pupillas, perturbação da vista, zunidos
de ouvidos, dôr e peso de cabeça , comichão na pelle,
enfraquecimento geral e um somno de curta duração
interrompido por sonhos penosos em dóse mais
elevada produzem uma especie de embriaguez , e
somno profundo que pode ser seguido da morte.
Segundo Giacomini, a acção do opio é hypersthe-
nisante, vascular e cephalica ao mesmo tempo, como
o vinho e as bebidas alcoolicas.
O opio convem todas as vezes que o doente soffre
vivas dores, e que é sujeito á insomnia . O tétano , o
delirio nervoso, as dysenterias, diarrhéas, os rheu-
matismos, vomitos spasmodicos , as nevralgias , mo-
lestias de peito, etc. , cedem frequentemente ao seu
uso. Associado ao mercurio previne ás vezes a saliva-
ção, que este ultimo remedio tantas vezes produz .
Emprega-se tambem na cholera-morbus e nas affec-
ções cancrosas . Bem que neste ultimo caso a sua ac-
ção seja simplesmente palliativa , nem por isso é me-
nos precioso, pois que acalma as dôres que occasiona
esta terrivel, molestia . Finalmente o opio emprega -se
com vantagem no maior numero das molestias chro-
OPIO. 405
nicas . É preciso haver muita circumspecção nas doses,
empregando as preparações opiaceas na infancia. O
opio, continuado por longo tempo, diminue o appetite.
INTERIORMENTE. O opio privado mecanicamente
dos corpos estranhos , 1 , 2, 4, 8 grãos, e progressiva-
mente até 2 oitavas, em pilulas, po ou poção.
Purificado ou Extracto aquoso , chamado tambem
Extracto gommoso ou thebaico, 1/2 , 1 a 3 grãos e
muito mais, progressivamente.
Extracto alcoolico vinoso. As mesmas doses .
Laudano liquido de Sydenham . Cod . fr. Opio, 64
p.; açafrão, 32 ; canella , 4 ; cravos da India, 4 ; vinho
de Malaga, 500. Ponha tudo n'um vaso, macere por
45 dias, còe com espressão e filtre. 20 gottas pesão
15 grãos, e contém 1 grão de extracto de opio . É
uma preparação frequentemente empregada na dóse
de 15 a 32 gottas em poção ou clyster.
Laudano ou Gottas de Rousseau. Opio , 125 p.;
mel de abelha , 375 ; agua quente , 1875 ; levadura de
cerveja, 8. 20 gottas correspondem a 2 1/2 grãos de
extracto de opio . D. 6 a 10 gottas em poção.
Quando o medico receita simplesmente laudano
sem designar o nome do autor, entende-se o laudano
de Sydenham.
Tintura thebaica ou de opio . Extracto de opio ,
32 p.; alcool , 375. 15 gottas contém cerca de 4 grão
de extracto de opio. D. 45 a 30 gotias em poção .
Elixir paregorico ou Tintura de opio alcanfo-
rada. Pharm. de Dublin. Camphora, 2 p.; opio, 3 ;
acido benzoico, 3 ; oleo essencial de aniz, 3 ; alcool
a 32°, 1000. Digira-se por 7 dias e filtre-se . D. Meia
a 1 onça e mais em poção, como anodino e antispas-
modico. Meia onça contém quasi 1 grão de opio.
Xarope de opio . Extracto de opio, 16 grãos ; agua ,
4 oitavas ; xarope simples, 16 onças . Veja a sua pre-
paração na pag. 53. Cada onça contém 1 grão de ex-
tracto de opio. D. 1/2 a 4 onça e mais em poção.
Pilulas de cynoglossa . Casca de raiz de cyno-
glossa , 16 p.; sementes de meimendro, 16 ; extracto
aquoso de opio, 16 ; myrrha, 24 ; olibano, 20; açafrão, 6 ;
castoreo, 6 ; xarope de opio , q . b. Faça pilulas de 4
grãos . Cada uma contém pouco menos de 1/2 grão
23.
406 OPIO.
de extracto de opio . D. 4 a 4 e mais como cal-
mante.
Pós de Dower. Sulfato de potassa , 125 p . ; nitrato
de potassa, 125 ; pó de ipecacuanha, 32 ; pó de alca-
çus, 32 ; pó de extracto de opio, 32. D. 5 a 10 grãos
como diaphoretico . ( 11 grãos contém 1 grão de ex-
tracto de opio .)
Black-drops cu Gottas pretas de Lancastre ou
dos Quakers. Opio, 12 p.; moscada , 3 ; açafrão , 1 ;
vinagre , 100 ; assucar , 8 ; levadura de cerveja , 2. D.
2 a 6 gottas em poção . (6 gottas contém 1 grão de
opio. )
Diascordio. Meia a 3 oitavas e mais (4 oitava con-
tém quasi 1/2 grão de extracto de opio) .
Theriaga ou Triaga. Meia a 3 oitavas e mais ( 1 oi-
tava contém quasi 1/2 grão de extracto de opio) .
EXTERIORMENTE. Laudano de Sydenham, 1/2 a
4 onça em fricções ou para deitar por cima de uma
cataplasma. Emprega-se tambem em collyrios, gar-
garejos, etc.
Pós narcoticos-tonicos (Marc) .
Extracto de opio 1 grão
Gomma arabica 2 grãos
Calumba 36 grãos
Assucar 4 oitava
Essencia de hortelãa 2 goltas.
Reduza a pó, misture e divida em 6 papeis. D.
Um, duas vezes por dia . Diarrhéa .
Pilulas anti-cephalagicas ( Broussais) .
Extracto de opio 3 grãos
Extracto de meimendro 5 grãos
Extracto de belladona 5 grãos
Extracto de alface 9 grãos
Manteiga de cacáo . 90 grãos.
F. 30 pilulas. D. 1 de manhãa outra á noite.
Pilulas anti-nevralgicas ( Récamier) .
Ipecacuanha 3 grãos
Opio 3 grãos
Carbonato de ammonia 12 grãos
Camphora 12 grãos
Xarope de gomma q . s.
F. 30 pilulas. D. 4, tres vezes ao dia.
OPIO. 407
Pilulas anti-catarrhaes calmantes (Petit) .
Manteiga de cacáo 18 grãos
Gomma arabica 48 grãos
Extracto de opio 6 grãos
Xarope de ipecacuanha q . s.
F. 12 pilulas . Cada uma pesa cerca de 4 grãos ,
e contém 1/2 grão de extracto de opio. D. ↑ a
2 ao deitar, nas affecções catarrhaes que impedem
O somno.
Pilulas opiaceas alcanforadas (Ricord) .
Alcanfor 48 grãos
Extracto de opio 8 grãos.
Mucilagem q. s.
F. 16 pilulas . D. 2 ou 3 á noite para combater as
erecções nas blennorrhagias.
Poção calmante (Cod . fr. ) .
Xarope de opio 2 oitavas
Xarope de flor de laranja 6 oitavas
Agua de alface 4 onças.
M. Uma colher de sopa de hora em hora.
Loock calmante .
Loock branco 6 onças
Laudano de Sydenham 20 gottas.
M. Por colheres contra a tosse.
Julepo calmante .
Xarope de opio 4 oitavas
Xarope simples 4 oitavas
Infusão de tilia 5 onças.
M. Por colheres.
Xarope contra a coqueluche.
Xarope de opio
Xarope de quina aná 1 onça .
Xarope de ipecacuanha
M. Uma colher de chá , tres vezes por dia , ás
crianças de 2 annos .
Poção contra a dysenteria (Requin) .
Agua de tilia 3 onças
Xarope de opio 1 onça
Claras de ovos duas .
M. Uma colher de sopa de 2 em 2 horas .
408 OPIO.
Mistura odontalgica.
Laudano de Sydenham
Oleo de cravo da India aná 1 oitava .
Ether sulfurico }
Embebe-so o algodão nesta mistura, e introduz-se
na cavidade do dente cariado .
Espirito odontalgico (Boerhave) .
Alcool 2 oitavas
Camphora 4 oitava
Opio 5 grãos
Oleo de cravo da India 20 gottas.
M. Molha-se o algodão nesta mistura e introduz- se
na cavidade do dente cariado e doloroso.
Collyrio opiaceo.
Agua de rosas 4 onças
Extracto de opio 4 grãos .
Dissolva. Ophthalmias dolorosas.
Collyrio sedativo .
Extracto de meimembro 18 grãos
Agua de rosas 3 onças
Laudano de Rousseau 18 grãos.
M. Ophthalmias dolorosas .
Collyrio anodyno .
Agua de rosas 3 onças
Tintura de açafrão 36 grãos
Laudano de Sydenham 18 grãos.
M. Ophthalmias chronicas.
Collutorio calmante.
Extracto de opio 4 grãos
Agua 4 onças
Mel de abelha 1/2 onça.
M. Para gargarejar nas inflammações dolorosas da
lingua ou das gengivas.
Clyster emolliente e calmante.
Decocção de althéa 6 onças
Polvilho 1/2 onça
Laudano de Sydenham 20 gottas.
M. Diarrhéa .
Clyster opiaceo alcanforado ( Ricord).
Alcanfor 40 grãos
Extracto de opio 1 grão
OPIO. 409
Gemma de ovo uma
Agua quente 6 onças.
F. S. A. Empregado para combater as erecções na
blennorrhagia .
Ceroto opiaceo.
Opio 36 grãos
Ceroto simples 2 onças.
F. S. A. Ulceras venereas dolorosas, queimadu-
ras, etc.
Linimento opiaceo.
Laudano de Sydenham 1 parte
Azeite doce 7 partes.
M.
Linimento anodyno (Boyer) .
Extracto aquoso de opio 45 grãos
Unguento de althéa 2 oitavas
Balsamo tranquillo 4 oitavas
Oleo de amendoas doces 4 oitavas.
F. S. A. Empregado em fricções para acalmar
dôres.
Linimento narcotico .
Laudano de Sydenham 2 oitavas
Balsamo tranquillo 14 oitavas.
M. Em fricções nos lugares dolorosos.
Linimento opiaceo camphorado.
Laudano de Sydenham 4 oitavas
Alcanfor 2 oitavas
Oleo de amendoas doces 2 onças.
F. S. A. Em fricções nos rheumatismos .
Cataplasma calmante.
Cataplasma de linhaça 12 onças .
Estenda n'um panno e deite por cima
Laudano de Sydenham 4 onça .
Cataplasma anti-spasmodica.
Cataplasma de farinha de linhaça, feita em decoc-
ção de dormideiras e infusão de açafrão, 4 onças.
Estenda em panno e pulverise com :
Camphora 1/2 oitava
Opio 20 grãos.
A analyse chimica descobrio no opio as substancias
seguintes : morphina , codeina , narcotina , acido me-
conico, acido rôxo extractivo, resina , oleo pseudo-
410 OPIO ( HYDROCHLORATO DE MORPHINA ) .
morphina, thebaina, meconina , narceina, bassorina,
gomma, borracha, principio ligneo , albumina e um
principio viroso volatil .
De todas estas substancias a morphina é o princi-
pio mais activo do opio, e seus saes empregão-se
com preferencia ; vamo-nos occupar com ellas neste
lugar.
MORPHINA ( Morphine, fr . ). Um dos principios
activos do opio . É uma substancia branca , solida ,
em pyramides de quatro faces, inodora, de sabor
amargo, pouco soluvel na agua , soluvel no alcool .
Emprega -se pouco , mas seus saes , o hydrochlo-
rato e o sulfato de morphina, que são mais soluveis ,
são frequentemente administrados.
ACETATO DE MORPHINA (Acétate de morphine,
fr. ) . Sal que resulta da combinação do acido acetico
com a morphina. É branco , amarellado, inodoro , de
sabor amargo, soluvel em agua .
Narcotico muito energico ; tem os mesmos usos que
o opio ( v. Opio, pag. 404 ) ; mas não é constante em
seus effeitos, decompõe-se com o tempo, e até du-
rante a sua preparação, e por isso deveria ser excluido
do uso clinico, e deveria ser-lhe preferido o sulfato
ou o hydrochlorato de morphina.
INTERIORMENTE . 1/8 de grão até 2 grãos por 24 ho-
ras, em pilulas ou poção .
Xarope de acetato de morphina. (Para a sua pre-
preparação veja a pag . 52. D. 1 a 4 onças e mais em
poção . Cada onça contém 1/4 de grão de acetato.
EXTERIORMENTE . 1/4 a4 grão e mais pelo methodo
endermico, ou por 2 e 3 vezes esta dóse em fomen-
tações aquosas ou alcoolicas.
Mistura odontalgica ( Lemazurier ) .
Agua distillada de lourocerejo 1/2 onça
Acetato de morphina 4/4 de grão.
M. Empregada pura em fricções nas gengivas ou
em gargarejos, na dóse de 10 gottas em 2 onças
d'agua morna , para cada vez . Dores de dentes.
HYDROCHLORATO DE MORPHINA ( Hydrochlo-
rate de morphine, fr. ) . Sal cristallisado em agulhas,
soluvel em agua.
Narcotico mui forte ; tem os mesmos usos que o
OPIO (SULFATO DE MORPHINA) . 411
opio (v. pag. 404 ) , mas a sua acção é tres vezes mais
energica do que o extracto desta ultima substancia.
De todos os saes de morphina este merece a maior
confiança.
INTERIORMENTE . 1/4 de grão até 2 grãos por dia ,
em pilulas ou poção.
Xarope ( Hydrochlorato de morphina , 1 grão ; xa-
rope simples, 4 onças ) . D. 1 a 2 onças e mais como
calmante, puro ou em poção .
EXTERIORMENTE . 1/4 a 2 grãos pelo methodo ender-
mico, ou 1 a 2 grãos dissolvidos em alcool , em fric-
ções.
Pilulas de hydrochlorato de morphina.
Hydrochlorato de morphina 2 grãos
Thridacio 8 grãos
Pó de althéa q. s .
F. 8 pilulas . D. 4 á noite contra a insomnia .
Poção contra a gastralgia ( Sandras) .
Agua 10 oitavas
Assucar 90 grãos
Hydrochlorato de morphina 1 grão .
M. Uma colber de chá de meia em meia hora até
que a dôr desappareça .
Pomada de hydrochlorato de morphina ( Sandras) .
Banha balsamica 1 1/2 oitava
Hydrochlorato de morphina 2 grãos.
M. Em fricções nos lugares dolorosos . Este meio é
util em quasi todas as nevralgias.
Collyrio calmante ( Furnari ) .
Infusão de açafrão 2 onças
Infusão de papoulas 2 onças
Hydrochlorato de morphina 1 grão
Tintura alcoolica de myrrha 12 gottas.
M. De tres em tres horas deitar nos olhos algumas
gottas deste collyrio, e applicar nas palpebras pan-
nos molhados no mesmo collyrio . Ophthalmias.
SULFATO DE MORPHINA. Sal branco, cristalli-
sado em agulhas reunidas em fasciculos, inalteravel
ao ar , inodoro, de sabor mui amargo , e soluvel em
agua.
Calmante energico, empregado em muitas affecções
acompanhadas de dòres, na insomnia, tosses, etc.
412 OPIO (CODEINA) .
INTERIORMENTE . 1/4 de grão a 2 grãos por dia ,
em pilulas ou poção .
Xarope (Sulfato de morphina , 4 grãos ; xarope
simples, 16 onças . Sua preparação está indicada na
pag. 52) . Cada onça contém 1/4 de grão de sulfato
de morphina. D. 4 a 2 onças e mais, puro por colhe-
res, ou em poção .
EXTERIORMENTE. 1/4 de grão a 2 grãos pelo me-
thodo endermico, nas nevralgias .
Pilulas de sulfato de morphina.
Sulfato de morphina 3 grãos
Conserva de rosas 12 grãos
Pós de althéa q . s.
F. 6 pilulas. Toma- se uma de noite, contra a in-
somnia.
Poção calmante.
Sulfato de morphina 1/2 grão
Agua de flôr de laranja 2 onças
Agua de alface 3 onças
Xarope simples 4 onças.
M. Uma colher de sopa de hora em hora .
Emulsão calmante.
Emulsão de amendoas doces 5 onças
Xarope de sulfato de morphina 1 onça.
M. Por colheres de sopa, como calmante .
CODEINA. Substancia que se obtem do opio, do
qual foi tirada previamente a morphina pelo processo
Gregory. Cristaes sem còr, soluveis em 80 partes
d'agua, soluveis no alcool e ether. Goza das proprie-
dades hypnoticas semelhantes ás da morphina , mas
muito mais fracas . Aconselhada contra a coqueluche
e gastralgia. Segundo Magendie 5 grãos de codeina
equivalem a 3 grãos de morphina.
INTERIORMENTE . 1/2 a 1 grão em pilulas , xarope
ou poção .
Xarope de codeina . Codeina 4 grão, xarope sim-
ples 4 onça. D. 4 colher de sopa, duas vezes por dia.
Berthé emprega só a metade de codeina ; isto é
1/2 grão para uma onça de xarope , e aromatisa o
seu xarope com agua de lourocerejo .
OURO ( CHLORURETO DE ). 413
Pilulas de codeina.
Codeina
Thridacio } aná 4 grãos .
Pó de althéa q. s.
F. 4 pilulas . D. 4 por dia .
Poção de codeina.
Xarope de codeina 1 onça
Infusão de flores peitoraes 3 onças
M. Uma colher de sopa de hora em hora.
OURO ( Or, fr. ) . Metal de còr amarella , inodoro,
sem sabor, inalteravel ao ar. Reduzido a pó impalpa-
vel , é aconselhado nas molestias syphiliticas rebeldes
ao mercurio, nas escrophulas , elephantiasis, etc.
INTERIORMENTE . 1/4 a 1 grão por dia em pó , pilulas
ou misturado com mel de abelha , xarope, etc. Por
cima o doente bebe um copo d'agua ou de cozimento
de althéa .
EXTERIORMENTE :
Pomada de ouro.
Ouro em pó 4 oitava
Banha 1 onça .
M. Em fricções sobre os bubões , ou para o curativo
das feridas syphiliticas .
OXYDO DE OURO ( Oxyde d'or, fr. ) . Rôxo sendo
secco, de côr amarella avermelhada no estado de
hydrato ; insoluvel na agua ; alteravel á luz , e dahi
vem a necessidade de guarda-lo em frascos envolvi-
dos em papel preto .
Empregado nas molestias syphiliticas.
INTERIORMENTE. 1/10 a 1 grão por dia em pilulas
com extracto de alcaçus .
CHLORURETO DE OURO , HYDROCHLORATO OU
MURIATO DE OURO ( Chlorure d'or, hydrochlorate ou
muriate d'or, fr. ) . Sal amarello , cristallisado em
agulhas prismaticas, inalteravel ao ar secco, deli-
quescente ao ar humido ; mui soluvel em agua.
Veneno corrosivo em alta dóse ; em pequena em-
pregado nas molestias syphiliticas rebeldes ao mer-
curio, nas escrophulas, dartros , papeira , etc. O uso
desta substancia requer grande circumspecção .
INTERIORMENTE. 1/20 a 1/10 de grão por dia em
pilulas, ou em dissolução na agua distillada .
414 OURO ( CYANURETO DE ) .
EXTERIORMENTE. 1/40 a 1/2 grão misturado com
igual quantidade de polvilho , em fricções na lingua.
Pilulas de chlorureto de ouro.
Chlorureto de ouro 5 grãos
Alcaçus pulverisado 1 1/2 oitava
Xarope simples q. s.
amente
F. 400 pilulas . D. 1 a 2 e mais progressiv
r
po di . a
CHLORURETO DE OURO E DE SODIO, HYDRO-
CHLORATO OU MURIATO DE OURO E DE SODA ( Chlo-
rure d'or et sodium , hydrochlorate ou muriate d'or
et de soude, fr . ) . Sal de côr de laranja , cristallisado
em longos prismas de quatro faces, deliquescente ;
soluvel em agua .
Tem as mesmas propriedades que o chlorureto de
ouro, e é mais geralmente empregado nas molestias
syphiliticas. Em razão de sua energia , deve ser admi-
nistrado interiormente com grande precaução , em
pequenas fracções de grão, em solução em agua dis-
tillada . Nunca deve ser administrado em pilulas ou
em xaropes, pois que desta maneira se decomporia.
Tambem se administra em fricções na lingua , mas
não deve tocar os dentes, porque se tornão logo ne-
gros , inconveniente que não desapparece senão no
fim de algumas semanas . A quantidade do chloru-
reto de ouro e de sodio necessaria para a cura das
molestias syphiliticas varía de 3 a 40 grãos .
INTERIORMENTE . 1/20 a 1/4 de grão, uma a duas
vezes por dia , dissolvido em 4 onças d'agua dis-
tillada.
EXTERIORMENTE . 1/45 a 1/8 de grão misturado
com pós de lycopodio ou de lirio florentino, em fric-
ções na lingua.
Eis aqui a formula de Chrestien :
Chlorureto de ouro e de sodio 4 grão
Pó de lycopodio 2 grãos
M. Esta dose divide-se ao principio em 45 papeis ,
depois em 14 , 13 , 12 , e até progressivamente em
8 papeis . Uma vez por dia se faz na lingua uma fric-
ção com um destes papeis.
CYANURETO DE OURO (Cyanure d'or, fr. ) . Pó
amarello , insoluvel em agua .
OXYDO DE ZINCO. 415
Aconselhado nas molestias syphiliticas .
INTERIORMENTE . 1/4 a 1/2 grão em pilulas com
um extracto qualquer.
EXTERIORMENTE . 1/2 a 1 grão e mais , misturado
com igual quantidade de pó de lirio , em fricções na
lingua.
Oxalato de potassa . V. Sal de azedas .
Oxydo branco de antimonio. A preparação usada
na medicina , assim chamada , é o bi-antimoniato
de potassa, conhecida tambem por antimonio dia-
phoretico lavado . V. esta ultima palavra , pag . 148 .
Oxydo branco de arsenico. V. Acido arsenioso,
pag. 157.
Oxydo branco de bismutho . V. Sub-nitrato de
bismutho.
Oxydo negro de ferro. V. pag. 289 .
Oxydo vermelho de ferro . V. pag . 290 .
Oxydo rubro de mercurio . V. pag . 374 .
Oxydo de ouro . V. pag . 413 .
OXYDO DE ZINCO ou Flôres de zinco ( Oxyde
de zinc ou fleurs de zinc , fr . ) . Acha-se em frocos
brancos, leves, brandos ao tocar , inodoros e insipidos,
não soluveis na agua nem no alcool. Além do oxydo
de zinco preparado nos laboratorios chimicos, algu-
mas formulas ha que exigem o emprego de um oxydo
impuro, obtido no tratamento metallurgico dos mi-
neraes de zinco, e que é conhecido com o nome de
tuthia , ou de cadmio das formalhas ; não tem
applicação interna, e só entra em algumas pomadas .
Deveria proscrever- se o seu emprego, porque sua
composição é muito variavel , e quasi sempre contém
arsenico ; e muitos autores aconselhão substitui-lo
pelo oxydo de zinco puro.
Interiormente é aconselhado na epilepsia , hyste-
rismo, choréa , asthma , eclampsia e outras affecções
nervosas . Exteriormente como adstringente nas oph-
thalmias , belidas da cornea , excoriações e chagas
resultantes do prolongado decubito na cama , nas
ulceras psoricas e dartrosas . Em França é conside-
rado como antispasmodico, e na Italia como hypos-
thenisante espinhal .
414 OURO ( CYANURETO DE ) .
EXTERIORMENTE. 1/10 a 1/2 grão misturado com
igual quantidade de polvilho , em fricções na lingua.
Pilulas de chlorureto de ouro.
Chlorureto de ouro 5 grãos
Alcaçus pulverisado 1 1/2 oitava
Xarope simples q . s.
F. 400 pilulas. D. 4 a 2 e mais progressivamente
por dia.
CHLORURETO DE OURO E DE SODIO, HYDRO-
CHLORATO OU MURIATO DE OURO E DE SODA (Chlo-
rure d'or et sodium , hydrochlorate ou muriate d'or
et de soude, fr . ) . Sal de côr de laranja , cristallisado
em longos prismas de quatro faces, deliquescente ;
soluvel em agua .
Tem as mesmas propriedades que o chlorureto de
ouro, e é mais geralmente empregado nas molestias
syphiliticas. Em razão de sua energia , deve ser admi-
nistrado interiormente com grande precaução , em
pequenas fracções de grão, em solução em agua dis-
tillada. Nunca deve ser administrado em pilulas ou
em xaropes, pois que desta maneira se decomporia .
Tambem se administra em fricções na lingua , mas
não deve tocar os dentes, porque se tornão logo ne-
gros , inconveniente que não desapparece senão no
fim de algumas semanas. A quantidade do chloru-
reto de ouro e de sodio necessaria para a cura das
molestias syphiliticas varía de 3 a 40 grãos.
INTERIORMENTE . 1/20 a 1/4 de grão, uma a duas
vezes por dia , dissolvido em 4 onças d'agua dis-
tillada .
EXTERIORMENTE . 1/15 a 1/8 de grão misturado
com pós de lycopodio ou de lirio florentino, em fric-
ções na lingua.
Eis aqui a formula de Chrestien :
Chlorureto de ouro e de sodio 1 grão
Pó de lycopodio 2 grãos
M. Esta dóse divide-se ao principio em 15 papeis ,
depois em 14 , 13 , 12 , e até progressivamente em
8 papeis . Uma vez por dia se faz na lingua uma fric-
ção com um destes papeis.
CYANURETO DE OURO (Cyanure d'or, fr.) . Pó
amarello, insoluvel em agua.
OXYDO DE ZINCO. 445
Aconselhado nas molestias syphiliticas .
INTERIORMENTE . 1/4 a 1/2 grão em pilulas com
um extracto qualquer.
EXTERIORMENTE. 1/2 a 1 grão e mais , misturado
com igual quantidade de pó de lirio, em fricções na
lingua.
Oxalato de potassa . V. Sal de azedas.
Oxydo branco de antimonio . A preparação usada
na medicina , assim chamada , é o bi-antimoniato
de potassa , conhecida tambem por antimonio dia-
phoretico lavado. V. esta ultima palavra , pag . 148 .
Oxydo branco de arsenico. V. Acido arsenioso,
pag. 157.
Oxydo branco de bismutho . V. Sub-nitrato de
bismutho.
Oxydo negro dc ferro. V. pag . 289 .
Oxydo vermelho de ferro. V. pag. 290.
Oxydo rubro de mercurio. V. pag. 374 .
Oxydo de ouro. V. pag. 413.
OXYDO DE ZINCO ou Flôres de zinco ( Oxyde
de zinc ou fleurs de zinc , fr . ) . Acha-se em frocos
brancos, leves, brandos ao tocar , inodoros e insipidos,
não soluveis na agua nem no alcool . Além do oxydo
de zinco preparado nos laboratorios chimicos, algu-
mas formulas ha que exigem o emprego de um oxydo
impuro, obtido no tratamento metallurgico dos mi-
neraes de zinco, e que é conhecido com o nome de
tuthia , ou de cadmio das fornalhas ; não tem
applicação interna , e só entra em algumas pomadas .
Deveria proscrever- se o seu emprego, porque sua
composição é muito variavel , e quasi sempre contém
arsenico ; e muitos autores aconselhão substitui-lo
pelo oxydo de zinco puro.
Interiormente é aconselhado na epilepsia , hyste-
rismo , choréa , asthma , eclampsia e outras affecções
nervosas . Exteriormente como adstringente nas oph-
thalmias , belidas da cornea , excoriações e chagas
resultantes do prolongado decubito na cama , nas
ulceras psoricas e dartrosas . Em França é conside-
rado como antispasmodico , e na Italia como hypos-
thenisante espinhal .
416 PAO PEREIRA .
Subst. incomp. Os acidos, os saes e os sumos
acidos.
INTERIORMENTE . 2 a 8 grãos , tres ou quatro vezes
por dia , em pó ou pilulas.
EXTERIORMENTE . Pó, insufflado nos olhos, na dóse
de alguns grãos .
Pilulas contra a epilepsia ( Dupuytren) .
Oxydo de zinco 48 grãos
Pós de valeriana 36 grãos
Castoreo 4 grãos .
F. 12 pilulas, que se tomão em tres doses por dia.
Devem continuar-se por muito tempo.
Collyrio secco (Dupuytren) .
Oxydo de zinco
Calomelanos aná 4 grãos.
Assucar candi
Reduz-se tudo a pó impalpavel. Na opacidade da
cornea , assopra-se sobre ella.
Ceroto de Hufeland.
Ceroto simples 4 onça
Oxydo de zinco 36 grãos
Lycopodio em pó 36 grãos.
F. S. A. Ulcerações das palpebras.
Unguento de tuthia.
Oxydo de zinco 1 oitava
Manteiga ou banha lavada
em agua de rosas 2 oitavas
Unguento rosado 2 oitavas.
M.
Pomada de Janin.
Calomelanos 4 oitava
Oxydo de zinco 2 oitavas
Bolo de Armenia 2 oilavas
Banha 6 oitavas
F.,S. A. Opacidade da cornea .
PAO PEREIRA , páo forquilha, páo de pente,
camará de bilro, camará do mato, canudo amargoso
ou pinguaciba (Geissospermum vellosii, Dr F. Freire
Allemão ) . Arvore do Brasil : eis aqui alguns de seus
caracteres, segundo este autor, que atem encontrado
a mais de 1000 pés de altura, nas montanhas da Tijuca,
da Estrella e de Gerecinó, e que se acha tambem nas
PAO PEREIRA. 447
florestas da provincia da Bahia , de Minas e do Espi-
rito Santo. Arvore de grande altura ; casca grossa ,
profunda e irregularmente gretada , na parte tube-
rosa ; o liber tem uma côr de ochre amarella ; de
sabor mui amargo sem adstringencia notavel. Ramos
tortuosos , copados , cobertos de um tomento pardo.
Folhas alternas, ovaes-lanceoladas , de 2 a 3 pollegadas
de comprido sobre 1 a 1 1/2 de largo . Flores peque-
nas, de cor parda , sem cheiro. De ordinario só uma
ou duas flores chegão a fructificar; e de cada uma
resultão dous fructos ( raras vezes um , por aborto) ,
carnosos, ovaes , acuminados, divergentes; em quanto
verdes estão cobertos, de pellos cinzentos, luzidios,
depois de maduros são glabros e amarellos . Sementes
lenticulares, oblongas ou arredondadas ; dispostas
em 2 flas de 4 a 5, raras vezes mais , de cada lado
de falsos septos, sobre os quaes estão applicadas, e
imbricadas de modo que a primeira e inferior cobre
metade da segunda , esta metade da terceira, e assim
por diante ; envolvidas n'uma polpa fibrosa, succu-
lenta. P. us . Casca.
Conhecida e empregada pelos Indios e algumas
pessoas do interior do Brasil contra as febres inter-
mittentes, foi ultimamente esta casca introduzida na
materia medica brasileira , e varios medicos do Rio
de Janeiro bem depressa reconhecerão que é um
tonico e anti-febril precioso. O Sr. Ezequeil Corrêa
dos Santos, pharmaceutico do Rio de Janeiro, obteve
em 1838 desta casca uma substancia a que chamou
pereirina , que suppõe ser um alcaloide, e constituir
o seu principio activo . Esta substancia foi empregada
com bom exito nas febres intermittentes. O Sr. Pfaff
de Kiel analysou esta casca junto com o Sr. Behrend
Goos, pharmaceutico hamburguez . Eis aqui as sub-
stancias descobertas por esta analyse : 4 ° Um alcaloide
(pereirina ) de cor pardo-amarella , que não apre-
senta cristaes, não se dissolve na agua, mas é soluvel
no ether, alcool e nos acidos . 2º Uma substancia
extractiva , resinosa e amarga , que se dissolve em
alcool , mas não na agua nem no ether. 3º Uma
gomma. 4º Uma pequena quantidade de amido . 5° Um
acido vegetal unido ao alcali da casca . As cinzas da
448 PARIETARIA.
casca continhão : potassa , cal , magnesia , ferro oxy-
dado , cobre oxydado , acido sulfurico, muriatico,
phosphorico, carbonico e silicico . Em conclusão, este
medicamento é uma boa acquisição para a medicina,
e o seu uso merece ser generalisado.
INTERIORMENTE . Decocção : 1 onça para 16 onças
d'agua.
EXTERIORMENTE. Decocção : em banhos . Meia a
4 libra para um banho .
Páo santo. V. Guaiaco, pag. 317.
PAPOULAS ( Coquelicot , fr .). Papaver rhaeas,
L. Planta que em Portugal habita frequente nos ter-
renos cultos entre as searas ; é cultivada nos jardins
do Brasil . Caule piloso, flòres vermelhas, de cheiro
um pouco nauseante, folhas pinnatifidas ; o fructo é
uma capsula ovoide, glabra com muitas sementes
brancas . P. us. Fo-
lhas e fructos .
Emolliente, eleve
narcotico.
INTERIORMENTE .
Infusão : 1/2 oitava
para 16 onças d'agua
fervendo.
Parreira brava.
V. Abutua, pag. 77 .
PARIETARIA
( Pariétaire , fr. ) .
Parietaria offici-
nalis, L. Planta que
habita nos tapumes ,
nas ruinas dos edi-
ficios, frequente em
todo o reino de Por-
tugal ; acha-se tam-
bem no Brasil.
Fig. 96.-- Parietaria. Fig. 96. Caule pu-
bescente , averme-
lhado, folhas ovaes, agudas, luzidias na parte supe-
rior, pubescentes na inférior, flores pequenas, verdes ,
sabor salgado. P. us . Toda a planta.
Goza de propriedades diureticas que deve ao sal
PEPINO. 419
de nitro que contém . Emprega-se nas irritações das
vias urinarias , em algumas retenções de urina , e nas
febres inflammatorias .
INTERIORMENTE . Infusão : 1 1/2 oit . para 16 onças
d'agua fervendo . Agua distillada : 2 a 4 onças, como
vehiculo das poções diureticas .
Cataplasma contra a ischuria.
Cebolas brancas cortadas nº 6
Folhas de parietaria 4 pugillos
Decocção de raiz de althea q . b.
F. S. A. cataplasma , que se applicará sobre o pubis.
PASSAS DE UVAS ou simplesmente Passas (Rai-
sins secs, fr . ) . Emolliente e expectorante ; entrão na
composição dos fructos bechicos . Servem para pre-
parar o cozimento contra a tosse . O cozimento pre-
para-se com uma onça de passas e 16 onças d'agua .
Cozimento peitoral ( Pharmacopéa londinense) .
Cevada 2 onças, passas 2 onças, figos seccos 2 on-
ças, raiz de alcaçus 1/2 onça , agua 48 onças. Ferva
primeiramente a agua com a cevada , depois ajunte
as uvas, e pouco antes de tirar o cozimento do fogo
ajunte os figos e o alcaçus ; deve-se continuar a fer-
vura até que o licôr fique no ponto de produzir só
24 onças depois de coado.
Cozimento peitoral (Pharmacopéa de Edimburgo) .
Passas 1/2 onça , cevada 1/2 onça , figos seccos
No 2 , lirio florentino 2 oitavas, alcaçus 2 oitavas,
tussilagem 2 oitavas, agua 36 onças . Ferva a agua
com as passas e cevada até ficar em 24 onças, ajunte
as outras substancias pouco antes de tirar o cozi-
mento do fogo, e filtre.
Páu pereira. V. pag. 446 .
Pecegueiro. V. Flores de pecegueiro , pag. 301 .
Pedra-hume. V. Alumen , pag. 129 .
Pedra infernal . V. pag. 392 .
PEPINO (Concombre, fr. ) . Cucumis sativus, L.
Planta cultivada nas hortas do Brasil e de Portugal.
Dá um fructo de fórma longa, um pouco arqueado,
de cor branca, verde ou amarella, conforme as varie-
dades e ás vezes o gráo de madureza . Este fructo
constitue um alimento refrigerante.
Nas boticas prepara-se com pepino e banha uma
420 PERPETUA.
pomada que se emprega no curativo das feridas ;
goza de propriedades emollientes.
Pomada de pepino . Banha de porco 4 onças, ba-
nha de vitella 4 onça . Derreta ; côe e ajunte depois
do resfriamento : succo de pepinos 2 onças.
Misture, deixe a mistura por 24 horas, decante o
succo e substitua-o pelo novo succo , repetindo esta
operação até dez vezes, até que a banha adquira o
cheiro mui forte de pepinos .
PEPSINA ( Pepsine, fr . ) . Substancia amarellada
semelhante á gomma , soluvel em agua . Obtem-se
raspando uma certa quantidade de membranas mu-
cosas de estomagos de carneiros , macerando-as em
agua , filtrando , precipitando - as pelo acetato de
chumbo, fazendo passar uma corrente de hydrogeneo
sulfureo no precipitado, tornando a filtrar e deixando
seccar o producto que é a pepsina. Esta substancia
é aconselhada nas digestões difficeis, dôres de esto-
mago, vomitos nervosos, etc., na dose de 18 grãos por
dia, em pó, que se toma em obrêa, ou em pilulas.
Perchlorureto de ferro. V. pag. 294 .
Pereira. V. Páo pereira, pag. 416 .
PERIPAROBA ( no Rio de Janeiro ) , Caapeba
( em Minas) . Piper umbellatum , L. Planta do Brasil ,
de 4 a 5 pés de altura ; folhas grandes, quasi redon-
das, tendo mais de 1 pé de diametro. Raiz de diffe-
rente grossura , desde a de uma penna de ganso até
uma pollegada de diametro, e mais ; cheiro mui aro-
matico quando fresca , sabor quente. P. us . Raiz.
Estomachico e sudorifico, empregado nas obstruc-
ções abdominaes que sobrevem depois das febres
intermittentes .
INTERIORMENTE. Infusão : 3 oitavas para 16 onças
d'agua fervendo.
EXTERIORMENTE . As folhas frescas applicão-se nos
rheumatismos sobre os lugares dolorosos, e para cu-
rar as ulceras inveteradas.
PERPETUA , Xeranthemum annuum , L. Planta
que habita no Brasil . Caule de 2 pés, liso, folhas ovaes
agudas , flor composta de escamas seccas , de còr
purpurea ou branco- rosea.
Emolliente, expectorante.
PHOSPHORO. 421
INTERIORMENTE . Infusão : oitava para 16 onças
d'agua fervendo .
PERSICARIA. Dá-se ás vezes este nome á herva
do bicho. V. Herva do bicho, pag. 320.
PEZ DE BORGONHA ( Poix de Bourgogne, fr. ) .
Pedaços de cor amarellada , duros , ficando molles
pelo calor ; sabor e cheiro de terebenthina . É um pro-
ducto do pinho.
Empregado exteriormente em fórma de emplasto
como derivativo nas affecções rheumatismaes, pleu-
rodynia, certas dòres vagas , etc. Applicada na pelle,
produz ás vezes uma erupção de pequenos botões.
Entra na composição de muitos unguentos .
Phosphato (Pyro) de ferro. V. pag. 294.
PHOSPHATO DE SODA ou Sub-phosphato de
soda (Phosphate de soude , fr. ) . Sal inodoro, branco, de
sabor levemente salino , um pouco desagradavel, cris-
tallisado em prismas rhomboidaes, soluvel em agua .
Purgante ; na dóse de 1 a 2 onças dissolvidas n'um
copo d'agua fria.
PHOSPHORO (Phosphore fr .) . Corpo simples, ex-
trahido dos ossos de animaes. Ésolido , ordinariamente
debaixo da forma de pedaços cylindricos da grossura
de uma penna de ganso, meio transparente, flexivel,
branco-amarellado, de sabor quente ; derrama no ar
vapores esbranquiçados de um cheiro de alho . Não
é soluvel na agua, mas soluvel no ether e nos oleos .
Administrado em alta dóse é um veneno violento,
queima e desorganisa os tecidos com que é posto em
contacto ; mas quando é empregado com as precau-
ções que indicaremos, póde ser dado interiormente ;
é então um excitante prompto e poderoso, cuja acção
se dirige principalmente sobre o systema nervoso e
genito-urinario . É aconselhado nas febres adynami-
cas e ataxicas, rheumatismos, chlorose, syncope, pa-
ralysia, epilepsia, amaurose, cardialgia, impotencia
viril ; mas usa-se raras vezes . Para uso interno con-
vem preferir-se as preparações em que se acha o
phosphoro em dissolução, e não as em que elle se
acha simplesmente dividido .
A escola italiana sustenta que a acção do phosphoro
não foi bem apreciada, tendo os autores confundido
24
422 PICÃO DA PRAIA.
a acção local ou physico-chimica com a acção dyna-
mica que não conhecerão . Esta ultima acção é hy-
posthenisante segundo esta escola , se se deve julgar
pelos effeitos toxicos geraes sobre os animaes.
INTERIORMENTE . 1/8 a1 grão por dia, em dissolução ,
Ether phosphorico ( Phosphoro, 1 p .; ether sulfu-
rico, 50 p . Ponha tudo em frasco esmerilhado e co-
berto com papel preto ; macere por um mez, tendo o
cuidado de mexer de quando em quando ; passa-se
depois para frascos de pequena capacidade, e cober-
tos com papel preto . 1 onça contém cerca de 4 grãos
de phosphoro) . D. 5 a 10 gottas em emulsão .
Oleo phosphorico (Phosphoro, 1 p. ; azeite doce,
30 p . ) . F. S. A. - - D. 20 a 30 gottas em loock ou
emulsão, que se toma por colheres. 1 onça contém
4 grãos de phosphoro .
EXTERIORMENTE. Pomada de phosphoro ( Phos-
phoro, 4 p.; banha, 50 p. ) . Em fricções, na dóse de
20 a 30 grãos ; duas a tres vezes por dia.
Poção phosphorica etherea (Soubeiran).
Ether phosphorico 4 oitava , agua de hortelãa 2 on-
ças, xarope de gomma 2 onças.
M. Uma colher de sopa de hora em hora. Esta po-
ção contém cerca de 1/2 grão de phosphoro.
Poção phosphorica oleosa ( Soubeiran) .
Oleo phosphorico 2 oitavas, gomma arabica 2 oita-
vas, agua de hortelãa 3 onças , xarope simples 4 onça .
F. S. A. Uma colher de sopa de hora em hora.
Esta poção contém 1 grão de phosphoro .
Pomada phosphorica alcanforada (Cruveilhier) .
Phosphoro 40 grãos, camphora 4 oit. , banha 1 onça .
F. S. A. Paralysia . Meia a 4 oit. em fricções por dia.
Linimento phosphorico (Gerden) .
Phosphoro, 36 grãos , essencia de terebenthina 3 on-
ças, essencia de sabina 3 onças , ammoniaco liquido
2 oitavas.
F. S. A. Gota , rheumatismo chronico. Uma fric-
ção por dia, ao sahir de um banho morno .
PICAO DA PRAIA. Acanthospermum . Schrank.
Planta rasteira do Brasil . Habita nos lugares areno-
sos. Caule herbaceo, folhas miudas, ovaes, levemente
dentadas , aromaticas e amargas ; flor amarellada ;
PIMENTA DA INDIA. 423
sementes pequenas , oblongas , de fórma elliptica,
tendo 3 a 4 linhas de comprimento , cobertas de
pellos curvados. P. us . Folhas e caule.
Tonico, aconselhado contra as febres intermittentes.
INTERIORENTE . Infusão : 1 oit. para 6 onças d'agua
fervendo.
EXTERIORMMENTE . Decocção em banhos .
PIMENTA DA INDIA ou Pimenta do reino ou
Pimenta negra ( Poivre , fr. ) . Sementes do Piper

Fig. 97. - Pimenta da India.


nigrum , L. , arbusto trepante da India, cultivado no
Brasil . Fig. 97. Estas sementes são redondas , fus-
cas, de sabor e cheiro aromatico e picante .
424 PINHÃO DE PURGA.
Estimulante energico ; em pequenas doses facilita
a digestão . Emprega - se em todas as nações como
tempero. É aconselhada nas febres intermittentes
rebeldes e na cholera . Exteriormente serve para com-
bater a relaxação da campainha da garganta, em
gargarejos nas esquinencias chronicas.
Subst. incomp. As infusões adstringentes.
INTERIORMENTE. Pó, ↳ a 24 grãos. Infusão :
4/2 oit. para 6 onças d'agua fervendo .
Exteriormente . Infusão : em gargarejos : 2 oi-
tavas para ter 6 onças de liquido .
PIMENTAO (Piment . fr. ) . Fructo da Capsicum
annuum, L., planta originaria das duas Indias. culti-
vada em toda a parte . Este fructo é uma capsula co-
nica , luzidia , amarella ou vermelha , contendo se-
mentes chatas , amarelladas ; sabor acre e quente.
Estimulante energico, empregado nos mesmos ca-
sos que a pimenta da India , e principalmente em
gargarejos nas esquinencias chronicas.
INTERIORMENTE. 6 a 24 grãos em pó ou pilulas.
EXTERIORMENTE . Infusão : 4 oitava para 12 on-
ças d'agua fervendo em gargarejos .
Ha no Brasil muitas especies de PIMENTA, perten-
centes ao genero Capsicum . As mais usadas na arte
culinaria são pimenta comary, pimenta de cheiro,
pimenta malagueta, etc. Todas são excitantes, e
podem-se empregar em medicina como o pimentão,
nas mesmas dóses.
Gargarejo com pimenta de comary.
Pimentas de comary No 8
Sal de cozinha 1/2 oitava
Sumo de limão azedo 1/2 onça
Agua quente 6 onças .
Machucão-se as pimentas com o sal e sumo de li-
mão, e depois ajunta- se a agua quente . Este garga-
rejo emprega-se com proveito nas esquinencias , e
principalmente nas que acompanhão a escarlatina .
PINHÃO DE PURGA. Fructo do Jatropha cur-
cas, L., arbusto que habita no Brasil . Este arbusto
tem folhas grandes , cordiformes, com cinco lobos,
cheios de um succo leitoso ; as suas flôres são verde-
amarelladas, de cheiro agradavel . O fructo é uma
POLYGALA AMARGA. 425
capsula quasi globosa , do tamanho de uma noz ; con-
tém dentro de uma casca coriacea, denegrida, tres
sementes do tamanho e da fórma de uma azeitona ,
compostas de uma casca dura, de còr ròxa escura ,
e de uma amendoa branca, oleaginosa , de sabor ado-
cicado ao principio, e depois um pouco acre. São es-
tas amendoas que são dotadas de virtude purgativa,
na dóse de 1 a 3 amendoas. O oleo destas amendoas
é purgante na dóse de 15 a 24 gottas.
PIPI ou Raiz de guiné. Petiveria tetrandra.
Gomez. Arbusto do Brasil, de 3 a 5 pés de altura .
Tronco liso, lenhoso, da grossura de um dedo ; folhas
ovaes, agudas, alternas ; raiz da grossura de uma
penna ou de um pequeno dedo , tortuosa , amarella
escura por fóra, branca por dentro, cheiro mui fe-
tido, sabor acre. P. us. Raiz.
Estimulante, empregado nas paralysias.
EXTERIORMENTE . Infusão : em banhos. Uma libra
de raiz de pipi para um banho . Tintura em fricções
na paralysia.
Poaya. V. Ipecacuanha, pag. 344 .
POEJO ( Pouliot, fr. ) . Mentha pulegium, L.
Planta que habita no Brasil e em Portugal nos sitios
um tanto humidos. Caule horizontal, folhas pequenas
ovaes, inteiras, obtusas, quasi rentes ; sabor quente,
cheiro aromatico, semelhante um pouco ao da hor-
telãa.
Emmenagogo, empregado em fórma de chá que se
prepara com 4 oitava de poejo e meia libra d'agua .
POLVILHO , Amido , Gomma ( Amidon , fr. ) .
Substancia que existe em muitos vegetaes, e princi-
palmente na raiz de mandioca, centeio, cevada e ba-
tatas. É branca, pulverulenta, sem sabor e sem cheiro,
inalteravel ao ar.
Emolliente, empregado frequentemente em clys-
teres, contra a diarrhéa.
Clyster de polvilho.
Polvilho 4 oitavas
Agua fria 3 onças.
Dilua, e ajunte pouco a pouco e mexendo
Agua quente 5 onças .
POLYGALA AMARGA (Polygala amer, fr. ) . Po-
24.
426 POLYGALA SENEGA.
lygala amara, L. Planta da Europa . P. us . Raiz.
Acha-se no commercio a raiz , do comprimento de
uma pollegada , de linha e meia de diametro , com
fibras ramificadas , nodosas , enroladas ; cheiro um
pouco aromatico, sabor um tanto acre e muito amargo .
Tonico ; provoca ás vezes evacuações alvinas.
INTERIORMENTE . Pó , 18 grãos a 4 oitava . Infusão :
4 oit. para 46 onças d'agua fervendo . Extracto, 1/2
a 1 oitava em pilulas.
POLYGALA SENEGA ou Polygala de Virginia
(Polygala de Virginie, fr.) . Polygala senega, L.
Planta da America septentrional. Fig . 98. P.us. Raiz.
Esta raiz no commercio é de grossura variavel , en-
tre a de uma penna
de ganso e a do dedo
minimo , enrolada
em espiral, ramosa ,
tem de um lado uma
crista longitudinal
saliente ; sua casca
é acinzentada, resi-
nosa; o meditullio
lenhoso , branco ;
cheiro nauseante ;
sabor ao principio
adocicado , depois
acre.
Excitante e diure-
tica, aconselhada no
hydrothorax e ou-
tras hydropisias ,
rheumatismos , ca-
tarrhos pulmonares;
em alta dóse occa-
siona ás vezes vo-
mitos e evacuações
alvinas .
Forão indicadas
como analogas desta
Fig. 98. Polygala de Virginia. polygala , mas que
ozão de propriedaes muito mais fracas, a polygala
marga e a polygala vulgar. Quando o medico re-
PONTAS DE VEA DO . 427
ceitar simplesmente polygala , sem designar a espe-
cie, entender-se-ha a polygala de Virginia.
INTERIORMENTE . Pó, 10 a 36 grãos . Infusão :
4 oit . para 46 onças d'agua fervendo . Tintura, meia
a 2 oitavas em poção . Extracto, 36 grãos a 4 oitava
em pilulas.
POMBINÉA. Phyllanthus niruri, L., e Phyl-
lanthus microphyllus . Martius . Planta do Brasil .
Caule de 2 pés, mui fino , folhinhas alternas, mui pe-
quenas, ovaes, orbiculares ; raiz fusca por fóra, es-
verdinhada por dentro ; flôr amarella esverdinhada.
P. us. Toda a planta.
Emprega-se como diuretico.
INTERIORMENTE. Infusão : 4 oitava para 16 onças
d'agua fervendo .
PONTAS DE VEADO (Corne de cerf, fr. ) . Achão-
se no commercio inteiras e raspadas. No primeiro
estado são pedaços mais ou menos compridos, coni-
cos, de côr amarella arrôxada no exterior, branca
amarellada interiormente , inodoros, de sabor mu-
cilaginoso ; no segundo , são fitas dispostas em spiraes,
amarelladas ou arrôxadas no exterior, brancas no
interior.
As pontas de veado calcinadas preparão-se quei-
mando-as em um cadinho até se tornarem brancas ;
depois a massa se pulverisa , lava-se e se reduz a
trociscos. O producto não é outra cousa senão o sub-
phosphato de cal misturado com o carbonato ,
As pontas de veado constituem um medicamento
emolliente , empregado nas diarrhéas e affecções
de peito.
INTERIORMENTE :
Decocção ou Cozimento branco de Sydenham .
Pontas de veado calcinadas e porphyrisadas 54
grãos, miolo de pão 2 1/4 oitavas, gomma arabica
5 grãos, assucar 3 oitavas, agua de flôr de laranja
1 1/2 oitava, agua commum um pouco mais de
12 onças .
Triture n'um gral de marmore as pontas de veado
com o miolo de pão ; ponha esta mistura no fogo com
mais de 12 onças d'agua e gomma, ferva por meia
hora n'um vaso coberto ; còe com uma leve espres -
428 POTASSA CAUSTICA.
são; ajunte o assucar e a agua de flor de laranja . Estas
quantidades devem dar 12 onças de decocção branca.
D. Uma chicara de duas em duas horas nas diarrhéas .
Cozimento branco gommado ou Cozimento de
pontas de veado composto ( Ph . G. ) .
Raspas de ponta de veado 1 onça , miolo de pão
4 onça, agua 48 onças, còe e ajunte gomma arabica
2 oitavas, assucar 2 onças . D. Uma chicara de duas
em duas horas na dysenteria .
POTASSA CAUSTICA , Pedra de cauterio ou
Hydrato de protoxydo de potassio impuro (Potasse
caustique, pierre à cautère ou hydrate de protoxyde
de potassium impur) . Fragmentos chatos, irregu-
lares, quebradiços , de còr branca acinzentada , ás
vezes avermelhados , sabor extremamente caustico ,
e cheiro fraco.
A potassa caustica é um dos causticos mais empre-
gados para fazer fontes , abrir abcessos , cauterisar
tumores erectis, etc. Applica-se para esse fim sobre
a pelle um emplasto de diachylão, offerecendo no cen-
trò uma abertura, na qual se deita um pedaço de
potassa de 4 a 6 grãos, que se cobre com um outro
pedaço de emplasto, maior do que o primeiro e sem
buraco. Passadas seis ou sete horas, ou mais ainda,
levanta-se o apparelho, e acha-se a escara duas vezes
mais larga do que a abertura do emplasto . A potassa
caustica é um dos venenos mais irritantes, entretanto
foi administrada interiormente contra a lepra , as es-
crophulas, areias, colicas nephriticas , e outras affec-
ções dependentes do excesso do acido urico nas uri-
nas . A escola italiana considera a potassa adminis-
trada interiormente como hyposthenisante.
INTERIORMENTE. Dissolução . Potassa , 4 p .; agua
distillada , 10 p . D. 5 a 20 gottas n'uma poção de
4 onças.
EXTERIORMENTE. Em banhos , 2 onças para um
banho geral .
Pós causticos de Vienna .
Potassa caustica 5 partes, cal viva 6 p . Faz-se de
tudo uns pos, que devem logo guardar-se em frasco
esmerilhado de bocca larga e bem enxuto . Eis aqui
a maneira de se servir deste caustico para abrir uma
PYRETHRO. 429
fonte. Faz-se com uma pequena quantidade destes
pós e aguardente uma massa molle, que se applica
sobre a pelle do mesmo modo que a potassa caustica,
acima indicado. Este caustico é preferivel á potassa
caustica ; sua acção é prompta, viva e circumscripta .
Caustico de Filhos.
Potassa caustica 30 oitavas, cal viva em pó 10 oi-
tavas. Preparão-se tubos delgados de chumbo de
3 linhas de diametro e de 4 a 6 pollegadas de com-
prido , que se cortão de um comprimento conve-
niente ; tapa - se uma extremidade com um pedaço
de ferro . Uma perfeita obturação é necessaria para
se poder conservar o caustico. Enterrão-se verti-
calmente esses tubos em barro ; então mette - se
numa colher de ferro 30 oitavas de potassa caustica
e aquece -se vivamente até que a potassa esteja em
fusão tranquilla ; ajunta-se por duas ou tres vezes a
cal mexendo continuamente com uma haste de ferro ;
vasa-se então a mistura em tubos. Logo que estes
forem resfriados, regularisa-se-lhes as extremidades
superiores, e fechão-se, as aberturas em baixo, em
tubos de vidro guarnecidos no fundo de uma camada
de cal viva , e que se fechão bem.
Este caustico é empregado para cauterisar o collo
uterino . Para servir-se d'elle, corta-se-lhe a ponta ,
como a um lapis.
Caustico de Pollau.
Potassa caustica em pó 5 partes, sabão em pó 5 p. ,
cal em pó 40 p. Misture e feche num frasco . Faça uma
massa com q. s . de alcool . Esta massa , que se ap-
proxima muito do caustico de Vienna , tem sido por
muito tempo o monopolio de Pollau , cirurgião de
Berlim , que a empregava para destruir as verrugas
e as nodoas da pelle .
Proto-chlorureto de ferro. V. pag. 294 .
Proto-chlorureto de mercurio. V. pag. 372.
Proto-iodureto de mercurio. V. pag. 337.
Proto-nitrato de mercurio. V. pag. 380 .
Protoxydo de chumbo fundido ou Lithargyrio.
V. pag. 350.
PYRETHRO ( Pyrèthre , fr . ) . Anthemis pyre-
thrum , L. Planta do Levante . P. us. Raiz. Esta raiz
430 QUASSIA.
é denegrida por fóra, branca por dentro, da grossura
de um dedo, de cheiro forte quando está em massa ;
sabor acre, picante e provocando a salivação .
Excitante, entra na composição das preparações
odontalgicas.
EXTERIORMENTE . Tintura alcoolica ( Pyrethro ,
4 p.; alcool , 4 p. ) . 1 oitava em 4 onças d'agua como
collutorio.
Tintura etherea (Pyrethro, 4 p .; ether sulfurico,
4 p .) . Molha-se um pouco de algodão nesta tintura, e
introduz -se na cavidade do dente cariado, para acal-
mar a dor.
Elixir odontalgico ( Ancelot ) .
Alcoolato de alfazema 8 partes
Raiz de pyrethro 1 parte.
Macere e filtre. Mistura-se com 4 partes d'agua ,
para lavar a bocca .
Elixir aromatico ( Lefoulon ) .
Tintura de baunilha 1/2 onça
Tintura de pyrethro 4 onças
Alcoolato de hortelãa 4 onça
Alcoolato de alfazema 1 onça
Alcoolato de rosas 2 onças.
M. Deitão-se algumas gottas deste elixir n'um copo
d'agua , e lava-se a bocca com esta mistura .
QUASSIA (Quassia , fr. ) . Quassia amara , L.
Arvore que habita a Jamaica , Guiana ; cultiva - se
no Brasil nas provincias da Bahia e do Pará. Fig . 99.
P. us. Lenho e raiz . A raiz é da grossura de um
braço, cylindrica , coberta com uma casca delgada ,
acinzentada e rachada ; o lenho vem para o com-
mercio em pedaços grossos , de cor branca amarel-
lada , leve, difficil de pulverisar, inodoro , de sabor
intensamente amargo puro .
Tonico energico e puro, empregado contra as mo-
lestias atonicas, dyspepsia , vomitos spasmodicos , e
como febrifugo . Em alta dóse occasiona vertigens ,
vomitos, uma fraqueza geral , e por esta razão é con-
siderada como hyposthenisante pela escola italiana.
INTERIORMENTE. Pó, 24 a 36 grãos . Infusão : 1 oit .
para 16 onças d'agua fervendo . Extracto, 36 grãos a
1 oitava em pilulas .
QUASSIA . 431
Vinho ( Quassia , 1 parte ; vinho da Madeira , 24 p .
Filtre no fim de alguns dias de maceração ) . D. 1 a
3 onças .
Tintura. 1 a 2 oitavas em poção .

Fig. 99. Quassia.


Vinho amargo .
Quassia raspada 1 onça
Cravos da India pulverisados 12 grãos
Vinho de Malaga 8 onças.
432 QUINA.
Digira e filtre. D. Uma colher tres a quatro vezes
por dia, nos vomitos das mulheres gravidas.
Cozimento tonico.
Quassia 2 oitavas
Centaurea menor 2 oitavas
Agua q. s. para ter 16 onças
de decocto ; ajunte
Xarope de losna 2 onças .
Uma chicara de duas em duas horas.
QUINA ( Quinquina , fr. ) . Casca de muitas arvores
pertencentes ao genero Cinchona , que habitão no
Perú e nas outras partes da America meridional . Ha
perto de 40 especies de quina , que são arvores ou
arbustos, com flores dispostas em paniculas thyrsi-
formes, brancas , roseas ou avermelhadas. As prin-
cipaes especies são C. calisaya, Wedd ; C. conda-
minea ou officinalis ; C. micrantha, Ruiz e Pavão ;
C. ovata, Wedd. Eis aqui a descripção de C. offici-
nalis , L. Fig. 100. Arbusto elegante de 15 pés de
elevação sobre 4 pé de diametro ; casca rachada , de
côr pardacenta , da qual mana por incisão um succo
amargo e adstringente ; ramos direitos e oppostos ;
folhas oppostas, glabras , ovaes, lanceoladas, luzentes,
quasi coriaceas, supportadas por um peciolo de uma
pollegada , de côr rosea ; flores brancas ou roseas,
dispostas em paniculas terminaes ; calyx campanu-
lado , com 5 dentes agudos ; corolla em fórma de
funil, tubo cylindrico, alongado com 5 angulos ob-
tusos ; limbo com 5 divisões ovaes, agudas ; o fructo
é uma capsula ovoide, sementes lenticulares . Esta
especie é uma das mais importantes do genero ; ha-
bita no Perú. No commercio ha tres principaes espe-
cies de quina , que provem de arvores differentes ,
ou da mesma arvore, são : quina cinzenta , amarella
e vermelha .
A quina cinzenta apparece em pedaços mais ou
menos compridos, da grossura de um dedo ou de
uma penna de ganso, cylindricos, epiderme cinzenta,
delgada, rachada, cheia de lichen , de côr amarella in-
teriormente, de sabor amargo e adstringente. O pó é
louro. Esta especie provem de pequenos ramos.
A quina amarella consiste em pedaços mais gros-
QUINA. 433
sos do que os da quina cinzenta, cylindricos , ou em
fórma de canudos ; epiderme acinzentada , mais es-
pessa , com menor quantidade de lichen ; de um ama-
rello mais claro no interior ; sabor mais amargo,
menos adstringente. Pó amarello . Provem dos ramos
mais velhos e do tronco.

Fig. 100. Quina.


A quina vermelha se acha em cascas geralmente
planas , ás vezes enroladas, compactas, epiderme ru-
gosa, raras vezes coberta de lichen , de cor vermelha
escura pela face interna sendo quebrada offerece
um grande numero de pontos brilhantes ; de sabor
amargo e mui adstringente. Pó vermelho. Provem
do tronco.
A quina é um dos medicamentos mais importantes :
é dos tonicos e anti-periodicos o mais seguro. Em-
prega-se com grande vantagem nas febres intermit-
25
434 QUINA.
tentes, nevralgias e outras affecções periodicas , nos
engurgitamentos do baço e figado, que resultão das
febres intermittentes ; nas digestões difficeis, diar-
rhéas, tosses humidas e convulsivas , amenorrhéas,
chloroses, leucorrhéas, consumpções , molestias es-
crophulosas e escobuticas , affecções adynamicas e
gangrenosas , febres perniciosas , febres typhoides ,
hemorrhagias passivas, emfim em todas as molestias
caracterisadas pela debilidade. Depois da descoberta
do sulfato de quinina , a casca de quina é pouco em-
pregada como febrifugo , ha entretanto casos nos
quaes não pode ser substituida : estes casos são fe-
bres miasmaticas e perniciosas. ― Exteriormente a
casca de quina aproveita nas ulceras sordidas , ato-
nicas , na podridão do hospital , nos fluxos chroni-
cos , etc. Todas as quinas não gozão absolutamente
das mesmas propriedades ; assim a quina cinzenta é
mais empregada como leve tonico e estomachico ; a
amarella é eminentemente febrifuga e anti-periodica :
a vermelha, rica em tannino, é um tonico poderoso
e adstringente . O uso prolongado de quina produz
vertigens, peso de cabeça , zunidos nos ouvidos e uma
surdez momentanea.
A escola italiana considera a acção da quina e do
sulfato de quinina como hyposthenisante cardiaco-
vascular; isto é , antiphlogistica, analoga á acção das
evacuações sanguineas.
Subst. incomp. Os alcalis, os saes de ferro, o sul-
fato de zinco, o nitrato de prata, o sublimado , o eme-
tico, as infusões de cato, de calumba , de rhuibarbo
e outras infusões adstringentes .
INTERIORMENTE . Pó como febrifugo (quina ama-
rella) , 4 oitava a 1 onça , em quatro dóses, n'uma
chicara de liquido, em doces, etc. Como tonico 12 a
36 grãos e mais , em 3 ou 4 dóses.
Infusão. Quina, 3 oitavas para 12 onças d'agua
fervendo .
Extracto molle . 36 grãos a 4 oitava e mais, em
pilulas, cozimento, poção , etc.
Extracto secco ( Sal essencial de Lagaraye) . 36 gr.
a 4 oitava e mais.
Xarope (Casca de quina cinzenta , 3 onças ; agua,
QUINA. 435
32 onças ; assucar, 16 onças . Ferva a quina na agua
por meia hora, n'um vaso coberto ; còe ; evapore o
licôr turvo até á metade do seu volume, ajunte o assu-
car ; ferva até à consistencia de xarope , e quando
este ficar frio, còe por filtro de papel . Cod . fr. ) .
4 oitavas a 2 onças.
Xarope vinoso (Extracto molle de quina, 7 oit.;
vinho branco generoso , 16 onças ; assucar refinado ,
24 onças. Dissolva o extracto de quina no vinho,
filtre a dissolução, ajunte o assucar, e faça um xa-
rope por simples solução em vaso fechado . Cada onça
contém 12 grãos de extracto de quina . Cod . fr . ) .
D. 4 oit. a 2 onças.
Vinho. 2 a 4 onças por colheres. Sua preparação
acha-se indicada na pag. 54 .
Tintura (Quina, 4 onça ; alcool a 21 ° Cart. , 4 on-
ças . Macere por 15 dias, còe com espressão e filtre) .
1/2 a 1 onça em poção.
Tintura de quina composta ou Essencia anti-
septica de Huxham (Quina vermelha, onças ; ama-
rello de casca de laranja amarga, 1 1/2 onça ; raiz
de serpentaria, 3 oitavas ; açafrão, 1 oitava ; alcool
a 32º, 20 onças . Digira por 8 dias e filtre) . D. 4 oita-
vas a 1 onça como poderoso tonico .
EXTERIORMENTE . Decocção. Em banhos, 2 a 4 li-
bras . Em injecções , fomentações , lavatorios , 4 a 2 onç.
para 4 libras d'agua , que se reduzem a 3 pela ebullição .
Em cataplasmas . Pó, 1 a 3 onças em 8 onças de
farinha de linhaça .
Em clysteres. Extracto, 36 grãos a 2 oitavas .
Tintura. Em fricções nas differentes partes do
corpo, na dôse de 1/2 a 2 onças. Como tonico.
Ceroto de quina (Extracto alcoolico de quina,
4 p.; ceroto, 8 p .) .
Pó. Q. b. para polvilhar as ulceras.
Pós febrifugos (Hartmann ) .
Pó de quina 2 oilavas
Pó de cascarilha 12 grãos
Tomão-se por uma só vez.
Pós estomachicos .
Pó de quina 1 oitava
Pó de rhubarbo 1 oitava .
436 QUINA.
M. e divida em 12 papeis. D. Um , n'uma colher
de sopa, na occasião de jantar.
Bolo febrifugo.
Quina amarella 1 oitava
Nitro 6 grãos
Xarope de absinthio q. s.
F. 1. bolo . Toma-se por uma ou duas vezes , seis
horas antes do accesso .
Bolos de quina alcanforados.
Extracto de quina 1 oitava
Alcanfor 12 grãos
Extracto de opio 1 grão
Quina pulverisada q . s.
F. 12 bolos . D. 4 de tres em tres horas . Febres
adynamicas.
Electuario de Fuller.
Pó de quina amarella 2 1/2 onças
Pó de valeriana 1/2 onça
Pó de bagas de zimbro 1/2 onça
Mel de abelha q. s .
M. D. 3 a 4 oitavas como tonico e febrifugo.
Julepo do Dr Frank.
Infusão de quina 5 onças
Extracto de quina 6 oitavas
Alcoolato de canella 2 onças
Xarope de dormideiras 4 onça.
M. Uma colher de sopa de meia em meia hora.
Mistura tonica (Dubois ) .
Extracto de quina 4 oitava
Gomma arabica pulverisada 36 grãos
Agua 6 onças
Xarope de althéa 4 onça
Xarope de tolu 4 onça.
F. S. A. Duas colheres de sopa de hora em hora.
A mistura antispasmodica de Dubois é esta
mesma mistura, á qual se ajunta Licòr de Hoffmann
36 grãos.
Decocto de quina composto ( Pringle) .
Quina contusa 3 oitavas
Agua 16 onças.
Ferva ate reduzir a 8 onças .
Infunda n'este decocto por uma hora :
QUINA. 437
Raiz de serpentaria pulverisada 2 oitavas .
Còe e ajunte :
Alcoolato de canella 1 1/2 onça
Acido sulfurico diluido 1 1/2 onça.
D. Quatro colheres de sopa de hora em hora.
Cozimento anti-febril de Lewis.
Quina 1 onça
Serpentaria de Virginia. 1 onça
Agua 18 onças .
Ferva a quina, infunda a serpentaria, côe de modo
que se tenha 12 onças de liquido, e ajunte :
Alcoolato de canella 1 onça .
D. Uma chicara de 2 em 2 horas durante a apy-
rexia.
Cozimento contra as escrophulas (Russel) .
Decocto de quina
Agua do mar aná p . ig .
M. Tres chicaras por dia.
Vinho febrifugo de Seguin.
Quina amarella 42 partes, casquinha secca de la-
ranja 42 p. , camomilla 42 p. , vinho de Hespanha,
2000 p. , alcool a 20º 60 p.
F. S. A. 1 a 2 onças nas febres intermittentes.
Vinho amargo ( Dubois ) .
Quina cinzenta 1/2 onça, quina amarella 1/2 onça ,
canella 3 oitavas, bagas de zimbro 3 oitavas, casca
de limão 3 oitavas, casca de Winter 3 oitavas, vinho
da Madeira 96 onças. Macere por 8 dias e ajunte car-
bonato de soda 24 grãos . Filtre e cònserve. D. 1 a
2 onças pela manhãa em jejum, na debilidade dos
orgãos digestivos e contra as escrophulas .
Vinho toni-nutritivo de quina e cacáo (Bugeaud) .
Cacáo torrado 4,000 partes, quina calysaya 500,
quina Loxa 500 , vinho de Malaga 20,000 , espirito de
vinho a 35° 4,000 . Misture o cacáo com o espirito de
vinho e aqueça a banho maria até á dissolução do
cacao. Tape o vaso, mexa e deixe macerar por oito
dias repetindo todos os dias a mesma operação .
Deite então a mistura no vinho de quina previa-
mente preparado, e depois de um mez de maceração
tire pela distillação no vacuo o alcool empregado .
438 QUINA .
Gargarejo estimulante .
Infusão de salva 42 onças
Tintura de quina ( aná 1 onça
Arrobe de amoras)
Alcoolato de cochlearia 2 oitavas.
M. Esquinencias chronicas.
Tintura gengival .
Tintura de quina 2 onças
Tintura de myrrha 1/2 onça
Tintura de kino 2 oitavas
o
Espirit de cochlea ria 1 onça.
M. Uma colher desta tintura n'uma chicara d'agua ,
para lavar a bocca na relaxação das gengivas.
Pós desinfectantes (Meyer) .
Pó de carvão
Pó de quina aná p . ig .
Pó de myrrha )
M. Para destruir o cheiro fetido da ozêna . Toma-se
como rapé.
Pós anti-septicos.
Quina pulverisada 1 onça
Camphora pulverisada 4 oitava .
M. Para polvilhar as feridas affectadas de podri-
dão dos hospitaes.
Clyster de quina.
Quina amarella 1/2 onça
Agua q. s. para ter 6 onças
de decocto. Contra as febres intermittentes.
Clyster anti-septico ( Récamier ) .
Quina amarella 4 onça
Agua q. s. para ter 12 onças
de decocto ; ajunte
Alcanfor 1 oitava
Gemma de ovo N° 1 .
Para dous clysteres em 24 horas , nas febres
graves.
Lavatorio anti-septico.
Infusão de quina 46 onças
Alcool alcanforado 1/2 onça.
M. Ulceras antigas. Esta mesma mistura póde ser-
vir para se fazerem injecções nos trajectos fistu-
losos.
QUINA DO BRASIL . 439
Cataplasma anti-septica.
Farinha de cevada diluida em
q. b. d'agua fervendo 8 onças
Quina em pó fino 4 onça
Camphora em pó dissolvida em
q. b. de alcool 1 oitava.
Cataplasma de Pradier contra a gota.
Balsamo da Mecca 6 oitavas
Açafrão pulverisado 4 oitavas
Salsaparrilha pulverisada
Quina vermelha aná 1 onça
Salva
Alcool rectificado 48 onças.
Dissolva , em separado , o balsamo no terço do al-
cool ; e no resto macere por 24 horas as demais sub-
stancias filtre e misture . Misture esta tintura com
tres tantos d'agua de cal . Prepara-se uma cataplasma
de linhaça bem quente, da espessura de um dedo ;
borrifa-se com duas onças do licòr supra ; poê-se,
sobre o lugar affectado, quente quanto se possa sup-
portar, e para manter o calor envolve-se o mem-
bro em baetas. Esta cataplasma renova-se de 24 em
24 horas.
Pós de quina e carvão.
Quina em po
Carvão em pó ( aná 4 oitavas .
M. Para polvilhar as feridas gangrenosas .
QUINA DO BRASIL. O Brasil possue muitas espe-
cies de quina que pelas propriedades se approximão
muito das do Perú . Muitas destas arvores pertencem
ao genero Cinchona , que dá a verdadeira quina :
Cinchona Remijeana , St. - Hilaire ; C. Vellozii ,
St-Hilaire ; C. Ferruginea, St. -Hil . (Estas tres ar-
vores habitão na provincia de Minas Geraes, e são
designadas pelos habitantes pelos nomes de quina
de Remijo, quina da serra ou do campo) . Cin-
chona cujabensis, Manso (quina de Cuyabá ) . C. fir-
mula, Mart. (Rio Negro) . C. Lambertiana, Mart.
( Rio Negro) . C. Bergeniana (Rio Negro) . C. macroc-
nemia ( Rio Negro) . Outras pertencem ao genero
Exostema, taes são ; E. Souzanum , Mart. (Piauhy,
Bahia). E. Cuspidatum , St. -Hil . E. australe, St.-Hil.
440 RATANHIA .
E. formosum, Cham. Outras pertencem a outros ge-
neros, taes são : Strychnos pseudo-quina , St. - Hil .
Coutarea speciosa, Aublet (quina de Pernambuco) .
Buena hexandra, Pohl , que habita na provincia do
Rio de Janeiro.
Estas quinas são empregadas com vantagem pelos
habitantes do Brasil contra as febres intermittentes ;
e em muitas boticas do Rio de Janeiro costuma-se
misturar a quina nacional com a do Perú quando se
trata de fazer o vinho de quina, ou outra preparação
em que entra esta substancia.
QUITOCO. Pluchea quitoc. D. C. Planta do Bra-
sil . Caule direito , de 3 a 4 pés ; folhas verdes claras ,
ovaes, agudas, cheiro aromatico, agradavel , flòr
branca , imitando a da artemisia. P. us . Folhas e
caule.
Excitante, digestivo.
INTERIORMENTE . Infusão : 1 oitava para 12 onças
d'agua fervendo.
EXTERIORMENTE . Infusão : 1 libra para um banho ,
que é tonico e estimulante.
RATANHIA ( Ratanhia, fr . ) . Krameria trian-
dra , Ruiz. Arbusto que habita no Perú . Fig. 401 .
P. us. Casca da raiz. Raiz lenhosa, dividida em
um grande numero de ramificações cylindricas, da
grossura do dedo minimo , de côr rôxa avermelhada ,
sabor mui adstringente e sem amargor. A parte cen-
tral é de cor rosea pallida, e quasi sem sabor ; deve
ser rejeitada.
Adstringente mui energico , e frequentemente em-
pregado nos defluxos mucosos, hemorrhagias pas-
sivas, e principalmente uterinas.
Subs. incomp. Os saes de ferro , a gelatina, os
acidos mineraes.
INTERIORMENTE . Pó , 24 grãos até 2 oitavas. Infu-
são : 3 oitavas para 12 onças d'agua fervendo . Ex-
tracto : 24 grãos até 1 oitava em pilulas ou poção .
Xarope 1 a 2 onças em poção .
EXTERIORMENTE . Infusão em gargarejos , fomen-
tações, injecções, etc.
Poção adstringente.
Extracto de ratanhia 4 oitava
RATANHIA. 441
Agua de rosas 4 onças
Xarope de quina 1 onça
M. Uma colher de sopa de hora em hora . Hemor-
rhagias, diarrhéas.
Gargarejo adstringente.
Decocção de quina vermelha 8 onças
Extracto de ratanhia 6 oitavas
Tintura de myrrha 2 oitavas
Mel rosado 2 onças.
M.

Fig. 101. - Ratanhia.


Injecção adstringente .
Ratanhia 1 onça
Agua 12 onças.
Ferva até reduzir á metade e ajunte
Vinagre 2 onças.
25.
442 RHUIBARBO.
Em injecções contra as metrorrhagias chronicas .
Clyster contra as rachas do anus (Trousseau) .
Extracto de ratanhia 18 grãos
Alcool 48 grãos
Agua 4 onças.
F. S. A. Antes deste clyster, o doente deve tomar
um d'agua morna simples.
RHUIBARBO ( Rhubarbe , fr . ) . Raiz de muitas
especies do genero Rheum, plantas que habitão na

Fig. 102. 1 Rhuibarbo. A


China e nas provincias asiaticas do imperio russo, e
sobretudo da rheum palmatum . Fig. 102. A raiz do
RHUIBARBO. 443
rhuibarbo da China apparece em pedaços cylindri-
cos de grossura variavel, de còr amarella escura,
com veios esbranquiçados por dentro ; é crivada
de buracos ; tem cheiro forte , particular ; sabor
amargo; estala nos dentes, tinge a saliva de amarello-
escuro . — Tonico em pequenas dóses , e em alta dóse
purgante . Tem-se observado que depois do effeito
purgativo , o rhuibarbo produz prisão do ventre , o
que procede de sua faculdade tonica . Emprega-se nas
digestões difficeis, fastio, diarrhéa, e como vermi-
fugo . Giacomini julga que a acção do rhuibarbo é
hyposthenisante gastrica.
Subst. incomp. Os acidos fortes, a agua de cal , o
sulfato de ferro, de zinco , o emetico , o sublimado ,
as infusões adstringentes, etc.
INTERIORMENTE . Pó . Como tonico, 6 a 12 grãos.
Como purgante, 24 grãos a 1/2 onça e mais.
Extracto. 36 grãos a 2 oitavas como purgante .
Tintura. 2 oitavas em agua com assucar.
Xarope (Sua preparação acha-se indicada na
pag, 56) . 1/2 a 1 onça.
Xarope de rhubarbo composto , conhecido pelo
nome de xarope de chicoria composto. V. pag. 223 .
Infusão tonica de rhuibarbo ou Agua de rhui-
barbo. Rhuibarbo , 36 grãos ; agua q . s . para ter 42
onças de infuso.
Infusão purgante de rhuibarbo . Rhuibarbo , 3 oi-
tavas ; agua q. s. para ter 12 onças de infuso. Bebe-se
por duas vezes, com meia hora de intervallo .
Vinho de rhuibarbo ( Extracto de rhuibarbo ,
4 onça ; vinho de Malaga, 23 onças. Filtre no fim de
24 horas) . D. Uma onça por dia como tonico.
Vinho de rhuibarbo composto (Rhubarbo em pó,
1 1/2 onça ; canella , 54 grãos ; vinho da Madeira ,
42 onças. Macere por 7 dias e filtre) . D. 1 a 2 onças
na diarrhéa .
Pós de Fordice.
Tartrato de potassa e de soda 10 grãos
Rhuibarbo 6 grãos .
M. Administra-se por uma vez todas as manhãas
ás crianças affectadas do engurgitamento dos gan-
glios mesentericos.
444 ROMEIRA .
Pós de rhuibarbo e opio.
Rhuibarbo 1 oitava
Opio 6 grãos.
M. e divida em 6 papeis . D. 1 por dia . Gastral-
gia atonica .
Poção com manna e rhuibarbo.
Rhuibarbo 2 oitavas
Agua fervendo q. s . Infunda e côe de modo que se
tenha 6 onças de liquido ; ajunte
Manná 2 onças .
Toma-se por uma vez como purgante.
Poção tonica.
Rhuibarbo 4 oitava
Casquinha de laranja 2 oitavas
Hortelãa 1 oitava
Agua q . s . Infunda e còe de modo que se tenha
6 onças de liquido ; ajunte :
Extracto de genciana 1 oitava.
Toma-se no decurso de um dia, por colheres de sopa .
ROMEIRA ( Grenadier, fr. ) . Punica granatum,
L. Arbusto originario da Africa, cultivado no Bra-
sil. Em Portugal habita nos sitios silvestres quasi
espontanea , nos terrenos argillosos , nos tapumes nos
arredores de Coimbra e outras partes, principalmente
ao sul do Reino. Fig. 403. - Tronco coberto de pe-
quenos espinhos , folhas ellipticas , luzidias, flôres ver-
melhas, fructo redondo, secco, de côr amarella ala-
ranjada , contendo um grande numero de sementes
carnosas , de sabor acido ; raiz mais ou menos grossa ,
lenhosa, amarella interiormente, cobertade uma casca
amarella ou cinzenta , sem cheiro, de sabor adstrin-
gente, pouco amarga . P. us . Casca da raiz e casca
do fructo .
A casa da raiz de romeira é um dos vermifugos
mais efficazes contra a solitaria . O effeito é tanto
mais certo, quanto a casca é mais fresca . É preciso
tambem que a arvore de cuja raiz se tira a casca seja
bastante grande. Com a casca da de Portugal secca e
do mesmo anno obtem-se quasi sempre a expulsão da
solitaria. Quando a casca é secca é preciso macera-la
por 12 horas antes de a cozer. Em alta dóse provoca
vomitos e colicas ; exerce tambem uma acção sobre
ROMEIRA. 445
o systema nervoso, como se póde julgar pelas verti-
gens e pela modorra que occasiona ás vezes.
A casca dofructo (romãa) é um adstringente ; em-
pregada interiormente nas hemorrhagias, diarrhéas,
e exteriormente nas leucorrhéas, esquinencias, etc.

Fig. 103. Romeira.


E.
INTERIORMENT Casca da raiz. Pó, 2 oitavas a 2
onças.
Decocção de casca de raiz de romeira.
Casca de raiz de romeira 2 onças
Agua 24 onças.
Ferva a fogo lento, até ficar em 16 onças, e coe.
446 ROSA BRANCA.
Toma-se por tres vezes, com meia hora de intervallo
de uma a outra dóse. O primeiro copo occasiona ás
vezes vomitos, mas isso não deve impedir que se
continue em sua administração até ao terceiro copo .
Esta decocção deve ser repetida por tres dias . No
dia que precede a administração da primeira dose,
prescrevem-se duas onças de oleo de ricino ; ás vezes
è necessario repetir o oleo de ricino depois da ter-
ceira dóse .
Poção anthelmintica ( Deslandes ) .
Extracto alcoolico de casca de
raiz de romeira 6 oitavas
Sumo de limão 2 onças
Agua de hortelãa 2 onças
Agua de tilia 2 onças.
F. S. A. Por colheres , contra a tenia. Esta poção
é menos desagradavel do que o decocto precedente .
Bolos vermifugos (Foy) .
Pós de casca de raiz de romeira 4 oitava
Assafetida 36 grãos
Oleo de croton tiglium 4 gottas
Xarope de ether q. s.
F. 15 bolos . D. 5 por dia, contra a tenia.
Casca de romaa. INTERIORMENTE . Infusão : 3 oi-
tavas para 12 onças d'agua fervendo .
EXTERIOMETE . Infusão : em banhos , lavatorios ,
gargarejos, etc.
ROSĂ BRANCA (Rose pâle, fr.) . Petalas do ar-
busto rosa centifolia pallida, L. Goza de proprie-
dades laxantes , e serve para preparar o xarope, que
se administra principalmente ás crianças.
INTERIORMENTE . Infusão : 3 oitavas para 12 on-
ças d'agua fervendo . Ésta infusão serve de vehiculo
ás poções purgantes .
Xarope (Sumo de rosas brancas, assucar, aná p.
ig. ) . D. 2 oitavas a 1 onça como laxante das crianças .
Purgante de rosas composto (Rosas brancas, 2 oi-
tavas ; senne, 1 oitava ; sulfato de magnesia, 4 oita-
vas ; agua quente, q . s. para ter 4 onças de infuso) .
EXTERIORMENTE . Agua distillada de rosas, como
vehiculo dos collyrios resolventes.
Unguento rosado. Cod . fr. Banha lavada em agua
ROSA RUBRA. 447
rosada 32 onças , petalas de rosa branca 64 onças,
raiz de orcaneta 1 onça . Machuque metade das flores ,
misture com a banha fria, e deixe em contacto du-
rante dous dias ; então derreta a calor brando e còe
com espressão . Quando a pomada ficar fria, repita a
mesma operação com a outra metade das flores ; colore
a pomada deixando -a macerar com a orcaneta, còe,
deixe resfriar, separe o deposito , derreta de novo e
transvase n'um pote.
Unguento rosado composto ( Unguento rosado ,
3 onças ; proto- chlorureto de mercurio , 3 oitavas ;
essencia de alfazema , 1 oitava) . Para curar as ulce-
ras venereas e herpeticas.
ROSA RUBRA ( Rose rouge, fr . ) . Petalas do ar-
busto rosa gallica, L. , cultivado nos jardins .
Adstringente, mais frequentemente empregado ex-
terior do que interiormente . Constitue a base de uma
preparação pharmaceutica chamada conserva de ro-
sas, que se administra com vantagem na tisica, diar-
rhéa, atonia dos orgãos digestivos , leucorrhéa, etc.
Posta de infusão , em agua fervendo, serve em gar-
garejos e fomentações, nas anginas chronicas , aphtas ,
ulceras, etc.
Subst. incomp. O sulfato de ferro, de zinco , a ge-
latina, a agua de cal .
INTERIORMENTE . Conserva de rosas (Rosas rubras
pulverisadas, 64 partes ; agua distillada de rosas, 125 ;
assucar, 500) . Dilua os pós de rosas na agua de rosas,
deixe em contacto por duas horas, ajunte o assucar e
triture até obter uma mistura exacta . D. 1 a 4 oita-
vas, pura ou como excipiente de outros medicamen-
tos mais activos.
EXTERIORMENTE . Infusão : 3 oitavas para ter 12 on-
ças de liquido , em gargarejos, fomentações, etc. Mel
rosado (Petalas seccas de rosas rubras, 2libras ; agua
fervendo, 12 libras ; mel de abelha , 12 libras. Ponha
as rosas de infusão na agua por 24 horas, còe com
espressão ; deixe depòr, decante, ajunte o mel ao li-
còr, ferva até á consistencia de xarope, e còe. Cod .
fr.). 1 a 2 onças em gargarejos adstringentes , ou
puro para tocar as aphtas das crianças .
446 ROSA BRANCA.
Toma-se por tres vezes, com meia hora de intervallo
de uma a outra dóse. O primeiro copo occasiona ás
vezes vomitos, mas isso não deve impedir que se
continue em sua administração até ao terceiro copo.
Esta decocção deve ser repetida por tres dias . No
dia que precede a administração da primeira dóse,
- prescrevem-se duas onças de oleo de ricino ; ás vezes
é necessario repetir o oleo de ricino depois da ter-
ceira dóse.
Poção anthelmintica (Deslandes ) .
Extracto alcoolico de casca de
raiz de romeira 6 oitavas
Sumo de limão 2 onças
Agua de hortelãa 2 onças
Agua de tilia 2 onças.
F. S. A. Por colheres , contra a tenia . Esta poção
é menos desagradavel do que o decocto precedente.
Bolos vermifugos (Foy) .
Pós de casca de raiz de romeira 4 oitava
Assafetida 36 grãos
Oleo de croton tiglium 4 gottas
Xarope de ether q. s .
F. 15 bolos . D. 5 por dia , contra a tenia.
Casca de româa. INTERIORMENTE . Infusão : 3 oi-
tavas para 12 onças d'agua fervendo .
EXTERIOMETE . Infusão em banhos , lavatorios ,
gargarejos, etc.
ROSA BRANCA ( Rose pâle, fr .) . Petalas do ar-
busto rosa centifolia pallida, L. Goza de proprie-
dades laxantes , e serve para preparar o xarope, que
se administra principalmente ás crianças.
INTERIORMENTE . Infusão : 3 oitavas para 12 on-
ças d'agua fervendo . Ésta infusão serve de vehiculo
ás poções purgantes.
Xarope (Sumo de rosas brancas, assucar, aná p .
ig.) . D. 2 oitavas a 1 onça como laxante das crianças .
Purgante de rosas composto (Rosas brancas, 2 oi-
tavas ; senne, 1 oitava ; sulfato de magnesia, 4 oita-
vas ; agua quente, q . s. para ter 4 onças de infuso) .
EXTERIORMENTE. Agua distillada de rosas, como
vehiculo dos collyrios resolventes .
Unguento rosado . Cod. fr. Banha lavada em agua
ROSA RUBRA. 447
rosada 32 onças , petalas de rosa branca 64 onças,
raiz de orcaneta 4 onça . Machuque metade das flores,
misture com a banha fria , e deixe em contacto du-
rante dous dias ; então derreta a calor brando e còe
com espressão. Quando a pomada ficar fria, repita a
mesma operação com a outra metade das flores; colore
a pomada deixando -a macerar com a orcaneta, còe,
deixe resfriar, separe o deposito , derreta de novo e
transvase n'um pote.
Unguento rosado composto ( Unguento rosado ,
3 onças ; proto-chlorureto de mercurio , 3 oitavas ;
essencia de alfazema , 1 oitava) . Para curar as ulce-
ras venereas e herpeticas.
ROSA RUBRA ( Rose rouge, fr . ) . Petalas do ar-
busto rosa gallica, L. , cultivado nos jardins .
Adstringente, mais frequentemente empregado ex-
terior do que interiormente. Constitue a base de uma
preparação pharmaceutica chamada conserva de ro-
sas, que se administra com vantagem na tisica, diar-
rhéa, atonia dos orgãos digestivos , leucorrhéa, etc.
Posta de infusão , em agua fervendo , serve em gar-
garejos e fomentações, nas anginas chronicas, aphtas,
ulceras, etc.
Subst. incomp. O sulfato de ferro, de zinco , a ge-
latina, a agua de cal.
INTERIORMENTE . Conserva de rosas (Rosas rubras
pulverisadas, 64 partes ; agua distillada de rosas, 125 ;
assucar, 500) . Dilua os pós de rosas na agua de rosas,
deixe em contacto por duas horas, ajunte o assucar e
triture até obter uma mistura exacta. D. 1 a 4 oita-
vas, pura ou como excipiente de outros medicamen-
tos mais activos.
EXTERIORMENTE . Infusão : 3 oitavas para ter 12on-
ças de liquido , em gargarejos, fomentações , etc. Mel
rosado (Petalas seccas de rosas rubras, 2 libras ; agua
fervendo, 12 libras ; mel de abelha , 12 libras. Ponha
as rosas de infusão na agua por 24 horas, còe com
espressão ; deixe depòr, decante, ajunte o mel ao li-
côr, ferva até à consistencia de xarope, e còe . Cod .
fr.) . 1 a 2 onças em gargarejos adstringentes, ou
puro para tocar as aphtas das crianças .
448 SABÃO BRANCO .
Electuario contra a leucorrhea.
Conserva de rosas rubras 3 onças
Pós de quina 4 onça
Pós de macis 2 oitavas
Pós de cato 36 grãos
Oleo essencial de canella 3 gottas .
M. Duas colheres de chá, tres vezes por dia.
Gargarejo adstringente.
Decocção de cevada 46 onças
Mel rosado 2 onças.
M.
Ruda. V. Arruda, pag. 156 .
SABAO (Savon, fr. ) . Producto que resulta da
combinação das gorduras ou dos oleos com a potassa
ou soda. Ha varias especies de sabões :
1° SABÃO BRANCO ( Savon blanc, fr. ) . Prepara- se
com sebo ou azeite doce e soda : é solido, branco ,
opaco, de cheiro não desagradavel .
Empregando-se a potassa em lugar da soda, ob-
tem-se o sabão molle.
Os lavatorios d'agua com sabão empregão-se nas
empigens, tinha , sarna e outras molestias cutaneas.
Estes lavatorios feitos nas partes genitaes, depois do
coito com pessoa suspeita , constituem um excellente
preservativo da syphilis : seria para desejar que este
meio se generalisasse .
Emplasto de sabão . V. pag. 24.
Fomentação de sabão.
Sabão 2 oitavas
Aguardente 8 onças .
Dissolva. Contusões , torceduras.
Lavatorio aromatico saponaceo.
Sabão branco raspado 2 onças
Alcool 3 onças
Essencia de alfazema 1 1/2 onça .
M. Emprega-se em fricções na sarna.
Linimento de sabão ou linimento saponaceo , ou
balsamo saponaceo (Ph . G. ) .
Sabão 3 onças
• Camphora 1 onça
Espirito de vinho 46 onças.
SABÃO AMYGDALINO . 449
Macere o sabão no espirito até que se dissolva ,
depois ajunte a camphora .
Linimento de sabão com opio ou linimento opiado,
ou linimento anodyno, ou balsamo anodyno.
Linimento de sabão 20 onças
Opio 6 oitavas.
M. Empregado em fricções como calmante .
2° SABÃO VERDE ou SABÃO PRETO (Savon vert
ou savon noir fr . ) . Obtem-se saponificando pela po-
tassa caustica uma mistura de oleo de linhaça e de
sebo. E molle, de consistencia de unguento, de cheiro
desagradavel , mui caustico sobre a pelle.
3º SABÃO TRANSPARENTE ( Savon transparent ,
fr. ) . Prepara-se para toucador saponificando a gor-
dura de boi pela soda pura , dissolvendo no alcool o
sabão assim formado, filtrando a solução, e deitando
a em fórmas .
4° SABÃO AMYGDALINO ou MEDICINAL ( Savon
amygdalin ou médicinal, fr . ) . É o resultado da com-
binação do oleo de amendoas doces com a soda. É
solido, branco, opaco, de sabor um pouco alcalino,
soluvel em agua .
Diuretico e excitante , empregado interiormente
nos engurgitamentos chronicos do abdomen , icteri-
cia, calculos biliares, gota, areias, etc. Exterior-
mente serve como excitante no tratamento dos tu-
mores indolentes, nas contusões, luxações, etc.
Subst. incomp. Os acidos, as substancias adstrin-
gentes, os saes soluveis, salvo os de potassa, de soda
e de ammoniaco.
INTERIORMENTE . 10 grãos até 1 oitava em pilulas.
EXTERIORMENTE. Q. b. dissolvido em agua ou al-
cool, em fricções, fomentações, lavatorios.
Pilulas de sabão.
Sabão medicinal 3 grãos
Nitro 1 grão
Pós de alcaçus q. b.
F. 1 pilula, e como esta as que se precisar. D. 3
a 24 por dia.
Pilulas de sabão compostas.
Sabão medicinal 24 grãos
450 SABINA.
Calomelanos 12 grãos
Resina de jalapa 12 grãos .
F. 12 pilulas. D. 1 a 3 por dia nas molestias do
figado:
SABINA (Sabine , fr . ) . Juniperus sabina , L. Ar-
busto que habita na Europa. Fig. 104. P. us . Folhas.

Fig. 104. Sabina.

São mui pequenas, em forma de escamas, de cheiro


mui forte, terebenthinaceo, de sabor muito acre e
amargo.
Poderoso excitante e emmenagogo ; sua acção so-
bre o utero é mui pronunciada. A acção local da sa-
bina é irritante. Exteriormente emprega-se ás vezes
para destruir as carnosidades e para avivar as ulce-
ras antigas .
SABUGUEIRO. 454
INTERIORMENTE . 5 a 24 grãos duas ou tres vezes
por dia, em pó ou pilulas. Infusão : 1 oitava para
6 onças d'agua fervendo . Oleo essencial. 2 a 10 got-
tas. Extracto. 12 a 24 grãos em pilulas.
EXTERIORMENTE . Pó . Q. q . sobre as ulceras.
Pós emmenagogos .
Pó de sabina 1 oitava
Pó de gengibre 1 oitava
Pó de baunilha 1/2 oitava
Assucar 2 oitavas.
M. e divida em 12 papeis. D. 3 por dia.
Poção emmenagoga (Dubois) .
Assucar 1 onça
Oleo essencial de arruda 6 gottas
Oleo essencial de sabina 6 gottas
Agua distillada de artemisia 5 onças
Agua de flôr de laranja 2 oitavas.
M. Duas colheres de 2 em 2 horas.
Ceroto ou unguento de sabina.
Folhas de sabina 2 oitavas
Banha de porco 3 oitavas
Cera amarella 2 oitavas.
Pisem-se as folhas, fervão-se na banha, filtre-se
com espressão, ajunte-se depois a cera derretida .
Para excitar as feridas dos causticos.
SABUGUEIRO (Sureau , fr. ) . Sambucus nigra,
L. Arbusto commum em Portugal, cultivado em al-
gumas partes do Brasil. P. us. Flores. São de cor
branca um pouco amarelladas quando frescas, ama-
rellas sendo seccas, mui pequenas, de cheiro forte,
sabor amargo e desagradavel.
As flôres de sabugueiro são sudorificas e empre-
gão-se frequentemente no tratamento da constipação ,
dos sarampos, da escarlatina , e de todas as affecções
em que é preciso provocar a transpiração cutanea .
A escola italiana considera o sabugueiro como um
hyposthenisante cardiaco vascular, applicavel em to-
das as molestias inflammatorias como antiphlogistico.
Faz baixar o pulso quando é administrado em dóse
elevada .
Interiormente . Infusão : 4 oitava de flores para
452 SALEPO.
16 onças d'agua fervendo. Agua distillada . 2 a 5
onças como vehiculo .
Extracto de fructos de sabugueiro ou Arrobe de
sabugueiro . Como excipiente de outros medicamen-
tos, q. s. em pilulas .
EXTERIORMENTE . Infusão de flores . Em fomenta-
ções, lavatorios , como resolvente.
Sal ammoniaco .V. Hydrochlorato de ammoniaco ,
pag. 141.
Sal amargo. V. Sulfato de magnesia, pag. 358 .
SAL DE AZEDAS ou Oxalato de potassa (Sel d'o-
seille ou oxalate de potasse, fr . ) . Este sal obtem-se
das azedas. É branco, em crystaes opacos, mais aci-
dos que os de cremor de tartaro com os quaes se pa-
rece, soluvel em agua.
Refrigerante em pequena , venenoso em alta dóse .
Não se emprega em medicina , mas é de muito uso para
tirar as nodoas de tinta de escrever .
Sal commum ou de cozinha. V. Chlorureto de so-
dio, pag. 233.
Sal d'Epsom .V. Sulfato de magnesia, pag. 358.
Sal de Glauber. V. Sulfato de soda, pag . 483 .
Sal Inglez. V. Sulfato de magnesia , pag. 358 .
Sal marinho. V. Chlorureto de sodio, pag. 233 .
Sal de nitro. V. Nitrato de potassa, pag 389.
Sal de Saturno. V. Acetato de chumbo neutro,
pag. 79.
Sal de Sedlitz. V. Sulfato de magnesia, p. 358 .
SALEPO ( Salep, fr. ) . Bolbo preparado da Orchis
mascula, L. planta da Persia . É debaixo da forma
de pequenos bolbos ovoides, ordinariamente enfia-
dos em forma de rosario , de côr cinzenta amarellada,
meio transparentes, de dureza cornea ; cheiro leve-
mente aromatico , sabor mucilaginoso e um pouco
salgado . Estes bolbos são inteiramente formados de
fecula amylacea, dissolvem-se em agua fervendo e
formão uma geléa como polvilho.
Cozimento de salepo . Salepo, 4 oitava ; agua ,
q. s. para ter 12 onças de cozimento , que se adoça
com assucar. Este cozimento é mui util nas conva-
lescenças das febres typhoides .
SALSAPARRILHA. 453
Gelea de salepo. Salepo, 3 oitavas ; assucar, 3 on-
ças ; agua, q. s. para ter 12 onças de geléa.
Chocolate de salepo prepara-se ajuntando 3 oita-
vas de salepo a 12 onças de chocolate .
Salitre. V. Nitrato de potassa, pag. 389.
SALSA HORTENSE (Persil, fr.) . Apium petro-
selinum, L. Planta cultivada nas hortas, e empre-
gada quotidianamente na arte culinaria. Sua raiz
entra no numero das cinco raizes aperientes . O
sumo de suas folhas frescas foi aconselhado na dóse
2 a 10 gottas por dia, n'uma chicara d'agua, contra
a gonorrhéa. Mas ás vezes mesmo nesta pequena
dóse produz diarrhéa é preciso então suspender o
seu uso.
SALSAPARRILHA (Salsepareille , fr. ) . Smilax

Fig. 105. Salsaparrilha.


salsaparrilla , L. Arbusto que habita no Perú ,
Mexico, Pará, e em outros lugares da America Me-
ridional . Fig. 105. Arbusto sarmentoso e trepante ;
454 SALSAPARRILHA .
caule articulado, armado de espinhos recurvados, ra-
moso ; folhas alternas , pecioladas , ovaes, um pouco
cordiformes , acuminadas , inteiras , glabras, coriaceas;
flores pedicelladas, verdes esbranquiçadas ; fructo
(baga ) espherico , violaceo , contendo uma a tres se-
mentes globosas. P. us. Raiz. Esta raiz é fibrosa,
de muitos pés de comprimento, da grossura de uma
penna de ganso ou menos , enrugada, cinzenta ou
avermelhada por fóra ; branca, amarellada, ou ainda
como côr de rosa por dentro ; meditullio branco e
mais lenhoso que a casca ; sem cheiro, sabor muci-
laginoso e um pouco amargo.
As propriedades da salsaparrillha ainda não estão
bem determinadas ; é um estimulante fraco, dizem
que é um sudorifico ; segundo Giacomini , é um leve
hyposthenisante vascular. Desde muito tempo em-
prega-se com vantagem no tratamento das molestias
syphiliticas, cutaneas, rheumatismaes e gotosas. É
um adjuvante do mercurio ..
INTERIORMENTE . A digestão é o modo mais pro-
prio para preparar o cozimento de salsaparrilha. A
formula é a seguinte : salsaparrilha incisa, 6 oitavas;
agua ferveudo q . s. para ter 12 onças de liquido .
Ponha a digerir por duas horas em lugar quente ;
depois còe, deixe depôr, e decante. Extracto alcoo-
lico . 1 a 4 oitavas em pilulas .
Xarope (extracto alcoolico de salsaparilha, 6 on-
ças ; agua , 64 onças ; assucar, 128 onças. Dissolva o
extracto na agua a banho-maria , filtre o licor quente,
ajunte o assucar e faça um xarope por simples solu-
ção . Cod . fr.) , 2 a 4 onças por dia.
Cozimento sudorifico.
Páo de guaiaco raspado 1 1/2 onça
Raiz de salsaparrilha 6 oitavas
Raiz de sassafrás 1 1/2 oitava
Raiz de alcaçus 36 grãos
Agua q. s . para ter 24 onças de decocto.
Cozimento de Feltz (Cod . fr. ) .
Salsaparrilha cortada 2 onças
Colla de peixe 2 1/2 oitavas
Sulfureto de antimonio pulv . 2 1/2 onças
Agua commum 64 onças .
SALSAPARRILHA. 455
Deite o sulfureto de antimonio em um panno no-
dado, para fervê-lo durante uma hora em 64 onças
d'agua ; deite fora esta agua, e torne a pôr o nodulo
contendo o sulfureto em outras 64 onças d'agua jun-
tamente com a salsaparrilha e a colla de peixe ; ferva
a fogo lento até á reducção da metade . Còe , deixe
depôr e decante.
O effeito que produz o sulfureto de antimonio neste
cozimento depende do arsenico que elle contém ; e
como se póde dissolver no cozimento uma quantidade
maior ou menor do arsenico, daqui resulta que esta
preparação é infiel e até mui perigosa . Vi com effeito
no Rio de Janeiro , no dia 3 Janeiro , de 1854 , um
pharmaceutico que , para se curar de uma empigem
que tinha no rosto, preparou a seu bel-prazer um
cozimento de Feltz de tal maneira saturado de arse-
nico, que, depois de beber uma chicara deste cozi-
mento, immediatamente experimentou dôres no es-
tomago , vomitos , esfriamento do corpo , e morreu
passadas vinte e seis horas, apezar de todos os soc-
corros que lhe forão immediatamente administrados .
Por conseguinte o cozimento de Feltz, tal como se
acha formulado pelo seu autor, nunca deve ser empre-
gado, e quando os medicos receitão este cozimento,
devem os pharmaceuticos seguir na sua preparação
a formula modificada pelo Dr Rayer, que contém uma
quantidade de arsenico bem determinada. Esta for-
mula é a seguinte :
Cozimento de salsaparrilha 12 onças
Arseniato de soda 1/12 de grão .
M. D. Por chicaras no decurso de um dia , nas
molestias cutaneas .
Cozimento anti-syphilitico (Dupuytren) .
Raiz da China 1 onça
Guaiaco 4 onça
Salsaparrilha 1 onça
Agua 24 onças.
Ferva até ficar em 16 onças, còe
e ajunte xarope de Cuisinier 2 onças.
Xarope depurante (Larrey).
Salsaparrillha 64 onças, bagas seccas de sabugueiro
32 onças, guaiaco 16 onças, raiz da China 8 onças,
456 SALSA PARRILHA.
sassafrás 8 onças , foliolos de senne 2 onças , borra-
gem 2 onças, assucar 24 lib . c. , agua q. b . F. S. A.
Ajunta-se ás vezes a este xarope , e só segundo a
indicação especial do medico, 5 grãos de sublimado
em cada 16 onças, outros tantos de hydrochlorato
de ammoniaco , e outros cinco de extracto aquoso
de opio .
Xarope sudorifico (Ricord) .
Salsaparrilha cortada 1 parte, guaiaco raspado 4 p . ,
agua commum 10 p . Macere por 24 horas , reduza
á metade a fogo brando, côe por espressão, e ajunte
assucar 5 p.
D. 1/2 onça a 5 onças por dia.
Xarope de Cuisinier (Cod . fr. ) .
Raiz de salsaparrilha 32 onças , flores seccas de
borragem 2 onças, rosas brancas 2 onças, foliolos de
senne 2 onças , aniz 2 onças, assucar 32 onças, mel
de abelha 32 onças . Rache ao comprido a salsapar-
rilha, e depois corte-a transversalmente , ponha de
infusão por 24 horas em 192 onças d'agua , ferva en-
tão por um quarto de hora ; côe com espressão , e
ferva o residuo com 160 onças d'agua ; repita outra
vez a decocção da raiz, e lance este ultimo liquido
fervendo sobre as flores de horragem, rosas, senne
e aniz ; no fim de 12 horas de infusão côe com es-
pressão. Decante todos os liquidos, faça-os evaporar,
até que só restem 96 onças. Deixe em repouso para
depôr, decante ; ajunte o assucar e o mel , e faça o
xarope que se clarifica com albumina ; côe por panno
de laa quando marcar 25 gráos no areometro ; torne
a levar ao fogo, e coza até que ainda fervendo mar-
que 32 grãos . D. 2 a 4 onças por dia como anti-sy-
philitico .
Robe anti syphilitico de Laffetecur.
A composição deste medicamento não é conhecida ,
pois que a sua formula não foi publicada pelo autor.
Em diversos formularios achão-se indicadas varias
formulas que se approximão mais ou menos da ver-
dadeira eis aqui à que é dada por Cadet.
Salsaparrilla 36 partes , guaiaco 24 p . , raiz da
China 24 p . , quina amarella 12 p . Depois de conve-
nientemente preparadas estas substancias, infunda-as
SALVA. 457
por espaço de 48 horas em agua 500 p. Ferva até se
reduzir á terça parte, côe com espressão, ferva no-
vamente o residuo , e torne ainda a ferver com outra
tanta agua, reuna os tres decoctos, a que ajunte
melaço purificado 120 p. Evapore até á consistencia
de xarope, e lance o xarope fervendo sobre raspas
de sassafrás 20 p . , sementes de aniz 1 p. , flores de
borragem 6 p. Éstas ultimas substancias devem ter
sido previamente collocadas no fundo de um banho-
maria de estanho . Finalmente decante e guarde . D.
4 a 3 onças por dia, puro ou n'um cozimento .
SALVA ( Sauge, fr. ) . Salvia officinalis, L. Planta
cultivada no Brasil e em Portugal . Fig . 406. — Tronco
pouco elevado , folhas
oppostas , ovadas ou
lanceoladas , um pou-
co obtusas, aveluta-
das , denteadas na
margem; flores viola-
ceas em espiga ; chei-
ro forte e aromatico . '
sabor quente e um
pouco amargo. P. us.
Folhas e summida-
des floridas.
Excitante, tonico e
diaphoretico ; admi-
nistra-se nas debili-
dades do estomago ,
fastio, catarrhos pul-
monares, vomitos es-
pasmodicos, e como
emmenagogo ; exle-
riormente em garga-
rejos nas aphtas e Fig. 106. - Salva.
esquinencias .
A escola italiana considera a salva como um re-
medio hyposthenisante cardiaco-vascular de força
mediocre.
INTERIORMENTE . Infusão : 3 oitavas para 16 on-
ças d'agua fervendo. Agua distillada : 2 a 4 onças.
Oleo essencial : 2 a 4 gottas .
26
436 SALSA PARRILHA.
sassafras 8 onças , foliolos de senne 2 onças , borra-
gem 2 onças, assucar 24 lib . c. , agua q . b . F. S. A.
Ajunta-se ás vezes a este xarope , e só segundo a
indicação especial do medico, 5 grãos de sublimado
em cada 16 onças, outros tantos de hydrochlorato
de ammoniaco , e outros cinco de extracto aquoso
de opio.
Xarope sudorifico (Ricord) .
Salsaparrilha cortada 4 parte, guaiaco raspado 1 p. ,
agua commum 10 p. Macere por 24 horas , reduza
á metade a fogo brando, côe por espressão , e ajunte
assucar 5 p.
D. 1/2 onça a 5 onças por dia.
Xarope de Cuisinier (Cod . fr . ) .
Raiz de salsaparrilha 32 onças , flores seccas de
borragem 2 onças, rosas brancas 2 onças, foliolos de
senne 2 onças, aniz 2 onças, assucar 32 onças, mel
de abelha 32 onças . Rache ao comprido a salsapar-
rilha, e depois corte-a transversalmente, ponha de
infusão por 24 horas em 192 onças d'agua , ferva en-
tão por um quarto de hora ; côe com espressão , e
ferva o residuo com 160 onças d'agua ; repita outra
vez a decocção da raiz , e lance este ultimo liquido
fervendo sobre as flores de horragem, rosas, senne
e aniz ; no fim de 12 horas de infusão côe com es-
pressão. Decante todos os liquidos, faça-os evaporar,
até que só restem 96 onças. Deixe em repouso para
depôr, decante ; ajunte o assucar e o mel, e faça o
xarope que se clarifica com albumina ; côe por panno
de lãa quando marcar 25 gráos no areometro ; torne
a levar ao fogo, e coza até que ainda fervendo mar-
que 32 grãos. D. 2 a 4 onças por dia como anti-sy-
philitico .
Robe anti syphilitico de Laffetecur.
A composição deste medicamento não é conhecida ,
pois que a sua formula não foi publicada pelo autor.
Em diversos formularios achão-se indicadas varias
formulas que se approximão mais ou menos da ver-
dadeira eis aqui a que é dada por Cadet.
Salsaparrilha 36 partes , guaiaco 24 p . , raiz da
China 24 p. , quina amarella 42 p. Depois de conve-
nientemente preparadas estas substancias, infunda-as
SALVA. 437
por espaço de 48 horas em agua 500 p. Ferva até se
reduzir á terça parte, côe com espressão, ferva no-
vamente o residuo, e torne ainda a ferver com outra
tanta agua, reuna os tres decoctos, a que ajunte
melaço purificado 120 p. Evapore até á consistencia
de xarope, e lance o xarope fervendo sobre raspas
de sassafrás 20 p. , sementes de aniz 1 p . , flòres de
borragem 6 p. Éstas ultimas substancias devem ter
sido previamente collocadas no fundo de um banho-
maria de estanho . Finalmente decante e guarde . D.
4 a 3 onças por dia , puro ou n'um cozimento .
SALVA ( Sauge, fr. ) . Salvia officinalis, L. Planta
cultivada no Brasil e em Portugal . Fig. 106. — Tronco
pouco elevado, folhas
oppostas , ovadas ou
lanceoladas, um pou-
co obtusas , aveluta-
das , denteadas na
margem; flores viola-
ceas em espiga ; chei-
ro forte e aromatico .
sabor quente e um
pouco amargo . P. us .
Folhas e summida-
des floridas.
Excitante, tonico e
diaphoretico ; admi-
nistra-se nas debili-
dades do estomago,
fastio, catarrhos pul-
monares, vomitos es-
pasmodicos, e como
emmenagogo ; exle-
riormente em garga-
rejos nas aphtas e Fig. 106. -- Salva.
esquinencias.
A escola italiana considera a salva como um re-
medio hyposthenisante cardiaco-vascular de força
mediocre.
INTERIORMENTE. Infusão : 3 oitavas para 16 on-
ças d'agua fervendo. Agua distillada : 2 a 4 onças .
Oleo essencial : 2 a 4 gottas .
26
458 SAPONARIA.
EXTERIORMENTE . Infusão em gargarejos .
SANGUE DE DRAGO ( Sang- dragon, fr .) . Sub-
stancia resinosa , da qual se encontrão muitas varie-
dades no commercio, produzidas por diversas espe-
cies de vegetaes, que habitão nas regiões quentes do
globo, e principalmente dos fructos da Calamus ro-
tang, L., especie de palmeira que habita em Malaca
(Indias Orientaes) ; e da Pterocarpus draco, L. , ar-
vore que habita nos arredores de Santa-Fé na Ame-
rica Meridional . Apparece em massas ovaes, em cy-
lindros alongados do comprimento de um pé, ou em
pedaços informes ; é duro, opaco, fragil, de còr ver-
melha escura, e de quasi nenhum sabor .
Adstringente fraco ; pouco empregado interior-
mente ; entra na composição de alguns pós dentifricios.
INTERIORMENTE . 10 a 36 grãos em pó ou pilulas .
Tintura : meia a 4 oitava.
Santonina. V. Semente contra vermes, pag. 465 .
SAPÉ . Anatherum bicorne , Pal. Beauv . Planta do
Brasil da familia das Gramineas . Caule de 2 pés de
altura, herbaceo , folhas compridas, lanceoladas , li-
neares ; raiz da grossura de uma penna de perú, no-
dosa, branca sendo fresca, amarella quando secca ,
sabor adocicado . P. us . Raiz.
Diuretico, póde substituir a grama da Europa .
INTERIORMENTE . Decocção : 3 oitavas para ter
12 onças de decocto .
SAPONARIA ( Saponaire , fr. ) . Saponaria of-
ficinalis, L. Planta que habita em Portugal nas ri-
banceiras dos ribeiros, é frequente nas margens do
Mondego perto de Coimbra , e outras partes na Beira;
cultiva-se no Brasil . Fig. 107. Raiz da grossura de
uma penna de escrever, cylindrica , articulada , co-
berta de uma casca rubicunda , parenchyma branco ,
firme ; caule de um pé e mais, roliço , articulado ;
folhas ovaes, lanceoladas , glabras, trinervaes ; flores
de cor de rosa desmaiada , em panicula terminal. As
folhas tem um sabor um pouco amargo e salgado ;
communicão á agua a propriedade de espumar ,
como a agua de sabão , o que valeu á plantà o seu
nome officinal e o , mais vulgar, de saboeira . P. us .
Raiz e folhas.
SASSAFRÁS. 459
Tonica e diaphoretica, empregada nas molestias
rheumaticas, syphiliticas, dartrosas , ictericia. engur-
gitamentos das visceras abdominaes.

Fig. 107. - - Saponaria .

INTERIORMENTE. Infusão : 3 oitavas para 12 on-


ças d'agua fervendo . Extracto : meia a 2 oitavas .
SASSAFRAS (Sassafras, fr. ) . Laurus sassafras,
L. Arvore originaria da America Septentrional ,
acha-se tambem na ilha de Santa Catharina do Brasil .
Fig. 108. P. us Páo e raiz . Vem em pedaços da gros-
sura de um braço ; a parte lenhosa é leve, porosa,
formada de camadas concentricas, de côr amarellada ,
cheiro forte e aromatico, sabor ao principio adoci-
cado, depois quente e acre . Casca espessa , leve, ru-
gosa, quebradiça, de cor de ferro escura ; cheiro ana-
logo ao da herva doce ou do funcho.
Sudorifico activo, administrado nas affecções sy-
460 SCILLA.
philiticas, cutaneas, gotosas e rheumaticas. Ordina-
riamente é associado ao guaiaco e á salsaparrilha.

Fig. 108. Sassafras.


INTERIORMENTE . Infusão : 4 oitava para 16 onças
d'agua fervendo.
SAYÃO. Kalanchoes brasiliensis , Camb . Planta
do Brasil . Folhas espessas, ovaes, denteadas, de sa-
bor amargo e um pouco acido ; flôr de còr de la-
ranja. P. us. Folhas.
As folhas desta planta servem no curativo de va-
rias feridas.
SCILLA (Scille, fr . ) . Scilla maritima, L. Planta
que habita na beira mar da Europa ; vem sobretudo
da Hespanha. Fig. 109. Haste comprida, guarnecida
nos dois terços superiores de flores brancas, em
fórma de espiga ; folhas, que apparecem depois das
flôres , são radicaes , ovaes , lanceoladas , grandes ,
carnosas, lisas, verdes escuras ; bolbo mui volumoso,
conico, coberto de tunicas membranosas, brancas ou
SCILLA. 464

vermelhas por fóra, conforme a variedade da planta;


as tunicas do centro são brancas ; succo viscoso,
amargo e acre. P. us . Escamas do bolbo. Vem sec-

Fig. 109. - Scilla.


cas e com a forma oblonga, sub-transparentes e fra-
geis, ou em tiras enrugadas, irregulares, attrahindo a
humidade do ar, pardacentas ; cheiro quasi nenhum ,
sabor acre, amargo e nauseante.
26.
462 SCILLA .
Em alta dóse é um veneno narcotico ; produz nau-
seas , colicas , vomitos , dejecções alvinas , urinas
abundantes, lentidão do pulso , suores frios, pros-
tração, convulsões e morte. Em pequena dóse é um
diuretico, empregado com mui bom exito nas hydro-
pisias. Grandes vantagens se tem tirado do uso das
preparações scilliticas no tratamento da tisica , do
catarrho pulmonar , hydrothorax, asthma e nas mo-
lestias do coração . Em muitos casos tem mostrado
propriedades vermifugas.
A escola italiana considera a scilla como hyposthe-
nisante cardiaco- vascular.
INTERIORMENTE . 1 a 10 grãos em pó ou pilulas.
Extracto : 1 a 3 grãos em pilulas . Tintura : 4 a
2 oitavas em poção .
Vinho scillitico (scilla , 1 onça ; vinho de Malaga,
46 onças) . D. 1/2 onça a 1 1/2 onça puro ou com
agua.
Vinagre scillitico (Scilla , 4 onça ; vinagre tinto
mui forte, 12 onças ) . D. 1 a 4 oitavas em poção .
Oxymel scillitico . Cod . fr . (Vinagre scillitico ,
4 libra ; mel de abelha, 2 libras ; ferva até à consis-
tencia de xarope . ) D. 2 oitavas a 1 1/2 onça em poção.
Mel scillitico ( Scilla , 1 onça ; agua fervendo ,
16 onças ; mel de abelha, 12 onças. Ponha a scilla
de infusão na agua por 12 horas , còe com espressão,
deixe depôr , decante , ajunte o mel ao licôr, e ferva
até á consistencia de xarope . Cod . fr . ) . D. 2 oitavas
a 1 1/2 onça em poção.
EXTERIORMENTE . Tintura. Meia a 4 onça em
fricções.
Pós diureticos .
Scilla 4 oitava
Nitro 2 oitavas
Canella 24 grãos.
M. e divida em 36 papeis. D. 2 até 5 por dia.
Pilulas scilliticas (Parmentier ).
Sabão medicinal 1 oitava
Gomma ammoniaca 1/2 oitava
Nitro 1/2 oitava
Scilla 1/2 oitava
Xarope simples q. s .
SCILLA. 463
F. pilulas de 4 grãos . D. 2 a 6 por dia . Cada pi-
lula contém 4/5 de grão de scilla. Hydropisias.
Pilulas diureticas.
Scilla 20 grãos
Digital 40 grãos
Calomelanos 10 grãos
Extracto de zimbro q. s.
F. 20 pilulas. D. 2 a 4 por dia.
Pilulas expectorantes .
Scilla 36 grãos
Myrrha 1 1/2 oitava
Extracto de meimendro 48 grãos .
F. 36 pilulas. D. 2 a 6 por dia.
Loock scillitico .
Loock branco 2 onças
Mel scillitico 1 onça .
M. Por colheres, como expectorante .
Decocção de scilla composta.
Scilla 24 grãos
Bagas de zimbro 4 oitavas
Polygala senega 3 oitavas
Agua 16 onças
Ferva até reduzir á metade, côe e ajunte
Ether nitrico alcoolisado 4 oitavas .
D. Duas colheres de sopa de 2 em 2 horas, nas
hydropisias.
Tintura diuretica .
Tintura de digital 3 onças
Tintura de scilla 3 onças.
M. Meia a 4 onça por dia em fricções no ventre.
Unguento diuretico .
Scilla 36 grãos
Unguento mercurial napolitano 4 oitava.
M. Em fricções nas coxas , na phlegmasia alba
dolens.
Clyster diuretico .
Scilla
aná 1 oitava
Digital
Agua q. s. para ter 6 onças
de decocto ; ajunte
Laudano de Rousseau 6 gottas .
Hydropisias.
464 SEMENTE CONTRA VERMES .
Fomentação resolvente (Becker) .
Alcool camphorado 2 onças
Alcoolato de junipero 2 onças
Vinagre scillitico 1 onça.
M. Tumores sanguineos da cabeça nos recem-nas-
cidos. D. Tres ou quatro applicações por dia.
SEMENTE CONTRA VERMES (Semen contra,
fr . ) . São assim chamadas as flôres não desenvolvi-
das, os calices e as sementes da Artemisia contra,
L. planta que habita na Arabia e Persia . Fig . 140 .
Distinguem-se no commercio
duas especies : 4 ° Semente
de Alexandria . São peque-
nas sementes globulosas, es-
verdinhadas ou avermelha-
das, escamosas, levemente
pubescentes ou glabras , mis-
turadas com pedunculos flo-
raes quebrados , com peda-
cinhos de ramos ; de cheiro
forte e nauseante ; sabor
quente , amargo e desagra-
davel; Semente da Barba-
ria. Em fórma de pequenos
globulos esbranquiçados ou
amarellados ; tambem com-
postos de flores não desen-
volvidas, cobertos com um
pello esbranquiçado ; sabor
è cheiro como os dos glo-
bulos precedentes : esta es-
pecie é menos estimada.
Fig. 110. Artemisia A semente contra ver-
contra vermes. mes é um anthelmintico mui
efficaz contra as ascaridas e lombrigas. Emprega-se
tal como é, ou extrahe-se della uma substancia cha-
mada santonina, que adiante se indica . A semente
contra vermes contém tambem um oleo volatil, igual-
mente efficaz contra as lombrigas ; mas a santonina
é preferivel , porque não tem gosto nenhum. A se-
mente contra vermes associada ao musgo de Corsega
é gabada contra as febres intermittentes .
SEMENTE CONTRA VERMES ( SANTONINA) . 465
INTERIORMENTE . Semente contra vermes . Pó 24
grãos a 2 oitavas misturado com mel de abelha , do-
ces, ou n'uma chicara de leite, de manhãa em jejum .
Esta dóse é para as crianças de 10 annos, e deve ser
repetida por dous ou tres dias seguidos.
Infusão em agua fervendo ou leite, 2 oitavas para
6 onças de liquido .
Pós vermifugos .
Semente contra vermes 12 grãos
Raiz de valeriana 12 grãos
Raiz de jalapa 12 grãos
M. Tomão-se por uma só vez.
Outros.
Musgo de Corsega 24 grãos
Semente contra vermes 24 grãos
Calomelanos 1 grão .
M. Para uma só dóse .
Electuario anthelmintico (Vogler) .
Semente contra vermes 2 oitavas
Raiz de jalapa 4 oitava
Canella 36 grãos
Calomelanos 6 grãos
Xarope de flores de pecegueiro q . s.
F. S. A. Uma colher de chá de manhãa ás crian-
ças de 6 annos.
Biscoutos vermifugos.
Semente contra vermes 3 oitavas.
Misture-se com q . s . de massa para ter 6 biscou-
tos ordinarios. D. 1 por dia.
Poção febrifuga ( Maigron ) .
Semente contra vermes 90 grãos
Agua 8 onças.
Ferva até ficarem 6. onças , e antes de tirar do
fogo ajunte 4 oitava de musgo de Corsega ; ponha de
infusão por 12 horas, côe e adoce com assucar .
Esta poção toma-se morna de manhãa em jejum, e
continua-se na mesma dóse por 5 a 8 dias seguidos.
Contra as febres intermittentes.
SANTONINA ( Santonine, fr .) . Substancia que se
extrahe da semente contra vermes. É em laminas
brilhantes, branca , sem sabor nem cheiro, volatil,
não soluvel na agua , soluvel no alcool e no ether.
466 SEMENTE CONTRA VERMES ( SANTONINA).
Goza de propriedades vermifugas na dóse de 5 a
8 grãos para um adulto , 2 a 4 grãos para uma criança .
Administra-se debaixo da fórma de pós com assucar
ou em pastilhas . Se a dose passa de 5 grãos no adulto ,
sobrevem phenomenos bastante curiosos . Os doentes
vêm em roda de si todos os objectos coloridos de
verde ou amarello , durante muitas horas , como se
tivessem oculos coloridos.
A santonina , por causa do seu pequeno volume e
da falta quasi completa de sabor , é particularmente
applicavel ás crianças.
A santonina é tambem aconselhada contra as febres
intermittentes na dóse de 6 grãos por dia.
Preparação da santonina ( Calloud ) . Toma-se
576 onças de semente- contra , 2568 onças d'agua e
20 onças de cal viva (oxydo de calcio ) convertida em
leite de cal por q . s. d'agua. Ferve-se tudo até que
se forme um sedimento no fundo da caldeira . Coa-se
por um sacco de panno grosso , deita-se sobre o re-
siduo a agua que servio para lavar a caldeira, e es-
preme-se com força . A semente não fica esgotada, e
ha vantagem de se poder repetir a ebullição ao me-
nos duas vezes . O liquido coado deixa depôr pouco a
pouco o excesso de cal que levou a materia colorante
da semente - contra ; é necessario por conseguinte
filtrar de novo por panno fino de lãa para obter,
de uma parte um liquido que se concentra imme-
diatamente até à reducção de 312 a 360 onças, da
outra o excesso de cal que contém ainda santonina e
de que fallaremos mais abaixo .
Decompõe-se o liquido assim concentrado por um
excesso de acido hydrochlorico ordinario ; a santo-
nina, expulsa de sua combinação com a cal , e ficando
livre, mas impura, se depõe no fim de quatro a cinco
dias. A addição do acido hydrochlorico produz na su-
perficie do liquido uma substancia dénegrida, vis-
cosa, que se separa facilmente com uma colher.
Quando a santonina ficar depositada , é preciso de-
cantar o liquido acido, cujo uso será explicado mais
adiante, e lavar o deposito com 32 onças d'agua
quente ; filtrar depois e espremer por panno . Dilue- se
tudo n'uma onça e meia de ammoniaco liquido.
SEMENTE CONTRA VERMES ( SANTONINA) 467
Sendo a materia gorda resinosa , que se acha na se-
mente, soluvel neste alcali , é facil separa-la coando
por panno ; muitas lavagens successivas com agua
fria podem separa-la completamente.
A santonina só contém então materias inertes . Cou-
vem unicamente dissolvê-la no alcool . Para isto fer-
ve-se por um instante com 96 onças de alcool forte e
um pouco de carvão animal , deixa-se depôr por
alguns minutos, e filtra- se pelo duplo funil cujo in-
tervallo contém agua quente .
A santonina que ficou no fundo do vaso misturada
com o carvão animal trata-se ainda duas vezes com
32 onças de alcool fervendo , e deita-se o liquido e o
deposito sobre o filtro .
O alcool carregado de santonina deixa cristalli-
sar-se esta substancia pouco a pouco em laminas bri-
lhantes de cor branca pura , que é preciso deixar sec-
car sobre o panno .
Quando se opera com grande quantidade, como se
faz verbigratia em certas fabricas de productos chimi-
cos da Allemanha, é importante aproveitar-se de todos
os residuos que geralmente contém bastante santonina,
e merecem por conseguinte um tratamento particular .
É indispensavel tratar pela agua fervendo , ao me-
nos duas ou tres vezes, consecutivamente, a semente,
que só fica esgotada depois deste trabalho repetido .
Entretanto não seria ventajoso tratar separadamente
estas differentes aguas pelo processo que acabamos
de indicar ; é mais expedito e mais economico ser-
vir-se destes liquidos para submetter á sua acção
nova semente.
O excesso de cal , que foi separado pelo filtro , estendo
diluido no liquido àcido que servia para decompòr a
combinação da santonina com a cal , é preciso ajun-
tar-lhe um excesso de acido hydrochlorico, depois
deixar depôr por alguns dias e decantar o liquido car-
regado de chlorureto de calcio . Este deposito, lavado
com agua quente e enxuto, será desembaraçado da
materia resinosa por 4 ou 5 onças de ammoniaco . Pro-
seguindo o processo, seria preciso trata-lo pelo al-
cool ; mas como a grande quantidade de materias
inertes e a pouca abundancia da substancia que se
468 SENNE.
procura exigiria o emprego de uma grande quanti-
dade de alcool, é melhor ferver este deposito em
252 onças d'agua e 6 onças de cal, coar por um fil-
tro ; depois lava-lo uma ou duas vezes com agua
fervendo, evaporar todas as aguas filtradas, até se for-
mar uma pellicula espessa , e decompô -lo então por
um excesso de acido hydrochlorico .
A santonina se deposita passadas 48 horas. La-
vando-a com agua desembaraça-se a facilmente do
acido que póde conter ; é preciso então secca-la e
dissolver no alcool que ficou depois da primeira ope-
ração . Um ou dous dias depois a santonina se cris-
tallisa . Distillando-se o alcool póde-se obter ainda
muita santonina, mas colorida. que se conserva , para
ser purificada n'uma outra operação.
Pastilhas de santonina (Calloud ) . Santonina 1 oit. ,
assucar 38 oitavas, gomma alcatira 36 grãos .
F.S.A. 144 pastilhas.Cada
uma contém meio grão de
santonina. D. 4 a 8 por dia
ás crianças .
Estas pastilhas são conhe-
cidas no Rio de Janeiro de-
baixo do nome de pastilhas
vegetaes contra as lombri-
gas. Preparão-se em muitas
boticas do Rio de Janeiro .
Confeitos de santonina
(Garnier).
Santonina pura 400 grãos
Assucar 1,900 grãos .
F. S.A. 200 confeitos . Cada
confeito contém 1/2 grão de
santonina. D. 4 a 8 por dia
ás crianças .
SENNE ( Séné , fr . ) . Fo-
liolos e fructos chamados
Fig. 111. Senne
(Cassia obovata). folliculos , dos arbustos do
genero Cassia , de que exis-
tem algumas variedades ; as principaes são Cassia
obovata, fig. 111 , e C. acutifolia, fig. 112. Estes
SENNE. 469
arbustos habitão no Alto-Egypto, Arabia e Syria. O
Cassia obovata cultiva-se na Hespanha e Italia. O
senne que se acha no commercio, e que se chama
Senne da Paltha, é uma mistura dos foliolos destas
especies . Os que provem do Cassia acutifolia, e
que são os mais estimados, são ovaes, agudos, lan-
ceolados, de 8 a 15 linhas de comprimento , de còr
amarellada por cima , e verde por baixo . Os do C.
obovata são obovaes, mais largos no topo do que no

4.
00
00
0

Fig. 112. - Senne (Cassia acutifolia).

pé, muito obtusos, do comprimento de uma polle-


gada . Todos tem sabor amargo. Quanto aos folli-
culos , que ás vezes estão misturados com folliolos,
mas que ordinariamente se achão separados, são lar-
gos, de côr escura, lisos , chatos ; os folliculos do C.
obovata são arqueados, os do C. acutifolia são mui
27
470 SENNE.
pouco curvos ; são menos empregados do que os
folliolos .
O senne é um dos purgantes mais seguros e mais
frequentemente empregados . Determina ás vezes co-
licas previne-se este inconveniente associando o
senne ás substancias aromaticas, como a canella , a
herva doce, o gengibre ou outros purgantes menos
energicos. Giacomini considera o senne como um
remedio antiphlogistico , e o recommenda nas in-
flammações entericas com prisão de ventre ou com
diarrhéa.
INTERIORMENTE . Pó, 24 grãos a 1 oitava. Rara-
mente empregado . Infusão , 4 oitavas para 6 onças
d'agua fervendo . Extracto (raramente ) 12 a 24 grãos .·
Tintura, (raramente ) 2 oitavas a 4 onça em poção .
Electuario de senne ou Electuario lenitivo .
Senne 8 p.
Herva doce 4
Polpa de ameixas 12
Polpa de tamarindos 12
Xarope simples q. b.
Laxante, na dóse de 1 onça e mais, e em clyster .
Vomitorio-purgante de Leroy.
Vinho branco 4 libras communs
Senne 4 onças.
Faça-se infusão a frio, por tres dias, tendo o cui-
dado de agitar a mistura de quando em quando ;
côe-se e esprema-se para obter quanto for possivel a
quantidade de vinho empregada . A cada libra (ou
16 onças de vinho assim preparado ) ajunte-se :
Tartaro emetico 1 oitava.
Filtre-se o licor. D. uma colher de sopa para um
adulto. Cada colher ( 1/2 onça) contém 2 grãos e 1/4 de
tartaro emetico .
Os purgantes de Leroy estão indicados na pag. 273 .
Infusão de senne tartarisada , ou agua Viennense
laxante, ou purgante Viennense.
Senne 3 oitavas
Cremor de tartaro 1 oitava
Aniz estrellado em pó 1/2 oitava
Agua fervendo 6 onças.
SENNE . 471
Digira por 2 horas, côe e ajunte :
Manná 2 onças .
Dissolva a calor brando , clarifique e côe. Toma-se
em duas dóses, com meia hora de intervallo .
Poção purgativa com café.
Senne 1/2 onça
Sulfato de magnesia 1/2 onça
Café torrado e pulverisado 1/2 onça.
Agua fervendo q . s . Infunda e côe de modo que
se tenha 4 onças de liquido . Ajunte
Assucar 1/2 onça.
Para beber por uma vez . Esta poção é tão eficaz
como o purgantc Viennense, e muito mais agra-
davel.
Tisana contra morbo.
Senne 4 onça
Pao santo 1 onça
Salsaparrilha 4 onça
Herva doce 1 oitava
Agua q . s . para ter 22 onças de cozimento ; ajunte
Sal amargo 4 onça
Xarope simples 2 onças.
Uma chicara de meia em meia hora, como pur-
gante.
Café purgante.
Senne 2 1/2 oitavas
Agua fervendo 4 onças.
Infunda e côe, e prepare com esta infusão uma
chicara de café, ao qual se ajunta leite e assucar.
Este purgante convem principalmente ás crianças.
Soro de leite de Weiss .
Senne 36 grãos
Sulfato de soda 36 grãos
Flores de sabugueiro 24 grãos
Flores de tilia 24 grãos
Summidades de hypericão 24 grãos
Soro de leite fervendo 46 onças.
Ponha de infusão por meia hora e còe . Por chi-
caras no decurso do dia , como leve purgante, para
diminuir ou supprimir a secreção do leite depois
do parto.
472 SERPENTARIA DE VIRGINIA.
Apozema purgante.
Senne 4 oitavas
Coentro 36 grãos
Agua fervendo 16 onças ;
Ponha de infusão , còe e ajunte
Xarope de chicoria 16 onças .
Robe depurativo ( Devergie senior) .
Bardana
Labaça aná 1,000 partes.
Folhas de saponaria
Guaiaco raspado
Senne 250 partes
Mel de abelha
aná 5,00 0 partes
Assucar }
Agua 15,000 partes.
F. S. A. Uma colher de sopa, tres vezes por dia,
nas affecções syphiliticas .
Bebida purgativa.
Senne 4 oitavas
Ameixas seccas 4 onça
Água q. s . para ter 16 onças
de decocto ; ajunte
Mel de abelha 2 onças.
Uma chicara de quarto em quarto de hora .
Clyster purgante.
Senne 4 oitavas..
Agua fervendo q . s . Infunda e côe de modo que
se tenha 6 onças de liquido ; ajunte
Sulfato de soda 4 oitavas.
SERPENTARIA DE VIRGINIA (Serpentaire de
Virginie , fr. ) . Aristolochia serpentaria , Willd .
Planta que habita na Carolina e Virginia . Fig . 443 .
P. us. Raiz. Esta raiz é composta de um tronco com-
mum delgado, de que partem numerosas flbrillas
longas , entrelaçadas , ramosas , de còr fusca ; cheiro
aromatico, camphorado ; sabor quente e amargo .
Excitante energico ; emprega-se nas febres adyna-
micas. Associada á quina, administra-se nas febres
intermittentes rebeldes, chlorose, affecções gangre-
nosas, etc.
SIMARUBA . 473
INTERIORMENTE. Infusão : 3 oit . para 12 onças
d'agua fervendo .

Fig. 113. Serpentaria de Virginia.


SIMARUBA ( Simaruba, fr. ) . Quassia simaruba,
L. Arvore que habita na Guiana e nas Antilhas .
Fig. 114. Esta arvore tem 60 pés de alto e ás vezes
mais, e o tronco mais de 2 pés de diametro . As rai-
zes são mui grossas e estendem-se ao longe, perto
da superficie da terra , que as deixa frequentemente
metade descubertas. P. us . Casca da raiz . Vem em
tiras delgadas, leves, compridas, de contextura fi-
474 SIMARUBA.
brosa, difficilmente pulverisaveis, acinzentadas por
fora, amarelladas por dentro , inodoras, de sabor
muito amargo, sem adstringencia.
Tonico energico, empregado nos fluxos serosos ,
hemorrhagias passivas, febres intermittentes, dysen-
terias, affecções verminosas e astenicas. Sua acção
parece-se com a da quassia.

Fig. 114. - Simaruba .


INTERIORMENTE . Pó 1 a 4 oitavas. Infusão : 3 oi-
tavas para 12 onças d'agua fervendo .
Poção de simaruba opiacea (Lemarchand) .
Casca de simaruba 1 oitava
Agua 12 onças .
Ferva até á reducção da metade e ajunte
Laudano de Sydenham 40 gottas.
Toma-se a metade de manhãa e outra de tarde,
contra a dysenteria dos paizes quentes . Augmenta-se
gradualmente a dóse de simaruba até chegar a 2 oi-
tavas.
STRYCHNINA. 475
SORO DE LEITE (Petit-lait, fr . ) , Prepara-se da
maneira seguinte : Ferva 24 onças de leite de vacca,
e ajunte-lhe por pequenas porções uma quantidade
sufficiente de uma dissolução , feita com uma parte
de acido tartarico e 8 partes d'agua ; quando o coa-
lho estiver bem formado, còe sem espressão ; torne
a pôr o leite sobre o fogo com uma terça parte de
uma clara de ovo, previamente diluida e batida com
algumas colheres d'agua fria. Ferva, deite uma pouca
d'agua, para abaixar a fervura, còe por peneira, e
emfim filtre por um papel previamente lavado na agua
fervendo. O soro de leite emprega-se como emolliente
e refrigerante , e como vehiculo dos medicamentos
mais activos.
Squina. V. China, pag. 224.
STRYCHNINA ( Strychnine, fr . ) . Alcali vegetal
obtido da noz vomica. Acha-se em pó branco, ino-
doro, pouco soluvel no ether e na agua, soluvel no
alcool , de sabor excessivamente amargo .
A strychnina produz os mesmos effeitos que a noz
vomica (v. Noz vomica, pag. 395) , mas sua acção é
seis vezes mais energica . É o principio activo da noz
vomica, da fava de Santo Ignacio e do upas tieute. A
strychnina é um dos mais violentos venenos um só
grão ingerido pela bocca bastaria para produzir a
morte. Entretanto por fracções de grão tem-se admi-
nistrado na amaurose , paralysia , epilepsia , cho-
réa, etc. Deve-se ter muita cautela, no seu emprego .
INTERIORMENTE. 1/12 a 1/8 de grão em pó ou pilu-
las . Alcool de strychnina ( Strychnina 3 grãos , al-
cool 4 onça) . D. 6 a 24 gottas em poção.
EXTERIORMENTE . Pelo methodo endermico . Pó 1/8
a 4 grão por dia , para polvilhar a ferida de um caus-
tico, previamente applicado sobre o trajecto do nervo
frontal, na amaurose ; ou emalgum ponto da columna
vertebral, nas outras paralysias.
Alcool de strychnina . Meia a 4 onça por dia em
fricções.
Pilulas de strychnina (Magendie) .
Strychnina 2 grãos
Conserva de rosas 36 grãos.
F. 24 pilulas bem iguaes, que é preciso pratear
476 SUB-NITRATO DE BISMUTHO.
para que não se unão umas ás outras. D. 4 a 2, duas
vezes por dia.
Collyrio de Henderson.
Strychnina 2 grãos
Acido acetico diluido 1 oitava
Agua distillada 1 onça .
M. Contra a amaurose. Lavão-se os olhos com
uma colher de chá deste collyrio duas a quatro vezes
por dia.
Linimento de strychnina ( Furnari) .
Azeite doce 4 onças
Ammoniaco liquido 2 oitavas
Balsamo de Fioraventi 4 oitavas
Strychnina 6 grãos.
M. Friccionão-se as fontes e a testa duas a tres
vezes por dia, com duas colheres de chá deste lini-
mento , cada vez, na amaurose.
Sub-acetato de chumbo liquido. V. Extracto de
Saturno, pag. 285 .
Sub-carbonato de ammoniaco . V. Carbonato ,
pag. 141.
Sub-carbonato de chumbo. V. Carbonato, pag. 204.
Sub-carbonato de ferro. V. pag. 295 .
Sub-carbonato de magnesia. V. Carbonato de
magnesia, pag. 356 .
Sub-carbonato de potassa. V. pag. 205.
Sub-carbonato de soda. V. pag. 207.
Sublimado corrosivo. V. pag. 375.
SUB-NITRATO DE BISMUTHO, chamado ás
vezes impropriamente Oxydo branco de bismutho
(Sous-nitrate de bismuth, fr. ) . Sal branco , sem sa-
bor, inodoro , pouco soluvel em agua.
Antispasmodico e calmante em pequena dóse, em-
pregado nas affecções nervosas do tubo digestivo , na
gastralgia, pyrosis , nevralgia facial, cholera-mor-
bus, diarrhéa e vomitos espasmodicos. Em alta dóse
(duas oitavas por exemplo), o sub- nitrato de bis-
mutho póde produzir accidentes graves, taes são
anxiedade, nauseas, vomitos, vertigens, enfraqueci-
mento geral, fraqueza do pulso , desmaios . Todos
estes symptomas caracterisão segundo a escola ita-
liana a hyposthenia, que se póde destruir com o em-
SULFATO DE ALUMINA. 477
prego das bebidas espirituosas, chá de canella e opio .
INTERIORMENTE . 12, 24 grãos a 1 oitava progres-
sivamente, em 24 horas, em pó , pilulas ou vehiculo
mucilaginoso.
Pós antispasmodicos (Récamier) .
Sub-nitrato de bismutho 6 grãos
Magnesia 1 oitava
Assucar 1 oitava.
M. e divida em seis papeis, que setomão n'um dia .
Pilulas anti-gastralgicas (Jadioux)
Sub-nitrato de bismutho 36 grãos
Extracto de valeriana 36 grãos.
F. 18 pilulas. D. 1 a 2 pilulas por dia.
Pilulas contra a epilepsia ( Vallerand) .
Sub-nitrato de bismutho 18 grãos
Extracto de quina 36 gráos
Extracto de meimendro 12 grãos.
F. 12 pilulas. D. 2 por dia.
Succino. V. Ambar amarello, pag. 133 .
SULFATO DE ALUMINA ( Sulfate d'alumine, fr. ) .
Tem a forma de laminas esbranquiçadas, brilhantes
e flexiveis , de sabor acerbo , estiptico, attrahindo
fortemente a humidade do ar, soluvel em peso d'agua
menor do que o seu.
Preparação do sulfato de alumina . Misture alu-
mina em geléa com o acido sulfurico diluido em duas
vezes o seu peso d'agua, e ferva . A quantidade do
acido sulfurico deve ser tal que dissolva quasi toda a
alumina. O licor filtrado e evaporado até à consis-
tencia de xarope põe-se n'uma garrafa que se tapa .
No fim de 24 horas formão-se cristaes.
Para preparar a alumina, é preciso deitar um
excesso de ammoniaco n'uma dissolução de pedra-
hume (sulfato d'alumina e potassa) . A pedra-hume
fica decomposta e a alumina se precipita. Deve se
lava-la muitas vezes , para dissolver os sulfatos de
ammoniaco e potassa .
O sulfato d'alumina emprega-se para a conservação
dos cadaveres segundo o methodo de Gannal . Con-
siste este methodo em injectar pela arteria carotida
esquerda uma dissolução de sulfato de alumina .
V. Embalsamento nas RECEITAS DIVERSAS .
27.
478 SULFATO DE POTASSA.
Sulfato de alumina e potassa .V. Alumen, p. 129.
SULFATO DE COBRE. Pedra lipes, vitriolo azul
ou caparrosa azul (Sulfate de cuivre. vitriol bleu.
couperose bleue, fr . ) . Sal solido , de cor azul escura,
transparente. cristallisado em prismas de 4 a 8 faces,
de cheiro particular, sabor estyptico, soluvel em 4 p .
d'agua fria.
O sulfato de cobre foi aconselhado interiormente
na epilepsia e nas febres intermittentes, mas é um
medicamento perigoso , e é empregado só exterior-
mente como caustico e catheretico , para cauterisar as
ulceras fungosas, os cancros venereos atonicos, as
aphtas, etc. Dissolvido em agua serve como estyp-
tico nas hemorrhagias externas , leucorrhéas, blennor-
rhagias e ophthalmias chronicas . Em algumas oph-
thalmias chronicas, é util tocar a margem livre das
palpebras com um pedaço de sulfato de cobre.
Subst. incomp. Os alcalis e seus carbonatos , o
borax, o acetato de chumbo, e todas as infusões ad-
stringentes .
Pedra divina. Cod . fr . (Sulfato de cobre , 96 ; ni-
trato de potassa. 96 ; alumen , 96 ; camphora , 4 ) . Pul-
verisados os saes, derretão-se em vaso de barro, não
vidrado ; ajunte-se depois a camphora , e vase-se a
massa em cima de uma pedra fria untada de azeite ;
depois de arrefecer guarde -se n'um vaso bem tapado .
EXTERIORMENTE . Dissolução . Em injecções e la-
vatorios, 4 oitava de sulfato de cobre para 12 onças
d'agua .
Collyrio com pedra divina ( Cod . fr. ) .
Pedra divina 48 grãos
Agua commum 8 onças.
Dissolva e filtre. Ophthalmias chronicas.
Collyrio contra as ophthalmias chronicas ( Sichel ) .
Sulfato de cobre 4 grão
Água distillada 2 oitavas
Laudano de Sydenham 6 gottas.
M.
Sulfato de ferro. V. pag. 296 .
Sulfato de magnesia. V. pag . 358 .
Sulfato de morphina. V. pag. 441 .
SULFATO DE POTASSA , Sal de duobus ou sal
SULFATO DE QUININA. 479
polychresto de Glaser ( Sulfate de potasse, sel de duo-
bus ou sel polychreste de Glaser, fr . ) . Sal solido,
branco, cristallisado em prismas de 4 ou 8 faces,
inodoro, de sabor levemente amargo ; soluvel em 16
partes d'agua fria, e em 5 partes d'agua fervendo.
Este sal é um purgante na dóse de 2 a 4 oitavas,
e é considerado por algumas pessoas como antileitoso
e proprio para prevenir os accidentes que seguem ás
vezes o parto. Mas esta propriedade não lhe pertence
de uma maneira exclusiva, pois que qualquer outro
sal purgante, como o sulfato de magnesia ou de soda,
preenche a mesma indicação . Alguns casos aconte-
cidos nestes ultimos annos em França provão , pelo
contrario , que o sulfato de potassa tem causado
accidentes graves, e até a morte . Existe com effeito
no commercio este sal contendo os sulfatos de zinco ,
de cobre, e até o sublimado corrosivo . Estas altera-
ções dependem do modo vicioso da preparação do
sulfato de potassa . Os pharmaceuticos, que não pre-
parão em suas officinas este sal, devem antes de se
servir delle examina-lo e purifica-lo, e os medicos fa-
rião ainda melhor se em lugar do sulfato de potassa
receitassem o sulfato de soda ou de magnesia, que
não occasionão accidentes e servem para os mesmos
casos. A solução de sulfato de potassa puro não deve
ter acção alguma sobre o papel de gyrasol e sobre o
xarope de violas ; esta solução não ha de dar preci-
pitado pelo ammoniaco, pelo hydrosulfato de ammo-
niaco, nem pelo acido gallico . Mas, repetimos, este
sal deve ser banido da materia medica, pois que,
mesmo puro , na dóse de 10 oitavas tem causado a
morte. (V. Annuaire de thérapeutique do prof.
Bouchardat, 1843 , pag. 126 ; 1844, pag. 60.)
SULFATO DE QUININA ( Sulfate de quinine, fr. ) .
Sal que resulta da combinação do acido sulfurico
com a quinina, um dos principios activos da quina.
É cristallisado em agulhas finas; branco , flexivel, ino-
doro , mui amargo, soluvel em 740 partes d'agua fria
e em 30 partes d'agua fervendo ; soluvel no alcool e
na agua acidulada com algumas gottas de acido sul-
furico .
Febrifugo e anti- periodico excellente ; sua acção
480 SULFATO DE QUININA.
anti-febril é muito mais prompta e mais segura do
que a da casca de quina ; mas como tonico é só esta
ultima que deve ser usada. Emprega-se não somente
nas febres intermittentes simples e perniciosas mas
nas enxaquecas periodicas , e em todas as affecções
que apparecem em periodos certos . É tambem indi-
cado no tratamento do rheumatismo articular agudo,
na dóse de 18 a 36 grãos por dia , nas febres typhoides
perniciosas, na febre amarella . O Dr Semanas acon-
selha o sulfato de quinina como remedio curativo e
preservativo do enjôo . A maneira da administração
do sulfato de quinina , neste caso, acha-se indicada no
Memorial therapeutico, artigo Enjóo . Emprega-se
contra o enjoo debaixo da fórma das pilulas de sulfato
de quinina tartarisado , que abaixo vão indicadas . Em
alguns casos o sulfato de quinina produz diarrhéa,
donde provem a necessidade de associa-lo a uma pe-
quena quantidade de opio, para combater este acci-
dente ; e ás vezes produz dôres de cabeça e surdez ,
mas estes phenomenos são passageiros . Em dóse muito
elevada póde perturbar à vista e até occasionar a
morte. Logo que appareção os zunidos deve-se parar
com o sulfato de quinina este symptoma mostra o
principio de excesso d'acção, ou à saturação.
A escola italiana considera o sulfato de qulnina
como um remedio hyposthenisante cardiaco-vascular .
INTERIORMENTE . A sua dóse é mui variavel , 2 , 12 ,
24 até 48 grãos, em 2 a 4 fracções durante a apyrexia;
em pó, pilulas ou poção.
Quando se administra o sulfato de quinina n'um
liquido , é preciso ajuntar algumas gottas de acido
sulfurico ou d'agua de Rabel, para torna-lo soluvel ,
pois sem esta precaução uma parte delle se precipita.
Para dissolver 10 grãos de sulfato de quinina em
3 onças d'agua distillada fria , é preciso ajuntar 9 got-
tas d'agua de Rabel, entretanto que 5 gottas são suf-
ficientes para produzir a dissolução do sal em agua
distillada fervendo, sem que haja precipitação ul-
terior do sal pelo resfriamento . Daqui vem o pre-
ceito de se empregar sempre a agua fervendo para
a dissolução do sulfato de quinina .
Sabe-se quanto é difficil administrar o sulfato de
SULFATO DE QUININA. 481
quinina ás crianças. O meio de tirar o amargor deste
medicamento consiste em diluir o sulfato de quinina
em duas ou tres colheres de infusão de café a que se
pode ajuntar leite e assucar. Póde-se ainda encobrir
o gosto do sulfato de quinina , administrando-o em al-
gumas colheres de chá da India.
Xurope de sulfato de quinina (Cada onça contém
2 grãos de sulfato . A maneira como se prepara acha-se
indicada na pag. 53) . D. 1 a 2 onças por dia , por
colheres, ás crianças .
Vinho de sulfato de quinina ( Sulfato de quinina
12 grãos, vinho da Madeira 16 onças . Cada onça contém
3/4 de grão de sulfato) . D. 1 a 2 onç. tres vezes por dia .
EXTERIORMENTE . Em fricções sobre a columna ver-
febral, ou na parte interna dos braços e das coxas,
6 a 12 grãos e mais, dissolvidos na agua acidulada
com acido sulfurico, duas a quatro vezes por dia, du-
rante a apyrexia.
Pós de sulfato de quinina.
Sulfato de quinina 48 grãos
Assucar 36 grãos.
M. e divida em 6 papeis. D. 4 tres vezes por dia,
durante a apyrexia das febres intermittentes , em doce,
mel de abelha ou hostia.
Pós febrifugos.
Sulfato de quinina 32 grãos
Sulfato de morphina 1 grão .
M. e divida em 8 papeis. D. 2 papeis por dia.
Pilulas de sulfato de quinina.
Sulfato de quinina 12 grãos.
Extracto de absintho q. s.
F. 6 pilulas, que se tomão em 3 dóses .
Pilulas de sulfato de quinina opiaceas .
Sulfato de quinina 12 grãos
Extracto d'opio 1 grão
Conserva de rosas q. s.
F4 pilulas, que se tomão no decurso de um dia.
Pilulas febrifugas anti-septicas.
Sulfato de quinina 18 grãos
Alcanfor 9 grãos
Calomelanos 9 grãos
Extracto de quina q. s.
482 SULFATO DE QUININA.
F. 9 pilulas . D. 4 por dia nas febres intermittentes
graves.
Pilulas de sulfato de quinina tartarisado
( Semanas ) .
Sulfato de quinina 40 grãos
Acido tartarico 24 grãos.
Triture por dez minutos n'um almofariz de louça
até misturar inteiramente , e faça com q . s . de pós
de raiz de althéa 20 pilulas.
Estas pilulas são aconselhadas contra o enjòo . A
maneira por que se administrão está indicada no Me-
morial therapeutico, artigo Enjóo.
Mistura de sulfato de quinina tartarisado
( Righini ) .
Sulfato de quinina 18 grãos
Acido tartarico 24 grãos
Agua distillada 4 onças
Xarope de hortelãa 2 onças.
M. Quatro colheres de sopa de 3 em 3 horas , na
apyrexia .
Poção de sulfato de quinina.
Sulfato de quinina 12 grãos
Agua de canella 2 1/2 onças
Xarope simples 1/2 onça
Acido sulfurico diluido 40 gotlas.
M. Toma-se em tres dóses durante a apyrexia .
Poção febrifuga de Levacher.
Sulfato de quinina 40 grãos
Agua 3 onças
Acido sulfurico q. b . para
dissolver o sulfato .
Ether sulfurico 1 oitava
Extracto de opio 1/2 grão
Agua de flor de laranja 2 onças
Tintura de digital 20 gottas
Xarope 4 onça.
F. S. A. Uma colher de sopa de duas em duas
horas, durante a apyrexia. Deve-se mexer sempre
que se usar della .
Pomada de sulfato de quinina tartarisado.
Sulfato de quinina 40 grãos
Acido tartarico em pó 24 grãos .
SULFATO DE SODA. ' 483
Triture com algumas gottas d'agua e ajunte
Banha 1/2 onça.
Esta pomada é aconselhada em fricções contra o
enjoo nas crianças ou pessoas adultas que não podem
engulir pilulas. A maneira por que se emprega está
indicada no Memorial therapeutico, artigo Enjóo.
Clyster de sulfato de quinina.
Sulfato de quinina 12 grãos
Decocção de dormideiras 6 onças
Acido sulfurico alcoolisado 1 a 2 gottas.
Pomada febrifuga (Boudin ) .
Sulfato de quinina 1 oitava
Dissolva em algumas gottas de alcool e de acido
sulfurico , e incorpore a
Banha 4 oitavas.
Em fricções nos sovacos . Fazem-se 3 fricções por
dia, e para cada fricção emprega-se a porção da po-
mada que possa encher uma pequena colher de chá .
Fricção febrifuga.
Vinagre aromatico 2 onças
Tintura de quina 2 onças
Sulfato de quinina 4 oitava
Acido sulfurico algumas gottas
para dissolver o sulfato,
D. Fazem-se tres fricções por dia, no espinhaço ,
parte interna das còxas e pernas, na apyrexia, e para
cada fricção emprega-se uma colher de sopa deste
liquido. Cada colher de sopa ou meia onçà contém
9 grãos de sulfato .
SULFATO DE SODA, Sal de Glauber. (Sulfate
de soude, sel de Glauber, fr . ) Sal solido , branco ,
cristallisado em prismas de seis faces, compridos, ou
em cristaes que se parecem com os de sulfato de ma-
gnesia, inodoro, de sabor amargo, fresco e salgado ;
e mui soluvel na agua a 33° centigr.; menos soluvel
abaixo e acima desta temperatura .
Purgante brando , cuja acção é mui constante e
pouco irritante. Emprega-se nas molestias febris, ic-
tericia, molestias cutaneas . Dado em dóse mui pe-
quena é um diuretico .
Interiormente . Como purgante 1 a 2 onças, dis-
484 SULFATO DE ZINCO.
solvidas em 12 onças d'agua . Como diuretico 36 grãos
a 1 oitava em 24 onças de liquido .
Sal de Guindre ( Sulfato de soda, 6 oitavas ; ni-
trató de potassa , 12 grãos ; emetico, 1/2 grão) . Toma-
se esta dóse por uma vez , de manhãa em jejum, n'uma
chicara d'agua fria.
Sal de Cheltenham ( Sal de Glauber, sal d'Epsom ,
sal de cozinha , aná p . ig . ) . D. 4 a 8 oitavas como
purgante.
Cozimento real.
Sulfato de soda 4 oitavas
Senne 4 oitavas
Herva doce 1 oitava
Coentro 1 oitava
Cerefolio 4 oitavas
Limão cortado No 1
Agua fria 32 onças.
Ponha de infusão e côe. Por chicaras como pur-
gante.
Bebida emeto-cathartica .
Emetico 2 grãos
Sulfato de soda 1 onça
Agua 16 onças
Dissolva. Uma chicara de quarto em quarto de hora.
Tisana purgativa ( Bomtempo) .
Raiz de grama 1 onça
Cremor de tartaro 6 oitavas
Borax 1/2 oitava
Polpa de tamarindos 3 onças
Sal de Glauber 6 oitavas
Agua q. s . para ter 24 onças
do cozimento feito segundo a arte .
Uma chicara de meia em meia hora.
Clyster purgante.
Sulfato de soda 4 onça
Decocção de raiz de althéa 6 onças . Dissolva.
SULFATO DE ZINCO, Caparrosa branca, vitriolo
branco ( Sulfate de zinc, couperose blanche , vitriol
blanc, fr.) . Cristaes prismaticos mais ou menos vo-
lumosos, brancos ; inodoros quando não estão pul-
verisados, cheiro picante quando reduzidos a pó ;
sabor acre estyptico , mui soluveis em agua .
SULFATO DE ZINCO. 485
Administrado interiormente , em alta dóse, é um
emetico violento, recommandado outr'ora nos enve-
nenamentos, mas quasi sem uso hoje. Em dóses pe-
quenas é aconselhado como adstringente e antispas-
modico ; mas emprega-se hoje quasi exclusivamente
para uso externo, contra as ophthalmias, blennor-
rhagias e leucorrhéas .
Subst. incomp. O tannino e o cozimento de vege-
taes adstringentes que contém tannino, os alcalis , os
saes de chumbo , de baryta , etc.
INTERIORMENTE . Como adstringente e antispasmo-
dico 1 a 4 grãos por dia, em pó , pilulas ou dissolu-
ção. Como emetico ( raramente) 10 a 20 grãos .
EXTERIORMENTE. Em collyrios, 4 a 5 grãos e mais
para 1 onça de liquido . Em injecções 10 a 24 grãos
para 8 onças de liquido, nas blennorrhagias e leu-
corrhéas.
Pilulas adstringentes e calmantes ( Dupuytren ) .
Sulfato de zinco 4 grãos
Extracto de opio 2 grãos.
F. 2 pilulas . D. 2 por dia na diarrhéa .
Collyrio com sulfato de zinco (Cod . fr. ) .
Sulfato de zinco 18 grãos
Agua distillada de rosas 4 onças .
Dissolva e filtre . Opththalmias chronicas.
Collyrio de Janin.
Sulfato de zinco 5 grãos
Agua de tanchagem 4 onças
Mucilagem de sementes de marmelo 4 oitavas.
M. e mexa sempre que delle usar. Ophthalmias
chronicas .
Collyrio adstringente (hosp . de Guy de Londres) .
Sulfato de zinco 10 grãos
Agua distillada 4 onças
Alcool camphorado 4 oitavas.
M. e filtre. Ophthalmias chronicas .
Collyrio contra as ophthalmias purulentas
(Clot-Bey).
Agua distillada 6 onças
Sulfato de zinco
Pedra-hume aná p, ig.
e q. s. para saturar completamente a agua .
486 SULFURETO DE CAL.
Segundo o Dr. Clot- Bey, este collyrio emprega-se
com grande vantagem no Egypto . Deitão-se algumas
gottas deste collyrio entre as palpebras, com a rama
de uma penna, duas ou tres vezes por dia , e a mo-
lestia fica curada como por encanto em dous ou
tres dias .
Injecção adstringente .
Sulfato de zinco 40 grãos
Agua distillada 40 onças .
M. Fazem-se duas injeccções por dia, na blennor-
rhagia .
Mistura para lavatorios (Biett) .
Sulfato de zinco 24 grãos
Acetato de chumbo 24 grãos
Agua de rosas 5 onças
Mucilagem de sementes de marmelo 4 onça.
M. Usa-se contra as empigens do rosto,
Pomada contra a tinha ( Bories) .
Sulfato de zinco 6 oitavas
Fuligem 42 oitavas
Banha 4 onças.
F. S. A. Duas fricções por dia , com duas oitavas
da pomada.
Sulfureto de antimonio. V. pag. 148 .
SULFURETO DE CAL ( Sulfure de chaux , fr. ) .
Pedaços amarellos avermelhados , porosos e friaveis ,
pouco soluveis em agua.
Interiormente foi aconselhado no tratamento dos
catarrhos pulmonares e da tisica . Para uso externo
entra na composição das pomadas anti- psoricas.
INTERIORMENTE. 2 a 12 grãos em pilulas.
Pilulas de Hesser.
Sulfureto de cal 36 grãos
Extracto d'aconito 36 grãos
Pós de aconito 36 grãos.
F. 36 pilulas. D, ↑ de duas em duas horas . Moles-
tias de pelle e de peito .
Pós de Pyhorel contra a sarna,
Sulfureto de cal 4 onça
Divida em 16 papeis . Fazem-se fricções duas vezes
por dia, com um destes papeis, diluindo os pós em
uma pequena quantidade de azeite doce .
SULFURETO DE POTASSA. 487
Sulfureto de mercurio . V. pag. 379.
SULFURETO DE POTASSA, Figado de enxofre
(Sulfure de potasse, foie de soufre, fr . ) . É secco ou
liquido. O sulfureto de potassa secco é solido, duro,
fragil, de cor roxa esverdinhada quando é recente-
mente preparado, cinzento quando antigo ; de sabor
acre, caustico e amargo; inodoro quando secco, mas
estando exposto ao ar attrahe facilmente a humi-
dade , e desenvolve então um cheiro mui fetido . O
sulfureto de potassa liquido, que é a dissolução do
sulfureto secco na agua, e que marca 30° Baumé,
é de côr escura.
É aconselhado interiormente contra as tosses chro-
nicas, coqueluche, dartros rebeldes, gota, rheuma-
tismos chronicos , etc. Em alta dóse o sulfureto de
potassa é um violento veneno . A escola italiana con-
sidera este medicamento como hyposthenisante car-
diaco-vascular. Exteriormente é mui efficaz no tra-
tamento da tinha e dos dartros, dos engurgitamentos
dos ganglios lymphaticos, das affecções escrophulo-
sas, syphiliticas e rheumaticas, etc.
INTERIORMENTE . Sulfureto secco 6 a 18 grãos com
mel de abelha ou em pilulas.
Xarope (Cod . fr . ) . Figado de enxofre 8 grãos , agua
distillada 16 grãos, xarope simples 4 onça . ) Este xa-
rope altera-se mui facilmente ; deve ser preparado no
momento em que se precisa delle . Por colheres no
garrotilho. Pouco usado.
EXTERIORMENTE . Em banhos , 2 a 4 onças de sulfu-
reto secco ; 5 a 10 onças de sulfureto liquido para um
banho . Em lavatorios 1 onça para 3 a 6 onças d'agua.
Pilulas de sulfureto de potassa ( Dr. Paris ) .
Sulfureto de potassa secco 15 grãos
Sabão medicinal 1 oitava
Balsamo peruviano q . s.
F. 30 pilulas. D. 3 pilulas, de quatro em quatro
horas, nas molestias cutaneas. Logo depois de tomar
as tres pilulas o doente deve beber meia chicara de
infusão de bagas de zimbro .
Banho antipsorico de Jadelot .
Sulfureto de potassa secco 4 onças
Água commum 32 onças.
488 SURUCURA.
Dissolva-se e lance-se em uma banheira de páo que
tenha a necessaria quantidade d'agua para um banho
geral. Contra a sarna e outras molestias cutaneas.
Činco a dez banhos ; cada um de uma hora .
Banho sulfuroso.
Sulfureto de potassa liquido 5 onças
Agua quente q. s.
M. Toma-se n'uma banheira de páo , nas molestias
cutaneas e rheumatismos.
Lavatorio antipsorico (Biett) .
Sulfureto de potassa 1 oitava
Sabão branco 2 oitavas
Agua distillada 8 onças.
M. Contra a sarna e prurido .
Lavatorio de Barlow .
Sulfureto de potassa 2 oitavas
Sabão branco 2 1/2 oitavas
Alcool 2 oitavas
Triture n'um almofariz de louça , e ajunte
Agua de cal 7 onças.
Contra o prurido .
Pomada contra a tinha.
Sulfureto de potassa 3 oitavas
Sub-carbonato de soda 3 oitavas
Banha 3 onças .
F. S. A.
Sulfureto rnbro de mercurio. V. pag. 379.
SULFURETO DE SODIO (Sulfure de sodium, fr. ) .
Cristaes sem côr, deliquescentes, mui soluveis em agua .
Goza das mesmas propriedades que o sulfureto de
potassa, mas é menos activo . Serve para preparação
das aguas mineraes e dos banhos sulfurosos . V. p. 112 .
SURUCURA. Begonia hirtella, Lmk. Planta do
Brasil . Caule de 14 a 2 pés, liso , verde ou amarellado,
cheio de um succo acido, folhas cordiformes de sabor
de azedas, flor pequena, branca amarellada . P. us.
Toda a planta.
Temperante e adstringente, empregada contra as
diarrhéas chronicas.
INTERIORMENTE . Decocção 1/2 onça para 12 onças
d'agua fervendo . Sumo a 2 onças . Xarope 1 a
2 onças .
TABACO. 489
TABACO ou Fumo (Tabac, fr.) . Nicotiana ta-
bacum, L. Planta originaria da America meridional ,
cultivada em muitos paizes das regiões quentes e
temperadas do globo . ( Fig. 445) . — Caule ramoso,
viscoso, avelludado, da altura de 2 a 4 pés ; folhas
ovaes, alternas, quasi rentes, mui grandes, pubes-

The

Fig. 115.- Tabaco.

centes, flôr côr de rosa, cheiro viroso, sabor amargo


e acre. P. us. Folhas.
Quando se excede as dóses medicinaes, o tabaco é
um veneno narcotico-acre. Raras vezes se administra
interiormente, pois que é um medicamento perigoso;
490 TABACO.
foi entretanto aconselhado no tratamento da asthma ,
hydropisia, dos catharros chronicos, coqueluche, pa-
ralysia da bexiga , epilepsia , tetano, etc. Na asphyxia ,
administrão-se os clysteres de decoção de tabaco ,
para abalar todo o systema nervoso . Estes clysteres
empregão-se tambem nas hernias estranguladas ;
mas com muita cautela, porque o Dr Astley Cooper
refere casos de morte pela administração de clysteres
feitos com uma infusão de folhas de fumo . Ei fric-
ções as folhas frescas de tabaco são aconselhadas
contra a sarna e tinha.
Os effeitos que se manifestão nas pessoas que pela
primeira vez fumão tabaco são : languidez , entor-
pecimento, peso na cabeça , vertigem , pallidez do
rosto, frequentes desejos de urinar, nauseas, frio na
pelle, suores na testa , vomitos. Estes symptomas
podem augmentar ao ponto de produizir desmaio,
modorra , e morte. Segundo estes effeitos a escola
italiana conclue que a acção dynamica do tabaco é
hyposthenisante cephalica, e ao mesmo tempo car-
diaco-vascular. O envenenamento pelo tabaco com-
bate-se com vinho, chá de canella e bebidas alcoo-
licas.
O uso moderado do rapé é util ás pessoas estudiosas ,
cuja imaginação está fatigada pelas congestões san-
guineas do cerebro . As pessoas que comem muito,
que usão habitualmente de licores alcoolicos, dão-se
bem com o uso moderado do charuto .
INTERIORMENTE . Infusão : 36 grãos para ter 8 on-
ças de liquido .
EXTERIORMENTE . Decocção : 2 onças para ter
24 onças de liquido .
Infusão de tabaco ( Fowler ) .
Folhas de tabaco 2 oitavas
Agua fervendo 4 onças
Ponha de infusão a banho-maria , còe e ajunte
Alcool 4 onça .
D. 20 a 40 gottas por dia, e mais progressivamente.
Asthma, hydropisia do peito.
Clyster de tabaco.
Folhas seccas de tabaco 1/2 oitava
Agua q. s. para ter 8 onças
TAMARINDOS. 494
de decocto. Empregado no tetano. Seria perigosa a
dóse mais forte do tabaco.
Clyster de tabaco composto.
Folhas sccas de tabaco 1/2 oitava
Agua quantidade sufficiente para ter 8 onças
de decocto ajunte
Emetico 6 grãos.
Como estimulante mui activo na asphyxia, e apo-
plexia.
Tajuja. V, Abobora do matto , pag. 76.
TALCO (Talc de Venise, craie de Briançon, fr.) .
Producto mineral branco, madrepolado , unctuoso .
É um silicato de magnesia. Os pós de talco entrão
na composição de alguns opiatos e pós dentifricios .
Os sapateiros se servem delles para facilitar a en-
trada das botas , donde vem o nome de sabão dos
sapateiros que se dá ás vezes ao talco .
TAMARINDOS ( Tamarin, fr . ) . Fructos do tama-

Fig. 116. Tamarindos .


492 ΤΑΝΝΙΝΟ .
rinheiro. Tamarindus indica , L. , grande arvore
das Indias, naturalisada no Brasil . Fig. 146. Esta
arvore tem um tronco elevado , com casca rôxa ;
folhas alternas pinnuladas, compostas de 10 a 18 pa-
res de foliolos oppostos, ellipticos , glabros ; flores
grandes , de côr amarella esverdinhada com veios
roxos ; os fructos são vagens do comprimento de
4 pollegadas , curvadas , contendo 4 a 12 sementes
vermelhas , cercadas de uma polpa viscosa , de côr
rôxa avermelhada , e mais ou menos acida . P. us .
Polpa extrahida dos fructos.
Temperante e brando laxante, empregado nas mo-
lestias febris . Costuma associar-se a outros purgan-
tes. Os tamarindos são considerados como hyposthe-
nisantes pela escola italiana.
Subst. incomp . Os saes de potassa, os carbonatos
alcalinos , a agua de cal, o emetico , etc.
INTERIORMENTE . Como temperante. Infusão : 4 oi-
tavas de polpa, para 16 onças d'agua fervendo . Côe
depois de uma hora de infusão, para ter 12 onças de
liquido.
Como laxante. Polpa só 2 a 4 onças, dissolvidas
em um copo d'agua com assucar.
Infusão de tamarindos composta ou limonada
solutiva (Ph. G. ) .
Polpa de tamarindos 1/2 onça
Manná 1/2 onça
Amarello de casca de limão 2 oitavas
Agua fervendo 8 onças .
Dissolva e côe.
TANCHAGEM (Plantain, fr. ) . Plantago maior,
L. Planta mui commum no Brasil e em Portugal .
Folhas ovaes, largas, desigualmente dentadas ; os pe-
dunculos radicaes se elevão até á altura de um pé,
e terminão por uma espiga comprida , composta de
pequenas flores brancas . — Com as folhas de tan-
chagem se prepara uma agua distillada, que é leve-
mente adstringente , e serve de vehiculo para os
collyrios resolventes.
TANNINO (Tannin, fr. ) . Producto vegetal que
existe em quasi todos os vegetaes adstringentes , e
sobretudo no cato , ratanhia, noz de galha, etc.
TANNINO. 493
Obtem-se tratando a noz de galha pelo ether. É um
corpo solido, de côr branca, de aspecto resinoso, sa-
bor mui adstringente , soluvel em agua.
Um dos adstringentes mais energicos . Exerce sobre
o utero uma acção particular e emprega-se com van-
tagem nas metrorrhagias ; é usado tambem nas he-
moptyses, e outras hemorrhagias, nas diarrhéas e
leucorrhéas . Tem sido gabado contra as febres inter-
mittentes e dyspepsia . Segundo a escola italiana a
acção dynamica do tannino é contra-stimulante.
Subst. incomp. Os carbonatos alcalinos, a agua de
cal , os sulfatos de ferro e de zinco , o acetato de
chumbo, o sublimado, os saes metallicos em geral, a
albumina, a gelatina, as emulsões.
Interiormente. Como estomachico , meio grão até
1 grão . Como adstringente 2 a 3 grãos de duas em
duas ou de tres em tres horas, em pilulas ou poção.
Pilulas anti-hemoptoicas ( Cottereau) .
Tannino 36 grãos
Conserva de rosas q. s.
F. 18 pilulas. D. 1 de duas em duas horas. Metror-
rhagia, hemoptyse, suores nocturnos dos tisicos, es-
corrimentos mucosos chronicos.
Poção adstringente.
Agua commum 3 onças
Agua de flôr de laranja 4 onça
Tannino 12 grãos
Tintura de canella 36 grãos
Xarope de gomma 4 onça.
M. Uma colher de sopa de hora em hora nas he-
morrhagias passivas.
Electuario adstringente .
Tannino 40 grãos
Laudano de Sydenham 10 gottas
Conserva de rosas 2 oitavas.
F. S. A. Toma-se em um dia, em tres dóses, nas
diarrhéas.
Gargarejo adstringente (Jannart) .
Tannino 36 grãos
Mel rosado 2 onças
Agua 8 onças
Agua de rosas 2 onças.
28
494 TARAXACO .
M. Salivação mercurial, relaxação da campainha
da garganta.
Injecção com tannino ( Ricord) .
Vinho tinto 4 onças
Tannino 18 grãos
M. Leucorrhéas, blennorrhagias.
Pomada de tannino.
Tannino 36 grãos
Agua 36 grãos
Banha 1 1/2 onça.
F. S. A. Para curar as ulceras chronicas, e prin-
cipalmente as dartrosas.
Pomada contra a espinha carnal (Rodet) .
Banha lavada 10 oitavas
Enxofre 60 grãos
Tannino 4 oitava
Agua de lourocerejo 4 oitava .
M.
Collyrio de tannino (Desmarres) .
Agua distillada 3 onças
Tannino 48 grãos
Agua de lourocerejo 5 oitavas.
M. Ophthalmias
chronicas.
Clyster adstringente
Tannino 12 grãos
Agua 8 onças
Laudano de
Sydenham 40 gott.
M. Diarrhéas re-
beldes.
TARAXACO ou
Dente de leão ( Pis-
senlit, fr. ) . Leonto-
don taraxacит, L.
Planta commum em
Portugal ; habita nos
prados , valles hnmi-
dos, um tanto som-
brios , nos arredores
Fig. 117. — Taraxaco . de Coimbra e outras
partes pelo norte do Reino; é cultivada nas hortas do
TEREBENTHINA. 495
Brasil. Fig . 147. Planta pequena sem talo, folhas todas
radicaes , amontoadas, roncinadas, lobulos oppostos,
triangulares, agudos ; do meio das folhas levanta-se
uma hastea uniflora, flôr amarella ; raiz cylindrica ,
acinzentada por fora , branca interiormente ; cheiro
debil, sabor amargo . P. us . Folhas e raiz.
Tonico, recommendado nas molestias do figado e
de pelle . A escola italiana attribue-lhe propriedades
hyposthenisantes.
INTERIORMENTE. Infusão : 3 oitavas para 12 on-
ças d'agua fervendo. Sumo espresso . 2 a 4 onças.
Extracto, meia a 2 oitavas em pilulas, e como exci-
piente de outros medicamentos.
Tartaro emetico . V. pag. 154 .
Tartrato de magnesia. V. pag. 359.
Tartrato acido de potassa, V. Cremor de tartaro,
pag. 254.
TARTRATO NEUTRO DE POTASSA, Sal ve-
getal (Tartrate neutre de potasse, sel végétal , fr .) .
Sal branco, solido, cristallisado em prismas rectan-
gulares de 4 faces, um pouco deliquescentes, solu-
veis na agua, de sabor fresco e amargo .
Purgante brando .
Subst. incomp. Todos os acidos, mesmo os mais
fracos, o transformão em tartrato acido .
INTERIORMENTE. 2 oitavas a 4 onça n'um vehiculo
aquoso e não acido .
Tartrato de potassa e de ferro . V. pag. 299 .
TARTRATO DE POTASSA E SODA, Sal de
Seignette ( Tartrate de potasse et soude, sel de Sei-
gnette, fr. ) . Cristaes prismaticos de 8 ou 10 faces de-
siguaes, transparentes, inalteraveis ao ar, de sabor
levemente amargo, soluveis na agua.
Purgante brando .
Subst. incomp. Os acidos.
INTERIORMENTE. 1 a 2 onças n'um vehiculo aquoso.
TEREBENTHINA (Térébenthine, fr.) . Succo re-
sinoso extrahido de muitas arvores da familia dos
Coniferos, vulgarmente pinhos . Existem muitas sor-
tes de terebenthina no commercio ; a mais estimada
é a de Veneza, que é bastante liquida , esverdinhada ,
de cheiro forte, sabor quente e amargo .
496 TEREBENTHINA .
Excitante, empregado proveitosamente nas gonor-
rhéas chronicas, catarrhos da bexiga, tosses humidas,
gotas, rheumatismos chronicos, nevralgias , etc.
Segundo a escola italiana, o effeito local da tere-
benthina e da sua essencia é irritante, porém o seu
effeito dynamico é hyposthenisante .
Exteriormente serve para avivar as ulceras .
INTERIORMENTE. 10 grãos até 4 oitava duas ou tres
'vezes por dia, em pilulas ou suspensa em emulsão.
Terebenthina cozida . Terebenthina privada do
seu oleo volatil . (Ponha a terebenthina em agua e
ferva até quasi completa evaporação da essencia. )
36 grãos a 2 oitavas em pilulas .
EXTERIORMENTE . Unguento digestivo simples .
(Terebenthina 2 onças, gemmas, de ovos duas, oleo
de hypericão 1/2 onça . Misture n'um almofariz a te-
rebenthina com as gemmas de ovos, e ajunte pouco a
pouco o oleo, para obter um unguento um pouco
molle. ) Para curar as ulceras antigas.
Digestivo animado . (Digestivo simples, estoraque
liquido, aná p. ig. Misture exactamente. ) Para curar
as ulceras antigas.
Digestivo opiaceo . (Opio 4 p . , digestivo simples,
20 p. ) Para curar as ulceras.
Unguento ou Balsamo de Arceus . ( Sebo 1,000 p . ,
tejebenthina 750 p . , resina elemi 750 p . , banha 500p .
Derreta o sebo, a banha e resina, ajunte a terebenthina,
passe por panno de linho, e mexa até que a mistura
fique inteiramente arrefecida. ) Para curar as ulceras .
Balsamo ou Alcoolato de Fioraventi. (Tereben-
thina 500 p. , resina elemi 96 , tacamahaca 96 , succino
96, estoraque liquido 96, galbano 96 , myrrha 96 ,
aloes 32, bagas de louro 125 , raiz de galanga 48 ,
raiz de zedoaria 48 , gengibre 48 , canella 48 , cravos
da India 48 , moscadas 48 , folhas de dictamo 32 , al-
cool 3,000 . ) Empregado em fricções estimulantes .
Balsamo ou Unguento de Genoveva. (Azeite doce
370 p. , cera 60 , sandalo vermelho 45 , terebenthina
120, camphora 2. ) Para modificar as ulceras antigas .
Pilulas de terebenthina ( Faure) .
Terebenthina 2 oitavas
Magnesia calcinada q. s.
TEREBENTHINA (OLEO ESSENCIAL DE) . 497
F. pilulas de 6 grãos . D. 6 a 12 por dia nos ca-
tarrhos da bexiga .
Pilulas contra a tenia (Hufeland ) .
Terebenthina 4 oitava
Sabão de jalapa 36 grãos
Extracto de meimendro 4 grãos
Calomelanos 8 grãos .
F. pilulas de 6 grãos. D. 4 a 6 por dia, podendo-se
nos seguintes dias augmentar a dóse.
Pilulas balsamicas (Gaubius).
Terebenthina 4 oitavas
Pó de rhuibarbo 2 oitavas
Pó de alcaçus q. s.
F. pilulas de 4 grãos. D. 2 pilulas de duas em duas
horas, na blennorrhagia.
Pilulas adstringentes .
Terebenthina 4 oitavas
Rhuibarbo 1/2 oitava
Camphora 1/2 oitava
Magnesia calcinada q. s.
F. 36 pilufas. D. 3 vezes por dia , na blennor-
rhagia.
Emulsão terebenthinada .
Terebenthina 1 onça
Gemma de ovo n° 1
Agua de hortelãa 8 onças .
M. D. Tres colheres duas vezes por dia , n'uma
chicara d'agua com assucar. Catarrho da bexiga .
Agua terebenthinada.
Terebenthina 1 parte
Agua fervendo 6 partes.
Mexa , deixe esfriar, e filtre . D. 4 a 3 chicaras por
dia nos catarrhos da bexiga e dos pulmões .
Linimento estimulante.
Balsamo de Fioraventi
aná 5 partes
Alcoolato de alfazema }
Tintura de cantharidas 1 parte.
M. Em fricções nas affecções rheumatismaes.
OLEO ESSENCIAL DE TEREBENTHINA ou Es-
sencia de terebenthina ; vulgarmente agua-raz. (Huile
essentielle de térébenthine, fr . ) Oleo volatil extrahido
da terebenthina pela distillação. Liquido , limpido,
28.
498 TEREBENTHINA (OLEO ESSENCIAL DE) .
sem côr, volatil , inflammavel , de sabor quente e
acre, cheiro forte e particular .
Empregado com grande vantagem contra a tenia,
sciatica e outras nevralgias. Tem sido tambem usado
contra a epilepsia, tetano, rheumatismo , gota , iritis ,
febre amarella, ptyalismo mercurial, asthma, laryn-
gite, bronchite, coqueluche, e debilidade dos orgãos
genito-urinarios . Em alta dóse é purgante, mas nunca
empregado como tal . Exteriormente administra-se
em fricções contra o lumbago, sciatica , tumores frios ,
affecções de peito, etc. Neste ultimo caso substitue
a pomada stibiada.
INTERIORMENTE. Como estimulante geral. 10 a
15 gottas, em mel de abelha, xarope ou emulsão .
Como anti-nevralgico 36 grãos a 2 oitavas em mui-
tas dóses . Como anthelmintico, 2 oitavas a 2 onças
em emulsão ou leite.
Em clyster 4 oitavas a 1 onça em 8 onças de li-
quido.
EXTERIORMENTE . Em fricções, q. b.
Remedio de Durande.
Essencia de terebenthina 2 oitavas
Ether sulfurico 3 oitavas .
M. D. 36 grãos a 4 oitava n'uma chicara de soro
de leite ou de caldo de frango . Calculos biliares ,
colicas hepaticas .
Mistura terebenthinada opiacea (Rayer) .
Emulsão de amendoas doces 2 ouças
Essencia de terebenthina 36 gottas
Xarope de diacodio 6 oitavas.
M. Dá -se por uma só vez, ao deitar . Sciatica .
Loock terebenthinado (Martinet et Récamier ) .
Oleo essencial de terebenthina 3 oitavas
Gemma de ovo No 2
Xarope de hortelãa 2 onças
Xarope de flor de laranja 4 onça
Xarope d'ether 4 onça
Tintura de canella 36 grãos.
F. S. A. ― D. 1 colher de sopa, tres vezes por
dia nas nevralgias.
TEREBENTHINA (OLEO ESSENCIAL DE ) . 499
Opiato terebenthinado (Récamier e Martinet ) .
Gomma arabica 1 1/2 onça
Assucar 6 oitavas
Essencia de terebenthina 2 oitavas.
Xarope de flôr de laranja 1 onça.
F. S. A. Tres colheres de chá tres vezes por dia.
Nevralgias .
Remedio contra a solitaria (Levacher) .
Oleo de ricino 2 onças
Essencia de terebenthina 1/2 onça
Agua distillada de hortelãa-pimenta 2 onças
Xarope simples 4 onça
Gomma arabica 2 oitavas.
F. S. A. Toma-se por uma só vez , de manhãa em
jejum .
Gargarejo de Geddings.
Oleo volatil de terebenthina 2 oitavas
Mucilagem de gomma arabica 8 onças.
M. Salivações mercuriaes.
Linimento terebenthinado .
Essencia de terebenthina 4 onça
Oleo de camomilla 2 onças
Laudano de Sydenham 4 oitava .
M.
Linimento terebenthinado e alcanforado.
Essencia de terebenthina
aná 2 onças.
Oleo camphorado
M. Em fricções, nos rheumatismos , nevralgias .
Clyster de terebenthina.
Essencia de terehenthina 4 onça
Gemma de ovo No 1
Infusão de dormideiras 8 onças.
F. S. A. Lumbago , ascaridas .
Papel Fayard. Oleo de linhaça 500 p . , alho 30 ,
essencia de terebenthina 500 , sal de Saturno 60,
cera amarella 30 , minio 15 , Ferva o alho com o oleo,
côe e ajunte as outras substancias . Esta mistura ap-
plica-se sobre as folhas de papel de seda por via de
um pincel de texugo tendo a forma do rabo de ba-
calbáo , e secca-se em estufa . Este papel é empre-
gado no curativo dos causticos . e preconizado contra
as dores, queimaduras e calos .
500 TIMBÓ .
Terra foliada de tartaro. V. Acetato de potassa,
pag. 81.
THERIAGA ou Triaga. Electuario, composto de
um grande numero de substancias estimulantes. ad-
stringentes, tonicas, antispasmodicas, e de opio. Uma
oitava contém quasi 1/2 grão de extracto de opio . As
principaes substancias que entrão na composição
deste electuario são : gengibre , valeriana, genciana,
canella, scilla, centaurea, açafrão, rosas rubras, aniz ,
funcho, pimenta, castoreo, galbano, viboras seccas,
myrrha, sulfato de ferro, terebenthina, opio, etc. etc. ,
ao todo 74 substancias. Este electuario antigo em-
prega-se ainda hoje como calmante e contra as diar-
rhéas, na dóse de 1 a 3 oitavas, e mais, em pilulas
ou clysteres .
Bolos contra a diarrhea.
Theriaga 2 oitavas
Calumba 24 grãos
Opio 2 grãos.
F. 24 bolos . D. 2 bolos tres vezes por dia.
Thridacio. V. pag. 119.
TILIA (Tilleul , fr. ) . Tilia europæa, L. Arvore da
Europa. P. us . Flores . São amarelladas , de cheiro
suave, sabor mucilaginoso.
Antispasmodico e diaphoretico . A infusão e a agua
distillada destas flôres empregão-se em um grande
numero de affecções nervosas, e servem frequente-
mente de vehiculo ás poções antispasmodicas .
INTERIORMENTE . Infusão : 1 oitava para 16 onças
d'agua fervendo .
Agua distillada 4 a 6 onças .
Infusão de tilia e laranjeira.
Flores de tilia 1 oitava
Grêlos de laranjeira 1 oitava
Agua fervendo q. s. Infunda e côe de modo que se
obtenha 12 onças de liquido ; ajunte
Xarope simples 1 onça.
Bebida antispasmodica. Por chicaras.
TIMBO. Paulinia pinnata , L. Cipó do Brasil .
P. us. Casca da raiz . Esta casca tem 3 a 6 linhas
de espessura, amarella rosada por fóra , amarella por
TREVO AQUATICO. 504
dentro ; cheiro aromatico, agradavel, semelhante ao
do almiscar.
Esta casca é narcotica e acre ; em alta dóse é ve-
nenosa. Sua infusão emprega-se exteriormente como
calmante. Faz-se com ella e com q . s . de farinha de
linhaça , uma cataplasma que se applica sobre o lu-
gar doloroso . Esta infusão prepara-se com 146 onças
d'agua fervendo e 4 oitavas de casca de raiz de timbo.
As cataplasmas de timbó produzem ás vezes uma
erupção pustulosa na pelle .
TINHORAO . Caladium bicolor, Vent. Planta do
Brasil. Caule de 1 a 2 pés, liso, sem ramos ; raiz tu-
berosa, arredondada, rôxa por fóra, amarella por
dentro, molle ; contém um succo acre ; folha grande,
triangular , sagitada , vermelha rôxa no seu centro ,
verde nas margens ; sendo mastigada não offerece ao
principio sabor algum notavel, mas depois produz
nma sensação acre na garganta . As folhas desta
planta empregão-se em gargarejo contra as esqui-
nencias , em infusão , na dóse de 3 oitavas para
42 onças d'agua fervendo .
TORMENTILLA ( Tormentille, fr .) . Tormentilla
erecta, L. Planta da Europa . Caule herbaceo, folhas
pinnuladas, com 3 ou 5 foliolos ; flores amarellas .
Raiz nodosa , tuberculosa, fusca por fóra, avermelhada
por dentro ; cheiro sub-aromatico, sabor adstringente
e amargo. P. us. Raiz .
Adstringente, aconselhado nas diarrhéas chronicas.
INTERIORMENTE . Infusão : 3 oitavas para 12 on-
ças d'agua fervendo .
TRAPOERABA. Tradescantia diuretica, Mar-
tius. Planta rasteira do Brasil . Caule liso , contém
um succo viscoso ; folhas ovaes agudas, lisas ; flôres
azues. P. us . Folhas e caule.
Diuretico, empregado nas hydropisias.
INTERIORMENTE. Infusão : 3 oitavas para 12 on-
ças d'agua fervendo .
TREVO AQUATICO (Trèfle d'eau, fr . ) . Me-
nyanthes trifoliata, L. Planta que habita nos lugares
alagadiços da Europa . Caule herbaceo, horizontal.
articulado ; folhas compostas de tres foliolos ovaes ;
502 TROVISCO.
flores brancas, um pouco rosadas ; sabor amargo e
um pouco nauseante. P. us. Folhas e caules .
Tonico, aconselhado nas digestões difficeis, expec-
torações abundantes dos velhos, molestias cutaneas
e febres intermittentes. Em alta dóse provoca vomi-
tos e dejecções alvinas .
INTERIORMENTE. Infusão ou decocção : 3 oitavas
para 42 onças d'agua.
TROMBETEIRA Dá-se este nome a duas plantas
cultivadas nas hortas do Brasil e de Portugal, e que
tambem habitão espontaneamente perto das habita-
ções. Uma é Datura fastuosa, L., que tem 3 pés de
altura ; com flores longas, em fórma de trombeta,
brancas com riscas longitudinaes ròxas : o fructo
uma capsula arredondada , coberta de alguns espi-
nhos . Outra, chamada por Linneo Datura arborea,
é um arbusto de 8 pés, mui commum nas margens
dos rios, com flores brancas que derramão de tarde
um cheiro agradavel ; o seu fructo é uma capsula el-
liptica, lisa e contém un grande numero de sementes
brancas amarelladas. Estas plantas parecem-se muito
com o estramonio , que é da mesma familia, e que está
representado na fig. 60 , pag . 279. P. us. Fothas ,
flores e fructos.
Narcotico, empregado exteriormente contra os rheu-
matismos e outras affecções dolorosas . As folhas da
trombeteira, fumadas em cachimbo ou em cigarilhas ,
aproveitão durante os ataques de asthma.
EXTERIORMENTE . Decocção : 4 onça para 24 onças
d'agua, em fomentações , banhos, ou para preparar
cataplasmas calmantes com q. s . de farinha de li-
nhaça. Oleo, em fricções.
TROVISCO ou Laureola femea ( Garou , fr . ) .
Daphne gnidium, L. Arbusto commum nos arre-
dores de Lisboa, Coimbra e outras partes do reino
de Portugal . P. us . Casca. Acha-se nas pharma-
cias em fitas longitudinaes , cinzentas no exterior ,
amarellas interiormente ; cotanilhosas , com malhas
brancas ; de cheiro fraco , nauseante ; sabor acre e
caustico .
Estimulante diaphoretico, aconselhado no trata-
mento dos dartros e da syphilis constitucional, mas
TUSSILAGEM. 503
pouco empregado interiormente por causa de suas pro-
priedades causticas . Exteriormente serve como rube-
faciente e vesicante. Entra na composição das poma-
das proprias para entreter a suppuração dos causticos.
INTERIORMENTE . Decocção : 4 oitava para 48 on-
ças d'agua, que ficão reduzidas a 32 onças pela ebul-
lição.
EXTERIORMENTE . Como vesicante, um pedaço ma-
cerado no vinagre e applicado sobre a pelle .
Pomada de trovisco ( Unto preparado 452 p.,
cêra branca 48 p . , casca secca de trovisco 128 p. ) .
Corte a casca transversalmente, e lance em um almo-
fariz de ferro ; humedeça - a com alcool , e pise até
reduzi- la a massa fibrosa ; ponha-a então em banho-
maria com o unto, e digirà por espaço de 12 horas ;
côe com espressão ; deixe esfriar lentamente, separe
o deposito ; derreta a pomada com a cêra, e mexa
até esfriar.
Empregada para o curativo dos vesicatorios ; en-
tretem a suppuração , sem irritar o apparelho uri-
nario.
Turbitho mineral ou Sub-deuto sulfato de mer-
curio . V. pag. 381.
TURBITHO VEGETAL . Raiz da Convolvulus,
turpethum , L., planta da India. Purgante pouco
usado . Dóse. 18 grãos a 1 oitava em pó.
Electuario diaphanix (Polpa de tamaras 8 onças,
amendoas doces 3 1/2 onças , pós de gengibre 2 oita-
vas, pimenta da India 2 oitavas, macis 2 oitavas,
canella 2 oitavas, açafrão 6 grãos ; daucus de Creta
2 oitavas, funcho 2 oitavas, arruda 2 oitavas , turbi-
tho vegetal 4 onças, escamonéa 4 1/2 onça, assucar
8 onças, mel de abelha 32 onças ) . D. 4 oitava a
1 onça em poção como purgante . Raramente empre-
gado.
TUSSILAGEM (Tussilage, fr.) . Tussilago fan-
fara, L. Planta da Europa . P. us . Flores . São ama-
rellas, de cheiro agradavel , sabor mucilaginoso e um
pouco amargo .
Emprega-se nos catarrhos chronicos , em infusão.
que se prepara com 1 oitava de flôres de tussilagem
e 46 onças d'agua fervendo .
504 VALERIANA.
URUCU ou orucu ( Roucou , fr . ) . Bixa orelana,
L. Arbusto do Brasil . Fig. 148. Tem 12 a 15 pés de
elevação, tronco di-
reito , dividido em
cima em ramos que D
formão o topo copa-
do ; folhas alternas,
cordiformes na base,
acuminadas , inteiras
e glabras ; flôres bran-
cas roseas, em pani-
culas terminaes ; 0
fructo é uma capsula
eriçada de espinhos,
contendo muitas se-
mentes vermelhas ,
que são empregadas
na arte tinctoria , e
por algumas pessoas
do Brasil como expec-
torantes nas molestias
de peito .
INTERIORMENTE.
Fig. 118. — Urucú.
Infusão : 1 oitava de
sementes para 12 onças d'agua fervendo.
Uvas passadas V. Passas, pag. 419 .
UVA URSINA (Busserole ou raisin d'ours, fr. ) .
Arbustus uva ursi, L. Arbusto que habita nas mon-
tanhas da Europa . P. us . Folhas. São espessas, obo-
vadas, de sabor adstringente, cheiro forte e desagra-
davel.
Diuretico, empregado ás vezes nas areias e catar-
rhos chronicos da bexiga.
INTERIORMENTE . Infusão ou decocção : 3 oitavas
para 12 onças d'agua.
VALERIANA (Valériane , fr. ) . Valeriana offici-
nalis, L. Planta que habita na Europa . Fig. 119. Caule
um pouco velludo, alto de 3 a 4 pés ; folhas pubes-
centes , dentadas ; flores pequenas , de cor branca
rosada. Raiz formada de um grande numero de radi-
culas cylindricas, de uma a duas linhas de diametro,
esbranquiçada por dentro , amarellada por fóra ;
VALERIANA. 505
quando fresca o cheiro é quasi nenhum , mui fetida
quando secca ; sabor acre e amargo . P. us. Raiz.
A raiz de valeriana é um medicamento antispas-
modico e sedativo , frequentemente empregado em
grande numero de affecções nervosas , como enxa-
queca, epilepsia, hysterismo, etc. Foi tambem acon-
selhada nas febres intermittentes e ataxicas .
Segundo a escola italiana , a acção da valeriana é
hyposthenisante vascular e espinhal .

Fig. 119. Valeriana .

INTERIORMENTE . Pó 18 grãos até 1 oitava por dia,


e progressivamente até 4 oitavas e mais. Iufusão,
4 oitava para 16 onças d'agua fervendo . Extracto
18 grãos a 2 oitavas em pilulas . Agua distillada 2 a
4 onças em poção . Tintura meia oitava a 4 onça em
poção. Tintura etherea as mesmas dóses . Xarope
meia a 1 onça em poção . Sua preparação acha-se in-
dicada na pag. 57.
29
506 VALERIANA.
Pós antispasmodicos.
Raiz de valeriana 4 oitavas
Oxydo de zinco 24 grãos.
M. e divida em 12 papeis. D. 3 por dia .
Pilulas antispasmodicas.
Extracto de valeriana 1 oitava
Castoreo 36 grãos
Camphora 18 grãos
Thridacio 36 grãos .
F. 36 pilulas. D. 6 por dia .
Mistura de valeriana (Richter) .
Tintura de valeriana 2 oitavas
Tintura de castoreo 4 oitava
Laudano de Sydenham 12 grãos .
M. D. 10 a 20 gottas de hora em hora . Hysterismo .
Infusão de valeriana composta .
Raiz de valeriana 3 oitavas
Agua fervendo q . s . Infunda e côe de modo que se
obtenha 6 onças de liquido ; ajunte
Agua de canella 2 onças
Xarope simples 1 onça
Licôr de Hoffmann 2 oitavas.
Duas colheres de sopa de duas em duas horas nas
nevroses .
Poção excitante.
Camphora 12 grãos
Ether sulfurico 4 oitava
Extracto de valeriana 2 oitavas
Agua de hortelãa 8 onças
Laudano de Sydenham 1/2 oitava
Xarope de gomma 1 onça.
M. Uma colher de sopa de hora em hora.
Cozimento de valeriana e quina.
Casca de quina 1/2 onça
Agua q. s. para ter 24 onças
de decocto . Lance neste decocto fervendo
Raiz de valeriana 2 oitavas.
Ponha de infusão , còe e ajunte
Assucar 1 onça.
Uma chicara de duas em duas horas nas molestias
adynamicas.
VALERIANATO DE QUININA . 507
Electuario antispasmodico ( Swediaur ).
Pó de valeriana
Pó de folhas de laranjeira { aná 4 oitavas.
Xarope de absinthio q . s.
M. D. 1 à 2 colheres de chá, tres vezes por dia.
VALERIANATO DE QUININA ( Valerianate de
quinine, fr.) . Medicameuto novo , descoberto pelo
Principe Luiz Luciano Bonaparte, e recommendado
no tratamento das febres intermittentes, e principal-
mente nas febres adynamicas e ataxicas.
É considerado por alguns facultativos como um
anti-periodico efficaz , e ainda superior ao sulfato de
quinina por suas propriedades nevro -sthenicas .
O valerianato de quinina cristallisa em octaedros
ou hexaedros ; tem um cheiro desagradavel de acido
valerianico, sabor amargo mui semelhante ao da qui-
nina ; é soluvel em agua na temperatura ordinaria ,
muito mais soluvel no alcool e no azeite quente. Os
acidos mineraes , e a maior parte dos acidos organi-
cos o decompoem.
Preparação do valerianato de quinina. Em uma
solução alcoolica e concentrada de quinina , lança-se
uma quantidade um pouco maior do acido valeria-
nico. Ajunta - se a esta solução alcoolica o duplo
volume d'agua distillada , vascoleja-se a mistura , e
poe-se a evaporar em uma estufa cujo calor não deve
exceder 50 cent. Uma vez effeituada a evaporação
do alcool , o valerianato se apresenta sob a fórma de
bellos cristaes , ora separados uns dos outros , ora
apinhoados , os quaes de dia em dia vão augmentando.
Prepara-se tambem o valerianato por dupla decom-
posição , misturando o sulfato de quinina com o va-
lerianato de cal ou de baryta , dissolvidos ambos em
alcool enfraquecido .
INTERIORMENTE . 3 a 9 grãos por dia em dissolução
na agua ou em pilulas .
Pilulas de valerianato de quinina (Devay) .
Valerianato de quinina 12 grãos
Arrobe de sabugueiro q . s.
F. 12 pilulas. D. 1 a 6 por dia .
508 VALERIANATO DE ZINCO.
Poção de valerianato de quinina (Devay).
Poção gommosa 3 onças
Valerianato de quinina 6 grãos.
M. Toma-se por tres vezes em um dia , nas febres
intermittentes rebeldes .
Clyster de valerianato de quinina (Devay)
Valerianato de quinina 9 grãos
Agua 6 onças.
Dissolva.
EXTERIORMENTE :
Linimento de valerianato de quinina (Devay) .
Valerianato de quinina 18 grãos
Azeite doce 2 onças .
Dissolva. Em fricções na região do baço .
VALERIANATO DE ZINCO ( Valérianate de
zinc , fr ) , Sal novo, cujo emprego foi proposto pelo
Principe Luiz Luciano Bonaparte . É um anti- spas-
modico e calmante , util nas enxaquecas, nevralgias
faciaes e outras nevroses. Tem a fórma de palhetas
brilhantes, de còr branca semelhante á madreperola ;
é soluvel na agua fria, mais soluvel na agua quente ,
e ainda mais no alcool ; é inalteravel ao ar, e não é
deliquescente.
Preparação do valerianato de zinco. O melhor
modo consiste em saturar uma solução aquosa de acido
valerianico pelo oxydo de zinco recentemente preci-
pitado, e mui puro.
O acido valerianico é um acido gorduroso, volatil,
sem côr, soluvel em 30 vezes o seu peso d'agua , e
em todas as proporções do alcool e do ether ; seu
cheiro azedo e picante parece-se um pouco com o da
raiz de valeriana ; combina- se facilmente com bases ,
e decompõe os carbonatos para formar saes que são
quasi todos soluveis . Este acido obtem-se distillando
a agua sobre a raiz de valeriana, previamente mace-
rada por 48 horas ; passa então em parte dissolvido
na agua, e em parte combinado com oleo essencial
de valeriana . Adquire-se a certeza de sua presença
mergulhando-se o papel de gyrasol na agua distillada,
e pára-se com a distillação quando a reacção acida
já não se percebe .
Deve-se separar o oleo essencial , e trata-lo por
VALERIANATO DE ZINCO. 509
uma lixivia de potassa caustica diluida em agua ; de
outro lado satura - se a agua distillada pelo carbo-
nato de potassa , e depois de reunidos os licores ,
evaporão-se até que fiquem quasi seccos . Como o
valerianato de potassa não é volatil , tira-se-lhe por
este meio uma mui grande quantidade d'agua em que
estava dissolvido, e o oleo essencial se separa igual-
mente pela evaporação do acido com que estava com-
binado. Então o residuo da concentração se introduz
n'uma pequena retorta de vidro , e é tratado por uma
quantidade de acido sulfurico diluido , proporcionada
á quantidade de potassa que foi empregada. Desta
maneira acido sulfurico regenera o acido valeria-
nico ; põe-se o apparelho distillatorio sobre areia
levemente aquecida , e recebe- se no recipiente o
acido valerianico puro que distilla vagarosamente,
em parte dissolvido na agua que o acompanha , e
em parte no estado de um liquido oleoso que sobre-
nada.
Resta agora saturar o acido valerianico pelo oxydo
de zinco para obter o valerianato de zinco . Favorece-
se a acção por meio do calor, filtra - se a dissolução
quente, e deixa-se cristallisar em estufa sobre pratos
de louça . Formão-se então na superficie do liquido
largas laminas brancas : é preciso tira-las e pô- las
sobre uma folha de papel de filtrar para obtê-las de
uma alvura brilhante.
O valerianato de zinco é um medicamento bastante
caro; pois que 46 onças ( 500 partes ) de valeriana dão
apenas uma oitava e meia a duas oitavas ( 6 a 8 part. )
de acido valerianico . Segundo o Sr Rabourdin , pôde-
se obter uma porção muito mais consideravel de
acido valerianico, empregando-se na sua preparação
agua contendo duas oitavas e meia de acido sulfu-
rico para 32 onças d'agua . Isto prova que o acido
valerianico se acha em parte neutralisado por uma
base que existe na raiz de valeriana.
INTERIORMENTE . 2 a 8 grãos por dia, em pó , pilulas
ou poção.
Pilulas de valerianato de zinco (Devay) .
Valerianato de zinco 12 grãos
Gomma alcatira 36 grãos .
340 VERATRINA.
F. 12 pilulas . D. Uma de manhãa e outra de tarde,
nas enxaquecas e nevralgias.
Pós de valerianato de zinco (Devay) .
Valerianato de zinco pulverisado 12 grãos
Assucar 54 grãos.
M. e divida em 24 papeis. D. 1 a 4 por dia.
Poção de valerianato de zinco (Devay) .
Agua distillada 4 onças
Valerianato de zinco 2 grãos
Xarope simples 4 onça.
M. Uma colher de sopa de meia em meia hora.
VASSOURA . Sida carpinifolia , L. Pequeno ar-
busto do Brasil . Caule de 2 pés , ramoso , raiz prin-
cipal da grossura de uma penna de ganso ; acompa-
nhada de muitas raizes filiformes ; folhas alternas ,
ovaes oblongas, dentadas ; flòres axillares, solitarias,
amarelladas. P. us . Folhas e flores .
Emolliente.
INTERIORMENTE . Infusão : 1 oitava para 16 onças
d'agua fervendo.
EXTERIORMENTE. Decocção : 4 onça para ter 42 on-
ças de decocto, em banhos, fomentações, etc.
VERATRINA (Veratrine, fr . ) . Substancia alcalina
vegetal descoberta nas sementes de cevadilha , e na
maior parte das plantas da familia das colchiaceas.
É pulverulenta , branca , inodora , de sabor acre,
pouco soluvel na agua fria , soluvel no alcool .
Em alta dóse é um veneno irritante, em pequena
drastico e diuretico . Exerce tambem uma influencia
particular sobre o systema nervoso . Exteriormente
emprega-se em fricções no tratamento da gota, amau-
rose e paralysia da face.
INTERIORMENTE . Como purgante 1/12 a 1/2 grão
em pilulas.
Alcool de veratrina . (Veratrina 4 grãos , alcool
4 onga. ) D. 40 a 25 gottas em poção.
EXTERIORMENTE . Alcool de veratrina em fricções .
Pomada de veratrina.
Veratrina 4 grãos
Banha 1 onça.
M. Em fricções sobre as juntas affectadas de gota ,
e sobre os lugares dolorosos nas nevralgias.
VINAGRE . 544
Pomada contra a gota.
Essencia de terebenthina 4 oitavas
Banha 1 onça
Veratrina 6 grãos.
F. S. A.
VERBASCO ( Bouillon-blanc , fr. ) . Verbascum

Fig. 120. - Verbasco.


thapsus , L. Planta commum em Portugal ; habita
nos sitios arenosos e matos nos arredores de Coimbra,
e outras partes do norte do Reino ; é cultivada no
Brasil . Fig. 120. Caule tomentoso , um pouco angu-
512 VINAGRE.
loso ; folhas oblongas , agudas . dentadas nas mar-
gens ; flôres em espiga , amarellas, de cheiro agra-
davel. P. us. Folhas e flores.
Emolliente , empregado nas affecções pulmonares .
INTERIORMENTE . Infusão : 1 oitava para 16 onças
d'agua fervendo .
VERONICA ( Véronique , fr . ) . Veronica offici-
nalis, L. Planta que habita nas partes septentrionaes
de Portugal . Caule filiforme, roliço , empubescido ;
folhas oppostas, ovaes, dentadas e pubescentes ; flôres
rôxas em espiga ; sabor um pouco amargo e aroma-
tico . P. us . Folhas e summidades floridas .
Estimulante fraco e sudorifico , empregado nos
catarrhos pulmonares .
INTERIORMENTE. Infusão : 1 1/2 oitava para 16 on-
ças d'agua fervendo .
VINAGRE ou Acido acetico impuro ( Vinaigre
ou acide acétique impur, fr. ) . Liquido amarello ou
vermelho, de sabor acido, cheiro picante. É o resul-
tado da fermentação acida dos licores alcoolicos taes
como o vinho, cerveja, cidra, melasso, etc. O Acido
acetico puro é liquido, de sabor caustico e cheiro
forte.
Administrado por alguns dias, sendo puro o vina-
gre póde produzir a inappetencia, o emmagrecimento
progressivo, e a tisica ; mas diluido em agua é um
temperante mui util , empregado nas febres inflam-
matorias, febres biliosas e adynamicas , envenena-
mentos pelo opio e por outras substancias narcoticas .
Neste ultimo caso, não deve ser administrado pouco
tempo depois da ingestão do veneno; pois que o dis-
solveria e favoreceria a sua absorpção ; porém sim
quando este tiver sido expellido do estomago . Exte-
riormente serve nas inflammações chronicas das gen-
givas , nas perdas uterinas e outras hemorrhagias .
Seu vapor dirigido á mucosa nasal é util na syncope.
Segundo Giacomini , o vinagre diluido é um remedio
hyposthenisante vascular venoso .
O acido acetico puro não se emprega interiormente ;
seu vapor se faz sómente respirar nas syncopes . A
descripção do vinagre radical acha-se na pag . 83 .
VINAGRE. 543
Subst. incomp. Emulsão , leite , alcalis , carbona-
tos alcalinos, etc.
Interiormente . 3 oitavas de vinagre para 12 onças
d'agua, ou q. b . para acidular agradavelmente um
cozimento adoçado convenientemente.
Oxymel simples . (Vinagre 1 p . , mel de abelha 2 p . ,
ferva até á consistencia de xarope. ) 2 8 oitavas em
bebida aquosa .
Xarope. 1 a 2 onças .
EXTERIORMENTE . Gargarejo acidulo . (Vinagre 2 oi-
tavas, mel rosado 6 oitavas, decocção de cevada 6
onças. )
Fomentação resolvente. (Vinagre 1 onça , agua
12 onças. ) Luxações, torceduras .
Clyster acetoso . (Agua 6 onças, vinagre 4 onça . )
Prisão de ventre rebelde, envenenamento pelo opio.
Vinagre aromatico. Summidades de absinthio
4 onças , summidades de alecrim 4 onças, flôres de
alfazema 2 onças , folhas de salva 2 onças, cravos da
India 2 oitavas, vinagre de vinho mui forte 128
onças. Macere por 7 dias em vaso tapado , côe com
espressão, e ajunte : Camphora dissolvida en q . b .
de alcool 1/2 onça . Deixe em repouso 24 horas e
filtre. Empregado nas syncopes ; e em fricçoes como
excitante.
Vinagre aromatico inglez (Cod . fr . ) . Vinagre ra-
dical 20 onças, camphora 2 onças, essencia de alfa-
zema 9 grãos, essencia de cravo 36 grãos, essencia
de canella 20 grãos . Pulverise a camphora n'um gral
de vidro, por meio de um pouco de vinagre radical ;
introduza n'um frasco tapado com rolha de vidro ;
ajunte o vinagre radical è as essencias ; depois de
45 dias decante e conserve para uso . Serve para
encher pequenos frascos , em que se introduz primei-
ramente sulfato de potassa . O verdadeiro vinagre aro-
matico inglez é colorido de vermelho pela cochonilha.
Vinagre antiseptico ou dos quatro ladrões (Cod .
fr.) . Losna 4 onças , alfazema 2 onças , hortelãa 2 on-
ças, alecrim 1 1/2 onça , arruda 2 onças, salva 2 on-
ças, acoro aromatico 2 oit . , canella 2 oit. , cravo da
India 2 oit. , noz moscada 2 oit . , alho 2 oit. , camphora
4 oit. , vinagre mui forte. 128 onças, acido acetico
29.
544 VINHO .
concentrado 2 onças. Todas estas plantas devem ser
seccas e cortadas. O acoro, canella, moscadas e cra-
vos devem ser machucados , o alho pisado, e tudo
deve ser posto n'um matraz com o vinagre. Depois
de 15 dias de maceração, còe-se por panno de linho ,
e esprema-se com força ; ajunte-se a camphɔra dis-
solvida no acido acetico, e filtre-se por papel pardo .
Empregado como o precedente.
VINHO ( Vin fr . ) . Os vinhos são tonicos e estimu-
lantes segundo a expressão de Giacomini , sua acção
é hypersthenisante-espinhal. Convem em todos os
casos em que é preciso augmentar a actividade dos
orgãos, nas convalescenças de molestias longas, affec-
ções escorbuticas , molestias venereas inveteradas, hy-
dropisias, febres adynamicas e ataxicas, etc. Os banhos
de vinho tinto são mui uteis ás crianças fracas . Exte-
riormente applica-se tambem o vinho com vantagem
contra as ecchymoses, pernas inchadas. ulceras de
máo caracter . Ŏ vinho tinto quente serve para injec-
ções no curativo dos hydroceles ; frio , em injecções
contra as blennorrhagias.
Limonada vinosa.
Vinho do Porto 4 onças
Xarope tartarico 2 onças
Agua 18 onças.
M. Por chicaras ; nas affecções adynamicas.
Mistura tonica ( Rognetta) .
Caldo de carne 6 onças
Vinho tinto 4 onças
Aguardente 2 onças.
M. D. Meia chicara de hora em hora no envenena-
mento pelo arsenico .
Cataplasma americana.
Farinha de mandioca 4 onças
Vinho branco generoso 18 onças
Mel de abelha 4 onças.
Misture a farinha com o vinho, faça ferver a calor
brando, até à consistencia de cataplasma ; tire o vaso
do fogo, e então ajunte o mel ; agitando a mistura até
esfriar. Emprega-se nas contusões e ulceras antigas.
Vinho aromatico . V. pag. 275.
ZIMBRO. 545
VIOLA ou Violeta (Violette, fr.) . Viola odorata,
L. Planta cultivada nos jardins do Brasil e de Por-
tugal. Caules molles, folhas cordiformes, dentadas,
flores rôxas, de cheiro suave. P. us. Flores.
Emolliente e diaphoretico , empregado nas moles-
tias acompanhadas de tosse .
INTERIORMENTE . Infusão : oitava para 16 onças
d'agua fervendo. Xarope 1 a 4 onças, como laxante
para as crianças.
ZIMBRO ou Junipero (Genièvre, fr.) . Fructo do
walio & 51%
barri m

Ingonte omo

Fig. 121. - Zimbro.


Juniperus communis, L. , arbusto que em Portugal
habita nas mais altas montanhas da serra da Estrella
516 ZIMBRO.
e do Gerez . Fig . 124. São bagas pretas, polposas, do
tamanho de uma ervilha, de cheiro forte, agradavel ,
sabor amargo e quente. Servem para a preparação
da bebida espirituosa, chamada genebra.
Estimulante e diuretico ; empregado nas hydropi-
sias, catarrhos da bexiga, molestias cutaneas, febres
intermittentes, amenorrhéas, rheumatismos, etc. Ex-
teriormente, as bagas de zimbro, lançadas sobre bra-
sas, em fumigações contra as dôres rheumaticas.
Giacomini considera o zimbro como um remedio
hyposthenisante cardiaco-vascular.
INTERIORMENTE . Pó . Meia oitava até 2 oitavas. In-
fusão, 1 oitava para 16 onças d'agua fervendo . Ex-
tracto, 18 grãos a 2 oitavas em pilulas, como esto-
machico, e como excipiente das preparações tonicas .
Agua distillada, 2 à 4 onças como vehiculo das
poções diureticas.
CLASSIFICAÇÃO

DOS

MEDICAMENTOS

Nota. As plantas indigenas brasileiras, qne não são empregadas


na materia medica europea, mas só no Brasil, vão marcadas com
um asterisco *.
É muito difficil estabelecer uma classificação dos
medicamentos á qual nada se possa objectar. É tam-
bem impossivel collocar um medicamento n'uma só
classe determinada, porque muitos medicamentos tem
propriedades multiplas, conforme as suas doses, as
molestias em que se empregão, e os costumes ou a
constituição dos doentes. Sabe-se, por exemplo, que
o tartaro emetico póde obrar como vomitivo, pur-
gativo, sudorifico , febrifugo, conforme as quantidades
e as circumstancias em que se administra .
Existem hoje dous principaes systemas therapeu-
ticos. O antigo estabelecido por Paracelso e Galeno,
que se segue geralmente em França , assim como no
Brasil, Portugal e em outros paizes ; e o systema mo-
derno ou dynamico, proprio á escola italiana , que tam-
bem está adoptado por muitos professores do Brasil .
Segundo a escola franceza, os medicamentos são
divididos segundo os effeitos therapeuticos que pro-
duzem, conforme a sua acção local, as sympathias ou
reacções nervosas, conforme as suas qualidades sen-
siveis ao paladar ou ao olfacto, etc. Segundo este sys-
tema ha medicamentos tonicos , adstringentes, esti-
mulantes, antiphlogisticos, calmantes, purgativos,
vomitivos, febrifugos, anthelminticos, alterantes,
diureticos, sudorificos , emollientes, temperantes,
antiscorbuticos, antispasmodicos, narcoticos, espe-
cificos, etc.
546 ZIMBRO.
e do Gerez . Fig . 124. São bagas pretas, polposas, do
tamanho de uma ervilha, de cheiro forte, agradavel,
sabor amargo e quente . Servem para a preparação
da bebida espirituosa, chamada genebra.
Estimulante e diuretico ; empregado nas hydropi-
sias, catarrhos da bexiga, molestias cutaneas, febres
intermittentes, amenorrhéas, rheumatismos, etc. Ex-
teriormente, as bagas de zimbro, lançadas sobre bra-
sas, em fumigações contra as dôres rheumaticas .
Giacomini considera o zimbro como um remedio
hyposthenisante cardiaco-vascular.
INTERIORMENTE . Pó . Meia oitava até 2 oitavas . In-
fusão, 1 oitava para 16 onças d'agua fervendo. Ex-
tracto, 18 grãos a 2 oitavas em pilulas, como esto-
machico, e como excipiente das preparações tonicas .
Agua distillada, 2 à 4 onças como vehiculo das
poções diureticas .
CLASSIFICAÇÃO
DOS

MEDICAMENTOS

Nota. As plantas indigenas brasileiras, qne não são empregadas


na materia medica europea, mas só no Brasil, vão marcadas com
um asterisco *.
É muito difficil estabelecer uma classificação dos
medicamentos á qual nada se possa objectar. É tam-
bem impossivel collocar um medicamento n'uma só
classe determinada, porque muitos medicamentos tem
propriedades multiplas, conforme as suas dóses, as
molestias em que se empregão, e os costumes ou a
constituição dos doentes. Sabe-se, por exemplo, que
o tartaro emetico póde obrar como vomitivo, pur-
gativo, sudorifico, febrifugo, conforme as quantidades
e as circumstancias em que se administra .
Existem hoje dous principaes systemas therapeu-
ticos. O antigo estabelecido por Paracelso e Galeno,
que se segue geralmente em França, assim como no
Brasil, Portugal e em outros paizes ; e o systema mo-
derno ou dynamico , proprio á escola italiana , que tam-
bem está adoptado por muitos professores do Brasil .
Segundo a escola franceza, os medicamentos são
divididos segundo os effeitos therapeuticos que pro-
duzem, conforme a sua acção local , as sympathias ou
reacções nervosas, conforme as suas qualidades sen-
siveis ao paladar ou ao olfacto, etc. Segundo este sys-
tema ha medicamentos tonicos, adstringentes, esti-
mulantes, antiphlogisticos, calmantes, purgativos,
vomitivos, febrifugos, anthelminticos, alterantes,
diureticos, sudorificos , emollientes, temperantes,
antiscorbuticos, antispasmodicos, narcoticos , espe-
cificos, etc.
518 CLASSIFICAÇÃO
Escola italiana. Ha cincoenta e oito annos Ra-
sori estabeleceu as primeiras bases desta escola que
distingue em cada medicamento a acção local ou
physico-chimica da acção geral ou dynamica. O Dr.
Giacomini, lente da faculdade de Pavia, deu maior
extensão a este systema . Giacomini diz que toda
substancia produz primeiramente uma impressão lo-
cal, que depende inteiramente das qualidades meca-
nicas ou physico- chimicas de que é dotada ; e depois
de absorvida , perde em parte as suas qualidades
physico-chimicas, para adquirir outras muito diffe-
rentes chamadas dynamicas.
A acção dynamica é aquella que succede á absorp-
ção do medicamento, á sua passagem na torrente da
circulação, e que se manifesta por uma modificação
da funcção do orgão .
A vitalidade não póde pela acção dos remedios mu-
dar seu estado senão de dous modos, ou elevando-
se acima do typo normal, ou descendo abaixo do
grão em que se acha. O professor Giacomini admitte
por consequencia duas classes de remedios : uns hy-
persthenisanthes ( excitantes) , outros hyposthenisan-
tes (antiphlogisticos) . Presume além disto que a acção
dynamica dos medicamentos não é igualmente resen-
tida pelos differentes orgãos. Bem que esta acção se
dirija sobre a vitalidade geral, manifesta-se entretanto
com mais intensidade n'um orgão do que em outro .
Daqui vem as subdivisões das duas classes dos me-
dicamentos. Assim o Dr. Giacomini admitte hypers-
thenisantes e hyposthenisantes vasculo-cardiacos ,
cardiaco-vasculares, cephalicos , espinhaes, gastro-
entericos, e lymphatico-glandulares.
Eis-aqui a definição das diversas classes de medi-
camentos, e as substancias que pertencem a cada
uma d'estas classes . N'esta parte do livro sigo a ordem
alphabetica, já adoptada nos outros capitulos.
ADSTRINGENTES . Chamão-se adstringentes,
do verbo latino astringere, apertar, medicamentos
de sabor acerbo, que tem a propriedade de produzir
uma adstricção sobre todos os tecidos vivos . Os que
são empregados exteriormente chamão-se mais com-
mummente estipticos, resolventes, repercussivos,
DOS MEDICAMENTOS. 549
detergentes, seccativos, etc. Os adstringentes, aper-
tando o systema capillar, diminuem os movimentos
secretores não só dos orgãos com que estão imme-
diatamente em contacto mas ainda dos que sympa-
thisão mais ou menos com o canal intestinal . Assim o
acetato de chumbo, o sulfato de alumina e de potassa ,
e outros muitos, diminuem os suores, e ao mesmo
tempo a diarrhéa . Os adstringentes são de grande
auxilio no tratamento das hemorrhagias passivas,
dos escorrimentos sanguineos traumaticos fornecidos
por pequenos vasos, dos fluxos mucosos, das diar-
rhéas serosas, congestões ou inflammações externas,
queimaduras, erysipelas , panaricios , quando em
principio, etc.; no escorbuto , relaxação dos teci-
dos, obesidade ; emfim, tem -se empregado com van-
tagem na colica metallica , afim de reconduzir ao
rhythmo natural, a contractibilidade e a sensibilidade
dos intestinos, completamente pervertidas nesta mo-
lestia. Os adstringentes são contra-indicados quando
existe inflammação aguda e mui intensa de algum
orgão importante ; porém mui vantajosos nas phleg-
masias chronicas, como nas inflammações catarrhaes
da vagina e da uretra, etc.
Os medicamentos adstringentes são :
Tannino . Perchlorureto de ferro .
Cato. Proto-chlorureto de ferro.
Alumen . Tartrato de potassa e de
Ratanhia. ferro .
Sangue de drago . Citrato de ferro.
Noz de galha. Sulfato de zinco.
Acido acetico impuro, ou Oxydo de zinco .
vinagre. Acetato de chumbo neutro
- borico. Protoxydo de chumbo .
citrico. Sub-carbonato de chumbo
- hydrochlorico diluido . Borax.
nitrico diluido . Pedra divina .
oxalico. Gomma-kino .
sulfurico diluido. Bistorta.
tartarico . Monesia.
Creosota. * Casca de aroeira.
Sulfato de ferro . * Casca de jequitibá.
520 CLASSIFICAÇÃO
* Folhas de goiabeira. Tanchagem.
* Casca de jaboticaba . Fructos acidos .
Romaa (casca do fructo e Especies adstringentes .
polpa do fructo). Agua fria.
Rosas vermelhas . Pediluvios frios.
Tormentilla . Banhos frios.
Morangueiro . Vinho tinto .
Agrimonia. Agua de cal.
ALTERANTES. Dá-se o nome de alterantes aos
medicamentos que, sem produzir effeitos immediatos
sensiveis, modificão de uma maneira persistente a
natureza do sangue e dos humores diversos. A maior
parte das substancias que compõem esta classe são
venenos energicos , e só devem ser considerados como
alterantes quando são administrados na dóse alte-
rante ; isto é, em dóse bastante pequena para não
occasionar effeito immediato sensivel, mas sufficiente
para que a economia experimente com o tempo uma
modificação ou alteração duradoura . Os alterantes são
em geral considerados como especificos : curão neu-
tralisando o virus introduzido na economia . São
aconselhados nas diversas formas da infecção syphi-
litica . Quando um destes medicamentos não cura, é
preciso recorrer a outro. As escrophulas e molestias
cutaneas achão nos alterantes poderosos remedios .
Os medicamentos alterantes são :
Mercurio. Deuto-iodureto de mer-
Proto-chlorureto de mer- curio.
curio. Iodureto de potassio .
Deuto-chlorureto de mer- Oleo de figado de ba-
curio . calháo .
Sulfureto rubro de mer- Ouro.
curio. Oxydo de ouro .
Oxydo rubro de mercurio, Chlorureto de ouro .
ou pós de Joannes. Chlorureto de ouro e sodio.
Iodo . Acido arsenioso.
Iodureto de ferro. Arseniato de ferro.
Iodureto de enxofre. Arseniato de ammoniaco .
Proto-iodureto de mercu- Arseniato de soda .
rio. Arsenito de potassa.
ANALEPTICOS . Medicamentos ou substancias
DOS MEDICAMENTOS . 524
que servem para restabelecer as forças dos convales-
centes. As feculas como a tapioca , araruta , sagú,
salepo, etc. etc. , os caldos de carne de vaca, a caça,
filhotes, carnes assadas, geléas animaes e ovos , são
alimentos analepticos ; a classe dos tonicos ministra
os medicamentos analepticos.
Anodynos. V. Narcoticos.
ANTHELMINTICOS ou Vermifugos. Os medi-
camentos anthelminticos ou vermifugos são aquelles
que gozão da propriedade de matar os vermes intes-
tinaes, ou de expulsa- los dos intestinos. Estes effeitos
são frequetemente produzidos pelos purgantes dras-
ticos, e algumas outras substancias cuja acção sobre
a economia é mui viva, taes como a camphora,
alguns tonicos energicos ; mas ha certo numero de
medicamentos que, sem exercer uma acção mui forte
sobre a economia, são deleterios para os vermes que
existem no canal digestivo. Em geral, algumas horas
depois da sua administração, é necessario tomar um
purgante.
Estes medicamentos são :
Casca de raiz de romeira . * Herva de Santa Maria.
Feto macho. Losna.
Musgo de Corsega. Hortelãa .
Semente contra vermes . Estanho granulado .
Santonina . Calomelanos.
Cusso . Oleo de ricino .
Alho. Oleo essencial de tere-
Atanasia. benthina.
* Angelim. * Coco da Bahia.
ANTI-DARTROSOS , anti-herpeticos , anti-pso.
ricos . Medicamentos que exercem sobre o systema
cutaneo uma influencia especial, e são empregados
nas molestias cutaneas , como dartros , empigens ,
sarna, etc.
Enxofre. Enxofre dourado de anti-
Sulfureto de potassa. monio.
Sulfureto de soda. Aguas mineraes sulfuro-
Acido sulfureo . sas.
Sulfureto de antimonio . Banhos sulfurosos.
522 CLASSIFICAÇÃO
Mercurio. Arsenito de potassa.
Sublimado corrosivo . Iodo.
Calomelanos. Iodureto de enxofre.
Oxydo rubro de mercu- Iodureto de potassio .
rio. Sub- carbonato de po-
Sulfureto rubro de mer- tassa .
curio. Sub-carbonato de soda.
Proto- nitrato de mercu- Salsaparrilha .
rio. * Caroba.
Turbitho mineral. *
Japecanga.
Proto-iodureto de mercu- Guaiaco .
rio. Sassafrás.
Deuto-iodureto de mer- Raiz da China.
curio. Colchico.
Acido arsenioso. Doce-amarga.
Arseniato de ammoniaco . Bardana .
Arsenito de ferro . Saponaria.
Arseniato de soda. Fumaria.
Antifebris. V. Febrifugos .
Anti-periodicos . V. Febrifugos .
ANTI-PHLOGISTICOS . Medicamentos proprios
a combater a inflammação . O tratamento anti-phlo-
gistico consiste no emprego das sangrias , bixas,
das bebidas aquosas, mucilaginosas ou acidulas ,
segnndo as circumstancias, dos banhos tépidos , das
applicações emollientes, e da abstinencia mais ou
menos completa das comidas. Estes meios são muito
menos empregados hoje do que erão ha vinte annos.
ANTI- SCORBUTICOS . Medicamentos emprega-
dos contra o escorbuto . A esta classe pertencem :
agrião, cochlearia, sementes de mostarda, fumaria .
genciana, quassia, quina, rhuibarbo, fructos acidu-
los, folhas de azedas, laranjas, limões, batatas ingle-
zas , etc. Entretanto o uso destas substancias não
basta para curar o escorbuto , se os doentes não es-
tão collocados em circumstancias hygienicas appro-
priadas isto é, se não respirão um ar secco e puro,
se não se nutrem de vegetaes frescos, se não habi-
tão casas preservadas da humidade, etc.
ANTI-SEPTICOS . - Medicamentos que impe-
dem a putrefacção nas molestias. Os anti-septicos
DOS MEDICAMENTOS. 523
escolhem-se entre os acidos, adstringentes, tonicos e
estimulantes.
ANTI-SPASMODICOS . Os anti- spasmodicos
são medicamentos excitantes, que modificão algumas
desordens da innervação , conhecidas pelos nomes de
espasmos, nevroses, nevralgias, etc. Diminuem os
movimentos convulsivos dos musculos, quando com-
tudo estes não dependem da inflammação do systema
cerebral ; acalmão a dôr e a agitação , sem occasion-
nar o estado de somnolencia que caracterisa a me-
dicação narcotica . Distinguem-se pelo seu cheiro
agradavel ou fetido, e pela grande volatilidade de
seus principios activos.
Estes medicamentos são bastante numerosos :
Ether sulfurico. Almiscar.
Ether nitrico. Ambar gris.
Ether hydrochlorico . Ambar amarello .
Ether acetico . Folhas de laranjeira .
Camphora. Flores de laranjeira.
Assafetida. Tilia.
Gomma ammoniaca. Herva cidreira.
Valeriana. Lourocerejo.
Valerianato de zinco. Sub-nitrato de bismutho.
Oxydo de zinco . Banhos mornos prolon-
Castoreo . gados .
ANTI-SYPHILITICOS. Medicamentos que tem a
propriedade de destruir o virus syphilitico .
Mercurio. Iodureto de potassio .
Sublimado corrosivo . Ouro.
Calomelanos . Oxvdo de ouro .
Proto-iodureto de mercu- Chlorureto de ouro .
rio . Chlorureto de ouro e so-
Deuto-iodureto de mer- dio.
curio. Cvanureto de ouro .
Oxydo rubro de mercurio . Salsaparrilha .
Cvanureto de mercurio. Guaiaco.
Sulfureto rubro de mer- Sassafras.
curio. Raiz da China .
Proto-acetato de mercu- * Japecanga .
rio.
APERIENTES ou Desobstruentes . (De aperire,
524 CLASSIFICAÇÃO
abrir. ) Deu-se outr'ora este nome a diversas sub-
stancias que se julgavão proprias para abrirem as
vias biliarias e urinarias. É por isso a maior parte
dos aperientes gozão de propriedades laxativas ou
diureticas. O espargo , salsa, azedas, cerefolio, ni-
tro, forão considerados como apenientes . A deno-
minação de aperientes , que dependia das ideias
hypotheticas que antigamente reinavão, acha-se hoje
pouco usada na linguagem medica .
APHRODISIACOS . Chamão-se aphrodisiacos os
medicamentos estimulantes que tem a propriedade
de excitar os orgãos genitaes. Entrão nesta classe as
substancias cuja administração póde produzir os mais
graves accidentes. O medico que julgar necessario o
emprego destes medicamentos deve usar delles com
muita circumspecção .
Cantharidas. dos estimulantes geraes.
Phosphoro. Baunilha .
Terebenthina . Mostarda.
Moscada . Ovos, regimen analeptico
Almiscar e a maior parte e estimulante .
BECHICOS . Medicamentos empregados contra a
tosse. Dá-se particularmente este nome aos medica-
mentos emollientes. Os medicamentos bechicos com-
postos de flores são : flôres seccas de malva, pé de
gato, tussilagem e papoulas . Os bechicos compostos
de fructos são tamaras, acofeifas, figos seccos e
passas.
Calmantes. V. Narcoticos .
CATHERETICOS. Dá-se este nome aos medica-
mentos causticos fracos, ou empregados em pequena
quantitade, afim de que o seu effeito se limite a pro-
duzir uma viva irritação e a formação de uma crosta
mui superficial . Empregão -se sobretudo os cathere-
ticos para destruir as carnes molles de certas ulce-
ras, para avivar as feridas indolentes, ou reprimir as
carnosidades que se formão na superficie das feri-
das, etc. O nitrato de prata (pedra infernal) é o ca-
theretico mais activo. A pedrahume calcinada, o
acido sulfurico ou hydrochlorico, diluidos em agua ,
são cathereticos.
DOS MEDICAMENTOS. 525
CAUSTICOS . Dá-se o nome de causticos aos
agentes que desorganisão as partes do corpo com que
estão postos em contacto. Empregão-se para abrir
fontes , impedir o progresso de affecções gangre-
nosas, taes como o carbunculo, a podridão dos hospi-
taes, para cauterisar as mordeduras de animaes dam-
nados ou venenosos , para destruir as carnosidades
das feridas , verrugas e cancros , para impedir a
absorpção do virus syphilitico, para tocar as ulceras
da bocca, etc.
Potassa caustica . Massa caustica de Can-
Pós de Vienna. quoin.
Nitrato acido de mercurio. Caustico de Filhos .
Manteiga de antimonio. Caustico com gutta- per-
Acido nitrico concentra- cha .
do. Caustico de Pollau .
Acido hydrochlorico con- Verdete.
centrado. Sulfato de cobre .
Acido sulfurico concen- Pos de Joannes.
trado. Pedra-hume calcinada.
Pedra infernal. Pomada ammoniacal de
Ammoniaco liquido . Gondret.
Chlorureto de zinco . Fogo .
CONTRA - STIMULANTES . V. Hypostheni --
santes.
CORDIAES. Dá-se o nome de cordiaes aos me-
dicamentos que tem a propriedade de augmentar
promptamente o calor geral do corpo, assim como a
acção do estomago e do coração . São : canella, cravo
da India, moscada, pimenta da India, bebidas alcoo-
licas, vinho, e outros estimulantes geraes .
DENTIFRICIOS . Medicamentos que entretem o
asseio dos dentes. São, em geral, substancias acidas,
alcalinas ou terreas, com que se esfregão os dentes,
para tirar as mucosidades e outras substancias que
Ihes diminuem a alvura. Os dentifricios são em fórma
de pós ou de opiatos . Ajuntão-se-lhes aromas para
dar um cheiro agradavel á bocca, e laca, cochonilha
ou carmim para dar cor vermelha as gengivas e aos
beiços. As substancias mui acidas ou mui alcalinas
podem atacar o esmalte dos dentes, e devem ser ba-
526 CLASSIFICAÇÃO
nidas destas composições. Empregão-se ordinaria-
mente para os dentifricios a magnesia, bicarbonato
de soda, cremor de tartaro, greda, coral, ossos de
siba, pedra-hume, quina , carvão de pau, etc. , em
pos simples ou misturados com mel de abelha . O cre-
mor de tartaro, quando se acha em excesso, da aos
dentes uma côr mui alva ; mas póde , sendo conti-
nuado, destruir o esmalte. O carvão é um excellente
dentifricio, pois que possue, por causa de sua pro-
priedade absorvente, a faculdade de destruir o mau
cheiro dos dentes cariados . Os ossos de siba redu-
zidos a pó impalpavel , simples e sem mistura alguma ,
constituem um excellente dentifricio . Direi o mesmo
da magnesia calcinada, que convem sobretudo ás
crianças, para noutralisar a acidez dos succos da
bocca . O mais simples de todos os dentifricios é um
aturado asseio da bocca, que é preciso lavar com
agua fria depois de cada comida e esfregar os dentes
de manhãa com escova macia.
Indicamos neste lugar os melhores dentifricios .
Pós dentifricios (Codigo fr. ).
Bolo armenio 24 partes
Coral vermelho 24 partes
Ossos de siba 24 partes
Resina de sangue de drago 12 partes
Cochonilha 42 partes
Cremor de tartaro 35 partes
Canella 6 partes
Cravo da India 1 parte
Misture estas diversas substancias sobre o porfido .
Pós dentifricios.
Ossos de siba porphyrisados 4 oitavas
Lirio florentino lavado no alcool 4 oitavas
Cremor de tartaro 3 oitavas
Cravos da India pulverisados 1 oitava
Laca com carmim 4 oitavas.
Misture.
Pós dentifricios.
Carvão vegetal em pó 2 onças
Magnesia 4 oitava
Essencia de hortelãa 6 gottas. M.
DOS MEDICAMENTOS. 527
Pós dentifricios .
Pó de carvão vegetal 4 onça
Quina pulverisada 2 oitavas
Oleo de cravo da India 2 gottas . M.
Pós dentifricios (Magendie) .
Chlorureto de cal 32 grãos
Coral vermelho pulverisado 4 oitavas. M.
Pós dentifricios .
Pó de quina 4 onça
Pó de canella 2 oitavas
Oleo de cravo da India 2 gottas.
M. Convem na relaxação das gengivas.
Pós dentifricios anti-scorbuticos .
Extracto de ratanhia 1/2 onça
Carvão vegetal 2 onças
Canella 2 oitavas
Cravo da India 2 oitavas .
Reduza tudo a pó impalpavel , e misture.
Pós dentifricios ( Toirac ) .
Carbonato de cal 5 oitavas
Magnesia 40 oitavas
Assucar 5 oitavas
Cremor de tartaro 1 1/2 oitava
Essencia de hortelãa 5 gottas . M.
Pós dentifricios ( Lefoulon ) .
Cochlearia em pó
Guaiaco
Quina
Hortelãa - aná p. ig.
Pyrethro
Calamo aromatico em pó
Ratanhia
M.
Pós dentifricios (Maury) .
Carvão vegetal 4 oitavas
Quina 2 oitavas
Assucar 4 oitavas
Essencia de hortelãa 42 gottas
Essencia de canella 6 gottas
Tintura de ambar gris 2 gottas. M.
526 CLASSIFICAÇÃO
nidas destas composições . Empregão-se ordinaria-
ménte para os dentifricios a magnesia, bicarbonato
de soda, cremor de tartaro, greda, coral , ossos de
siba, pedra-hume, quina, carvão de páu , etc. , em
pós simples ou misturados com mel de abelha . O cre-
mor de tartaro, quando se acha em excesso, dá aos
dentes uma côr mui alva ; mas póde, sendo conti-
nuado, destruir o esmalte . O carvão é um excellente
dentifricio, pois que possue, por causa de sua pro-
priedade absorvente, a faculdade de destruir o mau
cheiro dos dentes cariados . Os ossos de siba redu-
zidos a pó impalpavel, simples e sem mistura alguma ,
constituem um excellente dentifricio . Direi o mesmo
da magnesia calcinada, que convem sobretudo ás
crianças, para noutralisar a acidez dos succos da
bocca . O mais simples de todos os dentifricios é um
aturado asseio da bocca, que é preciso lavar com
agua fria depois de cada comida e esfregar os dentes
de manhãa com escova macia.
Indicamos neste lugar os melhores dentifricios .
Pós dentifricios (Codigo fr.).
Bolo armenio 24 partes
Coral vermelho 24 partes
Ossos de siba 24 partes
Resina de sangue de drago 12 partes
Cochonilha 42 partes
Cremor de tartaro 35 partes
Canella 6 partes
Cravo da India 4 parte
Misture estas diversas substancias sobre o porfido .
Pós dentifricios.
Ossos de siba porphyrisados 4 oitavas
Lirio florentino lavado no alcool 4 oitavas
Cremor de tartaro 3 oitavas
Cravos da India pulverisados 4 oitava
Laca com carmim 4 oitavas .
Misture .
Pós dentifricios .
Carvão vegetal em pó 2 onças
Magnesia 4 oitava
Essencia de hortelãa 6 gottas . M.
DOS MEDICAMENTOS. 527
Pós dentifricios .
Pó de carvão vegetal 4 onça
Quina pulverisada 2 oitavas
Oleo de cravo da India 2 gottas . M.
Pós dentifricios (Magendie) .
Chlorureto de cal 32 grãos
Coral vermelho pulverisado 4 oitavas . M.
Pós dentifricios.
Pó de quina 4 onça
Pó de canella 2 oitavas
Oleo de cravo da India 2 gottas.
M. Convem na relaxação das gengivas.
Pós dentifricios anti-scorbuticos.
Extracto de ratanhia 1/2 onça
Carvão vegetal 2 onças
Canella 2 oitavas
Cravo da India 2 oitavas.
Reduza tudo a pó impalpavel , e misture .
Pós dentifricios ( Toirac ) .
Carbonato de cal 5 oitavas
Magnesia 40 oitavas
Assucar 5 oitavas
Cremor de tartaro 4 1/2 oitava
Essencia de hortelãa 5 gottas. M.
Pós dentifricios ( Lefoulon ) .
Cochlearia em pó
Guaiaco
Quina
Hortelãa aná p. ig.
Pyrethro
Calamo aromatico em pó
Ratanhia
M.
Pós dentifricios (Maury ) .
Carvão vegetal 4 oitavas
Quina 2 oitavas
Assucar 4 oitavas
Essencia de hortelãa 12 gottas
Essencia de canella 6 gottas
Tintura de ambar gris 2 gottas . M.
528 CLASSIFICAÇÃO
Pós dentifricios alcalinos ( Deschamps ) .
Talco de Veneza 4 onça
Bi-carbonato de soda 2 oitavas
Carmim 1 grão
Essencia de hortelãa 4 gottas . M.
Opiato dentifricio ( Desforges) .
Coral porphyrisado 45 oitavas
Cremor de tartaro 3 oitavas
Ossos de siba 2 oitavas
Cochonilha 1/2 grão
Mel de abelha 16 oitavas. M.
Odontina ( Pelletier ) .
Mistura de magnesia , de manteiga de cacáo , de essen-
cias e de outras substancias , cujos nomes e proporções
são ignoradas . É um opiato para limpar os dentes.
Derivativos. V. Revulsivos, pag. 541 .
Desobstruentes. V. Aperientes.
Diaphoreticos . V. Sudorificos, pag. 541 .
Diluentes. V. Emollientes, pag. 530 .
DIURETICOS. Chamão-se diureticos os medica-
mentos que ten a propriedade de augmentar a secre-
ção da urina. A elles se recorre nas hydropisias ,
gota , affecções das vias urinarias , affecções calcu-
losas , febres inflammatorias , etc. Administrão - se
em geral , em dissolução , n'um vehiculo aquoso
abundante. São os seguintes :
Nitrato de potassa . Funcho.
Acetato de potassa . Gilbarbeira..
Sub-carbonato de potassa . Especies diureticas.
Bi-carbonato de potassa . Digital.
Sub-carbonato de soda. Fragaria.
Bi-carbonato de soda. Grama.
Acetato de soda . * Sapé.
Sabão medicinal. * Trapoeraba.
Scilla. * Parreira brava.
Colchico. * Fedegoso .
Espargos. * Herva tostão .
Parietaria . * Herva do bicho.
Cainca. Espirito de nitro doce .
Aipo. Cerveja.
Salsa hortense. Vinho branco .
DOS MEDICAMENTOS. 529
EMETICOS. Dá-se o nome de emeticos aos me-
dicamentos que determinão os vomitos ; e que para
este fim são administrados . É preciso accrescentar á
definição esta ultima parte, pois que a maior parte dos
venenos introduzidos na economia provocão os vomi-
tos. e entretanto nunca se administrão para este fim .
Empregão-se com vantagem os emeticos nos em-
baraços gastricos , esquinencias , erysipelas , consti-
pações , febres catarrhaes , bronchites, pneumonias,
febres, certos envenenamentos, garrotilho, coquelu-
che , diarrhéas , dysenterias , enxaqueca , sciatica ,
rheumatismos , gota , etc. É preciso, pelo contrario ,
abster-se delles quando existe uma dòr intensa na
região epigastrica, nas inflammações agudas do esto-
mago e dos intestinos, quando a lingua está secca e
contrahida , nos vomitos continuos e dolorosos , nos
aneurismas do coração e das arterias, nas hernias
estranguladas, quando ha tendencia ás hemorrhagias
pulmonares ou gastricas , na exaltação do systema
nervoso, etc. O estado de prenhez ou de menstruação
não é sempre contra -indicação da medicina vomitiva.
Um vomitorio não é unicamente um meio para esva-
ziar o estomago , é um agente perturbativo e revulsivo
cuja acção prompta e energica desvia as molestias de
certos orgãos . Pela sua influencia a circulação capil-
lar fica animada ; os suores, as urinas , as mucosi-
dades intestinaes, ficão augmentadas, o calor do corpo
fica mais forte.
Os emeticos se tomão diluidos em uma pequena
quantidade d'agua. A dóse necessaria é administrada
em jejum , por uma , duas ou tres vezes, com um
quarto de hora de intervallo , e os vomitos facilitão-
se dando a beber ao dente grande porção d'agua
morna.
O tartaro stibiado e a ipecacuanha são dous me-
dicamentos empregados quasi exclusivamente como
emeticos. A agua morna ingerida em abundancia , a
titillação da uvula com a rama de uma penna , os
dedos introduzidos na garganta , pódem tambem
fazer parte dos meios vomitivos .
EMMENAGOGOS. Os emmenagogos são agentes
que gozão da propriedade de restabelecer o fluxo
30
530 CLASSIFICAÇÃO
menstrual supprimido . Mas como esta suppressão
póde depender de causas differentes, os agentes em-
menagogos são tambem diversos, e muitas vezes
oppostos uns aos outros . Assim a sangria geral ou
local , a dieta, o repouso, são ás vezes os meios mais
efficazes para provocar ou regularisar a menstruação,
quando a sua suppressão é precedida de um estado
de plethora geral ou local. Quando, pelo contrario,
a pessoa é fraca , chlorotica , as preparações ferreas ,
a quina e outros tonicos , sós ou associados aos exci-
tantes , são verdadeiros emmenagogos . Mas , por
abuso de palavras , tem-se dado especialmente o nome
de emmenagogos aos medicamentos que exercem uma
acção estimulante sobre o utero . Indicamos tambem
neste lugar o centeio espigado , não como substancia
propria para favorecer o escorrimento dos menstruos,
mas como um dos estimulantes do utero que melhor
póde servir para accelerar o parto ou suspender as
hemorrhagias uterinas.
Açafrão . Pediluvios sinapisados .
Arruda. Centeio espigado .
Sabina. Pilulas ferruginosas de
Absinthio. Blaud.
Artemisia. Pilulas de Vallet .
Contraherva . Assafetida .
Aloes. Castoreo.
EMOLLIENT ES . Os emollientes são medica-
mentos que amollecem os tecidos com os quaes estão
postos em contacto , e diminuem lhes a sensibilidade.
Todos, em geral , são sem sabor e sem cheiro, ou de
sabor viscoso e adocicado . O seu modo de acção
depende muito da agua que lhes serve de vehiculo.
Sendo applicados exteriormente , sobre um tumor
inflammatorio, por exemplo , sua propriedade é para
assim dizer sensivel á vista ; os tecidos com effeito
bem de pressa ficão mais molles e menos dolorosos.
Pela influencia do seu emprego interno , o sangue
torna-se menos espesso, os solidos adquirem uma
complexão mais molle, e daqui vem os nomes de di-
luentes e de relaxantes que ás vezes se lhes dão .
Os emollientes convem em todas as inflammações
DOS MEDICAMENTOS . 531
agudas, febres inflammatorias, hemorrhagias activas,
nevroses , e em algumas affecções chronicas. São
contra-indicados sempre que existe atonia e infil-
tração cellular.
Gomma arabica . Leite de vacca , de ca-
Gomma alcatira. bra, etc.
Polvilho . Mel de abelha .
Althea. Ámendoas doces.
Malvaisco. Oleo de amendoas doces.
Borragem. Azeite doce.
Consolda maior. Glycerina.
Alcaçus. Grama.
Manteiga de cacáo . Cevada.
Sementes de linhaça . Arroz .
Miôlo de pão. Aveia.
Pontas de veado. Hysopo.
Verbasco. Hera terrestre.
Tussilagem . Musgo islandico .
Papoulas . Especies emollientes.
Tamaras . Flores e fructos peitoraes.
Açofeifas. Ovos.
Figos seccos . Caldo de frango.
Passas. Banha.
Avenca do Canadá. Cera.
Veronica. Colla de Flandres .
Pevides de marmelo . Banhos mornos .
Epispasticos. V. Vesicantes,
ESCAROTICOS . Dá- se este nome aos medica-
mentos , que applicados sobre uma parte viva, irri-
tão-a fortemente, desorganisão-a, e determinão n'ella
a formação de uma crosta ou escara ; taes são : o
acido sulfurico ou hydrochlorico concentrados , o
ammoniaco liquido, o deuto- chlorureto d'antimo-
nio, etc.
ESTIMULANTES GERAES . Chamão-se estimu-
lantes ou excitantes os medicamentos que tem a
propriedade de augmentar momentaneamente a ener-
gia das funcções vitaes. Seus effeitos são muito mais
promptos, mas menos duraveis do que os dos medi-
camentos tonicos. Com a sua influencia o pulso fica
mais rapido e mais forte, a respiração se accelera ,
532 CLASSIFICAÇÃO
o calor do corpo augmenta, as forças musculares ad-
quirem maior energia, o apparelho genital , as secre-
ções urinarias e cutaneas, em uma palavra toda a eco-
nomia ganha uma nova actividade.
Os estimulantes são fornecidos pelos tres reinos . A
maior parte das substancias vegetaes que gozão desta
propriedade são notaveis em geral pelo seu cheiro
forte e aromatico : devem suas virtudes á presença de
um oleo essencial, de uma resina, de um balsamo, do
acido benzoico ou da camphora . As substancias ani-
maes estimulantes são tambem ordinariamente do-
tadas de um cheiro caracteristico ; emquanto aos
excitantes mineraes, não apresentão propriedade
alguma que as possa distinguir a esse respeito.
Os estimulantes geraes são contra-indicados nas
inflammações agudas, todas as vezes que o pulso é fre-
quente, e o calor animal forte ; convem, pelo con-
trario, nas phlegmasias chronicas, nas affecções occa-
sionadas e entretidas pela atonia dos orgãos ; taes
são os catarrhos chronicos, as hemorrhagias passivas,
as febres adynamicas, as molestias gangrenosas, es-
crophulosas, escorbuticas, amenorrhéa, asthma, fra-
queza dos orgãos genitaes , typho, etc. Empregão-se
em geral nos mesmos casos que os medicamentos to-
nicos, aos quaes são frequentemente associados.

Ammoniaco. Cravo da India .


Hydrochlorato de ammo- Pimentão .
niaco. Serpentaria de Virginia.
Acetato de ammoniaco. Café .
Carbonato de ammoniaco . Cochlearia .
Hydrochlorato de soda . Agrião ordinario.
Aguas mineraes acidulas. Agrião do Pará.
Camphora. Mastruço.
Phosphoro. Polygala de Virginia .
Açafrão . Veronica .
Canella. Absinthio .
Cascarilha. Camomilla romana.
Casca de Winter. Macella gallega.
Aniz estrellado . Pyrethro .
Baunilha. Hortelãa.
Noz moscada. Salva.
DOS MEDICAMENTOS. 533
Alecrim . Alcatrão .
Alfazema . Cardamomo menor.
Herva cidreira. Hera terrestre .
Hysopo . Marroio branco .
Pimenta da India. Thymo .
Contraherva . Zimbro.
Gengibre. Balsamo da Mecca.
Alfavaca . Myrrha.
Angelica . Balsamo peruviano.
Funcho . Balsamo de tolu.
Endro. Benjoim .
Alcaravia . Acido benzoico .
Herva doce . Estoraque liquido .
Cominho . Alho .
Cerefolio. * Milhomens ou jarrinha.
Aipo. * Urucú .
Salsa hortense. * Raiz de pipi.
Casca de laranja. Alcool .
Chá. Vinhos.
Terebenthina . Banhos quentes.
Essencia de terebenthina . Fricções.
ESTIMULANTES DO APPARELHO GENITO-
URINARIO . Os estimulantes especiaes do appa-
relho genito-urinario differem dos estimulantes ge-
raes por sua acção, que é inteiramente electiva . Tem
de particular o poderem ser empregados indifferen-
temente nas affecções agudas e chronicas. Estes me-
dicamentos tem um sabor e cheiro balsamicos ou
semelhantes aos da terebenthina . São pouco nume-
rosos :
Copahiba. Estoraque liquido .
Cúbebas. Zimbro .
Terebenthina. Salsa hortense.
Essencia de terebenthina . Pimenta .
Alcatrão .
ESTIMULANTES DO SYSTEMA NERVOSO
Estes medicamentos exercem sua acção principal-
mente sobre o systema nervoso, e empregão- se nas
paralysias. São os seguintes :
Strychnina . Brucina .
Noz vomica. Veratrina .
30
534 CLASSIFICAÇÃO
Phosphoro. Vinho.
Arnica. Alcool.
* Raiz de pipi .
ESTOMACHICOS . Medicamentos que são bons
para o estomago, que fortificão o estomago ; taes são
alguns estimulantes, os tonicos , e particularmente os
amargos. Aqui pertencem :
Rhuibarbo. Hortelaa.
Losna. Herva cidreira.
Quina. Chá da India.
Macella gallega. Herva doce, etc.
EXPECTORANTES . Dá -se o nome de expecto-
rantes a certos medicamentos estimulantes , que
exercem uma acção especial sobre a membrana mu-
cosa do aparelho pulmonar, e favorecem a expulsão
das materias contidas nos canaes bronchicos .
Polygala amarga. Especies bechicas .
Polygala senega . Benjoim .
Inula campana . Acido benzoico .
Ipecacuanha em peque- Balsamo de tolu .
na dóse . Balsamo peruviano.
Scilla. Terebenthina .
Hysopo. Alcatrão.
Tussilagem. Gomma ammoniaca.
Veronica. Kermes mineral.
Hera terrestre. Enxofre dourado de anti-
Violas . monio.
Verbasco. Tartaro emetico.
FEBRIFUGOS , Antifebris ou Anti-periodicos.
Medicamentos que exercem uma acção especifica con-
tra as febres intermittentes e outras affecções que tem
o caracter de voltar em certos periodos de tempo ,
taes como enxaquecas, nevralgias faciaes, e outras
nevroses .
Sulfato de quinina . Acido arsenioso .
Quina. Serpentaria de Virginia.
* Casca de pau pereira. Cafe.
Sub-carbonato de ferro . Absinthio .
HYPERSTHENISANTES. Assim se chamão , se-
gundo a escola italiana, todas as substancias que ,
DOS MEDICAMENTOS. 535
sendo introduzidas em assimilação em nossos tecidos,
mudão de tal maneira o ser do organisme vivo , que
a força vital se eleva acima do rhythmo normal ou do
gráo onde ella está. Estas substancias chamão-se
commummente estimulantes e excitantes.
Quando se administra uma substancia hypersthe-
nisante, toda a constituição resente os seus effeitos,
mas estes effeitos se manifestão de uma maneira mais
pronunciada em tal ou tal orgão, conforme a espe-
cie particular da substancia . Segundo esta condição
existem quatro ordens de remedios hyperstheni-
santhes :
4° Hypersthenisantes vasculo- cardiacos ; isto é,
aquelles cuja acçao principal se passa no systema an-
giolico . Deste numero é o ether .
2° Hyhersthenisantes cephalicos, que exercem
uma acção estimulante sobre o cerebro, são : opio,
acetato de morphina, hydrochlorato de morphina , e
sulfato de morphina .
30 Hypersthenisantes rachidianos ou espinhaes,
cuja acção se pronuncia mais particularmente no ce-
rebello e na metade anterior da medulla espinhal.
São alcool, rhum, vinho .
4° Hypersthenisantes gastro-entericos, cuja acção
se exerce sobre o estomago e os intestinos. Estes são :
oleos essenciaes, canella, cravo da India, noz mos-
cada, etc.
Hypnoticos. V. Narcoticos.
HYPOSTHENISANTES ou Contra-stimulantes.
Chamão-se hyposthenisantes, segundo a escola ita-
liana, todas as sbstancias que sendo introduzidas no
nosso organismo, poem a força vital abaixo do gráo
em que estava antes da sua applicação . Estes reme-
dios chamão-se tambem antiphlogisticos e debili-
tantes. Estes medicamentos, convenientemente ap-
plicados, produzem ás vezes o mesmo resultado que
a sangria, e empregão-se nas molestias inflammato-
rias. O seu effeito mais notavel é diminuir a frequen-
cia do pulso e provocar a transpiração cutanea . A
divisão dos remedios hyposthenisantes é baseada na
sua acção electiva para tal ou tal orgão. Daqui resul-
tão sete ordens .
536 CLASSIFICAÇÃO
4° Hyposthenisantes cardiaco-vasculares , que
tem por effeito afrouxar e retardar as contracções do
coração . Este effeito se manifesta no pulso, que fica
mais fraco e menos frequente ; as urinas tornão -se
mais abundantes. A esta ordem pertencem :
Acido prussico. Camphora.
Agua de lourocerejo. Hortelãa-pimenta.
Amendoas amargas. Salva.
Folhas e flôres de pece- Camomilla .
gueiro. Terebenthina .
Cantharidas . Copahiba .
Digital. Bagas de zimbro .
Scilla. Gaz acido carbonico .
Colchico . Nitro .
Veratrina. Espargos.
20 Hyposthenisantes vasculo-cardiacos , que
abaixão a energia vital das extremidades dos vasos
sanguineos. Debaixo de sua influencia o pulso torna-
se mais lento e mais fraco . São :
Preparações antimoniaes. Ferro e suas prepara-
Tartaro stibiado . ções .
Kermes mineral . Ammoniaco liquido .
Antimonio diaphoretico. Acetato de ammoniaco.
Aconito. Carbonato de ammoniaco .
Ipecacuanha. Hydrochlorato de ammo-
Flores de sabugueiro. niaco.
Doce amarga. Acido sulfurico .
Salsaparrilha . Acido nitrico.
Guaiaco. Acido hydrochlorico .
Enxofre. Chloro.
Sulfureto de potassa. Acido oxalico.
Aguas mineraes sulfuro- Acido citrico .
sas. Vinagre.
Centeio espigado. Acido borico .
Quina. Mostarda.
Sulfato de quinina . Cochlearia.
Musgo islandico.
30 Hyposthenisantes lymphatico - glandulares,
são os medicamentos que exercem a acção hyposthe-
nisante sobre os vasos lymphaticos e as glandulas
lymphaticas . São :
DOS MEDICAMENTOS . 537
Mercurio e suas prepara- Iodureto de potassio .
ções. Iodureto de ferro.
Sublimado. Bromo.
Calomelanos. Chlorureto de calcio.
Iodureto de mercurio. Cicuta.
Iodo.
4° Hyposthenisantes gastricos, que exercem sua
acção sobre o estomago. São :
Sub-nitrato de bismutho . Raiz de chicoria .
Quassia. Raiz de fumaria .
Raiz de calumba. Casca de cascarilha .
Absinthio. Luparo.
Semente contra vermes . Veronica.
Genciana . Cato.
Taraxaco . Gomma kino.
Centaurea menor. Raiz de bistorta .
Simaruba. Raiz de tormentilla .
Cardo santo . Casca de raiz de romeira.
Marroio branco.
5° Hyposthenisantes entericos , que exercem sua
acção sobre os intestinos . São :
Tamarindos . Carbonato de magnesia .
Manná . Senne.
Oleo de amendoas doces . Rhuibarbo .
Azeite doce. Jalapa .
Oleo de ricino . Aloes.
Cremor de tartaro . Escamonéa .
Sulfato de magnesia. Gomma gutta.
Sulfato de potassa. Oleo d'euphorbia latyris .
Sulfato de soda. Oleo de croton .
6° Hyposthenisantes cephalicos , que exercem
sua acção sobre o cerebro. São :
Belladona. Meimendro .
Estramonio . Tabaco .
7° Hyposthenisantes espinhaes, que abatem di-
rectamente a energia vital do cerebello e da medulla
espinhal . São :
Noz vomica. Carbonato de chumbo.
Strychnina . Arnica.
Preparações de chumbo. Assafetida.
Acetato de chumbo. Valeriana.
540 CLASSIFICAÇÃO
ciso provocar as evacuações alvinas durante o curso
de uma molestia inflammatoria. Os laxantes podem
por conseguinte ser empregados nas febres eruptivas,
nervosas, adynamicas, peritonite, pleuriz, hemor-
rhagias activas, etc. É necessario, pelo contrario,
abster-se delles na hypochondria , hydropisia , affec-
ções escorbuticas, escrophulosas.
Os medicamentos laxantes são :
Oleo de ricino . Xarope de rosas brancas.
Cremor de tartaro. Xarope de flores de pece-
Canafistula. gueiro.
Magnesia calcinada . Mel de abelha.
Tamarindos. Ameixas seccas .
Manná. Oleo do amendoas doces.
II. Catharticos. São purgantes medios que irritão
brandamente a membrana mucosa dos intestinos :
Senne. Tartrato de potassa e soda.
Rhuibarbo . Agua de Sedlitz.
Espinheiro cerval . Tartaro emetico dissol-
Sulfato de soda. vido em grande quan-
Sulfato de magnesia. tidade d'agua .
Sub- phosphato de soda . Sal de Cheltenham
Tartrato de potassa.
III. Drasticos. São purgantes energicos . Admi-
nistrados em alta dóse, são venenos irritantes , e por
isso devem ser empregados com grande prudencia .
Convem principalmente nas congestões cerebraes,
hydropisias, e em todos os casos em que é necessario
produzir uma revulsão forte . São contra-indicados
sempre que existir uma irritação dos orgãos da di-
gestão :
Aloes. * Abobora do matto ou ta-
Gomma gutta . juja .
Coloquintidas . * Pinhão de purga.
Escamonéa . * Raiz de maravilha .
Oleo de croton tiglium . * Maririçó.
**
Oleo de euphorbia latyris . Anda-açú .
Veratrina. * Oleo de anda-açú ou de
Jalapa. johannesia.
Purgante Le Roy.
Refrigerantes . V. Temperantes , pag. 542 .
DOS MEDICAMENTOS. 541
Relaxantes. V. Emollientes, pag. 530 .
Resolventes. V. Adstringentes , pag. 518 .
REVULSIVOS. Chamão-se revulsivos ou deriva-
tivos os diversos meios que a arte emprega para
desviar o principio de uma molestia, de um orgão
mais ou menos essencial á vida, para o lado de uma
parte mais ou menos afastada . Taes são os vesi-
catorios, os sinapismos, os purgantes, e ás vezes a
sangria.
RUBEFACIENTES . Medicamentos que, applica-
dos á superficie da pelle , a tornão vermelha , e de-
terminão todos os symptomas de uma inflammação
leve. Empregão-se como derivativos na gota, rheu-
matismo, nevralgias, pleuriz chronico, etc. , e para
combater a prostração das forças e outros sympto-
mas adynamicos.
Farinha de mostarda. Essencia de terebenthina .
Pomada stibiada . Pez de Borgonha .
Linimento ammoniacal. Agua quente.
Sedantes ou Sedativos . V. Narcoticos, pag. 538.
SUDORIFICOS ou Diaphoreticos. Dá-se o nome
de sudorificos ou diaphoreticos aos medicamentos
que promovem a transpiração cutanea . O effeito des-
tes medicamentos deve ser favorecido por uma tem-
peratura conveniente, e por cobertores e roupas
quentes. Empregão-se estes medicamentos em
grande numero de molestias, como são affecções
catarrhaes, hydropisias, dartros, gota, rheumatismo ,
syphilis, etc.
Salsaparrilha . * Raiz de pipi.
Guaiaco . * Mate.
Sassafras. * Periparoba.
Raiz da China. Especies sudorificas .
Sabugueiro. Doce- amarga.
Borragem. Bardana .
Chá . Saponaria.
Contraherva. Fumaria.
Serpentaria de Virginia. Taraxaco .
* Caroba . Ammoniaco liquido .
* Gervão. Acetato de ammoniaco .
31
542 CLASSIFICAÇÃO
Carbonato de ammoniaco . Agua quente em bebida, e
Banhos d'agua quente. muitas infusões quentes .
Banhos de vapor.
TEMPERANTES. Dá-se o nome de medicamen-
tos temperantes áquelles que moderão os movimen-
tos em extremo rapidos do systema circulatorio, e
diminuem o calor do corpo . São todos de um gosto
acidulo, e applicados sobre as partes exteriores do
corpo, occasionão a adstricção dos vasos capillares.
Um grande numero dos medicamentos que se achão
na classe dos adstringentes são simplesmente tempe-
rantes, quando diluidos em agua . Estes medicamentos
chamão-se tambem refrigerantes , antiphlogisticos
e acidulos.
Os medicamentos temperantes aplacão a sêde, aug-
mentão a traspiração cutanea , a secreção da ourina ,
e dão ás vezes lugar a evacuações alvinas. Empregão-
se nas phlegmasias pouco intensas, febres biliosas e
typhoides, escorbuto, ictericia, hematuria, etc.
Sumo de limão . Marmelo .
Acido citrico. * Cajú .
**
Acido tartarico . Cajá.
Vinagre. * Araçá.
Acido borico . * Goiaba.
Acido oxalico . * Jaboticaba .
Acido sulfurico e hydro- Grumichama.
chlorico diluidos em * Pitanga e outros fructos
grande quantidade d'a- acidos.
gua . Soro de leite.
Laranja. Grama.
Tamarindos . Nitro.
Romãa. Amendoada .
Ainora. Cremor de tartaro.
Azedas. Banhos frios.
* Surucura .
TONICOS. Dá-se o nome de tonicos a uma
classe de meios therapeuticos que tem a propriedade
de augmentar gradualmente a energia dos orgãos , sem
determinar uma adstricção fibrillar manifesta , como
os adstringentes, nem uma excitação viva e prompta,
como os estimulantes. Os tonicos tirados dos vegetaes
DOS MEDICAMENTOS. 543
se distinguem pelo principio amargo que contém . Em-
pregão-se para animar as forças vitaes em um grande
numero de molestias, como são affecções chronicas,
debilidades musculares , convalescenças de molestias
longas, chlorose, amenorrhéa, leucorrhéa, febres ady-
namicas, affeções gangrenosas, escorbuticas, escro-
phulosas, fraqueza dos orgãos digestivos, etc. Os me-
dicamentos deste genero tem sido sobretudo empre-
gados com vantagem nas febres intermittentes e
certas affecções periodicas, taes como nevralgias. Os
seus effeitos, nestes casos, são de tal maneira evi-
dentes, que muitos d'entre elles são considerados
como especificos, e designados pelos nomes de febri-
fugos e antiperiodicos.
Ferro. Trevo aquatico.
Ferro reduzido pelo hy- Bardana .
drogeneo. Inula campana.
Oxydo negro de ferro. Almeirão.
Oxydo vermelho de ferro . Taraxaco .
Sub-carbonato de ferro. Luparo.
Tartrato de potassa e Labaça .
ferro. Fumaria,
Iodureto de ferro . Saponaria.
Perchlorureto de ferro . Musgo islandico .
Lactato de ferro . Polygala amarga.
Citrato de ferro. Cerveja.
Aguas ferreas . Especies amargas.
Quina. Rhuibarbo em pequena
* Casca de páu pereira. dóse.
Quassia. * Guaraná .
Simaruba. * Cipó de chumbo .
Genciana. * Herva grossa ou herva
Calumba. do collegio.
Centaurea menor. Banhos frios.
Vermifugos. V. Anthelminticos, pag. 521 .
VESICANTES . Chamão-se vesicantes ou epispas-
ticos os medicamentos que, applicados á superficie
do corpo, irritão a pelle, e determinão uma secreção
serosa que levanta a epiderme e forma uma empola,
phenomenos semelhantes aos de uma queimadura
leve. Os vesicantes convem nas molestias agudas e
544 CLASSIFICAÇÃO DOS , MEDICAMENTOS .
chronicas como meio derivativo ; nas affecções cau-
sadas pela repercussão, nos rheumatismos, gota , ne-
vralgias, erupções cutaneas mal desenvolvidas, ou
que forão recolhidas, nas molestias acompanhadas de
fraqueza extrema, e sempre que fòr preciso excitar
as forças quasi extinctas do organismo . São :
Cantharidas. Pomada ammoniacal de
Trovisco . Gondret .
Vomitivos. V. Emeticos , pag. 529 .
RECEITAS DIVERSAS

USADAS NAS ARTES , SCIENCIAS E ECONOMIA


DOMESTICA.

AÇO E FERRO. Modo de impedir o ferro de


criar ferrugem . Aqueça-se fortemente o ferro, sem
que comtudo fique vermelho, e mergulhe-se o depois
num banho de sebo . Depois de frio , unte-se o leve-
mente com oleo de linhaça ao qual se deve ter ajun-
tado um pouco de alvaiade para o tornar siccativo .
Os objectos de ferro que tiverem experimentado
esta preparação podem depois ser enxugados com
bastante cuidado, para que não haja nelles vestigio
apparente do corpo gordo , e que se possão tocar sem
sujar ; acontece ficar sempre uma camada insensivel ,
que torna a oxydação do ferro difficil e o mantem
por muito tempo isento de ferrugem .
Outro modo. Dissolva-se a calor brando ou no
banho-maria 2 onças de sandaraca e meia oitava de
camphora em 16 onças de espirito de vinho com meio
copo de essencia de terebenthina. Dilua-se uma
certa quantidade de pós de sapato neste verniz , e
.applique-se duas camadas desta mistura sobre os
objectos de ferro ; dopois de seccos applique-se-lhes
uma terceira camada de verniz somente .
Do mesmo modo se tratão os objectos de aço : estes
perdem um pouco do seu brilho, mas não correm
risco de se enferrujar.
Modo de limpar os instrumentos de aço e de
ferro. Se os instrumentos se achão enferrujados , é
mister primeiro esfregá-los com vidro moido mistu-
rado com azeite , ou com pedra pomes pulverizada .
Estas substancias não se devem empregar senão no .
caso de haver ferrugem ; porque a não haver, limpão-
se instrumentos e armas com uma taboinha, com
aqual se esfrega por toda a parte.
Papel para desenferrujar os instrumentos de
aço e de ferro. Molhe-se uma folha de papel numa
546 RECEITAS DIVERSAS,
dissolução de grude bastante forte, e pulverize-se com
sufficiente quantidade d'esmeril ou de vidro em pó
fino isto feito, cubra-se o papel pulverizado com
outra folha de papel , e passe - se por cima d'esta com
força um rolo de madeira, para unir bem o pó com
o grude. Deixe-se seccar, e em estando secco sacuda-
se para fazer cahir o pó que houver de mais. Esfrega-
se com este papel, de que se corta uma tira conforme
é mister, o objecto que se quer alimpar da ferrugem.
Segundo o polimento que se quer dar ao metal, faz-
se um papel com um pó de vidro mais ou menos
flno.
Modo de gravar em aço . Aqueça-se levemente a
lamina e cubra-se com uma camada de cera, grave-se
com a ponta de um canivete o nome que se deseja
abrir, e passe-se por cima as barbas de uma penna
molhadas em acido azotico misturado com dous ter-
ços d'agua. Tenha-se o cuidado que o liquido cubra
a gravura de uma certa espessura . No fim de tres
minutos a operação fica terminada .
Modo de conservar as chapas de aço gravadas .
Como estas chapas estejão expostas a oxydarem- se,
é mister ter d'ellas grande cuidado. Diversos meios
tem sido propostos para este effeito, como o cobri-
las com o mesmo verniz de que os gravadores se ser-
vem para gravar com agua forte ; outros recommen-
dão o tutano de boi como um dos melhores remedios ; *
o qual se prepara derretendo-o num vaso de barro e
depois de coado por um panno de linho lavado, põe-
se outra vez ao fogo a ferver para o desembaraçar
da parte aquosa que ainda póde reter, e emprega- se
do modo seguinte. Faz-se aquecer a chapa sobre bra-
sas, e esfrega-se ao depois com um panno de linho
lavado e fino embebido no tutano, tendo cuidado de
não tocar na peça com as mãos.
AGUA DE COLONIA. Emprega- se geralmente
como cosmetico ; goza de propriedades tonicas e es-
timulantes. Sua composição varia infinitamente . Pre-
para-se por dous processos ; isto é, por distillação e
por mistura.
Agua de Colonia por distillação . Cod . fr . Oleo
essencial de vergamota 3 onças, de limão 3 onças, de
AGUA DE COLONIA. 547
cidra 3 onças, de alfazema 1 1/2 onça, de flor de la-
ranja 1 1/2 onça , de alecrim 1 1/2 onça, de canella
6 oitavas, alcool a 34° Cartier, 24 libras, alcoolato
de melissa composto 3 llbras, alcoolato de alecrim
2 libras. Dissolva-se as essencias no alcool, ajunte-se
os dous alcoolatos ; deixem- se em contacto por oito
dias, e distille-se em banho- maria até obter quatro
quintos do peso total.
Agua de Colonia por mistura. Essencia de limão
1/2 oitava, essencia de neroli 1/2 oitava , de alecrim
1/2 oitava, essencia de vergamota 90 grãos, essencia
de cidra 90 grãos , alcool 32 onças. Misture, mexa e
deixe estas diversas substancias misturar-se mais
intimamente por alguns dias depois desta época, se
a agua de Colonia estiver turva, deve ser filtrada por
um filtro de papel, posto sobre um funil .
Outra mais forte. Essencia de vergamota 2 1/2
oitavas, essencia de laranja 2 1/2 oitavas, essencia
de limão 90 grãos, essencia de cidra 90 grãos , de
alecrim 18 grãos , tintura de benjoim 90 grãos, al-
cool 32 onças. Proceda como na receita precedente .
Outra agua de Colonia (ordinaria ) . Essencia de
limão 2 1/2 oitavas, essencià de vergamota 90 grãos,
essencia de cidra 90 grãos , essencia de casca de la-
ranja 36 grãos, essencia de neroli 36 grãos, essencia
de alfazema 10 gottas, essencia de alecrim 10 gottas,
tintura de ambar gris 2 1/2 oitavas, alcool 64 onças .
Misture como nas receitas precedentes.
As essencias se decompõem com o tempo, e per-
dem o seu cheiro suave, e por causa disto quando a
agua de Colonia se prepara por simples mistura, é in-
dispensavel que as essencias sejão mui recentes . Em
vez de guardar nas suas officinas as essencias puras,
os pharmaceuticos deverião mistura-las , quando es-
tão recentes, com dez vezes o seu peso de alcool puro ,
que as preserva de deterioração ulterior, e deverião
empregar estas soluções à medida que precisassem
dellas , attendendo sempre á quantidade de alcool
que contém . Desta maneira a agua de Colonia terá
sempre um cheiro agradavel.
Agua de mel (Pharmacopéa ingleza de Red-
wood) . Alcool 160 onças , agua de rosas 40 onças ,
548 RECEITAS DIVERSAS .
agua de flor de laranja 40 onças, essencia de cravo
da India 1/2 onça , essencia de alfazema 1/2 onça,
essencia de vergamota 2 onças, essencia de sandalo
amarello 1 oitava, mel de abelha 4 onça , almiscar
10 grãos . Macere por 7 dias e filtre. Esta composi-
ção emprega-se como cosmetico . Uma colher de agua
de mel misturada com 4 colheres d'agua, serve para
lavar a cabeça e póde ser util para impedir a quéda
do cabello.
Agua de mel cheirosa de Londres . Agua 32 on-
ças , mel de abelha ↑ onça , essencia de vergamota
36 grãos, essencia de neroli 18 grãos , tintura de am-
bar gris 8 onças, tintura de açafrão 8 onças . Macere
e filtre . Emprega-se como a precedente.
AGUAS DE COR. Para os vasos que na França
e em alguns outros paizes se costuma pôr na en-
trada das boticas, como enfeites .
Agua amarella. Dissolução acidulada de chromato
de potassa amarello, á qual se ajunta carbonato de
potassa.
Agua azul. Dissolução em agua de sulfato de co-
bre ; á qual se ajunta um excesso de ammoniaco.
Agua branca. Agua commum 1000 partes, sabão
amygdalino 12 , pomada de pepino 90. Divida o sa-
bão mediante pomada, e ajunte pouco a pouco
a agua.
Agua roxa . Solução de carbonato de ammoniaco
misturada com uma solução de nitrato de cobalto
até que o précipitado torne a dissolver-se. Ajunte
depois um pouco de sulfato de cobre ammoniacal .
Agua verde. Dissolução de sulfato de cobre à
qual se ajunta q . s . de acido chlorohydrico.
Agua vermelha. Dissolução em agua de chromato
de potassa vermelho ; ou carmim dissolvido no am-
moniaco.
As tintas mineraes são muito mais solidas do que
as vegetaes .
AGUA DE MEL. V. pag. 647.
AGUA DE POÇOS . Modo de lhe dar a proprie-
dade de dissolver sabão. As aguas de muitos po-
ços por causa da cal que contém não cozem legumes
nem dissolvem sabão, que fica em grumos . Para
AGUAS MINERAES ( BOURBON-L'AR ) . 549
torná-las proprias aos usos domesticos aconselha-se
deitar nellas um pouco de carbonato de potassa, e
separar depois, mediante o filtro , o carbonato de cal
que se tem precipitado .
AGUAS MINERAES . Indice das aguas mine-
raes mais frequentadas actualmente na Europa, e
das molestias nas quaes aproveitão . Este artigo é o
complemento do que se acha na pag. 99 , e nas que
a seguem .
Acqui . Piemonte. Sulfurosas. Rheumatismos , para-
lysias, ankyloses.
Aix-en-Savoie . Sulfurosas, 43° a 46° centigr . Em
banhos , emborcações , estufas e bebidas. Rheu-
matismos , dartros , paralysias , syphilides , feridas
antigas.
Aix-la-Chapelle. Prussia. Sulfurosas, sodicas 44°
a 55° cent. Em banhos e emborcações convem nos
mesmos casos que as d'Aix-en-Savoie.
Amélie-les-Bains. França . Sulfurosas, thermaes.
Em banhos, emborcações, bebidas. Molestias de peito ,
rheumatismos , etc.
Ax. França. Sulfurosas, 35° a 77° cent. Em be-
bida banhos . Dartros , rheumatismos , syphilis .
Baden. Austria. Sulfurosas, 35° 40° cent. Banhos
de piscina. Analogia com as d'Aix- en-Savoie.
Baden. Suissa. Sulfurosas, 50 cent. Em bebida e
banhos. Nevroses, gota, rheumatismo , engurgita-
mentos chronicos .
Baden-Baden. Ducado de Baden . Salinas , 67° cen-
tigr . Em bebidas e banhos . Fraqueza , languidez .
Bagnères de Bigorre. França . Salinas, algumas
ferruginosas, 20° a 35° cent. Chlorose, debilidade ,
nevralgias.
Bagnères-de-Luchon. França. Sulfurosas, de 34°
a 60° cent. Empregão-se debaixo de todas as fórmas,
nas molestias cutaneas, paralysias, rheumatismos.
Balaruc. França . Salinas , 48° cent. Paralysias.
Barèges. França . Sulfurosas de 31 ° a 45º cent . São
as aguas mais activas dos Pyreneos . Em banhos,
pouco em bebidas. Escrophulas, dartros , syphilis ,
escorbuto, feridas antigas por armas de fogo .
Bourbon-l'Archambault. França . Salinas, 60° cent.
34.
550 RECEITAS DIVERSAS.
Em banhos . Molestias dos ossos, escrophulas, para-
lysias.
Bourbonne. França . Fortemente salinas , 48° a
58° cent. Em banhos, emborcações e bebidas . Mesma
acção que as de Bourbon-l'Archambault, porém mais
activas.
Bussang. França . Ferruginosas, frias. Em bebida.
Chlorose, debilidade da constituição.
Caldas da Rainha. Portugal . Sulfurosas, de 33º a
35° centigrados. Molestias cutaneas, rheumatismos ,
paralysias, feridas antigas, etc.
Carlsbad. Bohemia. Salinas, complexas, 75° cent.
Em bebida . Resolutivas mui poderosas. Hypertro-
phia do figado, do baço, areias , gota.
Cauterets. França . Sulfurosas 30° a 55° cent. Em
bebida, banhos e emborcações . Nos mesmos casos
que as de Barèges.
Challes . Saboia. Bromo - ioduradas. Em bebida.
Escrophulas, syphilis inveterada.
Contrexeville. França . Alcalinas-calcareas, 12° cent.
Em bebida nas areias, catarrhos da bexiga , gota.
Cransac . França . Ferruginosas , manganesianas ;
frias. Em bebida, nos enfartes abdominaes, febres in-
termittentes.
Eaux-Bonnes. França . Sulfurosas, 32° cent. Em
bebida nas affecções tuberculosas do peito .
Eaux chaudes. França . Sulfurosas, 27° a 33° cent.
Em banhos, nas nevroses, amenorrhea.
Ems. Ducado de Nassau . Alcalinas, 29° a 46° cent.
Em bebida sobretudo, no catarrho bronchico , laryn-
gite, asthma, nevroses, esterilidade, e como preven-
tivas da tisica .
Enghien. França. Sulfurosas, frias . Mesmo em-
prego que o das aguas de Eaux-Bonnes, mas efficacia
menor.
Evian. Saboia. Fracamente alcalinas, frias . Em
bebida nos catarrhos da bexiga , engurgitamentos
da prostata, gastralgias .
Forges. França . Ferruginosas , frias . Em bebida ,
na chlorose, dyspepsia, esterilidade.
Friedrichshall . Ducado de Saxe-Meiningen . Ma-
guesianas, frias . Em bebida , são purgativas .
AGUAS MINERAES ( PASSY ) . 551
Gastein, Austria . Salinas . 39° a 47 cent. Em ba-
nhos, na impotencia viril, paraplegia.
Greoulx. França. Sulfurosas, 30° cent. Em bebida
e banhos. Nos dartros, nevroses, paralysias, catarrhos .
Homburg. Landgraviato de Hessen- Homburg . Sa-
linas, purgativas, frias . Em bebida, na hypochon-
dria, affecções abdominaes.
Ischia. Provincia de Napoles. Salinas, 52° a 95° cent.
Em banhos e emborcações, nas paralysias, esterili-
dade, rheumatismos.
Ischl. Austria. Salinas, frias. Em bebida . Nas mo-
lestias de peito, affecções escrophulosas.
Kissingen . Baviera . Salinas, frias . Em bebida e ba-
nhos, nas gastralgias, engurgitamentos abdominaes .
Kreutznach. Prussia rhenana . Salinas , frias . Em
bebida, nas escrophulas .
Labassère. França . Sulfurosas, frias . Affecções ca-
tarrhaes e tuberculosas.
Loeche. Suissa. Salinas, 51 ° cent. Em banhos e
bebidas. Affecções chronicas da pelle, syphilis an-
tiga. Os banhos produzem uma erupção cutanea.
Luxeuil. França . Alcalinas, 30° a 56° cent. Grande
analogia com as de Plombières.
Marienbad. Bohemia . Mesma composição e mesma
acção que as de Carlsbad ; somente são frias e me-
nos excitantes.
Mont-Dore. Salinas, 42° a 46°º cent. Em banhos e
bebidas, nos catarrhos pulmonares, tisica , asthma .
Monte-Catini. Toscana. Salinas , 20° a 30° cent.
Molestias do figado.
Nauheim. Eleitorado de Hessen-Cassel. Salinas,
20° a 32º cent. Em bebida contra as escrophulas.
Neris. França. Salinas, fracas, 52° cent. Em ba-
nhos, nas nevralgias, sciatica, hysterismo, dança de
S. Guido .
Niederbronn. França . Salinas-purgativas, 18° cent .
Molestias chronicas do ventre , dyspepsia .
Orezza, Ilha de Corsega. Ferreas-gazosas frias .
Excellente tonico.
Passy. No suburbio de Pariz . Ferruginosas, frias.
Excellente tonico, nas flores brancas, oppilação, es-
crophulas, debilidade geral .
552 RECEITAS DIVERSAS.
Pfeffers. Suissa . Alcalinas, 35° cent. Em bebída e
banhos, nas nevroses, gastralgias.
Pierrefonds. França . Sulfurosas frias. Molestias
de peito.
Plombières. Alcalinas, 27° a 69º. Em bebida , ba-
nhos e emborcações, nas gastralgias , dyspepsias ,
flôres brancas, rheumatismos, nevroses.
Pougues. França . Alcalinas , frias. Em bebida ,
nas gastralgias, catarrhos vesicaes, areias, gota.
Pullna. Bohemia . Magnesianas, frias. Purgativas.
Pyrmont. Westphalia. Ferreas-gazozas frias . Em
bebida na debilidade geral .
Saint-Amand. França . Sulfureas, 24º cent. Banhos
de lodo na atrophia dos membros, retracções mus-
culares, torceduras, paraplegias, prolapsos do utero .
Saint-Galmier. França. Gazosas, nas gastralgias.
Saint-Gervais. Saboia. Sulfureas, 40° cent. Em
bebida e banhos, nas molestias cutaneas, gastralgias .
Saint-Honoré. França . Sulfureas, 32° cent . Em
bebida e banhos, nas molestias cutaneas .
Saint-Sauveur. França . Sulfureas, 34° cent. Em
banhos nas affecções nervosas, flôres brancas, ca-
tarrhos da bexiga.
Salins. França . Salinas frias. Em bebida nas es-
crophulas.
Schinznach. Suissa . Sulfureas, 33 ° cent. Em be-
bida e banhos nas molestias cutaneas .
Schlangenbad. Ducado de Nassau . Alcalinas ,
28° cent. Em banhos, nas nevroses, hysterismo , es-
pasmos, enxaquecas .
Schwalbach. Ducado de Nassau. Ferruginosas.
frias. Em bebida como tonicas.
Sedlitz. Bohemia. Salinas, purgativas. Engurgita-
mentos das visceras abdominaes.
Seltz. Ducado de Nassau . Gazosas frias . Bebida de
mesa mui agradavel . Gastralgias.
Soultzbach, Soultzmatt. França . Succedaneas da
agua de Seltz.
Spa. Belgica. Ferruginosas, frias, mui gazosas . Em
bebida como um excellente tonico .
Toeplitz. Bohemia . Alcalinas, 26° a 49° cent. Em
banhos, nas nevroses , gota . Estas caldas são fre-
AGUAS MINERAES . 553
quentadas sobretudo pelos diplomatas do mundo in-
teiro.
Uriage. França . Salinas , sulfureas. 27° cen . Em
bebida e banhos. Purgativas na dóse de 3 a 6 copos.
Molestias cutaneas , engurgitamentos abdominaes.
debilidades .
Ussat. França . Salinas , 32º a 40°. Em banhos , nas
nevroses, affecções uterinas.
Vals . França. Alcalinas frias. Em bebida . Pare-
cem-se com as de Vichy.
Vernet. França. Sulfureas thermaes . Molestias de
peito, rheumatismos.
Vichy. França . Mui alcalinas e gazozas . Em bebida
e banhos, nas gastralgias, areias, hypertrophia do
figado, diabetes, gota.
Wiesbaden. Ducado de Nassau . Salinas-purgativas,
67° cent. Em bebida e banhos, na gota, rheumatis-
mos, paralysias, ankyloses, feridas por armas de fogo
antigas .
Wildbad. Wurtemberg. Alcalinas, 30° a 37° cent .
Em banhos, na impotencia , paraplegia.
Designação das molestias e das aguas mineraes
que lhes convem.
Paralysias, paraplegias . Caldas da Rainha , Bour-
bonne , Balaruc , Bourbon - l'Archambault, Baréges ,
Bagnères-de-Luchon , Aix-la-Chapelle , Wiesbaden ,
Aix- en-Savoie , Saint-Amand , Acqui, Wildbad .
Nevralgias e nevroses . Nėris , Plombières , Luxeuil ,
Saint-Sauveur, Bagnères-de-Bigorre, Ussat, Schlan-
genbad , Baden-Baden, Toeplitz , Pfeffers e os banhos
do mar.
Tisica, asthma, affecções catarrhaes do peito.
Eaux-Bonnes, Cauterets, Vernet, Amélie- les-Bains,
Mont-Dore, Saint- Honoré, Enghien, Pierrefonds.
Molestias do ventre, gastralgia, anorexia, fla-
tuosidades . Evian, Pfeffers, Kissingen , Seltz , Pou-
gues, Bussang.
Diarrhea. As aguas ferruginosas , sobretudo as de
Bagnères-de-Bigorre.
Constipação de ventre, hypochondria . Kissin-
gen, Homburg, Niederbronn , Saint-Gervais, Carl-
sbad, Marienbad.
554 RECEITAS DIVERSAS.
Engurgitamento do figado e das outras visceras
abdominaes , calculos biliares . Vichy, Vals , Pou-
gues, Cransac, Plombières, Orezza , Baden ( Suissa) ,
Carlsbad, Marienbad , Kissingen, Ischia.
Catarrho vesical e areias . Vichy, Pougues, Con-
trexeville, Saint-Sauveur, Évian, Pfeffers.
Amenorrhea, dysmenorrhea. Aguas ferruginosas
e sulfurosas sobretudo as que são quentes .
Impotencia viril, perdas seminaes, incontinen-
cia de ourina. Barèges, Cauterets , Aix-la-Chapelle,
Aix-en-Savoie, Balaruc , Bourbonne, Wiesbaden, Is-
chia, as aguas ferruginosas e os banhos do mar.
Molestias cutaneas , dartros , impigens. Caldas
da Rainha, Bagnères-de-Luchon, Barèges , Caute-
rets, Uriage, Enghien, Aix-en-Savoie, Saint-Gervais,
Aix-la-Chapelle , Baden ( Austria ) . Saint- Sauveur.
Molestias syphiliticas, cachexia mercurial . Cal-
das da Rainha , Bagnères-de-Luchon , Barèges, Cau-
terets , Aix-la-Chapelle , Aix-en-Savoie , as aguas
ioduradas , como as de Challes.
Rheumatismo. Todas as caldas quentes podem ser
uteis ; é preciso só saber escolher a fonte mais apro-
priada ao caracter tão variavel da molestia.
Gota. Vichy, Wiesbaden, Homburg , Kissingen,
Toeplitz, Carlsbad , Marienbad.
Diabetes. Vichy, Vals , Évian, Ems, Carlsbad e
todas as fontes alcalinas .
Chlorose, oppilação . As aguas ferruginosas de
Passy, Forges, Bagnères-de-Bigorre, Orezza, Pyr-
mont e os banhos do mar.
Escrophulas. Salins, Kreuznach , Nauheim . Ischl,
Barèges, Bagnères-de-Luchon , Challes , e banhos
do mar.
Febres intermittentes antigas . Bourbonne , Cran-
sac, Orezza.
Feridas por armas de fogo antigas, necroses,
caries, trajectos fistulosos . Caldas da Rainha , Ba-
règes, Bourbonne, Bourbon-l'Archambault , Balaruc ,
Saint-Amand. Aix-en- Savoie, Aix-la-Chapelle, Wies-
baden , Toeplitz e banhos do mar .
Torceduras, ankyloses falsas, consequencias de
fracturas e de luxações . As mesmas caldas que nos
ANANAZ. 555
casos precedentes, e sobretudo os banhos de lodo
das aguas mineraes.
AGUARDENTE. Meio que se emprega geral-
mente para lhe dar côr. Ajunta-se-lhe um pouco
de assucar reduzido a caramelo.
ALABASTRO . Modo de limpur os objectos de
alabastro . Os objectos de alabastro ficão amarellos
pela fumaça ou poeira . Limpão-se lavando-os com
sabão e agua, e depois com agua pura ; feito isto es-
fregão-se com um pedaço de pelle secca. Tirão-se-
lhes as nódoas de gordura , esfregando-as com talco
em pó ou com essencia de terebenthina .
ALGODAO . Modo de descobrir os fios de algodão
n'uma fazenda de linho . Molhe-se a fazenda secca
em azeite doce, e esprema-se depois para tirar o
excesso de azeite. Os fios de linho ficão translucidos,
entretanto que os de algodão são brancos .
Modo de distinguir nos tecidos vegetaes (algo-
dão, linho, canhamo, etc. ) os fios animaes ( laa,
seda, etc.) . Corte-se da fazenda que se quer experi-
mentar um pedaço quadrado, de uma a duas polle-
gadas, tirem-se todos os fios da largura e os do com-
primento, e queimem-se á vela todos os fios, um
depois do outro. Os fios de origem vegetal (algodão ,
linho, canhamo) ardem com uma chamma viva, sem
deixar residuo , e dão um cheiro franco de roupa
queimada ; os fios de origem animal (lãa ou seda)
ardem mal ; um carvão esponjoso forma-se na sna
extremidade e suspende lhe a combustão ; desen-
volve-se ao mesmo tempo, um cheiro forte e carac-
teristico de chifre queimado . É facil, depois, contar
os fios de uma e outra origem .
Os fios animaes aquecidos com uma solução de po-
tassa ou soda (5 partes de potassa ou soda e 100 partes
d'agua) dissolvem-se ; os fios vegetaes, pelo contra-
rio, não se dissolvem n'esta solução .
ANANAZ. Conservação dos ananazes inteiros.
Metta-se um ananaz inteiro moderadamente maduro
numa lata cheia aos tres quartos com xarope de as-
sucar frio, que se solda depois. Ponha-se então a lata
no banho-maria , deixe-se ficar n'elle durante hora e
556 RECEITAS DIVERSAS .
meia, tire -se estando ainda quente , e guarde-se . Em
talhadas . Limpem-se os ananazes e cortem-se em ta-
Jhadas ; enchão -se com elles garrafas de vidro até 2/3
de sua capacidade ; deite- se por cima xarope frio, com
precaução que fique uma pollegada de vasio depois
de tapada a garrafa . Sendo as garrafas bem tapadas e
amarradas com barbante, ponhão-se em banho-maria
mantido em ebullição por cinco minutos . Apague- se
então o fogo para deixar esfriar o banho - maria , e
tirem-se as garrafas sómente depois de esfriadas . Se
se tirassem ainda quentes poderião arrebentar.
ARREBIQUES . Arrebique branco. 1 ° Subni-
trato de bismutho misturado com greda ; 2º alvaiade
misturado com gomma alcatira (nocivo para a saúde) ;
3º flôres de zinco misturadas com greda ; 4° talco
16 onças, carmim 18 grãos, essencia de rosas 4 got-
tas, oxydo de bismutho 4 onça .
Arrebique vermelho . 1 ° Carmim 2 oitavas, talco
4 onças ; 2º vinagre de arrebigue : carmim sus-
penso no vinagre mediante uma pouca de mucila-
gem de gomma ; 3º outro cochonilha em pó 12 par-
tes, laca 90, alcool 190, vinagre de alfazema 500 .
Macere-se por dez dias, mexendo-se de vez em
quando a garrafa, e côe -se.
ARVORE DE SATURNO . Deposito de chumbo
metallico cristaliisado, que se produz sob a fórma de
vegetações, deixando-se uma lamina de zinco numa
solução de acetato de chumbo . Vê - se ás vezes esta
preparação exposta em algumas boticas como enfeite.
ARVORES. Modo de preservar as arvores do
musgo e dos insectos . Polvilhem- se com a seguinte
mistura ; cal viva 2 p . , sal de cozinha 25 , fuligem 25 .
ASSUCAR aromatisado e acidulado para bebi-
das refrigerantes . Tomem-se morangos , 1 parte ,
limpem-se, pisem-se e passe-se o sumo por um coador
de panno. Tomem-se 4 a 6 partes de assucar refinado
em pó, misturem-se com o sumo, e forme- se uma
massa, que depois de secca n'uma estufa, reduz-se
em pó, ou se conserva meio-solida em frascos de
vidro bem seccos e tapados com rolhas . Quando se
quer ter uma limonada de morango , toma-se uma
colher d'este assucar e dissolve-se em agua.
BETUMES. 557
Da mesma maneira prepara-se assucar de cajú,
araçá, grumichama, groselha e outros fructos acidos.
Póde-se tambem preparar assuçar de laranja ou li-
mão, mas é mister então , antes de pisar o assucar
com o sumo, esfrega-lo sobre as cascas de laranja ou
de limão , para lhes tirar uma parte de oleo essencial
que dá aroma ao producto.
BAETA. Modo de conhecer a baeta que tem al-
godão. Ferva-se um certo peso de baeta que se quer
experimentar, numa barrela de potassa marcando
12 gráos ; logo a lãa se dissolve e se converte em
sabão, entretanto que o algodão fica só fracamente
alterado ; lava-se o residuo insoluvel que é o algodão ,
faz-se seccar e pesa-se.
BARRIL . Modo de limpar os barris de vinho .
Ponha-se em cada barril 6 libras de cal viva e 12 libras
d'agua ; tape-se o barril . Uma hora depois ajunte-se
24 libras d'agua , e sacuda-se o barril . Seis horas de-
pois lave-se muitas vezes com agua, e finalmente
lave-se com uma ou duas garrafas de vinho .
BARRO VIDRADO. Modo de conhecer se o ver-
niz das tigelas e de outros vasos de barro vidrado
não é nocivo. Este verniz é ás vezes nocivo á saúde
por causa das substancias metallicas que entrão na
sua composição . Antes de fazer uso das tigelas , deve
se ferver n'ellas um pouco de vinagre, que não deve
alterar o verniz ou o esmalte se este é bom, nem
formar precipitado algum quando se deita uma co-
lher d'este vinagre em agua hydrosulfurea .
BENZINA. Liquido que se obtem pela distillação
do carvão de pedra . Dissolve facilmente as resinas,
a cera, as gorduras, etc.; d'onde vem a sua appli-
cação para tirar as nodoas nos vestidos, na seda , etc.
Não rectificada tem um cheiro insuportavel ; bem
rectificada o seu cheiro é menos desagradavel . Este
liquido tira rapidamente as nodoas sem deixar
vestigio.
BETUMES . Lutos, mastiques, cimentos e diver-
sas massas para grudar louça, cristal, marmore, etc.
Betume para concerto de louça . Cal virgem , clara
de ovo aná p . iguaes. Misture-se.
Betume universal . Uma porção de colla de peixe,
558 RECEITAS DIVERSAS .
amollecida primeiramente na agua , dissolve-se a ca-
lor brando, em pequena quantidade de alcool , até
que forme uma forte geléa. A 1 onça desta solução
ajuntão-se 5 grãos de gomma ammoniaca pulveri-
sada, e depois mistura-se tudo isto com 20 grãos de
almecega dissolvida n'uma oitava e meia de alcool
muito forte. Esta mistura se opera n`um vaso de barro
e por meio de um brando calor. Quando todas as
substancias ficão bem misturadas , deitão-se n'uma
garrafinha, que deve ficar bem tapada .
Para-se servir deste cimento, mette-se a garrafinha
em agua quente, para que o cimento fique molle, e ap-
plica- se este sobre as superficies quebradas da louça
ou do vidro que se quer concertar. É necessario que
as superficies quebradas , depois de grudadas com
este cimento, fiquem em contacto e apertadas ao me-
nos pelo espaço de 12 horas . - Este cimento serve
particularmente aos ourives de fixar as pedras pre-
ciosas.
Outro betume. Faça -se coalhar leite por meio de
vinagre , separe - se este leite coaihado do soro , es-
prema-se, faça-se seccar e reduza -se a pó . A 300
partes destes pós, ajunte-se 30 partes de cal viva, e
3 partes de alcanfor. Misture-se bem e guarde - se
n'um frasco bem tapado. No momento em que se
precisa, faz-se uma massa com estes pós e uma suf-
ficiente quantidade d'agua , e applica-se immediata -
mente.
A gomma-laca , amollecida no alcool , constitue
tambem um bom betume .
Outro betume. Queijo fresco ou recentemente se-
parado do soro de leite, misturado com cal hydra-
tada forma um excellette betume .
Cimento commnm . Areia de rio 20 partes, lithar-
gyrio 2 p., cal viva 1 parte, oleo de linhança q. s .
para formar uma massa . Para tapar os intersticios
das pedras, grudar as caldeiras de vapor, etc.
Betume com colla de polvilho . Este betume pre-
para-se formando uma massa com colla de polvilho
e farinha de linhaça . Emprega-se nos laboratorios
de pharmacia ou de chimica .
Betume dos vidraceiros. Alvaiade 4 parte , giz
BETUMES. 559
2 p. Misture-se n'um almofariz, e ajunte-se pouco a
pouco oleo de pintura , até formar uma massa. Este
betume se conserva n'uma bexiga molhada .
Betume impermeavel á agua, proprio para con-
certo dos utensilios de louça . Deite- se 4 libra de
colla de Flandres n'uma quantidade sufficiente d'a-
gua, e deixe- se durante toda a noite. Ferva -se depois
esta colla n'um vaso de ferro a fogo lento , até que
tome uma boa consistencia, e ajunte-se pouco a pouco
e mexendo com uma espatula de ferro uma mistura
de partes iguaes de cal extincta e de greda reduzida
a po fino . Este betume emprega-se quente e logo
que fica frio tapa exactamente as rachaduras. Póde
ser empregado em ponto grande para os tanques e
reservatorios d'agua.
Outro betume para concerto de louça. Polvilho
30 partes, greda em pó fino 100 p., grude 30 p. , te-
rebenthina 30 p. Dissolva -se o polvilho com a greda
em agua misturada com outra tanta porção de aguar-
dente, ajunte-se o grude, ferva-se, e durante a ebul-
lição ajunte-se a terebenthina , e mexa-se para for-
mar uma massa homogenea.
Outro betume para concerto de louça. Faça-se
uma dissolução concentrada de colla de peixe em agua ,
ajunte-se- lhe um pouco de alcool e de gomma am-
moniaca, para fazer uma massa liquida . Para se usar
d'ella, applica- se com uma espatula de pão sobre as
partes que se quer grudar ; apertão se depois estas
partes e deixa-se seccar.
Betume para impedir os canos de ferro ou de
chumbo de deixarem vasar agua . Misture-se sebo
com cal viva até à consistencia de massa espessa ;
molhe-se estopa nesta massa, applique-se nas racha-
duras dos canos, e segure-se com uma atadura.
Betume para concertar pedras. Derreta-se enxo-
fre, e applique- se na rachadura.
Betume para fixar torneiras ou tapar as racha-
duras das vasilhas de barro que servem para
agua. Derreta-se quatro partes de breu com uma
parte de cera amarella ; ajunte-se pouco a pouco
4 partes de tijolo pulverisado ; e applique-se quente
sobre o lugar bem secco.
360 RECEITAS DIVERSAS.
Betume para lacrar garrafas. V. Lacre.
Betume para os tubos de ferro. Flôr d'enxofre
1 parte, limalha de ferro 16 p . , sal ammoniaco 2 p.
Misturão-se muito bem estes ingredientes num
gra!, junta-se-lhes a quantidade d'agua necessaria
para humedece-los e emprega -se immediatamente,
mettendo-o com força nas juntas e fendas das caldei-
ras, e outros vasos de ferro fundido ou batido . Esta
mistura dá origem a um sulfureto de ferro que adquire
grande dureza e enche perfeitamente as fendas e fu-
gas que se pertende tapar nos tubos e caldeiras das
maquinas de vapor.
Visco marinho. Borracha 1 parte , oleo de alca-
trão 16 p. , gomma-lacca em pó 32 partes . Dissolva -se
a borracha no oleo, ajunte-se a gomma-lacca , aqueça-
se tudo e mexa-se até obter uma mistura completa .
Para-se servir d'ella é preciso aquecê-la n'um vaso
de ferro, e applicar com um pincel sobre as super-
ficies das peças de páo que se quer grudar .
BICHOS DOS LIVROS (Destruição dos ) . Os bi-
chos, vulgo traças, são o flagello das bibliothecas .
As femeas poem de preferencia ovos microscopicos
debaixo da capa dos livros encadernados . Cada ovo
dá nascimento a uma mui pequena lagarta que fura ,
para se alimentar, a substancia da capa, o depois o
livro mesmo . Achão-se assim livros furados de parte
em parte por uma galeria cylindrica, em cujo fundo
se acha um pequeno verme esbranquiçado : é à lagarta
do bicho . O unico remedio que se lhe possa oppôr,
é visitar os livros a miudo e saccudi-los .
BRONZE DOURADO . Modo de limpar e entre-
ter os objectos de bronze dourado ou prateado.
Se algum objecto tem cera ou sebo , é preciso polo
em agua fervendo até que a cera ou o sebo seja
derretido : euxuga-se bem ; depois toma-se um pouco
de gesso diluido em agua, molha-se n'elle uma pe-
quena escova, e com esta esfrega-se até que não se
veja nódoas e até que o objecto fique secco . Depois
com outra escova que não esteja molhada, tira - se o
branco que ficou nos riscos dos objectos lavrados , e
com um panno limpo enxuga-se o objecto.
CABELLO . Pomada para tingir o cabello . Ni-
CABELLO. 564
trato de prata 2 oitavas , cremor de tartaro 2 oi-
tavas , alcali volatil 4 onça , banha 4 onça . M. Appli-
ca - se esta pomada no cabello com um pente ou
uma escova .
Pós para tingir o cabello . Lithargyrio em pó
1 onça, cal extincta 1/2 onça, greda 1 onça . Mis-
ture-se. Com certa quantidade destes pós e q . s.
d'agua faz-se uma massa que se applica sobre o ca-
bello . Dez horas depois lava-se a cabeça com agua
e sabão .
Solução para tingir o cabello. Nitrato de prata
1/2 onça , agua distillada 4 onças, verde de bexiga
(vert de vessie, fr. , combinação de succo de bagas
de espinheiro cerval com cal ) q. s . para dar còr .
Applica-se esta solução nos cabellos com nm pente
ou uma escova, tendo o cuidado de não tocar com
ella a pelle.
Para o mesmo fim póde-se empregar o meio se-
guinte molhão-se os cabellos , com um pente, com
a solução de 4 oitava de nitrato de prata em 2 onças
d'agua distillada, e depois com uma solução de am-
moniaco ou sulfureto de potassa na agua . É preciso
previamente lavar o cabello com agua e sabão para
tirar a gordura .
Ha ainda outras preparações para tingir o cabello ,
taes são : Pomada melaincome , Agua de Java ,
Agua do Egypto, Nigritina, etc. , que todas tem
por base a pedra infernal. Indico estas preparações
para dizer que nem homem nem mulher, nem moço
nem velho, nunca devem, sob pretexto algum, fazer
uso das pomadas ou dos liquidos que tem por objecto
de tingir o cabello . A maior parte das substancias
empregadas na preparação d'estes cosmeticos são
causticas, que não sómente queimão a epiderme e
o cabello, mas ainda occasionão dòres de cabeça e
inflammações dos olhos. Quanto ás substancias que
tingem o cabello sem queima-lo, como verbi gratia
as pomadas em que entrão pós de sapato , ou noz
de galha com sulfato de ferro, estas não tem uma
acção mais duravel, que a que é produzida por uma
a gua tinta de preto , e não tem outro effeito que su-
jar a cabeça.
560 RECEITAS DIVERSAS .
Betume para lacrar garrafas. V. Lacre.
Betume para os tubos de ferro. Flôr d'enxofre
1 parte, limalha de ferro 16 p ., sal ammoniaco 2 p.
Misturão-se muito bem estes ingredientes num
gra!, junta-se-lhes a quantidade d'agua necessaria
para humedece-los e emprega -se immediatamente,
mettendo-o com força nas juntas e fendas das caldei-
ras, e outros vasos de ferro fundido ou batido . Esta
mistura dá origem a um sulfureto de ferro que adquire
grande dureza e enche perfeitamente as fendas e fu-
gas que se pertende tapar nos tubos e caldeiras das
maquinas de vapor.
Visco marinho . Borracha 1 parte, oleo de alca-
trão 16 p., gomma-lacca em pó 32 partes. Dissolva-se
a borracha no oleo, ajunte-se a gomma-lacca , aqueça-
se tudo e mexa-se até obter uma mistura completa .
Para-se servir d'ella é preciso aquecê-la n'um vaso
de ferro, e applicar com um pincel sobre as super-
ficies das peças de pao que se quer grudar.
BICHOS DOS LIVROS (Destruição dos ) . Os bi-
chos, vulgo traças, são o flagello das bibliothecas .
As femeas poem de preferencia ovos microscopicos
debaixo da capa dos livros encadernados . Cada ovo
dá nascimento a uma mui pequena lagarta que fura ,
para se alimentar, a substancia da capa, o depois o
livro mesmo. Achão-se assim livros furados de parte
em parte por uma galeria cylindrica, em cujo fundo
se acha um pequeno verme esbranquiçado : é a lagarta
do bicho . O unico remedio que se lhe possa oppôr,
é visitar os livros a miudo e saccudi-los .
BRONZE DOURADO . Modo de limpar e entre-
ter os objectos de bronze dourado ou prateado.
Se algum objecto tem cera ou sebo, é preciso polo
em agua fervendo até que a cera ou o sebo seja
derretido : euxuga-se bem ; depois toma-se um pouco
de gesso diluido em agua, molha-se n'elle uma pe-
quena escova, e com esta esfrega-se até que não se
veja nódoas e até que o objecto fique secco . Depois
com outra escova que não esteja molhada, tira- se o
branco que ficou nos riscos dos objectos lavrados, e
com um panno limpo enxuga-se o objecto.
CABELLO . Pomada para tingir o cabello . Ni-
CABELLO. 561
trato de prata 2 oitavas , cremor de tartaro 2 oi-
tavas , alcali volatil 1 onça , banha 1 onça . M. Appli-
ca - se està pomada no cabello com um pente ou
uma escova .
Pós para tingir o cabello. Lithargyrio em pó
1 onça, cal extincta 1/2 onça, greda 1 onça . Mis-
ture-se. Com certa quantidade destes pós e q. s.
d'agua faz-se uma massa que se applica sobre o ca-
bello. Dez horas depois lava-se a cabeça com agua
e sabão.
Solução para tingir o cabello. Nitrato de prata
1/2 onça , agua distillada 4 onças, verde de bexiga
(vert de vessie, fr . , combinação de succo de bagas
de espinheiro cerval com cal ) q . s . para dar còr.
Applica-se esta solução nos cabellos com nm pente
ou uma escova , tendo o cuidado de não tocar com
ella a pelle.
Para o mesmo fim póde-se empregar o meio se-
guinte molhão-se os cabellos , com um pente, com
a solução de 1 oitava de nitrato de prata em 2 onças
d'agua distillada , e depois com uma solução de am-
moniaco ou sulfureto de potassa na agua . É preciso
previamente lavar o cabello com agua e sabão para
tirar a gordura.
Ha ainda outras preparações para tingir o cabello ,
taes são : Pomada melaincome , Agua de Java ,
Agua do Egypto, Nigritina, etc. , que todas tem
por base a pedra infernal. Indico estas preparações
para dizer que nem homem nem mulher, nem moço
nem velho, nunca devem, sob pretexto algum, fazer
uso das pomadas ou dos liquidos que tem por objecto
de tingir o cabello . A maior parte das substancias
empregadas na preparação d'estes cosmeticos são
causticas, que não sómente queimão a epiderme e
o cabello, mas ainda occasionão dòres de cabeça e
inflammações dos olhos. Quanto ás substancias que
tingem o cabello sem queima-lo, como verbi gratia
as pomadas em que entrão pós de sapato , ou noz
de galha com sulfato de ferro, estas não tem uma
acção mais duravel, que a que é produzida por uma
agua tinta de preto, e não tem outro effeito que su-
jar a cabeça.
562 RECEITAS DIVERSAS .
As preparações seguintes não offerecem inconve-
niente algum .
Mucilagem para lustrar e fixar o cabello ( Ban-
doline ou fixateur em francez ) . 1ª Gomma alcatira
6 oitavas, agua 220 oit ., alcool 90 oit., oleo essencial
de rosas 40 gottas . Macere por 24 horas e côe.
2a Oleo de ricino 60 oitavas, espermacete 4 oit.
Derreta, còe e ajunte oleo essencial de vergamota
4 oit. , oleo essencial de rosas 20 gottas.
3a Oleo de amendoas doces 30 oit. , cera branca
4 oit., tintura de mastiche 12 oit . , essencia de ver-
gamota 4 oit .
As mucilagens de sementes de marmello ou de
psyllium, misturadas com agua de Colonia , são tam-
bem frequentemente empregadas para o mesmo uso .
Modo de fazer cahir opello. V. Depilatorios.
CAFE. Conservação do aroma do café. Torre-se
o café até qne appareça o oleo aromatico na super-
ficie dos grãos ; tire-se o então do fogo e polvilhe-se
com assucar em pó , o qual impede a deperdição
do aroma.
CARACOES. Destruição dos caracoes nas hor-
tas . Polvilhe- se o chão com cal viva .
CERA para lustrar os trastes . Derreta-se 6 onças
de potassa em 12 onças d'agua , ajunte-se 4 onças
de cera cortada em pedaços, e ferva-se ; tire-se de-
pois do fogo e deixe-se esfriar, A massa fica como
sabão . Pise-se esta massa com uma pouca d'agua, e
applique-se nos trastes ; lustre- se depois com um
panno de lã.
COBRE. Modo de limpar os objectos de cobre.
Ferva-se n'uma caldeira agua com cremor de tartaro ,
e deite-se n'ella os objectos de cobre ; deixe-se ferver
por um quarto de hora , depois d'isto mettão -se
n'um vaso cheio d'agua fria, enxuguem-se depois,
e ficarão tão bellos e luzentes como se fossem novos.
O barro vermelho conhecido no commercio pelo
nome de tripoli diluido na essencia de terebenthina,
é tambem empregado com vantagem para limpar os
objectos de cobre.
O sal de azedas e o acido oxalico conhecido
vulgarmente pelo nome de acido de assucar, di-
COLLA ORDINARIA. 563
luido em agua fria serve tambem para o mesmo fim .
Composição para limpar o cobre, Agua 4 onças,
acido sulfurico 4 onça, pedra-hume 2 oitavas. Dis-
solva-se. O cobre esfregado com este licòr fica muito
lustroso . Se o objecto se acha em muito máo estado ,
póde-se ajuntar a este licòr um pouco de tijolo pul-
verisado .
Cobre dourado. Modo de limpar o cobre dourado .
Mergulhe-se o objecto na agua de sabão quasi fer-
vendo, e esfregue- se o n'esta agua com uma escova
macia. Tire-se d'ella, passe-se na agua quente ordi-
naria , escove-se n'ella afim de tirar todo o sabão que
se pode achar na superficie, e exponha-se ao ar sem
enxuga-lo . Depois de secco esfreguem -se com um
panno de linho fino ou com uma pellica de luva .
Modo de limpar os objectos de cobre dourado
que não podem ser tirados do lugar em que es-
tão . Misture-se carbonato de soda 4 parte , giz,
2 P., alcool 8 p. agua 16 p . , e applique - se esta
massa com um panno sobre o objecto , e depois de
secca esfregue-se o objecto com um panno velho ,
ou com uma escova macia.
Conservação das chapas de cobre gravadas (cli-
ché em francez ) . As chapas de cobre gravadas se
oxydão e se arruinão com facilidade quando d'ellas
não se faz uso . Para preserva-las convém guarda-las
n'um lugar secco, e enxuga-las de vez em quando
com um panno molhado no alcool . Alguns aconse-
lhão de enverniza-las com um simples verniz de
laca, que se tira com espirito de vinho quando se
ha mister d'ellas . Mas é necessario ter o cuidado em
tirar todo o verniz, por que se a gravura fosse ob-
struida não sabiria bem na impressão.
Cold-cream. Cosmetico . V. pag. 277.
COLLA ORDINARIA. Farinha de centeio 4 libra,
agua q. s. Dilua-se a farinha com uma pouca d'agua,
até não houver grumos, depois deite-se na mistura
agua fervendo até ficar na consistencia de papas . Con-
tinue-se a aquecer mexendo com espatula de páo .
Para se servir d'ella espera-se que esfrie , e en-
tão se for mui espessa , ajunta-se-lhe uma pouca
d'agua fria.
364 RECEITAS DIVERSAS .
Colla de Flandres , colla forte ou Grude . Materia
glutinosa que se obtem fervendo em agua os couros
de animaes . É em folhas delgadas , amarelladas . Pul-
verisada grosseiramente constitue a gelatina para
banhos. O grude mais ordinario que se obtem de
substancias mais communs ainda, taes como cascos de
vaccas, pellicas, orelhas , é em grandes folhas negras,
espessas, e é só empregado nas artes.
Eis aqui o modo de assegurar-se da boa qualidade
d'esta especie de colla. Mette-se um pedaço d'ella
num vaso cheio d'agua, e deixa-se num lugar fresco
por doze horas . Se a colla se derreter, será prova
que não vale nada ; se inchar e augmentar de peso ,
será tanto melhor quanto mais pesada ; mas é pre-
ciso que estando exposta ao ar torne a recuperar sua
primeira seccura.
Qualquer que seja a especie de grude de que se faz
uso, ha certas precauções a tomar para derretê-lo ;
uma temperatura elevada ou muito tempo continuada
estraga-o, e o melhor grude póde ficar máu se for
submettido a uma ebullição mui prolongada . Deve- se
quebra-lo em pedaços , pô-lo no banho-maria, ẹ,
depois de coberto com agua fria, deixa- lo ficar de
molho na agua fria por cinco ou seis horas ; faz -se
depois ferver a agua exterior do banho-maria e
mexe-se o grude para ajudar-lhe a dissolução . A
agua quente contida no involtorio do banho- maria
basta para manter o grude num estado de fluidez
conveniente durante o tempo que se faz uso d'elle .
Colla forte liquida . Prepara- se ajuntando ao grude
derretido com as precauções acima indicadas, cerca
o seu volume de vinagre e um quarto de alcool . Esta
colla guarda-se por muito tempo e póde empregar-se
a frio; ajunta-se-lhe uma pouca de pedrahume para
que não se altere.
Colla de peixe . É a membrana interna deseccada
da bexiga natatoria de certos peixes e sobretudo do
grande esturjão, que se emprega para fazer as geleas,
o encerado inglez e para clarificar os licores ou o
vinho branco .
Compra-se ordinariamente em laminas seccas e
duras . Para prepara-la e torna-la propria para os
COLLA ORDINARIA. 565
usos domesticos, bate-se-a com um martello sobre
um pedaço de páo , depois de envolvida n'um panno
de linho. Reduz-se d'esta maneira em pedaços, que
se cortão em pedacinhos e que se poem de molho em
agua fria e na proporção de 10 partes de colla para
90 d'agua. Dissolve-se no banho-maria, coa -se por
panno de linho , ajunta-se-lhe uma pouca d'agua
quente, e emprega-se immediatamente. Esta colla ,
ficando fria, toma o aspecto de uma gelea transpa-
rente e assaz consistente. Para conserva-la sem alte-
ração no estado de gelea e tê-la sempré á sua dis-
posição, é preciso evaporar no banho-maria ametade
da agua que contém , e accrescentar uma quantidade
igual de alcool . Mette-se esta solução em frascos de
vidro, que se tapão ao principio simplesmente com
papel, e depois com panno de linho ou pergaminho
quando estiver esfriada e feita gelea . Querendo fazer
uso d'ella, basta, para torna-la liquida, segurar por
algum tempo o frasco na mão ou expo -lo por um
momento e de um pouco de longe a calor do fogo.
Para clarificar um licor, deita-se uma pouca de
colla de peixe bem dissolvida , mexe-se, e as sub-
stancias contidas ordinariamente nos licores , taes
como o alcool, os acidos, o tannino, etc. , precipitão
a colla. Esta, depondo, leva comsigo todas as impu-
rezas que turvavão a transparencia do liquido .
Para clarificar um barril de vinho de 300 garra-
fas, bastão 4 oitavas de colla de peixe dissolvidas
numa garrafa de liquido .
Colla de bocca . Tomão-se sobejos de pergami-
nho a que se accrescenta 1 onça de colla de peixe,
2 oitavas de assucar candi , 2 oitavas de gomma alca-
tira, e aquece-se. tudo em 16 onças d'agua até á
reducção da metade . Emprega-se esta mistura depois
de fria, humedecendo-a com saliva ou agua . V. Be-
tumes, pag. 557.
Colla para preservar os livros da traça e dos
insectos . Farinha de trigo 16 onças, agua q . s . , arse-
nito de potassa 4 oitava , sublimado corrosivo 4 oitava,
strychnina 10 grãos . Faça-se com a farinha a colla pro-
pria para a encadernação , e ajunte-se-lhe, mexendo
com um pedaço de páu , as tres ultimas substancias
32
566 RECEITAS DIVERSAS .
que são venenosas. Depois da encadernação feita ap-
plique-se sobre a capa com um pincel uma tintura
feita da maneira seguinte : coloquintidas 4 oitava,
alcool 2 onças ; macere-se por oito dias e filtre-se.
Quando os armarios e as bibliothecas tem aberturas,
é prudente fecha-las com tiras de papel fixadas com
esta colla.
Colla para grudar letreiros ou rotulos . Subli-
mado corrosivo 4 parte, farinha de trigo 8 partes,
folhas de losna 4 partes, folhas de atanasia 4 partes,
agua 420 partes. Os bichos não atacão esta colla.
Colla para flores artificiaes . Farinha de trigo,
gomma arabica, assucar , agua q . s. para fazer uma
colla espessa .
CONSERVAÇAO DOS CADAVERES para os es-
tudos de anatomia. V. Hyposulfito de soda, p . 330 .
CONSERVAÇÃO dos passaros e dos pequenos qua-
drupedes. Para encher a pelle do animal emprega- se
algodão, estopa ou musgo ; e para preserva-la dos
bichos , emprega-se o sabão arsenical preparado
segundo e receita seguinte. Acido arsenioso 32 par-
tes, carbonato de potassa 12, agua distillada 32 ,
sabão 32, cal viva 4, camphora 1 ; ferva a agua com
o acido arsenioso ; feita a dissolução ajunte o sabão
mui dividido, e depois a cal e a camphora .
CONSERVAÇÃO das substancias animaes e ve-
getaes. Agua 4,000 partes , chlorureto de zinco
500 partes. Mettem - se por 4 dias as substancias
n'esta mistura, e depois seccão-se ao ar.
DENTES . Massa para tapar as covas dos dentes
cariados. Oxydo de zinco 4 oitavas, vidro porphy-
risado 4 oitava. Misture. Por outra parte, misture
5 oitavas de chlorureto de zinco liquido, com meia
oitava de acido nitrico . Faça uma massa molle com
os pós primeiros e q . s. do ultimo liquido, e intro-
duza a immediatamente na cavidade do dente, onde
se tornará dura passados poucos minutos.
Outra massa para tapar as cavidades dos den–
tes . Prata em pó 10 partes, ouro platinado 4 partes ,
mercurio q. s. para fazer uma massa. Lave no alcool
DESINFECÇÃO . 567
esta massa , e esprema d'ella o mercurio , pondo- a
n'uma pellica que depois de torcida deixa sahir e
mercurio pelos poros. Introduza depois a massa na
cavidade do dente, previamente raspada e limpa da
carie. Esta ultima massa fica só completamente dura
ao cabo de duas horas.
Estas massas são empregadas pelos dentistas,
quando as paredes dos dentes são nimiamente fracas
para poderem resistir á pressão que se exerce tapando
estas cavidades com ouro.
DEPILATORIOS (Preparações causticas para
fazer cahir o pello) . Pó de lirio 90 partes , cal
viva 250 p. Misture-se.
Outra receita. Sulfureto sulfuretado de calcio
1 onça. Applique-se uma ligeira camada d'estes pós
sobre parte de que se deseja fazer cahir o pello ;
dez minutos depois lave-se com agua fria ou quente,
e a pelle fica desnudada como se tivesse passado a
navalha .
Outra. Hydrosulfato de soda 3 partes, cal viva
10 p., polvilho 10 p. Misture-se. Diluão-se estes pós
em agua e appliquem-se sobre a pelle. Cinco minu-
tos depois o seu effeito acha-se produzido .
Convem banir todas as outras receitas depilatorias
em que entrem o rosalgar.ou o ouropimento que são
composições arsenicaes e venenosas.
DESINFECÇAO Desinfecção das materias fe-
caes . Pós desinfectantes . Sulfato de ferro 100 partes,
sulfato de cal 130, sulfato de zinco 5, carvão vege-
tal 5. Cinco oitavas d'estes pós lançados na vasi-
lha a desinfectão .
Outra receita. Chlorureto de zinco 8 onças, agua
quente 320 onças. Derramar esta solução, ou em-
prega-la em lavatorios com esponja.
Outra receita. Sulfato de zinco 4 onças , agua
640 onças . Mesmo emprego .
Modo empregado em Pariz, para desinfectar
as materias fecaes, na occasião em que se despeja
uma cloaca. Numa tina de madeira da capacidade
de cerca de 2500 litros forrada em chumbo (para
evitar a oxydação dos arcos de ferro pela infiltração
568 RECEITAS DIVERSAS.
do liquido) , deita-se 500 litros d'agua, 500 kilo-
grammas de acido sulfuricò a 53 gráus, 150 kilo-
grammas de zinco em pedaços, mexe-se tudo com
um páu até á completa dissolução do zinco . Depois
de resfriado o liquido ajunta-se agua em q. b. para
que o areometro marque 26 gráus . Se estas prescrip-
ções não fossem bem observadas, poderia acontecer
que o liquido deitado na cloaca produzisse a sahida
das materias ; n'este caso seria preciso cobrir com
azeite toda a superficie da cloaca com meia pollegada
de espessura. Estando o liquido bem preparado , é pre-
ciso lançar cerca de 20 litros d'elle na cloaca por um me-
tro cubico , para que a desinfecção seja instantanea.
Desinfecção dos quartos dos doentes . Collocar
um ou dous pratos com dissolução de chlorureto de
cal na proporção de 2 onças de chlorureto de cal e
48 onças d'agua.
DOURADURA DA ESCRIPTA. Ajunte-se uma
pouca de gomma á tinta e escreva-se como de cos-
tume ; applique-se depois na escripta uma folha de
ouro com uma leve pressão , e esfregue-se com um
pincel macio.
ELIXIR DE GARUS. Aloes 1 onça (32 partes) ,
myrrha meia onça ( 16 partes) , açafrão 1 onça ( 32) ,
canella meia onça ( 16 ) , cravos da India meia onça ( 16 ) ,
moscadas meia onça , alcool a 24 ° Cartier 16 libras
communs (8,000) , agua de flôr de laranja 4 libra (500 ) .
Macere por dous dias, distille no banho-maria , ate ob-
ter 8 libras (4,000) do licor distillado ; ajunte a este
licor xarope de capillé 10 libras (5,000) ; ajunte final-
mente, para dar ao elixir uma côr amarella dourada
uma q. s . de açafrão previamente macerado em agua
de flor de laranja.
EMBALSAMENTO . Os meios actualmente em-
pregados para conservar os cadaveres reduzem-se a
injectar pelas arterias do pescoço um liquido dotado
de propriedades antiputridas. O methodo geralmente
usado é o de Sucquet medico de Pariz .
Methodo de Sucquet. Para embalsamar um cada-
ver injectão-se pela carotida 4 a 6 litros ( 128 a
192 onças ) de uma dissolução de chlorureto de zinco
em agua que marque 40 gráos no areometro de Baumé,
EMBALSAMENTO.. 569
quando se embalsama um adulto , 20 a 25 gráos
quando se opera numa criança , e 25 a 30 graus nas
pessoas idosas. Ajunta-se a este liquido uma pouca
de essencia de neroli ou de alguma outra substancia
aromatica .
Eis-aqui como se procede. Posto o cadaver sobre
uma mesa , descobre - se com um bistori a arteria .
carotida primitiva, pratica-se uma laqueadura sobre
a parte superior d'este vaso , e faz-se depois uma
incisão debaixo desta laqueadura . Introduz-se na
direcção do peito, pela abertura feita , o canudo de
uma seringa, que se fixa de maneira que nada possa
escapar para fora . Seringa-se então o liquido , e re-
pete-se a operação, até se julgar que o systema arte-
rial se acha bastantemente cheio ; são precisos de
ordinario 4 á 6 litros de liquido . Conhece-se que a
operação toca ao seu fim , pela resistencia insupe-
ravel que se experimenta para introduzir maior
quantidade do liquido , e pelas mucosidades que de
ordinario se vê sahir da bocca e do nariz . Acabada
a operação laquea-se a arteria inferiormente, reune-
se a incisão da pelle por uma sutura , e enxuga-se o
corpo com uma esponja molhada na essencia de neroli .
Um cadaver embalsamado d'esta maneira em 24 de
maio de 1845 , em presença da commissão da Aca-
demia de medicina de Pariz, enterrado depois , e
exhumado em 14 de julho de 1846, isto é quatorze
mezes depois , foi achado pela mesma commissão
num estado perfeito de conservação e não apresen-
tava cheiro algum infecto.
O embalsamento praticado pelo methodo Sucquet
mantem a firmeza das carnes e a elasticidade da
pelle, mas só quando o corpo embalsamado não perde
pela evaporação os liquidos que contém , como acon-
tece num ataude hermeticamente fechado e enterrado ,
porque se o corpo fica exposto ao ar livre , perde
pouco a pouco os liquidos, fica secco sem a menor
putrefacção, e adquire dureza semelhante á da ma-
deira ou da pedra.
Para a simples conservação das peças anatomicas
e para o estudo de anatomia na escolas de medicina,
o chlorureto de zinco não pode servir, porque torna
32.
570 RECEITAS DIVERSAS.
os corpos duros , quando estes ficão expostos ao ar,
como acabamos de dizer, e n'estes casos Sucquet
aconselha que se injecte nos vasos uma dissolução
concentrada de hyposulfito de soda, que produz o
effeito de conservação por algumas semanas sem
rijeza , e é isso que se pratica na escola anatomica
de Pariz .
O methodo Sucquet se torna recommendavel pelos
motivos seguintes : 4° a substancia empregada é sem
perigo para o operador: 2º a operação pode ser effec-
tuada em meia hora ; 3° as numerosas incisões, mu-
tilações, a subtracção das visceras, a maceração pro-
longada, etc. , são substituidas por uma operação da
maior simplicidade , uma injecção por uma pequena
abertura ; 4º em lugar de um vulto cinzento, duro e
secco, tendo apenas a fórma humana, o novo methodo
conserva a pessoa tal qual estava no momento da
morte ; 5° finalmente, as despezas, que pelos methodos
geralmente usados até à nossa época se elevavão até
40 contos de réis ( moeda do Brasil ) , não excedem
hoje em Pariz, a quantia de 800 mil reis.
Methodo de Gannal, chimico de Pariz. Consiste
este methodo em injectar pela arteria carotida es-
querda uma dissolução de sulfato de alumina em
agua, que marque a frio 40° no areometro Baumé.
O sulfato de alumina era proposto para os embalsa-
mentos por Gannal pae, mas a primeira experiencia
feita em 1845 perante a mesma commissão scientifica
que examinou o methodo Sucquet, não deu resultado
satisfactorio. O cadaver injectado com a dissolução
de sulfato de alumina, enterrado, e exhumado qua-
torze mezes depois da injecção foi achado completa-
mente apodrecido, e a commissão no seu parecer
declarou que o sulfato do alumina, de per si , só
poderia conservar o cadaver por dous mezes. Depois
da morte de Gannal , que aconteceo no anno de 1850,
o Dr Gannal filho aperfeiçoou o modo de embalsa-
mento de seu pae, e obteve do Governo francez, em
4 de setembro de 1864 , um privilegio exclusivo por
quinze annos para embalsamar pelo seu systema e
pelo liquido de sua composição, que nos casos por
elle dirigidos deu resultados satisfactorios ; mas todos
EMBALSAMENTO. 574
os outros medicos de Pariz costumão recorrer ao
methodo Sucquet que tem tido tambem um privi-
legio exclusivo, mas cujo praso hoje se acha lindo .
Depois da exposição dos methodos que merecem
a preferencia , vamos indicar os outros modos de
conservação dos cadaveres , que forão antigamente
empregados.
Methodo pelos aromas . Antes de principiar a ope-
ração é preciso ter os objectos seguintes :
4° Uns pós compostos de casca de carvalho pul-
verisada , de sal queimado ao fogo, quina, canella ,
cascarilha, hortelãa, castoreo, benjoim, betume de
Judéa e outras substancias aromaticas : tudo mistu-
rado e reduzido a pós finos, e regado de oleos essen-
ciaes ; a casca de carvalho forma a metade do peso ,
e o sal a quarta parte.
20 Alcool camphorado.
3º Vinagre camphorado.
4º Um verniz composto de balsamo peruviano,
copahiba, estoraque liquido, oleo de noz moscada,
oleo de alfazema, essencia de terebenthina e al-
cool, etc.
5º Alcool contendo uma forte dissolução de subli-
mado corrosivo.
6º Agua fria e quente, ataduras, pannos, espon-
jas, fios de linho para coser.
Estando tudo preparado, serrão-se circularmente
os ossos do craneo, e extrahe-se o cerebro. Abre-se
depois o peito e o ventre, tirão-se as visceras nelles
contidas, e fazem-se nellas profundas incisões. Se se
quer conservar o tubo intestinal, é preciso abri-lo
com uma tesoura em todo o seu comprimento, lava-lo
com agua, e espremer, depuis lavar com vinagre
camphorado, e emfim com alcool camphorado . As
outras visceras são tambem submettidas a estes lava-
torios. Applica-se então com um pincel a solução
alcoolica de sublimado sobre todas as incisões, que são
depois polvilhadas com os pós aromaticos, e torna-se
a pôr cada orgão no seu lugar , mas antes disso
é preciso fazer bastantes lavatorios em todas as
cavidades e polvilha - las com pós. Praticão-se igual-
mente incisões nos braços , côxas e pernas seguindo o
572 RECEITAS DIVERSAS.
trajecto dos musculos ; estas incisões são igualmente
lavadas e tratadas com sublimado como acima ficou
dito . Depois de enchidos com os pós todos os vacuos
do interior, cose-se a pelle e deita-se verniz sobre a
superficie do corpo ; é tambem util envernizar as
cavidades por dentro . Applicão-se depois ataduras
de panno de linho sobre todas as regiões do corpo,
enchendo os intervallos com os pós indicados : estas
ataduras devem ser envernizadas e polvilhadas ; por
cima destas se applicão outras ataduras, que devem
ser igualmente envernizadas ; emfim , mette-se o corpo
n'um caixão de chumbo , no qual se deita o resto de
pós que ficou, e solda-se a tampa .
Este methodo é mui dispendioso , não dá sempre
bom resultado , e por isso está quasi abandonado de-
pois da descoberta das propriedades conservadoras
do chlorureto de zinco e de outras substancias.
Se o coração deve ser conservado á parte, é preciso
separa-lo das partes vizinhas, deixando um pequeno
pedaço dos troncos arteriaes e venosos depois de
extrahido todo o sangue que contém, é preciso mer-
gulha-lo por seie a oito dias n'uma solução alcoolica
de sublimado ; enche-se depois com pós aromaticos e
resinosos impregnados de alcool . Quando está secco
enverniza-se e depõe-se n'uma caixinha de chumbo .
Methodo pelo sublimado corrosivo . A dissolução
de sublimado em agua, ou melhor ainda em aguar-
dente de canna ou em alcool , tem a propriedade de
conservar as substancias animaes. Eis-aqui como se
procede..
Tirão-se os intestinos por uma pequena abertura
do ventre, lavão-se com dissolução de sublimado .
Por meio de uma incisão praticada debaixo de cada
braço chega o operador ao peito e injecta o mesmo
licôr. Uma coroa de trepano applicada na parte pos-
terior do craneo, permitte extrahir o cerebro. Injecta-
se a mesma dissolução na traca-arteria, introduz-se o
sublimado em pó nas diversas cavidades, e mergu-
lha-se depois o cadaver n'um banho saturado da
mesma substancia , onde deve ficar dous mezes ; depois
tira-se para um lugar secco e quente : em poucos
dias está acabada a deseccação.
EMBALSAMENTO . 573
Por este modo toma a pelle uma côr cinzenta e
deformão-se as feições do rosto . Mas tendo o cuidado
de encher a bocca com algodão, esvaziando primei-
ramente os bugalhos dos olhos e enchendo as exca-
vações das orbitas com algodão ou estopa , afim de
levantar as palpebras e preparar um lugar para os
olhos de esmalte, mantendo as palpebras e os beiços
approximados por meio de tiras de encerado inglez ,
pôde-se prevenir em parte os inconvenientes da de-
seccação : emfim , póde-se dar expresão ao rosto res-
tabelecendo com cêra as partes dos beiços ou do
nariz que tenhão soffrido uma diminuição mui con-
sideravel , e faz-se desapparecer , com uma tinta
branca rosea, a côr cinzenta do rosto.
Methodo pelo arsenico , pelo Dr Tranchina. A ope-
ração consiste em injectar pela arteria carotida es-
querda, com uma seringa, uma dissolução de 2 libras
de arsenico colorido com um pouco de minio ou
cinabrio em 20 libras d'agua, ou ainda melhor em
espirito de vinho .
Por este meio póde um cadaver ficar mais de dous
mezes sem cheiro nem alteração ; conserva sua fres-
cura , flexibilidade e côr natural ; depois fica secco,
duro, toma uma côr escura, e conserva-se neste estado
muitos annos. Mas este methodo é perigoso para as
pesoas encarregadas da operação, por causa da ab-
sorpção do arsenico. Em França o emprego de arse-
nico ficou prohibido nos embalsamentos pelo decreto
real de 31 de outubro de 1846 .
Methodo pelo arsenico e sublimado, pelo D' Bu-
gliarelli . - Pôe-se o cadaver sobre uma mesa, evacua-
se a ourina por meio de uma sonda . Corta-se a arteria
carotida primitiva , e injecta-se por esta abertura do
lado da cabeça cerca de 16 onças de alcool tendo em
dissolução uma onça e meia de acido arsenioso e outro
tanto de deuto-chlorureto de mercurio, colorido com
um pouco de cinabrio . Isto feito , liga-se a arteria
por cima da sua abertura, e injecta-se para baixo,
na mesma carotida, uma quantidade dupla d'alcool ,
contendo em dissolução uma dupla quantidade de
arsenico e de sublimado, e cose- se a pelle com linba.
Abre-se depois a arteria iliaca externa do lado direito ,
574 RECEITAS DIVERSAS .
e seringão- se no ventre por esta arteria 32 onças de
alcool contendo tres onças de sublimado . Liga-se
igualmente a arteria por cima da abertura pela qual
foi feita a injecção ; dirige-se então a seringa para
baixo, e injecta-se o mesmo liquido ; e depois de
ligada a arteria, cose-se a pelle . Para maior segu-
rança, esta injecção deve tambem ser praticada do
outro lado. Feito isto, penetra-se por meio de um
trocate, no hypochondrio esquerdo, e injectão-se pela
canula vinte a vinte e cinco libras communs de alcool
contendo duas libras e meia de sublimado e outro
tanto de arsenico . Para maior precaução, pode-se
praticar esta operação de cada lado entre a primeira
e a segunda costella, afim de poder injectar no peito
a solução alcoolica.
Conservação pelo alcool . O alcool, que marca
22 a 30 gráos no areometro de Baumé , póde servir
tambem para conservação de cadaveres . O alcool bem
transparente e bem rectificado, enfraquecido depois
com agua distillada, é o que melhor convem para
este fim. Mas é muito caro, e póde ser substituido
pela aguardente de canna bem forte. - Para este
fim basta mergulhar o corpo no licòr alcoolico . Este
simples meio póde servir quando se quer preservar
o corpo da putrefacção durante alguns dias até ao
momento do enterro.
ESCRIPTA. Modo de fazer reviver a velha
escripta. Toma-se 8 onças d'espirito de vinho, e
5 nozes de galha reduzidas a pó ; apresenta-se depois
o pergaminho ou o papel de que se quer fazer revi-
ver a escripta ao vapor d'agua ; depois passa-se sobre
a escripta um pincel molhado na mistura de espirito
de vinho e de galhas.
Ainda se póde, quando se tem pergaminhos velhos
ou papeis de que custa ler a escripta, mergulha- los
na agua tendo em dissolução caparrosa verde ; depois
deixa -se seccar a caparrosa tornará visivel a escripta.
Outro methodo . Esfrega-se levemente a escripta
com um pincel molhado no acido hydrochlorico esten-
dido d'agua, aquelle que se vende em todas as boti-
cas. Logo que o papel for completamente humedecido ,
esfrega-se o com uma solução saturada de prussiato
FLORES . 575
amarello de potassa , e a escripta não tarda em
apparecer debaixo da còr do azul de Prussia. Para
esta ultima operação, o liquido deve ser empregado
em abundancia , e não se deve esfregar com força,
para não arrancar o papel.
Este resultado é devido a uma acção chimica mui
simples . Com effeito sendo o ferro , que contém a
tinta de escrever, incorporado nos filamentos de papel ,
o emprego do prussiato de potassa dá lugar à forma-
ção do azul de Prussia . Quanto ao acido hydro-
chlorico, este tem só por fim de por o ferro em cir-
cumstancias favoraveis á acção do prussiato.
Isto feito, lava-se a carta em agua pura , mette-se
a depois entre as folhas de papel passento, e deixa-se
a seccar.
Se a escripta tem um valor que exige a sua con-
servação, é bom, antes de a fechar , molha-la numa
solução de colla de peixe.
Letras que ficarão illisiveis pela acção da agua do
mar, forão restituidas, por este proceder, a seu estado
primitivo.
Douradura da escripta. V. pag. 568 .
ESPELHOS. Modo de limpar os espelhos. Lim-
pão-se os espelhos com gesso diluido em vinagre e
agua, e depois esfregão-se com toalha fina.
Podem tambem limpar-se com aguardente diluida
com agua.
Fazendas. Modo de descobrir os fios de algodão
numa fazenda de linho. V. Algodão, pag. 555.
Ferrugem ( Nodoas de) . V. Nodoas.
FLORES. Modo de refrescar as flores murcha-
das; A maior parte das flores murchão vinte e qua-
tro horas depois de mettidas na agua fria, mas quasi
todas podem conservar-se por mais tempo, servindo-
se d'agua quente em vez d'agua fria. Quando princi-
pião a murchar, é preciso mette-las em agua fervendo,
de maneira que uma terça parte da hastea mergulhe
nella; quando a agua fica fria, a flôr se levanta e recu-
pera sua frescura. Antes de a metter de novo na agua
fria , é preciso cortar a parte da hastea que ficou na
agua fervendo.
Folha de Flandres. V. Lata.
576 RECEITAS DIVERSAS .
FORMIGAS (Destruição das) . Deitar agua fer-
vendo sobre o formigueiro .
Outro modo. Polvilhar o formigueiro com cal viva
e deitar agua por cima.
Outro . Espargir em roda da arvore uma pouca de
essencia de terebenthina.
Outro. Os cheiros de pós de café fervido, de folhas
de absinthio, de alfazema, afastão as formigas dos
armarios .
FRASCOS . Modo de destapar os frascos tapados
com rolhas esmerilhadas . Passa-se uma fita de lã
em roda do gargalo , e tendo-lhe duas pessoas pegado
pelas pontas, esfregão o gargalo tirando alternativa-
mente a fita a si o gargalo aquêce-se , dilata-se e
deixa sahir a rolha. Obtem-se o mesmo resultado
mergulhando o gargalo na agua quente por alguns
instantes.
GRAXA. Carvão de ossos 750 partes, azeite doce
500 partes. Misture e ajunte : azul de Prussia 30 p. ,
laca da India 30 partes, acido muriatico 250 partes,
melaço 1,000 partes. Misture bem e ajunte mais
gomma arabia 125 partes dissolvida n'uma q . s .
d'agua , para obter a graxa liquida . Dissolve-se esta
massa em q . s. de vinho ou d'agua .
Outra graxa. Derreta em 48 onças d'agua quente
onça e meia de gomma arabica e 32 onças de assucar
candi ; ajunte pouco a pouco 48 onças de pós de
sapato ; depois meia onça de anil , e 6 oitavas de
acido sulfurico ; mòa como uma tinta , deite nas
caixas e deixe seccar. Dilue-se com agua no momento
de a empregar .
Outra graxa. Dissolva uma onça de pós de gomma
arabica em agua quente, ajunte 12 onças de vinagre,
2 onças de acido sulfurico, 8 onças de pós de sa-
pato, e 8 onças de melaço .
Grude. V. Colla.
INCENSO DE IGREJA. Olibano 250 partes ,
benjoim 125, estoraque 60 , assucar 50 , salitre 75,
cascarilha 30. Misture-se .
JOIAS. Modo de limpar as joias de ouro . Esfre-
guem-se por dous ou tres minutos com uma escova
embebida em agua com sabão , e depois de enxutas
LATÃO. 577
esfreguem-se de leve com miolo de pão ou com uma
pelle fina.
LACRE. Os lacres que se empregão para lacrar
carlas são misturas resinosas differentemente colo-
ridas. O lacre vermelho ordinario prepara-se com
resina laca e q. s . de terebenthina , coloridas com ver-
melhão .
O lacre de qualidade inferior, que serve para la-
crar as rolhas de garrafas, faz-se com breu a que
se ajunta um pouco de sebo ou de terebenthina para
evitar que se rache, e a que se dá côr vermelha com
cinabrio, côr preta com pós de sapato, azul com azul
de Prussia, amarella com ocre amarello ou com chro-
mato de chumbo , verde com mistura de azul de
Prussia e ocre amarello .
Eis -aqui algumas receitas de lacre para cartas :
Resina laca 500 partes, benjoim 15 , vermelhão 4 ,
colophonia 45 .
Lacre superfino . Terebenthina de Veneza 100 par-
tes , resina laca 250, colophonia 500. Derreta ao fogo
mexendo continuadamente ajunte vermelhão 125 .
Mexa , e no momento de tirar do fogo ajunte : alcool
rectificado 60 e enrole em fórma de cylindros .
Póde-se substituir o vermelhão por outras substan-
cias colorantes , pelo ouro em pó , mica, talco, etc.
Lacre azul ferrete para cartas . Resina laca
100 partes, resina dammara 100, pêz de Borgonha
50, terebenthina 50 , azul ultramarino (outremer) 150 .
LATA ou Folha de Flandres. Modo de limpar
os objectos de lata. Faça- se uma mistura de azeite
doce e de cinza de consistencia de massa, e esfre-
gue-se com este mixto a lata com uma rodilha de
panno de linho, e depois com um trapo de lã . Ás
vezes é mister repetir esta operação mais de uma
vez , quando ha muito tempo que a lata se acha
tisnada.
LATÃO ou Cobre vermelho. Modo de limpar o
latão com que se ornão os moveis . Esfregue-se com
panno molhado na dissolução de acido oxalico em
agua ; ou então , dissolva-se e incorpore-se numa
mistura de cera e de essencia de terebenthina o
33
572 RECEITAS DIVERSAS .
trajecto dos musculos ; estas incisões são igualmente
lavadas e tratadas com sublimado como acima ficou
dito. Depois de enchidos com os pós todos os vacuos
do interior, cose-se a pelle e deita-se verniz sobre a
superficie do corpo ; é tambem util envernizar as
cavidades por dentro . Applicão-se depois ataduras
de panno de linho sobre todas as regiões do corpo,
enchendo os intervallos com os pós indicados : estas
ataduras devem ser envernizadas e polvilhadas ; por
cima destas se applicão outras ataduras, que devem
ser igualmente envernizadas ; emfim, mette-se o corpo
n'um caixão de chumbo, no qual se deita o resto de
pós que ficou, e solda-se a tampa.
Este methodo é mui dispendioso , não dá sempre
bom resultado , e por isso está quasi abandonado de-
pois da descoberta das propriedades conservadoras
do chlorureto de zinco e de outras substancias .
Se o coração deve ser conservado á parte, é preciso
separa-lo das partes vizinhas, deixando um pequeno
pedaço dos troncos arteriaes e venosos : depois de
extrahido todo o sangue que contém , é preciso mer-
gulha-lo por seie a oito dias n'uma solução alcoolica
de sublimado ; enche-se depois com pós aromaticos e
resinosos impregnados de alcool . Quando está secco
enverniza-se e depõe-se n'uma caixinha de chumbo .
Methodo pelo sublimado corrosivo . A dissolução
de sublimado em agua, ou melhor ainda em aguar-
dente de canna ou em alcool, tem a propriedade de
conservar as substancias animaes. Eis-aqui como se
procede.
Tirão-se os intestinos por uma pequena abertura
do ventre, lavão-se com dissolução de sublimado .
Por meio de uma incisão praticada debaixo de cada
braço chega o operador ao peito e injecta o mesmo
licor. Uma coroa de trepano applicada na parte pos-
terior do craneo, permitte extrahir o cerebro. Injecta-
se a mesma dissolução na traca-arteria, introduz-se o
sublimado em pó nas diversas cavidades, e mergu-
lha-se depois o cadaver n'um banho saturado da
mesma substancia , onde deve ficar dous mezes; depois
tira-se para um lugar secco e quente em poucos
dias está acabada a deseccação .
EMBALSAMENTO. 573
Por este modo toma a pelle uma côr cinzenta e
deformão-se as feições do rosto . Mas tendo o cuidado
de encher a bocca com algodão , esvaziando primei-
ramente os bugalhos dos olhos e enchendo as exca-
vações das orbitas com algodão ou estopa , afim de
levantar as palpebras e preparar um lugar para os
olhos de esmalte, mantendo as palpebras e os beiços
approximados por meio de tiras de encerado inglez,
pôde-se prevenir em parte os inconvenientes da de-
seccação : emfim , póde-se dar expresão ao rosto res-
tabelecendo com cêra as partes dos beiços ou do
nariz que tenhão soffrido uma diminuição mui con-
sideravel , e faz-se desapparecer , com uma tinta
branca rosea, a côr cinzenta do rosto.
Methodopelo arsenico, pelo Dr Tranchina. A ope-
ração consiste em injectar pela arteria carotida es-
querda, com uma seringa, uma dissolução de 2 libras
de arsenico colorido com um pouco de minio ou
cinabrio em 20 libras d'agua, ou ainda melhor em
espirito de vinho .
Por este meio póde um cadaver ficar mais de dous
mezes sem cheiro nem alteração ; conserva sua fres-
cura, flexibilidade e côr natural ; depois fica secco,
duro, toma uma cor escura, e conserva-se neste estado
muitos annos. Mas este methodo é perigoso para as
pesoas encarregadas da operação, por causa da ab-
sorpção do arsenico . Em França o emprego de arse-
nico ficou prohibido nos embalsamentos pelo decreto
real de 31 de outubro de 1846 .
Methodo pelo arsenico e sublimado, pelo D' Bu-
gliarelli. Pôe-se o cadaver sobre uma mesa, evacua-
se a ourina por meio de uma sonda . Corta-se a arteria
carotida primitiva, e injecta-se por esta abertura do
lado da cabeça cerca de 16 onças de alcool tendo em
dissolução uma onça e meia de acido arsenioso e outro
tanto de deuto-chlorureto de mercurio, colorido com
um pouco de cinabrio . Isto feito , liga-se a arteria
por cima da sua abertura, e injecta-se para baixo,
na mesma carotida , uma quantidade dupla d'alcool ,
contendo em dissolução uma dupla quantidade de
arsenico e de sublimado, e cose- se a pelle com linba.
Abre-se depois a arteria iliaca externa do lado direito,
574 RECEITAS DIVERSAS .
e seringão- se no ventre por esta arteria 32 onças de
alcool contendo tres onças de sublimado . Liga-se
igualmente a arteria por cima da abertura pela qual
foi feita a injecção ; dirige-se então a seringa para
baixo, e injecta-se o mesmo liquido ; e depois de
ligada a arteria, cose-se a pelle . Para maior segu-
rança, esta injecção deve tambem ser praticada do
outro lado . Feito isto, penetra-se por meio de um
trocate, no hypochondrio esquerdo, e injectão-se pela
canula vinte a vinte e cinco libras communs de alcool
contendo duas libras e meia de sublimado e outro
tanto de arsenico . Para maior precaução, pode-se
praticar esta operação de cada lado entre a primeira
e a segunda costella, afim de poder injectar no peito
a solução alcoolica.
Conservação pelo alcool . O alcool, que marca
22 a 30 gráos no areometro de Baumé , pode servir
tambem para conservação de cadaveres. O alcool bem
transparente e bem rectificado, enfraquecido depois
com agua distillada, é o que melhor convem para
este fim . Mas é muito caro , e póde ser substituido
pela aguardente de canna bem forte ..- Para este
fim basta mergulhar o corpo no licôr alcoolico . Este
simples meio póde servir quando se quer preservar
o corpo da putrefacção durante alguns dias até ao
momento do enterro.
ESCRIPTA. Modo de fazer reviver a velha
escripta. Toma-se 8 onças d'espirito de vinho, e
5 nozes de galha reduzidas a pó ; apresenta-se depois
o pergaminho ou o papel de que se quer fazer revi-
ver a escripta ao vapor d'agua ; depois passa-se sobre
a escripta um pincel molhado na mistura de espirito
de vinho e de galhas.
Ainda se póde, quando se tem pergaminhos velhos
ou papeis de que custa ler a escripta, mergulha- los
na agua tendo em dissolução caparrosa verde ; depois
deixa- se seccar a caparrosa tornará visivel aescripta.
Outro methodo. Esfrega-se levemente a escripta
com um pincel molhado no acido hydrochlorico esten-
dido d'agua, aquelle que se vende em todas as boti-
cas . Logo que o papel for completamente humedecido ,
esfrega-se o com uma solução saturada de prussiato
FLORES .. 575
amarello de potassa , e a escripta não tarda em
apparecer debaixo da còr do azul de Prussia . Para
esta ultima operação , o liquido deve ser empregado
em abundancia , e não se deve esfregar com força,
para não arrancar o papel.
Este resultado é devido a uma acção chimica mui
simples . Com effeito sendo o ferro, que contém a
tinta de escrever, incorporado nos filamentos de papel ,
o emprego do prussiato de potassa dá lugar á forma-
ção do azul de Prussia. Quanto ao acido hydro-
chlorico, este tem só por fim de pòr o ferro em cir-
cumstancias favoraveis á acção do prussiato.
Isto feito, lava-se a carta em agua pura , mette-se
a depois entre as folhas de papel passento, e deixa-se
a seccar.
Se a escripta tem um valor que exige a sua con-
servação, é bom, antes de a fechar , molha-la numa
solução de colla de peixe.
Letras que ficarão illisiveis pela acção da agua do
mar, forão restituidas, por este proceder, a seu estado
primitivo.
Douradura da escripta. V. pag. 568 .
ESPELHOS. Modo de limpar os espelhos. Lim-
pão-se os espelhos com gesso diluido em vinagre e
agua, e depois esfregão-se com toalha fina.
Podem tambem limpar-se com aguardente diluida
com agua.
Fazendas. Modo de descobrir os fios de algodão
numa fazenda de linho . V. Algodão, pag. 555 .
Ferrugem ( Nodoas de) . V. Nodoas.
FLORES. Modo de refrescar as flores murcha-
das; A maior parte das flores murchão vinte e qua-
tro horas depois de mettidas na agua fria , mas quasi
todas podem conservar-se por mais tempo , servindo-
se d'agua quente em vez d'agua fria . Quando princi-
pião a murchar, é preciso mette-las em agua fervendo,
de maneira que uma terça parte da hastea mergulhe
nella; quando a agua fica fria, a flôr se levanta e recu-
pera sua frescura . Antes de a metter de novo na agua
fria, é preciso cortar a parte da hastea que ficou na
agua fervendo .
Folha de Flandres. V. Lata.
576 RECEITAS DIVERSAS .
FORMIGAS (Destruição das ) . Deitar agua fer-
vendo sobre o formigueiro.
Outro modo. Polvilhar o formigueiro com cal viva
e deitar agua por cima.
Outro. Espargir em roda da arvore uma pouca de
essencia de terebenthina.
Outro. Os cheiros de pós de café fervido, de folhas
de absinthio, de alfazema, afastão as formigas dos
armarios.
FRASCOS . Modo de destapar os frascos tapados
com rolhas esmerilhadas . Passa-se uma fita de lã
em roda do gargalo, e tendo-lhe duas pessoas pegado
pelas pontas, esfregão o gargalo tirando alternativa-
mente a fita a si : o gargalo aquêce-se , dilata-se e
deixa sahir a rolha. Obtem-se o mesmo resultado
mergulhando o gargalo na agua quente por alguns
instantes.
GRAXA. Carvão de ossos 750 partes, azeite doce
500 partes. Misture e ajunte : azul de Prussia 30 p. ,
laca da India 30 partes, acido muriatico 250 partes,
melaço 1,000 partes . Misture bem e ajunte mais
gomma arabia 125 partes dissolvida n'uma q . s .
d'agua , para obter a graxa liquida . Dissolve-se esta
massa em q. s. de vinho ou d'agua .
Outra graxa. Derreta em 48 onças d'agua quente
onça e meia de gomma arabica e 32 onças de assucar
candi ; ajunte pouco a pouco 48 onças de pós de
sapato ; depois meia onça de anil , e 6 oitavas de
acido sulfurico ; mòa como uma tinta , deite nas
caixas e deixe seccar. Dilue-se com agua no momento
de a empregar .
Outra graxa. Dissolva uma onça de pós de gomma
arabica em agua quente, ajunte 12 onças de vinagre ,
2 onças de acido sulfurico, 8 onças de pós de sa-
pato, e 8 onças de melaço .
Grude. V. Colla.
INCENSO DE IGREJA. Olibano 250 partes ,
benjoim 125, estoraque 60, assucar 50 , salitre 75,
cascarilha 30. Misture -se.
JOIAS. Modo de limpar as joias de ouro . Esfre-
guem-se por dous ou tres minutos com uma escova
embebida em agua com sabão , e depois de enxutas
LATÃO. 577
esfreguem-se de leve com miolo de pão ou com uma
pelle fina .
LACRE. Os lacres que se empregão para lacrar
carlas são misturas resinosas differentemente colo-
ridas. O lacre vermelho ordinario prepara-se com
resina laca e q. s . de terebenthina, coloridas com ver-
melhão .
O lacre de qualidade inferior, que serve para la-
crar as rolhas de garrafas, faz-se com breu a que
se ajunta um pouco de sebo ou de terebenthina para
evitar que se rache, e a que se dá côr vermelha com
cinabrio, côr preta com pós de sapato, azul com azul
de Prussia , amarella com ocre amarello ou com chro-
mato de chumbo , verde com mistura de azul de
Prussia e ocre amarello .
Eis -aqui algumas receitas de lacre para cartas :
Resina laca 500 partes, benjoim 15 , vermelhão 4 ,
colophonia 45 .
Lacre superfino . Terebenthina de Veneza 100 par-
tes, resina laca 250, colophonia 500. Derreta ao fogo
mexendo continuadamente ajunte vermelhão 125 .
Mexa , e no momento de tirar do fogo ajunte : alcool
rectificado 60 e enrole em fórma de cylindros .
Póde-se substituir o vermelhão por outras substan-
cias colorantes , pelo ouro em pó, mica , talco, etc.
Lacre azul ferrete para cartas . Resina laca
100 partes, resina dammara 100, pêz de Borgonha
50, terebenthina 50 , azul ultramarino (outremer) 150 .
LATA ou Folha de Flandres. Modo de limpar
os objectos de lala . Faça-se uma mistura de azeite
doce e de cinza de consistencia de massa, e esfre-
gue-se com este mixto a lata com uma rodilha de
panno de linho, e depois com um trapo de la . Ás
vezes é mister repetir esta operação mais de uma
vez , quando ha muito tempo que a lata se acha
tisnada.
LATÃO ou Cobre vermelho . Modo de limpar o
latão com que se ornão os moveis . Esfregue-se com
panno molhado na dissolução de acido oxalico em
agua ; ou então , dissolva-se e incorpore-se numa
mistura de cera e de essencia de terebenthina o
33
578 RECEITAS DIVERSAS.
esmeril ou barro vermelho , e esfregue-se o latão
com esta massa estendida num pedaço de panno de
linho ou de algodão .
Latrinas (Desinfecção das ) . V. Desinfecção ,
pag. 567.
LICORES . Modo de lhes dar cór . Para este fim
empregão- se as seguintes tintas:
Tinta vermelha. Cochonilha 20 partes, pedrahume
1 , agua 250. Reduza-se a cochonilha e a pedrabume
a po fino , ferva - se a agua e deite - se por cima.
Póde-se fazer d'este modo uma tinta vermelha mais
ou menos carregada , empregando maior ou menor
quantidade de cochonilha.
Outra receita de tinta vermelha . Páu de Pernam-
buco 375 partes , alcool 4,000 .
Tinta róxa. Mistura - se uma parte de azul em
licòr, com duas partes da tinta vermelha , da pri-
meira receita .
Tinta verde. Dissolve-se 1 parte de curcuma com
duas de azul em licor e uma pouca de pedrahume .
Tinta azul. Solução de anil em acido sulfurico .
Tinta amarella . Infusão de açafrão em agua ou
em alcool .
Outra receita de tinta amarella . Raiz de cur-
cuma 425 partes, alcool 4,000.
Com esta ultima tinta e a azul se faz a tinta
verde.
Licor de la Chartreuse . Herva cidreira fresca
600 partes , hysopo 640 , angelica 320 , canella 460 ,
açafrão 40, macis 40. Depois de oito dias de mace-
ração em 10,000 partes de alcool , distille. Ajunte
4,250 partes de assucar.
Louça (Modo de concertar a) .V. Betume , pag . 557 .
LUVAS . Modo de limpar as luvas de todas as
cores . Molhe-se uma esponja no leite e esfregue-se
em sabão branco para dissolver uma pequena porção
d'elle. Isto feito, metta-se a luva na mão e passe-se
esta esponja sobre todas as partes da luva , que fica
limpa visivelmente. É preciso mudar de tempos a
tempos o leite e o sabão, e comprimir previamente a
esponja antes de a molhar de novo, para que não
MARFIM. 579
fique nada do que já servio . Estende- se depois a luva
para ficar secca.
Modo de limpar as luvas sem as molhar . Poem-
se as luvas sobre uma taboa limpa , e esfregão-se
com uma pequena escova polvilhada com uma mis-
tura de barro e de pedrahume reduzida a pó fino ;
depois de bem esfregadas e batidas, para lhes tirar
tudo que as manchava , polvilhão-se com uma mis-
tura de farelo e de branco de Hespanha e tornão-se
a sacudir .
Saponina para limpar luvas . Sabão raspado
250 partes, agua de Javelle 165 , ammoniaco liquido
40, agua 155 .
Faça uma massa . Impregne pedaços de baeta com
esta massa, e esfregue a luva até ficar limpa.
MADEIRA. Modo de conservar as estacas de
madeira que se fincão na terra . Carbonisem-se a
uma espessura de duas linhas sobre toda a super-
ficie que deve ser mettida dentro da terra e mesmo
uma e duas pollegadas em cima . É bom tambem
cobri-las com alcatrão fervendo .
MANTEIGA ( Modo de conservar a ) . Misturar
4 onça de sal commum com 4 libra de manteiga .
Outro modo. Assucar 4 parte, sal commum 2 ,
salitre 1. Empregar 1 onça d'esta mistura para 1 libra
de manteiga . Com esta preparação a manteiga póde-
se conservar por muitos annos.
MARFIM . Mɔdo de restituir ao marfim, quando
se acha amarello, a cor branca que tinha. Dissolva-
se em uma porção dada d'agua quanto baste de pedra-
hume para a tornar còr de leite ; faça - se ferver,
deitem-se dentro as peças de marfim , e deixem-se
de molho obra de uma hora escovando-as de tempos
a tempos .
Póde-se tambem esfregar a peça que se quer bran-
quear com sabão preto, e enxugá-la muito bem com
um panno .
MARISCOS . Modo de tirar aos mariscos as qua-
lidades nocivas. Os mariscos possuem ás vezes qua-
lidades nocivas ; por conseguinte é prudente de os
fazer passar por uma preparação antes de emprega-
los. Consiste esta preparação em mette-los por cinco
380 RECEITAS DIVERSAS .
ou seis horas na agua doce renovada duas ou tres
vezes ; então elles se desembaração de todas as
materias nocivas e perdem ao mesmo tempo o gosto
de vasa que ás vezes tem . Convem tambem tempera-
los com vinagre .
MARMORE ( Modo de lustrar o ) . Esfregar o
marmore com uma mistura de cera e de essencia de
terebenthina .
MOSCAS . Modo de destruir as moscas . Poê-se
n'um quarto um copo contendo uma dissolução muito
carregada de sabão ; cobre-se este copo com um
papel no meio do qual faz-se um buraco bastante
grande afim de que as moscas possão entrar n'elle . O
effeito d'esta cilada será mais certo ajuntando á agua
de sabão um pouco de assucar, ou mel de abelha .
A agua de sabão tem a propriedade de attrahir o
insecto, sem ter os effeitos perigosos do cobalto arse-
nical que pode occasionnar accidentes nos homens,
e matar as gallinhas que engolem as moscas envene-
nadas pelo arsenico .
O papel para matar as moscas , que se vende em
certas lojas, prepara - se molhando um papel n'uma
decocção de noz vomica , que é um veneno violento
para todos os entes vivos .
Veneno para as moscas . Ferva 2 oitav . de quassia
em 16 onças d'agua ; còe, e ajunte 4 onç . de melaço .
MOVEIS. Modo de dar lustre aos moveis . Dis-
solva-se uma pouca de cera em oleo volatil de tere-
benthina , de sorte que em esfriando fique da con-
sistencia do mel , antes mais grosso que ralo, estenda-se
sobre os moveis com uma escova , e esfregue - se
depois com uma rodilha de taffetá . Com o calor, que
com a fricção se desenvolve, todo o oleo volatil se
evapora, e a cera se acha igualmente applicada em
toda a superficie dos moveis , o que se não poderia
conseguir sem a dissolução anterior.
NAVALHA . Massa para amolar as navalhas.
Pós de esmeril 25 partes , carbonato de ferro 25 ,
cinabrio 3 , ocre amarello ou vermelho q. s . para
fazer uma massa com agua ou azeite doce.
Outra. Banha 250 partes, cera 125 , pedra sanguina
ou tijolo em pó 250.
NODOAS. 584
Estas massas estendem-se sobre o couro, que deve
primeiramente ser raspado com uma faca e desem-
baraçado do unto applicado precedentemente .
Modo de fazer cortar as navalhas e outros
instrumentos trinchantes. Consiste em molhar por
meia hora a navalha em agua misturada com acido
hydrochlorico ( espirito de sal ) ou com a vigesima
parte de oleo de vitriolo . Depois d'esta immersão
enxuga-se a navalha e amola-se levemente na pedra ;
adquire facilmente a sua agudêza , porque o acido
tendo mordido igualmente sobre toda a superficie da
lamina, fez o officio de pedra de rebôlo, e que só é
necessario obter a brandura do trinchante, passando
levemente a navalha sobre a pedra. Esta simples
operação, que nunca estragou as boas navalhas, me-
Ihorou , pelo contrario, as laminas que não forão bem
temperadas. Este meio foi applicado com vantagem
ás facas e outros instrumentos trinchantes.
NODOAS . Antes de principiar a tirar a nodoa é
preciso bater cuidadosamente o vestido , e escova-lo
para tirar toda a poeira : depois expõe-se o vestido
á acção do vapor d'agna , para fazer resahir as no-
doas. Emfim , marca-se cada uma d'ellas com greda,
para as conhecer, e tira - se uma depois da outra
antes de molhar o vestido . Acabados estes prepara-
tivos, indiquemos os meios que a experiencia e a
sciencia nos fornecem para tirar as nodoas mais
habituaes .
Modo de tirar as manchas recentes de acidos
mineraes, e outras. Pode-se neutralisar immediata-
mente o effeito dos acidos pelo alcali volatil diluido
em agua , ou mesmo pelo unico vapor d'este alcali .
Se a mancha é antiga e se a tinta tem completa-
mente desapparecido, não ha outra remedio senão
tingir.
As manchas de rapé, de hervas, de cerveja , de
acidos vegetaes taes como de morangos e de outros
fructos, sobre as fazendas não tintas, desapparecem
completamente por uma lavagem d'agua com sabão ;
mas para destruir os ultimos vestigios sobre as fa-
zendas tintas, misturão-se n'um copo d'agua dez a
doze gottas de acido sulfurico, applicão-se algumas
582 RECEITAS DIVERSAS.
gottas d'esta mistura sobre a mancha , e depois lava-
se com agua fria.
Modo de tirar as nodoas de tinta de escrever.
Applica-se na nodoa uma dissolução de sal de azedas,
e esfrega-se com um panno. Se a nodoa fôr antiga,
e se resistir a este meio , será preciso depois do em-
prego do sal de azedas applicar uma dissolução de
chlorureto de estanho em agua.
O sal de azedas emprega -se nas fazendas brancas,
mas nas de cor destroe a tinta da fazenda. Nas fazen-
das de cor é preciso proceder da maneira seguinte :
Quando as manchas são recentes lavão-se com agua
e sabão , para tirar as substancias vegetaes . Tira-se
depois o oxydo de ferro que constitue a marca, mo-
Thando-o com acido sulfurico ou hydrochlorico di-
luido em agua . Quando as manchas são antigas , é
preciso que o acido seja mais forte ( 1 parte de acido
e 40 partes d'agua ) .
Quando as nodoas de tinta de escrever, feitas nas
fazendas de côr, são frescas, tirão-se com vinagre
branco forte.
Agua para tirar as nodoas de tinta de escrever
( Encrivore , fr. ) . Agua commum 1/2 onça , acido
oxalico 4 oitava . Dissolva . Esta dissolução faz desap-
parecer immediatamente as marcas de tinta preta na
roupa ou no papel.
Modo de tirar as nodoas de azeite doce, de
gordura, de sebo , etc. Todas as manchas gordurosas
desapparecem com essencia de terebenthina pura .
Molha-se a mancha com uma pequena quantidade de
essencia de terebenthina por meio de uma esponja , e
esfrega-se promptamente, depois torna-se a molhar
a mancha com essencia , e cobre-se immediatamente
com cinza peneirada ; passado um quarto de hora
esfrega-se com escova, e a mancha desapparece com-
pletamente . Se a cinza deixasse algum vestigio , seria
preciso esfregar o lugar com miolo de pão . Para
tirar o cheiro de essencia de terebenthina basta sub-
metter a roupa á acção do vapor d'agua ou lava-la
com alcool rectificado .
Mistura para tirar as nodoas de gordura dos
vestidos de seda . Sabão preto 4 onça, mel de abelha
NODOAS . 583
4 onça, aguardente 3 onças. Lava-se o vestido nesta
mistura e depois passa-se na agua.
Essencia de sabão para tirar as manchas de
gordura do panno de lâa ou de seda . Sabão branco
onça , alcool 2 onças , agua de rosas 4 oitava ,
carbonato de potassa 4 oitava. Raspe-se o sabão ,
deixe-se macerar por 40 dias no alcool , e ajunte-se
o carbonato de potassa dissolvido na agua de rosas ;
filtre-se . Eis -aqui a maneira de se servir d'esta essen-
cia molha-se n'ella um pouco de algodão , e esfrega-se
a nodoa até que desappareça ; lava-se depois com
agua quente .
Bolos para tirar as manchas de gordura . Alcool
2 onças, sabão branco 4 onças, gemmas de ovos 2 ,
essencia de terebenthina meia onça, magnesia , q . s .
para fazer uma massa que se reduz a bolos .
Bolos para tirar as manchas de alcatrão , de
cera, de azeite doce, de tintas com oleo . Sabão
branco 2 onças, potassa pura 3 oitavas, oleo essen-
cial de zimbro 4 1/2 oitava.
Modo de tirar as manchas de gordura do papel.
Molha -se um pincel na essencia de terebenthina
quente, e applica- se sobre os dous lados da folha de
papel ; aquece-se e deixa-se evaporar . Depois com
um panno de algodão molhado no alcool esfrega-se
a mancha.
Outro modo de tirar as manchas de gordura ou
azeite sobre papel. Põe-se o papel manchado sobre
o papel passento, e sobre a mancha comprime-se um
pouco de algodão embebido de ether. Em vez de
ether póde-se empregar a benzina .
Póde-se tambem fazer uma massa com magnesia
calcinada e agua , que se applica sobre a nodoa ,
deixa-se seccar e tira-se depois com uma faca.
Modo tirar as nodoas de unto negro que sahe
dos tubos das rodas de carro . É preciso primeiro
humedecer a nodoa com essencia de terebenthina e
esfrega-la brandamente com uma esponja : depois
tornar a humedece-la com essencia de terebenthina e
polvilha-la com cinza peneirada . Passados dez minu-
tos, tira-se a cinza, escova-se o lugar, e se a mancha
não tiver completamente desapparecido , tornar-se-
584 RECEITAS DIVERSAS .
ha a principiar a operação . Se resistir ainda, poderá
empregar-se a gemma de ovo misturada com essen-
cia de terebenthina . Se a mancha é antiga , póde acon-
tecer que as partes ferruginosas , que contém, estejão
pegadas fortemente ao panno . Seria então preciso
lavar a nodoa e ataca-la com acido hydrochlorico ou
oxatico, como se se tratasse de tirar uma mancha
antiga de tinta de escrever.
Modo de tirar as manchas de verniz, de pin-
tura e de alcatrão . Tratão-se da mesma maneira
que as precedentes . Podem tambem esfregar-se com
manteiga que se faz desapparecer depois com essen-
cia de terebenthina.
Emfim as manchas de resina, terebenthina, pez,
cera, velas d'espermacete ou de composição dis-
solvem-se perfeitamente no alcool rectificado, ou , na
sua falta, na agua de Colonia ; por conseguinte para
tirar essas manchas, basta humedecê-las na agua de
Colonia, e esfregar com um panno.
Modo de tirar as manchas de lama, ourina ou
suor. A agua basta geralmente no caso contrario
recorre-se á gemma de ovo ; emfim, no ultimo re-
curso, ao cremor de tartaro pulverisado. Se a lama
produziu alterações na côr vermelha ou escarlate , a
applicação do acido citrico, hydrochlorico ou do
vinagre diluido em agua, basta para fazer torņar a
apparecer a côr.
Para fazer desapparecer as manchas de ourina, é es-
sencial tira-las immediatamente e logo quese vejão ; o
melhor meio que se possa empregar é o alcali volatil
diluido em agua . Se a mancha fôr antiga e tomar um
caracter alcalino, então o alcali volatil não será suffi-
ciente dissolve-se um pouco de acido oxalico em
agua ; lava-se a mancha n'esta dissolução , e depois
applica-se sobre ella um pouco de acido oxalico pul-
verisado. As manchas de suor podem tirar- se de
qualquer especie de panno , pelos mesmos meios , e
do panno de cor escarlate desapparecem instantanea-
mente com a applicação do sal de estanho dissolvido
n'uma grande quantidade d'agua .
Modo de tirar as nodoas de café e chocolate .
Os lavatorios com agua ao principio e depois com
NODOAS . 585
agua e sabão são sufficientes para tirar estas nodoas,
mas podem destruir a tinta . Então para maior pru-
dencia, lava-se a nodoa com gemma de ovo mistu-
rada com agua quente . Se as nodoas resistem aos
repetidos lavatorios , molha-se um pincel no alcool
e esfrega-se com elle a nodoa.
Modo de tirar as manchas de ferrugem do panno
de linho ou de algodão . Depois de estendido o panno
sobre uma mesa, molhão- se as manchas de ferrugem
com uma solução de hydrosulfato de soda ou de
potassa. O contacto d'esta solução muda immedia-
tamente a côr amarella da ferrugem em còr rôxa
esverdinhada, effeito que é devido á decomposição
do oxydo de ferro e á sua transformação em proto-
sulfureto de ferro que é rôxo . Esta mudança tendo
tido lugar ao cabo de um ou dous minutos, applica-
se, com um tubo de vidro, sobre estas manchas
escuras de sulfureto de ferro , uma mistura de acido
hydrochlorico puro com o seu volume d'agua : ha logo
dissolução da mancha escura, se a mancha de ferru-
gem não é antiga ; no caso contrario fica ainda uma
porção , mas muito fraca, que se tira tornando-se a
fazer uma segunda operação .
Logo que o acido fôr applicado sobre a mancha,
não se deve deixâ-lo senão um instante, e é necessario
lavar o panno em agua, para impedir que o acido
queime o tecido . Quando é preciso repetir a mesma
operação sobre a mesma mancha de ferrugem, afim
de fazê-la desapparecer totalmente, deve- se cada vez
lava-la exactamente depois do contacto do acido
hydrochlorico, e antes de uma nova applicação da
solução de hydro- sulfato de potassa . Finalmente para
acabar de tirar a mancha , lava- se o panno em agua
com sabão.
Outro modo de tirar as manchas de ferrugem .
Tirão-se estas manchas das fazendas brancas com
acido oxalico com que se esfregão depois de molha-
das, e das fazendas de côr com acido hydrochlorico
diluido em agua .
Póde-se tambem empregar com vantagem o cremor
de tartaro, que ataca menos as tintas do que os aci-
dos. Eis-aqui como se emprega : reduz-se o cremor
33.
586 RECEITAS DIVERSAS .
de tartaro a pó mui fino e applica - se sobre a man-
cha, humedece- se depois com agua . Deixa-se operar
por oito ou dez minutos, depois esfrega-se a man-
cha entre as mãos e lava-se com agua .
Nodoas de pedra infernal. Modo de tirar as
nodoas de pedra infernal da roupa ou da pelle.
Molhão-se as nodoas com agua fria. e esfregão-se
com iodureto de potassio, ou com chlorureto de cal.
Por esta primeira operação as nodoas ficão amarella-
das. Depois é preciso esfrega-las com a solução con-
centrada de hypo-sulfito de soda, ou com a solução
d'ammoniaco , para fazê-las desapparecer comple-
tamemte.
Mistura para tirar as nodoas produzidas pela
pedra infernal. Iodureto de potassio 2 oitavas, agua
commum 2 onças. Misture-se.
Outra receita. Cyanureto de potassio 1 oitava,
iodo 8 grãos , agua 4 onça . Misture-se .
Basta molhar n'este liquido a nodoa de pedra infer-
nal para faze-la desapparecer promptamente.
As tintas que servem para marcar roupa são quasi
todas preparadas com pedra infernal, por conseguinte
a mistura aqui indicada serve para tirar as nodoas ou
marcas feitas com essa tinta.
Esta receita é muito mais efficaz do que a prece-
dente.
Outra receita para tirar as nodoas de pedra
infernal. Molha-se a nodoa na solução de 18 grãos
de dento-chlorureto de mercurio, n'uma onça d'agua
distillada , esfrega-se , e lava- se depois em agua ordi-
naria.
Nodoas de gordura no soalho . Tirão-se appli-
cando em cima d'ellas terra pingue molhada em agua,
deixando a seccar, e lavando depois ; ou esfregando-
as com cortume, substancia extrahida da casca de
carvalho , ou de outras cascas adstringentes , com
que se costumão cortir os couros .
OBRÊAS (Fabricações das) . As obréas ordina-
rias para fechar cartas fabricão-se com agua e flor
de farinha de trigo sem levadura. Faz-se uma massa
bastante liquida a qual se dá còr com diversas sub-
OVOS. 587
stancias, e que se coze depois em um ferro proprio .
Falta só depois cortar com o sacabocado.
As obréas transparentes não são outra cousa senão
gelatina que se faz dissolver na agua fervendo, e que
depois de esfriada se deita num molde, para ter a
consistencia necessaria . Deixa-se depois esfriar de
tudo, e tira-se a gelatina sob a forma de uma folha del-
gada e transparente que se corta com o sacabocado .
Não se podem empregar indifferentemente todas
as sortes de tintas para dar còr ás obrêas, e devem-se
observar a esse respeito as mesmas precauções que
para os confeitos e licòres . Eis aqui as tintas que se
costumão empregar : para o vermelho uma decocção
de pão de Pernambuco , de ruiva dos tintureiros , de
cochonilha em pó com uma pouca de pedraḥume ;
para o azul, o anil ou o azul de Prussia em pó fino ;
para o amarello , uma decocção de açafrão , de cur-
cuma ou de grãos de Avinhão ; para o verde, o azul
e o amarello ; para o roxo, o azul e o vermelho ; para
o preto, os pós de sapato .
OLEO DE MACASSAR. Azeite doce ou oleo de
amendoas doces 64 onças, raiz de orcaneta (anchusa )
4 onça, oleo essencial de vergamota 2 oitavas, oleo
essencial de canella 4 oitava , oleo essencial de alfa-
zema 2 oitavas . Misture e ponha de infusão por alguns
dias até que o mixto tenha côr sufficiente, decante e
deite em vidro bem enxuto . Cosmetico ; para untar
o cabello .
OURO. Modo de conhecer os objectos de ouro.
Faça-se um risco sobre uma pedra dura , chamada
pedra de tocar, com o objecto que se quer experi-
mentar, e applique- se sobre este risco uma gotta de
acido nitrico ; se o objecto fôr de ouro o risco não
experimentará alteração alguma , entretanto que de-
sapparecrȧ ou tomará côr azul se o objecto fòr de
cobre ou se conter uma notavel proporção deste metal .
Pós para limpar o ouro . Colcothar reduzido a
pó fino.
OVOS (Conservação dos) . Areia 5 partes, carvão.
em pó 5, sal commum 4. Misture-se e fechem-se os
ovos nestes pós estando tudo posto numa vasilha.
Outro modo. Faz-se uma agua de cal com 40 par-
576 RECEITAS DIVERSAS.
FORMIGAS (Destruição das) . Deitar agua fer-
vendo sobre o formigueiro .
Outro modo. Polvilhar o formigueiro com cal viva
e deitar agua por cima.
Outro. Espargir em roda da arvore uma pouca de
essencia de terebenthina .
Outro . Os cheiros de pós de café fervido, de folhas
de absinthio, de alfazema, afastão as formigas dos
armarios .
FRASCOS . Modo de destapar os frascos tapados
com rolhas esmerilhadas. Passa-se uma fita de lã
em roda do gargalo, e tendo-lhe duas pessoas pegado
pelas pontas, esfregão o gargalo tirando alternativa-
mente a fita a si : o gargalo aquêce-se , dilata-se e
deixa sahir a rolha. Obtem-se o mesmo resultado
mergulhando o gargalo na agua quente por alguns
instantes.
GRAXA. Carvão de ossos 750 partes, azeite doce
500 partes. Misture e ajunte : azul de Prussia 30 p. ,
laca da India 30 partes, acido muriatico 250 partes,
melaço 1,000 partes. Misture bem e ajunte mais
gomma arabia 125 partes dissolvida n'uma q . s .
d'agua, para obter a graxa liquida. Dissolve-se esta
massa em q. s. de vinho ou d'agua .
Outra graxa. Derreta em 48 onças d'agua quente
onça e meia de gomma arabica e 32 onças de assucar
candi ; ajunte pouco a pouco 48 onças de pós de
sapato ; depois meia onça de anil , e 6 oitavas de
acido sulfurico ; mòa como uma tinta , deite nas
caixas e deixe seccar. Dilue-se com agua no momento
de a empregar .
Outra graxa. Dissolva uma onça de pós de gomma
arabica em agua quente, ajunte 12 onças de vinagre ,
2 onças de acido sulfurico, 8 onças de pós de sa-
pato, e 8 onças de melaço.
Grude. V. Colla.
INCENSO DE IGREJA. Olibano 250 partes ,
benjoim 125, estoraque 60, assucar 50 , salitre 75 ,
cascarilha 30. Misture-se .
JOIAS. Modo de limpar as joias de ouro . Esfre-
guem-se por dous ou tres minutos com uma escova
embebida em agua com sabão , e depois de enxutas
LATÃO . 577
esfreguem-se de leve com miolo de pão ou com uma
pelle fina .
LACRE. Os lacres que se empregão para lacrar
carlas são misturas resinosas differentemente colo-
ridas . O lacre vermelho ordinario prepara- se com
resina laca e q . s . de terebenthina , coloridas com ver-
melhão.
O lacre de qualidade inferior, que serve para la-
crar as rolhas de garrafas, faz-se com breu a que
se ajunta um pouco de sebo ou de terebenthina para
evitar que se rache, e a que se dá côr vermelha com
cinabrio, côr preta com pós de sapato, azul com azul
de Prussia , amarella com ocre amarello ou com chro-
mato de chumbo , verde com mistura de azul de
Prussia e ocre amarello .
Eis -aqui algumas receitas de lacre para cartas :
Resina laca 500 partes, benjoim 15 , vermelhão 4 ,
colophonia 45 .
Lacre superfino. Terebenthina de Veneza 100 par-
tes, resina laca 250 , colophonia 500. Derreta ao fogo
mexendo continuadamente ajunte vermelhão 125 .
Mexa , e no momento de tirar do fogo ajunte : alcool
rectificado 60 e enrole em fórma de cylindros .
Póde-se substituir o vermelhão por outras substan-
cias colorantes, pelo ouro em pó, mica, talco , etc.
Lacre azul ferrete para cartas . Resina laca
100 partes, resina dammara 100, pêz de Borgonha
50, terebenthina 50, azul ultramarino (outremer) 150 .
LATA ou Folha de Flandres. Modo de limpar
os objectos de lata. Faça-se uma mistura de azeite
doce e de cinza de consistencia de massa, e esfre-
gue-se com este mixto a lata com uma rodilha de
panno de linho, e depois com um trapo de lã . Ás
vezes é mister repetir esta operação mais de uma
vez , quando ha muito tempo que a lata se acha
tisnada.
LATÃO ou Cobre vermelho. Modo de limpar o
latão com que se ornão os moveis . Esfregue-se com
panno molhado na dissolução de acido oxalico em
agua ; ou então , dissolva-se e incorpore-se numa
mistura de cera e de essencia de terebenthina o
33
578 RECEITAS DIVERSAS.
esmeril ou barro vermelho , e esfregue-se o latão
com esta massa estendida num pedaço de panno de
linho ou de algodão .
Latrinas (Desinfecção das ) . V. Desinfecção ,
pag. 567.
LICORES . Modo de lhes dar cór . Para este fim
empregão-se as seguintes tintas :
Tinta vermelha . Cochonilha 20 partes, pedrahume
1 , agua 250. Reduza-se a cochonilha e a pedrahume
a po fino , ferva - se a agua e deite - se por cima.
Póde-se fazer d'este modo uma tinta vermelha mais
ou menos carregada , empregando maior ou menor
quantidade de cochonilha.
Outra receita de tinta vermelha . Páu de Pernam-
buco 375 partes , alcool 4,000 .
Tinta roxa. Mistura - se uma parte de azul em
licòr, com duas partes da tinta vermelha , da pri-
meira receita.
Tinta verde. Dissolve-se 4 parte de curcuma com
duas de azul em licor e uma pouca de pedrahume .
Tinta azul. Solução de anil em acido sulfurico .
Tinta amarella. Infusão de açafrão em agua ou
em alcool.
Outra receita de tinta amarella . Raiz de cur-
cuma 125 partes, alcool 4,000.
Com esta ultima tinta e a azul se faz a tinta
verde.
Licor de la Chartreuse . Herva cidreira fresca
600 partes , hysopo 640, angelica 320 , canella 460 ,
açafrão 40, macis 40. Depois de oito dias de mace-
ração em 10,000 partes de alcool , distille . Ajunte
4,250 partes de assucar.
Louça (Modo de concertar a) .V. Betume , pag . 557 .
LUVAS. Modo de limpar as luvas de todas as
cores . Molhe-se uma esponja no leite e esfregue-se
em sabão branco para dissolver uma pequena porção
d'elle. Isto feito , metta-se a luva na mão e passe-se
esta esponja sobre todas as partes da luva , que fica
limpa visivelmente. É preciso mudar de tempos a
tempos o leite e o sabão, e comprimir previamente a
esponja antes de a molhar de novo, para que não
MARFIM. 579
fique nada do que já servio . Estende- se depois a luva
para ficar secca.
Modo de limpar as luvas sem as molhar . Poem-
se as luvas sobre uma taboa limpa , e esfregão-se
com uma pequena escova polvilhada com uma mis-
tura de barro e de pedrahume reduzida a pó fino ;
depois de bem esfregadas batidas, para lhes tirar
tudo que as manchava , polvilhão-se com uma mis-
tura de farelo e de branco de Hespanha e tornão-se
a sacudir.
Saponina para limpar luvas . Sabão raspado
250 partes, agua de Javelle 165 , ammoniaco liquido
10, agua 155 .
Faça uma massa. Impregne pedaços de baeta com
esta massa, e esfregue a luva até ficar limpa.
MADEIRA. Modo de conservar as estacas de
madeira que se fincão na terra. Carbonisem-se a
uma espessura de duas linhas sobre toda a super-
ficie que deve ser mettida dentro da terra e mesmo
uma e duas pollegadas em cima . É bom tambem
cobri-las com alcatrão fervendo .
MANTEIGA ( Modo de conservar a ) . Misturar
4 onça de sal commum com 4 libra de manteiga.
Outro modo. Assucar 4 parte, sal commum 2 ,
salitre 1. Empregar 1 onça d'esta mistura para 4 libra
de manteiga . Com esta preparação a manteiga póde-
se conservar por muitos annos .
MARFIM .Modo de restituir ao marfim, quando
se acha amarello , a cor branca que tinha . Dissolva-
se em uma porção dada d'agua quanto baste de pedra-
hume para a tornar cor de leite : faça - se ferver,
deitem-se dentro as peças de marfim , e deixem-se
de molho obra de uma hora escovando-as de tempos
a tempos .
Póde-se tambem esfregar a peça que se quer bran-
quear com sabão preto , e enxugá-la muito bem com
um panno .
MARISCOS . Modo de tirar aos mariscos as qua-
lidades nocivas. Os mariscos possuem ás vezes qua-
lidades nocivas ; por conseguinte é prudente de os
fazer passar por uma preparação antes de emprega-
los. Consiste esta preparação em mette-los por cinco
580 RECEITAS DIVERSAS .
ou seis horas na agua doce renovada duas ou tres
vezes ; então elles se desembaração de todas as
materias nocivas e perdem ao mesmo tempo o gosto
de vasa que ás vezes tem . Convem tambem tempera-
los com vinagre.
MARMORE ( Modo de lustrar o ) . Esfregar o
marmore com uma mistura de cera e de essencia de
terebenthina .
MOSCAS . Modo de destruir as moscas . Poê -se
n'um quarto um copo contendo uma dissolução muito
carregada de sabão ; cobre -se este copo com um
papel no meio do qual faz-se um buraco bastante
grande afim de que as moscas possão entrar n'elle. O
effeito d'esta cilada será mais certo ajuntando á agua
de sabão um pouco de assucar, ou mel de abelha.
A agua de sabão tem a propriedade de attrahir o
insecto, sem ter os effeitos perigosos do cobalto arse-
nical que póde occasionnar accidentes nos homens,
e matar as gallinhas que engolem as moscas envene-
nadas pelo arsenico .
O papel para matar as moscas, que se vende em
certas lojas, prepara - se molhando um papel n'uma
decocção de noz vomica , que é um veneno violento
para todos os entes vivos .
Veneno para as moscas . Ferva 2 oitav . de quassia
em 16 onças d'agua ; côe, e ajunte 4 onç . de melaço .
MOVEIS . Modo de dar lustre aos moveis . Dis-
solva-se uma pouca de cera em oleo volatil de tere-
benthina , de sorte que em esfriando fique da con-
sistencia do mel , antes mais grosso que ralo, estenda-se
sobre os moveis com uma escova , e esfregue - se
depois com uma rodilha de taffetá . Com o calor, que
com a fricção se desenvolve, todo o oleo volatil se
evapora, e a cera se acha igualmente applicada em
toda a superficie dos moveis , o que se não poderia
conseguir sem a dissolução anterior .
NAVALHA. Massa para amolar as navalhas .
Pós de esmeril 25 partes , carbonato de ferro 25 ,
cinabrio 3 , ocre amarello ou vermelho q. s . para
fazer uma massa com agua ou azeite doce.
Outra. Banha 250 partes, cera 125 , pedra sanguina
ou tijolo em pó 250 .
NODOAS. 584
Estas massas estendem-se sobre o couro, que deve
primeiramente ser raspado com uma faca e desem-
baraçado do unto applicado precedentemente.
Modo de fazer cortar as navalhas e outros
instrumentos trinchantes. Consiste em molhar por
meia hora a navalha em agua misturada com acido
hydrochlorico ( espirito de sal ) ou com a vigesima
parte de oleo de vitriolo . Depois d'esta immersão
enxuga-se a navalha e amola-se levemente na pedra ;
adquire facilmente a sua agudêza , porque o acido
tendo mordido igualmente sobre toda a superficie da
lamina, fez o officio de pedra de rebôlo, e que só é
necessario obter a brandura do trinchante, passando
levemente a navalha sobre a pedra. Esta simples
operação, que nunca estragou as boas navalhas, me-
Ihorou , pelo contrario, as laminas que não forão bem
temperadas . Este meio foi applicado com vantagem
ás facas e outros instrumentos trinchantes.
NODOAS . Antes de principiar a tirar a nodoa é
preciso bater cuidadosamente o vestido , e escova-lo
para tirar toda a poeira : depois expõe-se o vestido
á acção do vapor d'agna , para fazer resahir as no-
doas . Emfim , marca-se cada uma d'ellas com greda,
para as conhecer , e tira - se uma depois da outra
antes de molhar o vestido . Acabados estes prepara-
tivos, indiquemos os meios que a experiencia e a
sciencia nos fornecem para tirar as nodoas mais
habituaes .
Modo de tirar as manchas recentes de acidos
mineraes, e outras. Pode- se neutralisar immediata-
mente o effeito dos acidos pelo alcali volatil diluido
em agua , ou mesmo pelo unico vapor d'este alcali.
Se a mancha é antiga e se a tinta tem completa-
mente desapparecido, não ha outra remedio senão
tingir.
As manchas de rapé, de hervas, de cerveja , de
acidos vegetaes taes como de morangos e de outros
fructos, sobre as fazendas não tintas , desapparecem
completamente por uma lavagem d'agua com sabão ;
mas para destruir os ultimos vestigios sobre as fa-
zendas tintas, misturão- se n'um copo d'agua dez a
doze gottas de acido sulfurico, applicão -se algumas
582 RECEITAS DIVERSAS .
gottas d'esta mistura sobre a mancha, e depois lava-
se com agua fria.
Modo de tirar as nodoas de tinta de escrever.
Applica-se na nodoa uma dissolução de sal de azedas,
e esfrega-se com um panno . Se a nodoa for antiga,
e se resistir a este meio , será preciso depois do em-
prego do sal de azedas applicar uma dissolução de
chlorureto de estanho em agua.
O sal de azedas emprega- se nas fazendas brancas,
mas nas de cor destroe a tinta da fazenda . Nas fazen-
das de cor é preciso proceder da maneira seguinte :
Quando as manchas são recentes lavão-se com agua
e sabão, para tirar as substancias vegetaes . Tira- se
depois o oxydo de ferro que constitue a marca , mo-
Thando-o com acido sulfurico ou hydrochlorico di-
luido em agua . Quando as manchas são antigas , é
preciso que o acido seja mais forte ( 1 parte de acido
e 10 partes d'agua ) .
Quando as nodoas de tinta de escrever, feitas nas
fazendas de côr, são frescas, tirão-se com vinagre
branco forte.
Agua para tirar as nodoas de tinta de escrever
(Encrivore , fr. ) . Agua commum 1/2 onça , acido
oxalico 4 oitava . Dissolva . Esta dissolução faz desap-
parecer immediatamente as marcas de tinta preta na
roupa ou no papel.
Modo de tirar as nodoas de azeite doce , de
gordura, de sebo , etc. Todas as manchas gordurosas
desapparecem com essencia de terebenthina pura .
Molha-se a mancha com uma pequena quantidade de
essencia de terebenthina por meio de uma esponja , e
esfrega-se promptamente, depois torna-se a molhar
a mancha com essencia , e cobre-se immediatamente
com cinza peneirada ; passado um quarto de hora
esfrega-se com escova , e a mancha desapparece com-
pletamente . Se a cinza deixasse algum vestigio , seria
preciso esfregar o lugar com miolo de pão . Para
tirar o cheiro de essencia de terebenthina basta sub-
metter a roupa á acção do vapor d'agua ou lava-la
com alcool rectificado.
Mistura para tirar as nodoas de gordura dos
vestidos de seda . Sabão preto 4 onça, mel de abelha
NODOAS . 583
4 onça, aguardente 3 onças. Lava-se o vestido nesta
mistura e depois passa-se na agua .
Essencia de sabão para tirar as manchas de
gordura do panno de láa ou de seda . Sabão branco
onça , alcool 2 onças , agua de rosas 4 oitava ,
carbonato de potassa 4 oitava . Raspe-se o sabão ,
deixe-se macerar por 10 dias no alcool , e ajunte-se
o carbonato de potassa dissolvido na agua de rosas ;
filtre-se. Eis -aqui a maneira de se servir d'esta essen-
cia : molha-se n'ella um pouco de algodão , e esfrega-se
a nodoa até que desappareça ; lava-se depois com
agua quente.
Bolos para tirar as manchas de gordura . Alcool
2 onças, sabão branco 4 onças, gemmas de ovos 2 ,
essencia de terebenthina meia onça, magnesia , q . s .
para fazer uma massa que se reduz a bolos.
Bolos para tirar as manchas de alcatrão, de
cera, de azeite doce, de tintas com oleo . Sabão
branco 2 onças, potassa pura 3 oitavas, oleo essen-
cial de zimbro 4 1/2 oitava.
Modo de tirar as manchas de gordura do papel.
Molha - se um pincel na essencia de terebenthina
quente, e applica-se sobre os dous lados da folha de
papel ; aquece-se e deixa-se evaporar. Depois com
um panno de algodão molhado no alcool esfrega-se
a mancha.
Outro modo de tirar as manchas de gordura ou
azeite sobre papel. Põe-se o papel manchado sobre
o papel passento, e sobre a mancha comprime -se um
pouco de algodão embebido de ether. Em vez de
ether póde-se empregar a benzina.
Póde-se tambem fazer uma massa com magnesia
calcinada e agua , que se applica sobre a nodoa ,
deixa-se seccar e tira-se depois com uma faca.
Modo tirar as nodoas de unto negro que sahe
dos tubos das rodas de carro . É preciso primeiro
humedecer a nodoa com essencia de terebenthina e
esfrega-la brandamente com uma esponja : depois
tornar a humedece-la com essencia de terebenthina e
polvilha-la com cinza peneirada . Passados dez minu-
tos, tira-se a cinza, escova-se o lugar, e se a mancha
não tiver completamente desapparecido , tornar- se-
584 RECEITAS DIVERSAS .
ha a principiar a operação. Se resistir ainda , poderá
empregar-se a gemma de ovo misturada com essen-
cia de terebenthina . Se a mancha é antiga, póde acon-
tecer que as partes ferruginosas, que contém, estejão
pegadas fortemente ao panno. Seria então preciso
lavar a nodoa e ataca-la com acido hydrochlorico ou
oxatico, como se se tratasse de tirar uma mancha
antiga de tinta de escrever.
Modo de tirar as manchas de verniz, de pin-
tura e de alcatrão . Tratão-se da mesma maneira
que as precedentes . Podem tambem esfregar-se com
manteiga que se faz desapparecer depois com essen-
cia de terebenthina .
Emfim as manchas de resina, terebenthina, pez,
cera, velas d'espermacete ou de composição dis-
solvem-se perfeitamente no alcool rectificado, ou , na
sua falta , na agua de Colonia ; por conseguinte para
tirar essas manchas , basta humedecê-las na agua de
Colonia, e esfregar com um panno.
Modo de tirar as manchas de lama, ourina ou
suor. A agua basta geralmente no caso contrario
recorre-se á gemma de ovo ; emfim, no ultimo re-
curso, ao cremor de tartaro pulverisado . Se a lama
produziu alterações na côr vermelha ou escarlate , a
applicação do acido citrico, hydrochlorico ou do
vinagre diluido em agua, basta para fazer tornar a
apparecer a côr .
Para fazer desapparecer as manchas de ourina, é es-
sencial tira-las immediatamente e logo que se vejão ; o
melhor meio que se possa empregar é o alcali volatil
diluido em agua. Se a mancha fôr antiga e tomar um
caracter alcalino , então o alcali volatil não será suffi-
ciente dissolve-se um pouco de acido oxalico em
agua ; lava-se a mancha n'esta dissolução , e depois
applica-se sobre ella um pouco de acido oxalico pul-
verisado. As manchas de suor podem tirar- se de
qualquer especie de panno , pelos mesmos meios , e
do panno de còr escarlate desapparecem instantanea-
mente com a applicação do sal de estanho dissolvido
n'uma grande quantidade d'agua .
Modo de tirar as nodoas de café e chocolate .
Os lavatorios com agua ao principio e depois com
NODOAS. 585
agua e sabão são sufficientes para tirar estas nodoas,
mas podem destruir a tinta . Então para maior pru-
dencia, lava-se a nodoa com gemma de ovo mistu-
rada com agua quente . Se as nodoas resistem aos
repetidos lavatorios, molha-se um pincel no alcool
e esfrega-se com elle a nodoa.
Modo de tirar as manchas de ferrugem do panno
de linho ou de algodão . Depois de estendido o panno
sobre uma mesa, molhão-se as manchas de ferrugem
com uma solução de hydrosulfato de soda ou de
potassa . O contacto d'esta solução muda immedia-
tamente a côr amarella da ferrugem em còr rôxa
esverdinhada, effeito que é devido à decomposição
do oxydo de ferro e á sua transformação em proto-
sulfureto de ferro que é rôxo. Esta mudança tendo
tido lugar ao cabo de um ou dous minutos, applica-
se, com um tubo de vidro, sobre estas manchas
escuras de sulfureto de ferro , uma mistura de acido
hydrochlorico puro com o seu volume d'agua : ha logo
dissolução da nancha escura, se a mancha de ferru-
gem não é antiga ; no caso contrario fica ainda uma
porção , mas muito fraca, que se tira tornando-se a
fazer uma segunda operação.
Logo que o acido fôr applicado sobre a mancha,
não se deve deixâ-lo senão um instante, e é necessario
lavar o panno em agua, para impedir que o acido
queime o tecido . Quando é preciso repetir a mesma
operação sobre a mesma mancha de ferrugem, afim
de fazê-la desapparecer totalmente , deve-se cada vez
lava- la exactamente depois do contacto do acido
hydrochlorico, e antes de uma nova applicação da
solução de hydro-sulfato de potassa . Finalmente para
acabar de tirar a mancha, lava-se o panno em agua
com sabão .
Outro modo de tirar as manchas de ferrugem.
Tirão-se estas manchas das fazendas brancas com
acido oxalico com que se esfregão depois de molha-
das, e das fazendas de côr com acido hydrochlorico
diluido em agua .
Póde-se tambem empregar com vantagem o cremor
de tartaro, que ataca menos as tintas do que os aci-
dos. Eis-aqui como se emprega : reduz- se o cremor
33.
586 RECEITAS DIVERSAS .
de tartaro a pó mui fino e applica - se sobre a man-
cha, humedece- se depois com agua . Deixa-se operar
por oito ou dez minutos, depois esfrega-se a man-
cha entre as mãos e lava-se com agua.
Nodoas de pedra infernal. Modo de tirar as
nodoas de pedra infernal da roupa ou da pelle.
Molhão-se as nodoas com agua fria , e esfregão - se
com iodureto de potassio , ou com chlorureto de cal .
Por esta primeira operação as nodoas ficão amarella-
das. Depois é preciso esfrega- las com a solução con-
centrada de hypo-sulfito de soda, ou com a solução
d'ammoniaco , para fazê-las desapparecer comple-
tamemte.
Mistura para tirar as nodoas produzidas pela
pedra infernal. Iodureto de potassio 2 oitavas, agua
commum 2 onças. Misture-se.
Outra receita. Cyanureto de potassio 1 oitava,
iodo 8 grãos , agua 4 onça . Misture-se.
Basta molhar n'este liquido a nodoa de pedra infer-
nal para faze-la desapparecer promptamente .
As tintas que servem para marcar roupa são quasi
todas preparadas com pedra infernal , por conseguinte
a mistura aqui indicada serve para tirar as nodoas ou
marcas feitas com essa tinta.
Esta receita é muito mais efficaz do que a prece-
dente.
Outra receita para tirar as nodoas de pedra
infernal. Molha-se a nodoa na solução de 18 grãos
de dento-chlorureto de mercurio, n'uma onça d'agua
distillada , esfrega-se , e lava-se depois em agua ordi-
naria.
Nodoas de gordura no soalho . Tirão-se appli-
cando em cima d'ellas terra pingue molhada em agua,
deixando a seccar, e lavando depois ; ou esfregando-
as com cortume, substancia extrahida da casca de
carvalho , ou de outras cascas adstringentes , com
que se costumão cortir os couros .
OBRÊAS (Fabricações das ) . As obréas ordina-
rias para fechar cartas fabricão- se com agua e flòr
de farinha de trigo sem levadura . Faz -se uma massa
bastante liquida à qual se dá còr com diversas sub-
OVOS . 587
stancias, e que se coze depois em um ferro proprio .
Falta só depois cortar com o sacabocado.
As obréas transparentes não são outra cousa senão
gelatina que se faz dissolver na agua fervendo, e que
depois de esfriada se deita num molde, para ter a
consistencia necessaria . Deixa-se depois esfriar de
tudo, e tira-se a gelatina sob a forma de uma folha del-
gada e transparente que se corta com o sacabocado .
Não se podem empregar indiferentemente todas
as sortes de tintas para dar còr ás obrêas, e devem-se
observar a esse respeito as mesmas precauções que
para os confeitos e licòres. Eis aqui as tintas que se
costumão empregar para o vermelho uma decocção
de pão de Pernambuco , de ruiva dos tintureiros, de
cochonilha em pó com uma pouca de pedrahume ;
para o azul, o anil ou o azul de Prussia em pó fino ;
para o amarello , uma decocção de açafrão, de cur-
cuma ou de grãos de Avinhão ; para o verde , o azul
e o amarello ; para o róxo, o azul e o vermelho ; para
o preto, os pós de sapato .
OLEO DE MACASSAR. Azeite doce ou oleo de
amendoas doces 64 onças, raiz de orcaneta (anchusa)
4 onça, oleo essencial de vergamota 2 oitavas, oleo
essencial de canella 4 oitava , oleo essencial de alfa-
zema 2 oitavas. Misture e ponha de infusão por alguns
dias até que o mixto tenha côr sufficiente, decante e
deite em vidro bem enxuto. Cosmetico ; para untar
o cabello.
OURO . Modo de conhecer os objectos de ouro.
Faça-se um risco sobre uma pedra dura , chamada
pedra de tocar, com o objecto que se quer experi-
mentar, e applique- se sobre este risco uma gotta de
acido nitrico ; se o objecto fôr de ouro o risco não
experimentará alteração alguma , entretanto que de-
sapparecra ou tomará côr azul se o objecto for de
cobre ou se conter uma notavel proporção deste metal .
Pós para limpar o ouro. Colcothar reduzido a
pó fino .
OVOS (Conservação dos) . Areia 5 partes, carvão.
em pó 5, sal commum 4. Misture-se e fechem-se os
ovos nestes pós estando tudo posto numa vasilha.
Outro modo. Faz-se uma agua de cal com 40 par-
588 RECEITAS DIVERSAS.
tes d'esta substancia e 100 d'agua, que se deve dei-
tar na cal pouco a pouco e não de pancada ; desfaz-se
tudo muito bem mexendo com um páo e deixa - se
assentar. Em estando bem assente vasa - se n'outro
vaso, e mettem se nelle os ovos. Quando o vaso se
acha cheio, tapa-se mui bem tapado, e põe- se em um
lugar fresco. Por este methodo se conservão os ovos
frescos de anno a anno.
Papel de vidro para limpar os objectos de aço .
V. pag. 545 .
Passaros (Conservação dos) . V. pag . 566 .
PASTA DE AMENDOAS para as mãos . Pasta
de amendoas doces 16 onças, mel de abelha 32 onças,
pasta de amendoas amargas 4 onças , oito gemmas de
ovos. Misturem-se as pastas de amendoas com as
gemmas, e depois de feita a mistura exacta, ajunte-
se o mel pouco a pouco, e mexendo sempre . Con-
serve -se depois a pasta em pequenos potes bem
fechados.
Outra receita. Amendoas amargas 6 onças, farinha
de arroz 4 1/2 onça, farinha de fava meia onça, pó de
lirio meia onça, carbonato de potassa 2 oitavas, espirito
de jasmim 3 oitavas , essencia de rosas 10 gottas ,
essencia de neroli 10 gottas. Pisem-se as amendoas
descascadas em gral de marmore, ajuntando-se-lhes
pouco a pouco alguma agua, para fazer uma pasta
molle ; ajuntem-se depois as farinhas de arroz , de
fava, os pós de lirio , e misture-se tudo ; dissolva-se
depois o carbonato de potassa numa pouca d'agua
de rosas , deite-se solução sobre a pasta, e incor-
pore- se nella. Junte-se successivamente e por peque-
nas porções o espirito de jasmim, misturado com os
oleos essenciaes . Estando tudo bem misturado, metta-
se a pasta num vaso bem fechado . Se o liquido não
for sufficiente para fazer uma pasta de consistencia
conveniente, ajunte-se-lhe agua em quantidade suf-
ficiente.
PASTILHAS DE SERRALHO ou Cravos chei-
rosos que se accendem nos quartos. Benjoim 65 par-
tes , balsamo de Tolu 46 , labdano 4, santalo citrino 16 ,
carvão 192 , salitre 8, mucilagem de gomma alca-
tira q. s.
PEPINOS DE CONSERVA. 589
Pedra infernal. Modo de tirar as nodoas de pe-
dra infernal. V. pag. 586 .
PEIXES (Modo de conservar os) . Abrir o peixe,
limpa-lo exactamente e esfrega-lo interiormente com
um mixto de sal e de assucar por partes iguaes. No
momento em que se deve empregar lava - lo em
agua fria e coze-lo immediatamente.
PELLES DE ANIMAES (Conservação das) . Os
naturalistas e os surradores de couros servem-se da
mistura seguinte : agua 1,000 partes, pedrahume 500 ,
sal commum 250. Deixem-se demorar as pelles neste
liquido por 4 a 15 dias, conforme a sua espessura.
Methodo inglez chamado tawing . Molhão - se as
pelles por uma ou muitas semanas, conforme a sua
espessura, no leite de cal, que se reforma todos os
6 ou 8 dias. Lavão-se depois em agua pura ou em
agua de farelo . Prepara-se depois a massa seguinte :
pedrabume 4 libras, sal commum 1 1/2 libra. Dis-
solva-se em agua quente e ajunte-se farinha de
trigo 10 libras, gemmas de ovos 50 , agua q. s . para
formar uma massa que se dilue em agua. Mergu-
lhão-se as pelles nella por muitas vezes, e depois
deixão-se seccar.
PEPINOS DE CONSERVA. Modo de saber se
ha verdete nos pepinos de conserva . Os pepinos
para conservar a bella côr verde que se lhes co-
nhece, são preparados ordinaiarmente em tachos de
cobre não estanhados. Esta preparação viciosa dos
pepinos dá lugar á producção de um pouco de ver-
dete que pode ter uma funesta influencia sobre a
saúde dos consumidores. O meio mais simples para
conhecer esta alteração consiste em introduzir no
pepino uma agulha, que se cobre, ao cabo de algum
tempo, de uma camada de cobre metallico, se o pe-
pino contém uma pequena quantidade deste metal .
Esta alteração se conhece com maior exactidão da
maneira seguinte : Queima-se e reduz-se à cinza
uma quantidade de pepinos suspeitos ; as cinzas tra-
tadas pelo acido nitrico diluido são evaporadas até
á seccura, depois o residuo, dissolvido em agua, for-
nece um licor que, no caso em que contenha cobre,
toma cor azul escura pela addição de ammoniaco .
590 RECEITAS DIVERSAS .
Uma chapa de ferro mergulhada nesta solução , aci-
dulada previamente com vinagre, cobre- se de uma
leve camada de cobre metallico.
PERSEVEJOS ( Destruição dos ) . Lavar a cama
com a dis -olução de 2 partes de sabão verde em
400 partes d'agua fervendo.
Veneno para os persevejos. Aguardente 8 onças ,
essencia de terebenthina 2 oitavas, camphora 4 oitava,
sublimado corrosivo 4/2 oitava. Misture, e lave a
cama com esta mistura.
PESO ESPECIFICO ou densidade dos corpos mais
importantes. O peso d'agua distillada , que serve
de termo de comparação, é representado por 1 .
Acido nitrico a 48° 4,54 . Cobalto 7,8449.
sulfurico a 20° 1,842. Cobre vermelho fundido
Aço temperado 7,8163 . 8,788.
Agata 2,6. Coral 2,68 .
Agua distillada 1 . Cremor de tartaro 4,607.
de poço 4,002 . Cristal de Bohemia 2,393 .
- fervendo 0,963 . do Brasil 2,651 .
do mar 4,0263. - de Inglaterra , chama-
Alabastro 4,874. do flint-glass 3,3293 .
Alambre 4,078. Diamantes os mais pesa-
Alcool puro 0 , 7947. dos (de còr rosea) 3,534 .
Amianto 2,9958. os mais leves 3,504 .
Antimonio 6,742 . Emetico 2,245 .
Ar a 40° centigrado , pres- Enxofre fundido 4,99 .
são de 76 centimetros Esmeralda 2,7753 .
pesa 844 vezes menos Espirito de vinho do com-
que a agua distillada . mercio, 33° Cartier ou
Arsenico 8,308 . 85° areometro centi-
Aveia 0.47. grado 0,837.
Azeite doce 0,9453. Estanho fundido 7,294 4 .
Bismutho 9,822. Ether sulfurico 0,7455 .
Borax 4,743 . Feijão 0,795.
Cal carbonatada cristalli- Ferro fundido 7,207 .
sada 2,7482. Gelo 0,930.
Carvão de pedra com- Granito cinzento do Egyp-
pacto 4,3292 . to 2,727.
Cevada 0,64. Greda de Hespanha 2,789 .
Chumbo fundido 44,3523 . Iman 4,242 .
POMADAS. 594
Iodo 4,948 . Páu de choupo 0,383 .
Leite de vacca 1,032 . - de cortiça 0,240.
Lentilhas 0,796 . de laranjeira 0,705 .
Linhaça (sementes) 0,634 . de mogno 0,809.
Manganez 4,754. de pinho 0,657.
Marfim 1,947 . de tilia 0,604 .
Marmore branco 2,746 . Pedrahume 4,72 .
Mercurio a 0º 13,598. Perolas 2,75.
Nickel fundido 8,279 . Platina laminada 22.069.
Nitro 1 , 607. Prata fundida 40,4743.
Oleo de amendoas doces Quina ( casca ) 0,783 .
0,917. Sal marinho 2,125.
Ouro fundido 19,2584 . Vidro de garrafas 2,732.
Palladium 14,3 . Vinagre branco 4,043 .
Páu do Brasil 4,030 . Vinho de Bordeos 0,994.
campeche 0,943. de Malaga 4,022 .
- de carvalho de 60 an- Zinco fundido 6,864 .
nos, o interior, 4,470 .
PHOSPHOROS . ( Palitos ou páosinhos para ac-
cender fogo . ) Phosphoro 4 partes , chlorato de potassa
2 , gomma arabica 7 , gelatina 2. Divide-se o phos-
phoro na gomma arabica reduzida por meio d'agua ao
estado de mucilagem espessa e que deve estar quente ;
derrete - se a gelatina e ajunta-se a mistura phos-
phorea ; moe-se o chlorato molhado e mistura- se com
o resto. Desta maneira obtem-se uma massa com que
se cobrem as pontas dos páosinhos previamente co-
bertas com enxofre ; e depois deixão-se seccar na
estufa.
Com a receita seguinte obtem-se phosphoros que
não estalão quando se esfregão para se accenderem :
Gomma arabica 46 partes , phosphoro 9 , nitro 14 ,
oxydo de manganez 16.
POMADAS . Pomada simples para o cabello.
Banha 2 onças, sebo de carneiro 4 onça . Deite tudo
em agua fervendo , derreta , deixe precipitar as impu-
rezas, e faça escorrer a agua.
Póde-se aromatisar esta pomada com essencia de
rosa, limão, vergamota, canella, etc. , ou com um
dos cheiros seguintes para 46 onças de pomada,
meia onça de um destes cheiros :
592 RECEITAS DIVERSAS.
Cheiros para as pomadas de cabello . 1 ° Oleo
essencial de vergamota 4 partes , oleo essencial de
limão 2 , oleo essencial de cravo 1 .
2º Oleo essencial de vergamota 8 partes, oleo essen-
cial de limão 8 , oleo essencial de cravo 2 , oleo
essencial de sassafrás 1 , oleo essencial de laranja 1 .
3º Chamado Cheiro de mil flores . Tintura de
ambar gris 16 partes , oleo essencial de limão 12 , oleo
essecial de cravo 1 , oleo essencial de alfazema 1 , oleo
essencial de vergamota 4.
Pomada para o cabello com baunilha . Pomada
rosada 12 onças, baunilha em pó 1 onça , agua 1 onç .
Triture por uma hora, deixe escorrer a agua e
ajunte oleo essencial de limão 24 gottas .
Pomada de canella para o cabello . Pomada sim-
ples 16 onças, oleo de ricino 4 1/2 onça . Faça clarear
pela trituração e ajunte : oleo essencial de canella
↑ oitava, tintura alcoolica de jasmim 1 oitava , oleo
essencial de neroli 20 gottas , oleo essencial de limão
45 gottas , oleo essencial de rosas 5 gottas. Póde-se
dar a côr vermelha a esta pomada ajuntando-lhe
orcaneta.
Pomada indiana para o cabello . Sebo de car-
neiro 48 onças, banha 32 onças, cera 8 onças, oleo de
ricino 2 onças, bemjoim 3 onças, almiscar 20 grãos .
Derreta a fogo brando o sebo, a banha e a cera ;
triture á parte o oleo de ricino com o benjoim e
almiscar ; ajunte o sebo, a banha e a cera liquida ,
deixe tudo de infusão por duas horas, decante, e
ajunte :
Oleo essencial de limão 1 onça, oleo essencial de
alfazema 2 oitavas, oleo essencial de cravo 4 oitava,
oleo essencial de canella 4 oitava, oleo essencial de
verbena 4 oitava.
A addição de benjoim ás pomadas tem a proprie-
dade de conserva-las por mais tempo e impedir que
fiquem rançosas.
Pomada para o cabello ( chamada impropriamente
Banha de urso) . Cera 16 onças, banha 64 onças,
sebo de carneiro 48 onças, azeite doce ou oleo de
amendoas 32 onças. Derreta e ajunte oleo essencial
de cravo 60 gottas , oleo essencial de neroli 20 gottas,
QUADROS DOURADOS. 593
oleo essencial de alfazema 60 gottas, oleo essencial
de vergamota 90 gottas , tintura de ambar gris
50 gottas, tintura de almiscar 50 gottas.
Pomada para o cabello ( chamada Tutano de
boi. ) Tutano de boi 96 onças, cera 12 onças, esper-
macete 4 onças . Derreta a fogo lento e ajunte : ben-
joim em pó 4 onça . Deixe de infusão por algumas
horas, côe, e ajunte qualquer oleo essencial ou um
dos cheiros indicados na pag. 592 , 3 onças .
Pomada para tingir o cabello, V. pag. 560.
PRATA (Modo de limpar os objectos de) . O gesso
(blanc d'Espagne ) , applicado molhado sobre os
objectos que se quer limpar, e esfregado depois de
secco, é o modo mais efficaz e menos dispendioso .
O meio seguinte é infaillivel para branquear as
colheres, castiçaes e os outros objectos de prata :
Dissolva em agua partes iguaes de sal ammoniaco,
pedrahume, sal de tartaro (sub-carbonato de potassa),
e ferva n'esta dissolução os objectos de prata pelo
tempo que se julgar necessario : todos estes objectos
ficarão muito brancos .
Composição para limpar a prata. Cremor de
tartaro 1/2 onça , sal de cozinha 1/2 onça , pedra-
hume 1/2 onça, agua 24 onças . As colheres, os garfos
e outros utensilios de prata fervidos n'esta composi-
ção ficão muito brilhantes.
PURIFICAÇÃO dos quartos dos doentes. Collocar
no quarto um ou dous pratos com dissolução de
chlorureto de cal (4 onça de chlorureto de cal para
4 libra d'agua) . Podem tambem fazer- se regaduras
no quarto com este liquido ou com agua de Labar-
raque. Os vapores das substancias odoriferas quei-
madas, taes como a alfazema , o vinagre, o incenso,
o assucar, etc. , não purificão o ar, porque não fazem
senão encobrir por um instante os cheiros fetidos
sem destruirem os miasmas , e em vez de purifica-
rem , vicião ainda mais o ar.
QUADROS DOURADOS ( Modo de limpar os).
Tome-se claras de ovos 3 onças , agua de Javelle
4 onça , bata-se tudo junto e limpem-se os quadros
com uma escova macia molhada n'esta mistura. O
578 RECEITAS DIVERSAS.
esmeril ou barro vermelho , e esfregue-se o latão
com esta massa estendida num pedaço de panno de
linho ou de algodão .
Latrinas (Desinfecção das ) . V. Desinfecção ,
pag. 567 .
LICORES . Modo de lhes dar cór . Para este fim
empregão-se as seguintes tintas :
Tinta vermelha. Cochonilha 20 partes, pedrahume
1 , agua 250. Reduza-se a cochonilha e a pedrahume
a po fino , ferva - se a agua e deite - se por cima.
Póde-se fazer d'este modo uma tinta vermelha mais
ou menos carregada , empregando maior ou menor
quantidade de cochonilha.
Outra receita de tinta vermelha . Páu de Pernam-
buco 375 partes , alcool 4,000 .
Tinta róxa. Mistura - se uma parte de azul em
licòr, com duas partes da tinta vermelha , da pri-
meira receita .
Tinta verde. Dissolve-se 4 parte de curcuma com
duas de azul em licor e uma pouca de pedrahume.
Tinta azul. Solução de anil em acido sulfurico .
Tinta amarella. Infusão de açafrão em agua ou
em alcool.
Outra receita de tinta amarella . Raiz de cur-
cuma 125 partes, alcool 4,000.
Com esta ultima tinta e a azul se faz a tinta
verde.
Licor de la Chartreuse. Herva cidreira fresca
600 partes , hysopo 640, angelica 320 , canella 460 ,
açafrão 40, macis 40. Depois de oito dias de mace-
ração em 10,000 partes de alcool , distille. Ajunte
4,250 partes de assucar.
Louça (Modo de concertar a) .V. Betume , pag . 557 .
LUVAS. Modo de limpar as luvas de todas as
cores . Molhe-se uma esponja no leite e esfregue-se
em sabão branco para dissolver uma pequena porção
d'elle. Isto feito, metta-se a luva na mão e passe-se
esta esponja sobre todas as partes da luva , que fica
limpa visivelmente. É preciso mudar de tempos a
tempos o leite e o sabão , e comprimir previamente a
esponja antes de a molhar de novo, para que não
MARFIM. 579
fique nada do que já servio . Estende-se depois a luva
para ficar secca .
Modo de limpar as luvas sem as molhar. Poem-
se as luvas sobre uma taboa limpa , e esfregão-se
com uma pequena escova polvilhada com uma mis-
tura de barro e de pedrahume reduzida a pó fino ;
depois de bem esfregadas e batidas, para lhes tirar
tudo que as manchava , polvilhão-se com uma mis-
tura de farelo e de branco de Hespanha e tornão-se
a sacudir.
Saponina para limpar luvas . Sabão raspado
250 partes, agua de Javelle 165 , ammoniaco liquido
40, agua 155 .
Faça uma massa . Impregne pedaços de baeta com
esta massa , e esfregue a luva até ficar limpa.
MADEIRA. Modo de conservar as estacas de
madeira que se fincão na terra. Carbonisem-se a
uma espessura de duas linhas sobre toda a super-
ficie que deve ser mettida dentro da terra e mesmo
uma e duas pollegadas em cima . É bom tambem
cobri-las com alcatrão fervendo .
MANTEIGA ( Modo de conservar a ) . Misturar
4 onça de sal commum com 4 libra de manteiga.
Outro modo. Assucar 4 parte, sal commum 2 ,
salitre 1. Empregar 4 onça d'esta mistura para 4 libra
de manteiga . Com esta preparação a manteiga póde-
se conservar por muitos annos.
MARFIM .Modo de restituir ao marfim, quando
se acha amarello, a cor branca que tinha . Dissolva-
se em uma porção dada d'agua quanto baste de pedra-
hume para a tornar còr de leite ; faça - se ferver,
deitem-se dentro as peças de marfim , e deixem-se
de molho obra de uma hora escovando-as de tempos
a tempos .
Póde-se tambem esfregar a peça que se quer bran-
quear com sabão preto, e enxugá-la muito bem com
um panno.
MARISCOS . Modo de tirar aos mariscos as qua-
lidades nocivas. Os mariscos possuem ás vezes qua-
lidades nocivas ; por conseguinte é prudente de os
fazer passar por uma preparação antes de emprega-
los. Consiste esta preparação em mette-los por cinco
580 RECEITAS DIVERSAS.
ou seis horas na agua doce renovada duas ou tres
vezes ; então elles se desembaração de todas as
materias nocivas e perdem ao mesmo tempo o gosto
de vasa que ás vezes tem. Convem tambem tempera-
los com vinagre .
MARMORE ( Modo de lustrar o ) . Esfregar o
marmore com uma mistura de cera e de essencia de
terebenthina.
MOSCAS . Modo de destruir as moscas . Poê-se
n'um quarto um copo contendo uma dissolução muito
carregada de sabão ; cobre-se este copo com um
papel no meio do qual faz-se um buraco bastante
grande afim de que as moscas possão entrar n'elle . O
effeito d'esta cilada será mais certo ajuntando á agua
de sabão um pouco de assucar, ou mel de abelha.
A agua de sabão tem a propriedade de attrahir o
insecto, sem ter os effeitos perigosos do cobalto arse-
nical que póde occasionnar accidentes nos homens,
e matar as gallinhas que engolem as moscas envene-
nadas pelo arsenico .
O papel para matar as moscas, que se vende em
certas lojas, prepara - se molhando um papel n'uma
decocção de noz vomica , que é um veneno violento
para todos os entes vivos.
Veneno para as moscas . Ferva 2 oitav . de quassia
em 16 onças d'agua ; còe, e ajunte 4 onç . de melaço .
MOVEIS . Modo de dar lustre aos moveis . Dis-
solva-se uma pouca de cera em oleo volatil de tere-
benthina , de sorte que em esfriando fique da con-
sistencia do mel , antes mais grosso que ralo, estenda-se
sobre os moveis com uma escova , e esfregue - se
depois com uma rodilha de taffetá. Com o calor, que
com a fricção se desenvolve, todo o oleo volatil se
evapora, e a cera se acha igualmente applicada em
toda a superficie dos moveis , o que se não poderia
conseguir sem a dissolução anterior.
NAVALHA . Massa para amolar as navalhas .
Pós de esmeril 25 partes , carbonato de ferro 25 ,
cinabrio 3 , ocre amarello ou vermelho q. s . para
fazer uma massa com agua ou azeite doce.
Outra. Banha 250 partes, cera 125 , pedra sanguina
ou tijolo em pó 250 .
NODOAS. 584
Estas massas estendem-se sobre o couro, que deve
primeiramente ser raspado com uma faca e desem-
baraçado do unto applicado precedentemente .
Modo de fazer cortar as navalhas e outros
instrumentos trinchantes. Consiste em molhar por
meia hora a navalha em agua misturada com acido
hydrochlorico ( espirito de sal ) ou com a vigesima
parte de oleo de vitriolo . Depois d'esta immersão
enxuga-se a navalha e amola-se levemente na pedra ;
adquire facilmente a sua agudêza , porque o acido
tendo mordido igualmente sobre toda a superficie da
lamina, fez o officio de pedra de rebôlo, e que só é
necessario obter a brandura do trinchante, passando
levemente a navalha sobre a pedra. Esta simples
operação, que nunca estragou as boas navalhas, me-
Ihorou , pelo contrario, as laminas que não forão bem
temperadas . Este meio foi applicado com vantagem
ás facas e outros instrumentos trinchantes.
NODOAS . Antes de principiar a tirar a nodoa é
preciso bater cuidadosamente o vestido , e escova-lo
para tirar toda a poeira : depois expõe-se o vestido
á acção do vapor d'agna , para fazer resahir as no-
doas . Emfim , marca-se cada uma d'ellas com greda,
para as conhecer, e tira - se uma depois da outra
antes de molhar o vestido . Acabados estes prepara-
tivos, indiquemos os meios que a experiencía e a
sciencia nos fornecem para tirar as nodoas mais
habituaes .
Modo de tirar as manchas recentes de acidos
mineraes, e outras . Pode-se neutralisar immediata-
mente o effeito dos acidos pelo alcali volatil diluido
em agua , ou mesmo pelo unico vapor d'este alcali .
Se a mancha é antiga e se a tinta tem completa-
mente desapparecido, não ha outra remedio senão
tingir.
As manchas de rapé, de hervas, de cerveja, de
acidos vegetaes taes como de morangos e de outros
fructos, sobre as fazendas não tintas, desapparecem
completamente por uma lavagem d'agua com sabão ;
mas para destruir os ultimos vestigios sobre as fa-
zendas tintas, misturão-se n'um copo d'agua dez a
doze gottas de acido sulfurico , applicão-se algumas
582 RECEITAS DIVERSAS .
gottas d'esta mistura sobre a mancha, e depois lava-
se com agua fria.
Modo de tirar as nodoas de tinta de escrever .
Applica-se na nodoa uma dissolução de sal de azedas,
e esfrega-se com um panno. Se a nodoa for antiga ,
e se resistir a este meio , será preciso depois do em-
prego do sal de azedas applicar uma dissolução de
chlorureto de estanho em agua.
O sal de azedas emprega-se nas fazendas brancas,
mas nas de côr destroe a tinta da fazenda. Nas fazen-
das de côr é preciso proceder da maneira seguinte :
Quando as manchas são recentes lavão-se com agua
e sabão , para tirar as substancias vegetaes. Tira- se
depois o oxydo de ferro que constitue a marca, mo-
Thando-o com acido sulfurico ou hydrochlorico di-
luido em agua. Quando as manchas são antigas , é
preciso que o acido seja mais forte ( 1 parte de acido
e 10 partes d'agua ) .
Quando as nodoas de tinta de escrever, feitas nas
fazendas de côr , são frescas, tirão-se com vinagre
branco forte.
Agua para tirar as nodoas de tinta de escrever
(Encrivore , fr. ) . Agua commum 1/2 onça , acido
oxalico 4 oitava . Dissolva . Esta dissolução faz desap-
parecer immediatamente as marcas de tinta preta na
roupa ou no papel .
Modo de tirar as nodoas de azeite doce, de
gordura, de sebo, etc. Todas as manchas gordurosas
desapparecem com essencia de terebenthina pura .
Molha-se a mancha com uma pequena quantidade de
essencia de terebenthina por ineio de uma esponja , e
esfrega-se promptamente, depois torna-se a molhar
a mancha com essencia , e cobre-se immediatamente
com cinza peneirada ; passado um quarto de hora
esfrega-se com escova, e a mancha desapparece com-
pletamente. Se a cinza deixasse algum vestigio , seria
preciso esfregar o lugar com miolo de pão . Para
tirar o cheiro de essencia de terebenthina basta sub-
metter a roupa á acção do vapor d'agua ou lava-la
com alcool rectificado.
Mistura para tirar as nodoas de gordura dos
vestidos de seda. Sabão preto 4 onça, mel de abelha
NODOAS . 583
4 onça, aguardente 3 onças. Lava-se o vestido nesta
mistura e depois passa-se na agua .
Essencia de sabão para tirar as manchas de
gordura do panno de lâa ou de seda . Sabão branco
4 onça , alcool 2 onças , agua de rosas 1 oitava ,
carbonato de potassa 4 oitava. Raspe-se o sabão ,
deixe-se macerar por 40 dias no alcool , e ajunte-se
o carbonato de potassa dissolvido na agua de rosas ;
filtre-se . Eis-aqui a maneira de se servir d'esta essen-
cia : molha-se n'ella um pouco de algodão , e esfrega-se
a nodoa até que desappareça ; lava-se depois com
agua quente.
Bolos para tirar as manchas de gordura . Alcool
2 onças, sabão branco 4 onças , gemmas de ovos 2 ,
essencia de terebenthina meia onça, magnesia , q. s .
para fazer uma massa que se reduz a bolos.
Bolos para tirar as manchas de alcatrão, de
cera, de azeite doce, de tintas com oleo . Sabão
branco 2 onças, potassa pura 3 oitavas, oleo essen-
cial de zimbro 4 1/2 oitava.
Modo de tirar as manchas de gordura do papel.
Molha- -se um pincel na essencia de terebenthina
quente, e applica-se sobre os dous lados da folha de
papel ; aquece-se e deixa-se evaporar . Depois com
um panno de algodão molhado no alcool esfrega-se
a mancha.
Outro modo de tirar as manchas de gordura ou
azeite sobre papel . Põe-se o papel manchado sobre
o papel passento, e sobre a mancha comprime-se um
pouco de algodão embebido de ether. Em vez de
ether póde-se empregar a benzina.
Póde-se tambem fazer uma massa com magnesia
calcinada e agua , que se applica sobre a nodoa ,
deixa-se seccar e tira-se depois com uma faca .
Modo tirar as nodoas de unto negro que sahe
dos tubos das rodas de carro . É preciso primeiro
humedecer a nodoa com essencia de terebenthina e
esfrega-la brandamente com uma esponja depois
tornar a humedece-la com essencia de terebenthina e
polvilha-la com cinza peneirada . Passados dez minu-
tos, tira-se a cinza, escova-se o lugar, e se a mancha
não tiver completamente desapparecido , tornar-se-
584 RECEITAS DIVERSAS .
ha a principiar a operação . Se resistir ainda , poderá
empregar-se a gemma de ovo misturada com essen-
cia de terebenthina . Se a mancha é antiga , póde acon-
tecer que as partes ferruginosas, que contém, estejão
pegadas fortemente ao panno . Seria então preciso
lavar a nodoa e ataca-la com acido hydrochlorico ou
oxatico, como se se tratasse de tirar uma mancha
antiga de tinta de escrever.
Modo de tirar as manchas de verniz, de pin-
tura e de alcatrão . Tratão-se da mesma maneira
que as precedentes . Podem tambem esfregar-se com
manteiga que se faz desapparecer depois com essen-
cia de terebenthina .
Emfim as manchas de resina, terebenthina, pez,
cera, velas d'espermacete ou de composição dis-
solvem-se perfeitamente no alcool rectificado, ou , na
sua falta, na agua de Colonia ; por conseguinte para
tirar essas manchas, basta humedecê-las na agua de
Colonia, e esfregar com um panno .
Modo de tirar as manchas de lama, ourina ou
suor. A agua basta geralmente no caso contrario
recorre-se á gemma de ovo ; emfim, no ultimo re-
curso, ao cremor de tartaro pulverisado. Se lama
produziu alterações na côr vermelha ou escarlate , a
applicação do acido citrico, hydrochlorico ou do
vinagre diluido em agua, basta para fazer tornar a
apparecer a côr.
Para fazer desapparecer as manchas de ourina, é es-
sencial tira-las immediatamente e logo que se vejão ; o
melhor meio que se possa empregar é o alcali volatil
diluido em agua . Se a mancha fôr antiga e tomar um
caracter alcalino , então o alcali volatil não será suffi-
ciente dissolve-se um pouco de acido oxalico em
agua ; lava-se a mancha n'esta dissolução , e depois
applica-se sobre ella um pouco de acido oxalico pul-
verisado. --- As manchas de suor podem tirar-se de
qualquer especie de panno , pelos mesmos meios , e
do panno de cor escarlate desapparecem instantanea-
mente com a applicação do sal de estanho dissolvido
n'uma grande quantidade d'agua .
Modo de tirar as nodoas de café e chocolate.
Os lavatorios com agua ao principio e depois com
NODOAS . 585
agua e sabão são sufficientes para tirar estas nodoas ,
mas podem destruir a tinta . Então para maior pru-
dencia, lava-se a nodoa com gemma de ovo mistu-
rada com agua quente . Se as nodoas resistem aos
repetidos lavatorios , molha-se um pincel no alcool
e esfrega-se com elle a nodoa.
Modo de tirar as manchas de ferrugem do panno
de linho ou de algodão . Depois de estendido o panno
sobre uma mesa , molhão-se as manchas de ferrugem
com uma solução de hydrosulfato de soda ou de
potassa. O contacto d'esta solução muda immedia-
tamente a côr amarella da ferrugem em còr rôxa
esverdinhada, effeito que é devido á decomposição
do oxydo de ferro e á sua transformação em proto-
sulfureto de ferro que é rôxo . Esta mudança tendo
tido lugar ao cabo de um ou dous minutos, applica-
se, com um tubo de vidro, sobre estas manchas
escuras de sulfureto de ferro , uma mistura de acido
hydrochlorico puro com o seu volume d'agua : ha logo
dissolução da nancha escura, se a mancha de ferru-
gem não é antiga ; no caso contrario fica ainda uma
porção , mas muito fraca, que se tira tornando-se a
fazer uma segunda operação .
Logo que o acido fôr applicado sobre a mancha ,
não se deve deixâ-lo senão um instante, e é necessario
lavar o panno em agua , para impedir que o acido
queime o tecido . Quando é preciso repetir a mesma
operação sobre a mesma mancha de ferrugem, afim
de fazê-la desapparecer totalmente, deve-se cada vez
lava- la exactamente depois do contacto do acido
hydrochlorico, e antes de uma nova applicação da
solução de hydro-sulfato de potassa . Finalmente para
acabar de tirar a mancha , lava- se o panno em agua
com sabão .
Outro modo de tirar as manchas de ferrugem.
Tirão-se estas manchas das fazendas brancas com
acido oxalico com que se esfregão depois de molha-
das, e das fazendas de côr com acido hydrochlorico
diluido em agua.
Póde-se tambem empregar com vantagem o cremor
de tartaro, que ataca menos as tintas do que os aci-
dos. Eis-aqui como se emprega : reduz-se o cremor
33.
586 RECEITAS DIVERSAS .
de tartaro a pó mui fino e applica - se sobre a man-
cha, humedece- se depois com agua . Deixa-se operar
por oito ou dez minutos, depois esfrega-se a man-
cha entre as mãos e lava-se com agua.
Nodoas de pedra infernal. Modo de tirar as
nodoas de pedra infernal da roupa ou da pelle.
Molhão-se as nodoas com agua fria , e esfregão- se
com iodureto de potassio , ou com chlorureto de cal .
Por esta primeira operação as nodoas ficão amarella-
das. Depois é preciso esfrega-las com a solução con-
centrada de hypo-sulfito de soda , ou com a solução
d'ammoniaco , para fazê-las desapparecer comple-
tamemte.
Mistura para tirar as nodoas produzidas pela
pedra infernal. Iodureto de potassio 2 oitavas, agua
commum 2 onças . Misture-se.
Outra receita. Cyanureto de potassio 1 oitava,
iodo 8 grãos, agua 1 onça . Misture-se.
Basta molhar n'este liquido a nodoa de pedra infer-
nal para faze-la desapparecer promptamente.
As tintas que servem para marcar roupa são quasi
todas preparadas com pedra infernal, por conseguinte
a mistura aqui indicada serve para tirar as nodoas ou
marcas feitas com essa tinta.
Esta receita é muito mais efficaz do que a prece-
dente.
Outra receita para tirar as nodoas de pedra
infernal. Molha-se a nodoa na solução de 18 grãos
de dento-chlorureto de mercurio, n'uma onça d'agua
distillada, esfrega-se, e lava-se depois em agua ordi-
naria.
Nodoas de gordura no soalho . Tirão-se appli-
cando em cima d'ellas terra pingue molhada em agua,
deixando a seccar , e lavando depois ; ou esfregando-
as com cortume, substancia extrahida da casca de
carvalho , ou de outras cascas adstringentes , com
que se costumão cortir os couros .
OBRÊAS ( Fabricações das ) . As obréas ordina-
rias para fechar cartas fabricão-se com agua e flòr
de farinha de trigo sem levadura . Faz-se uma massa
bastante liquida à qual se dá côr com diversas sub-
OVOS. 587
stancias, e que se coze depois em um ferro proprio .
Falta só depois cortar com o sacabocado.
As obréas transparentes não são outra cousa senão
gelatina que se faz dissolver na agua fervendo, e que
depois de esfriada se deita num molde, para ter a
consistencia necessaria . Deixa-se depois esfriar de
tudo, e tira-sea gelatina sob a forma de uma folha del-
gada e transparente que se corta com o sacabocado .
Não se podem empregar indifferentemente todas
as sortes de tintas para dar còr ás obrêas, e devem-se
observar a esse respeito as mesmas precauções que
para os confeitos e licòres. Eis aqui as tintas que se
costumão empregar para o vermelho uma decocção
de pão de Pernambuco, de ruiva dos tintureiros, de
cochonilha em pó com uma pouca de pedrahume ;
para o azul, o anil ou o azul de Prussia em pó fino ;
para o amarello , uma decocção de açafrão, de cur-
cuma ou de grãos de Avinhão ; para o verde, o azul
e o amarello ; para o róxo , o azul e o vermelho ; para
o preto, os pós de sapato .
OLEO DE MACASSAR. Azeite doce ou oleo de
amendoas doces 64 onças, raiz de orcaneta (anchusa)
4 onça, oleo essencial de vergamota 2 oitavas, oleo
essencial de canella 4 oitava , oleo essencial de alfa-
zema 2 oitavas. Misture e ponha de infusão por alguns
dias até que o mixto tenha côr sufficiente, decante e
deite em vidro bem enxuto . Cosmetico ; para untar
o cabello .
OURO. Modo de conhecer os objectos de ouro.
Faça-se um risco sobre uma pedra dura , chamada
pedra de tocar, com o objecto que se quer experi-
mentar, e applique- se sobre este risco una gotta de
acido nitrico ; se o objecto fôr de ouro o risco não
experimentará alteração alguma , entretanto que de-
sapparecrȧ ou tomará côr azul se o objecto for de
cobre ou se conter uma notavel proporção deste metal .
Pós para limpar o ouro. Colcothar reduzido a
pó fino .
OVOS (Conservação dos) . Areia 5 partes, carvão.
em pó 5, sal commum 4. Misture- se e fechem-se os
ovos nestes pós estando tudo posto numa vasilha .
Outro modo. Faz-se uma agua de cal com 10 par-
588 RECEITAS DIVERSAS.
tes d'esta substancia e 100 d'agua , que se deve dei-
tar na cal pouco a pouco e não de pancada ; desfaz-se
tudo muito bem mexendo com um páo e deixa - se
assentar . Em estando bem assente vasa - se n'outro
vaso, e mettem se nelle os ovos. Quando o vaso se
acha cheio , tapa-se mui bem tapado, e põe-se em um
lugar fresco . Por este methodo se conservão os ovos
frescos de anno a anno.
Papel de vidro para limpar os objectos de aço .
V. pag. 545 .
Passaros (Conservação dos) . V. pag. 566 .
PASTA DE AMENDOAS para as mãos. Pasta
de amendoas doces 16 onças , mel de abelha 32 onças,
pasta de amendoas amargas 4 onças , oito gemmas de
ovos. Misturem-se as pastas de amendoas com as
gemmas, e depois de feita a mistura exacta, ajunte-
se o mel pouco a pouco , e mexendo sempre . Con-
serve -se depois a pasta em pequenos potes bem
fechados.
Outra receita . Amendoas amargas 6 onças, farinha
de arroz 4 1/2 onça , farinha de fava meia onça, pó de
lirio meia onça, carbonato de potassa 2 oitavas, espirito
de jasmim 3 oitavas , essencia de rosas 10 gottas ,
essencia de neroli 10 gottas. Pisem-se as amendoas
descascadas em gral de marmore, ajuntando- se-lhes
pouco a pouco alguma agua, para fazer uma pasta
molle ; ajuntem-se depois as farinhas de arroz , de
fava, os pós de lirio, e misture-se tudo ; dissolva-se
depois o carbonato de potassa numa pouca d'agua
de rosas, deite-se a solução sobre a pasta, e incor-
pore- se nella . Junte-se successivamente e por peque-
nas porções o espirito de jasmim, misturado com os
oleos essenciaes. Estando tudo bem misturado , metta-
se a pasta num vaso bem fechado . Se o liquido não
for sufficiente para fazer uma pasta de consistencia
conveniente, ajunte-se-lhe agua em quantidade suf-
ficiente.
PASTILHAS DE SERRALHO ou Cravos chei-
rosos que se accendem nos quartos . Benjoim 65 par-
tes, balsamo de Tolu 46 , labdano 4, santalo citrino 16 ,
carvão 192 , salitre 8, mucilagem de gomma alca-
tira q. s.
PEPINOS DE CONSERVA. 589
Pedra infernal . Modo de tirar as nodoas de pe-
dra infernal. V. pag. 586.
PEIXES (Modo de conservar os) . Abrir o peixe,
limpa-lo exactamente e esfrega- lo interiormente com
um mixto de sal e de assucar por partes iguaes. No
momento em que se deve empregar lava - lo em
agua fria e coze-lo immediatamente.
PELLES DE ANIMAES (Conservação das) . Os
naturalistas e os surradores de couros servem -se da
mistura seguinte : agua 1,000 partes, pedrahume 500,
sal commum 250. Deixem-se demorar as pelles neste
liquido por 4 a 15 dias, conforme a sua espessura .
Methodo inglez chamado tawing. Molhão - se as
pelles por uma ou muitas semanas, conforme a sua
espessura, no leite de cal, que se reforma todos os
6 ou 8 dias. Lavão-se depois em agua pura ou em
agua de farelo . Prepara-se depois a massa seguinte :
pedrabume 4 libras, sal commum 4 1/2 libra. Dis-
solva-se em agua quente e ajunte-se : farinha de
trigo 10 libras, gemmas de ovos 50 , agua q. s. para
formar uma massa que se dilue em agua. Mergu-
lhão-se as pelles nella por muitas vezes, e depois
deixão-se seccar.
PEPINOS DE CONSERVA. Modo de saber se
ha verdete nos pepinos de conserva . Os pepinos
para conservar a bella côr verde que se lhes co-
nhece, são preparados ordinaiarmente em tachos de
cobre não estanhados . Esta preparação viciosa dos
pepinos dá lugar á producção de um pouco de ver-
dete que pode ter uma funesta influencia sobre a
saúde dos consumidores. O meio mais simples para
conhecer esta alteração consiste em introduzir no
pepino uma agulha, que se cobre, ao cabo de algum
tempo, de uma camada de cobre metallico, se o pe-
pino contém uma pequena quantidade deste metal .
Esta alteração se conhece com maior exactidão da
maneira seguinte : Queima-se e reduz-se á cinza
uma quantidade de pepinos suspeitos ; as cinzas tra-
tadas pelo acido nitrico diluido são evaporadas até
á seccura, depois o residuo, dissolvido em agua, for-
nece um licor que, no caso em que contenha cobre,
toma côr azul escura pela addição de ammoniaco .
590 RECEITAS DIVERSAS.
Uma chapa de ferro mergulhada nesta solução , aci-
dulada previamente com vinagre, cobre-se de uma
leve camada de cobre metallico .
PERSEVEJOS ( Destruição dos) . Lavar a cama
com a dissolução de 2 partes de sabão verde em
400 partes d'agua fervendo.
Veneno para os persevejos. Aguardente 8 onças,
essencia de terebenthina 2 oitavas , camphora 4 oitava,
sublimado corrosivo 1/2 oitava. Misture, e lave a
cama com esta mistura.
PESO ESPECIFICO ou densidade dos corpos mais
importantes. O peso d'agua distillada , que serve
de termo de comparação, é representado por 4 .
Acido nitrico a 48° 4,54 . Cobalto 7,8449 .
sulfurico a 20° 1,842. Cobre vermelho fundido
Aço temperado 7,8163 . 8,788.
Agata 2,6 . Coral 2,68 .
Agua distillada 4 . Cremor de tartaro 4,607.
de poço 4,002 . Cristal de Bohemia 2,393 .
fervendo 0,963 . do Brasil 2,651 .
do mar 4,0263 . - de Inglaterra , chama-
Alabastro 4,874. do flint-glass 3,3293 .
Alambre 4,078. Diamantes os mais pesa-
Alcool puro 0 , 7947 . dos (de còr rosea) 3,534 .
Amianto 2,9958 . ― os mais leves 3,504 .
Antimonio 6,742 . Emetico 2,245 .
Ar a 40° centigrado , pres- Enxofre fundido 4,99 .
são de 76 centimetros Esmeralda 2,7753 .
pesa 844 vezes menos Espirito de vinho do com-
que a agua distillada . mercio, 33° Cartier ou
Arsenico 8,308 . 85° areometro centi-
Aveia 0.47. grado 0,837.
Azeite doce 0,9453 . Estanho fundido 7,2914.
Bismutho 9,822. Ether sulfurico 0,7455 .
Borax 4,743 . Feijão 0,795 .
Cal carbonatada cristalli- Ferro fundido 7,207.
sada 2,7482. Gelo 0,930.
Carvão de pedra com- Granito cinzento do Egyp-
pacto 4,3292 . to 2,727.
Cevada 0,64. Greda de Hespanha 2,789.
Chumbo fundido 41,3523 . Iman 4,242.
POMADAS. 594
Iodo 4,948. Páu de choupo 0,383 .
Leite de vacca 1,032 . - de cortiça 0,240.
Lentilhas 0,796 . de laranjeira 0,705 .
Linhaça (sementes) 0,634 . --- de mogno 0,809.
Manganez 4,754. de pinho 0,657 .
Marfim 1,947. ― de tilia 0,604 .
Marmore branco 2,746. Pedrahume 4,72.
Mercurio a 0º 13,598. Perolas 2,75 .
Nickel fundido 8,279 . Platina laminada 22.069.
Nitro 1 , 607. Prata fundida 40,4743 .
Oleo de amendoas doces Quina ( casca ) 0,783.
0,917. Sal marinho 2,125 .
Ouro fundido 19,2584 . Vidro de garrafas 2,732 .
Palladium 14,3 . Vinagre branco 4,043.
Páu do Brasil 4,030. Vinho de Bordeos 0,994 .
campeche 0,913 . de Malaga 4,022 .
- de carvalho de 60 an- Zinco fundido 6,864 .
nos, o interior, 4,170 .
PHOSPHOROS . ( Palitos ou páosinhos para ac-
cender fogo . ) Phosphoro 4 partes, chlorato de potassa
2 , gomma arabica 7, gelatina 2. Divide-se o phos-
phoro na gomma arabica reduzida por meio d'agua ao
estado de mucilagem espessa e que deve estar quente ;
derrete -se a gelatina e ajunta -se a mistura phos-
phorea ; moe-se o chlorato molhado e mistura- se com
o resto . Desta maneira obtem-se uma massa com que
se cobrem as pontas dos páosinhos previamente co-
bertas com enxofre ; e depois deixão -se seccar na
estufa .
Com a receita seguinte obtem- se phosphoros que
não estalão quando se esfregão para se accenderem :
Gomma arabica 16 partes , phosphoro 9 , nitro 14 ,
oxydo de manganez 16.
POMADAS . Pomada simples para o cabello.
Banha 2 onças, sebo de carneiro 4 onça . Deite tudo
em agua fervendo , derreta , deixe precipitar as impu-
rezas, e faça escorrer a agua.
Póde-se aromatisar esta pomada com essencia de
rosa, limão , vergamota, canella, etc. , ou com um
dos cheiros seguintes para 46 onças de pomada,
meia onça de um destes cheiros :
592 RECEITAS DIVERSAS .
Cheiros para as pomadas de cabello . 1º Oleo
essencial de vergamota 4 partes , oleo essencial de
limão 2 , oleo essencial de cravo 1 .
2º Oleo essencial de vergamota 8 partes, oleo essen-
cial de limão 8 , oleo essencial de cravo 2 , oleo
essencial de sassafrás 1 , oleo essencial de laranja 1 .
3º Chamado Cheiro de mil flores. Tintura de
ambar gris 16 partes , oleo essencial de limão 42 , oleo
essecial de cravo 4 , oleo essencial de alfazema 1 , oleo
essencial de vergamota 4.
Pomada para o cabello com baunilha . Pomada
rosada 12 onças, baunilha em pó 4 onça , agua 41 onç .
Triture por uma hora , deixe escorrer a agua e
ajunte oleo essencial de limão 24 gottas.
Pomada de canella para o cabello . Pomada sim-
ples 46 onças, oleo de ricino 1 1/2 onça . Faça clarear
pela trituração e ajunte : oleo essencial de canella
1 oitava, tintura alcoolica de jasmim 1 oitava , oleo
essencial de neroli 20 gottas, oleo essencial de limão
45 gottas , oleo essencial de rosas 5 gottas. Póde-se
dar a côr vermelha a esta pomada ajuntando -lhe
orcaneta.
Pomada indiana para o cabello . Sebo de car-
neiro 48 onças, banha 32 onças , cera 8 onças, oleo de
ricino 2 onças, bemjoim 3 onças, almiscar 20 grãos.
Derreta a fogo brando o sebo, a banha e a cera ;
triture à parte o oleo de ricino com o benjoim e
almiscar ; ajunte o sebo, a banha e a cera liquida ,
deixe tudo de infusão por duas horas, decante, e
ajunte :
Oleo essencial de limão 1 onça, oleo essencial de
alfazema 2 oitavas, oleo essencial de cravo 1 oitava ,
oleo essencial de canella 4 oitava, oleo essencial de
verbena 1 oitava .
A addição de benjoim ás pomadas tem a proprie-
dade de conserva-las por mais tempo e impedir que
fiquem rançosas.
Pomada para o cabello ( chamada impropriamente
Banha de urso) . Cera 16 onças, banha 64 onças,
sebo de carneiro 48 onças, azeite doce ou oleo de
amendoas 32 onças. Derreta e ajunte oleo essencial
de cravo 60 gottas , oleo essencial de neroli 20 gottas ,
QUADROS DOURADOS . 593
oleo essencial de alfazema 60 gottas, oleo essencial
de vergamota 90 gottas , tintura de ambar gris
50 gottas, tintura de almiscar 50 gottas .
Pomada para o cabello ( chamada Tutano de
boi. ) Tutano de boi 96 onças, cera 12 onças, esper-
macete 4 onças . Derreta a fogo lento e ajunte : ben-
joim em pó 4 onça . Deixe de infusão por algumas
horas, côe, e ajunte qualquer oleo essencial ou um
dos cheiros indicados na pag. 592 , 3 onças.
Pomada para tingir o cabello, V. pag. 560.
PRATA (Modo de limpar os objectos de) . O gesso
(blanc d'Espagne ) , applicado molhado sobre os
objectos que se quer limpar, e esfregado depois de
secco, é o modo mais efficaz e menos dispendioso .
O meio seguinte é infaillivel para branquear as
colheres, castiçaes e os outros objectos de prata :
Dissolva em agua partes iguaes de sal ammoniaco ,
pedrahume, sal de tartaro (sub-carbonato de potassa) ,
e ferva n'esta dissolução os objectos de prata pelo
tempo que se julgar necessario : todos estes objectos
ficarão muito brancos.
Composição para limpar a prata. Cremor de
tartaro 1/2 onça , sal de cozinha 1/2 onça , pedra-
hume 1/2 onça, agua 24 onças . As colheres, os garfos
e outros utensilios de prata fervidos n'esta composi-
ção ficão muito brilhantes.
PURIFICAÇÃO dos quartos dos doentes . Collocar
no quarto um ou dous pratos com dissolução de
chlorureto de cal ( 1 onça de chlorureto de cal para
4 libra d'agua) . Podem tambem fazer-se regaduras
no quarto com este liquido ou com agua de Labar-
raque. Os vapores das substancias odoriferas quei-
madas, taes como a alfazema , o vinagre, o incenso,
o assucar, etc. , não purificão o ar, porque não fazem
senão encobrir por um instante os cheiros fetidos
sem destruirem os miasmas , e em vez de purifica-
rem , vicião ainda mais o ar.
QUADROS DOURADOS ( Modo de limpar os).
Tome-se claras de ovos 3 onças , agua de Javelle
▲ onça , bata-se tudo junto e limpem-se os quadros
com uma escova macia molhada n'esta mistura. O
594 RECEITAS DIVERSAS.
dourado recupera immediatamente a sua frescura.
Depois é preciso dar ao quadro uma camada de
verniz de que se servem os douradores.
RATOS E CAMONDONGOS . Veneno arsenical
para a destruição dos ratos e outros animaes no-
civos . Sebo derretido 16 onças , farinha de trigo
46 onças, acido arsenioso em pó fino 4 4/2 onça , pós
de sapato 4 oitava , oleo essencial de aniz 20 gotlas .
Derreta o sebo n'uma tigela de barro, ajunte as ou-
tras substancias e misture exactamente. Esta massa
póde ser empregada tal como acaba de ser formu-
lada , ou misturada com as substancias que costumão
comer os animaes que se quer destruir.
Veneno phosphoreo para a destruição dos ratos
e outros animaes damninhos . Phosphoro 4 onça ,
agua fervendo 20 onças, farinha de trigo 20 onças,
sebo derretido 20 onças, oleo commum ou azeite
doce 20 onças, assucar 24 onças. Deite o phosphoro
em agua fervendo e n'um almofariz de louça mui
limpo ; quando o phosphoro estiver dissolvido, ajunte
por porções a farinha, mexendo continuamente com
uma espatula de pão ; estando esta primeira mistura
quasi fria, deite pouco a pouco o sebo derretido mas
pouco quente, azeite e assucar, e mexa até esfriar.
Conserva-se esta massa em potes tapados . Para em-
prega-la é preciso estendê-la em camadas finas sobre
fatias de páo mui delgadas . Os ratos a comem e
morrem logo.
RETRATOS . Modo de limpar os retratos e as
pinturas a oleo. A lavagem com clara de ovo é o
modo mais simples e mais usado.
Se este meio não for sufficiente póde empregar-se
ou uma dissolução de sal de tartaro dissolvida em
agua , principiando por uma fraca solução , que se
faz depois um pouco mais forte ; ou uma dissolução
de borax ; ou, emfim, a agua de cal pura . A potassa,
o sabão e a aguardente são agentes mui activos , que
só com muita reserva pódem empregar-se.
SAL DE COZINHA . Modo de conhecer a falsi-
ficação do sal de cozinha . O sal é ás vezes falsificado
com gesso ou alabastro gessoso . Para descobrir esta
fraude, basta por uma certa quantidade de sal em
TARTARUGA. 595
contacto com agua por exemplo, 1 parte de sal e
4 partes d'agua . O sal falsificado dará uma dissolução
de um branco leitoso, entretanto que a dissolução
obtida com o sal puro, é de um verde amarellado .
É facil tambem conhecer, pelo volume do precipi-
tado, se o sal não foi misturado, e com quaes pro-
porções , a outras substancias insoluveis , verbi
gratia , á areia , fraude que é tambem ás vezes pra-
ticada.
SANGUESUGAS . Modo de utilisar as sangue-
sugas que tem servido. Mettem-se numa mistura
composta de 4 parte de vinho e de 8 partes d'agua
commum na temperatura de 10° a 20° centigrados.
Principiando ellas a desembaraçar-se do sangue ,
tirão-se deste banho, e comprimem -se brandamente
entre o dedo pollegar e o index , e por pressões rei-
teradas e moderadas, empurra-se do lado da bocca
e faz se sahir todo o sangue que chupárão . Estando
assim desembaraçadas , lavem - se por duas ou tres
vezes na agua ordinaria, depois mettão-se numa vasi-
lha de vidro ou barro cheia d'agua que se cobre com
talagarsa .
SAQUINHOS CHEIROSOS para pôr nas ga-
vetas com roupa. Folhas seccas de rosas cheirosas
500 partes, pós de lirio florentino 500 , cravos da
India em pó 32 , moscadas em pó 32 , sementes de
ambreta em pó 60. Misture e feche nos saquinhos.
SEDA. Modo de limpar as fazendas de seda.
Sabão 8 onças , mel de abelha 4 onças, aguardente
46 onças. Derreta- se o sabão e o mel sobre o fogo,
na aguardente . Descosa-se o vestido , estendão-se os
pedaços sobre uma mesa , esfreguem-se de ambos os
lados com uma escova de clina molhada n'esta mis-
tura, enxagoem-se em tres ou quatro aguas , sem
torce-los. Deixem-se escorrer e seccar, e depois en-
gommem-se ao avesso .
SUCCINO ou Alambre . Modo de soldar os dous
pedaços de succino . Molhem-se as superficies que
se quer soldar com uma solução de potassa caustica,
e apertem-se uma contra outra .
TARTARUGA . Modo de soldar a tartaruga.
Limem-se as duas extremidades obliquamente de
596 RECEITAS DIVERSAS.
modo que se ajustem bem , ponha - se então uma
sobre outra do modo que devem ficar depois de sol-
dadas , envolvão-se em um bocado de papel grosso
dobrado em quatro, e atem-se com uma linha. En-
tretanto ponha-se ao lume uma pinça ou um d'estes
ferros de que os cabelleireiros se servem para pôr
papelotes, ou qualquer outro instrumento analogo
que possa abarcar toda a largura das extremidades
que se querem soldar, e apertem-se até sentir-se que
a tartaruga começa a amollecer-se ; deixa-se esfriar
e as duas peças se achão soldadas.
Póde-se tambem soldar a tartaruga, mettendo as
peças que se querem soldar, depois de bem ajustadas
e sujeitas por uma imprensa, em agua fervendo , até
amollecerem-se.
TINTAS DE ESCREVER. Tinta preta . Galhas
4 onças , caparrosa verde 2 onças , gomma arabica
2 onças, agua fervendo 64 onças. Deite a agua fer-
vendo sobre as galhas machucadas ; depois de 24 ho-
ras de maceração, côe por panno de linho , e ajunte
a caparrosa e a gomma.
Pode-se ajuntar uma colher de sopa de tintura de
alfazema , para impedir o môfo . Esta tinta adquire
com o tempo uma côr preta muito intensa .
Ajuntando-se a esta tinta 1 onça de assucar candi
em pó e meia onça de sal de cozinha , obtem-se uma
tinta luzidia que póde servir para copiar cartas .
Tinta encarnada . Páo brasil 4 onças , vinagre
16 onças. Macere por 3 dias, depois ferva, filtre, e
ajunte gomma arabica meia onça, pedra-hume meia
onça, assucar meia onça.
Outra receita de tinta encarnada . Páo brasil
4 onças, agua 24 onças . Ferva até ficar em 12 onças ;
ajunte gomma arabica 2 oitavas, pedra-hume 2 oitav.
Tinta rôxa. Campêche 4 onças, agua 32 onças .
Ferva até ficar em 16 onças , côe, e ajunte gomma
arabica 6 oitavas, pedra-hume 9 oitavas.
Tinta azul . Anil meia onça, carbonato de potassa
meia onça, sulfureto de arsenico meia onça , cal viva
4 onça , agua 25 onças . Ferva até á solução completa ;
côe, e ajunte gomma arabica pulverisada 1 onça.
Outra receita de tinta azul. Azul de Prussia
TINTAS DE ESCREVER. 597
40 oitavas, acido oxalico 2 oitavas. Triture com quan-
tidade sufficiente d'agua para formar uma massa
homogenea, que se dilue com bastante agua para se
obter uma tinta azul.
Tinta verde. Verdele (acetato de cobre) 4 oitavas ,
cremor de tartaro 2 onças e meia , agua 20 onças .
Ferva até reduzir á metade, e còe.
Tinta branca para adega. Prepara- se diluindo
um pouco de alvaiade em essencia de terebenthina.
Com esta composição escreve- se directamente sobre
o vidro das garrafas que se desejão conservar por
muito tempo na adega.
Tinta indelevel para marcar roupa . Solução nº 4
(mordente) . Carbonato de soda 2 oitavas , gomma
arabica 2 oitavas, agua distillada 4 onças.
Solução nº 2. Nitrato de prata 2 oitavas, gomma
arabica 2 oitavas, agua distillada 4 onça.
Molhe com a solução nº 4 o lugar da roupa em que
se deve marcar, deixe seccar e escreva com a solução
nº 2. Em vez de escrever com uma penna, póde-se
usar de um sinete de buxo ou de algum outro pȧo,
gravado em relevo. Pôe-se então n'um pires um pe-
daço de panno de lãa molhado na solução nº 2 , appli-
ca-se o sinete sobre este panno, e depois sobre a
roupa que se quer marcar.
Pode-se obter uma tinta para marcar roupa sem
nitrato de prata da maneira seguinte :
Limalha de ferro 1 onça , acido pyrolignoso 4 onç.
Dissolva a calor brando . Ajunte agua 5 onças , sulfato
de ferro 4 onça , gomma arabica meia onça . Misture,
e ajunte ainda uma pouca de tinta preta ordinaria
para dar côr. Esta tinta não é tão fixa como a outra
preparada com nitrato de prata.
Õutra tinta para marcar roupa . Dissolvão - se
36 grãos de gomma arabica e 54 grãos de prussiato
de potassa cristallisado em 162 grãos d'agua distil-
lada . Molhe-se n'esta dissolução o lugar da roupa
que se quer marcar, e deixe-se seccar. Depois es-
creva-se com a tinta preparada da maneira seguinte :
Ferva-se por meia hora 2 oitavas de noz de galha
machucada , em quantidade sufficiente d'agua, cõe-se
e ajunte-se 1 oitava de sulfato de ferro.
598 RECEITAS DIVERSAS .
Tinta azul para marcar roupa . Nitrato de prata
cristallisado 400 grãos, ammoniaco 300 grãos , car-
bonato de soda cristallisado 400 grãos, gomma pul-
verisada 150 grãos, sulfato de cobre 30 grãos , agua
distillada 380 grãos . Dissolva o nitrato de prata no
ammoniaco ; faça as dissoluções do carbonato de soda
e do sulfato de cobre n'uma porção d'agua distillada
quente ; depois, logo que as duas dissoluções fiquem
frias, junte-lhes a dissolução da gomma arabica feita
no resto d'agua distillada fria , e ajunte depois a so-
lução do nitrato de prata no ammoniaco . Deixe depòr
por 24 horas e còe.
Tinta para hortas. Para por letreiros sobre o
zinco , os jardineiros se servem de chlorureto de
platina dissolvido em agua , ou de uma solução de
sulfato de cobre misturada com pós de sapato . Esta
tinta é indestructivel . Os boticarios pódem emprega-
la para fazer letreiros metallicos para a adega.
Tintas sympathicas. Chamão - se tintas sympa-
thicas preparações com que se escreve em papel ,
mas que só se tornão apparentes por meio de uma
reacção . Estas tintas tem sido empregadas para cor-
respondencias secretas : n'este fim, entre as linhas
escritas com tinta ordinaria existia uma outra linha
que não era visivel senão para o correspondente,
instruido com anticipação da maneira de fazer reap-
parecer os caracteres .
1a receita . Dissolva 4 oitava de caparrosa verde
em 3 onças d'agua , e escreva com este liquido . As
letras não são visiveis , ou pelo menos não são legi-
veis ; para fazê-las apparecer é preciso molhar o
papel n'uma decocção de galhas.
2a receita. Dissolva em agua um pouco de polvilho
e escreva com esta solução , que fica invisivel . Para
fazer apparecer a escripta é preciso passar por cima
della um pincel molhado na tintura de iodo.
As letras adquirem então uma còr azul purpurea ,
que só desapparece muito tempo depois de estar o
papel exposto ao ar.
3a receita. As letras escriptas com hydrochlorato
de cobalto dissolvido em agua são invisiveis , mas
tomão uma cor verde quando se approxima o papel
VIDRO. 599
do fogo, e desapparecem pelo resfriamento, se o papel
não foi mui fortemente aquecido.
4a receita. Escrevendo com acido sulfurico dissol-
vido em seis partes d'agua, ou com sumo de cebola,
ou simplesmente com leite , apparecem as letras
approximando-as do fogo.
Tinta da China. Mistura de pós de sapato , colla
e certas essencias ou cheiros .
Tinta indelevel. 4a receita . A 48 onças de boa
tinta ordinaria ajuntem-se 10 oitavas de anil em pó
e 6 oitavas de pós de sapato diluidos em 4 onças de
alcool.
2a receita. Dilue-se em agua certa quantidade de
acido muriatico de sorte que não marque mais que
de 1 até 5 grãos no areometro de Baumé, equiva-
lendo em densidade a 4,040 . Com 4 oitava de tinta
da China e 2 libras d'esta solução póde- se fazer uma
tinta indelevel que resiste à humidade e a diversos
agentes chimicos que possão ser empregados para
apaga-la.
TINTEIROS DE LOUÇA (Modo de limpar os) .
Acontece muitas vezes, que as nódoas de tinta de
escrever não se podem tirar com agua simples : é
preciso então recorrer ao vinagre forte, ou ao sal de
azedas dissolvido em agua.
Traça. V. Bichos dos livros, "pag. 560 .
VERMUTH (licor amargo) . Chamedrys ( teu-
crium chamaedrys) 12 partes, inula campana 42,
acoro 12 , quina 42 , canella 42 , quassia 8, cravo 8 ,
coentro 20, aniz estrellado 20 , sabugueiro 16 , ata-
nasia 46 , casca de laranja 24 , cardo santo 16 , cen-
laurea menor 16 , losna 16, noz moscada 4 , galanga
4, vinho branco generoso 8,000 . Macere por 8 dias
e côr. Licòr estomachico .
VERNIZ. Verniz para as encadernações dos
livros. Sandaraca 8 onças , mastiche 8 onças, gomma
lacca 5 onças , terebenthina 8 onças, alcool a 36°
6 libras .
VIDRO. Composição do vidro de garrafas.
Areia amarella 400 partes, soda bruta de plantas
marinhas 200 , cinza 50 .
Vidro de vidraças . Areia 100 partes , greda 35
600 RECEITAS DIVERSAS .
a 40, carbonato de soda secco 28 a 35, vidro que-
brado 60 a 80.
Modo de escrever sobre o vidro. Applique-se
uma camada de verniz sobre o vidro, e quando o
verniz ficar secco , escreva-se com a ponta de um
canivete , e tirando o verniz , as letras que se quer
marcar ; estenda-se sobre estas letras uma camada
pouco espessa de spatho fluor em pó e de acido sul-
furico cencentrado. Depois de algumas horas de con-
tacto, lava-se e o vidro acha-se bastantemente roido.
Modo de limpar as garrafas de vidro ou cristal.
Rasgue em pedaços papel pardo e deite os com agua
na garrafa, ajunte casca de ovo quebrada em pedaços,
sacuda bem tudo ; com um outro pedaço de papel
pardo, faça uma bola, e esfregue com ella o exterior
da garrafa ; despeje a garrafa, lave por duas ou tres
vezes com a nova agua.
Para limpar os copos, é preciso esfrega-los por
fora e por dentro com a bola de papel pardo molha-
do, contendo dentro alguns pedaços de casca de ovo .
O gesso diluido em agua convem tambem para
limpar o vidro .
Modo de tirar o lustro ao vidro . Esfregar circular-
mente o vidro com pós de esmeril pegados a uma
rolha de cortiça molhada em agua ; ou expòr o vidro
á acção do acido fluorico , quer liquido, quer em
vapor.
Chama-se ainda vidro deslustrado ou vidro mate
vidro simples coberto de uma leve camada de pin-
tura com azeite, branca ou parda : esta pintura
applica-se com um pequeno tampão com que se
esfrega leve e circularmente , até que o vidro esteja
regularmente cuberto de pintura.
Vidros de lampiões. Modo de impedir que se
quebrem pelo calor os tubos de vidro de lam-
piões . Consiste em fazer um pequeno corte na base
do tubo com o diamante, afim de que o tubo tenha
uma solução de continuidade. É o vidraceiro que
faz o corte.
Modo de dar aos copos e mais vasos de vidro a
propriedade de resistir á mudança subita de tem-
peratura. Metta-se o copo num vaso com agua fria que
VINHO. 601
o cubra de todo ; faça-se aquecer a agua gradualmente
até ferver, e deixe-se esfriar pouco a pouco com o copo
dentro . Assim tratados os vasos de vidro resistem
á agua a ferver sem ser necessario repetir a operação,
por ser indestructivel a qualidade que elles tem
adquirido .
Papel de vidro , pag. 545 .
VINAGRE cosmetico de Bully. Agua 7,000 par-
tes, alcool 3,500, essencia de vergamota 30 , de limão
30, de Portugal 12 , de alecrim 24 , de alfazema 4 ,
neroli 4 , alcool de melissa 500. Mexa, e depois de
24 horas ajunte infusão de benjoim 60 , de tolu 60 ,
de estoraque 60, de cravos da India 60. Torne a
mexer e ajunte vinagre distillado 2,000 . Filtre pas-
sadas 12 horas e ajunte emfim vinagre radical 90 .
Vinagre cosmetico da sociedade hygienica de
Pariz. Alcool a 32° 100 litros, espirito de melissa
45 litros, de alecrim 10 litros , de alfazema 40 litros,
essencia de vergamota 1,000 grammas, de laranja
azeda 600 gram ., de limão 400 gram . , de laranja
350 gram. , de neroli 200 gram . , de hortelã 450 gram. ,
de thymo 150 gram. , de cravos 50 gram . , de canella
25 gram. , de verbena 150 gram. Misture tudo e dis-
tille no banho maria 126 litros ; deixe macerar por
um mez no terço d'estes 126 litros, 15 kilogr. de
lirio e 2 kilogr. de balsamo de tolu . Filtre . Reuna ao
resto do producto distillado e ajunte 15 litros de
acido acetico a 8°. Filtre passadas 24 horas.
VINHO. Modo de remediar o azedume do
vinho. Deite num barril de 230 litros 16 libras
( 8 kilogr. ) de assucar máscavado dissolvido numa
pequena quantidade d'agua , deixe fermentar, e tras-
fegue o vinho para outra vasilha .
Outro modo . Ajunte ao vinho uma quantidade con-
veniente de cremor de tartaro , 6 a 9 onças ( 192 a
280 grammas ) para un barril de 230 litros de vinho .
Terceiro modo. Quando o vinho em vasilha prin-
cipia a ficar azedo, é preciso trasfega-lo para outra ,
vasilha e colla- lo ; alguns dias depois repete-se_a
mesma operação, e muitas vezes esta dupla operação
é sufficiente para impedir os progressos da fermen-
tação acida .
34
602 RECEITAS DIVERSAS.
Quarto modo. Se o gosto azedo já fòr bastante
pronuuciado, tomão-se 30 a 40 nozes para uma
vasilha de 230 a 250 litros , quebrão-se , torrão-se
como café, e deitão -se quentes na vasilha, de que se
tirou previamente 5 a 6 garrafas de vinho ; colla - se
ao mesmo tempo fortemente o vinho, e mexe-se o
liquido ; enche-se e tapa-se a vasilha ; 6 horas mais
tarde trasfega-se com precaução e deixa-se assentar
o vinho , até ficar perfeitamente claro . Em falta de
nozes, onças de trigo assado em grelhas podem
produzir o mesmo effeito .
Amargor do vinho . Esta alteração manifesta-se
nos vinhos guardados por muito tempo . Remedeia-
se, pelo menos em parte , misturando o vinho assim
alterado com igual quantidade de vinho da mesma
natureza porém mais novo . Colla- se e mette-se nas
garrafas . Este vinho deve ser consumido immedia-
tamente.
Gosto de vasilha . Esta alteração é ordinariamente
devida ao desenvolvimento do mofo. Corrige-se tras-
fegando o vinho para outra vasilha , e deitando n'elle
um copo de azeite doce ; bate-se fortemente com va-
rinha e deixa-se assentar para separar o azeite que
sobrenada .
Adstringencia dos vinhos . Ha vinhos , e sobretudo
os de Bordeos que tem um gosto acerbo pronunciado
de mais corrige-se este gosto collando o vinho
muitas vezes .
Gordura dos vinhos . Os vinhos que experimentão
esta alteração adquirem uma consistencia viscosa .
Corrige-se a ajuntando a um barril meia onça de
tannino .
Obtem-se o mesmo resultado empregando 8 onças
de cremor de tartaro e igual quantidade de assucar
mascavado dissolvido em 12 garrafas de vinho aque-
cido até á ebullição . Deita-se esta mistura no vinho ,
e bate-se este por um quarto de hora com uma va-
rinha.
Um outro modo igualmente bom consiste em deitar
na vasilha 3 onças, pouco mais ou menos, de caroços
de uvas reduzidos a pó. Mexe-se fortemente o vinho,
e colla-se dous dias depois .
ZINCO . 603
Vinhos toldados. Os vinhos estão sujeitos a uma
alteração que lhes dá um sabor e cheiro desagrada-
vel : a materia colorante torna-se roxa e quasi preta .
Se esta alteração já é antiga , se , verbi gratia , já
passa de um anno , é mui difficil remedia- la . No
caso contrario póde restabelecer- se um vinho toldado
ajuntando - lhe meia onça de acido tartarico para
400 litros de vinho.
Vinhos turvos. A elevação da temperatura basta
ás vezes para produzir nos barris uma fermentação
que põe em movimento as fezes, e torna turvo o vi-
nho. Deve-se n'este caso trasfegar o vinho para uma
vasilha em que se tenha queimado enxofre . Colla-se
depois e torna-se a trasfega-lo .
Vinhos azues . Os vinhos devem esta côr à uma
alteração levemente putrida. Se esta alteração não é
mui antiga ném mui pronunciada póde-se remediar
ajuntando ao vinho uma pequena quantidade de acido
tartarico .
Modo de collar os vinhos. Os vinhos tintos collão-
se com claras de ovos . Para um barril de 220 litros
emprega-se 6 claras de ovos, que se mistura com
uma pouca d'agua ou com meia garrafa de vinho
tirado do barril mesmo, e bate-se com varinha ;
depois deita-se tudo no barril , e mexe-se com uma
vara. Depois de assentado o vinho por doze ou quinze
dias, mette-se nas garrafas .
Para collar os vinhos brancos, emprega-se a colla
de peixe, 6 oitavas ( 24 grammas) de colla para um
barril de 220 litros .
Visco marinho . V. pag. 560 .
ZINCO . Modo de limpar os objectos de zinco .
O oxydo de zinco que cobre os objectos fabricados
com este metal , desapparece esfregando o objecto
com uma escova molhada na mistura de 1 parte de
acido sulfurico e 30 partes d'agua . Depois lavão- se
os objectos na agua pura .
MEMORIAL

THERAPEUTICO

OU

INDICAÇÃO ABREVIADA DOS MEIOS EMPREGADOS


NO TRATAMENTO DAS MOLESTIAS .
Os algarimos indicão as paginas , onde se achão as formulas
ou os medicamentos designados neste Memorial.

ABATIMENTO . Exercicio , distracções, alimen-


tação succulenta, composta de carnes, peixes, ovos,
tapioca, vinho generoso ; banhos frios do mar ou de
rio. Vinho de quina 435. Vinho de quina e cacáo 437.
Ferro reduzido pelo hydrogeneo 287.
ABCESSOS AGUDOS . Cataplasma de linhaça .
Puncção ou incisão no lugar mais declive. Abrir cedo
todos os abcessos que se avizinhão de uma articula-
ção ou cavidade splanchnica . Compressão expulsiva.
Deixar abrir -se por si os abcessos superficiaes ou
pouco extensos , cobrindo - os com cataplasmas de
linhaça , de miolo de pão, ou com emplasto diachy-
lão 24. Nos abcessos mui dolorosos empregar cata-
plasmas calmantes 367 , 409. Limonadas de limão ,
laranja, tamarindos . Purgantes brandos 540. Depois
de aberto o abcesso curar a ferida com cataplasma
de linhaça ou com ceroto simples 224 .
Abcesso do figado . Praticar a abertura com o bis-
turi na parede abdominal , e sobre o ponto em que se
mostra o tumor, ou então applicar a massa caustica
de Vienna 428.
Abcesso da fossa iliaca . Cataplasmas de linhaça e
semicupios d'agua quente . Abrir o abcesso logo que
a fluctuação estiver evidente, e favorecer o esgoto do
pus , aconselhando ao doente que se deite sobre o
lado ou sobre o ventre .
Abcesso da garganta . Abrir com o bisturi logo
que e tumor ficar molle . Gargarejo emolliente 129 ,
acidulo 543.
AFFRONTAÇÃO. 605
Abcesso da palma da mão . Cataplasmas de li-
nhaça . Manuluvios d'agua quente simples, ou com
folhas de malvas . Posição elevada da mão . Incisão
logo que a fluctuação estiver sensivel .
Abcesso do seio. Cataplasmas de linhaça . Pur-
gantes catharticos 540. Puncção . Suster e compri-
mir o seio depois de cada evacuação purulenta, afim
de approximar as paredes do foco.
Abcessos chronicos ou frios. Abrir cedo . Injecções
estimulantes com vinho de quina, decocto de quina,
tintura de myrrha diluida em agua , etc. Excisão dos
tegumentos despegados . Curativos com unguentos ir-
ritantes, como basilicão 245 , unguento da mãi 351 ,
de estoraque 278, digestivo 496, d'Arceus 496 , de
Genoveva 496. Medicamentos tonicos 542. Regimen
analeptico .
Abcessos por congestão. Abrir pela puncção e im-
pedir a entrada do ar. Oleo de figado de bacalháo 401 .
Medicamentos tonicos 542. Vinho. Regimen analep-
tico . Banhos quentes aromaticos 274. Banhos do mar.
ABORTO. Tratamento preservativo . Situação
horizontal e repouso prolongado cinco ou seis sema-
nas pelo menos, além da época dos abortos antece-
dentes. Abstinencia dos prazeres conjugaes . Applicar
no ventre pannos molhados em agua fria e vinagre.
Tratamento palliativo . Se o aborto for inevitavel ,
é preciso espera-lo sem atormentar a doente com re-
medios inuteis . Declarando -se uma grande hemor-
rhagia , recorrer-se-ha ao tampão com mechas de fios.
Depois da sahida do feto , a mesma medicação e os
mesmos cuidados que no parto ordinario.
Acidez. V. Azia.
Acne. V. Espinha carnal.
ADHERENCIAS VICIOSAS . Destrui-las por dis-
secções delicadas, e oppôr-se á sua nova formação ,
introduzindo entre as partes divididas pequenas tiras
de panno fino. V. Cicatrizes viciosas .
ADYNAMIA. Quina e suas preparações . Vinho
puro. Fricções alcoolicas sobre a pelle. Medicamen-
tos tonicos. V. Febre typhoide.
AFFRONTAÇÃO . Escalda - pés com farinha de
34.
606 MEMORIAL THERAPEUTICO .
mostarda. Tirar todos os vestidos e todos os atilhos
que podem pôr obstaculo á circulação e á respiração.
Pôr o doente n'uma cadeira de braços ou n'uma cama,
sustentando-lhe o corpo com almofadas ; dar-lhe a
beber algumas colheres d'agua fria com assucar e
agua de flor de laranja, ou com 10 gottas de ether
sulfurico. Dar-lhe a respirar vinagre . Sangria havendo
plethora . Tratar as causas . V. Asthma, Aneurisma do
coração, Hysterismo.
Afogados ( Soccorros aos) . V. Asphyxia.
AGALACTIA. Falta de leite nas amas. Cata-
plasmas de linhaça quentes no seio . Fricções no seio
com alcoolato de alfazema . Chupar os peitos repetidas
vezes . Alimentação composta principalmente de sub-
stancias farinaceas, como feijões, arroz , cangica, etc.
Ás vezes a agalactia depende da prenhez da ama , é
preciso então mudar de ama . Outras vezes, porém,
depende da metrite , peritonite , tisica incipiente :
convem então combater as causas .
ALBINISMO geral e parcial . Não ha tratamento
que o cure .
Albugo. V. Belidas da cornea .
Albuminuria. V. Ourinas albuminosas.
ALIENAÇÃO MENTAL ( Mania, Melancolia, De-
mencia) . Tratamento moral e hygienico . Exercicios,
Cultura de jardim e outros trabalhos manuaes . Banhos.
Embrocações . Isolamento quando elle fòr necessario
para o tratamento geral e para a segurança publica.
Narcoticos 538. Anti-spasmodicos 523. Purgantes
539. Causticos na nuca. Regimen brando .
´Almorreimas. V. Hemorrhoidas.
ALOPECIA ou Calvicie . Nada se deve fazer se fôr
senil . Nos casos contrarios, tratar as causas . Anti-
syphiliticos 523. Anti-dartrosos 524. Tonicos 542 .
Regimen analeptico . Pomada de Dupuytren contra a
quéda do cabello 203. Pomada de Schneider 203. Po-
madas preparadas com extracto de quina, gomma
kina, balsamo peruviano, benjoim . Lavar a cabeça
com dissolução de sulfureto de potassa, com agua
saturada d'agua de Colònia. Lavatorio anti-psórico
de Biett 488. Lavatorio de Barlow 488. Cortar è rapar
AMENORRHÉA . 607
frequentemente a cabeça , se o cabello principiar a
cahir.
Alopecia palpebral . Tocar a margem da palpebra
com pedra infernal, com agua de creosata 255. Ceroto
sulfureo 270.
Alporcas. V. Escrophulas.
AMARGOR DE BOCCA. Chá de macella . Rhui-
barbo . Pós estomachicos 188 , 307 , 435.
AMAUROSE ou Gota serena. Enfraquecimento ou
perda total da vista, sobrevinda sem haver obstaculo
algum ao accesso dos raios luminosos no fundo do olho.
Amaurose incompleta ou que está no principio .
Trabalhar pouco á luz. Usar de oculos coloridos . Tra-
zer habitualmente os antolhos verdes. Banhos frios do
mar ou de rio. Lavar o rosto e a cabeça com agua
fria. Lavar os olhos com agua fria misturada com um
pouco de rhum, espirito de vinho, agua de Colonia
ou aguardente camphorada . Vida regular ; evitar
excessos, de qualquer genero. --- Amaurose decla-
rada. Purgantes 539. Pediluvios sinapisados . Caus-
ticos, fontes , sedenhos na nuca. Fricções mercuriaes
pela testa e fontes. Evitar a luz viva. Provocar os
menstruos , as hemorrhoidas , se a amaurose depen-
der da suppressão destes fluxos . Fumigações estimu-
lantes com balsamo de Fioraventi 496 , ammoniaco,
ether . Estas fumigações fazem-se derramando algumas
gottas das substancias indicadas sobre a palma da mão
e approximando esta ao olho . Uso do rapé. Pomada de
Gondret sobre o trajecto do nervo frontal 138. Em-
brocação ophthalmica de Sichel 439. Vesicatorios á
região supra - obitaria . Curativo d'estes vesicatorios
com strychnina 475. Collyrio de Henderson 476. Lini-
mento de Furnari 476. Älcool de veratrina em fric-
ções 544. Sedenhos . Emetico . Aguas mineraes ferreas,
sulfureas. Arnica . Moscho. Camphora . Valeriana . Opio.
Belladona. Aconitina . Electricidade . Galvanismo . Leve
applicação de nitrato de prata á circumferencia da
cornea.
Amaurose verminosa . Anthelminticos 521 .
Amblyopia. V. Amaurose , porquanto a amblyopia
é o seu primeiro gráo.
AMENORRHÉA e Dysmenorrhéa . Falta da mèn-
608 MEMORIAL THERAPEUTICO .
struação e menstruação difficil . - Antes de tudo , é
preciso descobrir a natureza e a causa da molestia.
Pediluvios sinapisados. Evitar o frio e a humidade .
Fugir as emoções moraes mui vivas . Ventosas seccas
no hypogastrio, face interna das coxas ou na região
lombar, nas mesmas épocas . Sinapismos nas coxas .
Dirigir ao utero vapores d'agua quente ou de infu-
sões aromaticas . Eis-aqui como se procede. Mettem-
se no ourinol folhas de salva, thymo, hortelã ou alfa-
zema, e por cima d'ellas deita-se agua fervendo ; a
doente senta-se no ourinol com precaução, e recebe
as fumigações por espaço de 40 a 15 minutos ; mette-
se depois na cama, e antes de adormecer bebe uma
chicara de chá de tilia. As fumigações d'agua quente
simples produzem tambem bom resultado . Emmena-
gogos 529. Açafrão . Sabina . Arruda . Artemisia . Ab-
sinthio . Centeio espigado . Pilulas de Blaud 297. Pilulas
de ferro e aloes 289. Pilulas de Vallet 297. Aloes . Cas-
toreo . Ferro reduzido 287. Pilulas de Rufus 125. Pós
emmenagogos 389, 451. Suppositorio irritante no
recto 154. Pilulas emmenagogas 78. Poção emmena-
goga 79, 140 , 451. Emulsão emmenagoga 78. Poção
de Raciborski contra a dysmenorrhéa 140. Ferro e
suas preparações. lodureto de ferro. Banhos frios
d'agua corrente. Banhos do mar. Banhos aromaticos
274. Medicamentos tonicos 542. Fricções seccas sobre
a pelle. Banho de assento com farinha de mostarda.
Insolação, exercicios, passeios a cavallo, habitação
no campo, vinho, regimen analeptico, se a amenor-
rhéa provem da fraqueza de constituição . Sangria do
braço ou do pé , se a suppressão dos menstruos é
subita e acompanhada de accidentes febris. Antispas-
modicos, narcoticos e banhos mornos, se depende de
extrema irritabilidade . Fazer a incisão do hymen, se
a amenorrhéa é occasionada pela imperfuração desta
membrana.
AMOLLECIMENTO DO CEREBRO . Molestia ca-
racterisada no cadaver pela diminuição de consisten-
cia da polpa cerebral , e durante a vida por um en-
fraquecimento gradual das faculdades intellectuaes, do
movimento e sentimento ; diminuição da memoria , falla
difficil, e nos casos mais graves , pela paralysia geral .
ANASARCA . 609
- Sangria ao principio. Purgantes repetidos 540.
Causticos na nucca. Fonte no braço.
AMOLLECIMENTO DAS GENGIVAS . Colluto-
rios com tintura de cochlearia e alcool camphorado.
Collutorio de borax 478. Electuario gengival 246 .
Gargarejos adstringentes 131 , 179 , 305 , 441 , 448 ,
493. Tintura gengival 438. Purgantes 539. Regimen
vegetal. Fructos acidos. V. Estomatite.
AMOLLECIMENTO DA MEDULLA ESPI-
NHAL. Entorpecimento do corpo , paralysia progres-
siva da bexiga e dos membros inferiores, se o amolle-
cimento existe na região lombar ; respiração difficil e
paralysia dos membros superiores se existe na região
dorsal ou cervical . -
— Causticos e fontes no lugar da
dôr. Banhos geraes mornos . Banhos do mar. Aguas
sulfurosas 114. Caldas da Rainha. Purgantes 540.
Iodureto de ferro 334. Oleo de figado de bacalhảo 401 .
Amollecimento dos ossos. V. Rachitismo .
Amygdalite. V. Pharyngite.
ANAPHRODISIA. Ausencia dos desejos vene-
reos. - Tonicos e analepticos . Vinhos generosos. Boa
alimentação . Privar-se por algum tempo da sociedade
das mulheres . Se os estimulantes são indicados, de-
vem ser empregados com prudencia. Pós aphrodisia-
cos 123 , 133. Pastilhas mogolas 254. Mistura aphro-
disiaca 203. Baunilha 174. Cantharidas 200. Banhos
aromaticos 274. Gengibre 208. Nada se deve fazer
contra a que depende da velhice ou do defeito de orga-
nisação. V. Impotencia viril.
ANASARCA. Accumulação de serosidade no te-
cido cellular subcutaneo. Bebidas diureticas 528 ,
sudorificas 544. Digital 264. Pós diureticos 263, 462 .
Pilulas de Dupuy 263. Poção diuretica 82 , 88 , 264. Li-
nimento diuretico 264. Colchico . Poção de Harless 140.
Mistura diuretica de Hildebrand 243. Scilla . Pilulas
scilliticas 462. Pilulas diureticas 272 , 463. Decocção de
scilla composta 463. Nitro 389. Fricções com tintura
de digital e scilla . Purgantes drasticos 540. Oleo de
croton tiglium. Vesicatorios . Escarificações . Banhos
de vapor . Fumigações de bagas de zimbro. Leite..
Cebolas. A anasarca que é consequencia de febres
intermittentes cede ao vinho de quina 435 .
640 MEMORIAL THERAPEUTICO .
ANEMIA . Ferro e outros tonicos 542. Banhos aro-
maticos 274. Insolação . Exercicios . Regimen analep-
tico. Vinho . Vinho de quina 435. Fricções nas pernas
e braços com linimento de Rosen 384.
ANEURYSMA DA AORTA. Repouso do corpo
e espirito . Regimen mais vegetal do que animal .
Fructos. Limonadas de limão, laranja . Digital 261 .
Purgantes 540.
ANEURISMA DAS ARTERIAS. Sangrias. Re-
gimen vegetal . Topicos refrigerantes . Compressão .
Ligadura da arteria. Injecções com perchlorureto de
ferro 294 .
ANEURISMA DO CORAÇÃO. Sangrias, bichas.
Repouso . Posição sentada . Evitar as emoções moraes
e abster-se de alimentos excitantes . Digital 264. Di-
gitalina 264. Pilulas de Withering 263. Pós antispas-
modicos de Double 263. Scilla 460. Dieta lactea e mais
vegetal do que animal . Limonada de limão , laranja e
outras bebidas temperantes 542.
ANGINA. Assim se chama toda a affecção inflam-
matoria mais ou menos intensa da garganta, do pha-
rynge, do larynge ou da traca-arteria ; e d'aqui vem
a distincção da angina em duas especies principaes :
a que tem a séde nas vias alimentarias , caracteri-
sada pela difficuldade da deglutição, e a que affecta
as vias respiratorias, cujo symptoma principal é a
difficuldade de respirar. A primeira especie é a an-
gina guttural, tonsillar ou pharyngea (V. Pharyn-
gile) ; a segunda se subdivide em laryngea e tra-
cheal (V. Laryngite) . Os autores designárão ainda
debaixo do nome de angina maligna, gangrenosa,
membranosa, diphtherica, uma molestia particular
cujo tratamento acha-se indicado no artigo Pharyn-
gile membranosa .
ANGINA DO PEITO, Angina nervosa, sternal-
gia, catarrho suffocante . Aperto doloroso do peito
que vem por accessos. - Administrar 140 a 45 gottas
de ether em meia chicara d'agua fria com assucar.
Chá de folhas de laranjeira ou de herva cidreira .
Applicar sinapismos nas pernas ; dar um clyster d'a-
gua morna com 20 gottas de laudano . Banho morno
geral . Caustico no peito . Café . Fumigações com infu-
APHONIA. 644
são de estramonio, meimendro, belladona . Se estes
meios não acalmarem os soffrimentos , applicar seis
a oito bichas no peito . Para prevenir as crises acon-
selhão-se os medicamentos tonicos 542. Quina, pre-
parações de ferro, banhos do mar, purgantes 540 .
Angioleucite. V. Lymphatite.
Angurria. V. Retenção de ourina.
ANKYLOSE . Perda total ou incompleta dos mo-
vimentos articulares . Se fôr completa, nada ha que
fazer. Se for incompleta, praticar movimentos nas ar-
ticulaçães. Banhos quentes e emollientes com decoc-
ção de malvas, de linhaça . Cataplasmas de linhaça.
Fricções com balsamo tranquillo 176 , com banha
fresca. Banhos sulfureos . Banhos aromaticos 274. Em-
plasto confortativo 25. Meios orthopedicos . Póde - se
prevenir a ankylose que sobrevem em consequencia
das fracturas vizinhas das articulações , fazendo de
quando em quando, antes da consolidação destas frac-
turas, brandos movimentos nas articulações .
Anorexia. V. Fastio .
ANTHRAX BENIGNO. Fruncho mui extenso , que
acommette um grande numero de intersticios da pelle .
Cataplasmas de linhaça. Incisão. Compressão me-
thodica para expulsar o pus e o carnegão. Limonada
de limão e outras bebidas temperantes 542. Vomito-
rios ou purgantes, se a lingua se mostrar amarella ,
a bocca amarga, e o pulso pouco frequente.
Anthrax maligno. Tumor gangrenoso , pouco proe-
minente, caracterisado por uma escara negra . V. Car-
bunculo.
ANUS ANORMAL ou contra natureza. Trata-
mento palliativo . Applicar um vaso de couro ou de
metal á abertura do anus anormal . Ter muito asseio.
Tratamento curativo . Fazer a operação com o en-
terotomo de Dupuytren .
ANUS ( Imperfuração do) . Dividir a membrana que
tapa o canal com o bisturi ou trocate, e facilitar a
sahida do ferrado com clysteres d'agua morna.
Anus ( Prolapso do) . V. Prolapso do recto.
Aperto da urethra . V. Estreitamento .
APHONIA. Privação mais ou menos completa da
falla. ― Bebidas quentes e sudorificas
como as infu-
612 MEMORIAL THERAPEUTICO .
sões de cha da India , sabugueiro . Emetico 151. Fric-
ções no pescoço com linimento volatil 138. Vesicato-
rios na nuca . Sinapismos na parte anterior do collo.
Gargarejo adstringente de Bennati 434. Insufflar o
pó de alumen na garganta. Cauterisar o interior da
garganta com pedra infernal . Cigarrilhos de cam-
phora 195. Xarope de ether 283 .
APHTAS . Vesiculas transparentes ou pequenas
ulcerações no interior da boca.- Tocar com pedra-
hume, com pedra infernal . Gargarejos adstringentes
131 , 179, 305 , 441 , 448, 493. Collutorio de borax 478.
Habitação no campo . Regimen vegetal . Saladas, fruc-
tos . Purgantes 539.
Aphtas das crianças. V. Sapinhos.
APOPLEXIA. 1° Apoplexia do cerebro propria-
mente chamada ou hemorrhagia cerebral. Perda
subita do movimento e sentimento, rosto turgido,
pulso forte. ― Pôr o doente n'uma posição tal que a
cabeça fique elevada. Despi-lo para que os vestidos
não impeção a circulação do tronco. Fazer uma san-
gria no braço. Applicar bichas atrás das orelhas . Re-
petir a sangria , se a molestia continuar, e conforme
as forças do doente, sua idade, e se o pulso estiver
forte. Pannos molhados em agua fria e vinagre, ou,
melhor ainda , gelo contido n'uma bexiga , applicado
á cabeça. Bebida com cremor de tartaro 255. Purgan-
tes 540. Sulfato de soda 483. Sulfato de magnesia 358 .
Agua de Sedlitz 140. Emetico em lavagem 154. Poção
contrastimulante de Laennec 152. Pilulas de aloes 125 .
Sinapismos. Vesicatorios nas pernas. Os individuos
predispostos ou sujeitos já ás congestões cerebraes,
devem ser sobrios , e usar pouco de bebidas alcoolicas ;
comer mais vegetaes do que carne ; devem evitar as
emoções moraes e os exercicios violentos ; hão de
entreter a liberdade do ventre com clysteres d'agua
morna simples, ou com pilulas de aloes 125 ; hão
de evitar que o pescoço esteja muito apertado pela
cravata , hão de manter os pés quentes e ao abrigo da
humidade ; sua cama para dormir ha de formar um
plano fortemente inclinado da cabeça aos pés .
Bem que seja raro vêr apoplexias cerebraes em que
o uso de qualquer emissão sanguinea seja contra-
ARDOR NO OURINAR. 643
indicado , entretanto existem casos d'este genero ,
e importa que se conheção, porque uma sangria in-
tempestiva poderia ter consequencias desagradaveis.
Assim, n'essas apoplexias fulminantes, que são acom-
panhadas de uma resolução geral , quando o pulso
está irregular e pequeno, quando a pelle está fria , é
necessario, em lugar de tirar sangue, excitar a sensi-
bilidade, suster as forças que estão perto de extin-
guir-se, esfregando a pelle com escova , applicando
sinapismos e causticos nas pernas , administrando
chá de canella ou de herva cidreira . Se se puder, por
estes meios, reanimar o calor, e dar uma certa resis-
tencia ao pulso, então se poderá praticar uma sangria,
mas ha de se proceder sempre, n'estes casos, com
certa prudencia.
2º Apoplexia nervosa. Paralysia subita de um
membro ou da metade do corpo, pallidez do rosto,
esfriamento geral , pulso fraco . - Abster-se das emis-
sões sanguineas . Infusão de herva cidreira, de folhas
de laranjeira . Ether. Poção antispasmodica 283. Pur-
gantes salinos 540. Caustico na nuca . Sinapismos
nas coxas e pernas. Fricções no corpo com tintura
de quina 435, ou com tintura de canella 200. Poção
sudorifica de Foy 140.
Apoplexia dos recem-nascidos . Estado caracte-
risado pelo corpo vermelho, rosto inchado e rôxo,
conjunctivas injectadas, rijeza dos membros, ás ve-
zes convulsões.- Cortar o cordão umbilical, e deixar
correr uma a quatro colheres de chá de sangue.
Mergulhar a criança em um banho d'agua morna ,
animada com vinho ou aguardente . Depois de tirada
a criança do banho , esfregar-lhe as costas com baeta
quente. Assoprar-lhe ar para os pulmões . V. As-
phyxia dos recem -nascidos, pag. 617.
Apoplexia pulmonar. V. Hemoptyse .
Arachnoidite . V. Meningite.
ARDOR NO OURINAR. Banhos mornos e pro-
longados. Bebidas com decocção de sementes de li-
nhaça . Clysteres emollientes 398, e camphorados 194.
Emulsão camphorada 193. Repouso na cama . Fricções
no hypogastrio com oleo camphorado 192. Cataplas-
mas de linhaça na mesma região . Regimen vegetal.
35
644 MEMORIAL THERAPEUTICO .
AREIAS. Usar abundantemente de bebidas diure-
ticas como as de grama, parietaria, fragaria ou de raiz
de espargos, ás quaes se ajunta o nitrato de potassa
390. Beber aguas de Vichy, de Seltz. Bi-carbonato
de soda 208. Cozimento antinephritico 209. Bi- car-
bonato de potassa 206. Bebida alcalina de Bouchar-
dat 206. Tisana de Mascagni 207. Acido benzoico .
Mistura benzoica 84. Pilulas de terebenthina 496 .
Exercicio . Regimen composto de vegetaes, peixe ,
gallinha ; evitar bebidas alcoolicas e vinhos muito
generosos . O uso de café é util, e o cozimento de
café cru é recommendado como lithontriptico. Para
acalmar as dôres occasionadas pela passagem das
areias empregar banhos mornos geraes e opio 405 .
ARTHRITE TRAUMATICA . Applicações de
pannos molhados em agua fria ou em agua vegeto-
mineral 285. Bichas. Mais tarde cataplasmas de li-
nhaça. Se se formar abscesso , abrir cedo e facilitar
o escorrimento do pus pela compressão e pela posi-
ção conveniente.
Arthrite gotosa. V. Gota.
Arthrite rheumatismal . V. Rheumatismo.
Ascaridas. V. Vermes intestinaes .
ASCITE ou Hydropisia do ventre. Accumulação
de serosidade na cavidade do peritoneo. Sudorifi-
cos 540. Diureticos 528. Purgantes 539. Scilla . Digi-
tal . Pós diureticos 263 , 462. Pilulas de Withering 263 .
Pilulas de Dupuy 263. Linimento diuretico 264. Vinho
diuretico de Corvisart 244. Pilulas purgativas e diu-
reticas de Frank 246. Espargos. Parietaria . Zimbro .
Nitro . Calomelanos . Colchico . Jalapa. Coloquintidas .
Gomma gutta. Cainca, etc. Fricções com tintura diu-
retica 463. Pilulas contra a hydropisia 375. Pilulas
diureticas 272 , 463. Paracentese . Em nenhum caso
não se deve, segundo o exemplo dos antigos, privar
os doentes de bebidas, de medo de augmentar a hy-
dropisia, porque este medo não é fundado .
ASPHYXIA . A asphyxia, ou morte apparente que
resulta da suspensão da respiração é caracterisada
pelos symptomas seguintes : perda de conhecimento ,
pulso fraco , rosto azul, beiços e ás vezes todo o corpo
roxo, estado que se continuasse, poderia acabar por
ASPHYXIA. 645
uma morte real . A asphyxia póde ser produzida por
varias causas .
Asphyxia por submersão ou dos afogados. O afo-
gado deve ser transportado com rapidez a um local
distincto de maneira que os soccorros possão ser-lhe
dados facilmente. A primeira precaução consiste em
despi-lo, enxuga-lo e pô-lo em posição horizontal,
com a cabeça descoberta mais alta que o peito , e este
mais alto que as pernas e sobre o lado, afim de faci-
litar a sahida dos liquidos, que podem-se achar na
bocca ou na trachea. Pòr-se-ha a cama no meio de
quarto, para que as pessoas que ministrão os soc-
corros possão andar facilmente em roda d'ella . E pre-
ciso despir o afogado o mais breve possivel e para não
perder tempo cortem-se ou rasguem- se os vestidos .
É preciso depois procurar restabelecer a respiração ,
fazendo contrahir artificialmente o peito. Para este
fim, uma pessoa comprime as costellas, entretanto
que a outra aperta o abdomen , afim de repellir o dia-
phragma para cima ; abandonando depois as costel-
las á sua elasticidade natural , e as visceras abdomi-
naes ao seu peso, produz-se um vacuo, que é occu-
pado logo pelo ar exterior . Se este meio não tiver
feliz exito, é preciso praticar a insufflação do ar . Esta
póde-se fazer de duas maneiras : de bocca para bocca,
ou por meio de um folle. Para isto deprime-se a base
da lingua com o dedo, e introduz- se uma sonda de
prata ou de gomma elastica, ou um tubo laryngeo de
Chaussier no larynge ; certifica- se com o dedo se elle
tem penetrado ; faz-se mantê-lo por uma pessoa,
adapta-se à sua abertura exterior o bico de um folle,
e assopra-se com precaução, tendo a cautela de abrir
o folle antes de adapta-lo á sonda e convencer-se
previamente de que não continha no seu interior pós
ou algum outro corpo estranho , que poderia ser in-
troduzido nas vias aereas e augmentar os accidentes .
Depois da insufflação comprimão-se as paredes do
peito e o baixo-ventre, para operar uma expiração
artificial . A insufflação deve ser feita com moderação
para não rasgar as vesiculas pulmonares, e por sa-
cudidelas alternativas, afim de imitar as da respira-
ção. Se não se póde obter a sonda ou o tubo laryngeo
616 MEMORIAL THERAPEUTICO .
de Chaussier, ou se a sua introducção no larynge é
impraticavel, póde-se insufflar sem ella , tendo a pre-
caução de apertar os labios do asphyxiado á roda do
canudo do folle, fechar as ventas, virar para trás a a
cabeça , afim de que a glotte fique mais aherta, e
empurrar levemente o larynge do lado da columna
vertebral , para tapar o esophago . -Ao mesmo tempo
que se faz a insufflação , as outras pessoas fazem fric-
ções por todo o corpo, e principalmente na região ន
precordial, com escovas, baeta quente ou embebida u
em agua de Colonia , ou aguardente . Approxime-se
ao nariz do afogado um frasco com vinagre ou alcali โ
volatil, introduza-se-lhe rapé no nariz, sal na bocca, C
e dê-se-lhe um clyster com sal de Glauber ou com
sal de cozinha ( 2 onças de sal para 8 onças d'agua) , T
ou com mistura d'agua e de vinagre (1 onça de vina- 0
gre, 3 onças d'agua) . Rubefaça-se a pelle das pernas as
com sinapismos ou agua fervendo . Fação- se aspersões Ca
com vinagre sobre o rosto e peito . Estes soccorros la
devem ser continuados por duas a quatro horas . A de
sangria é raras vezes indicada : ella nunca deve ser re
empregada quando o corpo estiver frio ; mas é preciso
recorrer a ella todas as vezes que o asphyxiado tiver Co
sido submergido ha pouco tempo, quando o rosto ni
estiver denegrido, rôxo ou vermelho, e quando o corpo N
conservar um pouco de calor. -- Quando o doente ter
principiar a dar signaes de vida , administrem-se-lhe es
algumas colheres de qualquer vinho generoso, como,
por exemplo, da Madeira, do Porto, etc. , ou de alguma gu
outra bebida estimulante, como verbi gratia chá da 0
India ou de folhas de laranjeira . O emprego de qual- ch
quer liquido, antes de poder ser engulido, seria fu- dis
nesto; pois que em lugar de ser introduzido no esto- ba
mago, penetraria nas vias respiratorias. - Se todos de
estes meios não produzirem nenhum effeito, póde-se
empregar o galvanismo . Para este fim, põe-se um pólo Qu
de uma pilha no pharynge, e outro no recto . - Re- de
petimos não se pode ter a pretenção de chamar em mo
alguns minutos um asphyxiado á vida ; muitas horas
de cuidados são ordinariamente necessarias, e por app
isso não se deve abandona-lo senão quando o calor
do corpo cessar, e a rijeza cadaverica principiar . mo
ASPHYXIA. 617
Asphyxia por suffocação ou dos enforcados. O
tratamento é o mesmo que está indicado na Asphyxia
dos afogados (pag . 645 ) . Consiste na insufflação do
ar nos pulmões e fricções estimulantes sobre o corpo,
mas é preciso insistir em algumas precauções impor-
tantes. Depois de cortado o nó , o doente deve ser
posto de maneira que a cabeça e o tronco estejão
muito mais elevados do que o resto do corpo . O en-
gurgitamento dos vasos cervicaes reclama ás vezes
uma sangria.
Asphyxia pelo vapor do carvão, pelo gaz de il-
luminação, pelos gazes que resultão da fermenta-
ção alcoolica, dos fornos de cal, dos pantanos, das
minas de carvão de pedra, por falta de ar respi-
ravel, e pelas emanações das flores . Transporte- se
o asphyxiado a um lugar arejado, e empreguem- se
aspersões frias, que se tem mostrado mui uteis neste
caso ; por conseguinte, de dous em dous minutos ,
lance-se sobre o rosto um copo d'agua fria , o que se
deve continuar até se manifestarem calafrios , e a
respiração principiar a se restabelecer. Appliquem- se
sinapismos nas pernas e côxas, fação-se fricções no
corpo com agua de Colonia , e interiormente admi-
nistre-se vinho quente , aguardente , chá de canella .
Nunca se deve recorrer á sangria . Faça-se ao mesmo
tempo uso da insufflação do are dos outros meios que
estão indicados na Asphyxiados afogados, pag. 615 .
Asphyxia pelos gazes das latrinas, dos desa-
guadeiros, dos canos ou cloacas . Deve- se subtrahir
o doente ao foco de infecção , e faça-se-lhe respirar
chloro, approximando-se-lhe ás ventas um frasco com
dissolução de chlorureto de cal ou com agua de La-
barraque, ou um lenço embebido neste licor. Fação- se
depois aspersões sobro o rosto com mistura d'agua
fria e de vinagre ; friccione-se o corpo com balta .
Quando os primeiros accidentes estiverem dissipados,
deve-se prescrever uma poção com ether 283, e li-
monada sulfurica 91 .
Asphyxia dos recem- nascidos . Estado de morte
apparente e imminente, devido á extrema fraqueza
da criança na qual a respiração, necessaria a seu novo
modo de vida , não se estabelece convenientemente.
648 MEMORIAL THERAPEUTICO.
Este estado se observa principalmente nas crianças
delicadas, ou que perdêrão muito sangue durante o
parto . A criança é pallida ; na apoplexia, pelo con-
trario , a pelle é corada , o rosto inchado , azulado ,
o peito cheio de sangue e com nodoas denegri-
das . Se a criança estiver pallida, o rosto frio, e
os membros flaccidos, eis aqui os meios que devem
ser postos em pratica. É preciso ligar o cordão, logo
depois ou antes da secção ; fazer fricções com baeta
secca, ou embebida em vinho, aguardente, sobre o
peito, costas, palmas das mãos e plantas dos pés ;
metter a criança em um banho quente, e depois de
tirada do banho embrulha-la em pannos quentes e sec-
cos ; approximar-lhe ás ventas a rolha humida de um
frasco de ammoniaco ou de ether, ou um lenço embe-
bido em vinagre ; irritar-lhe as fossas nasaes com a
rama de uma penna ; por este mesmo meiɔ, desemba-
raçar-lhe a boca e garganta das mucosidades que pos-
são existir ; e finalmente praticar a insufflação do ar
nos pulmões, sem violencia. (V. Asphyxia dos afo-
gados, pag. 645) . Para este fim , servirá qualquer tubo,
tendo-se a precaução de apertar a bocca da criança ,
e de tapar as ventas . O galvanismo deve ser reservado
para os casos extremos. Todos estes meios devem ser
continuados ao menos por uma hora .
Mas se o corpo estiver vermelho, o rosto inchado
e rôxo, as conjunctivas injectadas , se existir. rijeza
dos membros ou convulsões, deve-se deixar correr
do cordão algumas colheres de chá de sangue, e de-
pois fazer fricções, e pôr em pratica a insufflação do
ar nos pulmões, se os primeiros meios não bastarem
para chamar a criança á vida.
Asphyxia que resulta da entrada nas vias aereas
de um corpo estranho . A tracheotomia é o unico
meio indicado quando o mal tiver adquirido alguma
gravidade. Entretanto, antes de praticar esta ope-
ração, recorra-se aos esternutatorios e vomitorios
para provocar a expulsão do corpo estranho .
ASTHENIA GERAL . Medicamentos tonicos 542 .
Decocções amargas como as de genciana, quassia,
simuruba, lupulo, ou de musgo islandico . Ferro é
seus compostos 287. Banhos aromaticos 274. Banhos
BALANITE. 649
frios d'agua corrente e do mar. Vinho. Regimen ana-
leptico e tonico . Exercicio .
ASTHMA. Durante o accesso . Pediluvios quen-
tes. Sinapismos nos pés. Dar a beber agua fria mis-
turada com algumas gottas de vinagre e de laudano .
Introduzir ar no quarto do doente, abrir as janellas ,
o cortinado da cama , fazê- lo sentar, tirar todos os
vestidos que possão constranger-lhe o peito. A in-
fluencia da luz allivia : muitos asthmaticos acalmão
os seus accessos acendendo uma vela no quarto . Chá
de tilia, folhas de laranjeira, de herva cidreira . Poções
com ether, oxymel scillitico e kermes mineral, 283 ,
463, 150. Cigarrilhas de camphora 195. Mistura para
fumar, 280.
Nos intervallos dos accessos, prescrever os anti-
spasmodicos 523, narcoticos 538 , ferruginosos 287,
tonicos 542. Banhos sulfurosos 488. Belladona . Es-
tramonio. Meimendro . Cicuta . Emetico . Ipecacuanha .
Gomma ammoniaca. Assafetida . Café . Polygala. Inula
campana.Elixir paregorico 405. Pilulas antinevralgicas
de Trousseau 280. Cigarrilhas de camphora 195. Ba-
nhos frios e os do mar. Regimen analeptico . Vida re-
gular.Mudança de habitação para um clima differente.
Asthma aguda de Millar. V. Croup falso .
Ataque de apoplexia. V. Apoplexia.
Ataque de gota coral. V. Epilepsia.
Ataque de nervos . V. Hysterismo.
Ataxia. V. Febre typhoide .
Atonia. V. Asthenia.
ATROPHIA MUSCULAR. Banhos quentes com
plantas aromaticas 274. Galvanismo .
Atropismo. V. Envenenamento pela belladona.
Azedume. V. Azia do estomago.
AZIA DO ESTOMAGO . Magnesia calcinada 355 .
Pós anti-acidos 356. Pós de rhuibarbo e magnesia 356.
Pastilhas de Vichy 208. Pòs de carvão 240. Pós diges-
tivos 146, 209. Poção anti-acida de Chevalier 138 .
Agua de Vichy 102. Regimen brando. Fructos madu-
ros. Vomitorio 529. Purgantes 539. Chá de hortelã,
de canella. Pilulas estomachicas 389. Diminuir a
quantidade dos alimentos .
BALANITE. Banhos e fomentações emollientes
620 MEMORIAL THERAPEUTICO .
630. Injecções de cozimento de linhaça entre o pre-
pucio e a glande. Injecções de dissolução de nitrato
de prata 394. Infusão de linhaça para bebida 350 .
Barriga d'agua. V. Ascite .
BEIÇO RACHADO . Avivar as bordas da divisão
por meio de bisturi ou tesoura, e pô- las em contacto
por meio de uma sutura .
BELIDAS DA CORNEA. Cauterisação com um
pincel embebido na solução de nitrato de prata, ou
com lapis de nitrato de prata . Pomada de Janin 416 .
Collyrio secco de Dupuytren 446. Collyrio de Brun
127. Insufflação nos olhos de calomelanos ou de as-
sucar candi . Lavatorios com agua do mar. Collyrios
adstringentes com sulfato de zinco , sulfato de cobre,
sulfato de ferro, acetato de chumbo, com laudano
puro . Applicação de oleo de figado de bacalháo . Ex-
cisão dos vasos varicosos . Se as belidas da cornea
existem no lugar correspondente á menina do olho,
e se se oppoem á visão, não ha outro remedio senão
a operação da pupilla artificial, sendo esta praticavel.
BERTOEJA . Regimen brando e composto princi-
palmente de vegetaes . Fructos acidos . Caldos de her-
vas. Limonadas de limão , de tamarindos, de cremor
de tartaro. Banhos mornos . Lavatorios com agua e
vinagre, ou com sabão . Purgantes 539.
BEXIGAS . Bexigas simples ou regulares . Dar
ao doente bebidas emollientes tendo uma tempera-
tura moderada, quasi frias, taes como o cozimento de
arroz, de cevada, infusão de flôres de malvas, etc. ,
adoçadas com assucar ou xarope de gomma ; pô-lo
num quarto vasto, muda-lo frequentemente de roupa,
preserva-lo do frio, sem comtudo abafa-lo com co-
bertores, cuidar no asseio e renovar o ar que respira
abrindo de vez em quando as portas e janellas . Čal-
dos de gallinha nos primeiros dias para toda a ali-
mentação ; entreter o ventre lubrico com clysteres
de iinhaça. Lavar os olhos com decocção de linhaça ;
usar de gargarejos com agua morna e mel rosado .
Contra a insomnia , dar meia a uma onça de xarope
diacodio, ou 45 gottas de laudano de Sydenham .
Banho geral d'agua morna simples no fim do periodo
de deseccação para favorecer aqueda das crostase fazer
BLENNORRHAGIA. 624
cessar a comichão; as uncções com oleo de amendoas
doces são uteis para o mesmo fim . - Diversos meios
forão propostos para fazer abortar as pustulas ; são :
4° Cauterisação das pustulas com lapis de pedra in-
fernal do primeira ao terceiro dia da erupção. Este
meio está hoje quasi abandonado, e póde só ser re-
servado para as pustulas da margem livre das palpe-
bras ou dos olhos . 2º Applicação do emplasto mercu-
rial de Vigo sobre o rosto, ou fricções com unguento
mercurial na mesma região , nos primeiros dias da
molestia, para impedir o desenvolvimento das pus-
tulas, e prevenir as marcas que são a sua consequen-
cia . Este meio é bom. 3° Vaccinação no braço ; 40
a 50 picadas nas differentes partes do corpo com
uma lanceta molhada na vaccina logo no principio da
molestia. Este meio se acha abandonado , por que
não produziu os bons resultados que se esperavão .
Bexigas irregulares, malignas, pelle de lixa,
olho de polvo . Se predominarem os symptomas
ataxicos, recorra-se aos antispasmodicos 523, (cas-
toreo, almiscar, camphora, assafetida, etc. ) ; se ady-
namicos, administrem-se os tonicos 542 , e sobre tudo
as preparações de quina 435 , e vinhos generosos.
Poção sudorifica de Foy 140 , poção excitante de
Harless 140. Se apparecer hemorrhagia na bocca,
empreguem-se os adstringentes 518, preparações de
ratanhia 440. Poção adstringente 441. Gargarejo ad-
stringente 441. Limonadas de limão, de laranja. Co-
zimento antiphlogistico de Stoll 394. Poção tonica
de Ratier 140. Emulsão de camphora e nitro 194.
Pilulas antisepticas 193 .
Bexigas doudas. V. Cataporas.
BICHOS NOS PÉS. Extrahir o bicho, e applicar
na ferida um pouco de rapé ou calomelanos ; lavar
depois com agua morna e curar com fios untados de
ceroto simples.
BLENNORRHAGIA. No estado agudo . Bebidas
emollientes e diureticas, como a deccoção de linhaça,
de cevada , de grama ; alimentação leve , abstinencia
de todos os licores estimulantes, de vinho puro, de
comidas temperadas , do coito , de grandes fadigas,
da equitação, etc. Banhos e semicupios mornos. Sus-
35 .
622 MEMORIAL THERAPEUTICO.
pensorio para sustentar o escroto. Copahiba 249.-Po-
ção de Chopart 251. Mistura balsamica de Fuller 251 .
Mistura brasileira 251. Xarope de copahiba de Puche
252. Mistura de Lisemann 251. Clysteres de copa-
hiba 252. Capsulas gelatinosas de copahiba , e outras
preparações desta resina 250. Cubebas 256. Electua-
rio de cubebas e copahiba 257. Electuario anti-blen-
norrhagico 257. Clyster anti-gonnorrheico 257. Sumo
de salsa hortense 453. Terebenthina 496. Pilulas de
estoraque 278. Electuario adstringente de Most 347 .
Tartaro emetico em alta dóse 132. Se existirem erec-
ções frequentes , dolorosas , prescrevão-se banhos
mornos, repouso, clysteres com camphora e laudano
408. Bebidas com emulsão de amendoas doces, nitro
e camphora 194. Poções com opio 407, e dieta severa.
No estado chronico . Injecções com dissolução de
nitrato de prata 394. Injecção com tannino 494 , e
outras injecções adstringentes, 81 , 131 , 441 , 486 .
Banhos frios. Banhos do mar. Cauterisação com ni-
trato de prata ' por meio da sonda . As preparações
mercuriaes não devem ser empregadas interiormente ,
senão quando a blennhorrhagia não ceder a todos es-
tes meios, ou quando fôr acompanhada de cancros,
bubões, etc.
BLEPHARITE ou Inflammação da palpebra. Ble-
pharite aguda. Cataplasma de linhaça . Lavatorios
com agua morna. Escaldapés com farinha de mos-
tarda. Purgante de sal d'Epsom 358. Abrir com muita
precaução o abcesso se este se formar na palpebra.
A precaução consiste em introduzir previamente de-
baixo da palpebra uma chapa de chifre ou de mar-
fim, afim de reter a ponta do instrumento, se um
movimento subito e involuntario o levasse alem dos
limites queridos.
Blepharite chronica . Collyrio com nitrato de prata
393. Collyrio com sulfato de cobre 478 , com pedra
divina 478. Collyrios adstringentes 286. Pomadas
ophthalmicas 81 , 290 , 371 , 372, 394. V. Ophthal-
mias.
Bocca amarga. V. Amargor de bocca.
Bocio . V. Papeira .
Borborygmos. V. Flatuosidades.
BRONCHITE . 623
Borrachudo ( Picadas de) . V. Mordeduras.
BOUBAS . Cozimentos de caroba, de salsaparri-
lha , de guaiaco, de raiz da china , de sassafras , de
bardana. As preparações mercuriaes são reconhecidas
como as mais efficazes nesta molestia . Massa anti-
boubatica de João Alves Carneiro 209. Bolos anti-pso-
ricos de Levacher 319. Preparações mercuriaes 368 .
Pilulas azues 370. Pilulas mercuriaes de Biett 370.
Pilulas de Plenck 370. Licor de Van Swieten 377. Os
banhos d'agua morna simples e os lavaforios com de-
cocção de caroba são de uma utilidade incontestavel.
Nos individuos debeis , é preciso associar os tonicos ,
como, por exemplo, a quina, simaruba , aos sudori-
ficos e ao mercurio. De tempos em tempos, algum
purgante 539. Sobre as ulceras appliquem-se pós es-
caroticos como os pós de Joannes 371 .
BRONCHITE ou Catarrho pulmonar. Bronchite
aguda. Quando é leve basta para cura-la, empregar
infusões sudorificas e emollientes , como as de sabu-
gueiro, flor de malvas , raiz de althea, violas, papoulas ,
verbasco, hysopo, ou de hera terrestre , com assucar,
mel de abelha ou xarope de gomma . As infusões toma-
das ao deitar devem estar quentes afim de excitarem a
transpiração . Escaldapés com farinha de mostarda . In-
fusão peitoral 129. Loock branco 136. Cozimento emul-
sionado 437. Pasta de açofeifas 97, de Regnault 275.Pas-
tilhas de ipecacuanha 344. Pastilhas de manná de Man-
fredi 362. Fumigações com infusão de flores de malvas .
Uma temperatura uniforme, o silencio e a dieta ab-
soluta, são as primeiras condições que se exigem na
bronchite intensa. Tartaro stibiado 454. Poção con-
tra-stimulante de Laennec 152. Poção stibiada de
Louis 452. Ipecacuanha 341. Loock simples 436 , ou
com saes de morphina, opio, 407, 440 , 444. Xarope
de lactucario 449. Pasta de lactucario 120. Xarope
diacodio 266. Poção oleosa purgativa 362. Loock
oleoso 397. Look peitoral 397. Look scillitico 463.
Loock de kermes 450. Poção de kermes contra-stimu-
lante 154. Marmelada de Tronchin 198. Marmelada
de Zanetti 498. Belladona 172. Vesicatorios no fim
da molestia. Regimen lacteo .
Bronchite chronica. Fontes no peito ou nos bra-
624 MEMORIAL THERAPEUTICO .
ços. Vestidos de flanella . Vomitorios 529. Purgantes
539. Decocção mucilaginosa de musgo islandico 387.
Gelea de musgo islandico 387. Deccocção de quina ,
de inula campana , de polygala. Infusão de hera ter-
restre, hysopo. Pastilhas de ipecacuanha 344. Enxofre.
Kermes . Loock de kermes 150. Benjoim . Agua de alca-
trão 115. Balsamo de Tolu 169. Balsamo Peruviano
468. Poção peitoral 169. Emulsão balsamica 169. Te-
rebenthina. Gomma ammoniaca. Myrrha. Scilla 460 .
Agua de lourocerejo 351. Manná 364. Pilulas de
cynoglossa 405. Pós de Dower 406. Meimendro. Bel-
ladona. Digital . Mistura peitoral 442. Pilulas expecto-
rantes 313 , 463. Fumigações chloricas 225. Marme-
lada expectorante 84. Pastilhas peitoraes de Jobard
150. Pilulas de Pariset 152. Oleo de figado de baca-
fhão 401. Emplasto contra o catarrho pulmonar 154 .
Fumigações com vapores quentes de infusão de plan-
tas emollientes ou aromaticas 274. Fricções no peito
com pomada stibiada 152 , ou com oleo de croton ti-
glium 398. Vesicatorios . Habitação em lugar secco e
exposto ao sol . Alimentação fortificante . Aguas sul-
fureas. Caldas da Rainha 112 .
BUBÃO. Bubão inflammatorio simples . Repouso,
dieta, cataplasmas de linhaça . Se se formar suppu-
ração, é preciso seguir o que fica dito fallando se dos
Abcessos agudos.
Bubão symphathico (aquelle, por exemplo, que é
o resultado das feridas nos pés, das erysipelas nas
pernas, etc. ) . Sara por si mesmo , depois de comba-
tidas as causas .
Bubão syphilitico . Deve-se tentar obter a resolu-
ção por todos os meios , pois que a suppuração pro-
longa o tratamento, e deixa vestigios indeleveis. Para
este fim, empreguem-se fricções com unguento mer-
curial duplo 369 , emplasto de Vigo com mercurio 369 ,
vesicatorios repetidos, que se curaráo com unguento
cinzento 369 ; e regimen brando. Se o tumor tender
á suppuração , é preciso cobri-lo de cataplasmas de
linhaça. Se a suppuração se tiver formado, dê-se sa-
hida ao pus com o bistori . Se esta suppuração se ti-
ver formado lentamente , como em alguns tumores
escrophulosos , se o foco fôr vasto, a pelle violacea ,
BUBÃO. 625
despegada, ou se existir em roda do abcesso um en-
gurgitamento não doloroso, em lugar do bistori, em-
pregue-se a potassa caustica ou pós de Vienna 428.
Se o tumor ficar estacionario, se apezar de todos os
topicos e anti-syphiliticos administrados interna-
mente por muito tempo, não tender á suppuração ,
nem tender a desfazer-se, ponha-se um vesicatorio, e
depois de destruida a epiderme applique-se um chu-
maço embebido em solução mercurial caustica ( 20
grãos de sublimado para 1 onça d'agua distillada ) ;
favoreça-se a queda da escara pelas cataplasmas de
linhaça, e entretenha-se a suppuração por meio de
applicações irritantes, como, por exemplo, de un-
guento de Genoveva 496 , digestivo animado 496, es-
toraque 278, etc. A ulcera que resulta da abertura de
um bubão pelo bistori ou pela potassa caustica deve
ser curada com fios untados de ceroto, de pomada
mercurial , ou , se a inflammação fôr intensa, com ca-
taplasmas de linhaça . Se o estado atonico dos teci-
dos se oppõe á cura, é preciso toca-los com nitrato
de prata, com um pincel embebido no muriato de
antimonio , e fazer curativos com fios molhados em
agua de Labarraque, solução de chlorureto de cal , de
sublimado , vinho aromatico 275, ou algum unguento
irritante 496. - Durante este tratamento local, é in-
dispensavel prescrever interiormente e desde o prin-
cipio os anti-syphiliticos (v. Syphilis), sem os quaes
a cura não pode ser perfeita . No caso da cicatri-
sação ser retardada pela diathese escrophulosa ou
escorbutica, convem associar aos anti-syphiliticos os
medicamentos que reclamão estas complicações. Se
existem trajectos fistulosos, é preciso cauterisa-los
com pedra infernal, ou fazer injecções com tintura
de myrrha 389, ou de iodo 332. Cortem-se com te-
soura todas as sinuosidades e as margens da ulcera,
se estiverem despegadas . Se , apezar do emprego do
nitrato de prata, das applicações emollientes, narco-
ticas, ou dos curativos com vinho aromatico, a ferida
continuar a fazer progressos, ou ficar estacionaria,
applique-se sobre ella um caustico ou polvilhe- se-a
com pó de cantharidas. Vinte e quatro horas depois
cure-se a ferida com fios molhados no vinho aroma-
626 MEMORIAL THERAPEUTICO .
tico. -- Se a inflammação do bubão terminar por
gangrena, empreguem-se cataplasmas emollientes. A
mortificação de uma parte das paredes de um bubão
syphilitico em suppuração não deve ser confundida
com a gangrena conhecida pelo nome de podridão
dos hospitaes , accidente dos mais graves que se
apodera algumas vezes dos bubões ulcerados. V. Po-
dridão dos hospitaes .
Cabeça de prego . V. Fruncho .
CACHEXIA MERCURIAL . Enfraquecimento pro-
duzido pelas emanações do mercurio nas profissões
como fabricantes de espelhos, douradores, etc. , ou
então pelo abuso dos medicamentos mercuriaes , e
sobretudo das fricções com unguento mercurial .
Afastar as causas. Regimen analeptico, vinho , ovos,
carnes assadas, tapioca, vinho de quina 435. Aguas
sulfurosas sobretudo tomadas na fonte . Caldas da
Rainha. Ferro reduzido 287. V. Asthenia geral.
CACHUMBAS . Fricções com oleo camphorado 192 .
Cataplasmas de linhaça . Purgante de magnesia 356
ou de oleo de ricino 403.
Cadeiras (Dôr de). V. Lumbago.
CAIMBRAS . Estender o membro ou comprimir
os musculos . Se as caimbras fòrem nas barrigas das
pernas, apoiar com força a perna no soalho . Fricções
seccas sobre a parte. Comprimir as pernas com ligas
ao deitar . Banhos mornos . Medicamentos narcoticos
538, e antispasmodicos 523. As caimbras que depen-
dem da gravidez cessão com a causa.
Caimbra do estomago. Applicar pannos quentes
na região epigastrica. Sinapismos no mesmo lugar .
Beber 15 a 20 gottas de ether sulfurico n'uma colher
d'agua fria com assucar. Chá de folhas de laranjeira
ou de herva cidreira . Poção calmante e antispasmo-
dica 283. Banho morno geral .
CALCULOS BILIARES. Purgantes salinos 542 .
Acetato de potassa 82. Sabão medicinal 449. Bi-car-
bonato de soda 208. Aguas alcalinas 402. Prepara-
ções de essencia de terebenthina 497. Remedio de
Durande 498. Sôro de leite . Banhos mornos . Regi-
men vegetal . Fructos . Saladas.
CALCULOS RENAES . Acalmar as dores e inflam-
CANCRO E SCIRRHO . 627
mações pelas preparações de opio 404, banhos mor-
nos e bichas. Diureticos 528 e todos os meios indi-
cados nas Areias,
CALCULOS DOS URETERES. Banhos d'agua
morna. Diureticos 528. Narcoticos 538 .
CALCULOS DA URETHRA. Os que parão na
porção prostatica . Penetrar com o catheter acane-
lado até ao obstaculo, e incisar sobre elle a porção
muscular da urethra : com os dedos da mão esquerda
introduzidos no recto, trazer o calculo para diante ;
dilalar então a incisão sobre o mesmo calculo , e ex-
trahi-lo com uma pinça .
Os que parão na porção musculosa . Introduzir
no recto o index esquerdo, afim de empurrar o cal-
culo para o perineo ; fazer a incisão obliqua sobre o
catheter acanelado ou sobre o proprio calculo , e ex-
trahi-lo com uma pinça ou cureta .
Os que parão na porção esponjosa . Se os banhos
mornos e as injecções oleosas não facilitarem a sahida
do calculo, fazer a extracção com um fio metallico do-
brado em forma de aza , com a pinça de Hunter, com
um ganchinho, ou praticar a incisão no canal .
CALCULOS VESICAES. Lithotomia . Lithotricia.
Banhos e preparações opiaceas para acalmar as dò-
res 404.
CALENTURA . Sangrias. Bebidas temperantes 542.
Applicação d'agua fria á cabeça . Purgantes. 539 .
CALLOS NOS PÉS. Excisão . Extirpação . Esfrega-
los com uma lima ou com pedra -pomes molhada
n'uma solução de potassa . Applicar um pedaço d'em-
plasto diachylão ( emplasto adhesivo das boticas) .
GALVICIE. Não ha muita cousa que fazer contra
a calvicie, mesmo quando não é senil . V. Alopecia.
CAMARAS Camaras de sangue . V. Diarrhéa e
Dysenteria.
CANCRO e SCIRRHO. Applicações emollientes
no principio 530. Compressão. Narcoticos 538. Ci-
cuta. Pilulas de cicuta de Storck 237. Cataplasma de
cicuta 237. Belladona . Opio. Estramonio . Aconito.
Preparações ferreas . Tonicos 542. Iodureto de ferro.
Pomada iodurada 333. Pomada de iodureto de ferro
337. Pomada de hydriodato de potassa 339. Cata-
628 MEMORIAL THERAPEUTICO.
plasma narcotica 175. Emplasto de belladona 175.
Emplasto de cicuta 237. Ceroto calmante 353. Mas
todos estes medicamentos são simplesmente palliati-
vos . O unico meio de curar o cancro é a extirpação
ou cauterisação, quando estas operações são pratica-
veis. Cauterisção com massa de Canquoin 234. Caus-
tico de Velpeau 92. Cauterisação com acido sulfurico,
e outros medicamentos causticos
Cancro do estomago. Preparações de opio 404, ci-
cuta 237 , e outros narcoticos 538. Cataplasma nar-
cotica 475 , calmante 409. Agua de Seltz 104. Magne-
sia calcinada 12 a 24 grãos por dia contra a pyrose.
Manter as forças com vinho de quina 435. Xarope de
casca de laranja puro ou misturado com agua de
canella ou de flor de laranja . Banhos geraes d'agua
morna.
Cancro do recto . Clysteres emollientes e calman-
tes 408. Semicupios com folhas de trombeteira 502 .
Extirpação . Ligadura . Cauterisação .
Cancro do utero. Aos medicamentos indicados con-
tra o cancro em geral, acrescentar as injecções com
decocção de folhas de cicuta e dormideiras : com so-
lução de chlorureto de cal em agua 232. Cauterisação
com o caustico de Filhos 429 , de Canquoin 234.
CANCROS VENEREOS vulgo Cavallos . Cancro
simples , recente . Logo que o cancro apparecer ,
cauterise-se-o com pedra infernal, applicando a pedra
aparada em ponta, sobre a ulcera, com bastante força
e durante o tempo sufficiente, afim de que todos os
tecidos doentes sejão queimados. Nos primeiros dias
da molestia uma unica cauterisação é sufficiente ; no
fim de pouco tempo cahe a escara superficial que foi
produzida e deixa a superficie perfeitamente sãa. Se
à molestia é um pouco adiantada , uma segunda
cauterisação é ás vezes necessaria . Feita a cauteri-
sação cure-se a ferida com fios embebidos em vinho
aromatico 275 , ou untados de ceroto simples 224 ,
ceroto opiaceo 409, pomada de calomelanos 375, ou
embebidos em agua de Labarraque pura ou mistu-
rada com agua, em solução de chlorureto de cal 232 .
Entreter o asseio por meio de banhos ou lavatorios
locaes com agua morna simples. Uma cauterisação
CANICIE. 629
com pedra infernal , feita ao principio basta ás vezes
para cicatrisar completamente a ulcera syphilitica ,
imas não impede a apparição dos symptomas segun-
darios da syphilis ; para estes serem prevenidos , e
para que o doente se possa considerar radicalmente
curado, deve tomar interiormente os medicamentos
antisyphiliticos , as preparações mercuriaes sobre-
tudo pilulas azues 370, pilulas de Sedillot 369, li-
cor de Van- Swieten 377, etc. , durante um a dous
mezes. Todos estes medicamentos achão -se indica-
dos no artigo Syphilis.
Cancro phagedenico rebelde ou roedor. Curati-
vos com cataplasma de cenouras, com fios molhados
na solução de tartrato de potassa e ferro (tartrato
1 p. , agua 10) , pós de Joannes 371 , unguento diges-
tivo simples 496, digestivo animado 496 , mel mer-
curial 372, solução de sulfato de cobre 478 , pomada
de tannino 494 , agua phagedenica 378 , agua phage-
denica negra 375 , unguento digestivo mercurial 369 ,
unguento roxo 354 , pomada de proto - iodureto de
mercurio 338. Nos casos muito rebeldes polvilhar a
ferida com cantharidas , e vinte e quatro horas depois
curar com fios embebides no vinho aromatico, ou
applicar um caustico sobre a ulcera . Finalmente ap-
plicar a massa caustica de Vienna 428.
Cancro endurecido . Applicar um caustico de can-
tharidas sobre toda a superficie endurecida , e cura-lo
depois com fios untados de unguento napolitano 369,
e por cima dos fios applicar uma cataplasma de li-
nhaça. Quando a ferida do caustico ficar secca, appli-
ca-se um segundo caustico , e depois recorre-se á
compressão, e ás fricções com pomada de hydriodato
de potassa 339.
Os cancros inflammatorios exigem lavatorios e
banhos com decocção de linhaça, e curativos com ce-
roto simples 221 .
Repito, que em todos estes casos a este tratamento
externo é preciso associar, e logo ao principio, os
anti-syphiliticos administrados interiormente (V. Sy-
philis) e regimen brando . Se a inflammação local for
intensa, ordene-se dieta completa e repouso .
CANICIE. Pomada para tingir o cabello 560. Pós
630 MEMORIAL THERAPEUTICO .
para tingir o cabello 564. Solução para tingir o ca-
bello 564 .
CAPARROSA ou Gota rosada. Pustulas cercadas
de aureola rosea que apparecem no rosto e nariz . —
Lavatorios emollientes 530. Cataplasmas de linhaça.
Bebidas laxativas 539. Regimen composto mais de
vegetaes do que de carnes. Abstinencia de vinho, li-
côres, comidas temperadas. Lavatorios com agua de
Goulard 285 , com solução de borax 178, com agua
de creosota 255. Interiormente preparações de enxo-
fre, mercurio , iodureto de potassio, e outros medica-
mentos indicados contra os Dartros.
CARBUNCULO ou Anthrax maligno. Se os symp-
tomas inflammatorios locaes e geraes fórem intensos,
prescrevão-se bebidas emollientes e acidulas. Mas, se
a gangrena for acompanhada de fraqueza, adminis-
trem-se os tonicos 542. (V. Gangrena) . Em todos os
casos, é preciso fazer a incisão do tumor, e caute-
risa-lo com massa caustica de Vienna 428 ; cobri-lo
depois com cataplasmas de linhaça , e fazer lavatorios
desinfectantes com dissolução de chlorureto de cal ou
agua de Labarraque.
Cardialgia. V. Gastralgia.
CARDITE ou Inflammação do coração. Sangrias
geraes repetidas. Sangusugas na região precordial .
Dieta. Repouso absoluto . Bebidas gommosas e acidu-
las. Pediluvios sinapisados . Purgantes 539. Diureti-
cos 528.
CARIE. Destruir as causas pelos medicamentos
internos (V. Escrophulas , Escorbuto , Syphilis .)
Narcoticos 538. Applicações emollientes 530. Banhos
alcalinos e sulfureos . Vesicatorios . Injecções com
tintura de myrrha, de aloes, com solução de creosta,
de chlorureto de cal . Applicar o cauterio actual so-
bre o osso cariado, ou causticos liquidos ; mas,
quando o osso for affectado tão profundamente, que
não seja possivel limitar o mal, será preciso praticar
a resecção ou amputação da parte.
CARIE DOS DENTES. Encher a cavidade do
dente cariado com mastiche. Limar, chumbar ou ex-
trahir o dente. V. Dór de dentes.
Carie vertebral. V. Mal de Pott.
CATARRHO PITUITOSO . 634
CARNES ESPONJOSAS ou Carnosidades das
feridas. Destrui-las com pedra infernal , ou alumen
calcinado . ,
Carnosidade . V. Elephantiase .
Carnosidade da urethra. V. Estreitamento.
Carregação dos dentes. Cataplasmas de linhaça.
Gargarejo emolliente 129 .
Carregação dos olhos..V. Ophthalmia.
Carregação do peito . V. Defluxo e Catarrho pul-
monar.
Garus. V. Coma.
CASPA NA CABEÇA. Lavar a cabeça com agua
e sabão, ou com mistura de aguardente de canna e
gemma de ovo.
CATALEPSIA. Durante o accesso. Sinapismos
nos pés. Applicar na cabeça pannos molhados em
agua fria e vinagre. Dar a respirar vinagre, ether,
ammoniaco. Asperger o rosto com agua fria. Vesica-
torios. Insufflação pulmonar se a respiração estiver
suspensa.
No intervallo dos accessos . Banhos frios . Occu-
pações manuaes. Exercicios . Moderação nos trabalhos
de espirito. Opio. Camphora. Almiscar, assafetida e
outros antispasmodicos 523. Anthelminticos se pa-
recer que a molestia depende de vermes 524 .
CATAPORAS. Bebidas emollientes : cozimento
de linhaça, cevada , ou infusão de flores de malvas .
Regimen brando . Preservar-se do frio.
ČATARACTA. Cataracta incipiente. Vesicato-
rios . Sedenhos . Collyrios adstringentes. Purgantes.
(Todos estes meios são quasi sempre infructiferos. )
Cataracta declarada ou adiantada . Operação .
CATARRHO PITUITOSO ou Bronchorrhea. Ex-
pectoração consideravel de mucosidades transparen-
tes, pegajosos, independentes de toda inflammação . -
Ipecacuanha 343. Xarope de tolu 169. Gelea de musgo
islandico 387. Pilulas de alcatrão 416. Caustico no
peito . Purgantes 540 .
Gatarrho pulmonar. Tosse, escarros mucosos, pu-
rulentos, dor de cabeça, etc. , que provem da inflam-
mação da membrana mucosa dos bronchios . V. Bron-
chite .
632 MEMORIAL THERAPEUTICO.
CATARRHO SUFFOCANTE. Combater as cau-
sas. (V. Laryngite, Croup falso, Edema da glotte,
Asthma, Angina do peito . ) Tartaro stibiado 151 .
Oxymel scillitico 462. Ipecacuanha 341. Ventosas
seccas no peito . Vesicatorios nas côxas . Sinapismos
nos pés. Clysteres purgantes, 359, 472 , 484. Sangria.
Belladona 172. Extracto de meimendro 366. Clyster de
assafetida 164. Inspirações -de vapores ethereos 282 .
Catarrho uterino . V. Metrite chronica.
Catarrho vaginal . V. Leucorrhea.
CATARRO VESICAL ou DA BEXIGA. Ao prin-
cipio banhos geraes ou semicupios d'agua morna
prolongados . Fricções no hypogastrio com pomada
stibiada 152. Terebenthina 495. Essencia de tereben-
thina interiormente e em fricções 497. Copahiba 249.
Clysteres de copahiba 252. Balsamo de Tolu 469 , da
Meca 167. Balsamo Peruviano 168. Aguas sulfureas,
e ferreas 140 , 103. Agua de alcatrão 115. Pilulas de
alcatrão 116. Bicarbonato de soda 208. Bicarbonato
de potassa 206. Nitro 389. Cato 243. Tannino 492 .
Sabão medicinal 449. Abutua 77. Xarope das cinco
raizes aperientes 237. Zimbro 515. Alumen 129 .
Inula campana 330. Purgantes 540. Sudorificos 541 .
Injecções com solução de nitrato de prata 394. Cau-
terisação da bexiga com nitrato de prata, por meio
da sonda . Regimen brando . Continencia absoluta .
Fricções seccas na pelle . Vestuario de flanella . Habi-
tação em lugares seccos . Banhos frios no periodo
mais adiantado da molestia . Banhos do mar . Evitar
exercicios violentos, como as marchas forçadas, a
equitação , as viagens em seges mal suspensas . Os
exercios moderados, os passeios no campo são, pelo
contrario, mui vantajosos . Se a molestia depende do
estreitamento da urethra ou da presença do calculo
na bexiga, é preciso destruir estas causas.
Cavallo . V. Cancro venereo .
Cegueira. V. Amaurose, Cataracta, Ophthalmia .
Belidas da cornea, Hemeralopia .
CEPHALALGIA ou Dôr de cabeça. Combater as
causas. Pediluvios d'agua quente simples ou com fa-
rinha de mostarda . Applicar na cabeça pannos mo-
lhados em agua fria e vinagre, ou molhados em agua
CHOLERA ASIATICA. 633
sedativa 196. Sanguesugas atrás das orelhas . San-
gria. Uso de rapé . Emeticos 529. Purgantes 539. Ve-
sicatorios. Sedenhos na nuca. Fricções com pomada
stibiada atrás das orelhas 152. Restabelecer os fluxos
sanguineos, se a molestia depender do seu desappa-
recimento V. Enxaqueca.
Cerebrite. V. Encephalite.
Cerração dos queixos. V. Tetano .
Chagas. V. Ulceras.
Chloroformio. (Envenenamento pelo) . V. p . 228.
CHLOROSE ou Oppilação . Vestidos de flanella .
Fricções com tinturas aromaticas. Banhos quentes aro-
maticos 274. Habitação em lugares elevados e seccos.
Regimen animal . Vinho. Insolação . Exercicio . Equi-
tação . Dansa . Bebidas amargas como a cerveja, os
cozimentos de absinthio , luparo, genciana, quassia ,
centaurea menor, rhuibarbo, quina, etc. Aguas fer-
ruginosas, naturaes ou artificiaes 103. Preparações de
ferro 287 até 299. Ferro reduzido 287. Pilulas de Blaud
297 , de Vallet 297 , de Fuller 4 25 , de Rufus 425. Pedi-
luvios irritantes, e os outros meios que estão indica-
dos para provocar o fluxo menstrual . V. Amenorrhea .
CHOLERA ASIATICA. 1 ° periodo ( Cholerina ) .
Provocar a transpiração pelos cobertores espessos,
bolijas d'agua quente ao redor do corpo, bebidas
quentes como as infusões de herva cidreira, tilia, ou
chá da India , puras ou misturadas com uma pouca
de aguardente. Agua de arroz com gomma, ou com
xarope de marmelo . Clysteres com decocção de althéa ,
de sementes de linhaça , com amido e opio 408. Ca-
taplasmas emollientes no epigastrio . Dieta.
2º periodo ( Cholera confirmada ) . Suadouro . Chá
de sabugueiro . Ipecacuanha (15 a 20 grãos) . Sulfato
de soda 483. Sinapismos nos pés . Poção com ether
283. Opio 405 .
3º periodo (Periodo algido) . Laranjada. Limonada.
Agua de Seltz . Agua de arroz . Ratanhia 440. Clyste-
res com laudano e amido 408. Gêlo na bocca aos
pedaços para chupar. Poções antispasmodicas e cal-
mantes 283. Opio em pilulas 405. Vesicatorio na
região epigastrica . Poção de Rivière 85. O doente
deve estar embrulhado em cobertores. Appliquem-se
634 MEMORIAL THERAPEUTICO .
os sinapismos sobre as differentes partes do corpo
para provocar a reacção . Todo o corpo deve estar cer-
cado de garrafas cheias d'agua quente, ou de saqui-
nhos com area quente. Infusões quentes de folhas de
laranjeira, hortelã pimenta , canella , herva cidreira ,
chá da India ou café. Ponche. Vinho do Porto , da
Madeira. Acetato de ammoniaco 439. Poção sudori-
fica de Foy 140. Fricções na columna vertebral e por
todo o corpo com ammoniaco 137 , com mistura de am-
moniaco e de terebenthina 139, ou com tintura de
cantharidas 202. Pimentão 424. Arnica 454. Subni-
trato de bismutho 476. Calomelanos 372. Sulfato de
quinina 479. Vesicatorios nas costas, que se devem
curar com acetato de morphina 410. Electricidade .
Camphora 190. Valeriana 504. Fricções com un-
guento mercurial.
4º periodo (Reacção) . Combater pelos emollientes
todas as congestões que se manifestarem . Agua de
arroz , de cevada , infusão de malvas.Caldo . Se se
declarar o estado typhoide , prescrevão-se vesicato-
rios polvilhados com camphora ; bebidas tonicas com
quina 432 ; camphora interiormente 490 .
CHOLERA SPORADICA . Provocar a transpiração
administrando um suadouro . Infusões de folhas de
laranjeira , de herva cidreira. Banhos mornos pro-
longados. Poções com opio e ether sulfurico 283 .
Clysteres com polvilho e laudano 408. Sinapismos ou
vesicatorios no epigastrio . Ipecacuanha 341 .
CHOREA ou Dansa de São Guido . Banhos frios ou
mornos. Banhos de sorpresa . Emborcações frias . Va-
leriana 504. Oxydo de zinco 445. Pilulas de Mérat
393. Purgantes 539. Poções antispasmodicas 283 .
Ferro reduzido 287. Regimen brando . Distracções
agradaveis. Musica . Gymnastica.
Choroidite. V. Ophthalmia.
CICATRIZES VICIOSAS. Cicatrizes salientes.
Destrui-las pelas applicações repetidas de nitrato de
prata ou pelo instrumento cortante , e impedir pela
cauterisação que a nova cicatriz se torne proeminente .
Cicatrizes mui estreitas ou bridas. Tirar toda a
cicatriz pelo bisturi , e reparar a perda de substancia
pelos meios autoplasticos. Ou então, segundo o me-
COLICA DE CHUMBO. 635
thodo antigo, mas que não offerece tanta certeza, di-
vidir transversalmente as bridas por incisões , e em-
pregar depois os meios mecanicos de extensão.
Adherencias anormaes . Dividir as adherencias e
impedir pelos meios mecanicos a sua reproducção .
Obliterações contra a natureza. Dar á abertura
uma dimensão natural, introduzir n'esta mechas ou
tubos de páo feitos de proposito , e deixa-los perma-
necer até a cicatrisação completa , e mesmo muito
tempo depois.
Cicatrizes da cornea transparente. As cicatri-
zes da cornea formão belidas que se oppoem ás vezes
á visão n'este caso não ha outro remedio senão a
operação da pupilla artificial.
CIEIRO. Ceroto simples 224. Banhar os beiços com
decocção de linhaça .
Circocele . V. Varicocele.
COBREIRO ou Zona. Lavatorios com decocção
de linhaça. Untar a parte affectada com azeite doce
e depois polvilhar com polvilho . Bebidas temperan-
tes 542. Limonada de tamarindos 492. Cremor de
tartaro 254. Purgantes 539. Regimen vegetal. Ba-
nhos mornos prolongados. As ulcerações que succe-
dem á queda das crostas curão-se com ceroto sim-
ples 221 , ceroto de Saturno 286 , ceroto opiaceo 409.
COLICAS . Colica de chumbo , saturnina ou dos
pintores. Dor de ventre occasionada pelas emanações
de chumbo . Varios medicamentos tem sido acon-
selhados, como sejão a limonada sulfurica , alumen ,
oleo de croton tiglium , opio ; porém o seguinte tra-
tamento, chamado tratamento da Caridade de Pa-
riz, bem que extraordinario, é mais frequentemente
empregado e com melhor vantagem. Eis-aqui este
tratamento :
PRIMERO DIA. De manhãa . Clyster purgante dos
pintores.
Pelo dia adiante . Agua de canafistula com semen-
tes,, por chicaras .
Á˜¯noite. Clyster anodyno dos pintores.
Depois do clyster anodyno . Bòlo calmante.
SEGUNDO DIA. De manhãa . Agua benta, que se
toma em duas dóses , com uma hora de intervallo,
636 MEMORIAL THERAPEUTICO .
facilitando -se os vomitos cum muita agua morna .
Pelo dia adiante . Cozimento sudorifico .
Á noite. Bolo calmante .
TERCEIRO DIA. De manhãa. Cozimento sodorifico
laxante, para tomar em quatro dóses com meia hora
de intervallo.
Pelo dia adiante. Cozimento sudorifico .
As 4 horas da tarde . Clyster purgante dos pintores.
A 6 horas da tarde. Clyster anodyno .
Ás 8 horas da noite . Bolo calmante .
QUARTO DIA. Pela manhãa. Poção purgante.
Pelo dia adiante . Cozimento sudorifico .
Ás 5 horas da tarde. Clvster anodyno .
Ás 8 horas da noite. Bolo calmante .
QUINTO DIA. Pelo dia adiante. Cozimento sudori-
fico, purgante .
As 4 horas da tarde. Clyster purgante .
As 6 horas da tarde. Clyster anodyno .
as 8 horas da noite . Bolo calmante.
Se a molestia não ceder, torna-se a principiar o tra-
tamento . É preciso sómente supprimir a agua benta,
e insistir nos purgantes, até que o doente não soffra
mais dôres abdominaes e tenha o ventre desemba-
raçado.

FORMULARIO DOS MEDICAMENTOS INDICADOS NO TRA-


TAMENTO DA CARIDADE . Clyster purgante dos pin-
tores. Senne 2 oit . , agua fervendo 46 onças . Infunda ,
côe e ajunte pós de jalapa 4 oit. , xarope de espinha
cervina 4 onça, electuario diaphoenix 4 onça .
Agua de canafistuta com sementes . Canafistula
em vagens 2 onças, agua quente 32 onças . Infunda ,
còe e ajunte tartaro emetico 3 grãos , sulfato de
magnesia 4 onça .
Clyster anodyno dos pintores . Oleo de nozes 6 on-
ças, vinho tinto 42 onças. M.
Bolo calmante. Theriaga 4 oit , opio 4 grão . M.
Agua benta. Emetico 6 grãos , agua 8 onças . M.
Cozimento sudorifico . Guaiaco, salsaparrillha ,
raiz da China aná 1 oit. , agua 32 onças. Ferva por
um quarto de hora e infunda : sassafrás 4 onça, alca-
çus 1/2 onça. Côe.
COLICAS. 637
Cozimento sudorifico laxante . Guaiaco 4 onça,
salsaparrilha 1/2 onça, sassafrás 1 oit. , alcaçus 4 oit. ,
senne 4 oit., agua q . s . para ter 16 onças de cozi-
mento procedendo da mesma maneira como no cozi-
mento precedente.
Poção purgante dos pintores. Senne 2 oit. , agua
fervendo 4 onças . Infunda, côe e ajunte electuario
diaphoenix 4 onça, pós de jalapa 1 oit . , xarope de
espinha cervina 1 onça .
As paralysias que resultão ás vezes da absorpção
dos saes de chumbo curão-se com tintura de noz vo-
mica, strychnina, vesicatorios e linimentos estimu-
iantes, 497.
Colica das crianças. Clyster com decocção de linha-
ça . Cataplasma de linhaça sobre o ventre . Chá de
herva doce ou folhas de laranjeira . Banho geral
d'agua tépida .
Colica do estomago. Mesmo tratamento que o da
Colica nervosa .
Colica flatulenta ou ventosa . Chá de herva doce, de
hortelãa, ou de macella gallega . Purgante de magne-
sia calcinada 355 .
Colica hepatica. Banho d'agua quente . Opio 405 .
Poção calmante e antispasmodica 283 , cataplasma
calmante 409. Sanguesugas. Sabão medicinal 449 .
Bicarbonato de soda 208. Nitro 389.
Colica de indigestão . V. Indigestão .
Colica inflammatoria . Sanguesugas. Cataplasmas
de linhaça. Banhos mornos .
Colica menstrual . Banhos de assento quentes. Ace-
tato de ammoniaco . Poção de Raciborski contra a
dysmenorrhea 140. Poção emmenagoga 79, 140, 451 .
Açafrão. Chá de arruda, de sabina . Escaldapés com
farinha de mostarda .
Colica nephritica. Banho quente de assento ou
geral. Opio 405. Cataplasma calmante 409. Bicarbo-
nato de soda 208. Cozimento anti-nephritico 209 .
Agua de Vichy 102. Infusão de zimbro 545 .
Colica nervosa, colica secca, colica vegetal ou gas-
tro-enteralgia. Chá de herva cidreira, ou de folhas
de laranjeira ou da India. Pannos quentes no ventre.
Applicação no ventre de panno molhado no chloro-
36
638 MEMORIAL THERAPEUTICO.
formio . Poção calmante e antispasmodica 283. Poção
anizada 146. Clyster com decocção de dormideiras,
ou de linhaça ou com assafetida 464. Fricções no
ventre com balsamo tranquillo 176, ou com lini-
mento antispasmodico de Selle 194. Cataplasma de
linhaça, ou cataplasma narcotica 175. Banhos de agua
tepida . Antispasmodicos 523. Duas onças de oleo de
ricino pela bocca ou em clyster. Tartaro emetico 154 .
Oleo de croton tiglium 398. Emfim, se a colica ner-
vosa resiste a todos estes medicamentos, é necessa-
rio empregar o tratamento indicado contra a colica
de chumbo, isto é os purgantos energicos.
COLITE. Bichas no abdomen . Banhos . Semi-cu-
pios mornos. Clysteres com decocção de althéa e pol-
vilho, com opio 398 , 408. Cataplasmas emolientes e
narcoticas 350 , 475, 367, 409. Cozimentos de arroz
ou de cevada, com laudano ou xarope diacodio . De-
cocção branca de Sydenham 427. Claras de ovos em
bebida e clysteres 143. Emborcações com oleo de
amendoas doces e laudano . Dieta . V. Diarrhea.
COMA. Café. Sinapismos nas pernas . Clyster com
tartaro emetico 152, com camphora 194. V. Commo-
ção cerebral, Encephalite, Envenenamento pelo
opio.
Combustão. V. Queimadura.
COMMOÇÃO CEREBRAL e a da medulla espi-
nhal. Dar a cheirar vinagre ou agua de Colonia, ap-
plicar sinapismos nos pés , fazer fricções no corpo
com aguardente , linimento volatil, ou alcoolato de
alfazema, e dar a beber ao doente algumas colheres de
vinho da Madeira , do Porto, ou de algum outro vi-
nho generoso . A sangria nunca deve ser praticada
nos primeiros instantes da quéda, accidente que pro-
duz ordinariamente a commoção cerebral, pois que
nesta occasião o pulso deve estar apenas sensivel e o
corpo frio ; mas, quando o calor do corpo se houver
restabelecido, o pulso se tornar forte, e o doente ac-
cusar dôres de cabeça , póde-se recorrer ás sangue-
sugas ou sangria segundo a gravidade do caso , e de-
pois aos purgantes e applicações frias na cabeça .
Condylomas. V. Excrescencias syphiliticas .
CONGESTÃO DO CEREBRO . Sangria . Applicar
CONVULSÕES DAS CRIANÇAS . 639
na testa pannos molhados em agua fria e vinagre.
Sinapismos nas pernas . Purgantes 539 .
Congestão pulmonar . V. Hemoptyse.
Conjonctivite. V. Ophthalmia.
CONSTIPAÇÃO (cansaço doloroso ) . Escaldapés
com mostarda, e chá de sabugueiro ou de casquinha
de limão para provocar a transpiração . Emetico 151 .
Constipação de ventre. V. Prisão do ventre.
CONSTRICÇÕES SPASMODICAS . Banhos mor-
noz prolongados . Fricções com pomada de bella-
dona 174.
CONSUMPÇÃO. Combater as causas . Moderar as
evacuações excessivas. Suspender as fadigas violen-
tas, os grandes trabalhos de espirito . Regimen ana-
leptico. Tonicos 542. Anthelminticos, se a consump-
ção depender da presença de vermes intestinaes, da
solitaria. Distrahir o espirito dos melancolicos . Pre-
venir o vicio de onanismo. Vomitorio ou emeto-
cathartico se existir embaraço gastrico . Os suores
excessivos são tratados pelo tannino e outros adstrin-
gentes ; a diarrhéa , o catarrho pulmonar , a tisica, etc. ,
pelos meios indicados para estas molestias .
CONTUSÃO . Applicar pannos embebidos em mis-
tura d'agua fria e vinagre, na solução de sal de cozi-
nha, em agua vegeto - mineral 285 , em aguardente
alcanforada, em agua do mar, em agua simples fria .
É preciso mudar estes pannos logo que se aquecerem.
Se as applicações resolventes não impedirem o desen-
volvimente da inflammação, dever-se-ha então ap-
plicar cataplasmas de linhaça.
CONVALESCENÇA EM GERAL. Vinho do Porto,
da Madeira ou de Malaga . Chocolate com musgo is-
landico. Regimen analeptico. Ovos. Brando exerci-
cio. Insolação . Medicamentos tonicos 542.
CONVULSÕES DOS ADULTOS. Combater as
causas. (V. Epilepsia , Hysterismo , Catalepsia,
Tetano, Hydrophobia, Meningite, Vermes intesti-
naes, etc.)
CONVULSÕES DAS CRIANÇAS . Desembaraçar
a criança dos vestidos afim de assegurar - se se as
convulsões não são occasionadas pela picada de um
640 MEMORIAL THERAPEUTICO .
alfinete, ou pela compressão de uma atadura ou cueiro
mui apertado, como ha exemplos . Pôr a criança n'um
lugar moderadamente quente, onde o ar circule li-
vremente, com a cabeça sobre um travesseiro. Ap-
plicar sinapismos nos pés, e um instante depois
muda-los ás pernas e coxas . Applicar na cabeça pan-
nos molhados em agua fria e vinagre . Approximar
ao nariz uma rolha molhada no ether, vinagre ou
agua de Colonia, dar a beber uma colher d'agua fria
com assucar e com algumas gottas d'agua de flor de
laranja ; administrar - lhe um clyster d'agua morna
simples , e depois o clyster seguinte : agua morna
tres onças, assafetida 12 grãos , gemma de ovo uma .
De quarto em quarto de hora dar-lhe a beber uma
colher da poção seguinte : agua 3 onças , ether sul-
furico 10 gottas , agua de flor de laranja 1 oitava ,
xarope de gomma 1 onça . - Se com este tratamento
as convulsões não pararem, e estando o corpo quente
e o pulso forte é preciso applicar duas a quatro bi-
chas atraz das orelhas ; abster-se das emissões san-
guineas, se o rosto estiver pallido, a cabeça fria ou
o pulso fraco. Se as convulsões persistirem, metter a
criança num banho d'agua morna ; e depois de tirada
do banho administrar-lhe pela bocca 1 onça de oleo
de ricino. Passado o ataque, se se suspeitar a pre-
sença de vermes nos intestinos, empregar, para evitar
a recahida, os anthelminticos 521 .
CONVULSÕES DAS PARTURIENTES ou
Eclampsia. Praticar uma sangria . Accelerar o parto
pelo forceps ou pela versão se fòr possivel. Romper
as membranas, se o parto principiar. Applicações frias
á cabeça . Banhos geraes mornos . Poção antispasmo-
dica 283. Infusão de valeriana composta 506. Poção
excitante 506. Se sobrevier coma , applicar sinapis-
mos e vesicatorios nas pernas .
COQUELUCHE. Tosse convulsiva. - Vomitorio
de ipecacuanha 343. Pastilhas de ipecacuanha 344.
Poções com belladona, ether, opio. Meimendro . Va-
leriana . Café. Xarope de quina . Kermes. Scilla . Ju-
lepo calmante de Baron 174. Cozimento de polygala ,
de quassia, de centaurea menor. Sub-carbonato de
ferro 295. Xarope contra a coqueluche 407. Pós con-
CORPOS ESTRANHOS. 644
tra a coqueluche 150, 173. Clysteres de assafetida 164 .
Fumigações calmantes 175. Xarope de lactucario 149.
Banhos frios. Mudança frequente de vestidos e de
habitação . Evitar as emoções e contrariedades.
CORPOS ESTRANHOS. Corpos estranhos no
anus . Extrabi-los com os dedos , com o cabo de uma
colher ou com uma pinça . Em alguns casos, foi pre-
ciso empregar um sacarolhas ou uma verruma para
extrahir cylindros ou cones de pão .
Corpos estranhos no canal da urethra. V. Calcu-
los da urethra.
Corpos estranhos na garganta, pharynge, eso-
phago. Extrahi-los com pinça , ou com um fio metal-
lico dobrado, ou com um gancho. Quando isto não
se póde fazer, provocar uma expulsão pelos vomitos.
A serem inuteis todas estas tentativas de extracção, é
preciso empurrar o corpo estranho para o estomago ,
dando a beber agua, ou então se for um corpo agudo,
tal como um alfinete, uma espinha de peixe, etc.,
dando alimentos consistentes que possão envolvê-lo
e empurra-lo, como o miolo de pão , feijões, etc. Em-
fim resta ainda um ultimo recurso, a operação da
esophagotomia.
Corpos estranhos no estomago e nos intestinos.
Cozimento de linhaça . Clysteres do mesmo cozimento ,
com azeite doce. Gastrotomia.
Corpos estranhos no larynge, traca-arteria e
bronchios. Tossir com força e provocar os espirros
sorvendo uma pitada de rapé. Tracheotomia .
Corpos estranhos no nariz . Provocar espirros.
Extrabir com um gancho ou pinça . Se o corpo pe
netrou tão profundamente que não se possa alcançar
com estes instrumentos, é preciso empurra-lo para
diante, com um tampão de fios, impellido détrás para
diante por meio da sonda de Belloc .
Corpos estranhos nos olhos . Os corpos estranhos
introduzidos entre as palpebras e o globo do olho po-
dem ser tirados com lavatorios d'agua fria, ou com
um pincelzinho feito de panno de linho ou de um pe-
daço de papel enrolado . Eis aqui um meio facil :
segurando a palpebra superior , nos seus angulos
interno e externo, com o dedo pollegar e o indice de
36.
642 MEMORIAL THERAPEUTICO .
uma e outra mão , tira-se-a levemente para diante e
abaixa-se immediatamente, tanto quanto fôr possi-
vel , sobre a palpebra inferior ; segura-se-a assim
cerca de um minuto, tendo cuidado de impedir a
sahida das lagrimas. Quando, passado este tempo ,
deixar se tomar a posição natural á palpebra supe-
rior, uma onda de lagrimas arrasta para fora o pe-
queno corpo estranho .
Os corpos estranhos entranhados nas membranas
do olho não podem ser tirados senão com uma pinça,
com a ponta de um bistori ou de uma agulha.
Corpos estranhos nos ouvidos . Injectar no con-
ducto auditivo um pouco de azeite doce e extrahir o
corpo estranho com uma pinça ou com um esgrava-
tadorzinho .
Cortadura ou Córte. V. Feridas.
Coryza. V. Defluxo.
COXALGIA . Dôr de anca, dôr de quadril, dôr de
côxa , luxação espontanea do femur. No principio
bixas, banhos de assento mornos , e cataplasmas de
linhaça ; mais tarde causticos . Interiormente medi-
camentos tonicos 542. Infusão de luparo 354. Vinho
e xarope de quina 435. Oleo de figado de bacalháo
400. Banhos quentes aromaticos 274. Banhos frios de
rio ou do mar. Banhos sulfurosos. Caldas da Rainha .
Boa alimentação . Habitação no campo, no ar secco e
quente. Fricções na côxa com linimento de Rosen 384,
com balsamo nerval 383.
Cravo. V. Fruncho .
Cravo boubatico. V. Boubas.
Crosta de leite. V. Ozagre.
CROUP, garrotilho, laryngite diphterica ou mem-
branosa, diphterite tracheal, angina laryngea mem-
branosa. Especie de laryngite , caracterisada pela
tendencia á formação de uma membrana , nas vias
aereas, ou pela formação real d'esta membrana, que
obstroe a passagem do ar e póde occasionar a suffo-
cação . Poção com emetico : emetico 2 grãos , agua
3 onças ; da qual se administra uma colher de chá,
de hora em hora, á criança de 1 a 3 annos ; 2 colhe-
res de chá , de 3 a 6 annos ; uma colher de sopa,
sempre de hora em hora, acima de 6 annos . Se esta
CROUP. 643
poção não provocar vomitos, administrar 8 a 15 grãos
de ipecacuanha em pó . Sinapismos nos pés e nas
pernas. Cauterisação da garganta com acido hydro-
chlorico. Eis-aqui como se deve proceder : Tome-se
uma esponja fina que estando molhada no acido e
depois bem enxuta, deve ter, para um adulto, o vo-
lume de um ovo de pomba, um terço de menos para
uma criança de 10 annos, e metade menos para uma
criança mais joven . Fixe-se-a sobre uma barbatana
da maneira seguinte : corte-se-a em cruz na sua
pequena extremidade, faça-se um entalho circular na
ponta da barbatana , e fixe-se a esponja sobre a bar-
batana com uma linha que se cobre depois com la-
cre , para que não fique destruida pela acção do
acido concentrado . Aqueça-se ao fogo a barbatana
para lhe dar uma curvatura que permitta que se
leve o caustico na garganta sem tocar o ceo da
bocca. Isto feito , sente-se o doente sobre uma ca-
deira ou sobre uma cama, com o rosto virado para
a janella ou para a luz de uma vela . Uma pessoa de-
verá segurar a cabeça do doente, encostando-a con-
tra o peito. Molhe-se então a esponja no acido hy-
drochlorico concentrado, e esprema se afim de que
esteja simplesmente humedecida ; abaixe-se a lingua
com uma colher que se segura na mão esquerda, e
leve-se rapidamente a esponja no fundo da garganta,
e cauterise-se levemente . Cauterisa-se com acido hy-
drochlorico puro, se se avistão no pharynge os limites
da pseudo-membrana . Mas se esta não se acha ao al-
cance da vista, mistura-se o acido com igual quan-
tidade de mel de abelha, e molha-se mais a esponja,
afim de que o liquido se derrame, tanto quanto for
possivel, sobre todas as partes affectadas. A cauteri-
sação será feita uma ou duas vezes por dia, conforme
os casos. Em lugar do acido hydrochlorico , pode-se
empregar, para cauterisar a garganta, a solução de
nitrato de prata em agua distillada, na proporção
de 1 oitava de nitrato para 1 onça d'agua, e mesmo
a solução mais concentrada, 4 oit. de nitrato para
meia onça d'agua . - Em vez d'estes causticos póde-
se assoprar ás fauces o alumen em pó, por meio de
um tubo de vidro ou de qualquer outro canudo.
644 MEMORIAL THERAPEUTICO.
Inft
Os outros medicamentos empregados contra o garro- de
tilho são calomelanos interiormente e assoprados ás phl
fauces 372 , fricções no pescoço com cerolo ammo- doa
niacal de Rechoux 144 , chlorato de potassa em ap- dia
plicação externa e interiormente em poção 224 , po- çõe
lygala de Virginia 426. poção com perchlorureto de com
ferro 292 , emfim tracheotomia se a suffocação fôr im- dic
minente. cath
Croup falso, Pseudo-croup, laryngite estridula , mac
angina estridula, catarrho suffocante, asthma es- 490.
pasmodica, asthma aguda de Millar. Inflammação C
superficial da membrana mucosa do larynge com cata
contracções espasmodicas dos musculos da mesma D
região ; dá lugar a accessos de suffocação mais ou D
menos espantosos : a criança desperta sobresaltada, PCZE
ou pára de repente nos seus brincos ; declara-se rias
uma tosse sonora , rouca , com ruido particular que Regi
foi comparado ao latido de um cachorrinho ; ao mesmo palm
tempo a respiração é rapida , ínterrompida, estridula ; dec
a anxiedade é grande ; os olhos espantados ; o doente mod
leva a mão ao pescoço , e parece como se estivesse perto uma
de suffocar. Pouco a pouco estes symptomas aterra- pela
dores se acalmão e fica só um cansaço em relação lesti
com a violencia do accesso ; em outros casos , mas caçar
felizmente raros, sobrevem a morte como resultado da pend
suffocação. Os symptomas do croup falso, se ap- a est.
proximão muito dos do croup ; mas a apparição su-
Me
bita do ataque, a ausencia de inflammação e de falsa barda
membrana no larynge, estabelecem uma demarcação genc
profunda entre o primeiro e segundo . — Sinapismos 110.
nos pés e pernas . Clyster de assafetida 164. Óleo de iodur
ricino , 1 a 2 onças . Poção com emetico : agua 2 on- Sulfu
ças, emetico 4 grão ; que se administra por colheres ; Corro
de quarto em quarto de hora , até produzir vomitos. tract
Chá de flores de malvas. Xarope de gomma, de bal- muita
samo de tolu 169. Caustico na nucca. Pilul
Cursos. V. Diarrhea. tes de
CYSTITE , ou Inflammação da bexiga. Cystite Pilul
aguda. Bichas no hypogastrio ou no perinéo . Banhos deJa
mornos geraes. Semicupios com decocção de plantas sinie
emollientes 275. Clysteres e cataplasmas de linhaça
Me
350. Repouso absoluto . Dieta sevéra . Para bebida :
DARTROS . 645
Infusão de linhaça 350. Cozimento de grama, de raiz
de althea com xarope de amendoas . Cozimento anti-
phlogistico de Stoll 391. Clysteres com oleo de amen-
doas doces 398. Narcoticos , se ha grande dôr : xarope
diacodio 266. Pilulas opiaceas alcanforadas 407. Fric-
ções no hypograstrio com balsamo tranquillo 176,
com oleo camphorado 192, com linimento antispasmo-
dico 494. Se houver retenção de ourina, recorrer ao
catheterismo. Administre-se a camphora se a inflam-
mação da bexiga provier do emprego das cantharidas
490.
Cystite chronica . O mesmo tratamento que o do
catarrho vesical.
Dansa de S. Guido. V. Choréa.
DARTROS , ou Molestias de pelle . ( Empigem,
eczema, caparrosa ou gota rosada, ichtyose, pso-
riase, lichen,porrigo, herpes, mentagra, lepra, etc.)
Regras geraes . Regimen brando composto princi-
palmente de vegetaes e carnes frescas. Abstinencia
de comidas mui temperadas , de licôres . Exercicio
moderado ao ar livre. As vezes é preciso estabelecer
uma fonte. Respeitar os dartros que são salutares . Se
pela suppressão de um dartro se declarar alguma mo-
lestia grave, provocar a affecção cutanea pela appli-
cação do sinapismo ou do caustico. Se os dartros de-
pendem da syphilis, emprega-se o tratamento proprio
a esta ultima molestia.
Medicamentos internos . Cozimentos de dulcamara ,
bardana , fumaria , labaça, saponaria , agriões, luparo,
genciana. Enxofre 269. Aguas mineraes sulfurosas
140. Iodo 334. Proto-iodureto de mercurio 337. Deuto-
iodureto de mercurio 338. Iodureto de potassio 339.
Sulfureto de antimonio 148. Mercurio 368. Sublimado
corrosivo 375. Preparações arsenicaes 157 a 160. Ex-
tracto de cicuta 237. Extracto de aconito 95. Purgantes
muitas vezes repetidos 539. Medicamentos tonicos 542.
Pilulas antiherpeticas de Double 377. Pilulas alteran-
tes de Plumer 374. Pilulas de sulfureto de potassa 487.
Pilulas antiherpeticas de Kunkel 149. Pós depurantes
de Jaser 149. Pós anti-dartrosos 270. Xarope de Cui-
sinier 456. Xarope de Larrey 455 .
Medicamentos externos. Banhos tepidos . Lavato-
646 MEMORIAL THERAPEUTICO .
rios e fomentações com decoctos de plantas emollien-
tes e narcoticas, como os de malvas, althéa , linhaça,
herva moira , meimendro, dormideiras , trombetas ,
oleo de amendoas doces , balsamo tranquillo 176.
Cataplasmas da mesma natureza. Banhos sulfureos
488. Caldas da Rainha. Fumigações sulfureas 93.
Banhos com gelatina ( 1 libra para um banho ) . Lava-
torios com agua salgada, agua do mar, com licôr de
Van Swieten 377 , agua de Colonia , agua e sabão .
Lavatorios adstringentes com dissoluções de acetato
de chumbo 80 , borax 478 , sulfato de ferro 297,
sulfato de zinco 485. Lavatorio antipsorico 488. Li-
nimento de glycerina com alcatrão 311. Pomadas anti-
dartrosas 132, 208 , 232 , 379. Pomada anti-dartrosa
de Gibert 132. Pomada antipsorica 206, 274. Pomada
anti-herpetica 375 , 381. Pomada alcalina opiacea 206.
Pomada alcalina de Biett 208. Pomada sulfuro-sapo-
nacea 274. Pomada de creosota 256. Pomada de fùli-
gem 303. Pomada de iodureto de enxofre 334. Pomada
sulfurea 270. Ceroto sulfureo 270. Pomada de calome-
lanos 375. Pomada de proto-iodureto de mercurio 338 .
Pomada de deuto-iodureto de mercurio 339. Ceroto de
cacáo 183. Pomada de proto-nitrato de mercurio 380 .
Pomada de alcatrão 116. Linimento anti-herpetico 188.
Cauterisação com nitrato de prata . Se o dartro fôr roe-
dor, cauterisa-lo com nitrato acido de mercurio 380 .
Vesicatorios no lugar dos dartros . Hydrotherapia 3 26 .
Em alguns casos rebeldes, uma mudança de regimen ,
costumes ou clima basta para curar os dartros que
tem resistido a todos os medicamentos. Quando o
dartro é antigo, é ás vezes perigoso supprimi-lo de
repente n'este caso seria bom estabelecer no braço
uma fonte , se não permanente, pelo menos tempo-
raria.
Debilidade. V. Fraqueza.
DEFLUXO . Infusões emollientes e sudorificas , co-
mo as de sabugueiro , flôres de malvas , violas , etc.
Loock branco 136. Pediluvios sinapisados . Fumiga-
ções com vapores d'agua quente. Se o defluxo ataca
uma criança de peito, e se é bastante intenso para
tapar quasi completamente as ventas , a criança não
póde mamar ; porque logo que applique a bocca ao
DIARRHEA E DYSENTERIA . 647
peito, fica impossibilitada de respirar : é preciso en-
tão substituir a amamentação natural pelo leite admi-
nistrado por pequenas colheres, o que não necessita,
como esta ultima, de uma occlusão perfeita da bocca.
DELIRIO NERVOSO, ou Delirium tremens. De-
lirio provocado pelo abuso dos licores espirituosos
com tremor dos membros e insomnia.- Se o delirio
principia depois de uma bebedeira , administrar,
1 grão de emetico para impedir a absorpção dos li-
quidos ainda contidos no estomago . Depois dar ↑ a
3 grãos de opio. Applicar na testa pannos molhados
em agua fria e vinagre. Dar a beber limonada de vi-
nagre . Almiscar 123. Vigiar o delirante para que não
faça damno a si ou a outros .
Demencia. V. Alienação mental.
Desfallecimento, desmaio. V. Syncope.
Deslocações. V. Luxações .
DIABETES, glycosuria ou ourinas doces. Excre-
ção abundante de ourina contendo assucar de fecula.
Diminuir toda a especie de alimentos feculentos ,
inclusive o pão : n'este fim substituir o pão ordinario
pelo pão de gluten ; comer pouco feijão e poucas ba-
tatas. Aconselhar um regimen composto de carne,
caldos , ovos , peixe , comidas salgadas , vinho e ve-
getaes seguintes : azedas, almeirão, agriões, fructos
acidos . Interdizer a cerveja, passas, pastelarias , doces,
leite ; mas permittir queijos, café e chá com mui pe-
quena quantidade de assucar. Banhos de vapor. Exer-
cicio. Óleo de figado de bacalháo 401. Bicarbonato
de soda 208. Agua de Vichy. Opio 406. Magnesia
calcinada na dóse de meia a oitava por dia 356.
Agua de cal 487. Banhos do mar . Hydrotherapia 326.
Diabetes falso. V. Fluxo de ourina.
DIARRHEA E DYSENTERIA. Dieta . Cozimen-
tos de arroz, cevada, linhaça, ou de raiz de althéa
com gomma arabica. Solução de gomma arabica com
xarope de marmelo . Banhos de assento tepidos , Cly-
steres emollientes 398. Clysteres emollientes e cal-
mantes 408. Clyster de linhaça 350. Bebidas e clyste-
res com claras de ovos (albumina) 113. Bebida albumi-
nosa de Mondière 143 Poção de Requin 407.Cataplasmas
de farinha de linhaça sobre o abdomen. Vomitorio de
648 MEMORIAL THERAPEUTICO.
ipecacuanha 343. Clysteres com infusão de ipeca-
cuanha 343. Purgante de sulfato de magnesia , de
sulfato de soda , ou de oleo de ricino . Calomelanos
373. Opio 405. Mistura de calomelanos, de opio e de
ipecacuanha. Pòs anti-dysentericos d'Ellis 353. Pi-
lulas anti-dysentericas de Boudin 374. Se estes meios
não forem sufficientes recorra-se aos medicamentos
adstringentes 519, e tonicos 543. Cato. Electuario de
cato 215. Pilulas anti-dysentericas de Willis 215. Po-
ção adstringente 215. Infusão de cato composta 245 .
Aconito. Poção de Marbot contra a dysenteria 95 .
Tannino . Alumen. Bistorta . Tormentilla . Ratanhia.
Noz de galha . Cascarilha . Simaruba. Quina . Theriaga.
Diascordio. Monesia. Conserva de rosas. Rhuibarbo.
Sub-nitrato de bismutho . Emulsão de cêra 224. Al-
miscar. Cozimento de arroz com cato . Electuario ad-
stringente 252 , 317, 493. Poção de simaruba opiacea
474. Julepo anti-dysenterico 344. Apozema adstrin-
gente 245. Banhos aromaticos 274. Fricções no corpo
com linimento de Rosen 384. Se apezar d'este trata-
mento, a dysenteria continuar, empreguem-se clyste-
res com nitrato de prata , 1 grão de nitrato para 3 on-
ças d'agua morna nas crianças ; 10 grãos de nitrato
para 6 onças d'agua nos adultos . Recommendar muito
asseio aos doentes ; collocar em seus quartos vasos
contendo a solução de chlorureto de cal. O regimen ,
severo ao principio, será composto ao depois de sò-
pas de arroz, de araruta, ovos, gallinha, é no fim da
molestia, de alimentos mais succulentos.
Digestão difficil . V. Dyspepsia.
DILATAÇÃO DO CORAÇÃO. Ferro , genciana .
calumba, centaurea menor e outros medicamentos
tonicos 543. Banhos do mar. Diureticos 528. Pur-
gantes 540.
Diphtherite. V. Pharyngite membranosa .
DIPLOPIA. Vista dupla. Vesicatorios na nuca.
Fumigações com balsamo de Fioraventi 496. Medi-
camentos antispasmodicos 523. Emetico . Purgantes.
Oculos cujos vidros sejão de uma força desigual .
DIVISÃO da campainha da garganta. Operação
da staphyloraphia.
DOR DE OUVIDO . 649
DORES. Opio. Hydrochlorato de morphina. Sul-
fato de morphina. Acetato de morphina. Codeina .
Meimendro. Estramonio. Cicuta. Lactucario . Thri-
dacio.
Dôr de anca. V. Coxalgia.
Dôr de barriga. V. Colica.
Dôr de cabeça. V. Cephalalgia.
Dôr de cadeiras. V. Lumbago.
Dôr de côxa. V. Coxalgia.
DOR DE DENTES. Dóres que dependem de ca-
rie. Creosota 255. Oleo de cravo da India 253. Laudano
de Sydenham 403. Ether sulfurico. Introduzir um pe-
dacinho de alcanfor na cavidade do dente cariado, ou
metter no conducto auditivo um pedaço de alcanfor
envolto em algodão, e deixa-lo dentro . Pilulas odon-
talgicas 174. Mistura odontalgica 408 , 410. Espirito
odontalgico 408. Cauterisação do nervo. Extracção
do dente.
Dores de dentes nervosas . Collutorio calmante 408 .
Fricções nas gengivas com mistura odontalgica 440 .
Applicar sobre o rosto a cataplasma calmante 409 .
Purgantes brandos . Habitação n'um lugar quente e
secco. Opio. Estramonio . Meimendro. Belladona.
Oxydo de zinco e outros antispasmodicos 523. Pilu-
las de Meglin 366. Introduzir no ouvido uma bola de
algodão embebida em chloroformio.
Dôr de estomago. V. Colica.
Dôr de garganta. V. Pharyngite.
Dôr de juntas. V. Rheumatismo.
DÔRES OSTEOCOPAS. Opio. Cicuta. Meimen-
dro. Causticos no lugar da dòr. Tratamento anti-sy-
philitico interno . V. Syphilis.
DOR DE OUVIDO . Introduzir no conducto audi-
tivo algumas gottas de tintura de aconito 95 , ou um
pouco de algodão embebido em laudano de Sydenham ,
em balsamo tranquillo ou em chloroformio ou um
peda o de alcanfor envolto em algodão . Pediluvios
sinapisados. Pannos quentes na cabeça. Bichas atrás
da orelha.
Dôr de pescoço . V. Torcicollo.
Dôr de quadril. V. Coxalgia.
30

37
650 MEMORIAL THERAPEUTICO .
Dôr de rosto. V. Nevralgia facial.
Dothinenterite. V. Febre typhoide .
DRACUNCULO ou Bicho da costa. Extrahir o
bicho exercendo sobre elle tracções lentas e modera-
das. Se o bicho resiste, enrolar tudo o que sahiu em
roda de uma penna, e fazer tracções no dia seguinte.
Dureza de ventre. V. Prisão do ventre .
Dysenteria. V. Diarrhea.
Dysmenorrhea. V. Amenorrhea.
DYSPEPSIA. Digestão difficil . - Se é o resultado
de uma alimentação mui copiosa, diminuir esta , sus-
pender mesmo toda a alimentação solida , e usar só
de alimentos liquidos , caldo , leite. É preciso attender
ás sympathias e antipathias do estomago ; vigiar a
quantidade e qualidade dos alimentos ; por ordem na
distribuição das comidas ; que antes sejão leves do
que copiosas. A vida sedentaria será modificada por
um exercicio moderado, agradavel . A respeito do exer-
cicio depois de jantar ha muitas differenças indivi-
duaes, que é necessario respeitar. Ha pessoas que se
dão bem com um passeio à pé depois da comida ; a
outras, a immobilidade é indispensavel para que a
digestão possa effeituar-se. Os medicamentos que
favorecem a acção do regimen contra a digestão dif-
ficil são Pilulas de aloes de Requin 125, uma a
duas por dia. Grãos de saúde 126. Rhuibarbo em pó ,
6 a 12 grãos. Pilulas estomachicas 389. Pós estoma-
chicos 188 , 307, 435. Pós digestivos 146, 209. Tin-
turas de canella, absinthio, camomilla, cardamomo ,
quina. Café depois de jantar. Banhos de rio ou do
mar. Agua de Seltz 104.
Dyspnea. V. Affrontação.
DYSURIA. Difficuldade de ourinar. Banhos mor-
nos. Cataplasmas de linhaça sobre o ventre . Fricções
com oleo camphorado 192. Cozimento de linhaça . V.
Retenção de ourina.
ECCHYMOSE . Applicar pannos molhados em
agua fria, ou em agua misturada com vinagre, ou em
agua vegeto-mineral 285. V. Contusão.
Eclampsia. V. Convulsões das parturientes .
ECTHYMA. Pustulas na pelle, de volume bastante
consideravel , com base vermelha, seguidas de uma
EDEMA. 654
crosta ròxa, e depois, de uma nodoa avermelhada.
Bebidas acidulas ou laxantes . Banhos mornos.
V. Dartros.
ECTROPION. Collyrios adstringentes 179 , 286 ,
393, 485. Cauterisação com pedra infernal . Excisar a
membrana mucosa se o ectropion depender do seu
engurgitamento. Se provier da cicatriz da pelle, em-
pregar a excisão da conjunctiva , ou a excisão da car-
tilagem tarso, ou a blepharoplastia.
ECZEMA. Dartro escamoso humido. - Banhos
mornos. Bebidas acidulas temperantes 542, e laxantes
540. Regimen composto principalmente de vegetaes.
Cataplasma com polpa de cenouras , com fecula de
batatas. Unturas com glycerina 340. Linimento contra
o eczema 344. Banhos com sulfureto de potassa 487.
Pomada antidartrosa de Gibert 132. Pomada de alca-
trão 116. Pomada de fuligem 303. Pomada de calo-
melanos 375. Aguas sulfurosas 110. Caldas da Rainha
e outras aguas da mesma especie 142. Banhos com
gelatina ( 4 libra para um banho ) . No eczema das
orelhas é ás vezes necessario introduzir um pedaço
de esponja preparada para prevenir a obliteração
do conducto auditivo . No eczema da cabeça é bom
cortaro cabello ou rapar a cabeça e entreter um grande
asseio n'esta parte . Se o eczema resistir a este trata-
mento, recorrer-se-ha á therapeutica complicada e
muitas vezes empirica dos dartros . V. Dartros.
EDEMA. Inchação geral ou parcial , devida á accu-
mulação de serosidade no tecido cellular. O edema
geral chama-se anasarca ( V. esta palavra ) ; o edema
parcial toma o nome da parte que occupa . Pheno-
meno frequente na convalescença e no ultimo periodo
das molestias chronicas , occupa ordinariamente os
membros inferiores , sobretudo em roda dos malleolos,
e está ligado com a fraqueza dos individuos . Convem
n'este caso os medicamentos tonicos 543 , e os ana-
lepticos 520. Manifesta-se ás vezes nos membros infe-
riores depois das marchas longas : o repouso é suffi-
ciente para cura-lo . Póde depender da presença das
varizes ; ou então ser o primeiro grau de uma hydro-
pisia geral , e annunciar uma molestia do coração . É
necessario dirigir o tratamento contra a molestia prin-
652 MEMORIAL THERAPEUTICO .
cipal. O edema de um dos braços ou da metade supe-
rior do tronco deve obrigar o medico a examinar se
não existe algum obstaculo á circulação no peito,
algum tumor no braço, aneurysma da aorta , etc. O
edema circumscripto pode ser o signal de um abcesso
mais ou menos profundo . O edema do rosto é ás vezes
o indicio de uma pequena postema que se forma na
gengiva . O edema das pernas, do escroto e de outras
partes é a consequencia commum dos ataques de
erysipela. (V. Elephantiase . ) A inchação parcial é
um symptoma que se observa nas contusões , torce-
duras, abcessos, erysipelas , em muitas inflamma-
ções, etc. Todas estas inchações desaparecem com
as causas que as tinhão produzido . Contra o edema
das pernas nas mulheres gravidas empregar as fric-
ções com balsamo nerval 383 , banhos com plantas
aromaticas , taes como a alfazema , alecriin , salva, etc.
Edema da glotte. Respiração difficil, tosse, suffo-
cação, ás vezes todos os phenomenos de asphyxia . -
Sanguesugas no pescoço . 1 a 2 grãos de emetico em
3 onças d'agua. Sinapismos nos pés, caustico na
nucca. Fricções com unguento mercurial no pescoço.
Assoprar ás fauces alumen em pó . Fazer a operação
da tracheotomia se a suffocação fòr imminente.
Edema das parturientes , edema doloroso ou
phlegmasia alba dolens. Inchação dolorosa das
coxas e pernas nas mulheres depois do parto. -Cata-
plasmas de linhaça simples ou feitas com cozimento
de dormideiras, meimendro ou estramonio . Fricções
com balsamo tranquillo 174 , com unguento populeão
175, com linimento opiaceo 409, com linimento ano-
dyno 409. Mistura nitrada 394. Purgantes 540. Banhos
d'agua morna .
Edema dos pulmões. Infiltração de serosidade no
tecido pulmonar levada a um tal grào , que o orgão
se torna notavelmente menos permeavel ao ar. - Ve-
sicatorios. Medicamentos diureticos 528. Scilla. Digi-
tal. Acetato de potassa . Fricções com tintura de scilla
e de digital. Emetico . Poções com kermes . Acetato
de ammoniaco, oxymel scillitico . Pilulas de aloes, de
escamonéa, de jalapa .
Edema dos recem-nascidos ou sclerema. Endure-
EMBRIAGUEZ . 653
cimento do tecido cellular nas crianças recem -nasci-
das. ― Banhos d'agua quente simples ou misturada
com aguardente, ou com agua de Colonia. Banhos
com plantas aromaticas, taes como a alfazema, alecrim ,
hortelã, etc. Fricções no corpo com balsamo nerval 383.
ELEPHANTIASE. Elephantiase dos Arabes, ery-
sipela branca . Tumefacção da pelle e dos tecidos
subjacentes, que produz uma deformação mais ou
menos consideravel das partes affectadas . - No seu
começo ; isto é , quando sobrevem o accesso, acom-
panhado de calafrios, dôr na parte affectada , seguida
de calor, suor, sêde , etc. , provocar a transpiração,
administrando chá de sabugueiro ou de borragem.
Purgantes 540. Cataplasmas de linhaça. Fricções com
oleo camphorado 192. Polvilhar a parte doente com
mistura de alcanfor e de polvilho 194, ou applicar al-
godão em rama . Dieta . Repouso.
Quando a inchação elephantiaca se declarar, em-
pregar bantios frios, banhos do mar, fricções com
gelo, compressão methodica. Applicações de pannos
molhados em dissolução de acetato de chumbo 80 ,
em infusões aromaticas , taes como as de alfazema,
alecrim, thymo, salva, etc. Fricções com pomada de
hydriodato de potassa 339. Banhos sulfureos . Caldas
da Rainha 442. Banhos de vapor d'agua quente. Me-
dicamentos diureticos 328. Iodureto de ferro 334. A
mudança de clima ao principio da molestia é um dos
meios mais certos da cura.
Elephanthiase dos Gregos . Affecção tuberculosa
da pelle. V. Morphea.
EMBARAÇO GASTRICO. Dieta. Agua de arroz
ou de cevada com sumo de limão . Limonada. Laran-
jada . Vomitorio de ipecacuanha 343. Chá de macella
gallega, herva doce ou herva cidreira.
EMBARAÇO INTESTINAL. Depois do trata-
mento indicado no embaraço gastrico , insistir nos
purgantes, como senne, rhuibarbo .
EMBOTAMENTO DOS DENTES. Mastigar a
raiz de althea . Esfregar as gengivas com magnesia
calcinada.
EMBRIAGUEZ . Se a embriaguez for fraca, bas-
tará beber um ou dous copos d'agua fria, e lavar a
634 MEMORIAL THERAPEUTICO .
cabeça com agua fria para dissipa-la . Se for mais
forte, administrar-se-ha uma infusão de chá , de café,
ou uma chicara d'agua fria com 45 a 25 gottas de ace-
tato de ammoniaco . ou de ether sulfurico, ou com
8 gottas de alcali volatil ; ou agua morna com 4 grão
de emetico para provocar vomitos . Poção contra a
embriaguez 440. Mas , se a embriaguez chegar ao es-
tado de insensibilidade, de somno lethargico, de coma ,
o doente será deitado de lado , com a cabeça elevada;
o tronco e os membros serão desembaraçados de toda
e qualquer compressão. Deve-se fazer fricções pelo
corpo com ammoniaco, vinagre, approximar o frasco
com ammoniaco ás ventas ; admiuistrar clysteres com
3 grãos de emetico, ou com 2 onças de sulfato de
soda ; applicar sinapismos nas differentes partes do
corpo, e praticar uma sangria se existir alguma con-
gestão sanguinea .
Emmagrecimento. V. Consumpção.
EMPHYSEMA. Infiltração de um gaz no tecido
cellular subcutaneo . - O emphysema passageiro não
exige tratamento algum ; mas, se fôr consideravel a
ponto de produzir a suffocação, é preciso dar sahida
ao ar pelas escarificações, e applicar ventosas sobre
estas aberturas artificiaes .
EMPHYSEMA PULMONAR. Molestia caracteri-
sada anatomicamente pela dilatação de um numero
mais ou menos consideravel de vesiculas pulmonares,
e symptomaticamente pela dyspnea habitual que aug-
menta por accessos, tosse, deformação de peito que
adquire uma forma globosa, e pela diminuição ou
ausencia completa do ruido respiratorio . Eme-
tico 152, ou ipecacuanha 343. Xarope de balsamo de
tolu 169. Xarope de lactucario 119. Gelea de musgo
islandico 387. Opio 405. Purgantes 540 .
Empigem. V. Impigem.
EMPYEMA. Praticar a abertura.
Encalhe do baço . V. Splenite chronica .
Encalhe do figado. V. Hepatite chronica.
ENCEPHALITE AGUDA. Sangrias. Sanguesu-
gas atrás das orelhas . Applicações frias, gêlo na ca-
beça . Sinapismos nos pés. Vesicatorios nas pernas.
Bebidas e clysteres purgantes 540. Calomelanos 373 .
ENJOO. 655
Agua de Sedlitz 140. Oleo de ricino 403. Emetico em
lavagem 154. Catheterismo frequentemente repetido .
Encephalite chronica. Sanguesugas . Vesicatorios .
Fontes, sedenhos na nuca. Purgantes salinos 540 .
ENCEPHALOCELE . Compressão igual e suave.
Preservar o tumor dos corpos externos.
Endocardite. Inflammação da membrana interna
do coração. O tratamento é o mesmo que o da pe-
ricardite.
Endurecimento do baço . V. Splenite chronica.
Endurecimento do figado. V. Hepatite chronica .
Endurecimento do tecido cellular das crianças .
V. Edema.
Enfarte do baço . V. Splenite chronica.
Enfarte do figado . V. Hepatite ohronica.
ENFARTES GLANDULARES. Fricções com po-
mada de hydriodato de potassa 339, com linimento
volatil camphorado . Preparações de iodo . Medica-
mentos tonicos 542. Regimen analeptico. V. Escro-
phulas.
Enfartes dos seios. V. Tumores dos seios.
Enfartes dos testiculos. V. Orchite chronica.
Enforcado. V. Asphyxia por estrangulação .
Engasgamento.V. Corpos estranhos na garganta.
ENGURGITAMENTO LACTEO DOS PEITOS.
Purgantes 540. Limonadas de limão , laranja . Appli-
car algodão sobre os peitos.
Engurgitamentos. V. Enfartes .
ENJOO . Compressão do ventre com uma cinta .
Sumo de limão . Agua de flor de laranja. Beber um
calix de vinho do Porto ou da Madeira, ou um pouco
de rhum. Distracção . Exercicios. O Dr Semanas pro-
põe o tratamento seguinte : Duas horas antes de em-
barcar ingerir 8 pilulas de sulfato de quinina tartari-
sado pag. 482. Depois de entrar no navio, ficar deitado
durante as duas primeiras horas, não comer nada e
occupar, tanto quanto for possivel, a parte media do
navio. - Ao cabo das duas primeiras horas, se a pessoa
não soffre o menor enjôo , deve tomar uma pilula do
mesmo sulfato, de duas em duas horas, só durante o
dia, passeiar sobre o convéz do navio e usar de uma
656 MEMORIAL THERAPEUTICO .
alimentação confortavel . Se o enjoo apparece, tomar
uma, duas e até tres pilulas de hora em hora, conforme
o enjoo for fraco , forte ou intenso ; e é necessario em
todos estes casos, conservar a posição deitada e tomar •
só caldos durante o primeiro dia. Se, apezar disto , o
enjôo continuar no dia seguinte , convém tomar uma
pilula de duas em duas horas, conservar-se deitado
e usar de uma alimentação pouco copiosa . Logo que
o enjoo cessar, a pessoa deve passeiar sobre o navio ,
usar de uma alimentação confortavel e cessar o em-
prego de sulfato . Nas crianças ou nas pessoas que
não podem engulir as pilulas, póde-se recorrer ás
fricções com pomada de sulfato de quinina tartari-
sado , pag. 482 , usando para cada fricção o tamanho
de uma ervilha desta pomada. O adulto que se quer
preservar do enjôo deve fazer ao menos seis fricções
debaixo de cada braço , com meia hora de intervallo ,
e a ultima uma hora antes de embarcar. Isto feito ,
deve-se portar no navio como fica dito acima , substi-
tuindo só as pilulas pelo numero igual das duplas
fricções. Na criança de pequena idade, que se de-
seja preservar do enjoo, são sufficientes duas ou tres
duplas fricções, com meia hora de intervallo, sendo
a ultima praticada meia hora antes de embarcar. No
navio é preciso tratar conforme o estado do mar e o
enjòo da criança . A experiencia não confirmou ainda a
efficacia d'este methodo, e duas pessoas do meu co-
nhecimento que se submettêrão ao uso do sulfato de
quinina, não fôrão preservadas do enjôo .
Enteralgia. V. Colica nervosa.
ENTERITE. Aguda. Bebidas gommosas. Cata-
plasmas emollientes . Clysteres de linhaça . Banhos
mornos. Diéta. Sanguesugas . Opio 405.
Chronica. Vesicatorios nos membros . Fricções no
ventre com pomada stibiada 152. Banhos sulfureos .
Bebidas tonicas 542. Aguas ferreas . Alimentos de facil
digestão . Exercicio ao ar livre e habitação no campo .
ENTRADA DO AR NAS VEIAS, durante as
operações cirurgicas . Comprimir com o dedo o lu-
gar pelo qual o ar entrou na veia . Dar a respirar ao
doente cheiros fortes, taes como o vinagre, ether, al-
cali volatil, deitar-lhe agua fria sobre o rosto, friccio-
ENVENENAMENTOS. 657
nar-lhe o corpo com baeta, dar sacudidelas no thorax,
empregar finalmente os meios indicados na Syncope.
Entrevado . V. Paralysia.
ENTROPION. Excisão da pelle da palpebra. Ex-
cisão da cartilagem tarso. Destruição dos bolbos ci-
liares pela cauterisação ou bisturi . Excisão da mar-
gem palpebral .
ENVENENAMENTOS . Tratamento geral . Quando
se chega perto de uma pessoa que acaba de ser en-
venenada e se tem decorrido pouco tempo desde
que o veneno foi engulido, a primeira cousa que se
deve fazer é provocar ou favorecer os vomitos . Para
isto administrão-se dous ou tres grãos de tartaro eme-
tico dissolvidos n'uma chicara d'agua fria ou morna,
e favorece-se a acção do medicamento por meio
d'agua morna, introduzindo os dedos na garganta,
ou titillando a uvula com a rama de uma penna . Se
já tem decorrido muitas horas depois do enve-
nenamento , e se o veneno tem já passado para os
intestinos, administra-se uma chicara de cinco em
cinco minutos da bebida emeto-purgativa ( agua uma
libra, emetico 1 grão, sal d'Epsom 2 onças) , ou na
falta desta, 3 onças de oleo de ricino . Quando o ve-
neno foi tomado debaixo da fórma de clysteres, é
preciso administrar o oleo de ricino em clyster. De-
pois, tratar-se-ha de neutralisar as propriedades da
porção do veneno que podia ficar, administrando um
antidoto . Póde-se introduzir este com a agua destinada
a evacuar a substancia deleteria , e mesmo é preciso
proceder desta maneira, sempre que as duas indi-
cações poderem ser executadas. Devem-se prescrever
bebidas diureticas, como as infusões de chá, grama
ou parietaria, para expulsar uma porção do veneno
que tenha já penetrado nos orgãos . Ao depois com-
batão-se os accidentes que occasionar este veneno .
Se elle tiver produzido uma inflammação intestinal,
applicar-se-hão sobre o abdomen cataplasmas emol-
lientes, ou tomará o doente um banho morno. Bebi-
das emollientes devem ser administradas . ou agua
com assuear. O caldo será o unico alimento do doente
ao principio , e mais tarde sopas de arroz , de pão ,
etc. Os alimentos mais sólidos não serão permitti-
37.
658 MEMORIAL THERAPEUTICO.
dos senão na convalescença . Combater-se-hão as
caimbras, as convulsões e outros phenomenos nervo-
sos pelos antispasmodicos , taes como o ether, va-
leriana, chá de folhas de laranjeira, as dôres pelo
opio , a asphyxia pela insufflação do ar nos pulmões ;
o narcotismo pelo café, ammoniaco e agua com vi-
nagre. Os sinapismos, causticos , fricções excitantes
e medicamentos estimulantes taes como o acetato
de ammoniaco, infusão de canella, vinho, aguar-
dente, etc. , serão empregados se a vida parecer ex-
tinguir-se ; mas se a reacção fòr exagerada, é neces-
sario modera-la pelos meios oppostos ; isto é, pelos
antiphlogisticos . Se o doente não puder engulir o
vomitorio, nem outros medicamentos, introduzir- se-
ha o remedio no estomago por meio de uma sonda
de gomma elastica . Sendo impossivel achar-se á
mão os antidotos , ou não existindo estes , o tra-
tamento será o que acabamos de indicar; isto é, será
preciso combater os symptomas. Se a substancia
deleteria tiver sido engulida já ha algum tempo ,
ou introduzida na economia pela pelle , é évidente
que não se deve contar com os emeticos, nem com
os antidotos, mas deve-se examinar a natureza dos
symptomas e combatê-los pelos meios apropriados.
ENVENENAMENTO PELA ABOBORA DO MATO . V. Env .
pelos Venenos irritantes vegetaes .
ENV.PELO ACETATO DE MORPHINA. V. Env.pelo Opio.
ENVENENAMENTO PELOS ACIDOS CONCENTRADOS
(acido sulfurico, ou oleo de vitriolo, acido nitrico
ou agua forte, acido acetico ou vinagre radical,
acido hydrochlorico ou muriatico, acido oxalico,
azul de Saxonia ou dissolução de anil no acido
sulfurico, pela agua regia, pelos acidos citrico,
phosphorico e iodico) . Administra-se uma grande
quantidade de agua morna, misturada com magne-
sia calcinada ( 1 onça de magnesia para 32 onças d'a-
gua) . Dê-se um copo desta mistura de cinco em
cinco minutos, com o duplicado fim de provocar os
vomitos e neutralisar o acido . Favoreção - se os vomi-
tos introduzindo dous dedos na garganta. Na falta
da magnesia administre-se uma onça de sabão dis-
solvido em 32 onças d'agua . O giz diluido em agua
ENVENENAMENTOS. 659
póde tambem ser util, a não se achar magnesia , nem
sabão . Os accidentes inflammatorios serão combati-
dos pelos meios descriptos no tratamento geral ,
pag. 657.
ENVENENAMENTO PELO ACIDO PRUSSICO , e pelas
substancias que o contém taes como a agua de louro-
cerejo, amendoas amargas, etc. Administre -se 4 ou
2 grãos de emetico em 3 onças d'agua . Faça-se res-
pirar o chloro. Para isto molha - se um panno ou
uma esponja n'uma mistura de 1 parte de chloro li-
quido e de 4 partes d'agua , e approxima-se este panno
ao nariz e á bocca do doente . Se não se achar chloro
liquido , pode-se empregar a agua de Labarraque ou
a dissolução em agua de chlorureto de cal. Na falta
do chloro faça-se respirar o alcali volatil . Depois
disto administrem-se 10 a 20 gottas de alcali volatil
n'um cópo d'agua fria . Fação-se applicações de pan-
nos molhados em agua muito fria sobre a cabeça e
a columna vertebral. Em seguida fação - se fricções
sobre as fontes com alcali volatil e tintura de ale-
crim, e ponhão-se sinapismos nas pernas. A infusão
de café e o oleo de terebenthina , aconselhados neste
envenenamento, tem menor effeito do que os meios
precedentes. Depois de combatidos os primeiros ac-
cidentes, será preciso tratar o estado de prostração ,
que durará mais ou menos tempo, e que irá ce-
dendo pouco a pouco para este fim administre-se
vinho generoso e chá de canella.
ENVENENAMENTO PELO ACONITO. Se o envenena-
mento foi produzido ha pouco tempo , administrar
4 grão de emetico . Se já tem decorrido algum tempo ,
dar 2 onças de oleo de ricino ou de sal d'Epsom. De-
pois disso applicar sinapismos nas pernas, còxas e
braços ; dar uma chicara de chá de canella quente
ou chá da India, e de cinco em cinco minutos uma
colher da poção seguinte : infusão de herva cidreira
6 onças, ether sulfurico 1/2 oitava , assucar 1/2 onça .
Se esta poção não conseguir provocar o calor da pelle,
administrar um calix de vinho quente . Depois dar li
monada de vinagre.
ENVENENAMENTO PELA AGUA DE JAVELLE . Provo-
car os vomitos dando a beber agua morna, e agua
660 MEMORIAL THERAPEUTICO .
com claras de ovos . Combater a inflammação gastrica
com cataplasmas e cozimento de linhaça.
ENVENENAMENTO PELA AGUA DE LOUROCEREJO . V.
Env. pelo Acido prussico.
ENVENENAMENTO pela agua regiA. V. Env. pelos
Acidos concentrados.
ENVENENAMENTO PELOS ALCALIS E SEUS COMPOSTOS
(polassa, soda, ammoniaco , cal) . Administre - se a
agua acidulada preparada com uma colher de vinagre
ou de sumo de limão e uma chicara d'agua . Depois re-
corra-se ás bebidas, clysteres, cataplasmas de linhaça .
ENVENENAMENTO PELO ALCOOL E PELOS LIQUIDOS
ESPIRITUOSOS . Se as bebidas alcooolicas produzirem
em alguma pessoa um somno profundo, acompanhado
de insensibilidade, respiração estertorosa, bocca cheia
de escuma , é preciso recorrer á sangria do braço ,
ás applicações sobre a testa, rosto e peito , de pan-
nos inolhados em agua e vinagre ; dar a beber agua
com vinagre, applicar sinapismos nos pés e causticos
nas pernas , e dar clysteres com agua morna que
tenha em dissolução duas ou tres colheres de sopa
de sal de cozinha.
ENV. PELA ALFACE BRAVA . V. Env. pela Belladona .
ENVENENAMENTO PELO ALVAIADE . V. Env. pelas
Preparações de chumbo.
ENVENENAMENTO PELAS AMENDOAS AMARGAS . V.
Env. pelo Acido prussico.
ENVEN. PELO AMMONIACO. V. Env. pelos Alcalis .
ENVENENAMENTO PELO ANDA-AÇU. V. Env . pelos
Venenos irritantes vegetaes.
ENVENENAMENTO PELO ANGELIM. V. Env. pelos
Venenos irritantes vegetaes .
ENVENENAMENTO PELA ANGUSTURA FALSA. V. Env .
pela Noz vomica.
ENVENENAMENTO PELOS ANIMAES DAMNADOS , VE-
NENOSOS. V. Mordeduras de animaes venenosos .
ENVENENAMENTO PELA ARRUDA. V. Env. pelos Ve-
nenos irritantes vegetaes .
ENVENENAMENTO PELO ARSENICO E SEUS COMPOS-
TOS, taes como o acido arsenioso, arseniato de am-
moniaco, arseniato de ferro, arseniato de potassa ,
arseniato de soda, cal de arsenico , ouro pimento ,
ENVENENAMENTOS. 664
rosalgar, pós contra as moscas, massa de Rousselot,
massa do Frei Cosme, e a massa de que se servem
os empalhadores de passaros . A expulsão do arse-
nico é o meio mais efficaz para prevenir os accidentes :
é pois mister favorecer os vomitos , dando tres ou
quatro chicaras d'agua fria que tenha em dissolução
um ou dous grãos de tartaro emetico . Para neutralisar
uma parte do veneno que possa ficar nos intestinos ,
prescrever-se-ha o peroxydo de ferro hydratado (12
a 15 vezes o peso presumido do arsenico) diluido em
agua adoçada, V. pag. 290, ou na falta deste o sub-
carbonato de ferro das boticas (V. poção de Guibourt
contra o envenenamento pelo arsenico, pag 296 ) ; ou
então a magnesia hydratada. Ao depois, para com-
bater a prostração , administre-se vinho do Porto, chá
de canella , chá da India com rhum ; appliquem -se
sinapismos nas pernas ; fação -se fricções no corpo com
baêta quente. Bebidas diureticas, taes como as infu-
sões de grama , parietaria, para expulsar a porção do
veneno que tem penetrado nos orgãos. Se o enve-
nenamento foi produzido pela applicação externa das
massas arsenicaes, da massa de Rousselot por exem-
plo, os alcoolicos, o chá de canella , o opio, combi-
nados e administrados em altas dóses, podem produzir
a reacção salutar.
ENVEN. PELO AZINHAVRE. V. Env . pelo Cobre.
ENVENENAMENTO PELA BARYTA. Provocar os vomi-
tos com agua morna. Administrar a solução de sulfato
de soda ou de sulfato de magnesia (2 oitavas de sal
para 16 onças d'agua ) . Combater a inflammação con-
secutiva com cataplasmas e cozimento de linhaça.
ENVENENAMENTO PELA BELLADONA e pelas substan-
cias seguintes : tabaco ou fumo, figueira do inferuo
ou estramonio, meimendro, digital , trombeteira,
mancenilleiro, colchico, cicuta e espirradeira . Dê-
se o emetico ou o purgante segundo os principios
estabelecidos no tratamento geral (pag. 657 ) . Depois
de provocados os vomitos, administrem-se as bebidas
acidulas preparadas com agua e vinagre ou sumo de
limão . Combater o narcotismo pelo cafe , bebidas esti-
mulantes, como o chá de canella, ether, vinho, aguar-
dente, chá da India . Friccionar todo o corpo com
662 MEMORIAL THERAPEUTICO .
baeta quente ou embebida em ammoniaco ou aguar-
dente. Se o veneno foi introduzido pela pelle, é preciso
tratar o doente da mesma maneira , á excepção do
vomitorio.
ENVENENAMENTO PELO BISMUTHO . V. Env . pelas
Preparações de bismutho.
ENVEN. PELO BROMO . V. Env. pelo Phosphoro.
ENV. PELA BRUCINA . V. Env. pela Noz vomica.
ENVENENAMENTO PELA BRYONIA. V. Env . pelos Ve-
nenos irritantes vegetaes .
ENVENENAMENTO PELA CAL . V. Env . pelos Alcalis .
ENV. PELOS CALOMELANOS . V. Env pelo Sublimado.
ENVENENAMENTO PELA CAMPHORA. Administrar
vinho, aguardente, chá de canella, e outros estimu-
lantes, depois de preenchida a primeira indicação,
que consiste em administrar 4 grão de emetico, para
expulsar a camphora que ainda não foi absorvida.
ENVENENAMENTO PELAS CANTHARIDAS . Adminis-
trar 4 grão de emetico e depois agua morna, ou de-
coctos de sementes de linhaça, ou de raiz de althéa.
Friccionar levemente a região inferior do abdomen,
assim como a parte interna das côxas, com oleo cam-
phorado. Banhos de assento mornos . Interiormente
administrar vinho generoso, aguardente de canna,
chá de canella, opio 405.
ENVENENAMENTO PELO CENTEIO ESPIGADO. Dar
algumas colheres de uma poção calmante e antispa-
smodica 283 , e agua acidulada com vinagre ou sumo
de limão . Nos intervallos dar a beber vinho generoso.
Chá de canella . Administrar o opio na dóse de 3 a 4
grãos por dia. Poção com tintura de quina 435. Infu-
são de serpentaria de Virginia . Banhar as pernas com
uma infusão de plantas aromaticas , como a de alfa-
zema, alecrim, salva , misturadas com vinagre. Esfre-
gar as pernas com ammoniaco e cobrir depois esta parte
com baêta quente. Applicar garrafas d'agua quente
aos pés. Se o torpor e a frieza continuarem , applicar
vesicatorios nos lugares proximos do mal, e fomentar
os membros affectados com o soluto seguinte agua
32 onças, alumen calcinado 4 onças, sulfato de cobre
3 onças, sal de cozinha 4 onça . Se a gangrena se mani-
festar, veja Gangrena.
ENVENENAMENTOS. 663
ENVENENAMENTO PELO CHLOROFORMIO, V. pag. 228 .
ENVENENAMENTO PELO CHUMBO . V. Env. pelas Pre-
parações de chumbo.
ENVENENAMENTO PELO CHLORURETO DE OURO E
SODIO. V. Env. pelas Preparações de ouro.
ENVEN. PELA CICUTA. V. Env . pela Belladona.
ENVEN. PELO CINABRIO. V. Env. pela Sublimado.
ENVENENAMENTO PELO COBRE e suas preparações,
taes como o azinhavre ou zinabre, verdete, cal de
cobre, agua celeste, sulfato de cobre (conhecido
pelo nome de pedra lipes, caparroza azul, azul de
Chypre, vitriolo azul , azul de Venus , azul de
cobre) . Favorecer os vomitos pela agua albuminosa
com assucar (4 a 6 claras de ovos para cópo d'agua) .
Se ha phenomenos de asthenia , administrar poções
com agua de canella, e vinho ou aguardente, e clyste-
res da mesma natureza . Se apparecer inflammação
gastrica, empregar banhos mornos e cataplasmas de
linhaça.
ENVENENAMENTO PELA COCA DO LEVANTE . V. Env .
pela '
Noz vomica .
ENVENENAMENTO PELOS COGUMELOS. Administrar
2 grãos de emetico ou 24 grãos de ipecacuanha . Ao
depois 2 a 3 onças de oleo de ricino, ou uma chicara
d'agua com 2 onças de sulfato de magnesia. Ao mes-
mo tempo, um clyster preparado com 6 onças de in-
fusão de senne e 2 onças de sulfato de magnesia . De-
pois destas evacuações, dêm-se ao doente de cinco em
cinco minutos duas colheres da seguinte poção anti-
spasmodica ether sulfurico 2 oitavas , agua de flòr
de laranja 4 onças, assucar meia onça . Depois desta
poção , algumas colheres d'agua com vinagre . Se
sobrevierem phenomenos de fraqueza, o rhum , a
caxaça, o vinho, o opio, a infusão de canella, ou de
cravos da India , chá da India com aguardente, taes
são os meios a que se deve recorrer. Se apparecer
inflammação do ventre, as cataplasmas de linhaça e
os banhos mornos são necessarios.
ENV. PELO COLCHICO. V. Env. pela Belladona .
ENVENENAMENTO PELAS COLOQUINTIDAS. V. Env.
pelos Venenos irritantes vegetaes .
ENVENENAMENTO PELO CROTON TIGLIUM. Dar a
664 MEMORIAL THERAPEUTICO .
beber um calix de vinho generoso, e de cinco em
cinco minutos, uma colher da poção seguinte : infu-
são de canella 5 onças, laudano de Sydenham 30 gottas ,
assucar meia onça .
ENVENENAMENTO PELO CYANURETO DE MERCURIO .
Administrar 4 grão de emetico em 3 onças d'agua, e
depois seguir o tratamento indicado para o Acido
prussico.
ENVENENAMENTO PELO CYANURETO DE OURO . V.
Env. pelo Acido prussico.
ENVENENAMENTO PELO CYANURETO DE POTASSIO.
V. Env. pelo Acido prussico.
ENVEN. PELA DATURA . V. Env. pela Belladona.
ENVEN. PELA DIGITAL . V. Env. pela Belladona.
ENVENENAMENTO PELO ELATERIO . V. Env. pelos
Venenos irritantes vegetaes.
ENV. PELAS EMANAÇÕES DAS FLORES . V. Asphyxia.
ENVENENAMENTO PELO EMETICO e outros compostos
de antimonio. Favoreção-se os vomitos com agua
morna. Administre-se uma decocção de noz de galha ,
de casca de romãa ou de quina ou chá da India bem
carregado. Se os vomitos continuarem por muito
tempo, prescreva-se o opio. Combatão-se as phleg-
masias consecutivas com banhos mornos , cataplas-
mas e cozimento de linhaça.
ENVENENAMENTO PELA ESCAMONÉA. V. Env. pelos
Venenos irritantes vegetaes.
ENV. PELA ESPIRRADEIRA. V. Env . pela Belladona.
ENVENENAMENTO PELA ESTAPHYSAGRIA. V. Env .
pelas Coloquintidas.
ENV. PELO ESTRAMONIO . V. Env . pela Belladona.
ENVENENAMENTO PELA EUPHORBIA. V. Env. pelos
Venenos irritantes vegetaes .
ENVENENAMENTO PELA FAVA DE SANTO IGNACIO.
V. Env. pela Noz vomica.
ENVENENAMENTO PELO FIGADO DE ENXOFRE ( sul-
fureto de potassa) . Favorecer os vomitos com grande
quantidade d'agua morna ; administrar o chloro li-
quido ( uma colher de chloro liquido para um copo
d'agua) ; applicar cataplasmas de linhaça no ventre.
ENVENENAMENTO PELA FIGUEIRA DO INFERNO. V.
Env. pela Belladona.
ENVENENAMENTOS . 665
ENVEN. PELO FUMO . V. Env. pela Belladona .
ENVENENAMENTO PELOS GAZES . V. Asphyxia.
ENVENENAMEMTO PELA GOMMA GUTTA . V. Env . ›
pelos Venenos irritantes vegetaes .
ENVENENAMENto pelo hellebORO . V. Env. pelos
Venenos irritantes vegetaes .
ENV. PELA HERVA MOIRA. V. Env. pela Belladona.
ENVENENAMENTO PELO HYDRIODATO DE POTASSA.
V. Env. pelo Iodo.
ENVENENAMENTO PELO HYDROCHLORATO DE MOR-
PHINA. V. Env. pelo Opio.
ENVENENAMENTO PELO IODO . Administrar a disso-
lução de povilho em agua. Cozimento de linhaça .
ENVENENAMENTO PELO IODURETO DE MERCURIO.
V. Env . pelo Sublimado .
ENVENENAMENTO pelo iodureto de potassIO . V.
Env. pelo lodo.
ENVENENAMENTO PELA JALAPA . V. Env . pelos Ve-
nenos irritantes vegetaes.
ENV. PELO KERMES MINERAL . V. Env . pelo Emetico .
ENVENENAMENTO PELO LITHARGYRIO . V. Env. pelas
Preparações de chumbo.
ENVENENAMENTO pelo lourocerEJO . V. Env . pelo
Acido prussico .
ENV. PELO MANCENILLEIRO. V. Env . pela Belladona.
ENVENENAMENTO PELOS MARISCOS . Administrar o
emetico, ou um purgante, se o veneno foi engulido ha
algum tempo . 20 a 40 gottas de ether em meia chicara
d'agua fria com assucar. Vinho do Porto, ou aguar-
dente. Agua acidulada com vinagre ou sumo de limão .
ENV. PELO MEIMENDRO. V. Env. pela Belladona.
ENVENENAMENTO PELO MINIO . V. Env. pelas Pre-
parações de chumbo .
ENVENENAMENTO PELA MORPHINA e seus saes . V.
Env. pelo Opio.
ENVEN. PELOS NARCOTICOS . V. Env. pelo Opio.
ENVENENAMENTO PELO NITRATO DE PRATA. Admi-
nistrar muitos copos d'agua salgada, preparada com
uma colher de sopa de sal de cozinha e 32 onças
d'agua fria. Combater a inflammação consecutiva com
banhos mornos, cataplasmas e cozimento de linhaça .
ENVENENAMENTO PELO NITRO. Combater a pros-
666 MEMORIAL THERAPEUTICO.
tração com fricções de ammoniaco no corpo , com sina-
pismos e bebidas estimulantes , taes como o vinho
quente, aguardente, infusão de canella ; ether . Admi-
nistrar o opio contra os symptomas nervosos.
ENVENENAMENTO PELA NOZ VOMICA, STRYCHNINA,
e pelas substancias seguintes : coco do levante, upas
tieute (succo de uma planta de Java ) , upas antiar
(succo de uma arvore de que os Indios se servem
para envenenar as frechas ), ticunas (veneno ameri-
cano preparado com o succo de certas plantas) . Ad-
ministre - se o tartaro emetico e favoreça - se a sua
acção titillando a garganta. Insuffle-se o ar nos pul-
mões para obviar á asphyxia que é a principal causa
da morte. (V. Asphyxia. ) Administre-se um clyster
d'agua morna com 30 gottas de ether. De dez em dez
minutos , dê-se uma colher da poção seguinte : agua
4 onças, laudano de Sydenham 1 oitava e meia, assu-
car 2 oitavas. De meia em meia hora , fação - se fric-
ções na columma vertebral com essencia de tere-
benthina. Se o veneno foi introduzido pela superficie
do corpo, administrem- se os mesmos meios , menos
o vomitorio.
ENVENENAMENTO PELO OLEO DE CROTON tiglium.
V. Env. pelo Croton tiglium.
ENVENENAMENTO PELO OLEO DE VITRIOLO. V. Env.
pelos Acidos concentrados .
ENVENENAMENTO PELO OPIO e saes de morphina.
Quando o opio tiver sido introduzido no estomago ,
dêm-se dous grãos de emetico dissolvidos n'uma
chicara d'agua. Favoreção-se os vomitos introduzindo
os dedos na garganta , ou titillando a uvula com a
rama de uma penna. Se se suspeitar que o narcotico
tem penetrado nos intestinos, ou se foi introduzido
na economia pelo recto, prescreva-se um purgante
pela bocca ou em clyster. Dê- se uma dissolução de
6 grãos de tannino n'uma colhér d'agua 493. Quando
o opio estiver inteiramente , ou quasi todo, evacuado,
administre- se de cinco em cinco minutos uma colhér
d'agua com algumas gottas de vinagre ou sumo de
limão , e immediatamente depois de cada dose d'agua
acidulada , dêm-se algumas colheres de café forte.
Applique-se tambem um clyster de infusão de café .
ENVENENAMENTOS . 667
Os acidulos antes da evacuação do veneno serião
nocivos. Deve-se procurar dissipar o torpor dos mem-
bros esfregando-os com uma escova ou panno de lãa .
Prescrevão-se poções com acetato de ammoniaco 140.
De doze em doze horas administre-se um clyster com
camphora 194. Se a modorra for profunda e o indi-
viduo parecer estar apoplectico, recorra-se á sangria.
Se o envenenamento tiver sido produzido pela
applicação dos saes de morphina pelo methodo ender-
mico, é inutil administrar os evacuantes e o tannino,
mas é preciso recorrer immediatamente aos acidulos,
ao café, etc.
ENVENENAMENTO PELO OURO. V. Env. pelas Pre-
parações de ouro.
ENV. PELO OUROPIMENTO . V. Env . pelo Arsenico .
ENVENENAMENTO PELO OXYDO BRANCO DE ANTI-
MONIO. V. Env. pelo Emetico.
ENVENENAMENTO PELA PEDRAHUME . Favorecer os
vomitos com tartaro emetico e agua morna . Banhos
mornos e cataplasmas de linhaça .
ENVENENAMENTO PELA PEDRA INFERNAL. V. Env.
pelo Nitrato de prata.
ENVEN. PELA PEDRA LIPES . Env . pelo Cobre .
ENVENENAMENTO POR ALGUNS PEIXES E PELOS
CARANGUEJOS DO MANGUE . V. Env. pelos Mariscos
ENVENENAMENTO PELO PHOSPHORO , e pela massa
phosphorea com que se cobrem os páozinhos para
accender fogo . Administrar 4 grão de emetico em
3 onças d'agua ; depois dar a beber a dissolução de
magnesia calcinada em agua ( 1 onça de magnesia
para 16 onças d'agua ) ; e applicar no ventre uma
cataplasma de linhaça."
ENVENENAMENTO PELOS PINHÕES DE PURGA. V.
Env . pelos Venenos irritantes vegetaes .
ENVENENAMENTO PELOS PÓS DE JOANNES. V. Env.
pelo Sublimado ,
ENVEN. PELA POTASSA. V. Env . pelos Alcalis.
ENVENENAMENTO PELAS PREPARAÇÕES DE ARSE-
NICO . V Env. pelo Arsenico.
ENVENENAMENTO PELAS PREPARAÇÕES DE BARYTA.
V. Env. pela Baryta.
ENVENENAMENTO PELAS PREPARAÇÕES DE BISMU-
668 MEMORIAL THERAPEUTICO .
THO , e outras substancias metallicas irritantes.
Provocar os vomitos com agua morna , administrar o
leite com agua, agua com claras de ovos, com assucar.
Combater os accidentes consecutivos pelos meios indi-
cados no Tratamento geral, pag. 657 .
ENVENENAMENTO PELAS PREPARAÇÕES DE CERIO.
V. Env. pelas Preparações de bismutho.
ENVENENAMENTO PELAS PREparações de cHROMO.
V. Env . pelas Preparações de bismutho .
ENVENENAMENTO PELAS PREPARAÇÕES DE CHUMBO,
que são acetato de chumbo vulgarmente assucar
de Saturno ou sal de chumbo, sub-acetato de chumbo
ou extracto de Saturno, agua branca de Goulard
ou agua vegeto-mineral, carbonato de chumbo ou
alvaiade, ou lithargyrio, zarcão ou minio . Se o en-
venenamento é produzido por grande quantidade de
alguma preparação de chumbo , engulida de uma vez,
o tratamento é o seguinte : ― Provocar os vomitos ;
dar como antidoto a dissolução de sulfato de magnesia
ou de sulfato de soda ( 4 oitavas de sal para 16 ouças
d'agua) . - Se o envenenamento foi lento ; isto é, se
foi produzido por pequenas e repetidas dóses de algum
sal de chumbo, ou se depende da absorpção deste
metal, como acontece, por exemplo , aos fabricantes
de alvaiade , o tratamento é o que se acha indicado
para a Colica de chumbo, pag. 635 .
ENVENENAMENTO PELAS PREPARAÇÕES DE COBALTO .
V. Env. pelas Preparações de bismutho.
ENVENENAMENTO PELAS PREPARAÇÕES DE COBRE .
V. Env. pelo Cobre.
ENVENENAMENTO PELAS PREPARAÇÕES DE ESTANHO .
V. Env . pelas Preparações de bismutho .
ENVENENAMENTO PELAS PREPARAÇÕES DE IRIDIO.
V. Env. pelas Preparações de bismutho.
ENVENENAMENTO PELAS PREPARAÇÕES DE MANGA-
NEZ. V. Env. pelas Preparações de bismutho.
ENVENENAMENTO PELAS PREPARAÇÕES DE MERCU
RIO. V. Env. pelo Sublimado.
ENVENENAMENTO PELAS PREPARAÇÕES DE NIKEL .
V. Env. pelas Preparações de bismutho .
ENVENENAMENTO PELAS PREPARAÇÕES DE OURO.
Provocar os vomitos com agua morna e a introducção
ENVENENAMENTOS . 669
dos dedos na garganta. Administrar a dissolução de
sulfato de ferro (8 a 12 grãos para 8 onças d'agua) .
Combater os accidentes consecutivos pelos meios in-
dicados no Tratamento geral.
ENVENENAMENTO PELAS PREPARAÇÕES DE PALLA-
DIUM. V. Env . pelas Preparações de bismutho .
ENVENENAMENTO PELAS PREPARAÇÕES DE PLATINA.
V. Env. pelas Preparações de bismutho.
ENVENENAMENTO PELAS PREPARAÇÕES DE ZINCO .
V. Env. pelas Preparações de bismutho.
ENV. PELO ROSALGAR . V. Env. pelo Arsenico.
ENVENENAMENTO PELA SABINA. V. Env. pelos Ve-
nenos irritantes vegetaes.
ENV. PELO SAL AMMONIACO . V. Env. pelos Alcalis.
ENV. PELA SCILLA. V. Env. pela Belladona.
ENVEN. PELA soda. V. Env. pelos Alcalis.
ENV. PELA STRYCHNINA. V. Env . pela Noz vomica .
ENVENENAMENTO PELO SUBLIMADO, e pelas outras
preparações de mercurio, laes como o bromureto,
iodureto, protoxydo de mercurio , etc. Dê-se de dous
em dous minutos uma chicara d'agua que tenha em
dissolução 3 ou 4 claras de ovos . Leite com agua.
Combater a inflammação intestinal com banhos mor-
nos e cataplasmas de linhaça.
ENV. PELO SULFATO DE MORPHINA.V. Env. peloOpio.
ENVENENAMENTO PELO SULFATO DE QUININA. Pro-
vocar os vomitos com 1 grão de emetico ; depois ad-
ministrar vinho, chá de canella , e fazer no corpo fric-
ções com baêta embebida em aguardente.
ENVENENAMENTO PELO SULFURETO DE CARBONEO
(liquido empregado nas fabricas de objectos de
borracha , para dissolver esta substancia e soldar
suas chapas ou pedaços isolados) . Este liquido se
volatiliza e produz vapores maleficos , que occasio-
não dores de cabeça, insomnia, vista turva, enfra-
quecimento geral, impotencia viril , surdez , etc. De-
vem estas fabricas ser ventiladas , se não podem ser
estabelecidas em pleno ar ; os vasos que contém o
sulfureto devem estar hermeticamente fechados ; os
obreiros mudarão alternativamente de officina , afim
de evitarem periodicamente os quartos em que se
desenvolvem os vapores toxicos ; usarão de banhos
670 MEMORIAL THERAPEUTICO.
frequentes; sua alimentação será reparadora. Vinho
de quina 435. Ferro reduzido 287.
ENV. PELO TABACO . V. Env. pela Belladona .
ENVENENAMENTO PELA TAJUJA. V. Env . pelos Ve-
nenos irritantes vegetaes .
ENV. PELO TARTARO EMETICO . V. Env . pelo Emetico .
ENV. PELO TICUNAS . V. Env. pela Noz vomica.
ENV. PELA TROMBETEIRA. V. Env . pela Belladona.
ENVENENAMENTO PELO TROVISCO . V. Env. pelos
Venenos irritantes vegetaes.
ENV. PELO UPAS ANTIAR . V. Env . pela Noz vomica.
ENV. PELO UPAS TIEUTE.V. Env. pela Noz vomica.
ENVEN. PELOS VENENOS CORROSIVOS , CAUSTICOS.
V. Env. pelos Alcalis, acidos concentrados.
ENVENENAMENTO PELOS VENENOS IRRITANTES VEGE-
TAES, como a coloquintida, gomma-gutta , elleboro,
sabina, escamonéa, pinhão de purga, abobora do
mato ou tajuja, andaaçú ou fructa de arará, ange-
lim, arruda, trovisco , anemona, etc. Administrem-
se muitos copos d'agua com assucar ou d'agua simples
morna ou fria, afim de diluir o veneno e favorecer os
vomitos. Depois combata-se a inflammação intestinal
e os accidentes nervosos com banhos d'agua morna,
cataplasmas de linhaça no ventre, e com a poção se-
guinte infusão de folhas de laranjeira 5 onças, lau-
dano de Sydenham 24 gottas , assucar meia onça.
ENV. PELOS VENENOS NARCOTICOS . V. Env. pelo Opio.
ENVENENAMENTO PELOS VENENOS NARCOTICO-ACRES.
V. Env. pela Noz vomica, Belladona .
ENVENENAMENTO PELOS VENENOS SEPTICOS , Como
carnes e peixes putrefactos. Administrar o eme-
tico e purgantes. Bebidas aciduladas com vinagre.
Opio. Estimulantes como o ether, infusão de canella ,
de moscada, vinho , alcool.
ENV. PELA VERATRINA. V. Env. pela Belladona.
ENVEN. PELO VERDETE . V. Env. pelo Cobre.
ENVENENAMENTO PELO VIDRO MOIDO. Ovidro moido ,
verdadeirameute fallando não é veneno : esta sub-
stancia não produz accidentes senão mecanicamente .
-- Encher o estomago de feijões, batatas, couve, miôlo
de pão, e depois administrar um emetico. Depois de
evacuadas estas substancias, administrar leite, cozi-
EPILEPSIA. 671
mento de linhaça , e applicar no ventre uma cata-
plasma de linhaça .
ENY. PELO VINHO FALSIFICADO COM AS PREPARAÇÕES
DE CHUMBO . V. Env . pelas Preparações de chumbo .
ENVENENAMENTO PELO VITRIOLO AZUL. V. Enven.
pelas Preparações de chumbo .
ENVENENAMENTO PELO ZARCÃO . V. Enven . pelas
Preparações de cobre .
ENVENENAMENTO PELO ZINABRE. V. Enven . pelas
Preparações de chumbo .
ENV. PELO WOORARA . V. Env. pela Noz vomica.
ENXAQUECA. O melhor remedio é o repouso ,
longe de todo o ruido e da luz . Os doentes devem
deitar-se e fazer por dormir : póde-se mesmo pro-
vocar o somno com 1/2 a 1 grão de opio, ou de co-
deina . Alguns ficão alliviados com uma chicara de
café , chá da India ou herva cidreira . Os outros
meios são : Escaldapés com farinha de mostarda.
Applicações frias na cabeça . O ether derramado pela
testa produz, evaporando-se , uma frialdade , que ás
vezes acalma as dores de cabeça . Emeticos 452. Pur-
gantes 540. Pós de camphora para cheirar 195. Ap-
plicar sobre a testa pannos molhados em agua seda-
tiva 196. Pilulas anti-cephalalgicas 406. Banhos do
mar. Sa houver prisão do ventre, combate - se com
clysteres d'agua morna .
Ephelides. V. Sardas.
Epididymite. V. Orchite .
EPILEPSIA ou Gota coral . Durante o ataque.
Vigiar o doente ; desembaraça-lo dos vestidos que
possão exercer alguma compressão ; introduzir entre
os dentes um panno dobrado para impedir que estes
se quebrem ou possão ferir a lingua ; applicar na
testa pannos molhados em agua fria e vinagre ; dar
a respirar alcali volatil ; estender os membros e de-
dos do doente. Se o ataque for violento e de duração
tão longa que a vida esteja em perigo, e se houver
symptomas de congestão cerebral , praticar uma san-
gria, e applicar sinapismos nas pernas.
No intervallo dos ataques. Evitar as emoções for-
tes, os excessos venereos, os trabalhos de espirito, as
contrariedades . Exercicio moderado. Banhos frios.
672 MEMORIAL THERAPEUTICO .
Entreter o ventre livre com clysteres ou pilulas de
aloes 125 ou outros purgantes 540. Anthelminticos se
se suspeitar a presença de vermes. Valeriana . Oxydo
de zinco . Valerianato de zinco . Belladona. Almiscar.
Castoreo . Camphora . Agua de flor de laranja . Opio .
Oleo de terebenthina. Oleo essencial de terebenthina.
Digital . Agua de lourocerejo . Estramonio. Meimen-
dro . Sulfato de quinina . Assafetida . Artemisia . Pilu-
las de Leuret 280. Pilulas de Vallerand 477. Pilulas
de Meglin 366. Pilulas antinevralgicas 280 , 406. Pi-
lulas contra a epilepsia 280 , 446 , 477. Pilulas anti-
spasmodicas 123 , 163 , 506. Poção de Lemoine con-
tra a epilepsia 138. Pós anti-spasmodicos 423, 242 ,
263, 477, 506. Causticos. Electricidade . Hydrothe-
rapia 326.
EPIPHORA. Derramamento de lagrimas sobre as
faces, em vez de passarem pelos pontos lagrimaes,
por se acharem estes tapados . Reclama o tratamento
da fistula lagrimal.
EPISTAXIS ou hemorrhagia nasal . Apertar o na-
riz com os dedos . Fazer levantar os braços do doente
perpendicularmente e comprimir as ventas. Se a he-
morrhagia não é, como acontece ordinariamente, se-
não de um lado, basta fazer levantar o braço corres-
pondente. Applicar na região frontal, temporal, e na
nuca, pannos molhados em agua fria e vinagre. In-
troduzir na venta fios ou pedra hume em pó. Fazer
injecções nas ventas com agua fria , ou introduzir
fios ou pannos molhados na mistura d'agua fria com
vinagre . Pediluvios e manuluvios d'agua quente sim-
ples ou sinapisada . Ventosas seccas na nuca . Se es-
tes meios não fòrem sufficientes, tapar com fios as
aberturas anteriores e posteriores das fossas nasaes ,
por meio da sonda de Belloc .
EPULIDA. Tumor ou excrescencia nas gengivas.
Ligadura . Excisão . Cauterisação .
ERECÇÕES DOLOROSAS . Emulsão camphorada
193. Clyster com camphora 194. Pilulas com cam-
phora e opio. V. Blennorrhagia.
ERYSIPELA . Provocar a transpiração com chá de
sabugueiro, borragem , casquinha de limão, etc. De-
pois dar bebidas diluentes e acidulas como a decoc-
ESCARLATINA. 673
ção de arroz , de cevada com sumo de limão, a infu-
são de tamarindos, etc. No maior numero dos casos ,
e sendo a molestia pouco grave, este simples trata-
mento é sufficiente. Se a molestia é mais grave,
póde-se administrar um purgante 540, ou 1 grão de
emetico 152. Em geral não ha necessidade de recor-
rer ás applicações locaes, entretanto quando ha muita
tensão e dor é util applicar sobre o lugar cataplas-
mas de linhaça ou de fecula de batatas ; fricções com
banha fresca ; polvilho ou camphora em pó 194. Con-
tra a inchação que fica depois do ataque de erysi-
pela são recommendadas as fricções com pomada
marcial 298 ; applicações de pannos molhados na
dissolução de sulfato de ferro 298 ; de camphora mo-
Jhada e contida entre dous pannos ; algodão cardado;
compressão methodica . Se a erysipela fòr acompa-
nhada de symptomas adynamicos, empregar as pre-
parações de quina e outros medicamentos tonicos 543,
e antispasmodicos 523. Dar sahida ao pus se a ery-
sipela acabar pela suppuração, fazer uma abertura
larga se esta suppuração for na cabeça , e applicar
depois cataplasmas de farinha de linhaça . Sustentar
então as forças do doente com bebidas tonicas e re-
gimen conveniente. Se a erysipela acabar pela incha-
ção estacionaria da parte, proceder como fica dito
na Elephantiase.
ERYTHEMA. Applicações de polvilho. Banhos
d'agua morna . Cataplasma de linhaça.
Escaldadura. V. Queimadura.
ESCARLATINA. Na escarlatina simples deve - se
abandonar o doente á natureza ; conserva-lo em uma
temperatura moderada ; preserva - lo do frio, sem que
sejá necessario abafa-lo com cobertores. Administrar
ao principio bebidas emollientes e sudorificas , taes
como as infusões mornas de sabugueiro , borragem ,
flor de malvas ; ao depois bebidas temperantes e re-
frigerantes taes como a limonada de laranja , limão ou
mesmo agua fria . Gargarejos com decocção de raiz de
althéa e mel rosado 129. Clysteres com decocção de
linhaça . Cozimento antiphlogistico de Stoll 394. Pas-
sados tres ou quatro dias os gargarejos podem ser
adstringentes 131 , 179 , 305 , 441 , 448 , 493. A angina
38
674 MEMORIAL THERAPEUTICO .
diphtherica será combatida pelos meios indicados no
artigo Pharyngite membranosa. No fim do periodo
de escamação da escarlatina convem tomar um pur-
gante de manná, e um banho geral d'agua morna .
Na escarlatina maligna, recorrer ás poções com
acetato de ammoniaco 140, camphora 193, almiscar
122, decocções de quina e contraherva, sinapismos
e causticos . Tintura de aconito 95. Poção de Stahl
444. Contra o delirio, applicar na testa pannos mo-
lhados em agua fria e vinagre. Se a erupção cutanea
desapparecer subitamente, será preciso provoca-la
por meio de banhos quentes e de bebidas diaphore-
ticas, chá de borragem ou sabugueiro .
Como meio preservativo , durante uma epidemia
de escarlatina, empregar a belladona . Poção preser-
vativa da escarlatina 174.
Escarros de sangue. V. Hemoptyse.
ESCORBUTO . Afastar as causas . Ar puro , secco
e quente. Habitação em lugares elevados . Insolação.
Regimen composto principalmente de vegetaes, carnes
frescas de boa qualidade , não salgadas, de caldos de
gallinha, leite, peixe fresco, saladas de todas as es-
pecies ; azedas , agriões, chicoria, e sobretudo bata-
tas chamadas inglezas ; vinho , cerveja , fructos . Be-
bidas acidulas com sumo de limão , de laranja . O
escorbuto do mar cura-se com rapidez logo que os
doentes desembarquem em um lugar cujo ar seja puro
e quente, e fiquem no uso de carnes e vegetaes fres-
cos . Os medicamentos que favorecem a cura são :
preparações de ferro, cochlearia, genciana, myrrha.
Poção anti-scorbutica 239. Tisana anti-scorbutica239.
Xarope de Portal 307. Xarope de agriões do Pará 98 .
Elixir vitriolico de Mynsicht 92. Julepo do Dr Frank
436. Cozimentos de quina, casca de romãa , calumba ,
ratanhia , bistorta , tormentilla. As ulcerações das
gengivas serão tocadas com a mistura de mel e so-
lução de chlorureto de cal. Gargarejos adstringentes
131 , 179 , 305 , 441 , 448 , 493. Gargarejo antiscor-
butico . 134. Gargarejo camphorado 494. Gargarejo
com a mistura de partes iguaes de aguardente cam-
phorada e de tintura de cochlearia . Fricções sobre o
corpo com alcoolato de alfazema , de alecrim , com
ESPINHA CARNAL. 675
tintura de quina. As ulcerações escorbuticas serão .
curadas com fios embebidos na mistura d'agua fria
com sumo de limão`ou vinagre, ou na agua de La-
barraque, ou com polpa de batatas, unguento diges-
tivo 496, unguento de Arceus 496 , unguento de es-
toraque 278, unguento de Genoveva 496 , basilicão
245, etc.
ESCROPHULAS . Uma boa hygiene é a base do
tratamento . Ar puro, habitação arejada , exposta ao
sol. Regimen analeptico, composto sobretudo de car-
nes assadas, ovos, vinho , cerveja ; pouco leite, arroz,
feijões . Fricções no corpo com tinturas de alfazema,
alecrim, benjoim. Banhos frios de rio ou do mar.
Banhos quentes aromaticos 274. O doente ha de dor-
mir em colchões feitos com plantas aromaticas, como
alecrim, salva, thymo , alfazema, etc. Medicamentos
tonicos 542. Luparo. Genciana. Quina . Preparações
de ferro 287 até 299. Iodureto de ferro 334. Oleo de
figado de bacalháo 404. Vinho de absinthio 77. Vinho
amargo 431 , 437. Vinho toni-nutritivo 437. Vinho
chalybeado 288, 299. Fricções nas glandulas enfartadas
com pomada de hydriodato de potassa 339. Injecções
nos trajectos fistulosos com tintura de myrrha 389.
As ulceras serão curadas com vinho aromatico 275,
unguento de estoraque 278, digestivo 496 .
Esfoladura. Applicar encerado inglez . Ceroto .
ESPASMO DA GLOTTE. Suffocação subita, sem
causa apreciavel, que sobrevem nas crianças durante
o dia ou a noite. —- Esfregar o peito com panno em-
bebido em vinagre ; dar a respirar ether ou vinagre ;
applicar sinapismos nos pés ; administrar um clyster
com agua e sal de cozinha ; dar a beber agua com
assucar e agua de flôr de laranja ou chá de folhas de
laranjeira.
ESPINHA. Applicar emplasto diachylão ou ence-
rado inglez . Cataplasmas de linhaça . Bebidas refri-
gerantes 542.
ESPINHA CARNAL ou Acne . Pustulas verme-
lhas que apparecem na testa, rosto, tronco. - Banhos
mornos geraes. Lavatorios com cozimentos de linhaça
ou sementes de marmelo . Regimen brando, composto
principalmente de vegetaes . Limonadas de limão, la-
676 MEMORIAL THERAPEUTICO .
ranja , tamarindos . Fructos acidos . Purgantes 539 .
Pomada de pepino 420. Cataplasmas de linhaça . Ap-
plicação de pannos molhados em agua vegeto - mine-
ral 285. Pomada de calomelanos 375. Pomada de
calomelanos composta 375. Ceroto sulfuréo 270. Po-
mada sulfuro-saponacea 271. Pomada de Rodet 494 .
Aguas mineraes sulfureas. Caldas da Rainha . Po-
mada de iodureto de enxofre 334. Pomada antidar-
trosa com alumen 132 .
Esquinencia. V. Angina.
ESTOMATITE. Inflammação da membrana mu-
cosa boccal. - Aguda. Gargarejos emollientes 129.
Gargarejos com decocção de figos feita em agua ou
em leite. Pediluvios em agua quente com mostarda .
Purgantes brandos 540. No fim gargarejos com mel
rosado 447 , com infusão de rosas vermelhas, com dis-
solução de alumen 134 , ou acidulados com vinagre 513 .
Abrir com a lanceta os abcessos que se formarem
nas gengivas.
Chronica. Gargarejos adstringentes 131 , 179 , 305,
441 , 448 , 493, 424. Gargarejo com partes iguaes de
tintura de cochlearia e aguardente alcanforada . Pós
dentifricios 526. Habitação no campo . Regimen com-
posto pela maior parte de vegetaes . Abstinencia de
carnes salgadas . Extrahir os dentes cariados . Lim-
par os dentes ; tirar com instrumentos as concreções
que se formão em roda delles . Purgantes 540. Tocar
as feridas da bocca com pedra infernal .
Estomatite mercurial. V. Salivação mercurial.
Estomatite ulcerosa. Chlorato de potassa inte-
riormente e em applicação local 224 .
ESTRABISMO. Fazer uso de hemispherios fura-
dos no centro . Se o estrabismo depender da desigual-
dade da força visual de ambos os olhos , cobrir o olho
mais forte com uma faxa, afim de que o mais fraco
adquira pelo exercicio maior força . Collocar-se diante
de um espelho e fixar cada olho sobre a imagem da
pupilla, o que não se pode fazer sem que o olho des-
viado mude sua direcção viciosa . Este exercicio deve
ser repetido tres a quatro vezes por dia. A secção
dos musculos motores do olho foi tentada , nestes
EXOSTOSE. 677
ultimos annos , contra o estrabismo . Alguns dos ope-
rados obtiverão bom resultado .
Estrangulamento da hernia. V. Hernia.
ESTRANGULAMENTO do membro viril , dos
dedos, etc., pelos corpos circulares. Untar com azeite
doce a parte entumecida e fazer tracções methodi-
cas. Cortar estes corpos com uma pinça . Se o corpo
circular é um annel de ouro , é facil destrui-lo es-
fregando-o com unguento mercurial.
ESTREITAMENTO DO ANUS . Dilatação . Ex-
cisão das producções accidentaes . Picada dos tumores
hemorrhoidaes . Incisão das cicatrizes .
ESTREITAMENTO DA URETHRA . A dilata-
ção , cauterisação . escarificação e incisão, forão pro-
postas contra os estreitamentos organicos . A dilatação
praticada pelas bugias deve ser adoptada como methodo
geral ; as outras são para os casos excepcionaes. A
cauterisaçao nunca deve ser empregada para destruir
os tecidos, mas sim para modifica-los . Ella só convém
quando o calibre do canal está diminuido pelas fun-
gosidades, pela inchação da membrana mucosa, e deve
ser sempre mui branda . A cauterisação considerada
como meio de destruição está hoje abandonada pelos
mesmos professores que mais a defendião . Quando o
estreitamento recusar a passagem das mais pequenas
sondas, um meio precioso para favorecer a dilatação
consiste nas injeccões forçadas repetidas por alguns
dias . Os estreitamentos espasmodicos cedem aos
banhos geraes mornos e prolongados , ou á intro-
ducção no canal da urethra de uma bugia coberta de
pomada de belladona 174.
Estupor. V. Apoplexia.
EXCORIAÇÕES . Ceroto simples 224. Ceroto de
espermacete 277. Encerado inglez.
´EXCRESCENCIAS SYPHILITICAS. Excisão .
Ligadura . Cauterisação com pedra infernal , asso-
ciada ao tratamento interno da syphilis. V. Syphilis.
EXOSTOSE. Causticos . Fricções mercuriaes . Tra-
tamento interno da Syphilis.
Extincção da voz. V. Aphonia.
Falta de leite nas amas. V. Agalactia .
Falta da menstruação . V. Amenorrhea.
38 .
678 MEMORIAL THERAPEUTICO .
FASTIO . Combater as molestias de que o fastio
é symptoma . Exercicio . Banhos frios . Elixir de longa
vida 127. Elixir santo 127. Pós digestivos 146 , 209 .
Pós estomachicos 488 , 307, 435 , Pós estimulantes 309.
Favus ou Tinha. V. Tinha.
Febre adynamica. V. Febre typhoide.
FEBRE AMARELLA. Primeiro periodo ( dòr
de cabeça, calafrios , dor nos membros, sêde, fastio ,
nauseas ou vomitos biliosos, pulso forte e frequente) .
Provocar a transpiração . Escaldapés com mostarda.
Chá de sabugueiro, borragem , casquinha de limão .
Oleo de ricino 401. Tartaro emetico 154. Magnesia
calcinada 355. Limonada ou laranjada . Cozimento
antiphlogistico de Stoll 394. Nas pessoas em que a
molestia principia pelos vomitos , um purgante é mais
conveniente do que o vomitorio. - Segundo periodo
(principia no terceiro ou quarto dia, e é caracterizado
pela cor amarellada da pelle , vomitos de materias
escuras, depois pretas ; evacuações alvinas tambem
pretas ; ourinas poucas e depois nenhumas ; anxie-
dade , prostração, pulso fraco ; hemorrhagias pelas
gengivas, lingua, nariz e anus ) . Sulfato de quinina
479. Limonada sulfurica 94. Cato 213. Nitro 389 .
Camphora 190. Agua de Labarraque interiormente
232. Quina 432. Cozimento de Levis 437. Valeriana
504. Cozimento de valeriana e quina 506. Calome-
lanos 372. Almiscar 122. Ether sulfurico 282. Causti-
cos no peito . Espalhar no quarto do doente a agua de
Labarraque ou a dissolução de chlorureto de cal . Vi-
nho do Porto , da Madeira.
Febre ataxica. V. Meningite, Febre typhoide.
FEBRE BILIOSA. Ipecacuanha 344. Emetico 454 .
Sulfato do magnesia 358. Oleo de ricino 404. Agua
de Sedlitz 440. Limonadas de limão ou laranja .
FEBRE CATARRHAL. Dieta. Infusão de flores
de malvas. Tartaro emetico 154 .
Febre cerebral , V, Encephalite, Meningite.
FEBRE CONTINUA. Dirigir o tratamento contra
a lesão organica de que esta febre é symptoma .
FEBRE EPHEMERA. Repouso . Abstinencia de
alimentos. Cozimento de cevada, limonadas de limão ,
laranja, tamarindos .
FEBRE INTERMITTENTE SIMPLES . 679
Febres exanthematicas. V. Bexigas, Escarlatina,
Sarampos.
FEBRE GASTRICA , Dieta. Cataplasmas e clyste-
res emollientes. Bebidas gommosas e acidulas frias .
Purgantes 540.
FEBRE HECTICA. Combater a tisica ou outra
molestia de que esta febre é symptoma . Os suores
serão combatidos pelo tannino 493 , casca de quina
435 ; a diarrhea pelos clysteres com polvilho 425 ; a
insomnia pelo opio 405.
FEBRE INFLAMMATORIA. Dieta. Bebidas aci-
dulas frias. Limonadas . Laranjada . Decocção de tama-
rindos . Bebida com cremor de tartaro 255. Cozimento
antiphlogistico de Stoll 394. Mistura salina simples
205. Applicar na testa pannos molhados em agua fria
e vinagre. Laxantes 540.
FEBRE INTERMITTENTE SIMPLES. Durante
o periodo do frio . Agazalhar o dente, dar-lhe alguma
infusão aromatica e quente, por exemplo , uma chi-
cara de chá da India , de infusão de folhas de laran-
jeira , de herva cidreira , etc. Para acalmar a sêde ,
póde-se dar agua fria.
Durante o periodo do calor ou da reacção . Di-
minuir pouco a pouco o peso dos cobertores . Substi-
tuir as bebidas quentes pelas bebidas temperantes
acidulas e frias ( laranjada, agua de arroz, de ce-
vada, etc. ) . Se houver dòr de cabeça, applicar á testa
pannos molhados em agua fria simples ou com vinagre .
Durante operiodo do suor. Voltar ás bebidas quen-
tes, cobrir o doente como no primeiro periodo, mu-
dar-lhe a roupa, enxugar o corpo, e preserva-lo de
qualquer esfriamento. Findo o accesso, podem-se
permittir ao doente alguns alimentos .
Durante a apyrexia . Medicamentos anti- periodi-
cos. Sulfato de quinina em pó , pilulas, poções, xa-
rope, fricções ou clysteres 480. Casca de páu pereira
446. Quina 434. Quassia 430. Café não torrado com
succo de limão azedo 185. Poção febrifuga 186. Gen-
ciana 306. Casca de Winter 214. Centaurea menor
216. Pimenta da India 423. Electuario de Fuller 436 .
Poção de Peysson 153. Santonina no dóse de 6 grãos por
dia 465. Mudança de clima em alguns casos rebeldes.
680 MEMORIAL THERAPEUTICO .
Febre intermittente perniciosa. Sulfato de quinina
em altas doses durante a apyrexia e ao principio (20
a 30 grãos ) , as quaes depois serão diminuidas. Si-
napismos, causticos, opio, camphora . Combater os
outros symptomas pelo tratamento conveniente . V.
Encephalite, Meningite, Gastro-enterite, Febre ty-
phoide.
FEBRE DE LEITE. Se a febre fôr leve, natural,
administrar a infusão morna de herva cidreira, tilia ,
sabugueiro . Se a febre fòr forte, bebidas diluentes,
como a decocção de arroz, cevada. Clyster com azeite
doce . Cataplasmas de linhaça quentes nas côxas. Um
brando purgante depois da febre 540. Se a febre con-
tinuar e apresentar alguma intensidade, será preciso
vêr se ella depende da peritonite ou metrite, para
trata-la então convenientemente .
FEBRE MALIGNA. V. Meningite .
FEBRE MUCOSA. V. Gastro - enterite , Febre ty-
phoide.
FEBRE NERVOSA . V. Febre typhoide.
FEBRE PERNICIOSA . V. Meningite, Febre typhoide .
FEBRE PESTILENCIAL. V. Peste.
FEBRE PETECHIAL. V. Febre typhoide.
FEBRE PUERPERAL . V. Peritonite .
FEBRE PUTRIDA. V. Febre typhoide .
FEBRE TRAUMATICA. Dieta . Antiphlogisticos .
Bebidas temperantes, acidulas frias .
FEBRE TYPHOIDE . ( Febres graves, putridas,
adynamicas, biliosas ; gastro-enterite, dothinente-
rite, etc. ) . Bebidas temperantes acidulas, taes como
a limonada de limão, de laranja . 2 onças de oleo de
ricino se houver prisão do ventre ; 15 a 30 grãos de
ipecacuanha se existir diarrhea . Sinapismos nas per-
nas e pannos molhados em agua fria e vinagre na
cabeça contra a cephalalgia . Cataplasmas de linhaça
no ventre. Agua de Seltz contra os vomitos . Se hou-
ver diarrhea abundante e persistente , clyster com
polvilho 425 , clyster emolliente e calmante 408, clys-
ter com claras de ovos 113. Contra a prostração : po-
ção tonica de Ratier 140 , mistura tonica 436 , decocto
de quina composto 436, cozimento antifebril de Le-
wis 437, vinho de quina e cacáo 437 , vinho do Porto
FEBRE TYPHOIDE . 681
ou da Madeira , clysteres com infusão de camomilla
489 , fricções no ventre com linimento camphorado
192, poção gommosa com 15 a 36 gottas d'agua de
Labarraque 233 ; por no quarto do doente pratos com
dissolução de chlorureto de cal , para entreter em
roda delle uma atmosphera de chloro ; clyster chlo-
ruretado 233 , cataplasmas de linhaça no ventre bor-
rifadas com agua de Labarraque, poção tonica de Foy
92, ether sulfurico 282 , xarope de ether 283 , poção
antispasmodica 283, camphora 190, pilulas antisepti-
cas de Kapeler 193 , bolos camphorados e nitrosos
493, almiscar, julepo almiscarado 123, clyster com
almiscar 423. Contra os symptomas ataxicos : sulfato
de quinina 479, valeriana 504, infusão de valeriana
composta 506, cozimento de valeriana e quina 506 .
Se o calor cutaneo é vivo , secco, administrar banhos
geraes d'agua morna simples , nos quaes o doente
ficará o mais tempo possivel. Se as paredes bocaes
estão cobertas de fuliginosidades, metter na bocca
uma talhada de laranja ou limão . Contra a hemor-
rhagia nasal applicar na testa pannos molhados em
agua fria e vinagre , ou tapar as ventas com fios.
Contra a hemorrhagia intestinal preparações de ra-
tanhia 440, poção adstringente 440, clyster com ex-
tracto de ratanhia 442 , limonada sulfurica 94. Contra
o delirio gelo na cabeça, causticos nas pernas . Con-
tra a insomnia e os phenomenos nervosos xarope
diacodio 266 , opio 404 , acetato de morphina 440 ,
codeina 442 , xarope de lactucario 149. Se houver
tosse, difficuldade de respiração , xarope de balsamo
de tolu 469, poção com emetico 152, poção stibio-
opiacea de Peysson 153 , caustico no peito . Apalpar
frequentemente a região hypogastrica, para ver se a
bexiga não se acha estendida pela accumulação da
ourina se for assim, empregar o catheterismo para
evacuar a ourina. Mudar frequentemente a posição do
doente, curar as excoriações , as feridas, que podem
apparecer no sacro, com ceroto simples, com pós de
quina, com agua de Labarraque, e usar de almofadas
elasticas. ― O methodo evacuante ( oleo de ricino ,
sulfato de magnesia, sulfato de soda, agua de Sedlitz ,
limonada com citrato de magnesia , emetico , ipeca-
682 MEMORIAL THERAPEUTICO .
cuanha) é empregado no principio da febre typhoide ,
na generalidade dos casos ; quanto ás sangrias geraes
ou locaes, devem ser empregadas com muita reserva,
e só excepcionalmente nos individuos plethoricos, e
atormentados por uma dôr de cabeça forte e perma-
nente, com pulso energico e frequente, e quando uma
congestão ou inflammação , de algum orgão as recla-
marem imperiosamente . É necessario que o ar no
quarto do doente seja renovado muitas vezes por
dia, e que haja sempre o maior asseio .
Fedor do halito . V. Máo halito .
Fedor do nariz. V. Ozena.
Fendas do anus, dos beiços, do peito. V. Rachas.
FERIDAS EM GERAL. Limpar a ferida. Ligar
os vasos abertos. Extrahir os corpos estranhos, e
reunir immediatamente as margens da ferida com
tiras agglutinativas, ou com alguns pontos de sutura.
As feridas contusas com desorganisação das partes
não devem ser reunidas immediatamente. Curar com
fios cobertos de ceroto 221 , com glycerina 209 , mas
não com unguentos ou pomadas irritantes , de que
algumas pessoas fazem um tão frequente e intempes-
tivo uso . Bebidas emollientes, poucos alimentos ou
dieta se a ferida fôr grande. Entreter a inflammação
em justos limites . A agua fria com que se molha
frequentemente o apparelho é o melhor remedio para
prevenir a inflammação . Combater as inflammações
dos orgãos interiores pelos meios antiphlogisticos
apropriados. Reprimir as carnosidades com pós de
alumen calcinado ou com pedra infernal . Quando a
ferida for pallida, empregar-se-hão unguentos esti-
mulantes, taes como o unguento digestivo 496 , o da
mãi 354 , basilicão 245 , de estoraque 278, de Geno-
veva 496 , etc. Dividir as aponevroses, se se temer
estrangulamento . Se a inflammação se declarar, ap-
plicar cataplasmas de linhaça , em lugar de agua fria
ou de outros resolventes. Purificar com uma solução
de chlorureto de cal o quarto do doente, o apparelho ,
a cama, e até a ferida .
Feridas por armas de fogo. Fazer as divisões
necessarias. Cortar as partes pendentes e contusas.
Extrahir os corpos estranhos. Quando o projectil se-
FERIDAS EM GERAL. 683
para completamente o membro , é raro ser inteira a
amputação é preciso então pratica-la logo depois do
accidente, nas partes sãas vizinhas da ferida . A am-
putação é ainda indicada quando os musculos estão
pisados e os ossos quebrados em grande extensão .
FERIDAS DAS ARTERIAS. Impedir as hemorrhagias
pelos topicos refrigerantes, adstringentes, absorven-
tes, escaroticos, fogo, compressão ou ligadura, con-
forme o calibre do vaso ferido .
FERIDAS DAS ARTICULAÇÕES . Reunir immediata-
mente as margens da ferida por meio de emplasto
adhesivo ou de encerado inglez. Applicar pannos
molhados em agua fria ou vegeto-mineral . Repouso.
Bichas . Cataplasmas de linhaça .
FERIDAS DA BEXIGA . Introduzir na urethra uma
sonda de gomma elastica para prevenir a infiltração
da ourina. Antiphlogisticos.
FERIDAS DO CEREBRO . Combater a inflammação
pelas sangrias geraes e locaes continuadas por alguns
dias, pelas fomentações frias, medicamentos laxantes,
e dieta.
FERIDAS DO CORAÇÃO . Tapar a ferida exterior do
peito. Sangrar. Aconselhar silencio, repouso e dieta
absoluta.
FERIDAS ENVENENADAS . Cauterisação . V. Morde-
duras de animaes venenosos.
FERIDAS DO ESTOMAGO . Abstinencia completa de
alimentos e bebidas. Antiphlogisticos. Se o esto-
mago ferido apparece na abertura exterior, é pre-
ciso , antes de reduzi-lo, reunir a ferida por meio de
sutura.
FERIDAS DO FIGADO . Bichas. Sangria . Cataplasma
resolvente 286 .
FERIDAS DOS INTESTINOS . Evacuar o estomago titil-
lando a campainha da garganta , mas não pelo emetico
nem por bebidas abundantes . Se o intestino ferido
apparecer pela parte exterior, é necessario retê-lo e
reunir a ferida por meio de uma sutura. Acalmar os
accidentes inflammatorios com antiphlogisticos .
FERIDAS DA LINGUA . Lavatorios com agua fria . Para
impedir a hemorrhagia , deve-se comprimir a ferida.
com os dedos por algum tempo ; se este meio não
684 MEMORIAL THERAPEUTICO.
é sufficiente , é preciso cauterisar com ferro em
brasa.
FERIDAS DO LARYNGE . Ligar os vasos que vertem
sangue. Quando o sangue que tem penetrado nas vias
aereas for expulsado pelos esforços da tosse, proceder
á reunião da ferida pelas tiras agglutinativas, posi-
ção, ataduras ou sutura. Combater a inflammação pe-
los antiphlogisticos .
FERIDAS DE MÁO CARACTER. Cauterisação com caus-
stico de Velpeau 92, ou massa caustica de Vienna 428 .
FERIDAS DO MEMBRO VIRIL . Applicar pannos mo-
lhados em agua fria. Compressão .
FERIDAS DO NARIZ . Reunir a ferida com emplasto
adhesivo ou com sutura.
FERIDAS DO OLно. Applicação de pannos molhados
em agua fria , bichas .
FERIDAS DAS ORELHAS . Reunir as margens da ferida
com pontos falsos ou com sutura .
FERIDAS DAS PAREDES DO PEITO . Reunir a ferida
pela posição e tiras agglutinativas . Sangrias . Repouso .
Silencio absoluto . Se algum vaso tiver sido aberto ,
praticar incisões sufficientes para descobri -lo e liga-
lo. Se o pulmão tiver sahido pela ferida , fazer a sua
reducção. Se a arteria intercostal estiver aberta, im-
pedir a hemorrhagia pela compressão ou ligadura .
Dar sahida á collecção que se tiver formado no inte-
rior da cavidade pulmonar pela operação do em-
pyema . Mas esta operação não deve ser praticada
senão quando o calor do corpo se tiver restabelecido ,
e quando se tiver esperado tempo sufficienie, para se
julgar que se acha solidamente cicatrizado o vaso que
fornecia esta hemmorrhagia.
FERIDAS DO PESCOÇO . V. Feridas do larynge.
FERIDAS DO PHARYNGE . Aos antiphlogisticos indi-
cados em todas as feridas graves, é preciso associar o
emprego de uma sonda de gomma elastica , que pe-
netre até ao estomago, e por meio da qual se intro-
duzão as bebidas e os alimentos.
FERIDAS DOS PULMÕES . V. Feridas das paredes
do peito .
FERIDAS DOS RINS . Bichas. Applicação continua
de pannos molhados em agua fria.
FISTULAS. 685
FERIDAS DO ROSTO. Reunir as margens da ferida
com pontos falsos ou com sutura.
FERIDAS DOS TEGUMENTOS DO CRANEO . Rapar a
cabeça na vizinhança da ferida . Applicar pannos mo-
lhados em agua fria. Emplasto adhesivo . Mais tarde
cataplasma de linhaça , ceroto simples. Antiphlogis-
ticos.
FERIDAS DO TESTICULO . Applicar pannos molhados
em agua fria . Cataplasma resolvente 286 .
FERIDAS DA URETHRA. Quando a ferida não é com-
plicada de perda de substancia, sara por si mesma e
só exige asseio. Quando a urethra tem experimentado
alguma perda de substancia, é preciso introduzir neste
canal uma sonda de gomma elastica, afim de prevenir
o estreitamento, e curar a ferida com ceroto simples .
FERIDAS DO VENTRE . Favorecer a reunião da ferida
pela posição, tiras de emplasto adhesivo, apparelhos
compressivos e sutura. Reduzir as visceras se estas
tiverem sahido . Combater os accidentes inflammato-
rios pelos antiphlogisticos .
Fissura no anus. V. Racha.
FISTULAS. Destruir as causas. Praticar injecções
emollientes ou detergentes , taes como a agua de La-
barraque, tintura de myrrha, etc.
Fistula do anus. Fazer a operação pela incisão.
Fistula dentaria. Extrabir o dente cariado.
Fistula lagrimal. Injecções , por meio da seringa
de Anel, com cozimento de linhaça e depois com so-
Jução de nitrato de prata 394. Cauterisação com ni-
trato de prata . Introducção , no canal nasal , de mechas
untadas com unguentos emollientes e detergentes . In-
troducção da canula de Dupuytren ou do prego de
chumbo ou de ouro.
Fistula do larynge. Bronchoplastia.
Fistula do seio. Tocar a fistula com pedra infernal.
Fazer seringatorios com dissolução de nitrato de prata
394 , ou com vinho tinto, ou com dissolução de pe-
drahume.
Fistulas ourinarias. Introduzir e deixar por algum
tempo uma sonda na bexiga. Tentar a sutura, a ure-
throplastia. Destruir as causas.
Fistulas salivares. - - 1 ° Fistulas do conducto de
39
686 MEMORIAL THERAPEUTICO .
Stenon. Fechar a abertura fistulosa pela sutura, cau-
terisação ou compressão. Dilatar o conducto natural.
Estabelecer um novo orificio boccal.
2º Fistula da glande parotida . Cauterisação . Com-
pressão. Injecções com solução de nitrato de prata
394. Excisar a ulcera praticando duas incisões semi-
ellipticas, e reunir a ferida pela sutura.
Fistula urethro-rectal . Prescrever o regimen ana-
leptico para augmentar a gordura e para favorecer a
formação do tecido cellular que poderia tapar a fis-
tula. Introduzir no anus o speculum ani, e cauterisar
a fistula com pedra infernal ou com ferro quente.
Fistula vesico-vaginal. Cauterisação. Sutura. Ure-
. throplastia.
Flato hysterico. V. Hysterismo.
FLATUOSIDADES, Flatulencia ou Ventosidades .
Collecção de gazes no interior do estomago ou dos in-
testinos em consequencia de má digestão , ou de uma
disposição particular. - Exercicio depois de jantar.
Café. Cha de macella , herva doce ou hortelã . Comidas
temperadas com pimenta , gengibre. Pós digestivos
146 , 209. Pós estomachicos 188 , 307, 435. Pós anti-
acidos 356. Pastilhas de Vichy 208. Magnesia calci-
nada 356.
Flores brancas. V. Leucorrhea.
FLUXÃO ou Inchação do rosto , ou Carregação
dos dentes . Preservar o rosto do frio. Cataplasma de
linhaça. Gargarejo emolliente 129.
FLUXO DE OURINA , polyuria , diabetes insi-
pido ou falso. Emissão abundante de ourinas aquo-
sas, não doces , acompanhada de sêde excessiva.
Perchlorureto de ferro 294. Tannino 493. Cato 244.
Alumen 130. Purgantes 540. Opio 405. Hydrothe-
rapia 326 .
Fluxo de sangue. V. Hemorrhagia.
FOME CANINA. Fome quasi insaciavel , acom-
panhada de afflicção tão grande, que determina des-
maios , quando não satisfeita . - Escolher os alimentos
que occupem o estomago por muito tempo ; taes são :
carne de vacca, carneiro, porco . Entre os medica-
mentos são aconselhados sub-nitrato de bismutho
476, opio 405, e gelo.
FRIERAS . 687
Formigueiro. V. Ulceras.
FRACTURAS EM GERAL. Reduzir a fractura ,
applicar apparelhos para mantê-la . Prevenir e com-
bater os accidentes . Se existir uma contusão forte,
fazer applicações frias e resolventes, apertar modera-
damente o apparelho, renova-lo no fim de 24 horas ,
e visita-lo todos os dias até à cessação da inchação,
para vêr se está convenientemente apertado. Evitar
a compressão forte de mais, que poderia produzir a
gangrena . Se houver alguma ferida , reuni-la com
tiras agglutinativas. Recorrer á amputação se os
musculos estiverem dilacerados, contusos, destruidos
em grande extensão , e os ossos quebrados em es-
quirolas longas e multiplicadas, ou se algumas grandes
articulações forem fracturadas. Mas se a desordem
não fôr tão grande que torne necessaria a amputação,
é preciso, depois de feita a reducção, cobrir a ferida
com um panno fino, furado e coberto de ceroto ; de-
pois applicar o apparelho de Scultet , se a fractura
for nos membros . Repetir os curativos segundo
a abundancia da suppuração . Combater os acci-
dentes.
Fracturas do craneo. Se o doente estiver em syn-
cope, reanimar os movimentos do coração pelos si-
napismos , vesicatorios , fricções e cheiros fortes ,
anles de praticar a sangria. Se existirem symptomas
de contusão do cerebro, é indicado o tratamento an-
tiphlogistico energico. V. Encephalite. Trepanar se
houver compressão do cerebro pelo sangue, pus ou
esquirolas.
FREIO DA LINGUA. Fazer a sua secção com
tesoura. Attender á hemorrhagia. Se esta se declarar ,
cauterisar as aberturas dos vasos com um estilete
aquecido até á incandescencia .
FRIEIRAS . Frieiras não ulceradas . Fricções com
limão . Lavatorios com aguardente alcanforada. Appli-
cações de balsamo de Fioraventi 496. Linimento con-
tra frieiras 87. Lavatorios com agua salgada natural
ou artificial, com solução de alumen, com agua de
Colonia.
Frieiras ulceradas . Ceroto de Saturno 286. Cau-
terisação com pedra infernal. Agua de Labarraque .
688 MEMORIAL THERAPEUTICO .
Froxo de sangue. V. Hemorrhagia.
FRUNCHO ou Furunculo. Cataplasma de linhaça.
Laxantes 540.
FUNGUS HEMATODE. Extirpação . Ligadura.
Introducção no interior do tumor de agulhas ou de
fios até produzir a suppuração .
GAGUEIRA . Antes de pronunciar uma phrase,
fazer uma profunda inspiração ; recolher a lingua
para trás e approximando a sua ponta ao céo da bocca ,
estender ao mesmo tempo os beiços no sentido trans-
versal , de maneira que se afastem as commissuras ;
fallar rhythmicamente e sempre sem precipitação
(Dr Colombat) . Collocar debaixo da lingua um pe-
queno instrumento de prata em forma de forquilha
(Dr Itard) , e quando se fallar afastar o menos possivel
a lingua do céo da bocca. O methodo do Dr Serre é
baseado nos principios seguintes : uma firme von-
tade, intervallos iguaes entre as syllabas , e movi-
mento dos braços que o gago deve levar para diante a
cada emissão de som. Todas as syllabas devem ter a
mesma duração, ser bem articuladas e perfeitamente
ligadas entre si .
GALACTIRRHÉA DAS AMAS. Secreção de-
masiada de leite. - Dar menos vezes de mamar ou
cessar a amamentação . Alimentos vegetaes . Fructos
acidos. Bebidas diureticas , diaphoreticas e tempe-
rantes. Sòro de leite de Weiss 471. Purgantes 540.
Pediluvios quentes . Repouso dos braços . Levantar e
comprimir levemente os peitos com ataduras .
Gallico. V. Syphilis .
GALLO. Applicar um panno molhado em agua
fria simples ou misturada com vinagre.
GANGLIO . Puncção do tumor, tendo o cuidado
de impedir o parallelismo entre a ferida da pelle e o
ganglio. Esmagar o tumor pela compressão forte e
rapida.
GANGRENA. Mortificação de alguma parte do
corpo que apparece sob diversos aspectos. Se se de-
clara numa ferida, esta torna-se menos vermelha, de-
pois azulada , roxa e emfim negra , com um cheiro
fetido e particular. Na gangrena produzida pela com-
pressão, como acontece verbi gratia, quando os ap-
GASTRALGIA. 689
parelhos das fracturas estão demasiadamente aperta-
dos, os symptomas são : esfriamento, perda de sen-
sibilidade, formação de bolhas e escaras negras. A
gangrena interna se conhece só pela prostração das
forças, e outros phenomenos adynamicos . A gangrena
póde ser produzida pela inflammação, compressão,
contusão, queimadura, pelas causas geraes das febres
graves , etc. - Na gangrena externa favorecer a
queda das escaras com cataplasmas de linhaça simples
ou polvilhadas com pó de quina e carvão . Lavatorios
com agua de Labarraque. Depois de cahida a escara
curar a ferida com ceroto simples 221 , unguento
estoraque 278. Interiormente administrar o xarope ou
vinho de quina 435. Na gangrena interna empregar
tambem as preparações de quina, camphora 194 , va-
leriana 505. Pilulas antisepticas 193. Serpentaria de
Virginia 472.
Gangrena da bocca das crianças e da vulva das
meninas. Lavatorios com solução de chlorureto de
cal , misturada com decocção de quina . Tocar as partes
affectadas com um pincel embebido em acido hydro-
chlorico, ou applicar a massa caustica de Vienna 428 .
Gangrena secca ou senil. Quina interior e exte-
riormente. Vinho e xarope de quina 435. Cataplasma
antiseptica 439. Fricções com aguardente camphorada.
Opio para acalmar as dôres 405.
Garrotilho. V. Croup.
GASTRALGIA, Gastrodynia ou Cardialgia. Dòr
nevralgica do estomago . -Applicar um panno quente
no ventre. Chá de herva cidreira , de folhas de laran-
jeira, de flor de tilia . Clyster com 20 gottas de lau-
dano . Inhalação de ether , de chloroformio . Sina-
pismos nas pernas. Banho morno geral . Cataplasma
calmante 409. Poção antispasmodica 283. Poção cal-
mante e antispasmodica 283. 1 a 2 grãos de opio em
pilulas. Caustico no epigastrio. Magnesia calcinada
355. Infusão de camomilla , fumaria, centaurea. Agua
de Seltz 101. Pós de Seltz 104. Carvão vegetal 240 .
Valeriana 505. Pós antispasmodicos 506. Sub-nitrato
de bismutho 476. Rhuibarbo 443. Pepsina 420. Vale-
rianato de zinco 508. Bebidas nevadas. Para a ali-
mentação é preciso tomar em consideração os gostos
690 MEMORIAL THERAPEUTICO .
e até os caprichos dos doentes. Ha alguns que não
podem comer senão alimentos mui quentes , outros
dão-se bem com os frios ; deve-se fazer a mesma
observação a respeito da natureza dos alimentos . Chá .
Café. Banhos frios de rio ou do mar. Combater a
prisão do ventre com clysteres d'agua morna sim-
ples, ou com purgantes 540. Exercicio. Aguas mine-
raes e sobretudo as aguasferreas 103, tomadas á fonte.
GASTRITE . Aguda . Se for passageira , basta a
dieta , bebidas emollientes frias 530, limonadas de
laranja, limão e clysteres de linhaça 350. Se for mais
forte, appliquem-se bichas no epigastrio e cataplas-
mas de linhaça . Bebidas frias em pequenas dóses e
frequentemente repetidas . Agua de Seltz. Laxantes
540. Opio 405. Clysteres com azeite doce . Observar
a dieta na convalescença .
Chronica. Bebidas emollientes, gommosas ou aci-
dulas . Exercicio. Banhos frios. Fricções seccas sobre a
pelle . Causticos , fricções com pomada stibiada na re-
gião epigastrica 152. Habitação no campo . Vestidos
de flanella . Agua de Vichy, de Seltz . Tonicos amar-
gos 542, e no fim estimulantes 532. Opio 405 .
Gastrodynia V. Gastralgia.
GASTRO-ENTERITE . Aguda. Dieta. Bebidas
gommosas e acidulas frias, como as decocções de ar-
roz, cevada, malvas, com xaropes de gomma, de vi-
nagre ; limonada, laranjada ; agua com claras de ovos,
ou agua fria simples em pequenas dóses e frequente-
temente repetidas. Sanguesugas no epigastrio. Cata-
plasmas e clysteres de linhaça . Se a gastro-enterite
se desenvolver debaixo da influencia de circumstan-
cias debilitantes, de tempos chuvosos, humidos, nos
individuos fracos , se existirem symptomas biliosos
ou saburrentos, o emetico com algum sal purgante ou
a ipecacuanha podem suspender os progressos da
molestia. No oitavo ou decimo dia de sua duração,
se existir prostração e lingua fuliginosa, administrar-
se-hão bebidas tonicas 543, ajuntando aos cozimen-
tos algumas colheres de vinho, ou 2 a 3 grãos de
sulfato de quinina . Extracto de quina, sulfato de
quinina. Ether. Camphora. Almiscar. Vesicatorios nos
membros . Fricções no abdomen e pelo corpo com
GOTA. 694
alcool camphorado, com tinturas aromaticas. Appli-
cações na cabeça de pannos molhados em agua fria e
vinagre . Evacuar a ourina da bexiga por meio da
sonda duas a tres vezes por dia . Clysteres com pol-
vilho e laudano. Impedir a formação de feridas no
sacro por meio de rodilhas elasticas.
Gastro-enterite chronica. V. Gastrite chronica.
GASTRORRHEA . Vomitos , pela manhã , de mu-
cosidades pegajosas (gosma, pituita) . Alimentação
sobria e apropriada á natureza da pessoa , mais animal
do que vegetal ; uso moderado de um vinho generoso ,
como o do Porto, da Madeira ; de café, chá da India.
Infusão de macella , herva cidreira. Pastilhas de Vichy
208. Agua de Seltz 101. Pós de rhuibarbo e opio 444.
Gengivas molles . V. Amollecimento das gengivas.
Gengivite . V. Estomatite.
Gibosidade. V. Rachitismo , Mal de Pott.
Glandula enfartada. V. Enfartes glandulares .
GLOSSITE ou Inflammação da lingua. Dieta.
Bebidas com nitro . Laxantes 540. Pediluvios sina-
pisados. Bichas. Sangria. Emetico 151. Drasticos 540.
V. tambem Salivação mercurial.
Glycosuria. V. Diabetes .
Golpe. V. Feridas.
Gonorrhea. V. Blennorrhagia.
Gosma V. Gastrorrhea.
GOTA. Dôr, inchação e vermelhidão das peque-
nas juntas, occupando quasi sempre ao principio, a
junta do dedo grande do pé. - Durante o accesso .
Repouso, dieta ou alimentaçao branda . Opio 405. Hy-
drochlorato de morphina 440. Meimendro. Cicuta.
Aconito. Pilulas de aconito de Biett 95. Colchico 241 .
Agua medicinal de Husson 242. Pilulas antigotosas
242. Poção de colchico 242. Mistura diuretica de Hil-
debrand 243. Xarope antigotoso 347. Infusão de sa-
bugueiro, de borragem, de tilia , para provocar a
transpiração. Guaiaco. Preparações de quina. Bicar-
bonato de soda. Cataplasma de linhaça . Sinapismo
fraco 385. Cataplasmas de linhaça feitas em cozi-
mento de cicuta, de meimendro . Cataplasma de li-
nhaça borrifada com laudano . Cataplasma de Pradier
439. Banhos de vapor camphorados 192. Fricções com
692 MEMORIAL THERAPEUTICO.
linimento camphorado 192 , com linimento anti-arthri-
tico 139, com linimento terebenthinado 499 , com
linimento terebenthinado e alcanforado 499, com li-
nimento ammoniacal 138 , com linimento ammonia-
cal camphorado 139 , com linimento contra a gota
353, com a solução de sabão em aguardente 448, com
linimento opiaceo 409. Fumigações com benjoim 177 .
Envolver a junta em algodão.
Nos intervallos. Bicarbonato de soda 208. Agua
de Vichy 102. Purgantes 540. Acido benzoico 83.
Mistura benzoica 83. Fricções seccas . Vestidos de fla-
nella. Exercicio. Regimen composto principalmente
de vegetaes. Uso moderado de bebidas alcoolicas e
abstinencia de alimentação mui substancial .
Gota-coral. V. Epilepsia.
Gota rosada . V. Caparrosa.
Gota sciatica. V. Sciatica.
Gota serena. V. Amaurose.
Gretas. V. Rachas .
GRIPPE. Febre, dôr e peso de cabeça, injecção
de face e olhos , seccura, inappetencia , prostração,
tosse, dòr de garganta. Tomar um suadouro . Chá
de flôr de malvas , de raiz de althea adoçado com mel
de abelha ou xarope de gomma. Gargarejos emollien-
tes 129. Emetico 152. Xarope diacodio 266 .
HEMALOPIA. Derramamento de sangue no inte-
rior do olho. Esta hemorrhagia, que provém ásvezes
da divisão das arterias do interior do olho na opera-
ção da cataracta, deve ser abandonada a si. O sangue
com o tempo fica absorvido , e por isso basta com-
bater os accidentes inflammatorios e nervosos , pelos
antiphlogisticos e narcoticos .
HEMATEMESE ou Vomitos de sangue. Applicar
sinapismos nos pés e nas coxas, ventosas seccas nas
costas; ligaduras nos membros. Administrar bebidas
acidulas frias, e só por colheres : agua com vinagre,
com sumo de limão , limonada de tamarindos 492. Se
a hemorrhagia continuar, applicar na bocca do esto-
mago gelo contido numa bexiga. Ao depois recorra-
se aos medicamentos adstringentes extracto de ra-
tanhia 440, poção adstringente 440, perchlorureto de
HEMOPTYSE . 693
ferro 292 , poção de ergotina de Bonjean 220. Clyster
com infusão de ratanhia 441.
HEMATOCELE. O mesmo tratamento cirurgico
que o do hydrocele .
HEMATURIA ou Ourinas sanguinolentas. He-
morrhagia que existe nos rins e que tem por principal
symptoma o fluxo de sangue com ourina . -Repouso .
Applicações no hypogastrio e nas cadeiras de pannos
molhados em agua fria misturada com vinagre . Clys-
teres do mesmo liquido . Cozimento de linhaça . Cre-
mor de tartaro na dóse de 2 oit. por dia . Ratanhia
-440. Alumen 130. Tannino 493. Cato 214. Limona-
das de limão, laranja , tamarindos. Copahiba 230 .
睡 Perchlorureto de ferro 292. Aguas ferreas naturaes
e artificiaes 103, 107. Banhos do mar. Mudança de
clima em casos rebeldes . Se a hematuria for acom-
panhada de areias, admistrar o bicarbonato de soda
208. Se for acompanhada de dôres mui fortes nas ca-
deiras, applicar bixas n'essa região . ― O sangue póde-
se coalhar na bexiga , e impedir a excreção da ourina :
para fazer sahir a ourina retida pelo sangue coalhado,
introduz-se na bexiga uma sonda elastica contendo
uma outra sonda no seu interior ; estando a sonda
introduzida na bexiga , o cirurgião tira a sonda inte-
rior e a ourina logo sahe. Se os grumos obstruissem
as aberturas da sonda, seria preciso recorrer a uma
haste fina e flexivel, terminada por uma grossura es-
pherica, que introduzida no interior da sonda afas-
taria os grumos de sangue.
HEMERALOPIA. Tratamento da amaurose.
Hemicrania. V. Enxaqueca .
Hemiplegia. V. Paralysia.
HEMOPTYSE, Hemorrhagia pulmonar ou Escar-
ros de sangue. Muitos medicos empregavão a sangria
em todas as hemoptyses, mas demonstrou a experien-
cia que não se deve recorrer a este meio senão com
muita reserva e só nos individuos fortes e sangui-
neos. O tratamento que convem na generalidade dos
casos é o seguinte : o doente deve sentar-se com a
cabeça e o tronco elevado ; tirem-se-lhe os vestidos
que comprimem o peito ; deve ficar immovel, e guar-
dar o mais absoluto silencio ; cumpre tambem re-
39.
694 MEMORIAL THERAPEUTICO.
commendar-lhe que resista á necessidade de tossir
pois que taes esforços são proprios para favorecerem
à sahida do sangue. Appliquem-se-lhe sinapismos
nos pés e ventosas seccas no peito. Administrem-se
bebidas gommosas e acidulas frias , taes como as de-
cocções de cevada , de arroz, limonada de laranja ou
limão. Nitro em alta dóse (1/2 onça a 4 onça por dia
em 24 onças de cozimento emolliente) . Emulsão ni-
trada 394. Cozimento antiphlogistico de Stoll 394 .
Digital 263. Extracto de ratanhia 440. Poção adstrin-
gente 440. Tannino 493. Pilulas anti-hemoptoicas 493 .
Alumen 130. Pós adstringentes opiaceos 130. Poção
aluminosa 434. Cato 244. Poção adstringente 245 .
Conserva de rosas 447. Electuario balsamico de
Barthez 169. Cozimento de consolda maior 247. Per-
chlorureto de ferro 292. Sinapismo ou vesicatorio
entre as duas espaduas . Vomitorio de ipecacuanha
343. Um vomitorio, é um meio perturbador poderoso
contra as hemoptyses rebeldes a outros tratamentos.
Tartaro stibiado em alta dóse (4 a 8 grãos) 152. Po-
ção contra-stimulante de Laennec 452. Laxantes 540.
HEMORRHAGIA ou Perda de sangue. O trata-
mento das hemorrhagias varía conforme a sua natu-
reza, o lugar em que se declarão e as causas que
a provocárão.
HEMORRHAGIA ARTERIAL. Compressão . Refrigeran-
tes. Laqueação da arteria.
HEMORRHAGIA CAPILLAR . Applicação de pannos
molhados em agua fria. Compressão . Applicação de
fios molhados em agua fria e vinagre. Alumen cal-
cinado. Cauterisação com pedra infernal.
HEMORRHAGIA CEREBRAL. V. Apoplexia.
HEMORRHAGIA DEPOIS DA EXTRACÇÃO DE UM DENTE.
Gargarejo com agua fria e vinagre . Introduzir na ca-
vidade que era occupada pelo dente uma bola de fios
ou de cera, e exercer por cima uma compressão ener-
gica e prolongada. Cauterisação com pedra infernal .
HEMORRHAGIA GASTRICA . V. Hematemese.
HEMORRHAGIA INTESTINAL , OU Fluxo de sangue
pelo anus. Este fluxo , que é necessario distinguir
do fluxo hemorrhoidal, depende da hemorrhagia dos
intestinos, entretanto que o fluxo hemorrhoidal pro-
HEMORRHAGIA. 695
vem dos tumores sanguineos que se desenvolvem
em roda do anus. O tratamento da hemorrhagia in-
testinal é o mesmo que o da hemorrhagia gastrica ou
hematemese.
HEMORRHAGIA NASAL. V. Epistaxis.
HEMORRHAGIA PULMONAR. V. Hemoptyse.
HEMORRHAGIA que resulta das picadas de sangue-
sugas. Pós hemostaticos 132. Applicação da pedra
infernal. Compressão .
HEMORRHAGIA UTERINA . O tratamento varía segundo
que a hemorrhagia tem lugar no estado de vacuidade
do utero, durante a gravidez , e durante ou pouco
tempo depois do parto.
1° Hemorrhagia uterina no estado de vacuidade
do utero. Collocar a doente em um lugar fresco e
na posição horizontal . Administrar bebidas frias e
aciduladas taes como a limonada de limão , laranja ou
agua fria com assucar e vinagre. Applicar ao hypo-
gastrio e ás côxas pannos molhados em agua fria e
vinagre , mergulhar as mãos em agua quente, pôr
aos pés garrafas cheias d'agua quente, para entreter o
calor nesta parte do corpo ; applicar sinapismos nas
pernas, ventosas seccas no peito. Administrar cly-
steres d'agua fria ou d'agua com vinagre. Nitro em
alta dóse (1/2 a 1 onça para 24 onças de cozimento de
cevada) 390. Centeio espigado 219. Ergotina. Poção de
ergotina 220. Poção com perchlorureto de ferro 292.
Injecção na vagina com solução de perchlorureto de
ferro 293. Nos casos extremos, é preciso encher a va-
gina com fios, ou comprimir com a mão a aorta abdo-
minal abaixo do embigo . Para praticar esta compres-
são , estando a mulher deitada, faz-se-lhe levantar as
coxas ; depois, comprime-se o ventre com os quatro
ultimos dedos de uma mão abaixo do embigo, e logo
que se sentir bater a arteria, comprime-se-a forte-
mente contra o rachis. Esta compressão póde ser
continuada por muitas horas, se a posição da mụ-
lher o exige.
Na metrorrhagia chronica, prescreva-se o cozi-
mento de arroz com xarope de consolda maior, be-
bidas aciduladas com sumo de limão azedo; extracto
de ratanhia 440 , tannino 493, perchlorureto de ferro
696 MEMORIAL THERAPEUTICO .
interiormente e em injecções 292, pedra hume 130,
centeio espigado , ergotina 249 , cato 214, ipecacuanha
em pequenas dóses 343, canella em pó 199 , vesicato-
rio nas coxas, e injecções com infusão de ratanhia
440, ou com tannino 494. Banhos frios. Abstinencia
do coito, da dansa, da equitação . Se a hemorrhagia
fôr entretida pelo cancro do utero , ou pelo polypo ,
dirigir-se-hão os esforços da arte contra a affecção
principal .
2° Hemorrhagia uterina durante a gravidez.
Esta hemorrhagia provem do despego prematuro da
placenta, e o despego depende ordinariamente da in-
serção da placenta sobre o orificio uterino . N'este caso
é preciso romper com o dedo as membranas e espe-
rar o parto . Nos casos graves encher a vagina com
fios este tampão pode provocar o parto e cortar o
mal pela raiz. Nos casos mais graves ainda proceder
ao parto forçado : para este fim fazer a versão do feto
se a sua cabeça está em cima do orificio do utero ; ou
applicar o forceps se ella está na excavação da bacia .
3° Hemorrhagia uterina depois do parto . Appli-
cações ao ventre de pannos molhados em agua fria e
vinagre . Bebidas frias e acidulas . Extrahir o sangue
coalhado, os pedaços de placenta, etc. , que disten-
dem o utero. Introduzir a mão no interior deste orgão
para excita-lo e provocar suas contracções . O centeio
espigado, a ergotina, o alumen , o nitro, a ratanhia,
e as injecções adstringentes, forão tambem aconse-
lhados. Poção de ergotina de Bonjean 220. Perchlo-
rureto de ferro 292.
A hemorrhagia que sobrevem cinco a seis dias de-
pois do parto deve ser tratada pelo tampão .
HEMORRHOIDAS . Tumores sanguineos do recto
com ou sem fluxo de sangue. - Entreter o ventre
livre com clysteres d'agua fria ou morna, ou com
brandos purgantes , taes como o oleo de ricino, manná,
limonada de citrato de magnesia, ou agua de Sedlitz .
Se a congestão sanguinea nos tumores for intensa
recorrer aos semicupios d'agua fria, e ás applica-
ções sobre o anus de pannos molhados em agua fria .
Se os tumores fòrem dolorosos, e inchados empregar
as applicações emollientes e calmantes taes como, semi-
HEPATITE. 697
cupios d'agua morna, clysteres de linhaça, unguento
populeão 175 , linimento de Buchan 176, pomada de
belladona 174, pomada anti-hemmorrhoidal 306 , bal-
samo tranquillo 176. Introduzir os tumores para o
interior do recto, afim de evitar a estrangulação que
póde ser occasionada pelo sphincter do anus. Ás ve-
zes é necessario applicar bichas no anus. Regimen
composto pela maior parte de vegetaes . Se as dòres
fossem occasionadas por pequenas feridas que exis-
tissem sobre os tumores hemorrhoidaes, tocar estas
feridas com pedra infernal . Se os tumores fòrem ir-
reductiveis , se embaraçarem o andar , e o estar as-
sentado, se fòrem dolorosos, se fornecerem hemorrha-
gias abundantes e repetidas deve-se praticar a sua
excisão. Se houver alguns accidentes da suppressão
repentina do fluxo hemorrhoidal , será este provocado
por meio de sanguesugas , de semicupios quentes, de
pilulas purgativas de aloes 125, e de suppositorios
com aloes 154.
HEPATITE. Aguda. Bichas no hypochondrio di-
reito ou no anus . Limonada, laranjada, bebidas com
xarope de vinagre , xarope de tamarindos. Sôro de
leite. Tartaro emetico 152. Nitro 390. Clysteres emol-
lientes 398, 408. Cataplasmas de linhaça no hypo-
chondrio direito. Dieta. Banhos geraes prolongados .
Oleo de ricino 403. Sulfato de soda 483. Calomelanos .
Fricções com unguento mercurial 369. Se se formar
um abcesso, e se este fôr evidente no exterior, abri-lo
com a potassa caustica ou com o bisturi.
Chronica. Sanguesugas no hypochondrio direito .
Caustico. Sedenho . Fricções com pomada de hydrio-
dato de potassa 339 , com pomada d'Autenrieth 152 .
Agua de Vichy 102. Aguas mineraes sulfureas 110 .
Caldas da Rainha 112. Agua de Sedlitz 110. Gomma
gutta . Rhuibarbo . Jalapa . Bicarbonato de potassa . Bi-
carbonato de soda . Cicuta. Pilulas anti-ictericas de
Mac-Gregor 237. Pilulas antibiliosas de Barclay 246 .
Nitro . Sabão medicinal . Pilulas anti-ictericas 126 ,
237, 374. Pilulas de Plumer 374. Cozimento de
herva tostão, de parietaria . Regimen vegetal . Em-
plasto de Vigo 369. Mudança de clima em alguns
casos rebeldes. Hydrotherapia 326 .
698 MEMORIAL THERAPEUTICO.
HERNIAS ABDOMINAES. Reduzir o tumor pela
taxis , applicar a funda. Para praticar a taxis , o doente
ficará deitado com a barriga para cima, as espadoas
e cabeça serão sustentadas por travesseiros, a bacia
elevada e as pernas encolhidas. A applicação de gelo
ou de pannos molhados em agua fria foi ás vezes suf-
ficiente para reduzir o tumor. Com igual intento ,
póde-se derramar sobre as partes ether sulfurico , o
qual evaporando-se produz o frio artificial . Se a que-
bradura não puder ser reduzida, sustenta-la por meio
de suspensorio . Se estiver obstruida pelas materias
fecaes, para facilitar a reducção empregnem-se clys-
teres com oleo de ricino , com sal de Glauber, com
sabão, agua salgada ou agua fria. Na estrangulação
os mesmos meios convém ainda , assim como as fric-
ções com pomada de belladona 174 ; mas então não
se deve perder tempo, e sim praticar a operação logo
que as tentativas da reducção fôrem mallogradas.
Herpes. V. Dartros .
Hordeolo. V. Tercol.
HYDARTHROSE . Fricções com linimento vola-
til camphorado 139. Fricções mercuriaes 369. Caus-
ticos. Purgantes 540. Puncção .
HYDATIDES , Acephalocystos. Se o kysto se
acha ao alcance de nossos instrumentos, é preciso
abri-lo com o bisturi ou massa caustica de Vienna
428, evacuar o kysto, e injectar alcool ou tintura de
iodo, para produzir a inflammação e adhesão de suas
paredes.
HYDROCELE . Puncção sub-cutanea se o tumor
for pouco volumoso . Operação pela injecção com
vinho, com tintura de iodo, com solução de pedra lipes
ou com alcool . Operação pela incisão, excisão , se-
denho , introducção da sonda de gomma elastica.
HYDROCEPHALO. Hydropisia da cabeça . Mo-
lestia que se desenvolve antes ou depois do nasci-
mento . - Sendo volumoso não ha outra cousa que fazer
senão preservar a cabeça dos choques exteriores . Se
fôr pouco consideravel, póde-se tentar a cura pelas
fricções com unguento mercurial , pomada de hydrio-
dato de potassa ; vesicatorios na nuca ; calomelanos,
laxantes, infusão de bagas de zimbro ; emfim pelos
HYPERTROPHIA DO CORAÇÃO . 699
medicamentos tonicos, como o xarope de quina 435 .
Mas todos estes meios são quasi sempre infructiferos.
HYDROCEPHALO AGUDO DAS CRIANÇAS. V. Meningite.
Hydropericardio. Empregar o tratamento da ana-
sarca e da ascite.
HYDROPHOBIA. - Hydrophobia communi-
cada. Cauterisar as mordeduras com acido sulfurico
concentrado, com pedra infernal , com massa caustica
de Vienna 428, ou com ferro em brasa . V. Mordedu-
ras de animaes damnados. Muitas substancias fo-
rão propostas contra esta horrivel molestia, mas suas
virtudes não tem uma efficacia incontestavel . Citarei
o chloro liquido 225 , alcali volatil interiormente 138,
vinagre, almiscar, castoreo , assafetida, opio, acetato
de morphina pelo methodo endermico, calomelanos,
fricções mercuriaes em alta dóse para produzir a sa-
livação, choques de banhos frios, sangria, sulfato de
quinina combinado com extracto de opio.
Hydrophobiaespontanea. Sangria. Banhos mornos,
medicamentos calmantes e antispasmodicos como a
valeriana, opio, castoreo , assafetida, ether, etc.; mas
sobretudo meios moraes proprios para tranquillisar o
doente.
Hydropisia. V. Anasarca, p . 609, Ascite, p . 644.
HYDROPISIA DA CABEÇA. V. Hydrocephalo.
HYDROPISIA DO CORAÇÃO . Empregar o tratamento
da anasarca e da ascite.
HYDROPISIA DAS JUNTAS. V. Hydarthrose .
HYDROPISIA DO OVARIO. Suster o ventre
com uma cinta, e se o tumor adquirir um desenvol-
vimento mui consideravel, evacuar o liquido pela
puncção do kysto .
HYDROPISIA DO PEITO . V. Hydrothorax.
HYDROPISIA DO VENTRE. V. Ascite .
Hydrothorax, Hydropisia das pleuras ou Hydro-
pisia do peito. O tratamento é o mesmo que o da
anasarca e ascite . É preciso insistir sobre os medi-
camentos diureticos 528, e applicar repetidos caus-
ticos sobre o peito.
Hypertrophia do baço. V. Splenite_chronica.
HYPERTROPHIA DO CORAÇÃO. Sangrias.
Digital 261. Pilulas de Withering 263. Xarope de
700 MEMORIAL THERAPEUTICO .
pontas de espargos 274. Purgantes 540. Causticos no
peito. Regimen vegetal . Bebidas acidulas . Fructos
acidos. Abstinencia de estimulantes . Repouso do
corpo e do espirito .
Hypertrophia do figado. V. Hepatite chronica.
HYPOCHONDRIA . Habitação no campo . Distrac-
ções . Exercicios segundo o gosto de cadaum : equi-
tação, caça, cultura de jardim ; ou certos jogos como
o bilhar, cartas, etc. Combater a prisão do ventre.
Banhos de rio e do mar. Bebidas amargas e aroma-
ticas 543. Rhuibarbo. Anti-spasmodicos 523. Cessa-
são dos costumes viciosos.
Hypoemia intertropical. V. Oppilação.
HYPOPION. Antiphlogisticos. Collyrios emol-
lientes. Tartaro emetico em alta dóse.
HYPOSPADIAS. Este vicio. de conformação é
quasi sempre incuravel.
HYSTERALGIA. Dôr viva no utero ou vagina
que augmenta durante o andar, coito, defecação , etc.
- Banhos mornos prolongados . Injecções com de-
cocção de dormideiras, estramonio , meimendro ,
clysteres com 10 gottas de laudano . Empregar toda
a serie dos medicamentos indicados contra as outras
nevralgias.
HYSTERISMO. Nevrose propria ás mulheres ,
que comprehende os ataques de nervos, e que se
manifesta, na sua maior intensidade, por gritos , con-
vulsões, oppressão , com ou sem a sensação de uma
bola que sobe ao pescoço. - Tratamento preserva-
tivo . Exercicio muscular. Occupações serias . Prohi-
bir a leitura de romances, a frequentação dos bailes,
dos theatros, os alimentos estimulantes. Aconselhar o
casamento quando pareça ser este o desejo ou a ne-
cessidade da doente.
Durante os accessos . Pôr a doente na cama com a
cabeça elevada ; contê-la para que não se magoe ; tirar
collete, as ligas e todos os obstaculos que possão im-
pedir a circulação ; deixar entrar ar puro no quarto ;
fazer aspersões d'agua fria sobre o rosto , applicar si-
napismos nas extremidades ; fazer respirar ether ou
vinagre ; dar a beber chá de folhas de laranjeira .
Tratamento da molestia. Banhos mornos prolon-
IMPOTENCIA VIRIL. 701
gados. Banhos frios. Semicupios com folhas de fi-
gueira do inferno ou dormideiras . Exercicios . Medi-
camentos narcoticos 538, antispasmodicos 523 , e
tonicos 542. Pilulas de Meglin 366. Pilulas antihys-
tericas de Selle 213. Preparações de açafrão 77. Opio.
Valeriana . Oxydo de zinco . Valerianato de zinco .
Pilulas antispasmodicas 123 , 163 , 506. Almiscar.
Castoreo. Ambar gris. Clyster de assafetida 164. Pur-
gantes 540.
ICHTYOSE . Escamas duras e seccas na pelle.
Banhos mornos . Banhos sulfurosos 487 , Fricções com
pomada de alcatrão 116. V. Dartros.
ICTERICIA . Bebidas acidulas, laxantes, como as li-
monadas de limão , laranja , tamarindos . Sôro de leite.
Cremor de tartaro. Acetato de potassa . Sulfato de
magnesia. Nitro. Aloes . Emetico . Pilulas anti-icteri-
cas de Buchan 126. Pilulas anti -biliosas de Barclay
246. Vestidos de flanella. Regimen vegetal . Exerci-
cios moderados.
Ictericia dos recem-nascidos . Não se confunda esta
molestia com a côr amarellada que provém da mu-
dança de hematosis nos recem-nascidos . Xarope de
chicoria composto 223. Oleo de amendoas doces 397.
Clysteres de decocção de linhaça 350. Banhos mornos.
Cataplasmas de linhaça no hypochondrio direito .
IDIOTISMO. Não ha tratamento que o cure.
ILEO e Volvulo. Dieta. Fricções no ventre com
laudano 405 ou tintura de assafetida 163. Banhos
mornos prolongados. Purgantes 540. Clysteres pur-
gantes 359,472, 484. Bebidas nevadas. Applicar no
ventre uma bexiga contendo fragmentos de gelo.Clyster
com agua nevada , com belladona 175.
IMPERFORAÇÃO DO ANUS . Perforar com o
bisturi ou trocate a membrana que tapa a abertura
do anus, e introduzir na abertura uma mecha de fios.
IMPERFORAÇÃO DO PREPUCIO. Fazer uma
abertura com uma lanceta.
Impetigo. V. Ozagre e Dartros.
IMPIGEM. Lavatorios com solução de borax 179.
Pomada antipsorica 271. Leve cauterisação com pe-
dra infernal. V. Dartros.
IMPOTENCIA VIRIL. Banhos e semicupios frios.
702 MEMORIAL THERAPEUTICO .
Regimen tonico e analeptico. Tintura de cantharidas
201. Fumigações nas partes genitaes com bagas de
zibro 515. Fricções no perineo com tinturas ou li-
nimentos preparados com ambar gris, almiscar, es-
sencia de terebenthina, tintura de cantharidas 133,
122 , 497, 204. Immersão repetida do penis em de-
cocção de sementes de mostarda . V. Anaphrodisia.
Inappetencia. V. Fastio.
Inchação. V. Edema, Anasarca.
Inchação dos peitos. V. Engurgitamento.
Inchação do rosto . V. Fluxão.
INCONTINENCIA DE OURINA. Escorrimento
involuntario de ourina pelo canal da urethra . — Se
a incontinencia depende da inflammação ou da pa-
ralysia da bexiga é preciso empregar o tratamento
indicado contra estas molestias . Aquella que depende
da presença de um calculo, reclama a extracção d'este
corpo estranho. - - Contra a incontinencia nocturna
das crianças empregar os banhos quentes com alfa-
zema, salva , alecrim e outras plantas aromaticas ,
banhos frios de rio ou do mar, regimen analeptico ,
vinho, abstinencia de bebidas aquosas de noite ,
belladona interiormente na dóse de 1 a 3 grãos 173,
ferro reduzido 287. --- Quanto ás incontinencias de
ourina que dependem da fistula vesico-vaginal, fis-
tula vesico-rectal, estreitamentos da urethra, é pre-
ciso dirigir o tratamento contra a molestia principal.
Incordio, V. Bubão.
INDIGESTÃO . Se a indigestão principia, se existe
só incommodo no epigastro, tome-se uma chicara de
chá da India ou de folhas de laranjeira . Se a indi-
gestão é completa, favorecer os vomitos com agua
morna. Se as ancias são grandes, e os vomitos não se
declarão , administrar 1 grão de emetico 152. Dieta.
INERCIA DO UTERO durante o parto. A mu-
lher deve dar alguns passeios pelo quarto e tomar al-
guma bebida fortificante, por exemplo, uma chicara
de caldo, um pouco de vinho , etc. Clysteres d'agua
morna. Fazer algumas fricções no ventre com a mão.
Romper as membranas , quando se suppuzer que a
inercia depende da dilatação do utero. Centeio espi-
INGUA. 703
gado 219. Ergolina. Poção de egortina 220. Applicar
o forceps ou fazer a versão do feto .
Infiltração. V. Anasarca.
INFLAMMAÇÃO EM GERAL, Repouso . Posi-
ção tal que o sangue não se dirija á parte doente. San-
grias locaes ou geraes. Applicações emollientes 530,
narcoticas 538. Diéta mais ou menos rigorosa . Bebi-
das emollientes , frias ou acidulas . Banhos mornos,
clysteres emollientes. Tartaro emetico em alta dóse .
Laxantes . Revulsivos ( vesicatorios, fontes, ventosas ,
sedenhos).
Inflammação das amygdalas. V. Pharyngite.
Inflam . das articulações ou juntas. V. Arthrite.
Inflammação do baço . V. Splenite .
Inflammação da bexiga. V. Cystile.
Inflammação da bocca. V. Estomatite.
Inflammação do cerebro. V. Encephalite .
Inflammação da conjunctiva . V. Ophthalmia .
Inflammação do estomago. V. Gastrite.
Inflammação do figado. V. Hepatite .
Inflammação da garganta . V. Pharyngite.
Inflammação das gengivas. V. Estomatite .
Inflammação dos intestinos . V. Enterite.
Inflammação da lingua. V. Glossite.
Inflammação da medulla espinhal . V. Myelite.
Inflammação do olho . V. Ophthalmia.
Inflammação do ouvido. V. Otite.
Inflammação da palpebra . V. Blepharite.
Inflammação dos peitos ou seios. Cataplasmas de
linhaça . Purgantes 540. Se se formar um abcesso , é
preciso abri-lo com uma lanceta.
Inflammação dos pulmões. V. Pneumonia.
Inflammação dos rins. V. Nephrite.
Inflammação dos testiculos . V. Orchite.
Inflammação da urethra. Bichas. Cataplasmas de
linhaça . Semicupios mornos . Cozimento de linhaça.
Inflammação do utero. V. Metrite .
Inflammaɔão das veias . V. Phlebite.
INGUA. Se depende do virus syphilitico, é pre-
ciso empregar o tratamento indicado no Bubão ; se
provém de erysipela, de ferida no pé, etc., desappa-
rece com a molestia principal ; se constitue um tumor
704 MEMORIAL THERAPEUTICO .
inflammatorio simples , applicar cataplasmas de li-
nhaça.
INSOMNIA. Opio e suas preparações 494. Co-
deina 442. Thridacio 149. Acetato de morphina 440 .
Hydrochlorato de morphina 440. Sulfato de mor-
phina 441. Passeios moderados antes da hora de dei-
tar-se. Banho morno . Sobriedade na comida . Bebi-
das pouco excitantes. Abster-se de café, e não cear.
Iridites, Iritis. V. Ophthalmia.
Ischuria. V. Retenção de ourina.
Keratite. V. Ophthalmia.
KYSTOS. Injecções com alcool, vinho quente ou
tintura de iodo . Sedenho . Cauterisação com massa de
Vienna 428. Incisão. Extirpação . Excisão .
Labio leporino. V. Beico rachado.
LARYNGITE AGUDA ou Angina laryngea. Se
fôr ligeira, infusão de flôres peitoraes, de malvas, de
raiz de althea edulcorada com assucar, xarope de
gomma ou mel de abelha . Xarope diacodio 266. Es-
caldapés com mostarda. Se for intensa. Bichas e ca-
taplasmas emollientes no pescoço. Fumigações aquo-
sas e emollientes . Bebidas gommosas, emollientes 530.
Clysteres purgantes 359, 472, 484. Sinapismos aos
pés. Silencio absoluto . Tartaro emetico 151. Ipeca-
cuanha 344. Purgantes 539.
Laryngite chronica. Bebidas aromaticas quentes,
taes como as infusões de hera terrestre, hysopo, fuma-
ria. Fontes na nuca . Fricções com pomada stibiada
no pescoço 452, ou com oleo de croton tiglium 398 .
Banhos sulfureos 110. Vestidos de flanella. Regimen
brando . Contra a aphonia , poção aluminosa 131. Xa-
rope de lactucario 119. Fumigações com infusão de
sabugueiro ou de folhas d'estramonio . Emplasto de
belladona no pescoço 175. Insufflação do alumen em
pó nas fauces. Preparações mercuriaes se a molestia
depender de causa syphilitica .
Laryngite diphterica ou membranosa. V. Croup.
Laryngite edematosa. V. Edema da glotte.
Laryngite estridula . V. Croup falso.
Leicenço. V. Fruncho .
Lepra tuberculosa. V. Morphea.
LEPRA VULGAR. Affecção escamosa da pelle .
LEUCORRHEA . 705
Alimentos brandos. Abstinencia de especiarias. Ba-
nhos d'agua quente . Banhos sulfureos 487. Hydrothe-
rapia 326. Cozimento de dulcamara 267. Tintura de
cantharidas interiormente 201. Preparações arseni-
caes 157 a 160. Alcatrão interiormente e em fricções
145. Cauterisação com pedra infernal, ou causticos
applicados sobre o lugar affectado . Preparações de
iodo 331 até 341 , e outros medicamentos indicados
contra os Dartros.
LETHARGIA. Fazer aspersões d'agua fria sobre
rosto. Approximar ás ventas substancias de cheiro
activo, como o vinagre , ammoniaco, ether. Friccionar
todo o corpo, e principalmente a columna vertebral ,
com baeta ou com escova. Irritar as fossas nasaes e a
garganta com a rama de uma penna . Os sinapismos,
os vesicatorios nas pernas, a musica , as sacudidelas,
as commoções electricas, e a maior parte dos exci-
tantes, podem produzir bons effeitos ; mas é preciso
que estes meios sejão continuados por longo tempo .
Leucophlegmasia. V. Anasarca.
LEUCORRHEA ou Flores brancas. Se fôr recente,
banhos d'agua morna, injecções com decocção de
linhaça, repouso . Se for antiga, regimen tonico e ana-
leptico, composto principalmente de caldos substan-
ciaes, carnes assadas, vinho. Abstinencia de leite e
de substancias farinaceas. Habitação em lugares sec-
cos e elevados . Exercicio . Passeios ao sol . Fricções
seccas. Banhos frios de rio ou do mar. Banhos quen-
tes com plantas aromaticas (alecrim, alfazema , salva,
hortelã ). Perchlorureto de ferro 292. Iodureto de
ferro 336. Ferro reduzido 287. Copahiba . Capsulas
gelatinosas de copahiba e outras preparações desta
resina 250. Cubebas 256. Terebenthina 496. Centeio
espigado 249. Tannino 493. Cato 214. Cozimentos
amargos, de genciana, centaurea, quassia , simaruba ,
quiǹa, inula campana. Infusões de zimbro , d'artemi-
sia, de salva . Extracto de ratanhia 440. Estoraque
278. Electuario contra a leucorrhéa 448. Injecções
adstringentes com decocção de noz de galha, de casca
de romãa, de tannino , com dissolução de alumen , de
sulfato de zinco , de nitrato de prata cristallisado , de
iodo. Injecção contra a leucorrhéa 394. Cauterisação
706 MEMORIAL THERAPEUTICO.
da vagina e do collo uterino, com pedra infernal.
Fumigações com succino 133. Aguas mineraes fer-
ruginosas.
LICHEN. Erupção na pelle de pequenas papulas,
― Banhos mornos . Limo-
com prurido e exfoliação .
nadas de limão , laranja, tamarindos . Purgantes 539.
Pomada de alcatrão 116 , e outras fricções indicadas
no artigo Dartros .
LIENTERIA. Alimentos de facil digestão e inge-
ridos em pequena quantidade . Medicamentos toni-
cos 542.
LIPOMO. Extirpação .
Lipothymia. V. Syncope .
Lobinho. V. Kystos .
Lombrigas . V. Vermes.
Loucura. V. Alienação mental.
LUMBAGO . Dòr rheumatica nos musculos da re-
gião lombar. Sinapismo. Fricções com aguardente
alcanforada, com essencia de terebenthina 497, com
linimento terebenthinado e alcanforado 499. Banho
quente. Caustico .
LUPUS. Dartro roedor que apparece sobretudo no
rosto e nariz. Pomada de iodureto de enxofre 334 .
Curativos com estoraque liquido 278. Banhos quentes
aromaticos 274. Cauterisação com pedra infernal,
com massa caustica de Vienna 428 , com massa caus-
tica de Canquoin 234. Depois da queda da escara cu-
rar a ferida com ceroto simples , com fios embebidos
em agua de Labarraque 232, em agua de creosota 255 .
Interiormente os tonicos 542 , oleo de figado de ba-
calháo 400 .
LUXAÇÕES . Reduzir os ossos deslocados, mantê-
los por algum tempo, afim de que não se tornem a
deslocar ; combater os accidentes pelas applicações
de pannos molhados em agua fria misturada com vi-
nagre ; repouso e dieta . A reducção deve ser feita
com a possivel brevidade.
Luxação espontanea do femur. V. Coxalgia.
LYMPHATITE ou Angioleucite. Banhos mornos.
Cataplasmas de linhaça . Sanguesugas . Fricções com
unguento mercurial 369. Nitro 390. Purgantes 540 .
MÁU HALITO . 707
Se sobrevierem symptomas adynamicos empregar os
medicamentos tonicos 543 .
Machucadura. V. Contusão,
MACULO. Lavatorios com agua morna misturada
com agua de Labarraque. Applicar no anus pós de
calomelanos ou de rapé. Um meio vulgar, empre-
gado com vantagem para matar os bichos, mas que
é mui violento, consiste em introduzir no anus um
limão azedo descascado e polvilhado com polvora e
pimenta. Semicupios mornos. Clysteres com poaya e
outros medicamentos que se applicão contra a Dy-
senteria.
Mal gallico ou venereo. V. Syphilis .
Mal de gota. V. Epilepsia.
Mal de S. Lazaro . V. Morphea.
MAL DE POTT. Fontes. Regimen tonico . Banhos
quentes aromaticos 274. Oleo de figado de bacalháo
interiormente e em fricções 400 .
Malacia. V. Pica.
Maleitas. V. Febres intermittentes .
Malina ou Febre maligna . V. Meningite .
Manchas da cornea . V. Belidas.
MANCHAS DA PELLE. Diversas molestias cu-
taneas principião por manchas ; taes são a morphea ,
dartros, syphilides, lepra, mentagra, sardas, etc.
Recorra-se n'este caso ao tratamento indicado contra
estas molestas. Existem ás vezes descoramentos , ou
alterações da cor da pelle ; dependem da modifica-
ção do pigmento da pelle ; não ha medicamentos in-
ternos nem externos que as curem. Contra as man-
chas hepaticas, lavatorios com agua misturada com
tintura de benjoim , fricções com pomada sulfurea
270, com sabão .
Máu cheiro do nariz. V. Ozena .
Máu geito. V. Torcedura .
MAU HALITO . Combater as causas. Extrahir os
dentes cariados . Tirar a pedra dos dentes . Entreter
o asseio da bocca . Carvão interiormente e em garga-
rejos. Pastilhas de carvão 240. Pós dentifricios com
carvão 526. Chlorureto de cal em collutorios . Solu-
ção desinfectante de Chevalier 232. Fós dentifricios
708 MEMORIAL THERAPEUTICO.
de Magendie 527. Chá de macella . Rhuibarbo. Ipe-
cacuanha. Purgantes 540.
Máu successo. V. Aborto.
MARASMO . Medicamentos tonicos 542. Estimu-
lantes 534. Banhos aromaticos 274. Regimen ana-
leptico. Vinho generoso . Fricções com linimento de
Rosen 384.
MASTURBAÇÃO . Combater este pernicioso vicio
pelos meios moraes, hygienicos e mecanicos.
Melancolia. V. Hypochondria.
Melena. V. Hematemese.
MENINGITE . Dieta. Sangrias . Sanguesugas atrás
das orelhas. Applicações sobre a cabeça de pannos mo-
lhados em agua fria ou nevada . Sinapismos nos pés e
nas mãos . Causticos nas pernas. Compressão das ar-
terias carotidas de tempos a tempos. Assentar o
doente em um banho morno , e ao mesmo tempo fa-
zer-lhe applicações frias sobre cabeça. Calomelanos
373. Laxantes 540. Agua de Sedlitz 140, oleo de ricino
403 , emetico em lavagem 154. Bebidas frias e laxan-
tes, taes como a decocção de tamarindos , de canafis-
tula. Preservar o doente da luz, do barulho e do calor.
Se o coma augmentar, póde ser mui util um largo ve-
sicatorio na nuca , estabelecido com emplasto de can-
tharidas, ou por meio da pomada ammoniacal de
Gondret 138, administrando ao mesmo tempo as prepa-
rações de camphora , almiscar, castoreo, ether, quina ,
acetato de ammoniaco. Clysteres com decocção de
quina e camphora 438. Fricções com tintura de alfa-
zema, com linimento volatil . Se a meningite passar ao
estado chronico , applicar sedenho na nuca , pres-
crever laxantes, clysteres purgantes e regimen brando.
Menorrhagia. V. Hemorrhagia uterina.
Menstruação difficil ou nulla. V. Amenorrhea.
MENTAGRA ou Sycose. Tuberculos ou pustulas
sobre a barba ou partes lateraes do rosto . - Regimen
mais vegetal do que animal. Leite . Abstinencia de
alcoolicos . Banhos mornos . Purgantes 539. Escalda-
pés com farinha de mostarda . Lavatorios com cozi-
mento de linhaça . Supprimir o uso da navalha , cor-
tando só a barba com tesoura. Cauterisação com pedra
infernal , com agua de creosota 255. Applicação de
MILIARIA. 709
fios molhados na dissolução de sublimado ( 1 grão de
sublimado para 4 onça d'agua distillada ) . Pomada
de calomelanos 375. Pomada de tannino 494. Pomada
de iodureto de enxofre 334. Pomada com alumen 132 .
Finalmente praticar a epilação, arrancando com uma
pinça o cabello da barba, e applicar depois a solução
de sublimado . V. tambem Dartros.
METEORISMO. Combater as causas . Infusão de
herva doce , hortelã , canella . Magnesia calcinada .
Rhuibarbo. Medicamentos tonicos . 543. Regimen
composto principalmente de carne.
METRITE. Aguda. Sanguesugas no hypogastrio .
Cataplasmas emollientes e narcoticas 350 , 367, 409 ,
475. Clysteres de linhaça . Semicupios d'agua morna .
Purgante de oleo de ricino 403. Opio se as dores fò-
rem fortes 405. Dieta severa, repouso posição hori-
zontal . Na metrite puerperal recorre -se ás vezes ás
fricções mercuriaes 369 , e interiormente aos calo-
melanos 373.
Chronica. Sanguesugas no hypogastrio . Semicu-
pios e injecções emollientes e narcoticas, feitas com
decocções de trombeteira, dormideiras, herva moura ,
figueira do inferno, meimendro, belladona, e ao de-
pois injecções adstringentes 519. Causticos nas ca-
deiras. Aguas sulfureas 110. Banhos frios de rio ou
do mar. Banhos quentes aromaticos 274. Exercicio
moderado. V. Leucorrhea.
Metrorrhagia. V. Hemorrhagia uterina.
MIASMAS. Fumigações chloricas 225. Aspersões
no quarto com solução de chlorureto de cal , com
agua de Labarraque. Estabelecer correntezas de ar.
Abrir de vez em quando as portas e janellas para
renovar o ar.
MILIARIA ou Febre miliar. Se a febre fôr ligeira,
bastará so usar de bebidas emollientes, na tempera-
tura do quarto , nem quentes nem mui frias : chá de
malvas , cozimento de cevada , etc. , não sobrecarre-
gar o doente de cobertores, para não excitar os suo-
res ; mudar frequentemente de roupa ; renovar o ar
do quarto . Se a erupção fòr acompanhada de muita
febre, administrar a bebida emeto-cathartica 453 , ou
um vomitorio de ipecacuanha 343. Sinapismos nas
40
740 MEMORIAL THERAPEUTICO.
pernas contra a dor de cabeça. Contra a fórma per-
niciosa da molestia , sulfato de quinina 480 , quina
432 , valeriana 505.
Molestia de Bright. V. Ourinas albuminosas.
Molestias nervosas. V. Nevralgias , Hysteris-
mo, etc.
Molestias de pelle. V. Dartros , eczema , pem-
phigo, rupia, impigem, ozagre, ecthyma , tinha,
espinha carnal ou acne, mentagra ou sycose, pru-
rido, sarna, lichen , psoriase , lepra , pityriase,
ichthyose, morphea, lupus, boubas, pellagra.
Molestias verminosas . V. Vermes intestinaes.
MORDEDURAS DE ANIMAES VENENOSOS .
4° Mordeduras de animaes damnados. Compri-
mir immediatamente a ferida em todos os sentidos,
afim de fazer sahir o sangue e a baba. Lavar depois
a ferida com muita agua ou alcali volatil diluido em
agua, com agua e sabão, ou com agua salgada. De-
pois cauterisar profundamente a ferida com massa
de Vienna 428, com acido sulfurico concentrado, pedra
infernal ou ferro incandescente . Se a mordedura é
sinuosa, profunda , deve-se escarificar com o bisturi,
e espremer o sangue antes da cauterisação . Seis ou
sete horas depois da cauterisação, applique-se sobre
a escara um largo vesicatorio. Quando a escara se
despegar, o que tem lugar do quinto ao oitavo dia,
trate-se de cicatrizar a ferida , se se conhecer que a
cauterisação penetrou além da ferida feita pelo dente
do animal damnado ; no caso contrario , não se hesite
em tornar a cauterisar, e quando cahir a segunda es-
cara, entretenha-se a suppuração durante 10 a 20
dias . Se a mordedura existe perto de uma arteria,
limite-se o operador a tocar levemente a superficie
da ferida com um pincel embebido em acido sulfu-
rico, e evite queimar a arteria ; sem esta precaução,
poderia, no despegamento da escara, apparecer uma
hemorrhagia perigosa . Se a mordedura é antiga , se
a ferida está já cicatrizada, é de absoluta necessidade
abrir a cicatriz, sem perda de tempo , com um bis-
turi , queima-la e fazê-la suppurar. Quanto ao trata-
mento dos symptomas consecutivos , veja-se Hydro-
phobia.
MORMO. 744
2° Mordeduras de cobras. Esprema-se o sangue,
e lave-se a ferida com agua ; cauterise-se a ferida, e
proceda-se como fica dito no tratamento das morde-
duras de animaes damnados . Emquanto se faz isto,
dê-se ao doente uma chicara de infusão de flores de
sabugueiro , de folhas de larangeira, ou outra bebida
excitante , com seis ou oito gottas de alcali volatil
repita-se esta bebida de duas em duas horas. Póde-se
tambem dar um copo de vinho da Madeira ou de
qualquer outro vinho generoso . Administre-se uma
poção, com acetato de ammoniaco : poção sudorifica
140. O vulgo e até alguns medicos attribuem pro-
priedades especificas , nas mordeduras de cobras ,
ao guaco e outras plantas , administradas interna e
externamente ; mas parece que os factos apresentados
para apoiar esta opinão não tem sido bem examina-
dos. O ponto importante é que a cauterisação seja
bem feita.
3º Mordeduras oupicadas de zangão, abelha, be-
souro, vespa, borraxudo, tarantula, aranha, mos-
quito, maribondo, formiga ruiva, lacraia, escor-
pião e outros insectos . Tire-se o ferrão , lave-se
a ferida com agua e appliquem-se no lugar ferido
algumas gottas de alcali volatil puro ou diluido em
agua. Se o individuo fòr mordido por grande quan-
tidade de abelhas , e se a febre se manifestar, é mister
fazê-lo deitar, administrar-lhe limonada de limão, e
uma poção com 10 gottas de alcali volatil 438. O
ardor que determinão as mordeduras de mosquitos,
se acalma com lavatorios d'agua fria misturada com
vinagre.
MORMO . Molestia nova, transmissivel do cavallo
ao homem e deste á sua especie , por contagio ou
infecção, e que é caracterisada por um defluxo par-
ticular, com secreção nasal purulenta ou sanguinea
abundante, erupção pustulosa na pelle, e ás vezes por
tumores purulentos na superficie do corpo . - Todas
as pessoas obrigadas a approximarem-se dos cavallos
mormosos devem tomar as maiores precauções para
evitar o contagio : não dormir nas estrebarias onde
estiverem cavallos mormosos ; evitar o contacto da
materia purulenta, e se por acaso esta materia cahir
712 MEMORIAL THERAPEUTICO.
n'uma ferida, n'uma arranhadura ou n'uma membrana
mucosa , instantaneamente lavar a parte com muita
agua e cauterisar com acido sulfurico concentrado,
com pedra infernal , ou , melhor ainda , com massa
caustica de Vienna 428. Eis as precauções. Logo que
se declarar a molestia , será necessario recorrer ás in-
injecções nas fossas nasaes com solução de creosota ,
com tintura de iodo , com agua de Labarraque , e in-
teriormente , ao ether , ammoniaco , alcool , quina ,
serpentaria de Virginia , opio , cicuta e meimendro .
Para evitar que os arreios das bestas mortas de
mormo não communiquem a molestia a outros ani-
maes , é necessario lavar estes arreios em agua de
Labarraque ou na dissolução de chlorureto de cal,
na proporção de 1 onça de chlorureto de cal para
40 libras d'agua.
MORPHEA. Mudança de clima. Habitação nos
climas temperados da Europa, como a França , Alle-
manha , onde a morphea quasi nunca se observa . Du-
rante os tres primeiros mezes do tratamento, o doente
deve abster-se de toda a especie de carne e peixe :
sua alimentação deve ser composta exclusivamente
de pão, leite, legumes, fructas, hortaliça e caldos de
carne de vacca. Uns dias por outros, é necessario
administrar-lhe um purgante. Depois , póde se-lhe
permittir carne de gallinha, carne de vacca fresca,
mas deve sempre abster- se de carne de porco , de
carnes defumadas e salgadas e de temperos . Banhos
d'agua morna. Banhos sulfureos 487. Cozimentos de
salsaparrilha , de sassafras , de zimbro . Tintura de
cantharidas interiormente 204. Hydrochlorato de ouro
443. Iodo 334. Iodureto de potassio 329. Iodureto de
ferro 334. Iodureto de mercurio 337. Preparações
arsenicaes 157 a 160. Sabão medicinal 449. Decoctos
de quina, de genciana, de centaurea menor . Assacú
161. Pilulas de sabão medicinal e rhuibarbo . Todos
estes medicamentos devem ser por longo tempo con-
tinuados, e alternativamente mudados . Exteriormente
lavatorios com dissolução de chiorureto de cal 232 ,
com agua de creosota 255 , com pomada iodurada 333,
com pomada de iodureto de ferro 337, com pomada
de iodureto de enxofre 334. Hydrotherapia 326 .
MORTE. 713
MORTE. Signaes da morte. Ausencia da respi-
ração e da circulação, frio glacial , insensibilidade ás
incisões , cauterisações , etc. , rijeza cadaverica, e mais
tarde putrefacção . - A morte é ordinariamente pre-
cedida de alguns symptomas graves que dependem
da perturbação da respiração, da circulação ou das
funcções cerebraes e que constituem a agonia.
Aquella que sobrevem de repente e sem phenomenos
precursores chama-se morte subita é determinada
ordinariamente por uma apoplexia fulminante ou
ruptura de uma aneurysma . A morte é natural se
sobrevem em consequencia de uma molestia espon-
tanea ; violenta quando é effeito de uma violencia
qualquer. As vezes póde existir a suspensão da res-
piração e circulação , e a vida não estar extincta o
que se chama morte apparente . A rijeza dos mem-
bros, e a putrefacção são os dous signaes mais certos
da morte real . A rijeza principia poucos instantes de-
pois da morte , e dura 24 a 36 horas. Em quanto os
membros estão flexiveis , se a sua flexibilidade não
tem succedido á rijeza , póde- se presumir um resto
de vida. Quando as pancadas do coração não se per-
cebem durante algum tempo, muitos minutos por
exemplo, póde se assegurar que a morte é real. Mas
isto deve ser verificado pela auscultação precordial ;
por que na syncope e outras molestias o pulso ás
vezes não se sente, entretanto a orelha applicada sobre
a região do coração póde perceber fracas pancadas
d'este orgão .
Morte apparente. A morte póde não ser real nos
casos de apoplexia, asphyxia, feridas graves, ca-
talepsia, chorea, contusões , convulsões , extasis,
hysterismo, hypochondria, lethargia, perdas san-
guineas, syncope, tetano, quedas, nas pessoas jul-
gadas mortas por molestias agudas, durante alguma
epidemia , e nas mortes chamadas subitas . Então a
obrigação rigorosa do medico é téntar todos os meios
para reanimar o morto apparente. Estes meios con-
sistem em descobrir a face, deixar a bocca aberta,
para permittir a introducção do ar nas vias respira-
torias , tirar tudo quanto comprimindo o peito e o
baixo-ventre possa impedir o resto dos movimentos
40.
714 MEMORIAL THERAPEUTICO.
que ainda existão, posto que imperceptiveis aos nos-
sos sentidos , no diaphragma , coração e intestinos.
Os outros meios são aspersões d'agua fria , bebidas
excitantes como o vinho quente, infusão de canella .
poção com ether, etc.; banhos quentes, commoções
electricas, galvanicas, cobertores quentes , fricções
com baeta ou escova , insufflação do ar nos pulmões ,
moxas , queimaduras, escarificações, esternutatorios,
chapas de ferro quente, flagellação, sinapismos , vesi-
catorios , ventosas , sangria ; approximar ás ventas
frascos com vinagre, ether, ammoniaco, etc. V. As-
phyxia, Syncope, etc.
Movito. V. Aborto.
MUDEZ . Electricidade . Galvanismo . Moxas. Se-
denho . Emetico. A mudez que depende de idiotismo ,
de vicio da organisação da língua , é incuravel ; quanto
áquella que tem por causa a surdez , veja-se Surdez.
MYELITE. Aguda . Sangrias geraes e locaes. Ba-
nhos mornos. Dieta. Bebidas emollientes 531. Agua
de Sedlitz 440. Emetico em lavagem 154. Se houver
retenção de ourina ou de materias fecaes recorrer ao
catheterismo ou aos clysteres d'agua morna .
Chronica. Vesicatorios , moxas, sedenhos , fontes
ao longo da columna vertebral . Fricções com tintu-
ras aromaticas , com linimento volatil 138 , com lini-
mento terebenthinado 499 , com tintura de alfazema
424 , com balsamo nerval 383 , com linimento de Ro-
sen 384. Emborcações d'agua salgada e quente diri-
gidas sobre a columna vertebral . Aguas sulfureas 440.
Caldas da Rainha. Banhos do mar.
MYOPIA. Usar de oculos com vidros concavos .
Narcotismo. V. Envenenamento pelo opio.
NECROSE . Combater as causas ( V. Syphilis, Es-
crophulas, Escorbuto) . Facilitar por meio de inci-
sões, de trepanação do osso, e de outros processos
sirurgicos adequados, a sahida das partes mortas e
ceparadas. A amputação é reservada para os casos em
que o foco da necrose se communica com a articula-
ção vizinha, e para aquelles em que a situação pro-
funda do sequestro torna applicação dos meios
ordinarios mui perigosa .
NEPHRITE. Aguda . Sangria , sanguesugas ou
NEVRALGIAS. 715
ventosas sarjadas nas cadeiras. Cataplasmas de linhaça
350. Banhos mornos prolongados. Clysteres emol-
lientes 350, 398 , camphorados 194, com dormideiras
267 , emollientes e calmantes 408. Cozimento de
linhaça 350 e outras bebidas mucilaginosas 531 .
Fricções nas cadeiras com oleo camphorado 492, com
balsamo tranquillo 176. Poções com xarope diacodio
266, hydrochlorato de morphina 444 , xarope de lac-
tucario 449. Laxantes brandos 540.
Chronica . Fontes ou sedenhos na região lombar.
Banhos mornos . Assafetida 163. Poção com ether e
laudano 283. Exercicio . Bebidas diureticas 528. Aguas
de Vichy 102 , de Seltz 101. Bicarbonato de soda 208.
Magnesia 355. Decoctos de grama , de parietaria, de
abutua, de uva ursina . Soro de leite. Nitro 390. Cer-
veja. Regimen mais vegetal do que animal . Habitação
em lugares elevados e seccos .
NEVRALGIAS. Cataplasmas emollientes 350 ,
narcoticas 175, calmantes 367, 409. Sinapismos no
lugar doloroso. Fricções com laudano de Sydenham
405 , linimento opiaceo camphorado 409 , balsamo
tranquillo 176 , essencia de terebenthina 497, lini-
mento volatil 138 , tintura de cantharidas 204 , bal-
samo opodeldoch 192. Causticos. Acupunctura . Fon-
tes . Moxas. Banhos de vapor d'agua quente e de
alguma infusão aromaticá . Emborcações. Fricções
com pomada de belladona 174 , com unguento branco
de Rhazes 205. Fomentações com dissolução de cya-
nureto de potassio 259. Hydrochlorato de morphina
pelo methodo endermico 411. Banhos mornos. Inha-
lação de chloroformio 226, ou de ether 284. Appli-
cação sobre o lugar doloroso de algodão embebido
em chloroformio . Caldas. Hydrotherapia 326 .
O tratamento interno compõe se de antispasmo-
dicos, taes como sejão as preparações de valeriana,
oxydo de zinco, valerianato de zinco, ether, castoreo ,
almiscar, assafetida , estromonio , aconito, belladona ,
meimendro, etc. Essencia de terebenthina 497. Sub-
carbonato de ferro 295. Opio. Hydrochlorato de mor-
phina. Sulfato de morphina. Acetato de morphina .
Cicuta. Agua de lourocerejo 351. Tartaro stibiado.
Sulfato de quinina . Cyanureto de potassio. Pilulas
716 MEMORIAL THERAPEUTICO .
de Meglin 366. Pilulas de aconito de Biett 95. Elec-
tuario antinevralgico de Jolly 296. Opiato tereben-
thinado de Martinet 499. Pilulas antinevralgicas 280,
406. Pilulas antispasmodicas 123 , 163 , 506. Poção
antispasmodica 213 , 283. Pós antispasmodicos 123,
212, 263, 477, 506. Este tratamento é applicavel
a todas as nevralgias, taes como : a nevralgia fa-
cial , cervico-occipital, dos seios, da bexiga, in-
tercostal, do testiculo, etc. Nevralgia da vagina
e do utero. V. Hysteralgia.
NEVRITE. Sanguesugas. Cataplasmas emollientes
e narcoticas. Opio. Purgantes . Emetico.
NEVROSES. Banhos mornos prolongados . Banhos
frios de rio ou do mar . Exercicio . Equitação . Regi-
men regular. Habitação no campo . Distracções . Me-
dicamentos antispasmodicos 523, narcoticos 538. As-
safetida 462. V. Nevralgia.
NOSTALGIA. Medicina moral. Aconselhar ao
doente que volte para a sua patria.
NYCTALOPIA. Emetico . Purgantes e outros meios
indicados na Amaurose.
NYMPHOMANIA. Camphora. Limonada e outras
bebidas refrigerantes .
OBESIDADE. Diminuir a quantidade dos alimen-
tos ; regimen mais animal do que vegetal ; comer
muita carne mas abster-se de corpos gordos ; poucos
alcoolicos , e beber pouco ; levar vida activa, fazer
muito exercicio , e não se demorar na cama, senão
o tempo strictamente necessario para restaurar as
forças ; tomar um purgante de tempos a tempos 540 ;
usar de bicarbonato de soda 208 ; emfim , recorrer a
hydrotherapia e aos meios sudorificos 326.
Obliteração do anus. V. Imperforação.
Obliteração do orificio da urethra. V. Imperfora-
ção do prepucio.
Obliteração da vagina. Incisão .
Obstrucção do baço. V. Splenite chronica .
Obstrucção do figado. V. Hepatite chronica.
Odontalgia. V. Dôr de dentes.
ONYXIS. Inflammação da raiz da unha . Banhos
morncs, cataplasmas de linhaça. Lavatorios com de-
cocção de rosas rubras, com decocto de quina mistu-
OPHTHALMIA. 717
rado com alcool camphorado, com dissolução de
chlorureto de cal . Polvilhar a ferida com pedrahume
calcinada . Extirpação da unha com a raiz .
OPHTHALMIA. Ophthalmia ordinaria ,
aguda. Quando é leve, cede promptamente á dieta .
e aos purgantes brandos, como verbi gratia 4 grão
de tartaro stibiado dissolvido em 24 onças d'agua, e
aos collyrios com decocção morna de malvas, de lin-
haça, e á subtracção dos olhos á influencia da luz. An-
tes de recorrer a qualquer medicação , é preciso exa-
minar se não se tem introduzido entre as palpebras
algum corpo estranho . As ophthalmias que são con-
sequencia de contusões devem ser combatidas com fo-
mentações d'agua fria . Pediluvios com cinza . - Se
depois da primeira inflammação sobrevem atonia dos
vasos oculares , substituir os collyrios emollientes
pelos adstringentes, taes como a mistura de laudano
com agua em partes iguaes ou a dissolução de sul-
fato de zinco ou de acetato de chumbo , misturada
com algumas gottas de alcool camphorado 485 , 80 ,
ou tocar levemente a conjunctiva com pedra in-
fernal.
Se a inflammação é intensa , recorre-se ás sangue-
sugas atrás dos ouvidos, as sangrias, aos purgantes
540, ao tartaro stibiado em atta dóse 152. Ter a ca-
beça elevada e apertada. Lavatorios com decocção
de raiz de althéa, de sementes de linhaça , de cabeças
de dormideiras , ou com leite morno . Cataplasmas
de linhaça sobre a palpebra. Fricções na testa com
unguento mercurial 360 , com pomada ophthalmica
de Sichel 374 , com pomada mercurial anodyna de
Weller 367. A' proporção que os symptomas inflam-
matorios diminuirem, será preciso ajuntar aos colly-
rios emollientes alguma substancia resolvente, como
alguns grãos de sulfato de zinco , de acetato de
chumbo, de laudano, etc., ou cauterisar levemente a
conjunctiva com pedra infernal . Caustico na nuca .
Instillação entre as palpebras de algumas gotas de
collyrio preparado com dissolução de sublimado cor-
rosivo em agua distillada (4 grãos de sublimado para
4 onças d'agua) . Durante a convalescença não cansar
os olhos com a leitura e outros trabalhos. Se existe
718 MEMORIAL THERAPEUTICO .
tumefacção da conjunctiva, vasos varicosos, ás vezes
é preciso praticar a sua excisão .
Ophthalmia blennorrhagica . Molestia mui rapida
na sua marcha , pelo que é mister oppôr-lhe um tra-
tamento energico , senão o doente perde a vista. Co-
mo meio preservativo cumpre advertir ás pessoas que
padecem blenorrhagia , que não toquem os olhos com
os dedos cobertos de materia , e que tenhão muito
cuidado com o asseio das mãos . Sanguesugas nas
fontes. Sangrias. Cauterisar levemente a conjunctiva
com pedra infernal , ou applicar o collyrio composto
d'agua distillada e de nitrato de prata cristallisado,
na proporção de uma onça d'agua para um grão de
nitrato e até mais 393, tres ou quatro vezes ao dia.
E é preciso que o nitrato, quer solido quer dissol-
vido, toque toda a área inflammada , mas que, por
nenhum modo, passe por cima da cornea transparente,
porque poderia produzir nella alterações graves.
Causticos na nuca . Fricções na testa com pomada
mercurial pura 369 , ou misturada com extracto de
belladona. Purgantes 540. Copahiba . Cubebas .
Ophthalmia purulenta. As sangrias e bichas não
produzem aqui bom effeito. Tartaro stibiado em alta
dóse 152. Lavar frequentemente os olhos com uma
esponja embebida na decocção morna de sementesde
linhaça , para quo não se conserve o pus entre as
palpebras. Tocar a conjunctiva palpebral e ocular
com pedra infernal . Pingar entre as palpebras o col-
lyrio de nitrato de prata 393 , ou a mistura de duas.
partes d'agua com uma parte de aguardente alcanfo-
rada. Applicar sobre as faces internas da palpebra
superior e inferior pós de acetato de chumbo . - Fric-
ções com unguento napolitano por cima das sobran-
celhas 369. Outros tem empregado com bom exito o
collyrio preparado com dissolução de sublimado
( 4 grão de sublimado para 4 onça d'agua distillada).
Segundo o Dr Clot-Bey, o unico remedio que tem
produzido resultados satisfactorios no Egypto é um
collyrio composto de partes iguaes de sulfato de zinco
e de sulfato de alumina dissolvidos em agua distil-
lada, até á saturação . Deita-se este collyrio entre as
palpebras por meio de uma pequena garrafinha ou da
ORCHITE. 719
rama de uma penna duas ou tres vezes por dia 485 .
Ophthalmia purulenta dos recem-nascidos. Cau-
terisar levemente a conjunctiva palpebral com pedra
infernal, ou introduzir entre as palpebras algumas got-
tas de collyrio de nitrato de prata 393. Lavar os olhos
com agua misturada com algumas gotas de aguar-
dente camphorada, ou com agua acidulada com sumo
de limão. Lavatorios com decocção de linhaça, com
leite de ama.
Ophthalmias chronicas. Mudar de profissão, cu-
rar o trichiasis, etc. , se a ophthalmia provém destas
causas . Collyrios adstringentes 179 , 286 , 393 , 485 .
Collyrio aluminoso 134. Collyrio de Brun 127. Col-
lyrio de Conradi 378. Collyrio de Janin 485. de ni-
trato de prata 393 , contra as ophthalmias chronicas
80, 478, com pedra divina 478, secco de Beer 132.
Pomada ophthalmica 81 , 290, 371. 372, 394. Pomada
ophthalmica de Desault 372, de Dupuytren 372, de
Guthrie 84 , de Regent 374 , de Janin 446. Collyrio
com laudano de Sydenham. Cauterisação da conjunc-
tiva palpebral com pedra infernal. Purgantes 540 .
Causticos, fontes, sedenhos na nuca.
As ophthalmias syphiliticas, escrophulosas, dartro-
sas, exigem o tratamento interno destas molestias .
Collyrio anti -scrophuloso de Baudelocque 303. Oleo
de figado de bacalhão interiormente 400 .
OPPILAÇÃO . Subtrahir o doente á humidade.
Procurar um ar secco e puro . Medicamentos tonicos,
amargos 542, e principalmente as preparações de
ferro 287 até 299. Vinho, regimen analeptico, ba-
nhos aromaticos 274.
Oppressão. V. Affrontação.
ORCHITE , Aguda. Bichas. Cataplasmas de li-
nhaça . Banhos e semicupios mornos. Repouso. Bebi-
das emollientes, laxantes 540. Clysteres de linhaça.
Dieta. Depois da cessação dos primeiros symptomas,
comprimir o tumor com tiras de emplasto de Vigo 369.
Chronica . Combater as causas pelo tratamento in-
terno (V. Syphilis , Escrophulas ) . Preparações de
mercurio 369. Preparações de iodo 332. Chlorureto
de ouro 413. Chlorureto de ouro e sodio 414. Fric-
ções mercuriaes 369. Fricções com pomada de hy-
720 MEMORIAL THERAPEUTICO .
driodato de potassa 339. Emplasto de Vigo 369. Sus-
pender o tumor com suspensorio . Applicações de
pannos molhados em agua vegeto -mineral 285 , na
dissolução de sal ammoniaco 141. Fricções com li-
nimento camphorado 192. Emplasto de cicuta 237.
Purgantes 540. Pilulas de Plumer 374. Pilulas de
Gama 374. Pilulas de calomelanos de Ricord 374.
Banhos frios de rio ou do mar.
OSTEITE. Combater as causas ( V. Syphilis, Es-
corbuto, Escrophulas, Dartros) . Banhos, Cataplas-
mas emollientes e narcoticas 330 , 367 , 409, 175. Pi-
lulas de aconito de Biett 95. Sanguesugas. Fricções
mercuriaes 369. Vesicatorios .
OSTEOMALACIA. Amollecimento dos ossos na
idade adulta. - Alimentação succulenta, caldos sub-
stanciaes, carnes assadas , ovos , vinho . Habitação
n'um lugar secco , elevado , exposto ao sol . Ferro re-
duzido 287, e outros medicamentos tonicos 543.
Opio para acalmar as dôres 405 .
OSTEOSARCOMA . O mesmo tratamento que con-
vém ao cancro das partes molles ; ou tratamento das
causas que podem ser syphiliticas, escrophulosas, etc.
Otalgia. V. Dór de ouvido.
OTITE. Aguda . Se for leve, recorrer ás injecções
com decocção morna de linhaça, raiz de althéa , dor-
mideiras, meimendro, cicuta, com leite morno, com
dissolução de cinco grãos de opio em 5 onças d'agua
morna, com oleo de amendoas doces 397. Fumigações
com vapores de infusão de flôres de sabugueiro , de
flôres de malvas, de meimendro. Applicar sobre a
orelha cataplasma de farinha de linhaça . Introduzir no
conducto auditivo 3 grãos de camphora envolvidos
n'uma bolinha de algodão . Purgantes 540. Pediluvios
sinapisados 385. Bebidas emollientes 530. Diéta . Se for
intensa, applicar oito a dez bichas atraz da orelha,
e mesmo fazer uma sangria no braço, e continuar as
injecções e cataplasmas emollientes. Extrahir com es-
garavatador as concreções que se formão ás vezes no
conducto auditivo . Se se formar uma suppuração den-
tro da orelha interna, dar-lhe sahida perforando a
membrana do tympano, e favoreeer o escorrimento
do pus pela posição e injecções d'agua morna.
OZENA. 724
Chronica. Combater as causas ( V. Syphilis, Es-
crophulas, Dartros) . Applicar de vez em quando
sanguesugas atrás da orelha. Causticos, fontes ou se-
denhos na nuca . Injecções emollientes 534 , narcoti-
cas 538 , e depois adstringentes e detergentes, taes
como as de dissolução de alumen 130, de solução de
creosota 255 , de agua de cal 187 , de dissolução de
potassa (1 onça de potassa, 16 onças d'agua) . Drasti-
cos 540. Tonicos amargos, taes como o cozimento de
luparo, decocto de quina , infusão de chicoria , etc. 543 .
Banhos do mar. Banhos quentes aromaticos 274.
Otorrhea. V. Otite chronica.
OURINAS ALBUMINOSAS , albuminuria , ne-
phrite albuminosa ou molestia de Bright. Ourinas
menos abundantes, avermelhadas ; depoem pelo re-
. pouso filamentos avermelhados ; ao cabo de alguns
dias, deixão de ser sanguinolentas, tomão côr citrina
pallida , semelhante ao vinho branco, e tornão-se
transparentes ; ao mesmo tempo o rosto e as outras
partes do corpo ficão inchadas, etc. - Purgantes 540 .
Oleo de euphorbia latyris 400. Poção contra as ouri-
nas albuminosas 400. Pilulas de Martin- Solon con-
tra as ourinas albuminosas 370. Ratanhia. Coloquin-
tida . Tintura de cantharidas 204. Ferro reduzido
287. Scilla. Digital. Sabão medicinal . Cremor de
tartaro. Calomelanos . Cicuta . Banhos mornos . Applica-
ção de fontes na região lombar . Regimen analeptico.
Ourinas doces. V. Diabetes .
Ourinas leitosas. Ourinas amarelladas , espessas ,
opacas, turvas e com apparencia de leite : esta altera-
ração é devida á presença de gordura nas ourinas.
Molestia que se observa no Rio de Janeiro, mas é pouco
grave. Extracto de ratanhia 440. Banhos mornos .
Ourinas sanguinolentas. V. Hematuria.
OVARITE . Sanguesugas. Cataplasmas de linhaça .
Semicupios d'agua morna. Clysteres de linhaça . Pur-
gante de oleo de ricino.
OZAGRE . Entreter o asseio. Lavar a parte com
agua morna ou cozimento de linhaça e depois polvi-
lhar com polvilho . Cataplasma de linhaça . Curativos
com ceroto simples 224 , ou com azeite doce .
OZENA. Injecções emollientes como as de decoc-
41
722 MEMORIAL THERAPEUTICO .
ção de linhaça, de raiz de althéa. Injecções com dis-
solução de chlorureto de cal 232 , com agua de Labar-
raque, com tintura de iodo 332, com dissolução de
creosota 255 , com dissolução de sublimado 377. Cau-
terisação com nitrato de prata . Pós de carvão, quina e
myrrha, aná p. ig.: o doente usará destes pós emforma
de rapé. Fontes . Purgantes 540. Se a ozena depende
do virus syphilitico , administrar os antisyphiliticos.
V.Syphilis . A constituição escrophulosa reclama os to-
nicos 543 , os banhos do mar, os banhos aromaticos 274.
PALPITAÇÕES . O tratamento differe conforme
as palpitações fòrem nervosas, provenientes de lesão
organica do coração ou de plethora de sangue. Neste
ultimo caso, a sangria geral ou local é util . Nos ou-
tros recorrer-se-ha aos medicamentos antispasmodi-
cos e calmantes , taes, como a valeriana, camphora,
digital, assafetida , opio, etc. Poção atrophica de Ma-
gendie 340. Poção atrophica com tintura de digital
340. Digital 264. Pós anti-spasmodicos de Double 263 .
Pilulas de Dupuy 263. Pilulas de Andral contra as pal-
pitações 263. Fricções com linimento sedativo de Cot-
tereau 264. Applicar emplasto de belladona sobre a re-
gião do coração 175. Abster-se dos excessos venereos,
dos alimentos excitantes, das bebidas alcoolicas .
PANARICIO. No principio da molestia, fazer uma
larga e profunda incisão , afim de tirar sangue dos te-
cidos inflammados, impedir a estrangulação e preve-
nir a destruição dos tendões ou do osso ; depois re-
correr aos banhos mornos e cataplasmas de linhaça.
Gom doentes medrosos é preciso limitar-se ás appli-
cações de linhaça.
Pannos. V. Impigem, Dartros.
PAPEIRA ou bocio. Iodo e suas preparações in-
terior e exteriormente 332. Iodureto de ferro 334.
Iodureto de potassio 339. Pomada de iodureto de
potassio em fricções . Chlorureto de ouro e sodio 444.
O doente pode prevenir o augmento da papeira e sarar
mesmocompletamente, mudando de paiz e deixando de
habitar o lugar onde a molestia é endemica. Alimentos
de boa qualidade e habitação sadia . Bebidas tonicas,
amargas 543. Sabão amygdalino 449. Aguas sulfureas
444. Agua do mar em banhos e em bebida . Se o tumor
PARALYSIA. 723
for pouco volumoso , não adherente ou pedunculado,
póde-se fazer a sua extirpação . Nos casos contrarios ,
todas as tentativas de extirpação serião temerarias.
PARALYSIA. Perda absoluta ou diminução nota-
vel do sentimento e movimento. Póde ser geral ou
parcial. Chama-se hemiplegia, se occupa um lado do
corpo ; paraplegia quando affecta sua parte inferior .
Umas vezes depende de uma lesão physica e appa-
rente do apparelho nervoso tal é a paralysia que
sobrevem em consequencia de congestões cerebraes
ou violencias exteriores ; outras vezes depende de
uma affecção geral , que não deixa vestigios nem no
cerebro nem nos cordões nervosos . - Se a paraly-
sia é subita, depende ordinariamente da apoplexia,
e reclama o tratamento indicado n'este caso V. p . 612 .
Póde depender da myelite. V. pag. 744. Quando a
paralysia existe só, sem outros phenomenos, os meios
que convem empregar são : sinapismos , causticos .
Banhos sulfureos quentes 488. Caldas sulfureas . Cal-
das da Rainha 142. Banhos quentes aromaticos 274.
Fricções com linimento ammoniacal 438 , linimento
ammoniacal camphorado 139, com linimento ammo-
niacal cantharidado 139 , linimento de cantharidas
camphorado 204 , linimento phosphoreo 422 , lini-
mento terebenthinado 499. Strychnina pelo methodo
endermico 475. Galvanismo . Electricidade. Drasti-
cos 540 . - Ha paralysias lentas, progressivas ; não se
devem empregar contra ellas sangrias, como na he-
morrhagia cerebral, ou apoplexia propriamente dita,
mas sim os banhos aromaticos, fricções estimulantes
acima indicadas, electricidade, etc.
Paralysia da bexiga. Falta de contracção da bexiga
para expulsar a ourina . Quando a bexiga é só en-
fraquecida basta, para excitar a sua acção , applicar
um corpo frio sobre o hypogastro ou coxas, como
verbi gratia, approximar o ourinol ao escroto. Es-
tas pessoas não devem ourinar estando deitadas, de-
vem-se levantar de noite de 3 em 3 horas para ouri-
nar, e ourinar logo que a necessidade se manifestar .
Se a paralysia é completa introduzir uma sonda
de borracha , e deixa-la na bexiga destapando-a de
2 em 2 ou de 3 em 3 horas para dar sahida á ou-
724 MEMORIAL THERAPEUTICO.
rina . Se ha dôr na bexiga, empreguem-se semicupios
mornos, e appliquem-se cataplasmas de linhaça not
ventre e clysteres de linhaça. Se não ha dôr nem
outros symptomas de inflammação , empreguem-se
fricções no ventre com linimento ammoniacal 138,
linimento de cantharidas camphorado 204, tintura de
quina 435 , agua de Colonia , essencia de terebenthina
497, causticos nas coxas que se curão polvilhando a
ferida todos os dias com meio grão de strychnina 475,
banhos quentes aromaticos 274, banhos frios de rio
ou do mar, banhos sulfurosos 488 , caldas da Rainha
142, electricidade . Interiormente centeio espigado
249, tintura cantharidea 202.- Se todos estes meios
não tiverem bom exito , recorra-se ao uso perma-
nente de um ourinol de borracha.
Paralysia da palpebra . Causticos na testa ou fonte.
Gurativo d'estes causticos com 4/8 a 1 grão de stry-
chnina. Fricções com linimentos indicados contra a
paralysia em geral. Electricidade .
Paralysia do rosto . Caustico diante do conducto
auditivo. Curativo d'este caustico com strychnina 475 .
Electrisação . Linimentos indicados contra a paralysia
em geral.
PARAPHIMOSIS. Fazer a reducção do prepu-
cio. Para fazer esta reducção, o doente se põe em pé,
encostado a uma parede ; e em quanto uma pessoa
The deita agua fria por cima da glande , o cirur-
gião faz a reducção do prepucio. Para facilitar a
reducção , é ás vezes necessario praticar incisões
sobre a membrana mucosa inchada. Se, apezar disso ,
a reducção fôr impossivel , dividir com lanceta o an-
nel circular formado pela abertura do prepucio, o
qual aperta a glande.
PARAPLEGIA. Paralysia das extremidades infe-
riores , da bexiga e do recto. Se sobrevem depois
da queda de um lugar elevado, empregar bixas nas
cadeiras, cataplasmas de linhaça, banhos mornos ;
praticar o catheterismo para esvasiar a bexiga . De-
pois recorrer ás caldas sulfurosas 110 , e ás fricções
com linimentos indicados contra a paralysia em ge-
ral . Se é o resultado da myelite, V. pag. 714.
PAROTIDA ou Parotite. Cataplasmas de linhaça .
PERICARDITE . 725
Bebidas laxantes 540. Se a inflammação é forte, ap-
plicar sanguesugas, emplasto de cicuta 237.
PARTO LABORIOSO. O obstaculo póde de-
pender :
1° Da inercia do utero . V. Inercia do utero.
2º Da estreiteza do orificio do collo uterino .
Neste caso são uteis os banhos mornos , as injecções
de decocção de linhaça, a applicação de pomada de
belladona. As vezes é necessario recorrer á dilatação
forçada ou á incisão do collo.
3° Da estreiteza da bacia . Recorrer á symphyseo-
tomia, á craniotomia, á operação cesarea .
4º Da má posição do feto . Fazer a versão .
5° Da má conformação do feto . Perforar o cra-
neo , praticar divisões , applicar os ganchos.
6º Da presença de gemeos unidos . Tentar a ex-
tracção pelos pés , e reservar as divisões para os
casos extremos.
PELLAGRA. Molestia de pelle, observada na Ita-
lia e Hespanha, caracterisada por uma erupção ery-
thematosa ao principio, e depois vesiculosa, que se
complica logo com perturbação de todas as funcções ,
magreza e marasmo. Banhos mornos geraes . Ba-
nhos sulfurosos 488. Caldas sulfurosas. Alimentação
substancial. Banhos do mar. Pomada alcalina opia-
cea 206, e outras pomadas indicadas contra os dar-
tros . Medicamentos tonicos 543 .
PEMPHIGO . Bebidas acidulas temperantes 542 ,
e laxantes 540. Banhos mornos . Abrir as bolhas com
agulha e ajudar a sua cicatrisação com topicos pul-
verulentos, como o polvilho , pós de lirio, de lycopodio.
Se as feridas se inflammarem será preciso cura-las
com ceroto simples, com cataplasmas de linhaça . Se
a sua superficie fòr violacea e sanguinolenta , appli-
car pós de quina , de carvão, lavar com cozimento de
quina ou vinho aromatico 275.
Perda da falla. V. Aphonia .
Perda de sangue . V. Hemorrhagia .
PERICARDITE . Inflammação da membrana que
cobre exteriormente o coração . -Sangria . Bichas, si-
napismos, vesicatorios na região precordial . Bebidas
emollientes 534 , diureticas 528. Digital 263. Nitro 390 .
726 MEMORIAL THERAPEUTICO .
Scilla 462. Regimen brando, abstinencia de todos os
estimulantes . Emetico em alta dóse 152. Calomela-
nos com opio ou meimendro 373. Laxantes 540 .
Repouso.
PERITONITE. Sanguesugas . Banhos mornos pro-
longados (1 , 2 e 3 horas) . Cataplasmas de linhaça.
Bebidas emollientes taes como a infusão de flores de
malvas, de sementes de linhaça , etc. 531. Dieta se-
vera. Clysteres de linhaça 350. Purgante de oleo de
ricino 404. Na peritonite puerperal recorre-se ás vezes
ás fricções no ventre com unguento mercurial 369, e
interiormente aos calomelanos 373. Opio 405. Cam-
phora 194. Almiscar 423 , se a molestia tomar a fórma
adynamica . Sinapismos e causticos nas pernas.
PESADELO . Para prevenir o pesadelo basta ás vezes
deitar-se sobre um lado com preferencia a outro, e
com a cabeça elevada ; cear pouco ; usar de banhos
mornos , entreter o ventre livre com clysteres. Deve-
se sempre despertar um individuo que está soffrendo
a anxiedade do pesadelo .
Pescoço (Dôr no) . V. Torcicollo .
PESTE. Tartaro emetico 152. Bebidas acidulas .
Ether sulfurico . Almiscar. Camphora. Tonicos 542.
Vinhos generosos . Os bubões serão abertos logo que
a fluctuação estiver sensivel. Os carbunculos serão
curados com vinho aromatico e pós de quina .
PHARYNGITE, Esquinencia , Angina , Angina
guttural, Amygdalite, Dôr de garganta. Se for leve.
Gargarejos com decocção de althea, de cevada , com
mel de abelha , com mel rosado, Gargarejo emol-
liente 129. Gargarejo calmante 267. Um vomitorio
de tartaro emetico 152. Cataplasmas de linhaça no
pescoço . Pediluvios sinapisados .
Se for aguda, intensa . 1 a 2 grãos de tartaro eme-
tico em 6 onças d'agua . Cataplasmas de linhaça e
bixas no pescoço . Gargarejos emolientes 429 , e mais
tarde adstringentes 431 , 179, 305 , 441 , 448 , 493 .
Gargarejo adstringente de Bennati 434. Gargarejo
estimulante 438 , Gargarejo com pimenta comary 424.
Pós de alumen assoprados para as fauces por meio
de uma penna . Cauterisação com pedra infernal . Pur-
gantes 540. Dieta . Bebidas emollientes ( infusão de
PHLEBITE. 727
flor de malvas, de violas, de linhaça) . Evitar a humi-
dade. Se se formar um abcesso, e existir no fundo da
garganta um ponto amarellado e saliente, comprimir
o tumor com o dedo, afim de produzir a sua ruptura.
Se este meio não for sufficiente , abrir o tumor com
o bisturi para dar sahida ao pus . Incisão prompta do
tumor, sem esperar a fluctuação evidente, quando o
abcesso ameaçar de estender-se ao longe.
Se for chronica . Gargarejos adstringentes 1431 ,
179, 305, 441 , 448 , 493. Pos de alumen assoprados
para as fauces. Cauterisação com pedra infernal . Se
a inchação das amygdalas persistir a ponto de estor-
var a deglutição e a respiração , praticar a sua exci-
são . Se a causa da esquinencia for syphilitica, pres-
crever interiormente os anti-syphiliticos.
Pharyngite membranosa, pelliculosa, diphtherica,
pultacea, caseiforme ; Diphtherite ; Angina ou esqui-
nencia maligna. Tartaro stibiado. Vesicatorio na
nuca. Assoprar pós de alumen para as fauces. Caute-
risação da garganta com lapis de pedra infernal, com
dissolução de nitrato de prata, com acido hydrochlorico
puro ou misturado com mel de abellia em partes
iguaes. A maneira como se procede está indicada no
artigo Croup, pag. 643. A cauterisação com pedra
infernal requer grande attenção . Assim , ter-se- ha o
cuidado de deixar sobresair o lapis de pedra infer-
nal só de uma pequena quantidade , e deve-se fixa-lo
solidamente . Não se tendo esta precaução , a pedra in-
fernal poderia quebrar-se, e cahir no esophago o que
poderia produzir um accidente mortal. Para a caute-
risação com a dissolução de nitrato de prata em-
prega-se agua distillada 3 oit . , nitrato de prata
4 oit. Gargarejos com agua de Labarraque. Interior-
mente : vinho de quina 435 , poção aluminosa 131 .
PHIMOSIS . Repouso. Injecções e cataplasmas de
linhaça 350. Banhos mornos . Bebidas emollientes,
laxantes . Fricções com pomada mercurial 369. Se
estes meios não fòrem sufficientes, será preciso fazer
uma destas tres operações : incisão , excisão, ou cir-
cumcisão.
PHLEBITE. Sanguesugas na vizinhança da veia
inflammada . Banhos mornos. Cataplasmas emollientes
728 MEMORIAL THERAPEUTICO.
e narcoticas 350 , 367, 409. Fricções mercuriaes 369.
Tartaro stibiado em alta dóse 152. Purgantes 540 .
Vesicatorios. Medicamentos tonicos , se a molestia
tomar um caracter adynamico 543 .
PHLEGMÃO. Cataplasmas de linhaça , banhos
emollientes , dieta e bebidas diluentes 530. Abrir de
prompto com a lanceta ou bisturi os abcessos, e
principalmente os que estão profundamente situados,
ou vizinhos de alguma articulação ou cavidade splan-
chnica. Introduzir na abertura uma mecha de fios
untada com ceroto, que impeça a reunião das mar-
gens da abertura , antes da evacuação completa do
pus. Esta precaução não é necessaria nos abcessos
superficiaes. Exercer uma compressão methodica
para facilitar a sahida do pus.
Phlegmasia alba dolens. V. Edema.
Phrenesi. V. Meningite.
Phthiriasé . V. Piolhos.
Phthisica. V. Tisica .
PICA e Málacia. Appetite depravado que faz de-
sejar e comer substancias não alimentares , e que
causão mais ou menos asco no estado de saúde , taes
como barro, carvão e outras até immundas . Vigiar
a pessoa, e nas crianças empregar, se for preciso , as
correcções corporaes. Administrar o rhuibarbo 443 ,
e o ferro reduzido 287.
PICADAS nas dissecções anatomicas. Lavar imme-
diatamente a pequena ferida com muita agua pura ou
com dissolução de pedrahume, e espreme-la com
força ; cauterisa-la com pedra infernal, e applicar so-
bre ella um pedaço de encerado inglez . Se sobrevier
inflammação local ou symptomas geraes , empregar
cataplasmas de linhaça, abrir cedo todos os abcessos
que se formarem, e interiormente administrar os to-
nicos vinho de quina 435 , pilulas antisepticas 193 ,
poção com acetato de ammoniaco 140.
Picadas de insectos. V. Mordeduras .
Pintas. V. Sarampos, Escarlatina, Roseola , Bexi-
gas, Cataporas. Dartros, etc.
PIOLHOS. Contra os piolhos da cabeça empregar
lavatorios com agua e sabão, com decocção de cen-
taurea menor, fricções com oleo de alfazema , ou
PLEURIZ. 729
polvilhar a cabeça com sementes pulverisadas de
salsa hortense, pentear frequentemente o cabello, e
ter muito asseic . Contra os piolhos do corpo (phthi-
riase) , banhos mornos com sabão, banhos sulfurosos
488, pomada sulfuro-saponacea 274 , pomada antipso-
rica 274 , pomada d'Helmerick 206, fricções com es-
sencia de terebenthina ; regimen tonico . Contra os
piolhos do pubis ( vulgo piolhos ladros), untura com
unguento mercurial cinzeto 369 , e um banho geral.
Pituita. V. Gastrorrhea.
PITYRIASE. Exfoliação furfuracea permanente da
epiderme. Banhos mornos. Lavatorios com agua e
sabão . Fricções com pomada antidartrosa de Gibert
432. Pomada com borax 179. Banhos sulfurosos 487
e outros medicamentos indicados no artigo Dartros.
PLETHORA , Sangria. Diéta. Regimen composto
principalmente de vegetaes. Fructos acidos. Limo-
nadas vegetaes. Purgantes 540 .
PLEURIZ. Agudo . Sangria . Sanguesugas. Vento-
sas sarjadas . Causticos depois das emissões sangui-
neas. Bebidas emollientes, gommosas , taes como a
decocção de raiz de althéa, infusão de flores de mal-
vas, de violas, adoçada com assucar ou com xarope
de gomma. Bebidas nitradas 390. Loock branco sim-
ples 136, ou com laudano 407. Kermes mineral 150 .
Oxydo branco de antimonio 448. Tartaro stibiado 154 .
Poção de Richter 454. Loock oleoso 397. Loock pei-
toral 397. Loock scillitico 463. Julepo gommoso 344.
Se o pleuriz coexistir com affecção biliosa do esto-
mago, a ipecacuanha 343 , o emetico em lavagem 154 ,
os purgantes 540 , são então mui efficazes . Antispas-
modicos e tonicos ( camphora, valeriana , almiscar ,
quina . etc. ) se fôr complicado com estado nervoso ou
typhoide .
Chronico . Vesicatorios . Sedenhos . Fontes . Banhos
mornos . Vestidos de flanella . Bebidas sudorificas 544 ,
diureticas 528. Scilla 462. Digital 263. Fricções com
pomada stibiada 452. Ipecacuanha 343. Emetico 152 .
Nitrato de potassa em alta dóse ( 2 oitavas a 4 onça
por dia) 390. Purgantes 540. Emfim , quando todos
estes meios não tiverem determinado a absorpção do
liquido derramado na cavidade da pleura, a operação
41 .
730 MEMORIAL THERAPEUTICO.
do empyema póde ser o unico meio de salvação .
Pleuriz falso ou bastardo. V. Pleurodynia .
PLEURODYNIA . Dòr rheumatica dos musculos
das paredes thoracicas . - Sinapismo no lugar dolo-
roso . Fricções com essencia de terebenthina 497, com
oleo camphorado 192 , com linimento terebenthinado
499 , com linimento terebenthinado e alcanforado 499,
com linimento volatil 438. Vesicatorios . Banho morno .
Pleuro-pneumonia . V. Pneumonia.
PLICA POLONICA. Bebidas sudorificas 544 .
Banhos quentes. Cataplasmas e lavatorios emollien-
tes. Vesicatorios. Extracto de aconito . Preparações
antimoniaes, sulfureas . Medicamentos tonicos , amar-
gos 542. A secção dos cabellos não deve ser feita
senão depois de cessada a secreção oleosa, e deve
ser precedida da applicação de algum exutorio . En-
treter o asseio . Purgantes 540.
PNEUMONIA. Aguda. Diéta. Repouso . Calor
brando. Sangria se o pulso é forte e frequente, san-
guesugas ou ventosas sarjadas se existe só pontada
sem grande febre , ou nos individuos fracos e nas
pessoas idosas. Tartaro stibiado em alta dóse (6 , até
12 grãos em 24 horas) , continuando emquanto se
puder tolerar, e emquanto os escarros se mostrarem
avermelhados. Para favorecer a tolerancia , ajunte-se
opio ao tartaro emetico . V. Poção contra-stimulante
de Laennec 452. Poção stibiada de Louis 153. Poção
emetisada e nitrada 454. Bebidas emollientes e gom-
mosas 534. Quando a febre tiver diminuido , appli-
quem-se vesicatorios, administrem-se loocks simples
136 , ou com opio 407. Poção gommosa 344. Loock
de kermes 150. Poção de kermes contra-stimulante
454. Oxydo branco de antimonio 448. Preparações
de scilla. Loock scillitico 463. Xarope de lactucario
449. Digital 261. Balsamo de tolu . Emulsão balsamica
469. Tonicos , estimulantes , antispasmodicos , se ha
phenomenos nervosos ou de adynamia ( camphora,
almiscar, castoreo , etc.) .
Chronica. Causticos . Sedenhos . Fontes . Evitar as
fadigas excessivas do corpo e conversações longas . Ves-
tidos de flanella. Caldas sulfureas 440. Ipecacuanha
343. Purgantes 540. Diureticos 528. Tartaro stibiado
POLLUÇÕES NOCTURNAS. 734
em alta dóse. Regimen brando . Abstinencia de ali-
mentos excitantes. Fricções com pomada stibiada 152,
ou com oleo de croton tiglium no peito 399 .
Podagra. V. Gota.
PODRIDÃO DOS HOSPITAES . - Tratamento
preservativo. Destruir os miasmas pelas fumigações
com chlorureto de cal, com agua de Labarraque, fu-
migações guytonianas ; separar os doentes, recom-
mendar todo o asseio ; preservar as feridas do con-
tacto do ar.
Tratamento curativo . Cauterisar as feridas com
acido sulfurico concentrado, nitrato acido de mercu-
rio , ferro incandescente. Curar as feridas com cata-
plasma de linhaça , pannos molhados em agua e vi-
nagre, essencia de terebenthina, com mistura de pós
de camphora , carvão e quina, com acidos mineraes
diluidos em agua, com solução de chlorureto de cal,
com agua de creosota 255 .
POLLUÇÕES NOCTURNAS . Evitar os excessos
venereos ou a masturbação, se as polluções provém
destes costumes . Se tem por causa a continencia ou
um temperamento ardente , aconselhar o regimen
vegetal e lacteo, e impedir a excitação moral ou phy-
sica ; dormir deitado de um dos lados e não de costas.
Se as polluções dependem da fraqueza dos orgãos
genitaes , é indicado o regimen analeptico, vinho ge-
neroso, gengibre, canella, comidas temperadas, exer-
cicio. Pareceria que os banhos frios , os banhos do
mar, deverião ter uma acção favoravel sobre esta
fraqueza local , mas mostra a experiencia que não
impedem as perdas seminaes , e debilitão , pelo con-
trario , uma economia já fraca de mais por conse-
guinte não se podém aconselhar em todos os casos.
Convem só limitar-se aos lavatorios das partes geni-
taes com agua fria, aos clysteres d'agua fria e ao gelo
interiormente . Ha entretanto individuos aos quaes os
banhos frios são uteis. Regularisar a acção genital e
dar-lhe pelo casamento uma direcção normal. Copa-
hiba 250. Terebenthina 496. Oleo essencial de tere-
benthina 498. Cubebas 256. Mistura balsamica de
Nieman 251. Tannino 493. Alumen. Pós adstringentes
130. Vinho de quina 435. Quina em pó misturada
732 MEMORIAL THERAPEUTICO .
com limalha de ferro 288. Tintura de Marte tartarisada
299. Sulfato de magnesia na dóse de 2 oitavas antes de
se deitar. Fazer ao hypogastrio e perinêo , ao deitar-se,
applicações de pannos molhados em agua fria e vinagre.
As mesmas fomentações na região occipital . Vesicato-
rios com cantharidas na região lombar. Cauterisar com
pedra infernal a porção prostatica do canal da urethra .
POLYPOS. Causticos. Ligadura . Excisão . Arran-
camento . Torsão .
Polyuria. V. Fluxo de ourina. 1
Pontada. V. Pleuriz .
Porrigo ou Tinha. V. Tinha.
Postema. V. Abcesso.
PRESBYOPIA. Usar de oculos com vidros con-
vexos.
PRIAPISMO. Regimen lacteo e vegetal . Bebidas
acidulas e frias . Sôro de leite . Amendoada. Banhos
mornos e prolongados. Sangrias . Camphora. Clysteres
emollientes. Afastar todos os objectos que possão exci-
tar os sentidos.
PRISÃO DO VENTRE. Clysteres comagua morna
simples ou misturada com azeite doce. Purgantes 540 .
Clysteres purgantes 359 , 472, 484. Regimen composto
principalmente de vegetaes . Regrar as horas das eva-
cuações . Banhos mornos geraes. Tomar de vez em
quando uma a tres pilulas de aloes 125.
PROEMINENCIA DO IRIS. Excisão ou cauteri-
sação com pedra infernal.
PROLAPSO DO RECTO. Reduzir o tumor e op-
pôr-se à sua sahida pela introducção do tampão no
recto . Semicupios frios ou com decocção de ratanhia ,
com solução de alumen , ou com outros liquidos ad-
stringentes. Pomada de tannino 494. Injecção adstrin-
gente 131. Se estes meios não fòrem sufficientes, será
preciso recorrer á excisão de uma porção do tumor,
ou á cauterisação do anus.
PROLAPSO DO UTERO . Reducção . Injecções e
semicupios d'agua fria . Injecção adstringente 131 .
Applicação do pessario.
Prolapso da uvula. V. Relaxação da uvula.
PROLAPSO DA VAGINA. Injecções adstrin-
gentes. Excisão das rugas do orificio vaginal .
PYROSE . 733
PRURIDO ou Prurigo . Pequenos botões na pelle,
acompanhados de comichão insuportavel. - Banhos
mornos. Lavatorios com agua fria e vinagre. Limo-
nadas de limão, laranja, tamarindos . Regimen vege-
tal. Lavatorios com agua e sabão . Pomada antidar-
trosa de Biett 208. Pomada d'Helmerick 206. Banhos
do mar.
PSOITE . Cataplasmas de linhaça. Banhos mornos .
Examinar com attenção a região lombar, porque ás
vezes sente-se fluctuação n'esse lugar. Se for assim ,
praticar uma incisão n'esse ponto, para dar sahida
ao pus .
PSORIASIS . Molestia de pelle caracterisada por
chapas salientes, cobertas de escamas, côr de madre-
perola. Pomada de alcatrão 116. Pomada de iodu-
reto de enxofre 334. V. Dartros .
PTERYGIO ou Unha do olho . Carnosidade do
olho . — Cauterisação com nitrato de prata. Excisão .
Ptyalismo mercurial . V. Salivação mercurial.
Purgação. V. Blennorrhagia e Flores brancas.
PURPURA. Erupção espontanea na superficie do
corpo de pequenas manchas vermelhas ou roxas. -
Limonadas de limão ou laranja . Perchlorureto de ferro
292. Medicamentos tonicos 542. Banhos frios .
PUSTULA MALIGNA. Cauterisação com massa
caustica de Vienna 428 , ferro incandescente ou com
causticos liquidos, como o acido sulfurico, hydro-
chlorico, nitrico, concentrados . Antes da cauterisação ,
é bom fazer uma incisão crucial , afim de tornar a
applicação do caustico mais immediata . Applicar de-
pois sobre o lugar affectado cataplasmas de linhaça
e fazer lavatorios com solução de chlorureto de cal
232. Se se manifestarem symptomas adynamicos, o
que acontece mui frequentemente, recorrer-se-ha in-
teriormente á camphora, á quina, ao acetato de am-
moniaco e aos outros tonicos 543, e estimulantes 532 .
Puxos. V. Diarrhea.
Pyelite. Inflammação dos calices e dos bassinetes
dos rins. O tratamento é o mesmo que o da nephrite .
PYROSE. Combater as causas. Regimen lacteo e
vegetal . Purgantes salinos . Magnesia calcinada . Rhui-
734 MEMORIAL THERAPEUTICO .
barbo. Preparações de ferro . Medicamentos antispas-
modicos 523.
Quebradura. V. Hernia.
QUEDAS. Fazer respirar vinagre ou agua de Co-
lonia ; dar a beber um pouco de vinho , agua com
assucar, ou chá da India . Se o pulso está fraco, a
pelle fria e se existe perda completa dos sentidos,
fazer fricções sobre o corpo com baeta, cobrir o
doente com cobertores de lã , applicar sinapismos nas
pernas, dar-lhe a beber um pouco de vinho quente
com assucar ou chá de folhas de laranjeira . Logo que
o pulso adquirir força , praticar-se-ha uma sangria do
braço, no caso de queda grave. Entretanto, em in-
dividuos fracos , bastará a applicação de algumas bi-
chas atraz das orelhas . Nas quedas simples, o repouso
e chumaços embebidos em agua fria e renovados fre-
quentemente sobre o lugar contuso , são os unicos
meios que se devem empregar quando não existe
complicação alguma .
Quéda do cabello. V. Alopecia.
Quéda do recto, utero, vagina . V. Prolapso.
Quéda da uvula. V. Relaxação da uvula.
QUEIMADURA. - Tratamento geral. Fomen-
tações frias , nevadas sobre a cabeça . Opio, se existirem
dôres e spasmos . Tonicos e excitantes, como o vinho ,
ether , chá de canella , chá da India bem quente , se
existir pulso fraco, prostração , ou extremidades frias.
4° gráo ( Rubefacção ) . Immersão prolongada na
agua fria ; applicação de polpa de batatas , e sobre-
tudo applicação de algodão .
2° grão ( Vesicação) . As empolas devem ser aber-
tas com alfinete où agulha, mas não se deve tirar a
epiderme. Applicar algodão cardado ou pannos unta-
dos com ceroto simples 221 , ceroto de Saturno 286 ,
azeite doce, oleo de amendoas doces, ceroto opiaceo
409, balsamo tranquillo 476 .
30 gráo (Desorganisação de uma parte do corpo
papillar da pelle ) . Algodão cardado. Applicação de
um chumaço furado, untado com ceroto, e por cima
delle fios seccos ou embebidos em agua de Labar-
raque. Quando as escaras cahirem, cure-se a chaga
como fica dito no 2º gráo.
RACHA. 735
4º gráo ( Combustão completa do derma ) . Os
meios precedentes convém ainda neste gráo . Pôr a
parte queimada em tal situação que as margens da
ulceração fiquem afastadas umas das outras . Impedir
pelos meios mecanicos que as cicatrizes produzão a
occlusão das aberturas naturaes do corpo, ou que
tornem difficeis os movimentos das partes . Cauterisar
as carnosidades com pedra infernal .
5º gráo (Combustão dos tecidos até aos ossos) . O
mesmo tratamento.
6º gráo (Carbonisação de todo o membro). Am-
putação.
QUEIMADURA PELO SOL. Se for pouco in-
tensa lavatorios com agua fria , bebidas acidulas
frias. Se for violenta e provocar uma congestão ce-
rebral sangria, purgantes, sinapismos, vesicatorios
nos membros, diéta , repouso .
RACHA ou Fissura do anus . Ulceração alongada
e superficial da margem do anus , entre as rugas ra-
diadas da membrana mucosa d'esta parte , com dòr
viva e contracção spasmodica do musculo sphincter.
Combater a prisão do ventre com clysteres d'agua
morna . Cauterisação com pedra infernal . Introduzir
no anus mechas untadas com ceroto de Saturno 286,
com pomada de belladona 174 , com pomada de Foy
contra as rachas do anus 81. Clyster contra as rachas
do anus 442. Suppositorios com manteiga de cacáo.
Se estes meios não forem sufficientes para curar a
molestia, recorra- se á incisão do sphincter do anus ,
ou á dilatação forçada. Esta ultima operação costuma
ser precedida da chloroformisação do doente o ci-
rurgião introduz os dous dedos pollegares no recto,
e puxando com força em duas direcções oppostas
rasga o sphincter. Feito isto , a pequena rasgadura
sara em pouco tempo ; então a dôr , a contracção
spasmodica do anus e a prisão do ventre cessão como
por encanto.
Rachas dos beiços , mãos, pés, etc. Unturas com
oleo de amendoas doces , com glycerina 340. Ceroto
simples 224. Pomada para os beiços 398. Polvilho .
Leve applicação de pedra infernal.
Rachas do peito. Tocar as rachas com pedra infer-
736 MEMORIAL THERAPEUTICO .
nal. Linimento contra as rachas do seio 469, 179,
488 Bico artificial.
RACHITISMO. Molestia propria á infancia , ca-
racterisada pela alteração na direcção, comprimento ,
volume e estructura dos ossos , com enfraquecimento
da constituição. - Regimen exclusivamente lacteo
para as crianças de peito , aleitamento preferivel a
qualquer outra alimentação, nada de carnes, de sopas
gordas. Habitação n'um lugar elevado e exposto ao
sol . Mais tarde, depois de desmamada , a criança
usará de caldos substanciaes, carnes assadas , ovos,
vinho . Oleo de figado de bacalháo interiormente e em
fricções 404. Medicamentos tonicos 543. Ferro . Lu-
paro . Agua de cal. Centaurea menor. Vestidos de
flanella . Banhos frios de rio e do mar. Banhos aro-
maticos quentes 274. Aconselhar aos doentes que
durmão em colchões feitos com plantas aromaticas
como sejão : alfazema, alecrim, salva , etc. Habitação
no campo . Meios gymnasticos e orthopedicos.
RAIO. O tratamento das pessoas assombradas de
raio consiste em esfregar o espinhaço com vinagre
ou agua de Colonia ; applicar sinapismos nas pernas
e braços ; dar a cheirar alcali volatil ou vinagre ; pôr
sal na bocca, e, se o rosto estiver vermelho, praticar
uma sangria do braço.
Raiva. V. Hydrophobia .
RANULA. Excisão ou extirpação do tumor .
RASGADURA DO PERINÊO. Póde-se prevenir
este accidente, durante o parto, sustentando com uma
mão o perineo durante a passagem da cabeça e das
espaduas da criança. Se apezar disto o perinêo se
rasga , se a ferida é pequena , sara por si pelo em-
prego de banhos d'agua morna . Mas, quando a ras-
gadura se estende até ao anus, é preciso recorrer a
sutura.
RELAXAÇÃO DA UVULA. Gargarejos com infu-
são de pimenta . Gargarejos adstringentes 131 , 179,
305 , 441 , 448 , 493. Excisão .
Rendido das virilhas . V. Hernia.
Resfriado. V. Constipação .
Resicação de ventre . V. Prisão do ventre.
RHEUMATISMO ARTICULAR. 737
RETENÇÃO DE OURINA. Combater as causas .
Se a retenção de ourina provém da inflammação da
bexiga, empreguem-se cataplasmas de linhaça, ba-
nhos mornos, clysteres de linhaça e sanguesugas. Se
a causa da retenção é um estreitamento ou occlusão
do canal da urethra, faça- se uso dos meios indicados
contra esta ultima molestia . Nas febres graves, nas
inflammações do cerebro , da medulla espinhal , a
ourina é retida na bexiga : é preciso evacua-la por
meio de uma sonda. A retenção espasmodica cede aos
banhos mornos prolongados . Se ella depender da
paralysia da bexiga , recorrer-se-ha á medicação
aconselhada contra esta molestia. Mas , em todas as
retenções de ourina, a primeira indicação a preencher
consiste em evacuar a bexiga pelo catheterismo ; e
se isto fôr impossivel , praticar uma puncção no hy-
pogastrio ou no perineo .
RHAGADIAS. O tratamento externo das rhaga-
dias é o mesmo que o dos Cancros venereos, e o
interno o mesmo que o da Syphilis.
RHEUMATISMO ARTICULAR. Agudo . Dôr e
inchação de uma ou muitas juntas, com febre in-
tensa. - As emissões sanguineas quer geraes , quer
locaes são raramente uteis contra esta molestia. Ha
tres medicamentos que podem ser empregados no
estado agudo 1º Tartaro emetico na dose de 6 grãos
numa poção de 6 onças . 152. 2° Sulfato de quinina
na dóse de 18 36 , e ao mais 54 grãos por dia 480 .
3º Nitrato de potassa na dóse de meia onça até onça
e meia por dia, em 24 onças de cozimento de linhaça
que se administra por chicaras de 2 em 2 horas 390 .
Póde-se escolher um d'estes tres medicamentos , mas
as dóses aqui indicadas são bastante elevadas, e deve-
se suspender o medicamento se sobrevier algum ac-
cidente. Com effeito n'estas dóses, o emetico poderia
produzir evacuações abundantes de mais , o sulfato
de quinina, vertigens, surdez , enfraquecimento da
vista ; e o nitrato de potassa , abaixamento do pulso ,
fraqueza extrema , e mesmo a morte se o medicamento
fosse continuado . Se ha insomnia administre- se opio
na dóse de 1 a 3 grãos 405. Applicar sobre as juntas
cataplasmas de linhaça simples ou regadas com lau-
738 MEMORIAL THERAPEUTICO.
dano 409 ; ou simplesmente envolver a junta em al-
godão . Para bebida : infusão de folhas de laranjeira,
cozimento de cevada ou linhaça. - Os outros me-
dicamentos que forão aconselhadas contra o rheuma-
tismo articular agudo são colchico 242, aconito 95 ,
digital 261. Xarope de lactucario 149 .
Chronico . Succede ás vezes ao rheumatismo agudo ;
em alguns casos, entretanto, o rheumatismo é pri-
mitivamente chronico . - Dôr nas juntas , sem in-
chação nem febre. - Flanella sobre o corpo. Pre-
cauções contra as variações atmosphericas. Banhos de
vapores aquosos . Banhos de vapores camphorados
192. Banhos aromaticos 274. Fricções com balsamo
opodeldoch 492 , com essencia de terebenthina 497,
com linimento terebenthinado 499 , com linimento
terebenthinado e alcanforado 499, com linimento vo-
latil camphorado 139, com linimento anti-arthritico
139, com aguardente camphorada 192 , com oleo cam-
phorado 192 , com balsamo de Fioraventi 496 , com
balsamo tranquillo 176 , com agua de Colonia , com
balsamo nerval 383. Fumigações com vapores de ba-
gas de zimbro, benjoim, succino . Sinapismos . Caus-
ticos. Curativo dos causticos applicados nas partes
affectadas com ceroto opiaceo 409. Interiormente :
Oleo essencial de terebenthina . Tartaro emetico . Col-
chico. Opio . Meimendro. Cicuta . Belladona. Aconito.
Doce-amarga. Kermes mineral. Veratrina . Nitro .
Guaiaco. Salsaparrilha. Camphora . Ether. Ammo-
niaco . Espirito de Minderer. Quina. Purgantes 540 .
Aguas mineraes quentes.
RHEUMATISMO MUSCULAR . Dôr mais ou
menos viva, fixa ou movel, num ou em muitos mus-
culos, que augmenta pela contracção dos orgãos affec-
tados. - Sinapismo no lugar doloroso . Fricções com
essencia de terebenthina 497, balsamo tranquillo 176 ,
laudano 405. Banho d'agua morna. Banhos de vapor.
Caustico . Banhos sulfurosos. Caldas da Rainha 112.
ROSEOLA. Cozimento de cevada ou infusão de
flores de malvas .
Rouquidão. V. Defluxo e Catarrho pulmonar.
RUPIA. Bolhas cheias de um liquido seroso , de-
pois purulento e sanguineo, que se transforma em
SARAMPO. 739
crostas denegridas, ás quaes succedem ulcerações.
- Tonicos 542. Alimentação substancial, vinho, ar
puro, e grande asseio . Se as crostas cahirem, curar as
feridas com fios molhados no vinho aromatico 275 ,
ou polvilha-los com cremor de tartaro 254. Se as
ulceras forem rebeldes, cauterisa-las com pedra in-
fernal , e curar com ceroto simples.
RUPTURA DA BEXIGA. Póde ser occasionada
pela acumulação excessiva de ourina na bexiga, por
uma pancada , passagem da roda de uma sege sobre
o ventre, ou pela compressão que a cabeça do feto
exerce durante o parto. Introduzir uma sonda e
deixa-la na bexiga, para dar sahida á ourina e impe-
dir a infiltração ourinaria.
Sahida do anus. V. Prolapso do anus .
Sahida do utero. V. Prolapso do utero .
SALIVAÇÃO MERCURIAL . Suspender o trata-
mento mercurial . Purgantes 540. Dieta. Gargarejos
adstringentes com alumen, borax, noz de galha 134 ,
179, 305 , 444 , 448, 493. Gargarejo adstringente de
Bennati 131. Gargarejo de Geddings 499. Gargarejo
acidulo 543. Solução desinfectante de Chevalier 232 .
Tocar as gengivas com pedra infernal. Chlorato de
potassa interior e exteriormente 224.
Sangue pelo nariz. V. Epistaxis.
SAPINHOS. Exsudação sobre a membrana mucosa
da bocca de pequenas concreções esbranquiçadas .
Tocar com mel rosado, com collutorio de borax 478,
com pedrahume. Clysteres de linhaça . Xarope de
quina interiormente 434. Chá de salva 457. Banhos
goraes d'agua morna simples ou com plantas aroma-
ticas 274. Ar puro, habitação no campo .
SARAMPO. Infusões mornas de sabugueiro, bor-
ragem, flôres de malva, etc. , com xarope de gomma.
Gargarejos emollientes 129. Loock branco 436. Dieta.
Temperatura branda. Quando a descamação estiver
para terminar, administrar um laxante, para preser-
var a pelle das infiltrações consecutivas 540. Preser-
var o doente do esfriamento . Se a erupção apparecer
lentamente, é preciso administrar as infusões sudori-
ficas, poções estimulantes. Poção sudorifica de Foy
140, poção excitante de Harless 440. Poção com car-
740 MEMORIAL THERAPEUTICO.
bonato de ammoniaco 141. Poção com tintura de
aconito 95. Contra a bronchite , que acompanha ás
vezes o sarampo, administrar 10 a 15 grãos de poaya,
e xarope diacodio 266. Se os sarampos forem acom-
panhados dos symptomas de meningite, recorrer- se-
ha á sangria, ás sanguesugas , e aos outros meios in-
dicados nesta ultima molestia ; prescrevão-se, pelo
contrario, os estimulantes interiormente , e os sina-
pismos, se existir prostração e estado adynamico. Se
a erupção cutanea 'desapparecer subitamente, será
preciso provaca-la por banhos quentes, ou banhos de
vapor, e bebidas sudorificas taes como o chá de bor-
ragem, ou de sabugueiro .
SARCOCELE . Praticar a castração .
SARDAS. Lavatorios com solução de borax 178,
com leite virginal 177, com agua simples misturada
com agua de Colonia, alcoolato de alfazema ou alcoo-
lato de alecrim . Lavatorios com agua e sabão , com
pomadas alcalinas sulfureas .
SARNA. Tomar um banho d'agua morna, e esfre-
gar no banho o corpo todo com sabão ordinario e
melhor ainda com sabão preto . Depois de sahir do
banho esfregar o corpo todo por meia hora com po-
mada d'Helmerick 206. Repete-se a fricção no dia
seguinte, immediatamente depois o doente toma um
banho morno d'agua simples , muda de roupa e póde-
se julgar curado. Este remedio é o mais simples e o
mais expeditivo . Convem só não esquecer que os insec-
tos, que occasionão a sarna e os ovos d'elles , se achão
ordinariamente nos vestidos das pessoas sarnentas,
e podem -se tornar uma nova causa do contagio ; será
necessario por conseguinte, desinfectar esses vesti-
dos, quer lavando-os em agua quente, quer deixando-
os tres ou quatro dias expostos ao ar, quer, em-
fim , submettendo-os por meia hora á temperatura de
80° cent. , que mata necessariamente os ouções e os
seus ovos. - Os outros medicamentos contra a sarna
são : Pomada contra a sarna 232 , 271. Pomada sul-
furo-saponacea 274. Pomadas antipsoricas 206, 274 .
Pomada de Emery 232. Lavatorio antipsorico 488.
Unguento sulfureo 271. Lavatorio de Cazenave 325 .
Pomada antidartrosa 232. Lavatorio de Barlow 488 .
SPLENITE. 741
Pós de Pyhorel 486. Banhos antipsoricos 487. Banhos
sulfureos 488. Fricções com oleo camphorado 192 .
Satyriasis. V. Priapismo.
SCIATICA. Fricções com oleo essencial de tere-
benthina. Oleo essencial de terebenthina interior-
mente 498. Opiato terebenthinado 499. Loock tere-
benthinado 498. Fricções com linimento terebenthi-
nado e alcanforado 499. Pilulas de aconito de Biett
95. Sinapismos . Causticos no lugar doloroso . Curati-
vos destes causticos com hydrochlorato ou acetato de
morphina. Acupunctura . Sanguesugas . Tartaro eme-
tico 154. Purgantes 540. V. Nevralgias.
Scirrho. V. Cancro.
Sclerema. V. Edema dos recem - nascidos .
Scorbuto. V. Escorbuto.
Scrophulas. V. Escrophulas .
Sezões . V. Febre intermittente.
SIGNAL DE NASCENÇA. Quando estes signaes
ficão estacionarios , quando não augmentão de vo-
lume, não ha nada que fazer . Se augmentão rapida-
mente, é preciso recorrer a uma destas operações :
compressão, cauterisção , ligadura ou excisão .
Solitaria. V. Tenia .
Soltura de ventre . V. Diarrhea.
Soltura de ourina. V. Incontinencia de ourina.
SOLUÇO. Suspender a respiração pelo maior es-
paço de tempo possivel . Beber agua lentamente por
algum tempo . Engulir um pedaço de gelo ou um
pouco de vinagre. Provocar espirros . Banhos mornos
prolongados. Ether e outros antispasmodicos 523 .
Vomitorios 529. Vesicatorio no epigastrio . Nos solu-
ços prolongados e tenazes , e que voltão em certos
periodos, empregar a quina, o sulfato de quinina e a
electricidade.
SOMNAMBULISMO. Alimentos de facil digestão
e pouco excitantes. Banhos mornos . Exercicio mo-
derado. Viagens . Cozimentos levemente laxativos .
SPLENITE. Aguda . Bichas , cataplasmas de li-
nhaça. Nitrato de potassa 390. Pós contra-stimulantes
390. Calomelanos 372. Purgantes 539. Cozimento anti-
phlogistico de Stoll 394 .
Chronica. Sabão medicinal 449. Pilulas de sabão
742 MEMORIAL THERAPEUTICO.
compostas 449. Nitrato de potassa 390. Sulfato de
quinina interior e exteriormente 484. Fricções com
pomada de hydriodato de potassa 339. Purgantes
539. Bicarbonato de soda 208. Agua de Vichy 102 .
Sternalgia. V. Angina do peito .
Strabismo. V. Estrabismo .
Stranguria. V. Retenção de ourina.
Suffocação. V. Asthma , Dyspnea , Nevroses ,
Croup.
SUOR DOS PES . Não supprimi - lo , principal-
mente quando for antigo. Limitar- se aos cuidados
de asseio . Revulsivos cutaneos e intestinaes para
modera-lo . Para chamar o suor dos pés , quando o
seu desapparecimento tiver produzido accidentes.
cobrem-se os pés com sinapismos ou com pedaços de
laa polvilhados com mistura de cal viva e de sal am-
moniaco 142, ou com farelo quente .
SURDEZ . Combater as causas . Drasticos 540. Es-
ternutatorios. Causticos , sedenhos , fontes na nuca.
Sangria. Vapores de enxofre queimado , dirigidos ao
conducto auditivo . Instillação de ether sulfurico no
conducto auditivo externo . Fumigações com vapores
de infusões de valeriana, de alfazema, alecrim, e ou-
tras plantas aromaticas . Insufflação do ar . Injecções
com agua de creosota 255. Uso interno da infusão de
arnica , valeriana , quina , das preparações ferreas.
Galvanismo . Electricidade . Perforação da membrana
tympanica. Cauterisação da trompa d'Eustachio com
pedra infernal, por meio de uma sonda . Gargarejos
com alumen 131. Insufflação ás fauces de alumen
pulverisado. A surdez provem ás vezes da accumu-
lação da cera no conducto auditivo , é preciso ex-
trahi-la com um esgaravatador.
Sycose. V. Mentagra .
SYNCOPE . Deitar horizontalmente a pessoa sem
travesseiro de cabeça . Fazer-lhe asperções d'agua
fria sobre o rosto. Fazer-lhe inspirar algum cheiro ,
approximando-lhe ás ventas um lenço molhado em
vinagre, agua de Colonia, um frasco com ether, am-
moniaco, ou introduzindo-lhe rapé no nariz. Metter
na bocca um pouco de sal de cozinha. Se a syncope
se prolonga, é preciso tirar todos os vestidos , tudo
SYPHILIS . 743
o que possa impedir a circulação , expôr o rosto do
doente ao ar livre, aquentar as partes que esfriarem ,
friccionando -as com baeta quente, cercando-as com
garrafas cheias d'agua quente , e applicando sina-
pismos nos braços, pés e pernas . Logo que o doente
recobrar o uso dos sentidos, dê-se-lhe algumas co-
lhéres de vinho generoso ou uma chicara de caldo .
Syphilides. V. Syphilis.
SYPHILIS , Mal venereo ou gallico. Molestia
produzida por um virus particular, que sendo appli-
cado sobre uma parte do corpo , pòde-se reproduzir,
multiplicar-se, e exercer sua acção localmente , é
mais tarde sobre toda a economia . Chamão-se symp-
tomas primitivos todos os accidentes que sobrevem
sobre o ponto mesmo em que o virus foi depositado ;
e consecutivos ou constitucionaes, todos os que se
declarão em uma epoca mais ou menos afastada, sobre
differentes lugares do corpo, quando o virus tem
infectado toda a massa do sangue. Os symptomas
consecutivos se dividem ainda em duas series : uns,
mais precoces, chamão-se segundarios; outros, mais
tardios, terciarios .
Os symptomas primitivos consistem só em can-
cro simples, vulgo cavallo . Os segundarios são : bu-
bão ou mula , cancro endurecido, cancro plagede-
nico , diversas fórmas de molestias de pelle conheci-
das pelo nome de syphilides, taes como as pustulas,
impigens, crostas, tuberculos syphiliticos, rhagadias,
vegetações ; diversas ulcerações da bocca, pharynge,
larynge ; alopecia . Os terciarios são : engurgita-
mento syphilitico do testiculo, tumores gommosos ,
exostoses , necroses, caries , dôres musculares e os-
teocopas, amaurose, emmagrecimento syphilitico, etc.
A blennorrhagia ou o esquentamento , bem que
adquirida por um contacto impuro, não é considerada
como molestia syphilitica : é de natureza especial
diversa da do cancro , e exige um tratamento diffe-
rente daquelle que se applica aos symptomas syphi-
liticos propriamente ditos, e aqui mencionados.
O tratamento dos symptomas primitivos da syphilis
deve durar, termo medio, um mez e meio a dous me-
zes ; o dos symptomas segundarios tres, e dos tercia-
744 MEMORIAL THERAPEUTICO .
rios seis mezes . O tratamento do cancro está indicado
na pag. 628 ; aqui menciono o tratamento geral para
os outros symptomas da syphilis .
INTERIORMENTE . Mercurio metallico . Pilulas azues
370. Pilulas de Sedillot 369. Pilulas mercuriaes de
Biett 370. Pilulas mercuriaes calmantes 370. Pilulas
mercuriaes de Plenck 370. Pilulas de Belloste 374 .
Sublimado. Pilulas de Cullerier 377. Pilulas antisy-
philiticas de Dupuytren 377. Licôr de Van Swieten
377. Calomelanos . Pilulas de calomelanos de Ricord
374. Pilulas alterantes de Plumer 374. Proto-iodureto
de mercurio . Pilulas de proto-iodureto de mercurio
de Velpeau 338 , de Ricord 338, de Biett 338. Pilulas
de proto-iodureto de mercurio e de guaiaco de Biett
338. Deuto-iodureto de mercurio . Pilulas de deuto-
iodureto de mercurio de Magendie 339. Iodureto de
potassio 339. Chlorureto de ouro . Pilulas de chloru-
reto de ouro 414. Chlorureto de ouro e sodio 444.
Oxydo de ouro 413. Cyanureto de ouro 444. Salsa-
parrilha. Salsaparrilha iodurada de Magendie 340.
Tisana iodurada de Ricord 340. Xarope iodurado
340. Cozimento sudorifico 454. Cozimento de Feltz
455. Cozimento anti-syphilitico de Dupuytren 455.
Xarope de Cuisinier 456. Xarope sudorifico de Ri-
cord 456. Xarope depurante de Larrey 455. Guaiaco.
Cozimento de guaiaco composto 319. Raiz da China
224. Sassafrás 459 .
EXTERIORMENTE. Fricções com unguento mercu-
rial napolitano 369. Emplasto de Vigo 369. Curativo
das ulceras com ceroto simples 221 , agua de Labar-
raque, unguento mercurial napolitano 369, unguento
cinzento 369, ceroto mercurial 369, pomada mercu-
rial opiacea 369, unguento digestivo mercurial 369 ,
com pós de Joannes 371 , com mel mercurial de Swe-
diaur 372, com pomada de calomelanos 375 , com
vinho aromatico 275 .
Qualquer que seja o tratamento preferido, é pre-
ciso que o regimen seja brando , que o doente se pre-
serve do frio e humidade. Prescrever-se-ha de vez em
quando um purgante para impedir a salivação , e
suspender-se-ha o tratamento mercurial por algum
tempo, se esta se declarar. Veja-se Salivação.
TENIA. 745
De todos os remedios propostos para combater a
syphilis, o mercurio e seus compostos são os mais
efficazes. Sem duvida , alguns medicos tem abusado
do mercurio, administrando-o em dóse exagerada ;
mas quando é dado em dose necessaria constitue o
melhor meio para curar a syphilis. Depois do mer-
curio vem o iodureto de potassio . O mercurio e suas
diversas preparações convem sobretudo nos sympto-
mas primitivos e segundarios ( cancros, bubões, ve-
getações, affecções syphiliticas cutaneas) , entretanto
que o iodureto de potassio é efficaz nas exostoses ,
anginas syphiliticas, e symptomas terciarios . É preciso
modificar, alternar todas essas diversas composições,
acima indicadas , conforme os casos , idade, sexo e
força dos doentes . O cozimento de salsaparrilha só
não é sufficiente para curar a syphilis ; mas é um
bom adjuvante do mercurio.
Para o que se deve fazer em alguns casos especiaes,
v. Cancro venereo, Bubão, Blennorrhagia.
Alguns cancros venereos , syphilides , e outros
symptomas da syphilis , que tem sido rebeldes ao
mercurio, iodureto de potassio e a outros medica-
mentos, ficárão curados pela applicação de 4 a 6 pe-
quenos causticos sobre o peito . Os casos refractarios
a todos esses tratamentos se curão pelas caldas sul-
furosas tomadas á fonte em banhos e bebida , taes
como as caldas da Rainha em Portugal.
Preservativo da syphilis . Depois de um coito
suspeito lavar immediatamente a parte com agua e
sabão. Desenvolver todas as rugas do prepucio, re-
petir os lavatorios de maneira que nenhum ponto,
onde se possa esconder o pus contagioso , seja delles
isento. Quando as circumstancias não permittem o
emprego immediato deste meio, nem por isso se deve
deixar de reccorrer a elle algumas horas mais tarde,
pois se ignora o momento exacto em que principia
a germinação do mal.
TENIA ou Solitaria. Decoção de casca de raiz de
romeira 445. Cusso em pó 259. Oleo essencial de
terebenthina 497. Ether sulfurico 282. Feto macho
299. Oleo ethereo de feto macho 300. Remedio de
Nouffer contra a solitaria 301. Estanho pulverisado .
42
746 MEMORIAL THERAPEUTICO.
Electuario de estanho 278. Coco da Bahia 239 .
TERCOL. Cataplasma de miôlo de pão, de farinha
de linhaça . Facilitar a sahida do carnegão pela com-
pressão . Purgantes 540.
Tericia. V. Ictericia .
TETANO . Ether sulfurico . Poção contra o tétano
283. A chloroformisação 225 , foi empregada n'estes
ultimos annos com grande vantagem sobre 38 doen-
tes, tratados pelas inhalações do chloroformio, 22 fica-
rão bons . Os outros meios aconselhados contra o te-
tano são Banhos quentes prolongados por 40 , 45 e
20 horas. Banhos com decocção de folhas de trombe-
teira ( 2 onças para um banho ) , com decocção de
folhas de fumo ( a mesma quantidade ) . Opio (6 a
42 grãos em 24 horas) . Ammoniaco. Belladona 172 .
Clyster de belladona 175. Bicarbonato de potassa .
Poção de Stutz 207. Fricções na columna vertebral
com essencia de terebenthina 497. Fricções com
unguento mercurial até produzir a salivação 369 .
Almiscar ( 45 grãos até 2 oitavas por dia) . Tartaro
stibiado em alta dóse. Poção de Laennec 452. Assa-
fetida 163. Clyster d'assafetida 164. Castoreo 242 .
Valeriana 505. Fazer fricções sobre a columna vertebral
com linimento composto d'agua de lourocerejo, ether
sulfurico, extracto de belladona , e extracto de mei-
mendro ( este linimento acha-se indicado na pag. 353),
ou simplesmente com tintura de belladona na dóse
de 1 onça por dia . Poção calmante e antispasmodica
353. Preparações de camphora 193 , de aconito 95 ,
d'estramonio 280. Acetato de morphina pelo methodo
endermico 440. Sangrias, sanguesugas ou ventosas
sarjadas ao comprimento da columna vertebral . Ex-
trahir as esquirolas ou os corpos estranhos das feri-
das, terminar a secção do nervò , se o tétano depender
destas causas .
TICO DOLOROSO DA FACE. Preparações de
belladona, estramonio, opio. Pilulas de Meglin 366 .
Sulfato de quinina 480. Subcarbonato de ferro 295 .
Electuario anti-nevralgico de Jolly 296. Valerianato
de zinco . Electricidade . Applicar sobre o lugar dolo-
roso algodão molhado em chloroformio . V. Nevralgias.
TINHA. A tinha verdadeira , porrigo ou favus
TINHA. 747
é uma affecção dos cabellos produzida pela presença
de um vegetal parasito ou cogumelo , e caracterisada
por pequenos botões cheios de materia purulenta ,
que se desecca e forma crostas de còr amarella, mui
adherentes, circulares deprimidas no centro , levan-
tadas nas margens, e que produzem a queda do ca-
bello . Esta molestia é contagiosa, deve ser distin-
guida das tinhas falsas , que consistem em erupções
de outra fórma e que não são contagiosas. Existem
muitas especies de tinhas falsas consistem em
crostas de còr parda ou roxa , sem excavação no cen-
tro, ou em escamas furfuraceas ( eczema ) , ou em
vesiculas cheias de um liquido transparente, segui-
das, após sua ruptura, de escamas amarellas ( impe-
tigo, ozagre).
Para curar a tinha verdadeira é preciso 1º destruir
o vegetal parasito ; 2° modificar o estado da pelle
para que este vegetal não ache mais suas condições
de existencia ; 3° combater as erupções determinadas
pelo parasito ; 4º modificar, por um tratamento hy-
gienico e pharmaceutico apropriado, a constituição
dos doentes. Os parasitos das tinhas podem existir,
sobre o cabello, na superficie da pelle, entre as duas
camadas epidermicas e nos folliculos pilosos . Para
fazer desapparecer o cogumelo situado, quer na espes-
sura da epiderme, quer no exterior, bastão as pomadas
que matão o vegetal ; mas para o poder attingir na
raiz do cabello a epilação associada ás pomadas é
indispensavel . - O tratamento, pois , da tinha ver-
dadeira consiste em rapar o cabello, lavar a cabeça
com agua e sabão, applicar por um ou dous dias
cataplasmas de linhaça para despegar as crostas ;
depois untar, uma vez por dia , a cabeça com pomada
de Mahon 288 , e polvilha-la depois com pós de Mahon
288. Se este tratamento , continuado por dous mezes ,
não curar a molestia , será preciso arrancar os cabel-
los , um por um, com uma pinça , e lavar a cabeça
com o seguinte lavatorio parasiticido : sublimado
18 grãos, agua distillada 8 onças. As outras applica-
ções aconselhadas contra a tinha verdadeira são : Po-
mada sulfuro-saponacea 274. Pomadas anti-psoricas
206, 274. Pomada de fuligem 303. Lavatorios com
748 MEMORIAL THERAPEUTICO.
decocção de fuligem 303. Pomada anti-dartrosa 132,
208 , 232 , 379. Pomada contra a tinha 244 , 486 , 488 .
Lavatorio de Barlow 488. Lavatorios com agua de
Labarraque 232. Regimen tonico . Cozimentos de
bardana, labaça , dulcamara, fumaria . Purgantes 539 .
O tratamento das tinhas falsas consiste nos mesmos
meios salvo o arrancamento do cabello .
TISICA LARYNGEA. Silencio absoluto . Sangue-
sugas, cataplasmas emollientes. Fumigações emollien-
tes, balsamicas , fumigações de chloro 224. Fricções
sobre o pescoço com pomada stibiada 152. Causticos.
V. Tisica pulmonar.
Tisica mesenterica. V. Tuberculos mesentericos .
TISICA PULMONAR. Imminente. Habitação
em paizes seccos e quentes. Meias de lã. Regimen
composto principalmente de carnes assadas. Vinho .
Insolação . Exercicios de equitação , e outros exerci-
cios gymnasticos appropriados ás forças do doente .
Prohibir o canto, os instrumentos de sopro. Aconse-
lhar as viagens de mar. Causticos . Fontes .
Tisica confirmada. Banhos de pés com mostarda
ou com cinza. Bebidas gommosas e nitradas . Cozi-
mentos de flores peitoraes, de malvas e outros cozi-
mentos emollientes 530. Loocks , julepos mucilagino-
sos 136, 137, 84, 397, 407, 174, 344. Oleo de figado
de bacalháo 401. Laxantes de vez em quando 540 .
Calmantes, como o opio 405 , codeina 442, acetato de
morphina 440. hydrochlorato de morphina 444 , bel-
ladona 172, meimendro 366 , estramonio 280 , agua
de louro-cerejo 352 , thridacio 119 , xarope de lactu-
cario 119. Afim de suspender os escarros sangui-
neos, póde-se administrar o nitrato de potassa em
alta dose (4 cit . a 1 onça por dia ) com conserva de
rosas ou em algum cozimento . Extracto de ratanhia
440. Tannino 493. Sal marinho 233. Tartaro eme-
tico 152. Ipecacuanha 343. Scilla 462. Digital 261 .
Poção do Dr Bayle 264. Cozimento mucilaginoso de
musgo islandico 387. Geléa de musgo islandico 387.
Infusão de polygala senega 426. Infusão de inula
campana 330. Agua de alcatrão 445. Preparações
de balsamo peruviano 168 , de balsamo de tolu 169 .
Electuario balsamico de Barthez 169. Emulsão bal-
TREMOR. 749
samica 169. Preparações de cicuta 237. Tereben-
thina interior e exteriormente 496. Myrrha 389 .
Quina 434. Sulfato de quinina 480. Aconito 95. Pi-
lulas de aconito de Biett 95. Iodureto de ferro 334.
Aguas sulfureas 140. Inspirações de chloro 224 .
Cataplasmas de linhaça feitas em decocção de ci-
cuta , de dormideiras , de meimendro , applicadas
ao peito. Emplasto de pêz de Borgonha 424. Fricções
com toucinho no peito. Para moderar os suores é
aconselhado o tannino 493. Contra a diarrhéa :
clysteres de deccocção de linhaça , com laudano ,
diascordio , theriaga . Causticos. Fricções com po-
mada stibiada 152. Regimen analeptico. Leite de
jumenta, de vacca. Ostras. Racahout dos Arabes 185 .
Tombo. V. Quéda.
TORCEDURAS ou Torsões. Immersão immediata
em agua fria, por uma, duas e mais horas. Applica-
ções de pannos molhados em agua fria , continuadas
por um , dous ou mais dias. Applicações de pannos
molhados em agua vegeto-mineral 285. Se a inflamma-
ção se declarar , suspender estas applicações resol-
ventes e applicar cataplasmas de linhaça . No fim
fricções com aguardente alcanforada 192 .
TORCICOLLO. Fricções com aguardente alcan-
forada 192, com balsamo tranquillo 176, essencia de
terebenthina 497. Sinapismos sobre o lugar doloroso .
Tosse. V. Bronchite, Defluxo.
Tosse convulsiva, nervosa. V. Coqueluche.
TREMOR. Banhos mornos prolongados. Banhos
do mar. Opio 406. Valeriana 505. Electricidade .
Tremor mercurial. Tremor que se declara nos fa-
bricantes de espelhos, douradores e outras profis-
sões que estão submettidas á acção do mercurio mui
dividido. Nunca sobrevem depois da administração
do mercurio no interior como medicamento. - - Ba-
nhos quentes . Banhos sulfureos 488. Banhos de vapor.
Bebidas sudorificas e laxantes . Leite . Sub-carbonato
de ferro 295. Vesicatorios . Electricidade .
Tremor symptomatico da meningite, myelite ,
choréa. V. estas molestias.
Trichiasis. V. Entropion.
42.
750 MEMORIAL THERAPEUTICO .
Trismo. V. Tétano.
TUBERCULOS MESENTERICOS ou Tisica me-
senterica. Antes de tudo collocar o doente em bom
ar, numa habitação exposta ao sol . Alimentação apro-
priada á idade do doente. Leite de boa ama se se
trata de criança de peito ; carnes assadas , ovos ,
tapioca , vinho se o doente é mais idoso. Banhos
quentes aromaticos 274. Banhos do mar. Oleo de
figado de bacalháo interiormente e em fricções no
ventre 401 .
Tuberculos pulmonares . V. Tisica.
TUMOR BRANCO ARTICULAR. Vesicatorios .
Compressão . Repouso . Fricções com pomada de hy-
driodato de potassa 339, com linimento ammonia-
cal 138 , com tintura de quina . Interiormente medi-
camentos tonicos 542. Iodureto de ferro 334. Banhos
aromaticos 274. Banhos do mar. Habitação sadia.
Regimen fortificante. Amputação .
TUMOR INDOLENTE ou frio . Fricções com
pomada de hydriodato de potassa 339 , com lini-
mento volatil 138. Medicamentos tonicos interior-
mente 542.
TUMORES DO SEIO. — 1º Engurgitamento lei-
toso. Purgantes 540. Fricções com oleo campho-
rado 192.
2° Hypertrophia glandular . Fricções com po-
mada de hydriodato de potassa 339. Compressão me-
thodica do tumor.
3º Kystos do seio . Puncção, seguida da injecção
de tintura de iodo, de tintura de myrrha , de agua
de Labarraque ou de outro licôr irritante. Sedenho .
Extirpação .
40 Tumores fibrosos . Extirpação .
5º Tumores scirrhosos, cancrosos . Extirpação .
6° Inflammação do seio. Cataplasmas de linhaça .
Bebidas purgativas 540 .
70 Abcessos do seio . Cataplasmas delinhaça . Punc-
ção.
80 Engurgitamentos chronicos do seio . Fricções
com pomada de hydriodato de potassa 539. Iodu-
reto de ferro 334.
UNHA ENCRAVADA. 751
TYPHO. No principio da molestia recorrer aos
evacuantes , que serão conforme as indicações : eme-
tico , ipecacuanha , agua de Sedlitz , sulfato de ma-
gnesia , sulfato de soda , oleo de ricino , citrato de
magnesia. Raras vezes sangria ou bixas . Causticos
nas pernas . Preparações de camphora 490 , arnica 154 ,
almiscar 122, e outros meios indicados contra a pros-
tração na febre typhoide, pag. 680 .
ULCERA ou Chaga. Solução de continuidade das
partes molles, mais ou menos antiga, acompanhada
de um escorrimento de pus, e entretida por um vi-
cio local ou por uma causa interna . A differença que
ha entre a ferida e a ulcera é que a primeira, produ-
zida sempre por uma causa externa , tende a sa-
rar ; a ulcera é, pelo contrario, uma affecção chro-
nica, produzida por uma causa interna que impede a
sua cicatrisação. — Combater as causas pelo tratamento
interno , conforme as ulceras dependerem da syphi-
lis, escrophulas, escorbuto, cancro, dartros, sarna,
varices (vejão-se estas palavras ) . Conservar muito
asseio . Preservar as ulceras do contacto de ar. Exci-
sar as margens despegadas . Comprimir circularmente
com tiras agglutinativas. Curativos com cataplasma
de linhaça, com dissolução de chlorureto de cal , com
agua de Labarraque. Applicação de chapas de chumbo .
Ceroto simples 221 , ceroto de espermacete 276. Ce-
roto de Saturno 286. Unguento de Arceus 496 , basi-
licão 245 , unguento branco de Rhazes 205 , unguento
digestivo 496 , unguento digestivo animado 496 , un-
guento de estoraque 278, unguento de Genoveva 496,
unguento da mãi 351 , unguento de tuthia 416. Gly-
cerina 309. Pós antisepticos 194, 438. Lavatorios com
decocção de rosas em vinho tinto . Alumen calcinado
132. Solução de nitrato de prata 394. Cauterisação com
pedra infernal . Curativos com agua de creosota 255 .
Pomada de iodureto de chumbo 334. Cauterisação
com acido sulfurico e açafrão 92 , com massa caustica
de Canquoin 234.
Ulcera do utero . Cauterisação com lapis caustico
de Sommet 235 .
UNHA ENCRAVADA. Repouso . Entre a unha e
as carnes, introduzir uma lamina metallica, os fios , a
752 MEMORIAL THERAPEUTICO .
esponja preparada . Cauterisar as carnosidades com
alumen calcinado , com pedra infernal . Destruir as
carnes situadas em cima da margem encravada , com
o bisturi ou pós causticos de Vienna. Raspar a parte
mediana da unha com um pedaço de vidro quebrado,
para torna-la bem fina ; com o andar racha- se a
unha pelo meio e imbricão-se as duas partes , o que
permitte á margem encravada de sahir das carnes.
Finalmente , se estes meios não forem sufficientes,
extirpar a unha com a raiz.
Unha do olho. V. Pterygio.
Unheiro . V. Panaricio.
URETHRITE. Sanguesugas . Banhos mornos. Ca-
taplasmas e cozimento de linhaça . V. Blennorrhagia.
URTICARIA. Bebidas temperantes 542 , applica-
ções de pannos molhados em agua e vinagre, banhos
mornos. Regimen vegetal. Purgantes 539.
Vagado. V. Syncope .
VAGINITE . Sanguesugas. Banhos e injecções emol-
lientes. Regimen brando . Abstinencia de especiarias
e de bebidas alcoolicas . Cozimento de linhaça . V. Leu-
corrhea.
Varicella. V. Cataporas.
VARICES . Varias operações são propostas para cu-
rar esta molestia ; taes são as secções transversaes, a
resecção, a ligadura das veias, e a excisão dos tu-
mores varicosos . Mas todos estes meios expoem a uma
inflammação das veias , e por isso é melhor limitar-se
aos meios palliativos, que são compressão com ata-
dura ou com meias elasticas e banhos frios .
VARICOCELE . O tratamento palliativo consiste em
banhos d'agua fria, lavatorios com liquidos adstrin-
gentes, taes como à solução de alumen , a decocção de
rosas vermelhas, de casca de romãa, etc .; no uso de
um suspensorio ; na abstinencia dos banhos quentes ,
da equitação, de exercicios forçados . O tratamento
curativo tem por fim a obliteração das veias do cordão
espermatico por meio da compressão ou da ligadura
dellas.
Variola . V. Bexigas.
VEGETAÇÕES . V. Excrescencias.
Ventosidades . V. Flatuosidades.
ZUNIDO DO OUVIDO. 753
Ventre preso. V. Prisão do ventre.
VERMES INTESTINAES . Musgo de Corsega 385 .
Feto macho 300. Semente contra vermes 464. Santo-
nina 465. Atanasia 164. Angelim 144. Herva de Santa
Maria 323. Alho fervido em leite . Cebola. Valeriana
505. Absinthio 76. Casca de raiz de romeira 445. Oleo
essencial de terebenthina 497. Ether sulfurico 282 .
Assafetida 162. Agua salgada . Oleo de ricino 403. Ja-
lapa 346. Carvão em pó 240. Côco da Bahia. Pasti-
lhas vegetaes contra as lombrigas 468. Xarope vermi-
fugo de Boulay 386. Pós vermifugos 301 , 373, 465 .
Biscoutos vermifugos 465. Linimento anthelmintico
de Dubois 122. Contra as ascaridas vermiculares, que
occupão ordinariamente o recto, empregão-se com
vantajem clysteres d'agua fria simples , com sal ou
com vinagre.
VERRUGAS . Excisão . Cauterisação com pedra
infernal, acido nitrico ou sulfurico concentrados . Li-
gadura.
VERTIGEM . Quando a vertigem provém de des-
maio, é preciso deitar o doente, applicar-lhe sinapis-
mos nas pernas, dar a cheirar vinagre, e dar a beber
uma chicara de chá de folhas de laranjeira. Quando
as vertigens reconhecem por causa uma abundancia
de sangue, são indicadas as bichas no anus, ou a san-
gria, as bebidas refrigerantes, como a limonada de
limão, tamarindos, etc., o regimen composto prin-
cipalmente de vegetaes , e um purgante de vez em
quando 540.
Vesgo. V. Estrabismo .
Via de fóra. V. Prolapso do anus.
Volvulo . V. Ileo .
VOMITOS NERVOSOS. Opio 405. Belladona 173 .
Calumba em pó, 15 grãos , duas horas antes do jan-
tar. Agua da Seltz 101. Extracto de valeriana em
pilulas 505. Gêlo interiormente. Sóda Powder 86. Po-
ção effervescente de Chaussier 85. Poção anti-emetica
de Rivière 85. Banhos mornos .
Vomito preto. V. Febre amarella.
Vomitos de sangue. V. Hematemese .
Zona. V. Cobreiro.
ZUNIDO DO OUVIDO. Se fôr effeito de conges-
754 MEMORIAL THERAPEUTICO .
tão sanguinea na cabeça , empregar-se-hão banhos de
pés sinapisados, sanguesugas atrás das orelhas, e pur-
gantes 340. Se depender da accumulação de materia
ceruminosa , ou da presença de qualquer corpo no
conducto auditivo, será preciso destruir estas causas.
Contra os zunidos cuja causa se ignora , os meios que
se podem empregar são : caustico na nuca, a fumaça
do tabaco dirigida ao ouvido, um pedaço de alcanfor
envolvido em algodão introduzido no conducto audi-
tivo, e a instillação de ether sulfurico no mesmo con-
ducto.
INDICE

FRANCEZ E PORTUGUEZ

DAS SUBSTANCIAS MEDICINAES.

Absinthe, absinthio, losna.


Acétate d'ammoniaque, acetato de ammoniaco.
de mercure, de mercurio.
de morphine, de morphina.
de plomb, de chumbo.
de potasse, de potassa.
de soude , de soda.
Ache, aipo.
Acide acétique, acido acetico .
arsénieux , arsenioso.
azotique, azotico .
benzoïque, benzoico.
carbonique, carbonico.
chlorhydrique, chlorhydrico.
citrique , citrico.
cyanhydrique, cyanhydrico.
hydrochlorique, hydrochlorico.
hydrocyanique, hydrocyanico .
hydrosulfurique, hydrosulfurico .
muriatique, muriatico.
nitrique, nitrico.
oxalique, oxalico.
prussique, prussico.
sulfurique, sulfurico.
tartrique,! tartrico.
valerianique , valerianico.
Aconit, aconito.
Aconitine, aconitina.
Aigremoine, agrimonia.
Ail , alho .
Albumine, albumina.
Alcali volatil , alcali volatil.
Alcool , alcool.
Aloès, aloes, azebre.
Alun , alumen , pedrahume.
756 INDICE FRANCEZ E PORTUGUEZ
Amande amère , amendoa amarga.
Amande douce, amendoa doce.
Ambre gris, ambar gris .
Ambre jaune , ambar amarello, succino.
Ambroisie, herva de santa Maria.
Amidon , amido, polvilho, gomma.
Ammoniaque, ammoniaco, ammoniaca, ammonia.
Aneth , endro.
Angelique, angelica .
Anis, aniz, herva doce.
Anis étoilé, aniz estrellado .
Antimoine , antimonio .
Apiol , apiol.
Argent , prata.
Armoise, artemisia, artemija.
• Arnica, arnica.
Arrow-root , araruta.
Arseniate d'ammoniaque, arseniato de ammoniaco.
de fer , de ferro.
de soude, de soda.
Arsenic, arsenico .
Arsenite de potasse, arsenito de potassa.
Artichaut , alcachofra.
Asa-foetida , assafetida.
Asperge, espargo.
Atropine , atropina .
Aunée, inula ou enula campana.
Avoine, aveia.
Axonge, banha, unto.
Badiane, aniz estrellado.
Bardane, bardana.
Basilic grand, alfavaca.
Basilic petit, mangericão .
Baume, balsamo.
Baume du commandeur, balsamo do commendador.
de copahu , de copahiba.
de la Mecque , da Meca.
nerval, nerval.
opodeldoch, opodeldoch.
du Pérou , Peruviano.
de Tolu , de Tolu.
tranquille, tranquillo.
DAS SUBSTANCIAS MEDICINAES . 757
Belladone, belladona .
Benjoin, benjoim .
Bergamote, bergamota.
Beurre d'antimoine, manteiga de antimonio.
de cacao, - de cacáo.
Bicarbonate de potasse, bicarbonato de potassa.
de soude , de soda.
Bigarade, laranja azeda.
Bismuth, bismutho .
Bistorte, bistorta.
Blanc de baleine , espermacete .
Blanc d'œufs, clara de ovos .
Bleu de Prusse, azul de Prussia.
Bois de campêche, páu de campeche .
Bol d'Arménie, bolo armenio.
Borate de soude, borato de soda.
Borax , borax.
Bougie, bugia, candelinha ou velinha .
Bouillon blanc , verbasco .
Bouillon aux herbes, caldo de hervas.
Bourrache, borragem.
Brome, bromo.
Bromure de fer, bromureto de ferro .
de mercure, de mercurio.
de potassium , de potassio.
'Brucine, brucina.
Cacao, cacáo.
Cachou , cato, terra japonica.
Café, café.
Cainca , cainca .
Calomel , calomelanos .
Camomille romaine, camomilla romana.
vulgaire, macella gallega .
Campêche, campeche.
Camphre, camphora , alcanfor.
Cannelle, canella .
Cantharide, cantharida .
Caoutchouc , borracha , gomma-elastica.
Capillaire, avenca , capillaria.
Capre, alcaparra.
Capsules de copahu , capsulas de copahiba.
Carbonate d'ammoniaque, carbonato de ammoniaco.
43
758 INDICE FRANCEZ E PORTUGUEZ
Carbonate de fer, carbonato de ferro.
de magnésie, de magnesia.
de plomb, de chumbo.
de potasse, de potassa.
de soude , de soda.
Cardamome, cardamomo.
Carotte, cenoura.
Carvi , alcaravia.
Cascarille , cascarilha.
Casse, canafistula.
Castoreum , castoreo .
Cédrat, cidra.
Centaurée petite, centaurea-menor, fel da terra.
Cerfeuil, cerefolio ou cerofolio.
Céruse, alvaiade.
Charbon , carvão.
Chaux , cal.
Chicorée, chicoria, almeirão.
Chiendent , grama.
Chlorate de potasse, chlorato de potassa.
Chlore, chloro.
Chlorhydrates . V. Hydrochlorates .
Chloroforme, chloroformio.
Chlorure de baryum , chlorureto de bario.
de chaux , de cal.
de fer, de ferro.
de mercure, de mercuris.
de sodium , de sodio.
de soude , de soda.
de zinc , de zinco.
Chocolat , chocolate .
Chou , couve.
Cigue, cicuta .
Cinabre, cinabrio .
Cinchonine, cinchonina.
Cire, cera.
Citrate de fer, citrato de ferro.
de magnésie, - de magnesia.
Citron , limão .
Citrouille, abobora.
Clou de girofle, cravo da India.
Cochenille, cochonilha.
DAS SUBSTANCIAS MEDICINAES. 759
Cochlearia, cochlearia.
Codéine, codeina.
Coing, marmelo .
Colchique, colchico.
Colle de poisson , colla de peixe.
Collodion , collodio .
Colombo, calumba.
Colophane, colophonia ou colofana.
Coloquinte, coloquintida.
Concombre, pepino .
Consoude, consolda.
Contrayerva , contraherva, caapia, carapia.
Copahu , copahiba.
Coque du Levant , coca do Levante .
Coquelicot , papoula.
Corail , coral.
Coriandre, coentro .
Corne de cerf, ponta de veado.
Coton , algodão.
Cousso, cusso, kusso.
Crême de tartre, cremor de tartaro.
Créosote, creosota .
Cresson, agrião.
Cubèbe, cubebas.
Curcuma , curcuma.
Cumin , cominho.
Cyanure de mercure , cyanureto de mercurio .
d'or, de ouro.
-- de potassium , de potassio.
de zinc , de zinco.
Cynoglosse, cynoglossa.
Cynorrhodon , cynosbatos.
Datte, tamara.
Deuto-chlorure de mercure , deuto - chlorureto de
mercurio.
Deuto-iodure de mercure , deuto- iodureto de mer-
curio.
Dextrine, dextrina .
Diachylon , diachylão .
Diascordium , diascordio.
Digitale , digital, digitalis, dedaleira .
Digitaline, digitalina.
760 INDICE FRANCEZ E PORTUGUEZ
Douce-amère, dulcamara , doce-amarga.
Eau-de-vie, aguardente.
Élemi , elemi.
Ellebore blanc, helleboro branco .
noir. - negro.
Emétique, emetico.
Encens, incenso .
Éponge calcinée, esponja calcinada.
Épurge, catapucia-menor, tartago.
Ergot de seigle , cravagem de centeio, centeio es-
pigado.
Ergotine, ergotina.
Esprit de vin , espirito de vinho .
Essences , essencias .
Étain , estanho.
Éther nitrique , ether nitrico.
-sulfurique, -- sulfurico .
Extraits, extractos .
Fenouil , funcho.
Fer, ferro.
réduit, reduzido.
Figue, figo.
Foie de soufre, figudo de enxofre.
Fougère mâle, feto macho.
Fraise, morango.
Framboise, framboeza.
Fumeterre, fumaria.
Gaiac , guaiaco.
Galanga , galanga.
Galbanum , galbano.
Galle , galha.
Garance, ruiva dos tintureiros.
Garou , trovisco, laureola femea.
Genièvre, zimbro, junipero.
Gentiane , genciana.
Gingembre, gengibre.
Girofle, cravo da India.
Glace, gelo.
Glycerine, glycerina .
Gomme adragante, gomma alcatira ou tragacantha.
ammoniaque, ammoniaca.
-- arabique, arabica.
DAS SUBSTANCIAS MEDICINAES. 764
Gomme élastique, gomma elastica , borracha.
-gutte, -gutta.
Goudron , alcatrão.
Graisse de porc , banha , unto .
Grenade, grenadier ; româa, romeira.
Groseille, groselha.
Gruau, aveia preparada.
Guimauve, althea.
Houblon , luparo, lupulo .
Huile d'épurge, oleo de euphorbia latyris, de tar-
tago ou calapucia menor.
Huile de foie de morue, oleo de figado de bacalhão .
d'olive, de azeite doce.
de ricin , de ricino.
Hydrate de peroxyde de fer, hydrato de peroxydo
de ferro.
Hydrochlorate d'ammoniaque, hydrochlorato de am-
moniaco.
de baryte, -― de baryta.
de fer, de ferro.
de morphine, de morphina.
d'or, de ouro.
d'or et soude, de ouro e soda.
de soude , de soda.
Hydrocyanate de potasse, hydrocyanato de potassa .
Hypericum , hypericão.
Hyposulfite de soude, hyposulfito de soda. ,
Hysope, hysopo.
Ichtyocolle, colla de peixe .
Indigo , anil.
Iode, iodo.
Iodure de fer, iodureto de ferro.
de mercure, de mercurio.
de plomb, de chumbo.
de potassium , de potassio.
de soufre, de enxofre.
Ipecacuanha , ipecacuanha , poaya.
Iris de Florence , lirio florentino.
Jalap, jalapa.
Jaune d'oeuf, gemma de ovo .
Jujube, acofeifa.
Jusquiame, meimendro .
762 INDICE FRANCEZ E PORTUGUEZ
Kermès minéral , kermes mineral.
Kino , kino .
Kousso , cusso.
Lactate de fer, lactato de ferro.
Lactucarium , lactucario.
Laitue, alface .
Laudanum de Sydenham , laudano de Sydenham.
Laurier, louro.
Laurier-cerise , lourocerejo.
Lavande, alfazema.
Lichen d'Islande, musgo islandico .
Lierre terrestre , hera terrestre .
Limaçon , caracol.
Limaille de fer, limalha de ferro.
Limon , limão doce.
Lin , linho.
Lis , açucena .
Litharge, lithargyrio.
Lycopode , lycopodio.
Macis, macis, arilho de noz moscada .
Magnesie, magnesia.
Manne, manná.
Mannite, mannita.
Marjolaine , mangerona.
Marrube, marroio.
Mastic, mastiche, almecega.
Mauve, malva, malvaisco.
Mélisse, herva cidreira, melissa .
Mélilot, meliloto.
Melon , melão.
Menthe, hortelã.
crepue, crespa.
-- poivrée, pimenta.
Menyanthe , trevo aquatico.
Mercure, mercurio, azougue.
Mie de pain , miolo de pão .
Miel , mel de abelha.
Minium , minio.
Morphine, morphina.
Mousse de Corse , musgo de Corsega.
Moutarde, mostarda.
Mure, amora.
DAS SUBSTANCIAS MEDICINAES . 763
Musc, moscho, almiscar.
Muscade, moscada.
Myrrhe, myrrha.
Myrthe, murta.
Navet, nabo.
Néroli , neroli, oleo essencial de flor de laranja.
Nerprun , espinheiro cambra ou alvar.
Nitrate d'argent , nitrato de prata.
de mercure, de mercurio .
de potasse, - de potassa.
Nitre, nitro, salitre.
Noix de galle, noz de galha.
muscade , moscada.
- vomique, vomica.
Noyer, nogueira.
Odontine, odontina.
OEillet , cravo.
Oignon , cebola.
Oliban, olibano.
Olivier, oliveira.
Opium , opio.
Opobalsamum , opobalsamo,
Opoponax , opoponaco.
Or, ouro.
Orange, laranja.
Oranger, laranjeira.
Orcanette, orcaneta, buglossa.
Orge, cevada.
perlé , cevadinha.
Origan, ourigão .
Oseille, azeda.
Oxalate de potasse, oxalato de potassa.
Oxyde d'antimoine, oxydo de antimonio.
d'argent , de prata.
de fer, de ferro.
d'or, de ouro.
de plomb, de chumbo.
de zinc , de zinco.
Parreira brava , abutua ou parreira brava .
Pariétaire, parietaria.
Patience, labaca .
Pavot , dormideira .
764 INDICE FRANCEZ E PORTUGUEZ
Pêcher, pecegueiro.
Pepsine, pepsina.
Perchlorure de fer, perchlorureto de ferro .
Persil , salsa , salsa hortense .
Petit houx , gilbarbeira.
Petit lait , soro de leite.
Peuplier, choupo.
Phosphate de fer, phosphato de ferro.
de soude, de soda.
Phosphore, phosphoro .
Pierre divine, pedra divina .
Pierre infernale, pedra infernal.
Piment, pimentão.
Pissenlit , taraxaco, dente de leão .
Pistache, alfostigo, fistico, pistache.
Pivoine, peonia .
Plantain , tanchagem.
Platine, platina.
Plomb, chumbo.
Poivre, pimenta do reino ou da India.
Poix de Bourgogne, pez de Borgonha .
Polygala, polygala.
Polypode, polypodio .
Pomme, maçãа.
Pomme de terre, batata .
Potasse, potassa.
Proto - chlorure de mercure, proto - chlorureto de
mercurio.
Proto-iodure de fer, proto-iodureto de ferro.
de mercure, de mercurio .
Protoxyde de plomb, protoxydo de chumbo .
Pruneaux , ameixas seccas.
Pyrethre, pyrethro.
Quassia , quassia.
Quinine, quinina.
Quinquina , quina.
Raifort , rabão rustico .
Raisin , uva.
Raisins secs, passas .
Ratanhia , ratanhia.
Réglisse, alcacus .
Résine élemi , resina elemi.
DAS SUBSTANCIAS MEDICINAES . 765
Rhubarbe, rhubarbo .
Ricin , ricino, carrapato, mamono.
Riz, arroz.
Romarin , alecrim .
Ronce, silva ordinaria.
Rose pâle, rosa branca.
Rose rouge, rosa rubra ou encarnada.
Rue, arruda ou ruda.
Sabine, sabina.
Safran , açafrão.
Sagou , sagu.
Salep, salepo.
Salsepareille, salsaparrilha .
Sang-dragon, sangue-drago, sangue de drago.
Santonine, santonina.
Saponaire, saponaria.
Sassafras, sassafras.
Sauge, salva.
Savon medicinal ou amygdalin , sabão medicinal ou
amygdalino.
Scabieuse, escabiosa.
Scammonée , escamonea.
Scille, scilla.
Seigle ergoté, centeio espigado.
Sel ammoniac , sal ammoniaco.
Semen-contra , semente contra vermes ou semente
de Alexandria.
Séné, senne.
Serpentaire de Virginie, serpentaria de Virginia.
Serpolet , serpão.
Simarouba , simaruba .
Sinapisme, sinapismo.
Soude, soda.
Soufre, enxofre.
Sous-nitrate de bismuth , sub- nitrato de bismutho.
Sparadrap, sparadrapo.
Squine, squina , china.
Staphysaigre, paparaz , herva piolheira.
Stéchas, rosmaninho.
Stramoine , estramonio .
Strychnine, strychnina.
Styrax , estoraque.
43.
766 INDICE FRANCEZ E PORTUGUEZ
Sublimé corrosif, sublimado corrosivo .
Succin , succino, alambre, ambar amarello.
Sucre, assucar.
Sucre candi , assucar candi.
Sucre de lait , assucar de leite.
Suie, fuligem, ferrugem da chamine.
Sulfate d'alumine, sulfato de alumina.
- et potasse, - e potassa.
de cuivre, de cobre.
de magnésie, de magnesia.
" de potasse, de potassa.
de quinine, de quinina.
de soude , de soda.
de zinc , de zinco.
Sulfure d'antimoine, sulfureto de antimonio.
de chaux , de cal.
de mercure, de mercurio .
de sodium, de sodio.
Sureau , sabugueiro.
Tabac , tabaco, fumo.
Tamarin , tamarindos.
Tanaisie, tanaceto, atanasia, tanasia .
Tannin , tannino.
Tapioca , tapioca.
Tartrate d'antimoine et de potasse, tartrato de anti-
monio e potassa.
Tartrate de magnésie, tartrato de magnesia.
Tartre émétique, tartaro emetico .
stibié, - stibiado.
Térébenthine, terebenthina .
Terre foliée, terra foliada .
Thé , chá da India.
Thériaque, theriaga , triaga.
Thridace, thridacio.
Thym , tomilho.
Tilleul , tilia.
Tormentille, tormentilla.
Tortue, tartaruga.
Trèfle d'eau , trevo aquatico ou trifolio.
Turbith , turbitho ou turbith.
Tussilage, tussilagem .
Tuthie, tutia.
DAS SUBSTANCIAS MEDICINAES . 767
Uva ursi , uva ursina .
Valerianate de quinine, valerianato de quinina.
de zinc , de zinco.
Valeriane , valeriana.
Vanille, baunilha.
Vératrine, veratrina.
Véronique, veronica .
Verveine , verbena.
Vésicatoire, caustico , vesicatorio .
Violette, viola , violeta.
INDICE DAS FIGURAS
INTERCALADAS NO TEXTO.

Fig. Pag. Fig. Pag.


Abelha ... 86 367 Canafistula . 37497
Absinthio.. 6 76 Canelleira….. 38199
Açafrão 7 78 Cantharida .. 39 200
Aconito 8 94 Castor.... 40 212
Açofeifa . 996 Cato ( arvore que
Agrião do Pará .. 40 98 dá) .. 41/214
Alcaçus . 41 444 Centeio espigado . 42 217
Alecrim 42447 43 218
Alfazema 43120 Chá .... 44 222
Algodoeiro. 44 424 Chicoria . 45 223
Almiscar (veado Cicuta... 46 236
que dá).... 45 422 Cochlearia 47 238
Aloes socotorino . 46 424 Colchico .. 48 244
Althea.... 47 428 Coloquintida . 49 245
Amendoeira.. 48 136 Consolda maior .. 50 247
Angelica 19 443 Contraherva... 51 248
Angelim.. 20 4 44 Copahiveira . 52 249
Aniz .... 24 145 Craveiro .... 53 253
Aniz estrellado .. 22 147 Croton tiglium .. 91 399
Areometro ... 4 69 Cubebeira... 54/256
Arnica . 23455 Cusso . 55 258
Arruda... 24 456 Digital .. 56 262
Assafetida . 25 163 Dormideira 57 266
Avenca do Canada 26 165 Dulcamara. 58 267
Bacalhão....... 92 404 Escamonea ( plan-
Balsamo do Peru ta que dá) . 59 272
(arvore que dá) . 28468 Estramonio 60 279
Bardana ... 29 170 Feto macho . 64 300
Baunilha.. 30 471 Fumaria …. 62 304
Belladona .. 34 172 Galha .. 63 305
Borragem.. 32 480 Genciana . 64 306
Cacáo .. 33 183 Gengibre .... 65 308
Cafezeiro .. 34 485 Gomma alcatira
Camomilla roma- (arbusto que dá ) 66 312
na ..... 35 189 Gomma arabica
Camphora (arbus- (arbusto que dá) 67314
to que dá) .... 36191 Gomma-guita (ar-
INDICE DAS FIGURAS. 769
Fig. Pag. Fig. Pag.
vore que dá) .. 68 345 Pimenta da India . 97 423
Guaiaco ... 69 348 Polygala de Vir-
Hera terrestre .. 70 320 ginia.. 98 426
Herva cidreira... 74 324 Quassia 99 434
Herva doce..... 24 145 Quina .. 100 433
Herva de Santa Ratanhia 101 444
Maria .... 72 323 Rhuibarbo .. 102 442
Hortelã pimenta . 73 325 Ricino`. 93 402
Hysopo....... 74 330 Romeira . 403 445
Inula campana .. 75 334 Sabina 104 450
Ipecacuanha 76 342 Salsaparrilha . 405 453
Jalapa .. 77 345 Salva ... 106 457
78 346 Saponaria.. 107 459
Labaça 79 348 Sassafraz . 108 460
Linho .... 80 350 Scilla ..... 109 464
Louro-camphora . 36 491 Semente contra .. 110 464
Lourocerejo .. 84 352 Senne .. 444 468
Luparo... 82 354 - 412 469
Macella gallega .. 83 355 Serpentaria de
Malva silvestre .. 84 360 Virginia. 143473
Mamona.. 93 402 Simaruba .. 114474
Meimendro negro 85 365 Tabaco ... 115 489
Moscada .. 87 383 Tamarindos . 416 491
Moscho (Gama- ) . 15122 Taraxaco .. 117494
Musgo de Corsega 88 385 Thermometro 5 71
Musgo islandico . 89 386 Urucu .... 148 504
Noz vomica ... 90 395 Valeriana . 119 505
Oliveira . 27 167 Verbasco 120 514
Parietaria.. 96 448 Zimbro... 424515
INDICE DOS AUTORES
CUJAS FORMULAS SE ACHÃO

NO FORMULARIO.

A
ALIBERT. Ceroto anti-herpetico 379.
ANCELOT . Elixir odontalgico 430 .
ANDERSON. Pilulas 126.
ANDRAL. Pilulas contra as palpitações 263 .
- Pilulas ferruginosas 289.
ANDRY. Poção purgante 273 .
ARCEUS . Balsamo ou unguento 496 .
ARNAL . Pilulas de ergotina 220 .
AUBERGIER . Pasta de lactucario 120 .
Xarope de lactucario 449.
AUTENRIETH . Pomada 152.
B
BAILLY. Pastilhas ferruginosas 289.
BALARDINI. Vinho 220 .
BARCLAY. Pilulas antibiliosas 246 .
BARLOW. Lavatorio 488 .
BARON. Julepo calmante 174.
BARTHEZ . Electuario balsamico 169.
BAUDELOQUE . Collyrio antiscrophuloso 303 .
BAYLE. Poção 264.
BEAUME. Unguento mercurial 369 .
BECKER. Fomentação resolvente 464.
BEER. Collyrio secco 132.
BELL. Injecção adstringente 131 .
BELLENTANI. Poção contra a febre typhoide 224 .
RELLOSTE . Pilulas mercuriaes 374 .
BENNATI . Gargarejo adstringente 434 .
BERAL. Xarope de agrião do Pará 98 .
- Xarope de citrato de ferro 294 .
BESTUCHEFF . Tintura 292 .
BIETT. Cozimento alcalino 207.
--- Lavatorio antipsorico 488 .
- Licor arsenical 159.
INDICE DOS AUTORES . 774
BIETT . Mistura para lavatorios 486 .
Pilulas de aconito 95 .
Ide arseniato de ferro 159.
- de arseniato de soda 160.
mercuriaes 370.
de proto-iodureto de mercurio 338.
- de proto-iodureto de mercurio e guaiaco 338.
Pomada alcalina 208 .
antidartrosa 208.
de iodureto de enxofre 334.
de deuto-iodureto de mercurio 339.
de proto-iodureto de mercurio 338.
de proto-nitrato de mercurio 380.
de sulfureto de mercurio 379.
contra a tinha 241 .
Pós antidartrosos 270.
Solução de nitrato de prata 394 .
BLAUD . Decocção de fuligem 303.
Pilulas 297.
BLANCARD. Pilulas de iodureto de ferro 334.
BOERHAVE. Espirito odontalgico 408 .
BOMTEMPO . Tisana purgativa 484.
BONJEAN. Ergotina 248.
Poção de ergotina 220.
- Xarope de ergotina 220 .
BONTIUS . Pilulas 126 .
BORIES . Pomada contra a tinha 486 .
BOTOT. Agua 446.
BOUCHARDAT. Bebida alcalina 206 .
Pastilhas de iodureto de ferro 337.
--- Pilulas diureticas 272.
Pilulas de iodureto de ferro 336 .
Pós adstringentes opiaceos 130 .
Tisana diuretica 391 .
--- Xarope de iodureto de ferro 334 .
BOUDIN. Pilulas antidysentericas 374 .
- Pós arsenicaes febrifugos 458 .
Pomada febrifuga 483.
Solução arsenical 158.
BOULAY. Xarope vermifugo 386 .
BOYER. Linimento anodyno 409 .
BRANDRETH . Pilulas 127.
772 INDICE DOS AUTORES .
BRERA. Bolos antispasmodicos 163.
Cozimento diuretico 82.
Julepo moschado ou almiscarado 123 .
BROUSSAIS . Pilulas anticephalalgicas 406 .
BRUN. Collvrio 127.
BUCHAN. Pilulas anti-ictericas 126 .
― Linimento contra as hemorrhoidas 177.
BUGEAUD . Vinho toni-nutritivo 437.
BUYS. Pós contra a ophthalmia purulenta 84 .
c
CADET. Linimento contra as frieiras 87.
Pilulas anti-ictericas 374.
- de copahiba 250 .
- Poção adstringente 92.
CALLOUD. Pastilhas de santonina 468.
CAMPANA. Pilulas antispasmodicas 463 .
CANQUOIN. Massa caustica 234.
CAP. Pilulas de lactato de ferro 294.
Xarope de lactato de ferro 294.
CAPURON. Pilulas adstringentes 134 .
CAZENAVE . Lavatorio contra a sarna 325.
Pomada de calomelanos composta 375.
Pomada epilatoria 208 .
CHAUSSIER . Cozimento de guaiaco composto 349 .
Poção effervescente 85 .
CHABRELY. Pilulas balsamicas 169.
CHEVALIER. Poção anti-acida 138 .
Solução desinfectante 232.
CHOMEL. Cozimento chloruretado 233 .
Pilulas antichloroticas 288 .
CHOPART. Poção 254 .
CHRESTIEN . Pós de chlorureto de ouro e sodio 414.
Pomada purgante 247.
CIRILLO . Pomada 377.
CLERTAN . Perolas de ether 283 .
CLOT-BEY. Collyrio contra as ophthalmias 485 .
COLLIN. Poção stibio-opiacea 453 .
COLOMBAT. Pós para a agua ferrea 107 .
Pós ferruginosos 297.
CONRADI . Collvrio 378.
CORVISART. Vinho diuretico 214 .
INDICE DOS AUTORES. 773
COSME . Pós 158 .
COTTEREAU. Linimento sedativo 264 .
Pilulas antihemoptoicas 493.
de iodureto de chumbo 333 .
Pomada de iodureto de chumbo 334.
CRUVEILHIER. Pomada phosphorica alcanforada 422 .
CUISINIER . Xarope 456 .
CULLEN. Pomada antihemorrhoidal 305 .
CULLERIER. Pilulas mercuriaes 377.
-Pomada antiherpetica 381 .
D
DARCET. Pastilhas 208 .
DELEAU. Solução de perchlorureto de ferro 293.
- Xarope de perchlorureto de ferro 292.
DESAULT. Pomada ophthalmica 371 .
DESCHAMPS . Pós dentifricios alcalinos 528.
DESFORGES. Opiato dentifricio 528.
DESLANDES. Poção anthelmintica 446 .
DESMARRES. Collyrio de tannino 494 .
DEVAY. Clyster de valerianato de quinina 508 .
Linimento de valerianato de quinina 508 .
Pilulas de valerianato de quinina 507.
de valerianato de zinco 509.
Poção de valerianato de quinina 508 .
de valerianato de zinco 510 .
Pós de valerianato de zinco 540.
DEVERGIE senior. Robe depurativo 472 .
DEWEES . Poção obstetrica 220 .
DIDAY. Topico sedante 230 .
DOUBLE. Pilulas antiherpeticas 377.
Pós antispasmodicos 263 .
DOWER. Pós 406 .
DUBOIS . Linimento anthelmintico 122 .
-Mistura antispasmodica 436.
tonica 436.
- Poção emmenagoga 451 .
Vinho amargo 437.
DUCLOU. Xarope de oleo de figado de bacalháo 401 .
DUPASQUIER. Solução de proto -iodureto de ferro 336.
Xarope de iodureto de ferro 337.
DUPUY. Pilulas 263.
774 INDICE DOS AUTORES.
DUPUYTREN . Collyrio secco 416 .
Cozimento antisyphilitico 455 .
Pilulas adstringentes e calmantes 485 .
antisepticas 193 .
antisyphiliticas 377.
contra a epilepsia 416.
Pomada ophthalmica 372.
-- contra a quéda do cabello 203 .
DURANDE . Remedio 493.
E
ELLIS . Pós antidysentericos 373.
EMERY. Pomada contra a sarna 232.
EZEQUIEL CORRÊA DOS SANTOS . Xarope 388 .
F
FAURE . Pilulas de terebenthina 496 .
FAYARD . Papel 499 .
FELTZ. Cozimento 454.
FERNEL . Poção laxativa 362 .
FILHOS . Caustico 429.
FIORAVENTI . Balsamo ou alcoolato 496 .
FORDYCE . Pós 443 .
FORGET. Poção de colchico 242 .
FORTIN. Grageas balsamicas 250 .
FOUQUIER. Pilulas de acetato de chumbo 80.
d'extracto de noz vomica 396 .
--- Pós contra a amenorrhéa 295.
FOWLER. Infusão de tabaco 490.
Licôr arsenical 160 .
For. Bolos vermifugos 446 .
Collyrio narcotico 175 .
Cozimento diuretico 82.
- Poção sudorifica 140 .
tonica 92.
Pomada contra as fendas ou rachas do anus 81 .
saturnina 81 .
FRANK. Grãos de saúde 126 .
--- Julepo 436 .
Pilulas purgativas e diureticas 246 .
Pós de carbonato de magnesia 356 .
FREI COSME . Pós 158.
INDICE DOS AUTORES . 775
FRESSE. Pilulas de acido benzoico 84.
FRICKE . Collyrio adstringente 179.
FULLER. Electuario 436 .
Mistura balsamica 254 .
Pilulas benedictas 125.
FURNARI. Collyrio calmante 411 .
- Linimento de strychnina 476 .
FURSTER. Fumigação calmante 175 .
G
GALENO. Ceroto 20.
GALL. Pilulas contra o catarrho vesical 250.
GAMA. Pilulas de cicuta e calomelanos 374.
GANNAL. Methodo d'embalsamento 570.
GARNIER. Confeitos de santonina 468 .
GAROT.Limonada gazosa com citrato de magnesia 358 .
GAUBIUS . Pilulas balsamicas 497 .
GEDDINGS . Gargarejo 499 ,
GERDEN. Linimento phosphorico 422.
GIBERT. Pomada alcalina opiacea 206 .
antidartrosa 132.
antisyphilitica 372.
GLASER. Sal polychresto 479.
GLAUBER . Sal 483 .
GONDRET. Pomada 438.
GOULARD . Agua branca 285 .
Ceroto 286 .
GOUPIL. Mistura obstetrica 249.
GRAEFE . Emulsão antigonorrheica 232 .
Guibourt. Poção contra o enven , pelo arsenico 296 .
GUTHRIE. Pomada ophthalmica 81 .
H
HAMILTON. Gottas alcalinas 205 .
HARLESS . Linimento contra as rachas do seio 479.
Poção excitante 140.
HARTMANN . Pós febrifugos 435.
HARVEY. Pilulas antibiliosas 347.
HELMERICK . Pomada antipsorica 206 .
HENDERSON. Collyrio 476.
HENRI . Solução contra a ozena 224.
HESSER . Pilulas 486 .
776 INDICE DOS AUTORES .
HIFF. Pomada de creosota 256.
HILDEBRAND . Mistura diuretica 243 .
HOFFMANN . Licôr anodyno 282.
HOLLOWAY. Pilulas 425.
HUFELAND . Ceroto 446 .
- Pilulas contra a tenia 497.
- Pomada contra as frieiras 179.
Pós saturninos 80.
Solução de borax 179 .
HUSSON. Agua medicinal 242 .
HUXHAM . Essencia antiseptica 435.
J
JADELOT. Banho antipsorico 487.
JADIOUX . Pilulas antigastralgicas 477.
JAMES . PÓS 149.
JANIN. Collyrio 485 .
Pomada 446.
JANNART. Gargarejo adstringente 493 .
JASER. Pós depurantes 149 .
JOÃO ALVES CARNEIRO . Massa anti-boubatica 209 .
JOANNES . Pós 374 .
JOBARD . Pastilhas peitoraes 150.
JOLLY. Electuario anti-nevralgico 296 .
JUSTAMOND. Fomentação resolvente 142 .
K
KAPELER . Pilulas antisepticas 493.
KEYSER. Confeitos antisyphiliticos 380.
KNOD . Poção contra a salivação mercurial 333 .
KUNKEL . Pilulas antiherperticas 149 .
Tabellas antimoniaes 149 .
L
LABARRAQUE . Agua 232 .
LABELONYE . Xarope de digital 263 .
LAENNEC. Poção contra- stimulante 452 .
LAFFECTEUR . Robe anti-syphilitico 456 .
LAGARAYE . Sal essencial 434.
LANTHOIS. Emplasto 388.
- Fomentação 388.
Pilulas 388 .
INDICE DOS AUTORES. 777
LANTHOIS. Xarope 388.
LARREY. Xarope depurante 455.
LECOQ . Linimento de glycerina com alcatrão 311 .
LEFOULON. Elixir aromatico 430.
Pós dentifricios 527.
LEMARCHAND . Poção de simaruba opiacea 474.
LEMAZURIER . Mistura odontalgica 410.
LEMOINE . Poção contra a epilepsia 138 .
Leperdriel . Caustico 202.
LEROY. Purgante 273 .
- Vomitorio-purgante 470.
LEURET . Pilulas contra a epilepsia 280.
LEVACHER . Bolos antipsoricos 319.
Poção febrifuga 482 .
Remedio contra a solitaria 499 .
LEWIS . Cozimento antitebril 437.
LHERITIER . Pilulas de estoraque 279 .
Xarope de estoraque 278 .
LISEMANN . Mistura contra a gonorrhéa 254 .
LOMBARD . Solução de cyanureto de potassio 259 .
LOUIS . Poção stibiada 153.
LUGOL. Agua iodurada para bebida 340 .
Banho iodurado 344 .
Iodo caustico 344 .
- Pomada sulfuro- saponacea 271 .
- Soluto iodurado rubefaciente 344 .
para uso externo 344 .
M
MAC-GREGOR. Pilulas anti-ictericas 237.
MAGENDIE . Acido prussico medicinal alcoolisado 90 .
Linimento de noz vomica 396 .
- Pilulas de brucina 184 .
- ― de deuto-iodureto de mercurio 339 .
de strychnina 475 .
Poção atrophica 340.
atrophica com tintura de digital 340 .
estimulante 181 .
Pós dentifricios 527.
Salsaparrilha iodurada 340.
-- Solução atrophica 340 .
de deuto-iodureto de mercurio 339.
778 INDICE DOS AUTORES.
MAHON. Pomada 188.
Pós 188 .
MAIGRON . Poção febrifuga 465 .
MANFREDI . Pastilhas de manná 362 .
MARBOT . Poção de aconito contra a dysenteria 95 .
MARC. Pós narcotico -tonicos 406 .
MARINAS . Pomada de fuligem 303.
MARTIN-SOLON. Pilulas contra as ourinas album . 370.
MARTINET. Loock terebenthinado 498 .
Opiato terebenthinado 499 .
MASCAGNI . Tisana 207.
MAUNOURY. Caustico 235.
MAURY. Pós dentifricios 527 .
MEGLIN. Pilulas 366 .
MERAT. Pilulas 393.
MEYER. Pós desinfectantes 438 .
MIALHE. Pós hemostaticos 132 .
MONDIÈRE. Bebida albuminosa 143.
MONIN. Mistura calmante e adstringente 80.
MOST. Electuario adstringente 317.
- Pós fundentes 374.
MOTHES . Capsulas de copahiba 250 .
MYNSICHT . Elixir vitriolico 92 .
N
NIEMANN . Mistura balsamica 251 .
NOUFFER. Remedio contra a solitaria 301 .
Р
PALIETI. Pilulas de alcatrão 116 .
PARACELSO . Elixir de propriedade 389 .
PARENT . Pilulas de cyanureto de mercurio 378 .
- Pomada de cyanureto de mercurio 379.
Solução cyanurada 379 .
PARIS . Pilulas de sulfureto de potassa 487.
PARISET. Pilulas 152 .
PARMENTIER. Pilulas scilliticas 462.
- Vinho chalybeado 299.
PEARSON. Licôr ou Soluto 160.
PEIRILHE . Elixir anti-scrophuloso 307 .
PELLETIER. Odontina 528.
PESCHIER . Oleo ethereo de feto macho 300.
INDICE DOS AUTORES . 779
PESCHIER. Pilulas vermifugas 304 .
Tintura de feto macho 300.
PETIT. Pilulas anti -catarrhaes calmantes 407.
PEYRILHE . Elixir anti-scrophuloso 307 .
PEYSSON. Poção stibio-opiacea 453 .
PHOEBUS . Poção emmenagoga 140 .
Pós digestivos 209 .
PIEDAGNEL. Pilulas de iodureto de ferro 336 .
PIERQUIN. Pomada de iodureto de ferro 337.
Pós aphrodisiacos 123 .
Vinho de iodureto de ferro 337.
PLANCHE . Emplasto de belladona 175 .
PLENCK. Mercurio gommoso 369.
Pilulas mercuriaes 370.
PLUMER . Pilulas alterantes 374.
POLLAU. Caustico 429.
PORTA. Pilulas contra a incontinencia de ourina 202.
PORTAL . Xarope 307.
POUQUEVILLE. Poção febrifuga 486 .
POURCHE. Pomada de bromureto de potassio 184 .
PRADIER. Cataplasma contra a gota 439.
PRINGLE . Decocto de quina composto 436 .
PUCHE . Xarope gommoso de copahiba 252 .
PYHOREL . Pós 486.

Q
QUEVENNE . Chocolate com ferro 289 .
Gragéas de ferro 289.
R
RABEL . Agua 92.
RACIBORSKI . Poção contra a dysmenorrhéa 140 .
RADIUS . Gargarejo adstringente 179.
- Loock expectorante 84.
RAQUIN. Capsulas 250.
RASPAIL. Agua sedativa 196.
Cigarrilhas de camphora 195 .
- Pomada alcanforada 196.
Pós de camphora para cheirar 195 .
RATIER. Pilulas antispasmodicas 123.
Poção diuretica 82 .
tonica 440.
780 INDICE DOS AUTORES .
RAYER. Mistura cantharidea 202.
Mistura de oleo de figado de bacalháo 404 .
terebenthinada opiacea 498 .
Pilulas drasticas 273.
RECAMIER. Clyster anti-septico 438. *
Loock terebenthinado 498.
Opiato terebenthinado 499.
Pilulas anti-nevralgicas 406 .
Pós antispasmodicos 477 .
RECHOUX. Ceroto ammoniacal 444 .
REGENT. Pomada ophthalmica 371 .
REGNAULD . Pasta peitoral balsamica 275 .
REQUIN. Pilulas de aloes 125 .
Poção contra a dysenteria 407.
RÉVEILLE-PARISE . Collyrio de nitrato de prata 393.
RHAZES . Unguento branco 205 .
RICHTER. Mistura de valeriana 506 .
― Poção emetisada e nitrada 154.
Pós sedantes 366 .
RICORD. Clyster de copahiba 252 .
Clyster opiaceo alcanforado 408.
Emplasto contra as dôres osteocopas 371 .
Gargarejo iodurado 341 .
com sublimado 378.
Injecção adstringente 81 .
aluminosa 432.
de nitrato de prata contra a balanitis 394 .
contra a blennorrhagia 394.
contra a leucorrhéa 394.
com tannino 494.
Pilulas de calomelanos 374.
opiaceas alcanforadas 407.
de proto-iodureto de mercurio 338 .
Pomada fundente 371 .
Tisana iodurada 340 .
Xarope iodurado 340.
ferruginoso 296.
sudorifico 456 .
RIGHINI. Emulsão de copahiba 251 .
― Mistura de sulfato de quinina tartarisado
482 .
Oleo calmante 281 .
RIVIÈRE . Poção anti-emetica 85.
INDICE DOS AUTORES. 781
ROBIQUET. Massa caustica 235 .
RODET . Linimento contra o eczema 311 .
Pomada contra a espinha carnal 494.
ROGE . Pós purgativos com citrato de magnesia 358 .
ROGNETTA. Mistura tonica 544.
ROSEN. Linimento . 384 .
ROSENSTEIN. Solução de carbonato de potassa 205.
ROUSSEAU. Laudano ou Gottas 404.
ROUSSELOT. Massa caustica 458.
Roux. Ceroto calmante 353.
RUFUS . Pilulas 125.
RUSSEL . Cozimento contra as escrophulas 437.
RUST. Collyrio adstringente 286 .
S
SANDRAS . Poção contra a gastralgia 441 .
Pomada de hydrochlorato de morphina 411 .
Pós contra a coqueluche 173 .
SANSON. Solução de nitrato de prata 394.
SCARPA. Collyrio adstringente 286.
SCHNEIDER . Pomada contra a quéda do cabello 203 .
SEDILLOT . Pilulas 369 .
SEGOND. Pilulas 375.
SEGUIN. Vinho febrifugo 437 .
SEIGNETTE . Sal 495 .
SELLE . Linimento antispasmodico 194.
- Pilulas antihystericas 243 .
SEMANAS . Pilulas de sulfato de quinina tartarisado 482 .
SERRE . Injecção de nitrato de prata 394.
SICHEL . Collyrio contra as ophthalmias chronicas 478 .
Embrocação ophthalmica 439.
-- Pomada ophthalmica 374 .
SNELL. Medicina popular 427.
SOMMET. Caustico 235 .
SOUBEIRAN. Poção phosphorica etherea 422.
- Poção phosphorica oleosa 422.
Pastilhas ou Tabellas de ethiope marcial 290 .
STAHL. Poção 444 .
STEARNS . Poção 220 .
STOLL. Cozimento antiphlogistico 394 .
Pilulas antirheumaticas 95 .
tonicas 288.
44
782 INDICE DOS AUTORES .
STORCK. Pilulas de cicuta 237.
STRATIN. Gelea de glycerina 310 .
STUTZ . Poção 207 .
SUCQUET. Methodo d'embalsamento 568 .
SWEDIAUR. Electuario antispasmodico 507.
Emulsão diuretica 343 .
Mel de calomelanos 375 .
- mercurial 372.
Poção absorvente 207.
Pós de nitro camphorados 390 .
-- Vinagre de café 186 .
SYDENHAM . Decocção branca 427 .
Laudano 404.
-- Pilulas marciaes 288 .
T
TEMPLE . Pós contra o rachitismo 289 .
THIRY. Linimento calmante 230.
TOIRAC . Pós dentifricios 527 .
TREVEZ. Agua 359 .
TRONCHIN . Creme peitoral 183 .
Marmelada 498.
Pilulas estomachicas 389 .
TROUSSEAU. Chocolate marcial 296 .
Clyster contra as rachas do anus 442 .
- Loock contra-stimulante 448 .
Pilulas anti-nevralgicas 280.
Poção de chloroformio 230.
TURNBULL. Gottas de aconitina 96 .
V
VALLERAND . Pilulas contra a epilepsia 477 .
VALCH. Pilulas adstringentes 298 .
VALLET. Pilulas ferruginosas 297.
VAN MONS . Ceroto 183 .
VAN SWIETEN. Licòr 377.
--- Mistura anti-asthmatica 444 .
VELPEAU. Caustico de acido sulfurico e de açafrão 92 .
Clyster anti-gonorrheico 257.
Collyrio de nitrato de prata 393 .
ww Injecção para o hydrocele 333.
- Pilulas de proto - iodureto de mercurio 338 .
INDICE DOS AUTORES. 783
VELPEAU. Poção obstetrica 219.
Pomada marcial 298.
ophthalmica 394 .
Solução ferruginosa contra a erysipela 298 .
VIGO . Emplasto 369 .
VOGLER. Electuario anthelmintico 465 .
W
WARE . Pomada anti -hemorrhoidal 306 .
WEISS. Sôro de leite 471.
WELLER. Pomada mercurial anodyna 367 .
Pomada mercurial opiacea 372.
WERNECK . Soluto anti -dysenterico 184 .
WILLIS . Pilulas anti- dysentericas 215 .
- Xarope chalybeado 297.
WITHERING. Pilulas 263 .
Z
ZANETTI . Marmelada 198 .
INDICE GERAL ALPHABETICO .

As plantas indigenas brasileiras, que não são empregadas na


materia medica europea , mas só no Brasil , estão marcadas
com um asterisco * .

389
Acido prussico 89
A medicinal 90
* Abobora do mato 76 sulfureo 93
Abreviaturas nas for- sulfurico 94
mulas 4 alcoolisado 92
Absinthio 76 sulfuroso 93
* Abutua 77 tartarico 93
* Acataya 320 ― - valerianico 508
Açafrão 77 Acidulos 542
Açafrão de mart aper. 295 Aconitina 95
Acetato de ammoniaco 139 Aconito 94
de chumbo neutro 79 Açofeifa 97
de mercurio 380 Adstringentes 548
de morphina 440 Agrião ordinario 97
de potassa 84 - do Pará 97
- de soda 82 Agrimonia 98
Acido acetico 82 Agua ou Aguas 98
impuro 542 acidulas gazosas 400
arsenioso 457 do Brasil 401
azotico 87 - de Acqui 549
benzoico 83 d'Aix 549
borico 84 d'Aix-la-Chapelle 549
caincico 486 - d'Alais 406
- carbonico 85 - alcalina gazosa 209
chlorhydrico 86 alcalinas 402
citrico 86 de Alcamo 442
cyanhydrico 89 ---- de alcatrão 145
hydrochlorico 86 - - de alface 43
hydrocyanico 89 de alfazema 14
marinho 86 de Amelie 549
muriatico 86 de amendoas amar-
nitrico 87 gas 43
alcoolisado 88 - do Andarahy 404
oxalico 88 - d'angelica 15
INDICE GERAL ALPHABETICO. 785
Agua d'aniz 15 Agua de Caudier 142
d'aniz estrellado 15 de Cauterets 550
----- d'artemija 14 de Challes 550
- d'Ax 549 de Chateldon 106
- de Baden 549 de Chaudebourg 406
de Bagnère de Bi- de Cheltenham 440
gorre 549 -- de Colonia 546
de Bagnères de Lu- - de Contrexeville 550
chon 549 -- de côr 548
de Bains 440 de Gransac 550
de Balaruc 549 ---- de cravo da India 45
de Banho 412 de creosota 255
de Barèges 549 - distillada 43
artificial 442 de Eaux-Bonnes 550
de Bath 406 de Eaux-Chaudes 550
benta 636 de Egra 440
de bola 299 -- do Egypto 394
-de Bonneby 406 de Ems 550
de Bonnes 442 de Enghien 550
de borragem 43 de Epsom 440
de Botot 146 -- de Estoril 109
Ide Bourbon l'Ar- etherea camphor. 192
chambault. 406 --- de Evian 550
de Bourbonne 550 ferreas 403
branca de Goulard 285 do Brasil 403
― de Bristol 404 296
ferruginosa
- de Bussang 550 de flor de laranja 14
- de folhas de amen-
de Bussignargnes 106
― de Cabeça de Mon- doeira 43
t'achique 406 -- de folhas de pece-
de Caes de areia 444 gueiro 13
de cal 487 de Forges 550
de Caldas da Rai- de Friedrichshall 550
nha 442, 550 de funcho 14
de Caldas Novas 402 de Gastein 530
- de Camara 406 - gazosa simples 404
- de Campanha 401 de genebra 45
de canella 45 de Gex 412
de canafistula 498 de Godelheim 406
de Carlsbad 350 de gomma 343
-- de cascarilha 15 - de Goulard 285
- de Cascaes 109 de Greoulx 551
44.
786 INDICE GERAL
Agua d'hera terrestre 14 Agua de parietaria 43
-and-comm d'herva cidreira 14 ― de Passy 554
- d'herva doce 14 de Pfeffers 552
- de Hombourg 554 de Pierrefonds 552
- - de hortelãa pi- phagedenica 378
menta 14 negra 375
de hysopo 14 ― de Pisciarelli 406
iodurada para be- de Plombières 552
bida 340 de poços 548
de Ischia 554 - de Pougues 552
de Ischl 554 - de Pulna 552
- de Itapicurú 408 de Pyrmont 552
· de Java 564 - de Rabel 92
- de Kissingen 551 - da Rainha 442
de Kreutznach 551 Agua-raz 497
de Labarraque 232 de Rennes 406
de Labassère 551 de rhubarbo 443
de Lafões 142 de rosas 14
das Laranjeiras 104 de sabugueiro 14
de Lichtenstein 406 - de Rodrigo de Frei-
- de losna 14 tas 404
- de lourocerejo 13 - de Saint-Amand 552
- de Loesche 551 - de Saint-Galmier 552
de Lucca 140 de Saint-Gervais 552
- de Luisenbad 406 de Saint-Honoré 552
- do mar 99 Saint-Sauveur 552
de Marienbad 554 de Salerno 406
de Matacavallos 403 Salinas 407
― medicinal de Hus- - salinas do Bra-
son 242 sil 408
de mel 547 de Salins 552
— de Mina nova 406 de salsa 14
- mineraes 99.549 de salva 14
--- de Monte Catini 554 santa 401
de Mont Dore 554 - de São Pedro do
de Nauheim 551 Sul 412
de Neris 554 de sassafraz 15
- de Niederbron 554 de Schinznach 552
de Orezza 554 de Schlangenbad 552
de ouregão 44 de Schwalbach 552
de Pajehû de Flò- edativa 496
res 104 de Sedlitz 440,552
ALPHABETICO. 787
Agua de Seidchutz 140 Alabastro (Modo de
de Selters 104 limpar o) 555
- de Seltz Aipo 413
404 , 552
artificial 101 Alambre 433
de serpão 14 Albumina 443
- de Silva Manoel 404 Alcaçus 443
- de Spa 552 Alcali vegetal 205
- de Soultzbach 552 vegetal com vina-
- de Soultzmatt 552 gre 84
-- sulfurosas 110 volatil 437
artiffcial para Alcanfor 190
uso externo 112 Alcaravia 445
- para uso in- Alcatrão 145
terno 112 Alcool 146
- brasileiras 444 camphorado 192
de tanaceto 14 de veratrina 540
de tanchagem 43 Alcoolato de alecrim 46
terebenthinada 497 de alfazema 46
de thymo 14 --- de bergamota 15
- de tilia 14 - de calamo aromat . 16
-― para tirar as nódoas ― de canella 46
de tinta de escrever 582 - de casca de laranja 15
de Toeplitz 552 de cidra 15
de Trevéz 359 - de cochlearia 14
- de Uriage 553 de cravo da India 16
de Ussat 553 ― de Fioraventi 496
de Vals 553 d'herva cidreira 46
de valeriana 15 - de hortelãa 16
vegeto-mineral 285 · de limão 15
- camphorada 286 de melissa composto 322
de Vernet 553 moscada 16
de Vichy 102 , 553 de sassafraz 46
- artificial 402 vulnerario 274
viennense laxante 470 Alcoolatos 15
vulneraria spirit. 274 Alecrim 117
de Wiesbaden 553 * selvagem 17
de Wildbad 553 Alface brava 117
Aguardente camphor. 492 cultivada 148
de canna 446 Alfavaca 420
de vinho 116 * do campo 120
(Modo de the dar Alfazema 120
côr) 555 Algodão 121
788 INDICE GERAL
Algodão (Modo de des- Anti-psoricos 524
cobrir os fios de ) 555 Antiscorbuticos 522
Alho 124 Antispasmodicos 523
Almecega , V. Masti- Antisyphiliticos 523
che 364 Aperientes 523
Almeirão 222 Aphrodisiacos 524
Almiscar 422 Apiol 154
Aloes 423 Apozemas 46
Alterantes 520 Apozema adstringente 215
Althéa 428 amargo 308
Alumen 429 - purgante 462
-calcinado 132 Ar ( Modo de purifl-
Alvaiade 204 car o) 593
Ambar amarello 433 Areometro 66
gris 43 Arilho de noz moscada 382
* Ambauba 433 Arnica 454
* Ambayba 433 Aroeira 455
Ameixas seccas 434 Arrebique 556
Amendoada 136 Arroz 456
Amendoas amargas 434 Arrobes 46
doces 435 Arruda 456
Amido 425 Arseniato de ammon. 459
Ammoniaco liquido 437 de ferro 459
Amoras 442 - de soda 460
Analepticos 520 Arsenico 157
Ananaz (Conservação ) 555 | Arsenito de potassa 159
* Anda--açu 443 Arte de formular 4
Angelica 443 Artemisia 460
* Angelim 444 Arvore da preguiça 133
Aniz 445 Assacù 464
estrellado 446 Assafetida 462
Anodynos 538 Assucar aromatisado 556
Anthelminticos 524 Assucar de Saturno 79
Anthrakokali 447 Atanasia 464
Anti-dartrosos 524 Atropina 476
Anti-herpeticos 524 Aveia 464
Antifebris 534 Avenca do Canada 464
Antimonio crú 148 * Ayapana 166
-diaphoretico lavado 448 Azebre 423
metallico 147 Azeda 466
Antiperiodicos 534 Azeite doce 476
Antiphlogisticos 322 Azotato de prata 391
ALPHABETICO . 789
Azougue 368 |Belladona 472
* Bellas noites 362
B
Benjoim 476
Baêta 557 Benzina 557
Balsamo de Arceus 496 Betumes 557
anodyno 449 Bi-antim . de potassa 148
catholico 477 Bicarbon . de potassa 206
do commendador 177 de soda 208
de copahiba 249 Bichos dos livros 560
d'enxofre anisado 270 Biscoutos purgantes 347
de Fioraventi 496 vermifugos 465
de Genoveva 496 Bistorta 177
da Meca 467 Black-drops 406
nerval 383 Bolas de Nancy 299
opodeldoch 192 Bolo armenio 478
peruviano 468 Bolos 49
saponaceo 448 Bolos antipsoricos 319
de tolu 469 - antispasmodicos 463
tranquillo 476 - calmante 636
traumatico 177 -camphor . enitrosos 493
vulnerario 177 contra a cystite 270
Balsamos 46 contra a diarrhéa 500
Banha balsamica 477 febrifugos 436
de urso 592 de quina alcanfor. 436
Banho antipsorico 487 vermifugos 446
aromatico 274 * Bonina 362
de Barèges artific . 442 Borax 478
- de vapor camphor. 192 Borragem 479
- iodurado 344 Bromo 479
sulfuroso 488 Bromureto de ferro 480
Banhos 47 de mercurio 180
Bardana 470 - de potassio 484
* Baririçó ou Maririçó 363 Brucina 484
Basilieão 245 Bronze ( Modo de lim-
Barro vidrado 557 par o) 560
Baunilha 174 Bucha dos caçado-
Bebida albuminosa 443 res 182
alcalina 206 Bugias 49
emeto-cathart. 153 , 484 * Buranhem 384
purgativa 472
255 C
temperante
Bechicos 524 * Caapeba 420
790 INDICE GERAL
* Caapia 248 Caracoes ( Destruição
* Cabacinho 182 dos) 562
Cabeças de dormi- * Carapia 248
deiras 265 Carbonato de ammon-
Cabello ( Mucilagem niaco 144
para lustrar o) 562 de chumbo 204
(Pomada para tin- - de ferro 293, 295
gir o) 560 de magnesia 356
(Pós -) 564 - de potassa 205
(Solução 564 de soda 207
Cacao 483 Cardamomo menor 209
Cadmio das fornalhas 415 * Caroba 209
Café 485 * Carqueja amargosa 240
purgante 474 Carvão vegetal 210
Café (Conservação de Casca de laranja 349
562 - de limão 349
aroma do)
Cainca 186 * de pão pereira 416
Cal 187 --- > de raiz de romeira 444
Caldas V. Aguas min . 99- ― de roma 446
Caldas da Rainha 112, 550 - de Winter 214
Caldo de hervas 466 Cascarilha 214
Caldos medicinaes 19 Castoreo 212
Calmantes 538 Cataplasma americana 514
Calomelanos 372 anti-arthritica 496
Calumba 188 anti-ophthalmica 79
* Camara de bilro 446 - anti-septica 439
do mato 446 antispasmodica 409
Camomilla romana 489 calmante 367, 409
Camphora 190 de cicuta- 237
Candelinhas 49 contra a gota 439
Canafistula 196 contra a ischuria 419
Canella 198 de linhaça 350
* Canema 240 maturativa 350
* Canudo amargoso 446 narcotica 175
Cantharida 200 resolvente 286
Caparroza azul 478 Cataplasmas 19
branca 484 Catharticos 540
verde 296 Cathereticos 524
Capillaria 464 Cato 243
Capillé 166 Caustico 202
Capsulas 19 de acido sulfurico
-de copahiba 250 e açafrão 92
ALPHABETICO. 791
Caustico de Filhos 429 |Chlorohydratos. V.
de Pollau 429 Hydrochloratos
Caustico ammoniacal 138 Chlorureto de anti-
Caustico com gutta monio 148
percha 235 Chlorureto de bario 234
Causticos ou vesica- de cal 234
torios (emplastos) 19 - de ouro 443
Causticos ( medica- -- de ouro e sodio 414
mentos ) 525 -- de soda 232
Caxaça 446 de sodio 233
Centaurea menor 246 - de zinco 234
Centeio espigado 216 Chocolate com ferro 289
Cera 224 marcial 296
Ceraverde (emplasto) 23 -- com musgo island . 388
Ceroto 224 de salepo 453
ammoniacal 144 Choupo 235
Ceroto anti-herpetico 379 Cicuta 236
de cacáo 483 Cigarrilhas 20
calmante 353 Cigarrilhas de cam-
- de spermacete 277 phora 195
de Galeno 20 Cimentos 557
de Goulard 286 Cinabrio 379
de Hufeland 446 Cinco raizes aperient. 237
mercurial 369 * Cipo de chumbo 238
opiaceo 409 Citrato de ferro 293
de quina 435 -- e ammoniaco 293
de sabina 454 de magnesia 356
de Saturno 286 Classificação dos me
simples 20, 224 dicamentos 547
sulfureo 270 Clyster acetoso 543
Cerotos 49 adstringente 494
Cervejas medicinaes 20 de almiscar 423
Cevada 224 anodyno dos pin-
Cha 222 tores 636
Cheiros para as po- anthelmintico 386
madas de cabello 592 -anti-blennorrhagico 252
Chicoria 222 - anti-gonorrheico 257
China 224 - antiseptico 438
Chlorato de potassa 224 ----- de artemisia 464
Chloro 224 - de assafetida 164
liquido 225 - de belladona 175
Chloroformio 225 - de camphora 194
792 INDICE GERAL
Clyster chloruretado 233
Colla de peixe 564
de copahiba 252
diuretico para preservar os
463 livros da traça
- de dormideiras 565
267 --- forte liquida 564
contra a dysen-
Collodio 243
teria
emolliente 443 Collutorio antiscor-
398 butico
e calmante 408 239
- laxante 403 antiseptico 233
de bor ax 178
de glycerina
mwand.com
340 --- calmante
de linhaça 350 Collutorios 408
de macella 354 20
oleoso 467 Collyrio adstringente
opiaceo alcanfo- 179, 286 , 393 , 485
rado 408 aluminoso 132
de polvilho 425 anodyno 408
--- antiscrophuloso
purgante 359 , 472, 484 303
dos pintores 636 - de belladona 475
de quina 438 Ide Bru n 427
contra as rachas calmante
444
do anus 442 de Conra di 378 *
-de sulfato de qui- de Furnari 444
nina 483 de Henderson 476
de tabaco 490 de Janin 485
composto 491 narcotico 175, 280
de terebenthina 499 de nitr ato de prat a 393
de valerianato de contra as ophthal-
quinina 508 mias chronicas 80, 478
Clysteres 20 contra as ophthal-
Cobre ( Modo de lim- mias purulentas 485
par o) 572 opiaceo 408
Cochlearia 238 ---- com pedra divina 478
* Coco da Bahia 239 secco de Beer 132
de purga 443 -de Dupuytren 446
Codeina 442 sedat ivo 408
Coentro com sulfato de
Co er 240
* ana zinco
240 485
Colchico de tannino
Colcothar 240 494
Cold-cream 290 Collyrios 31
Colla 277 Colofana ou colopho-
563 nia 244
Colla de bocca
565 Coloquintida 245
ALPHABETICO. 793
Composição para lim- Cozimento de Feltz 454
par o cobre 563 de guaiaco com-
a prata 593 posto 319
Confeição de jacintho 200 de musgo islandico 387
- japonical 215 - peitoral 449
Confeições ou elec- de pontas de veado 428
tuarios 21 ·real 484
Confeitos antisyphi- de salepo 452
ticos 380 sudorifico 454
Confeitos de santo- - dos pintores 636
nina 468 laxante 637
Conserva de canafis- tonico 432
tula 198 ―- de valeriana e quina 506
de rosas 447 -V. tambem Decocção
Conservas 24 Cozimentos 24
Conservação dos pas- Cravagem de centeio 216
saros 566 Cravo da India
das substancias 253
animaes Creme peitoral 183
566 Crem
Consolda maior or de tartaro 254
247
Contraherva soluvel 254
248 Creosota
Contra- stimulantes 535 255
Copahiba 249 Cristeis V. Clysteres 20
solidificada ma- Cubebas 256
gistral 250 Cuminho 257
officinal 250 Cusso 257
Coralina 252 Cyanureto de mercur. 378
* Cordão de frade 253 ----- de ouro 414
Cordiaes 525 - de potassio 259
Cozimento alcalino 207 - de zinco 259
antifebril 437
209 D
antinephritico
antiphlogistico de Decocção branca de
Stoll 394 Sydenham 427
- antisyphilitico 455 - de casca de raiz
- branco gommado 428 de romeira 445
- - de Sydenham 427 -- de coloquintidas 246
chloruretado 233 de fuligem 303
diuretico 82, 264 - de guaiaco com-
emulsionado 137 posta 319
contra as escro- - de musgo islandico 387
phulas 437 - de pontas de veado 428
45
794 INDICE GERAL
Decocção de quina Drasticos 540
composta 436 Dulcamara 267
de scilla comp . 463
E
Decocções ou Decoctos
V. Cozimentos 21 Electricidade 268
Dedaleira 261 Electuario adstrin-
Dente de leão 494 gente 252, 347, 493
Dentes ( Massa para anthelmintico 465
tapar as covas dos) 566 antiblennorrhagico 257
Dentifricios 525 antiboubatico 209
Depilatorios 567 -antinevralgico 296
Derivativos 541 -antispasmodico 507
Desinfecção das ma- -balsamico 469
terias fecaes 567 de cato 215
- dos quartos dos de cubebas 257
doentes 568 - de cubebas e co-
Desobstruentes 523 pahiba 257
Detergentes 549 - diaphoenix - 503
Deuto-bromureto de de enxofre 271
mercurio 480 de estanho 278
-chlorureto de mer- - de Fuller 436
curio 375 gengival 216
- iodureto de mer- · lenitivo 470
curio 338 - contra a leucor-
Deutoxydo de ferro 289 rhéa 448
Dextrina 260 de senne 470
Diachylão 24 Electuarios 24
Diaphoreticos 544 Elemi 268
Diascordio 260 Elixir anti-scrophu-
Digestivo animado 496 loso 307
-- opiaceo 496 - aromatico 430
simples 496 - de longa vida 127
Digital 261 wi de Garus 568
Digitalina 264 odontalgico 430
Diluentes 530 de Paracelso 380
Diureticos 528 paregorico 405
Doce-amarga 267 santo 127
Dormideira 265 vitriolico de Myn-
Doses dos medica- sicht 92
mentos conforme Elixires 22
as idades e sexos 40 Embalsamento 568
Douradura da escripta 568 | Emborcações 22
ALPHABETICO. 795
Embrocação ophthal- Emulsão antigonorrh . 232
mica 139 --- arabica 345
Embrocações 22 balsamica 169
Emetico 454 · calmante 412
em lavagem 154 camphorada 193
Emeticos (medica- - de camphora e
mentos ) 529 nitro 194
Emmenagogos 529 de cêra 221
Emollientes 530 commum 436
Emplasto d'acetato de de copahiba 251
cobre 23 diuretica 343
adhesivo 24 ---- emmenagoga 79
-agglutinativo 23 - · de manná 362
- d'André La Croix 23 - nitrada 394
de belladona 475 purgante 347, 403
de Canet 24 - simples 136
de cantharidas 202 - terebenthinada 497
contra o catarrho Emulsões 25
pulmonar 154 Encerado commum 25
caustico 202 Encerado inglez 26
de cera 23 Encerados 25
· de cicuta 24, 237 Endro 269
commum 23 Euxofre 269
confortativo 25 - dourado de antim . 449
diachylão gom- Epispasticos 543
mado 24 Ergotina 220
contra as dôres Escamonéa 272
osteocopas 374 Escaroticos 531
de Lanthois 388 Escola franceza 547
de mercurio com- - italiana 548
posto 369 Escripta velha ( Modo
- de pêz 23 de fazer reviver a) 576
-de Borgonha 424 Espargo 273
roxo 354 Especies 26
de sabão 24. adstringentes 274
simples 23, 354 amargas 274
vesicatorio 202 --- anthelminticas 276
de Vigo 369 - aperientes 275
Emplastos 22 aromaticas 274
Emulsão deamendoas - bechicas 275
amargas 435 -- carminativas 275
- de amendoas doces 436 -- diureticas 275
796 INDICE GERAL
Especies emollientes 275 | Excitantes 534
peitoraes 276 Expectorantes 534
sudorificas 276 Extracto d'absinthio 29
vermifugas 276 d'açafrão 32
vulnerarias 274 d'aconito 29
Espelhos (Modo de alcoolico 32
limpar os) 575 d'alcaçuz 28
Espermacete 276 d'alface 28
Espinha cervina 277 d'arnica 32
Espirito de alecrim 46 ―- d'arruda 32
de canella 46 d'artemija 29
de cochlearia 45 de bardana 29
- de Minderer 439 - de belladona 29
de nitro 87 - alcoolico 32
doce 88 de bistorta 29
odontalgico 408 de borragem 29
de sal ammoniaco 437 - de cainca 32
- marinho 86 de calumba 32
de vinho 446 de camomilla 29
Essencia antiseptica 435 de canafistula 30
de terebenthina 497 de cantharidas 32
Essencias 35 de cardo santo 29
Estanho 278 cathartico 246
Estimulantes geraes 534 de cato 34
- do apparelho ge- de centaurea 29
nito-ourinario 533 de cicuta 29
- do systema nervoso 533 alcoolico 34
Estipticos 548 de colchico 32
Estomachicos 534 de coloquintida 29
Estoraque liquido 278 composto 246
Estramonio 278 alcoolico 32
Ether acetico 281 - de digital 29
- hydrochlorico 284 alcoolico 32
alcoolisado 281 de doce-amarga 29
22222

nitrico 284 de estramonio 29


alcoolisado 281 alcoolico 32
phosphorico 422 de genciana 29
sulfurico 282 de grama 29
alcoolisado 282 de guaiaco 30
iodurado 332 · de inula campana 29
Etherisação 284 de ipecacuanha 32
Ethiope marcial 289 - de jalapa 32
ALPHABETICO. 797
Extracto de junipero 30 Ferrugem ( Modo de ti-
de labaça 29 rar as manchas de) 585
de lactucario 449 da chaminé 302
de losna 29 Feto macho 299
de luparo 32 Figado de enxofre 487
de meimendro 29 Figo 301
alcoolico 32 Figueira do inferno 278
de noz-vomica 32 Flores de benjoim 83
de opio aquoso 34 ― de laranjeira 349
vinoso 31 de pecegueiro 304
― de parreira brava 29 peitoraes 302
- de polygala 32 de zinco 415
- de quina secco 29 Flores murchas (Modo
- molle 30 de refrescar as) 575
alcoolico 32 Folhas de laranjeira 348
- de quassia 29 Fomentação de Lan-
- de ratanhia 29 thois 388
de rhuibarbo 29 G refrigerante 394
de raiz de romeira 32 - resolvente 142, 464 ,
― de sabina 32 543
de salsa 29 de sabão 448
de salsaparrilha 32 Fomentacões 32
de saponaria 29 Fórmas dos medica-
-- de Saturno 285 mentos 12
de scilla 32 Formigas (Destruição
de senne 29 das) 576
thebaico 405 Formula ou receita 4
de valeriana 32 Fragaria 302
- de zimbro 30 Framboezas 302
Extractos 26 Frascos (Modo de de-
stapar os) 576
F Fricção febrifuga 483
Fricções 32
Farinha de linhaça 43 * Fructa de arara 143
de mostarda 43 Fructos peitoraes 275
Febrifugos 534 Fuligem 302
* Fedegoso 286 Fumaria 303
Ferro 287 Fumigações 33
reduzido 287 de alcatrão 446
Ferrugem 295 calmante 475
(Modo de impedir chloricas 225
o ferro criar) 545 - guytonianas 225
798 INDICE GERAL
Fumigações sulfureas 93 [ Gomma gutta 345
Fumo 489 kino 346
Funcho 303 tragacantha 344
Gottas de aconitina 96
G alcalinas 205
Galha 304 -pretas de Lancastre
Garrafas ( Modo de ou dos Quakers 406
limpar as) 600 de Rousseau 405
Gargarejo acidulo 543 Gragéas 33
adstringente 131 , 179, de ferro 289
305, 441 , 448 , 493 de Fortin 250
antiscorbutico 434 Grama 347
calmante 267 Granulos 33
camphorado 494 Grãos de saúde 426
emolliente . 429 Graxa 576
estimulante 438 Greda 317
de Geddings 499 Grêlos de laranjeira 349
iodurado 344 Groselha 317
424 Guaiaco 347
com pimenta
394 * Guaraná 349
refrigerante
resolvente 142 * Guaranhem 384
com sublimado 378 * Guaxima 349
Gargarejos 33
340 H
Gelea de glycerina
de musgo de Cor- Haustos 33
sega 385 Hera terrestre 320
islandico 387 Herva do bicho 320
com quina 388 babosa 123
de salepo 453 - cidreira 320
Geleas 33 * · collegio 322
Genciana 306, --- doce 145
Gengibre 308 * grossa 322
Gervão 309 moira 324
Gilbarbeira 309 * pombinha 427
Giz 347 * de Santa Luzia 322
Glycerina 309 * de Santa Maria 323
Glyceroleo dealcatrão 344 *
* de S. João 322
* Goiabeira 344 tostão 324
Gomma ou polvilho 425 Hortelãa crespa 325
Gomma alcatira 344 pimenta 324
ammoniaca 313 - verde 325
arabica 343 Hydrargyro 368
ALPHABETICO.. 799
Hydrato de peroxydo Infusão de rhubarbo
de ferro 290 purgante 443
- de protoxydo de tonica 443
potassio 428 --- de senne tartaris . 470
Hydriodato depotassa 339 --- de tabaco 490
Hydriodatos . V. Iodu- ― de tamarindos
retos composta 492
Hydrobromato de po- -de tilia e laran-
tassa 481 jeira 500
Hydrochlorato de am- -de valeriana comp. 506
moniaco 444 Infusões ou Infusos 33
de baryta 234 Injecção adstringente
- de ferro 291 81 , 134 , 444 , 486
de morphina 440 - aluminosa 432
- de ouro 443 - para o hydrocele 333
- e de soda 414 de nitrato de prata 394
de soda 233 - - contra a ba-
Hydrocyanato de po- lanitis 394
tassa 259 ― contra a
- de zinco 259 blennorrhagia 394
Hydrosulfato de an- - contra a leu-
timonio 450 corrhéa 394
-sulfuretado de ant. 449 w resolvente 286
Hydrotherapia 326 de sublimado 378
Hypersthenisantes 534 com tannino 494
Hypnoticos 538 Injecções 34
Hypochlorito de soda Inula campana 330
liquido. 232 Iodo 334
Hyposthenisantes 535 caustico 344
Hyposulfito de soda 330 Iodureto de chumbo 333
Hysopo 330 · de enxofre 334
de ferro 334
I de mercurio 337 , 338
* Imbayba 433 de potassio 339
Incenso 576 Ipecacuanha 344
Incompatibilidade 9
Indice das figuras 768 J
Indice franceze port. 755 Jaboticaba 344
Infusão de canafis- Jalapa 344
tula 498 * Japecan 347
ga
- de cato composta 245 * Jarrinha 384
- peitoral 429 * Jequitiba 348
800 INDICE GERAL
Joias ( Modo de lim- Laxantes 539
par as) 576 Leite 349
Julepo almiscarado 423 de amendoas doces 436
antidysenterico 344 de cal 187
calmante 174, 407 - virginal 177
camphorado 193 Lichen islandico 386
do Dr. Frank 436 Licor anodyno 283
gommoso 344 - arsenical de Biett 159
- moschado 123 de Fowler 460
34 de Pearson 460
Julepos
Junipero 545 de la Chartreuse 578
de Van Swieten 377
K
Licores (Modo de lhes
Karabe 133 dar côr) 578
Kermes mineral 150 Limalha de ferro 288
Kino 346 Limão 349
Kreosota 255 Limonada 349
Kusso 257 com citrato de
magnesia 357
L - gazosa 101
Labaça 348 muriatica 87
Lacre 577 - nitrica 88
Lactato de ferro 294 - purgativa 357
Lactucario 448 secca 86
Lambedores 34 - solutiva 492
Laranja 349 sulfurica 94
Laranjada 349 - tartarica 94
Laranjeira 348 de tartrato de
Lata (Modo de lim- magnesia 359
par a) 577 vegetal 94
Latão (Modo de lim- vinosa 544
par o 577 Linhaça 350
Laudano de Rousseau 404 Linimento ammonia-
- de Sydenham 404 cal 438
Laureola femea 502 - camphorado 139
Lavatorio antipsorico 488 cantharidado 139
antiseptico 438 anodyno 409
aromatico contra anthelmintico 422
a sarna 325 anti-arthritico 439
de Barlow 488 - anti-herpetico 488
saponaceo 448 antispasmodico 494
Lavatorios 34 - camphorado 192
ALPHABETICO. 801
Linimento calmante 230 | Loock expectorante 84
-de cantharidas cam- de kermes 150
phorado 204 oleoso 397
de chloroformio 230 - peitoral 397
diuretico 264 scillitico 463
contra o eczema 341 - terebenthinado 498
estimulante 497 Loocks 34
contra as frieiras 87 Losna . V. Absinthio 76
- de glycerina com Louça (Modo de con-
alcatrão 344 certar a) 557
contra a gota 353 Lourocerejo 354
contra as hemor- Luparo 353
rhoidas 476 Lupulo 353
--- irritante 400 Lutos 557
narcotico 409 Luvas ( Modo de lim-
de nóz vomica 396 par as) 578
opiaceo 409
409 M
--camphorado
phosphorico 422 Macella gallega 354
para as rachas do Macis 382
seio 169, 179, 188 Madeira (Modo de con-
resolventee opiaceo 286 servar as estacas de) 579
de Rosen 384 Magnesia calcinada 355
- de sabão 448 ― liquida 357
com opio 449 Malva 359
sedativo 264 Malvaisco 128
de strychnina 476 Mamona 364
terebenthinado 499 Manchas V. Nodoas 584
e alcanforado 499 Manná 361
-- de valerian. de Manteiga (Modo de
quinina 508 conservar a) 579
volatil 438 Manteiga de antimon . 148
camphorado 139 ---- de cacáo 483
cantharideo 139 * Maravilha 362
Linimentos 34 Marcella gallega 354
Lithargyrio 350 Marfim 579
Loções. V. Lavatorios 34 *Maririço 363
Loock amarello 397 Mariscos 579
branco 436 Marmelada expectoran . 84
sem oleo 137 - de Tronchin 198
calmante 407 -- de Zanetti 198
- contra-stimulante 148 Marmelo 364
45.
802 INDICE GERAL
Marmore (Modo de Mistura corroborante 224
lustrar o) 580 diuretica 243
Marroio branco 364 para fumar 280
Massa anti-boubatica 209 contra a gonorrhéa 234
- caustica de Rous- para lavatorios 486
selot 458 nitrada 391
de Canquoin 234 - obstetrica 249
de Vienna 428 odontalgica 408 , 440
para grudar louça 559 --- d'oleo de figado de
para tapar os den- becalháo 404
tes cariados 566 peitoral 142
Mastiche 364 purgante 400
Mastiques 557 salina composta 206
Mastruço 364 simples 205
Medicina popular 127 de sulfato de qui-
Meimendro branco 364 nina tartarisado 482
negro 365 terebent. opiacea 498
Mel de abelha 367 tonica 436, 514
de calomelanos 375 de valeriana 306
mercurial de Swe- Misturas 34
diaur 372 Modelo de uma formula 5
- rosado 447 Monesia 381
- scillitico 302
462 Morangueiro
Melissa 320 Morphina 440
Mellites 34 Moscada 382
Memorial therapeu – Moscas (Modo de des-
tico 604 truir as) 580
Mercurio 368 Moscho 122
- doce 372 Mostarda 384
gommoso de Plenck 369
V Mi'homens Moveis (Modo de lus-
381 trar os) 580
Minorativos 539 Mucilagem de gomma
Miolo de pão 384 alcatira 342
Mistura anti-asthma arabica 343
tica 144 --- para lustrar o ca-
antispasmodica 436 bello 562
aphrodisiaca 203 Mucilagens 34
balsamica 251 Muriato de baryta 234
benzoica 84 de ouro 413
brasileira 251 e soda 414
calmante e adstr. 80 Muriatos . V. Chloru-
cantharidea 202 retos
ALPHABETICO. 803
Musgo de Corsega 385 Oleo d'estramonio 36
islandico 386 --ethereo de feto
Myrrha 388 macho 300
-- d'euphorbia latyris 400
N - de figado de ba-
Narcoticos 338 calháo 400
Natrum 207 de fumo 36
Navalhas ( Massa para de herva moira 36
amolar as) 580 de johannesia 143
- ( Modo de fazer cor-- de macassar 587
tar as) 584 de mamona 404
Nigritina 564 de meimendro ne-
Nitrato acido de mer- gro 36
curio 380 de palma Christi 404
Nitrato de potassa 389 - - phosphorico 422
de prata 394 de ricino 404
Nitro 389 de sabugueiro 35
Nodoas (Modo de ti- de tartago 400
rar as) 584 de vitriolo 94
Noz de galha 304 Oleos essenciaes ou
moscada 382 volaleis 35
vomica 395 medicinaes 35
Opiato dentifricio 528
sulfureo 270
Obrêas 586 terebenthinado 499
Odontina 396, 528 Opiatos . V. Electua-
Oleados . V. Encera- rios 24 , 36
dos 25 Opio 404
Oleo de absinthio 35 Opodeldoch 192
de alfazema 35 * Orucú 504
deamendoas doces 397 Ouro 443
de arruda 35 Ouro ( Modo de co-
de belladona 36 nhecer os objectos de) 587
calmante 284 Ovos ( Conservação
de camomilla 35 dos) 587
camphorado 192 Oxalato de potassa 452
- de cantharidas 204 Oxydo branco de an-
de catapucia menor 400 timonio 148
de cicuta 35 de arsenico 157
de croton tiglium 398 de bismutho 476
essencial de tere- de calcio 187
benthina 497 de ferro negro 289
804 INDICE GERAL
Oxydo de ferro roxo 295 | Pastilhas de limão 38
vermelho 290 - de manná 361
de ouro 443 - tartarisadas 255
- rubro de mercurio 371 - mogolas 254
de zinco 445 de rosa 38
Oxymel de colchico 242 peitoraes 450
scillitico 462 de poaya 344
— simples 543 de santonina 468
Oxymellites 36 · de serralho 588
de Vichy 208
P 301
Pecegueiro
* Pão forquilha 446 Pediluvio sinapisado 385
* - de pente 416 Pedra de cauterio 428
pereira 446 - divina 478
santo 347 Pedrahume 129
Papel Fayard 499 - calcinada 132
Papel de vidro 588 Pedra infernal 394
Papel para matar as (Modo de tirar
moscas 580 as manchas de ) 586
Papoulas 448 Pedra lipes 478
Paraguay-Roux 98 Peixes (Modo de con-
Parietaria 448 servar os) 589
Parreira brava 77 Pelles ( conservação
Passas 449 das) 589
Pasta de amendoas 588 Pepino 419
Pasta peitoral de Re- Pepinos de conserva 589
gnauld 275 Pepsina 420
Pastas 36 Perchlorureto de ferro 294
Pastilhas 36 Pereira (casca de
de Calabria 362 páo) 416
de carvão 210 Periparoba 420
de cato 244 Perolas de ether 283
de Darcet 208 Persevejos (Destrui-
de enxofre 270 ção dos) 590
de ethiope marcial 290 Peso dos corpos mais
de ferro 288 importantes 590
ferruginosas 289 Peroxydo de ferro
de flor de laranja 38 hydratado 290
de hortelãa 38 Perpetua 420
- de iodureto de Persicaria 424
ferro 337 Pesos e medidas 59
>> de ipecacuanha 344 Pez de Borgonha 424
ALPHABETICO. 805
Phosphato de ferro 2941 Pilulas de assafetida 463
- de soda 421 compostas 463
Phosphoro 424 azues 370
Phosphoros 594 balsamicas 469, 497
* Picão da praia 422 de belladona 473
Pilulas 38 benedictas 125
-de acetato de chumbo 80 ― de brucina 184
de acido benzoico 84 - de cainca 486
de aconito 95 calmantes 263
adstringentes 434 , - de calomelanos 374
298, 497 camphoradas 193
e calmantes 485 -- contra o catarrho
de alcatrão 446 vesical 250
de aloes 125 - de chlor. de ouro 444
alterantes 374 - de cicuta 237
angelicas 426 e calomelanos 374
ante-cibum 126 - Ide citrato de ferro 293
-anti-bilosas 246,347 de codeina 443
- anti-catarrhaes cal- contra a dysenteria 95
mantes 407 de copahiba 250
anti-cephalalgicas 406 - de croton 399
anti-chloroticas 288 - de cyanureto de
anti-dysentericas 245 , mercurio 378
374 - de cynoglossa 405
anti- gastralgicas 477 — de deuto-iodureto
anti-gotosas 242 de mercurio 339
anti-hemoptoicas 493 - de digitalina 265
-anti-herpeticas 4 49 , 377 ― diureticas 272, 463
anti-hystericas 243 drasticas 273
anti-ictericas 126 , ― emmenagogas 78
237, 374 contra a epilepsia 280
anti-nevralgicas 280, 446, 477
406 de ergotina 220
anti-rheumaticas 95 escossezas 426
anti-septicas 493 -- estimulantes 396
antispasmodicas 123, estomachicas 389
463, 506 - de estoraque 278
-anti-syphiliticas 377 expectorantes 343 , 463
de arseniato de - de extracto de noz
ferro 159 vomica 396
-- - de soda 160 -- febrifugas anti-se-
- asiaticas 158 pticas 484
806 INDICE GERAL
Pilulas de ferro e aloes 289 | Pilulas de proto- iodu-
ferruginosas de reto de mercurio e
Andral 289 guaiaco 338
de Blaud 297 purgativas 127
de Vallet 297 e diureticas 246
de gomma gutta 346 de Rufus 125
compostas 346 de sabão 449
de Holloway 425 compostas 449
- de hydrochlorato Oscilliticas 452
de morphina 444 de strychnina 475
- contra a hydropisia 375 de sulfato de mor-
contra a inconti- phina 412
nencia de ourina 202 - de quinina 484
de iod . de chumbo 333 opiaceas 484
- de iodureto de ferro ― tartarisado 482
de Blancard 334 --- de sulfureto de po-
- de Bouchardat 336 tassa 487
de Piedagnel 336 - contra a tenia 497
e de quinina 336 de terebenthina 496
-- de lactato de ferro 294 tonicas 288, 290
de Lanthois 388 e antispasmod . 298
marciaes 288 de tribus 425
de meimendro e ci- -- de valerianato de
cuta 366 quinina 507
murcuriaes de Bel- de zinco 509
loste 374 vegetaes american . 127
de Biett 370 vermifugas 304
calmantes 370 Pimenta de cheiro 424
- - de Cullerier 377 * comary 424
de Plenck 370 da India 423
de Sédillot 369 ---• malagueta 424
odontalgicas 174 - negra 423
opiaceas alcanfo- do reino 423
radas 407 Pimentão 424
contra as ourinas * Pinguaciba 416
albuminosas 370 * Pinhão de purga 424
* Pipi 425
- contra as palpita-
ções 263 Plantas aromaticas . V.
de Pariset 452 Especies 274
peitoraes 450 Poaya 344
de proto-iodureto Poção absorvente 207
de mercurio 338 - de aconito 95
ALPHABETICO. 807
Poção adstringente 92 , Poção contra a febre
215 , 440, 493 typhoide 224
aluminosa 431 -febrifuga 186 , 465 , 482
anizada 446 - contra o garrotilho 453
- anthelmintica 446 a gastralgia 414
anti-acida 438 - de glycerina 340
anti-arthritica 242 - - gommosa 314
anti- emetica de de kermes contra-
Rivière 85 estimulante 154
anti-scorbutica 239 - de Laennec 152
anti-spasmodica 213, laxativa 362
283 de Levacher 482
– atrophica 340 com manná e rhui-
com tintura de barbo 444
digital 340 obstetrica 249, 220
- calmante 266 , 353 , oleosa purgativa 362
407. 412 --- contra as ourinas
- calmante de Cod . fr. 407 albuminosas 400
e anti-spasmo- peitoral 169
dica 283, 353 com perchlorureto
- de chloroformio 230 de ferro 292
- de Chopart 251 - phosphorica ethe-
de codeina 443 rea 422
de colchico 242 oleosa 422
contra-stimulante preservativa da es-
de Laennec 452 carlatina 174
de digitalina 265 purgante 273, 403
diuretica 82, 88 , 264 dos pintores 637
contra a dysenter. 407 - purgativa com café 471
a dysmenorrhea 440 ― contra a salivação 333
effervescente 85 -desimaruba opiacea 474
contr.a embriaguez 438 - de Stahl 144
-emetisada e nitrada 154 - de Stearns 220
emmenagoga 79 , 140 , stibiada 153
454 - stibio-opiacea de-
--- contra o envenena- Collin 453
mento pelo arseni- - --- de Peysson 153
co 296 de Stutz 207
a epilepsia 138 sudorifica 140
de ergotina 220 -- de sulfato de qui-
estimulante 184 nina 482
-- excitante 140, 506 - - o tetano 283
808 INDICE GERAL
Poção tonica 92, 140 , 444 | Pomada epispastica
· de valerianato de com camphora 204
quinina 508 contra a espinha
de zinco 540 carnal 494
vermifuga 385 febrifuga 483
Poções 38 -- contra as fendas
Poejo 425 ou rachas do anus 81
Polpas 38 · contra as frieiras 179
Polvilho 425 - de fuligem 303
Polygala amarga 425 - fundente 371
senega 426 de Gondret 138
de Virginia 426 conta a gota 540
Pomada alcalina de de Helmerick 206
Biett 208 ― de hydriodato de
opiacea 206 potassa 339
alcanforada 196 -de hydrochlorato
de alcatrão 446 de morphina 441
- alvissima 276 - indiana 592
anti-dartrosa 432, 208 - iodurada 333
232, 379 de iodureto de
anti - hemorrhoidal chumbo 334
305 , 306 de iodureto de
anti-herpetica 375,381 enxofre 334
anti- psorica 206 , 271 - de iodureto de ferro 337
- anti-syphilitica 372 - dos irmãos Mahon 488
d'Autenrieth 452 ----- de Janin 446
para os beiços 398 - marcial 298
de belladona 174 - melaincome 564
de bromureto de mercurial anodyna 367
potassio 184 opiacea 369, 372
para o cabello 594 de monesia 382
de calomelanos 375 napolitana 369
composta 375 ophthalmica 84 , 290 ,
de creosota 256 374 , 372, 394
de cyanureto de de Desault 372
mercurio 379 de Dupuytren 372
de Cirillo 377 de Guthrie 81
de deuto-iodureto de Regent 374
de mercurio 339 de Sichel 371
digitalina 265 -- de Velpeau 394
- - epilatoria 208 - de ouro 413
- epispastica 203 -- oxygenada 88
ALPHABETICO. 809
Pomada de pepino 420 | Pós adstringentes 130
- de perchlorureto adstringentes opia-
de ferro 293 ceos 130
- de phosphoro 422 para agua ferrea 107
- phosphorica cam- para agua de Seltz 404
phorada 422 de aipo 40
- de proto-iodureto de alcaçus (raiz ) 40
de mercurio 338 de alcaçus (succo) 44
-- de proto - nitrato de almiscar 44
de mercurio 380 - de aloes 44
purgante 247 de althéa 40
contra a queda do de alvaiade 45
cabello 203 contra a amenor-
contra a sarna 232 , 274 rhéa 295
saturnina 81 - de angelica 40
stibiada 152 de angustura 42
com sulfato de anti-acidos 356
quinina tartarisado 482 anti-chloroticos 288
sulfurea 270 anti-dartrosos 270
- Ide sulfureto de anti-dysentericos 373
mercurio 379 anti-septicos 194, 438
-sulfuro-saponacea 271 anti- spasmodicos 423,
de tannino 494 242, 263, 477 , 506
- para tingir o ca- aphrodisiacos 123 , 133
bello 564 d'arnica 40, 42
-- contra a tinha 241 , - d'arroz 42
486, 488 - arsenicaes febrifu-
- de trovisco 503 gos 458
-de turbitho mineral 384 - d'assafetida 44
- de veratrina 540 de balsamo de tolu 44
Pomadas 38 de bardana 40
Pombinha 427 de baunilha 43
S$

Ponche 447 de belladona 41


Pontas de veado 427 - de benjoim 44
Pós 38 de bicarbonato de
4392

Pós de açafrão 42 soda 45


- de acetato de de bolo armenio 45
chumbo 45 de bryonia 40
de acido citrico 45 de cal 45
de acido tartarico 45 - de calomelanos 45
de aconito 44 de calumba 40
- de acoro 40 - de camomilla 42
840 INDICE GERAL
Pós de camphora 44 Pós de dormideiras 42
de camphora para - de Dower 406
cheirar 495 - - d'elleboro 40
· de canella 42 d'emetico 45
de cantharidas 44 emeto-catharticos 344
de carbonato de emmenagogos 389, 454
magnesia 356 estimulantes 309
de cardamomo 42 estomachicos 188 , 307,
· de carvão 45 435
de casca de Winter 42 expectorantes 344
de cascarilha 42 -- febrifugos 435, 484
de castoreo 44 ferruginosos 297
de cato ·44 de feto macho 41
de cato composto 245 - de Fordyce 443
- causticos de Vienna 428 - do Frei Cosme 458
- de centaurea menor 42 - fundentes 374
-decenteio espigado 43 - de galbano 44
de chlorureto de de genciana 40
ouro e sodio 444 - de gengibre 40
- de cochonilha 44 de giz 45
de colophonia 44 de gomma alcatira 43
- de coloquintida 42 ammoniaca 44
de contraherva 40 arabica 43
- contra a coqueluche kino 44
450, 173 --- de guaiaco (páo) 44
contra-stimulantes 390 -de guaiaco (resina) 44
de coral 44 hemostaticos 132
- de cremor de tar- -- de herva doce 42
taro 45 - d'inula campana 40
- de cubebas 42 de ipecacuanha 40
- de curcuma 40 dos irmãos Mahon 488
dentifricios 526 , 527 , de jalapa (raiz) 40
528 de jalapa ( resina) 44
alcalinos 528 de James 149
antiscorbuticos 527 · de Joannes 371
- depurantes de Ja- de kermes mineral 44
ser 449 de labaça 40
desinfectantes 438 -- de laranjeira 44
desinfectantes 567 de linhaça 43
- digestivos 446, 209 de lirio florentino 40
de digital 44 de lithargyrio 45
diureticos 263 , 4621 de magnesia 20
ALPHABETICO. 844
Pós de Mahon 188 Pós de sandalo 44
de mastiche 44 -- de sangue -drago 44
- de meimendro 44 - de sassafrás 41
de mostarda 43 saturninos 80
de musgo de Cor- de scilla 44
sega 43 - sedantes 366
- de musgo islandico 43 de Sedlitz 86
narcotico-tonicos 406 · para agua de Seltz 404
- de nitro 45 de Seltz 86
- nitro-camphorados 390 de semente contra 42
de olhos de caran- - de senne 44
guejo 44 - de serpentaria de
- de olibano 44 Virginia 40
-contra o ophthalmia 84 de siba 44
d'opio 43 - de simaruba 41
- d'opoponaco 44 de sublimado 45
- de parreira-brava 40 de succo d'alcaçus 44
de pedrahume 45 de sulfato de ferro 45
de peonia 40 -de sulfatode potassa 45
de pimenta 42 de sulfato de qui-
de polvilho camph . 194 nina 484
para provocar nos de sulfato de zinco 45
pés a transpiração de tartrato de po-
supprimida 442 tassa 45
purgantes 346, 373 -para tingir o ca-
---- purgativos comci- bello 564
trato de magnesia 358 - de tolú 44
de pyrethro 40 - tonicos 295
de quassia 41 - de tormentilla 40
---- de quina 42 - de valeriana 40
- - e carvão 439 -- de valerianato de
-contra o rachitismo 289 zinco 540
de ratanhia 40 - de verdete 45
- de rhubarbo 40 vermifugos 301 , 373 ,
----- de rhuibarbo e 465
magnesia 356 - de Vienna 428
de rhubarb. e opio 444 - de violas 42
de rosas rubras 42 vomitivos 344
--- de sabina 44 Potassa caustica 428
de salepo 44 Prata (Modo de lim-
de salsaparrilha 40 par a) 593
contra a sarna 486 Precipitado rubro 364
842 INDICE GERAL
Proto-acetato de mer- Ratanhia 440
curio 380 Ratos ( Veneno para os) 594
Proto - carbonato de Receita 1
ferro 293 Receitas diversas 545
Proto -chlorureto de Refrigerantes 542
ferro 291 Regulo de antimonio. 147
— de mercurio 372 Relaxantes 530
Proto iodureto de Remedio de Durande 498
ferro 334 ― contra a solitaria 499
de mercurio 337 - de Nouffer contra
Proto-nit. de mercurio 380 a solitaria 304
Protoxydo de chumbo Repercussivos 548
fundido 350 Resina de guaiaco 318
* Purga de gentio 143 ― de jalapa 346
Purgante leitoso 273 Resolventes 548
de Leroy 273 Retratos ( Modo de
de magnesia cal- limpar os) 594
cinada 356 Revulsivos 544
de rosas composto 446 Rhuibarbo 442
Viennense 470 Rhum 446
Purgantes 539 Robe anti-syphilitico 456
Purificação dos quar- - depurativo 472
tos dos doentes 593 Robes 16
Pyrethro 429 Rolhas esmerilhadas
Pyrophosphato de (Modo de tirar as) 576
ferro 294 Romeira 444
Rosa branca 446
Q rubra 447
Quadros dourados Rubefacientes 544
(Modo de limpar os) 593
Quassia 430
Quatro flores peitc- Sabão 448
raes 275 amygdalino 449
Quina 432 ―― branco 448
* do Brasil 439 - de jalapa 346
* Quitôco 440 medicinal 449
-transparente 449
R verde ou preto 449
Racahout dos Arabes 185 Sabina 450
Raiz da China 224 Sabugueiro 454
de Guiné 425 Saccharoleo de aniz 46
Raiz preta 486 -- de bergamota 46
ALPHABETICO. 843
Saccharoleo de cidra 46 Sanguesugas ( Modo
ce laranja 46 de utilisar as ) 595
- de limão 46 Santonina 465
Saccharoleos 46 * 458
Sapé
Saccharuretos 46 Saponaria 458
Sal amargo 358 Saponina 579
ammoniaco 144 Saquinhos cheirosos 595
de azedas 452 Sassafrás 459
- cathartico amargo 358 * Sayão 460
- de Cheltenham 484 Scilla 460
de chumbo 79 Seccativos 549
- commum 233 Seda ( Modo de lim-
- de cozinha 233 par a) 595
― (Modo de conhe- Sedantes 538
cer a falsificação do ) 594 Sedlitz Powders 86
---- diuretico 84 Semente contra ver-
- de duobus 478 mes 464
de Epsom 358 Senne 468
- essencial de Laga-
Serpentaria de Virgin. 472
raye 29 Simaruba 453
- de Glauber 483 Sinapismo 384
de Guindre 484 - fraco 385
- inglez 358 Soda Powders 86
marinho 233 water 209
― de nitro 389 Solução arsenical 458
polychresto de Gla- - atrophica 340
ser 478 de borax 179
- de Saturno 79 -- cyanurada 379
sedativo de Hom- - de cyanureto de
berg 84 potassio 259
- de Sedlitz 358 - desinfectante 232
de Seignette 495 ― do deuto-iodureto
de tartaro 205 de mercurio 339
vegetal 495 ferruginosa contra
Salepo 452 a erysipela 298
Salitre 389 - de gomma 343
Salsa hortense 453 - hemostatica 220
Salsaparrilha 453 de nitrato de prata 394
- iodurada 340 contra a ozena 224
Salva 457 de perchlorureto
Sangue de drago 458 de ferro 293
814 INDICE GERAL
Solução de proto-iodu- Sulfureto de antimo-
reto de ferro 336 nio 448
- para tingir o cabello 564 - de cal 486
Soluções 46 de mercurio 379
Soluto antisyphilitico 481 de potassa 487
iodurado rubefa- de sodio 488
ciente 344 Sumos medicinaes 47
-- ― para uso exter- Suppositorio irritante 154
no 344 Suppositorios 47
de Pearson 460 * Surucura 488
Soro de leite 475
471 T
de Weiss
Sparadrapos 23 Tabaco 489
Squina 224 Tabellas . V. Pastilhas 36
Strychnina 475 antimoniaes de
Sub-acetato de chum- Kunkel 149
bo liquido 285 *Tajuja 76
Sub-borato de soda 478 Tafetá 26
Sub-carbonato deam- Talco 491
moniaco 141 Tamarindos 494
1 de chumbo 204 Tanasia 164
de ferro 295 Tanaceto 164
de potassa 205 Tanchagem 492
de soda 207 Tannino 492
Sub-deuto-sulfato de Taraxaco 494
mercurio 384 Tartaro chalybeado 299
Sublimado corrosivo 375 emetico 451
Sub-nitrato de bis- stibiado 154
mutho 476 Tartaruga (Modo de
Succino 433 soldar a) 595
(Modo de soldar o) 595 Tartrato acido de po-
Sudorificos 544 tassa 254
Sulfato de alumina 467 -antimoniado de pot. 154
e potassa 129 de magnesia 359
de cobre 478 neutro de potassa 495
de ferro 296 - de potassa e antim. 151
de magnesia 358 e ferro 299
de morphina 444 - - e soda 495
de potassa 478 Temperantes 542
de quinina 479 Terebenthina 495
de soda 483 Terrafoliada de tartaro 84
- de zinco 484 243
- japonica
ALPHABETICO . 815
Theriaga Tintura de contraherva 48
500
Thermometro - de cravo da India 48
70
Thesouro da bocca 239 - de digital 48
Thridacio - diuretica
28, 149 463
Tilia 500 de elleboro negro 48
* Timbó — de escamonéa
500 48
*Tinhorão 504 de estramonio 48
Tintas de escrever 596 de feto macho 300
para adega - de fuligem
597 302
da China 599 de genciana 48
para hortas 598 ammoniacal 307
para marcar roupa 597 de gengibre 48
sympathicas - gengival
598 438
(Modo de tirar as - de gomma ammo-
manchas de) 582 niaca 48
Tinteiros ( Modo de - de guaia 48
- co
limpar os) 599 de inula campana 48
Tintura de absinthio 48 -- de jodo 332
- d'açafrão -- de ipecacuanha
48 48
- d'aconito 48 de jalapa 48
de agrião do Pará 97 -de marte tartarisada 299
de almiscar - de meimendro
48 48
de ambar amarello 48 de monesia 382
de ambar gris - de myrrha
48 48
antiscorbutica - de noz vomica
239 48
aromatica sulfurica 92 de opio 48
de assafetida 48 alcanforada 405
balsamica --- de pyrethro
477 430
de baunilha 48 etherea 430
de belladona 48 de quassia 48
de benjoim - de quina
48 48, 435
de benjoim com- composta 435
posta 477 de rhubarbo 48
Bestucheff - de scilla
292 48
de canella - de senne
48 48
de cantharidas 48 de succino 48
etherea 201 de terebenthina 48
de cascarilha - thebaica
48 405
de castoreo - de tolu
48 48
de cato 48 - etherea 470
de cicuta - de valeriana
48 48
de colchico 48
Tinturas 47
816 INDICE GERAL
Tinturas ethereas 49 Unguento de estoraque 278
Tisanaanti-scorbutica 239 - de Genoveva 496
de aveia solutiva 464 da mãi 354
· contra morbo 474 - mercurial de Beau-
diuretica 394 mé 369
iodurada 340 - duplo 369
de Mascagni 207 opiaceo 369
purgativa 484 - napolitano 369
Tisanas 49 populeão 175
Tonicos 542 rosado 446
Topico sedante 230 composto 447
Tormentilla 504 roxo 354
* Trapoeraba 504 ― de sabina 451
Tratamento da Cari- sulfureo 271
dade 635 de tuthia 416
Trevo aquatico 504 Unguentos 49
Triaga 500 * Urucú 504
Tritoxydode ferro hy- Uva ursina 504
dratado 290
Trombeteira 502
Trovisco 502 Valeriana 504
Turbitho mineral 384 Valerianato de quinina 507
vegetal 502 de zinco 508
Tussilagem 502 Vassoura 540
Tutano de boi 593 Velinhas V. Bugias 49
Tuthia 445 Venenos para a des-
truição dos ani-
maes nocivos 594
* Uassacú 464 Veratrina 540
*Umbauba 433 Verbasco 544
Unguento de althéa 129 Vermelhão 379
d'Arceus 496 Vermifugos 521
basilicão 245 Vermuth 599
branco 277 Verniz 599
de Rhazès 205 Veronica 512
cinzento 369 Vesicatorio 202
citrino 380 Vidro (Composição do)599
digestivo animado 496 (Modo de escrever
- mercurial 369 sobre o) 600
opiaceo 496 --- (Modo de impedir
simples 496 que se quebre pelo
diuretico 463 calor) 600
ALPHABETICO. 817
Vidro ( Modo de lim- Vinho de rhubarbo 443
par as garrafas de ) 600 composto 443
(Modo de tirar o scillitico 54 , 462
lustro ao) 600 -desulfato de quinina 481
Vinagre 542 --toni-nutrivo 437
Vinagre de alecrim 50 (Modo de collar o) 603
de alfazema 50 Modo de reme-
antiseptico 543 diar o azedume do) 604
aromatico 543 Vinhos medicinaes 50
aromatico inglez 543 | Viola ou Violeta 545
de café 486 Visco marinho 560
camphorado 492 Vitriolo azul 478
de colchico 50, 242 branco 484
cosmetico 604 verde 296
de cravos 50 Vomitorio purgante
de framboezas 50 de Leroy 470
dos quatro ladrões 513 Vomitorios V. Emeti-
- radical 83 COS 529
rosado 50
50 X
de sabugueiro
de salva 50 Xarope de absinthio 55
- scillitico 49, 462 - de açafrão 58
Vinagres medicinaes 49 - de acetato de mor-
Vinho 544 phina 52
de absinthio 50 de agrião 55
amargo 4 31 , 437 de agriões do Pará 98
antimoniado 452 de aipo 54
aromatico 275 de alcatrão 445
de Balardini 220 - de alface 54
chalybeado 288, 299 de althéa 56
de colchico 51 , 242 - de amoras 54
de coloquintida 246 - de amendoas 57
diuretico 211 antigotoso 347
emetico 152 de artemija 35
febrifugo de Seguin 437 de assucar 52
de genciana 50 de avenca 466
de inula campana 50 I de belladona 53
de iodureto de de borragem 55
ferro 337 de camomilla 55
- de ipecacuanha 343 de canella 54
de quassia 434 de capillé 166
de quina 51 - de cascas de laranja 55
46
818 INDICE GERAL
Xarope de cascas de Xarope de gomma 54

2010
laranja amarga 55 de groselhas 54
de cascas de limões 55 ---- de hera terestre 54
de cato 54 de hortelã 54

200
de cerefolio 55 --- de hydrochlorato
de cerejas 54 de morphina 411
-chalybeado deWil- de hysopo 54
lis 297 iodurado 340
- de chicoria com- de iodureto deferro
posto 223 334, 337
de chloroformio 230 - de ipecacuanha 343
· das cinco raizes 237 de karabé 53
de citrato de ferro 294 - de Labelonye 263
- de cochlearia 55 - de lactato de ferro 294
de codeina 412 - lactucario 449
commum 52 de Lanthois 388
de consolda 56 de laranja 54
de copahiba 252 - de limão 34
· contra a coqueluche 407 de losna 55
de couve rubra 55 de maçãa 54
de cravos 55 de madresilva 55
de Cuisinier 456 marcial 299
de cynoglossa 56 de marmelo 54
depurante 455 de marroio 54
diacodio 53 --- I de meconio ou
de digital 262 diacodio 53
de dormideiras 53 de meimendro 53
-- de dulcamara 57 de monesia 382
de ergotina 220 -de musgo de Corsega 57
de espargos 54 · de narciso 55
de espinheiro camb . 56 - de nymphea 55
de estoraque 278 de oleo de figado
de estramonio 53 de bacalháo 401
de ether 52 de opio 53, 405
ferruginoso 296 de orxata 57
-de figado de enxofre 487 - de papoulas 55
de flor de laranja 54 de peonia 55
de flores de pece- peitoral 266
gueiro 55 de perchlorureto
de framboezas 54 de ferro 292
de fumaria 56 - de pevides de me-
de genciana 56 lancia 58
ALPHABETICO. 819
Xarope de poaya 343 Xarope de sulfato
de pontas de es- de quinina 53
pargos 54 --de sulfureto de po-
-- de Portal 307 tassa
-- de quina 487
434 de thridacio 53
Vinoso 435 de tolu 56
de ratanhia 53 de trevo aquatico 56
de rhubarbo 56 - de tussilagem 55
composto 223 - de valeriana 57
de romaa 54 vermifugo 386
de rosas 54 vinagre com fram-
de rosaspallidas 56,446 boezas 54
- de salsaparrilha 454 de violetas 55
simples 52 Xaropes 54
simples branco 54 Z
sudorifico 456 Zimbro 545
de sulfato de mor- Zinco ( Modo de lim-
phina 52 par o) 603
INDICE METHODICO

DAS MATERIAS .

Prologo v | Classificação dos me-


Abreviaturas VII dicamentos 547
Receitas diversas 545
Arte de formular 1 Memorial therapeu-
Fórmas pharmaceuti- tico 604
cas dos medica- Indice francez e por-
mentos 12 tuguez 755
Pesos e medidas 59 Indice das figuras 768
Areometro 66 Indice dos Autores 770
Thermometro 70 Indice geral alpha-
Formulario 76 betico 784

FIM.

PARIZ. - TYPOGRAPHIA DE JULIO CLAYE, RUA ST. BENOIT, 7


7
109
89097444384

b89097444384a
89097444384

B89097444384A

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