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Moritz

Era mais um dia normal em Daelos, pássaros cantavam pelos céus azuis, pessoas
levantavam pela manhã e faziam suas necessidades... nada de diferente acontece nas
ruas. É então que Rachenarr acorda, em dormindo em uma cama que é praticamente
um pano que serve apenas para ele não dormir diretamente no chão, ele se levanta,
sentindo uma dor imensa nas costas mas ele não tem tempo para pensar sobre isso,
ele tem que comer rápido e ir até o castelo.
ele sai do seu quarto que mal cabe a ele mesmo, e vê logo a cozinha de sua casa, seus
dois irmãos ainda bebês estão pelados pelo chão da casa, sua mãe esta tentando fazer
um ensopado para o café da manhã sua irmã não está em casa, ele presume que
provavelmente deva estar tentando conseguir algum dinheiro extra lavando roupas
dos vizinhos. Ele tira um de seus irmãos de cima da mesa no meio da casa colocando-o
no chão com cuidado, ele então fala com sua voz rouca porem gentil para a sua mãe.

-- Ei mãe... tem sopa para que eu possa tomar... acho que estou me atrasando.

Sua mãe acena com a cabeça, e coloca alguma sopa para ele em um pote de barro
sujo, ele pega uma colher de madeira que claramente não vê agua a algum tempo,
mas antes mesmo que a colher entre em contato com o ensopado, ele é interrompido
por um rompante de guardas que entram em passos largos dentro de sua pobre casa,
o maior e mais bem vestido deles (que ele identifica como sendo o comandante da
guarda real) então abre um pergaminho e diz com uma voz Grossa que parece ecoar
por toda a casa

-Senhora Giselda, você esta sendo indiciada a prisão por conta de seus crimes contra a
Coroa, que incluem a pratica de rituais de Bruxa e o assassinato de duas crianças
locais.
-Eu... eu jamais faria isso!- diz Griselda com o desespero em sua voz- Eu não sou uma
bruxa... jamais machucaria crianças! Jamais!.

Mas os guardas mal a deixam terminar a frase, e a seguram a força, prendendo seus
braços a força nas costas, indo embora e ignorando tudo o que deixam para trás.
Rachenarr esta caído no chão, em desespero, existem tantas coisas em sua mente o
que fazer? Seria sua mãe culpada? Ele tinha que resolver isto, mas como? Com quem
ele deixaria seus irmãos enquanto iria até o castelo? Ele deveria ir com sua roupa
habitual?. Enquanto ele se faz tantos questionamentos e se levanta, sua irmã chega, e
ela diz com uma voz preocupada
-Eu acabei de chegar, estão levando a mamãe!!! Por quê???
Rachenarr finalmente se levanta por completo, colocando seus pensamentos no lugar
ele diz tentando se concentrar
-Cuida dos nossos irmãos... eu... eu vou dar um jeito nisso.

Ele veste rapidamente sua roupa de bobo da corte e sai em passos longos em direção
ao castelo.
Quando ele chega finalmente ao castelo, percebe a grande movimentação na praça
em frente ao castelo, a fogueira está sendo feita em uma velocidade alarmante, ele
tenta ignorar e seguir para dentro do castelo. Mesmo já trabalhando lá a anos ele
ainda conseguia se perder naqueles corredores que mais pareciam labirintos sem fim...
ele eventualmente chega até a sala do trono, a grande porta de madeira encrustada
com ouro e prata em sua frente ele então faz a sua batida de aviso “tok TOKTOK” e
entra tentando forçar um sorriso mas ainda com a preocupação evidente em seus
olhos.
-v-v-vossa majestade!!! Estou aqui para lhe fazer cair em gargalhadas, vibrar de
felicidade e sentir-se como uma criança novamente hahaha
O rei que até então estava apenas olhando para as janelas, então olha para Moritz,
lendo sua expressão de quem quer pedir algo.
-Diga o que quer logo. Não tenho tempo para suas piadas hoje.
Ele diz isso ao bobo da corte sem nem mesmo olhar para as piruetas a gracinhas que
ele tenta fazer ao adentrar no grande salão, Moritz então se encolhe com a presença
do rei, ele fala em um tom baixo
-bem, grande majestade, veja bem... hoje... pela manhã diversos guardas invadiram
minha humilde casa... e bem... eles simplesmente levaram a minha mãe... chamaram
ela de bruxa e-
sua fala foi interrompida quando o rei bate no braço de sua poltrona imponente,
fazendo um som ecoar por toda a sala. Ele agora tem uma expressão de ódio em seus
olhos, ele olha para Moritz, o que faz um frio subir por sua espinha e ele engole seco.
O rei então diz
-você, um pobre coitado que tem sorte que eu o deixo viver, vem até MINHA SALA
reclamar dos MEUS GUARDAS? Quem você acha que ordenou que eles fossem até lá?
A muito tempo já tenho feito vista grossa para sua família, seu pai sumiu, e ainda
espera que eu acredite que você pode ser o homem de lá? Apenas uma aberração
Moritz dá um passo para trás, mesmo sendo apenas palavras ele nunca havia se
sentido tão ameaçado ali, ele junta forças do fundo de si, então consegue trazer de
volta a sua postura e faz sua última tentativa.
- Mas senhor, eu lhe garanto, dou a minha palavra de que nem eu, e nem nenhum dos
membros de minha família jamais ousariam mexer com as artes profanas, por favo –
ele é interrompido pelo rei mais uma vez, agora ele se levantou de sua cadeira, parece
dez vezes mais alto do que Moritz, ele então diz:
-Este é seu ultimo aviso, saia desta sala agora, e eu não iria exigir isto antes mas agora
você será OBRIGADO a assistir a queima daquela bruxa, pouco me importam suas
vontades.
Moritz não possui mais palavras, ele sai da sala a passos lentos sem saber o que pode
fazer. O resto do dia para ele foi como um flash ele não via nada, não pensava em nada
só queria morrer logo, talvez se jogando de alguma das torres do castelo... mas então a
tarde chegou, ele foi escoltado até a praça central por guardas que fizeram questão de
o deixarem bem em frente a fogueira ele não conseguia pensar corretamente em nada
nem ouvir ao seu redor ele apenas via sua mãe naquela fogueira, em prantos, as
lagrimas caiam de seus olhos pouco antes de começarem a queima-la e quando
acendem a fogueira, o fogo começa a consumi-la lentamente e ele fica lá, estático sem
ter nenhuma reação, e é neste momento em que a noite cai e ele sente algo
despertando em si mesmo, um ódio que ele nunca havia sentido antes ele quer...
matar o seu rei, e ele vai fazer isso, custe o que custar.

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