Minha internação, lenta e consentida, demorou afundados na lentidão teórica e burocrática, os que me
dois anos. Institucionalizei-me aos poucos, acostuman-
do-me com a ideia da loucura. Para minha surpresa, re-
velei-me mais saudável mentalmente que a esmagado-
ra maioria das pessoas consideradas normais. Aprofun-
dando minha análise (tive tempo para isso), cheguei à
conclusão que o mundo enlouqueceu. Distanciou-se do
equilíbrio mental. Preconceitos e discriminações, a-
grante falta de respeito ao outro, violências, desonesti-
dades, remédios demais e saúde de menos, stress, falta
de tempo para as coisas que verdadeiramente interes-
sam. A lista é extensa e contra fatos difíceis de argu-
mentar.
Neste cenário, não há tempo nem disposição para
cuidar do outro. Estão todos ocupados e lutando para
sobreviver. E por falta de cuidado e atenção, as relações
se deterioram e adoecem, provocando sintomas em to-
das as pessoas. Com os vínculos afetivos comprometi-
dos, com as relações adoecidas, vamos nos tornando
ilhas, sentimentalmente isolados. As conexões tecnoló-
gicas mascaram esse isolamento e dicultam ainda
mais a sua constatação. Isolados, adoecemos! E pela
distância entre nós construída, ninguém percebe. Os
sintomas se acumulam, o desequilíbrio avança e a do-
ença toma conta. O que antes não víamos, agora todos
percebem. E se o desequilíbrio é mental a solução é o
descarte! Se a sociedade, vivendo de superfície, é impo-
tente para manter relações saudáveis, o que dizer de
uma relação comprometida pelo desequilíbrio?
Admirado de me descobrir interno? Onde estavam
todos quando ainda havia tempo? Acomodados na in-
diferença, uns ocupados no interesse pessoal, outros
O ALIENISTA
analisavam. Há um senso de urgência aqui! Esse que
você atende é o moribundo que assiste estupefato a
equipe médica discutir o melhor tratamento, enquanto
caminha para o óbito. É como uma casa em chamas,
esperando incrédula os bombeiros denirem a melhor
forma de debelar o fogo. Ao término só encontrarão cin-
zas. Há um senso de urgência aqui!
“
“
Quando a caridade é muito
discutida, o socorro chega tarde.
Chico Xavier
E ao nos deparar com as intermináveis discussões e
reuniões de gabinete, nos sentimos esquecidos. Falo
por todos os que aqui estamos. Aqui, é o ponto nal da
negligência humana, da indiferença e da hipocrisia de
muitos, que transferem a responsabilidade, saindo de
cena e ocupando lugar em platéia que acusa, grita, de-
sespera-se e não age! Território de despejo, de um des-
governo coletivo, de uma sociedade que se revela inca-
paz de exercer a humanidade com competência.
Aqui é onde a fragilidade dos controles sociais na-
turais se revela, pela inexistência de vínculos que forta-
leçam a Rede de Proteção.
Uma rede humana, familiar, comunitária, que deve-
ria estar aí, pronta, fortalecida... atuante! Mas não está!
Aqui, onde os efeitos da Judicialização da Saúde re-
velam-se com toda sua força e insanidade, o ponto -
nal, a última estação de um calvário que não encontrou
atendimento e bondade, bom senso e justiça.
 Aqui é a CASA VERDE, um hospital psiquiátrico,
um Manicômio, que há quarenta anos presta um servi-
ço extraordinário, de humanidade, de amor, dedicação
extrema, de lutas, vitórias, curas e reinserções sociais.
Devolvendo ao humano sua capacidade de gerir-se, re-
lacionar-se, viver e ser feliz! Uma Instituição que fez e
faz história, referência em atendimento em Saúde Men-
tal. Hoje, de um lado desprezado por uma Política Públi-
ca que o inseriu em um contexto amplo, estigmatizado,
rotulado, por m condenado! Um contexto do qual, ar-
mamos, ele nunca fez parte! De outro, surge como sal-
vação para a crescente epidemia das drogas, voltando
ao cenário como “depósito”? Humano, agora garantido
e reinserido legalmente pelas compulsórias!
E mais uma vez, heroicamente cumpre seu papel,
reorganizando-se, sofrendo, lutando, e reconstruindo-
se, para nos receber, como último recurso social, nós os
protagonistas desenganados. E o faz! Não sem dor. Não
sem sofrimento! Mas consegue. E tem exemplos, fatos,
histórias, nomes. Tem um rosto, tem uma face, que ma-
chucada e confundida com todas as identidades que
busca resgatar, tem a coragem e a dignidade, ainda
muito humana e imperfeita, de oferecer a outra face.
Essa outra face de possibilidades ilimitadas, garan-
tidas por um Projeto de Transformação consistente, pla-
nejado, testado e avalizado pela Pró Saúde Mental. Que
nos proverá a mesma humanidade recebida até então,
impedindo que continuemos esquecidos e abandona-
dos pela sociedade.
Perdoem-me o desabafo! Mas é por conta desse
descaso e hipocrisia, desse desgoverno coletivo, que
muitos rompem com a lucidez e embrenham-se nos es-
curos caminhos da incompreensão e da revolta. Passam
a desacreditar da Sociedade, do País e por consequên-
cia do próprio Homem. Transformam-se em arautos do
pessimismo, do desânimo e da desordem. Fixam-se de
um lado na apatia, minando toda e qualquer iniciativa
do Bem e, de outro na revolta, que alimenta o já desa-
justado cenário social da vida. Posicionamento inútil,
pois além de não produzir Bem algum, permite a multi-
plicação do mal.
Não é esse o caminho! Nossos vínculos precisam
ser fortalecidos. A Sociedade precisa sair do comodismo
e assumir-se protagonista das urgentes mudanças.
Carecemos, todos, de um olhar diferente, que rom-
pendo a casca das aparências revele o sentido profundo
dos fatos, muito além dos movimentos de superfície.
Carecemos dessa classe de homens que sem revoltas e
apatias, transformem a indignação em combustível pa-
ra as verdadeiras mudanças. Precisamos de seres hu-
manos com brio e coragem para abandonar as dis-
cussões estéreis e agir em profundidade, realizando as
transformações necessárias.
Precisamos de alienistas a diminuírem o esta-
do de alienação generalizada de nossa Sociedade!
Evandro Bogo
Consultor Associado da Empresa Gestão
Sustentável; Multiplicador dos Indicadores
ETHOS para Negócios Sustentáveis e
Responsáveis do Instituto ETHOS; Consultor
de Empresas, Educador e Empreendedor
Social; Presidente da Aliança Municipal
Espírita (AME) e voluntário em Projetos
Sociais; Conferencista e Palestrante.
O ALIENISTA
 Noam Chomsky

“ A população geral não

sabe o que está acontecendo,
e eles nem sequer sabem
que não sabem.
“
FOI NOTÍCIA
Acompanhe como a religião está presente
no Brasil e no mundo. Veja o que foi notícia.
EDITORIAL
Informações técnicas, Ao Leitor,
Agradecimentos e “Onde Encontrar”.
O PESQUISADOR
DE RELIGIÕES
Orlando Nussi lançou seu
14º livro cuja renda é des-
tinada à obras de caridade.

OPINIÃO
DEUS E O HOJE
Leia opiniões e
participe na próxima Benedito José fala sobre
edição (Abr-Jun/2016). espiritualidade e as
mudanças no ser humano.

{rasgando o véu} {aprofundando}

Saiba como o estudo das pirâmides inuenciou
PIRAMIDOLOGIA dezenas de egiptólogos, lósofos e religiosos O TÚMULO DE
Artigo especial na composição de suas ideias e teorias.
CHARLES TAZE RUSSELL
FUNDADOR DAS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ
por Allan Aldebram
Saiba a relação das
Testemunhas de Jeová e
a pirâmide de Quéops.

Após conquistar respeito em sua carreira de Machado de Assis

médico na Europa e no Brasil, o Dr. Simão Bacamarte 1905, pintado por
Henrique Bernardelli.
retorna à sua terra natal, Itaguaí, para se dedicar
ainda mais à sua prossão.
Certo dia o Dr. Bacamarte resolve se dedicar aos
estudos da psiquiatria e constrói na cidade um ma-
nicômio chamado Casa Verde para abrigar todos os
loucos da cidade e região. Em pouco tempo o local
ca cheio. No começo os internos eram realmente
casos de loucura e a internação aceita pela socie-
dade, mas em certo momento ele passou a enxergar
loucura em todos e a internar pessoas que causa-
vam espanto. {O Alienista - 1882}

O ALIENISTA
 LIVROS, MÚSICA
E OUTRAS MÍDIAS
MENSAGENS
ESPIRITUAIS

{ecumenismo}

PAPA
TRIÂNGULOS FRANCISCO
DO NAZISMO
Os campos de concentração
nazis, durante a Segunda
Guerra Mundial, possuíam
um sistema de guras ALLAN KARDEC
geométricas em forma de
Allan Kardec foi propagador da
triângulos, para auxiliar
doutrina espírita. Foi educador,
na identicação do tipo
escritor e tradutor francês.
de pessoa que a portava.
Conheça as obras de Hippolyte
Léon Denizard Rivali.

BIOGRAFIAS HENRY FORD

“ Se tivesse feito o que meus clientes

“
pediam teria construído uma carruagem com
mais cavalos ao invés do modelo T.
QUEM É MEU PRÓXIMO?
Lucas Gonzaga traz uma reexão sobre as
palavras de Cristo a respeito da caridade.

{capa}

Cristianismo Islamismo Judaísmo Hinduísmo Taoísmo Hinduísmo

Sikhismo Xintoísmo Baha’ismo Judaísmo Budismo Jainísmo

O ALIENISTA
 MARCION | O PRIMEIRO HEREGE
A história por trás dos
livros canônicos da
HUMOR
Igreja Católica e a
primeira compilação
das Sagradas Escrituras,
por Edson Gomes.

O MITO DE ADÃO
Conheça Adapa, preces-
sor do mito de Adão no
Império Sumeriano,
por Profº Fábio Sabino.
MANIQUEÍSMO
RELIGIÕES QUE O MUNDO ESQUECEU
Criada por “Maniqueu”, a religião
que tinha por alvo se tornar a única
do mundo teve Santo Agostinho de
Hipona como propagador da doutrina,
até se converter ao cristianismo.

MARIA NO ISLAM VOTE

Saiba o que
representa a
NO HUGO
mãe de Cristo
no Islamismo.

PROMOÇÃO BANDA
O CHEFE
CULTURAL DA CASA

21 DE JANEIRO
DIA NACIONAL DE COMBATE À
INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

Nunca julgue
alguém pela
opinião dos
outros

O ALIENISTA
 Janeiro - Março
ANO 01 • EDIÇÃO 01
PERIÓDICO ECUMÊNICO

O ALIENISTA é uma publicação trimestral sem ns

lucrativos, composta inteiramente por colaboradores
voluntários e visa estreitar laços religiosos entre as
pessoas, não exaltando nenhuma religião como
superior à outra. Seu conteúdo explora doutrinas,
opiniões, biograas, entrevistas e losoa.

O ALIENISTA não tem responsabilidade editorial pelos

conceitos e opiniões emitidos nos artigos assinados.

É com grande carinho que iniciamos nosso pe-

riódico. Depois de um ano cheio de acontecimentos
que chocaram o mundo, como o envolvimento de
certas denominações religiosas em escândalos se-
xuais e nanceiros, terrorismo em nome de um fa-
natismo incompreensível, líderes religiosos que-
brando tabus e reconciliando povos, além de diver-
sas outras particularidades excepcionais, me pare-
ceu bem tirar este projeto da gaveta, onde adorme-
cia há uns dois anos.
“O Alienista”, inspirado no livro homônimo de
Machado de Assis de 1882 trata-se de um costu-
rado de artigos, matérias e opiniões de vários co-
laboradores que com muita graça aceitaram o
convite para participar nesse manifesto ecumê-
nico, que transparece a tolerância e respeito que
podemos e devemos ter com o próximo. Será muito
comum encontrar opiniões totalmente divergen-
tes num mesmo número dessa revista digital, isso
graças a pontos de vista diferentes sobre temas co-
muns: religião, ateísmo, losoa, etc.
Desejo uma boa leitura a todos. Espero en-
contrar novos caminhantes que buscam o conheci-
mento ou desejam partilhar sua sabedoria.
CRIAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO
Allan Aldebram
Designer Gráco e Web, Graduando
em Filosoa, Pensador Livre,
Pesquisador, Crítico, Escritor, Pintor,
Violonista; Compositor e Guitarrista
da Banda O Chefe da Casa.
aldebram@hotmail.com /aldebram @aldebram
© Copyright 2016 | Todos os direitos reservados
Neste primeiro número, O ALIENISTA traz um artigo
especial na coluna RASGANDO O VÉU que aborda a
PIRAMIDOLOGIA e viaja no tempo resgatando a ori-
gem do estudo e sua inuência em algumas reli-
giões. A CASA VERDE apresentada por EVANDRO
BOGO na abertura dessa revista expressa a base em-
pírica dessa publicação; também trazemos opiniões,
notícias, etc. Agradecemos especialmente aos pri-
meiros colaboradores: ORLANDO NUSSI, BENEDI-
TO JOSÉ, LUCAS GONZAGA, EDSON GOMES e pro-
fessor FÁBIO SABINO, além de todos que partici-
param na composição desse projeto.
ONDE ENCONTRAR “O ALIENISTA”
Você também pode fazer o DOWNLOAD GRATUITO
dessa publicação em alta resolução para uma
melhor leitura, e assim colecionar todas as edições
em seu computador pessoal. Acesse o site:
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REVISÃO: Flávia Santos e Marilda Santos

O ALIENISTA 7

O que acontece quando morremos? Todos nós
temos uma teoria, um palpite, algo em que gostaría-
mos de acreditar, mas no m do dia nós não sabe-
mos! Nossos ancestrais faziam rituais, sacricavam
crianças para deuses vingativos e sanguinários. Eles
não tinham “o conhecimento”. Qual é a desculpa de
nossos dias? Estamos no século XXI e debatemos
"evolucionismo X criacionismo”. Acho que a verdade
assusta as pessoas pois ninguém com boa saúde
mental deseja a morte. Ninguém quer deixar de exis-
tir. Queremos acreditar que se seguirmos regras cria-
das por um deus antigo e vivermos por este deus, ire-
mos viver no paraíso como espíritos ou seremos reen-
carnados! A grande verdade é que a religião e o espi-
ritualismo são muito rentáveis no mundo atual.
Quantos mais terão que morrer ou tornar-se líderes
espirituais para chegarmos a uma verdade comum,
quer sobre a não existência ou a existência de uma
“verdade absoluta”?
Fernando Fávaro
Compositor, Multi-instrumentista,
Professor de Música e Vocalista da
Banda O Chefe da Casa.
Rotary Club funciona como um clube que se reú-
ne semanalmente e que está aberto a todas as cultu-
ras, credos, raças, além de frisar que não possui ns
lucrativos, pois preza pelos serviços humanitários e
intercâmbios culturais e de ns educacionais.
Alaor Runo da Silva Jr
Auxiliar no Interact Club
Conceição das Alagoas-MG,
Governador Assistente da Área XII,
Distrito 4.770 do Rotary International
e Técnico Operacional na Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos.
8 O ALIENISTA
Onde encontrar Deus?
Quando ainda criança, minha santa mãezinha me en-
sinou a rezar. Quando perguntei a ela onde está Deus, fa-
lou-me assim: “Deus está no céu, na terra e onde nós o
chamamos.” Mas eu não via Deus! Depois, já maior, a-
prendi no catecismo que Deus está no céu, na terra e na
Igreja, onde deveríamos sempre ir às missas para encon-
trá-Lo. Hoje penso diferente! Depois de passar por todos
os caminhos da vida, conhecer as pessoas mais de perto,
conviver com os "representantes” de Deus aqui neste
mundo, participar de encontros, liturgias, e tudo o mais,
de ver tantas falsidades entre os irmãos, o interesse de
muitos a seu próprio bem, a vaidade, o preconceito, o di-
nheiro e a posição social falando mais alto, a ingratidão, a
indiferença frente às necessidades do outro e uma série de
outros inconvenientes e comportamentos inadequados,
cheguei à uma triste conclusão: Eu não preciso frequentar
uma igreja, um templo, ou... Não preciso que me vejam
participando de cerimônias, de celebrações e outros even-
tos. Devo dizer também, que em todas as igrejas, templos,
etc. existem sem dúvida, pessoas corretas, íntegras, san-
tas, com boa vontade e intenções, e claro, merecem toda a
consideração, estas nos faz acreditar ainda na salvação do
planeta. A elas o meu aplauso.
Jesus pregava, ensinava, orava e curava ao ar livre,
junto à multidão, simplesmente assim. Sem horário, sem
luxo, sem imposição, sem cobrar taxas. Assim, só vou a al-
guma igreja quando quero, sem compromisso. A minha o-
ração é a minha vida em família, o trabalho, as amizades
leais e corretas, a ajuda que posso dar a alguém, seja ma-
terial, mesmo que pouco, ao não ter recursos, uma palavra
amiga, um favor, enm. Não preciso que me vejam e di-
gam: “olhem a dona Marilda, tão fervorosa!” Muito pelo
contrário, tenho falhas, defeitos e não sou perfeita, mas
creio que Deus vai me ouvir de onde eu também estiver,
seja em casa, no trabalho, na rua... A minha oração é entre
eu e Ele e ninguém mais. Se Ele achar que é válida, ótimo
para mim. Se entender que não, vou prestar-Lhe contas
um dia. Ele decide se me salvarei ou não. Acredito que
nossa alma sobrevive a morte do corpo físico, que é eter-
na, que haverá julgamento, e oportunidades de se reparar
os erros cometidos, concedendo-nos uma nova vida, aqui
nesta terra ou no innito junto Dele!
Marilda Santos
Téc. Contábil
Prestação de Contas - SRE
 O Amor ao Próximo e a Caridade
Já vi tantas coisas em minha vida que poucas me sur-
preendem. Já esperei ajuda de algumas pessoas que
quando precisei me deram as costas. Tive grandes decep-
ções quando aconteceu! Fui criada em uma religião que se
dizia propagar o amor ao próximo, e que se houvesse um
irmão passando provações por questões de saúde ou -
nanceiras estariam presentes dando apoio. E um dia preci-
sei desse apoio. Na verdade, dessa denominação a qual
eu integrava nunca recebi sequer uma ajuda, nem um tele-
fonema para saber como estávamos eu e minha família, se
estávamos bem ou precisávamos de algo!
Como o mundo dá voltas, recebemos apoio de onde
menos esperávamos. Recebemos palavras de conforto e
orações sinceras. Pude ver o verdadeiro amor ao próximo,
pessoas que se dispuseram de um tempo do seu dia para
saber se estava tudo bem conosco, sem esperar nada em
troca. Às vezes precisamos de alguém disposto a nos ouvir
e nos consolar.
Com tanta violência, não precisamos de pessoas nos
cobrando ou criticando! Se todos zerem um ato de cari-
dade com bondade, o mundo se transformará numa cor-
rente de amor e solidariedade! O que as pessoas precisam
muitas vezes é serem ouvidas. Um abraço também pode
reanimar alguém cansado. Sou eternamente grata às pes-
soas que nos ajudaram quando eu e minha família preci-
samos, desejo que Deus as abençoe e que recebam tudo
em dobro.
Se você decidir ajudar alguém, que faça de coração e
por você, não faça só para mostrar que faz caridade! A ca-
ridade deve ser pessoal, que que somente entre você e a
pessoa ajudada, ou só você caso seja uma doação anôni-
ma. Fazer uma doação para mostrar aos outros não é um
ato de caridade e sim exibicionismo!
Ajude o próximo e verá o quanto esse gesto o fará se
sentir bem! Aliás, você já deu um abraço hoje?
Flávia Santos
Artesã.
Você pode participar da revista “O Alienista”
enviando sua opinião ou crítica para o e-mail:
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É permitida a reprodução e divulgação de todo o conteúdo de “O ALIENISTA”
mediante citação da fonte e local de hospedagem do PERIÓDICO na internet.
Vida Religiosa
Acompanho com tristeza a transformação dos
templos evangélicos, usando o espaço tradicional do
púlpito para ser usado como palco, com exibições es-
petaculares, verdadeiros shows. A Palavra de Deus
deixou de ser o ponto principal de culto.
Lembrei-me do registro do Profeta Isaías, cap.
29, versículo 13: "este povo se chega a mim com
palavras sem atitude, e me honra somente com o mo-
ver dos lábios, enquanto seu coração está muito dis-
tante da minha pessoa"
O profeta Ezequiel adverte: "(...) meu povo se as-
senta para ouvir a tua pregação mas não coloca a Pa-
lavra em prática. Com a boca chegam a expressar lou-
vor e devoção, mas o coração dessa gente dá mais
importância ao lucro, estão ávidos por ganhos injus-
tos. (Ezequiel 30:31)
Para não dizer que são mensagens do Velho Tes-
tamento, Mateus, cap. 15:8 diz: "Este povo me honra
com os lábios, mas seu coração está longe de mim!.
Pastor é também chamado de Profeta. Ser profe-
ta é falar o que Deus quer e não fazer aquilo que o po-
vo gosta.
Antonio Lemos da Silveira
Formado em Teologia, Filosoa,
Estudos Sociais e Direito
Presidente da Associação Cultural de
Escritores de Passos-MG e Região -
Escritores & Cia e Presidente do Conselho
Municipal de Políticas Culturais.
A Redação se reserva o direito de adaptar
as mensagens sem alterar o conteúdo.
Ninguém está autorizado a representar
o nome da revista digital “O ALIENISTA”.
SEJA TOLERANTE! RESPEITE AS OPINIÕES
DOS OUTROS PARA QUE SEJA RESPEITADO.
O ALIENISTA 9
 Preconceito contra muçulmanos fere
os EUA, diz Obama em mesquita
Obama associou atentados terroristas a uma visão distor-
cida do islamismo – discurso que alguns religiosos rechaçam por
considerarem que quem pratica tais atos não é identicado como
parte da comunidade de fé.
"Precisamos reconhecer que, mesmo que a maioria do
mundo muçulmano adote o islã como fonte de paz, é inegável
que uma fração pequena dos muçulmanos propague uma inter-
pretação pervertida do islã. Essa é a verdade", disse o presidente.

LEIA NA ÍNTEGRA

Papa se reunirá pela 1ª vez com o

patriarca de Moscou Kirill I
"Este encontro dos primados da Igreja católica e da Igreja or-
todoxa russa, preparado há algum tempo, será o primeiro na his-
tória e marcará uma etapa importante nas relações entre as igre-
jas".
Desde 1054, data das excomunhões mútuas e do maior cis-
ma da cristandade, nenhum pontíce e patriarca de Moscou - as
duas igrejas cristãs mais importantes do mundo - haviam se en-
contrado.

LEIA NA ÍNTEGRA

Justiça proíbe venda e manda recolher

edições do livro de Hitler - “Minha Luta”
Na decisão da 33ª Vara Criminal do Rio de Janeiro cam proi-
bidas não só a venda da obra "Minha Luta", mas também sua ex-
posição e divulgação.
Quem descumprir a ordem da Justiça, deverá pagar uma mul-
ta de R$ 5 mil por exemplar vendido ou divulgado. Em sua deci-
são, o juiz diz que o livro de Hitler "tem o condão de violar a lei pe-
nal, pois fomenta a prática nefasta da intolerância a parcela deter-
minável das pessoas humanas".

LEIA NA ÍNTEGRA

10 O ALIENISTA
 Certa feita, um jovem abastado, tendo se for-
mado na Universidade de Filosoa e mal se conten-
do para pôr em prática os conhecimentos exausti-
vamente assimilados em classe, dispôs-se em via-
gem para conhecer em meio aos diferentes povos
do mundo o verdadeiro signicado de religião.
Passou anos coletando informações, analisan-
do e pesquisando, descobriu maravilhas, mas tam-
bém se decepcionou várias vezes, contudo, nunca
se dava por satisfeito.
E foi assim dessa forma, meio frustrado com o
desfecho de seu trabalho, que resolveu, enm, re-
tornar para casa.
No caminho de volta, em seu carro particular, ia
contemplando a paisagem rural interiorana quando Conheça outras 652 historias na
coleção de livros FRASES, DICAS
avistou no meio de um milharal um velho agricultor
E HISTÓRIAS MARAVILHOSAS
que realizava a colheita de sua plantação. Teve, en-
(coleção com 14 volumes),
tão, a ideia de realizar uma última entrevista, visan- de Orlando Nussi.
do levantar a noção do homem simples do campo a
respeito da religião.
Aproximou-se daquele homem e lhe indagou
qual o seu entendimento sobre religião, e obteve a
À venda pelo telefone (11) 2095-6466
seguinte resposta:
- Óia, seu moço - principiou o velho lavrador - Toda renda é destinada a
pra mim, religião é igual quiném a coieita do miio Projetos Sociais com crianças carentes.
aqui da roça, num sabe...
- Como a colheita do milho? - um tanto atônito VISITE O SITE:
com a comparação, o jovem pesquisador pediu para
www.historiasmaravilhosas.com.br
que se explicasse melhor o senhor.
- Pois veje só: nóis que veve aqui na roça, pre- E-mail: jnussi@uol.com.br
para a terra, escói a semente, pranta o miio, aduba e
cuida da prantação até a hora da coieita… asdis- * História de autoria desconhecida publicada no volume 14
pois que nóis cói o miio, nóis tem que leva ele té lá a da coleção FRASES, DICAS E HISTÓRIAS MARAVILHOSAS.
cidade pra mó de vendê ele por lá… pra chegá lá
nóis pode í por treis caminho: tem o caminho da
estrada de chão, tem o caminho do açude no meio Orlando Nussi
do pasto, e tem o caminho da estrada de asfarto…
mas daí quando nóis chega lá na cidade e vai vendê Diretor da empresa SPVALE BENEFÍCIOS; Escritor;
o miio pros varejista eles num vão preguntá pra nóis Trainer em PNL – Programação Neurolinguística;
Membro da Coordenação do Grupo de Estudos
por que caminho que nóis veio... eles vão querê Idheall; Membro da Coordenação do Projeto Criança
sabê é se o miio é bão! Feliz, Ovos de Páscoa e Diretor de Comunicação
Autor desconhecido* e Marketing (voluntário) da Casa do Cristo Redentor.

O ALIENISTA 11
 A coleção de livros FRASES, DICAS E HISTÓRIAS
MARAVILHOSAS, contendo 14 volumes, assim co-
mo o CD HISTÓRIAS MARAVILHOSAS contadas
por Orlando Nussi têm os recursos obtidos com o
apoio cultural destinados a trabalhos sociais com
crianças carentes.
LANÇAMENTO!
FRASES, DICAS E HISTÓRIAS
MARAVILHOSAS 14
SOBRE OS LIVROS: A coleção completa, com 14
livros, contendo 652 histórias, além das centenas
de dicas e frases que, ao serem interpretadas, pode-
rão mudar uma história de vida do leitor. Orlando
Nussi tem no seu projeto de vida a meta de lançar
um volume inédito a cada ano.
SOBRE O CD: Foram selecionadas para esse primei-
ro CD, 20 histórias que estão também presentes
nos livros. A ideia é alcançar adultos e crianças que
gostam de ouvir para compreender as mensagens.
12 O ALIENISTA
Eventos patrocinados pelos livros
FRASES, DICAS E HISTÓRIAS MARAVILHOSAS,
de ORLANDO NUSSI
BRINQUEDOS – PROJETO CRIANÇA FELIZ: Só em
2015 o Projeto distribuiu cerca de 5.000 brinquedos
nas creches e comunidades carentes. Esse trabalho
vem sendo desenvolvido desde o ano de 1995 e
conta com um grupo de aproximadamente 50 pes-
soas. O trabalho é feito sempre no domingo que an-
tecede o Natal.
OVOS DE PÁSCOA: A partir de 2002 o Projeto Cri-
ança Feliz iniciou sua campanha de Páscoa. Em
2015 foram distribuídos 1800 ovos de chocolate pa-
ra crianças em creches administradas pelas Irmãs
Marcelina em Itaquera e Casa do Cristo Redentor em
São Paulo. Além das crianças da Fraternidade Raio
de Sol de Araçariguama.
Entrega de 1800 Ovos de Páscoa para
Crianças nas Creches em Abril/2015
CASA DO CRISTO REDENTOR: É uma instituição
com títulos de utilidade pública, na esfera munici-
pal, estadual e federal. Atende aproximadamente
800 crianças diariamente, cujos projetos poderão
ser conhecidos através do site:
www.casadocristo.org.br

Entrega de 5000 brinquedos nas comunidades
em Dezembro/2015 (Projeto Criança Feliz).
COMO SURGIU A COLEÇÃO
“FRASES, DICAS E HISTÓRIAS MARAVILHOSAS”:
Sempre gostei de colecionar metáforas e, constantemen-
te, encontrava uma história adequada para cada situa-
ção. O que me levou a escolher essa linha de histórias foi
o meu contato com a PNL (Programação Neurolinguís-
tica), onde descobri que a metáfora é uma excelente fer-
ramenta de comunicação e muito utilizada em terapias,
pois no lugar de oferecer um conselho, podemos contar
uma história que, certamente, será muito mais ecaz.
SOBRE O APOIO CULTURAL DA COLEÇÃO
“FRASES, DICAS E HISTÓRIAS MARAVILHOSAS”:
Para a continuidade deste trabalho, eu conto com o
apoio das empresas, onde cada patrocinador entra com
uma ou mais cotas, tem seu nome divulgado nos livros
e recebe a quantidade de exemplares correspondente a
sua participação, que poderão utilizar para presentear os
colaboradores e parceiros comerciais, como fornecedo-
res, clientes, bancos, prestadores de serviços, familiares,
etc. Para o livro 14 o valor de cada cota foi de R$
1.895,00 para receber 100 exemplares. Caso se inte-
resse em quantidade menor, o valor é o mesmo, porém
só não é possível inserir a logo. Cada empresa pode en-
trar com quantas cotas quiser em qualquer época do
ano.
Com carinho e gratidão,
Orlando Nussi.
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O ALIENISTA 13
 prestes a revolucionar a percepção da realidade, de-
tonando a supremacia newtoniana e explorando
novas ondas de transformação pela unicação de
todas as teorias existentes. O que se passa no mo-
mento, quase silenciosamente, é a quebra denitiva
das hierarquias e o domínio emergente dos siste-
mas de rede.
No sistema hierárquico Deus foi colocado no
topo da pirâmide, muito distante da base das mas-
sas, as quais tiveram que sobreviver sob o jugo de
outras pirâmides menores durante muitos séculos.
No sistema de redes, Deus descerá até à rede inni-
ta de conexões, entroncamentos, fusões, contatos
sutis e de mistérios para manifestar-se fortemente
pela impermanência de todas as coisas. Somente
pela elevação da consciência humana os humanos
poderão se autogovernar. Somente pela evolução
espiritual os homens poderão vencer as máquinas
sosticadas e velozes que construiu. Somente pela
O mundo de hoje revela um excesso de
visão integral e inclusiva, a rede tomará a liderança
materialismo, um abuso de drogas e medica-
do mundo e reverterá o destino da humanidade. O
mentos de todos os tipos, uma grande incidên-
ano de 2012 foi a faixa de largada. O mundo mudou
cia de doenças, uma onda incomum de atos de
de curso e muita gente nem viu.
violência, um egoísmo sem tamanho da parte
das pessoas e uma manifestação em cascata
de desequilíbrios na natureza causados pelo
homem. Cabe aos pessimistas de plantão alar-
dear o m do mundo. Cabe aos otimistas ana-
lisar, introspectivamente, sobre o signicado
de tantos acontecimentos que trazem enor-
mes consequências à humanidade e à sua per-
manência aqui na Terra.
Deixando de lado os pessimistas, quero
juntar-me aos otimistas na divulgação de
questionamentos pertinentes ao sentido da vi-
da, no ensinamento de pensamentos de van-
guarda e na comunhão com todos aqueles que
vêem na espiritualidade uma forma de enten-
dimento ou visão holística da evolução huma-
na integral. O que se passa no momento atual
Benedito José
é o nascimento de uma nova humanidade Estudou Expansão de Consciência,
Dikshaterapia na Instituição de
Ensino Oneness University - India.

14 O ALIENISTA
{rasgando o véu}

“ Naquele dia, haverá um altar dedicado ao Senhor no centro

do Egito e, em sua fronteira, um monumento ao Senhor.
Serão um sinal e um testemunho para
o Senhor dos Exércitos na terra do Egito.

“
.

Isaías 19:19-20

O ALIENISTA 15

Para muitos leitores a Piramidologia é uma ex-
pressão pouco conhecida e um assunto inexplorado. O
estudo das pirâmides não é novidade, alcança sécu-
los, milênios. Muitos autores já debruçaram sobre esse
tema e é incrível como se assemelham nas conclusões,
de maior importância todos falam de um “m do mun-
do” ou “eras”.
O escritor Luiz Gonzaga de Alvarenga publicou
um livro intitulado “O Segredo das Profecias”, obra
esta que abrange desde a origem mitológica das profe-
cias e dos oráculos, passando por inúmeros profetas
pesquisadores das pirâmides e estudos meticulosos da
história até nos brindar com a destruição do mundo por
diversos pontos de vista.
POR QUE AS PIRÂMIDES?
Não se sabe ao certo a razão pela qual as civiliza-
ções antigas preocupavam-se tanto em construir pirâ-
mides. Os arqueólogos e os egiptólogos armam que
elas foram construídas para servir de túmulo funerário
já que foram encontrados sarcófagos dentro das pirâmi-
des, porém alguns pesquisadores discordam de tal ar-
mação e dizem ter encontrado motivos mais sérios pa-
ra a sua construção.
Em 1950 o lósofo e matemático R. A. Schwaller
de Lubicz (1887-1961) armou que a sociedade egíp-
cia era profundamente metafísica e simbólica.
Schwaller também armava que a consciência egípcia
se preocupava unicamente com a transformação da
matéria em espírito, a nível individual e coletivo. Ele
alinha-se entre os que acreditam que as dimensões da
Grande Pirâmide são realmente signicativas (mate-
mática e simbolicamente).
Além do Egito, existem pirâmides por todo o mun-
do sendo que as mais enigmáticas se encontram na
América Central e México. No Peru, pirâmides foram
erguidas pelos moques e tiahuanacos (ou wari-tia-
16 O ALIENISTA
A Grande Pirâmide de Gizé
Século XIX.
huanacos), descendentes da civilização chavin. Os mo-
ques construíram as famosas pirâmides gêmeas La
Huaca del Sol (O Templo do Sol) e La Huaca de la Luna
(O Templo da Lua). Outra pirâmide moque, o Grande
Templo Piramidal de Pachamac, é encontrada ao sul de
Lima. Pirâmides também foram construídas pelas anti-
gas civilizações tolteca, olmeca, inca, maia, azteca,
entre as principais que ocuparam estas regiões. Existe
também uma pirâmide do tamanho de uma catedral em
Plouézoch, perto de Finistère, França.
AS PIRÂMIDES DE GIZÉ
Algumas pessoas estão bem familiarizadas com as
três pirâmides de Gizé, mas elas não são as únicas no
Egito, até novembro de 2008, existiam fontes citando
entre 118 a 138 pirâmides egípcias identicadas. A
arqueologia ortodoxa arma que foi no reinado do
faraó Netherket (também conhecido por Djoser), da III
dinastia, que primeiro se teve a ideia de construir um
túmulo em forma de pirâmide. A construção da primeira
delas teria sido realizada em 2651 aC, e foi planejada e
erguida pelo arquiteto Imhotep na região de Saqqa-
rah, baixo Egito. De acordo com o arqueólogo Mu-
hammed Zakaria Goneim (1905-1959), uma pirâmi-
de inacabada teria sido mandada construir pelo lho de
Djoser, o faraó Sekhem-Khet. A poucos quilômetros da
região de Saqqara encontram-se as pirâmides de
Dashur. Nestas pirâmides as arestas possuem inclina-
ções ou cortes difíceis de classicar, e por isto tomam
nomes como arqueada, curva, romboidal ou pirâmide
de dupla inclinação. Existe também a chamada falsa
pirâmide de Maidum, construída pelo faraó Huny, des-
cendente de Djoser, na qual os degraus são bastante
desproporcionais entre si. Tudo isto conduziu os arque-
ólogos a concluírem que houve uma evolução com re-
lação à forma utilizada para construir as pirâmides, que
atingiram o ápice técnico com a de Quéops. Esta pirâ-
mide tinha inicialmente 145,75 metros de altura, dos
quais restam atualmente cerca de 137 metros. A de
Quéfrem tem 136,60 metros, e a de Miquerinos ape-
nas 66 metros de altura.
 Faraó Netherket ou Djoser
Sekhem-Khet
Zigurate de Tepe Sialk
Kashan - Irã - 3000 aC
Foi construído próximo a grandes
fontes de águas cristalinas que funcionam ainda hoje.
Zigurate de Choga Zanbil
Khuzestan - Irã - 1250 aC
É um dos mais preservados
zigurates do mundo. Erguido
na capital religiosa do reino
elamita, o zigurate era o principal
templo da cidade. Como o lugar não possuía fonte de água
adequada, o rei mandou escavar um grande canal que trazia
água de um rio a quilômetros de distância. Parte desse canal
ainda hoje é utilizado pela população local.
A obra maravilhosa de Imhotep, a mando de
Djoser, proporcionou que o nome deste Faraó
fosse reverenciado por milênios, pelos egípcios.
Imhotep
Zigurate de Ur
Iraque - 2100 aC
Dedicado à deusa da Lua, Nanna,
suas ruínas abrangem uma imensa
área e se elevam a 20 metros acima
do nível atual da planície local.
No local foram encontrados grande
quantidade de objetos sumerianos.
Tumba do rei Kashta
Shendi - Sudão - 500 aC
Pirâmide que serviu de tumba ao
rei núbio de Cuxe. A proximidade
com o Egito exerceu forte inuência
sobre os núbios, especialmente
durante a 25ª dinastia (de 750 a
660 aC) quando faraós núbios
governaram o Egito. As pirâmides
cuxitas, menores e mais íngremes do que as egípcias, erguiam-se
sobre a sepultura. A múmia era enterrada abaixo da pirâmide e
não dentro dela como faziam os egípcios.
O ALIENISTA 17

Pirâmides de Jebel Barkal
Karima - Sudão - 300 aC
Jebel Barkal, às margens do
rio Nilo, foi capital do reino
Núbio até ela ser transferida
para Méroe, por volta de 300 aC Ali estão 24 edifícios
importantes (templos, capelas, palácios e pirâmides) dos quais
apenas 11 foram escavados. O conjunto de pirâmides é um dos
mais bem preservados do Sudão e testemunha a
riqueza do reino cuxita.
Pirâmide de Caio Céstio
Roma - Itália - 12 aC
É o único monumento sobrevivente de uma série
construída em Roma no século I aC. Após a
conquista do Egito, em 31 aC, muitos
romanos adotaram os costumes funerários
dos antigos egípcios. Caio Céstio,
político e membro do colégio
sacerdotal romano, ordenou em seu testamento a construção de
seu túmulo em formato piramidal. A estrutura com quase 37
metros de altura e com base quadrada de 29,5 metros de largura é
revestido com mármore branco. No século III dC, a pirâmide foi
incorporada às muralhas de Roma.
Tumba do General
Ji’an - China - 300 dC
Em formato piramidal,
a tumba construída de
pedra tem 7 plataformas
e altura total de 13 metros. Dois sarcófagos de pedra foram
encontrados na câmara funerária. Acredita-se ter pertencido ao
rei coreano Changshou (ou Jangsu).
Templo Prang
Koh Ker - Cambodja - 940 dC
Pirâmide escalonada de
36 metros de altura,
formada por sete
plataformas, construída pelo império Khmer para
servir de templo a Shiva, deus hinduísta. Uma escada íngreme
leva até o topo onde cava o santuário. Inscrições em sânscrito
dizem que este foi o mais alto e o mais bonito templo de Shiva.
Tumbas Xia
Ningxia Hui - China - 1048 dC
A dinastia Xia governou a China
entre os séculos XI e XIII até cair
sob domínio de Gengis Khan.
As sepulturas de seus imperadores estão espalhadas em uma
área de 50 km2, a noroeste da China onde se encontram nove
mausoléus imperiais e 250 tumbas de parentes e funcionários
reais. O mausoléu do primeiro imperador funde a estrutura
piramidal com a arquitetura tradicional do templo budista.
18 O ALIENISTA
Mausoléu de Qin Shi
X’ian - China - 210 aC
Construído para servir
de sepultura a Shi-Huangdi,
primeiro imperador chinês, o mausoléu
é uma construção fabulosa que ocupou 700 mil trabalhadores.
Para proteger o imperador por toda eternidade foi esculpido um
exército de terracota em tamanho natural, com cerca de 6 mil
soldados com armas verdadeiras: espadas, lanças e bestas.
Cavalos com seus arreios e selas completavam o exército.
Pirâmide do Sol
Teotihuacán - México - 100 dC
Teotihuacán, a “cidade dos deuses”,
é um enorme centro cerimonial e
urbano com uma avenida central
onde se erguem três grandes
pirâmides. A pirâmide do Sol, com 65 metros de altura (teria mais
10 metros com o templo no topo, hoje desaparecido) e base
quadrada de 225 metros, é a maior da América.
Templo de Borobudur
Java - Indonésia - 800 dC
Construído originalmente como
um templo hindu, Borobudur
tornou-se um grandioso monumento
budista, o maior do mundo. Seu formato
piramidal é dado pelas seis plataformas quadradas
sobre as quais estão outras três circulares. Possui 504 estátuas
de Buda, 72 delas cercando a cúpula principal, no centro da parte
superior. Com a chegada do islamismo à ilha de Java, no século
XIV, Borobudur foi abandonado mas escapou de ser destruído.
Coberto por areia e argila, sobre ele cresceu a vegetação e
grandes árvores que esconderam e protegeram o monumento.
Redescoberto no século XIX, Borobudur foi inteiramente
reconstruído a partir de 1973, sob patrocínio da Unesco.
Pirâmide El Castillo (maia-tolteca)
Chichén Itzá - México - 1000 dC
Erguida para o deus maia Kukulcán,
a pirâmide com 9 plataformas
tem uma base quadrada de
55,3 metros de lado e 30 metros de altura. Tem escadarias nas
quatro faces e, na parte inferior da escadaria Norte há duas
cabeças de Kukulcán, a serpente emplumada. Nos equinócios da
primavera e do outono, observa-se nesta escadaria um fenômeno
de luz e sombra que parece dar vida à serpente divina.
Pirâmide Morongo Uta
Rapa Iti - Polinésia - 1450 dC
A fortaleza de Morongo Uta, a 258 metros
acima do nível do mar, é a mais antiga
das 14 fortalezas construídas nos
cumes íngremes da ilha de Rapa Iti. Morongo Uta
é uma construção maciça, formada por plataformas revestidas de
pedra e com uma torre central. Acredita-se que a superpopulação
e o esgotamento dos recursos naturais levaram os habitantes da
ilha a viveram em uma guerra constante entre os vários clãs.
Quando os primeiros europeus chegaram à ilha, em 1791, a ilha
possuía cerca de 2000 pessoas distribuídas entre as fortalezas.
As doenças trazidas pelos europeus reduziram a população nativa
para 70 pessoas em 1851.
 1 2 3 4
Grande Pirâmide de
Quéops ou Khufu.
A GRANDE PIRÂMIDE
Ela foi eleita uma das Sete Maravilhas do Mundo
antigo, é um monumento colossal que se perde no pas-
sado remoto do Egito. Alguns arqueólogos armam que
ela foi construída durante o reinado do faraó Quéops
(forma grega de Khufu), lho de Snofru (ou Sneferu).
Por isso, ela é conhecida também como Pirâmide de
Quéops.
Contendo apenas uma inscrição em seu interior, o
erudito especialista em línguas orientais antigas e escri-
tor Zecharia Sitchin (1920-2010), descobriu em 1982
que o nome de Quéops tinha sido falsicado. De acordo
com Sitchin, o autor desta farsa foi o inglês Howard
Vyse (1784-1853), que em 1837 fazia pesquisas den-
tro da pirâmide. Ele teria escrito o cartucho (seguindo a
graa Ch-u-f-u) com ocre vermelho, copiando o nome
escrito em um manual publicado em 1828, de autoria
de John Gardner Wilkinson (1797-1875). Ocorre que
a graa no manual estava errada, e Vyse copiou-a com
erro sem se dar conta. Nenhum egiptólogo anterior a
Sitchin tinha sido capaz de perceber esta fraude.
5
1) R. A. Schwaller de Lubicz - 2) Muhammed Zakaria Goneim
3) Zecharia Sitchin - 4) Howard Vyse - 5) John Gardner Wilkinson
Foto de grupo de soldados australianos -
XI Batalhão na Grande Pirâmide em 1915.
HERÓDOTO E O TIRANO CRUEL
O primeiro registro histórico que encontramos acer-
ca desta pirâmide foi do grego Heródoto (485-420 aC)
em sua obra Euterpe. Ele arma que Quéops teria sido
construída por cerca de cem mil escravos, trabalhando
por mais de vinte anos, cerca de 2500 anos antes de
sua própria época. Heródoto esteve no Egito durante o
reinado do faraó Artaxerxes - 450aC - quando viajava
pelo mundo antigo conhecido.
Os sacerdotes evitavam mencionar as pirâmides
de Gizé, citando-as apenas como “as pirâmides do
pastor Filítis”, um pastor de cabras da região. Segundo
os relatos que ouviu, Quéops teria sido um cruel tirano,
que escravizou o povo para que construísse a pirâmi-
de, e foi capaz de prostituir a própria lha para arreca-
dar recursos para a obra.
O ALIENISTA 19
 A IDADE DA GRANDE PIRÂMIDE
Até os nossos dias não se sabe com certeza a idade
exata da Grande Pirâmide. As especulações variam de
2700 aC até 4700 aC. Alguns autores dizem até mesmo
25000 aC. O francês André Pochan (1891-?), ao estu-
dar mais profundamente o calendário de Atotis, segun-
do faraó egípcio (após a unicação do Baixo e Alto
Egito), colocou o reinado de Quéops no período entre
4829 aC e 4766 aC, ou seja, cerca de 2000 anos mais
antiga do que se armam.
Saber a idade exata da pirâmide em questão não
resolve o mistério que cerca tanto a sua construção
quanto o motivo pelo qual foi construída.
Em 1924, o arqueólogo Davis Davidson
defendeu em (The Gread Pyramid, Its
Divine Message, an original Co-ordination
of Historical Documents an Archaelogical
Evidences) que era possível descobrir
datas proféticas baseadas nas medidas
exatas da Grande Pirâmide.
A Grande Pirâmide ao contrário
do que muitos pensam possui
oito lados, não quatro.
Heródoto
Busto do
Século II dC.
Euterpe
Cópia em inglês
publicada em 1584.
20 O ALIENISTA
6 André Pochan fazendo medições
no interior da Grande Pirâmide.
O GRANDE SEGREDO
Acredita-se que, em suas medidas, a Grande Pirâ-
mide guarda o relato de toda a história humana, tan-
to passada quanto futura. Relações matemáticas en-
tre lados, perímetro e altura da pirâmide revelariam
constantes matemáticas, as medidas do planeta e
até mesmo medidas cósmicas.
Entre outras medidas, podem ser encontradas as
seguintes:
• A distância da Grande Pirâmide ao centro da Ter-
ra é exatamente igual à sua distância ao polo
norte;
• A Grande Pirâmide ca exatamente no centro da
massa de terra rme da Terra;
• O meridiano que passa por ela divide os mares e
os continentes em duas partes de tamanho exa-
tamente igual;
• A relação entre a altura e o perímetro da pirâ-
mide é correspondente à relação entre o raio e o
perímetro de um círculo;
• As três pirâmides formam entre si um triângulo
semelhante ao triângulo de Pitágoras, na rela-
ção matemática 3:4:5;
• Dividindo-se a superfície da base da pirâmide
pela sua metade dupla acha-se o número π =
3,1416;
• Multiplicando a longitude da Antecâmara do
Rei por 3,1416 obtém-se a duração do ano
tropical: 365,242 dias.
Faraó Artaxerxes
Faraó Quéops
ou Khufu.
 7 8 9 10
INSPIRAÇÃO DIVINA
A partir do século XIX os egiptólogos britânicos
John Taylor e Charles Piazzi Smith (1819-1900) ar-
mavam que as proporções matemáticas eram proposi-
tais, e se baseavam em medidas denominadas polega-
das, côvado ou mesmo cúbito piramidal. Taylor, em
1859, armou que o arquiteto da grande pirâmide utili-
zou o mesmo cúbito bíblico utilizado na construção da
arca de Noé, equivalente a 63 centímetros de compri-
mento, e que seria resultado da divisão da medida do
eixo da Terra por 400.000. Piazzi, que era astrônomo
real da Escócia, armou em sua obra “Our Inheritance
in the Great Pyramid” que era possível encontrar na
pirâmide, entre outras, medidas como a distância en-
tre a Terra e o Sol, a precessão dos equinócios e a
duração da órbita da Terra entre dois equinócios.
Piazzi armava que a pirâmide tinha sido construída por
inspiração divina. Utilizou diversos outros instrumen-
tos para fazer cálculos astronômicos e determinar lati-
tude e longitude exatas da pirâmide (cerca de 30°N e
30°L). Com base no trabalho de Taylor, especulou que
os Hicsos fossem em verdade os Hebreus, os quais te-
riam construído a Pirâmide sob o comando de Melqui-
sedeque. Posteriormente publicou seu livro “Nossa
Herança na Grande Pirâmide”, em 1864 (mais tarde o
título foi mudado para "A Grande Pirâmide: seus se-
gredos e mistérios revelados".
Os resultados de suas pesquisas foram logo incor-
porados aos seus livros:
"Our Inheritance in the Great Pyramid" - 1864
"Life and Work at the Great Pyramid" -1867
"On the Antiquity of Intellectual Man" - 1868
Por sua obra recebeu Medalha de Ouro da Royal
Society de Edimburgo, mas em 1874, essa mesma
Royal Society rechaçou seus escritos sobre o projeto
dessa Pirâmide de Quéops. Esse desprezo por seu
trabalho lhe causou uma profunda decepção, o que o
levou a demitir-se do cargo da Astrônomo Real em
1888.
Smyth faleceu em 1900 e está sepultado na Igreja
de Saint John em Sharow próxima a Ripon. Um monu-
mento na forma de uma pequena pirâmide de pedra,
coroado por uma cruz cristã, identica seu túmulo. A
cratera Piazzi Smyth na lua foi nomeada em sua ho-
menagem.
11
7) Charles Piazzi Smith - 8) George Storrs - 9) Joseph Seiss
10) William Miller - 11) John Greaves
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
Smyth encontrou seu maior apoio nos Estados
Unidos. Em junho de 1876, publicou um artigo no "Bi-
ble Examiner", um jornal de propriedade de George
Storrs (1796-1879) do Brooklyn, New York. Assim
Smyth deu a conhecer a "Glória da Grande Pirâmide"
para a comunidade americana. Também houve um livro
publicado em 1877 por Joseph Seiss (1823-1904) inti-
tulado "Miracle in Stone" em expansão às teorias de
Taylor e Smyth o qual rendeu quatorze edições na épo-
ca. A Piramidologia, como veio a ser conhecida, recebeu
sua aceitação primária entre os adventistas ou os se-
guidores de William Miller (1782-1849).
O INTRIGANTE MISTÉRIO DAS PIRÂMIDES
Desde o século XVII - quando as dimensões da pi-
râmide foram medidas pelo matemático John Greaves
(1602-1652) - pensava-se que as suas proporções co-
lossais pareciam ocultar um enigma, talvez até mesmo
mensagens misteriosas de uma civilização desapare-
cida, a qual poderia ser lida no futuro. Após Greaves, as
medidas da pirâmide foram também determinadas pelo
coronel Richard Howard-Vyse. Mas foi Piazzi Smith, com
suas medidas, quem pensou ter encontrado referências
a várias unidades inglesas da época, tais como a pole-
gada e o quarto, medida tradicional do trigo. Piazzi des-
cobriu também que a pirâmide estava situada a exatos
30º de latitude norte, um terço da distância do equa-
dor ao polo, e estaria situada exatamente no centro do
Egito e no centro de todas as terras habitáveis do
mundo. Para ele, somente Deus seria capaz de realizar
tal tarefa, e somente Ele seria capaz de gravar na rocha
uma “numerologia” mística.
A Grande Pirâmide, ou Pirâmide de Quéops, foi
construída utilizando cerca de 2,3 a 2,5 milhões de
pedras, com um peso médio de 2,5 toneladas (pesos
de duas até mais de trinta toneladas). Tem uma altura
proporcional à de um edifício de 40 andares, e seu in-
terior não é maciço, contendo corredores e câmaras
internas. Desde que foram encontrados, tais aposentos
e corredores têm intrigado os pesquisadores, os quais
apresentaram várias hipóteses para justicá-los.
O ALIENISTA 21
 12 13
OS ASPECTOS DO CÉU
Já no ano 900 dC o historiador árabe Al-Masudi
(896-956), armou que a Grande Pirâmide fora cons-
truída como um monumento capaz de conter em si todo
o conhecimento antigo, tanto cientíco quanto reli-
gioso e artístico. Nos anos 1800, Sir John Herschel
(1792-1871), lho do descobridor do planeta Urano,
Sir William Herschel (1738-1822), armou que devia
existir uma correlação entre os corredores e as estre-
las, que lhes serviriam de guia. Ele determinou que o
Corredor Ascendente apontava para a estrela Alfa
Draconis nas datas de 2170 aC e 3440 aC. Ele encon-
trou um outro alinhamento, rumo ao grupo das Plêia-
des: quando a estrela Alcione, ou Eta Tauri, estava
diretamente acima do vértice da pirâmide, a Estrela do
Dragão cava perfeitamente alinhada com o Corre-
dor Ascendente, 12 horas polares à frente.
No século XX, os autores Robert Bauval e Adrian
Gilbert, na obra “The Orion Mystery”, expressaram a
chamada Teoria da Correlação, segundo a qual as três
pirâmides de Gizé possuem o mesmo alinhamento que
as estrelas Alnitak, Alnilam e Mintaka, da constela-
ção de Órion. Essa correlação com Órion já tinha sido
de certo modo mencionada por Virgínia Trimble e
Alexander Badawy, que mostraram que os respira-
douros da pirâmide de Quéops apontavam para esta
constelação. Para Bauval, o alinhamento das três pirâ-
mides com as três estrelas era perfeito, no ano de 2450
aC, o que colocaria sua construção por volta desta épo-
ca.
Planeta Marte • Cydonia (à direita).
Alinhamento das pirâmides com Órion (canto inferior à direita).
17) Virgínia Trimble - 18) Dr. Luis Walter Alvarez
19) Antonio Velasco Piña
17 18
22 O ALIENISTA
14 15 16
12) Al-Masudi - 13) Sir John Herschel - 14) Sir William Herschel
15) Robert Bouval - 16) Adrian Gilbert
A CIÊNCIA CONFIRMA?
Em 1976 a nave Viking, ao atingir as proximidades
do planeta Marte, colocou em órbita um módulo, cha-
mado orbiter, o qual fotografou formações parecidas
com pirâmides na superfície do planeta, em uma região
denominada Cydonia. O livro “Regina”, de Antonio
Velasco Piña, arma que as pirâmides são estruturas
geométricas que têm por objetivo transmutar energias
negativas, vindas da Lua, em energias positivas. O egip-
tólogo Dee Jay Nelson e o engenheiro David H. Covil-
le escreveram o livro “Life Force in the Great Pyra-
mids”, no qual armam que os antigos egípcios possuí-
am profundo conhecimento da natureza da matéria e da
energia, principalmente da chamada “energia das for-
mas”. Nos anos de 1968/1969 o ganhador do prêmio
Nobel de física, Dr. Luis Walter Alvarez (1911-1988),
instalou um aparato complexo de computadores e me-
didores de raios cósmicos na pirâmide, com a intenção
de descobrir recintos ocultos dentro dela. O resultado
da experiência pode ser resumido nas palavras do Dr.
Arm Gohed, que participou da experiência: “ou a estru-
tura da pirâmide era uma trapalhada, (...)”, ou haveria
nela “um mistério incompreensível, que pode ser cha-
mado de ocultismo, maldição do faraó, feitiço, ma-
gia, o que seja!”.
19
20 21
20) Dr. Herbert Aldersmith - 21) Georges Barbarin
Ilustração do Livro “The
Great Pyramid Decoded:
1) Grande Degrau
2) Primeira Passagem Baixa
3) Antecâmara
4) Segunda Passagem Baixa 5 3
5) Câmara do Rei
4
AS PROFECIAS DAS PIRÂMIDES
Em 1865, Robert Menzies formulou a hipótese se-
gundo a qual os corredores e câmaras da pirâmide re-
presentariam a cronologia da história e conteriam
profecias para o futuro. Muito antes de Menzies, já se
pensava existir uma relação entre a Grande Pirâmide e a
Bíblia. Pensa-se inclusive que Isaías faça referência à
pirâmide, em Isaías 19:19 - “Naquele dia, haverá um
altar dedicado ao Senhor no centro do Egito e, em
sua fronteira, um monumento ao Senhor.”
O Dr. Herbert Aldersmith (1848-1918), que pros-
seguiu os trabalhos de Piazzi Smith, assim como Men-
zies adotou como nal da Grande Galeria uma coorde-
nada que levava ao cálculo errado - 1913 - do ano de
início da Primeira Guerra Mundial. Georges Barba-
rin (1882-1965), no livro “El Secreto de la Pirámide”,
diz que a linha cronológica sugerida situa-se a 6000
polegadas da pirâmide do término do segmento, no
centro da Antecâmara anterior à Câmara do Rei. Cada
uma destas polegadas corresponderia, então, a um
ano desta cronologia, e representariam todos os fa-
tos históricos relativos à humanidade desde Adão,
sendo que as épocas mais notáveis teriam sempre uma
representação estrutural marcante. Outros fatos es-
tariam gurados em interseções de linhas no teto e no
piso, nos corredores e nas câmaras, em interseções e
cruzamentos, etc.
O fundo do corredor
descendente.
Fotos por John
Morton & Edgar.
2 A parede oriental da câmara
subterrânea com a entrada na
1
parede norte.
INTERPRETANDO A ESTRUTURA
Na obra “Great Pyramid Passages”, os autores
John Edgar e Morton Edgar descrevem o que acredi-
tam ser o simbolismo interno da Grande Pirâmide: o
Corredor Descendente signica o mundo em seu ca-
minho para a destruição, simbolizada pelo Poço (Ge-
ena); o Corredor Ascendente simboliza tanto a Provi-
dência da Lei dos Israelitas (que teria tido início em
1615 aC e terminado em 33 dC), quanto a possibilida-
de de redenção ao ser humano; o Corredor Horizon-
tal, que conduz à Câmara da Rainha, simboliza a vida
no plano da perfeição humana, sendo que a Câmara
da Rainha simboliza os planos superiores de vida; a
Grande Galeria anuncia o advento do Salvador; a
Câmara do Rei simboliza a imortalidade, herança na-
tural de quem atender ao convite divino; a Antecâmara
que leva à Câmara do Rei representa a Escola de Cris-
to, para os que ouvem o chamado e são por Ele acei-
tos; a Grande Galeria, a Antecâmara e a Câmara do
Rei simbolizam o mais alto plano de realização espi-
ritual. Os corredores e câmaras simbolizariam, então,
o progresso da alma em seu caminho pela vida terre-
na. Os caminhos para baixo, para leste ou para a es-
querda signicariam a degeneração espiritual, a des-
cida da alma para o inferno, e os caminhos para ci-
ma, para oeste ou para a direita, simbolizariam o es-
clarecimento e a imortalidade.
O ALIENISTA 23
 21

21) Peter Lemesurier Abadia de Glastonbury

PROFECIAS BÍBLICAS

Muitos autores acreditam que existe uma relação
entre as profecias inscritas na pirâmide e as profeci-
as da Bíblia, principalmente as dos profetas do Antigo
Testamento. Muitos exegetas da Bíblia e estudiosos da
pirâmide tentam por vezes forçar interpretações no
sentido de suas próprias crenças.
Em sua extensa obra “The Great Pyramid Deco-
ded”, o autor Peter Lemesurier (1936), apresenta um
resumo cronológico dos fatos acontecidos e a acontece-
rem, apontados pela Grande Pirâmide. Para ele, a cro-
nologia da pirâmide tem início no ano de 2663 aC, ano
no qual ela teria sido construída, conforme se apresen-
ta:
1977 a 2004 • Colapso e declínio parcial da civilização.
1985 • Inuências espirituais começam a se irradiar.
1999 • Estabelecimento do reinado do espírito.
2004 a 2025 • Colapso da civilização materialista.
2034 • Começam a surgir os sinais do Messias.
2039 • Encarnação do Messias.
2075 • Início de uma era de grande prosperidade.
3989 • Fuga humana para os planos espirituais.
(Arrebatamento?)
O estudioso da pirâmide Adam Rutherford, funda-
dor do Instituto de Piramidologia em Londres, em
1940, escreveu uma extensa obra em cinco volumes a-
cerca da Grande Pirâmide, contendo conhecimentos ci-
entícos, proféticos e religiosos. De acordo com suas
interpretações, as previsões acerca do futuro falam a
respeito de modicações do clima, cataclismos, ter-
remotos e de outros fenômenos naturais que virão a-
tingir os países e que poderão trazer devastações,
destruição e morte em alta escala.
“E vi um novo céu e uma nova terra, porque o pri-
meiro céu e a primeira terra tinham desaparecido; o
mar já não existia” (Apocalipse 21:1).
O pesquisador francês Amime Michel armou que
assim como as pirâmides, vários monumentos antigos
teriam sido construídos como profecias escritas em
pedra, em cuja arquitetura seria possível ler tudo o
que há de vir. A Abadia de Glastonbury e as cate-
drais europeias estariam incluídas nesta condição.
NAPOLEÃO BONAPARTE
Conta-se de uma entrevista que Napoleão Bona-
parte (1769-1821), teria tido no interior da Grande
Pirâmide com pessoas desconhecidas, entrevista da
qual ele saiu lívido e tremendo. Teria sido oferecido a
ele o apoio de sociedades secretas para permitir reali-
zar o propósito de unicação europeia. Não cumpriu o
que tinha prometido, e procurou posteriormente safar-
se de seus compromissos; foi então que todo apoio lhe
foi retirado. Seus inimigos souberam como combatê-lo,
e ele acabou por ser derrotado duas vezes, sendo que
uma delas denitivamente, na batalha de Waterloo.
Napoleão, por
Jacques-Louis David.
Diante da Esnge,
(1868) por Jean-Léon
Gérôme, Hearst Castle.

CATACLISMA

Vários autores armavam que, por volta do nal

do milênio passado haveria um desvio do eixo da Ter-
ra, ou então que um grande corpo celeste iria se cho-
car com o planeta fazendo uma grande parte da popu-
lação perecer, e os sobreviventes fariam parte de uma
sociedade mais equilibrada, justa e espiritualmente
orientada, tudo isto conforme as palavras do profeta:

24 O ALIENISTA
 Charles Taze Russell fez suas
próprias medições do interior
da Pirãmide de Quéops.

Famosa série de livros

Millenial Down (6 volumes).

CHARLES TAZE RUSSELL

George Storrs havia publicado uma série de arti- A TESTEMUNHA DE DEUS

gos importantes sobre a Grande Pirâmide e seu signi-
cado profético em um periódico ocial de um pequeno
movimento adventista que tinha ajudado a fundar.
Em pouco tempo atraiu a atenção e interesse de muitas
pessoas inclusive Charles Taze Russell (1852-1916),
que viria a se tornar mais conhecido por ser o fundador
do grupo religioso Estudantes da Bíblia Internacio-
nais que posteriormente à morte de Russell adotaram o
nome Testemunhas de Jeová.
É bastante provável que Russell chegou a aceitar a
Piramidologia por causa da inuência sobre ele de ho-
mens como o Dr. Joseph Seiss e George Storrs. Ele che-
gou a anunciar que Deus havia colocado a Grande Pi-
râmide como um sinal na terra do Egito no dia três de
setembro de 1883. No entanto, ele não salientou a im-
portância da Piramidologia até 1897, quando ele publi-
cou o Volume III de seus famosos Estudos das Escritu-
ras, intitulado "Thy Kingdom Come", com um capítulo
inteiro dedicado à Grande Pirâmide.
Russell, foi além do que haviam declarado Taylor,
Smyth, Seiss, Storrs e outros. Ele começou a ensinar
que a Grande Pirâmide foi o "Plano Divino das Idades”
ou “Eras” em pedra. Curiosamente, ele apresentou
suas ideias para Smyth para exame e recebeu sua
aprovação.
“Herald of The Morning” de N. H. Barbour (Three Worlds)
e Co-autoria de C. T. Russell - 1878.
Thy Kingdom Come - Vol 3 - 1897.
Acreditando fortemente na ideia que a Grande Pirâ-
mide fosse a “Testemunha de Pedra” mencionada pe-
lo profeta hebreu Isaías, Russell viajou para o Egito em
uma campanha destinada a trazer suas próprias medi-
ções da pirâmide. Ele acreditava haver um ano profé-
tico correspondente para cada polegada medida,
assim como Georges Barbarin havia explicado.
Após medir pessoalmente várias câmaras e pas-
sagens dentro da pirâmide, Russell saiu envolto de
combinações de números que achava ser signicati-
vos. Ele pensava que estes números foram incluídos nas
dimensões da pirâmide para revelar o Plano de Deus
para a salvação do mundo.
Quando saiu o Volume III dos Estudos das Escritu-
ras (Thy Kingdom Come) em 1897, Russell ensinou o-
cialmente que a Grande Pirâmide foi o “Plano Divino
da Idade de Pedra”.
O PLANO DIVINO DAS IDADES OU ERAS
Na edição de 1889, na página 342 de “Thy King-
dom Come”, Russell ensinou que a Grande Pirâmide
provava que os maiores problemas mundiais da Histó-
ria tinham começado em 1874. Porém dois anos depois
com a publicação revisada, ele mudou a data para o
início da angústia mundial para 1915. Russel disse
que as medidas reais eram 3384.904 polegadas, ele ti-
nha errado por 41 polegadas. Nesta publicação, Rus-
sell armou corajosamente que como uma “verdade
estabelecida”, o Reino de Deus seria totalmente es-
tabelecido no nal de 1914 (páginas 99-101).
Novamente revisada, “Thy Kingdom Come” mu-
dou a data para o estabelecimento do Reino de Deus
para o nal de 1915. Mostravam os fatos que os escri-
tos de Russell eram dirigidos por Deus?

O ALIENISTA 25

O TEMPO DO FIM? (VERDADES ESTABELECIDAS)
Reinterpretações sobre a volta de Cristo e o esta-
belecimento de um Reino de Deus destruindo todos
os governos do mundo eram alguns fatos que se tor-
naram confusos devido às releituras e revisões das pu-
blicações que antes declaravam conter a “verdade es-
tabelecida”. Logo os Estudantes da Bíblia, como eram
conhecidos as Testemunhas de Jeová nos dias de Rus-
sell, começaram a repetir uma doutrina que se tornou
alvo de críticas por parte de egiptólogos que admiti-
am que a Piramidologia tinha se transmutado de pes-
quisas na área arqueológica e cientíca para culto e
religião.
1914 chegou e com ele uma grande guerra entre
as nações do globo. Seria o cumprimento das profeci-
as da pirâmide? Era a grande guerra o “tempo de
angústia” que eles haviam previstos? Não. Se assim o
fosse, o Reino de Deus deveria ser estabelecido em
1914 ou 1915, mas a guerra continuou, e com ela o
mundo dos “gentios mundanos”.
O “COMEÇO DO FIM”
Ficou claro que uma religião que se baseava na
Piramidologia carregava grandes erros teológicos
por não se sustentarem na Bíblia. Aos poucos estavam-
se tornando doutrinas falsas e trêmulas, poderiam re-
sistir?
Russell faleceu em 1916 e com ele muitos amigos
e simpatizantes abandonaram a Sociedade Torre de
Vigia, fundando grupos dissidentes cada qual com
sua interpretação particular dos escritos de Russell.
Em 1921 foi publicado o livro “A Harpa de Deus” e
incluía em seus estudos uma explicação sobre o retor-
no de Cristo. Esse novo livro dizia que o ano de 1799
havia marcado “o tempo do m” e 1874 marcado o
tempo da “segunda presença de Cristo”. Note que a
palavra “presença” foi usada no lugar de “vinda”.
Charles Taze Russell liderou seu grupo de
pesquisas no início do século XX.
26 O ALIENISTA
Raras imagens de Charles
Taze Russell em sua expedição
ao Egito para estudo e
medição da Pirâmide.
A Harpa de Deus,
publicado em 1921.
Recorte do parágrafo
na página 235.
“VINDA” OU “PRESENÇA” DE CRISTO?
Como analisamos a partir de uma publicação ante-
rior “Thy Kingdom Come”, o ano de 1874 marcou o iní-
cio do “tempo de angústia”. No entanto, a publicação
“A Harpa de Deus” nas páginas 235-236 ensina que
1874 marcou a data da “presença do Senhor”. De a-
cordo com seus próprios ensinamentos, como poderia
estes dois diferentes eventos terem ocorrido no mes-
mo ano? Como não ser confundido com tantas revi-
sões e modicações nas doutrinas chamadas “verda-
de estabelecida”?
VERDADE EM COLAPSO – “A BÍBLIA DE SATANÁS”
Na década de 1920, (depois da morte de Russell) a
revista “A Sentinela” manteve suas publicações a res-
peito das datas obtidas a partir das medições de Russell
na Grande Pirâmide do Egito. Na edição de 15 de maio
de 1925, na página 148, “A Sentinela” explicava que a
Grande Pirâmide estava de pé como uma testemunha
silenciosa e inanimada do Senhor na terra do Egito e
que seu testemunho falava com grande eloquência
sobre o Plano Divino.
 7º Volume da Série Millenial
Down escrito por J. F. Rutherford,
mas publicado como obra
póstuma de C. T. Russell.
Juiz Joseph Franklin Rutherford, segundo Presidente
da Sociedade Torre de Vigia entre 1916 e 1942.
No entanto, posteriormente o juiz Joseph Franklin
Rutherford (1869-1942) - segundo Presidente da So-
ciedade Torre de Vigia - rejeitou completamente os
ensinos de Russell, incluindo os pontos de vista sobre
a Grande Pirâmide. Rutherford mudou esse ensino
ocultista sobre a Pirâmide e publicou em “A Sentinela”
de 15 de novembro de 1928: "É mais razoável con-
cluir que a Grande Pirâmide de Gizé, bem como as
outras pirâmides por aí, também a esnge, foram
construídos pelos governantes do Egito e sob a di-
reção de Satanás, o Diabo (...) Satanás colocou en-
tão seu conhecimento em pedra morta, que pode
ser chamado a Bíblia de Satanás, e não testemunha
de pedra de Deus” (páginas 341-344).
Teriam as Testemunhas de Jeová ensinado doutri-
nas satânicas baseadas na “Bíblia de Satanás” duran-
te os últimos 50 anos? Isso signica que Jeová permi-
tiu que seu “povo escolhido” publicasse literaturas
satânicas usando o nome Dele?
FAZENDO DISCÍPULOS E APAGANDO A HISTÓRIA
Dois irmãos escoceses, John Morton e Edgar Mor-
ton, tornaram-se membros éis dos Estudantes da Bí-
blia de Russell e pregavam a Piramidologia com grande
Foi ensinado que a “parousia” ou volta de
Jesus Cristo como Rei se deu de forma invisível.
paixão. John, médico em Glasgow, publicou uma série
de obras sobre a Grande Pirâmide até a sua morte em
1912. Seu irmão continuou seus estudos e publicou vá-
rios livros sobre o assunto durante as décadas se-
guintes. Só depois, quando o sucessor de Russell, o juiz
J. F. Rutherford denunciou a Piramidologia como anti-
bíblica e pertencendo ao diabo em 1928, os Estudantes
da Bíblia associados à Sociedade Torre de Vigia aban-
donaram seus estudos. Seus herdeiros espirituais ho-
je, Testemunhas de Jeová, dicilmente tem consciên-
cia da sua existência, mesmo porque o assunto foi qua-
se que completamente apagado da história do gru-
po religioso.
PROVAS INVISÍVEIS
Com tantas confusões, cálculos, revisões e nega-
ções, as datas de 1799, 1874, 1878, 1914 e 1915 ca-
ram utuando na concepção de uma nova verdade
para aqueles “Estudantes da Bíblia”. A Sociedade foi
forçada a escolher aleatoriamente uma destas datas
para resolver esta confusão e continuar sua ilógica
doutrina. Na tentativa de desviar-se das “origens
ocultistas” da Pirâmide, J. F. Rutherford fabricou pro-
vas de que o ano 1914 foi o ano em que Jesus “voltou
invisivelmente”. Embora C. T. Russell tivesse concluído
a data 1914 através da medição da Grande Pirâmide,
a Sociedade Torre de Vigia a manteve porque era opor-
tuna, e quanto mais pessoas fossem convencidas de
que o “Armagedom” estava perto, mais cresciam em
número.
As Testemunhas de Jeová acreditam que os eventos
históricos de 1914 (Primeira Guerra Mundial) estabele-
cem a data que Jesus voltou invisivelmente. Não sa-
bendo a verdadeira história da Torre de Vigia, as Tes-
temunhas de Jeová conam todo o seu sistema de
crenças sobre o invisível.
O ALIENISTA 27

“Sentinelas” publicadas em 1984
aplicando “profecias bíblicas” ao ano de 1914.
ALTERANDO DADOS HISTÓRICOS E
O MALABARISMO COM NÚMEROS
Que provas poderiam as Testemunhas de Jeová
usar para apoiar a doutrina da presença invisível de
Cristo e a data de 1914 já que foram descartadas as
medições da Grande Pirâmide? Agora começa o ver-
dadeiro malabarismo com números! Apesar de haver
base matemática, foi preciso uma grande criatividade
nessa coletânea de recortes e recosturados textos
bíblicos, que aliás, não são originais de J. F. Rutherford.
Foi preciso pegar um versículo nas Escrituras He-
braicas, em Daniel 4:16 que menciona sete tempos,
também interpretados como sendo sete anos; recorrer
às Escrituras Gregas, no livro de Apocalipse 12:6 e 14
indicando que três tempos e meio equivalem a
“1260 dias” - base para se calcular os sete tempos (do-
brando-os); então voltar às Escrituras Hebraicas em
textos que mencionam “um dia por um ano” registra-
dos em Números 14:34 e Ezequiel 4:6 para, por m,
sete tempos - abrangendo 2520 dias - serem trans-
formados em 2520 anos! (sic!)
28 O ALIENISTA
[CRÉDITO DA IMAGEM: JW.ORG]
Ilustração publicada pelas Testemunhas de Jeová para explicar
os “sete tempos” e sua aplicação - abrangendo os anos de
607aC até 1914dC - culminando na entronização de Cristo.
Mas não termina por aqui. Para adaptar o cálculo
dos 2520 anos para cair em 1914, foi preciso mudar
fatos da História contradizendo diversos historiado-
res e autores importantes. Isso mesmo, MUDAR A
HISTÓRIA! O ano da queda de Jerusalém perante o
Império Babilônico aceito pelos historiadores é 587
aC, mas aplicando a profecia de Daniel, contando a
partir dessa data, os 2520 anos acabariam em 1934
(lembrando que não existiu ano zero). A Sociedade Tor-
re de Vigia alegando basear-se na cronologia bíblica,
adulterou a data da queda de Jerusalém de 587 aC
para 607 aC, vinte anos mais distantes na linha do tem-
po. Assim os 2520 anos proféticos terminariam em
1914.
QUANDO VIRÁ O “ARMAGEDOM”
OU “FIM DO MUNDO”?
Questiono agora - baseado nas datas previstas aci-
ma - quando será anal, estabelecido o Reino de
Cristo? As Testemunhas de Jeová - de amantes a per-
seguidoras da Piramidologia ou “ocultismo” - teriam
hoje respostas como “verdade estabelecida”? Ainda
são sensíveis e trêmulas as doutrinas da religião que
segundo o anuário de 2016 teve o auge de 8.220.105
publicadores das “boas novas” de casa em casa em
240 países pelo mundo?
 1) (1908-1989) Clarence Ulrich FALECIMENTOS
2) (1907-1996) Arthur Worsley
3) (1896-1994) George Gangas
4) (1912-1997) John Errichetti
5) (1903-2002) Louise Stemen
6) (1892-1984) Dickran Derderian
1 7) (1910-2000) Ann Rose
2 4
5 3 8) (1898-1993) Aquilla Zook
6 9) (1906-2008) Sophie Yuchniewicz
7 8 10) (1907-1987) Dr. Willis Stemen
9 10 11 11) (1909-2001) Bernice (Bun) Henschel
12) (1898-1995) Mary Hannan
12
13) (1904-1988) Martin Poetzinger
13 14) (1899-1992) George Hannan
14 15
16 15) (1903-2001) Robert Hatzfeld
16) (1894-1995) Babette Herrlinger

ocorrido no ano de 1914 - daria início ao cumprimento

“A GERAÇÃO 1914”
Há um aspecto da profecia que não deixa por me-
nos em questão de malabarismos doutrinais, a cha-
mada “Geração 1914”. Segundo Cristo, quando ele
voltasse - o que armam as Testemunhas de Jeová ter
das palavras registradas no livro de Mateus 24:34:
“Em verdade vos digo que não passará esta geração
sem que todas estas coisas aconteçam.”
O grande problema é que a “geração” que viu a
Grande Guerra em 1914 e entendeu que Cristo havia
voltado de forma invisível, - se contarmos os recém-
nascidos, absurdamente ignorando o fato deles não po-
derem entender tais coisas ainda - estariam com mais
de 100 anos hoje. Este será o tema abordado no pró-
ximo número de “O Alienista” na Coluna “Rasgando o
Véu”.

Você pode ler a versão das

Allan Aldebram @aldebram

Testemunhas de Jeová Designer Gráco e Web, Graduando em

Filosoa, Pensador Livre, Pesquisador, Crítico,
em sua Página Ocial
Escritor, Pintor, Violonista; Compositor e
Guitarrista da Banda O Chefe da Casa.
1914 — um ano signicativo na profecia bíblica.

/aldebramocial /bandaochefedacasa

Explore o interior das pirâmides

Você pode participar enviando sua opinião ou
com recurso de 360º.
críticas para o e-mail: contato@oalienista.com.br

O ALIENISTA 29
 A Pirâmide de Pedra com o símbolo de uma cruz
coroada identica o local onde está enterrado C. T. Russell
(Acima, ao fundo, ca um grande Templo Maçônico).
A Lápide Original de Russell
Modesta, Humilde e Singela.
Preparação da cova e enterro de Charles Taze
Russell no Cemiterio Rosemont United em 1916.
30 O ALIENISTA
AS INSTRUÇÕES DE RUSSELL PARA O SEU FUNERAL
“Eu CHARLES TAZE RUSSELL desejo ser enterrado
no jazigo de terra pertencente a nossa Sociedade
(Watchtower Society), localizado no cemitério Rose-
mont United, e todos os detalhes dos arranjos a respei-
to do serviço fúnebre eu deixo aos cuidados da minha
irmã, Senhora M. M. Land, e suas lhas, Alice e May,
ou quaisquer delas que possam sobreviver mais do que
eu, com a assistência e cuidado e cooperação da con-
gregação Brethren, assim como elas podem requisitar o
mesmo. Ao invés de um discurso fúnebre normal, eu pe-
ço que elas arranjem um certo número de pessoas de
Brethrem, acostumados a discursos públicos, e que ca-
da um faça alguma consideração, a m de que o serviço
seja bem simples e inexpressivo e que possa ser con-
duzido na Capela da Casa da Bíblia ou qualquer outro
lugar que possa ser considerado igualmente apropriado
ou até melhor do que este.”
 A LÁPIDE ATUAL
ERIGIDA NA GESTÃO RUTHERFORD

Extraído de "A Sentinela" (em inglês) Ano 1959, Página 62 - (Jehovah's Witnesses In The Divine Purpose).
WATCHTOWER BIBLE RUSSEL - Descrito na lápede
AND TRACT SOCIETY. como sendo o 7º Mensageiro
(anjo) de Laodicéia.

PARA AQUELES QUE DESEJAM VISITAR O TÚMULO

O Cemitério (Rosemont United Cemeteries) ca

VISITAR O TÚMULO ONLINE
Por que razão, Russell foi então descrito na lápide
como sendo o 7º Mensageiro de Laodicéia? Ruther-
ford, mesmo sob cerrada oposição de alguns membros
da família de Bethel, resolveu lançar literalmente a base
para sua campanha comercial da venda no novo livro,
"O MISTÉRIO CONSUMADO" - 1917.
localizado na área de North Hills na cidade de Pitts-
burgh no Condado de Allegheny, está no jazigo da
família de betel, de acordo com o seu pedido - A rua é
chamada de Cemetery Lane. É na intercessão da Bab-
cock Boulevard e McKnight Rd. Cemetery Lane será
um desvio a esquerda da Babcock. A pirâmide ca an-
tes de você chegar ao topo da montanha do lado es-
querdo. Você poderá vê-la da estrada.

INFLUÊNCIAS E LEGADO

As teorias de Smyth sobre

a Grande Pirâmide foram in-
tegradas às obras religiosas de
grupos remanescentes do Mi-
lenarismo como os Segundo-Adventistas de Geor-
ge Storrs e os Estudantes da Bíblia, de Charles Ta-
ze Russell (precursor das Testemunhas de Jeová).

TÚMULO DE CHARLES PIAZZI SMYTH

Smyth faleceu em 1900 e está sepultado na

Igreja de Saint John em Sharow próxima a Ripon.
Um monumento na forma de uma pirâmide de pe- Túmulo em formato de uma pirâmide de pedra identica o
dra, coroado por uma cruz cristã, identica seu tú- local onde está enterrado o astrônomo Charles Piazzi Smyth.
mulo. A cratera Piazzi Smyth na lua foi nomeada
em sua homenagem.

O ALIENISTA 31

Mensagem dirigida a todas as pessoas de bem!
A vida no planeta terra cou insustentável a ponto
do ser humano destruir seu próprio lar, como nos diz a
comissão planetária regida pelo Cristo Maior.
No processo de despertar à transição planetária, o
papel fundamental do espírito será a reconciliação com
ele mesmo.
A alma pede, o corpo implora e a salvação pela ca-
ridade não tardará. Estejam certos que o perdão divino
alcançará todo o globo e o amor vencerá enm.
Retirem suas máscaras e mostrem para a Luz quem
realmente são. Seja você mesmo, sem mentiras nem en-
ganos. Todo segredo encoberto será revelado, toda o-
bra oculta será desvendada.
Que o Nosso Senhor ilumine cada estrada com suas
hostes e os trabalhadores da Luz.
Encontre nesta estrada luminosa teu caminho de
reconciliação.
Paulo Lopes
17/08/2015
No limiar de uma nova era global o despertar da
nova consciência humana requer que a caridade seja o
princípio divino e o fôlego presente como combustível
para a nova sociedade que está se formando.
Assim como o desabrochar de uma or, a consciên-
cia deve ser trabalhada e receber cuidados e carinho ne-
cessários para vir a ser o que está predestinada a tornar-
se.
O centelho divino está aceso e pulsa com grande
força dentro de cada um de vós. Usem este pedacinho
de Deus e trabalhem em prol do próximo. Sejam cari-
dosos sempre, assim como o Cristo maior exemplicou
de maneira absoluta e perfeita. Estejam em união com a
Luz e orem pelos vossos irmãos, os que caíram pelo ca-
minho, os obstinados, os obsessores e os que vós tende
muito amor e dedicação, sem restrições nem julgamen-
tos.
A estrada nem sempre será fácil mas a cada dia um
novo ser despertará dentro de ti. Nunca haverá retro-
32 O ALIENISTA
*Psicofonadas
cessos, caminhe e lute para que o espírito seja purica-
do e suas vestes sejam lavadas no sangue do cordeiro.
Assim como aquela or desabrochou, você desper-
tará para uma innidade de maravilhas espirituais que
nem podeis imaginar existir neste estágio de evolução
espiritual. Dê ao próximo um pouco de ti e desperte.
Paulo Lopes
15/08/2015
Estamos todos enfrentando coisas terríveis em nos-
sa volta. Presenciamos crimes violentos, barbáries e
não temos proteção nem segurança.
Até quando Jesus Cristo permitirá tais assombrosos
episódios? Onde você se encontra na evolução espiri-
tual? Já alcançou um estágio de consciência aceitável e
realizou mudanças consideráveis em tua vida? Você faz
pelos outros o que espera que seja feito por você? Estes
são alguns ensinamentos do Cristo, trabalhe a caridade,
dê mais de você para quem tem pouco.
“Seja você a mudança que deseja ver no outro.”
O Cristo mencionou que seu Pai tinha várias mora-
das preparadas, onde são essas moradas? Quem é o Pai
de Cristo?
O Deus de Abraão, Isaque e Jacó nunca prometeu
nada após a morte para seus seguidores, foi apenas a-
pós o advento da igreja que se mencionou a esperança
de uma vida no céu.
O Pai porém, desde tempos remotos observava a
humanidade e prometeu por meio de seu lho Cristo
uma vida satisfatória e um plano de resgate após a mor-
te. Esse é o Deus verdadeiro, segui-o! Vós fostes com-
prados com o sangue do Cristo. Sois agora irmãos por
adoção pelo Pai, ora se sois irmãos do Cristo, sois co-
herdeiros de todo o Reino Celestial e tudo o que o Pai
preparou para Vós.
Esforçai, andai no caminho correto da salvação, vi-
giai, orai, por vossos irmãos. Esperai e lutai o grande
combate.
Lucas Alves
08/09/2015
 Os campos de concentração nazis, durante a Se- historiadores dizem invertidos, contudo isso, é com
gunda Guerra Mundial, possuíam um sistema de guras respeito a cor, as inclinações e a sobreposição das gu-
geométricas em forma de triângulos, para auxiliar na ras que se baseavam os critérios para classicação dos
identicação do tipo de pessoa que a portava. Alguns segregados em seus respectivos lugares (campos).

Auschwitz - Birkenau, o principal campo de

extermínio nazista, lugar onde morreram
mais de um milhão de vítimas do Holocausto.

VISITAR O CAMPO DE AUSCHWITZ

O ALIENISTA 33

Face ao enorme remanejamento nos cam-
pos de concentração alemães e para efeito de
transporte de prisioneiros que cumpriam tare-
fas fora dos campos, em vez de números, os
administradores tiveram de elaborar uma enge-
nhosa solução gráca de identicação, que faci-
litava-os no monitoramento entre outros cida-
dãos que trabalhavam nas indústrias bélicas.
Esses prisioneiros, requeridos a serviço
dentro ou fora dos campos, eram obrigados a
usar triângulos coloridos nas vestes para sua rá-
pida identicação ao longe. Eram as cores dos
triângulos que facilitavam identicar tanto o
campo de origem do prisioneiro como seu idio-
ma. Como esses campos eram organizados pa-
ra atender o idioma dos prisioneiros, a naciona-
lidade e/ou preferência política, alguns histo-
riadores entenderam que os triângulos teriam a
obrigação de responder sua etnia (no sentido
de raça e religião). Desse modo, com ou sem
etnia, as cores variariam muito de campo para
campo e de lugar para lugar. As tonalidades
mais comuns correspondiam aos campos mais
populosos.
Trem lotado de judeus a caminho de Auschwitz, 1942
34 O ALIENISTA
Triângulo Amarelo
Judeus: dois triângulos sobrepostos, para
formar a Estrela de Davi, com a palavra "Jude"
(judeu em alemão) inscrita; mischlings i.e.,
aqueles que eram considerados apenas
parcialmente judeus, muitas vezes usavam
apenas um triângulo amarelo.
Triângulo Vermelho
Dissidentes políticos: incluindo comunistas,
sociais-democratas, liberais, anarquistas
e maçons.
Triângulo Verde
Criminoso comum: Criminosos de ascendência
ariana recebiam frequentemente privilégios
especiais nos campos e poder sobre outros
prisioneiros.
Triângulo Púrpura (Roxo)
Basicamente aplicava-se a todos os objectores
de consciência por motivos religiosos, por
exemplo, as Testemunhas de Jeová, que
negavam-se a participar dos empenhos
militares da Alemanha nazista e a renegar
sua fé assinando um termo declarando
que serviriam a Adolf Hitler.
Triângulo Azul
Imigrantes: Foram usados, por exemplo, pelos
prisioneiros Espanhóis que se exilaram em França
a seguir à derrota na revolução Espanhola, e que
mais tarde foram deportados para a Alemanha
Nazista considerados como apátridas.
Triângulo Castanho
Ciganos Roma e Sinti.
Triângulo Negro
Lésbicas e mulheres "anti-sociais".
(alcoólatras, grevistas, feministas, decientes e
mesmo anarquistas).
Os Arianos casados com Judeus recebiam um
triângulo negro sobre um amarelo.
Triângulo Rosa
Homens homossexuais.
Alguns subgrupos tinham o comple-
mento de uma letra localizada no
centro do triângulo, para especicar
prexo do país de origem do prisio-
neiro, por exemplo:

B • Belgas S • Espanhois
F • Franceses T • Tchecos
I • Italianos U • Húngaros
P • Polacos

Prisioneiro britânico frente

a Heinrich Himmler, um dos
grandes idealizadores do
Holocausto.

Triângulos amarelos invertidos: Cartaz de 1936 indicando os

emblema dos nazis para identicar um judeu. signicados das cores dos triângulos.

Judeus em Berlim caminham

com a Estrela de Davi costurada
em suas roupas, 1941.
Judeu encarregado de distribuir braçadeiras com a Estrela
de Davi. A lei nazista exigia que o judeu se identicasse
com esse símbolo.
Os Triângulos Invertidos
Os triângulos coloridos cumpriam a missão
de identicar os detentos quando mandados
para trabalhar em alguma fábrica ou no ir e vir
as cidades, logo alguns segregados (astuta-
mente) descobriram que invertendo o lado do
triângulo, ele mudava de cor. Essa cor de fundo
facilitava ao elemento se comunicarem com ou-
tros campos ou em alguns casos cumprir tarefas
num campo menos vigiado e depois fugir, essa
solução entretanto foi descoberta e algum
administrador elaborou outra solução sobre-
pondo os triângulos de algumas classes.

O ALIENISTA 35

30/07/1863
07/04/1947
Estados Unidos
Ford nasceu em uma fazenda próxima a um município
rural a oeste de Detroit, no estado do Michigan (este
espaço hoje faz parte de Dearborn). Seu pai, William Ford
(1826-1905), nasceu em County Cork, Irlanda. Sua mãe,
Mary Litogot Ford (1839-1876), nasceu em Michigan, e
era a mais nova dos lhos de imigrantes belgas. Os irmãos
de Henry Ford são: Margaret Ford (1867-1868); Jane
Ford (1868-1945), William Ford (1871-1917) e Robert
Ford (1873-1934).
Ford iniciou sua trajetória com motores, na fazenda
de seu pai. Ele era responsável pelos reparos nas máquinas
da fazenda, mostrava muita habilidade para inovar e sua
principal intenção era observar o funcionamento mecânico
das máquinas e equipamentos. Desde menino Ford já de-
monstrava o interesse em diminuir o trabalho manual
com o uso de máquinas. No ano de 1875, com doze anos,
o contato com um locomover a vapor o levou a estudar os
carros automotores.
LOCOMOVER À VAPOR - 1879
Com o falecimento de sua mãe em 1876, muito pouco
permaneceu para o manter na fazenda. Mais tarde ele dis-
se a seu pai: "Eu nunca tive qualquer amor especial pela
fazenda, era a mãe na fazenda que eu amava".
Aos quinze, ele tinha a reputação de reparador de reló-
36 O ALIENISTA
Springwells (Dearborn)
Michigan • EUA
gios, tendo desmantelado e remontado as peças de
relógios de amigos e vizinhos dezenas de vezes. Em
1879, com 16 anos , ele deixou sua casa e foi para a
cidade vizinha Detroit, para trabalhar como apren-
diz de operador de máquinas, primeiro na empresa
James F. Flower & Bros., e mais tarde na Detroit
Dry Dock Co. Em 1882 retornou a Dearborn para
trabalhar na fazenda da família e se tornar experi-
ente na operação dos motores a vapor portáteis da
Westinghouse. Aos 19, Ford entrou para a Compa-
nhia Westinghouse, no conserto e na montagem de
locomoveis a vapor. Em 1885, trabalhando como
mecânico das ocinas da Eagle Motor Works, em
Detroit, seu interesse se concentra nos motores a ex-
plosão. Dois anos depois, Ford construiu seu pri-
meiro motor desse tipo, movido a gasolina.
Ford se casou com Clara Jane Bryant (1865-
1950) em abril de 1888. Eles tiveram um único lho,
Edsel Bryant Ford (1893-1943)
Por volta do ano de 1890, Ford assumiu o lugar
de engenheiro maquinista na cidade de Detroit na
Edison Illuminating Company. Em 1893, após sua
promoção ao cargo de Engenheiro Chefe, Ford pas-
sou a ter bastante tempo e dinheiro para dedicar-se
às suas experiências pessoais com motores a gasoli-
na. Estes experimentos culminaram em 1896 com a
conclusão de seu próprio veículo automotor denomi-
nado Quadriciclo, que ele dirigiu em teste em 4 de
junho. Depois de vários testes, Henry Ford planejou
formas de melhorar o Quadriciclo.
QUADRICICLO - 1896
thehenryford.org
 EVOLUÇÃO DA MARCA FORD
AO LONGO DOS ANOS

FORD 999 - 1902

Sua primeira empresa foi a Detroit Automobile Com-

pany, sob a responsabilidade de ser engenheiro chefe, en-
tretanto, a fábrica fechou devido à discordância com os ou-
tros diretores em relação à adoção da produção em massa
como modelo padrão. Anos mais tarde, montou outra em-
presa, esta voltada para carros de corrida, contudo, a pro-
dução desses carros não obteve êxito. Mesmo assim, Ford
persistiu com a ideia e juntamente com o projetista Harold
Wills montou o chamado carro 999, com o qual Barney
Oldeld se tornou campeão, divulgando o carro em todo
país. Esse passo foi importante, pois os rendimentos pro-
venientes do sucesso de seu carro deu suporte nanceiro a
suas ideias e assim a Ford Motor Company foi fundada.

“ Se tivesse feito o que meus clientes

pediam teria construído uma carruagem com “
mais cavalos ao invés do modelo T.
Henry Ford

Henry Ford foi o primeiro empresário a aplicar a mon-

tagem em série de forma a produzir em massa automóveis
em menos tempo e a um menor custo. A introdução de seu
modelo Ford T revolucionou os transportes e a indústria
dos Estados Unidos. Ford foi um inventor prolíco e regis-
trou 161 patentes nos Estados Unidos. Como único dono
da Ford Company, ele se tornou um dos homens mais ri-
cos e conhecidos do mundo. No dia 16 de junho de 1903,
dia da fundação da Ford Motor Company, foi investido
um capital de US$150.000 (em valores da época), de 12
sócios, sendo que US$28.000 foram investidos pelo pró-
prio Ford, com então 40 anos na época.
A ele é atribuído a produção em grande quantidade
de automóveis a baixo custo por meio da utilização da
"linha de montagem", o qual tinha condições de fabricar
um carro a cada 98 minutos, além dos altos salários ofe-
recidos a seus operários (5 dólares por dia) em 1914.
O intenso empenho de Henry Ford para baixar os
custos resultou em muitas inovações técnicas e de negó-
cios, incluindo um sistema de franquias que instalou uma
concessionária em cada cidade da América do Norte, e
nas maiores cidades em seis continentes.

O ALIENISTA 37
 [ REPRODUÇÃO ]
Com a criação da linha de montagem,
Henry Ford diminuiu o tempo de produção
do carro e aumentou as vendas.
Reprodução - Infográco para a revista Aventuras na História, da
Editora Abril, mostrando a linha de montagem do Ford T em 1914.
FORD-T 1913
O Ford Model T foi apresentado em 1 de outubro de
1908. Ele tinha muitas inovações importantes, como o vo-
lante no lado esquerdo, o que foi logo copiado por todas
as outras companhias. O motor e o câmbio eram totalmen-
te fechados. Os 4 cilindros eram fundidos em um bloco só-
lido, e a suspensão usava duas molas semi-elípticas. O car-
ro era muito simples de se dirigir e, o mais importante, sua
manutenção era barata. O veículo era tão barato em 1908,
custando 825,00 dólares (o preço caía todo ano) que na
década de 1920 a maioria dos motoristas norte-america-
nos aprenderam a dirigir o Modelo T.
Ford tinha um sólido sistema de publicidade para ga-
rantir que cada jornal transmitisse notícias e anúncios so-
bre o novo produto. A rede de concessionários locais de
Ford tornou o carro onipresente em praticamente todas as
38 O ALIENISTA
Trabalhadores na linha
de produção em 1913.
ILUSTRAÇÃO: Anna Luiza Aragão
cargocollective.com/manaedi/Linha-de-montagem-Ford-T-Aventuras-na-historia
“
O cliente pode ter o carro da cor que “
quiser, contanto que seja preto.
Henry Ford
cidades da América do Norte. Como revendedores in-
dependentes, as franquias enriqueceram e zeram a
propaganda não apenas de Ford, mas também do
próprio conceito de automobilismo. Os fazendeiros
viram no veículo um dispositivo comercial para aju-
dar em seus negócios. As vendas subiram rapida-
mente - vários anos tiveram 100% de lucros em rela-
ção ao ano anterior. Sempre na busca de maior e-
ciência e menores custos, em 1913 Ford introduziu a
montagem em esteiras em movimento nas suas
instalações, o que permitiu um enorme aumento da
produção. As vendas ultrapassaram 250.000 unida-
des em 1914. Por volta de 1916, tendo o preço bai-
xado para US$360,00 para os carros de passeio bási-
cos, as vendas atingiram 472.000 unidades.
Por volta de 1918, metade dos carros na América
do Norte eram Modelos T. A alta produção consegui-
da por Ford tem como característica marcante a esco-
lha de uma única cor de veículo, que era preta. A pro-
dução nal total foi de 15.007.034 unidades. Esse
foi um recorde que permaneceu por 45 anos.
 addictinginfo.org
PRESIDENTE
WOODROW WILSON
1856-1924
28º presidente dos
[ REPRODUÇÃO ]
Estados Unidos.
(1912 a 1921)
Em 1918, o presidente Woodrow Wilson pediu
pessoalmente a Ford para que se candidatasse ao Se-
nado dos Estados Unidos, de Michigan, como um
democrata. Embora a nação estivesse na guerra,
Ford concorreu como um candidato pacíco e um for-
te apoiador da proposta Liga das Nações.
Em dezembro de 1918, Henry Ford transferiu a
presidência da Ford Motor Company para seu lho
Edsel Ford. Henry, entretanto, retinha a autoridade
de decisão nal e algumas vezes revogou as decisões
de seu lho. Henry e Edsel compraram todas as ações
restantes de outros investidores, dando deste modo
à família exclusivo domínio sobre a companhia.
Por volta da metade da década de 1920, as ven-
das do Modelo T começaram a declinar devido à con-
corrência crescente. Outros fabricantes de automó-
veis ofereciam planos de pagamentos pelos quais os
clientes podiam comprar seus carros, que comumen-
te incluíam características mecânicas mais modernas
e estilos não disponíveis no Modelo T. Apesar dos es-
tímulos de Edsel, Henry recusava-se rmemente a in-
corporar novas características no Modelo T ou a criar
um plano de crédito para os compradores.
FORD 4-AT-F (EC-RRA)
Henry Ford teve participações na mecanização
do campo, na fabricação de motores aeronáuticos,
chegando a construir um motor Liberty durante o pe-
ríodo da primeira guerra mundial, e anos mais tarde
um trimotor para aviões.
A Ford, assim como outras empresas automoti-
vas, entrou no negócio da aviação durante a Primeira
Guerra Mundial. Após a guerra, ele retornou à indús-
tria automobilística até 1925, quando Henry Ford
adquiriu a companhia de aviação Stout Metal
Airplane Company.
Por volta de 1926, o enfraquecimento das vendas do
Modelo T nalmente convenceu Henry a fazer um novo
modelo de automóvel. Ele desempenhou o projeto com
um grande número de técnicos especializados no projeto
de motor, chassi, mecânica e outras necessidades, deixan-
do o desenho da carroceria para seu lho. O resultado foi o
sucesso do Ford Model A, introduzido em dezembro de
1927 e produzido até 1932, com uma produção total de
mais de cinco milhões de automóveis. Posteriormente, a
empresa adotou um sistema de mudança anual de mode-
lo, semelhante ao que é utilizado pelos fabricantes de au-
tomóveis de hoje. Não antes de 1930 Henry superou sua
oposição contra companhias de nanciamento. No
entanto, após isso, a Universal Credit Corporation, de
Ford, tornou-se a principal nanciadora de veículos.
MODELO A - 1927
A mais bem sucedida aeronave de Ford foi o Ford 4AT
Trimotor - chamado de "Ganso de Lata" ("Tin Goose"), em
virtude da sua construção metálica ondulada. O avião uti-
lizava uma nova liga chamada Alclad, que combinava re-
sistência à corrosão do alumínio com a força do duralu-
mínio. O avião era semelhante ao F.VII-3m da Fokker, e al-
guns dizem que os engenheiros da Ford secretamente me-
diram o avião Fokker e, em seguida, o copiaram. O Trimo-
tor voou pela primeira vez em 11 de junho de 1926, e foi
o primeiro bem sucedido avião de passageiros dos Esta-
dos Unidos, acomodando cerca de 12 passageiros de
modo um tanto desconfortável. Diversas variantes foram
também usadas pelo Exército dos Estados Unidos. Apro-
ximadamente 200 Trimotores foram construídos antes de
ter sido interrompido sua produção em 1933, quando a
Ford Airplane Division encerrou suas atividades devido
às poucas vendas durante a Grande Depressão.
O ALIENISTA 39
 Henry Ford foi um cris-
tão episcopal que era con-
tra a guerra, argumentando
que ela era um desperdício
de tempo. Ford tornou-se al-
tamente crítico com aqueles
que nanciavam a guerra e
parecia fazer tudo o que po-
dia para detê-los. Em 1915 o
pacista Rosika Schwimmer
obteve a ajuda de Henry Ford
para nanciar uma viagem
de navio para a Europa, com o objetivo de ser uma es-
pécie de "missão de paz", para si e aproximadamente 170
outros proeminentes líderes pacistas. O pastor episcopal
de Ford, Reverendo Samuel S. Marquis, acompanhou-o
na viagem. Marquis também liderou o departamento de
sociologia de Ford entre 1913 e 1921. Ford conversou
com o presidente Wilson sobre a missão, mas não obteve
qualquer apoio governamental. Seu grupo partiu rumo à
neutra Suécia e à Holanda para encontrar-se com ativis-
tas da paz naquele país. Ridicularizado, teve que deixar o
navio logo que este chegou à Suécia.
Poucos lembram que
Ford foi também um assu-
mido antissemita que nutriu
simpatia pelo movimento
nazista, tendo conquistado a
admiração de Adolf Hitler.
Presente no salão do au-
tomóvel de Berlim em 1934,
Hitler mencionou em seu discurso que, nos EUA, um
em cada seis cidadãos já tinha carro. Nessa época,
na Alemanha, a média era de um automóvel a cada
cem pessoas.*
Ford cou conhecido como um pacista durante
os primeiros anos da Primeira Guerra Mundial e na
década seguinte cou conhecido como notório
antissemita, publicando uma série de quatro livros
em 1920 chamados O Judeu Internacional (The In-
ternational Jew).
*http://classicados.folha.uol.com.br/veiculos/2014/06/1477822-museu-idealizado-por-henry-
ford-inventor-da-linha-de-montagem-exibe-carros-e-memorias-dos-eua.shtml

A losoa de Ford defendia a independência econô-
mica para os Estados Unidos. Sua fábrica em River Rouge
tornou-se o maior complexo industrial do mundo, sen-
do até mesmo capaz de produzir o seu próprio aço. Ford
tinha por objetivo produzir um veículo a partir do zero,
sem dependência de comércio externo. Ele acreditava na
Henry Ford faleceu em Dearborn em 7 de abril
de 1947. Encontra-se sepultado no Cemitério Wood-
lawn, Detroit, Condado de Wayne (Michigan), Michi-
gan nos Estados Unidos.
FONTE: https://pt.wikipedia.org/wiki/Henry_Ford

expansão global de sua companhia. Acreditava que o co-

mércio internacional e a cooperação internacional leva-
riam à paz, e usou o processo de linha de montagem e pro-
dução do Modelo T para demonstrar isso. Ele abriu as fá-
bricas de montagem Ford no Reino Unido e no Canadá
em 1911, e logo se tornou o maior produtor de automó-
veis nesses países. Em 1912, Ford cooperou com Agnelli
da Fiat para lançar as primeiras montadoras de automó-
veis italianas. As primeiras instalações na Alemanha fo-
ram construídas na década de 1920, com o encorajamen-
to de Herbert Hoover e do Departamento de Comércio,
que concordava com a teoria de Ford, que armava que o
comércio era essencial para a paz mundial. Na década de Theodor Herzl
1920 Ford também construiu instalações na Austrália, na
Índia e na França, e, por volta de 1929, ele teve conces- 02/05/1860
sionários de sucesso em seis continentes. 03/07/1904
Ford tentou uma plantação comercial de seringuei-
ras para a produção de borracha na Amazônia brasileira
chamada de Fordlândia; o que foi uma de suas poucas Budapeste
falhas. Hungria
40 O ALIENISTA
 O Judeu Internacional foi escrito em 1920
por Henry Ford e publicado no Brasil pela Revisão
Editora nos anos 90, foi um livro polêmico por
retratar os judeus como “donos do mundo” e teve
grande inuência na expansão mundial do anti-
semitismo. Depois da entrada dos Estados Unidos
na Segunda Guerra Mundial, em 1942, Ford
tentou deter a distribuição do livro, no entanto,
continuou a ser divulgado até hoje.
O Estado Judeu publicado décadas antes,
em 1896 pelo jornalista austríaco Theodor Herzl,
foi o ponto de partida do movimento Sionismo.
Pregava que o problema do antissemitismo só
seria resolvido quando os judeus dispersos pelo
mundo pudessem se reunir e se estabelecer num
O JUDEU O ESTADO JUDEU estado nacional independente.
INTERNACIONAL Theodor Herzl
Henry Ford • ESGOTADOS

PAPA FRANCISCO
“Wake Up” (2015)

A banda O Chefe da
Casa é a mistura de perso-
nalidades, estilos e expe-
riências. Com uma pegada
Recentemente o Papa Francisco própria inconfundível, mis-
lançou um CD de rock progressivo. tura rock com elementos
O álbum tem o título de “Wake africanos em canções
Up: Desperta”, que também é o nome próprias e versões do estilo
da canção de trabalho. em covers.
O trabalho de sua santidade A banda gravou seu
chegou às lojas em novembro de 2015. primeiro CD "Adoiê" e se-
O dinheiro das vendas será doado aos gue divulgando o trabalho
refugiados da Europa. Este é para ser O CHEFE DA CASA com grande paixão.
lembrado, está disponível para venda. Adoiê (2012) Vale a pena conferir!

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O ALIENISTA 41
 BÍBLIA
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O SEGREDO DOS
MÉDICOS ANTIGOS
Jürgen Thronwald
Contrariando o senso comum, que
atribuiu aos gregos a origem da ciência
médica, este livro resgata, com docu-
mentos e evidências arqueológicas, a
arte da medicina praticada muito antes
de Hipócrates no Egito, na Mesopotâ-
mia, na Índia, na China, e, paralela-
mente, no Peru e no México: Técnicas,
receitas, instrumentos cirúrgicos, diag-
nósticos, o conhecimento da doença, do
sintoma, e da cura.
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OU QUALQUER MATERIAL QUE VOCÊ QUEIRA COMPARTILHAR CONOSCO
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contribuir para que as nossas cer-

O LIVRO DOS
MUNDOS ESQUECIDOS
Robert Charroux
Um conjunto de fatos insó-
litos e misteriosos documentados
pelo autor e capazes de pôr em cau-
sa as nossas leis mais elementares
de compreensão do mundo. Incur-
são nos domínios do misterioso
desconhecido, este livro não pre-
tende destruir gratuitamente con-
ceitos adquiridos - aspira antes a
tezas se não alicercem em “fórmulas
covardes e fáceis”.
As linhas de Nazca, Reencarna-
ção, Universos Paralelos, A Bíblia foi
Falsicada, Judas, O Verdadeiro Jesus,
A Missa na Lua, Os Feiticeiros das Ter-
ras Maravilhosas, Estranhos que Vie-
ram do Céu, Os Super-Homens Voa-
dores e A Conquista das Estrelas em
2050 são alguns títulos que o livro
explora, além de muitos outros mis-
térios.

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de acordo com a disponibilidade dos livros.
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42 O ALIENISTA
 O NOME DE DEUS
É MISERICÓRDIA
Papa Francisco
No dia 12 de janeiro de 2016 o Papa Francisco lançou seu
primeiro livro em uma cerimônia realizada no Vaticano. “O No-
me de Deus é Misericórdia” surgiu de uma entrevista de Fran-
cisco com o jornalista Andrea Tornielli, repórter do Vaticano.
O tema principal do livro é misericórdia, um assunto que o
papa trata com profundidade. Em 2015, Papa Francisco deu
início ao Ano da Misericórdia, quando anunciou um Jubileu
extraordinário.
O livro tem o formato de uma grande entrevista – ao todo
são 40 perguntas – em que o papa as responde, muitas vezes,
com histórias pessoais de sua infância e adolescência, e foi divi-
didos em nove capítulos.
THE BIBLE
• 2013
A minissérie acompanha tudo desde a
Gênesis até o Apocalipse, em cinco par-
tes de duas horas cada. Cada uma das
partes contém de duas a três histórias
bíblicas, contadas através de imagens e
computação gráca. Histórias como A
Arca de Noé, Êxodus, e o nascimento,
morte e ressurreição de Jesus estão in-
cluídas.
R$
44,90 *

Algumas questões abordadas no livro, como a dos imi-

grantes e dos mais pobres, o Papa Francisco deixa claro a sua
A.D.
opinião e a da Igreja Católica. Outros temas, como a homos- THE BIBLE CONTINUES
sexualidade e o divórcio, Francisco não propõe nenhuma mu-
dança na visão da igreja, mas pede, como já fez antes, que os
temas sejam abordados com tolerância e compaixão.
“O Nome de Deus é Misericórdia” foi lançado em 86 paí-
ses. Em uma das versões da capa, o título do livro aparece escri-
to à mão. A caligraa é do próprio Francisco que escreveu o títu-
lo nos seis idiomas em que o livro foi lançado.
• 2015
R$
23,90 *

BHAGAVAD - GITA A.D. é uma continuação da minissérie

The Bible. A crucicação pode parecer
O Bhagavad-gita, é um dos mais
ter sido o m, mas para grande parte do
conhecidos textos losócos do mun-
mundo, foi apenas o começo.
do, narra um evento dramático ocor-
rido num campo de batalha da Índia
antiga. Momentos antes de entrar em
combate, o guerreiro Arjuna começa *“O Alienista” não vende ou comercializa os
a se perguntar sobre o verdadeiro produtos aqui expostos. Todo o material dessa
sentido da vida. seção são sugestões de mídias incluindo CDs,
DVDs, livos, revistas, etc. não tendo “O
As questões levantadas por ele
Alienista” nenhuma parte nos lucros dos mes-
tem surpreendente importância para mos. Os valores expostos levam em conta o pre-
sankirtana.com.br nosso mundo moderno. ço dos produtos à venda pela internet na data da
publicação da edição digital. Os valores podem
R$
30,00 * VERSÃO POCKET
COM 893 PÁGINAS
variar para mais ou menos dependendo da épo-
ca e da disponibilidade dos produtos.

O ALIENISTA 43

Papa Francisco visita sinagoga e clama
contra violência em nome de Deus.
{ecumenismo}
O papa Francisco visitou no dia 17 de janeiro de
2016, pela primeira vez em seu ponticado, o Templo
Maior de Roma, a principal sinagoga da capital italiana,
onde defendeu "que a violência do homem contra o
homem se contradiz com qualquer religião".
Como já haviam feito seus antecessores, depois da
histórica primeira visita de João Paulo II em 13 de abril
de 1986 e a de Bento XVI há exatamente seis anos, Fran-
cisco se aproximou hoje do bairro judaico de Roma, teste-
munha de deportações maciças em 1943 e também de um
atentado de um comando palestino que custou a vida de
uma criança de dois anos em 1982.
"A violência do homem contra o homem está em
contradição com qualquer religião digna desse homem,
em particular com as três religiões monoteístas", disse
Francisco em seu discurso à comunidade judaica de Roma
reunida na sinagoga.
Com esta visita, Francisco continuou o caminho de
aproximação entre católicos e judeus após anos de
desencontros e a eles pediu uma aliança para enfrentar os
grandes desaos do mundo, como o da ecologia e da vio-
lência.
Por outro lado, também lhes falou do esforço e do em-
penho que os representantes religiosos devem enfrentar
para construir a paz e a justiça em um momento no qual
"conitos, guerras, violências e injustiças abrem feri-
das profundas na humanidade".
"Cada ser humano, como criatura de Deus, é nosso
irmão, independentemente de sua origem ou liação reli-
giosa. A cada pessoa é preciso olhar com benevolência,
como faz Deus, que estende sua mão misericordiosa a
todos, sem olhar a fé ou procedência", destacou. Nesse
momento pediu então "orações a Deus com insistência
para que ajude a praticar na Europa, na Terra Santa, no
Oriente Médio, na África e em qualquer outra parte do
mundo a lógica da paz, da reconciliação, do perdão e da
vida".
A visita também serviu para lembrar que o povo judeu
"viveu a violência e a perseguição até o extermínio dos ju-
deus europeus durante o Holocausto", salientou Francisco.
44 O ALIENISTA
Foto: Franco Origlia / Getty Images
Papa Francisco troca presentes com
membros da comunidade judaica de Roma.
“
Judeus e cristãos podem e devem
oferecer à humanidade inteira a
mensagem da Bíblia
sobre o cuidado da criação.”
“
Papa Francisco
"Seis milhões de pessoas, só porque pertenciam
ao povo judeu, foram vítimas da mais desumana bar-
bárie perpetrada em nome de uma ideologia que
queria substituir Deus pelo homem", declarou.
O pontíce lembrou que mais de mil pessoas,
entre elas mulheres e crianças, da comunidade ju-
daica de Roma foram deportados a Auschwitz (Ale-
manha) em 16 de outubro de 1943 e pediu "que
seus sofrimentos, suas angústias, suas lágrimas, não
sejam nunca esquecidas".
Antes de entrar no templo, Francisco parou para
depositar uma grande cesta com ores brancas sob a
lápide que lembra a deportação dos judeus roma-
nos em 1943 e depois repetiu a homenagem onde se
lembra Stefano Gaj Tachei, o menino assassinado
em 1982, e parou para falar alguns minutos com seus
familiares
O papa, que relembrou suas excelentes relações
com os representantes judeus quando era arcebispo
de Buenos Aires, citou os passos positivos dados
nestes últimos anos desde a Declaração "Nostra
Aetate". Segundo Francisco, esta reiterou a necessi-
dade de dizer "não" a "qualquer forma de antis-
semitismo" e condenou as "injúrias, discrimina-
ções e perseguição" que derivam disso.
"Queridos irmãos mais velhos, temos que estar
verdadeiramente agradecidos por tudo o que se rea-
lizou nestes últimos 50 anos porque entre nós cres-
ceram e se aprofundaram a compreensão recíproca, a
conança mútua e a amizade", ponderou.
Por m, o papa se despediu pedindo que Deus
conduza o caminho de judeus e católicos "rumo a um
futuro bom, um futuro melhor".
FONTE: [noticias.terra.com.br]

Allan Kardec (1804-1869) foi propagador
da doutrina espírita. Foi educador, escritor e
tradutor francês. Nasceu em Lyon, França, no
dia 3 de outubro de 1804. Foi criado numa
família católica. Desde jovem mostrou inclina-
ção para o estudo das ciências e da losoa.
Estudou na Escola Pestalozzi, em Yverdun,
Suíça. Tornou-se discípulo de Pestalozzi.
Dedicou-se ao ensino durante 30 anos.
Dominava vários idiomas, entre eles, ale-
mão, inglês, holandês, italiano e espanhol. Tra-
duziu para o alemão diversas obras didáticas de
educação. Era membro de várias sociedades
sábias, entre elas, a Academia Real de Arras. De
1835 a 1840, fundou, em sua casa, à rua de
Sèvres, cursos gratuitos de Química, Física,
Anatomia Comparada, Astronomia, etc.
A partir de 1855 iniciou suas experiências com o
mundo da espiritualidade. Passa a adotar o pseudônimo
de Allan Kardec. Entre os anos de 1855 e 1869 dedica-se
a estabelece as bases da Codicação Espírita, no aspecto
losóco, cientíco e religioso. Durante 12 anos dirigiu a
Revista Espírita de estudos psicológicos, lançada em abril
de 1855. Ainda nesse ano, funda a Sociedade Parisiense
de Estudos Espíritas, com o objetivo de promover estu-
dos que favorecessem o progresso do espiritismo.
Hippolyte Léon Denizard Rivali morreu em Paris,
França, no dia 31 de março de 1869.
Obras de Allan Kardec
1824 • Curso Prático e Teórico de Aritmética
1828 • Plano Proposto para Melhoramento da Instrução Pública
1831 • Gramática Francesa Clássica
1848 • Catecismo Gramatical da Língua Francesa
1849 • Ditados Especiais Sobre as Diculdades Ortográcas
1855 • A Revista Espírita | Periódico
1857 • O Livro dos Espíritos, Parte Filosóca
1861 • O Livro dos Médiuns, Parte Experimental e Cientíca
1864 • O Evangelho Segundo o Espiritismo, Parte Moral
1865 • O Céu e o Inferno, A justiça de Deus Segundo o Espiritismo
1868 • A Gênese, os Milagres e as Predições
O ALIENISTA 45

O Livro dos
Espíritos
Edição de 1860, Paris.
Filosoa Espiritualista
PRINCÍPIOS DA
DOUTRINA ESPÍRITA
Sobre a Imortalidade da Alma, A Natureza
dos Espíritos e Suas Relações com os Homens,
As Leis Morais, A Vida Presente, A Vida
Futura e o Porvir da Humanidade - Segundo
Os Ensinos Dados por Espíritos Superiores
com o Concurso de Diversos Médiuns -
Recebidos e Coordenados por
O texto colocado entre aspas, em seguida às
perguntas, é a resposta que os Espíritos deram.
Para destacar as notas e explicações aditadas
pelo autor, quando haja possibilidade de serem
confundidas com o texto da resposta, empre-
gou-se um outro tipo menor.
Quando formam capítulos inteiros, sem ser
possível a confusão, o mesmo tipo usado para as
perguntas e respostas foi o empregado.
CAPÍTULO I
De Deus
DEUS E O INFINITO
46 O ALIENISTA
1. Que é Deus?
“Deus é a inteligência suprema, causa primária de
todas as coisas.”
2. Que se deve entender por innito?
“O que não tem começo nem m: o desconhecido;
tudo o que é desconhecido é innito.”
3. Poder-se-ia dizer que Deus é o innito?
“Denição incompleta. Pobreza da linguagem huma-
na, insuciente para denir o que está acima da lingua-
gem dos homens.”
Deus é innito em suas perfeições, mas o innito é uma abstração.
Dizer que Deus é o innito é tomar o atributo de uma coisa pela coisa
mesma, é denir uma coisa que não está conhecida por uma outra que
não o está mais do que a primeira.
PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS
4. Onde se pode encontrar a prova da existência de
Deus?
“Num axioma que aplicais às vossas ciências. Não há
efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é
obra do homem e a vossa razão responderá.”
Para crer-se em Deus, basta que se lance o olhar sobre as obras da
Criação. O Universo existe, logo tem uma causa. Duvidar da existência
de Deus é negar que todo efeito tem uma causa e avançar que o nada
pôde fazer alguma coisa.
5. Que dedução se pode tirar do sentimento instintivo,
que todos os homens trazem em si, da existência de
Deus?
“A de que Deus existe; pois, donde lhes viria esse sen-
timento, se não tivesse uma base? É ainda uma conse-
qüência do princípio - não há efeito sem causa.”
6. O sentimento íntimo que temos da existência de
Deus não poderia ser fruto da educação, resultado de
idéias adquiridas?
“Se assim fosse, por que existiria nos vossos selvagens
esse sentimento?”
Se o sentimento da existência de um ser supremo fosse tão somen-
te produto de um ensino, não seria universal e não existiria senão nos
que houvessem podido receber esse ensino, conforme se dá com as
noções cientícas.
7. Poder-se-ia achar nas propriedades íntimas da
matéria a causa primária da formação das coisas?
“Mas, então, qual seria a causa dessas propriedades? É
indispensável sempre uma causa primária.”
Atribuir a formação primária das coisas às propriedades íntimas da
matéria seria tomar o efeito pela causa, porquanto essas propriedades
são, também elas, um efeito que há de ter uma causa.
8. Que se deve pensar da opinião dos que atribuem a
formação primária a uma combinação fortuita da
matéria, ou, por outra, ao acaso?
“Outro absurdo! Que homem de bom-senso pode
considerar o acaso um ser inteligente? E, demais, que é o
acaso? Nada.”
A harmonia existente no mecanismo do Universo patenteia combi-
nações e desígnios determinados e, por isso mesmo, revela um poder
inteligente. Atribuir a formação primária ao acaso é insensatez, pois
que o acaso é cego e não pode produzir os efeitos que a inteligência
produz. Um acaso inteligente já não seria acaso.
9. Em que é que, na causa primária, se revela uma inte-
ligência suprema e superior a todas as inteligências?
“Tendes um provérbio que diz: Pela obra se reconhece
o autor. Pois bem! Vede a obra e procurai o autor. O orgu-
lho é que gera a incredulidade. O homem orgulhoso nada
admite acima de si. Por isso é que ele se denomina a si
mesmo de espírito forte. Pobre ser, que um sopro de Deus
pode abater!”
Do poder de uma inteligência se julga pelas suas obras. Não
podendo nenhum ser humano criar o que a Natureza produz, a causa
primária é, conseguintemente, uma inteligência superior à Humani-
dade.
Quaisquer que sejam os prodígios que a inteligência humana
tenha operado, ela própria tem uma causa e, quanto maior for o que
opere, tanto maior há de ser a causa primária. Aquela inteligência
superior é que é a causa primária de todas as coisas, seja qual for o
nome que lhe dêem.
ATRIBUTOS DA DIVINDADE
10. Pode o homem compreender a natureza íntima de
Deus?
“Não; falta-lhe para isso o sentido.”
11. Será dado um dia ao homem compreender o
mistério da Divindade?
“Quando não mais tiver o espírito obscurecido pela
matéria. Quando, pela sua perfeição, se houver aproxima-
do de Deus, ele o verá e compreenderá.”
A inferioridade das faculdades do homem não lhe permite compre-
ender a natureza íntima de Deus. Na infância da Humanidade, o ho-
mem o confunde muitas vezes com a criatura, cujas imperfeições lhe
atribui; mas, à medida que nele se desenvolve o senso moral, seu
pensamento penetra melhor no âmago das coisas; então, faz idéia mais
justa da Divindade e, ainda que sempre incompleta, mais conforme à sã
razão.
12. Embora não possamos compreender a natureza
íntima de Deus, podemos formar idéia de algumas de
suas perfeições?
“De algumas, sim. O homem as compreende melhor à pro-
porção que se eleva acima da matéria. Entrevê-as pelo
pensamento.”
13. Quando dizemos que Deus é eterno, innito,
imutável, imaterial, único, onipotente, soberana-
mente justo e bom, temos ideia completa de seus
atributos?
“Do vosso ponto de vista, sim, porque credes a-
branger tudo. Sabei, porém, que há coisas que estão
acima da inteligência do homem mais inteligente, as
quais a vossa linguagem, restrita às vossas ideias e
sensações, não tem meios de exprimir. A razão, com
efeito, vos diz que Deus deve possuir em grau supre-
mo essas perfeições, porquanto, se uma lhe faltasse,
ou não fosse innita, já ele não seria superior a tudo,
não seria, por conseguinte, Deus. Para estar acima de
todas as coisas, Deus tem que se achar isento de qual-
quer vicissitude e de qualquer das imperfeições que a
imaginação possa conceber.”
Deus é eterno. Se tivesse tido princípio, teria saído do nada,
ou, então, também teria sido criado, por um ser anterior. É assim
que, de degrau em degrau, remontamos ao innito e à eternidade.
É imutável. Se estivesse sujeito a mudanças, as leis que regem
o Universo nenhuma estabilidade teriam.
É imaterial. Quer isto dizer que a sua natureza difere de tudo o
que chamamos matéria. De outro modo, ele não seria imutável,
porque estaria sujeito às transformações da matéria.
É único. Se muitos Deuses houvessem, não haveria unidade
de vistas, nem unidade de poder na ordenação do Universo.
É onipotente. Ele o é, porque é único. Se não dispusesse do
soberano poder, algo haveria mais poderoso ou tão poderoso
quanto ele, que então não teria feito todas as coisas. As que não
houvesse feito seriam obra de outro Deus.
É soberanamente justo e bom. A sabedoria providencial das
leis divinas se revela, assim nas mais pequeninas coisas, como nas
maiores, e essa sabedoria não permite que se duvide nem da jus-
tiça nem da bondade de Deus.
PANTEÍSMO
14. Deus é um ser distinto, ou será, como opinam
alguns, a resultante de todas as forças e de todas
as inteligências do Universo reunidas?
“Se fosse assim, Deus não existiria, porquanto
seria efeito e não causa. Ele não pode ser ao mesmo
tempo uma e outra coisa.
Deus existe; disso não podeis duvidar e é o
essencial. Crede-me, não vades além. Não vos percais
num labirinto donde não lograríeis sair. Isso não vos
tornaria melhores, antes um pouco mais orgulhosos,
pois que acreditaríeis saber, quando na realidade
nada saberíeis. Deixai, conseguintemente, de lado to-
dos esses sistemas; tendes bastantes coisas que vos
tocam mais de perto, a começar por vós mesmos.
Estudai as vossas próprias imperfeições, a m de vos
libertardes delas, o que será mais útil do que preten-
derdes penetrar no que é impenetrável.”
O ALIENISTA 47
 15. Que se deve pensar da opinião segundo a qual
todos os corpos da Natureza, todos os seres, todos os
globos do Universo seriam partes da Divindade e
constituiriam, em conjunto, a própria Divindade, ou,
por outra, que se deve pensar da doutrina panteísta?
“Não podendo fazer-se Deus, o homem quer ao
menos ser uma parte de Deus.”
16. Pretendem os que professam esta doutrina achar
nela a demonstração de alguns dos atributos de Deus:
Sendo innitos os mundos, Deus é, por isso mesmo,
innito; não havendo o vazio, ou o nada em parte
alguma, Deus está por toda parte; estando Deus em
toda parte, pois que tudo é parte integrante de Deus,
ele dá a todos os fenômenos da Natureza uma razão
de ser inteligente.
Que se pode opor a este raciocínio?
A mudança
não é dolorosa.
A resistência
à mudança é!
Budha
48 O ALIENISTA
“A razão. Reeti maduramente e não vos será
difícil reconhecer-lhe o absurdo.”
Esta doutrina faz de Deus um ser material que, embora
dotado de suprema inteligência, seria em ponto grande o que
somos em ponto pequeno. Ora, transformando-se a matéria
incessantemente, Deus, se fosse assim, nenhuma estabilidade
teria; achar-se-ia sujeito a todas as vicissitudes, mesmo a todas as
necessidades da Humanidade; faltar-lhe-ia um dos atributos
essenciais da Divindade: a imutabilidade. Não se podem aliar as
propriedades da matéria à idéia de Deus, sem que ele que rebai-
xado ante a nossa compreensão e não haverá sutilezas de sos-
mas que cheguem a resolver o problema da sua natureza íntima.
Não sabemos tudo o que ele é, mas sabemos o que ele não pode
deixar de ser e o sistema de que tratamos está em contradição com
as suas mais essenciais propriedades. Ele confunde o Criador com
a criatura, exatamente como o faria quem pretendesse que enge-
nhosa máquina fosse parte integrante do mecânico que a ima-
ginou.
A inteligência de Deus se revela em suas obras como a de um
pintor no seu quadro; mas, as obras de Deus não são o próprio
Deus, como o quadro não é o pintor que o concebeu e executou.

A tolerância é sempre bem-vinda, digo tolerância entre
pessoas. Não apenas é bem-vinda como deve ser dever de
cada um, se possível segundo a consciência, se é que exista
outro modo de exercê-la senão por meio de consciência. É
ideal a tolerância, o pacismo (Mateus 5) e dar a outra fa-
ce quando a primeira já se esgotou de tanto tabefe, e isto
não só é ideal no sentido civilizatório, mas um segredo de
um "homem da roça" que viveu em Israel faz alguns milê-
nios, homem este que não apenas se dispôs a dar a segun-
da face, porém de todo seu corpo.
O pedido é feito, embora mediante a situação em que
vivemos, de tanta violência, possa parecer o horizonte do
navegante, que nunca chega e que nada adianta investir no
alvo nal: navegar para chegar no horizonte, no nosso ca-
so, amar para instigar o amor. O assunto não para por aí,
amar não tem como único objetivo instigar amor, na verda-
de para alguns amar nem é objetivo, e assim deveria ser, ou
seja, não ter objetivo!
Antigamente - e escrevo esta palavra não com o sentido
de que não mais aconteça - acontecia perseguições arma-
das; arcos, echas, catapultas e centenas de armas que des-
conheço o nome, tudo em nome de "Deus" ou deuses, seja
porque um povo imbuído de tal crença achasse que estava
obedecendo ordem de tal "Deus" ou deuses ou porque se-
gundo a interpretação deste grupo ou povo, a guerra e ma-
tança deveriam acontecer pois acreditavam ser necessário
os que crêem de forma diferente porque pregavam here-
sias. Hoje coisas semelhantes ou idênticas ainda aconte-
cem, exemplo é os Estados Unidos - e aliados passivos ou
ativos - e povos islâmicos, todos brincando de guerra em
nome de "Deus".
Tristemente ouço notícias de que evangélicos invadi-
ram centros de umbanda ou candomblé e quebraram tu-
do, que islâmicos invadiram aldeias cristãs e queimaram
seus templos, que de religiões afro emulando ódio são
intolerantes com evangélicos ou católicos, hindus e
islâmicos mutuamente dilaceram-se, etc. Uma his-
tória pior que a outra.
Por favor, será que já não aconteceram tragédias
o bastante para mostrar que a intolerância, as vio-
lências de todas as estirpes nunca serviram para re-
solucionar coisa alguma?
Pergunto aos que se dizem cristãos sobre o caso
do bom samaritano, os senhores lembram em que
contexto Cristo contou esta parábola? Simples, re-
leia e verá que alguém tinha perguntado, depois
que Cristo falou para amar o próximo, “quem era o
próximo?” Cristo contou a parábola e perguntou
quem era o próximo, os que perguntaram responde-
ram: “o samaritano!”
Quem eram os samaritanos? Eram uma raça mis-
turada por Árabes e Babilônicos, o resultado da
história da formação dos samaritanos levou consigo
o hábito e crença de adoração de deuses. Ficou claro
para você quem também é o próximo neste contexto
de Cristo? Cristo precisou contar esta parábola pois
se tivesse soltado apenas a frase de "amar o próxi-
mo", judeus entenderiam que seriam pessoas de
mesma fé, que se vestissem iguais, que não fossem
ladrões, de povos e culturas diferentes, que não ti-
vessem crenças religiosas e losócas diferen-
tes, pensariam que o próximo não era alguém com
uxo de sangue, por considerarem impura, entre
"innitos" casos. Hoje o que mais se vê é exatamente
o contrário, a intransigência com os de crença dife-
rentes e com os sem crença.
Sem distinção, peço aos que se dizem cristão e a
todos, que sigam o que o "homem da roça" falou:
“
“
Que vos ameis uns aos outros,
assim como Eu vos amei.
João 15:12
“
“ Façam aos outros o que vocês
querem que eles lhes façam.
Mateus 7:12
Lucas Gonzaga (PALHAÇO)
Cristão Protestante.
Agente de Socialização no Sistema
Penitenciário do Amazonas.
Foi diagnosticado com Síndrome do Pânico, Depressão e Bor-
derline. Achou a cura sem sequer ter procurado, praticando
o que chamam de "Boas Obras", "Caridade", etc. Desenvolve
com sua noiva Manuela Hagra um projeto que chamam de
"Missão 5.2", oferecendo - através de seus doadores - não so-
mente alimento, mas educação, prossionalização e espiritua-
lidade. Faz eventos como "Palhaço" com sua noiva pedindo
como pagamento cestas básicas.
O ALIENISTA 49
 Estima-se que Marcion foi lho de um Bispo da cida-
de de Sinope, que tenha nascido em 70 dC, começado seu
ministério após 100 dC e que seu ministério tenha durado
até 150 dC, tendo morrido aos 85 anos de idade.
Marcion foi devoto seguidor do apóstolo Paulo, a
quem ele acreditava ser o único apóstolo que realmente
entendeu Jesus. Em sua mente, ele veio para ser um refor-
mador, para trazer a Igreja de volta ao verdadeiro evan-
gelho de Cristo, justamente como pregado por Paulo,
que utilizou tais declarações como "Cristo é o m da Lei"
(Romanos 10:4), "A Lei era uma maldição” (Gálatas
3:10) e se referiu ao judaísmo como lixo. (Filipenses 3:8).
Para Paulo o cristianismo era uma mensagem do
reino dos céus, trazida por Jesus, que não tem nada a
ver e nem é uma extensão do judaísmo.
Ele entendeu que o Deus de Paulo era o Pai Celestial,
e que Jeová (YHWH), era somente o deus da lei, o deus
dos judeus, leia: "Porque, ainda que haja também alguns
que se chamem deuses, quer no céu quer na terra (como
há muitos deuses e muitos senhores), todavia para nós
há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós
vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são to-
das as coisas, e nós por ele.” (I Coríntios 8:5,6)
Marcion, vendo que o Deus da Antiga Aliança era
impiedoso, severo, cruel, cheio de paixão, fanatismo,
ira, partidarismo, mesquinhez, matador de crianças,
que aplaca sua ira inalando o cheiro suave de sangue
queimado, que sua justiça era puramente formalista:
“olho por olho e dente por dente”, que há contradi-
ções, fraquezas e vacilações na moralidade dos seus
mandamentos, descartou o velho testamento de seu
Canon.
Marcion é o responsável pela divisão que temos ho-
je entre o velho e novo testamento, ele em seu Canon
não introduziu o velho testamento porque tinha a certe-
za que Jeová (YHWH) não era o Deus que Jesus veio nos
anunciar, que o deus do velho testamento era um insti-
gador de guerras, um disjuntor de promessas e mestre
da malícia. Marcion o considerou “inimigo ".
50 O ALIENISTA
“ Marcion tinha a certeza que
Jeová (YHWH) não era o Deus que
Jesus veio nos anunciar.
“
A doutrina de Marcion alcançou o sucesso, se
expandiu para o mundo inteiro. Por exemplo: Já
por volta do ano 150, Justin disse: “O ensino de
Marcion se espalhou por todo mundo.”
Também Tertuliano disse: “Marcion encheu o
mundo inteiro." (Apologia Tertuliano 26,5-6)
Talvez a inveja de Marcion, tenha feito com que
os teólogos orquestrassem sua queda, fazendo um
novo Canon, traduzindo do hebraico o velho testa-
mento e o colocando no seu novo Canon, proibin-
do e destruindo todas as publicações de Marcion:
seu Canon e seus pensamentos levando a persegui-
ção sua igreja por mais de 600 anos ate levar a sua
extinção.
O CANON MARCIONITA
Os historiadores judaico-cristãos fazem uma
infundada armação que Marcion tenha removido
do evangelho de Lucas passagens que não se adap-
tavam a sua doutrina, para fazer o seu evangelho.
A História não apóia essa reivindicação, mas in-
dica fortemente um sentido inverso, ou seja, que fo-
ram acrescidas passagens em Lucas. Existem histo-
riadores independentes que estão convencidos, que
o autor de Lucas coagido pela "ortodoxa", editou e
expandiu o livro de Lucas.
O livro de Lucas foi dobrado de tamanho adicio-
nando a história do nascimento, da genealogia de
Jesus, a história de João Batista juntamente com al-
gumas histórias lendárias orais sobre a vida de
Jesus e suas obras. Este autor desconhecido, que é
 [REPRODUÇÃO]
supostamente chamado de Lucas dedicou seu Evan-
gelho a Teólo, que era o bispo de Antioquia, 150-
180 dC.
Este pedaço de evidência (bispo de Antioquia,
150-180 dC) dá a data aproximada em que este
Evangelho sem nome apareceu, que mais tarde foi
chamado de Evangelho de Lucas. O autor de Lucas
diz que as informações adquiridas para ele escrever
este livro foram retiradas de muitos escritos ante-
riores, dando a entender que estes escritos anterio-
res tenham sido o Canon de Marcion, escrito em
140dC, dando assim uma larga prova que Marcion
não retalhou o livro de Lucas, mas que ele foi acres-
cido.

O PRIMEIRO HEREGE?

Marcion por séculos tem sido rotulado como um

herege, uma vez que os Padres da Igreja como Ter-
tuliano acusou-o de tomar uma navalha e ter cortado
da Bíblia algumas das epístolas paulinas, Atos, 1 e 2
Timóteo e Tito.
O Canon de Marcion era constituído de um
Evangelho e dez epístolas paulinas.
Os cristãos gostam de dizer-nos que Marcion mu-
dou a Bíblia de acordo com sua teologia. No entanto
pareceu-me desde o início que antes de Marcion não
havia história documentada do cristianismo co-
mo o conhecemos. Assim, por exemplo não há his-
tórico conável de relatos contemporâneos de Paulo,
Pedro, Lucas, Marcos ou até mesmo o Jesus que
pensamos hoje. Da mesma forma pesquisas arqueo-
lógicas acharam fragmentos do Novo Testamento,
datados por volta do ano 190dC, uma vez mais ga-
nha consistência que o primeiro Novo Testamento
é mesmo o de Marcion escrito em 140dC. Estudiosos
da Bíblia chegaram à conclusão que a nossa Bíblia
atual tem no novo testamento algumas das epístolas
paulinas que foram adicionados mais tarde após a
sua morte, sendo de autoria de outras pessoas e
não de Paulo.
Apóstolo João e Marcion de Sinope (à direita),
de Morgan Library MS 748 - Século XI.
JEOVÁ (YHWH) NÃO É O “PAI”
Conclusões são consistentes que a Bíblia de Marcion
contém realmente o texto original. Livros como a Torá e
os onze livros de Marcion foram modicados e cruza-
dos para criar uma religião - o judeu-cristianismo - cria-
da pelos teólogos dos primeiros séculos obedecendo a de-
terminação da igreja predominante da época. No en-
tanto, quando os livros judeus e livros de Marcion são li-
dos no original eles não têm nada em comum.
Muito provavelmente isso foi feito total ou parcial-
mente por causa das numerosas religiões no Império
Romano que formavam a maior ameaça à estabilidade;
criando este novo Canon, unicariam a igreja em Roma.
Convém salientar que se não fossem as cartas de
Paulo o judaísmo tinha engolido o cristianismo já no pri-
meiro século.
Marcion, baseado nas cartas de Paulo, é o autor das
“Antíteses” entre o deus do velho testamento e o Deus
Bom do novo testamento.

• Evangelho de Lucas (PARTES) Edson Gomes

Romanos • Filipenses
I Coríntios • Colossenses
II Coríntios • I Tessalonicenses
Gálatas • II Tessalonicenses
Efésios • Filemom
Ex-pastor evangélico.
Tecnólogo em processos de produção.
E-mail: jeusinagem@ig.com.br
Página Marcionismo:
https://www.facebook.com/Marcionismo-150661391772009

O ALIENISTA 51
 ADÃO E O MITO DE ADAPA
A fonte da existência e queda do homem no livro do
Gênesis vem de um mito Acadiano de um ser mitoló-
gico chamado de Adapa, encontrado em um tablet em
Tell Amarna, a capital do faraó Akhenaton. Adapa, -
lho de Ea, o deus babilônico da sabedoria.1
O nome Adão tem uma semelhança tentadora ao
de Adapa, fato que levou à um desenvolvimento fonéti-
co simples, i.e., uma mudança das consoantes labiais m
para p, e não vice versa.2 Além disso, o a nal em Ada-
pa também aparece no hebraico ao vocábulo 'adama,
cujo signicado se tem: “solo, terra”.
Denitivamente, a-da-ap é relatado por um texto
com o signicado de “homem”.3 Quanto ao nome Ada-
pa, ele aparece frequentemente com o epíteto “o dou-
to, o sábio”.4
Adapa é identicado como aquele que subiu ao
céu, após o relato do mito em um texto publicado por E.
Reiner,5 que em função dos epítetos apkallu e espe-
cialmente ummanu concluiu que Adapa deve ser iden-
ticado como um “mestre, artesão” com referência à
arte de escriba. Entretanto outros estudiosos argu-
mentam com base em outro texto que o epíteto de Ada-
NOTAS
1 Cf. Robert Graves e Raphael Patai. hebraicas mitos, o livro de
Gênesis. Nova York. Greenwich House. Distribuído pela Crown
Publishers, Inc. de 1963, 1964, reimpressão de 1983, pag 79
2 Cf. Recently W. H. Shea, Adam in Ancient Mesopotamian Tradi-
tions, AUSS 15 (1977): 27-41; reprinted in Bible and Spade 6
(1977): 38,39.
3 Cf.The best English translation is by E. A. Speiser in ANET, 101-
103. Of the four extant fragments, three (A, C, D) derive from the
Ashurbanipal library (7th cent. B.C.), and the fourth (B) comes
from the Amarna archives (14th cent. B.C.).
52 O ALIENISTA
pa deve ser lido mumanna, e que o seu determinante
produz um nome duplo, Umanna-Adapa.6
Tanto Adapa quanto Adão foram aparentemente
testados com alimentos ( bebida, no caso de Adapa);
e, de acordo com alguns intérpretes, ambos falharam
no teste, daí o paralelo entre os dois registros. Adapa
obedeceu completamente seu deus Ea, ao recusar o pão
e a água da morte.
Ea, por sua vez, teria que ser entendido como a en-
ganar Adapa, mantendo a sua divindade (fazendo
com que ele recusasse a comida celestial) por um moti-
vo egoísta, ou seja, ele queria manter o serviço de Ada-
pa em Eridu.7
O paralelo entre Adapa e Adão sobre falhar em um
teste envolvendo alimentos estão em foco em ambos.
Ambos foram sujeitos a um teste envolvendo alimentos
e ambos receberam dois conjuntos de conselhos; ou
seja, “não coma” (Deus e Ea) e “coma” (Serpente e
Anu). Um deles, Adapa, obedeceu e passou a prova; o
outro, Adão, desobedeceu e falhou.
4 Cf. ANET, 313-314, 450; A. K. Grayson, “The Weidner Chronicle,”
Assyrian and Babylonian Chronicles, Texts from Cuneiform Sour-
ces 5 (New York, 1975), 147: 33; Foster, pp. 344-349.
5 The Etiological Myth of the 'Seven Sages,'" OrNS 30 (1961): 1-11.
6 Cf. A Catalogue of Texts and Authors," JCS 16 (1962): 64.1.6; and
p. 74. See also W. W. Hallo, "On the Antiquity of Sumerian Lite-
rature," JAOS 83 (1963): 176.
7 Cf. Thus E. Burrows, "Note on Adapa," Or, no. 30 (March 1928), p.
24; T. Jacobsen, "The Investiture and Anointing of Adapa in Hea-
ven," AJSL 46 (1930): 201-203 (reprinted in Towards the Image
of Tammuz [Cambridge, Mass., 1970], pp. 48-51); The Treasures
of Darkness (New Haven, Conn., 1976), pp. 115-116; J. Peder-
sen, "Wisdom and Immortality," Wisdom in Israel and in the An-
cient Near East, ed. M. Noth and D. Winton Thomas (Leiden,
1955): 244; Foster, p. 351; Shea, p. 34.

Adapa, ao contrário de Adão, não é o primeiro ho-
mem na Terra, ele não representava a humanidade em
um sentido especial. De acordo com o fragmento A,
linha 6, ele era o “modelo dos homens”, um arquéti-
po humano; e como alguns estudiosos sugerem, este
aspecto particular do caráter de Adapa identica-o co-
mo um homem sábio cujas habilidades estendiam em
várias direções.8
Primeiro, ele é um sábio cujo conhecimento supe-
rior que lhe foi dado por Ea o que faz dele supervisor
geral das atividades humanas na cidade de Eridu con-
forme o Tablet A, linhas 10-18. Em segundo lugar, ele é
contemporâneo do primeiro rei antediluviano, Alulim.9
Assim, ele é o primeiro apkallu (homem sábio antedi-
luviano).
O mito arma que a imortalidade é o privilégio
dos deuses e não pode pertencer ao homem, mesmo
para o mais sábio. Aqui há um contraste direto entre
Adapa e Adão.
Adapa é contido por Ea de buscar a imortalidade
(ou presunçosamente mesmo acidentalmente) no tribu-
nal de Anu; Adão é contido (sem sucesso) de perdê-la.
No entanto, uma vez que Adão perdeu sua imortalida-
de, ele também deve ser mantido de procurá-la de novo
(Gen 3:22f).
8 B. R. Foster, 'AVisdom and the Gods in Ancient Mesopotamia," Or,
n. s., 43 (1974): 345-349.
9 Hallo, "Antediluvian Cities," p. 62; Lambert and Millard, Atra-
Hasis, p. 27
10 J. A. Bailey, "Initiation and the Primeval Woman in Gilgamesh and
Genesis 2-3," JBL 89 (1970): 144-148. But see also B. Reicke, "The
Adapa é contido por Ea de buscar a
imortalidade no tribunal de Anu;
Adão é contido de perdê-la.
Este é MLC 1296, um fragmento
acadiano sobre o mito de Adapa
(Morgan Library and Museum).
Adapa e Adão ambos foram convocados perante
a divindade para dar conta de suas ações.10 Mas qual
foi a ofensa de Adapa? Com base do paralelo presumi-
do com Gen 3, a resposta tem sido muitas vezes que
Adapa recusou a comer onde Adão se recusou a evi-
tar comer.
Entretanto se, por outro lado, o crime é denido co-
mo aquele que trouxe a intimação antes da divindade,
então a ofensa de Adapa foi claramente ao quebrar a
asa do vento sul. Três coisas podem ser observadas a
respeito deste ato.
Primeiro, Adapa quebrou o vento com uma palavra.
Ele claramente estava na posse de poder mágico, algo
que pode explicar o encantamento no fragmento D
empregada para dissipar doença.11
Em conseqüência dessas características, Adapa tor-
nou-se o epítome da sabedoria e um modelo do que foi
para as gerações futuras.12
Quando este fato é combinado com sua associação
com o primeiro rei, ele é o típico homem, mesmo o ho-
mem primitivo. Embora ao contrário de Adão, ele não é
o primeiro homem, ainda que ele seja uma espécie de
protótipo, de modo que os assuntos relativos a toda a
humanidade são explicáveis em referência a ele (como,
Knowledge Hidden in the Tree of Paradise," JSS 1 (11956): 193-
201; R. Gordis, "The Knowledge of Good and Evil in the Old Testa-
ment and the Qumran Scrolls," JBL 76 (1957): 123-138.
11 Thus Jacobsen, "The Investiture and Anointing of Adapa," pp. 50-
51; Foster, p. 349.
12 See n. 17, above; also Xella, "L"inganno' di Ea nel mito di Adapa,"
pp. 260-261.
O ALIENISTA 53
 por exemplo, é aparentemente o caso no que diz respei-
to à mortalidade, como retratado neste mito).
O que Adapa faz, ou o que ele é, tem consequên-
cias para as gerações subsequentes da humanidade,
não porque ele passou a eles alguma forma de pecado
original, mas porque através de sua sabedoria, ele foi
escolhido para estabelecer o contexto dentro do qual as
gerações subsequentes da humanidade deveriam viver.
Aqui há um paralelo bem como um contraste en-
tre Adapa e Adão. Ambos são homens primitivos, mas
a herança que cada um passa para as gerações subse-
quentes variam consideravelmente.
Como, então, é que vamos explicar esse paralelis-
mo? Faz Adapa representar um paralelo com o Adão bí-
blico, ou deveria Adão e Adapa serem contrastados? A
sugestão deste ensaio é que em Adão e Adapa repre-
sentam diferentes caracteres antropológicos, talvez
capazes de serem ilustrados por um ator que interpreta
dois papéis distintos, mas que é claramente reconhecí-
vel cada um.
Adapa não é um "pecador", mas um "homem
perfeito”. Ele é, portanto, um homem modelo, decor-
rente do mar, como Oannes, para instruir a humanida-
de. Ele é um arquétipo humano que compara melhor
com tais personalidades bíblicas como Noé, José, Moi-
sés, Jó e Daniel, que também são modelos de sabe-
doria, devoção e obediência.13
Naturalmente, na medida em que Adapa vive em
um mundo politeísta, ele deve lidar com todos os seus
interesses conitantes. Estes não são, ao contrário dos
13 Foster, p. 353; Speiser, p. 310. According to Buccellati, p. 65,
Adapa is characterized as a man of faith, and hence he can be
compared to such biblical personages as Noah and Abraham.
The notion of faith emerges in Adapa's total commitment to his
god's counsel. See also Xella, p. 260.
Deus Ea
TURQUIA MAR
NEGRO
RIO TIGRE
RIO EUFRATES IRÃ
(PÉRSIA)
SINAI ERIDU
GOLFO
PÉRSICO
ARÁBIA
Localização da antiga cidade de
Eridu a 11,2 quilômetros a
sudoeste de Ur, hoje conhecida
como Tell Abu Shahrain no
Governorado Dhi Qar, no Iraque.
54 O ALIENISTA
Adapa
interesses conitantes com os quais se confronta o ho-
mem bíblico, exceto que os autores, neste último caso
são seres humanos.
Para o homem sobreviver em um mundo como es-
se leva sabedoria, integridade, conabilidade, de-
voção e humildade perante a superioridade inalterá-
vel dos poderes divinos.
Adão serve a terra, em vez de um templo. Embo-
ra ele possui enorme sabedoria (de modo a nomear os
animais - Gen 2:20), ele não é retratado como um pro-
fessor da civilização para a humanidade.
Ao contrário, ele existia antes da civilização, em
um estado primitivo de pureza, nobreza e completa
harmonia. Além disso, seu confronto com Deus não é
de tristeza, nem pranto, comparável à experiência de
Adapa; ele é posteriormente abatido, enquanto cul-
pando suas desventuras em cima de uma mulher.
Adão não é claramente um ideal a ser seguido,
mas um aviso para todos, ao invés de um nobre, herói-
co. Aqui surge um claro contraste entre os dois perso-
nagens.
Na tradição bíblica, a caracterização veio através de
uma forma muito diferente, o que colocou a sua marca
duradoura sobre o conceito de homem na tradição ju-
daico-cristã - a saber, que diante de Deus, o homem é
(ou melhor, tornou-se) basicamente pecaminoso, fa-
lho, ignóbil e indigno de conança, curvado a usur-
par o lugar do seu Deus.
Este retrato, com certeza, não pretende reduzir o
espírito do homem ao pessimismo e desespero, mas
para lembrá-lo que, apesar de toda a sabedoria, es-
perteza, conabilidade e devoção do que ele é capaz,
ele também é sempre um pecador cuja imprevisibili-
dade, falta de conança, e irresponsabilidade nunca
pode ser totalmente ignorado nem negado.
Professor Fabio Sabino
Professor de hebraico, grego, exegese,
escritor e palestrante.
Contato: (11) 99693-7519 Skype: professorfabiosabino
Facebook: https://www.facebook.com/prof.fabiosabino
Site: http://www.professorfabiosabino.com.br
Blog: http://exegesebiblica.blogspot.com.br
Página: https://www.facebook.com/professorsabino
 O Islam é uma das religiões mais discrimina-
das atualmente devido aos grupos extremistas
que se auto proclamam islâmicos mas na verda-
de caminham por uma estrada muito distante
da verdadeira essência da doutrina em ques-
tão. A maioria das pessoas de fé cristã não tem
ideia do que pensam e o que acontece dentro
do ambiente islâmico ou de quão próximo são
os elementos que assemelham-se as religiões
que por preconceito sem fundamento impedem
muitos de pesquisar e conhecer nossos irmãos
que professam outra fé.
O que representa Maria, mãe de Jesus Cristo
na fé islâmica por exemplo? Citarei o Alcorão,
livro sagrado do Islam para abordar esse assun-
to, as referências estão entre parênteses.
Maria, a mãe de Jesus, detém uma posição
muito especial no Islam. Deus a proclama como
a melhor mulher dentre toda a humanidade, a
quem Ele escolheu sobre todas as outras mu-
lheres por sua religiosidade e devoção.
“E lembra-lhes, Muhammad, de quando os
anjos disseram, 'Ó Maria! Por certo Deus te es-
colheu, te puricou sobre todas as outras mu-
lheres do mundo. Ó Maria! Sê devota a teu Se-
nhor, prostra-te e curva-te com os que se cur-
vam (em oração)'”. (3:42-43)
Ela também foi um exemplo, Deus disse:
“E de Maria, a lha de Heli, que guardou sua
castidade; então, sopramos nela Nosso Espírito
(ou seja, Gabriel), ela acreditou nas palavras de
seu Senhor, em Seus Livros e foi devotadamente
obediente” (66:12)
De fato, foi uma mulher adequada a trazer
um milagre como o de Jesus, que nasceu sem
pai. Era conhecida por sua religiosidade e castidade e, se fosse
diferente, ninguém teria acreditado em sua alegação de ter da-
do à luz enquanto mantinha seu estado de virgindade, uma
crença e um fato que o Islam considera verdadeiros.
Aqui, nós podemos ver imediatamente a similaridade entre
essa narrativa e a teoria cristã da “Imaculada Conceição” de Ma-
ria e Jesus, embora, existem algumas diferenças entre as duas.
Devido às visitações dos anjos e por ter sido escolhida dentre
todas as outras mulheres, o Islam a considera detentora da posi-
ção mais alta entre todas as mulheres da criação por sua pieda-
de, devoção e devido ao fato dela ter sido escolhida para o
nascimento milagroso de Jesus.
“Quando os anjos disseram: 'Ó Maria! Certamente, Deus te
dá as boas novas de um Verbo(...), cujo nome é o Messias, Jesus,
(...) Ela disse: 'Meu Senhor, como poderei ter um lho se nenhum
homem me tocou'? Ele disse: 'Assim é, Deus cria o que Ele quer.
Quando Ele decreta algo, apenas diz-lhe 'Sê'(...). (3:45-48)
Isso se parece muito com as palavras mencionadas na Bíblia:
“Não tenhas medo, Maria, porque fostes favorecida por
Deus. Muito em breve carás grávida e terás um menino, a
quem chamarás Jesus”.
Atônita, respondeu: “Mas como posso ter um lho, se sou
virgem”? (Lucas 1:26-38)
Vale a pena conhecer mais detalhadamente esse assunto.
ALLAN ALDEBRAM
MARIA NO ISLAM
Você pode fazer o download desse
livro em pdf no endereço abaixo:
www.fambras.org.br
O site disponibiliza vários outros títulos,
todos também gratuitamente em pdf.
O ALIENISTA 55
 A primeira Edição do Calendário "Cultura LIBERDADE RELIGIOSA
Humanidade" lembra o Dia Nacional • Sou diferente por que “recebo”, um Preto Velho e
de Combate à Intolerância Religiosa. não o Espírito Santo?
• Sou menos evoluído por que louvo a Oxalá e não
Visando coibir outras atitudes discriminatórias e, como a Jesus Cristo?
um ato em homenagem à Mãe Gilda, símbolo de um dos • Não, sou apenas um umbandista ou candom-
casos mais marcantes de preconceito religioso no país, blecista que tem o direito a expressar sua fé de
em 2007 foi sancionada a Lei nº 11.635, que faz do 21 de acordo com sua crenças.
janeiro o Dia Nacional de Combate à Intolerância Reli- • Não foi o próprio Jesus quem disse: “muitos são
giosa. A data, que é celebrada por todos os praticantes das os caminhos que levam ao pai” ?
religiões de matriz africana, serve ainda como reexão e • Então, deixem que eu siga o caminho que escolhi.
motivação na busca pela liberdade do culto religioso e • Liberdade Religiosa não é um benecio conce-
combate ao racismo. dido a alguns, é um direito de todos.
O limite da intolerância – Em outubro de 1999 o Bra-
sil testemunhou um dos casos mais drásticos de precon- FONTE: http://www.fundacaoculturaldecuritiba.com.br/noticias/dia-nacional-de-
combate-a-intolerancia-religiosa/
ceito contra os religiosos de matriz africana. O jornal
Folha Universal estampou em sua capa uma foto da Iyalo-
rixá Gildásia dos Santos e Santos – a Mãe Gilda – trajada
com roupas de sacerdotisa para ilustrar uma matéria cujo
título era: “Macumbeiros charlatões lesam o bolso e a
vida dos clientes”. A casa da Mãe Gilda foi invadida, seu
marido foi agredido verbal e sicamente, e seu Terreiro
foi depredado. Mãe Gilda não suportou os ataques e, após
enfartar, faleceu no dia 21 de janeiro de 2000.
Este é um caso típico, mas existem muitas outras for-
mas de intolerância religiosa, silenciosas ou não.
Brincadeiras como o ditado “chuta que é macumba”,
demissões de pessoas que seguem as religiões de matriz
afro, denúncias falsas contra os terreiros, até mesmo
“olhares” acusadores, etc. Tudo isto faz parte do dia a dia
dos religiosos de matriz afrobrasileira, ou seja, umban-
distas e candomblecistas.
Hoje lutamos pelo nosso direito, um direito, que ape-
sar de ser garantido pela Constituição Federal, é muito
pouco respeitado. Mas não desistimos, seguimos em fren-
te, com fé e principalmente respeitando e entendendo as
diferenças.

Texto de Marco Boeing, Dirigente

Umbandista, e Egbomy Marcio Marins,
do Fórum Paranaense das Religiões
de Matrizes Africanas.
/fundacaoculturaldecuritiba
Busto de Mãe Gilda em Abaeté, MG.
correio24horas.com.br/detalhe/noticia/ialorixa-mae-gilda-e-homenageada-com-
busto-na-lagoa-do-abaete/?cHash=4ecbad2744d181ff626efc59d1208b42

56 O ALIENISTA
 {HUMOR}

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O ALIENISTA 57
 SITE:
mentirinhas.com.br

58 O ALIENISTA
E por que numa manjedoura?

O proprietário anunciou em um jornal que

Sorte Divina
estava alugando uma bela casa: "Ótima casa
para alugar, só aceito cristãos como inquilinos". Um homem todo dia de manhã ajoelhava no pé da
Logo bem cedo, na manhã seguinte, apare- cama e pedia:
ce um interessado. O dono da casa, era bem - Meu Deus, eu quero muito ganhar sozinho na loteria!
grosseiro e o atendeu: Três semanas depois, ele cou de joelhos como de cos-
- O que o senhor deseja aqui? tume e falou:
- Eu estou interessado na casa do senhor! - Meu senhor amado, eu quero ganhar na loteria!
- Sim, sei! E qual o seu nome? Nessa hora, uma voz alta e grave disse:
- David! - Meu lho, eu lhe dou esta chance, mas vê se compra
- David, de quê? o jogo pelo menos!
- David Goldenstein!
- Não, de forma alguma! Eu não alugo casa
para judeu! O senhor não sabe ler, não? Não viu
escrito lá que eu só alugo casa para cristãos!
NÃO SE LEVE TÃO A SÉRIO!
- Está certo! Eu sou judeu, mas eu sou cris- Explorar o humor dentro da religião é quase um tabu,
tão. mas com respeito podemos nos divertir sem nutrir ódio
contra os artistas que se arriscam a levar um pouco de
- Tá querendo me enrolar? Pensa que eu sou
alegria através dos cartoons e tirinhas engraçadas.
idiota? Não existe judeu cristão! Ria muito e seja feliz! Não se leve tão a sério!
- Mas eu garanto pro senhor. Eu sou judeu e
sou cristão! Participe dessa coluna enviando tirinhas, piadinhas, etc.
- Ah, é! Então eu vou fazer um teste com
você. Vamos ver se você é cristão mesmo! O que
é que tem dentro da Igreja Católica?
- O altar.
- O que mais?
- Tem o Santo Sudário!
- O que mais?
- Tem o crucixo.
- O que mais?
- Tem o confessionário.
- Jesus é lho de quem?
- De José!
- E de quem mais?
- De Maria.
- E onde nasceu Jesus?
- Em Belém!
- Eu sei, eu sei que foi em Belém! Eu “tô”
falando do local, a casa!
- Não era uma casa! Era uma manjedoura.
- E por que numa manjedoura?
- Acho que porque naquela época, já existia
um lho da %@#$, que nem você, que não SITE:
alugava casas para judeus! dosisdiarias.com
O ALIENISTA 59
 O Maniqueísmo foi uma losoa religiosa sincrética
e dualística fundada e propagada por um lósofo do sécu-
lo III dC chamado Maniqueu (Mani ou Manes) que foi am-
plamente difundido no Império Romano entre os séculos
III dC e IV dC.
The New Encyclopædia Britannica diz: “O manique-
ísmo surgiu devido à angústia inerente na condição huma-
na.” Maniqueu acreditava que o ser humano era “uma a-
berração, insuportável e totalmente mau”. Ele susten-
tava também a ideia de que a única maneira de sair dessa
“angústia” era a alma livrar-se do corpo, deixar a Terra e
alcançar a existência espiritual num mundo espiritual.
Com a popularização do termo, “maniqueísta” passou
a ser um adjetivo para toda doutrina fundada nos princípios ligno da matéria e deve ser salva pelo espírito e pe-
opostos do Bem e do Mal. la inteligência. A salvação e o destino da huma-
As ideias de Maniqueu basicamente sincretizava ele- nidade, de Deus e do universo depende do ensina-
mentos do zoroastrismo, hinduísmo, budismo, judaís- mento segundo o qual a alma, enredada pela maté-
mo e cristianismo. Achava-se que a nova vertente era uma ria maligna, se liberta pelo espírito.
“verdade completa” de ensinamentos e princípios conti- O dualismo maniqueísta – cuja origem provém
dos nas religiões individualmente ensinadas, sendo estas a- do elcasaísmo do século II como prova o fato de
penas uma fração de uma “verdade maior”. partes do Apocalipse de Elkasai se encontrarem no
códex de Maniqueu – diferencia-se do dualismo
DUALISMO RELIGIOSO gnóstico uma vez que, se para este último, a divin-
dade é superior ao demiurgo criador, para o pri-
O reino da luz e o reino das trevas teriam formado o meiro trata-se de dois princípios igualmente pode-
mundo material, essencialmente mau. Para voltar o Ho- rosos, sem que haja subordinação, apenas igual-
mem para uma condição iluminada e redimi-lo de sua exis- dade de origens.
tência imperfeita, foram enviados “pais da justiça” para a
Terra em diferentes épocas da História. O MITO EM TRÊS ESTÁGIOS
Os segredos para puricação da luz eram destinados
apenas aos eleitos que praticassem uma vida ascética rigo- • O Passado, quando estavam radicalmente
rosa. Para os impuros era permitido no máximo tornar-se separadas as duas substâncias, que são espí-
catecúmenos e ouvintes, obrigados a observar os dez man- rito e matéria, bem e mal, luz e trevas;
damentos.
• Período intermediário (que corresponde ao
presente) no qual as duas substâncias se
MANIQUEÍSMO E GNOSTICISMO
misturam;
A iluminação interior, ou gnose, revela que a alma, a • Período futuro no qual a dualidade origi-
qual participa da natureza de Deus, desceu ao mundo ma- nal se restabeleceria.

60 O ALIENISTA

Representação de Maniqueus
Livro maniqueísta (Pintura em papel. 17,2 x 11,2cm
Khocho, Rússia - Ruína K. - Século VIII a IX.
A DOUTRINA
Maniqueu nasceu em 14 de abril do ano 216,
no sul da Babilônia (atual Iraque), e na juventude
sentiu-se chamado por um anjo para pregar uma
nova religião. Ele acreditava ser o último de uma
longa sucessão de profetas, que começara com A-
dão e incluía Buda, Zoroastro e Jesus, e portador
de uma mensagem universal destinada a substituir
todas as religiões. Para garantir a unidade de sua
doutrina, registrou-a por escrito e deu-lhe forma ca-
nônica. Maniqueu pretendia fundar uma religião e-
cumênica e universal que integrasse as verdades
parciais de todas as revelações das religiões ante-
riores.
Na morte, a alma do homem que houvesse su-
perado a matéria iria para o paraíso, e a do que con-
tinuasse ligado à matéria pelos pecados da carne
seria condenada a renascer em novos corpos.
PROPAGAÇÃO PELO MUNDO
Os ensinamentos maniqueístas espalharam-se
desde as fronteiras com a China até o Norte da Á-
frica. Se não fosse o maniqueísmo, muitos livros
“apócrifos” teriam se perdido para sempre, con-
rmam os achados arqueológicos. Os seguidores da reli-
gião eram grandes missionários que vagavam espalhan-
do os ensinamentos de Maniqueu.
Maniqueu pregou na Índia e em todo o império persa,
sob a proteção do soberano sassânida Sapor I (Shapur I) e
durante o reinado de Bahram I.
PERSEGUIÇÃO RELIGIOSA
A comunidade maniqueísta se manteve unida até a re-
pressão dos muçulmanos, no século X, que levou à trans-
ferência da sede do culto para Samarcanda no Uzbequis-
tão. Apesar da perseguição, resistiram e mantiveram gru-
pos de adeptos na China até o século XIV. No Turquistão
oriental (Cazaquistão), o maniqueísmo foi reconhecido
como religião ocial durante o reino Uighur - Séculos VIII
e IX - e perdurou até a invasão dos mongóis, no século
XIII.
Maniqueu foi morto, crucicado em cativeiro entre
274 dC e 277 dC. Seus adeptos sofreram perseguições na
Babilônia, na China e no Império Romano, este nomea-
damente sob o governo do Imperador Diocleciano e, pos-
teriormente os imperadores cristãos. Apesar da Igreja ter
condenado esta doutrina como herética em diversos síno-
dos desde o século IV, ela permaneceu viva até a Idade
Média sendo completamente suprimida pela Igreja Ca-
tólica.
MANIQUEÍSMO E CRISTIANISMO
As ideias disseminadas pelo maniqueísmo eram uma
heresia cristã para o cristianismo.
Um dos principais defensores do maniqueísmo foi San-
to Agostinho de Hipona que se dedicou quase dez anos à
pesquisas e produção de obras voltadas para a doutri-
na maniqueísta.
No entanto, após se converter denitivamente ao cris-
tianismo, tornou-se um dos principais opositores desta lo-
soa religiosa.
Porém, alguns pesquisadores e teólogos acreditam
que algumas das premissas do maniqueísmo tenham si-
do levadas para o pensamento Cristão Ocidental por
Santo Agostinho de Hipona.
ALLAN ALDEBRAM
O ALIENISTA 61

Hoje de manhã alguém bateu na minha por-
ta. Era um casal bem vestido e arrumado. O homem
falou primeiro, e disse:
João: Olá! Eu sou João, e esta é Maria.
Maria: Olá! Gostaríamos de convidá-lo para vir votar
no Hugo com a gente.
Eu: Como assim? O que é isso? Quem é Hugo, e por
que vocês querem que eu vote nele? Nem é dia
de eleição hoje.
João: Se você votar no Hugo, ele lhe dará um milhão
de dólares, e se não, ele te cobre de pancada.
Eu: Mas o que é isso? Extorsão da máa?
João: Hugo é um multibilionário lantropo. Hugo
construiu esta cidade. A cidade é dele. Ele pode
fazer o que ele quiser, e ele quer te dar um mi-
lhão de dólares, mas isso só é possível se você
votar nele.
Eu: Mas isso não faz o menor sentido. Se o Hugo
construiu a cidade, é dono dela e pode fazer o
que quiser, então por que ele precisa ser eleito?
E por que ele…
Maria: Quem é você para questionar o presente do
Hugo? Você não quer o milhão de dólares? Não
vale a pena por votar nele uma vez só?
Eu: Bom, talvez, se for pra valer, mas…
João: Então venha com a gente votar no Hugo.
Eu: Vocês já votaram no Hugo?
Maria: Ah, claro, e…
Eu: E vocês já receberam o milhão de dólares?
João: Bom, na verdade não. Você só recebe o dinhei-
ro depois de sair da cidade.
Eu: Então por que vocês não saem?
Maria: Você só sai quando o Hugo deixar, ou você não
leva o dinheiro, e ele te cobre de pancada.
Eu: Vocês conhecem alguém que votou no Hugo,
saiu da cidade e ganhou o dinheiro?
João: Minha mãe votou no Hugo por anos. Ela saiu
da cidade ano passado, e tenho certeza de que
ela ganhou o dinheiro.
62 O ALIENISTA
Eu: Você não falou com ela depois disso?
João: Claro que não, o Hugo não deixa.
Eu: Então por que você acha que ele vai te dar o di-
nheiro se você nunca falou com alguém que
conseguiu o dinheiro?
Maria: Bom, ele te dá um pouquinho antes de você ir
embora. Pode ser um aumento de salário, pode
ser um pequeno prêmio de loteria, pode ser
que você acha uma nota de cinquenta na rua.
Eu: E o que isso tem a ver com o Hugo?
João: O Hugo tem uns “contatos”.
Eu: Sinto muito, mas pra mim isso parece um golpe
maluco.
João: Mas é um milhão de dólares, você vai arriscar?
E lembre-se, se você não votar no Hugo, ele te
cobre de pancada.
Eu: Talvez se eu pudesse ver o Hugo, falar com ele,
pegar os detalhes diretamente com ele…
Maria: Ninguém vê o Hugo, ninguém fala com o Hugo.
Eu: Então como vocês votam nele?
João: Às vezes nós fechamos os olhos e votamos,
pensando no Hugo. Às vezes votamos no Car-
los, e ele conta pro Hugo.
Eu: Quem é Carlos?
Maria: Um amigo nosso. Foi ele que nos ensinou a
votar no Hugo. A gente só precisou levá-lo pra
jantar algumas vezes.
Eu: E você simplesmente acreditou no que ele dis-
se, quando ele contou que existia um Hugo, e
que o Hugo queria que vocês votassem nele, e
que o Hugo daria uma recompensa?
João: Claro que não! Carlos trouxe uma carta que o
Hugo lhe mandou anos atrás, explicando tudo.
Tem uma cópia aqui, veja você mesmo.
João me entregou uma fotocópia de uma
carta com o cabeçalho “Do punho de Carlos”. Havia
onze itens ali:
1. Vote no Hugo e ele lhe dará um milhão de dóla-
res quando você sair da cidade.
2. Use álcool com moderação.
3. Cubra de pancadas quem não for como você.
4. Coma bem.
5. O próprio Hugo ditou esta lista.
6. A lua é feita de queijo verde.
7. Tudo que o Hugo diz está certo.
8. Lave as mãos depois de ir ao banheiro.
9. Não beba.
 10. Só coma salsicha no pão, e sem condimentos.
11. Vote no Hugo, ou ele te cobre de pancada.
Eu: Parece que isso foi escrito no bloco do Carlos.
Tenho um palpite que se fôssemos conferir,
descobriríamos que essa letra é do Carlos.
João: Claro que é. O Hugo ditou.
Eu: Pensei que vocês tinham dito que ninguém vê o
Hugo.
Maria: Não agora, mas tempos atrás ele falava com al-
gumas pessoas.
Eu: Pensei que vocês tinham dito que ele era um
lantropo. Como é que um lantropo bate nas
pessoas só porque elas são diferentes?
Maria: É o desejo de Hugo, e o Hugo está sempre cer-
to.
Eu: Como você sabe?
Maria: O item 7 fala: “Tudo que o Hugo diz está certo”.
Pra mim isso é suciente.
Eu: Talvez o seu amigo Carlos tenha inventado isso
tudo.
João: De jeito nenhum! O item 5 fala: “O próprio Hu-
go ditou esta lista.” Além disso, o item 2 fala:
“Use álcool em moderação”; o item 4 diz: “Co-
ma bem”; e o item 8 diz: “Lave as mãos depois
de ir ao banheiro.” Todo mundo sabe que isso é
certo, então o resto deve ser verdade também.
Eu: Mas o item 9 diz: “Não beba”; o que não bate
com o item 2. E o item 6 diz que “A Lua é feita
de queijo verde”, o que está simplesmente er-
rado.
João: Não há contradição entre 9 e 2, 9 só esclarece
2. E quanto ao 6, você nunca esteve na Lua, en-
tão não pode ter certeza.
Eu: A ciência já estabeleceu muito bem que a Lua é
feita de rochas…
Maria: Mas eles não sabem se as rochas vieram da Ter-
ra ou do espaço, então poderia muito bem ser
queijo verde.
Eu: Não sou um perito, mas acho que a ideia é que
dois ou mais corpos de bastante massa podem
ter colidido durante a formação do sistema so-
lar para criar o sistema Terra-Lua. Mas não sa-
ber exatamente como a Lua foi formada não
tem nada a ver com ela ser feita de queijo.
João: A-há! Você acabou de admitir que os cientistas
não podem ter certeza, mas nós sabemos que o
Hugo está sempre certo!
Eu: Sabemos?
Maria: Claro, o item 5 diz isso.
Eu: Você está dizendo que o Hugo está sempre cer-
to porque a lista diz, e a lista está certa porque
o Hugo ditou, e sabemos que o Hugo ditou por-
que a lista diz. Isso é lógica circular, é a mesma
coisa que dizer que “o Hugo está certo porque
ele diz que está certo”.
João: AGORA você está entendendo! É tão bom ver
alguém entender o jeito de pensar do Hugo!
Eu: Mas… ah, deixa pra lá. E que história é essa
com as salsichas?
João: (enquanto Maria enrubesce): É um esclareci-
mento do item 4. Salsicha, só no pão, sem con-
dimentos. É a maneira do Hugo. Qualquer coi-
sa diferente disso é errado.
Eu: Mas então pode comer hambúrguer sem pão?
E bratwurst?
João: Peraí, peraí. Não vamos deixar as coisas mais
complicadas do que elas são. É melhor deixar
esses detalhes para os peritos prossionais no
Hugo e suas regras.
Eu: E se não tiver pão?
João: Sem pão, nada de salsicha. Salsicha sem pão é
errado.
Eu: Sem molho? Sem mostarda?
João: (Gritando, enquanto Maria parece choca-
da): Não precisa falar assim! Condimentos de
todos os tipos são errados!
Eu: Então uma pilha enorme de repolho azedo com
umas salsichas picadas em cima, nem pensar?
Maria: (enando os dedos nas orelhas): Eu não es-
tou escutando!! La la la, la la, la la la.
João: Mas que nojento! Só um pervertido comeria is-
so…
Eu: Mas é bom! Eu como sempre!
João: (amparando Maria): Se eu soubesse que você
era um desses, não teria desperdiçado meu
tempo. Quando o Hugo cobrir você de panca-
da, eu vou estar lá, contando meu dinheiro e
rindo. Eu vou votar nele por você, seu come-
dor-de-salsicha-cortada-com-repolho!
E assim João arrastou Maria para o carro, e
foram embora.
Autor: Tim Gorski
O ALIENISTA 63
 @aldebram

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2
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