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I Pedro 2

A maturidade cristã (v1-10):

1. sede alimentados pela Palavra (v1-3)

- Contraste entre que devemos tirar de dentro de nós (v1) e o que devemos colocar dentro de
nós (v2) [A vida em amor ao próximo exige o afastamento de todo mal interno e externo que
se pode fazer ao outro (v1). A busca pela maturidade cristã/santidade envolve uma sede
intensa pela Palavra e por interioriza-la (v2)].

- Há uma conexão entre reconhecer a bondade do Senhor e buscar Sua Palavra (v3). Aquele
que reconhece a benevolência do Senhor (Sl 34:8), busca escutar Sua voz por meio das
Escrituras.

- Saímos do que devemos ser e passamos a analisar o que Jesus é. E como Sua natureza nos
alcança. Pedro nos convida a nos achegarmos a pedra angular (Cristo), e ao passo que nos
achegamos a ela, somos edificados como uma casa espiritual (v4,5).

- Cristo enquanto pedra viva contrasta com as pedras mortas do velho templo, pois nEle
habita toda plenitude da divindade (Cl 2:9), desprezado pelos homens, mas eleito pelo Pai
(v4).

- Também somos pedras vivas e casas espirituais em contraste com a antiga aliança; no
presente, Deus já não habita em um templo feito por mãos humanas (At 7:48), mas sim em
Espírito em meio a Igreja (Jo 4:21-24).

- Para os crentes, Cristo é o motivo da nossa maior honra, nossa maior dádiva, nosso
fundamento e garantia da nossa identidade enquanto filhos de Deus. Mas para os descrentes
não há maior desonra do que não possuir o Filho, e tal ausência é o grande motivo de todos
vossos tropeços. Cristo é sempre a pedra, para alguns a pedra angular, para outros, a pedra de
tropeço. A pedra angular é aquele sobre a qual todo nosso edifício salvífico é construído, por
outro lado, a pedra de tropeço é a razão principal pela qual o caminhante vai diretamente ao
chão.

- Pedro tranquiliza seus ouvintes ao garantir que tal salvação e condenação já haviam sido
previamente estabelecidas pela vontade soberana de Deus. Até mesmo a condenação aos que
desprezam ao Senhor Jesus já havia sido previamente planejada pelo Senhor, e paralelamente
a responsabilidade pelas ofensas contra Deus são plenamente das criaturas, por mais que não
consigamos facilmente harmonizar tais visões. O que sabemos é que o Senhor certamente não
se alegra na condenação dos ímpios (Ez 33:11), mas de alguma forma, em Sua visão
soberana, até o justo juízo derramado sobre eles redunda em Sua glória.

- Pedro aplica os grandes títulos da nação de Israel agora, de forma plena, ao povo da Nova
Aliança: somos uma geração eleita pelo amor de Deus, um sacerdócio real que perpassa todos
os crentes, uma nação santa composta não mais por um povo étnico, mas por um povo que
fora resgatado das hastes do pecado nas mais distintas tribos, culturas e línguas.

- Tamanho privilégio nos foi concedido para que anunciemos a grandiosa misericórdia divina
que nos alcançou (v9).

- Todas as maravilhosas benesses são fruto não dos méritos dos crentes, mas tão somente da
graça de Deus, que se compadeceu de gentios escravos do pecado e distantes da filiação
divina (v10).

O chamado à submissão (v11-25):

1. A submissão como cidadão (v11-17)

- A parte anterior evocava a necessidade da santidade cristã no processo de maturidade


interna do crente. Na atual parte, Pedro evoca a necessidade da santidade como testemunho
externo do agir de Deus no mundo por meio de sua Igreja.

- Os crentes devem se abster do pecado visando ser o testemunho vivo em meio aos que nos
cercam do Deus que servimos, pagando a perseguição e maledicência com boas obras (v11-
12).

- Pedro traz uma importância advertência da necessidade dos cristãos de estarem submissos
também no contexto político. Os judeus tinham a má fama de se rebelarem, a mensagem do
Evangelho também era má interpretada como uma mensagem de afronta as autoridades
políticas romanas, e alguns cristãos também tendiam a se recusar a obedecer a autoridades
romanas por conta da liberdade ganha em Cristo. Diante desse cenário, é imprescindível que
Pedro conclame que os cristãos ainda estão sujeitos as autoridades dos homens.

- Deve-se reconhecer as autoridades como meio pelo qual o Senhor pode fazer Sua justiça.
Ainda que por vezes tiranos governem, dignos de questionamento, isso não subverte as
autoridades por si só(v14).
- Nossa liberdade ganha em Cristo não é precedente para a maldade, mas sim o motor de
nossa servidão a Deus no que é correto (v16).

- A submissão política do cristão não é uma apologia a idolatrar o Estado, mas a respeita-lo
como parte constituinte do agir de Deus (v17).

- Saímos do aspecto social ao laboral. A relação de servidão no contexto bíblico (menos que a
escravidão moderna, mais do que a relação laboral moderna) se baseava em pessoas que
descendiam de escravos e compunham a estrutura familiar romana. Por vezes recebiam
salários e até podiam comprar sua liberdade, mas obviamente não eram autônomos e estavam
sujeitos ao seu senhor.

- Ficava então a pergunta: como um servo que se convertesse a Cristo deveria reagir dali em
diante? O cristão que se converteu enquanto escravo recebe o radical chamado a submissão,
responde não com a rebeldia, mas com sujeição - não somente aos bons senhores – mas
também aos mais difíceis de se sujeitar (v18).

- Deus olha para os que sofrem injustamente e permanecem com os olhos cativos nEle (v19).
Sofrer por pecar é vergonhoso, mas sofrer pela bondade é motivo de honra (v20).

- Pedro convida os seus ouvintes para que, em meio as injustiças desde mundo, eles olhem
para Cristo como o exemplo perfeito. Aquele no qual não havia pecado algum, mas se
entregou misericordiosamente por nós. O exemplo do sofrimento penitente, sem retribuição.
E por meio desse exemplo poderoso Ele nos resgata de nossos pecados e Se torna o Senhor
de nossas vidas (v24) (Is 53). Ele olha por nós, e cuida de nós. (v21-25).

Aplicação I

O cristão que busca a maturidade deve ansiar incessantemente pela Palavra de Deus, como
um bebê anseia pelo leite de sua mãe. É na Palavra que ele encontra toda a nutrição que tanto
precisa. É na Palavra que Ele ouve a voz de Deus. É na Palavra que Ele exprimenta
continuamente a misericórdia que Deus já derramou sobre Ele. Um crente maduro deve ter
plena ciência da sua identidade: um membro da geração eleita, do sacerdócio real, da nação
santa. Geração eleita amorosamente por Deus, de todos povos, línguas e etnias. Deus
misericordiosamente estendeu Sua graça a você, mesmo que não fosses filho de Abrão.
Sacerdócio real, pois todos os crentes na Nova Aliança são sacerdotes do Deus vivo. Nos
apresentamos como sacrifícios vivos diante da presença de Deus. Somos nação eleita, não
mais como Israel. Já não há mais um país geográfico especial, não existem mais Reis ou
políticos ungidos por Deus. O que temos é um povo pluriétnico separado nas mais distintas
nações para servir ao mesmo Senhor! O traço final da maturidade cristã é que graça de Deus
esteja exposta em nossas vidas, e que proclamemos o Nome que nos salvou.

Aplicação II

Todos seres humanos sofrerão neste mundo, tanto ímpios quanto crentes. Diante dessa
realidade, não podemos escolher se iremos sofrer, mas sim como passaremos pelo
sofrimento. Se sofreremos com rebeldia, ou com submissão. Diante das injustiças sociais e
laborais, o crente é chamado para se submeter ao outro e devolver a maldade com o bem,
como um reflexo da luz do Senhor que brilha através de nós. Mas o chamado cristão é para
dar uma resposta radical ao sofrer, não com uma revolução, nem com a rebeldia, mas com o
amor. Para que aqueles que nos perseguem se envergonhem com o mal sendo pago com o
bem. Muitos olhos estão voltados para nós, para como precederemos, como agiremos
enquanto crentes... nossa vida em sociedade é uma grande oportunidade para expor o Deus
que servimos. Em meio a dificuldade de sofrer em submissão, olhamos para a Aquele que
aceitou sofrer pela escória que o ofendia: eu e você. Não só sofreu por nós, como nos
resgatou, toda glória e toda honra ao Cordeiro de Deus, pelo século dos séculos, amém!

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