Você está na página 1de 6

A Vida Cristã e Suas Oportunidades

Texto: João 10.27,28

Tudo o que estamos fazendo aqui hoje é para o Senhor Jesus Cristo. O
privilégio de podermos nos reunir em culto é um presente dEle para nós. Ele
mesmo, que foi chamado pelo apóstolo João de “verdadeiro Deus e a vida eterna”.
O Cristo que nos encontrou em meio a tantos pecados e rebelião contra Deus e nos
reúne agora como corpo para adorá-lo em espírito e em verdade.

Adoramos aqui o Cristo ressuscitado, revelado nas Escrituras. Não nos


submetemos a um “cristo” falso, popularmente aceito e politicamente correto.
Jesus era, ao mesmo tempo, marcado por uma ternura tão grande, ao ponto de
receber o apelido de “amigo dos pecadores”. Ele encontrou-se com pessoas como
comportamentos reconhecidamente imorais e lhes ofereceu tão somente o perdão,
a cura e a plena restauração. Todavia, Jesus tratou um rigor aqueles que se diziam
religiosos, mas que promoviam uma espiritualidade artificial: eram estes os
escribas, os peritos da lei, os fariseus e os saduceus. Para estes, o tratamento de
Jesus foi duro. Foram comparados com sepulcros caiados, cuja beleza era apenas
exterior, em contraste com a podridão interior.

Jesus esteve envolvido em várias controvérsias abertas diante dos líderes


religiosos de seu tempo. Como Bom Pastor, Ele tratou com grande amabilidade
suas ovelhas, mas também precisou se levantar e atirar pedras para espantar os
lobos impiedosos. A religião morta dos fariseus não produziria vida e vida em
abundância. Os judeus ficaram escandalizados, pois Jesus os chama de ladrões e
de mercenários. Todavia, o motivo que levava os judeus a tamanha hostilidade em
relação ao Senhor não é intelectual, mas espiritual. Eles não são ovelhas. Não é o
tamanho do sermão, ou a eloquência do pregador, ou sua oratória, que faz com que
as pessoas se convertam. O sermão de Jesus aqui é extenso, mas há apenas
hostilidade. Em Mt 9.9 há uma prédica curta, mas que salvou um homem:
“Partindo Jesus dali, viu um homem chamado Mateus sentado na coletoria e disse-
lhe: Segue-me! Ele se levantou e o seguiu”.

A pregação do Evangelho não um trabalho intelectual, mas um exercício


espiritual. É o Espírito Santo que trabalha durante a pregação da Palavra,
edificando, exortando e consolando. Isto indica a nossa dependência total de Cristo
em nossa vida. É Ele quem nos encontra através da Palavra, nos salva e nos
concede às necessárias ministrações da vida cristã. Cristo é suficiente. Não
precisamos de nada mais do que sua graça.

Assim, sabendo que nossos anseios são satisfeitos em Cristo, podemos viver
a vida cristã. Estamos unidos em Cristo e agora a vida que vivemos na carne,
vivemos na fé do Filho de Deus, que nos amou e se entregou a si mesmo por nós.
Nossa vida agora está escondida em Cristo. Ressuscitados com Cristo, buscamos
as coisas do alto e pensamos em coisas lá do alto. Esta é a essência da vida cristã:
uma vida transformada, onde devemos nos apartar das paixões carnais que
combatem contra a alma.

Todavia, corremos o risco de pensar que ser cristão é simplesmente estar


sujeito a um conjunto de regras do tipo “faça” e “não faça”. Sim, há coisas que não
são convenientes e edificantes. Há outras que são definitivamente proibidas pelas
Escrituras. Os crentes são chamados para viver diante do Senhor não debaixo de
um medo servil, mas sob um amor filial e de espírito voluntário. Não somos
arrastados para a vida cristã; antes, somos atraídos pelo Senhor e conduzidos em
amor assim como um bom pastor conduz as ovelhas do seu aprisco.

I. É OUVIR A VOZ DE CRISTO (“As minhas ovelhas ouvem a minha voz”)


A palavra “voz”, neste texto, pode ser também compreendida como
discurso, ou mensagem. O salvo está capacitado para ouvir a mensagem de Cristo,
que é a mensagem de Deus. No passado, Deus falou através dos profetas, mas
agora, ele nos fala por intermédio de Seu Filho, por que fez todas as coisas.
1. Capacitação para reconhecer a voz do Senhor, “[Cristo] vai
adiante de suas ovelhas e elas o seguem, pois reconhecem a sua voz” (v. 3)
2. Capacitação para rejeitar a voz dos estranhos, “De modo nenhum
seguirão o estranho; antes, fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos”
(v. 4)

II. É SEGUIR OS PASSOS DE CRISTO (“eu as conheço e elas me seguem”)


As ovelhas de Cristo são marcadas nos ouvidos e nos pés, ou seja, elas
ouvem e seguem. A consequência natural do ouvir a Cristo é submeter-se a Ele. É
impossível ser alcançado pela graça e permanecer desgarrado. A voz de Cristo é
poderosa e transforma o jeito de viver. Esta mudança é chamada de discipulado.
Ser discípulo é ser um aprendiz, um aluno, que tem um professor e que se espelha
no comportamento de seu mestre.
A vida cristã não é um chamado para uma fé teórica, chamada por
Tiago de fé morta. Ser cristão é viver pela fé, andar pela fé e seguir os passos de
Jesus pela fé.
1. O discipulado implica em renúncia, Lc 14.28
“Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se senta primeiro a
calcular as despesas, para ver se tem com que a acabar?” (Lucas 14:28)
A salvação é pela graça, mas o discipulado nos custa nossa justiça própria, o
nosso amor à vida fácil e o favor do mundo. Alguns, ao notarem o preço do
discipulado, o consideram caro demais. Vale a pena pensar no enorme preço pago
por Cristo na cruz para nos conduzir a Deus.
2. O discipulado implica em entrega,
Entrega dos direitos, entrega da vida por inteiro. Não se trata de uma entrega
reservada, mas de uma submissão completa. Assim, o ego deixa de estar no trono
e no centro de nossas vidas e de nossas decisões. Agora, é Cristo quem reina, quem
governa. O salvo pondera suas decisões na Palavra de Cristo, que tem primazia em
sua vida.

III. É RECEBER A DÁDIVA DE CRISTO (“Eu lhes dou a vida eterna”)


A existência daquele que está sem Cristo é chamada nas Escrituras de
“morte”. Desde o Éden, podemos ver a Bíblia chamando o não regenerado de
“morto”. Todavia, aqueles que recebem a Cristo, são chamados de filhos de Deus
e recebem vida. Nestes termos que Ef 2 diz que Cristo nos deu vida, pois estávamos
mortos em delitos e pecados. A vida eterna não é fruto da procura humana, ou do
esforço religioso de alguém. Seria uma blasfêmia pensarmos que em qualquer
proporção a salvação pode ser descoberta por alguém ou conquistada por méritos
pessoais. A salvação vem do Senhor, como uma dádiva inteira e plena. É Ele quem
nos abre a porta e nos reconcilia consigo mesmo.
1. A salvação é um livramento de um perigo iminente, Hb 10.31
Na salvação, somos salvos por Deus da ira do próprio Deus. É contra
ele que temos pecado, e Ele mesmo que irá exercer sua justiça contra os rebeldes.
Deus não trata o pecado com medidas leves. O pecado é tão sério aos olhos de
Deus, que Ele mesmo tomou medidas drásticas para derrotá-lo.
O perigo iminente ao qual os pecados estão sujeitos é a ira de Deus. O
salmista Asafe diz que “os pecadores estão em lugares escorregadios, prestes a cair
em destruição”. Na salvação, somos salvos das mãos de Deus.
2. A salvação é um ato divino de reconciliação, 2Co 5.18
Nossa comunhão com Deus é restaurada na salvação. Somos libertos da
culpa e do pecado, para podermos adorar a Deus em espírito e em verdade, além
do véu. Em Cristo, que é o novo e vivo caminho, podemos falar com Deus,
podemos nos aproximar do Deus santo e salvador.
3. A salvação significa ser adotado como filho de Deus, Jo 1.12
E mais do que nos tornarmos amigos de Deus, somos chamados para a
família de Deus. Ele nos recebe como filhos. Sem Cristo, somos tão somente
criaturas de Deus.
4. A salvação consiste em ser capacitado por Deus para uma vida
santa,
O salvo está capacitado para viver em santidade diante de Deus. Por
mais que uma pessoa possa fazer obras admiráveis diante dos homens, somente os
salvos podem realmente viver uma vida santa. A plataforma para uma vida em
santidade é a regeneração.

IV. É ESTAR SEGURO EM CRISTO (“Jamais perecerão e ninguém as arrebatará da minha mão”)
1. Nada pode nos separar do amor de Cristo, Rm 8.31ss
A carne, o mundo e o diabo certamente lutarão contra nós, mas Deus é
por nós. O amor eterno do Senhor que nos atraiu e nos salvou jamais falhará. Não
há nenhuma condenação para os que estão em Cristo e também não há nenhuma
separação para aqueles que nEle confiam.
2. Cristo não nos lança fora de sua presença, Jo 6.37
Pensemos em homens que fracassaram fortemente. Foram ao chão,
nocauteados pelo pecado. Todavia, eles estavam selados por Cristo e a queda deles
não foi definitiva. Cristo não nos descarta quando falhamos. A mensagem do
Evangelho é que Deus não desistiu de nós, apesar de nossos pecados. Ele nos
chama, nos recebe e não nos dispensa. Como bondoso pastor, Ele vai atrás da
ovelha desgarrada, recebe com amor e a coloca de volta no rebanho.
3. Podemos ter certeza da salvação, 1Jo 5.13
A salvação como dádiva completa de Deus nos fala que estamos
garantidos. A boa notícia é que estamos na lista, estamos convocados para fazer
parte do povo de Deus. Podemos estar seguros disso, pois quem disse foi o Deus
que não pode mentir.
Não confiemos em nossos sentimentos, pois estão corrompidos. Seja o
Senhor e a Sua Palavra nossa esperança e crença! Ele diz que estamos salvos e
assim o é. Nossa vida está em Cristo e das mãos de Cristo ninguém poderá nos
roubar.

Cristo é nosso supremo bem, nossa salvação! O nosso único e suficiente


salvador. Nele, temos o cumprimento de todas as promessas divinas. No passado,
os crentes esperaram a promessa de uma fecunda, chamada terra que mana leite e
mel. Em Cristo, temos a doçura e a força de todas estas promessas. Ele é a nossa
terra prometida, nosso salvador, nosso bem supremo, nossa bandeira.
Que guardemos a Palavra! Mantenhamos a nossa esperança!

“Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos


irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória, ao único Deus sábio, Salvador
nosso, seja glória e majestade, domínio e poder, agora, e para todo o sempre.
Amém” (Jd 1.24-25)

Soli Deo Gloria!

Você também pode gostar