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toliofllia

um eotudc da rurceoçüc, aliludeo


e oalcreo dc melc ambiente

Traduçdc: de Olioeira
Profa. Emérita do Instituto de Geociências e
Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista
"Júlio de Mesquita Filho", Campus de Rio Claro.

e du el Londrina
2012
Infante

sem mundo na medida em que não pode distinguir entre


O infante é
ambiente. Percebee responde ao estímulo ambiental; ele,
o eu e o meio
mais
discrimina as qualidadesdo som que as imagens
provavelmente,
altamente sensível ao tato. Como toda mãe sabe,
visuais. Sobretudo, ele é
estado de ânimo, pela
o infante, misteriosamente, está consciente do seu
está consciente
maneira como ele é carregado. Ou mais precisamente, ele
das mudançassutis de pressãoe de temperaturaao seu redor, porque
a mãe não é reconhecidacomo um indivíduo separado. Ao redor da
quinta semana, os olhos do bebê podem fixar-se em objetos. A primeira
configuraçãoque ele reconhece é o rosto humano, mesmo a abstração de
um rosto, como dois pontos e uma linha desenhada em um pedaço de
papel. Ele não pode, no entanto, discriminarentre objetos geométricos
de arestas agudas, como quadradose triângulos. A forma retilínea não
tem valor para a sua sobrevivência,mas o rosto humano sim.17Por volta
dos três a quatro meses, o bebê identifica,especialmente,o rosto da
mãe; mas a ideia do todo da pessoa continua a escapar à sua apreensão.

Quando o bebê olha para alguém, seus olhos se fixam em partes do corpo,
a boca, as mãos etc.;somente por volta dos seis meses é que ele evidencia
perceber outra pessoa. A experiência espacial do bebê está estritamente
circunscrita. No começo de sua vida, o espaço é principalmente "oral";
o espaço é o que ele conhecepor volta da exploração com sua boca. A
própria respiraçãopode fornecer-lheum tipo de experiência espacial. A
posição horizontal no berço e a posição vertical contra o corpo da mãe,
quando o bebê é levantado para arrotar, adverte-lhe sobre a realidade de
uma dimensão espacial. No referente à cor, as crianças com três meses já
parecem responder a ela.
As crianças menores parecem preferir as cores quentes. À medida
que crescem, a preferência por cores quentes, especialmente o amarelo,
diminui, e continua diminuindo com a idade.18
17R. A. Spitz e K. M. Wolf, "lhe Smiling Response: A Contribution to the Ontogenesis of Social
Relations", Genetic Psychology,Monographs, 34 (1964), 57-125.
18Ann Van Nice Gale, Children's Perferences for Color: Color Combinations and Color Arrangements
(Chicago: University os Chicago Press, 1933), pp. 54-55.

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A criança pequena

Um infante sorri para o rosto humano, mas também para um pedaço


de papel com pontos, o que sugere que ele não distingue, visualmente,
entre objetos animados e inanimados. De um modo sensório-motor, no
entanto, ele, provavelmente, pode discriminar entre a matéria viva e
sem vida. A criança pequena é animista: responde a todos os corpos em
movimento como se fossem vivos e dotados de movimento próprio. A
criança até os seis anos pode considerar as nuvens, o sol e a lua como vivos
e capazes de segui-la, quando ela caminha.190 mundo da criança pequena
está reduzido aos seus arredores imediatos; por natureza, ela não é uma
observadora de estrelas. Os objetos distantes e as cenas panorâmicas não
têm nenhuma atração especial.O espaço não está muito bem estruturado
para as crianças de cinco ou seis anos. Uma criança pequena não concebe o
espaçocomo um ambiente analisável em diferentes dimensões. Primeiro
ela torna-se ciente do acima e abaixo,esquerdae direita, frente e atrás,
porque derivam diretamente da estrutura do corpo humano; outras
dimensões como aberto-fechado, compacto-difuso, agudo-obtuso são
conceitualizadas mais tarde.20 "Paisagem" é uma palavra que não tem
muito significado para a criança pequena. Ver a paisagem requer, antes
de tudo, a habilidade de fazer distinção nítida entre o eu e os outros, uma
habilidade ainda pouco desenvolvida na criança de seis ou sete anos., De

modo que, para ver a paisagem e avaliá-la esteticamente, a pessoa precisa


ser capaz de identificar um segmento iluminado da natureza e estar
consciente da coerência de suas características espaciais nos seguintes
termos: os componentes vertical e horizontal estão arranjados em
oposiçãorígida? Os espaços fechados estão harmoniosamente dispostos
na planície aberta? A folhagem densa à direita é compensada pela linha

Jean Piaget, lhe Child's ConceptionofPhysical Causality (Nova York: Humanities Press, 1951) p, 60,
20Robert Beck, "Spatial Mening, and Properties of the Environrnent", in David Lowenthal (ed.),
EnvironmentalPerceptionand Behavior(University os Chicago, Department os Geography Research
Paper no 109, 1967), pp. 20-26; Monique Laurendeau e Adrien Pinard, The Oevelopmengof the
ConceptofSpace in the Child (Nova York: International Universities Press, 1970); Yvonne Brackbill
e George G, Thompson (eds.), Behavior in Infancy and Early Childha.»d(Nova York: Free Press, 1967),
pp. 163-220.
Apesar de a paisagem escapar à criança
de salgueiroà esquerda? pequena
ela está bem ciente dos vários componentes: um toco de árvore,
grande matacão,água borbulhando num trecho de córrego. À medida
que a criança cresce, aumenta a sua consciência das relaçóes espaciais,
expensas da essência dos objetos que os definem. Nas preferências dc cor,
a criança pequena parece indiferente às cores mistas, como malva, bege,
lavanda, mas é fortemente atraída pelos tons brilhantes, tanto que tende
a agrupar objetos geométricos seguindo a semelhança de cor mais que de
forma. Tudo que brilha é ouro. O mundo da criança pequena, Portanto,
é animadoe consiste de objetos vívidos, nitidamente delineadosem um
espaçopobremente estruturado.

A criança e a abertura para o mundo

É dificil para um adulto recapturar a perdida vividez das impressões


sensoriais (exceto ocasionalmente) como a frescura de uma cena após
a chuva,a fragrânciapenetrante do café antes do desjejum,quandoa
concentraçãodo açúcarno sangue está baixa, e a pungênciado mundo
durante a convalescênciaapós uma longa doença. Uma criança, de cercade
sete ou oito anos até os treze, catorze, vive a maior parte do tempo, neste
mundovívido.Ao contrário do infante, que está aprendendo a andar,
a criançamais velha não fica presa aos objetos mais próximos nem aos
arredores; ela é capaz de conceituar o espaço em suas diferentes dimensões;
gosta das sutilezas na cor e reconhece as harmonias na linha e no volume.
Ela tem muito da habilidade conceitual do adulto. Pode ver a paisagem
como um segmento da realidade "lá de fora", artisticamente arranjado, mas
também a conhece como uma força,uma presença envolvente e
penetrante.
Sem a carga das preocupaçõesterrenas, sem as cadeias da aprendizagem,
livre do hábito enraizado, negligente ao tempo, a criança
está aberta para
o mundo. Frank Conroy,em sua novela
autobiográfica Stop-time, descreve
o que significaessa abertura infantil
na experienciaçâo até dos tipos mais
comunsde meioambiente.O autor era
então, um menino de treze anos,
andando de bicicleta e sem destino
certo.

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Mundos pessoais

No primeiro posto de gasolina parei para tomar uma coca-colae


verifiquei a pressão dos pneus. Eu gostava dos postos de gasolina. A
gente podia ficar por quanto tempo quisesse e ninguém falava nada.
Sentado no chão, num canto na sombra, encostado na parede, eu
bebericava a coca e fazia-a render.

É a despreocupação da infância que abre o mundo? Hoje nada acontece


em um posto de gasolina. Estou ansioso para partir, para chegar aonde
estou indo e o posto, como uma enorme figura de papel recortada, ou
um cenário de Hollywood, é simplesmente a fachada. Mas, aos treze
anos, sentado, encostado na parede, era um luar maravilhoso para se
estar. O cheiro delicioso da gasolina, os carros chegando e saindo, o
frescor do ar comprimido, o murmúrio abafado das vozes vindas do
fundo —estas coisas pairavam musicalmente no ar, enchendo-me com
uma sensação de bem-estar.Em dez minutos minha mente estaria
cheia como os tanques dos automóveis.21

Velhice

As pessoas estâ vagamente conscientes d ue seus sentidos vão


embotandocom a idad O declínio e sua ca a fisiológicapodem ser
medidos.As papilas gustati na criança es o amplamente distribuídas
nopalatoduroemole, nas pare dagarg a,como também na superfície
centralsuperior da língua; estas s gradualmente desaparecem à
medida que a pessoas amadurece esultando no enfraquecimento
da sensibilidade do paladar. Os ulto •ovens podem identificar uma
soluçãode açúcar como doce, m uma co entração três vezes menor
que a requerida por uma pes a mais velha. A ão enfraquece. Os velhos
prestam mais atenção à • formação recebida p - meio dos receptores
periféricos do olho, e aumentam o movimen . Com a idade, o
mundo é um pou mais cinzento; diminui o discernimento da cor
violetano final espectro. As lentes do olho tornam-se mais amarelas,
filtrando o ultr violeta e algumas das ondas violetas. A audição declina
acentuadamente na amplitude de alta frequência. Enquanto uma pessoa
Frank Conroy, Sto-time (Nova York: Viking, 1967), p. 10.

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