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CAPÍTULO 7 – ESCOAMENTO PERMANENTE DE FLUIDO INCOMPRESSÍVEL EM

CONDUTOS FORÇADOS

TIPOS DE CONDUTOS
CAMADA LIMITE NUMA PLACA PLANA

CAMADA LIMITE NUMA PLACA PLANA


DESENVOLVIMENTO DA CAMADA LIMITE EM CONDUTOS FORÇADOS

Escoamento laminar: L = 140 D

Escoamento turbulento: L = 40 D

RUGOSIDADE
CLASSIFICAÇÃO DAS PERDAS DE CARGA

PERDA DE CARGA DISTRIBUÍDA


EXPERIÊNCIA DE NIKURADSE
Em 1933 J. Nikuradse publicou os resultados de um trabalho experimental para a
determinação do fator de atrito em tubulações circulares. Os ensaios foram realizados com tubos
lisos cuja parede interna foi revestida com grãos de areia, sensivelmente esféricos, de
granulometria controlada, criando assim uma rugosidade uniforme e artificial de valor ,
correspondente ao diâmetro do grão de areia. Desta forma, pode-se levantar, para os
escoamentos turbulentos, as relações entre o fator de atrito f, o número de Reynolds, Rey e a
rugosidade relativa artificial, /D. Embora o tipo de rugosidade usado nestes ensaios seja
diferente da rugosidade encontrada em tubos comerciais, em última análise conseqüente do
processo industrial, o diâmetro do grão de areia é facilmente mensurável e o método serve para
se verificar no fenômeno, o efeito da rugosidade, da subcamada limite laminar e da turbulência,
representada pelo número de Reynolds.

O gráfico da figura abaixo, chamado Harpa de Nikuradse, representa um resumo dos resultados
dos testes, e permite uma análise fenomenológica das cinco regiões apresentadas.

Harpa de Nikuradse

a) Região I - Rey  2300, escoamento laminar, o fator de atrito independe da rugosidade, devido
ao efeito da subcamada limite laminar e vale f = 64/Rey.

b) Região II - 2300  Rey  4000, região crítica em que o valor de f não fica caracterizado.

c) Região III - curva dos tubos hidraulicamente lisos, influência da subcamada limite laminar, o
fator de atrito só depende do número de Reynolds. Escoamento turbulento hidraulicamente liso.

d) Região IV - Transição entre o escoamento turbulento hidraulicamente liso e rugoso, o fator


de atrito depende simultaneamente da rugosidade relativa e do número de Reynolds.

e) Região V - Turbulência completa, escoamento hidraulicamente rugoso, o fator de atrito só


depende da rugosidade relativa e independe do número de Reynolds.

Deve-se observar da figura, que a série de curvas, para cada rugosidade relativa, se
desprende da curva dos tubos lisos a medida que o número de Reynolds vai aumentando, ou
seja, um tubo pode ser hidraulicamente liso para Reynolds baixos e hidraulicamente rugoso para
Reynolds altos. Isto se deve ao fato que, a medida que o número de Reynolds cresce, aumenta a
turbulência e o transporte de quantidade de movimento entre regiões do escoamento,
diminuindo a espessura da subcamada limite laminar e expondo as asperezas da parede da
tubulação ao núcleo turbulento do escoamento.
A curva limite dos tubos hidraulicamente lisos pode ser representada, na faixa 3000  Rey 
105, por uma expressão empírica, conhecida como fórmula de Blasius, dada por:

0,316
f =
Re y 0,25

A fórmula de Blasius, a despeito da simplicidade, ajusta-se bem a resultados


experimentais em tubos lisos, como de P.V.C., na faixa de Reynolds considerada.

Em 1939 Colebrook e White apresentaram uma formulação para o fator de atrito, com particular
referência a região de transição entre os escoamentos hidraulicamente liso e rugoso, trabalhando
com tubos comerciais de vários materiais. A fórmula de Colebrook-White é dada por:

1  2,51
= − 2 log( + )
f 3,71 D Re y f

Esta equação, particularmente indicada para a faixa de transição entre os escoamentos


turbulentos liso e rugoso, tem sua condição de aplicabilidade no intervalo:

Re y f
14,14   198
D

Posteriormente, em 1944, Moody estendeu o trabalho e representou esta equação em um


gráfico, na forma do diagrama de Stanton, que apresenta os eixos coordenados em graduação
logarítmica, com o fator de atrito f em ordenadas e o número de Reynolds em abscissas, para
vários valores da rugosidade relativa.

A utilização da equação de Colebrook e White apresenta dificuldades computacionais,


uma vez que não se pode explicitar o valor de f. Para sanar esta dificuldade, algumas fórmulas
explícitas e aproximadas, para determinação do fator de atrito, têm sido apresentadas na
literatura, entre elas a de Swamee-Jain.

0,25
f= 2
para 10-6  /D  10-2 e 5103  Rey  108 (2.37)
   5,74  
 log  + 
  3,7 D Re y 0,9  

Na maioria dos projetos de condução de água, como em redes de distribuição de água,


instalações hidráulico-sanitárias, sistemas de irrigação, sistemas de bombeamento etc., as
velocidades médias comumente encontradas estão, em geral, na faixa de 0,50 a 3,00 m/s.
Admitindo-se diâmetros utilizados, nestas aplicações, na faixa de 50 a 800 mm, os valores
práticos dos números de Reynolds localizam-se no intervalo de 104 a 3106, indicando, no
diagrama de Moody, que em grande número de situações práticas, os regimes são turbulentos de
transição pois, em geral, as rugosidades absolutas das tubulações utilizadas não são altas. Para
essa faixa de número de Reynolds pode-se comparar a fórmula de Colebrook-White com a
fórmula de Swamee-Jain, no cálculo do fator de atrito, em um tubo de aço galvanizado com
costura,  = 0,15 mm, de 2” de diâmetro, e verificar-se a adequabilidade do uso de uma equação
explícita e aproximada (diferenças no valor de f são irrelevantes, menores que 2%).
As rugosidades absolutas equivalentes dos diversos materiais utilizados na prática de
condução de água são de difícil especificação, devido aos processos industriais e grau de
acabamento da superfície, idade das tubulações, etc. A literatura apresenta tabelas de valores da
rugosidade para diversos materiais, com variações em faixas largas, além de valores diferentes,
para o mesmo material, em diferentes fontes de dados. Sem dúvida, a especificação da
rugosidade da tubulação e a previsão de sua modificação com o tempo, devido a alteração da
superfície da parede, muitas vezes causada pela própria qualidade da água, coloca o projetista
diante do problema difícil de determinar os fatores de atrito das tubulações, exigindo
experiência e bom senso. A tabela abaixo, condensada de várias fontes, apresenta valores da
rugosidade absoluta equivalente, para os principais materiais utilizados em projetos de condução
de água.

Material  (mm)
Aço comercial novo 0,045
Aço laminado novo 0,04 a 0,10
Aço soldado novo 0,05 a 0,10
Aço soldado limpo, usado 0,15 a 0,20
Aço soldado moderadamente oxidado 0,4
Aço soldado revestido de cimento centrifugado 0,10
Aço laminado revestido de asfalto 0,05
Aço rebitado novo 1a3
Aço rebitado em uso 6
Aço galvanizado, com costura 0,15 a 0,20
Aço galvanizado, sem costura 0,06 a 0,15
Ferro forjado 0,05
Ferro fundido novo 0,25 a 0,50
Ferro fundido com leve oxidação 0,30
Ferro fundido velho 3a5
Ferro fundido centrifugado 0,05
Ferro fundido em uso com cimento centrifugado 0,10
Ferro fundido com revestimento asfáltico 0,12 a 0,20
Ferro fundido oxidado 1 a 1,5
Cimento amianto novo 0,025
Concreto centrifugado novo 0,16
Concreto armado liso, vários anos de uso 0,20 a 0,30
Concreto com acabamento normal 1a3
Concreto protendido Freyssinet 0,04
Cobre, latão, aço revestido de epoxi, PVC, plásticos em geral, tubos extrudados 0,0015 a 0,010

Valores da rugosidade absoluta equivalente

Os dados da tabela devem ser encarados como valores médios indicativos das
rugosidades equivalentes, evidentemente que resultados de testes sobre determinados materiais,
em uma grande faixa de números de Reynolds, quando disponíveis são preferíveis.
DIAGRAMA DE MOODY

0.1
0.09
Laminar Turbulência completa, tubos rugosos
0.08

0.07 0,05

0,04
0.06
0,03

0.05 0,02

0,015

Rugosidade relativa (/D)


0.04
Fator de atrito f

0,010
0,008
0,006
0.03
0,004

0,002

0.02 0,001
0,0008
0,0006
0,0004

0,0002
Tubos lisos
0,0001

0,00005
0.01
102 103 104 105 106 107 108

Número de Reynolds

Fig.(2.7) - Diagrama de Moody

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