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Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Cursos de engenharia civil e engenharia ambiental


Disciplina de hidráulica (turmas CC76D e CC75H)

2021

Professor: Fernando O. de Andrade


Assunto 1:

Escoamento turbulento em
condutos forçados. Experiência
de Nikuradse. Diagrama de
Moody.
ESCOAMENTO TURBULENTO EM CONDUTOS FORÇADOS
ESCOAMENTO TURBULENTO EM CONDUTOS FORÇADOS

Para escoamento de fluido incompressível, isotérmico e ideal (sem


viscosidade), em regime permanente e ao longo de uma linha de
corrente, a equação de conservação de massa (da continuidade) e de
conservação de energia (eq. de Bernoulli) podem ser escritas como:
EQUAÇÃO DE BERNOULLI COM PERDA DE CARGA

z: energia potencial por unidade de peso (carga de elevação)


p/rg: energia de pressão por unidade de peso (carga piezométrica)
V2/2g: energia cinética por unidade de peso (carga cinética ou de velocidade)
DH: perda de carga (transformação de energia mecânica em térmica)
H: carga total no escoamento

A unidade da equação escrita dessa forma é comprimento (m)


CARGAS NO ESCOAMENTO EM CONDUTOS FORÇADOS
PIEZÔMETRO E TUBO DE PITOT: LINHAS PIEZOMÉTRICA E DE ENERGIA

tubo de Pitot
LE = z + p/g + V2/2g

DH

piezômetro
LP = z + p/g

Q=const.
PERDA DE CARGA CONTÍNUA

Fórmula universal ou equação de Darcy-Weisbach:

O fator de atrito para escoamento laminar é f=64/Re.


Para escoamento turbulento não é possível deduzir uma expressão
analiticamente. Por causa dessa limitação, Nikuradse realizou um estudo
experimental em laboratório para a determinação do fator de atrito f
em dutos circulares
DEDUÇÃO DA FÓRMULA UNIVERSAL DE PERDA DE CARGA

• Trabalho de casa:

Assista o vídeo abaixo que mostra a dedução da fórmula universal de


perda de carga contínua, ou equação de Darcy-Weisbach:

https://www.youtube.com/watch?v=F0gjUE6Nx9U
FATOR DE ATRITO E NÚMERO DE REYNOLDS

O fator de atrito é a tensão de cisalhamento na parede adimensional:

O número de Reynolds é definido como:

Para escoamento em conduto de seção transversal circular:


2000 > Re Escoamento laminar
2000> Re > 4000 Escoamento em transição
Re > 4000 Escoamento turbulento
EXPERIÊNCIA DE NIKURADSE

A experiência de Nikuradse consistiu na realização de diversos ensaios


com tubos circulares lisos nos quais foram colados grãos de areia com o
objetivo de produzir uma rugosidade da ordem de grandeza do
diâmetro médio dos grãos. O fator de atrito foi medido como função da
rugosidade relativa e do número de Reynolds, 𝑓 = 𝑓(𝜀/𝐷, 𝑅𝑒).

Tubos Lisos Tubos Rugosos


Subcamada Subcamada
viscosa viscosa
d e
d e
DIAGRAMA DE MOODY
Diagrama de Moody
DIAGRAMA DE MOODY

Tubo hidraulicamente liso

Tubo hidraulicamente semi-rugoso

Tubo hidraulicamente rugoso


RUGOSIDADE DE MATERIAIS TIPICAMENTE UTILIZADOS
Material e (mm) Rugosidade Material e (mm) Rugosidade
absoluta equivalente absoluta equivalente
Aço laminado revestido de 0,05 Aço comercial novo 0,045
asfalto Aço laminado novo 0,04 a 0,10
Aço rebitado novo 1a3
Aço soldado novo 0,05 a 0,10
Aço rebitado em uso 6
Aço soldado limpo, usado 0,15 a 0,20
Aço galvanizado, com 0,15 a 0,20
Aço soldado moderadamente 0,4
costura
oxidado
Aço galvanizado, sem 0,06 a 0,15
Aço soldado revestido de 0,10
costura
cimento centrifugado
Ferro forjado 0,05
Material e (mm) Rugosidade
Material e (mm) Rugosidade absoluta equivalente
absoluta equivalente Ferro fundido oxidado 1 a 1,5
Ferro fundido novo 0,25 a 0,50
Cimento amianto novo 0,025
Ferro fundido com leve 0,30
Concreto centrifugado novo 0,16
oxidação
Concreto armado liso, vários anos 0,20 a 0,30
Ferro fundido velho 3a5
de uso
Ferro fundido centrifugado 0,05 Concreto com acabamento normal 1a3
Ferro fundido em uso com 0,10 Concreto protendido Freyssinet 0,04
cimento centrifugado
Cobre, latão, aço revestido de epoxi, 0,0015 a 0,010
Ferro fundido com 0,12 a 0,20 PVC, plásticos em geral, tubos
revestimento asfáltico extrudados
PERDA DE CARGA CONTÍNUA

Existem várias fórmulas empíricas de perda de carga contínua, as quais


na maioria dos casos foram desenvolvidas para aplicações específicas
(por exemplo, fórmula de Fair-Whipple-Hsiao, Levy-Vallot, Flamant,
Lawford, Scobey, etc.)

Iremos usar a fórmula empírica de Hazen-Williams:


COEFICIENTE DE PERDA DE CARGA DE HAZEN-WILLIAMS

Tabela 2.4 - livro Hidráulica Básica de Rodrigo de Melo Porto


PERDA DE CARGA CONTÍNUA

Formato geral de perda de carga contínua:


Equação b n m
Darcy-Weisbach 8𝑓/𝜋2𝑔 2 5
Hazen-Williams 10,646/𝐶 1,852 1,852 4,87

Perda de carga unitária (por unidade de comprimento):


EXEMPLO 1

Considere escoamento de água (r=1000 kg/m3 e µ=0,001 Pa.s) em


regime permanente em uma tubulação retilínea de 200 m de
comprimento feita de um determinado material com ½ pol. de
diâmetro. Em uma seção 1, na cota 100 m, a altura de coluna de água
no piezômetro é 3 m e numa seção 2 a jusante, na cota 100,5 m, a
altura é de 2 m.c.a. Determine:

(a) O sentido do escoamento


(b) A vazão
EXEMPLO 2

Água escoa em regime permanente em um conduto de seção


transversal circular de 50 mm de diâmetro e rugosidade de 0,8 mm. A
velocidade média no escoamento é de 3 m/s. Usando a fórmula de
Darcy-Weisbach, determine a perda de carga contínua depois de 3
metros de trajeto. Adote massa específica da água r=1000 kg/m3 e
viscosidade dinâmica µ=0,001 Pa.s.
EXEMPLO 3

Pretende-se transportar 2,8 m3/s de água ao longo de 1500 m entre


dois reservatórios de grandes dimensões abertos para a atmosfera,
através de uma tubulação com f=0,015. O desnível entre a superfície da
água nos dois reservatórios é 16 m. Determine o diâmetro do conduto
que deve ser utilizado (despreze perdas localizadas).
EXEMPLO 4

O reservatório de água A alimenta dois pontos distintos, B e C, com


escoamento em regime permanente. Determine a vazão no trecho AB,
sendo o fator de atrito f=0,016 para os dois trechos e a vazão retirada
no ponto B igual a 50 l/s (despreze perdas de carga localizadas).
EXEMPLO 5
Determine: (a) O valor de vazão de retirada no ponto B, (b) A carga de
pressão no ponto B, sabendo que o reservatório R1 abastece o
reservatório R2 e que as perdas de carga unitárias nos dois trechos da
tubulação são iguais. Assuma condutos de aço revestido com cimento
centrifugado (C=140). Despreze as perdas localizadas e as cargas de
energia cinética.

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