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Tecnologia de materiais Avaliado pelo Comitê Técnico de

Tecnologia dos Materiais/2007.

Ensaios não-destrutivos

Objetivos
Ao final desta unidade, o participante deverá:

Conhecer
Estar informado sobre:
• Aplicação do ensaio de dureza shore para materiais moles;
• Tipos de ensaios especiais, tais como: espectro-magnético, líquidos penetrantes,
ultra-som e raio X.

Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• Diversos tipos de ensaios de dureza: brinell, rockwell, vickers e suas aplicações;
• Penetradores, cargas aplicadas e características da medição;
• Utilização de tabelas de conversão de dureza;
• Características e aplicações dos ensaios especiais.

Ser capaz de
Aplicar conhecimentos para:
• Selecionar o tipo de ensaio em função da peça e condições dos materiais;
• Especificar cargas através de tabelas;
• Interpretar resultados obtidos em diversos ensaios.

SENAI 207
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Ensaio de dureza

Por definição, a dureza de um metal é a resistência que ele oferece à penetração de


um corpo duro.

Efetuamos o ensaio de dureza com os objetivos de:


• Conhecer a resistência do material quanto ao desgaste e à penetração;
• Comparar sua resistência e avaliar o tratamento térmico realizado;
• Verificar as possibilidades de usinagem do material.

Escalas de dureza
Em função dos materiais, características e métodos dos ensaios, temos vários tipos de
escalas de dureza:
• Brinell
• Rockwell
• Vickers
• Shore
• Mohs

Comparação entre as diversas escalas de dureza

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Método de ensaio brinell

Esse método é baseado na relação existente entre a carga aplicada (F) a uma esfera
que está sobre a peça a ser controlada e a área da impressão produzida pela esfera
na peça.

Execução do ensaio

d1 + d 2 HB = número de dureza brinell


d=
2
F = força aplicada (em kgf)
A = área da calota esférica (impressão)
F 2F
HB = = D = diâmetro da esfera utilizada (em mm)
A π.D.(D − D 2 − d 2
d = diâmetro da impressão ( em mm)

• Uma esfera de diâmetro (D) conhecido é comprimida por uma carga (F) também
conhecida.
• Medem-se na impressão dois diâmetros (d1 e d2) perpendiculares entre si através
de aparelho ótico, e tira-se a média (d).
• Calcula-se a dureza pela fórmula acima. Na prática, usam-se tabelas que veremos
a seguir.

SENAI 209
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Usando cargas e esferas diferentes, pode-se chegar a um mesmo valor de dureza. Por
isso, foram estabelecidas certas normas como segue:
1 a carga e a esfera devem ser escolhidas de modo que o diâmetro d da impressão
obtida esteja entre 0,25D<d<0,5D.
2 a carga usada depende do material a ser ensaiado e de sua espessura. Para
manter a relação do item 1 foram estabelecidos níveis de carga dados pela relação
F
.
D2

Para metais excessivamente duros (HB maior que 500kgf/mm2) substitui-se a esfera de
aço por esfera de carboneto de tungstênio para minimizar a distorção da esfera, o que
acarretaria em valores falsos para d e, portanto, para HB.

Na prática usamos a tabela abaixo para determinar o diâmetro da esfera e a carga a


ser utilizada.

Carga F (kgf)
Espessura Nível de carga F/D2
θ
de 10 1,25
esfera 30 5 2,5
material ligas Al Pb, Sn
mm aço e ferro Al puro metais para
mm bronze latão metais
fundido zinco mancais
duro cobre moles

10 acima 6 3 000 1 000 500 250 125

5 3a6 750 250 125 625 31,27

2,5 1,5 a 3 187,5 62,5 31,25 15,62 7,81

1 0,5 a 1,5 30 10 5 2,5 1,250

Aplicados para valores de


90 a 415 30 a 140 15 a 70 até 30 até 30
dureza brinell entre

Determinação da dureza brinell com tabelas


Relacionada a carga adequada e medindo-se a impressão efetuada na peça pela
esfera, podemos encontrar o valor da dureza brinell através de tabelas.

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Tabela de dureza brinell D = 1mm


d HB

mm 30kgf 10kgf 5kgf 2,5kgf

0,200 945 315 158 78,8

0,202 926 309 154 77,2

0,204 908 303 151 75,7

0,206 890 297 148 74,2

0,208 873 291 146 72,8

0,210 856 286 143 71,3

0,212 840 280 140 70,0

0,214 824 275 137 68,7

0,216 809 270 135 67,5

0,218 794 265 132 66,2

0,220 780 260 130 65,0

Exemplo → usando uma esfera de 1mm de diâmetro e uma carga de 30kgf, obtém-se
um diâmetro da impressão d=0,212mm o que dá uma dureza de 840HB.

Aplicação do ensaio brinell


O ensaio brinell é usado especialmente para metais não-ferrosos, ferros fundidos,
aços, produtos siderúrgicos em geral e peças não temperadas.

É amplamente empregado pela facilidade de aplicação, pois pode ser efetuado em


qualquer máquina à compressão ou, mesmo, com aparelhos portáteis de baixo custo.

Simbologia
A dureza brinell possui uma indicação completa que fornece, inclusive, as condições
do ensaio como apresentada nos exemplos:

120HB5 / 250 / 30
↑ ↑↑ ↑ ↑
120HB – Dureza brinell
5 – Diâmetro da esfera
250 – Carga 250kgf
30 – Duração do ensaio

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170HB2,5 / 62,5/10-15

170HB – Dureza brinell


2,5 – Diâmetro da esfera
62,5 – Carga kgf
10 a 15 – Duração do ensaio

Se o diâmetro da esfera for 10mm, a carga do ensaio for 3 000kgf e o tempo de


duração for de dez a quinze segundos, suprimem-se esses dados indicando somente o
tipo de ensaio de dureza (HB):

350HB

Cuidados especiais
• A espessura da peça a ser medida deve ser no mínimo igual a duas vezes o
diâmetro da impressão obtida.
• A superfície a medir deve ter um raio de curvatura no mínimo de cinco vezes o
diâmetro da esfera utilizada.
• Cada impressão deve estar distante de uma impressão vizinha, no mínimo 2,5
vezes o seu diâmetro (distância de centro a centro).
• A carga de ensaio deve ser mantida sobre a peça a ser medida no mínimo durante
trinta segundos. Exceções: para materiais em que HB>300, esse tempo pode ser
reduzido a dez segundos. Para materiais moles em que HB<60, a carga deve ser
mantida durante sessenta segundos.

Método de ensaio rockwell

Nesse método as forças de ensaio agem em etapas, ou seja, nos modernos aparelhos
de ensaio tipo rockwell o grau de dureza pode ser verificado imediatamente no relógio
acoplado ao aparelho.

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Seqüência do ensaio

a) b) c)
Pré-carga Carga total. Retirar a carga. Fazer
Relógio em 0. leitura.

D = Penetrador
F0 = Pré-carga
F0 + F1 = Carga nominal
U = Relógio 1 rotação = 0,2mm; Divisão = 0,002mm
to = Profundidade de penetração para pré-carga
f = Deflexão
t = Profundidade de penetração real

t
HRB = 130 -
0,002

t
HRC = 100 -
0,002
Dureza rockwell

1 Inicialmente, o penetrador é colocado em contato com a peça e é aplicada uma


pré-carga inicial de 10kgf.
2 Em seguida, gira-se a escala do relógio para o zero da escala coincidir com o
ponteiro.
3 Aplica-se a carga de ensaio de 140kgf, ou seja, uma carga total de 150kgf.
4 A carga é mantida até o ponteiro do relógio parar.
5 Retira-se a carga (140kgf) mantendo-se a pré-carga. O ponteiro move-se para a
esquerda, devido à recuperação elástica do material.
6 Efetua-se a leitura da dureza diretamente na escala do relógio.

SENAI 213
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O método rockwell, que é muito usado por seu rápido emprego, é subdividido em dois
grupos:
• Rockwell normal
• Rockwell superficial

Esses dois grupos são ainda decompostos em várias escalas (ver tabela anterior e
próxima), conforme a carga e o penetrador usado no ensaio.

Tabela de ensaios rockwell normal (pré-carga 10kgf)


Carga total
Escala Penetrador Campo de aplicação
Kgf
Rockwell A Cone de diamante 1200 60 Aço cementado ou temperado
Rockwell D Cone de diamante 1200 100 Aço cementado ou temperado
Rockwell C Cone de diamante 1200 150 Aço cementado ou temperado
Rockwell F Esfera de 1/16” 60 Aço, ferro, bronze, latão, etc.
até 240 brinell
Rockwell B Esfera de 1/16” 100 Aço, ferro, bronze, latão, etc.
até 240 brinell
Rockwell G Esfera de 1/16” 150 Aço, ferro, bronze, latão, etc.
até 240 brinell
Rockwell H Esfera de 1/8” 60 Aço, ferro, bronze, latão, etc.
até 240 brinell
Rockwell E Esfera de 1/8” 100 Aço, ferro, bronze, latão, etc.
até 240 brinell
Rockwell K Esfera de 1/8” 150 Aço, ferro, bronze, latão, etc.
até 240 brinell
Rockwell L Esfera de 1/4” 60 Material plástico
Rockwell M Esfera de 1/4” 100 Material plástico
Rockwell P Esfera de 1/4” 150 Material plástico
Rockwell R Esfera de 1/2” 60 Material plástico
Rockwell S Esfera de 1/2” 100 Material plástico
Rockwell V Esfera de 1/2” 150 Material plástico

Tabela de ensaios rockwell superficial (pré-carga 3 kgf)


Penetrador Carga kgf Materiais

15N Cone de diamante 1200 15 Aços cementados ou temperados


0
30N Cone de diamante 120 30 Aços cementados ou temperados
0
45N Cone de diamante 120 45 Aços cementados ou temperados

15T Esfera de 1/16” 15 Aço, ferro e outros metais até 240HB, chapas, etc.

30T Esfera de 1/16” 30 Aço, ferro e outros metais até 240HB, chapas, etc.

45T Esfera de 1/16” 45 Aço, ferro e outros metais até 240HB, chapas, etc.

Na escala rockwell normal, os tipos mais importantes são o B e C (sendo os demais


apenas auxiliares). Na escala B o penetrador é uma esfera e na escala C o penetrador
é um cone de diamante.

214 SENAI
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Ao escolhermos o tipo de ensaio, devemos levar em consideração diversos fatores tais


como:
• Material e tratamento térmico eventual.
• Espessura do material a ser controlado e porosidade, etc.

O ensaio HRB deve ser aplicado a materiais moles e o HRC a materiais duros e de
média dureza.

Simbologia
A indicação da dureza rockwell é feita como nos exemplos abaixo:
45 HRC – dureza 45; penetrador cone
80 HRB – dureza 80; penetrador esfera
82 HR 15N – dureza 82; carga total 15kgf, N = rockwell superficial penetrador cone
77 HR 30T – dureza 77; carga total 30 kgf, T = rockwell superficial penetrador esfera 1/16”

Recomenda-se uma espessura mínima para a peça a ser medida igual a dez vezes o
valor da profundidade de penetração. As próximas tabelas fornecem as espessuras
mínimas recomendáveis em mm.

Espessura mínima (mm)


Carga
Penetrador Escala Dureza rockwell C
kgf
20 30 40 50 60 70 80 90
Diamante 60 A 1,1 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5
1200 100 D 1,4 1,3 1,1 1,0 0,8 0,7
150 C 1,8 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8

Penetrador Carga Escala Dureza rockwell B


kgf 20 30 40 50 60 70 80 90
Esfera 0 60 F 1,5 1,4 1,25 1,1 1,1
1/16” 100 B 1,5 1,4 1,25 1,1 1,0 1,4 1,2 1,0
150 G 1,8 2,5 2,2 1,9 1,5

Quando se mede a dureza de peças cilíndricas pelo método rockwell C, devido à


deformação da peça, é necessária uma correção conforme a tabela seguinte.

Escala HRC – diâmetro da peça em mm


0/RC 6 10 13 16 19 22 25 32 38
20 2,5 2,0 1,5 1,5 1,0 1,0
25 3,0 3,0 2,0 1,5 1,0 1,0 1,0
30 2,5 2,0 1,5 1,5 1,0 1,0 1,0
35 3,0 2,0 1,5 1,5 1,0 1,0 0,5 0,5
40 2,5 2,0 1,5 1,0 1,0 1,0 0,5 0,5
45 3,0 2,0 1,5 1,0 1,0 1,0 0,5 0,5 0,5
50 2,5 2,0 1,5 1,0 1,0 0,5 0,5 0,5 0,5
55 2,0 1,5 1,0 1,0 0,5 0,5 0,5 0,5 0
60 1,5 1,0 1,0 1,0 0,5 0,5 0,5 0 0
65 1,5 1,0 1,0 1,0 0,5 0,5 0,5 0 0

SENAI 215
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Os valores da tabela acima devem ser somados às leituras. Exemplo: numa peça com
0 de 10mm, se o resultado obtido no aparelho for 60RC, o resultado real deverá ser
60+1=61RC.

A tabela seguinte apresenta os fatores de correção para ensaio rockwell B.

Escala HRB – diâmetro da peça em mm


0/HRB 6 10 13 16 19 22 25
0 4,5 3,5 3,0
10 5,0 4,0 3,5 3,0
20 4,5 4,0 3,5 3,0
30 5,0 4,5 3,5 3,0 2,5
40 4,5 4,0 3,0 2,5 2,5
50 4,0 3,5 3,0 2,5 2,0
60 5,0 3,5 3,0 2,5 2,0 2,0
70 4,0 3,0 2,5 2,0 2,0 1,5
80 5,0 3,5 2,5 2,0 1,5 1,5 1,5
90 4,0 3,0 2,0 1,5 1,5 1,5 1,0
100 3,5 2,5 1,5 1,5 1,0 1,0 0,5

Nota: As correções superiores a cinco pontos não são aceitáveis.

Cuidados especiais
• No primeiro ensaio rockwell, após a troca do penetrador, o resultado não deve ser
considerado, já que o penetrador ainda não está bem assentado no seu
alojamento.
• A peça deve estar bem assentada sobre a mesa de apoio e devem estar bem
limpas.
• O penetrador deve estar perpendicular à peça. É tolerada um inclinação de 70.
• Se, por engano, for ensaiada uma peça temperada com o penetrador de esferas,
deve-se trocar a esfera que ficará inutilizável.
• A carga deve ser aplicada sem choque e sem vibração, o que, nos aparelhos, é
conseguido por um amortecedor hidráulico.

Essa aplicação deve durar de seis a dez segundos. Nos metais moles, pode ser
prolongada para trinta segundos, devido à maior capacidade de deformação do
material.

216 SENAI
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Método de ensaio vickers

Consiste em se comprimir um penetrador piramidal de diamante na peça.

A pirâmide possui uma base tetragonal com um ângulo entre faces de 1360.

A compressão do penetrador na peça provoca uma impressão; determina-se a


superfície da impressão medindo-se as diagonais da área quadrada. Como sempre
ocorrem diferenças entre as diagonais, devemos considerar a média entre elas para
cálculo da área.

Conhecendo-se a área e a carga aplicada, podemos estabelecer a dureza pela fórmula


da figura seguinte.

d1 = d 2
d=
2
F F
HV = = 1,854 . 2
A d

Onde:
HV = dureza vickers (kgf/mm2)
F = carga aplicada em kgf
A = área (mm2)
1,854 = constante
d = média das diagonais da impressão (mm)
Determinação da dureza vickers

SENAI 217
Tecnologia de materiais

Determinação de dureza vickers com tabelas


Conhecendo a média das diagonais da impressão e consultando a tabela de dureza
vickers, encontraremos a dureza do material que ensaiamos.

Existem durômetros universais modernos que oferecem a dureza diretamente em um


mostrador acoplado à máquina.

Simbologia
Quando o ensaio for realizado com 30kgf e uma duração de dez a quinze segundos
conforme norma, representamos assim:

640HV30

Se as condições forem diferentes, a especificação deve ser feita da seguinte forma:

108HV50/30
108 = dureza vickers
50 = carga 50kgf
30 = duração do ensaio em segundos

Vantagens do método vickers


A dureza vickers possui uma escala contínua, enquanto que a brinell possui uma
escala que vai somente até o valor de 300kgf/mm2.

A dureza vickers produz uma impressão pequena, o que evita a inutilização da peça.

Possui grande precisão de medida pois o penetrador não sofre deformação.

Aplicação do método vickers


Podemos utilizar o método vickers para determinar macro ou microdureza.

Para macrodureza a carga normal é de 30kgf, porém podem-se usar cargas entre 50 e
100kgf.

Podem também ser utilizadas cargas reduzidas, que variam de 0,1 a 2 kgf.

A macrodureza se aplica a uma vasta gama de materiais, exceto ferros fundidos e


materiais sinterizados.

218 SENAI
Tecnologia de materiais

O ensaio com cargas reduzidas é usado para pequenas molas, grampos, dureza de
camada cementada.

Microdureza vickers
Muitas aplicações da dureza vickers, mencionadas anteriormente estão atualmente
voltadas para o ensaio de microdureza.

O ensaio de microdureza é aplicado para determinar a profundidade de camadas


cementadas ou temperadas, dureza de constituintes individuais em uma
microestrutura, dureza de materiais frágeis e de peças extremamente finas.

A microdureza produz uma impressão microscópica no material, empregando-se uma


carga menor que 1kgf, com penetração de diamante. A carga pode chegar até 10kgf e
a superfície do corpo de prova deve ser plana para evitar distorções na dureza obtida.

Cuidados no ensaio de microdureza


• Preparação metalográfica do corpo de prova, em função da pequena carga.
• Polimento eletrolítico é preferível para evitar o encruamento do metal na superfície.
• Considerar a recuperação elástica do material quando utilizadas cargas menores
que 300gf.

Os fatores acima provocam erros no ensaio, resultando em valores de dureza maiores


que os verdadeiros.

• Tempo de manutenção da carga deve ser em torno de dezoito segundos e a


velocidade de aplicação deve estar entre um e vinte microssegundos. Velocidades
maiores fornecem valores mais baixos de dureza.
• As máquinas devem ser freqüentemente calibradas e aferidas, pois erros na
aplicação das cargas alteram muito o valor da dureza principalmente no caso de
cargas menores que 50kgf.

Aplicações da microdureza
• Peças de espessura delgada 0,03mm.
• Peças espelhadas utilizadas em instrumentos de precisão.
• Medição da dureza do gume da ferramenta.
• Ensaios em camadas duras e delgadas (cromação dura, nitretação, boretação,
etc.).
• Determinar variação de dureza da periferia em função da descarbonetação.
• Determinação de dureza de microconstituintes da estrutura.

SENAI 219
Tecnologia de materiais

Designação do ensaio
Segundo norma ASTM e ASA
DPH500 345 – (microdureza 345, com penetrador em pirâmide de diamante, carga de
500 gramas).

Segundo norma ISO


345HV 500g – (microdureza 345, penetrador em pirâmide de diamante, carga 500
gramas, tempo de aplicação da carga 10 a 15 segundos).

EHT corresponde à determinação da profundidade da peça cementada, de que se


obtém um valor mínimo de dureza correspondente à especificação (figura seguinte).
Por exemplo:

220 SENAI
Tecnologia de materiais

Anomalias na impressão

a) Losango irregular
d1>d2

Causa: superfície irregular.

b) Afundamento
d>dreal

Causa: ocorre afundamento do material em torno das faces do penetrador. Aparece em


materiais recozidos.

c) Aderência
d<dreal

Causa: aderência do material em torno do penetrador; geralmente


ocorre em materiais encruados.

Ensaio de dureza shore

É um método dinâmico para a determinação de dureza que utiliza um aparelho


conhecido como escleroscópio shore.

Escleroscópio shore
SENAI 221
Tecnologia de materiais

A dureza é determinada pela altura do rebote de um pequeno martelo com ponta de


diamante, colocado no interior de um tubo de vidro graduado. A altura do rebote é
medida na escala graduada no tubo de vidro, dividida em 140 partes.

A norma E-448 da ASTM é uma das normas existentes para a dureza escleroscópica.

O comprimento, o peso do martelo, a altura de queda e o diâmetro da ponta de


diamante dependem de cada fabricante, mas todos os aparelhos shore indicam
sempre a mesma dureza para um mesmo material.

A máquina shore é leve, portátil e pode, portanto, ser adaptada em qualquer lugar,
podendo medir a dureza de peças muito grandes, impossíveis de serem colocadas nas
máquinas de dureza por penetração.

O tubo graduado deve ser colocado bem na vertical. É praxe fazer pelo menos cinco
medidas de dureza em pontos diversos do material para garantir bem o resultado.

O número de dureza lido é um número relativo e serve somente para a comparação de


materiais. Entretanto, verificou-se que existe uma relação entre a dureza shore e a
dureza brinell.

Tabela de conversão entre dureza brinell e shore


Dureza brinell
Esfera de aço temperado
Dureza shore
φ 10mm
Carga 3 000kgf
496 69
465 66
433 62
397 57
360 52
322 47
284 42
247 37
209 32
190 29
171 26
152 24
133 21

222 SENAI
Tecnologia de materiais

Existe também uma relação entre dureza e o limite de resistência a tração.

Relação entre dureza shore e o limite


de resistência

A escala de dureza shore é contínua, cobrindo toda a gama de variação de dureza dos
metais. Não é recomendada para peças muito finas, que possam mascarar a medida
da altura do rebote. Superfícies não lisas resultam em durezas menores que a real.

SENAI 223
Tecnologia de materiais

Tabela comparativa de durezas e de resistência a tração


Ensaio de dureza dos materiais (DIN50150)

Resistência Dureza Dureza Dureza


Dureza Dureza rockwell Resistência Dureza
do material Vickers vickers rockwell
brinell Rm brinell
(Rm) HV HV
2
HB HRC HRA HRB HRF N/mm HB HRC HRA
2
N/mm (F≥98N) (F≥98N)

255 80 76 1 155 360 342 36,6 68,7

285 90 85,5 48 82,6 1 120 380 361 38,8 69,8

320 100 95 56,2 87 1 290 400 380 40,8 70,8

350 110 105 62,3 90,5 1 350 420 399 42,7 71,8

385 120 114 66,7 93,6 1 420 440 418 44,5 72,8

415 130 124 71,2 96,4 1 485 460 437 66,1 73,6

450 140 133 75 99 1 555 480 (456) 47,7 74,5

480 150 143 78,7 (101,4) 1 595 490 (466) 48,4 74,9

510 160 152 81,7 (103,6) 1 665 510 (485) 49,8 75,7

545 170 162 85 (105,5) 1 740 530 (504) 51,1 76,4

575 180 171 87,1 (107,2) 1 810 550 (523) 52,3 77

610 190 181 89,5 (108,7) 1 880 570 (542) 53,6 77,8

640 200 190 91,5 (110,1) 1 955 590 (561) 54,7 78,4

675 210 199 93,5 (111,3) 2 030 610 (580) 55,7 78,9

705 220 209 95 (112,4) 2 105 630 (599) 56,8 79,5

740 230 219 96,7 (113,4) 2 180 650 (618) 57,8 80

770 240 228 20,3 60,7 98,1 (114,3) 670 58,8 80,6

800 250 238 22,2 61,6 99,5 (115,1) 690 59,7 81,1

835 260 247 24 62,4 720 61 81,8

865 270 257 25,6 63,1 760 62,5 82,6

900 280 266 27,1 63,8 800 64 83,4

930 290 276 28,5 64,5 840 65,3 84,1

865 300 285 29,8 65,2 880 66,4 84,7

1030 320 304 32,2 66,4 920 67,5 85,3

1095 340 323 34,4 67,6 940 68 85,6

Podemos utilizar a tabela acima quando necessitamos saber uma dureza conhecendo
outras.

224 SENAI
Tecnologia de materiais

Exemplo:

Ensaio hidrostático ou pneumático

Consiste em submeter tubulações, dutos, etc. a uma pressão interna, utilizando, para
isso, um líquido ou um gás.

Ensaio pneumático

Essa pressão dever ser duas vezes a pressão de serviço ou 1,5 vezes a pressão de
projeto, no caso de não haver uma norma específica para o ensaio.

A pressão pode ser tanto interna (bombas ou compressões) como externa (bombas de
vácuo).

Líquidos penetrantes

São utilizados para detectar descontinuidades (trincas) superficiais, provenientes do


tratamento térmico ou dos processos de transformação-conformação.

SENAI 225
Tecnologia de materiais

Seqüência do ensaio

• Limpeza da superfície
A limpeza da superfície deve ser feita com um líquido solvente.

Ensaio com líquidos penetrantes

• Aplicação do líquido penetrante (normalmente em spray)


Deixa-se o líquido penetrante sobre a superfície por algum tempo, e remove-se o
excesso da superfície.

226 SENAI
Tecnologia de materiais

• Aplicação do líquido revelador


Devido à difusão do penetrante no revelador, a indicação torna-se sempre maior
que a descontinuidade.

Revelação da trinca

O ensaio com líquidos penetrantes é capaz de localizar qualquer tipo de


descontinuidade superficial em qualquer tipo de material.

Ensaio radiográfico

É um ensaio não-destrutivo de aplicação muito versátil.

Consiste na aplicação de raios X e Y, visando à obtenção de uma imagem nítida e fiel


dos defeitos que possam existir na estrutura de uma peça.

SENAI 227
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Baseia-se nas propriedades das radiações ionizantes de atravessarem os materiais


opacos à luz, absorvidas em maior ou menor proporção em função da natureza e
espessura desses materiais.

Ensaio radiográfico

Raios X e Y
Os raios X são radiações eletromagnéticas geradas por um tubo de raios X, sendo sua
energia e intensidade reguláveis.

Os raios Y emitidos por isótopos radioativos também são radiações eletromagnéticas


procedentes da desintegração de núcleos atômicos de um elemento radioativo.

Propriedades dos raios X e Y


• São invisíveis ao olho humano.
• Propagam-se em linha reta e à velocidade da luz.
• Atravessam a matéria.
• Podem destruir células vivas.

Aplicação
Para a detecção de trincas internas ou poros em peças fundidas, soldadas, etc.

228 SENAI
Tecnologia de materiais

Proteção radiológica
A superexposição a raios X e Y podem provocar danos aos tecidos do corpo ou
órgãos. Por esta razão, estabelecem-se regras, regulamentos e procedimentos que
devem ser sempre observados, visando a uma proteção radiológica, tanto aos
operadores como aos que trabalham nas proximidades.

Ensaio magnético

Esse ensaio consiste em magnetizar um corpo de prova e cobri-lo com finas partículas
magnetizáveis e interpretar a ocorrência de concentração local das partículas na
superfície da peça.

Ao criar-se um campo magnético num material ferromagnético (figura ao lado), as


linhas de força se distribuem homogeneamente no seu interior, exceto nas
descontinuidades, onde sofrem distorções que provocam um fluxo magnético mais
denso.

SENAI 229
Tecnologia de materiais

Quando existem defeitos na peça, o local da trinca atrai um maior número de


partículas, formando uma camada larga e concentrada.

Os defeitos superficiais devem possuir uma certa profundidade para que sejam
detectados. Além de assinalar a existência de defeitos, o ensaio também indica a sua
profundidade, visto que ela é proporcional à concentração das partículas acumuladas.

O ensaio deve ser realizado em duas direções ortogonais, porque as descontinuidades


ocorrem em várias direções.

Nos materiais laminados ou trefilados é suficiente uma só direção, pois as


descontinuidades são sempre longitudinais.

Magnetização
A magnetização com corrente alternada deixa um reduzido magnetismo na peça,
dispensando desmagnetização posterior.

A corrente contínua proporciona maior penetração na peça (cerca de 5mm), no entanto


é necessário desmagnetizá-la.

Partículas magnéticas
As partículas magnéticas sob a forma de pó são de materiais de baixo poder
remanescente.

Podemos aplicar o pó seco ou em suspensão num líquido com óleo, querosene, etc.

230 SENAI
Tecnologia de materiais

Geralmente, adicionam-se ao pó ou ao fluxo partículas fluorescentes que, ao serem


submetidas a radiações ultravioletas, após a magnetização, localizam os defeitos
facilmente através dos brilhos característicos.

Para maior realce e precisão na localização, as peças devem ser previamente limpas e
desengraxadas.

Aplicação do ensaio magnético


Em peças de aço ou ferro fundido, especialmente após a retificação, para detectar
trincas.

Desmagnetização
Torna-se necessária a desmagnetização das peças para evitar, após sua montagem,
um acúmulo de partículas magnetizáveis danosas às peças.

Ensaios de ultra-som

Consiste na propagação de vibrações sonoras de alta freqüência através de um


material.

Quanto mais alta a freqüência das ondas sonoras, tanto mais concentradas elas se
propagarão. Essas ondas têm um grande poder de penetração e propagam-se em
linha reta.

Os ensaios de ultra-som são empregados para detecção de defeitos internos dos


materiais, tais como: trincas, bolhas, incrustações, etc., bem como para medir a
profundidade desses defeitos na peça.

SENAI 231
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Ensaio de ultra-som por transparência


Esse processo utiliza a porção ultra-sônica que se propaga diretamente através do
corpo de prova.

Num dos lados do corpo de prova, encosta-se um emissor sonoro e, no outro, um


receptor (figura abaixo, A, B, C).

Ensaio de ultra-som, processo de transparência

O posicionamento correto entre o emissor e o receptor é muito importante, pois o


posicionamento incorreto poderá evidenciar um defeito inexistente.

Irregularidade no posicionamento dos cabeçotes

232 SENAI
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Ensaio de ultra-som pelo processo impulso-eco


Esse processo, também chamado processo de reflexão do impulso, avalia defeitos nas
peças através da parte do som que é refletida.

A figura seguinte nos esclarece o princípio de formação do eco. Após a emissão da


onda sonora, ela se propaga no material até encontrar a parede posterior; quando isso
ocorre, ela se reflete num intervalo de tempo conhecido. A reflexão da onda sonora
ocorre não só nas superfícies posteriores, como também em regiões com defeitos,
fissuras, trincas, etc.

A diferença do tempo de reflexão é que nos oferece a detecção do defeito, bem como
sua localização no interior da peça.

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Questionário – resumo

1 Com que objetivos são efetuados os ensaios de dureza?

2 Descreva os métodos brinell, rockwell e vickers, sob os seguintes pontos de vista:


carga, corpo de prova, valor a ser medido, materiais em que são aplicados.

3 Explique as seguintes especificações de dureza normalizadas:


- 170 HB 2,5/62,5
- 70 HRC
- 640 HV 30
- 210 HV 80/30

4 No método brinell, determine a carga F e o diâmetro da esfera utilizado para


ensaiar ligas de Al com espessura de 5mm, consultando a tabela.

5 Faça a conversão:
- 91,5 HRB em HB e em HV, utilizando a tabela comparativa de durezas.

6 Quais as características dos ensaios especiais: hidrostático, de líquidos


penetrantes, radiográfico, magnético e de ultra-som?

7 Onde e quando são aplicados os ensaios especiais?

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Tecnologia de materiais

Créditos Comitê Técnico de Tecnologia dos


Materiais/2007
Elaborador: Dirceu Della Coletta Marcelo da Silva Guerra
Marcos José de Morais Silva Francisco Egidio Messias
Ilustrador: Marcos Antonio Oldigueri Gilberto Carlos de Lima
René Aléxis Peñaloza Muñoz Everley Lobo Marques
Gilberto Alves dos Santos Marcos Domingos Xavier
Gilberto Burrent

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Tecnologia de materiais

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