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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

Instituto de Ciência e Tecnologia


São José dos Campos

Ensaios de Dureza

Prof.º Dr.º Dilermando Nagle Travessa

Mariah de Almeida Nunes da Costa 123134

São José dos Campos


14 de fevereiro de 2022
Métodos
Esta prática utilizou-se um durômetro Brinell modelo DLC-3100 (SUN-TEC) e um
durômetro Rockwell DuraJet 10 (EMCOTEST) para as medições de dureza. Previamente,
verificou-se a dureza de todos os indentadores escolhidos. Para o ensaio de dureza de Brinell,
contou-se com o auxílio do microscópio óptico Zeiss Axio Scope. Como cuidado geral,
verificou-se as condições dos equipamentos e as condições de paralelismo das faces das
amostras utilizadas. Adotou-se as espessuras das amostras de 10 a 15 vezes maior do que a
profundidade de indentação esperada, e também a distância mínima entre os centros das
indentações para 2,5 a 3 vezes maior que seu diâmetro.

Ensaio de dureza de Brinell em uma placa de Al 7475-T7351:


Neste ensaio, utilizou-se o durômetro Brinell DLC-3100 (SUN-TEC), onde seus
indentadores são esferas rígidas de carboneto de tungstênio, podendo variar de diâmetro de
10mm a 1mm. Foram feitos seis experimentos: dois utilizando o indentador de 10mm, dois
utilizando o indentador de 5mm e dois utilizando o indentador de 2,5mm. A amostra de Al
7475-T7351 possui 7,5mm de espessura.
Dessa forma, calculou-se o fator de carga para as ligas de alumínio de alta resistência,
onde para os ensaios com o indentador de 10mm, chegou-se no valor de 100 kgf; para o
indentador de 5mm, chegou-se no valor de 250 kgf; e para o indentador de 2,5mm chegou-se
no valor de 62,5 kgf. Para todos os seis ensaios, as amostras foram postas no equipamento de
maneira cuidadosa, tomando cuidado em relação ao paralelismo, evitando a realização do
ensaio nas bordas. Foram ajustadas com a carga calculada e o tempo de aplicação de carga
em 10s.
Para obter o valor de dureza, utilizou-se a câmara CCD e o software Kingscan IV, e os
valores obtidos de dureza foram anotados, de maneira a serem comparados.

Ensaio de dureza Rockwell 15T em Al puro recozido e Al puro encruado :


Neste ensaio, utilizou-se o durômetro Rockwell DuraJet 10 (EMCOTEST), com o
indentador esférico de aço de 1/16 polegadas de maneira a realizar o método Rockwell 15T
com amostras de Al puro recozido, com espessura de 10,4 mm, e Al puro encruado, com a
espessura de 10mm. No método de Rockwell 15T, a carga aplicada é de 15 kgf, com antes
uma pré-carga de 3 kgf. O tempo de aplicação da pré-carga foi de 3s e da carga principal foi
10s para ambos materiais.
As amostras foram postas na parte inferior do durômetro, e verificou-se o aspecto
geral da indentação utilizada. Assim, executou-se o ensaio. Para o Al puro recozido, foram
feitas três medições e seus valores de dureza anotados para comparação, para o Al puro
encruado também foram feitas três medições e os valores também foram anotados. Todas as
primeiras medições foram descartadas.

Ensaio de dureza Rockwell C em aço Maraging 300 solubilizado e aço Maraging


envelhecido:
Neste ensaio, utilizou-se o durômetro Rockwell DuraJet 10 (EMCOTEST) com o
indentador cônico de diamante 120º de maneira a realizar o método Rockwell C. A carga de
aplicação para este método foi de 150 kgf, e as duas amostras de aço maraging possuíam
espessura de 3,2mm. Inicialmente, foi aplicado a pré-carga de 10 kgf por 3s e depois a carga
principal de 150 kgf por 10s.
Foram analisadas as superfícies das amostras e assim, foram postas na base do
equipamento. Este por sua vez, foi ajustado para a medição de dureza na escala HRC e a
operação foi feita em modo automático. Para os dois tipos de amostras, foram realizados três
ensaios e os valores de dureza foram anotados para comparação. Todas as primeiras medições
foram descartadas.

Resultados e Discussão

Ensaio de dureza Brinell:


Através do ensaio de dureza de Brinell foi possível encontrar os valores de dureza
para a liga de Al 7475-T7351 tanto pela câmara CCD e software Kingscan IV, como através
do cálculo pela seguinte relação:

𝑃
HB = [1]
(π𝐷/2)(𝐷 − 𝐷² − 𝑑²)

onde P é a carga aplicada, D é o diâmetro do indentador e d é o diâmetro da impressão.

Assim podemos colocar na Tabela 1 as medições de dureza Brinell do CCD e de


dureza Brinell calculada através da relação 1.

Diâmetro da HB obtido pelo HB obtido por


Impressão CCD cálculo

1ª Medição: 2,91 mm 147 HB W 147,10 HB W


Carga 1000kgf, 10/1000/10 10/1000/10
esfera de aço de
10mm e tempo de
aplicação 10s

2ª Medição: 2,91 mm 147 HB W 147,10 HB W


Carga 1000kgf, 10/1000/10 10/1000/10
esfera de aço de
10mm e tempo de
aplicação 10s

1ª Medição: 1,44 mm 150 HB W 5/250/10 150,25 HB W


Carga 250 kgf, 5/250/10
esfera de aço de
5mm e tempo de
aplicação 10s

2ª Medição: 1,44 mm 150 HB W 5/250/10 150,25 HB W


Carga 250 kgf, 5/250/10
esfera de aço de 5
mm e tempo de
aplicação 10s

1ª Medição: 0,72 mm 150 HB W 150,25 HB W


Carga 62,5kgf, 2,5/62,5/10 2,5/62,5/10
esfera de aço de
2,5 mm e tempo de
aplicação 10s

2ª Medição: 0,72 mm 150 HB W 150,25 HB W


Carga 62,5 kgf, 2,5/62,5/10 2,5/62,5/10
esfera de aço de
2,5 mm e tempo de
aplicação 10s
Tabela 1: Diferentes cargas para diferentes indentadores e suas medidas de dureza Brinell calculadas e
obtidas pela câmara CCD para amostra de Al 7475-T7351.

Como observa-se na tabela 1, os valores de dureza Brinell calculados através da


expressão [1] foram coerentes com os valores obtidos através da câmara CCD. Podemos
concluir que os indentadores utilizados nas diferentes medições estão dentro da faixa
recomendada.
Para o ensaio de dureza de Brinell, é possível quantificar a profundidade da impressão
(h) através do seguinte conceito:

𝐷 − 𝐷²− 𝑑²
h= [2]
2

Profundidade do Profundidade do Profundidade do


indentador 10mm indentador 5mm indentador 2,5mm

0,216 mm 0,105 mm 0,053 mm


Tabela : Valores de profundidade de impressão para diferentes valores de indentadores.

Como a espessura recomendada deve ser de 10 a 15 vezes maior do que a


profundidade de indentação, temos a confirmação de que a espessura de 7,5mm é mais do
que o suficiente.
Por último, para que os ensaios realizados nas amostras sejam válidos, é necessário
que o diâmetro de impressão obtido esteja entre 24% a 60% do diâmetro do indentador.
Fazendo esse cálculo, temos o número de 29,1% para o indentador de 10mm, e 28,8% para
ambos os indentadores de 5mm e 2,5mm.

Ensaio de dureza Rockwell 15T:


O ensaio de dureza Rockwell 15T é um ensaio de dureza superficial, possibilitando
valores pequenos de carga. Dessa forma, podemos colocar na tabela 3 os valores obtidos
através do ensaio e compará-los.

Al puro recozido Al puro encruado


(550ºC por 1,5h) (redução de 50%)

1ª Medição 33,98 HRT 66,89 HRT

2ª Medição 35,22 HRT 68,44 HRT

3ª Medição 32,26 HRT 67,30 HRT

Média 33,82 HRT 67,54 HRT

Desvio Padrão 1,48 0,80


Tabela 3: Valores de dureza Rockwell 15T com indentador de esfera de aço de 1/16 polegadas com
pré-carga de 3kgf durante 3s, e carga principal de 15kgf durante 10s.

Na tabela 3, observa-se que o Al puro encruado obteve valores mais elevados de


dureza, sendo em média 99,92% de aumento em relação ao Al puro recozido. Isso era
esperado, pois ao ser recozido a 550ºC, o Al puro voltar a apresentar as condições iniciais do
pré-encruamento.
Para quantificar a profundidade de indentação de uma dureza superficial, temos o
seguinte conceito:
ℎ = (100 − 𝐻𝑅)0, 001 [3]
Utilizando a média para ambas as amostras, obtemos que

Profundidade indentador Al recozido Profundidade indentador Al encruado

0,066 mm 0,032 mm
Tabela 4: Valores de pronfundidade para o indentador esférico superficial para o Al recozido e o Al
encruado.

Dessa forma, podemos afirmar que a espessura das amostras são válidas para que os
ensaios de dureza Rockwell 15T sejam válidos.

Ensaio de dureza Rockwell C:


O ensaio de dureza de Rockwell C é o ensaio que melhor consegue medir altos
valores de carga, sendo assim, o mais indicado para aço de alta resistência como o Maraging
300. Assim, podemos colocar na tabela 5, os valores de dureza obtidos através das duas
amostras de Aço Maraging 300: o solubilizado e o envelhecido à 500ºC por 5 horas.

Aço Maraging 300 Aço Maraging 300


Solubilizado Envelhecido(500ºC por 5h)

1ª Medição 35,05 HRC 58,23 HRC

2ª Medição 35,26 HRC 58,06 HRC

3ª Medição 36,75 HRC 58,27 HRC

Média 35,68 HRC 58,18 HRC

Desvio Padrão 0,9268 0,1115


Tabela 5: Valores de dureza Rockwell C com indentador cônico de diamante 120º com pré-carga de 10
kgf por 3s e carga principal de 150 kgf por 10s.

Observa-se que o Aço Maraging 300 envelhecido em 500ºC por 5h apresentou valores
mais elevados de dureza, sendo de 63,11% em relação ao Aço Maraging 300 solubilizado.
Com tratamento térmico podendo ser feito de 480ºC a 820ºC como foi para este caso, houve
o endurecimento da matriz martensítica, o que elevou a dureza do Aço Maraging 300.
Para quantificar a profundidade de indentação para penetrador de diamante cônico,
temos o seguinte conceito:
ℎ = (100 − 𝐻𝑅)0, 002 [4]
Utilizando a média para ambas amostras, temos que:

Profundidade indentador Profundidade indentador


Maraging 300 solubilizado Maraging 300 envelhecido

0,12864 mm 0,0838 mm
Tabela 6: Valores de profundidade do indentador de diamante cônico para as amostras de Maraging
300 solubilizado e envelhecido.

Dessa forma, podemos afirmar que a espessura das amostras de 3,5mm são válidas
para que os ensaios de dureza Rockwell C sejam válidos.

Comparação entres as escalas


Por fim, podemos comparar a dureza Brinell com a dureza Rockwell C. Como a
dureza Rockwell 15T é uma dureza superficial, não é possível a comparação com outras
escalas.
De acordo com a tabela 4.12 apresentada no livro do GARCIA [5], podemos colocar a
conversão das durezas em uma tabela 7 a seguir:

HRC HB

58 (Maraging 300 envelhecido) 615

35 (Maraging 300 solubilizado) 327


0 150 ( Al 7475-T7351)
Tabela 7: Conversão de dureza Brinell para dureza Rockwell C, e vice-versa.

Como pode-se observar, os valores de dureza Brinell são de escala menor que a de
dureza Rockwell C, sendo assim, não possuindo valores para as amostras de Al 7475-T7351.

Conclusão
Podemos concluir que os ensaios de dureza realizados nos durômetros apresentaram
resultados satisfatórios e coerentes sobre o assunto. As espessuras de todas as amostras foram
compatíveis para que os ensaios fossem validados, o que ocasionou em nenhum descarte de
dados. Dessa forma, através dos ensaios foi possível o aprendizado sobre a dureza e sua
obtenção através dos durômetros. A dureza Brinell calculada de forma indireta foi coerente
com a disponibilizada pelo software, de maneira a confirmar o sucesso dos ensaios.

Referências Bibliográficas

[1] CALLISTER, W. D., Ciência e Engenharia de Materiais: Uma. Introdução. 9ª Ed.


John Wiley & Sons, Inc., 2002. pg 177.
[2] GARCIA, A., Ensaios de Materiais. 2ª Ed, Rio de Janeiro, LTC, 2012. pg 121.
[3] GARCIA, A., Ensaios de Materiais. 2ª Ed, Rio de Janeiro, LTC, 2012. pg 134.
[4] GARCIA, A., Ensaios de Materiais. 2ª Ed, Rio de Janeiro, LTC, 2012. pg 134.
[5] GARCIA, A., Ensaios de Materiais. 2ª Ed, Rio de Janeiro, LTC, 2012. pg 136.

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