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144 Metodologia Do Ensino Da Atividade Ritmica e Danca Unopar
144 Metodologia Do Ensino Da Atividade Ritmica e Danca Unopar
do Ensino da
Atividade Rítmica
e Dança
Metodologia do ensino da
atividade rítmica e dança
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transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e
Distribuidora Educacional S.A.
ISBN 978-85-8482-164-8
CDD 792.6207
2015
Editora e Distribuidora Educacional S. A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
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e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
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Sumário
Caro(a) aluno(a)!
Aprenderemos com esse livro, que faz parte dessa disciplina, o conceito de
ritmo e sua importância para o desenvolvimento humano, assim como a sua função
no processo de compreensão do meio que nos cerca. Também será possível,
após a leitura desse exemplar, identificarmos a importância do ritmo para música
através da compreensão dos seus elementos básicos. Por fim, veremos o ritmo
no movimento da criança, do jovem, do adulto e do idoso, fazendo observações
práticas na abordagem desse tema dentro do contexto das aulas de dança na
Educação Física escolar.
CONCEITOS E
METODOLOGIAS QUE
ASSOCIAM O RITMO À DANÇA
Objetivos de aprendizagem:
Introdução à unidade
Olá, pessoal!
Veremos que altura, intensidade e duração não são a mesma coisa, e que
elas juntas ao timbre são elementos essenciais para a construção do ritmo; que a
música possui seus valores, mas eles têm uma duração definida que se agrupam até
formarem blocos, que não os de carnaval!
Seção 1
“Às oito da noite, sob o céu sombrio de um inverno vienense, grande número de
pessoas reúne-se numa sala de concertos. Vieram cumprir o ritual de Natal e assistir à
apresentação do 'Quebra-Nozes'. No mesmo momento, naquele mesmo dia, outro grupo
se reúne para apreciar música acerca de sete mil quilômetros ao sul, na África Central.
Artaxo e Monteiro (2013, p. 9) acrescentam que o ritmo pode ser definido como
“uma pulsação padronizada dos tempos, ou seja, a quantidade de batimentos que
pode ser colocada em um ciclo pré-determinado denominado compasso”. As
mesmas autoras acrescentam ainda que “o ritmo é o aspecto mais natural da música
e que só é possível chegar à música com base nas pulsações do nosso corpo”.
O ritmo também pode ser considerado como a vida, pois surge no homem
ainda na sua concepção, e o acompanha até a morte. Tudo no ser humano
envolve ritmo como batimento cardíaco, respiração, ondas cerebrais, ciclos
hormonais e mesmo o controle emocional (NANNI, 1998; ARTAXO; MONTEIRO,
2013). “Ritmo é a qualidade física, explicada pelo encadeamento de tempo ou
pelo encadeamento energético, pela mudança de tensão e repouso, enfim, pela
variação com repetições periódicas, estando presente em todas as modalidades
esportivas” (tubino, 1984 apud artaxo e monteiro, 2013).
A descoberta do ritmo
O homem primitivo, a sós, com seus próprios meios, imitou primeiro os sons
de sua própria natureza, ouvindo o quebrar dos ramos quando caminhava pelas
matas, o sussurrar do vento nas árvores, o ruído das águas no regato, a percussão
• Reforça a memória.
• Aperfeiçoar a coordenação.
• Desperta a audição.
• Disciplinar-se.
Estruturação do ritmo
INDIVIDUAL
Ex.:
GRUPAL
Ex.:
Fonte: Disponível em: <https://lh6.googleusercontent.
com/-UR-4tam-grQ/TYlQuHicYYI/AAAAAAAAACY/
RWaViahprJA/s1600/baggior1wh0%255B1%255D.
jpg>. Acesso em: 11 abr. 2015.
DISCIPLINADO
Ex.:
REFLETIDO
Ex.:
Som
Você pode escutar sons de carros, buzinas, pessoas falando ou mesmo uma
música. Todas essas manifestações são concretizações da vida, sinal de que não
estamos sozinhos e que o universo está em constante movimento.
Há ausência de som?
Cage entrou na sala e saiu dizendo que, em lugar de “silêncio”, passou o tempo
todo ouvindo dois sons. O técnico da sala pediu que Cage os descrevesse e, após
ouvir a descrição, o técnico disse que o som grave era o pulso de seu coração
e a circulação do sangue pelo seu corpo; e o agudo, seu sistema nervoso em
operação. Ele conclui então que o silêncio absoluto não existe (LIMA, 2014).
Figura 1.11 | John Cage dentro da câmara anecoica
De acordo com Artaxo e Monteiro (2013, p. 15), “som é tudo que impressiona o órgão
auditivo, como resultado do choque de dois corpos que produzem vibração do ar”.
Como ouvimos
• Ouvido Médio: a vibração passa então a orelha média que possui uma cadeia
de ossículos – o martelo, a bigorna e o estribo. Este último é preso a uma membrana
que fecha um pequeno orifício, a janela oval.
Som
Figura 1.14 | Diferentes fontes sonoras
Um som, seja ele musical ou não, é produzido por algum objeto em vibração
(como uma corda de violão, por exemplo) e que, portanto, faz o ar em torno dele
vibrar também na mesma frequência. A movimentação do ar faz com que sua pressão
aumente ou diminua levemente, conforme ele se desloca para frente ou para trás.
PROPRIEDADES DO SOM
Som Grave
Som Agudo
Biblioteca
Sala de Estar
LOOOOOOOOOOOOOONGO ou CURTO!
Quarto de dormir
Bosque
Limiar da Audição
d) TIMBRE: o timbre é a “cor do
Fonte: Disponível em: <http://www.vibrasom.ind.
br/produtos-acusticos/tabela-pressao-sonora- som” de cada fonte sonora, instrumento
sonique.php>. Acesso em: 11 abr. 2015. musical ou voz humana.
Audição e Equilíbrio
Aparentemente, as duas funções nada têm a ver uma com a
outra, porém, iremos verificar que o labirinto, uma seção do
ouvido, é responsável por nossa localização espacial.
O labirinto possui três canais em forma de arco, em seu
interior há um líquido chamado endolinfa e alguns cristais de
carbonato de cálcio (otólitos). De acordo com o movimento
corporal, esses cristais carregados pela endolinfa estimulam
as células nervosas das paredes dos canais. Assim, o caracol
informa continuamente ao cérebro as nossas características
de localização no espaço, corrigindo o tônus muscular e nos
posicionando adequadamente.
Quando giramos várias vezes e rapidamente, o líquido e os
cristais também se movem rapidamente, levando ao cerebelo
a mensagem que nos causa sensação de tontura.
1. Relacione as colunas:
( 1 ) Altura.
( 2 ) Intensidade.
( 3 ) Duração.
( 4 ) Timbre.
( ) Determinada pela frequência das vibrações, isto é, de
sua velocidade.
( ) Característica que nos permite diferenciar o som
de uma flauta de um som emitido por uma guitarra
elétrica, por exemplo.
( ) É medida em Hertz (Hz).
( ) Depende da amplitude das variações de pressão do ar
no ouvido, tornando um som forte ou fraco.
( ) É determinado pelo tempo de emissão das vibrações,
diferenciando um som curto de um som longo.
( ) É o grau de volume sonoro, que é medido em decibel (dB).
( ) É a “cor do som” de cada fonte sonora, instrumento
musical ou voz humana.
Seção 2
A música pode ser definida como uma combinação singular de sons que penetram
em nossos ouvidos e faz girar as alavancas de nossas mentes produzindo sensações,
expressando sentimentos.
Partindo dessa ideia, nesta seção, estudaremos a função do ritmo na música, seus
elementos básicos como: valores musicais, duração e unidade de tempo.
MELODIA
Podemos dizer ainda que é uma sucessão e notas executadas através do tempo.
Normalmente, é o que o solista executa em uma música, seja instrumental ou cantada,
e em grupos musicais ela está, normalmente, nas vozes agudas.
RITMO
Não é somente a bateria que faz o ritmo, todos os instrumentos (e a voz) geram
sons e silêncios, que têm durações definidas, portanto, é a duração dos sons e silêncios,
bem como a marcação dos tempos fortes e fracos do compasso.
HARMONIA
A harmonia pode ser entendida como a combinação entre várias notas (acordes)
soando simultaneamente (ao mesmo tempo). Esses instrumentos podem ser
harmônicos, como o violão, piano, teclado, ou melódicos, como a flauta, trompete,
saxofone, ou mesmo de cantores, executando diferentes vozes.
Platão (1987) dizia que os sons do agudo e do grave, ainda que em discordância,
podiam resultar em harmonia, mesmo esta sendo consonância e exigindo certa
combinação, pois a combinação de discordantes é possível quando se utiliza algo
chamado composição.
“O ritmo tinha poder para provocar mudanças no organismo físico, a melodia nos
estados mental e emocional, e a harmonia de melhorar o entendimento humano sobre
as questões espirituais” (ANDREWS, 1996, apud ARTAXO; MONTEIRO, 2013, p. 45).
LIMITES E EQUILÍBRIO
Enfim, compreendendo esses três conceitos podemos ver que cada um tem
sua importância na música e que exercem diferentes impressões sobre as pessoas.
Podemos ver que a harmonia, se for deficiente em melodia e ritmo, tende a ser
excessivamente racional, portanto, fria. Por outro lado, uma música com bela melodia
sem uma harmonia e ritmo que a acompanhe será puramente emocional. E a música
sem harmonia e melodia (só com ritmo) será puramente sensual.
Ritmo e métrica
O quadro descrito a seguir faz uma clara diferenciação entre métrica e ritmo.
Métrica Ritmo
Mensurável Imensurável
Objetiva Subjetivo
Concreta Abstrato
Divide o tempo em partes iguais Estrutura o tempo em períodos semelhantes
Traz descontração Descontrai
Repete o idêntico Renova o semelhante
Mata a dinâmica do movimento Dinamiza o movimento
Fonte: Adaptada de Artaxo e Monteiro, (2000).
Coube a um monge católico italiano chamado Guido d’Arezzo, que viveu no século
X, a escrita das notas musicais que são conhecidas atualmente: Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá,
Si. Os nomes foram retirados das sílabas iniciais do “Hino a São João Batista”, chamado
Ut queant laxis. Nesta época, o chamado SISTEMA TONAL já estava desenvolvido e
o sistema de notação com pautas de cinco linhas tornou-se o padrão para toda a
música ocidental, mantendo-se assim até os dias de hoje.
Ut queant laxis,
Resonare fibris,
Mira gestorum,
Famuli tuorum,
Solve polluti,
Labii reatum
Sante Iohannes
Tradução aproximada:
“Para que os vossos servos possam cantar livremente as maravilhas dos vossos
feitos, tirai toda mácula do pecado dos seus lábios impuros. Oh, São João!”
Com o tempo a expressão Ut foi substituída pela sílaba Dó, devido à sua pronúncia
mais simples ao ser falada (LEME, 2011).
PAUTA ou PENTAGRAMA
Fonte: O autor
NOTAS MUSICAIS
São sete as notas musicais – DÓ, RÉ, MI, FA, SOL, LÁ, SI – e quando organizadas
em sequência são chamadas escala. A clave é um sinal colocado no início da pauta,
que serve para determinar o nome e altura das notas musicais. As claves usadas são
as de SOL, DÓ e FÁ.
VALORES MUSICAIS
Representação:
Para saber mais sobre como marcar o tempo musical, acesse: <https://
www.youtube.com/watch?v=wvTTyZPHCNs>.
Fonte: O autor
COMPASSO
Fonte: O autor
COMPASSO SIMPLES
Ex.: Carimbó
Ex.: Valsa
Ex.: Ciranda
Dentro das práticas corporais que envolvem música, tais como dança, ginástica
artística, rítmica, step e muitas outras modalidades esportivas, é comum ouvirmos
uma contagem de oito tempos e de frase musical. Mas por que isso acontece?
Partindo de uma perspectiva prática, basta parar para escutar uma música e
observarmos as mudanças que acontecem em seu processo de desenvolvimento,
veremos que normalmente a cada oito pulsos há uma acentuação de algum
elemento musical, um instrumento novo que entra ou algum que sai, o início de um
refrão etc. Sendo assim, essa contagem serve como parâmetro para harmonizar os
movimentos corporais com a música.
Fonte: O autor
ANDAMENTO DA MUSICA
IIII – Introdução – uma frase musical – quatros oitavas são oito compassos
quaternários.
IIII
IIII
IIII – Refrão – É a parte mais forte e marcante da música, pode ser elaborada
uma diferenciada movimentação e estimulante.
Seção 3
Desenvolvimento
Ritmo na criança
De acordo com Pallarés (1981, p. 56), “as atividades rítmicas, ao lado de outras
atividades educativas, contribuirão com a educação física para que a criança
adquira, desde o início de sua vida pré-escolar, a base que é indispensável para a
complementação de sua formação na escola”.
É brincando que a criança vai fabricando seus símbolos. Este é o instrumento que
ajudará a criança a compreender as principais adaptações ao longo da vida (SOUSA,
2004).
É importante que a escola crie oportunidades para que a criança tenha contato com
diferentes gêneros e estilos musicais. Assim ela pode desenvolver o gosto musical, o
que estimulará a sensibilidade, criatividade, imaginação, memória, movimento, vários
aspectos do desenvolvimento infantil.
Dessa forma podemos dizer que esquema corporal é a racionalização das percepções
relativas ao seu corpo em associação com as informações do mundo exterior.
Ritmo na adolescência
Importante destacar que não é preciso estar maduro em todas as habilidades para
ir ao estágio subsequente, ou seja, um jovem de 15 anos pode ser um exímio bailarino
executando com perfeição os movimentos de locomoção e estabilizadores, e não
conseguir chutar ou arremessar uma bola com a competência esperada para sua idade.
Fisk e Poster (1967 apud GALLAHUE; OZMUN, 2005) dizem que o aprendizado de
uma nova habilidade ocorre em três estágios:
Estágio Associativo – o aprendiz está apto a fazer um uso consciente das sugestões
ambientais e associá-las a exigências de tarefas motoras
Não que as artes tradicionais devam ser negadas, mas que para serem aprendidas
e exploradas no ambiente da Educação Física escolar é preciso levar a pessoa a
experimentar seu corpo em todas as dimensões, de maneira que a dança proporcione
a ampliação do seu rol de conhecimentos pela relação consigo mesmo, com os
outros e o mundo, no desenvolvimento das suas potencialidades humanas.
A respeito dos conteúdos voltados para a educação do/e pelo movimento através
da compreensão da dança, Marques (2003, p. 31) ressalta que:
É importante ressaltar que isso não deve ser considerado algo acabado, pois os
conteúdos devem ser dinâmicos e contextualizados com o meio. O educador deve
ser sensível aos valores e vivências do seu aluno, assim ele tornará o processo de
aprendizagem mais significativo.
Segundo Gallahue e Ozmun (2005, p. 430), “à medida que nós avançamos através
da idade adulta, aspectos das áreas motora, cognitiva e afetiva interagem para afetar
o comportamento motor”. Esse processo de transformação faz com que a pessoa
experimente uma melhora contínua desde a pré-infância até a adolescência, uma
estabilização durante o início da vida adulta, um lento declínio durante a meia idade e
um declínio muito maior durante a velhice (GALLAHUE; OZMUN, 2005).
Estudos na área da atividade física para a terceira idade (FRONTERA et al., 1988;
FARO, LOURENÇO E B. NETO, 1996; SILVA, RODRIGUES E PRADO, 2000; ANTONIAZZI
E DIAS, 2000) estão sendo desenvolvidos para demonstrar a importância dessa prática
para a melhora da qualidade de vida do idoso.
Prado (2000), num estudo realizado na área da dança para adultos e terceira idade,
aponta que essa atividade tem grande aceitação por parte destes que a praticam e,
também, que a idade não se constitui em obstáculo para sua prática.
• autoexpressão;
• comunicação;
• diversão e prazer;
• espiritualidade;
• identificação cultural;
Leal e Haas (2006) constataram em suas pesquisas que a dança como atividade
física para os idosos é um dos exercícios mais procurados, e vários fatores podem ser
os responsáveis por essa afinidade, mas, sem dúvida, a aceitação por parte dos idosos
é determinante. E apontam melhorias significativas na coordenação, no equilíbrio, no
ritmo, na lateralidade, na consciência corporal, na resistência e na memorização.
ATIVIDADE 1: Organize as crianças em roda e peça que cada uma explore os sons
do seu corpo: palmas, barulhos com a boca, bater os pés no chão etc.
- Em seguida, sugira que mostrem para os demais alunos os sons corporais que
descobriram e ensinem para os colegas o que mais gostaram.
- Depois que todos os pequenos produzirem os seus barulhos, imprima uma cópia
do painel dos sons corporais para cada aluno e deixe que levem para casa. Peça que
executem os movimentos com a família.
Poc (...)
Poc (...) poc (...) poc (...) poc (...) poc (...)
ATIVIDADE 4: Fazer um movimento (de preferência que seja sonoro) para cada
sílaba do nome.
ATIVIDADE 5: O professor inicia solicitando aos alunos que batam palmas e contem
de 1 a 4, que se se repete. Explica que estão simulando o pulso.
Buuuuuuuuuuuuuuuumm...
- Em seguida, sugere um som que dure o tempo de 4 palmas. Ex.: 1 2 3 4
Craaaaaaa Craaaaaaa...
- Um som diferente para a cada 3 palmas. Ex.: 1 2 3 1 2 3
Ta Ta Ta Ta...
- E um som para cada palma. Ex.: 1 1 1 1
- Estabeleça símbolos para som curto, som longo e silêncio, como no quadro a
seguir, e depois monte as fichas com esses símbolos:
A execução dos ritmos pode ser com palmas, batidas na carteira ou com
instrumentos pequenos, como cocos e claves de rumba.
Isso é pra já
ATIVIDADE 10: Colocar vários estilos de músicas e pedir para que os alunos se
movimentem livremente sentindo os impulsos sonoros que cada música proporciona.
c) I, III e V.
d) I, II e IV.
e) Apenas V está correta.
• Estruturação do ritmo.
• Propriedades do som.
• Conceito de corporeidade.
Olá, pessoal!
Agradeço a todos.
Abraços!
Referências
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Artmed, 2002.
ARTAXO, Inês; MONTEIRO Gizele Assis. Ritmo e movimento: teoria e prática. 5. ed.
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GARCIA, Ângela. HAAS, Aline Nogueira. Ritmo e dança. Canoas: Ed. Ulbra, 2003.
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Disponível em: <www.upf.br/seer/index.php/rbceh/article/viewFile/56/49>. Acesso:
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INTRODUÇÃO À DANÇA
Tatiane Gama
Objetivos de aprendizagem:
58 Introdução à dança
U2
Introdução à unidade
Introdução à dança 59
U2
60 Introdução à dança
U2
Seção 1
1.1 A dança
Na dança, qualquer movimento é manifestação de como a mente e o corpo
se expressam através do corpo que se movimenta. A dança é arte por excelência.
É efêmera, impalpável, energia, sopro, sedução, encantamento, a mais física, pois
exige o envolvimento de todo o corpo. Corpo que eu chamo de meu, corpo que
vejo no outro, corpo que está atado a um mundo com o qual me comunico. Tem
mil faces conforme o lugar onde ela se exprime, sendo folclórica ou tradicional,
clássica ou contemporânea, ela é mestiça, toma várias formas, responde a múltiplas
funções.
Introdução à dança 61
U2
Como arte, a dança se expressa através dos signos de movimento, com ou sem
ligação musical, para um determinado público, seja ele leigo ou profissional, que ao
longo do tempo foi se desvinculando das particularidades do teatro. É uma das três
principais artes cênicas da Antiguidade, ao lado do teatro e da música.
Como nos diz Caminada (1999), a dança é considerada uma das artes mais
antigas, é também a única que despensa materiais e ferramentas. Ela só depende
do corpo e da vitalidade humana para cumprir sua função, enquanto instrumento de
afirmação dos sentimentos e experiências subjetivas do homem.
62 Introdução à dança
U2
A história da dança retrata que seu surgimento se deu ainda na Pré-história, quando
os homens batiam os pés no chão e escreviam figuras nas cavernas. Aos poucos,
foram dando mais intensidade aos sons das batidas, descobrindo que podiam fazer
outros ritmos, conjugando os passos com as mãos, através das palmas.
Para o ser humano primitivo, a dança era o elo de comunicação com seus
deuses, para acalmá-los ou para homenageá-los. Desta forma, este elo gerou o que
chamamos de dança ritual, e este se mostra, desde então, um ser místico.
Existem indícios de que o homem dança desde os tempos mais remotos. Todos
os povos, em todas as épocas e lugares, dançaram. Dançaram para expressar revolta
ou amor, reverenciar ou afastar deuses, mostrar força ou arrependimento, rezar,
conquistar, distrair, enfim, viver (TAVARES, 2005).
Introdução à dança 63
U2
Quando o homem sai do seu estado primitivo, ou seja, estado selvagem, e passa
a outro padrão de vida, que é o de viver em sociedade, surge a organização do
trabalho para a sobrevivência comum, sendo esse trabalho a caça, a trituração de
raízes, sementes, folhas etc. Muitos desses trabalhos eram efetuados e regulados
por marcações rítmicas, como pancadas e gritos. Assim, a dança passa a ocorrer em
períodos distintos da história.
64 Introdução à dança
U2
• Grupos migratórios.
• Culto de participação.
• A “roda” é característica.
• Organização de cidades.
• Divindade-totem.
Passou a existir também a divisão de dois mundos de dança, durante este período
da Pré-história, onde ficou evidente: o sem imagem, e o outro, com imagem. Os
dois tiveram tipos de danças diferenciados.
Introdução à dança 65
U2
DANÇAS DA FECUNDIDADE:
• Ligadas às mulheres.
• A fecundidade não é entendida como ideia de prazer, mas sim como algo que
perpetua nossa espécie, como algo vital e instintivo. Liga o homem à natureza e à
sua espécie.
DANÇAS DE GALANTEIO:
DANÇAS FÚNEBRES:
• Utilizam de máscaras.
• Representam batalhas.
DANÇAS MEDICINAIS:
66 Introdução à dança
U2
DANÇAS DE INICIAÇÃO:
DANÇAS DE TOCHA:
DANÇAS GUERREIRAS:
Para saber um pouco mais sobre como acontece a evolução histórica da dança,
acesse o acesse: <https://www.youtube.com/watch?v=lWnz-6-oSpQ>.
1.2.2 Na Antiguidade
GRÉCIA
Introdução à dança 67
U2
• A festas da colheita.
• As dionisíacas campestres.
68 Introdução à dança
U2
O culto a Dionísio era considerado um delírio sagrado feito por mulheres, e após
a adaptação do culto a festivais religiosos permitiu-se a participação de homens,
dançando em rivalidade frenética com as bacantes, afirma Bonilla (1964). O mesmo
autor coloca e ressalta que nos antigos vasos gregos é possível identificar a frenética
dança das mulheres possuídas pela exaltação dionisíaca.
DANÇAS RELIGIOSAS:
DANÇAS DRAMÁTICAS:
Introdução à dança 69
U2
DANÇAS DE VIRGENS:
DANÇAS GUERREIRAS:
DANÇAS FUNERÁRIAS:
ROMA
1. Reis (Monarquia).
2. República.
3. Império.
A partir do século. VII ao século. VI, época dos reis (Monarquia), Roma foi
dominada pelos etruscos, onde as danças eram de origem agrária. No entanto,
podemos destacar também as danças guerreiras (costume entre os salinos)
celebradas amplamente durante a primavera, e em honra a Marte (Deus da guerra),
ou seja, continua ainda sendo uma dança sagrada. Contudo, desde o início da época
da República, a influência dos helenos predominou em Roma.
70 Introdução à dança
U2
ÍNDIA
Introdução à dança 71
U2
• KATHAK: é uma dança que tem a arte de contar histórias educativas, influenciada
pelos muçulmanos.
JAPÃO
72 Introdução à dança
U2
EGITO
Porém, perto de 1400 a.C, a dança, que era mística e ritualista, mudou.
Acrescentaram-se instrumentos: espadas, pandeiros e finos véus. Surgiram dançarinos
profissionais que dançavam de forma mais rápida, acrobática e espetacular.
CHINA
• Dança da bandeira.
Introdução à dança 73
U2
• Dança da cauda-de-boi.
• Dança do dardo.
• Dança do homem.
Na Idade Média, a dança era conhecida como “Idade das Trevas”, sendo
caracterizada por um período contraditório. Nessa época, a igreja se tornou autoridade
constituída, onde foram proibidas as danças teatrais, por seus representantes,
pois algumas delas apresentavam movimentos muito sensuais e estavam sendo
vinculadas ao pecado. Assim, a dança era considerada promíscua e herege, perdeu
sua força e foi banida da liturgia. Os teatros foram fechados, sendo utilizados apenas
para festividades religiosas.
74 Introdução à dança
U2
Durante a primeira parte da Idade Média, quando ocorreu a peste negra, uma
epidemia que causou a morte de um quarto da população, o povo cantava e dançava
freneticamente nos cemitérios; eles acreditavam que essas encenações afastavam os
demônios e impediam que os mortos saíssem dos túmulos e espalhassem a doença.
Sobre a história dos mestres de dança, podemos afirmar em uma nota de rodapé
de um clássico que aponta:
Toda a Idade Média foi caracterizada pelos europeus que continuaram a festejar
casamentos, feriados e outras ocasiões festivas com danças folclóricas, como a
dança da corrente, que começou com os camponeses e foi adotada pela nobreza,
numa forma mais requintada, sendo chamada de carola.
Gitelman (1998) ressalta que nessa época, ao mesmo tempo em que serviam de
divertimento nas festas nos salões da elite, eram oportunidades em que se definiam
as posições sociais, celebrando-se as relações de poder.
Introdução à dança 75
U2
Por longos anos, a dança executada pelos nobres em pares, ou por jovens
meninas em espetáculos exóticos, atinge o auge de sua popularidade através do
Rei Sol Luiz XIV. O "Grande Monarca", que se tornou rei com apenas cinco anos de
idade, amava a dança, parando de dançar apenas na velhice. A partir daí, começou
a participar de muitos espetáculos, onde aparecia em cena como um deus ou outra
figura que representava poder. Seu título "REI SOL", vem do triunfante espetáculo de
balé, que durou mais de doze horas. A dança tinha também um significado filosófico
durante a Renascença.
76 Introdução à dança
U2
O PERÍODO ROMÂNTICO
Hanna (1999) ressalta que o Romantismo exaltava a mulher, não tanto em sua
condição de mãe, esposa ou amante, mas como uma representação do inacessível,
do ideal sonhado pelo homem, que está disposto a sacrificar sua vida por isso. Assim,
Maria Taglioni foi considerada a mais perfeita idealização da bailarina romântica.
O chamado “tutu” romântico imaginado por Eugène Lami, de musseline branca e
semitransparente, passou a ser um elemento mais do que frequente nos figurinos
para ballet, e a simbolizar toda uma fase da dança.
Introdução à dança 77
U2
1.2.4 Na Modernidade
Duncan sem compreender o motivo pelo qual a técnica da dança clássica era
baseada na contenção da expressividade, busca novos horizontes, onde a sua
ideia era a de que o corpo seria apenas uma via pela qual o sentimento deveria ser
apresentado. Assim, o estereótipo romântico da bailarina começou a se desfazer
com Isadora Duncan e ocorre o rompimento com o balé, dizendo que o corpo
deveria se expressar despojado de tudo o que o constrange e o aprisiona, por ser o
que há de mais nobre na área artística.
Durante este período, Isadora Duncan causou choque ao dançar com túnicas
transparentes e pés descalços (sem a sapatilha), o que era considerado tão ousado
quanto à nudez. Para esta dança que começava a surgir, Duncan originou uma nova
linguagem gestual que libertava o corpo dos convencionalismos da dança deste
período e da sociedade e sua expressão era uma reivindicação do movimento
feminista. Então, ela recriou o modo de dançar, preferindo, inclusive, pés descalços
em oposição à sapatilha de ponta tão utilizada no balé no período da Renascença.
78 Introdução à dança
U2
Outra bailarina que teve destaque na dança moderna foi Ruth ST. Denis que
apresentava uma dança altamente sensual, em que os movimentos retratavam os
aspectos espirituais do ser humano e da natureza. Utilizava o corpo feminino como
um instrumento sensual, tendo o objetivo de dar prazer e diversão, buscando que
os espectadores de sua dança pudessem entrar em contato com o lado sublime da
natureza e do mundo.
Ruth se casou com o bailarino Shawn e, de acordo com Gitelman (1998), os dois
interpretavam muito bem os papéis de dama e cavalheiro, mas tendo uma relação
pessoal conturbada, talvez pela bissexualidade de Shawn, acabaram se separando.
No entanto, durante o período que manteve o matrimônio, fundaram a Denishawns
Shoole e também serviram de inspiração para a nova geração da dança moderna.
Porém, perseverante em sua luta, com o passar dos anos, Shawn conseguiu a
aceitação da humanidade e expandiu o status de que a dança pode ser realizada
apenas pelo gênero masculino.
Assim, surge Martha Graham, que faz o oposto de Shawn. Ela introduz a dança
apenas para o gênero feminino. Dirige uma companhia de dança só de mulheres
e persegue os amores femininos na história e o no mito. Seus espetáculos
apresentavam temas como:
Introdução à dança 79
U2
E para desenvolver suas obras Graham acabou estruturando uma técnica que
permitisse a exploração da expressividade e do sentimento humano. Partiu do que
denominou o “ato essencial à vida” respirar. E, sentada, respirando, observou os
movimentos corporais decorrentes da respiração.
Martha Graham desenvolveu toda sua técnica da dança moderna a partir deste
princípio de contração e release. A bailarina e coreógrafa resume o movimento
como sendo uma continuidade entre releases e contrações a partir de um centro
motor. O movimento de espiral é outro princípio atrelado à contração e ao release,
que além de significar desenvolvimento da coluna em espiral, traz o princípio de
continuidade crescente do movimento. Assim, uma contração nunca é igual à
anterior, pois ao desenvolvê-la o corpo já se modificou, alongou, cresceu. Portanto,
o desenho resultante do movimento contínuo entre contrações e releases é sempre
uma espiral.
Nos dias atuais, a dança moderna divide espaço com o balé, o jazz, a dança de
salão, o sapateado, entre outros. É composta por várias ramificações técnicas que
modificaram a história da dança mundial. A maioria dos conceitos estabelecidos
nessas décadas constitui-se em sólidas técnicas corporais, com vocabulários e
linguagens bem específicos e que formaram e vêm formando, até a atualidade,
bailarinos profissionais da dança em todo o mundo.
80 Introdução à dança
U2
1.2.5 Na contemporaneidade
De acordo com Faro (1994), a Dança Contemporânea é tudo aquilo que é feito
neste tempo, por artistas que nele vivem. Pode-se considerar contemporâneo
tudo que é livre e inovador, ou seja, não se tem uma regra específica, podendo os
movimentos ser ou não inovadores.
Introdução à dança 81
U2
Se houve um período em que a dança era moldada, tanto por técnicas quanto por
condicionalismos históricos, sociais e culturais, há muitos corpos em movimento na
contemporaneidade que recusam o adestramento técnico, buscando se apresentar como
corpos comuns, nos quais há uma procura pela organicidade do movimento e uma intenção
de desconstruir as concepções performativas convencionais (ROUBAUD, 2001).
82 Introdução à dança
U2
Introdução à dança 83
U2
84 Introdução à dança
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Seção 2
Introdução à dança 85
U2
Esse corpo sujeito a transformações é também o corpo que dança e que busca
constantemente modos de se mover, criando uma técnica, “uma maneira de realizar
os movimentos e de organizá-los, segundo as intenções formativas de quem dança”
(DANTAS, 1999, p. 9). Essa técnica é composta por muitas intenções e o movimento
humano é história e retrato social, desde as intenções que o provocam até as
intenções que este irá provocar depois de realizado e concreto.
O ser humano age no mundo através de seu corpo, mais especificamente através
do movimento. É o movimento corporal que possibilita às pessoas se comunicarem,
trabalharem, aprenderem, sentirem o mundo e serem sentidos. No entanto, há um
preconceito contra o movimento.
Felizmente, nos dias atuais, são raros os estabelecimentos escolares que mantêm
este tipo de atitude, podendo ser encontrado ainda apenas em escolas de cunho
religioso e em algumas escolas públicas de cidades pequenas do país. No ambiente
escolar da rede pública das grandes cidades, esta realidade já não existe mais.
Mesmo com a ausência destas atitudes disciplinares, a ideia do não movimento
como definição de bom comportamento prevalece. Muitas escolas antigas faziam
filas como sinal de respeito e organização as autoridades presentes, porém com
o passar dos anos aboliram as filas e os demais símbolos de respeito a diretores e
professores; no entanto, foram criadas outras maneiras.
86 Introdução à dança
U2
A história conta ainda e reforça que a noção de disciplina na escola sempre foi
entendida como "na -movimento". Os alunos educados e comportados eram aqueles
que simplesmente não se moviam, onde ficavam intactos. Desde o momento em
que a criança chegava à escola era aplicado o modelo escolar-militar da primeira
metade do século XX. Isso ocorria através das filas para se dirigirem às salas de aula
e o levantar-se cada vez que o diretor ou coordenador de ensino entrava na sala.
Também aprendemos que o corpo está relacionado com a mente, ou seja, existe
uma integração entre eles proporcionada pela dança, onde percebemos que o
exercício físico é essencial para a saúde, sendo necessário trabalhar a saúde mental,
psicológica e mental.
Foi comprovado que tudo à nossa volta está em constante movimento: o ar,
a terra, a água, os seres vivos e os corpos para se comunicar, para pensar, para se
repetir, para transformar, para se expressar, para contar sua história por meio das
épocas, para dançar. Assim, de acordo com Laban (1990, p. 30):
Introdução à dança 87
U2
O movimento no corpo que dança é traço que deixa marcas; impulso e contenção;
é velocidade e lentidão; é imobilidade e ação. O movimento é matéria-prima da dança,
visto que a torna real ao conferir a ela visibilidade (DANTAS, 1999).
Não é fácil entender o sentido da técnica para dança e a expressão corporal. Klaus
Vianna, um estudioso da dança, indagava sempre em suas aulas: O que é a técnica
para você? E coloca que técnica para ele, além de estética, tem um sentido claro e
objetivo de organizar o conhecimento do corpo e possibilidades dos movimentos. A
técnica pode se tornar num resultado inconsciente em que o bailarino não discute,
não questiona e não tem liberdade, apenas faz e tem que fazer correto. Mas será
que isto é o correto?
88 Introdução à dança
U2
Segundo Caminada (1999), a dança é considerada uma das artes mais antigas,
é também a única que despensa materiais e ferramentas. É uma atividade que só
depende do corpo e da vitalidade humana para cumprir sua função, enquanto
instrumento de afirmação dos sentimentos e experiências subjetivas do dançarino.
Acredito que já estamos aptos para responder a algumas questões acerca do conteúdo
visto. A partir do conteúdo exposto nesta seção, responda às questões a seguir:
Introdução à dança 89
U2
90 Introdução à dança
U2
Seção 3
Coreografia e criação
A partir dessa seção poderemos identificar os fatores importantes para a criação
coreográfica e conhecer os conceitos de coreografia, coreógrafo, conteúdo,
técnica, forma e projeção. Veremos também que a criação coreográfica pode ser
classificada quanto aos movimentos e ao modo de dançar.
3.1 Coreografia
Na Antiguidade, a dança foi uma manifestação naturalista. Havia muita repetição
ordenada de gestos, inicialmente, podendo ser considerada como a primeira técnica
desenvolvida pelo ser humano. Usava-se na dança mais elementos e uma sequência
de movimentos que foram se constituindo em uma "coreografia".
Introdução à dança 91
U2
Para Mauss (apud AVILA, 2000, p. 34), técnica corporal significa “as maneiras com
que os homens, sociedade por sociedade e de maneira tradicional, sabem servir-
se de seus corpos”. Para ele, cada sociedade possui hábitos corporais diferentes,
que só se tornam possíveis de avaliar analisados por um tripé entre a fisiologia, a
psicologia e a sociologia. Assim, afirma e comprova que a forma de nos posicionar
diante de determinadas situações modifica de cultura para cultura, pois a maneira de
utilizar o corpo é aprendida através da imitação de técnicas corporais que podem ser
transformadas ou não quando passam de geração para geração.
Segundo Laban,
92 Introdução à dança
U2
Para saber um pouco mais sobre como fazer uma coreografia de dança,
acesse o link: <http://pt.wikihow.com/Fazer-uma-Coreografia-de-Dança>.
Em aulas de dança, seja ela para profissionais ou para iniciantes, realizada em uma
academia ou em uma escola, a abertura para a criação é um ponto fundamental
na formação dos dançarinos. Permite-lhes ir além dos conhecimentos elaborados
pela humanidade como verdades absolutas e imutáveis, refletindo e interferindo
sobre esses conhecimentos, reelaborando-os (FIAMONCINI; SARAIVA, 1999 apud
ASSUMPÇÃO, 2003).
De acordo com Aristóteles, citado por Dantas (1999), a maneira de realizar certas
atividades é construída a partir de experiências individuais, quando se descobre o
como (saber experimental), o porquê (conhecimento das causas) e o fazer (criativo
Introdução à dança 93
U2
Para a criação coreográfica devemos estar atentos aos fatores importantes como:
• Número de dançarinos.
• A escolha do tema.
• O público-alvo.
• O estilo de dança.
• Fazer uma dança é como escrever uma composição: primeiro achar o que
dizer, então dizê-lo tão bem quanto possa.
• Procure ao máximo ser crítico, após ter feito a dança, você deve aprender a
analisar o que fez.
• Um artista deve submeter qualquer trabalho ao seu mais severo crítico: ele mesmo.
94 Introdução à dança
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• Improvisação.
Introdução à dança 95
U2
Acredito que já estamos aptos para responder a algumas questões acerca do conteúdo
visto. A partir do conteúdo exposto nesta seção, responda às questões a seguir:
4. Conteúdo significa:
a. O interesse central, a proposta de trabalho do coreógrafo.
b. A figura, a sequência de movimentos.
c. A organização da ação.
d. A mágica existente na interpretação do dançarino.
e. O estilo de dança utilizado.
96 Introdução à dança
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Introdução à dança 97
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1. Leia e responda.
98 Introdução à dança
U2
a. É a escrita da dança.
b. São desenhos de ação, quer o desenho seja escrito ou não.
c. O termo “coreografia” surge na dança em 1900.
d. É a notação da dança.
e. Derivada do grego: Choreia – uma dança oral, e graphia
– escrita.
Introdução à dança 99
U2
Referências
A DANÇA NO CONTEXTO DA
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Tatiane Gama
Objetivos de aprendizagem:
• Conhecer o contexto da dança na educação física.
• Identificar as principais características da dança-educação.
• Compreender os benefícios da dança na escola.
• Diferenciar dança escolar de dança acadêmica.
• Estudar a dança como conteúdo da educação física na Educação Infantil,
no Ensino Fundamental e no Ensino Médio.
• Compreender a elaboração de planos de aula de dança e seus aspectos
importantes.
• Identificar os principais tipos de eventos em dança, sua organização e suas
características.
Introdução à unidade
Seção 1
Dança educação
Nessa seção vamos começar a entender o papel da dança na escola e na
educação. Vamos aprender que a instituição escolar hoje é um lugar privilegiado para
aprender dança com qualidade, sendo um conteúdo fundamental a ser trabalhado
nas aulas de educação física.
A educação nos acompanha durante toda a nossa vida, pois sempre estamos
aprendendo com novas experiências e, portanto, estamos nos educando. Assim,
torna-se um fenômeno adquirido que norteia a vida do ser humano, refletindo o
homem como ele é na sua essência, dentro de uma relação em sociedade e com
a natureza.
dos pensamentos. Nas últimas décadas amplia-se essa concepção que vai incluir
outros saberes como importantes à formação humana, que são os conhecimentos
geográficos, físicos, artísticos, biológicos, filosóficos, corporais, entre outros.
Conforme Chaves (2002), a dança foi incluída nos conteúdos dos exercícios
físicos pela sua compreensão como prática corporal, na busca de um corpo
eficiente, frente ao processo de modernização da sociedade. Assim, contribuirá
com a atividade intelectual do educando e permitirá que ele entenda porque está
realizando este ou aquele movimento (dimensão conceitual).
Podemos constatar também que a dança presente nas festas é quase sempre
a mesma ausente dos componentes curriculares. Muitos estudos apresentam esse
dado ocorrido, seja de uma análise pessoal, das experiências acumuladas pelos
autores, ou de estudos de observação da realidade escolar, eles vão indicar que essa
presença da dança na vida escolar é cada dia mais marcante e que esse movimento
não acontece no mesmo sentido para a sua inserção como conhecimento de
ensino na escola (MARQUES, 1999; BRASILEIRO, 2001, 2003, 2007; FIAMONCINI,
2003; MORANDI, 2005).
Todos esses autores indicam e apontam que a dança que vem acontecendo
no ambiente escolar se dá comumente na forma de apresentações em datas
comemorativas, quando alguém (geralmente professor(a) ou coordenador de
educação física) traz uma variedade de passos aleatórios para que as crianças repitam
mecanicamente até decorarem a sequência coreográfica. Porém, aprender passos
não significa tanto problema, e sim repeti-los de forma a mecanizá-los e conseguir
apresentá-los dentro de uma métrica estabelecida, sem nenhuma reflexão.
relação a valores corporais. Bèrge (1998, p. 13) reforça esta afirmativa quando utiliza
a metáfora “o cérebro se empanturra, enquanto o corpo permanece esfomeado”.
Gariba (2005), citando Pereira et al. (2001, p. 76) coloca que “a dança é um
conteúdo fundamental a ser trabalhado na escola: com ela, pode-se levar os alunos
a conhecerem a si próprios e/com os outros a explorarem o mundo da emoção e
da imaginação”.
A dança é um forte aliado para a educação, pois possibilitará aos alunos novas
formas de expressão e comunicação, levando-os à descoberta da sua linguagem
corporal, que contribuirá para o processo ensino e aprendizagem.
DANÇA
ESCOLAR ACADÊMICA
Visão de homem e movimento. Visa performance.
Interdisciplinar. Imposta.
Espontânea. Ordenada.
Criativa. Disciplinar.
Não objetiva ao espetáculo (mostras). Espetáculos (mostras).
• Diminui a timidez.
• Aumenta a autoestima.
• Função recreativa.
• Estimula a criatividade.
Assim, constatamos que dançar pode ser considerado uma das maneiras mais
divertidas de expressão do corpo humano. Diante da movimentação do tronco,
das pernas e dos braços oportuniza-se que os discentes aprendam e desenvolvam
a consciência corporal, compreendendo como o seu próprio corpo se relaciona
com o tempo e com o espaço. Trabalhar a dança na escola é um ótimo recurso
educacional no desenvolvimento de uma linguagem corporal, além de auxiliar na
apropriação de uma linguagem diferente da fala e da escrita.
É necessário e essencial oferecer condições para que a criança possa criar seus
próprios movimentos e ter a oportunidade de livre experimentação e exploração de
suas habilidades motoras, para que assim possa desenvolver-se plenamente.
Correia (2006) ressalta em sua obra que podemos trabalhar a dança na escola
como uma atividade espontânea, aberta às experiências individuais e coletivas e sem
modelos e padrões que inibam a criatividade e a liberdade de expressão.
A dança precisa ser vista como conhecimento significativo para as nossas ações
corpóreas, que podem ser exploradas pelo universo de repertórios popular, folclórico,
clássico, contemporâneo etc., bem como pela improvisação e pela composição
coreográfica (BRASILEIRO, 2003).
Para saber um pouco mais sobre a dança no espaço escolar, acesse o link:
<http://monografias.brasilescola.com/educacao/a-importancia-danca-
no-processo-ensino-aprendizagem.htm>.
Vemos que para responder aos desafios das mudanças nos sistemas educacionais
(escolares), a função dos professores está evoluindo e de acordo com Paquay et al.
(2001), o professor está passando da função de executante para a de profissional.
Verificamos também que a formação de professores é a de formadores e, independe
da disciplina que o docente vai lecionar, sua formação deve ser contínua e integrada
a processos de mudança, inovação e desenvolvimento curricular.
Conforme comenta Verderi (2000), a dança não tem regras, não tem certo, não tem
errado, portanto, não se devem demonstrar os movimentos, mas sim, criar condições
para que o aluno se movimente. Dessa forma, a dança favorece o desenvolvimento
da capacidade de criar e inovar, explorando o mundo e, dessa forma, se coaduna
com o papel inerente à escola e, portanto, deve ser explorada e contextualizada pelos
docentes enquanto conteúdo mediador do patrimônio da sociedade.
Neste caso, a preocupação deverá ser ensinar a dança como parte criativa e inovadora
de uma ação significativa no processo de aprendizado e desenvolvimento do educando,
evidenciando que o papel do docente ao proporcionar tal prática favorece a capacidade
dos discentes de criar tanto corporal como intelectualmente, proporcionando, além do
autoconhecimento corporal e cognitivo, a educação do senso rítmico, a expressão não
verbal, o desenvolvimento humano e a formação integral.
Percebe-se com isso que a dança deve ser incluída nas aulas de educação física pelos
professores de forma consciente, proporcionando assim mudanças no meio escolar.
Essa é a grande missão e desafio dos docentes no ambiente escolar na atualidade.
Acredito que já estamos aptos para responder a algumas questões acerca do conteúdo
visto. A partir do conteúdo exposto nesta seção, responda às questões a seguir:
Seção 2
A dança faz parte da história da humanidade, sendo uma das formas mais antigas
de expressão e sentimento nas mais diferentes culturas e tem acompanhado a
evolução do homem desde os primórdios, passando de ritual para manifestação
da elite social, e segue em constante evolução e progressão de acordo com os
movimentos na sociedade.
De acordo com Nanni (1995), a dança passou a existir e teve seu desenvolvimento
à medida que o homem sentiu a necessidade de se comunicar; no entanto,
na atualidade não pode ser percebida apenas como resultado de um processo
histórico das civilizações; com suas particularidades religiosas, seus costumes,
comportamentos e lazer; mas também como a imagem da capacidade de expressão
humana e cultural dos povos.
Mesmo com todas as riquezas culturais herdadas no decorrer dos anos, a dança
não se limita a repetir formas de movimentos tradicionais e acadêmicos,pois ela se
transforma de acordo com as ideias estéticas de cada tempo e lugar, incorporando
as inovações técnicas, rítmicas, visuais, sentimentais e expressivas, com linguagens e
possibilidades artísticas semelhantes.
Temos a compreensão, assim como Barbosa (1991, p. 111), que "a matemática, a
história e as ciências, assim como a dança tem um domínio, uma linguagem, uma
história. Se constitui, portanto, num campo de estudos específicos e não apenas
em mera atividade", sendo uma das formas da cultura corporal de diversos povos
inseridos nesse universo da cultura e arte.
Temos a compreensão que educação física escolar é uma prática cultural, com
uma tradição apoiada em certos valores. Ela ocorre historicamente em determinado
cenário, com certo enredo e para determinado público, que necessita de certa
expectativa. Embora haja consenso sobre o objetivo de promover o desenvolvimento
Existe uma enorme necessidade de que a dança seja instituída como saber e
conhecimento pelos professores nas aulas de educação física, pois está presente
desde os primórdios até a atualidade, estando enraizada na cultura da humanidade,
permitindo ao homem expressar seus sentimentos, emoções, desejos, interesses e
sonhos. Para Rinaldi (2003, p. 8):
Segundo Verderi (2000), a dança, associada à educação física, deverá ter um papel
fundamental enquanto atividade pedagógica e despertar no educando uma relação
concreta sujeito-mundo. Por este motivo, deverá propiciar atividades geradoras de
ação, reflexão e compreensão, favorecendo a estimulação para ação e decisão no
desenrolar das mesmas, para assim, poder modificá-las frente a algumas dificuldades
que possam aparecer e por meio dessas mesmas atividades, reforçar a autoestima, a
autoconfiança e o autoconceito dessas crianças e adolescentes.
• Melhorar percepção de que o corpo está dividido em partes, e que estas podem
movimentar-se de formas diferentes.
• Egocentrismo.
• Criatividade.
• Imaginação e fantasia.
• Alta energia.
• Correr, saltitar, saltar para frente, para trás, à direita, à esquerda em velocidades
diferentes e ritmos variados.
Características específicas
• Têm medo de novas situações, são tímidas e não querem perder a segurança
do que lhe é familiar.
• Realidade e fantasia/ilusão.
6 anos de idade:
- força
- equilíbrio
- resistência muscular
- ritmo
- velocidade de movimento
- descontração voluntária
- coordenação
- agilidade
- orientação espacial
- flexibilidade
Uma situação a ser lembrada e refletida diz respeito ao fato de não ser raro
encontrarmos na pré-escolado setor privado “aulas de balé” para as meninas e de
“karatê” para os meninos. Nesses casos, a educação empobrece, além de se limitar
as possibilidades das crianças de contato com diferentes temas da cultura corporal,
reforça-se uma visão “sexista”, extremamente equivocada.
As crianças, desde muito cedo, vão aprendendo que “dança é para o gênero
feminino” e “luta é para o gênero masculino”, reforçando estereótipos em relação às
práticas corporais e aos diferentes papéis na sociedade desempenhados por meninas
e meninos, mulheres e homens. Assim, mais tarde, serão o “futsal dos meninos” e
o “vôlei das meninas” alguns dos principais exemplos de estereotipias no âmbito da
educação física escolar, as quais têm reforçado bastante a ideia de turmas separadas
II. a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, das artes, arte
da tecnologia e dos valores em que se fundamenta a sociedade;
• Sociabilização.
• Competição.
conferir e dar uma nova identidade ao Ensino Médio, determinando assim, que o
Ensino Médio é também Educação Básica. A Constituição, portanto, confere a esse
nível de ensino o estatuto de direito de todo cidadão.
O marco desse momento histórico está dado pela Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB), que aponta e direciona o caminho político para o novo
Ensino Médio brasileiro.
A lei estabelece uma perspectiva para esse nível de ensino que integra, numa
mesma e única modalidade, finalidades até então dissociadas, para oferecer, de
forma articulada, uma educação equilibrada e fortalecida, com funções equivalentes
para todos os educandos:
A dança é aplicada no Ensino Médio para adolescentes com faixa etária a partir
dos 14 anos de idade. Assim, para que possamos conhecer melhor este público,
seguem algumas características apresentadas por estes educandos:
• Ideais hipotéticos.
• Variações de humor.
• Escolha da profissão.
• Sexualidade.
Neste nível de ensino é importante saber trabalhar com dança para desenvolver
as habilidades necessárias. Assim, seguem alguns procedimentos que o professor
pode utilizar em suas aulas:
Seção 3
ação pedagógica. Assim conheceremos sua real importância através dos pontos
destacados logo a seguir:
Segue uma sugestão de plano de aula de dança, onde iniciamos com as seguintes etapas:
• Cabeçalho
1. Slogan da escola
2. Nome da escola
5. Série/ano: 9° ano
• Objetivo:
• Conteúdo
• Recursos materiais.
Som, CD e colchonetes.
• Avaliação.
Planejar o plano de aula dá mais experiência para antecipar o que pode acontecer.
Com base nisso, o professor se prepara para os possíveis caminhos que a atividade
vai tomar. Não é desejável prever cada minuto da aula. É necessário que dentro do
plano de aula esteja previsto tempo e espaço para os alunos se manifestarem, pois
a possibilidade de indisciplina é grande e de aprendizado problemático também se
isso não ocorre.
Para saber um pouco mais sobre como fazer um plano de aula dança,
acesse o link: <http://bancodeatividades.blogspot.com.br/2009/11/
plano-de-aula-som-e-movimento.html>.
Definimos também evento como uma iniciativa que tenha o objetivo de reunir
pessoas para finalidade diversas, tais como: comemorações, festividades, intercâmbio
de conhecimentos, de experiências e troca de informações.
Tipos de eventos:
1. Espetáculos de dança.
2. Congressos.
3. Seminários.
4. Festas temáticas.
5. Festivais de dança.
Conceitos:
1. Espetáculos
2. Congresso ou seminário
Dicas para que o evento de congresso e seminários ocorra com maior êxito.
• Não é possível dar uma palestra e uma boa entrevista ao mesmo tempo. Separe
as duas coisas, dando uma coletiva à imprensa antes do evento, liberando, assim, os
jornalistas que precisam voltar correndo às redações.
• Sala para 300 pessoas onde só aparecem 220 cria alguns problemas de
comportamento. No primeiro sinal de que a sala não irá encher, isole com fita
crepe as últimas 5 fileiras, ou tantas quantas forem necessárias obrigando todos a se
sentarem juntos e na frente. Caso contrário, as últimas fileiras lotam por primeiro, e
os retardatários irão atrapalhar seu evento procurando os assentos na frente.
3. Festas Temáticas
- EXEMPLOS: Dia das mães, Natal, Páscoa, Dia do Índio, Festas Juninas etc.
4. Festivais de Dança
• Dimensionar o evento.
Referências
BARBOSA, Ana Mãe. A imagem no ensino da arte: anos oitenta e novos tempos. São
Paulo: Perspectiva, 1991.
BÈRGE,Y. Viver o seu corpo por uma pedagogia do movimento. 2. ed. São Paulo:
Martins Fontes, 1998.
BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.
Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental –
Educação Física. Brasília, 1997.
BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria da Educação Média e Tecnológica.
Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio / Ministério da Educação. Secretaria
de Educação Média e Tecnológica / Brasília: Ministério da Educação, 1999.
BRASIL. Ministério da Educação. Lei n. 10.793, de 1/12/2003. Altera a redação do artigo
26 §3º, e do artigo 92 da Lei n. 9.394, de 20/12/1996. Presidência da República –
Casa Civil – Subchefia de Assuntos Jurídicos. Disponível em: <www.planalto.gov.br>.
Acesso em: 12 abr. 2008.
BRASILEIRO, Lívia Tenório. O conhecimento no currículo escolar: o conteúdo dança
em aulas de Educação Física na perspectivacrítica. 2001. Dissertação (Mestrado em
Educação) – UniversidadeFederal de Pernambuco, Recife, 2001.
BRASILEIRO, L. T. O conteúdo dança em aulas de educação física: temos o que
ensinar? Revista Pensar a Prática, Goiânia, n. 6, p. 45-58, 2003.
BRASILEIRO, L. T. Diálogos necessários sobre dança e educação física. In: CONGRESSO
ESPÍRITO-SANTENSE DE EDUCAÇÃO FÍSICA, 2007, Vitória. Anais... p. 18-28.
CHAVES, E. A escolarização da dança em Minas Gerais (1925 – 1937). 2002. 160 f.
Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas
Gerais, 2002, Belo Horizonte.
CORREIA, Marcos Miranda. Incluindo a Dança nas Aulas de Educação Física. In:
X EnFEFE – Encontro Fluminense de Educação Física Escolar, Niterói – RJ, 2006.
Disponível em: <http://cev.org.br/biblioteca/incluindo-danca-nas-aulas-educacao-
fisica/>. Acesso em: 12 jun. 2012.
DELORS, J. et al. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a Unesco da
Comissão Internacional sobre a Educação para o Século XXI. 5.ed. São Paulo: Cortez,
2001.
MANIFESTAÇÕES
FOLCLÓRICAS E AS DANÇAS
REGIONAIS
Objetivos de aprendizagem:
• Introduzir os conceitos de folclore, cultura, cultura popular e erudita,
bem como danças populares aplicados à Educação Física;
• Resgar o histórico social das manifestações folclóricas e dos modelos
oriundos das etnias constituintes da população brasileira;
• Analisar pedagogicamente a aplicabilidade da dança popular;
• Ressaltar a importância de um enfoque multidisciplinar em relação ao trabalho
com danças folclóricas e populares como forma eficaz de inclusão social;
• Levar os alunos a uma reflexão crítica sobre a importância das danças
folclóricas e populares na sociedade atual;
• Fortalecer as relações sociais por intermédio das danças folclóricas
como linguagem expressiva de uma população.
Introdução à unidade
Além disso, serão citados alguns trechos da LDB (Lei de Diretrizes e Bases
da Educação) e do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) que colocam as
manifestações culturais como elemento essencial para formação da criança e do
estudante brasileiro.
Seção 1
Por isso, é cada vez mais oportuno para os professores de educação física na
escola conhecer e se aprofundar em saberes e recursos que envolvam um maior
número de possibilidades de inclusão do aluno.
1.1 Desenvolvimento
Mas o que essas festas têm em comum e no que elas interessam ao estudioso e
profissional de educação física?
Bem, todas essas festas têm muita dança, folguedo e isso é um fenômeno de grande
interesse, para o educador que, em última instância, deve conhecer o corpo humano,
Muito se tem discutido sobre o termo folclore. Uma abordagem mais simplificada
traz a definição que se designa pela junção de duas expressões estrangeiras: folk e
lore. A expressão vem do inglês e quer dizer “saber do povo”.
Vale destacar que, mesmo antes desses apontamentos capitaneados pela UNESCO,
gerados, em parte pelos traumas causados pela 2ª Guerra Mundial, o Brasil dispunha
de grandes folcloristas: Câmara Cascudo, Mário de Andrade, Cecília Meireles, Silvio
Romero, Gilberto Freyre, Artur Ramos, Alceu Maynard Araújo, Frederico José de Santa-
Anna Nery, entre outros que catalogaram nossos usos e costumes em vários pontos do
território nacional.
Percebe-se, contudo, que não existe uma fronteira engessada que não permite
um trânsito de influências. Muito pelo contrário. Em muitos momentos a cultura
erudita estuda e toma como fonte de inspiração o popular, enquanto o popular
assimila elementos oriundos do erudito. É o caso do xote (dança das elites que foi
assimilado no meio popular) e do maxixe (dança que teve origem entre os escravos
e que ganhou os salões cariocas com misturas do lundu e do tango argentino).
O AUTO DA COMPADECIDA
O Auto da Compadecida foi uma peça escrita em 1955 e levada para o cinema
pelo grupo de comédia Os Trabalhões em “Os Trapalhões no Auto da Compadecida”,
de 1987 e depois foi rodado em 1999, por Guel Arraes tendo um sucesso ainda
maior e levando milhões de espectadores aos cinemas no Brasil e outros países.
Para Souza (2011, p. 65), cultivar a tradição, exercício recorrente nos grupos
parafolclóricos, é necessário:
Ícones
<http://www.cnfcp.gov.br/> site do Centro Nacional de Folclore e Cultura
Popular (CNFCP) é a única instituição pública federal que desenvolve e
executa programas e projetos de estudo, pesquisa, documentação, difusão
e fomento de expressões dos saberes e fazeres do povo brasileiro.
<http://www.funarte.gov.br/> site da Fundação Nacional de Artes – Funarte
vinculado ao Ministério da Cultura, incentiva à produção e à capacitação
de artistas, o desenvolvimento da pesquisa, a preservação da memória e a
formação de público para as artes no Brasil.
A LDB (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996), nas suas primeiras linhas revela
sua definição de educação e ali está incluída a manifestação cultural como fator
integrante para o desenvolvimento:
específicas na história. Utilizam diversas formas de arte, como, a música, dança e teatro.
O que você achou da leitura desse texto? Quais lições podemos tirar de
como a dança era vivida numa comunidade indígena?
Seção 2
Conhecendo as danças folclóricas e os folguedos
Como vimos na seção anterior, folguedos tem um enredo, a participação de
personagens, ou seja, remete a uma encenação. Enquanto a dança é a reprodução da
técnica e do movimento que caracterizam uma determinada dança.
2.1 Desenvolvimento
Antes da linguagem estruturada como conhecemos hoje era o movimento
corporal o maior canal de expressão do ser humano. O homem tem a necessidade
de expressão e desde cedo aprendeu a fazer isso através do seu corpo o que, com
o tempo, começou a se estruturar em passos, ritmos, danças que, por sua vez,
tomaram lugar junto a rituais comunitários ligados à religiosidade, às colheitas, às
celebrações, à guerra.
A dança tem reconhecidos impactos tanto físicos quanto psicológicos para quem
os pratica. Ela ressalta a beleza, o humor, equilibra os sentimentos, autoestima, interação
social. Além disso, traz impacto no rendimento cognitivo e, portanto, acadêmico e escolar.
Por ser associada a momentos de ócio e lazer, a dança está presente nos
principais feriados, festas e até em alguns eventos religiosos. A dança nas festividades
religiosas se faz presente desde os cortejos em situações que evidenciavam a relação
entre o sagrado e o profano. No Brasil colonial, não poucas vezes isso foi motivo de
conflitos, pois esses eventos ensejavam integração social, racial e econômica nem
sempre harmônica.
“Também digo, e aviso que se deve por grande cuidado (os que
têm obrigação de fazer) que se não permitam, nem consintam, que
vão encaretados com danças desonestas diante das procissões; e
principalmente onde vai o Santíssimo Sacramento, pelo que tenho
visto fazer esses caretas de desonestidades tão publicamente;
porque não é para crer, o que costumam fazer estes tais vadios,
em semelhantes lugares, diante de mulheres honradas e moças
donzelas, que estão pelas janelas para verem as procissões,
incitando-as, e provocando-as por este meio a muitas lascívias
com semelhantes danças e músicas torpes tão publicamente que
parece (como é certo) que os mandam ao diabo, que vão diante
das procissões provocar e incitar aos homens e mulheres, para que
não estejam com aquela devida reverência e devoção, que se deve
ter a Deus e a seus Santos. (CASCUDO, 2000, p. 58).
Para eles as danças possuem diversas funções como, por exemplo: comemoração
de datas religiosas, homenagens, agradecimentos, saudações às forças espirituais, dentre
outras. Isso também acontecia com os povos europeus e africanos que aqui chegaram.
Essas questões são importantes porque nos fazem pensar, no ambiente escolar, na
relação entre os valores e as informações repassadas pelos professores. O professor
deve saber lidar com os diferentes credos que coexistem em sala de aula, respeitando
as diferenças e até buscando abrir oportunidades para o diálogo inter-religioso.
Muitos movimentos que vão formar ritmos folclóricos são originados do cotidiano
de trabalho da comunidade, assim os pescadores têm movimentos próprios, os povos
coletores têm determinados movimentos de mãos e pés, os agricultores têm gingados
específicos etc.
Afoxé
Baião
Dança e canto típico do nordeste brasileiro, o baião passou por uma renovação
que foi a versão difundida pelos compositores Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira.
Com influência indígena, a dança se assemelha ao forró, pois é dançada em pares
com movimentos e passos semelhantes.
Balainha
Bandas Cabaçais
Batuque
Bumba-meu-boi
Caboclinho
Camaleão
Dança de origem portuguesa, sua expressão foi associada ao ciclo do açúcar. Foi
expandida entre colônias de pescadores, festas de casamento e cordões. Está presente
no Nordeste, Centro Oeste e Sudeste com variações.
Capoeira
Carimbó
Cavalhada
Cavalo Piancó
Chula
Ciranda
Coco
umbigadas uns nos outros. Um solista fica ao centro “puxando o coco”. É apresentado
ao som de caixas, pandeiros, ganzás e íngonos. Os instrumentos denotam a predomínio
africano, mas também possui elementos nativos.
Maxixe
Tal como o lundu é considerada uma dança sensual e por isso teve restrições até
o final do século XIX. Seu ressurgimento tomou força no século XX com adaptações
para o grande público adentrando os salões principalmente no Rio de Janeiro.
Como herança de Portugal, essa dança resgata um santo popular daquele país.
Está presente em vários estados do Nordeste e Sudeste. É dançado com duas fileiras
de homens e mulheres ou somente com mulheres. Geralmente, os dançadores se
vestem de branco.
Dança do Lelê
Fandango
Acredita-se que a dança chegou à região sul do Brasil pelos portugueses por
volta de 1750. Os dançarinos e as dançarinas recebiam o epíteto de folgadores e
folgadeiras. Usam vestimentas típicas da região e dançam em par, mas sem se tocar.
Os instrumentos mais comuns são violas, rabecas, acordeão e pandeiro. A dança
contém traços de valsas e bailes e envolve passos, música e canto.
Forró
Com influência dos salões europeus e elementos da dança indígena, o forró tem
ascendência portuguesa, francesa, espanhola e holandesa (figurando assim as principais
nações que estiveram no Brasil no período colonial). O termo surgiu provavelmente
do francês faux-bourdon, que se tornou forrobodó, o nome dos bailes populares.
De Sergipe até o Piauí é comum a existência de casas de forró. Vários instrumentos
integram as bandas, mas o elemento sonoro indispensável decididamente é a sanfona.
Frevo
Gambá
Jongo
Lundu
Proibida por ser considerada uma dança sensual, o Lundu também tem origem
entre os negros trazidos como escravos. Na dança, homem e mulher saracoteiam
seus corpos ao som de tambores e batuques. Após muitos anos sendo praticado “às
escondidas”, o lundu foi aparecendo nos salões e festas. É encontrado nos estado de
Minas Gerais, São Paulo e Pará.
Dança popular que reúne também canto e declamações; ocorre entre a véspera
de Natal e o dia de Reis (seis de janeiro). Também chamada de Folia de Reis, essa dança
envolve cantores e músicos que vão pelas ruas, passando de casa em casa, anunciando
a chegada do Messias. As pessoas que participam interpretando personagens e
tocando violão, sanfona, triângulo, zabumba. Presente em várias regiões do Brasil.
Figura 4.4 | Reisado do Grupo Brincantes de Teatro – Russas, CE
Maculelê
com um grande feito heroico. De origem indígena e com influência africana, a dança
apresenta parentesco com a Capoeira e guarda semelhanças com o Maneiro-pau
(SERAINE, 1978).
Nas noites de luar o caboclo chama “jogar o maneiro-pau” o ato de juntar um grupo
de homens e jovens manejadores de cacete encenando um duelo ou tocando o
chão (SERAINE, 1974). O acompanhamento é apenas o ritmo do troar dos cacetes. Os
componentes ficam em fila indiana, cada um com seu porrete, enquanto um puxador
solista recita ou improvisa quadras e martelos (tipos de versos). No Sudeste, é comum o
cruzamento com elementos do bumba-meu-boi (com a mulinha e o jaraguá).
Marabaixo
Maracatu
Uma das versões do surgimento do Maracatu dá conta de que foi trazido pelos
portugueses ao Brasil por volta de 1700. Já outros autores defendem sua origem
africana (sudanesa) dado sua forte simbologia. Os dançarinos usam vestimentas
que remetem à realeza e à nobreza e todos os brincantes pintam a face com tinta
negra. Hoje encontramos Maracatu no Carnaval de Fortaleza e o Maracatu Rural em
Pernambuco. Há presença de instrumentos de percussão como zambumbas e ganzás
que denotam a influência africana na dança.
Figura 4.5 | Negros são representados no Maracatu que acontece no Carnaval de Fortaleza,
Ceará (2012)
Figura 4.6 | Índios são representados no Maracatu que acontece no Carnaval de Fortaleza,
Ceará (2012)
Quadrilha
Pau-de-fita
Dança originária da região Sul do Brasil, o pau de fita tem influência ibérica.
Desenvolve-se em torno de um mastro com três metros de comprimento com fitas
coloridas em sua ponta superior. Os pares seguram cada um uma fita e dançam girando
e se revezando em torno do mastro formando um belo trançado (cujos tipos são
variados) ao final. Os dançadores vestem belos e vistosos trajes. Homens e mulheres
dançam ao comando do mestre. Os movimentos marcam as fases de cultivo da terra.
Samba
Serafina
Siriá
Dança típica do Pará surgiu com esse nome devido ao consumo de siri que servia
de alimento aos escravos famintos. Uma vez saciados os grupos de negros e caboclos
queriam celebrar a refeição diária e graças ao sotaque o nome ficou Siriá. Guarda
semelhanças com o Carimbó.
Siriri
Tambor de Crioula
Torém
Vaquejada
Vilão
Xaxado
Dança criada pelos “cabras” de Lampião, famoso cangaceiro, e daí difundida por
todo o Nordeste. O nome surgiu do arrastado das alpargatas no chão “xá, xá, xá” e era
dançada apenas por homens. Até hoje a indumentária remete à estética do cangaço.
Xote
1. Você conhece uma dança folclórica que não está incluída nesse
material? Você já teve vontade de praticar uma dança folclórica?
2. Qual é a diferença entre danças como hip hop e as danças
folclóricas, por exemplo?
Seção 3
3.1 Desenvolvimento
A dança é uma manifestação corporal que nos ajuda a tomar consciência do corpo
e a usá-lo de forma expressiva. Por isso, a dança tem características regionais, sociais e
políticas. Ela está diretamente ligada ao local em que seu criador vive.
Esse processo de socialização inicia-se ainda nos séculos XV e XVI nos processos
de transformação gerada no Renascimento Cultural desse período, onde as danças
sociais praticadas pela burguesia com o intuito de gerar entretenimento e recreação,
ganham as camadas populares e passam a ser chamadas “danças populares”. É este
Pinto (1983) acredita que a dança folclórica contribui para a adaptação social,
pelos contatos que proporciona e pela oportunidade de distração e acomodação
psicológica. Enseja, por outro lado, conhecimentos de geografia, história, literatura,
trabalhos manuais, desenho e ciências, sem esforço, além de conhecimentos de
ritmo, dança e música.
O referido documento diz que fazem parte do bloco das atividades rítmicas ”as
manifestações da cultura corporal que tem como características comuns a intenção de
expressão e comunicação mediante gestos e a presença de estímulos sonoros como
referência para o movimento corporal. Trata-se das danças e brincadeiras cantadas”
(BRASIL, 1997, p. 51). E sugere como possibilidade de abordagem as danças brasileiras,
as danças urbanas, danças eruditas, danças e coreografias associadas à música.
Os PCN (1997) afirmam que, por meio das danças e brincadeiras, os alunos
poderão conhecer as qualidades do movimento expressivo, conhecer algumas
técnicas de execução de movimentos e utilizar-se delas; ser capazes de improvisar,
de construir coreografias, e, por fim, de adotar atitudes de valorização e apreciação
dessas manifestações expressivas.
Reforçando essa ideia, Sborquia e Neira (2008) observam que muitos professores
tentam romper com as danças realizadas em dias comemorativos do calendário
escolar, para trabalhar de forma contextualizada as danças folclóricas, no entanto, estas
se apresentam ainda precárias em relação a conhecimentos mais aprofundados, e logo
o fazer pedagógico torna-se o mesmo, sem alterações no trato com o conhecimento.
Dessa forma é necessário compreender que é possível tematizar no currículo da
Educação Física escolar as danças folclóricas, entendendo que estas representam um
artefato cultural, capaz de manifestar as crenças e valores constituídos por diferentes
grupos sociais ao longo do tempo.
Sendo assim, Carbonera e Carbonera (2008, p. 25) dizem que “sabemos que a
Educação Física desenvolvida de forma consciente respeita as diferenças, ou seja, as
individualidades de cada um e não dicotomiza o ser humano, não separando o corpo
físico do mental, entendo que ambos funcionam de modo integral”. Portanto, a dança
é composta de extrema flexibilidade, efemeridade e liberdade de expressão, e, por ser
ainda uma forma de conhecimento livre do pensamento verbal, se torna aquela que
tem condições de acompanhar a gradual evolução e dinâmica da sociedade.
Tonedo (2008, p. 39), por sua vez, “considera o ser humano indissociado da
cultura, na qual natureza e cultura constituem o todo”. Isto quer dizer que considera
o corpo como construção cultural, e o homem, por meio de seu corpo, sendo o
portador dessas especificidades culturais, as expressa por meio dos movimentos e
gestos corporais. Portanto, no caso das danças folclóricas, vista como a expressão de
uma cultura pelo corpo, é possível perceber as diferenças de expressão corporal de
cada sociedade a partir da observação dos movimentos corporais.
Portanto, a dança é uma prática corporal que leva a pessoa a aperfeiçoar suas
qualidades físicas, bem como auxiliar na formação dos atributos sociais e morais;
contribuindo assim para o aperfeiçoamento integral do ser humano. A dança pode
levar o indivíduo a extravasar as inibições criadas pela sociedade.
Sobre isso, Izumi e Martins Jr (2006) dizem que os meninos, em geral, apresentam
mais dificuldades em aprender a dança do que as meninas devido aos preconceitos
presentes na sociedade, à falta de vivência com a dança, à preferência natural pelos
jogos pré-desportivos e à falta de consciência corporal. Aspectos em que a dança
contribui para o desenvolvimento dos alunos apontados por Izumi e Martins (2006) são
o resgate da cultura e a melhoria do relacionamento aluno-aluno e aluno-professor,
bem como a coordenação motora, a concentração e a capacidade aeróbica.
Enfim, é primordial que o educador reflita sobre seu papel como mediador de
conhecimentos, que busque alternativas favoráveis e estimulantes para levar o aluno
a pensar e construir ideias que permitam a ele produzir e agir na sociedade de forma
reflexiva, contribuindo para a transformação social.
- Socialização;
- Resgate da cultura;
- A inclusão;
Ensino Médio: Faixa etária de bastante energia e vigor físico, portanto, as danças devem ser
mais vibrantes, com coreografias mais complexas envolvendo graus de habilidades variadas
Dançar é uma das maneiras mais divertidas e adequadas para ensinar, na prática,
todo o potencial de expressão do corpo humano. Enquanto mexem o tronco, as
pernas e os braços, os alunos aprendem sobre o desenvolvimento físico. Introduzir
a dança na escola equivale a um tipo de alfabetização. "É um ótimo recurso para
desenvolver uma linguagem diferente da fala e da escrita, aumentar a sociabilidade do
grupo e quebrar a timidez", afirma Atte Mabel Bottelli, professora da Faculdade Angel
Viana e da Universidade Federal do Rio de Janeiro. E o melhor: o trabalho pode ser
feito com turmas de todas as idades e de forma interdisciplinar, envolvendo as aulas
de Artes e de Educação Física.
tensão. Esse estado tira o corpo da postura vertical, fundamental para que os sentidos
(visão, audição etc.) funcionem bem e para manter a concentração inclusive nas aulas.
Fique atento: nos garotos, as evidências mais comuns do encurtamento dos músculos
são o corpo jogado para trás, a coluna curvada ao sentar e as pernas abertas quando
estão parados em pé. Já nas meninas, um corpo mal-educado se revela pelo abdome
saliente, o bumbum empinado para trás e os ombros contraídos. Em ambos, pescoço
tenso, coluna pouco ereta e desinteresse por esportes são motivos para deixar pais
e educadores alertas. Passos de dança e o alongamento contribuem para evitar a
tensão. "A dança é a única manifestação artística que realmente integra o corpo e a
mente", afirma Marília de Andrade, professora da Universidade Estadual de Campinas.
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