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Figura 1. Granito branco contrastando com a cobertura de cor marrom produzida por
líquens e fungos. Praticamente todas as vertentes rochosas expostas às chuvas são
cobertas por essa película orgânica, apenas as áreas protegidas da água ficam livres e a
verdadeira cor e textura da rocha aparece. Este gigantesco desplacamento ocorreu em
Castelo (ES) e é comum. Basta olhar os grandes diedros e tetos presentes em muitas
paredes rochosas para perceber que a origem foi por um processo semelhante. Foto:
Antonio Faria.
Figura 2. Erosão diferencial entre dois granitos distintos, produzindo agarras enormes e
buracos. Parque Estadual dos Três Picos (RJ). Foto: arquivo do autor.
Figura 4. Nos granitos com textura fina são comuns agarras do tipo reglete formadas
pela esfoliação da rocha. Os desplacamentos maiores formam batentes, platôs e tetos.
Quixadá (CE). Foto: acervo do autor.
gerando lacas soltas e regletes (D). Este mesmo processo serve para desplacamentos
maiores que geram platôs, diedros e tetos. Ilustração: Antonio Faria.
3.2. Sienito
É rocha predominante do Maciço do Itatiaia (RJ/MG). É um granitoide muito
parecido com o granito, porém, os grãos minerais são pequenos (Figura 6). Os diversos
tipos de sienito também se formaram pelo resfriamento e solidificação do magma no
interior da crosta, mas em ambientes geológicos distintos. Os granitos brasileiros
formaram-se em zona de colisão de placas tectônicas e os sienitos foram produzidos em
zona de divergência. Isso quer dizer que os magmas são diferentes, com propriedades
químicas distintas. Logo após a separação entre a América do Sul e a África,
aproximadamente há 60 milhões de anos, grandes volumes de magma basáltico
entraram na crosta ao longo de extensas falhas geológicas, conhecidas como rift. Esse
tipo de magma dá origem a feldspato alcalino, que pode chegar a 65% do volume da
rocha. Os exemplos mais famosos e que tem escaladas são as Agulhas Negras e as
Prateleiras, no P.N.I. (Figura 7).
Figura 7. Sienito do Pico das Agulhas Negras (RJ-MG). A quase ausência de quartzo e
mica e abundancia de minerais mais solúveis favorecem a formação de canaletas
produzidas pela a passagem da água. Foto: Antonio Faria.
3.3. Basalto
No Brasil quase 1% das linhas de escalada foi aberto neste tipo de rocha. Os
basaltos que afloram hoje na parte continental do País foram produzidos por
gigantescos derrames de lava que geraram camadas distintas, principalmente entre 137
e 127 milhões de anos atrás, quando a América do Sul e a África começaram a se separar.
Esses derrames que saiam de inúmeras extensas falhas geológicas cobriram boa parte
da Região Sul do Brasil, partes de São Paulo e de Mato Grosso do Sul, produzindo uma
variedade de rochas vulcânicas, sendo o basalto a mais resistente. Esta rocha é muito
densa e dura, e com textura microgranular, grãos menores que 1 mm. Em certas
camadas podem surgir muitas bolhas de tamanhos variados (basalto vesicular) e quando
expostos se transformam em buracos. São comuns fendas horizontais desenvolvidas
entre as diferentes camadas, e quando ocorre rápido resfriamento e cristalização do
magma derramado (lava), a rocha sofre contração formando fraturas verticais
produzindo colunas hexagonais (basalto colunar), como é visto em um trecho do litoral
da Ilha Fernando de Noronha. Porém, a origem é diferente e muito mais recente, entre
3 e 2 milhões de anos. Neste caso a lava teve origem no vulcão que formou a ilha (Figuras
8 e 9). Os exemplos mais conhecidos com escaladas são: Monte Malakoff (RS), Gruta
Terceira Légua (RS), Torres (RS) e Ortigueira (PR).
Figura 8. Basalto com dois tipos de textura. A parte superior é maciço e colunar, e a faixa
abaixo tem padrão vesicular (buracos). Ilha Fernando de Noronha. Foto: Antonio Faria.
Figura 9. O basalto que aflora em Torres (RS) é denso e duro. Tem fraturamentos
verticais e horizontais que produzem clivagem do tipo placa retangular alongada e cubo,
tornando essas paredes instáveis. Foto: Antonio Faria.
3.4. Diabásio
Algumas dezenas de milhões de anos atrás existiam muitos vulcões entre o Rio
de Janeiro e Santa Catarina. Todas essas montanhas vulcânicas foram erodidas, mas
sobraram algumas rochas resistentes que servem como referência, como o diabásio. As
correntes de magma se dirigiam para a superfície através das fissuras e falhas
geológicas, mas com a interrupção dos fluxos solidificou-se dentro dos dutos,
extinguindo os vulcões. A cristalização relativamente rápida do magma dentro dessas
fendas forma o diabásio, que é rocha com microcristais difíceis de serem observados
sem instrumentos. É ainda dura, densa e cores que variam entre o amarelo e o preto.
Os diversos tipos de diabásio formam diques que cortam as rochas mais antigas. Os
exemplos mais conhecidos com escaladas são: Campo Escola das Paineiras na Floresta
da Tijuca (RJ), e a Escada de Jacó, que corta o Pão de Açúcar (RJ). No litoral de Santa
Catarina algumas linhas de escalada também foram estabelecidas sobre esta rocha
(Figuras 10 e 11).
Figura 10. Diabásio de cor clara. Não é possível observar cristais sem instrumentos
devido ao tamanho reduzido dos grãos minerais, geralmente formados de plagioclásio
(feldspato), piroxênio, magnetita e ilmenita. Vale da Utopia (SC). Foto: arquivo do autor.
Figura 11. Dique de diabásio cortando granito de cor vermelha. O intenso fraturamento
é causado pela diminuição do volume da rocha no processo de resfriamento do magma.
A cor deste diabásio é preta, a superfície se encontra avermelhada devido à oxidação e
ao intemperismo. Palhoça (SC). Foto: Antonio Faria.
Figura 12. O Pico do Monumento é uma formação de fonólito que sobrou da parte
central do vulcão erodido. A imagem foi feita quando escaladores foram abrir as
primeiras linhas de escalada desta formação e também da Ilha da Trindade. Foto: Sandro
Souza.
Aproximadamente 90% das linhas de escalada no Brasil estão sobre vários tipos
de rochas metamórficas. As que importam para os escaladores e montanhistas
brasileiros são as que sofreram modificações de granitos antigos e recebem o nome
ortognaisse ou gnaisse granítico. Os gnaisses que sofreram metamorfismo de rochas
sedimentares lamosas (lamitos) e arenitos não quartzosos, são denominadas de
paragnaisse. Arenito quartzoso se transforma em quartzito e os conglomerados em
meta-conglomerado. O calcário se transforma em meta-calcário ou mármore (Figura
13).
Figura 13. Mosaico de rochas ígneas e metamórficas. Esta formação foi gerada em zona
de convergência de antigas placas tectônicas, quando foi criado o supercontinente
Gondwana. Nessas zonas de “choque” de placas continentais as rochas sofrem grandes
transformações e surgem novas entrecruzadas. Nesta imagem aparece um escalador
como referência. Arraial do Cabo (RJ). Foto: arquivo do autor.
4.1. Gnaisse
Cerca de 20% das linhas de escalada no País foram abertas nos gnaisses, porque
são muito comuns na Região Sudeste do Brasil. Por exemplo, este tipo de rocha cobre a
maior parte do Estado do Rio de Janeiro. Além disso, aflora pontualmente em alguns
trechos da Região Nordeste. A rocha mais antiga da América do Sul é um paragnaisse
encontrado na parte central da Bahia, com idade de 3,65 bilhões de anos. Uma parte
dos gnaisses é produzida em zonas de convergência de placas tectônicas, onde ocorre
Figura 14. Gnaisse granítico facoidal. Estas faixas paralelas onduladas foram produzidas
pelas “linhas de fuga” durante a fase de cristalização. Feldspato e mica se concentraram
em faixas de acordo com as suas densidades, seguindo a direção do fluxo do magma.
Esta situação favoreceu a formação de cristais de feldspato maiores, dando origem a
boas agarras. Foto: Antonio Faria.
Figura 15. As agarras de cristais nos granitos e gnaisses são quase todas de feldspato
(ortoclásio e plagioclásio). Os grãos com raízes rasas são instáveis e podem se soltar com
o peso da pessoa. Muitas vezes os cristais parecem pequenos e frágeis, com menos de
1 cm exposto (para fora), porém, a maior parte do cristal pode estar dentro da rocha
formando raiz longa e resistente. Os cristais quando são expostos pela erosão da rocha
se dilatam formando microfissuras, tornando-os instáveis, e muitos se quebram não
importando do tamanho - Ilustração: Antonio Faria.
Figura 17. O Migmatito é um tipo de gnaisse com alto grau de metamorfismo que
apresenta faixas dobradas e retorcidas. Barra de Guaratiba (RJ). Foto: Antonio Faria.
Figura 18. Boca de uma caverna na Serra do Cipó com formações de espeleotemas. As
estalactites podem crescer muito podendo gerar instabilidade. Por isso se fraturam e
caem. Na esquerda aparece o mármore com pequenos dobramentos. Foto: Antonio
Faria.
copinhos que servem de agarra para muitas linhas de escalada. Eles também são
formados pelo represamento da água dentro das canaletas.
Alguns setores são mais propícios à formação de placas rochosas soltas que
podem ter vários tamanhos, algumas pesando várias toneladas. As quedas das pequenas
placas formam agarras do tipo reglete e batente, e as grandes geram pequenos platôs.
Não é raro encontrar placas soltas que estão na iminência de cair, inclusive em algumas
linhas de escalada. Portanto, as pessoas precisam estar atentas a isso porque já
ocorreram vários acidentes.
Figura 19. Mármore típico de Arcos (MG). Nesta área a rocha sofreu dobramento de
menor intensidade. Canaletas e fendas verticais cruzam as fraturas e camadas planas e
horizontais produzindo agarras fartas de vários tipos. Foto: Antonio Faria.
Figura 21. Arenito com resistência mediana. A superfície avermelhada foi criada por
óxido de ferro que desenvolveu uma capa mais resistente, de aproximadamente 1 cm
de espessura. A erosão desta capa forma regletes e batentes e expõem as camadas
originais do arenito, onde são produzidos buracos. Campo Escola do Behne, Novo
Hamburgo (RS). Foto: Antonio Faria.
Figura 22. Meta-arenito com a erosão pluvial criando canaletas que cortam as
depressões horizontais paralelas, formadas pelo desgaste diferencial entre as camadas.
Este cruzamento gera enormes agarras do tipo cogumelo, entre outros tipos. Setor
Corpo Seco, Piraí do Sul (PR). Foto: Antonio Faria.
Figura 23. Quartzito maciço, com várias camadas distintas. Apesar da extrema dureza,
entre as camadas são geradas faixas menos resistentes onde a rocha se quebra. Este
processo cria muitos batentes e platôs de diversos tamanhos. Morro do Pai Inácio,
Chapada Diamantina (BA). Foto: arquivo do autor.
Figura 24. Quartzitos com cruzamento de fraturas produzindo blocos. É a rocha que
apresenta o maior risco para escaladores no Brasil devido ao tamanho dos fragmentos.
Fotos: Antonio Faria.
As Rochas na Escalada Brasileira – Antonio Faria.
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5. BIBIOGRAFIA