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HISTÓRIA DA

EDUCAÇÃO
NA LITERATURA
O Mulato- 1881
ALUÍSIO AZEVEDO

• Inaugurou o movimento literário


Naturalismo no Brasil
• História se passa no interior do
Maranhão
1. Trecho
Ana Rosa cresceu pois, como se vê, entre os desvelos insuficientes do pai e o mau
gênio da avó. Ainda assim aprendera de cor a gramática do Sotero dos Reis; lera
alguma coisa; sabia rudimentos de francês e tocava modinhas sentimentais ao
violão e ao piano. Não era estúpida; tinha a intuição perfeita da virtude, um modo
bonito, e por vezes lamentara não ser mais instruída. Conhecia muitos trabalhos
de agulha: bordava como poucas, e dispunha de uma gargantazinha de contralto
que fazia gosto ouvir (AZEVEDO, A., “O Mulato, p. 6).
2. Trecho
Quando Ana Rosa acabou de cortar as unhas de Manuelzinho deu-lhe de conselho
que estudasse alguma coisa; prometeu que arranjaria com o pai metê-lo em uma
aula noturna de primeiras letras, e recomendou-lhe que todos os dias de manhã
tomasse o seu banho debaixo da bomba do poço (AZEVEDO, A., “O Mulato”, p. 21).
3. Trecho
Se você viesse a ter netos queria que eles apanhassem palmatoadas de um
professor mais negro que esta batina? Ora, seu compadre, você às vezes até me
parece tolo!” (AZEVEDO, A., “O Mulato”, p. 14).

[…] Que carrasco! dizia a descer a quatro e quatro degrau. Da bordoada por gosto!
Diverte-se em fazer cantar o relho e a palmatória! E aquele castigo bárbaro e
covarde revoltava-o profundamente (AZEVEDO, A., “O Mulato”, p. 63).
CASA DE PENSÃO-1884
ALUÍSIO AZEVEDO
1. Trecho
Amâncio fora muito mal-educado pelo pai, português antigo e austero,
desses que confundem o respeito com o terror. Em pequeno levou muita
bordoada ; tinha um medo horroroso de Vasconcelos; fugia dele como de
um inimigo, e ficava todo frio e a tremer quando lhe ouvia a voz ou lhe sentia
os passos. Se acaso algumas vezes se mostrava dócil e amoroso, era sempre
por conveniência : habituou-se a fingir desde esse tempo […] (AZEVEDO, A.,
“Casa de Pensão”, Capítulo II, p. 12 e 13).
2. Trecho
O mestre, um tal Antônio Pires, homem grosseiro, bruto, de cabelo duro e olhos de
touro, batia nas crianças por gosto, por um hábito do ofício. Na aula só falava a
berrar, como se dirigisse uma boiada. Tinha as mãos grossas, a voz áspera, a
catadura selvagem ; e quando metia para dentro um pouco mais de vinho, ficava
pior […] (AZEVEDO, A., “Casa de Pensão”, p. 05)
3. Trecho
Todos os pequenos da aula tinham birra do Pires. Nele enxergavam o carrasco, o
tirano, o inimigo e não o mestre ; mas, visto que qualquer manifestação de
antipatia redundava fatalmente em castigo, as pobres crianças fingiam-se
satisfeitas ;riam muito quando o beberrão dizia alguma chalaça e afinal, coitadas !
iam-se habitualmente ao servilismo e à mentira. Os pais ignorantes, viciados
pelos costumes bárbaros do Brasil, atrofiados pelo hábito de lidar com escravos,
entendiam que aquele animal era o único professor capaz de “endireitar os filhos”.
Elogiavam-lhe a rispidez, recomendavam-lhe sempre que “não passasse a mão”
pela cabeça dos rapazes e que, quando fosse preciso, “dobrasse por conta dele a
dose de bolos”...(AZEVEDO, A., “Casa de Pensão”, Capítulo I p. 05)
Relacionando as obras
No livro Casa de Pensão, de Aluísio de Azevedo tem-se a visão de um
educador violento, o que também se assemelha com o livro O Mulato,
onde utiliza-se também esse ato rude, isso é evidenciado pelas
agressões em sala de aula, como por exemplo a palmatória.
Por outro lado, vê-se que o acesso à educação em "Casa de Pensão" era
muito mais facilitado do que no cenário de "O Mulato", onde a maioria da
população negra não tinha acesso aos estudos e tinha que trabalhar,
como por exemplo, no trecho: "Então, apareceu na sala uma negrinha
com uma bandeja de xícaras de café.
Serviram-se." (AZEVEDO, A., "O Mulato", p. 108).

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