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FILOSOFIA POLÍTICA NA IDADE MÉDIA

Pierre Logan
O que determinou o fim da Idade Antiga, como sabemos, foi a queda do Império
Romano do Ocidente (A queda de Roma), esse foi basicamente o início da Idade
Média. Nesse período também tivemos uma intersecção entre a filosofia e a
teologia cristã. Quem detinha o conhecimento e o poder era a igreja que passou
a utilizar a filosofia grega para justificar seus pressupostos, pois até então as
verdades estavam expostas nos livros do Novo Testamento, nas Sagradas
Escrituras e nos ensinamentos passados pelos padres da Igreja.

Os antigos, como vimos em outros textos, preocupavam-se com o bem comum,


buscando a cidade justa e as melhores formas de conviver, na Idade Média volta-
se a ideia e a discussão do tema do poder e do domínio. Desta forma surgiu
uma preocupação dos filósofos medievais, cujo objeto de pesquisa era as
relações existentes entre o poder temporal e o poder religioso, onde o poder
temporal seria o dos governos e o poder religioso ou espiritual seria o da igreja.

PODER TEMPORAL = GOVERNOS

PODER RELIGIOSO OU ESPIRITUAL = IGREJA

Então é possível afirmar que existiam quatro fontes: as sagradas escrituras,


obras de Platão, Obras de Aristóteles e os códigos e leis dos imperadores
romanos. Com isso, tendo essas fontes que muitas vezes caminhavam em
direções e conclusões opostas, por exemplo, a bíblia fundada na fé e a filosofia
na razão, precisavam adaptar ou encaixar as ideias para determinar o que de
Platão ou Aristóteles seria aceito para “justificar” posicionamentos cristãos.

Surgiram então as teorias do poder teológico político, qual seja, o poder


pertencia a Deus, Deus era quem escolhia os reis, o rei deveria possuir virtudes
cristãs, a hierarquia política e social é considerada ordenada por Deus, no topo
da hierarquia estão o papa (poder espiritual) e o imperador (poder temporal), na
época a creditava-se que a vida temporal era inferior a vida espiritual, portanto,
o maior objetivo do governante era a salvação da alma dos seus súditos, essa
era a maior finalidade política daquela época.

Conclui-se, portanto, que havia a questão do Estado e da Igreja agindo


conjuntamente. O servo deveria obedecer ao poder do rei e ao poder divino. Os
princípios cristãos deveriam ser seguidos assim como a lei do rei. Daí nasceram
doutrinas que defenderam a superioridade que existia entre o poder religioso
sobre o poder civil. Os dois filósofos cristãos mais conhecidos nessa época
foram Santo Agostinho (354 a 430 d.C.) e São Tomás de Aquino (1225 a
1274 d.C.).

Agostinho e a filosofia política

Na Época Medieval existiam os Padres Apologistas, aqueles que conheciam o


pensamento antigo que tinham um modo santo de viver, viviam de maneira
ortodoxa e buscavam uma maneira de desenvolver uma sistemática apologética.
Esse momento é denominado como Patrística, representada pelo Padre da
Igreja Católica Santo Agostinho de Hipona.

Durante a nossa caminhada pelo universo político podemos observar que tanto
Platão (427 a.C.) quanto Aristóteles (384 a.C.) buscavam uma forma de
descrever uma cidade, ou a forma de viver ideal em sociedade. Agostinho
desenvolveu uma obra que chamou de A Cidade de Deus, onde defendeu que
existiria dois tipos de Cidade: a cidade material, terrena e a cidade de Deus,
divina. A primeira seria descendente de Caim e a segunda descendente de Abel.

Posteriormente o Papa Gelásio I (492 a 496 d.C.), estabeleceu uma doutrina que
seria referência para igreja durante cerca de 7 0u 8 séculos, pois ela apontava o
princípio da superioridade do poder do Papa (a auctoritas) = autoridade sobre o
poder dos reis (a potestas) = competência uma teoria, obviamente, favorável ao
poder pontifício.

No século X, um monge da ordem de Cister, Bernardo de Claraval (1090 a 1153


d.C.) formulou a teoria das duas espadas, uma do poder temporal e outra do
poder espiritual, todavia, partiu de uma interpretação teocrática, que determinava
que o Papa teria as duas.

A Filosofia política em São Tomás de Aquino.

O pensamento da patrística tinha como base para formalização da sua filosofia,


além do conteúdo cristão, bases platônicas. Já esse segundo período da Idade
Média surgiu a escolástica cuja maior personalidade é Santo Tomás de Aquino
(1225 a 1274 d.C.) que não tinha as bases fundadas em Platão, mas sim na
revisão dos trabalhos de Aristóteles.

O procedimento escolástico consistia na formulação de um problema, depois


dava conteúdos precisos as noções, considerava todas as teses existentes
(favoráveis ou contrárias) e depois construía rigorosos argumentos, feitos
principalmente de silogismos.

Tratou sobre fé e razão. Concluiu que a razão da igreja é dada por Deus. O
homem deve agir com a razão que foi dada por Deus, mas a fé é suprema. Entre
um conflito entre fé e razão, nós devemos optar pela fé. O poder do Estado não
ficaria subordinado de forma absoluta ao poder da Igreja, mas de modo relativo,
pois a autoridade da igreja é superior no tocante as coisas espirituais.

São Tomás também defendia a existência de quatro leis. As eternas (lex


aeterna), a sabedoria imposta por Deus em todas as circunstâncias,
as naturais (lex naturalis), que seria na verdade o prolongamento da lei eterna
na sociedade humana, a dos homens (lex humana), o direito, as regras, as
normas adaptadas pelos seres humanos para impedir que um homem faça mal
a outro na sociedade e a lei de Deus (lex divina) que é a lei revelada pelos livros
sagrados, como Deus é o Criador e Organizador do universo esta lei é a suprema
e que prevalece sobre todas as outras.

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