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A História dos Trólebus Mafersa: elaborado por www.trolebusbrasileiros.

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A HISTÓRIA DOS TRÓLEBUS

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A História dos Trólebus Mafersa: elaborado por www.trolebusbrasileiros.com

Colaboração e Agradecimentos:

Hélio Ronzani

IFN Indústria Ferroviária Nacional

Marco Aurélio Nascimento

Milton Adalton

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APRESENTAÇÃO

A ideia de se realizar este trabalho histórico surgiu basicamente por dois


motivos: o primeiro devido ao fato de constatarmos a durabilidade e resistência
dos trólebus Mafersa que hoje operam em Santos/SP, os quais foram fabricados
na década de 1.980 e ainda resistem ao tempo e ao descaso da população
brasileira, que ainda não aprendeu a valorizar meios de transporte não
poluentes; o segundo motivo deve-se ao fato do Trólebus Mafersa representar
um dos milagres da tecnologia brasileira, trazendo em seu protótipo itens e
características de ponta para a época, muitas vezes superiores a de seus
concorrentes multinacionais, provando que podemos sim desenvolver soluções
para nosso dia a dia com tecnologia e capital genuinamente brasileiros.

No ar desde 2.001 e pesquisando nossos sistemas de trólebus desde


1.996 o site TrolebusBrasileiros.com tem a honra de apresentar a seguir
imagens e informações históricas e técnicas, resultado de um árduo trabalho
de pesquisa junto a historiadores e pesquisadores, fabricantes e operadoras de
transporte, atividades estas rotineiras em nosso dia a dia, o que proporcionou e
proporciona a construção e atualização constante de nossa home page.

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SUMÁRIO

A Mafersa 05

Trólebus Padron: Protótipo 10

Trólebus Padron: CMTC São Paulo/SP 24

Trólebus Padron: CSTC Santos/SP 28

Trólebus Articulado: Protótipo 35

Trólebus Tuttotransporti/Scania/Powertronics/Mafersa: 45
Protótipo Eletrobus São Paulo/SP

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Fábrica da Mafersa no bairro da Lapa em São Paulo/SP.


(http://vfco.brazilia.jor.br/vag/fabricantes/Mafersa/fabricas.shtml)

A MAFERSA

A MAFERSA – Material em São Paulo/SP, Caçapava/SP e


Ferroviário S/A foi fundada em 1944 Contagem/MG a empresa produzia
sendo durante décadas um dos todo tipo de vagão ferroviário, além
maiores fabricantes brasileiros de de fundir, forjar e usinar rodas e
material ferroviário, tendo fornecido eixos para uso próprio e de
a maior parte da frota de terceiros.
composições para os sistemas de Originalmente uma empresa
metrôs do Rio de Janeiro e São de capital privado, em 1964 foi
Paulo. Com unidades industriais estatizada pela União.

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Apesar do fornecimento de técnica altamente especializada,


mais 1200 carros ferroviários para os com know-how internacionalmente
mercados nacional e internacional a reconhecido no projeto e teste
Mafersa, da mesma forma que suas dinâmico computadorizado de
concorrentes brasileiras, sofreu estruturas, a Mafersa desenvolveu
fortemente a retração do mercado em 1985 seu primeiro veículo sobre
no início da década de 1980, pneus, um trólebus padron de dois
decorrente da redução drástica de eixos 100% nacional, vencendo com
investimentos públicos no setor. A isso a concorrência lançada pela
saída encontrada foi buscar a CMTC para o fornecimento de 78
diversificação de seus produtos, unidades de trólebus padron para o
focando no transporte coletivo corredor Santo Amaro, na zona sul
urbano de passageiros, mais da cidade de São Paulo. Com 12
especificamente no novo mercado metros de comprimento e
de ônibus elétricos, o qual estava capacidade para 105 passageiros, os
para renascer a essa época. A opção trólebus tinham estrutura
se mostrava especialmente monobloco em aço SAC 50 de alta
adequada diante do cenário nacional resistência, suspensão pneumática,
que se formava: os ousados planos três portas de 1,20 m de largura e
de expansão do uso da tração ventilação forçada. O equipamento
elétrica na região Metropolitana de eletroeletrônico, com sistema de
São Paulo e a política federal, controle de velocidade tipo chopper,
conduzida pela EBTU, de incentivo à era de responsabilidade da Villares.
implantação de sistemas de trólebus A produção se deu na unidade
nas principais capitais brasileiras, industrial de São Paulo (mais
como salvaguarda ao agravamento adiante, a estrutura dos ônibus
da crise internacional do petróleo. A passaria a ser construída em
estimativa, na época, era de Contagem e o acabamento e
necessidade de 4.000 unidades para montagem final feito em São Paulo).
suprir a demanda interna. Em 1987 a Mafersa
Dispondo de uma equipe desenvolve desta vez um protótipo

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de trólebus articulado com 18 desenhando-se a cabine de


metros de comprimento e comando.
capacidade para 180 passageiros. É importante ressaltar que as
Da mesma forma que o trólebus de características dos trólebus Mafersa
dois eixos, este possuía estrutura foram posteriormente aplicadas na
monobloco, suspensão pneumática fabricação e desenvolvimento de
com indicadores de excesso de seus ônibus e plataformas diesel, os
carga no eixo do reboque, sistema quais foram gradativamente
chopper e motor elétrico de lançados a partir de 1987.
fabricação Villares, com potência de Em 1993 toda a produção de
180 kW. Possuía também três portas, veículos sobre pneus foi concentrada
e o revestimento externo era em na unidade industrial de Contagem.
chapas de alumínio estrutural. A As atuações e planos da
CMTC de São Paulo encomendou empresa, por mais corretos e
inicialmente oito unidades, também flexíveis que fossem, não ficaram
para o corredor Santo Amaro. imunes à conjuntura econômica
Entretanto devido a mudanças desfavorável do período.
políticas, a CMTC suspendeu a Paralelamente, as grandes
aquisição dos trólebus articulados, inversões em transportes coletivos
implantando veículos a diesel no programadas para diversas capitais
corredor. – especialmente São Paulo –, e que
Especial atenção foi dada à previam a aquisição de grande
ergonomia do posto de direção, quantidade de trólebus, ônibus
tanto no modelo padron quanto no padron e articulados, foram adiadas
articulado, construindo-se para isso ou canceladas, anulando, de um
um modelo do posto do motorista golpe, tantos e tão duros esforços de
em escala natural para o teste de penetração num mercado tão
visibilidade e alcance do motorista, disputado, como o dos ônibus
em seus movimentos, a partir daí urbanos.

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Anúncio de divulgação da Mafersa e seus produtos, na década de 1.980.


(Página do Facebook “Trens Mafersa”)

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Assim, acumulando prejuízos, apenas poucos meses, sendo


no final de 1995 a empresa acabou desativada de forma definitiva.
por suspender as poucas atividades Em 1997 a divisão de trens foi
e demitir a maior parte de seus arrendada pela francesa GEC
trabalhadores. No ano seguinte a Alsthom (posteriormente Alstom) e
Mafersa chegou a reativar suas em 1999 a fundição e fábrica de
atividades, porém a produção de rodas vendidas para a MWL Brasil
ônibus em Contagem/MG durou Rodas e Eixos.

Linha de montagem dos trólebus Mafersa em São Paulo/SP.


(https://diariodotransporte.com.br/2016/01/01/videos-fotos-e-informacoes-sobre-a-historia-
da-mafersa-como-produtora-de-onibus/)

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O protótipo do Trólebus Padron Mafersa em exibição na garagem de trólebus Tatuapé da


CMTC, na cidade de São Paulo/SP.
(Folheto “Trólebus Mafersa – Trólebus de 2 Eixos com Estrutura Integrada em Módulos”)

TRÓLEBUS PADRON: PROTÓTIPO

Lançado em 1985 o protótipo completamente distante do padrão


do trólebus padron Mafersa foi usual dos ônibus urbanos utilizados
dimensionado para o tráfego em no país até então. Seu sucesso
corredores bem pavimentados e culminou no fornecimento de 78
com geometria adequada. Um unidades para a cidade de São
grande salto tecnológico e Paulo/SP e mais 06 unidades para a
pioneirismo para a época, ao cidade de Santos/SP.
desenvolver um veículo Foram realizados tanto testes
conceitualmente sofisticado, estáticos na fábrica, no bairro da

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Lapa em São Paulo quanto testes


dinâmicos, de carga/resistência e
vibracionais, além de desempenho
em determinados trechos de São
Paulo, como por exemplo na Avenida
Celso Garcia e na garagem de
trólebus do bairro Tatuapé da CMTC
Companhia Municipal de Transportes
Coletivos.

Testes de vibração e desempenho do


protótipo realizados pela fábrica.
(Acervo Mafersa)

O protótipo do trólebus padron Mafersa


em testes na garagem de trólebus da
CMTC no bairro de Tatuapé.
(Acervo Mafersa)

Sensores utilizados pela Mafersa em seu


protótipo de trólebus padron garantiram a
qualidade final do produto.
(Acervo Mafersa)

Painel de comando do protótipo do


trólebus padron Mafersa: o equipamento
na direção utilizou sensores para analisar
o acionamento do volante e as vibrações
da via, para eventuais melhorias no Testes de carga e desempenho do
sistema de direção. protótipo padron.
(Acervo Mafersa) (Acervo Mafersa)

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Sendo assim, a Mafersa criou transversais do veículo.


uma solução estrutural própria para Para a verificação e otimização
aplicações em trólebus tendo em da estrutura do protótipo, durante a
mente um projeto modular e integral fase de projeto, a Mafersa utilizou o
que fizesse uso da eficiência das método de elementos finitos,
laterais do veículo como elementos através de programas em
de maior contribuição nos computadores. Essa análise
carregamentos verticais. Sua base tridimensional permitiu conhecer de
foi composta por duas longarinas forma complexa o fluxo de esforços
centrais com a função de levar as solicitantes, das tensões e
cargas verticais para vigas que, deformações da estrutura. Através
dispostas transversalmente, de dosagem de inércias, áreas e
transferem esse carregamento para espessuras, foi possível impor aos
as laterais. elementos estruturais um trabalho
Visando ainda aumentar a eficaz, a níveis de tensões
eficiência da estrutura sob cargas compatíveis com a resistência dos
laterais e torcionais sua solução respectivos materiais, garantindo ao
dispõe de elementos na cobertura veículo baixo peso e operação
laterais e base que se unem segura sob os diversos tipos de
formando anéis em várias seções carregamento operacionais.

Deformada da lateral direita para carga vertical.


(Folheto “Trólebus Mafersa – Trólebus de 2 Eixos com Estrutura Integrada em Módulos”)

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Materiais básicos: com aplicadas máscaras de poliéster com


resistência à corrosão 5 a 6 vezes fibra de vidro.
maior do que o do aço carbono
comum, devido à estabilização da Cargas do projeto: o
camada oxidada de superfícies comportamento estrutural do veículo
expostas sem proteção, no lapso de foi analisado com 10 passageiros por
3 a 4 anos, a Mafersa aplicou na metro quadrado (142 passageiros),
fabricação do trólebus um aço de sob as seguintes solicitações:
baixa liga e alta resistência * carga vertical;
mecânica. Nas caixas de roda, em * torção nos 2 sentidos de aplicação;
constante contato com umidade e *carga longitudinal devida à
acúmulo de materiais do pavimento, frenagem máxima;
foi adotado o aço inoxidável. Para o *carga lateral proveniente de
revestimento externo foram usadas inscrição em curvas e/ou oscilações
chapas de alumínio, exceto na frente oriundas de irregularidades do
e traseira do veículo, onde foram pavimento.

Ensaio de fadiga da estrutura do trólebus padron no laboratório da Mafersa.


(Folheto “Trólebus Mafersa – Trólebus de 2 Eixos com Estrutura Integrada em Módulos”)

Para obtenção dos esforços estrutura e eixos. Os sinais das


que são aplicados nos ensaios de tensões dinâmicas foram gravados
fadiga um veículo foi instrumentado para posterior análise estatística.
com extensômetros elétricos colados Esse ensaio foi realizado com
nas seções mais solicitadas da o veículo carregado circulando

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principalmente em ruas de gravados foram definidas as cargas


pavimento deteriorado, a fim de que que, aplicadas nos ensaios de fadiga
fossem determinados os máximos durante um curto espaço de tempo,
esforços a que o trólebus se representam mais de 15 anos de
submete nas ruas brasileiras. utilização do trólebus no pavimento
Após análise dos sinais considerado.

Testes do protótipo padron na garagem da CMTC no bairro Tatuapé, São Paulo/SP.


(Acervo Mafersa)

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Especificações técnicas do - total: 1:11,777


trólebus padron Mafersa:
3 – Sistema de direção: tipo
PLATAFORMA: fabricado pela hidráulica integral.
MAFERSA S/A, equipada com
suspensão a ar. 4 – Suspensão a ar: totalmente
pneumática para os eixos dianteiro e
1 - Dimensões básicas (mm): traseiro, equipada com câmaras de
- distância entre-eixos: 6.000 ar tipo fole conjugadas,
- bitola dianteira: 2.128 amortecedores telescópicos e
- bitola traseira: 1.862 válvulas de nível.

2 – Diferencial: de dupla redução. 5 – Cargas admissíveis por eixo (kg):


- relações de redução: - eixo dianteiro: 6.000
- diferencial: 1:2,944 - eixo traseiro: 12.000
- cubos: 1:4 - total: 18.000

Eixos dianteiro e traseiro do Trólebus Padron Mafersa – Protótipo.


(Folheto “Trólebus Mafersa – Trólebus de 2 Eixos com Estrutura Integrada em Módulos”)

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Manobrabilidade/máximo esterçamento do Trólebus Padron Mafersa – Protótipo.


(Folheto “Trólebus Mafersa – Trólebus de 2 Eixos com Estrutura Integrada em Módulos”)

6 – Sistema de freios: freio de 1 – Estrutura: em aço carbono, de


serviço com atuação pneumática, baixa liga e alta resistência.
com recurso de emergência e
circuitos independentes para cada 2 - Dimensões básicas (mm):
eixo. Freios a tambor, com - comprimento total: 12.070
ajustadores de jogo. Freio de - largura: 2.600
estacionamento atuado por molas. - altura: 3.000
- balanço dianteiro: 2.550
CARROCERIA: fabricada pela - balanço traseiro: 3.520
MAFERSA S/A, formando, juntamente - ângulo de entrada: 9°
com a plataforma, uma estrutura - ângulo de saída: 8°
única (monobloco). (Especificações - altura do 1° degrau: 370
referentes ao veículo encarroçado e - altura do piso acabado: 845
com sistema de propulsão - altura interna do teto acabado:
instalado). 2.080

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- vão livre das portas: 1.100 - raio de giro interno: 5.000


- raio de giro externo: 11.500 - raio de giro entre guias: 9.700

Estrutura da carroceria do trólebus Aspecto da carroceria do trólebus


monobloco Mafersa/Villares. monobloco Mafersa/Villares.
(Folheto “Trólebus Mafersa – Trólebus de 2 (Folheto “Trólebus Mafersa – Trólebus de 2
Eixos com Estrutura Integrada em Eixos com Estrutura Integrada em
Módulos”) Módulos”)

Aspecto da carroceria do trólebus monobloco Mafersa/Villares.


(Folheto “Trólebus Mafersa – Trólebus de 2 Eixos com Estrutura Integrada em Módulos”)

3 – Peso do veículo (kgf): - sentados: 37


- peso do veículo em ordem de - em pé (5 pass/m2): 54
marcha (tara): 10.200 - total: 91
- capacidade de transporte:
4 - Compartimento de passageiros: - sentados: 37
- capacidade de transporte - em pé (7 pass/m2): 75
(nominal): - total: 112

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Layout interno do trólebus monobloco Mafersa/Villares – protótipo padron.


(Folheto “Trólebus Mafersa – Trólebus de 2 Eixos com Estrutura Integrada em Módulos”)

Salão de passageiros do trólebus monobloco Mafersa/Villares – protótipo padron.


(Folheto “Trólebus Mafersa – Trólebus de 2 Eixos com Estrutura Integrada em Módulos”)

5 – Posto de comando do motorista: silhueta e regulagens do banco.


definido pelo volume da zona ideal Concomitantemente foram fixados
de trabalho do condutor, pela ângulos de visão dos condutores e a

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faixa de focalização simultânea, Assim sendo, para satisfazer


nascendo assim a forma do painel as exigências de conforto
de comando, com as posições dos necessárias ao bom desempenho do
instrumentos seguindo uma motorista o protótipo do trólebus
hierarquia em função da frequência padron Mafersa foi equipado com
de utilização e grau de importância banco anatômico com sistema de
operacional. Como meio de suspensão e amortecimento, cinto
verificação prática foi construído um de segurança e regulagens de peso
modelo em escala 1:1, no qual do motorista, altura e inclinação do
motoristas experientes testaram as apoio de cabeça, inclinação do
proposições teóricas. encosto, alturas dianteira e traseira

(Folheto “Trólebus Mafersa – Trólebus de 2 Eixos com Estrutura Integrada em Módulos”)

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do assento e deslocamento acessórios.


longitudinal.
O painel de comando SISTEMAS DE TRAÇÃO E
escolhido foi do tipo poligonal FRENAGEM E AUXILIARES: com a
envolvente com área central utilização de uma moderna
estritamente para mostradores e tecnologia de processo, fabricação e
sinaleiras, dois planos laterais para montagem metroviária os
controles visando facilidades de equipamentos elétricos são
acesso, grelhas direcionais com instalados em compartimentos
ventilação forçada e volante com iluminados, protegidos contra a
empunhadura e inclinação entrada de água, dotados de grelhas
adequadas. de tomadas de ar providas de
As proposições assumidas no chicanas e forrados em tecidos e
estudo do posto de comando amianto impermeabilizado nos casos
orientam a estética externa da de alta tensão. O grupo auxiliar,
frente do veículo na medida em que dotado de máquinas rotativas, é
os estudos do volume da máscara montado sob coxins que atenuam
frontal atenderam às dimensões e suas vibrações e minimizam os
forma do para-brisa e ainda a efeitos da vibração do veículo sobre
posição e dimensões do indicador de os componentes do grupo. Dessa
destino, para-choques e outros forma, concentrando os

(Folheto “Trólebus Mafersa – Trólebus de 2 Eixos com Estrutura Integrada em Módulos”)

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equipamentos em basicamente 4 - freio auxiliar elétrico dissipativo,


caixas de acesso externo (caixa do acionado automaticamente pelo
controle principal – chopper, caixa pedal de comando
de baterias, caixa do grupo auxiliar - freio de estacionamento com
com compressor incorporado e caixa atuação por molas
de painéis de comando auxiliares e - componentes principais ligados ao
portas) os trabalhos e acessos para circuito de alta tensão com dupla
manutenção ficam sensivelmente isolação. Terceiro nível de isolação
facilitados. para embarque e desembarque
Na parte externa da cobertura através de isolação do 1° degrau,
estão montados os coletores de das portas e dos balaústres
corrente e o grupo de resistores,
enquanto que toda a passagem de
cabos está protegida e embutida no
revestimento do teto, facilitando o
serviço de lavagem externa.

Tração e frenagem:

O protótipo do trólebus padron monobloco


- motor de tração: 550Vcc, faixa de Mafersa/Villares em testes/ajustes na
400Vcc a 720Vcc tipo série com garagem de trólebus Tatuapé da
CMTC/São Paulo.
excitação separada, isolação classe (Página do Facebook “Trólebus no Brasil”)

H (Villares)
- controle de tração e frenagem
elétrica por recortador (chopper) Auxiliares:
com dispositivo de reforço de tração
e controle de velocidade - grupo auxiliar acionado por motor
- freio de serviço com atuação de 600Vcc dotado de bomba
pneumática com recurso para hidráulica de direção, volante de
emergência e circuitos inércia para manutenção
independentes para cada eixo momentânea da assistência

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hidráulica em casos de perda da - iluminação interna fluorescente


alimentação 600Vcc, compressor de - acionamento eletropneumático das
ar (7 a 8 bars) e alternador 28Vcc portas com pistão para acionamento
- baterias tipo chumbo/ácido: 24Vcc conjugado das 2 folhas
(2 de 12Vcc ligadas em série) 130Ah - comando de abertura e
montadas em gavetas de aço fechamento independentes para as
inoxidável 2 portas de desembarque e para a
- ventilação forçada no salão de de embarque
passageiros: 24Vcc - acima de 60 - comando simultâneo de abertura e
trocas/hora fechamento de todas as portas
- desembaçador e ventilação para o - velocímetro eletrônico: 24Vcc –
motorista com odômetro incorporado

Desempenho do protótipo do trólebus padron Mafersa.


(Folheto “Trólebus Mafersa – Trólebus de 2 Eixos com Estrutura Integrada em Módulos”)

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Acima: publicação da
Mafersa enaltecendo
seus produtos e seus
colaboradores.
(https://diariodotranspo
rte.com.br/2016/01/01/
videos-fotos-e-informac
oes-sobre-a-historia-da
-mafersa-como-produto
ra-de-onibus/)

Ao lado: o protótipo
padron em exposição
na fábrica da Mafersa.
(Página Facebook “O
Trólebus no Brasil” -
imagem de Edivan
Vale)

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Trólebus Padron Mafersa/Villares – CMTC/SP.


(https://issuu.com/revistainterbuss/docs/interbussedicao262/34)

TRÓLEBUS PADRON: CMTC/SP

Entre 1986 e 1988 a Mafersa Villares, nos mesmos moldes do


entregou à CMTC de São Paulo 78 protótipo.
unidades do trólebus padron de dois O veículo de prefixo 7291
eixos, basicamente com as mesmas (cabeça de série) foi entregue às
especificações técnicas de seu pressas para a inauguração do
protótipo, porém com aprimorado Corredor Santo Amaro,
sistema de ventilação interna do apresentando problemas estruturais
salão. O sistema de propulsão em sua carroceria. A ocorrência foi
utilizado também foi fornecido pela resolvida trocando-se a carroceria do

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mesmo, mantendo-se seus demais Ao retornar da Mafersa,


componentes. A pintura inicial do recebeu nova pintura vermelho-
veículo foi o padrão branco com cereja, marca da gestão do prefeito
faixas azuis, da época, sr. Jânio Quadros.

Carroceria do trólebus prefixo 7291 nas


O trólebus prefixo 7291 em sua pintura dependências da Mafersa em São
original. Paulo/SP.
(https://www.pinterest.com/pin/32862272 (Página Facebook “O Trólebus no Brasil” -
251285998/) imagem de Edivan Vale)

O trólebus prefixo 7291 após reforma estrutural em sua nova pintura.


(https://onibusbrasil.com/felipealves.falves88/4692937?context=prefix)

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Extremamente duráveis, estes veículos resistiram até 2004, quando


foram desativados ainda em plenas condições operacionais, por questões
puramente políticas da época.
Reproduzimos na sequencia algumas imagens dos veículos até a sua
desativação.

Trólebus Mafersa/Villares em operação na Trólebus Mafersa/Villares – Viação Santo


cidade de São Paulo/SP, pela Viação Soares Amaro.
Andrade. Foto tirada na Garagem Santo (http://www.revistaportaldoonibus.com/ba
Amaro. ncodeimagem/displayimage.php?album=1
(Marco Aurélio Nascimento) 18&pos=2)

Trólebus Mafersa/Villares - Viação Eletrosul.


(http://www.valespbus.com/fotos/displayimage.php?album=35&pos=219)

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Trólebus Mafersa/Villares – Viação São


Paulo São Pedro.
Trólebus Mafersa/Villares – painel de
(http://www.revistaportaldoonibus.com/ban
comando da frota da cidade de São Paulo.
codeimagem/displayimage.php?album=11
(Ricardo Milani)
8&pos=1)

(Samuel Tuzi) (Samuel Tuzi)

(Fonte: http://2.bp.blogspot.com/ehbHXmTyvG0/T1zwMWSmrbI/AAAAAAAAAbA/624WZqcF68/
s1600/767+7310+Triste+fim.jpg)

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Aspecto dos novos trólebus Mafersa/Villares fornecidos para a cidade de Santos/SP.


(http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0172z17.htm)

TRÓLEBUS PADRON: CSTC / SANTOS - SP

Em 1988 a Mafersa entregou à simples. O sistema de propulsão


CSTC de Santos, 06 unidades do utilizado também foi fornecido pela
trólebus padron de dois eixos, Villares.
também com as especificações A ideia inicial da Prefeitura de
técnicas bastante semelhantes de Santos era a aquisição de 10
seu protótipo, incluindo o sistema de trólebus junto à Mafersa, porém com
ventilação interna do salão. Os a alta constante da inflação na
bancos dos passageiros porém época foram adquiridas 06 unidades,
tiveram uma concepção mais para a recém eletrificada linha 20.

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Apresentamos abaixo registros dos trólebus Mafersa de Santos ainda na


fábrica, no bairro da Lapa – São Paulo/SP. Na sequencia os veículos com seus
prefixos originais: 2005, 2015, 2025, 2035, 2045 e 2055.

Aspecto dos novos trólebus Mafersa/Villares fornecidos para a cidade de Santos, ainda na
fábrica da Mafersa em São Paulo/SP.
(http://3.bp.blogspot.com/_TdjdLEFcWyA/TGbxhmRYa5I/AAAAAAAAA9k/vzX-XrKx4ek/s1600/m
af8.jpg)

(http://fotolog.terra.com.br/picado:214)

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O trólebus Mafersa prefixo 2015 na


Trólebus prefixo 2005 na recém-eletrificada garagem da CSTC em Santos, no bairro do
Linha 20, em 27 de janeiro de 1.988, sob a Jabaquara.
gestão Osvaldo Justo, que adquiriu 06 Localizada numa das extremidades da
Trólebus Mafersa 0 km para operar essa Avenida Rangel Pestana, onde antigamente
linha. se abrigavam os bondes da cidade de
(http://fotolog.terra.com.br/trolebuscstc:12) Santos.
(CSTC Santos)

Trólebus Mafersa prefixo 2025. Trólebus Mafersa prefixo 2035.


(http://litoralbus012.blogspot.com/2013/07/ (Página Facebook “Trólebus de Santos 50
trolebus-de-santos-em-agosto-faz-50-anis.h Anos”)
tml)

Trólebus Mafersa prefixo 2045. Trólebus Mafersa prefixo 2055.


(http://nossotransportepublico.wordpress.c (http://litoralbus11.blogspot.com/2013/12/c
om/) stc-2055_30.html)

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Ao longo dos anos os trólebus recebendo novo sistema de tração


Mafersa de Santos passaram por chopper IGBT Eletra, além de
diversas pinturas diferentes, tendo melhorias na carroceria.
também alterados os seus prefixos, Em 2012 estes dois trólebus
ficando com as numerações de 5302 foram adesivados com pontos
a 5307. turísticos da cidade de Santos
No final da década de 1.990 a (prefixos 5305 e 5306).​
CSTC, em conjunto com a CET, Devido a sua importância
assumiu temporariamente o papel de histórica em 2014 foi instituído o "Dia
gestora do sistema de transporte em do Trólebus de Santos" (Lei Municipal
Santos, sendo extinta em 2.006. A 2968/2014). Os veículos pertencem
operação dos trólebus Mafersa (os atualmente à Prefeitura do município,
únicos sobreviventes do sistema) foi a qual realizou seu tombamento,
assumida pela Viação Piracicabana.​ solicitado em 2006 pelo historiador
Atualmente existe apenas a Waldir Rueda.
Linha 20 em operação, a qual foi A cidade de Santos representa
inaugurada em 1988, ligando o bairro atualmente o único município da
do Gonzaga ao Centro Histórico. Dos América Latina que possui os
seis trólebus Mafersa, dois foram sistemas de trólebus e bondes
reformados entre 2009 e 2012, operando simultaneamente.

Trólebus Mafersa prefixo 5302.


Trólebus Mafersa prefixo 5303.
(https://onibusbrasil.com/diogoamorim/478
(https://onibusbrasil.com/diogoamorim/479
859?context=prefix)
744?context=prefix)

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Trólebus Mafersa prefixo 5304.


(https://onibusbrasil.com/Lucascrazy/6601172?context=bodywork)

Trólebus Mafersa prefixo 5305 em duas diferentes pinturas.


(Esquerda: https://onibusbrasil.com/gabrieldias/1236752?context=prefix)
(Direita: https://onibusbrasil.com/adamxrodrigueslima/1261219?context=prefix)

Trólebus Mafersa prefixo 5306. Trólebus Mafersa prefixo 5306.


(https://onibusbrasil.com/caiquecazares/12 (https://onibusbrasil.com/tiagodegrande/55
96520?context=prefix) 96286?context=prefix)

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Trólebus Mafersa prefixo 5307.


(https://onibusbrasil.com/adamxrodrigueslima/5896339?context=prefix)

Trólebus Mafersa prefixo 5307.


(https://onibusbrasil.com/nivaldofernandes/3072122?context=prefix)

Interior do trólebus Mafersa 5307. Painel de comando trólebus Mafersa 5307.


(https://onibusbrasil.com/08620100/80021 (https://onibusbrasil.com/diogoamorim/536
10?context=prefix) 9656?context=prefix)

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Documento do historiador Sr. Waldir Rueda Martins solicitando o tombamento de todo o


sistema de trólebus de Santos, no ano de 2006.
(https://www.novomilenio.inf.br/santos/h0172j4.htm)

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O protótipo do Trólebus Articulado Mafersa: promessa de uso nos Corredores Santo Amaro e
ABD da cidade de São Paulo/SP.
(Revista “Transporte Moderno” - março/1987)

TRÓLEBUS ARTICULADO: PROTÓTIPO

Classificado como confortável, trólebus Santo Amaro-Nove de Julho.


econômico, veloz e silencioso, o O custo unitário foi fixado em
trólebus articulado projetado e US$ 180 mil na época, tendo a
desenvolvido pela Mafersa circulou Mafersa a meta de produção em
em 1987 pelas ruas de São Paulo e série para os mercados interno e
do Corredor Metropolitano da externo, principalmente os países
Grande São Paulo (ABD). da América do Sul. Tal custo do
Transportando sacas de areia veículo e a necessidade de sua
em rotas de tráfego intenso, este amortização a longo prazo, levaram
veículo com dois módulos a Mafersa a estimar em quinze anos
interligados por urna articulação e a vida útil da carroçaria e principais
capacidade de acomodar até 180 sistemas mecânicos, e em trinta
passageiros, estava previsto para anos a dos sistemas elétricos.
entrar em operação comercial Diferente dos trólebus de dois
naquele mesmo ano no corredor de eixos, o trólebus articulado teve sua
Um Compêndio elaborado por
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carcaça montada em Contagem-MG. trólebus padron da empresa, porém


Das especificações técnicas de com diferenças construtivas bem
1979, revisadas em 1983, nasceram acentuadas. O projeto utilizou o
as características finais do veículo, sistema de maquete em escalas,
cujo desempenho atendia às diminuídas ou em tamanho natural,
condições de segurança e conforto gerando diversas inovações, como
de 57 passageiros sentados e 123 por exemplo a simplificação do
em pé. conceito de acabamento da
O trólebus articulado Mafersa máscara, da bolsa de ar e
herdou a tecnologia de fabricação do amortecedor sob medida. No layout

O posto de comando do Abaixo: aspecto do salão de


motorista – ao lado: utilização passageiros, com bancos
de um mockup em tamanho simples e duplos de formas
real para estudo da anatômicas e carcaça
ergonomia e conforto para o moldada em plástico
profissional. reforçado. Capacidade de
transporte de 180
Abaixo: sobre cavaletes, os passageiros, sendo 57
módulos recebem sentados e 123 em pé, numa
acabamento. A estrutura do taxa de ocupação de 7
veículo articulado foi pessoas/m², índice este menor
confeccionada na fábrica da do que os ônibus da capital
Mafersa, em Contagem/MG. paulista à época (11
pessoas/m²).

(Revista “Transporte Moderno” - março/1987)

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interno houve especial atenção para ESTRUTURA: Sua estrutura em


o estudo ergonômico do salão. monobloco, constituída por um
Através de um mock-up (posto de conjunto tridimensional de perfis de
comando) em tamanho natural, aço dimensionados e distribuídos
ensaiou-se a ação contínua do para formar uma estrutura única foi
motorista ao volante inúmeras moldada para poder resistir aos
vezes, para verificar a máxima movimentos de torção, deformações
rotação do olhar, a linha normal de permanentes, fissuras ou trincas em
visão, o máximo alcance dos dedos qualquer dos seus componentes. O
e das pernas (folga dinâmica) e chassi estrutural com carroçaria
assim criar uma zona ideal de independente era composto por uma
conforto. Idêntica preocupação foi base, ou seja, um chassi
dispensada à movimentação dos convencional de longarinas e
passageiros. travessas, e por uma armação de

Uma das maquetes do Trólebus Articulado Mafersa nas antigas dependências da Mafersa em
Contagem/MG.
(Acervo IFN – Indústria Ferroviária Nacional)

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carroçaria, formada por uma outros trólebus. O eixo dianteiro


estrutura reticulada tridimensional (com licença especial da fabricação)
de anéis transversais e vigas formado por perfil reto em liga de
longitudinais. aço a frio, foi projetado para
O veículo tinha 18 metros de suportar carga de 6500 kg. A
comprimento, sendo 9,2 m de carro capacidade do eixo traseiro foi
principal, 7,2 m de reboque e 1,7 m fixada em 10000 kg, igual à do eixo
de sanfonas. Seu projeto uniforme de tração.
implicou até na redução do peso, em A concepção da carroçaria,
cerca de 1 tonelada em relação a com janelas e portas envidraçadas,

O trólebus articulado Mafersa em testes na capital paulista.


(https://onibusbrasil.com/itamarlopesgyn/7184280?context=chassis)

otimizou a circulação e a ocupação sentado é de 0,34 m² para bancos


de áreas de passageiros (8,62 m²), simples e 0,32 m² para bancos
motorista (2,55 m²), cobrador e duplos.
catracas de três braços (0,94 m²). A fixação de chapas em ligas
A área ocupada por passageiro de alumínio estrutural, resistentes e

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duráveis, por meio de rebites, voltado para os passageiros,


impedia a instabilidade (comum) nos evitando contato com a parte
painéis garantindo os requisitos de externa do veículo. Durante a
vida mínima útil e do peso do abertura, as portas não atingiam
veículo. O chapeamento externo, mais de 0,20 m para fora da
parecido com um invólucro, era carroçaria. A estrutura dos dois
suficiente para aguentar as tensões, degraus nas portas, entre o piso do
sem empenamentos ou trincas. veículo e o solo era apoiada na
Além disso, proporcionava perfeita plataforma. Os vidros das janelas,
estanqueidade contra a penetração para-brisas e vidros traseiros
de ar, água e poeira. apresentavam transparência mínima
de 80%. O design do para-brisa
minimizava os reflexos da
iluminação interna. O espaçamento
das janelas laterais (0.90 m de
altura e 1,60 m de largura) era
maior devido à modulação, exibindo
perfeita visão periférica. Os bancos
O protótipo do trólebus articulado Mafersa duplos tinham formas anatômicas e
em testes.
(Acervo Mafersa) carcaça moldada em plástico
reforçado.
A dinâmica da sanfona, com
MOBILIDADE: O trólebus articulado 1,70 m de diâmetro, garantia a
Mafersa possuía três portas duplas suavidade na movimentação
no lado direito, uma para embarque, horizontal. Do tipo anel com
no balanço traseiro, e as outras duas rolamento e buchas elásticas de
para desembarque, sendo uma isolação servia de ligação entre o
adiante do eixo intermediário e a carro principal, apoiado sobre dois
outra no balanço dianteiro. Suas eixos, e o reboque, apoiado sobre
portas, de duas folhas, abriam de um único eixo (com ou sem motor),
forma que o lado interno ficasse agilizando a movimentação angular

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O trólebus articulado Mafersa em testes no corredor metropolitano da EMTU/SP..


(https://onibusbrasil.com/itamarlopesgyn/7184280?context=chassis)

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entre eles, tanto no plano horizontal estacionamento nos pontos de


(51 graus) como no vertical (7 parada, o articulado transportaria no
graus). máximo 7 pessoas/m2, um índice
bem menor que o verificado em
PISTAS EXCLUSIVAS: o padrão de grande número de ônibus em São
conforto foi avaliado para um tempo Paulo (11 pessoas/m2) na época.
máximo de duas horas de O acesso ao veículo, do solo
permanência do passageiro no ao piso interno, foi padronizado em
veículo. Concebido para operar em 85 cm de altura, passando-se por
avenidas com pistas de rolamento dois leves degraus. Considerando a
exclusivas, com baias para média de altura do brasileiro,

Salão de passageiros do trólebus articulado Mafersa em testes no corredor metropolitano da


EMTU-SP
(https://onibusbrasil.com/douglasdcz/1003997?context=chassis)

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projetou-se a distância de 2,10 m do disso, o sistema permitia restringir a


piso interno ao teto. O ideal de aceleração do veículo a uma faixa
segurança e conforto resultou no de valores especificada.
molde de uma suspensão Os conjuntos, em módulos
pneumática, com bolsas de ar sobre facilmente montados e
molas nos três eixos. A suspensão desmontados, davam acesso a todas
força os pneus radiais a permanente as baterias para revisão no local ou
contato com o solo, controlando os remoção. Assim, a manutenção
movimentos verticais, longitudinais preventiva era realizada nos próprios
e transversais, incorporando compartimentos dos equipamentos
dispositivos limitadores da carga eletroeletrônicos, revestidos de
máxima no eixo reboque, e alarme material isolante em seu interior,
visual para o motorista e para evitar curto-circuitos em casos
passageiros, indicando lotação de colisão do veículo. O
máxima permitida. compartimento das baterias,
fechado e ventilado, permitia a
CONTROLE CHOPPER: O trólebus dissipação de vapores. Seu
articulado Mafersa operava com revestimento plástico impedia
motor elétrico de tração Villares, vazamento de ácido nas partes
montado sobre apoios nas metálicas do veículo.
longarinas, autoventilado e pesando
1000 kg. De corrente contínua, com
controle por recortador Chopper, de
potência nominal de 180 kW e
frequência de 218 hertz,
trabalhando o esforço de tração
disponível no motor em função da
posição do pedal do acelerador. De
acordo com a posição do pedal de
freio, podia-se fazer o controle do A articulação com giro total de 51 graus.
(Revista “Transporte Moderno” -
esforço elétrico de frenagem. Além março/1987)

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Detalhes da articulação do protótipo do trólebus articulado Mafersa.


(Marco Aurélio Nascimento)

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O protótipo articulado na fábrica da Mafersa em São Paulo/SP.


(Edivan Vale)

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O trólebus com carroceria Mafersa foi um protótipo montado pelo Eletrobus em 1995, para
iniciar o processo de reforma da frota herdada da CMTC de São Paulo/SP.
(https://onibusbrasil.com/douglasdcz/2725862?context=company )

TRÓLEBUS TUTTOTRANSPORTI / SCANIA /

POWERTRONICS / MAFERSA:

PROTÓTIPO ELETROBUS - SÃO PAULO / SP


Em 1.995 a Mafersa no início da década de 1.980. O
encarroçou o protótipo de trólebus chassi foi fornecido pela
do Consórcio Eletrobus, de São Tuttotransporti, reutilizando-se do
Paulo/SP. O veículo era um dos veículo original os eixos Scania e os
antigos trólebus da CMTC fabricados componentes elétricos; o controle de

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tração foi substituído por um Marcopolo, recebendo o prefixo 68


chopper IGBT Powertronics. 7811, sendo chamado de
Inicialmente o protótipo recebeu o "Marcofersa" devido à mistura de
prefixo 68 7154. componentes das carrocerias
Devido à falência da Mafersa Marcopolo e Mafersa.
neste mesmo ano não houve o Este operou na cidade de São
fornecimento de demais veículos ao Paulo até por volta de 2.004.
consórcio paulistano, que optou por Atualmente está guardado na
outra encarroçadora. Garagem Santa Rita da São Paulo
Este veículo sofreu Transporte S/A, aguardando possível
posteriormente uma reforma de sua restauração.
carroceria com componentes

O trólebus “Marcofersa” após reforma da


carroceria, com o prefixo 68 7811.
O trólebus “Marcofersa” na Garagem
(Site “Revista Online Portal do Ônibus”). Santa Rita da SP Trans.
(Adamo Bazani)

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Junho / 2021

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