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METROLOGIA
INDUSTRIAL
2ª Edição
ÂMBITO TIPO
Necessidades Técnicas
As necessidades técnicas da empresa vão condicionar as características técnicas dos
instrumentos de medição a adquirir.
Devemos ter em conta, por exemplo, que a qualidade da medição dos instrumentos de
medição depende da exigência requerida pela empresa em termos de exactidão das
medições.
Quando da aquisição de vários instrumentos, devemos preservar a homogeneidade do
parque de instrumentos. Repare-se que, por exemplo, se todos os instrumentos de medição
adquiridos para uma dada função forem das mesmas marca e modelo, reduzem-se os custos,
tanto de formação dos utilizadores como de manutenção desse equipamento.
Hoje em dia, a modularidade da instrumentação é um factor fundamental que deve ser
considerado. A modularidade reflecte-se na possibilidade de evolução dos instrumentos de
medição, a fim de limitar os riscos de estes se tornarem obsoletos, permitindo à empresa fazer
evoluções quando se achar necessário. Tomem-se como exemplo determinados instrumentos
de medição digitais que permitem acrescentar funcionalidades a partir da aquisição de
módulos de software (alguns Osciloscópios digitais, por exemplo).
Para os instrumentos novos ou que fujam do quadro habitual da empresa, pode ser importante
prever, com o fornecedor, as condições e o conteúdo da assistência técnica
a prestar-lhes, pelo menos no início da sua utilização (caso da formação ao pessoal sobre um
dado equipamento).
É necessário prever o envio (pelo fornecedor dos instrumentos de medição) da
documentação necessária à utilização, ao ajuste e à colocação em serviço dos instrumentos.
Qualquer instrumento de medição deverá vir acompanhado do respectivo manual técnico,
fundamental para uma utilização adequada.
ABC da Metrologia Industrial 9
Para instrumentos de medição específicos e/ou complexos, é recomendável estabelecer um
caderno de encargos técnico que defina as características requeridas, as condições de
utilização, de ambiente e de manutenção, as exigências particulares relativas à calibração ou à
verificação e as condições de recepção.
Condições Comerciais
As condições económicas devem ser objecto de um caderno de encargos comercial, a ser
estabelecido conjuntamente pelo departamento de compras e pelo departamento (ou
responsável) metrológico da empresa, especificando factores como a opção entre a compra e
o aluguer do instrumento de medição, preços, prazos de entrega, garantias, contrato de
manutenção, e exigências de disponibilidade (tempo de indisponibilidade admissível, tempo de
reparação, etc.).
Instrumento de medição
Padrão Prescrição
a calibrar/verificar
CALIBRAÇÃO
Comparação
Resultado
da medição
VERIFICAÇÃO
Documento de
calibração
Reforma
Conforme
Desclassificação
Colocação
Reparação em serviço
Ajuste (*)
Instrumento
a ser calibrado
E V Potenciómetro
Resistência
padrão
E Potenciómetro
A
Instrumento
a ser calibrado
Correcção positiva
(volts)
Leitura da escala
(volts)
Correcção negativa
(volts)
PC com software de
calibração
calibrador 5500A
wattímetro digital
Figura 13: Países que adoptaram as normas ISO 9000 [Fluke, 1997c])
O facto de uma empresa estar em conformidade com as normas ISO 9000 trás diversas
vantagens:
As normas ISO 9000 podem ajudar a empresa a atingir e manter o nível de
qualidade desejado.
Empresas sem a certificação ISO 9000 terão mais dificuldades de vender,
particularmente nos países da União Europeia, nas categorias de equipamento
cobertas pelas directivas da UE. Os produtos que já dispuserem de um selo de
qualidade não necessitam de ser novamente testados quando entram no mercado
de um dos estados membros (da UE).
As normas ISO 9000 poderão simplificar o negócio através da redução da
frequência e/ou intensidade das auditorias executadas por clientes ou agências
reguladoras.
As empresas que implementaram as normas ISO 9000 revelam uma mudança
cultural positiva, levando os seus empregados a assumirem cada vez mais o
compromisso da qualidade.
Erro de Medição
O erro de medição indica a diferença entre o valor real (verdadeiro) da grandeza em causa e o
valor resultante de uma medição.
Nota: Uma vez que o valor verdadeiro não pode ser determinado, na prática é usado um valor convencionado
(verdadeiro).
Vamos supor que medimos o valor de uma Resistência utilizando uma Ponte de Wheatstone de
grande exactidão (6 AS), resultando em:
101,145
Podemos considerar este o valor convencionado verdadeiro da Resistência, para os fins
em vista, dada a grande exactidão da ponte.
Se medirmos a Resistência com um Ohmímetro, esta medição estará afectada de um erro de
medição (por diversos factores ligados à sua qualidade construtiva, envelhecimento, condições
ambientais, interferências electromagnéticas). Vamos supor que o valor medido foi:
101,3 (por exemplo com um Ohmímetro digital de 4 dígitos)
O erro cometido é portanto:
101,3 - 101,145 = 0,155 0,2
Claro que na maior parte das vezes, não conhecemos (ou não podemos conhecer) o valor
convencionado (verdadeiro) das grandezas), pelo que temos que nos guiar pelas características
de incerteza especificadas nos manuais dos instrumentos de medição (e.g. ver Secção “7.7.
Qualidade da Medição nos Multímetros Analógicos e Digitais”).
Erros Grosseiros
Os erros grosseiros devem-se a falhas humanas no processo de medição, tanto a nível da
leitura como a nível de registo dos resultados.
Nos instrumentos de medição analógicos (com ponteiro), podemos cometer erros grosseiros
devido a leitura deficiente do valor indicado. Por exemplo, se um operador de um Multímetro
analógico lê, erradamente, 231 V, quando a indicação é efectivamente de 233 V, ele está a
cometer um erro grosseiro.
Se o utilizador de um Osciloscópio não entrar em linha de conta com a atenuação da ponta de
prova (atenuadora), para os cálculos de amplitudes de Tensão, está a cometer um erro
grosseiro (esquece-se de multiplicar a leitura por 10, por exemplo).
Este tipo de erros resulta pois do facto de uma medição envolver muitas vezes a percepção,
normalmente visual de um operador, que poderá ser feita de um modo erróneo, devido a
vários factores, tais como cansaço, desatenção e pressa ([Campilho, 1987]).
Erros Sistemáticos
Os erros sistemáticos dividem-se essencialmente em erros devido à própria qualidade (falta de)
dos instrumentos de medição, erros devido a condições ambientais e erros devido à
observação deficiente do instrumento:
Erros devidos aos instrumentos
Erros devidos ao método de medição
Erros devidos às condições ambientais
Erros devidos à observação
Os chamados erros instrumentais devem-se à qualidade construtiva do instrumento de
medição, nomeadamente:
Qualidade dos componentes eléctricos e electrónicos: Resistências, díodos,
conversor analógico/digital, etc. Deve ter-se em conta o envelhecimento dos
materiais…
Qualidade dos componentes mecânicos, tal como o atrito no movimento de um
ponteiro ou Tensão incorrecta de uma mola.
Calibração e verificação (ver ‘3.3. Calibração e Verificação’).
O efeito de carga.
Rv
V
CD LD
Rx
A
Ra
E
Figura 14: Medição de uma Resistência pelo método voltamperimétrico (curta e longa derivação) ([Alves, 1998])
Se considerarmos que a Resistência é a divisão da Tensão medida pela Corrente medida, tanto
na montagem de curta derivação como na montagem de longa derivação existem erros
inerentes ao método. Por exemplo, na montagem de longa derivação, embora o Amperímetro
meça a Corrente na Resistência, o Voltímetro não mede exactamente a Tensão aos terminais
da Resistência ([Alves, 1998]).
Nota: No caso em que se conhecem as Resistências internas do Amperímetro (longa derivação) e do Voltímetro
(curta derivação) é possível corrigir o resultado bruto da medição, eliminando o erro do método.
Para evitar ao máximo o aparecimento de erros inerentes ao método de medição, devemos
procurar utilizar métodos directos, quando for possível e adequado.
Diversos factores relacionados com o meio ambiente onde se processa a medição podem levar
aos chamados erros ambientais. Podem citar-se nomeadamente:
Temperatura (temperaturas extremas ou variações rápidas)
Pressão
Humidade
Campos Electromagnéticos
Para reduzir os seus efeitos, devem:
Preferencialmente:
Manter-se, tanto quanto possível, as condições ambientais ideais (temperatura,
humidade, etc.) para o equipamento utilizado.
Se não for possível:
Usar-se equipamento cujo funcionamento seja adequado às condições
ambientais existentes (mais caro).
Erros Aleatórios
Mesmo depois de entrar em linha de conta com os erros grosseiros e os erros sistemáticos,
existem ainda desvios entre os valores medido e verdadeiro - os chamados erros aleatórios. A
sua origem é muitas vezes difícil de explicar, sendo o acumular de um grande número de
pequenos efeitos. Traduzem-se, na prática, pela obtenção de diferentes valores quando se
efectuam várias medições de uma grandeza que não varia.
Os erros aleatórios podem encarar-se genericamente como o resíduo do erro de medição
depois de se evitarem os erros grosseiros e de se corrigirem convenientemente os erros
sistemáticos (conhecidos).
O único meio de reduzir o efeito deste tipo de erros é aumentando o número de leituras e
posterior análise estatística, de modo a obter-se a melhor aproximação possível do
verdadeiro valor da grandeza sob medição.
Nota: O facto dos erros aleatórios serem também chamados de residuais reside no facto de que, ao corrigir-se
um determinado resultado entrando em linha de conta com os erros sistemáticos conhecidos, se cometerem
inevitavelmente erros devido à própria correcção não ser, em si, isenta de erros. Gera-se então um resíduo ou erro
de 2ª ordem.
1 8 . 6
R1 = 18.6
+ 3 . 2 3 4
R2 = 3.234
2 1 . 8 3 4
Rtotal = ?
Rtotal 21.8
aproximado
Exemplo 2:
47,816 - 25 22,816 (se 25 for um número exacto)
É importante notar que nas adições e subtracções, o que conta são as casas decimais (não o
número de AS).
R = 18.2 U 132 V
I = 7.238 A aproximado
U=?
Exemplo 2:
8,416 50 420,8 (se 50 for um número exacto)
Exemplo 3:
1,648 / 0,023 72
Exemplo 4:
(38,7) 6,22
Pode deduzir-se que, nas multiplicações e divisões, apenas se deve tomar em consideração o
número de AS.
x x m x v*
x xm xv*
x x
xv* xv*
xm
Em termos de recta numérica, fica:
O valor convencionado verdadeiro
deve “cair” dentro do intervalo
limite de incerteza
x
x m - x limite x v x*v x m x m + x limite
Exemplo:
O valor convencionado verdadeiro de uma Tensão é 50 V. Contudo, uma medição resulta em
49 V. Calcular os erros absoluto e relativo inerentes à medição.
U U m U v* 49 50 1 V
u 1
U *
0.02 2 %
U v 50
f f f
f ( y1 y1 , y2 y2 ,..., yn yn ) f ( y1 , y2 ,..., yn ) y1 y2 ... yn
y1 y 2 y n
1 2 2f 2f 2f
y1 2 y22 2 ... y2n 2 ...
2! y1 y2 yn
f f f
f ( y1 y1 , y2 y2 ,..., yn yn ) f ( y1 , y2 ,..., yn ) x y1 y2 ... yn
y1 y 2 y n
1 2 2f 2f 2f
y1 2 y22 2 ... y2n 2 ... Por definição de erro absoluto
2! y1 y2 yn
e, desprezando os termos (erros ) de ordem superior à primeira (2ª- os erros dos erros, 3ª-os
erros dos erros dos erros, etc.) fica:
n
f
x y
i 1
i
yi
Considerando que yi yi MAX são os majorantes dos erros (incertezas) em yi e tendo em
conta que os elementos do somatório podem ter sinal positivo ou negativo, podemos então
dizer que:
n
f
x y
i 1
i
yi
x x n
f y n
f y y i
x i i
x f ( yi ) i 1 y i f i 1 y i y i f
Então,
n
f yi
x
i 1 yi f y i
Nota: A aplicação do Polinómio de Taylor à aproximação de funções pode exemplificar-se em termos gráficos :
f
p1
p0
x y1 y 2 y1 y 2
3.
x y1 y2 y1 y2
4. x y1 y2
b) x y1 y 2 (não é uma função “interessante”)
1. log( x) log( y1 y 2 )
x y1 y2 y1 y1 y2 y 2
2.
x y1 y2 y1 y 2 y1 y2 y1 y1 y2 y2
x y1 y1 y 2 y 2
3.
x y1 y 2 y1 y1 y 2 y 2
1
4. x u n. v w z
m
c) x y1 y2
d) x y1 y2
n
f
n
f yi
x yi x
i 1
yi i 1 yi f y i
y1 y2
a) x y2 y1 y1 y2 , x y 2 y1 y1 y1 y2
y1 y 2 y 1 y 2 y2
1 y 1 y1 y y2
b) x y1 21 y2 , x y1 21 y y1 y2
y2 y2 y 2 y1 / y 2 y 2 y1 / y 2 2
y1 y2
c) x y1 y2 , x y1 y
y1 y 2 y1 y 2 2
y1 y2
d) x y1 y2 , x y1 y As técnicas de medição dependentes de subtracções devem ser
y1 y 2 y1 y 2 2 evitadas
Exemplo:
1
b) Expressão geral dos erros para: R
1 1
R1 R2
R1.R2
c) Algoritmos de soma e produto para: R
R1 R2
1
d) Algoritmos de soma e produto para: R 1 1
R1 R2
Resolução:
f R2 .( R1 R2 ) R1. R2 R1 R1
a)
R1 ( R1 R2 ) 2 f R1 . R2
R1 R2
f R1 R2 .( R1 R2 ) R1 . R2 R1 R2
.
R1 f ( R1 R2 ) 2 R .
1 2R R1 R2
R1 R2
R2 R1
R . R1 .
R1 R2 R1 R2 R2
1 1
( )
R1 R2 1
2
f R1 R1 R22 R1 R1 R1
b)
R1 1 1 2 1 1 2 R R 2 f 1 R1 . R2
( ) ( ) 2 1
R1 R2 R1 R2 1
1 R1 R2
R1 R2
R1 R2 2 R1 R2 R1 2 R2
c) R R .R R R R1 R2
1 2 1 2 R1 R2 R1 R1 R2 R2 R1 R2 R1 R1 R2 R2
=0
1 1 O erro relativo em c) é maior do que
o erro relativo em d), pois em c) são
R1 R2 R2 R1
d) R 1 1 . R1 . R2 R1 efectuadas mais duas operações com
1 1 1 1 1 R1 R2 R1 R2 R2 “quantidades incertas”
R1 R2
R1 R2 R1 R2
b) R = 1111
R 10 100 10 10 10 1 10 01
.
R 10 A1 10 B1 10 C1 10 D1 Erros relativos iguais (as décadas têm a
mesma exactidão)
0.500 0.050 0.02 0.005
0.575
R 0.575
R . 10 4 0.0518%
518
R 1111
10 0.0050
0.050
R 0.050
R 0.050%
R 100
e) R = 10 , utilizando a década B
R 1 10
R 1 B1 0.0050
R 0.0050
R 0.050%
R 10
f) R = 10 , utilizando a década C
R 10 1 Os erros absoluto e relativo quadruplicam (pois os
erros relativos das décadas são diferentes
R 10 C1 0.02
R 0.02
R 0.2%
R 10
Pode então concluir-se que para um mesmo valor de Resistência, deve usar-se a década com
menor erro relativo.
Exactidão
Obviamente que um Multímetro, tal como qualquer outro dispositivo de medição (um relógio,
por exemplo), quanto maior exactidão tiver maior será o seu preço. Se instrumentos de
utilização Corrente (margem de erro de 1-3%), poderão custar menos de uma dezena de
contos, quando pretendemos exactidão na ordem de 0.1% teremos de despender várias
centenas de contos. Refira-se também que o preço de um Multímetro é muito mais
dependente da sua exactidão do que da quantidade de grandezas que ele consegue medir
(Tensão, Corrente, Resistência, capacidade, frequência, etc.).
O cálculo dos erros de medição nos instrumentos analógicos difere significativamente, devido
à diferente construção dos dois tipos de instrumento.
Multímetro Digital
Para compreender como se determina a incerteza de medição (majorante do erro de medição)
inerentes à qualidade de medição de um Multímetro digital, recorramos ao seguinte caso
concreto.
Suponhamos que um determinado Multímetro digital (DM25L - Beckman Industrial), gama de
medição de 20 V DC (medição de Tensões contínuas), apresenta uma incerteza
(incorrectamente designada de accuracy) de (0.8% RDG + 1 dgt) e tem um LCD de 3½
dígitos. Pretende determinar-se o erro relativo (máximo) quando se efectuam as leituras de
1.00, 2.00. 5.00, 10.00 e 19.99 V.
Nota: Embora nos manuais dos Multímetros apareça o termo exactidão (acccuracy), o termos correcto seria
incerteza (uncertainty), dado que exactidão é uma medida qualitativa da qualidade do instrumento (a
incerteza é uma medida quantitativa).
O mostrador (LCD - Liquid Cristal Display) do Multímetro, se tem 3½ dígitos, significa que é
constituído por 3 dígitos de 7 segmentos e 1 dígito de 2 segmentos, sendo este último (o mais
significativo) considerado como ½ dígito:
I.8.8.8
I.8.8.8
Na instrumentação digital os erros de medição podem calcular-se à custa da característica de
incerteza (habitualmente designada de “accuracy”, o que é formalmente incorrecto) que vem
especificada nos respectivos manuais. Esta incerteza é normalmente apresentada em duas
partes:
Percentagem da leitura (ReaDinG) - erro absoluto é proporcional ao valor medido
Erro de resolução em número de unidades do dígito menos significativo
(normalmente designado de LSD, DGT, digits ou count) - erro absoluto é
independente do valor medido
Enquanto que o primeiro se aplica directamente a cada medição efectuada, o segundo
necessita de ser convertido para um erro absoluto. Isso é feito tendo em conta a posição do
ponto decimal e as unidades da grandeza sob medição.
Para o caso em questão, dado um erro de resolução de 1 dígito menos significativo (mais à
direita) e utilizando a gama de medição de 20 V DC, teremos um erro absoluto de 0.01 V (em
toda a gama de medição):
Dígito menos significativo
I.8.8.8
1 0.01 V
Podem então apresentar-se os erros limite (incertezas) das diversas medições na forma de uma
tabela:
em que é o máximo erro absoluto cometido pelo instrumento em cada valor medido,
constante em toda a escala e Vmax é o valor máximo da escala utilizada (gama de medição).
Os fabricantes de instrumentos de medição analógicos definem um limite superior do erro
absoluto (ou incerteza absoluta), que se admite ser constante ao longo de toda a a escala.
Assim, os instrumentos de medição analógicos são classificados pelo número que representa o
limite superior do erro absoluto instrumental, expresso em percentagem do valor máximo.
Note-se que o cálculo do erro instrumental como Ohmímetro não é feito a partir do índice
de classe, diferindo de instrumento para instrumento, não sendo objecto de análise nesta
disciplina.
É a seguir apresentado um exemplo de aplicação.
Num Voltímetro analógico com um índice de classe de 0.5 (ic=0.5), efectuaram-se as seguintes
leituras, utilizando-se a gama de medição de 10 V (Umax = 10 V):
a) U = 7.5 V
b) U = 5.0 V
c) U = 2.5 V
Calcule a incerteza relativa associada a cada uma das medições.
Resolução:
A incerteza absoluta é constante em toda a gama de medição, isto é,
U FE i. c.
i. c. 0.5 U FE 10 V
100
10 0.5
0.050 V
100
a) Um = 7.5 V
0.050
R 0.67%
Um 7.5
b) Um = 5.0 V
A incerteza relativa cresce para
0.050 valores menores da grandeza medida
R 10%
.
Um 5.0
c) Um = 2.5 V
0.050
R 2.0%
Um 2.5
Figura 18: Leitura de uma valor num instrumento analógico ([Morais, 1987])
O resultado da medição é então:
126,5 0,5
Isto é o mesmo que dizer que o observador só pode garantir que a leitura está entre 126 e 127.
Média Aritmética
A média aritmética é dada pela expressão seguinte:
x1 x2 x3 ... xn 1 n
x xi
n n i 1
em que:
x média aritmética
x1 , x2 ,..., xn leituras obtidas
n número de leituras
Exemplo:
Para o conjunto de leituras seguinte:
Leitura de Tensão (V)
117,02
117,11
117,08
117,03
Desvio da Média
O desvio da média é o afastamento de uma dada leitura relativamente à média do conjunto de
leituras. Se o desvio da leitura xi for designado por di, em que i vai de 1 até ao número de
leituras (n), então os desvio da média podem ser expressos como:
d1 x1 x
d 2 x2 x
...
d n xn x
Deve notar-se que o desvio da média pode tomar valores positivos e negativos e que a soma
algébrica de todos os desvios é zero.
Para as leituras de Tensão anteriores, temos:
d1 117,02 117,06 0,04 V
d 2 117,11 117,06 0,05 V
d 3 117,08 117,06 0,02 V
d 4 117,03 117,06 0,03 V
Desvio Médio
O desvio médio é uma indicação da precisão dos instrumentos utilizados para fazer as
medições. Instrumentos muito precisos conduzirão a um baixo desvio médio entre leituras.
Por definição, o desvio médio é a soma dos valores absolutos dos desvios a
dividir pelo número de leituras. O valor absoluto do desvio é o valor numérico deste sem
afectação de sinal.
O desvio médio pode então ser expresso por:
d1 d2 ... dn 1 n
D di
n n i 1
Por exemplo, o desvio médio das leituras de Tensão é:
0,04 0,05 0,02 0.03 0,14
D 0,035 V
4 4
Obviamente que quanto menor o desvio médio, mais precisas foram as medições.
d d ... d
2 2 2 d i
2
1 2
n i 1
n 1 n 1
Ao quadrado do desvio padrão dá-se o nome de variância (V), vindo assim:
V 2
Exemplo:
Leituras Valor (V) di di di2
1 117,02 -0,04 0,04 0,0016
2 117,11 0,05 0,05 0,0025
3 117,08 0,02 0,02 0,00040
4 117,03 -0,03 0,03 0,00090
Soma 468,24 0,00 0,14 0,0054
d i
2
0,0054
i 1
0,42 V
n 1 3
Hoje em dia, qualquer folha de cálculo e quase todas as máquinas de calcular com um mínimo
de qualidade (mesmo sem serem programáveis) permitem determinar as grandezas estatísticas
referidas (média, variância, desvio padrão).
20
18
16
14
Nº leituras
12
10
8
6
4
2
0 Tensão (V)
99,7 99,8 99,9 100,0 100,1 100,2 100,3
k = 0,6745 50,00
k = 1,0000 68,28
k = 1,6450 90,00
k = 1,9600 95,00
k = 2,0000 95,46
k = 2,5760 99,00
k = 3,0000 99,72
[Cabral, 1994] Paulo Cabral, Metrologia Industrial: uma função de gestão da qualidade, Instituto
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