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INTRODUÇÃO À METROLOGIA

Unidade 1 - Introdução

GINEAD
Unidade 1

Apresentação
Caro(a) estudante, seja bem-vindo(a) ao Curso de Introdução à Metrologia. Neste
momento, você se encontra na primeira unidade desta disciplina, cujo tema é
Introdução à Metrologia e suas grandezas fundamentais. Nela, você
irá aprender sobre a Metrologia e a Normalização no ambiente industrial, seus
conceitos básicos e as unidades padrões determinadas pelo Sistema
Internacional de Unidades (SI). Abordaremos, de maneira simplifi cada, os
conceitos básicos dessa área e a importância da padronização na interação
mundial das indústrias. Além disso, você será introduzido a alguns conceitos que
serão abordados profundamente nas unidades seguintes.

1.1 Introdução
Você já se perguntou sobre: “como surgiram as medidas?”, “em que momento
foi defi nido que 1 metro teria 1.000 milímetros” e “por que dizemos que a massa
é em quilogramas e a temperatura em graus Celsius”? Já se perguntou “como
um mecânico consegue ajustar um rolamento americano em um eixo fabricado
na Alemanha”? Essas e outras perguntas podem ser facilmente respondidas por
aqueles que compreendem os conceitos da Metrologia e Normalização; e você, ao
fi nal desta unidade, também será capaz de responder a inúmeras perguntas.

Figura 1 - Rolamento americano

Fonte: Plataforma Deduca (2020).

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De acordo com a definição proposta pelo Inmetro, Metrologia é a ciência da medição
que abrange todos os aspectos teóricos e práticos de uma medição. Ou seja, é um
conjunto de técnicas, conhecimentos e tecnologias que nos permite mensurar, por
meios teóricos e práticos, um determinado objeto de análise. Esta ciência assegura
a exatidão exigida em um processo produtivo e garante qualidade por meio da
calibração de instrumentos de medição e ensaios, tornando-se base fundamental
para a competitividade das empresas.

A necessidade do homem de mensurar seus objetos de análise, sejam produtos ou


grandezas naturais, fomentou a necessidade de se medir conforme compreensão
humana. Agora, imaginem o mundo globalizado, no qual cada país oferece seu próprio
tipo de medição em produtos. Percebeu como isso pode ser uma bagunça? Com base
nisso, torna-se fundamental a existência de uma infraestrutura de normalização.

Então, o que é a Normalização? É um conceito internacional de padronização,


ou seja, um meio de garantir que tudo produzido e medido no mundo possa
ser, independentemente do local, comparado, validado e comercializado. Para
garantir a aplicação adequada deste conceito, existem organizações nacionais
e internacionais que ditam os parâmetros adequados, como, por exemplo, a
International Organization for Standardization (ISO) e a Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT).

Saiba mais
1. International Organization for Standardization: “[...] criada em 1946
e tem como associados organismos de normalização de cerca de 160
países. Suas normas mais conhecidas são a ISO 9000, para gestão
da qualidade, e a ISO 14000, para gestão do meio ambiente” (Inmetro,
2020). 2. Associação Brasileira de Normas Técnicas: “[...] organização
não governamental, mantida com recursos da contribuição dos seus
associados e do Governo Federal” (Inmetro, 2020).

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1.2 Conceitos básicos
Pode-se dizer que a Metrologia é uma importante ferramenta para avaliar a
conformidade de um produto, garantir justas relações de troca e comércio e dar
a credibilidade nacional e internacional. Segundo CICMAC (2020), dividimos a
metrologia em três grandes áreas: científica, industrial e legal.

Metrologia Científica

É a parte responsável pela evolução das técnicas, dos conceitos e das


tecnologias da metrologia, garantindo a inovação nesta ciência e buscando
o constante aperfeiçoamento da metrologia, de suas técnicas e de
instrumentos de medição;

Metrologia Industrial

Área da metrologia cujo foco é a garantia da qualidade de fabricação, por


meio de métodos e procedimentos, responsável por garantir a calibração dos
instrumentos de medição, o controle de qualidade e a rastreabilidade dessas
informações;

Metrologia Legal

Relacionada a sistemas de medição usados nas áreas de saúde, segurança


e meio ambiente, garantindo qualidade dos bens de consumo no que diz
respeito à segurança dos consumidores.

Segundo Albertazzi (2017), os padrões de Metrologia são normalizados e garantidos


por algumas organizações, nacionais e internacionais, as quais podem fazer uso de
sistemas metrológicos.

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No Brasil, podemos apontar as três principais organizações, a saber:

Sinmetro

Composto por instituições privadas e órgãos públicos, cujo papel é exercer


serviços relacionados com metrologia, normalização, qualidade industrial e
certificação de conformidade;

Conmetro

Responsável por garantir a uniformidade e a racionalização das unidades de


medida utilizadas no Brasil, fixar critérios e procedimentos para certificação
de qualidade de produtos industriais e também por aplicar penalidades nos
casos de infração às leis referentes à metrologia, à normalização industrial e à
certificação da qualidade de produtos industriais;

Inmetro

Principal órgão, responsável por manter e conservar os padrões de unidades


de medida, fiscalizar e verificar a observância das normas técnicas e
legais referentes à metrologia, executar as atividades de acreditação dos
laboratórios de calibração e ensaio, entre outras funções.

Têm-se definições importantes para contextualização no mundo da Metrologia:

• Instrumento de medição: dispositivo utilizado para se obter uma medida (Inmetro,


2020);

• Calibração: ferramenta básica para assegurar confiabilidade de um instrumento


de medição;

• Rastreabilidade: “propriedade do resultado de uma medição” (VIM, 2000);

• Incerteza de Medição: “parâmetro associado ao resultado de uma medição, que


caracteriza a dispersão dos valores que podem ser fundamentalmente atribuídos a
um mesurando” (VIM, 2000);

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• Padrão de Medição: “sistema de medição destinado a definir, realizar, conservar ou
reproduzir uma unidade ou um ou mais valores de uma grandeza para servir para
referência” (VIM, 2000); e

• Materiais de Referência: “material ou substância que tem um ou mais valores de


propriedades que são suficientemente homogêneos e bem estabelecidos para ser
usado na calibração de um aparelho, na avaliação de um método de medição ou
atribuição de valores a materiais” (VIM, 2000).

1.3 Unidades básicas do Sistema


Internacional
No mundo globalizado, é fundamental que os produtos sejam uniformes e
intercambiáveis. Mas o que é que permite essa padronização? Qual é o sistema
de informações que nos permite utilizar peças fabricadas na China com conjuntos
fabricados no Brasil? A resposta é o Sistema Internacional de Medidas.

Figura 2 - Medição

Fonte: Plataforma Deduca (2020).

SI é o padrão de unidades de medida adotado pelo Brasil. Segundo Balbinot (2006),


esse sistema é subdivido em unidades-base e unidades derivadas, as primeiras são
independentes do ponto de vista dimensional:

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Quadro 1 - Unidades Base do SI

GRANDEZA UNIDADE BASE SÍMBOLO


Comprimento metro m

Massa quilograma kg

Tempo segundo s

Corrente elétrica ampere A

Temperatura termodinâmica kelvin K

Quantidade de substância mol mol

Intensidade luminosa candela cd

Fonte: Adaptado de Balbinot (2006).

As unidades derivadas são unidades-base com sinais de multiplicação ou divisão,


algumas recebem nomes e símbolos especiais, senão, vejamos:

Quadro 2 - Unidades Derivadas - Especiais

UNIDADE DIMENSIONAL
GRANDEZA SÍMBOLO
DERIVADA ANALÍTICA
Capacitância farad F A²·s²·s²/(kg·m²)

Carga elétrica coulomb C A·s

Condutância siemens S A²·s³/(kg·m²)

Energia joule J kg·m²/s²

Fluxo luminoso lúmen lm cd

Fluxo magnético weber Wb kg·m²/(s²·A)

Força newton N kg·m/s²

Frequência hertz Hz 1/s

Indutância henry H kg·m²/(s²·A²)

Intensidade de campo
tesla T kg/(s²·A)
magnético

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UNIDADE DIMENSIONAL
GRANDEZA SÍMBOLO
DERIVADA ANALÍTICA
Luminosidade lux lx cd/m²

Potência watt W kg·m²/s³

Pressão pascal Pa kg/(m·s²)

Resistência elétrica ohm Ω kg·m²/(s³·A²)

Temperatura em Celsius grau Celsius °C ---

Tensão elétrica volt V kg·m²/(s³·A)

Volume Metro cúbico m³ m.m.m

Fonte: Adaptado de Balbinot (2006).

No entanto, há inúmeras combinações que não recebem nomes especiais (Quadro 3).

Quadro 3 - Unidades derivadas do SI - Não especiais

GRANDEZA UNIDADE SÍMBOLO


Área metro quadrado m²

Volume metro cúbico m³

Número de onda por metro 1/m

Densidade de massa quilograma por metro cúbico kg/m³

Concentração mol por metro cúbico mol/m³

Volume específico metro cúbico por quilograma m³/kg

Velocidade metro por segundo m/s

Aceleração metro por segundo ao quadrado m/s²

Densidade de corrente ampere por metro ao quadrado A/m²

Campo magnético ampere por metro A/m

Fonte: Adaptado de Balbinot (2006).

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Além das unidades-base e das unidades derivadas do SI, têm-se os prefixos oficiais
do SI, os quais permitem escrever sem o uso de notação científica, de maneira clara
e simples, a saber:

Quadro 4 - Prefixos aceitos pelo SI

yotta Y 1024 = 1 000 000 000 000 000 000 000 000

zetta Z 1021 = 1 000 000 000 000 000 000 000

exa E 1018 = 1 000 000 000 000 000 000

peta P 1015 = 1 000 000 000 000 000

tera T 1012 = 1 000 000 000 000

giga G 109 = 1 000 000 000

mega M 106 = 1 000 000

quilo k 103 = 1 000

hecto h 102 = 1 00

deca da 101 = 10

UNIDADE 100 = 1

deci d 10-1 = 0,1

centi c 10-2 = 0,01

mili m 10-3 = 0,001

micro µ 10-6 = 0,000 001

nano n 10-9 = 0,000 000 001

pico p 10-12 = 0,000 000 000 001

femto f 10-15 = 0,000 000 000 000 001

atto a 10-19 = 0,000 000 000 000 000 001

zepto z 10-21 = 0,000 000 000 000 000 000 001

yocto y 10-24 = 0,000 000 000 000 000 000 000 001

Fonte: Adaptado de Balbinot (2006).

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Você já utiliza esses prefixos em seu cotidiano, por exemplo, quando você quer dizer
a distância entre duas cidades, dizemos, naturalmente, que a cidade A fica a 200
km da cidade B, e não 200 mil metros. Percebem como é útil? Ao longo do estudo
desta disciplina, a utilização dos prefixos e das unidades SI se tornará cada vez mais
necessária, prática e simples.

Saiba mais
Quer entender qual o impacto da Metrologia no ambiente industrial? Confira
o artigo a seguir! SILVA, D. A. Vi. S.; FONSECA, M. V. de A. Monitoramento
para avaliação do desempenho regulatório do Instituto Nacional de
Metrologia, Qualidade e Tecnologia. Scielo, 2019. Disponível em: http://
www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-76122015000200447&script=sci_
abstract&tlng=pt. Acesso em: 10 mar. 2020.

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Fechamento
Nesta unidade, abordamos os conceitos de Metrologia. Conhecemos os principais
conceitos de Sistemas de unidade-base e de unidade derivada. Além disso,
aprendemos sobre os prefixos do SI e como o uso deles deixa a leitura de dados
científicos mais clara e objetiva.

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Palavras-chave
Metrologia; Normalização; SI.

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Referências
ALBERTAZZI, A. G. Jr.; SOUSA, A. R. Fundamentos de Metrologia Científica e
Industrial. Ed. Manole, 2017.

BALBINOT, A.; BRUSAMARELLO, V. J. Instrumentação e Fundamentos de


Medidas. v. 1. Livros Técnicos e Científicos, 2006.

CICMAC. Conceitos de Metrologia. Disponível em: http://www.inmetro.rs.gov.br/cicmac/


material_didatico/polig_conceito_metrologia.pdf. Acesso em: 29 fev. 2020.

INMETRO. Avaliação da Conformidade. Diretoria da Qualidade. 5. ed. 2007.


Disponível em: http://www.inmetro.gov.br/infotec/publicacoes/acpq.pdf. Acesso em: 15
maio 2012.

INMETRO. Inmetro. Disponível em: www.inmetro.gov.br. Acesso em: 29 fev. 2020.

INMETRO. Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade


Industrial. Sinmetro. Disponível em: http://www.inmetro.gov.br/inmetro/sinmetro.
asp?iacao=imprimir. Acesso em: 31 mar. 2020.

INMETRO. VIM. Brasília: SENAI/DN. 2. ed. 75 p. 2000.

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