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NOÇÕES DE MANUTENÇÃO PARA

OPERADORES DE MÁQUINAS DE
EMBALAGENS PLÁSTICAS
METROLOGIA BÁSICA

Elaboração Prof.: Eng. Cleonis Batista Santos


Material desenvolvido pelo SESI SENAI RIO VERDE

Elaboração Prof.: Eng. Cleonis Batista Santos


APRESENTAÇÃO

O avanço tecnológico aplicado ao desenvolvimento de novas máquinas e equipamentos,


visando ganho de produtividade e redução de retrabalho tem exigido do profissional que irá
operá-los conhecimentos nas áreas da Mecânica, Elétrica e Automação. Sendo assim, as
empresas tem percebido a necessidade de capacitar seus colaboradores, desenvolvendo
competências que permitam interpretar e resolver problemas operacionais de pequena
complexidade durante o manuseio do equipamento que operam.
Desta forma, este material tem como objetivo dar suporte ao Curso de Operador de
Máquinas de Embalagens Plásticas, ministrado à Empresa Videplast servindo como base para as
aulas teóricas, através do qual poderão ser elaborados slides, os quais nortearão o trabalho do
Instrutor juntamente com as turmas compostas por colaboradores da referida empresa.

Bom estudo.

SENAI GO

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SUMÁRIO

PARTE 1: METROLOGIA

1.1 INTRODUÇÃO Á METROLOGIA

1.2 NORMAS

1.2.1 ABNT

1.2.2 INMETRO

1.2.3 DIN

1.2.4 ISO

1.3 MEDIDAS E CONVERSÕES

1.4 INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO TIPOS APLICAÇÕES E LEITURA

1.4.1 PAQUÍMETRO

1.4.2 RÉGUA GRADUADA

1.4.3 MICRÔMETRO

1.4.4 RELÓGIO COMPARADOR

1.5 TOLERÂNCIA DIMENSIONAL

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1. METROLOGIA

O termo metrologia vem do grego 'metron' que significa 'medida', e logos que
significa 'estudo'. Segundo a definição que consta no VIM 2012, metrologia é o estudo
das medições e suas aplicações.
A metrologia engloba todos os aspectos teóricos e práticos da medição, qualquer
que seja a incerteza de medição e o campo de aplicação. Medições e metrologia são
essenciais a quase todos os aspectos dos empreendimentos humanos, pois são utilizados
em atividades que incluem o controle da produção, a avaliação da qualidade do meio
ambiente, da saúde e da segurança, e da qualidade de materiais, comida e outros produtos
para garantir práticas seguras de comércio e a proteção ao consumidor, para citar alguns
exemplos.
A necessidade de medir as coisas é muito antiga e remete à origem das primeiras
civilizações. Por um longo período de tempo cada povo teve o seu próprio sistema de
medidas, que era estabelecido a partir de unidades arbitrárias e imprecisas como, por
exemplo, as baseadas no corpo humano (palmo, pé, polegada, braça, côvado, etc.), o que
acabava criando muitos problemas para o comércio, porque as pessoas de uma
determinada região não estavam familiarizadas com o sistema de medidas das outras
regiões.
Os processos modernos de produção são caracterizados pela montagem de
sistemas e equipamentos com peças e componentes comprados no mundo inteiro. Tal
montagem só é possível se todos os agentes envolvidos na cadeia de produção seguirem
padrões rígidos, onde as grandezas e medições envolvidas estiverem amparadas por um
bom sistema metrológico, de modo a permitir condições de perfeita aceitabilidade na
montagem e encaixe de partes de produtos finais, independente de onde sejam
produzidas.

1.1 INTRODUÇÃO

Há milhares de anos, quando o Homem intensificou a vida em grupo, a


necessidade de estabelecer a comunicação interpessoal levou ao desenvolvimento das
primeiras formas de linguagem. Com a evolução das primeiras sociedades, a capacidade

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de contar, isto é, de descrever alguns fatos por meio de números, foi sendo, aos poucos,
desenvolvida. A contagem de animais, os membros das famílias, armas e alimentos
(Figura 1) são alguns exemplos. Com o passar do tempo, o contínuo aprimoramento
tornou a vida em sociedade mais sofisticada. A descrição de certas quantidades apenas
por números tornou-se insuficiente para algumas necessidades cotidianas. Era necessário
acrescentar um elemento adicional aos números para descrever de forma mais clara e
precisa certas quantidades. O número dos passos que caracterizam uma distância, o
número de sacas que correspondem a certa produção de cereais ou o número de barris
de vinho (Figura 2) são alguns exemplos de unidades que passaram a ser usadas com os
números para deixar a comunicação e as transações comerciais mais claras. Foram essas
as primeiras medições rudimentares.

Figura 1 – Algumas formas de realizar contagens.

Figura 2 – Contagens de unidades para sua quantificação.

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Certamente, o desenvolvimento do comércio interno e entre grupos e tribos
vizinhas fortaleceu a necessidade de estabelecer um processo de medição mais elaborado
e aceito pelas partes envolvidas. À medida que as civilizações floresceram, as técnicas e
unidades de medição foram sendo aperfeiçoadas para satisfazer as demandas de cada
época. Inicialmente, medições baseadas em partes da anatomia humana como jarda, pé
e polegada, por exemplo (Figura 3), se mostraram suficientes para medir comprimentos e
volumes, porém instáveis e confusos por questões comerciais entre as civilizações. Com
o desenvolvimento tecnológico, unidades de medição mais estáveis e bens definidas
mostraram-se necessárias.

Figura 3 – Medições feitas com base das partes anatômicas do ser humano.

Para que transações comerciais possam ser efetuadas de forma justa e pacífica, é
necessário descrever as quantidades envolvidas em termos de uma base comum, isto é, de
unidades de medição conhecidas e aceitas pelas partes envolvidas. O volume de petróleo,
a massa de grãos ou minérios, o volume de produto contido em uma embalagem são
exemplos. O percentual de enxofre no petróleo, os teores de umidade dos grãos, o teor
de pureza do minério ou a composição química do produto embalado são exemplos de
outras quantidades que influenciam transações comerciais. É muito importante que quem
vende e quem compras saibam, claramente, com que e com quanto estão lidando.

Na era da globalização, produtos devem ser projetados para funcionar além das

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fronteiras dos países. Mecanismos de precisão produzidos na Suíça devem ser integrados
a um periférico de computador montado na China que comporá um sistema alemão para
medição de peças produzidas por uma companhia de aviação americana. As partes devem
se encaixar precisamente para que funções do componente, do mecanismo e do produto
sejam cumpridas com a qualidade necessária. Não há mais espaço para o artesão que,
com paciência e habilidade manual, consegue ajustar individualmente peças de forma
magistral. Peças são hoje produzidas para encaixarem-se umas com as outras da forma
prevista pelo projetista, sem exceções. Essa garantia é possível graças à adoção
internacional de um sistema de metrologia maduro e estável.

Hoje, em plena era na nanotecnologia, é possível reproduzir o metro com


incertezas de apenas 10-11 m, isto é, 0,00000000001 m. Embora esse seja um número
fantástico, esse limite não é absoluto. O desenvolvimento da metrologia foi, é e sempre
será impulsionado pela evolução tecnológica. É possível esperar grandes avanços para os
próximos anos que, fatalmente, trarão os limites da metrologia para níveis ainda mais
formidáveis.

1.2 NORMAS

Norma é um termo que vem do latim e significa “esquadro”. Uma norma é uma
regra que deve ser respeitada e que permite ajustar determinadas condutas ou atividades.
No âmbito do direito, uma norma é um preceito jurídico.

Por exemplo: “Cometi uma infracção ao conduzir a 120 quilómetros à hora quando a
norma estabelece uma velocidade máxima permitida de 110 quilómetros/hora”,
“Desculpe, mas aqui não é permitido fumar, é uma norma deste estabelecimento”, “Esta
instituição tem normas que devem ser respeitadas por todos os seus integrantes, sem
exceções”.

1.2.1 ABNT

ABNT é a sigla de Associação Brasileira de Normas Técnicas, um órgão


privado e sem fins-lucrativos que se destina a padronizar as técnicas de
produção feitas no país. A normalização técnica dos produtos científicos e
tecnológicos documentais é fundamental para a total e ampla compreensão e
identificação dos mesmos.

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A ABNT teve início em 1937, na 1ª Reunião de Laboratórios de Ensaios de
Materiais, e nos dois anos subsequentes a ideia de fazer um órgão de normalização
começou a ser discutida com muito mais força. Após sua criação, em 1949, a Associação
começou a ganhar reconhecimento, difundindo e criando normas no âmbito nacional.

Em 1947, a ABNT foi um fator importante para a criação da ISO, e por isso foi
convidada a representar o Brasil na Organização. Sua história internacional vai além da
ISO, pois a Associação também auxiliou na fundação do Comitê Panamericano de
Normas Técnicas e da Associação Mercosul de Normalização, e atualmente continua
sendo um membro muito ativo destas instituições.

1.2.1 INMETRO

O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia - Inmetro - é uma


autarquia federal, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior, que atua como Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro), colegiado interministerial, que é o
órgão normativo do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial (Sinmetro).

No âmbito de sua ampla missão institucional, o Inmetro objetiva fortalecer as


empresas nacionais, aumentando sua produtividade por meio da adoção de mecanismos
destinados à melhoria da qualidade de produtos e serviços.

Sua missão é prover confiança à sociedade brasileira nas medições e nos produtos,
através da metrologia e da avaliação da conformidade, promovendo a harmonização das
relações de consumo, a inovação e a competitividade do País.·.

Dentre as competências e atribuições do Inmetro destacam-se:

 Executar as políticas nacionais de metrologia e da qualidade;

 Verificar a observância das normas técnicas e legais, no que se refere às unidades de

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medida, métodos de medição, medidas materializadas, instrumentos de medição e
produtos pré-médicos;

 Manter e conservar os padrões das unidades de medida, assim como implantar e


manter a cadeia de rastreabilidade dos padrões das unidades de medida no País, de
forma a torná-las harmônicas internamente e compatíveis no plano internacional,
visando, em nível primário, à sua aceitação universal e, em nível secundário, à sua
utilização como suporte ao setor produtivo, com vistas à qualidade de bens e serviços;

 Fortalecer a participação do País nas atividades internacionais relacionadas com


metrologia e qualidade, além de promover o intercâmbio com entidades e organismos
estrangeiros e internacionais;

 Prestar suporte técnico e administrativo ao Conselho Nacional de Metrologia,


Normalização Qualidade Industrial - Conmetro, bem assim aos seus comitês de
assessoramento, atuando como sua Secretaria-Executiva;

 Fomentar a utilização da técnica de gestão da qualidade nas empresas brasileiras;

 Planejar e executar as atividades de acreditação de laboratórios de calibração e de


ensaios, de provedores de ensaios de proficiência, de organismos de certificação, de
inspeção, de treinamento e de outros, necessários ao desenvolvimento da
infraestrutura de serviços tecnológicos no País; e

 Desenvolvimento, no âmbito do Sinmetro, de programas de avaliação da


conformidade , nas áreas de produtos, processos, serviços e pessoal, compulsórios ou
voluntários, que envolvem a aprovação de regulamentos.

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Fonte: site INMETRO

 Planejar e executar as atividades de acreditação de laboratórios de calibração e de


ensaios, de provedores de ensaios de proficiência, de organismos de certificação, de
inspeção, de treinamento e de outros, necessários ao desenvolvimento da
infraestrutura de serviços tecnológicos no País; - realizada pela Coordenação Geral de
Acreditação do Inmetro - CGCRE.

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A partir da acreditação de laboratórios e organismos de certificação, inspeção,
treinamento e outros são instalados a infraestrutura necessária para a emissão e
gerenciamento dos PACs – Programas de Avaliação da Conformidade.

Coordenação Geral de Acreditação do Inmetro (Cgcre) é o organismo de acreditação


de organismos de avaliação da conformidade reconhecido pelo Governo Brasileiro pelo
Decreto nº 6.275, de 28 de novembro de 2007, o qual estabelece que compete à
Coordenação Geral de Acreditação do Inmetro (Cgcre) atuar como organismo de
acreditação de organismos de avaliação da conformidade. A Cgcre é, portanto, dentro da
estrutura organizacional do Inmetro, a unidade organizacional principal que tem total
responsabilidade e autoridade sobre todos os aspectos referentes à acreditação, incluindo
as decisões de acreditação.

A Cgcre e as demais unidades organizacionais do Inmetro colaboram no sentido da


implementação das diretrizes do CONMETRO, sendo mantida a independência da Cgcre
como organismo de acreditação, evitando-se qualquer conflito com atividades de
avaliação da conformidade realizadas pelas outras unidades organizacionais do Inmetro
ou por quaisquer outros órgãos governamentais.
A Cgcre, juntamente com organismos de acreditação congêneres de outros países,
vem buscando estabelecer, por meio de cooperações regionais e internacionais de
organismos de acreditação, acordos que possam promover a confiança daqueles que se
utilizam dos resultados de ensaios e calibrações, assim como dos certificados emitidos
por organismos de certificação acreditados para sistemas de gestão e produtos.

Dentre outros acordos internacionais destacamos os do acordo multilateral ILAC


para laboratórios de ensaios e calibração, IAF para acreditação de organismos de
certificação de sistemas de gestão da qualidade, sistemas de gestão ambiental e
organismo de acreditação de organismos de certificação de produtos, IAAC para
laboratórios de ensaios e calibração e para acreditação de organismos de certificação de
sistemas de gestão da qualidade e organismo de acreditação de organismos de
certificação de produtos e de sistema de gestão ambiental.
Desenvolvimento, no âmbito do Sinmetro, de programas de avaliação da conformidade ,
nas áreas de produtos, processos, serviços e pessoal, compulsórios ou voluntários, que

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envolvem a aprovação de regulamentos- realizada pela Diretoria da Qualidade do Inmetro
- Dqual.

O Inmetro é o responsável pela gestão dos Programas de Avaliação da


Conformidade, no âmbito do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade - SBAC.
Seu negócio é implantar de forma assistida programas de avaliação da conformidade de
produtos, processos, serviços e pessoal, alinhados às políticas do Sistema Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Sinmetro) e às práticas internacionais,
promovendo competitividade, concorrência justa e proteção à saúde e segurança do
cidadão e ao meio ambiente. Seu público-alvo são os setores produtivos, as autoridades
regulamentadoras e os consumidores.

O processo de elaboração dos Programas de Avaliação da Conformidade tem


como premissa a implantação assistida, ou seja, desde a concepção até a implementação e
posterior acompanhamento no mercado, o programa deve ser conduzido de forma a
identificar fatores facilitadores ou que possam dificultar a Implantação Assistida,
contemplando para cada ação sua natureza, meios, responsáveis e prazos, de forma a
facilitar o entendimento, aceitação e adequação ao Programa por todas as partes
interessadas que, por sua vez, contempla também as partes impactadas.

Qualidade, no contexto do Inmetro, compreende o grau de atendimento (ou


conformidade) de um produto, processo, serviço ou ainda um profissional a requisitos
mínimos estabelecidos em normas ou regulamentos técnicos, ao menor custo possível
para a sociedade.

O macroprocesso Avaliação da Conformidade é operacionalizado pela Diretoria da


Qualidade e é desmembrado em cinco processos específicos, relacionados a seguir:

 Articulação Externa e Desenvolvimento de Projetos Especiais;

 Desenvolvimento, implementação e Aperfeiçoamento de programas de Avaliação da


Conformidade;

 Acompanhamento no mercado

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 Promoção da Atividade de Avaliação da Conformidade.

1.2.3 DIN

As normas DIN são os padrões técnicos para a garantia da qualidade de produtos


industriais e científicos na Alemanha. As normas DIN representam regulamentos que
operam sobre o comércio, a indústria, a ciência e instituições públicas relacionadas ao
desenvolvimento de produtos alemães. DIN é um acrônimo de "Deutsches Institut für
Normung" ou “Instituto Alemán de Normalización”, que é a instituição com sede em
Berlim e estabelecida em 1971, encarregada da normalização alemã. O DIN realiza as
mesmas funções que órgãos internacionais como o ISO.

As normas DIN buscam corresponder-se com o chamado "estado da ciência",


garantindo qualidade e segurança na produção e consumo. Às vezes, o regulamento das
normas DIN tem influência sobre as regulamentações de outros órgãos de normalização
internacionais.

As DIN podem ser classificadas como "fundamentais de tipo geral" (normas de


formatos, tipos de linha, rotulação e outras), "fundamentais de tipo técnico" (normas de
características de elementos e equipamentos mecânicos), "de materiais" (normas de
qualidade de materiais, designação, propriedades, composição, etc.), "de dimensões de
peças e mecanismos" (normas de formas, dimensões, tolerâncias). E também podem ser
classificadas conforme sua área de aplicação, como "internacionais", "regionais",
"nacionais" ou "de empresa".

Estas normas são classificadas com diversos números e regulam todos os aspectos
da vida econômica e produtiva na Alemanha. Por exemplo, a norma DIN 476 define os
formatos e tamanhos de papéis que devem ser adotados oficialmente. O uso das normas
DIN pode ser vista, por exemplo, na fabricação de ferramentas. Um caso é o
desenvolvimento de peças como uma chave, onde as DIN regulam as voltagens,
tolerâncias e especificações sobre o produto final. O cumprimento das normas DIN em
um produto é garantia de confiança, segurança e qualidade para o comprador e usuário do
mesmo.·.

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1.2.4 ISO

ISO é a Organização Internacional para a Padronização, que regula uma série de


normas para fabricação, comércio e comunicação, em todos os ramos industriais.
Conhece-se por ISO tanto à Organização como às normas estabelecidas pela mesma para
padronizar os processos de produção e controle em empresas e organizações
internacionais.

A Organização Internacional para a Padronização ou ISO (que em grego significa


“igual”) foi criada em 1947, depois da Segunda Guerra Mundial e se converteu em um
organismo dedicado a promover o desenvolvimento de normas e regulamentações
internacionais para a fabricação de todos os produtos, excetuando os que pertencem ao
ramo da elétrica e eletrônica. Assim, se garante a qualidade e segurança em todos os
produtos, ao mesmo tempo em que se respeitam critérios de proteção ambiental.·.
Atualmente, trata-se de uma rede de instituições em 157 países, que funciona
centralmente em Genebra, Suíça. Esta sede de coordenação internacional tem tanto
delegações de governo como de outras entidades afins. Apesar de sua alta incidência a
nível mundial, a participação destas normas é voluntária, já que a ISO não possui
autoridade para impor suas regulamentações.

As normas ISO atendem a diferentes aspectos da produção e o comércio, mas entre


algumas delas se encontram as que regulam a medida do papel, o nome das línguas, as
citações bibliográficas, códigos de países e de divisas, representação do tempo e data,
sistemas de gerenciamento de qualidade, linguagens de programação C e BASIC, ciclo de
vida do software, requisitos a respeito de concorrência em laboratórios de ensaio e
calibração, documentos em. ODF documentos em.PDF garantia de falhas em
CD-ROM, sistemas de gerenciamento de segurança da informação, e muitas outras.

1.3 MEDIDAS E CONVERSÕES

INTRODUÇÃO

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Apesar de se chegar ao metro como unidade de medida, ainda são usadas outras
unidades. Na Mecânica, por exemplo, é comum usar o milímetro e a polegada. O sistema
inglês ainda é muito utilizado na Inglaterra e nos Estados Unidos, e é também no Brasil
devido ao grande número de empresas procedentes desses países. Porém esse sistema
está, aos poucos, sendo substituído pelo sistema métrico. Mas ainda permanece a
necessidade de se converter o sistema inglês em sistema métrico e vice-versa.

SISTEMA INGLÊS

O sistema inglês tem como padrão a jarda. A jarda também tem sua história. Esse
termo vem da palavra inglesa yard que significa “vara”, em referência a uso de varas nas
medições. Esse padrão foi criado por alfaiates ingleses. No século XII, em consequência
da sua grande utilização, esse padrão foi oficializado pelo rei Henrique I. A jarda teria
sido definida, então, como a distância entre a ponta do nariz do rei e a de seu polegar,
com o braço esticado. A exemplo dos antigos bastões de um cúbito foram construídas e
distribuídas barras metálicas para facilitar as medições. Apesar da tentativa de
uniformização da jarda na vida prática, não se conseguiu evitar que o padrão sofresse
modificações.

As relações existentes entre a jarda, o pé e a polegada também foram instituídas por


leis, nas quais os reis da Inglaterra fixaram que:

1 pé = 12 polegadas
1 jarda = 3 pés
1milha terrestre = 1.760 jardas

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Sistema Internacional de Medidas

É um sistema coerente, pois as unidades derivadas são obtidas por um processo de


multiplicação e divisão das unidades de base, sem utilização de fatores numéricos, exceto
o número 1.

Unidades de Base

Atributo de um fenômeno, corpo ou substância que pode ser qualitativamente


distinguido e quantitativamente determinado.

Exemplos: tempo, massa, temperatura, resistência elétrica, comprimento.

Unidade de Medida na Mecânica

Apesar da unidade de comprimento no sistema internacional ser o metro, muitas


áreas de trabalho empregam múltiplos ou sub-múltiplos conforme a relação de grandeza
que aplicam no dia a dia. Na Mecânica, a unidade de medida mais comum é o milímetro,

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cuja abreviação é o mm.

Unidade de Medida na Mecânica

Devido a precisão, como no caso de montagem de rolamentos, buchas e eixos é


comum empregar-se instrumentos de medição, como calibradores ou blocos-padrão para
garantir a qualidade do trabalho, em sub-unidades do milímetro. Assim, a Mecânica
emprega medidas ainda menores que o milímetro, como décimos, centésimos ou
milésimos de milímetro.

Embora tendo os EUA e a Inglaterra aceito o metro como Unidade Internacional


de comprimento, estes não abandonaram as suas anteriores unidades, motivados
principalmente por questões econômicas. Sendo o Brasil obrigado a manter relações
comerciais com estes países, faz- se necessário ocasionalmente fazer uso do sistema
inglês. A Tabela 2 relaciona as unidades de comprimento adotadas por este sistema.

A polegada é outra unidade de medida muito utilizada na Mecânica,


principalmente em elementos de máquinas fabricados em países como os Estados Unidos
e a Inglaterra. Embora a unificação dos mercados econômicos da Europa, da América e
da Ásia tenha obrigado os países a adotarem como padrão o Sistema Métrico Decimal,
essa adaptação está sendo feita por etapas.

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Um exemplo disso são as conexões e tubos, que são fabricadas com os dois
sistemas de medida. Por essa razão, mesmo que o sistema adotado no Brasil seja o
sistema métrico decimal, é necessário conhecer a polegada e aprender a fazer as
conversões para o nosso sistema. A polegada, que pode ser fracionária ou decimal, é uma
unidade de medida que corresponde a 25,4 mm.

Conversões de Unidade de Medida

Esse cálculo é necessário, por exemplo, quando um operador recebe materiais


cujas dimensões estão em polegadas e precisa construir uma peça ou dispositivo cujo
desenho apresenta as medidas em milímetros ou frações de milímetros, o que é bastante
comum na indústria mecânica.

Conversão de polegada para milímetro

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Multiplicar o numerador da fração pelo valor de uma polegada em milímetros (25,4 mm);
Dividir o resultado encontrado pelo denominador.
Exemplo: Transformar ½ ” e 2 ¾ ” para milímetros

a ) x = ½ ” . 25,4 x = 12,7 mm
b) 2 ¾ ” = 2,75 . 25,4 x = 69,85 mm

Conversão de milímetro para polegada na forma decimal

Dividir o valor dado em milímetros pela equivalência de milímetro em polegada (25,4


mm), obtendo-se o resultado na forma decimal de polegada.

Exemplo: Transformar 23,8 mm para polegadas:

x = 23,8/ 25,4
x = 0,937”

Conversão de milímetro para polegada na forma de fração ordinal

“Também é possível converter o resultado em polegada para forma de fração ordinal,


com erro de até 1/128”. Neste caso, segue-se o seguinte procedimento:

 Separar os números inteiros da parte decimal;

 Multiplicar a parte decimal por 128;

 Arredondar o resultado no valor inteiro;

 Reescrever o valor como numerador de uma fração que tem o 128 como
denominador;

 Simplificar a fração, quando possível;

 Apresentar os resultados finais, compostos do número inteiro seguido da fração.

Exemplo:

Conversão de milímetro para polegada na forma de fração ordinal

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Exemplo: Transformar 37,3 mm em polegadas na forma de fração ordinal

1.4 INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO

1.4.1 PAQUÍMETRO

Paquímetro universal

Utilizado em medidas internas, externas, de profundidade e de ressaltos.

Trata-se do tipo mais usado.

A INTERNO

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B RESALTO
C EXTERNO
D FROFUNDIDADE

Paquímetro de profundidade

Serve para medir a profundidade de furos n„o vazados, rasgos, rebaixos etc. Esse tipo de
paquímetro pode apresentar haste simples ou haste com gancho.

HASTE SIMPLES HASTE COM


GANCHO

Paquímetro duplo

Serve para medir dentes de engrenagens.

Paquímetro digital

Utilizado para leitura rápida, livre de erro de paralaxe, e ideal para controle estatístico.

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PAQUIMETRO DIGITAL

Traçador de altura
Esse instrumento baseia-se no mesmo princípio de funcionamento do paquímetro,
apresentando a escala fixa com cursor na vertical. Empregado na traçagem de peças, para
facilitar o processo de fabricação e, com auxílio de acessórios, no controle dimensional.

Micrômetros
A figura seguinte mostra os componentes de um micrômetro.

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 O arco é constituído de aço especial ou fundido, tratado termicamente para eliminar
as tensões internas.

 O isolante térmico, fixado ao arco, evita sua dilatação porque isola a transmissão de
calor das mãos para o instrumento.

 O fuso micrométrico é construído de aço especial temperado e retificado para garantir


exatidão do passo da rosca.

 As faces de medição tocam a peça a ser medida e, para isso, apresentam-se


rigorosamente planos e paralelos. Em alguns instrumentos, os contatos são de metal
duro, de alta resistência ao desgaste.

 A porca de ajuste permite o ajuste da folga do fuso micrométrico, quando isso é


necessário.

 O tambor é onde se localiza a escala centesimal. Ele gira ligado ao fuso micrométrico.
Portanto, a cada volta, seu deslocamento È igual ao passo do fuso micrométrico.

 A catraca assegura uma pressão de medição constante.

 A trava permite imobilizar o fuso numa medida predeterminada.

Características

Os micrômetros caracterizam-se pela:

Capacidade;
Resolução;
Aplicação.

A capacidade de medição dos micrômetros normalmente é de 25 mm (ou 1"), variando o


tamanho do arco de 25 em 25 mm (ou 1 em 1"). Podem chegar a 2000 mm (ou 80").

Tipos de micrômetros

De profundidade

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Conforme a profundidade a ser medida, utilizam-se hastes de extensão, que fornecidas
juntamente com o micrômetro.

Com arco profundo

Serve para medições de espessuras de bordas ou de partes salientes das peças.

Com disco nas hastes

O disco aumenta área de contato possibilitando a medição de papel, cartolina, couro,


borracha, pano etc. Também é empregado para medir dentes de engrenagens.

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Para medição de roscas

Especialmente construído para medir roscas triangulares, este micrômetro possui as


hastes furadas para que se possam encaixar as pontas intercambiáveis, conforme o passo
para o tipo da rosca a medir.

Com contato em forma de V

Especialmente construído para medição de ferramentas de corte que possuem número


impar de cortes (fresas de topo, macho, alargadores etc.).

Para medir parede de tubos

Este micrômetro È dotado de arco especial e possui o contato a 90º com a haste móvel, o
que permite a introdução do contato fixo no furo do tubo.

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Digital eletrônico

Ideal para leitura rápida, livre de erros de paralaxe, próprio para uso em controle
estatístico de processos, juntamente com microprocessadores.

O relógio comparador

O relógio comparador é um instrumento de medição por comparação, dotado de uma


escala e um ponteiro, ligados por mecanismos diversos a uma ponta de contato. Quando a
ponta de contato sofre uma pressão e o ponteiro gira em sentido horário, a diferença é
positiva. Isso significa que a peça apresenta maior dimensão o que a estabelecida. Se o
ponteiro girar em sentido anti-horário, a diferença será negativa, ou seja, a peça apresenta
menor dimensão que a estabelecida.
Existem vários modelos de relógios comparadores. Os mais utilizados possuem
resolução de 0,01 mm. O curso do relógio também varia de acordo com o modelo, porém
os mais comuns são de 1 mm, 10 mm, 0,250” ou 1".

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Existem ainda os acessórios especiais que se adaptam aos relógios comparadores. Sua
finalidade È possibilitar controle em série de peças, medições especiais de superfícies
verticais, de profundidade, de espessuras de chapas etc. As próximas figuras mostram
esses dispositivos destinados à medição de profundidade e de espessuras de chapas.

Os relógios comparadores também podem ser utilizados para furos. Uma das vantagens
de seu emprego é a constatação, rápida e em qualquer ponto, da dimensão do diâmetro ou
de defeitos, como conicidade, ovalização etc.

Relógio comparador eletrônico

Este relógio possibilita uma leitura rápida, indicando instantaneamente a medida no


display em milímetros, com conversão para polegada, zeragem em qualquer ponto e com
saída para miniprocessadores estatísticos.

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Aplicações dos relógios comparadores

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Tolerâncias

Tolerância é o valor da variação permitida na dimensão de uma peça. Em termos práticos,


é a diferença tolerada entre as dimensões máxima e mínima de uma dimensão nominal.

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Medida nominal: é a medida representada no desenho.

Medida com tolerância: é a medida com afastamento para mais ou para menos da medida
nominal.

Medida efetiva: é a medida real da peça fabricada.

Dimensão máxima: é a medida máxima permitida.

Dimensão mínima: é a medida mínima permitida.

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Exemplo:

Tolerâncias indicadas junto com as cotas.

Tolerância ISO (International Organization for Standardization )

A tolerância ISO é representada normalmente por uma letra e um numeral colocados à


direita da cota. A letra indica a posição do campo de tolerância e o numeral, a qualidade
de trabalho.

Campo de tolerância

É o conjunto dos valores compreendidos entre as dimensões máxima e mínima. O sistema


ISO prevê 28 campos representados por letras, sendo as maiúsculas para furos e as
minúsculas para eixos:

Furos
A, B, C, CD, D, E, EF, F, FG, G, H, J, JS, K, M, N, P, R, S, T, U, V, X, Y, Z, ZA, ZB,

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ZC

Eixos
a, b, c, cd, d, e, ef, f, fg, g, h, j, js, k,,m, n, p, r, s, t, u, v, x, y, z, za, zb,
zc.

Qualidade de trabalho

A qualidade de trabalho (grau de tolerância e acabamento das peças) varia de acordo com
a função que as peças desempenham nos conjuntos. O sistema ISO estabelece dezoito
qualidades de trabalho, que podem ser adaptadas a qualquer tipo de produção mecânica.
Essas qualidades são designadas por IT 01, IT 0,IT 1, IT 2... IT 1.6 (I = ISO e T =
tolerância).
Grupos de dimensões

O sistema de tolerância ISO foi criado para produção de peças intercambiáveis com
dimensões compreendidas entre 1 e 500mm. Para simplificar o sistema e facilitar sua
utilização, esses valores foram reunidos em treze grupos de dimensões em milímetros.

Ajustes

O ajuste é a condição ideal para fixação ou funcionamento entre peças executadas dentro
de um limite. São determinados de acordo com a posição do campo de tolerância.

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Para não haver uma diversificação exagerada de tipos de ajustes, a tolerância do furo ou
do eixo é padronizada. Geralmente, padroniza-se o furo em H7. A origem dos termos furo
e eixo provêm da importância que as peças cilíndricas têm nas construções mecânicas. Na
prática, porém, os termos furo e eixo são entendidos como medida interna e medida
externa, respectivamente.

Peças que serão montadas, cotadas com indicação de tolerância.

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Desvios geométricos, Tolerância de FORMA, e POSIÇÃO.

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Forma de indicação dos desvios geométricos

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