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02/03/24, 10:54 UNINTER

METROLOGIA
AULA 1

Prof. Carlos Eduardo Costa

Prof. Emerson da Silva Seixas

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CONVERSA INICIAL

No dia a dia, observa-se a aplicação da metrologia em todas as áreas do nosso viver: na indústria

(primária e de transformação), na construção civil, na manutenção, na agricultura, no supermercado,

no hospital etc. Em especial no ramo da produção, por meio da manufatura industrial, ela é

fundamental desde a obtenção da matéria-prima, durante o processamento para a fabricação e,

posteriormente, na manutenção nos vários ramos da tecnologia. Em processos, mostra-se

imprescindível durante a transformação da matéria-prima em peças, bem como após manufaturadas,

propiciando segurança e conforto aos usuários desses produtos.

Por meio do controle dimensional, tornam-se possíveis a montagem de conjuntos, equipamentos

e máquinas mediante a aplicação dos ajustes e tolerâncias. Isso possibilita a intercambiabilidade de

peças, situação que muito contribui para a economia e o consequente desenvolvimento da

humanidade.

Diante dessa relevância, é impossível passarmos um dia sequer sem a utilização direta ou indireta

de aplicações relacionadas à medição e à metrologia. Assim, convidamos você a mergulhar nessa

jornada do conhecimento, imaginando como seria o mundo sem essa ciência chamada metrologia.

TEMA 1 – QUALIDADE: CONCEITO E SUA RELAÇÃO COM A


METROLOGIA

Além das metas de produtividade preestabelecidas, uma das muitas responsabilidades do


engenheiro ou técnico responsável pela produção e manutenção é assegurar, por meio do

cumprimento do tempo de ciclo da produção, a manutenção em alto nível da qualidade. Duas formas
favoráveis a essa situação correspondem à padronização das operações e à clareza das instruções aos

subordinados, de modo a mantê-los motivados quanto aos requisitos especificados em projeto.

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A globalização é fruto da possibilidade de realizações por meio de transações técnicas, comércio

de produtos e serviços. Para tanto, é fundamental que tanto vendedor/fornecedor quanto


comprador/cliente se sintam confiantes sobre a transação. Considerações sobre a qualidade e a

quantidade do produto, ou mesmo do serviço em questão, são pontos primordiais.

A qualidade é o ponto máximo, pois é por meio dela que a mútua confiança e consequentes

contratos significativos são firmados, com as desejosas garantias. Nessa linha, é importante salientar
que tal garantia só se torna possível diante de sistemas de medição confiáveis pelas partes envolvidas

(comprador e vendedor), ou seja, que estejam fundamentados nas mesmas referências.

A qualidade normalmente está vinculada ao perfeito funcionamento e principalmente à

satisfação do cliente (usuário). No entanto, em termos de tecnologia, esse conceito vai um pouco

além. É interessante salientar que, assim como a metrologia, a qualidade deve ser considerada antes

mesmo da produção da primeira peça; ela está relacionada ao projeto, ou seja, quanto mais assertivas

forem as tomadas de decisões nessa etapa, melhores serão resultados obtidos.

Além dos valores numéricos, subtende-se o grau de acabamento da peça em projeto, e em

medição, subtende-se a rugosidade, assunto a ser tratado mais adiante neste estudo. Também serão

abordados diversos aspectos como ajustes, tolerâncias e intercambiabilidade, usualmente utilizados

em projetos e fabricação, fatos que possibilitam a substituição de uma peça por outra sem nenhuma

ou a mínima necessidade de trabalho. O rolamento é um bom exemplo de aplicação da

intercambiabilidade. Da mesma forma, mais adiante, exploraremos mais especificamente a

terminologia aplicada à metrologia.

A observação da dimensão nominal de um rolamento, por meio de um paquímetro digital (Figura


1), torna possível verificar o grau de qualidade do elemento mecânico em atendimento ao projeto.

Figura 1 – Observação de um rolamento por meio de um paquímetro digital

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Créditos: Audrius Merfeldas/Shutterstock.

De modo semelhante, é crucial identificar a quantidade, comumente observada em forma de

volume e peso, para produtos, e em tempo, no caso de prestação de serviços. As unidades

relacionadas aos casos citados serão focadas mais adiante. Cabe, portanto, adiantar que dois são os
sistemas de unidades metrológicas empregadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas

(ABNT): o sistema métrico e o sistema em inglês. Ambos são fundamentais devido à já citada

globalização e à intercambiabilidade de peças.

Concluindo este item, citamos Deming (1990): “A qualidade começa com a intenção, que é
determinada pela alta administração”.

1.1 APLICAÇÕES BÁSICAS DA METROLOGIA

Imagine o mundo, o país ou mesmo seu dia sem a aplicação da metrologia. Praticamente tudo o

que utilizamos ou fazemos está, de modo direto ou indireto, associado à fabricação e ao tempo,
podendo consequentemente ser medido, e isso tem a ver com a metrologia. Em todas as áreas do
nosso cotidiano, ela está presente: na indústria (primária e de transformação), na construção civil, na

agricultura, no supermercado, no hospital etc.

Qualidade, quantidade e confiabilidade são bases metrológicas essenciais à segurança, conforto


e consequente evolução do ser humano. Como exemplos de aplicações, citamos a temperatura, em

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diferentes ambientes e finalidades distintas:

em casa, podemos verificar a temperatura do forno;

no automóvel, adequamos a temperatura confortável aos usuários;

na fábrica, conferimos a temperatura usada no tratamento térmico de peças.

Em casos mais extremos, podemos considerá-la elemento que pode definir entre a vida e a morte

de seres humanos, animais, vegetais, com perdas significativas de produtos e, muitas vezes, valores
monetários imensuráveis.

Quanto à metrologia dimensional, observamos:

a dimensão de um imóvel (casa, indústria);

a dimensão do automóvel (volume do tanque de combustível, volume do porta-malas);

na fábrica, dimensões das peças fabricadas.

Com essa relevância, organizações específicas são responsáveis pelo controle e validações

referenciais sobre a metrologia. No Brasil, duas se destacam: o Conselho Nacional de Metrologia,

Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro) e o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e

Tecnologia (Inmetro).

Para termos garantia e segurança na utilização de produtos, estes devem estar devidamente
credenciados, ou seja, ser fabricados conforme especificações técnicas preestabelecidas e validadas

por meio de instrumentos de medição e sistemas referenciados.

A grande vantagem da aplicação de sistemas referenciados, especialmente no processo de

manufatura, é a possibilidade da identificação de medidas fora do especificado em projeto, assim


como de ajustes destas antes que o produto seja comercializado. Isso é vital, principalmente diante da

produção em massa, e essa situação provocaria a necessidade de recall, procedimento a ser adotado
quando produtos colocados no mercado oferecem riscos à segurança e à saúde do consumidor.

Nesse caso, o fabricante ou o importador, conforme o Código de Defesa do Consumidor, deve


assumir o compromisso de alertar quanto ao perigo quando da utilização e/ou exposição ao produto.

O recall é grandemente aplicado no meio automobilístico, porém, é útil e validado a qualquer


classe de produto, garantindo, por meio da legislação, direitos aos clientes e responsabilidades dos

fabricantes e/ou fornecedores, conforme especificado na sequência.

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1.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE O RECALL

Na sequência, apresentamos algumas considerações relacionadas ao recall.

1.2.1 Direitos do cliente sobre o recall

Como consequência do caso, e conforme a gravidade, além de informações no uso, o produto

pode ou deve ser ajustado. Em casos mais graves, precisa ser retirado do mercado, substituído por

produto igual (mas ajustado) ou semelhante, sem prejuízo financeiro ao cliente.

1.2.2 Legislação sobre o recall

Uma vez necessário o recall, a Portaria do Ministério da Justiça n. 789, de 24 de agosto de 2001,

estabelece que o fornecedor do produto deve comunicar o problema, assim que detectada a falha,

por meio de grandes veículos de comunicação (jornal, rádio e TV) e mesmo correspondência direta ao

usuário (Brasil, 2001).

1.2.3 Ainda sobre o recall e o direito do consumidor

Mesmo que não esteja oficializada a necessidade do recall, o usuário que for vítima e suspeitar
de que se trata de caso que demande o procedimento, devido a ocorrência de acidente ou

possibilidade deste, pode encaminhar denúncia ao Procon e ao Ministério Público, instâncias

responsáveis pela fiscalização de recalls. Se a ocorrência estiver relacionada a alimentos ou

medicamentos, os órgãos recomendados são a Vigilância Sanitária (no âmbito municipal e estadual) e

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Como visto, o recall é uma das formas que, por meio de legislação, visam proteger os direitos do

cliente. Nessa linha, a NBR ISO 10002 contém a orientação para o tratamento interno de reclamações
relacionadas a produtos e serviços. A norma indica a necessidade do cumprimento das promessas

feitas em um código de conduta direcionado à satisfação do cliente (ABNT, 2006). Desse modo, as
organizações diminuem a probabilidade de problemas, pois há menos potencial para confusão em

relação às expectativas dos clientes quanto à organização e de seus produtos e serviços.

Da mesma forma, a NBR ISO 10003 traz orientações para a resolução de litígios relativos a

reclamações relacionadas a produtos e serviços que possam não ser satisfatoriamente resolvidas
internamente (Brasil, 2013).

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Vale lembrar que ambas as normas indicam caminhos, visando mitigar falhas e aprimorar sempre

o relacionamento entre organização e cliente.

TEMA 2 – MÉDIA E DESVIO-PADRÃO

Com o crescente aumento populacional, o desenvolvimento de máquinas e equipamentos

direcionados a uma produção maciça se torna cada vez mais necessário, porém, com qualidade

assegurada. Assim, a produção seriada de produtos se tornou imprescindível diante da necessidade

de suprimento à comunidade globalizada.

Uma das medidas mais importantes para avaliação da conformidade e da capacidade de um

processo produtivo é o dimensionamento e consequente reconhecimento e aplicação do desvio-

padrão do processo. Sua obtenção se dá ao serem levadas em conta as seguintes considerações e

conhecimentos:

desvio real da peça (produto) – observam-se as diferenças reais entre as dimensões da peça e a

quantidade delas;

desvio devido a erros inerentes ao sistema de medição – consideram-se desvios resultantes do

sistema de medição.

No caso do desvio inerente ao sistema de medição, é fundamental observar a repetitividade e a

reprodutibilidade, assim conceituadas:

repetitividade – é a variabilidade inerente aos equipamentos, instrumentos de medição ou

sistemas empregados para a realização da medição;


reprodutibilidade – corresponde à variabilidade inerente às pessoas (operadores dos

instrumentos) que realizam a medição.

O cálculo da média e do desvio-padrão é utilizado para a identificação do quanto a peça ou o

lote de peças produzidas está coerente ou fora do estabelecido.

Figura 2 – Importância da verificação das peças produzidas

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Créditos: hedgehog94/Shutterstock.

Em máquinas convencionais, os valores das medidas são resultados de ação direta do operador

da máquina que, ao rotacionar o colar micrométrico do carro do torno, proporciona o deslocamento


da ferramenta em sentido frontal à peça. Desse modo, propicia a remoção de cavaco da peça,

diminuindo seu diâmetro efetivo conforme o projeto da peça.

Figura 3 – Valores das medidas resultam de ação direta do operador da máquina

Créditos:fritz16/Shutterstock.

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Em máquinas CNCs, o mesmo diâmetro a que nos referimos é obtido por meio de valores

predefinidos no programa mediante linguagem de programação.

Figura 4 – Linguagem de programação define valores do diâmetro

Créditos: Pixel B/Shutterstock.

2.1 MÉDIA

Durante o dia de manufatura em uma fábrica, é interessante reconhecer o quanto a produção e

mesmo as dimensões das peças estão fugindo do projetado. Para tanto, é imprescindível a aplicação

da matemática técnica, ainda que básica. Entre os conhecimentos matemáticos presentes na indústria,
destacam-se o desvio-padrão e o desvio médio, sendo aqui tratado quanto ao dimensional das peças.
O conhecimento do que acabamos de citar está atrelado aos avanços tecnológicos, ao

desenvolvimento de novas máquinas e equipamentos, bem como à mudança do perfil mais analítico
do consumidor.

O desvio médio avalia a variabilidade ou a dispersão dos valores em torno da média aritmética,

ou seja, indica a representatividade da média. Também chamado de desvio absoluto médio, é


interessante ressaltar que se trata de outra medida da variabilidade. Ele utiliza valores absolutos, e

não quadrados, para contornar a questão das diferenças negativas entre dados e a média. Seu cálculo

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é realizado mediante a soma dos valores absolutos do conjunto de dados do conjunto de medidas

tomadas, dividindo-os pelo número de medidas tomadas.

Segundo Pegatin (2020), a falha metodológica pode levar a resultados superficiais e,

normalmente, conduz a ações falhas e sem aplicabilidade prática. Termos importantes encontrados
durante uma investigação.

Figura 5 – Dimensões das peças devem obedecer ao projeto definido

Créditos: ZoranOrcik/Shutterstock.

2.2 DESVIO-PADRÃO

O conhecimento da média, e principalmente do desvio-padrão, é útil a todas as áreas da


metrologia e especialmente mais relevante para a metrologia industrial. O desvio-padrão corresponde
a uma medida de dispersão que pode ser calculada para um conjunto de observações de uma

variável.

Quando calculamos o desvio-padrão, obtemos um número que indica a variação das


observações em relação à média delas. Quanto menor seu valor, mais homogêneos serão os dados

coletados. No caso da medição de peças, indicará que o processo sobre condições segura de
trabalho.

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O cálculo do desvio-padrão é determinado pela seguinte fórmula por meio de um conjunto de

observações (medições) X1; X2; X3; ... Xn de uma variável aleatória X:

Esse cálculo pode ser realizado mediante o passo a passo a seguir:

1. calcular a média dos dados;

2. subtrair a média de cada observação;

3. elevar cada um dos resultados das subtrações ao quadrado;

4. somar todos os valores encontrados no passo 3;

5. dividir o resultado da soma pelo total de observações e extrair a raiz quadrada.

Figura 6 – Conhecimento do desvio-padrão é útil na metrologia industrial

Créditos: Bobex-73/Shutterstock.

2.3 CONFIABILIDADE E QUALIDADE DE UM SISTEMA DE MEDIÇÃO

O grau de confiabilidade sobre determinado produto, marca ou serviço está diretamente

relacionado ao nível da qualidade empregada durante sua execução. Dentre as muitas variáveis que

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envolvem o sistema de medição, certamente a qualificação e empenho da mão de obra se sobressai

quando tratadas a confiabilidade e a qualidade do resultado esperado e consequentemente obtido.

Ressalta-se novamente a importância do nível de qualidade elevado, considerando-o redução dos

índices de retrabalho e refugo.

A confiabilidade menos o valor real é igual ao erro de medição (obtido pelo operador por meio

do instrumento). É interessante salientar que o valor medido corresponde ao valor disponível na peça,
já o valor real se refere ao valor desejado, oriundo do projeto da peça. Assim, a equação é a seguinte:

Confiabilidade - valor real = erro de medição

Independentemente da peça, produto ou equipamento, todas as dimensões são de fundamental

importância. Também é essencial saber da impossibilidade da perfeição, ou seja, reconhecer a

inexatidão inerente ao processo de manufatura, assim como do controle dimensional. Essa situação
será tratada posteriormente.

Para o perfeito funcionamento do equipamento, destacam-se como principais dimensões e,

portanto, de imprescindíveis controles:

o comprimento total do equipamento;

todos os diâmetros;

todas as dimensões de cada anel;


a distância entre os elementos de fixação (parafusos);
todas as dimensões do bocal da entrada;

o volume do equipamento;
a pressão de trabalho do equipamento.

Somados às dimensões citadas, acrescentam-se a espessura da chapa utilizada no corpo do

tanque, o diâmetro e o passo dos parafusos utilizados como método de união.

Figura 7 – Importância da espessura da chapa e do diâmetro dos parafusos no tanque

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Créditos: Funtay/Shutterstock.

TEMA 3 – A IMPORTÂNCIA DA ADEQUAÇÃO E DA MELHORIA DE


UM SISTEMA DE MEDIÇÃO

A melhoria contínua faz parte do dia a dia de qualquer empresa, não importando se a atividade

resulta em produto ou prestação de serviço. Nessa linha, também são empregadas cores que indicam:

Verde – aprovado (prossiga)

Amarelo – atenção (atenção)

Vermelho – reprovado (pare)

Esse modelo de indicação, conhecido como andon, é uma ferramenta originária do Sistema
Toyota de Produção, cuja essência é a indicação de paradas e a consequente eliminação de

desperdícios (retrabalho e refugo). O objetivo é sempre a melhoria contínua.

Desse modo, o andon se caracteriza pela possibilidade de identificar, parar, notificar as


anormalidades e permitir a correção da falha no processo. Esse sistema é muito empregado em linhas
de produção e montagem.

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Figura 8 – Sistema andon como ferramenta de medição, notificação e correção

Créditos: oleggank/Shutterstock.

O grau de confiabilidade metrológica está diretamente relacionado à operação de medição, ou

seja, quanto mais apurados forem o sistema de instrumentos utilizados e a qualificação da mão de

obra, mais apurados serão os resultados. Essa situação tem tido cada vez mais relevância com a

pesquisa e desenvolvimento (P&D).

Com base no caso citado, é possível a implementação do programa Six Sigma e de eventos como

o Kaizen, ferramentas que favorecem a comprovação da melhoria contínua, cada vez mais relevante

em produtos e processos. Também é interessante citar a abrangência da metrologia, indo além da

dimensional (considerada tradicional), para aplicações nas indústrias químicas, farmacêuticas, de


biotecnologia, sistemas de identificação penal, DNA, identificação de iluminamento e idade de

estrelas e distância entre planetas. Para tanto, são empregados os múltiplos e submúltiplos do metro

e de cada unidade básica utilizada. Trataremos desse assunto mais adiante.

Todo valor encontrado em uma medição é resultado de uma sequência devidamente ordenada.

Cada vez mais aumenta a importância da adequação e da melhoria de um sistema de medição, haja
vista a necessidade de ajustes cada vez mais finos entre conexões de peças, assim como a aplicação

destas a altas temperaturas e a pressões consideráveis.

A Figura 9 ilustra um sistema básico aplicado à medição de peças.

Figura 9 – Identificação do sistema de medição

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Fonte: Costa; Seixas, 2022.

Nessa figura, podemos observar, ao centro, o princípio da atividade de medição – nesse caso,

considerado como o sistema de medição. Todos os demais elementos são de extrema relevância para

a obtenção de resultados considerados “conforme”, aqui apresentados como valores da medição.

Apresentamos as seguintes considerações sobre o sistema de medição:

Ambiente de medição: local da realização da medição (nesse caso, consideram-se organização,

limpeza e temperatura);

Operador do instrumento: profissional a realizar a medição (considerar o grau de qualificação e

experiência dele);
Instrumento de medição: equipamento e dispositivos (observar certificados de qualidade,
resolução e data da última calibração);

Método de medição: estabelecer (ou seguir método) etapas coerentes;


Peça em medição: observar e considerar a geometria da peça, tolerâncias requeridas e

adequação dos instrumentos a serem utilizados.

A propósito da mesma figura, citamos novamente Deming (1990): “se você não sabe descrever o

que está fazendo como um processo, você não sabe o que está fazendo”.

É importante salientar que por mais próximo da perfeição esteja o sistema de medição, ainda
assim erros podem ocorrer devido aos muitos componentes e consequentes variáveis no ato de

medir. Diante disso, é relevante considerar as tolerâncias estabelecidas durante o projeto das peças a

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serem medidas, a resolução do instrumento, a qualificação do responsável pela medição, assim como

da temperatura ambiente (levando em conta a influência desta sobre a dilatação da peça).

Também vale registrar o surgimento constante de materiais e a consequente necessidade de

trabalhos (manufatura sobre estes, adicionando ou removendo materiais, em camadas muitas vezes
“nanométricas” e com altas qualidades e acabamentos superficiais). Tais situações exigem em paralelo

uma melhoria contínua dos sistemas de medição, de modo a obter resultados os mais confiáveis
possíveis de acordo com as tolerâncias preestabelecidas.

TEMA 4 – ETAPAS GERAIS DE MEDIÇÃO PARA SISTEMAS CRÍTICOS

Explosão de foguetes, queda de satélites, de pontes e de prédios e acidentes automobilísticos

são situações indesejáveis, custando milhões de reais em equipamentos – e, o pior, ceifando vidas – e

quase sempre resultam de análises e escolhas errôneas relacionadas a falhas metrológicas

(dimensional ou ensaios). Trazendo para mais próximo a aplicação da metrologia, imagine o quanto

um cliente ou produtor poderá ser onerado caso uma balança de supermercado não esteja em

conformidade com os padrões do Inmetro.

A Figura 9, apresentada anteriormente, ilustra um sistema considerado ideal para a verificação


dimensional de uma peça ou conjunto.

É interessante também citar que operações anteriores e mesmo intermediárias são necessárias à
obtenção do resultado desejado dos valores de medição. Dentre essas etapas, se destacam a
documentação do instrumento utilizado, considerando: 1) procedência; 2) estágio de vida; e 3)

certificação de calibração.

Por meio do conjunto de blocos-padrões, é possível, em ambientes com temperaturas, limpeza e


organização adequados, verificar se o instrumento está de acordo para utilização. Trataremos sobre o
conjunto de bloco-padrão mais adiante neste estudo. No caso da Figura 10, por meio de um bloco de

aço, com valor total de 14,5, o operador deverá visualizar o mesmo valor no instrumento (nesse caso,
no paquímetro).

Figura 10 – Operador visualiza valor do bloco de aço por meio do paquímetro

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Créditos: Funtay/Shutterstock.

Se o valor verificado for diferente do mostrado no conjunto de blocos, o instrumento precisa ser

reajustado, se possível; caso contrário, ele deve ser considerado inapto para a atividade de medição.

Uma vez realizada a verificação do instrumento, recomendam-se registros sobre a atividade realizada,

resguardando-se para futuras auditorias.

Os fatos de que tratamos se fazem necessários, pois todos os instrumentos de medição estão

suscetíveis a imperfeições construtivas e variam com o passar do tempo, devido a temperatura, mau
uso e desgastes normais.

Calibração é o nome dado à verificação e aos ajustes, quando necessário, dos instrumentos de
medição. Também é importante conferir a exatidão do instrumento. Ambos os casos devem ser

monitorados periodicamente.

Como se faz: o operador, previamente treinado e qualificado, deve se postar

perpendicularmente ao bloco-padrão em uma das mãos (podendo também tal bloco estar postado
em um dispositivo de fixação); com a outra mão, segura e opera o instrumento até que as faces dos

bicos fixo e móvel encostem sobre as faces do bloco. Efetua-se, então, a leitura na escala do
instrumento, verificando se o valor corresponde ao especificado no bloco ou somatória destes. Caso

apresente diferença, poderão ser realizados ajustes, soltando-se o parafuso de fixação e ajustando-se
a lâmina interna que se desloca entre a parte superior da escala principal e a inferior do nônio ou

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vernier (dispositivo tecnológico que aumenta a resolução de uma escala ao subdividir a menor divisão

dela) (VIM, 2012). Interessante observar o valor de discrepância, e considerando o ajuste sugere-se a

inutilização do instrumento para determinadas medições ou mesmo seu descarte.

Quanto ao ambiente de medição – e especialmente quando da verificação dos instrumentos –, é


interessante observar sempre que possível a filosofia do 5S.

TEMA 5 – IMPORTÂNCIA DOS SISTEMAS DE MEDIÇÃO: INMETRO

O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) é referência de qualidade


no país e o responsável direto pela metrologia legal no Brasil. Isso faz com que o instituto tenha

soberania sobre os padrões metrológicos nacionais e, consequentemente, seja acreditador de

laboratórios. Na sequência, são apresentadas suas principais características e responsabilidades.

É uma autarquia federal vinculada à Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e

Competitividade, do Ministério da Economia. Atua como Secretaria Executiva do Conselho

Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro), colegiado

interministerial e o órgão normativo do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e

Qualidade Industrial (Sinmetro).


Tem como missão institucional fortalecer as empresas nacionais, aumentando sua produtividade

por meio da adoção de mecanismos destinados à melhoria da qualidade de produtos e serviços.

Desse modo, provê confiança à sociedade brasileira nas medições e nos produtos por meio da
metrologia e da avaliação da conformidade, promovendo a harmonização das relações de

consumo, a inovação e a competitividade do país.


Regula produtos e serviços com foco na segurança, na proteção da vida e da saúde humana,

animal e vegetal, na proteção do meio ambiente e na prevenção de práticas enganosas de


comércio.

O selo ou etiqueta do Inmetro (selo de identificação da conformidade, assegurado pelo órgão),


ilustrado na Figura 11, indica que o produto passou por testes e análises de organismos acreditados.

Ensaios específicos são realizados de acordo com o produto para certificação. Uma vez cumpridos os
requisitos preestabelecidos em normas e regulamentos técnicos, constata-se que ele é seguro e

confiável para o consumidor e o meio ambiente.

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Figura 11 – Selo de identificação da conformidade do Inmetro

Créditos: Didi_art/Shutterstock.

As duas grandes categorias de certificações reconhecidas pelo Inmetro são:

Certificação voluntária: a empresa define se deve ou não certificar seu produto, ou seja, não é

obrigatória nem possui qualquer regulamentação oficial pelo Inmetro e se baseia em normas

técnicas, nacionais ou internacionais.


Certificação compulsória: é regulamentada por lei ou portaria e tem como objetivo regular a

fabricação e comercialização de um produto, levando em consideração questões de saúde,

segurança e meio ambiente. O Inmetro é responsável por fiscalizar as empresas no


cumprimento dessas leis ou portarias.

Salienta-se que em ambos os casos – certificação compulsória ou voluntária – indica-se que a


empresa tem confiança em seu produto e se preocupa com a segurança do cliente, bem como com a

preservação do meio ambiente.

Saiba mais

Importante: o Sistema Internacional (SI) deve ser reformulado. Por quê? Desde o seu

estabelecimento, avanços significativos foram feitos, bem como pesquisas e considerações e


resultados relevantes em relação às grandezas que são invariantes na natureza, como as

constantes fundamentais da física e as propriedades dos átomos, foram obtidos.

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FINALIZANDO

Nesta etapa, alguns dos principais pontos sobre a metrologia como ciência básica e do sistema

de qualidade foram introduzidos. A princípio, é interessante considerar a metrologia como a base


para instalação e validação de qualquer sistema de qualidade.

Também ressaltamos a importância da qualidade para o sucesso de qualquer organização,

mediante referências preestabelecidas entre fornecedor e cliente, garantindo direito ao recall, quando

necessário, e preservando a segurança e o conforto.

REFERÊNCIAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 10002: Gestão da qualidade –

Satisfação do cliente – Diretrizes para o tratamento de reclamações nas organizações. Rio de Janeiro:

ABNT, 2006.

_____. NBR ISO 10003: Gestão da qualidade – Satisfação do cliente – Diretrizes para a resolução

externa de litígios das organizações. Rio de Janeiro: ABNT, 2013.

ALBERTAZZI, A.; SOUZA, A. R. Fundamentos de metrologia científica e industrial. Barueri:

Manole, 2008.

BRASIL. Ministério da Justiça. Portaria n. 789, de 24 de agosto de 2001. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, 27 ago. 2001. Disponível em:
<https://www.procon.go.gov.br/legislacao/portarias/portaria-n%C2%BA-789-24-08-2001-mj-dpdc-

periculosidade-de-produtos-e-servicos-ja-introduzidos-no-mercado-de-consumo.html>. Acesso em:


29 nov. 2022.

DEMING, W. E. Qualidade: a revolução da administração. Rio de Janeiro: Marques Saraiva, 1990.

INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. Vocabulário Internacional


de Metrologia: conceitos fundamentais e gerais e termos associados (VIM 2008). Rio de Janeiro:

Inmetro, 2009.

O QUE É Inmetro? BRICS – Certificações de Sistemas de Gestão e Produtos, 3 maio 2021.

Disponível em: <https://www.brics-ocp.com.br/o-que-e-o-inmetro/>. Acesso em: 29 nov. 2022.

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RECALL – Entenda o que é e quais são os direitos do consumidor. IDEC – Instituto Brasileiro de

Defesa do Consumidor. 2011. Disponível em: <https://idec.org.br/em-acao/em-foco/recall-entenda-

o-que-e-e-quais-sao-os-direitos-do-consumidor>. Acesso em: 29 nov. 2022.

TOLEDO, J. C. Sistemas de medição e de metrologia. Curitiba: Intersaberes, 2014.

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 21/21

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