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CIÊNCIA E TECNOLOGIA

DOS MATERIAIS

Aula 1 - Normas e sistemas de


normalização

JOÃO VICTOR MARQUES ZOCCAL


Objetivo

Entender os aspectos mais importantes da


normalização técnica, incluindo algumas normas técnicas de
interesse.

Notar que existem normas diretamente relacionadas


com a sua formação pretendida. Diante disto, a normalização
é o caminho mais seguro para que as atividades profissionais
sejam desenvolvidas com segurança.

Nesta aula

• A normalização técnica: um pouco de história

• A importância da normalização

• A normalização e os diversos níveis

• A normalização no Brasil
A normalização técnica: um pouco de
história

O homem tem utilizado a padronização de formas e


dimensões, assim como a de procedimentos, há milhares de
anos; de forma indireta, trata-se da normalização técnica.
Exemplos marcantes são encontrados em edificações muito
antigas, como a Pirâmide de Quéops (2.500 a.C.), cuja
construção utilizou pedras com medidas aproximadamente
iguais (MORAES, 2010). Mais recente, no século XV, os
venezianos adotaram para a sua frota alguns itens
padronizados: mastros, lemes e velas foram produzidos com
formatos e dimensões que garantiram, além de desempenho
similar dos navios, também o reparo rápido e estoques
menos complexos.

Provavelmente, essa normalização ocorrida ao longo da


história não era escrita ou registrada de maneira aberta a
todos, mas pode ter ocorrido nos primórdios das tentativas
de registro, quando estas eram entendidas apenas por
algumas classes ou categorias.

Mas durante a revolução industrial, nos séculos XVIII e


XIX, o próprio desenvolvimento tecnológico gerou a demanda
pela normalização técnica, pois a construção de máquinas
envolve mecanismos cujas peças podem e devem ser
produzidas por diferentes fabricantes. É fácil imaginar o
problema de se construir ou consertar um mecanismo cujas
peças eram únicas, ou produzidas apenas em determinado
local (OLIVEIRA, 2001).

Alguns dos eventos marcantes ao longo dos séculos,


hoje históricos, no que se refere aos avanços tecnológicos,
por exemplo, a evolução dos processos de tecelagem e a
descoberta e produção da máquina a vapor, mostram
claramente a necessidade da normalização e sua adoção
como parte integrante do processo de desenvolvimento. Sem
a normalização, as descobertas certamente não teriam como
se expandir por meio da produção em grande escala.

De acordo com Valenciani (1997), as primeiras normas


para chapas de aço e fios surgiram em 1873, e a adoção de
uma rosca para parafuso, padronizada, em 1839.

Em vários países foram


criadas entidades com a finalidade
de estruturar a normalização
técnica de maneira a atender as
novas necessidades, como a ISO -
International Organization for
Standardization, em 1947.
No Brasil, a Revolução Industrial gerou as mesmas
necessidades, mas apenas em 1940 é que foi fundada em
nosso país a Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), que é uma entidade civil sem fins lucrativos, cujo
objetivo é o de elaborar normas técnicas em diversos setores.
A ABNT é membro fundador da ISO, da Comissão
Panamericana de Normas Técnicas (COPANT) e da
Associação Mercosul de Normalização (AMN) (FERNANDES,
2011).

A importância da normalização

A aplicação da normalização tem efeito positivo em


vários setores, e de acordo com Schreiber (2012), destacam-
se:

→ Segurança para o profissional: ao se estudar normalização


técnica, a primeira impressão é que as normas atrapalham
nosso trabalho, ou pelo menos, complicam demais a nossa
vida. Qualquer que seja o assunto que envolva normalização,
sempre temos que consultar diversas normas, entender cada
uma, relacioná-las e, principalmente, nunca esquecer de ler
as letrinhas miúdas. Na maioria das vezes, a simples leitura
não basta; temos que interpretar o que está escrito ali, e isso
aparentemente é complicado. De maneira geral, ninguém
gosta de ler normas técnicas.

Entretanto, tudo isso é apenas uma cultura falsa que


temos em relação ao assunto. Normas técnicas são
normalmente extensas - mas nem sempre - e não estamos
acostumados a ler para aplicar, o que torna o assunto menos
convidativo. Porém, se observarmos nosso redor, seguimos
e aplicamos instintivamente normas técnicas a todo instante,
desde quando seguimos a sinalização de trânsito até quando
compramos um bem qualquer, como um simples sapato.

Quando um engenheiro não segue normas técnicas no


seu trabalho, seja qual for a sua área de atuação, a chance de
erro irreparável é muito grande, e praticamente sempre
acontece. Seguindo corretamente a normalização referente
ao seu campo de atuação, e tendo a documentação
pertinente e adequada que mostra a aplicação correta da
normalização, o profissional estará sempre resguardado
quanto a problemas futuros que possam ocorrer. Em resumo,
a aplicação da normalização é a segurança maior para o
profissional que a aplica.
→ Efeito simplificador: ao contrário do que se imagina, a
normalização é um ato simplificador, pois procura a redução
da variedade dos objetos e prevenção contra o aparecimento
de complexidade supérflua, ou seja, multiplicação de
variedades sem necessidade.

→ Melhoria da produtividade: quando a variedade de objetos


é reduzida, sejam individuais ou componentes de um
mecanismo, a produção pode ser feita em maior escala, os
estoques são reduzidos, os projetos facilitados, as redes de
distribuição e reparos podem atuar com mais eficiência, de
maneira que a produtividade de um setor sempre será
melhorada.

→ Linguagem comum: um dos maiores benefícios da


normalização é estabelecer uma linguagem comum dentro
do processo como um todo, ou seja, desde o projeto, na
produção, na comercialização e na avaliação do bem, seja
este qual for. Partindo de normas que estipulem como certo
objeto deve se comportar (isso é o desempenho do objeto
quando em uso), o projetista poderá idealizar de forma
acertada, e o sistema produtivo poderá produzi-lo, de
maneira que ele se comporte como necessário, uma vez que
a linguagem que descreve os eventos é entendida por todos
os setores.
Lembramos, entretanto, que existe normalização
técnica para cada setor, como na construção civil, no
desenho técnico mecânico, entre outros, utilizando regras
gerais para serem expressas, mas com termos e simbologia
próprios.

Com uma linguagem comum, é possível estabelecer


também as relações entre o projeto e a execução, por
exemplo, dentro da indústria da construção civil. A
normalização, quando define materiais, procedimentos e as
formas para o controle, permitem que o projetista possa
emitir decisões tanto no projeto como na execução de uma
obra.

→ Benefícios quanto à concorrência entre fabricantes:


quando partes componentes de mecanismos podem ser
produzidas por diferentes empresas, atendendo as
especificações para tais partes, é possível organizar melhor
a concorrência. Pode ser que empresas de maior porte
ganhem concorrências para grandes quantidades de peças,
mas muitas vezes um grande número de pequenas
empresas pode fornecer a mesma totalidade, então, essa
organização permite boas escolhas em termos dos custos
finais, pois se baseia no desempenho desejado, delineado
pelas normas técnicas do setor.

→ Defesa do consumidor: a normalização técnica coloca


parâmetros que expressam os níveis mínimos de
desempenho esperados para algum produto, que podem ser
controlados por meio de metodologia também expressa pela
normalização, e são aceitos pelos fabricantes. Esse
desempenho também inclui aspectos de segurança e saúde,
de maneira que é possível estabelecer sistemas de
fiscalização que pretenda a defesa do consumidor.

Certamente você já assistiu, pela televisão, reportagens


em que objetos foram testados por algum órgão, e depois, as
marcas foram classificadas conforme atendiam ou não as
exigências mínimas. Talvez você se lembre do caso dos
capacetes para motociclistas, que a partir de certo instante,
para poderem ser comercializados, tiveram que receber o
selo de uma entidade fiscalizadora, e para que isso
acontecesse, deveriam suportar cargas de impacto até
determinado nível. Nesse caso, fica fácil
identificar a defesa do consumidor, pois
algumas empresas estariam
fabricando capacetes que sofriam
ruptura facilmente, não protegendo o
usuário.
→ Exportação: os países importadores têm normas
específicas, ou ainda adotam normas internacionais para
aceitação de produtos. Desse modo, quando a empresa atua
no sentido de produzir para exportação, deve se adequar.
Muitas vezes, as normas aplicadas no país não são aceitas
pelo importador, mas essa inconsistência referente à
normalização já está bem trabalhada pela indústria, de
maneira que os produtos oferecidos pelo Brasil ao mercado
externo condizem com essa realidade. É mais que certo de
que muitas empresas fizeram adaptações no sistema
produtivo, até serem obtidos os resultados que permitiram
concorrer no mercado externo.
A normalização e os diversos níveis

Hoje, o sistema como um todo é bastante complexo,


mas podemos identificar alguns níveis de normalização
adequados ao setor onde as normas devem ser aplicadas,
segundo Schreiber (2012).

Individual

Não se trata de normalização propriamente dita, mas


de um conjunto de procedimentos que o indivíduo utiliza para
executar determinada tarefa ou produzir determinado objeto
em réplicas, como o artesão. De maneira geral, quando isso
ocorre, os procedimentos podem ou não serem aceitos pelo
consumidor, mas não existe modo de garantir desempenho
semelhante para tais objetos. Pode ser que o produto atenda
a necessidade, mas não significa que todos tenham o mesmo
desempenho.

O fator “mesmo desempenho” deve ser bem entendido,


pois é o que se deseja em produtos que são comercializados
em quantidade: ao escolher aleatoriamente um dos objetos
que ali se encontra, o consumidor precisa e espera ser
atendido quanto ao requisito de que qualquer daqueles
objetos irá corresponder à expectativa, ou seja, “funcionar da
mesma maneira”.
Empresas

São as normas para orientação das atividades na


empresa, desde o projeto, a produção, o recebimento de
materiais e quaisquer outras atividades. Essas normas
podem ter origem na empresa em função das necessidades
específicas (como a Petrobrás), ou ainda serem normas de
uso geral, como as normas da série ISO 9000. Quanto a essas
normas, mais adiante discutiremos seu significado.

Normas adotadas por associações

Empresas podem estar associadas e aceitar certos


conjuntos de normas que estabelecem os parâmetros para
avaliação de seus produtos, como a Associação Brasileira de
Cimento Portland – ABCP (fundada em 1937), entre outras.

Normalmente, existe um selo de qualidade vinculado a


essas associações, e esse selo é utilizado pelas empresas
onde ocorre a fiscalização por meio de um grupo constituído
por representantes de todas elas. Essa fiscalização envolve a
aplicação de normas específicas para o setor, aceitas
previamente pelas empresas. Obviamente, o selo de
qualidade indica que a empresa cumpriu os requisitos
estabelecidos pela normalização.
Normas adotadas em nível nacional

No Brasil, o órgão competente para o gerenciamento da


normalização técnica é o Sistema Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial (Sinmetro), que é o
sistema brasileiro relacionado à metrologia, normalização,
qualidade industrial e certificação de conformidade. Mais
adiante discutiremos sobre isso.

Normas aceitas por regiões

Alguns países estabelecem as normas técnicas que


serão aceitas, como no caso do CEN - Comitê Europeu de
Normalização, fundado em 1961, pelos organismos
nacionais europeus de normalização dos países da União
Européia e da EFTA (European Free Trade Association).

A EFTA é uma organização europeia fundada em 1960


pelo Reino Unido, Portugal, Áustria, Dinamarca, Noruega,
Suécia e Suíça, países que não tinham aderido à Comunidade
Econômica Europeia (CEE).
Normas aceitas internacionalmente

Essas normas são aceitas pela maioria das nações e é


o resultado de acordos variados. Como exemplo maior,
temos a ISO, que se refere à International Organization for
Standardization, organização não-governamental fundada
em 1947, em Genebra, e hoje presente em cerca de 157
países. A sua função é a de promover a normatização de
produtos e serviços, para que a qualidade de tais itens seja
permanentemente melhorada.

A normalização no Brasil

Sinmetro

O Sinmetro foi criado em 1973, levando a atividade de


normalização para a esfera governamental. Esse sistema
absorveu a ABNT, que foi fundada em 1940 e atuava no setor
desde então.

De acordo com o Inmetroa (s.d.), os organismos que


constituem o Sinmetro são: Conselho Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro) e seus
comitês técnicos; Instituto Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro); Organismos
de Certificação Credenciados (OCC); Sistemas da qualidade;
Sistemas de gestão ambiental, produtos e pessoal;
Organismos de Inspeção Credenciados (OIC); Organismos de
Treinamento Credenciados (OTC); Organismo Provedor de
Ensaio de Proficiência Credenciado (OPP); Laboratórios
credenciados – calibrações e ensaios – RBC/RBLE;
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT); Institutos
Estaduais de Pesos e Medidas, os IPEMs; Redes
metrológicas estaduais.

O órgão executivo do Sinmetro é o Inmetro que tem a


missão de (INMETROb, s.d):

- Executar as políticas nacionais de Metrologia e da Avaliação


da Conformidade.

- Verificar e fiscalizar a observância das normas técnicas e


das normas legais, no que se refere às unidades de medida,
métodos de medição, medidas materializadas, instrumentos
de medição e produtos pré-medidos.

- Manter e conservar os padrões das unidades de medida,


assim como implantar e manter a cadeia de rastreabilidade
dos padrões das unidades de medida no país, de forma a
torná-las harmônicas internamente e compatíveis no plano
internacional, visando, em nível primário, a sua aceitação
universal e, em nível secundário, a sua utilização como
suporte ao setor produtivo, com vistas à qualidade de bens e
serviços.

- Fortalecer a participação do Brasil nas atividades


internacionais relacionadas à Metrologia e à Avaliação da
Conformidade, além de promover o intercâmbio com
entidades e organismos estrangeiros e internacionais.

- Prestar suporte técnico e administrativo ao Conselho


Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(Conmetro), bem como aos seus comitês de
assessoramento, atuando como sua secretaria executiva.

- Estimular a utilização das técnicas de gestão da qualidade


nas empresas brasileiras.

- Planejar e executar as atividades de acreditação


(credenciamento) de laboratórios de calibração e de ensaio,
de provedores de ensaios de proficiência, de organismos de
certificação, de inspeção, de treinamento e de outros,
necessários ao desenvolvimento da infraestrutura de
serviços tecnológicos no Brasil.
- Coordenar, no âmbito do Sinmetro, a certificação
compulsória e voluntária de produtos, de processos, de
serviços e a certificação voluntária de pessoal..

- Planejar e executar as atividades de pesquisa, ensino,


desenvolvimento tecnológico em Metrologia e Avaliação da
Conformidade.

- Desenvolver atividades de prestação de serviços e


transferência de tecnologia e cooperação técnica, quando
voltadas à inovação, à pesquisa científica e tecnológica em
Metrologia e Avaliação da Conformidade.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

A ABNT é o órgão responsável pela normalização


técnica no país, sendo o fórum nacional onde os interessados
discutem e elaboram as normas. Foi fundada em 1940 por
ação mais particularmente da ABCP (fundada em 1937), que
detectou a necessidade de se elaborar normas técnicas
brasileiras para substituir as normas técnicas que eram
utilizadas pelos laboratórios de ensaio do país (ABNTa,
c2014).

É uma entidade privada, sem fins lucrativos,


reconhecida como único Foro Nacional de Normalização por
meio da Resolução no 07 do Conmetro, de 24 de agosto de
1992. É membro fundador da ISO (International Organization
for Standardization), da COPANT (Comissão Panamericana
de Normas Técnicas) e da AMN (Associação Mercosul de
Normalização). A ABNT é a única e exclusiva representante
no Brasil das seguintes entidades internacionais: ISO
(International Organization for Standardization), IEC
(International Electrotechnical Comission);
COPANT(Comissão Panamericana de Normas Técnicas) e a
AMN (Associação Mercosul de Normalização) (ABNTa,
c2014).

Afinal, como é elaborada uma norma técnica?

A demanda é a manifestação de uma necessidade de


normalização para um determinado tema, manifestada à
ABNT por algum setor. O tema é então enviado ao comitê
técnico responsável, onde será exposto, debatido e, se for
decidido pela necessidade de normalização, o tema é inserido
no programa do comitê adequado. Em seguida, é elaborado
um projeto de norma que é submetido à consulta nacional,
momento no qual podem ocorrer alterações via sugestões
dos diversos setores. Se houver consenso após a análise do
resultado da consulta nacional, o projeto é aprovado como
Norma Brasileira. Entretanto, nem sempre o processo é
assim simples, pois quando ocorrem muitas sugestões, a
ponto de alterarem o projeto, um novo deve ser formulado.
Quando não ocorre consenso, o projeto também pode ser
cancelado (ABNTb, c2014).

Normas ISO 9000 no Brasil

A expressão ISO 9000 representa um grupo de normas


técnicas as quais visam estabelecer um modelo de gestão da
qualidade para organizações, independente do tipo de
empresa ou sua dimensão. Esse conjunto de normas
buscam, por meio de seus requisitos, auxiliar a melhoria dos
processos internos, bem como melhorar a capacitação dos
colaboradores. Pode-se citar ainda melhoria no
monitoramento do ambiente de trabalho, como também a
verificação da satisfação dos clientes, colaboradores e
fornecedores. Vale ressaltar que esse conjunto de normas
busca um processo contínuo de melhoria do sistema de
gestão da qualidade, normas que podem ser aplicadas em
distintos campos, comomateriais, produtos, processos e
serviços.

Atualmente, o conjunto de normas NBR ISO 9000:1994


(9001, 9002 e 9003) foi cancelado e substituído pela série de
normas ABNT NBR ISO 9000:2000, que é composta de três
normas:
- ABNT NBR ISO 9000:2000: descreve os fundamentos de
sistemas de gestão da qualidade e estabelece a terminologia para
esses sistemas.

- ABNT NBR ISO 9001:2000: especifica requisitos para um


Sistema de Gestão da Qualidade, em que uma organização
precisa demonstrar sua capacidade para fornecer produtos que
atendam aos requisitos do cliente e aos requisitos regulamentares
aplicáveis, e objetiva aumentar a satisfação do cliente.

- ABNT NBR ISO 9004:2000: fornece diretrizes que


consideram tanto a eficácia como a eficiência do sistema de
gestão da qualidade. O objetivo dessa norma é melhorar o
desempenho da organização e a satisfação dos clientes e das
outras partes interessadas.

Embora a normalização ISO 9000 estabeleça critérios


para os passos no sistema produtivo, e inclua questões
importantes no controle dos processos, ainda assim não se
pode afirmar que a empresa certificada disponha do melhor
produto ou serviço, mas apenas que consegue produzir
produtos ou serviços sempre de uma maneira semelhante,
ou sempre do mesmo modo, ou se ainda desejar, sempre
com propriedades semelhantes, mas que atendem às
necessidades dos clientes.

A Normalização ISO 14001

Toda cadeia produtiva pode gerar impactos ambientais,


cuja importância vem sendo reconhecida cada vez mais.
Muitos setores se organizam para atender a especificações
dessa natureza, expressas na normalização referente ao
meio ambiente.

Foi no início da década de 90 que a ISO detectou a


necessidade de se desenvolver normas sobre a questão
ambiental, e que tivessem como intuito a padronização dos
processos de empresas que utilizassem recursos retirados
da natureza, e/ou causassem algum dano ambiental
decorrente de suas atividades.

A ISO 14001 tem como foco a proteção ao meio


ambiente e a prevenção da poluição, equilibrada com as
necessidades sócio-econômicas do mundo atual.

No ano de 1993, a ISO reuniu diversos profissionais e


criou um comitê, intitulado Comitê Técnico TC 207 que teve
como objetivo desenvolver normas (série 14000) nas áreas
envolvidas com o meio ambiente. O comitê foi dividido em
vários subcomitês, sendo o subcomitê 1 - Sistemas de
Gestão Ambiental - o que desenvolveu a norma ISO 14001, a
qual estabelece as diretrizes básicas para o desenvolvimento
de um sistema para gerenciar a questão ambiental dentro da
empresa, ou seja, um sistema de gestão ambiental. É a mais
conhecida entre todas as normas da série 14000.

No Brasil, a ABNT já certificou o Sistema de Gestão


Ambiental ABNT NBR ISO 14001, expresso pela normalização
ABNT NBR 14001.

Conforme a ABNT, “certificar um Sistema de Gestão


Ambiental significa comprovar junto ao mercado e a
sociedade que a organização adota um conjunto de práticas
destinadas a minimizar impactos que imponham riscos à
preservação da biodiversidade”.

Ainda, “a conformidade do sistema com a ABNT NBR


14001 garante a redução da carga de poluição gerada por
essas organizações, porque envolve a revisão de um
processo produtivo visando à melhoria contínua do
desempenho ambiental, controlando insumos e matérias-
primas que representem desperdícios de recursos naturais”.
Conclusão

Poderíamos tecer muitas conclusões a respeito de


normalização técnica, talvez em infindáveis discussões. Mas
a conclusão maior é a de que existem regulamentações que
permitem desenvolver as atividades produtivas de qualquer
tipo, baseando-se em regras que são aceitas em diversos
níveis, e que acima de tudo, permitem que possamos
desenvolver as atividades com segurança, tanto individual
como coletiva, e nos preservam de erros estruturais ao longo
de nosso trabalho.

Portanto devemos nos esforçar para conhecer bem


essa regulamentação, principalmente aquela que usamos ou
usaremos no comum de nossas atividades.

A propriedade intelectual impede que as normas


técnicas sejam reproduzidas aqui, mas uma busca rápida,
utilizando os mecanismos de busca mais conhecidos, poderá
informar aspectos que voce considere relevantes em
discussões, mesmo não oferecendo os termos exatos
descritos na norma técnica.
Referente à normalizaçao ISO 9000 e ISO 14000, um
aspecto que pode ser notado, entre muitos aspectos
importantes, é a relação que esses procedimentos
estabelecem com as práticas relacionadas ao
desenvolvimento sustentável. Obviamente, esse
desenvolvimento sustentável não é o único objetivo dessa
extensa normalização.

O desenvolvimento sustentável pode ser definido como


uma forma de desenvolvimento econômico que emprega os
recursos naturais e o meio ambiente não apenas para o
benefício do presente, mas também das gerações futuras.
Portanto é o desenvolvimento que, procurando satisfazer as
necessidades da geração atual, não prejudica a capacidade
das gerações futuras atingirem as suas necessidades, e
significa a possibilidade real de que as pessoas, agora e no
futuro, cheguem a um nível adequado de desenvolvimento
social e econômico, e de realização humana e cultural, e ao
mesmo tempo, façam um uso razoável dos recursos da terra,
preservando as espécies e os habitats naturais.

O conceito de desenvolvimento sustentável, por sua vez,


está também intimamente ligado aos conceitos expressos
pelo que conhecemos por 3R – Reduzir, Reciclar e Reutilizar.
Mais adiante discutiremos esses assuntos.

Remetendo ao assunto que envolve reciclagem, então, a


geração de resíduos nas diversas práticas econômicas ou de
consumo está intimamente ligada ao desenvolvimento
sustentável e à redução e reutilização desses resíduos,
favorecendo o desenvolvimento sustentável, tudo isso ligado
aos diversos procedimentos ou técnicas utilizadas por
empresas para tal fim. É uma longa teia, formada por muitas
cadeias.

Assim, toda a normalização está envolvida


continuamente com essas práticas. Vamos associar esses
pensamentos nas próximas aulas.
Referências

ABNTa. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Conheça


a ABNT. c2014. Disponível em:
<http://www.abnt.org.br/abnt/conheca-a-abnt>. Acesso em:
28 jul. 2020.

ABNTb. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Como


elaborar normas. c2014. Disponível em:
<http://www.abnt.org.br/normalizacao/elaboracao-e-
participacao/como-se-elaboram>. Acesso em: 28 jul. 2020.

FERNANDES, W. A. O movimento da qualidade no Brasil.


2011. Disponível em:
<http://www.inmetro.gov.br/barreirastecnicas/pdf/Livro_Qu
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<http://www.inmetro.gov.br/inmetro/sinmetro.asp?iacao=i
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MORAES, M. P. As estruturas nas geometrias das


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Dissertação (Mestrado). Universidade de São Paulo, 1997.
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Acesso em: 29 jul. 2020.

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