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GUIA COMPLETO

NORMAS PARA
FABRICAÇÃO DE
BLOCOS E PAVERS
Conheça as normas para fabricação de blocos e
pavimentos vigentes no Brasil. Prepare sua fábrica
para não ser surpreendido e use isso ao seu favor
para conquistar os melhores clientes em sua região.
Com a palavra, o autor

Prof. Julio Cesar Filla

Mestre em Engenharia Civil, professor e consultor


especialista em concreto seco.

Ah, essas normas…

Não tem jeito. Todo trabalho técnico estará sempre sujeito ao atendimento de uma ou mais
normas. A existência de normas regulando uma atividade, processo ou produto é algo
muito bom. Além de prover uma direção segura para que não nos coloquemos em situação
de contingência - sujeitos a multas, judicialização de relacionamentos comerciais, etc. -
provê um paradigma, criando uma distinção para quem busca a excelência.

Foi muito agradável poder desenvolver este E-book, porque ele acaba por abrir os olhos para
uma área considerada inóspita, e algumas vezes até mesmo repulsiva.

A tentativa foi de mostrar o lado prático da normalização e como ela afeta o nosso dia-a-dia,
elucidando alguns conceitos básicos.

O que você deveria fazer com este E-book?

A minha sugestão é que você faça uma auto-avaliação durante a leitura. Faça anotações e
registre os aspectos que são dissonantes em relação ao padrão da norma. Aproveite para
refinar os seus conceitos.

Este material não esgota o assunto e estará sempre em atualização, pois de tempos em
tempos as normas sofrem modificações. Agora mesmo, enquanto escrevo este texto, a
norma 7211, que trata de agregados para a produção de concretos, está em consulta
nacional, a penúltima fase para a sua atualização.

Boa leitura. Aproveite, pois, foi escrito para ajudá-lo a crescer como empreendedor.
Introdução
A construção civil está a cada dia implementando os conceitos da indústria 4.0 em seus
canteiros e seus processos. Mesmo neste contexto, em que a tecnologia tem sido a grande
parceira na melhoria da qualidade na gestão e na produção, a existência das normas é
fundamental.

O sistema de normalização, pode-se dizer, sempre dará o “tom” de tudo aquilo que deve ser
produzido, independente das ferramentas utilizadas.

Há quem diga que um sistema de normalização seja um fator limitante para a criatividade e
que o mercado deveria ser o grande fiel da balança. Quem estivesse fora do padrão seria
automaticamente excluído pelo mercado. Contudo, não é isso que se observa. A chamada
“segunda linha” de produtos continua firme e forte no mercado.

A verdadeira criatividade se manifesta quando se tem um alvo a atingir e existem


limitações. Nesse momento, a inteligência humana é acionada para utilizar todos os recursos
e ferramentas disponíveis e conhecidos para superar as dificuldades e atingir o alvo.

Nesse contexto o sistema de normalização é nosso aliado e funciona como um guia para
atingir nossos objetivos.

Através de um sistema de normalização é possível simplificar produtos e processos,


melhorar a comunicação entre fabricantes e mercado, ampliar as fronteiras do comércio,
etc.

A produção de blocos para pavimentação e alvenaria possui muitos desafios e as normas


estão aí para nos ajudar a vencê-los. Veja o sistema de normas como um grande aliado e não
como um entrave à sua produção.
O que você vai encontrar neste
E-book?
Este E-book foi elaborado para organizar num único documento as principais normas que
regem a produção de blocos de alvenaria e pavimentação.

Não é uma transcrição pura e simples das normas, mas uma visão comentada do que está
descrito em cada uma.

Embora as normas atuais sejam bastante didáticas, procurou-se tornar o conhecimento


ainda mais acessível.

Veja como o texto está organizado:

Agora é com você. Boa leitura!


O que é uma norma?
Muito provavelmente você já se deparou com a sigla “ABNT NBR...” em muitos produtos que
você adquiriu, mas pode não ter entendido o seu significado e, porque ela estava lá.

Nos próximos parágrafos você vai entender o que são as normas, como são elaboradas e
qual a importância delas para o negócio de produção de blocos de concreto. A primeira coisa
que precisa ser compreendida é exatamente “o que é uma norma”.

A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, mais popularmente conhecida como


“ABNT” é a entidade responsável pela elaboração das normas aqui no Brasil. Segundo a
ABNT, uma norma pode ser descrita assim:

“Documento, estabelecido por consenso e aprovado por um organismo reconhecido, que


fornece, para um uso comum e repetitivo, regras, diretrizes ou características para
atividades ou seus resultados, visando à obtenção de um grau ótimo de ordenação em
um dado contexto”.

Deste conceito podem ser extraídas algumas palavras-chave que podem nos ajudar a
entender melhor (Infográfico 1).

Infográfico 1 — Palavras-chave - Conceito de Norma.


Fonte: FILLA (2022)

Este conceito parece complicado, mas basta analisar separadamente algumas palavras para
entender melhor:

Consenso: qualquer norma deve ser elaborada a partir da opinião de todas as pessoas
envolvidas naquele assunto: fabricantes, fornecedores, pesquisadores, o governo, usuários,
etc. Deve haver uma “concordância” geral entre eles sobre o tema.

Regras, diretrizes e características: uma norma tem várias funções, entre elas a de
estabelecer as características e padrões que um determinado produto, serviço ou método
de avaliação deve apresentar ou seguir.

Uso comum e repetitivo: as normas não são específicas para aplicação em determinadas
circunstâncias ou por pessoas especializadas mas, sim, por qualquer pessoa ou empresa a
qualquer momento em que estiver lidando com aquele tema.

Ordenação: Qualquer empresa ou pessoa que deseja fornecer o produto ou serviço descrito
naquela norma deve se submeter aos padrões estabelecidos por ela.
Os objetivos de um sistema de
normalização
À primeira vista pode parecer que as normas são elementos complicadores da atividade
empresarial, pois de certa forma acabam impondo certos limites. Mas ao se analisar os
benefícios de normalização fica clara a sua importância para qualquer tipo de negócio ou
atividade industrial.

Pode-se apontar alguns objetivos para a normalização:

Comunicação: proporciona os meios necessários para a troca adequada de informações


entre clientes e fornecedores, com vista a assegurar a confiança e um entendimento comum
nas relações comerciais;

Simplificação: reduz as variedades de produtos e de procedimentos, de modo a simplificar o


relacionamento entre produtor e consumidor;

Proteção: define os requisitos que permitem aferir a qualidade dos produtos e serviços;

Segurança: estabelece requisitos técnicos destinados a assegurar a proteção da vida


humana, da saúde e do meio ambiente;

Economia: diminui o custo de produtos e serviços mediante a sistematização, racionalização


e ordenação dos processos e das atividades produtivas, com a consequente economia para
fornecedores e clientes;

Eliminação de barreiras: evita a existência de regulamentos conflitantes, sobre produtos e


serviços, em diferentes estados e países, de forma a facilitar a intermediação comercial.

Para exemplificar de modo simples a importância de um sistema de normalização imagine a


seguinte situação: você tem sua indústria em um estado brasileiro e pretende vender para
outro estado vizinho.
No seu estado os blocos que você fabrica atendem perfeitamente aos requisitos de norma,
mas para vender no estado vizinho as normas são outras e você não consegue atendê-las
com o mesmo produto.

Seria um absurdo não é mesmo? Pois bem, um sistema de normalização nacional evita este
tipo de conflito.
Como são elaboradas as
normas?
Mas, como surge uma norma? É possível elaborar uma norma sobre qualquer assunto? Não
é bem assim...

O processo começa quando a sociedade brasileira, através de uma entidade de


representação, por exemplo, a BlocoBrasil, indica a necessidade de regulamentar um
determinado tema.

O Comitê Brasileiro (CB) ou o Organismo de Normalização Setorial (ONS) avalia se há esta


necessidade e, se for o caso, determina a criação uma comissão para trabalhar este assunto.

É importante dizer que a sociedade em geral é convidada a participar voluntariamente desse


processo. Não é paga nenhuma remuneração a estas pessoas que vão elaborar a norma. O
Infográfico 2 mostra quem é convidado a participar do processo de elaboração de normas.

Infográfico 2 — Participantes voluntários da elaboração de normas.

Fonte: FILLA (2022)


A comissão elabora um “projeto de norma” que é submetido à consulta popular por um
determinado período de tempo. Normalmente o projeto é divulgado no site da ABNT.
Qualquer pessoa pode votar o projeto e, inclusive, dar sugestões para melhorar o texto.

Depois de um tempo, alguns meses, as sugestões são recolhidas e consideradas. Elas podem
ser acatadas ou não.

Finalmente, o projeto ganha uma redação final e é votada na comissão a sua aprovação ou
não.

Depois de aprovada a norma é publicada e entra em vigor, normalmente, um mês após a sua
publicação. Veja o Infográfico 3, que resume o processo:

Infográfico 3 - Processo de elaboração de normas

Fonte: FILLA (2022)


As duas faces da normalização
Este tópico não é muito fácil de escrever. Não se pode criar um clima de “terror” e
apreensão sobre o tema mas, ao mesmo tempo, o assunto é sério.

Essa não é uma questão nova. E quando digo isso estou falando que lidamos com este
problema, literalmente, há milênios. Vou dar 2 exemplos. Um da construção civil e um mais
geral.

O primeiro deles vem da Babilônia, há cerca de 2150 AC. Você já deve ter ouvido falar do rei
Hamurabi, que escreveu um famoso código, cheio de punições severas, baseadas no
princípio da reciprocidade.

É de lá que vem a famosa “Lei de Talião”: “Olho por olho, dente por dente”.

Veja o que ele escreveu sobre a construção civil:

Art. 25

§ 227 - "Se um construtor edificou uma casa para um homem livre, mas não reforçou
seu trabalho, e a casa que construiu caiu e causou a morte do dono da casa, esse
construtor será morto".

O outro exemplo de como este tema é antigo aconteceu um pouco mais tarde na história.

Cerca de 1.200 a 700 AC, entre os Fenícios, um povo que tinha um comércio internacional
muito forte, estabeleceu-se uma punição muito severa para os artesãos.

Artesões que fabricassem determinados produtos, fora da especificação governamental,


tinham a sua mão amputada. Eles não queriam comprometer a sua imagem e com isso
estragar os negócios.

Felizmente isso não vigora por aqui, porém, o nosso código civil, não deixa estes problemas
de qualidade da construção civil passarem em branco e tem algumas previsões. Veja:
Art. 615

"Concluída a obra de acordo com o ajuste, ou o costume do lugar, o dono é obrigado a


recebê-la.

Poderá, porém, rejeitá-la, se o empreiteiro se afastou das instruções recebidas e dos


planos dados, ou das regras técnicas em trabalhos de tal natureza."

Art. 616:

"No caso da segunda parte do artigo antecedente, pode quem encomendou a obra, em
vez de enjeitá-la, recebê-la com abatimento do preço."

A outra legislação, que muito afeta as empresas que fornecem produtos ou serviços, é a lei
nº 8.078\90, que entrou para a nossa história como “CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR”. Veja o que ele diz sobre o tema:

Art. 39º: É vedado ao fornecedor de produtos e serviços:

"VIII – Colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo


com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas
não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade
credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial – CONMETRO."

E atribui como pena para a não observância deste artigo o seguinte:

● Rejeição do produto e/ou rescisão do contrato;


● Abatimento do preço (ou indenização pela depreciação);
● Presunção de culpa;
● Ônus da prova;

Não se pode perder de vista que o consumidor está cada vez mais consciente dos seus
direitos e isso tem levado à famosa “judicialização” das relações comerciais.
Essa é uma consequência direta da existência de normas para o desenvolvimento do negócio
de produção de blocos de concreto.

O fabricante deve estar consciente que as Normas possuem dois aspectos inseparáveis.

O primeiro aspecto é o mais evidente, que é a sua utilidade quanto à orientação para a
produção correta dos blocos de concreto dentro das especificações. É o caráter orientativo
das normas.

O segundo aspecto, que fica evidente somente quando ocorre um problema, e este vai parar
na justiça, é a transformação da normalização de “orientativa” em uma espécie de
“legislação”, que regula a produção do bem ou serviço. E é aí que a coisa pega!

Dizendo de uma forma bem clara: em um primeiro momento as normas técnicas te


orientam e num segundo momento elas te julgam.

As consequências não são tão simples, especialmente porque o fornecedor, no caso de uma
disputa judicial, já entra no processo como culpado.

Cabe a ele provar que não fez nada de errado e nem o produto está defeituoso. É o chamado
ônus da prova. Cabe ao fornecedor se defender perante a justiça.
Quais são os principais tipos de
normas?
As normas não são todas iguais, e há tipos específicos para determinados fins. Elas se
diferenciam pelo conteúdo que regulamentam. Pode-se listar os seguintes tipos
basicamente:

Normas de classificação: ordenar, designar, distribuir e/ou subdividir conceitos, materiais


ou objetos, de acordo com uma determinada sistemática.

Normas de procedimentos: fixar rotinas ou condições para: execução de cálculos, projetos,


obras, serviços e instalações; emprego de materiais e produtos industriais; rotinas
administrativas; elaboração de documentos em geral, inclusive desenho; segurança na
execução ou utilização de obras, equipamentos, instalações ou processos.

Padronização (PB): restringir a variedade pelo estabelecimento de um conjunto metódico e


preciso de condições a serem satisfeitas, com o objetivo de uniformizar as características
geométricas e/ou físicas de elementos de fabricação, produtos semi acabados, desenhos e
projetos.

Simbologia (SB): fixar convenções gráficas, ou seja, símbolos, que devem ser associados a
produtos ou indicações de serviços.

Terminologia (TB): definir, relacionar e/ou dar equivalência em diversas línguas de termos
técnicos empregados, em um determinado setor de atividade, visando ao estabelecimento
de uma linguagem uniforme.

Especificação (EB): fixar as características físicas, químicas, etc. de materiais, processos,


componentes, equipamentos e elementos de construção, bem como as condições exigíveis
para aceitação e/ou rejeição de matérias-primas, produtos semi-acabados ou acabados.

Métodos de ensaio (MB): Prescrever a maneira de determinar ou verificar as características,


condições ou requisitos exigidos de: material ou produto de acordo com as respectivas
especificações; obra ou instalações de acordo com o respectivo projeto.
Em seguida serão apresentadas as normas relacionadas ao negócio de produção de blocos
de concreto para alvenaria e pisos. Eu quero te desafiar a identificar a que tipo de norma
pertence cada uma que for apresentada.
Normalização para blocos de
alvenaria
Algo com o que se pode concordar, sem ter que entrar em uma polêmica, é que a execução
de uma tarefa ou a confecção de qualquer produto demanda conhecimento específico,
especialmente quanto aos requisitos a serem atendidos.

No caso dos blocos de concreto para alvenaria, sejam estruturais ou não, há duas normas
que qualquer fabricante precisa conhecer a fundo, e na sua versão mais atualizada:

● ABNT NBR 6136: Blocos vazados de concreto simples para alvenaria – Requisitos
● ABNT NBR 12118: Blocos vazados de concreto simples para alvenaria – Métodos de
ensaio.

Se você tem dúvida sobre qual é a versão mais atualizada, basta consultar o site da ABNT
(https://www.abntcatalogo.com.br) e efetuar uma busca pelo número da norma.

Estas duas normas devem ser utilizadas em conjunto. A primeira (ABNT NBR 6136) trata das
características que um bloco de concreto deve possuir e a segunda (ABNT NBR 12118) sobre
os métodos padronizados para avaliar estas características.

O que se pode encontrar em cada norma? Vamos ver isso agora.


A ABNT NBR 6136

Antes de mais nada é preciso deixar claro uma coisa. No mercado, de modo geral, é possível
encontrar 2 tipos de produtos: o “BLOCO DE CONCRETO” e o “BRÓCO”. É claro que isto é só
uma piada, mas toda brincadeira tem seu fundo de verdade.

O “BRÓCO” é aquele produto que não atende às especificações da norma. Está fora do
padrão tanto em termos de geometria quanto em termos das suas propriedades físicas e
mecânicas, como resistência, absorção de água, retração, etc. É o resultado da ação
intencional de um fabricante que não se importa com padrões de qualidade.

Isso se chama “não conformidade intencional”.

Em muitos casos é falta de informação mesmo. Não é intencional. Só falta um pouco de


orientação.

É por isso que a norma existe, para prover a orientação quanto ao padrão a ser seguido. E os
consultores estão aí para isso também. Ajudar a colocar a norma em prática.

O objetivo aqui não é reproduzir a norma, mas sim, destacar algumas das informações que
encontramos nela para entender a sua importância.

Esta norma é bem didática. Ela começa introduzindo algumas palavras e expressões que são
importantes, como, por exemplo: área bruta, dimensões modulares, família de blocos,
classe, etc. Isso facilita a leitura da norma. Veja o significado destas palavras no item
“Termos e definições” ao final.

Em seguida ela apresenta as exigências (ou requisitos) para os materiais que vão ser
utilizados na produção do concreto, como o cimento, a água, os agregados, aditivos e
adições. Pode-se resumir assim as exigências:

● Cimento: deve atender às exigências da ABNT NBR 16697. Anteriormente cada tipo
de cimento tinha uma norma própria, mas agora elas foram unificadas. Uma dica
(que não está na norma): se o cimento tiver o SELO DE QUALIDADE DA ABCP, ele
atende à norma.
● Água: se a água for potável, pode ser utilizada sem problemas. Em geral, ela deve
atender à NBR 15900-1.
● Agregados: devem atender a ABNT NBR 7211, que é a norma de agregados para
concreto. A norma impõe que os agregados devem ter dimensão máxima
característica inferior à metade da menor espessura da parede do bloco. (Obs.: para
saber mais sobre agregados para blocos baixe o nosso E-book “Guia completo de
agregados para blocos e pavers”).
● Aditivos e adições: não há restrições ao uso de aditivos (NBR 11768) e nem de
adições (corantes, sílica ativa, metacaulim). O importante é que o bloco atenda
sempre aos requisitos físico-mecânicos.

Ai vem uma parte muito importante: os chamados “requisitos específicos”.

Nessa parte, a norma estabelece as dimensões dos blocos para cada família (20 x 40; 15 x
40; etc.), a espessura mínima das suas paredes e os valores mínimos para a resistência à
compressão, absorção e retração.

Estas informações estão em três tabelas diferentes:

Tabela 1 – Dimensões nominais

Tabela 2 – Designação por classe, largura dos blocos e espessura mínima das paredes do
blocos

Tabela 3 – Requisitos para resistência característica á compressão, absorção e retração.

Vou colocar as tabelas no final para não atrapalhar a sua leitura, ok?

Os valores das propriedades físicas e mecânicas são apresentados separadamente para o


caso de blocos com ou sem função estrutural e também pela sua classe (tipo de uso).

A norma ainda impõe que os lotes devem ser identificados e transportados cubados ou
paletizados.
Na sequência ela trata sobre como estes parâmetros devem ser inspecionados, que norma
aplicar (no caso é a ABNT NBR 12118), o tamanho da amostra e as condições para aceitação
da produção.

Veja como as coisas estão ligadas: são estas dimensões fornecidas pela norma que os
fabricantes de formas e equipamentos devem seguir e, à medida que a utilização dos
moldes acontece, você precisa verificar, caso contrário os produtos ficam “fora da bitola”.

A norma traz, inclusive, qual é a tolerância nas dimensões a ser observada. Fique atento.

Tabela 1 – Dimensões nominais (mm)

FONTE: ABNT NBR 6136

Tabela 2 – Designação por classe, largura dos blocos e espessura mínima das paredes dos
blocos

FONTE: ABNT NBR 6136


Tabela 3 – Requisitos para resistência característica à compressão, absorção e retração.

FONTE: ABNT NBR 6136

Antes de entrar na NBR 12118 é preciso falar um pouco sobre a composição de lotes e
número de peças a serem amostradas.

A primeira coisa que você precisa entender é “o que é um lote”. É uma definição importante
e se ele não for tomado adequadamente pode invalidar o resultado dos ensaios de
inspeção.

Então, anote aí:

“O lote de inspeção deve ser formado por um conjunto de blocos com as mesmas
características, produzidos sob as mesmas condições e com os mesmos materiais.”

Isso significa o seguinte: se você tiver mais do que 1 máquina, você terá mais de um lote. Se
o material mudar ao longo do dia, por exemplo, você começou a utilizar uma carga nova de
cimento, terá que formar outro lote. Embora seja o mesmo tipo de cimento, mesmo
fabricante, etc., é um novo lote de material. A rigor é isso.

O tamanho máximo de um lote é de 40.000 blocos, limitado a 1 dia de produção.

A outra questão a ser definida é a quantidade de blocos, escolhidos aleatoriamente no


estoque, e que irão compor a amostra. A norma apresenta esta informação na Tabela 4.
Tabela 4 - Tamanho da amostra segundo a NBR 6136

Quantidade mínima de
Quantidade de blocos da blocos para ensaio
amostra dimensional e resistência à Quantidade
compressão axial de blocos para
Quantidade de blocos
ensaios de
do lote
absorção e
*Desvio *Desvio
área líquida
Prova Contraprova padrão não padrão
conhecido conhecido

ATÉ 5.000 7 ou 9 7 ou 9 6 4 3

5.001 A 10.000 8 ou 11 8 ou 11 8 5 3

ACIMA DE 10.000 9 ou 13 9 ou 13 10 6 3

Obs.: * Desvio padrão da fábrica.

FONTE: Adaptado da NBR 6136

Um último tópico a ser destacado é a forma de estimar o valor da resistência característica à


compressão do lote, o famoso 𝑓𝑏𝑘,𝑒𝑠𝑡.

É bem comum pensarmos que a média das resistências dos rompimentos à compressão
representa a resistência do lote. A norma, contudo, estabelece um resultado mais rigoroso e
é nesse momento que a gente entende a importância de reduzir a variabilidade da
produção.

Para explicar isso direito vou colocar essa informação no final em separado e vou dar um
exemplo de cálculo.

Uma vez que você fez os ensaios a norma traz uma tabela (Tabela 5) com os critérios para
aceitação ou rejeição dos lotes. Os critérios devem ser atendidos simultaneamente. Veja a
seguir:
Tabela 5 (NBR 6136) - Aceitação e rejeição

ENSAIO ACEITAÇÃO REJEIÇÃO

INSPEÇÃO VISUAL < 10% > 10%

DIMENSIONAL Prova ou contraprova Contraprova

COMPRESSÃO Prova ou contraprova Contraprova

ABSORÇÃO Prova ou contraprova Contraprova

FONTE: Adaptado da NBR 6136

A inspeção visual dos blocos deve verificar as seguintes características:

● homogeneidade do concreto
● compacidade
● arestas vivas
● ausência de trincas
● ausência de fraturas
● defeitos outros

A verificação dimensional vai avaliar se ele atende à Tabela 1 e a Tabela 2 da norma onde
constam as dimensões nominais dos blocos e das paredes.

O ensaio de compressão verifica se ele atende aos limites de resistência estabelecidos na


Tabela 3 da norma, o mesmo vale para o ensaio de absorção.

A norma prevê a possibilidade de substituição das peças defeituosas no caso de problemas


com a geometria. Quando se trata de resistência, a questão muda de figura.

Se os blocos não estiverem aplicados, estes devem ser devolvidos e substituídos pelo
fabricante. Caso estejam aplicados, deve-se verificar o que está prescrito no contrato de
venda e compra.
A ABNT NBR 12118

Você sabe como testar seus blocos? Tem gente que acha que não precisa, tem gente que
tem até medo de testar e descobrir que está fraco. E tem gente também que faz os testes
mais esquisitos...

Vira e mexe eu vejo alguém colocando um bloco no chão, de lado ou de topo, e subindo em
cima para mostrar como ele é forte. É até engraçado ver o sujeito pulando em cima do
bloco.

Olha, não sou contra os testes “qualitativos” que a gente faz para acompanhar a produção.
Vamos falar sobre eles também um pouco mais à frente. A gente pode pesar, molhar para
ver a absorção superficial, bater com um martelo para ouvir o som metálico, etc.

Tudo isso é importante e nos dá pistas sobre a situação geral dos blocos. Mas....

Mas quando se trata de comprovar para um cliente que os blocos estão dentro do padrão, a
história é outra. É ai que entra a ABNT NBR 12118.

Quero dizer uma coisa, dar um conselho:

Se você puder, tenha um laboratório em sua fábrica. Se não puder, separe um valor mensal,
pelo menos, para mandar testar uma amostra da sua produção em um laboratório.

Faça isso por dois motivos: O primeiro é porque você vai ter uma visão realista do seu
trabalho e, segundo, você poderá utilizá-lo como argumento de venda. Em alguns casos o
cliente vai até exigir isso de você.

Não deixe de fazer os testes qualitativos para acompanhar a sua produção, eles são uma
forma rápida de checar se as coisas estão indo bem. Ok?

Por que esta norma é tão importante então?

É só você responder às seguintes perguntas: você gostaria que seus blocos fossem testados
de qualquer maneira? Como ter certeza que aquele resultado está correto?
Pois bem, esta norma veio para padronizar os métodos de ensaio que devem ser
empregados para determinar as propriedades físicas e mecânicas especificadas e que devem
ser alcançadas pelos blocos.

Nela você vai encontrar um breve “glossário” com os termos e definições mais utilizados.
Você pode encontrá-los ao final do E-book no tópico “Termos e definições”.

A especificação do tipo e das características mínimas que os equipamentos devem ter para
realizar os testes com precisão também está descrita nela.

Igualmente importante, os procedimentos para preparação das amostras e das condições


para realização dos ensaios estão lá. Vou fazer um resumo do procedimento para
determinação da resistência à compressão e apresentar logo após o método de cálculo da
resistência característica. Os demais ensaios você pode consultar na norma.

Os ensaios devem ser passíveis de reprodução. Ou seja, se duas pessoas analisarem a


mesma amostra, os resultados devem ser semelhantes. Isso só é possível quando você tem
uma norma descrevendo o procedimento padrão.
Normalização para blocos de
pavimentação (pavers)

A ABNT NBR 9781

Esta é uma norma muito interessante. Ela traz em um único documento as especificações
que a peça deve atender e ao mesmo tempo os métodos de ensaio. É bem prática.

É preciso chamar a atenção para um detalhe importante. Muitas fabricantes reclamam que
os critérios da norma são muito exigentes e que não é qualquer equipamento que consegue
produzir peças dentro do padrão, sendo as hidráulicas automáticas as máquinas ideais.

Essa exigência tem uma razão.

Estas peças vão compor o revestimento do pavimento, que neste caso, por ser articulado, é
considerado flexível. Ele vai atuar combinadamente com as demais camadas compondo a
estrutura do pavimento.

O “paver” deve suportar não somente o trânsito de pedestres, no caso das calçadas, mas
também o trânsito de veículos (leves ou pesados) quando aplicados em estacionamentos,
portos, pátios logísticos, aeroportos ou vias públicas. Sem contar as áreas de armazenagem.

O revestimento de um pavimento é o responsável pelo tráfego seguro e confortável, e bem


por isso, ele também deve ser capaz de absorver as cargas e transmiti-las para as demais
camadas do pavimento.

A ABNT NBR 9781 é bem cuidadosa nas suas especificações.

Ela apresenta no item “requisitos específicos” não somente uma classificação quanto ao
formato (TIPO I, II, III e IV), mas dá detalhes quanto à geometria da peça (dimensões,
tolerâncias, espaçadores, chanfro, arestas e ângulo de inclinação).
Do mesmo modo que as normas para blocos, ela também traz uma série de definições para
o entendimento das suas especificações. Você poderá encontrá-las no tópico “Termos e
definições”.

No final deste tópico vou colocar exemplos de peças dos quatro tipos descritos na norma.

Há especificamente a recomendação de que os materiais utilizados na produção do concreto


atendam às suas respectivas normas:

● Cimento: ABNT NBR 16697;


● Água: ABNT NBR 15900-1;
● Aditivos: ABNT NBR 11768;
● Pigmentos inorgânicos: ASTM C 979/C 979M;
● Agregados: ABNT NBR 7211.

Quero chamar à atenção para o fato de que a norma permite a utilização de agregados
reciclados, industriais além dos naturais.

Uma dica importante, que vale ouro embora não esteja no contexto da normalização, é a
seguinte: infelizmente muitas fábricas ainda apresentam muita perda em termos de peças
que se quebram ou apresentam defeitos, ficam fora de bitola, etc. Além do que algumas
máquinas, literalmente, vazam a massa por diversos pontos, que acabam caindo no solo.

Estes blocos defeituosos, juntamente com esta massa que vaza, são compostos por
materiais selecionados, portanto, possuem um valor intrínseco alto que deve ser
recuperado.

Neste contexto, a aquisição de um bom triturador é um investimento importante. É possível


transformar estas peças em agregados reciclados (pedrisco, “brita 0”, granilha, areia, etc.).
Após triturados, estes materiais podem ser peneirados e selecionados em diversas
granulometrias.

Se as características destes materiais forem devidamente estudadas, eles podem ser


reincorporados ao processo, recuperando uma parte do valor e eliminando um passivo
ambiental, que se originaria do seu acúmulo e posterior necessidade de descarte.
Neste sentido um consultor especialista em concreto poderá auxiliar no estudo destes
agregados e definir traços utilizando este material.

Outro comentário importante: esta porção de massa que “vaza” ou mesmo que se origina de
peças de concreto que se rompem na saída da esteira, deve voltar ao misturador em no
máximo 45 min. Depois disso deve ser descartada.

A geometria da peça é muito relevante. Se a peça não possuir o formato e dimensões


corretas ela não vai se encaixar adequadamente e dificultar o “intertravamento” do
pavimento.

O pavimento tem que resistir não somente às cargas verticais que vem dos veículos, mas
igualmente ao “giro” provocado pelos pneus, quando estes vão fazer curvas. Os locais de
estocagem são mais sensíveis a este problema por causa das empilhadeiras, pois elas giram
sobre o próprio eixo.

As características físicas e mecânicas (resistência, absorção e abrasão) são tratadas em itens


separados. A única característica que tem a sua avaliação facultativa é a abrasão. As demais
são obrigatórias.

As dimensões nominais das peças também são especificadas:

● Comprimento: 250 mm (máximo)


● Largura: 97 mm (mínimo)
● Espessura: 60 mm (mínimo)

A tolerância dimensional é de + 3 mm para as três dimensões.

A resistência à compressão das peças é especificada em função do tipo de solicitação (ligada


ao local de aplicação). Veja a Tabela 6:
Tabela 6 – Resistência característica à compressão

Resistência característica à compressão


Solicitação
aos 28 dias de idade - MPa

Tráfego de pedestres, veículos leves e 𝑓𝑝𝑘 > 35


veículos comerciais

Tráfego de veículos especiais e solicitações


capazes de produzir efeitos de abrasão 𝑓𝑝𝑘 > 50
acentuados

FONTE: ABNT NBR 9781

Uma ressalva importante que a norma apresenta é que as peças entregues com menos de
28 dias devem apresentar no mínimo 80% do 𝑓𝑝𝑘 especificado na Tabela 6 no momento da

sua instalação.

Neste sentido, o tipo de cimento utilizado na produção das peças faz toda a diferença.
Observe o Gráfico 1.

O Gráfico 1 se refere à evolução da resistência da pasta de cimento e não do concreto, mas o


desenvolvimento da resistência está, evidentemente, atrelada a estes resultados.

Veja que, do ponto de vista da indústria de pré-moldados, o cimento do tipo V (ARI) é o


mais recomendado. Suas resistências evoluem muito rapidamente. De um modo
simplificado pode-se dizer que o cimento tipo V (ARI) faz em 3 dias o que um cimento
comum (TIPO II) leva 28 dias.
Gráfico 1 - Evolução da resistência dos cimentos em função do tipo e da idade

FONTE: ABCP(2002)

A resistência característica à compressão (𝑓𝑝𝑘) é uma medida estatística, mas não se

preocupe. A norma também ensina como calcular. Vamos mostrar isso em detalhe num
tópico específico.

A resistência à abrasão também está especificada, embora seja facultativa. Mas lembre-se:
seu cliente pode exigir a comprovação disso e seria muito bom você estar preparado, (Tabela
7).

A norma impõe critérios para a análise visual da peça de concreto. A peça tem que
apresentar aspecto homogêneo, arestas regulares e ângulos retos.

Não deve possuir nenhum dos defeitos a seguir:

● Rebarbas;
● Delaminação;
● Descamação;
● Outros defeitos.
Tabela 7 – Critérios para resistência à abrasão

Solicitação Cavidade máxima (mm)

Tráfego de pedestres, veículos leves e veículos


> 23
comerciais

Tráfego de veículos especiais e solicitações capazes de


> 20
produzir efeitos de abrasão acentuados

FONTE: ABNT NBR 9781

A norma dá uma orientação muito importante, que pode eliminar muita dor de cabeça: se a
peça for colorida a cor tem que ser combinada com o cliente. Minha dica: mostre algumas
peças para o cliente, dentre as cores que você fabrica e solicite a aprovação dele.

Outro item muito importante estabelecido na norma é o critério para aceitação e rejeição do
lote de peças.

Se a quantidade de defeitos superar 5% do lote, este pode ser rejeitado. Contudo, a norma
prevê que as peças defeituosas podem ser substituídas, a critério do comprador.

Como eu disse, esta norma traz todas as indicações para a realização dos testes de
verificação das peças. Os métodos estão todos descritos nos ANEXOS que vão de “A” até “C”.

O Anexo “D” traz os formatos dos tipos de peças descritos na norma. Vamos a eles. Para
ilustrar a sua aplicação vou trazer algumas imagens que estão disponíveis na publicação da
ABCP “Praças, caminhos e pátios - Obras brasileiras com pisos intertravados de concreto”.

Você poderá baixar gratuitamente esta publicação na área de downloads da ABCP


(https://abcp.org.br).

Peças tipo I

Peças de concreto com formato próximo ao retangular, com relação comprimento/largura


igual a dois, que se arranjam entre si nos quatro lados e podem ser assentadas em fileiras ou
em espinha de peixe.
Figura 1 - Peças tipo I.

FONTE: ABCP (2005)

Figura 2 - Urbanização da Rua do Meio e Ciclovia da Orla (Ilha Bela -SP).

FONTE: ABCP (2005)


Figura 3 - Reurbanização do centro e Paço Municipal (Apucarana -PR).

FONTE: ABCP (2005)

Peças tipo II

Peças de concreto com formato único, diferente do retangular e que só podem ser
assentadas em fileiras.

Figura 4 - Peças tipo II.

FONTE: ABCP (2005)


Figura 5 - Condomínio Royal Park (Londrina -PR).

FONTE: ABCP (2005)

Figura 6 - Ciclovia Recreio dos Bandeirantes (Rio De Janeiro -RJ).

FONTE: ABCP (2005)


Peças tipo III

Peças de concreto com formatos geométricos característicos, como trapézios, hexágonos,


triedros, etc., com peso superior a 4 kg.

Figura 7 - Peças tipo III.

FONTE: ABCP (2005)

Figura 8 - Calçamento de via urbana executada em bloco sextavado.

FONTE: TUBOLAR PRÉ-MOLDADOS


Figura 9 - Calçamento de estacionamento com bloco tipo III.

FONTE: Ladrilhos Poços de Calda

Peça tipo IV

Conjunto de peças de concreto de diferentes tamanhos, ou uma única peça com juntas
falsas, que podem ser utilizadas com um ou mais padrões de assentamento.

Figura 10 - Peça tipo IV.

FONTE: ABCP (2005)


Figura 11 - Vila Borghese (São Paulo -SP)

FONTE: ABCP (2005)

Com relação à absorção, a norma estabelece que a amostra deve apresentar uma absorção
média menor ou igual a 6%, porém, nenhuma peça poderá ter absorção individual superior
a 7%.

Do mesmo modo que os blocos, a inspeção é realizada sobre lotes de fabricação. O conceito
de lote já foi descrito e você poderá relembrá-lo no item “Termos e definições”. A diferença
aqui é o tamanho do lote.

A norma adota como tamanho de lote 300 m² de piso. Devem ser retiradas 6 peças a cada
lote e 1 peça adicional a cada 50m² suplementar, até um total de 32 peças.

A ABNT NBR 16.416

Você sabia que praticamente todos os códigos de obras no Brasil especificam a necessidade
de reservar cerca de 20 a 30% de um lote como área permeável?
Pois bem, existem alguns tipos de peças de concreto vibro-prensadas para piso que ajudam
a resolver esta questão. Elas estão descritas na NBR 16.416 – “Pavimentos permeáveis de
concreto – Requisitos e procedimentos.

Esta norma não é exclusiva sobre peças de concreto, fala sobre os pavimentos permeáveis
em geral, mas traz os requisitos que o revestimento executado em pavimentação
intertravada deve atender, os tipos de peças que podem ser utilizadas e as características
dessas peças.

Além do pavimento executado no local com o concreto permeável, a norma cita outros 4
tipos de revestimentos:

Revestimento de peças de concreto com juntas alargadas

Neste tipo de revestimento a penetração da água ocorre pelas juntas entre as peças de
concreto. Veja a Figura 12:

Figura 12 – Pavimento constituído por peças de concreto com juntas alargadas.

FONTE: MARCHIONI; SILVA (2012)


Revestimento de peças de concreto com áreas vazadas

Este caso se refere à passagem da água através de aberturas (áreas vazadas) existentes nas
peças de concreto. Figura 13.

Figura 13 – Pavimento constituído por peças de concreto com áreas vazadas.

FONTE: MARCHIONI; SILVA (2012)

Revestimento de peças de concreto permeável

Nesta situação, a percolação da água ocorre através da própria peça, que é composta de um
concreto sem finos e possui um elevado índice de vazios. Veja na figura 14.

Figura 14 – Pavimento constituído por peças moldadas em concreto permeável


FONTE: MARCHIONI; SILVA (2012)

Revestimento com placas de concreto permeável.

Neste caso, a percolação também ocorre através da placa, porém difere do tipo anterior
(peças de concreto permeável) porque são de maiores dimensões e não são intertravadas
(Figura 15).

Figura 16 – Pavimento revestido com placas de concreto permeáveis.

FONTE: MARCHIONI; SILVA (2011)

Vou dar uma dica.

Se você tem interesse em se aprofundar quanto aos detalhes dos pavimentos permeáveis,
visite o site da ABCP (https://abcp.org.br/download/), faça o seu cadastro e tenha acesso à
informação de qualidade sobre o assunto.

Lá estão os trabalhos de MARCHIONI; SILVA (2011;2012) de onde coletei as fotos deste


artigo.

Mas, voltemos ao assunto principal.

Como se trata de um pavimento permeável, o requisito que precisa ser atendido é o


chamado “COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE” que, independente do tipo de peça utilizada
no revestimento deve ser maior que 10-3 m\s. O teste em si será descrito num tópico à
parte. Vale à pena você consultá-lo ao final.

A norma diz que é possível fazer uma avaliação prévia do material de revestimento em
laboratório. Pode ser só da camada de revestimento ou uma simulação do pavimento como
um todo.

A confirmação e aceitação final do pavimento é feita somente em campo, através de um


teste de permeabilidade descrito na norma (Anexo “A”).

A norma também especifica a espessura mínima das peças. Se for para tráfego apenas de
pedestres deve ser de 60mm; para tráfego leve 80mm.

A resistência mecânica também é tratada na norma. Veja:

● Peça de concreto (juntas alargadas ou com áreas vazadas) > 35 MPa;


● Peça de concreto permeável > 20 MPa; e
● Placas de concreto permeável > 2 MPa

Como você pode perceber, o desafio para produzir estas peças é bem grande, pois,
excetuando as placas, é necessário atingir resistências mecânicas elevadas.

Isso não é fácil de conseguir, por causa da grande quantidade de vazios que a peça de
concreto deve possuir.

Fica mais evidente ainda a necessidade de utilizar uma máquina de elevada compressão,
como é o caso das máquinas hidráulicas automáticas e ter um traço bem desenvolvido (um
consultor em materiais cimentícios pode ajudá-lo).

Com este artigo finalizamos a apresentação das normas para produção das peças de
concreto.

Adquira estas normas e aprofunde os seus conhecimentos.


O ensaio de permeabilidade
para pavimentos permeáveis
A norma prevê que este ensaio pode ser realizado tanto em campo quanto em laboratório.

Os equipamentos e materiais necessários à realização deste ensaio são bastante simples:

● Anel de infiltração: cilíndrico vazado com diâmetro de 300+ 10 mm e altura mínima


de 50 mm. Internamente o cilindro deve ter duas linhas de referência com distâncias
de 10 mm e 15 mm em relação à face inferior do anel. O material deve ser resistente
à água, com rigidez suficiente para não deformar quando cheio;
● Balança com resolução de 0,1g;
● Recipiente com volume mínimo de 20L, que permita o derramamento controlado do
volume de água;
● Cronômetro com resolução de 0,1s;
● Massa de calafetar;
● Água limpa.

Do mesmo modo que os demais ensaios, é necessário estabelecer um lote para a sua
realização.

● Três pontos de ensaio para áreas de até 2500 m²;


● Um ponto adicional para cada 1000 m² de área adicional.

Os pontos para execução do ensaio devem ser escolhidos aleatoriamente, não deve haver
água acumulada sobre o pavimento e, por fim, o ensaio deve ser realizado com um
intervalo mínimo a 24 h da última chuva.

A norma detalha com precisão os procedimentos, mas basicamente tem-se o seguinte:

● O pavimento deve ser limpo através de uma varredura que remova, lixo, sedimentos
e outros elementos que não estejam aderidos;
● Fixar o anel de infiltração no local utilizando-se massa de calafetar na superfície
externa de modo a evitar vazamentos;
● Executar a pré-molhagem do pavimento vertendo água no interior do anel e
anotando o tempo; Inicialmente o pavimento é pré-molhado com 3,6 L de água. Se o
tempo da pré-molhagem for inferior a 30 s, utiliza-se 18 L de água no ensaio, ou
novamente 3,6 L se o tempo de pré-molhagem for superior a 30 s.
● Iniciar o ensaio em até 2 min depois da pré-molhagem;
● Verter a água no anel de infiltração mantendo o nível da água entre as duas
marcações internas do anel (10 mm e 15 mm);
● Marcar o tempo, acionando o cronômetro assim que a água atingir a superfície do
pavimento permeável e para o cronômetro quando não houver mais água livre na
superfície. Registrar o tempo com precisão de 0,1s.

O volume de água a ser utilizado no ensaio é dependente do tempo de pré-molhagem,


assim:

● Massa de água de 18,00 kg + 0,05 para tempo de molhagem < 30s


● Massa de água de 3,60 kg + 0,05 para tempo de molhagem >30s

Caso o pavimento tenha alguma inclinação , o nível de água deve ser mantido entre as duas
marcas na parte mais baixa do aclive.

O ensaio pode ser realizado até duas vezes no mesmo local no mesmo dia, com intervalo
máximo de 5 min e sem a necessidade da realização de pré-molhagem. Neste caso o
resultado do coeficiente será a média dos dois ensaios.

O cálculo do ensaio é bem simples, e utiliza a seguinte equação:

𝐶.𝑚
𝐾 = , onde
(𝑑² . 𝑡 )

𝐾 é o coeficiente de permeabilidade em mm\h;

𝑚 é a massa de água infiltrada em kg;

𝑑 é o diâmetro interno do cilindro de infiltração em mm;

𝑡 é o tempo necessário para toda a água percolar expresso em segundos (s);


𝐶 é o fator de conversão de unidades do sistema SI, com valor igual a 4.583.666.000.

Este método é utilizado para aprovação do pavimento após sua execução, no


monitoramento ao longo da vida útil do pavimento e também para definir a necessidade de
limpeza e manutenção.

Na Figura 17 pode-se ver um cilindro de acrílico utilizado no ensaio e na Figura 18 um


resumo do método.

Figura 17 - Cilindro acrílico posicionado no pavimento permeável para realização do ensaio


para determinação do coeficiente de permeabilidade.

FONTE: SMITH, 2011; MARCHIONI; SILVA, 2011


Figura 18 - Esquema para medição de coeficiente de permeabilidade in situ.

FONTE: SMITH, 2011; MARCHIONI; SILVA, 2011


Testes práticos para avaliar a
qualidade dos seus blocos no
dia a dia da produção
Em se tratando de qualidade de blocos e pavers os ensaios normativos são os constantes
nas normas ABNT NBR 12118 (Blocos) e NBR 9781 (Pavers) e ABNT 16146 (Pavimentos
permeáveis).

Contudo, em termos de avaliar a produção no dia a dia da produção e efetuar uma previsão
se os produtos terão um bom desempenho ou não, há alguns testes práticos que podem ser
utilizados. Eles não substituem os testes normalizados, apenas ajudam a orientar a
produção e detectar algum desvio.

Vamos lá!

Teste da massa

Muito embora seja efetuado o controle de umidade dos agregados, há sempre a


possibilidade de que ocorram variações do teor de água o que irá gerar peças mais ou
menos compactas conforme o caso.

Para peças com a mesma geometria, obtidas de um mesmo equipamento, não havendo
variação no traço pode-se estabelecer uma correlação entre a massa da peça e a sua
resistência. Quanto maior for a massa da peça maior será a sua resistência.

Teste de permeabilidade à água

Esta é uma forma bastante prática de se ter uma ideia a respeito da compactação que a peça
possui. Ele consiste em derramar uma pequena quantidade de água sobre a superfície
horizontal do bloco ou paver e observar a velocidade com que a água é absorvida.

No caso dos blocos o ideal é que a água não seja absorvida em menos de 5 segundos. No
caso dos pavers ela deve permanecer sobre a peça praticamente sem ser absorvida.
Teste da chuva

Após uma chuva rápida e um certo tempo de sol, cerca de 15 min, observe os blocos e
pavers no estoque. Peças que apresentarem uma coloração escura estarão indicando que
possuem uma maior absorção e uma maior porosidade. Aquele lote potencialmente pode
apresentar problemas com abrasão ou resistência.

Teste da cor das peças

Caso um lote de produto, depois de curado e seco, apresente diferenças de tonalidade,


pode ser um indicativo de variação da quantidade de água na fase de mistura. Peças mais
claras foram produzidas a partir de misturas que estavam em sua umidade ideal, pois
quando prensadas a pasta aflorou na superfície. Peças um pouco mais escuras indicam
dificuldade de compactação e devem apresentar, portanto, menor compacidade, menor
densidade e menor resistência. Lotes de coloração homogênea indicam baixo desvio padrão
e bom controle de processo.

Testes das arestas

Os blocos e pavers devem possuir arestas vivas e bem definidas, isto é um indicativo de que
foram produzidos com concreto adequado e com umidade compatível com o equipamento.
Se as arestas forem irregulares deve-se verificar a dosagem e o teor de umidade utilizado

Teste da Ressonância

Quando pavers, especialmente, são batidos um contra o outro, o som emitido pode nos dar
pistas sobre a compactação. Pavers compactos emitem um som mais firme e estridente, já
os pavers mais porosos o som se apresenta mais abafado e grave.

Ensaio da densidade da peça pronta

Este ensaio possui uma metodologia descrita em norma, mas é possível ter-se uma
aproximação em campo do valor da densidade de um modo um pouco mais simples. Este é
um teste bastante interessante pois nos informa de um modo mais seguro a respeito da
compacidade da peça e, portanto, da sua resistência.
Este dispositivo prático que nos dá a medida direta da densidade dos pavers e blocos e
pode ser construído tendo como base a conhecida “lei do empuxo” descrita a milênios por
Arquimedes.

A técnica consiste em secar a peça a ser ensaiada e pesá-la. Posteriormente o elemento


deve ser novamente encharcado até que esteja completamente saturado. Para facilitar esta
operação ele pode permanecer mergulhado em um recipiente com água por 1 ou 2 horas.

Em seguida, cada elemento é introduzido em um recipiente com capacidade de 4 a 5 litros e


que disponha de um ladrão posicionado exatamente na linha que determina o volume. No
momento em que o elemento é introduzido o nível da água sobe e transborda pelo ladrão.
Este volume transbordado deve ser recolhido em um outro recipiente de peso conhecido.
Após o transbordamento ter-se estabilizado, o recipiente deve ser pesado e subtraído seu
peso próprio. O peso resultante corresponde diretamente ao volume da peça, uma vez que
1 litro de água é igual a 1kg.

A densidade do elemento é calculada dividindo-se o peso (kg) pelo volume (m³).

A mesma técnica pode ser utilizada tanto para pavers como para blocos. No caso dos blocos
o recipiente deve ser um pouco maior, ou então ele deve ser introduzido fracionadamente.

Quando se utiliza agregados convencionais, o ideal é que os blocos e pavers apresentem


densidades ao redor de 2300 kg/m³.
Determinação da resistência
característica à compressão de
blocos para alvenaria
Existem duas situações que precisam ser identificadas para escolher o método de cálculo
correto.

SITUAÇÃO 1: quando o desvio-padrão (Sd) da fábrica não é


conhecido.

Esta é a situação mais comum, pois nem todos os fabricantes enviam regularmente blocos
para análise em um laboratório independente.

Neste caso a norma apresenta a seguinte formulação para o cálculo:

𝑓𝑏(1) + 𝑓𝑏(2)+ ... + 𝑓𝑏(𝑖−1)


𝑓𝑏𝑘,𝑒𝑠𝑡 = 2[ 𝑖−1
] − 𝑓𝑏(𝑖)

Nesta equação temos os seguintes elementos e os seus respectivos significados:

𝑛 é igual à quantidade de blocos da amostra;

𝑛
𝑖= 2
, se 𝑛 for par;

(𝑛−1)
𝑖= 2
, se 𝑛 for impar;

𝑓𝑏𝑘,𝑒𝑠𝑡 é a resistência característica estimada da amostra, expressa em megapascals (MPa);

𝑓𝑏(1), 𝑓𝑏(2), ..., 𝑓𝑏(𝑖−1), são os valores de resistência à compressão individuais dos corpos de

prova da amostra, ordenadas crescentemente.


A norma adverte para não adotar para o 𝑓𝑏𝑘,𝑒𝑠𝑡 um valor menor que ψ * 𝑓𝑏𝑘(1), adotando-se

para ψ os valores da Tabela 8 , transcrita a seguir. O valor de ψ é tomado em função da


quantidade de blocos da amostra.

Tabela 8 - Valores de ψ em função da quantidade de blocos.

Quant.de
6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 18
de blocos

ψ 0,89 0,91 0,93 0,94 0,96 0,97 0,98 0,99 1,00 1,01 1,02 1,04

FONTE: NBR 6136

Vamos a um exemplo prático, para entendermos a aplicação desta equação.

Suponhamos que um fabricante tenha adotado a quantidade de 10.000 blocos o tamanho


do seu lote de inspeção. Ele coletou aleatoriamente em seu estoque 8 blocos, os quais
foram rompidos e, efetuados os cálculos, apresentaram as seguintes resistências em
megapascals:

● 4, 65
● 5, 25
● 4, 75
● 4, 89
● 6, 75
● 5, 32
● 4, 80
● 4, 55
PASSO 1 - Colocar em ordem crescente de valores as resistências observadas

Só para deixar claro:

● 𝑓𝑏(1) = 4, 55

● 𝑓𝑏(2) = 4, 65

● 𝑓𝑏(3) = 4, 75

● 𝑓𝑏(4) = 4, 80

● 𝑓𝑏(5) = 4, 89

● 𝑓𝑏(6) = 5, 25

● 𝑓𝑏(7) = 5, 32

● 𝑓𝑏(8) = 6, 75

PASSO 2 - Determinar o coeficiente 𝑖

𝑛
𝑖= 2
, se 𝑛 for par;

(𝑛−1)
𝑖= 2
, se 𝑛 for impar;

Como o número de corpo de provas é par (𝑛 = 8), então;

8
𝑖= 2
=4

PASSO 3 - Montar a equação

𝑓𝑏(1) + 𝑓𝑏(2)+ ... + 𝑓𝑏(𝑖−1)


𝑓𝑏𝑘,𝑒𝑠𝑡 = 2[ 𝑖−1
] − 𝑓𝑏(𝑖)

4,55+4,65+4,75
𝑓𝑏𝑘,𝑒𝑠𝑡 = 2[ 4−1
] − 4, 8

𝑓𝑏𝑘,𝑒𝑠𝑡 = 4, 5 𝑀𝑃𝑎
PASSO 4 - Comparar com o valor de ψ. 𝑓𝑏𝑘(1)

Consultando a Tabela 8, temos que para 8 blocos o valor de ψ é 0,93.

𝑓𝑏𝑘(1) = 4, 55, logo

ψ. 𝑓𝑏𝑘(1) = 0, 93 * 4, 55 = 4, 23 𝑀𝑃𝑎

Como 𝑓𝑏𝑘,𝑒𝑠𝑡 = 4, 5 𝑀𝑃𝑎 é maior que 4, 23 𝑀𝑃𝑎, mantém-se o valor de 4, 5 𝑀𝑃𝑎 para a

resistência característica do lote.

Desse modo, diz-se que este lote de blocos pode ser classificado, de acordo com a Tabela 3
da norma, como de função estrutural da classe B em termos de resistência. Ainda falta a
determinação dos outros parâmetros para concluir a classificação.

SITUAÇÃO 2: Quando o desvio-padrão (Sd) da fábrica é


conhecido

Essa situação ocorre quando o fabricante possui um resultado de ensaio realizado por um
laboratório qualificado a menos de 6 meses antes do ensaio.

Neste caso, a estimativa da resistência característica à compressão (𝑓𝑏𝑘,𝑒𝑠𝑡), em relação à

área bruta de ser determinada através da seguinte equação:

𝑓𝑏𝑘,𝑒𝑠𝑡 = 𝑓𝑏𝑚 − 1, 65 * 𝑆𝑑

onde

𝑓𝑏𝑚 é a resistência média da amostra, expressa em megapascals (MPa);

𝑆𝑑 é o desvio-padrão do fabricante.

A norma impõe a condição de que a determinação do desvio padrão deve estar baseada em
pelo menos 30 corpos de prova, obtidos em intervalos regulares de produção. Cada faixa de
resistência deve ter o seu próprio desvio padrão.
Aqui cabe um comentário. Para obter o desvio padrão do fabricante é necessário obter pelo
menos 30 resultados de ensaios realizados por um laboratório qualificado. Estes corpos de
prova devem ser retirados da produção dentro de um determinado intervalo.

Por exemplo, se forem retirados 6 corpos de prova por semana, e enviados ao laboratório
para rompimento, será necessário o envio de 5 lotes de para se obter o primeiro desvio
padrão do fabricante. Cada lote que for analisado alimenta o cálculo do desvio padrão, até o
limite de 6 meses. Ou seja, ao final de seis meses o primeiro lote a entrar no cálculo deve ser
descartado, e assim sucessivamente.

Vamos ver um exemplo de cálculo de desvio padrão utilizando como base um exemplo
adaptado da Khan Academy:

Esta é a equação para calcular o desvio padrão de uma amostra (𝑆𝑑):

2
∑(𝑥𝑖−𝑥)
𝑆𝑑 = (𝑛−1)

Nesta equação temos,

𝑛 = número de dados disponíveis;

𝑥𝑖 = representa cada um dos dados;

𝑥 = média dos dados da amostra.


Suponha que o laboratório enviou os seguintes resultados referentes ao rompimento de 6
blocos de 19 x 19 x 39 , cuja resistência esperada seria de 4,5 MPa.

● 4, 65
● 4, 78
● 4, 49
● 4, 66
● 4, 89
● 4, 63

PASSO 1 - Calcule a média aritmética dos resultados de resistência

𝑥 = (4, 65 + 4, 78 + 4, 49 + 4, 66 + 4, 89 + 4, 63) / 6 = 28, 1 / 6 = 4, 68

PASSO 2 - Subtraia a média de cada valor de resistência

● 4, 65 − 4, 68 =− 0, 03
● 4, 78 − 4, 68 = 0, 1
● 4, 49 − 4, 68 =− 0, 19
● 4, 66 − 4, 68 =− 0, 02
● 4, 89 − 4, 68 = 0, 21
● 4, 63 − 4, 68 =− 0, 05

PASSO 3 - Eleve ao quadrado cada desvio

● (− 0, 03)² = 0, 0009
● (0, 1)² = 0, 0100
● (− 0, 19)² = 0, 0361
● (− 0, 02)² = 0, 0004
● ( 0, 21)² = 0, 0441
● (− 0, 05)² = 0, 0025

PASSO 4 - Some os desvios ao quadrado

0, 0009 + 0, 0100 + 0, 0361 + 0, 0004 + 0, 0441 + 0, 0025 = 0, 0936


PASSO 5 - Divida a soma pelo número de resultados menos 1

0, 0936 / (6 − 1) = 0, 0187

PASSO 6 - Calcule a raiz quadrada do resultado da etapa anterior

0, 0187 = 0, 137

O desvio padrão (𝑆𝑑) deste conjunto de valores é 0,137 e representa o desvio padrão da
fábrica.

Diga-se de passagem que seria um tremendo resultado. Significa que 95% dos blocos vão
apresentar resistência variando de 4, 68 ± 0, 137, ou seja 4, 54 e 4, 82.

Pode-se ainda associar ao desvio padrão e à média o cálculo do coeficiente de variação do


processo (C.V.) que é uma medida muito interessante para controlar o processo em si. A
equação é muito simples:

𝑠𝑑
𝐶. 𝑉. =
𝑥

então temos o seguinte resultado

0,137
𝐶. 𝑉. = 4,68
= 𝑂, 𝑂29

O American Concrete Institute apresenta na norma ACI 214(2002) a seguinte tabela para
julgamento do 𝐶. 𝑉. (Tabela 9):

Tabela 9 - Coeficiente de variação para variação global pelo ACI 214 (2002)

FONTE: LARROSSA, M.C. at all (2014)


A comparação do resultado do C.V. com esta tabela mostra que o processo estaria muito
ajustado, uma vez que é menor que 3,5, isto porque está baseado em dados vindo de um
laboratório.

Procedimentos básicos para determinação da resistência à


compressão de blocos de concreto

Para a obtenção do 𝑓𝑏𝑘,𝑒𝑠𝑡 será necessária a ruptura de pelo menos 6 corpos de prova (6

blocos).

A correta execução do ensaio necessita:

● Prensa com capacidade mínima de 1000 kN (100 toneladas) aferida; de preferência


que não seja manual.
● Dispositivo para ruptura de blocos que possa ser fixado centralizadamente na prensa
(mínimo 20 cm x 40 cm x 5 cm)
● Cronômetro
● Régua metálica - 50 cm
● Paquímetro

Resumidamente, os procedimentos para execução do ensaio são os seguintes;

● As amostras devem ser colocadas para secar ao ar no ambiente do laboratório;


● Retificar a superfície superior dos blocos garantindo a sua planicidade. Isto poderá
ser feito com o uso de pasta de enxofre, argamassa ou por meio de equipamento de
retífica. No caso de uso da retífica á úmido, os blocos deverão permanecer no
laboratório secando ao ar por 72h;
● Utilizando a régua metálica e o paquímetro tirar todas as medidas do corpo de prova,
anotando em mm (vai facilitar os cálculos);
● Introduzir o acessório para ruptura na prensa e zerar o registrador de carga;
● Posicionar o bloco centralizadamente na parte inferior do dispositivo de ruptura e
aproximar o superior;
● Efetuar o carregamento do bloco mantendo uma velocidade média de 0,05 MPa por
segundo até à ruptura do bloco;
● Anotar o valor do carregamento, em Newtons;
● Calcular a resistência de cada corpo de prova em MPa; para tanto basta dividir a
carga em Newtons pela área bruta em mm². O mostrador de carga da sua prensa
pode indicar a carga em kN. Neste caso basta multiplicar por 1000 antes de dividir
pela área;
● Efetuar o procedimento estatístico adequado para a determinação do 𝑓𝑏𝑘,𝑒𝑠𝑡 daquele

lote. (Situação 1 ou Situação 2);


Determinação da resistência
característica à compressão de
blocos para pavimentação
A determinação da resistência característica dos lotes de pavers é muito semelhante à dos
blocos para alvenaria, porém, com uma formulação um pouco diferente. É preciso recordar
que é necessário tomar 6 peças para um lote de 300 m² e uma peça adicional para cada 50
m² que ultrapasse esta metragem.

Inicialmente será descrita a formulação a ser aplicada e posteriormente os materiais e


procedimentos.

Procedimentos de cálculo

A resistência à compressão é determinada dividindo-se a carga de ruptura, em Newtons,


pela área de carregamento em mm². Neste caso, a área de carregamento é a própria área da
placa auxiliar, também conhecida como “bolacha” e que tem o diâmetro de 85 mm + 5 mm.
O resultado sai automaticamente em magapascals. Este resultado deve ser corrigido por um
fator “p”, que é função da altura da peça, conforme a Tabela A.1 do Anexo A da norma. Veja:

Tabela A.1 - Fator multiplicativo “p”

ESPESSURA NOMINAL DA PEÇA (mm) p

60 0,95

80 1,0

100 1,05

FONTE: ABNT NBR 9781

A norma admite que as resistências à compressão obedeçam à distribuição Normal, e


adotam-se as seguintes equações para a estimativa da resistência característica:
𝑓𝑝𝑘,𝑒𝑠𝑡 = 𝑓𝑝 − 𝑡 × 𝑠

2
∑(𝑓𝑝−𝑓𝑝𝑖)
𝑠= (𝑛−1)

Nesta equação temos a seguinte descrição dos elementos que a compõe:

● 𝑓𝑝 é a resistência média das peças, expressa em magapascals (MPa);

● 𝑓𝑝𝑖 é a resistência individual das peças, expressa em megapascals (MPa);

● 𝑓𝑝𝑘,𝑒𝑠𝑡 é a resistência característica estimada à compressão, expressa em

megapascals (MPa);
● 𝑛 é o número de peças da amostra;
● 𝑠 é o desvio-padrão da amostra, expresso em megapascals (MPa);
● 𝑡 é o coeficiente de STUDENT, fornecido pela Tabela A.2, em função do tamanho da
amostra.

Tabela A.2 - Coeficiente de STUDENT (80% de nível de confiança)

FONTE: ABNT NBR 9781


Vamos a um exemplo prático de cálculo.

Vamos imaginar que a produção diária de uma fábrica de pavers seja de 500 m². Dessa
forma, ela terá que separar aleatoriamente 10 peças (6 peças referentes a 300 m² e 4 peças
referentes aos 200 m² que ultrapassam os 300 m² - 1 peça a mais para cada 50 m²). Este
lote se refere a peças com dimensão nominal de 10 cm x 20 cm x 6 cm e a resistência deve
alcançar 35 MPa.

O resultado dos ensaios de rompimento foram os seguintes, já multiplicados pelo fator p =


0,95:

PEÇA RESISTÊNCIA (MPa)

1 35,8

2 36,5

3 35,1

4 34,9

5 35,7

6 36,6

7 38,1

8 35,6

9 37,2

10 36,6

PASSO 1 - Calcular a resistência média (𝑓𝑝):

35,8 + 36,5 +....+37,2+36,6 362,1


𝑓𝑝 = 10
= 10
= 36, 21 𝑀𝑃𝑎
PASSO 2 - Calcular a diferença entre a média e cada um dos valores de resistência:

● 36, 21 − 35, 8 = 0, 41
● 36, 21 − 36, 5 = − 0, 29
● 36, 21 − 35, 1 = 1, 11
● 36, 21 − 34, 9 = 1, 31
● 36, 21 − 35, 7 = 0, 51
● 36, 21 − 36, 6 = − 0, 39
● 36, 21 − 38, 1 = − 1, 89
● 36, 21 − 35, 6 = 0, 61
● 36, 21 − 37, 2 = − 0, 99
● 36, 21 − 36, 6 = − 0, 39

PASSO 3 - Eleve ao quadrado as diferenças do cálculo anterior e efetue a soma:

2
∑ (𝑓𝑝 − 𝑓𝑝𝑖) = 0, 41² + (− 0, 29)² + 1, 11² + …. + (− 0, 39)² + (1, 89)² = 8, 689

PASSO 4 - Calcule o desvio padrão 𝑠

8,689
𝑠= 10−1
= 0, 983

PASSO 5 - Calcule a resistência característica do lote, estimada:

𝑡 = 0, 883

𝑓𝑝𝑘,𝑒𝑠𝑡 = 𝑓𝑝 − 𝑡 × 𝑠

𝑓𝑝𝑘,𝑒𝑠𝑡 = 36, 21 − 0, 883 𝑋 0, 983 = 35, 23 𝑀𝑃𝑎

A conclusão é simples, a estimativa de resistência para aquele lote de 700 m² de pavers é de


35,23 MPa e, portanto, deve ser aceito pelo comprador.
Procedimentos básicos para determinação da resistência à
compressão de blocos de concreto para pavimentação
(pavers)

Para a obtenção do 𝑓𝑝𝑘,𝑒𝑠𝑡 será necessária a ruptura de pelo menos 6 corpos de prova (6

peças).

A correta execução do ensaio necessita:

● Prensa com capacidade mínima de 1000 kN (100 toneladas) aferida; de preferência


que não seja manual.
● Dispositivo para ruptura para pavers (bolachas) (85+ 5 cm)
● Cronômetro
● Régua metálica - 50 cm
● Paquímetro

Resumidamente, os procedimentos para execução do ensaio são os seguintes;

● As amostras devem ser colocadas para saturar em água (23 + 5 °C) , pelo menos 24
h antes do ensaio;
● Retificar a superfície superior dos pavers garantindo a sua planicidade. Isto poderá
ser feito com o uso de pasta de enxofre, argamassa ou por meio de equipamento de
retífica.
● Utilizando a régua metálica e o paquímetro tirar todas as medidas do corpo de prova,
anotando em mm (vai facilitar os cálculos);
● Introduzir o acessório para ruptura na prensa e zerar o registrador de carga;
● Posicionar o paver centralizadamente sobre parte inferior do dispositivo de ruptura e
posicionar o superior;
● Efetuar o carregamento do bloco mantendo uma velocidade média de 550kPa/s com
variação de 200KPa/s até à ruptura do bloco;
● Anotar o valor do carregamento, em Newtons;
● Calcular a resistência de cada corpo de prova em MPa; para tanto basta dividir a
carga em Newtons pela área bruta do acessório de ruptura em mm². O mostrador de
carga da sua prensa pode indicar a carga em kN. Neste caso basta multiplicar por
1000 antes de dividir pela área;
● Efetuar o procedimento estatístico adequado para a determinação do 𝑓𝑝𝑘,𝑒𝑠𝑡 daquele

lote.
Links interessantes
Vou listar agora alguns sites que podem te ajudar a obter informações técnicas atualizadas.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND — ABCP

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS -ABNT

ASSOCIAÇÃO BLOCO BRASIL

CONCRETESHOW

LEMAC - Laboratório de ensaios e Materiais de construção civil

SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DO CIMENTO


Termos e definições
Absorção: relação entre a massa de água contida no bloco saturado e a massa do bloco seco
em estufa até constância de massa, expressa em porcentagem.

Análise dimensional: verificação das dimensões do corpo de prova, como largura,


comprimento, altura, espessura das paredes, dimensões dos furos e raio das mísulas.

Ângulo de inclinação: ângulo externo entre a parede lateral e a face inferior da peça de
concreto

Área bruta: área da seção perpendicular aos eixos dos furos, sem desconto das áreas dos
vazios

Área Líquida: área média da seção perpendicular aos eixos dos furos, descontadas as áreas
médias dos vazios.

Aresta: linha de interseção, entre dois planos ou faces, que se refere às linhas das faces
superior e inferior e das paredes laterais da peça de concreto.

Blocos vazados de concreto simples: componente para execução de alvenaria.com ou sem


função estrutural, vazado nas faces superior e inferior, cuja área líquida é igual ou inferior a
75% da área bruta. (Figura 19)

Figura 19 – Bloco vazado de concreto simples.


FONTE: ABNT NBR 6136:2014

Blocos tipo canaleta: componentes de alvenaria, vazados ou não, com conformação


geométrica conforme Figura 20, criados para racionalizar a execução de vergas,contravergas
e cintas.

Figura 20 – Componentes de alvenaria, vazados ou não.

FONTE: Adaptado ABNT NBR 6136:2014

Bloco compensador: componente de alvenaria destinado para ajustar a modulação (Figura


21).

Figura 21 – Componente de alvenaria destinado para ajustar a modulação.

FONTE: https://www.aecweb.com.br

Chanfro (paver): perfil inclinado entre a face superior e as paredes laterais da peça de
concreto.

Classe: diferenciação dos blocos segundo o seu uso.


Dimensões modulares: dimensões de largura(b), altura(h) e comprimento (l), cujas medidas
atendem ao módulo básico M = 100 mm e seus submódulos, conforme ABNT NBR 15873.
Exemplo: 2M X 2M X 4M (b x h x l) = 200 mm x 200 mm x 400 mm

Dimensões nominais: dimensões especificadas pelo fabricante para largura, altura e


comprimento. Exemplo: 190 mm x 190 mm x 390 mm (b x h x l)

Dimensões reais: dimensão efetiva verificada diretamente nos blocos

Exemplo: 192 mm x 193 mm x 393 mm (b x h x l)

Dupla camada: peça de concreto produzida com duas camadas de concreto de composições
diferentes.

Espaçador de junta: dispositivo incorporado à peça de concreto no momento de sua


fabricação para facilitar a uniformidade de espessura das juntas.

Família de blocos: conjunto de componentes de alvenaria que interagem modularmente


entre si e com outros elementos construtivos. Os blocos que compõe a família, segundo suas
dimensões, são designados como bloco inteiro (bloco predominante), meio bloco, blocos de
amarração L e T (blocos para encontros de paredes), blocos compensadores e blocos tipo
canaleta (Figura 22).

Figura 22 – Conjunto de componentes de alvenaria que interagem modularmente.


FONTE: PREMAZON apud https://cimentomaua.com.br

Índice de forma (IF): relação entre o comprimento e a espessura da peça de concreto

Lote de inspeção: formado por um conjunto de blocos com as mesmas características,


produzidos sob as mesmas condições e com os mesmos materiais. Normalmente composto
pelo elemento predominante da família (bloco inteiro).

Medida de coordenação (pavers): medida do espaço de coordenação de um elemento ou


componente. No caso das peças de concreto esta medida incorpora o espaçador.

Exemplo: peça retangular de 10 cm x 20 cm x 6 cm - (largura x comprimento x espessura)

Medida nominal (pavers): medida da peça de concreto especificada pelo fabricante,


descontado o espaçador.

Exemplo: peça retangular de 9,7 cm x 19,7 cm x 6 cm - (largura x comprimento x espessura)

Medida real (pavers): medida verificada diretamente na peça de concreto, descontado o


espaçador.

Mísula: é um espessamento da parede externa do bloco na região do septo central


destinada à acomodação. Deve ter raio mínimo de 40 mm e estar presente nos blocos classe
A e B.
Figura 23 – Exemplo de mísula.

FONTE: adaptado de CAVALCANTI, M. V. S et all (2018)

Pavimento intertravado: pavimento flexível cuja estrutura é composta por uma camada de
base (ou base e sub-base), seguida por camada de revestimento constituída por peças de
concreto justapostas em uma camada de assentamento e cujas juntas entre as peças são
preenchidas por material de rejuntamento e o intertravamento do sistema é proporcionado
pela contenção.

Peça complementar: peça de concreto ou parte de peça utilizada para complementar a


paginação do revestimento, constituída pelas peças de concreto principais no pavimento
intertravado.

Peça de concreto: componente pré-moldado de concreto, utilizado como material de


revestimento em pavimento intertravado.

Resistência à compressão: relação entre a carga de ruptura e a área bruta do corpo de prova
quando submetido ao ensaio de compressão axial.

Retração por secagem: variação da dimensão longitudinal do corpo de prova devido à


secagem a partir de uma condição saturada até uma condição de equilíbrio dimensional e de
massa, sob condições de secagem acelerada padronizadas.

Tolerância: diferença admissível entre uma medida real e a medida nominal


correspondente.

Umidade relativa do corpo de prova: é a relação entre a massa de água no momento do


ensaio à compressão e a quantidade de água máxima absorvida pelo corpo de prova.

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