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Ano XXV
Nº 140
Notícias MAI/JUN
2020
M ensagem da Diretoria
Prezados amigos Pilotos de Caça,
“Vai passar”, como diria o bardo. Entretanto, tempos difíceis forjam
homens fortes, e esses têm a obrigação de deixar tempos mais fáceis para as
gerações que se seguirão.
O mais importante, enquanto enfrentamos e reagimos emergencialmente
à tempestade, é aprender, coligir informações e gerar conhecimento,
preparados para engendrar o planejamento do futuro.
Qualquer tipo de sofrimento sem aprendizagem é desperdício de tempo
e energia. Nossa Força Aérea irá continuar, novos meios de executar a missão
irão surgir: alguns já estão aí; outros a curto prazo; e outros ainda são
vislumbrados no horizonte longínquo.
Por isso não podemos arriscar a ineficiência na operação. Só o que temos
certeza é de que outras crises virão, e nosso desempenho correto e eficaz
será a arma para a todas nos contrapormos.
Mas, principalmente, não podemos deixar que a conjuntura entranhe em
nossos corações e mentes, e defina nosso comportamento no porvir.
A ABRA-PC tem o dever de manter nossas tradições e mais caras
lembranças preservadas e vivas, e neste momento soturno para o país, pelas
mais diversas razões, cabe-nos sempre avivar o eterno espírito do Piloto de
Caça!
Temos a obrigação de estar preparados. Estamos? Você está preparado?
Senta a Púa! - Brasil!!
1
A genda
(então Ministro) e o Wing Com-
mander Andrew MacDowall da
Gloster.
01 de maio 06 de junho
1945 - 2 o Ten Alberto Martins 1975- Chegada dos primeiros aviões
Torres voa sua 100 a e última F-5E ao Brasil. O F-5E FAB-4822
missão na Itália. Único piloto acidentou-se antes do pouso no
Brasileiro que teve reconhecido o Galeão, com falecimento do piloto.
afundamento de um submarino
alemão e recebeu a DFC dos EUA. 08 de junho
1943 - Partiu do Rio de Janeiro o
02 de maio
primeiro avião de linha comercial
1945 - Última missão do 1st
regular brasileira, ligando o Brasil e
Brazilian Fighter Group na Itália e
rendição do Eixo na Itália, com os os Estados Unidos da América.
Tenentes Meira (93 missões) e 12 de junho
Tormin (65 missões). 1931 - Os Tenentes Casimiro
04 de maio Montenegro Filho e Nélson Freire
1976 - Primeiro REVO no Brasil – Lavenère-Wanderley partiram dos
Ten Cel Baptista e Ten Cel Ribeiro. Afonsos para São Paulo, no primeiro
voo do Correio Aéreo Militar (CAM).
12 de maio A data passou a ser o Dia do Correio
1902- Acidente com o dirigível Aéreo Nacional e da Aviação de
“Pax”, falecendo Augusto Severo Transporte.
de Albuquerque Maranhão. Primeira
vítima brasileira da conquista do ar. 14 de junho
1979 - Realizado voo inédito de dois
20 de maio F5E do 1o GpAvCa, sem REVO, de
1908- Faleceu o 1º Ten de Cavalaria SC para FZ
Juventino Fernandes da Fonseca, em
acidente com balão adquirido pelo 17 de junho
Exército Brasileiro. 1 o militar 1922 - Chega ao Rio de Janeiro o
Brasileiro falecido em acidente hidroavião “Santa Cruz” com Artur
aeronáutico. de Sacadura Freire Cabral (pil.) e
Carlos Viegas Gago Coutinho (nav.)
22 de maio
1953 - Primeiro voo de uma 24 de junho
aeronave a jato da FAB – TF-7 1867 - Batalha de Tuiuti - Primeira
Gloster com o Brig Nero Moura ascensão de balão do Exército na
Guerra do Paraguai.
2
P apo-Rádio
4
Demonstrativo Financeiro Resumido
Cerimônia do P-47
- 22 de Abril de 2020 -
Amigos,
Segue mensagem do comandante do 1º GAC relativa ao 22 de Abril.
Abraços.
QUI
6
Palavras do Comandante do 1º GAVCA
“22 de abril de 2020,
Há exatos 75 anos, jovens pilotos, a bordo de suas máquinas de guerra
decolavam para mais um exaustivo dia de combate, fazendo duas ou três
missões, cumprindo com seu dever e com o compromisso de bem
representar a nossa bandeira em solo europeu.
Durante aquele dia, o 1º GAVCA sofreu mais uma perda, quando o
Ten Coelho foi abatido pela antiaérea inimiga e quebrou os dois tornozelos
na aterragem, sendo feito prisioneiro.
Mas para entendermos a situação da unidade em abril, volto alguns
meses e reproduzo aqui uma carta do Ten Cel Nero Moura, comandante
do 1° GAVCA, escrita ao Cel Faria Lima em 20 de fevereiro de 1945, ou
seja, dois meses antes...
“Em 100 dias de operações, perdemos 14 pilotos, por diversos motivos (doenças,
mortes, prisioneiros, perdidos em ação, etc.)...
Como nosso Grupo só tem 28 pilotos, fui obrigado a pedir que nos dessem
menos missões que os outros porque destes 28, só conto diariamente com 20 disponíveis,
pois outros estão em descanso ou doentes. E há dias em que só tenho 15 ou 16 pilotos
em condições de voo...
É possível que, quando só tivermos 24 pilotos, eles ponham o Grupo na
retaguarda, uma vez que com esse número de pilotos não poderemos executar mais de
12 saídas diárias. E não é concebível que haja 30 aviões para 12 pilotos voarem...”
Apesar de todos os esforços do Cel Faria Lima, o 1º GAVCA nunca
recebeu o recompletamento necessário, não por falta de voluntários, nem
por falta de meios de treinamento, mas somente pelo descaso daqueles
que estavam no Brasil e tinham a obrigação de apoiar aquela unidade
expedicionária.
Assim, seguindo a lógica perversa da guerra, o 1º GAVCA iniciou o
mês de abril com apenas 22 pilotos. E, para não ser retirado da linha de
frente, aquele pequeno grupo de pilotos precisou fazer um sacrifício sobre-
humano, cumprindo o tipo de missão de caça mais perigosa da 2ª Guerra
Mundial, o strafing (N.R.: Reconhecimento Armado) e o “bombardeio
picado”.
Este esforço pode ser representado pela incrível marca de surtidas
realizadas no mês de abril, com o seu ápice obtido no dia 22.
7
Mas também pode ser medido pelo enorme custo humano, pois ao
final deste mês um piloto tinha sido afastado por motivo de saúde, dois
pilotos foram feridos por estilhaços de AAe, dois foram atingidos e saltaram
sobre território amigo, um saltou e foi capturado e o pior de tudo... Dois
pilotos mortos.
Destaco aqui, como triste exemplo, a queda do Ten Dornelles no dia
26 de abril de 1945, que, atingido por uma numerosa Flak de 20 mm
durante o ataque à uma locomotiva em Alessandria, não recuperou do
mergulho e chocou-se violentamente no solo com o seu bravo P-47.
Faleceu na sua octogésima nona missão de guerra a apenas seis
dias do fim das hostilidades no teatro italiano...
Exemplo de coragem, persistência e fibra moral, a conduta do efetivo
do 1° Grupo de Aviação de Caça no teatro europeu foi digno de orgulho
para todos nós brasileiros. Cito aqui as palavras do Cel Nielsen,
comandante do 350th Figther Group, Unidade à qual o Esquadrão
encontrava-se subordinado durante a campanha:
“Nas perdas que sofreram nessa ocasião, como também em muitos ataques
anteriores, tiveram seu número de pilotos reduzidos à metade em relação às unidades
da Força Aérea dos Estados Unidos que operavam na mesma área, porém voaram
um número igual de surtidas, operando incansavelmente e além do normal esperado
no cumprimento do dever.
A manutenção dos seus aviões foi altamente eficiente, a despeito das avarias
sofridas pela antiaérea e o desgaste físico pelo esforço despendido na recuperação dos
aviões.... Este grupo entrou em combate na época em que a oposição antiaérea aos
caças bombardeiros estava em seu auge.
Suas perdas têm sido constantes e pesadas e não têm recebido o mínimo de
pilotos de recompletamento estabelecido... Em muitas ocasiões, como comandante do
350th Fighter Group, fui obrigado a mantê-los no chão quando insistiam em
continuar voando, porque eu acreditava que eles já haviam ultrapassado os limites
da resistência física”.
Assim, com o ensejo de enaltecer a memória daqueles homens que,
no cumprimento do dever tombaram, por ação inimiga, no campo de
batalha, passo a discorrer o nome daqueles que acreditaram na luta pela
liberdade dos povos.
Ao enunciá-los, honramos e reverenciamos, também, a memória
dos nossos Veteranos que hoje repousam em outro plano e estão
novamente sob a tutela do nosso Patrono da Aviação de Caça:
8
1º Ten Av Aurélio Vieira Sampaio,
1º Ten Av Luiz Lopes Dornelles,
1º Ten Av Oldegard Olsen Sapucaia,
1º Ten Av João Maurício Campos de Medeiros,
1º Ten Av Waldir Paulino Pequeno de Mello,
1º Ten Av Rolland Rittmeister,
2º Ten Av John Richardson Cordeiro e Silva,
2º Ten Av Dante Isidoro Gastaldoni, e
2º Ten Av Frederico Gustavo dos Santos
Eis o nosso preito, de especial reconhecimento, a estes BRAVOS
JAMBOCKS que, enfrentando a Flak1 inimiga, o desconforto da guerra,
as intempéries e a saudade do lar distante, tão bem souberam representar
e defender a honra, a dignidade e o espírito de luta do povo brasileiro.
Pilotos de caça de ontem, de hoje e sempre... Esta é a nossa história,
e este foi o verdadeiro legado deixado por aqueles que criaram os alicerces
de nossa Aviação de Caça.
Sintam orgulho do que nós somos e mantenham suas convicções e
valores, pois são eles que nos conduzirão para um futuro digno. Saibam
que cada geração tem os seus próprios desafios e nós devemos encará-los
com a mesma coragem e perseverança daqueles garotos em 1945!
Para encerrar, cito o discurso do Secretário da Força Aérea dos Estados
Unidos, quando entregou pessoalmente a “blue ribbon” ao 1° Grupo de
Aviação de Caça:
“Seus feitos permanecerão vivos enquanto os homens voarem. Suas vitórias, no
campo de batalha, estarão em nossos corações enquanto os homens honrarem o heroísmo
e a coragem.”
Tenham todos um feliz Dia da Caça!
Senta a Púa!”
Gustavo Furlan Aquino - Ten Cel Av
Comandante do 1º Grupo de Aviação de Caça
1
Flak: As letras que formam esta expressão vem do alemão Flugabweherkanone
que, em tradução literal, poderia ser entendida como “canhão de defesa contra
aviões”.
9
Prêmio anual de viagem
à feira aeronáutica
Sorteio Posto/Nome/Formação
1o Efetivo Cel Paulo Rogério Glaeser - Curso no 2GAV5 em
1997
2o Efetivo Ten Brig Alvani Adão da Silva - Curso no 2GAV5 em
1980
1o Suplente Maj Rafael Xisto Niemeyer Gomes - Curso no
2GAV5 em 2002
2o Suplente Maj Danilo Popp Lucas - Curso no 2GAV5 em 2000
Caso ainda não o tenham feito, os sorteados deverão fazer contato com
o Cel Ribeiro, e-mail <ribeiro.sergio@globo.com>, para coordenação.
11
Carnaval em Veneza
- Letra -
12
Cartazes desenhados
pelo Brig Fortunato,
autor da bolacha do
Avestruz
13
C lássicos da Aviação de Caça
IAe 30 “Ñancu”
16
O protótipo danificado e os dois
protótipos inacabados foram
descarregados e desmantelados,
terminando a história de um dos últimos
caças a pistão a serem desenvolvidos no
mundo.
O IAe.30 teria três diferentes
configurações, como se segue:
1 - IAe 30 Ñancú: Caça Interceptador. Foram construídos três
protótipos, um dos quais chegou a ser testado. Os demais foram
desmontados com o cancelamento do programa.
2 - IAe.30 Pallavicino I: Seria um IAe-30 Ñancú a jato, monoplace,
similar ao Gloster Meteor, com a substituição dos motores a pistão por
dois motores a jato Rolls-Royce Derwent, de 3.500 lb de empuxo cada.
Nenhum chegou a ser construído.
3 - IAe.30 Pallavicino II: Similar ao Pallavicino I, mas com asas
maiores e mais enflexadas. Seria um Bombardeiro Leve com dois
tripulantes, com um nariz com janelas. Carregaria duas bombas de 1.000
kg cada, em baia interna e 20 foguetes ar-solo de 75 mm. Nenhum chegou
a ser construído.
Os testes provaram que o IAe. 30
“Ñancú” possuía boas características de
voo e atingiria o desempenho
especificado.
Durante um voo de Córdoba a
Buenos Aires a aeronave atingiu uma IAe.27
velocidade nivelada de 780 km/h (421
KT).
Essa velocidade estabeleceu um
novo recorde para aeronave com motor
a pistão na América do Sul, que nunca
foi superado. Apesar disso, a Força Aérea Argentina já estava considerando
o jato IAe. 27 Pulqui como o seu futuro programa de aeronaves de Caça
e o IAe. 30 “Ñancú” foi descontinuado.
1
Kurt Waldemar Tank: Engenheiro Aeronáutico alemão. Projetou diversos aviões
importantes da II GM, incluindo o Focke-Wulf Fw 190. Após a guerra, imigrou
para a Argentina com o pseudônimo de Pedro Matthies 17
P ara refletir
Mais um 22 de Abril
COD System ou
“Projeto Ar
“Projeto tesanal”?
Artesanal”?
O acidente com a Apollo 13 ocorreu às
03:08 UTC de 14 de abril de 1970.
O astronauta Swigert reportou a pane 26
segundos depois, com a frase que foi depois um
pouco deturpada: “Okay, Houston, we’ve had
a problem here”, mas que é muito conhecida.
A Apollo 13 era a sétima missão tripulada
do Programa Espacial Apollo e a terceira que
deveria pousar na Lua. A espaçonave foi
lançada do Kennedy Space Center - FL em 11 de
abril de 1970 e a tripulação era a seguinte: Jim
Lovell (Comandante); Jack Swigert (piloto do
Módulo de Comando e Serviço); e Fred Haise
(piloto do Módulo Lunar).
Entretanto, uma explosão a bordo com
dois dias de viagem, que avariou diversos
sistemas, obrigou a tripulação a abortar a missão
20
Módulo Lunar (LM) atracado ao Módulo de Comando e Serviço (CMS)
“O bom filho a
casa torna”
A pós mais de um ano sem seu
símbolo, a “Praça do Avião”, na
Ilha do Governador, Rio de Janeiro,
voltou a ter um monumento
aeronáutico em 14 de abril de 2020,
com uma aeronave de Caça Brasileira.
Praça conhecida por todos os
Oficiais que fizeram a ECEMAR,
dessa vez, o avião colocado no
pedestal foi um A-1 de verdade e não
mais uma réplica do mesmo, como
existia há um ano.
23
O Curso de Piloto de
Caça de 2020
24
precisão e coordenação com os comandos da aeronave.
O sucesso nessa etapa garante ao estagiário os conhecimentos
necessários para ingressar em fases mais avançadas do curso e, segundo o
Aspirante a Oficial Ficagna, o importante é manter o foco na preparação e
não se desmotivar diante das dificuldades e desafios inerentes à formação
do Piloto de Caça.
A-29A
e
A-29B
25
Proteção c
Pro ontra a
contra
ameaça do raio laser
27
Boeing YAL-1
Airborne Laser
1
Paz de Westfália: série de tratados que encerraram a Guerra dos Trinta
Anos (1618-48) e também reconheceram oficialmente as Províncias Unidas
(embrião dos Países Baixos) e a Confederação Suíça, acatando noções e
princípios, como a soberania estatal e o estado-nação.
2
CENIPA: Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos,
subordinado ao Comando da Aeronáutica (COMAER)
28
N ossos Líderes, nossos Mestres
nossos Mitos
N.R.: Enquanto aguardamos sugestões de nossos
associados de nomes para serem incluídos nessa
seção do ABRA-PC Notícias, iremos apresentar aqui
pilotos que foram declarados Ases1 e que foram
famosos por alguma razão.
30
Terminando seu treinamento, Mannock foi designado para o 40o
Esquadrão, no fronte ocidental, na França, onde se apresentou em 31 de
março de 1917 para voar o Nieuport 17, com apenas uma metralhadora
Lewis sobre a asa.
Inicialmente, não deixou uma boa impressão entre
os pilotos, tanto por sua origem mais pobre quanto pela
sua falta de humildade, oferecendo, sem ser perguntado,
sua própria visão sobre o combate aéreo. Um dos pilotos
disse: - Todos sentimos que quanto mais rápido ele se
deparasse com os alemães melhor. Isso iria mostrar o quão
pouco ele sabia!
Em 19 de abril de 1917, durante um voo de
treinamento de tiro, finalmente Mannock ganhou algum
respeito de seus pares. Seu biplano Nieuport perdeu a asa
de baixo da direita e mesmo assim Mick conseguiu pousar,
em uma demonstração de habilidade e sangue frio, perante
todo o Esquadrão.
Apesar de um início muito cuidadoso, a ponto de
chegar a ter sido considerado covarde entre os demais
pilotos, inclusive tendo reconhecido publicamente que
tinha receio dos combates, seu medo, se não inteiramente
esquecido, estava firmemente sob controle, e Mannock
começou a conseguir vitória sobre vitória em combates
aéreos.
Sua primeira vitória foi contra um balão de
observação inimigo, em 07 de maio de 1917. Em 07 de
junho derrubou sua primeira aeronave inimiga, um Albatros
D.III. Mannock disparou 60 tiros a 10 jardas de distância e
o alemão caiu descontrolado.
Em 16 de agosto de 1917, Mannock derrubou quatro
aeronaves em um dia, duas atingidas com seus disparos e
duas que colidiram ao tentar evitar seu ataque!
Ás sem ter jamais sido Ás4
Na Grande Guerra (IGM) a Inglaterra não endossava oficialmente qualquer
sistema de definição de pilotos como Ases.
O mais perto que qualquer das três Forças (Royal Naval Air Service -
RNAS, Royal Flying Corps - RFC e Royal Air Force - RAF) chegou, foi a
31
concessão automática de uma Military Cross para pilotos que tivessem cinco ou mais
vitórias creditadas.
De fato, não havia sequer um sistema centralizado para registrar vitórias aéreas.
Os registros eram feitos na frente de combate, normalmente no nível do quartel-general
da Brigada.
Além disso, muitos combates ocorreram sobre território inimigo e as vitórias
nem sempre eram confirmáveis. A sorte, o destino e estar no lugar certo na hora certa,
influíam bastante na contagem.
A moral de Mannock era alta mas meio fatalista. Escreveu para sua
irmã em 21 de novembro de 1917: “Temos muito trabalho para os pilotos
e muitas perdas. Estou fazendo boas missões e esperando a DSO logo,
mas posso ganhar uma cruz branca ao invés. Quem liga. PS: Derrubei 16
Huns até hoje.”
Em 23 de novembro de 1917 o 40o Esquadrão começou a receber
aeronaves SE.5 e o B4884 foi o seu avião pessoal. Um dos melhores Caças
da época, o SE-5a era rápido e manobrável, tornando-se a aeronave mais
bem sucedida de Mick Mannock.
N.R. O SE.5 tinha duas metralhadoras.
Uma Lewis 303 (com tambor de munição que podia
ser trocado em voo) montada sobre a asa e que podia
ter seu ângulo vertical ajustado pelo piloto para atirar
para cima. A outra era uma Vickers (alimentada
com fita de munição), sobre o nariz, atirando
sincronizada com a hélice.
No primeiro dia de 1918, Mannock conseguiu sua primeira vitória
com o SE.5, sua 16a e última no 40o Esquadrão. Ao pousar, recebeu uma
dispensa regulamentar e foi mandado para a Inglaterra para descansar,
visitando Londres, Birmingham e Northampton, para visitar sua família.
Em Fevereiro de 1918, já benquisto entre seus pares, Mannock foi
designado Comandante de Esquadrilha do 74o
Esquadrão e mandado de volta para a França,
ainda voando o SE.5, em uma época onde a
maioria dos Esquadrões do RFC já estavam
operando os Sopwith Camels.
Mick respeitava o SE.5, mas preferia ter
ambas as metralhadoras sobre o nariz,
32
Mick Mannock em seu SE.5
34
o espírito de combate dos pilotos, fazendo-os abandonar aeronaves que poderiam
retornar à base e serem reparadas...”!
Uma grande quantidade de pilotos e observadores foi condenada a uma morte
cruel e desnecessária por essa decisão questionável.
Voar na Primeira Guerra Mundial era uma profissão perigosa. Dos 14.166
pilotos britânicos que morreram durante o conflito, aproximadamente 8.000 morreram
em acidentes de treinamento. O piloto do Royal Flying Corps (Real Corpo de
Aviação do Exército Britânico) Arthur Gould Lee calculou que a média de
sobrevivência de um Piloto de Caça em 1916 era de aproximadamente três semanas.
Mick sempre carregava uma pistola, para atirar em si mesmo se a
aeronave estivesse em chamas. Ele falou para seus companheiros: - Eles
nunca irão me queimar. Além disso, chegou a mencionar sua certeza de
que nunca veria a paz, mas manteve-se voando e destruindo aeronaves
inimigas, às vezes mais de uma por dia.
Consoante com seu espírito de liderança, em 26 de julho de 1918, o
Major Mannock se ofereceu para ajudar um recém chegado (Ten Donald
C. Inglis, da Nova Zelândia) a conseguir sua primeira vitória.
Derrubaram uma aeronave inimiga, com Mick atirando primeiro,
incapacitando o alvo, e deixando Inglis finalizar a vitória. Em seguida,
voltando para a base, encontraram outra aeronave inimiga e também a
derrubaram.
Entretanto, Mannock, contrariando os seus próprios ensinamentos,
circulou à baixa altura para observar os destroços, tendo sido atingido por
forte fogo antiaéreo, que derrubou seu avião, atingindo o solo em chamas,
enquanto Inglis, que também foi atingido, conseguiu se arrastar de volta à
base.
Edward Corringham Mannock tinha 31 anos de idade. Sua aeronave
caiu atrás das linhas inimigas e seu corpo foi enterrado pelos alemães em
local nunca encontrado. Por isso, o corpo de Mannock não foi jamais
recuperado pela Comissão de Sepulturas de Guerra da Comunidade
Britânica (Commonwealth War Graves Commission - CWGC).
Oficialmente, para a Inglaterra ele foi considerado “missing in action”
e sem túmulo conhecido. Todavia, dentre várias homenagens, existe hoje
uma placa em sua memória na Catedral de Canterbury.
Edward Corringham “Mick” Mannock foi oficialmente creditado
com 61 vitórias individuais em combate aéreo e um balão destruído, além
35
de diversas vitórias
compartilhadas ou
aeronaves inimigas com
perda de controle (mas
contando como não
confirmadas, por falta
de testemunhas da
queda ao solo).
36
Sua Majestade o Rei concedeu a Victoria Cross, postumamente, ao
Capitão Edward Mannock, D.S.O., M.C., em reconhecimento de sua
bravura em Combate Aéreo, atingindo um total de 61 inimigos derrubados.
A Victoria Cross foi entregue a seu pai no Palácio de Buckingham, em
julho de 1919.
Suas medalhas se encontram hoje no Museu da RAF em Hendom e
sua Placa Mortuária foi vendida em leilão pela família, para um comprador
privado não identificado, por £26,400.00.
Uma grande dúvida paira sobre a quantidade final de vitórias de
Mannock. Vários livros dizem 73 (um número sonhado pelos seus
admiradores, já que o Canadense Billy Bishop teve 72). Todavia, de acordo
com as fontes mais confiáveis, Mick derrubou individualmente 61 aeronaves
inimigas, sem contar as muitas vitórias que ele concedeu a outros ou não
solicitou.
Esse número de vitórias o coloca como o primeiro maior Ás (sem ter
jamais sido considerado Ás pelas regras da época) britânico na Primeira
Guerra Mundial. De qualquer modo, qualquer um desses possíveis números
de vitórias representa um feito significativo para quem teve apenas 14
meses de combate aéreo.
1
Albert Ball, VC, DSO com duas barras e MC foi um piloto de caça inglês durante a I GM.
Ao morrer, ele era o principal piloto do Reino Unido, com 44 vitórias, e continuou sendo o
quarto maior atrás de Edward Mannock, James McCudden e George McElroy.
2
James Thomas Byford McCudden, VC, DSO com uma barra, MC com uma barra e
MM foi um ás inglês da Primeira Guerra Mundial e um dos pilotos mais condecorados da
história militar britânica.
3
Air Vice Marshal Meredith Thomas
, CSI, CBE, DFC, AFC começou sua carreira como um Ás na I GM e chegou a Comandante
senior da RAF na II GM.
4
O piloto francês Adolphe Pégoud abateu seis aviões e a imprensa o aclamou
como Ás da aviação. Esse termo designava antes apenas as estrelas dos esportes.
Após Pégoud, passou a significar piloto que havia abatido muitos aviões. Logo,
estabeleceu-se que mereceria o título quem atingisse pelo menos cinco vitórias.
5
Victoria Cross: Mais alta condecoração militar concedida por bravura “na presença do
inimigo“para os membros das forças armadas de vários países da Commonwealth, e de territórios
anteriores do Império Britânico.
37
E stória informal da Caça
132
Operação Chá
1 - Uma Missão
Secreta -
(Parte 2)
2
21 quase voou
com as cores
da FAB
(Resumo) Artigo original por
Guilherme Poggio
40
O Ministro Moreira Lima ainda informou que a divulgação do
resultado final sobre as negociações com os chineses ocorreria em até seis
meses.
Reviravolta no caso
Durante as negociações com a China, a USAF implantou mudanças
no seu treinamento de combate dissimilar com os “Agressors”, que
utilizavam o F-5 Tiger II como “aeronave inimiga”, simulando táticas
empregadas pelas aeronaves soviéticas, já que seu tamanho e desempenho
eram similares ao Mig-21 (logo, também ao F-7).
Com os novos Caças soviéticos da década de 80, o Mig-21 deixou de
ser a principal ameaça e, portanto, a USAF passou a buscar um substituto
para os F-5, que também já apresentavam problemas estruturais, devido
às altas cargas G dos exercícios de combate aéreo.
Com a escolha do F-16C como substituto para os F-5 da USAF, de
repente, surgiu uma disponibilidade de aeronaves Tiger II no mercado, o
que permitiria ao Brasil manter a mesma logística de manutenção com a
qual já estava acostumado1.
Os contatos com os EUA para a aquisição ocorreram em 1988 e um
lote de 22 F-5E e quatro F-5F usados, foi adquirido pelo programa de
Foreign Military Sales (FMS) por apenas US$ 13,1 milhões, efetivamente
encerrando as negociações sobre o F-7M entre a China e o Brasil.
1
Comprovando o acerto da decisão, mais de trinta anos depois os F-5 continuam
a operar na FAB.
41
De bobo não
3 tinha nada!
E u era Cmt do 1o GAC em 1994, e meu Oficial de
Relações Públicas na época encaminhou os
convites para a Cerimônia do Dia da Caça, naquele 22
de Abril, pelo Correio, sem esquecer de incluir todos os Veteranos, que na
ocasião ainda estavam em forma suficiente até para marchar no desfile militar.
Todavia, um dos convites enviados pelo Correio foi endereçado ao
Brig Nero Moura!
Resultado: presente na “Reunião da 2a-feira”1 seguinte na casa do
Brig, o Cel Quírico, que era o Cmt da então Base Aérea de Santa Cruz,
ouviu o seguinte do nosso Patrono: - Quírico... - Recebi o meu convite
pelo Correio. Eu não vou!!!
Com toda a diplomacia e educação que lhe é peculiar, o então Cel
Quírico desculpou-se por mim e informou ao Brig Nero que aquilo tinha
sido alguma “comida de mosca” do Relações Públicas do Grupo de Caça,
e que eu dissera que iria entregar o convite a ele em mãos, pessoalmente,
no dia seguinte.
O Brigadeiro, ouvindo isso, comandou outra reunião dos Veteranos
para a 3a-feira à noite. Só que o Cmt da BASC esqueceu de me avisar do
ocorrido e do combinado, e na 3a-feira eu dormi na Base para fazer um
Voo Noturno, sem saber da desfeita que
estava fazendo ao Chefe.
No café da manhã da 4a-feira, o
Cel Quírico me perguntou se eu tinha
entregue o convite do Nero na véspera.
- Que convite?! Perguntei...
Caramba, ao saber da confusão
em que tinha me metido, preparei-me
para ir à noite na casa do Brig Nero para
entregar o convite (o que já era minha
42
intenção pregressa, mas ainda sem ter dia definido) e provavelmente levar
uma reprimenda séria daquele grande Comandante que já tinha estado em
dois grandes conflitos2 e que, por isso, ainda é o nosso Piloto de Caça com
maior quantidade de missões de guerra!
Para suavizar o problema, convidei minha mulher, que sempre teve
curiosidade de conhecer o Brig Nero Moura, para ir comigo à casa do
Chefe à noite, entregar o convite.
Em lá chegando, fomos recebidos na porta pelo sempre amável Fred,
que nos conduziu ao escritório do Brig Nero, onde ele estava sentado à
escrivaninha, bebericando seu indefectível GlenMorangie.
Entrando na sala, antes que o Chefe pudesse esboçar
qualquer reação mais séria, quando ele se levantou
apresentei minha mulher: - Brig, gostaria de lhe apresentar
minha esposa.
Ele, educadamente, circulou a mesa para
cumprimentá-la, convidou-nos a sentar no sofá e
ofereceu-nos um café, que foi providenciado pelo
também indefectível Fred. Sou testemunha de que o Brig
Nero aguentou minha mulher quase uns cinco minutos.
Quando ele achou que já tinha sido educado o
suficiente, falou: - A Senhora sabe por que ele trouxe a
Senhora aqui? Minha mulher, “sem saber da missa a
metade”, respondeu: - Não foi para conhecer o Senhor?!
- Não! Tonitruou o Chefe. - Foi para não levar um
“esporro”!! Falou, olhando feio para mim.
Com as minhas sinceras desculpas e finalmente a entrega do convite,
rimos muito juntos com a constatação da minha “inocente transparência”
e comigo aprendendo de vez que o Brig Nero Moura, além de ser uma
ótima pessoa e um exemplo de Comandante, “de bobo não tinha nada”!
Cada vez que eu vejo essa foto que nos é tão querida, ainda acho que ele
está rindo de mim!
Álvaro Luiz Pinheiro da Costa – ZEGA – Maj Brig do Ar (R1)
Piloto de Caça em 1976, com AT-26, no ESQD SETA, no CATRE, em Natal
Cmt do 1o GAC em 1994 e 1995
1
Na época, o Brig Nero Moura ainda “abria o bar” na sua casa todas as 2a feiras.
2
A Revolução Constitucionalista e a Segunda Guerra Mundial.
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