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TRANSTORNOS DE ANSIEDADE EM ADOLESCENTES:


CONSIDERAÇÕES PARA A PEDIATRIA E HEBIATRIA

INTRODUÇÃO Ansiedade é definida como estado de humor


desagradável, apreensão negativa em relação ao
Não é incomum, nas consultas médicas, futuro e inquietação desconfortável; inclui mani-
um adolescente queixar-se com frases como: festações somáticas (cefaleia, dispneia, taquicar-
“estou ansioso demais com as provas”, “tô sem- dia, tremores, vertigem, sudorese, parestesias,
pre estressado com minha mãe”, “só de pensar náuseas, diarreia etc.) e psíquicas (inquietação
naquele estágio tenho dor de cabeça” ou “tenho interna, insegurança, insônia, irritabilidade, des-
tido muito medo depois que aquilo ocorreu lá conforto mental, dificuldade para se concentrar
perto de casa, nem quero mais andar sozinha”; etc.)5,6. É uma resposta a uma ameaça desconhe-
algumas vezes são os cuidadores que reportam cida, interna, vaga e conflituosa; isso a diferen-
essas queixas para o consultório, acrescentando cia do medo, que embora seja um sinal de alerta
suas explicações e versões, como: “desde que semelhante, é em consequência a uma ameaça
me separei do pai dela, tá muito preocupada conhecida, externa, definida e sem conflitos, ge-
com doenças de todos os tipos”. Numa fase do ralmente um objeto preciso. O medo configura
desenvolvimento com tantas mudanças, como uma resposta emocional de uma condição súbita
a adolescência, é de extrema importância reco- e a ansiedade de uma condição insidiosa6. Já a
nhecer, ou pelo menos estar atento, às variações angústia tem conotação mais corporal (“sufo-
da normalidade e à estreita distinção entre o camento”, “sensação de aperto e nó no peito e
normal e o patológico1,2. Assim, em toda a he- na garganta”) e relaciona-se ao passado; assim
biatria deve-se ter esse cuidado, principalmente como a ansiedade, apresenta-se reativa a um ob-
quando se lida com questões subjetivas dessa jeto menos preciso e determinado5,6,7.
faixa etária, como ansiedade, medo e angústia1. A apresentação da ansiedade, medo e an-
As falas acima, desse modo, podem repre- gústia pode variar de acordo com o período de
sentar um momento pontual do cotidiano (do desenvolvimento da adolescência, aproximan-
paciente ou de sua família), um comportamen- do-se mais de um padrão infantil ou adulto3,7,8.
to reativo e funcional a algum evento ou, ainda, Nos adolescentes, é mais comum encontrar an-
apenas refletir um “exagero” comum nessa ida- siedade relacionada à competência, às ameaças
de. Mas também podem ser queixas, ainda que abstratas e às situações sociais, sendo menos
vagas, de um transtorno psiquiátrico inicial ou frequentemente associada a situações/pessoas/
em curso, considerando ser, a adolescência, um objetos desconhecidos, separação de cuidado-
período de vulnerabilidade a seu surgimento ou res e danos físicos8.
agravamento1,3; queixas que devem ser investiga- É apropriado identificar, durante a adoles-
das e avaliadas se consistentes e/ou disfuncionais, cência normal, períodos curtos de ansiedade
sendo, então, diagnosticadas e tratadas como em relação às questões citadas, num modelo
um transtorno de ansiedade4. Ressalta-se que o adaptativo aos novos estressores e coerente com
fato de a utilização de termos como ansiedade, as diferentes fases do desenvolvimento. É essa
medo, estresse, angústia ser corriqueira no discur- possibilidade de se justificar um comportamento
so dos pacientes, seus pares e suas famílias, não ansioso como uma etapa de um psiquismo em
pode levar à antecipação do diagnóstico de um formação que permitiu a criação da terminologia
transtorno de ansiedade pelo pediatra e hebiatra. “Distúrbios de Aparência Neurótica” (Ajuriaguer-
ra, 1976), em argumentação ao estabelecimento
DEFINIÇÕES E PREVALÊNCIA inicial de um quadro neurótico, a partir da ob-
servação de sintomas ansiosos nessa idade1,7,9. A
Todos experimentam ansiedade, é um sinal presença de medo e ansiedade, em proporções
de alerta, indicando um perigo iminente e capaci- normais, reduz a morbidade em adolescentes,
tando o indivíduo para lidar com uma ameaça4,5. diminuindo a “exposição irresponsável” a certos

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riscos predispostos pela idade. Assim, é o grau de alterações funcionais nas regiões cerebrais que
prejuízo e a interferência no funcionamento diá- modulam emoções e medo parecem implicadas
rio do adolescente que confi guram esses sinto- na etiologia dos transtornos de ansiedade, prin-
mas como um transtorno de ansiedade. Conside- cipalmente: amígdala (condicionamento e res-
ra-se também como patológico, quando o nível posta ao medo), hipocampo (processamento do
de medo e ansiedade evocado por determinada contexto) e córtex pré-frontal (modulação do
situação/objeto é extremo, se comparado a seus medo e suas respostas de extinção)5,7,8. No as-
pares.8 Intensidade, duração, frequência e reper- pecto neuroquímico, os neurotransmissores áci-
cussão dos sintomas, então, são os critérios utili- do gama-aminobutírico (GABA), noradrenalina
zados na distinção entre o normal e o patológico. e serotonina tem-se demonstrado envolvidos na
Além dessa disfuncionalidade, comum nos regulação da ansiedade, exercendo atividade no
sistema límbico5,7,8. Anormalidades no funciona-
transtornos de ansiedades em todas as idades,
mento e ativação do eixo hipotálamo-hipófise-
adolescentes, principalmente os mais novos, e
-adrenal, componente importante na resposta
crianças podem não reconhecer seus medos e
normal e fisiológica ao estresse, são verificadas
preocupações como irracionais, sendo o surgi-
em alguns transtornos de ansiedade, respaldan-
mento de queixas somáticas, também usual. Epi-
do o aspecto neuroendócrino5.
sódios de irritabilidade, choro intenso e explosões
Dentre os fatores psicológicos, dois mode-
de raiva, muitas vezes interpretados como deso- los prevalecem na explicação da ansiedade, a
bediência e rebeldia, podem expressar, ainda, partir de conceitos cognitivo-comportamentais
tentativa de um indivíduo mais novo de evitar o e psicodinâmicos5. No primeiro, é postulado que
estímulo desencadeante da agressividade3. adolescentes ansiosos apresentam, como pa-
Os transtornos de ansiedade fazem parte drão, a avaliação de situações ambíguas como
das doenças psiquiátricas mais comuns na ado- ameaçadoras, preferindo evitá-las. Isso teria ori-
lescência, com uma prevalência em torno de 10 gem ainda na infância, quando apareceriam as
a 30%, sendo mais comuns em meninas, estan- primeiras cognições disfuncionais. Os aspectos
do associados à menor escolaridade4,7,8. Mais de psicodinâmicos propõem que os sintomas an-
50% desses adolescentes já experimentaram, siosos refletem e são decorrentes da existência
ou experimentarão, na evolução de seu trans- de um conflito inconsciente e da tentativa de
torno ansioso, um episódio depressivo8. organizar mecanismos de defesa para lidar com
ele. Entendendo como vínculo o meio pelo qual
a criança tenta assegurar sua proteção e segu-
ETIOLOGIA RAN A NO MUNDO "OWLBY  ESSE CONmITO
teria origem em transtornos de vínculos afetivos
Os transtornos de ansiedade apresentam formados na infância, entre pais e filhos7,9.
etiologia multifatorial, destacando-se, didatica- Como fatores ambientais, definem-se as si-
mente, a etiologia genética, neurobiológica, tuações psicossociais e estressantes pelas quais
psicológica e ambiental. passa o adolescente no decorrer de sua vida,
Sobre os fatores genéticos, não existem como relacionamentos interpessoais, doenças
evidências de um gene específi co associado à pregressas e internações, violências e abusos,
ansiedade, mas há indícios de que as contribui- uso/abstinência de drogas, entre outros2.
ções de diversos genes parecem se somar para O principal fator de risco para ansiedade na
determinar uma vulnerabilidade biológica para infância e adolescência é a presença de transtor-
o desenvolvimento de um transtorno ansioso5. nos ansiosos e/ou depressivos em familiares - a
Há três aspectos principais dentre os fatores maior proximidade parental aumenta esse ris-
neurobiológicos: neuroanatômicos, neuroquími- co3,7. A inibição do comportamento verificada na
cos e neuroendócrinos. Neuroanatomicamente, infância (Kagan, 1984 e 1987) aumenta a preva-

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lência de transtornos ansiosos em adolescentes; distúrbios psiquiátricos do espectro ansioso, do


o comportamento inibido é caracterizado por humor (depressão e distimia) e relacionado ao
bebês irritados, pré-escolares medrosos e esco- uso de substâncias e ideação suicida4,8.
lares introvertidos e cautelosos4,7,10.
Fobia Específica (FE)
Define-se fobia como um medo excessivo
QUADROS CLÍNICOS DE ANSIEDADE e irracional, que provoca evitações conscientes,
apresentando grau de prejuízo em alguma esfera
Os principais quadros de ansiedade identi-
do desenvolvimento7; assim como o medo, é diri-
ficados pelo Manual de diagnóstico e estatística
gida a um objeto, circunstância ou situação espe-
das perturbações mentais (DSM-IV-TR), através
de critérios diagnósticos, são: transtorno de an- cíficos. As FE são acompanhadas por três classes
siedade generalizada (TAG), fobia específica (FE), de respostas: cognitiva (pensamentos sobre o se
transtorno de estresse pós traumático (TEPT), sentir aterrorizado e ideias negativas dessa ex-
transtorno de ansiedade de separação (TAS), pectativa), fisiológica (por ativação simpática) e
transtorno de pânico (TP), fobia social (FS), comportamental (resultando em esquiva e evita-
transtorno obsessivo compulsivo (TOC), mutis- ção do que é temido) 8. O reconhecimento de um
mo seletivo (MS)7,8,11. TAG, TAS e FE são os mais medo irracional pode não existir em adolescentes
prevalentes na adolescência8. Apesar de estarem mais novos e crianças, favorecendo expressões
descritos diferentes diagnósticos nosológicos para reativas em forma de crises de choro, acessos de
as síndromes ansiosas, muitos pacientes apresen- raiva, paralisias ou apreensões súbitas a um adul-
tam comorbidades ansiosas, de forma que muitas to. É mais comum do que a fobia social e tem
dessas características podem se sobrepor. MAIORINCIDÐNCIAEMMENINAS1UANTOMAISPRE
coce seu surgimento, melhor é seu prognóstico,
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) de forma que devem ser pesquisadas comorbida-
des, quando não se observa nenhuma redução
O TAG tem seu início, geralmente, na in-
sintomática no avançar da idade7. Outros trans-
fância7; apresenta-se como uma preocupação
tornos de ansiedade, do humor e relacionados ao
excessiva, com prejuízo funcional em uma va-
uso de drogas são os mais associados às FE. O
riedade de aspectos, como competência, de-
tipo de FE deve ser especificado no diagnóstico
sempenho, segurança pessoal, interações so-
e costuma ter idades de aparecimento variadas,
ciais, eventos futuros e passados, associados à
irritabilidade crônica. Os adolescentes tendem acompanhando o desenvolvimento do indiví-
a ser conformistas, inseguros e perfeccionistas, duo3; na adolescência tardia, é comum terem
demonstrando muito zelo e busca de aprova- início as fobias do tipo situacional e agorafobia5.
ção8. A preocupação é difícil de ser controlada Animais, tempestades, altura, doença, lesão e
e se associa a sintomas somáticos, sendo os morte são os temores mais encontrados quando
mais encontrados: cefaleia, náuseas e vômitos, se avaliam as fobias em todas as idades5.
taquicardia, sudorese, parestesias e dor mus-
cular5. Essa presença de queixas somáticas, em Transtorno de Estresse Pós-traumático (TEPT)
adolescentes, é marcante no TAG e é motivo de O TEPT ocorre quando uma pessoa reage
visitas regulares a serviços de emergência3. Inad- a uma experiência, na qual foi direta ou indi-
vertidamente, a necessidade ansiosa em cumprir retamente envolvida, com medo e impotência,
prazos, seguir regras e prevenir danos pode levar revivendo-a persistentemente, embora evite ati-
a rótulos de “maturidade precoce” a adolescen- vamente suas lembranças (incluindo pensamen-
tes com TAG8. Isto é mais comum em meninas tos, sentimentos ou atividades) 5. As revivências
e está associado a transtornos depressivos em se dão de diferentes formas, destacando-se na
adultos7. Mostra-se em comorbidade com vários adolescência, as atuações impulsivas secundárias

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a ações fantasiadas de intervenção ou vingança cognitivo7. O somático caracteriza a maioria dos


e as reencenações7,8. Assim, pode-se observar sinais e sintomas apresentados num ataque de
atuação sexual, abuso de drogas e delinquência. pânico; já o cognitivo está relacionado à aquisição
Os fatores de vulnerabilidade para o TEPT do pensamento abstrato. Tal fato leva a maior in-
são: presença de trauma na infância; traços de cidência de transtorno de pânico na adolescência
transtornos de personalidade borderline, para- intermediária e faz com que se aumentem os ca-
nóide, dependente ou antissocial; rede social de sos de Síndrome de Hiperventilação em crianças
suporte fragilizada; sexo feminino; comorbida- e adolescentes mais novos7,12. No decorrer do arti-
des psiquiátricas; mudanças estressantes recen- go, há descrição dos ataques de pânico.
tes; ingestão abusiva de álcool. Outros transtor-
nos do espectro ansioso, transtornos depressivo Fobia Social (FS)
e bipolar e abuso de substâncias são comorbida- A FS é caracterizada por um significativo e
des importantes7. persistente medo de situações sociais ou da per-
formance social, resultando em inibição e timi-
Transtorno de Ansiedade de Separação (TAS) dez exageradas7. Suas manifestações clínicas e
Crianças pequenas experimentam ansie- padrão de respostas são semelhantes às da FE e
dade quando separadas de seus pais, principal- estão associados à necessidade de socialização.
mente se em ambiente estranho, tais manifesta- É mais prevalente em rapazes e seu início, em
ções tendem a reduzir sua frequência em torno geral, ocorre após a puberdade; tem caráter crô-
dos cinco anos101UANDOCRIAN ASMAISVELHASE nico, sendo comum a manutenção do quadro
adolescentes mantêm esse padrão de compor- na vida adulta e, geralmente, não incapacitan-
tamento e/ou obtêm prejuízo funcional devido te8 1UADROS COMØRBIDOS SÎO FREQUENTES PRIN
a ele, observa-se o TAS5,7. O TAS está entre os cipalmente o uso de substâncias psicoativas e
quadros psiquiátricos mais comuns na infância transtornos de humor5.
e adolescência, tendo relação de comorbidade
com outros transtornos ansiosos e depressivos e Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)
relação prognóstica com o transtorno do pânico Obsessões são pensamentos, sentimentos,
na idade adulta7,8. Os sintomas variam conforme ideias ou sensações recorrentes ou intrusivas;
a fase de desenvolvimento dos pacientes, sen- causam desconforto e ansiedade no indivíduo,
do frequentes os sintomas somáticos e a recusa tendo um caráter incontrolável. Já as compul-
escolar em casos mais graves3,10. Verifica-se ape- sões são um comportamento consciente, padro-
go excessivo aos pais, ou outros cuidadores, e nizado e repetitivo, feito para aliviar um descon-
a criação de estratégias para continuamente se forto, geralmente originado nas obsessões5,8.
assegurar do bem-estar desses indivíduos. Embora haja um reconhecimento no quadro de
obsessões levando a compulsões e que essa re-
Transtorno de Pânico (TP) lação configuraria um transtorno de ansiedade
O diagnóstico de TP depende da presença (TOC), observa-se que, em crianças e adolescen-
recorrente e/ou das implicações seguintes à ocor- tes mais novos, pode haver a presença de com-
rência dos ataques de pânico; esses podem ocor- pulsões previamente a de obsessões ou, ainda,
rer em outros quadros psiquiátricos ou, ainda, a presença isolada de compulsões7. É marcante
serem defl agrados por condições médicas e uso a distribuição bimodal do TOC, com primeiro
de substâncias, o que não preencherá os critérios pico entre os sete e 12 anos (com prevalência
para TP7. O quadro inicia-se, geralmente, no fim de meninos) e segundo pico na adolescência
da adolescência, sendo mais frequente em mulhe- tardia e idade adulta (com discreta prevalência
res5. Didaticamente, os ataques de pânico podem feminina) 8. O TOC de início precoce, cujo apare-
ser divididos em um componente somático e um cimento dos sintomas ocorre antes da puberda-

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de, tem sido visto como um subtipo da doença, Algumas condições médicas que se estabe-
com características peculiares, como presença lecem como diagnósticos diferenciais de trans-
aumentada de tiques, maior prevalência em me- tornos de ansiedade7,5,12,13:
ninos, curso crônico e com pior resposta ao tra- ƒ Doenças cardiovasculares - anemia, angina,
tamento7,8. Manifestações neuropsiquiátricas da insuficiência cardíaca congestiva, hipertensão,
febre reumática, como a coreia de Sydenham, prolapso de valva mitral, infarto do miocárdio,
tem sido associadas, etiologicamente, a TOC e taquicardia atrial paroxística;
tiques; a síndrome PANDAS (pediatric autoimmu- ƒ Doenças pulmonares - asma, hiperventilação,
ne neuropsychiatric disorders associated with strep- embolia pulmonar;
tococcal infection) é o protótipo dessa hipótese ƒ Doenças neurológicas - acidente vascular en-
neuroimunológica pós infecciosa3,7,8,12. cefálico, epilepsia, doença de Huntington, in-
Obsessões e compulsões mais comuns em fecções, doença de Ménière, enxaqueca, es-
adolescentes com TOC1,5,7: clerose múltipla, ataque isquêmico transitório,
ƒ Obsessões: preocupações com germes, sujeira neoplasia, doença de Wilson;
e doenças; preocupações com eventos catas- ƒ Doenças endócrinas - doença de Addison, sín-
tróficos; simetria, ordem ou exatidão; núme- drome carcinóide, síndrome de Cushing, dia-
ros de sorte e azar; preocupação ou nojo de bete, hipertireoidismo, hipoglicemia, hipopa-
secreções do corpo; escrupulosidade religiosa. ratireoidismo, menopausa, feocromocitoma,
ƒ Compulsões: lavagem excessiva de mãos, ex- síndrome pré menstrual;
cesso de banhos, rituais de escovar os dentes ƒ Intoxicação por drogas - anfetaminas, antico-
ou pentear-se; checagem de portas, cadeados, linérgicos, cocaína, alucinógenos, maconha,
armários e móveis; rituais para evitar ou remo- nicotina, teofilina.
ver germes de objetos contaminados; repe- ƒ Abstinência a drogas - álcool, anti-hipertensi-
tição de idas e vindas em escadas ou portas; vos, opiáceos, opioides, sedativos e hipnóticos;
rituais de tocar ou bater (tic like); colecionismo. ƒ Outras condições – anafilaxia, deficiência de
Transtorno de déficit de atenção e hipera- B12, distúrbios hidroeletrolíticos, intoxicação
tividade (TDAH) e transtorno de tiques são as por metais pesados, infecções sistêmicas, lúpus
comorbidades mais associadas ao TOC na infân- eritematoso sistêmico, arterite temporal, uremia.
cia e adolescência; transtornos depressivos e an- Em contrapartida, deve-se atentar para as
siosos são comuns e conferem um padrão mais situações, pois muitos quadros de transtorno de
observado no adolescente mais velho e adulto5. ansiedade são avaliados, primeiramente, em ser-
viços de atenção primária e de emergência clíni-
ca, antes de chegarem a unidades de psiquiatria.
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS A busca por auxílio médico diante da ansiedade
pode levar o adolescente a apresentar queixas
Diversos fatores orgânicos e condições inespecíficas ou ainda, primariamente somáticas.
médicas não psiquiátricas podem gerar uma Como exemplo, tem-se o transtorno de pâ-
síndrome ansiosa, devendo ser feitas avaliações nico que, pela possibilidade do caráter espontâ-
clínica e laboratorial, se necessário, para melhor neo de seus ataques, leva, com frequência, à in-
abordagem do caso e exclusão de diagnósticos tensa procura por emergências médicas, até que
diferenciais. Sinais e sintomas atípicos apresen- o devido diagnóstico seja feito. Os 13 sintomas
tados pelo adolescente, num quadro de ansie- listados na tabela 1 são os identificados pelo
dade ou crise de ansiedade, constituem sinais de DSM-IV-TR, como possivelmente presentes num
alarme para a investigação clínica; são eles: ver- ataque de pânico (período distinto de intenso
tigem genuína, perda da consciência, alteração temor e desconforto, no qual quatro, ou mais,
da marcha, perda do controle esfincteriano, fala desses sintomas se desenvolvem abruptamente
pastosa, cefaleia e amnésia13. e alcançam um pico em 10 minutos).

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Tabela 1. Diagnóstico diferencial e avaliação diagnóstica complementar baseada nos sintomas do ataque
de pânico.
Sintomas do ataque Avaliação diagnóstica
Diagnóstico diferencial
de pânico complementar
- taquicardia atrial paroxística
- eletrocardiograma
- taquicardia supraventricular
- ecocardiograma
- prolapso de valva mitral
- dosagem de TSH / T4l
1 - palpitações ou - contrações paroxísticas ventriculares
- glicemia
taquicardia - hipertireoidismo
- metabólitos da serotonina e
- hipoglicemia
catecolaminas na urina de 24 horas
- feocromocitoma
- toxicológico de urina
- uso de substâncias psicoativas
- dosagem de TSH / T4l
- hipertireoidismo
2 – sudorese - metabólitos da serotonina e
- feocromocitoma
catecolaminas na urina de 24 horas
3 - tremores ou abalos - síndrome de abstinência
4 - falta de ar ou - asma brônquica - metabólitos da serotonina e
sufocamento - feocromocitoma catecolaminas na urina
- hiperventilação
RAIO8DETØRAX
- embolia pulmonar
5 - sensação de asfixia - D-dímero
- insuficiência cardíaca congestiva
- tomografia computadorizada de tórax
- asma brônquica
- angina
- eletrocardiograma
6 - dor ou desconforto - infarto do miocárdio
- enzimas cardíacas
torácico - costocondrite
RAIO8DETØRAX
- pneumonia/dor pleurítica
7 - náusea ou - síndrome do intestino irritável
desconforto abdominal - dismenorréia
- hipertensão ortostática
8 - sensações de - anemia aguda
tonturas, instabilidade, - vertigem posicional benigna
vertigem ou desmaio - labirintite aguda
- doença de Ménière
- epilepsia do lobo temporal - eletroencefalograma
9 - desrealização ou - processo expansivo no sistema nervoso - neuroimagem
despersonalização central
- uso de substâncias psicoativas - exame toxicológico
10 - medo de perder o
- hiperventilação
controle ou enlouquecer
11 - medo de morrer - hiperventilação
- ataque isquêmico transitório
- processo expansivo no sistema nervoso
12 – parestesias - neuroimagem
central
- esclerose múltipla
13 – calafrios ou ondas
- hipertireoidismo - dosagem de TSH/T4l
de calor
Fonte: Adaptação de Emergências Psiquiátricas13.

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Diante disso, nota-se que uma primeira so4. As especificidades e gravidade de cada caso
avaliação de um quadro de ansiedade patológi- orientam a melhor forma do tratamento3.
ca deve ter uma história detalhada, numa ten- Os adolescentes com sintomas ansiosos
tativa de obter dados clínicos que o justifiquem transitórios, ou sintomas leves e pouco, ou
e, se preciso, alguns exames complementares nenhum, prejuízo funcional, geralmente res-
devem ser solicitados, como: hemograma com- pondem a reasseguramento e suporte; os com
PLETO 43( RAIO8DETØRAX ELETROCARDIOGRAMA sintomas leves e com prejuízo funcional, assim
eletrólitos e toxicológico de urina13. Sempre como os com sintomas mais intensos, devem ser
se deve considerar a possibilidade de uso de encaminhados a tratamento específico.
estimulantes e abstinência de depressores do Tem-se considerado que a abordagem de
sistema nervoso central, ao se atender um ado- escolha, dentro do tratamento específico, é a
lescente, principalmente se o quadro ansioso terapia cognitivo-comportamental (TCC) dire-
o levou, voluntariamente ou não, até o serviço cionada ao transtorno, com ou sem farmaco-
de emergência. O uso (não necessariamente terapia4; psicofármacos são utilizados quando
a intoxicação) ou a descontinuação de diver- não é possível tentar psicoterapia inicialmente,
sas substâncias podem produzir síndromes quando não há resposta à abordagem psicote-
ansiosas, entre elas: álcool, cafeína, cocaína, rápica isolada, quando há sintomas graves e/ou
descongestionantes, maconha, alucinógenos, presença de comorbidades psiquiátricas, como
anfetaminas, inalantes, anticonvulsivantes, transtorno depressivo e risco de suicídio4.
broncodilatadores, antiparckinsonianos, insuli-
na, anticoncepcionais, antidepressivos, hormô- Tratamento Não Medicamentoso
nios tireoidianos, esteroides, nicotina2,4,5,13. Garantir um espaço onde o paciente possa
Não sendo possível prever qual especialista expor seus sintomas, seu quadro possa ser expli-
será procurado pelo adolescente, seus cuida- cado, recebendo orientações sobre gravidade,
dores ou seus pares, assim como, se em nível prognóstico e manejo, configura uma etapa su-
ambulatorial ou em serviços de emergência, portiva que, embora simples, é muito importan-
pediatras, hebiatras e psiquiatras devem saber te2. O ideal é que haja um médico de referência,
reconhecer e manejar, inicialmente, os quadros com o qual se crie um vínculo e se permitam as
ansiosos, descartando os diagnósticos diferen- ações terapêuticas. Um espaço para os pares e
ciais e confirmando os diagnósticos de transtor- familiares, ou outros cuidadores, deve ser ofere-
nos de ansiedade. cido, engajando toda rede social mais próxima
Considerando os quadros psiquiátricos, é e aumentando sua habilidade em reconhecer
sempre importante atentar-se para os transtor- e tolerar o desconforto do adolescente, sem
nos de humor, conversivos e de somatização, evitação ou intrusão7. Identificar os fatores an-
como diagnósticos diferenciais ou comórbidos siogênicos e esclarecer os sinais de gravidade e
aos transtornos de ansiedade13. evolução da doença dão segurança ao paciente
mais jovem e propiciam a manutenção do trata-
mento. É importante aproveitar a oportunidade
TRATAMENTO para orientar o adolescente sobre uso de drogas
e suas correlações com quadros de ansiedade,
A abordagem diante de um diagnóstico inclusive sobre o risco de abuso, numa tentativa
de transtorno de ansiedade pode ser dividida de reduzir sintomas ansiosos1,3,4. Essa terapia de
em: tratamento não medicamentoso (incluindo suporte e a psicoeducação podem ser feitas pelo
suporte, psicoeducação e psicoterapia - de dife- hebiatra, sem a necessidade de se recorrer ao
rentes orientações) e tratamento medicamento- especialista em saúde mental.

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A abordagem psicoterápica é o trata- ra sintomática inicial. Dentre os antidepressivos,


mento inicial para transtornos de ansiedade os inibidores seletivos de recaptção de seroto-
em adolescentes e, sempre que possível, deve nina (ISRS), os tricíclicos (ADT) e os inibidores
ser a primeira opção1,4. Há diferentes modelos de recaptação de serotonina e noradrenalina
psicoterapêuticos, cada um com suas especifi- (IRSN) são os mais utilizados7,8.
cidades, propostas e tempo de ação, sendo a Os ISRS (fluoxetina, citalopram, escita-
disponibilidade de um profi ssional que trabalhe lopram, fluvoxamina, paroxetina, sertralina)
junto ao médico assistente uma maneira sensa- apresentam diversas evidências de eficácia
ta de escolher qual forma de psicoterapia deve terapêutica; são seguros, mesmo em altas do-
ser utilizada, inicialmente7. ses, tendo como efeitos colaterais principais:
náuseas, hiporexia, cefaleia e sonolência ou
Tratamento Medicamentoso agitação etc. Tais efeitos costumam ser tran-
De forma geral, os casos de ansiedade que sitórios e em menor intensidade, quando a
necessitam de tratamento medicamentoso, re- introdução e aumento de dose dos ISRS são
cebem a mesma abordagem, podendo ter pe- graduais; sua descontinuação deve ser gradual
quenas variações segundo os diferentes quadros evitando síndrome de retirada, onde podem
clínicos apresentados. Nesse momento do trata- ser vistos tontura, náuseas, cefaleias, transtor-
mento, deve-se recorrer à inclusão ou, pelo me- nos sensoriais, retorno da ansiedade, agressi-
nos, à orientação de um psiquiatra para melhor vidade, entre outros14,15. Atenta-se para o fato
manejo na utilização dos psicofármacos. de o uso de antidepressivos ISRS ter sido rela-
Os antidepressivos e os ansiolíticos são as cionado a um aumento de risco de compor-
classes de medicações mais estudadas e utiliza- tamento e ideação suicidas; seu uso, porém,
das para tratamento de transtornos de ansieda- não se contraindica, pelo benefício observado
de na adolescência; antipsicóticos, betabloquea- a longo prazo, devendo ser feito com orienta-
dores, anticonvulsivantes e antihistamínicos são ção e vigilância4,8.
opções, cujo uso é proconizado como poten- A venlafaxina é um IRSN que demonstrou
cializadores e coadjuvantes8. Como em toda resultados eficazes e boa tolerabilidade no trata-
prática médica, a escolha da prescrição envolve mento de transtornos ansiosos nessa faixa etá-
fatores como: disponibilidade de tratamento, ria; junto com os ISRS estão como primeira linha
resposta prévia (própria e de familiares), tole- terapêutica, embora em menor número de es-
rabilidade e perfi l de efeitos colaterais, relação tudos do que esses. A venlafaxina tem perfil de
custo versus efetividade e preferência do pa- efeitos colaterais de uso e de descontinuação se-
ciente14,15. A prescrição deve ser a mais simples melhantes aos ISRS, incluindo-se a possibilidade
possível, preferindo atingir doses máximas de de hipertensão, quando em doses mais altas14,15.
um fármaco antes de se adicionar outros, saben- Menos evidências existem para o tratamen-
do ser a polimedicação um fator que dificulta to com os ADT (clomipramina, amitriptlina, imi-
a adesão plena, principalmente em se tratando pramina) o que, junto aos seus efeitos colaterais
de adolescentes3,15. Alguns exames laboratoriais, anticolinérgicos, antihistamínicos e por bloqueio
controle das funções hepática e renal e dosagem alfa adrenérgico, além do risco de cardiotoxida-
de eletrólitos, são importantes quando do uso de (que leva à necessidade de avaliação cardio-
desses medicamentos4,14,15. lógica prévia), faz dessa classe opção secundá-
Os antidepressivos são os fármacos de pri- ria, apesar de seu uso seguro na adolescência.
meira escolha nos transtornos ansiosos na ado- Ainda assim, pela sua forte ação serotoninérgica,
lescência; sua ação é esperada a médio e longo a clomipramina é uma boa opção principalmen-
prazo, podendo, inclusive, produzir discreta te em casos de TOC7,14,15.
pio-

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TRANSTORNOS DE ANSIEDADE EM ADOLESCENTES:
CONSIDERAÇÕES PARA A PEDIATRIA E HEBIATRIA

>
Ansiolíticos, como os benzodiazepínicos, CONCLUSÕES
são prescritos quando os sintomas são muito
intensos e disfuncionais, objetivando melhora Dada a prevalência dos transtornos ansiosos
rápida e transitória, até o início da ação dos an- nos adolescentes e suas vulnerabilidades biológi-
tidepressivos. O tratamento com os benzodia- ca e psicossocial, que podem ser entendidas como
zepínicos deve ser curto e limitado pelo perfil fatores de risco adicionais a esses transtornos, os
de efeitos colaterais (principalmente desinibição médicos de adolescentes devem ser hábeis em re-
comportamental, sedação e déficits cognitivos) conhecer e manejar esses quadros, inicialmente.
e pelo potencial de abuso e dependência – a Diferenciar o normal do patológico, avaliar glo-
tolerância a essas drogas leva à necessidade de balmente o adolescente e seu meio, descartar
doses progressivamente maiores para se obter quadros orgânicos, abordar uso de substâncias
efeitos semelhantes. Apesar disso, quadros de psicoativas e assumir que a assistência médica
intoxicação são raros, pela margem de seguran- assegura um importante suporte terapêutico ini-
ça dessas substâncias14,15. A maior facilidade no cial, são as principais habilidades requeridas; a
manejo de benzodiazepínicos pelos hebiatras partir delas, propõe-se um tratamento específico,
não deve favorecer sua prescrição nos casos de psicoterápico e medicamentoso, se necessário. A
transtornos de ansiedade; a pronta resposta a possibilidade de um desfecho desfavorável e as
esses fármacos, mesmo com a orientação para comorbidades associadas, também justificam a
uso apenas em situações emergenciais, por ve- necessidade desse conhecimento, objetivando
zes, dificulta um tratamento a longo prazo e fa- uma melhora na qualidade de vida, enquanto
vorece a auto medicação dos adolescentes. adolescentes e na vida adulta.

Cartoon de Clara Gomes

REFERÊNCIAS
1. Marcelli D, Braconier A. Adolescência e psicopatologia. 6a ed. Porto Alegre: Artmed; 2008.
2. Coates V, Beznos GW, Françoso LA. Medicina do adolescente. 2a ed. rev. e ampl. São Paulo: Sarvier; 2003.
3. Stubbe D. Psiquiatria da infância e adolescência. Porto Alegre: Artmed; 2008.
4. Polanczyk GV, Lamberte MTMR. Psiquiatria da infância e adolescência. 1a ed. Barueri: Manole; 2012.
5. Sadock BJ, Sadock VA. Compêndio de psiquiatria: ciência do comportamento e psiquiatria clínica. 9a ed.
Porto Alegre: Artmed; 2010.
6. Dalgalarrondo P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2a ed. Porto Alegre: Artmed; 2008.

LIFE PSICOLOGIA ®.
TRANSTORNOS DE ANSIEDADE EM ADOLESCENTES:
CONSIDERAÇÕES PARA A PEDIATRIA E HEBIATRIA

7. Assumpção Junior FB, Kuczynski E. Tratado de psiquiatria da infância e adolescência. São Paulo:
Atheneu; 2003.
8. Miguel EC, Gentil V, Gattaz WF. Clínica psiquiátrica: a visão do departamento e do instituto de psiquiatria
do HCFMUSP. Barueri: Manole; 2011.
9. Marcelli D. Manual de psicopatologia da infância de Ajuriaguerra. 5a ed. Porto Alegre: Artmed; 1998.
10. Marcelli D, Cohen D. Infância e psicopatologia. 7a ed. Porto Alegre: Artmed; 2009.
11. American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of mental disorders, 4a ed, versão
revisada. Washington: APA; 2000.
12. Berhrman RE,Kliegman RM, Jenson HB. Tratado de pediatria. 17a ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2005.
 1UEVEDO* 3CHIMITT2 +APCZINKI&%MERGÐNCIASPSIQUIÉTRICASAED0ORTO!LEGRE!RTMED
14. Arana GW, Rosenbaum JF. Terapêutica medicamentosa em psiquiatria. 4a ed. Rio de Janeiro: Revinter; 2006.
15. Cordioli AV. Psicofármacos: consulta rápida. 4a ed. Porto Alegre: Artmed; 2011.

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Transtornos de Ansiedade: Diagnóstico
e Tratamento
DESCRIÇÃO DO MÉTODO DE COLETA DE EVIDÊNCIA:
Pesquisa bibliográfica ampla e exaustiva nas bases de referências MEDLINE
e EMBASE, utilizando-se vários descritores para transtorno de ansiedade,
diagnosis, treatment, clinical trial, outcome, epidemiology, meta-analysis e nomes
dos psicofármacos. Artigos de revisão recentes e “ guidelines ” relevantes
foram também consultados.

GRAU DE RECOMENDAÇÃO E FORÇA DE EVIDÊNCIA:


A: Estudos experimentais ou observacionais de melhor consistência.
B: Estudos experimentais ou observacionais de menor consistência.
C: Relatos de casos (estudos não controlados).
D: Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, estudos
fisiológicos ou modelos animais.

OBJETIVOS:
Fornecer orientações sobre o diagnóstico e o tratamento dos transtornos
de ansiedade.
DIAGNÓSTICO

TRANSTORNO DE PÂNICO1,2(D )

A manifestação central do transtorno de pânico é o ataque


de pânico, um conjunto de manifestações de ansiedade com
início súbito, rico em sintomas físicos e com duração limitada
no tempo, em torno de dez minutos. Os sintomas típicos são:
sensação de sufocação, de morte iminente, taquicardia,
tonteiras, sudorese, tremores, sensação de perda do controle
ou de “ficar louco”, alterações gastrointestinais.

Os primeiros ataques de pânico costumam vir sem qualquer


aviso, de modo totalmente inesperado. Depois podem surgir a
partir de um nível maior de ansiedade, a ansiedade antecipatória,
ou serem precipitados pelo contato com algum tipo de situação.

O transtorno de pânico inicia com os ataques e costuma


progredir para um quadro de agorafobia, no qual o paciente
passa a evitar determinadas situações ou locais por causa do
medo de sofrer um ataque. Situações e locais típicos da
agorafobia são: túneis, engarrafamentos, avião, grandes espaços
abertos, shopping centers, ficar sozinho, sair sozinho. Em todas
essas situações existe um denominador comum – o problema
que o paciente enfrenta, caso nelas tenha um ataque. Com a
progressão do transtorno, o paciente fica cada vez mais
dependente dos outros e com seu espectro de atividades cada
vez mais limitado.

Outros transtornos mentais são comumente associados com


o transtorno de pânico e precisam ser bem investigados para a
elaboração de um plano de tratamento adequado, como
depressão ou abuso de álcool ou drogas.

TRANSTORNO DE ANSIEDADE SOCIAL (FOBIA SOCIAL)1,2(D )

No transtorno de ansiedade social (fobia social), os sintomas


de ansiedade ocorrem em situações nas quais a pessoa é observada
pelos outros. Situações típicas compreendem: escrever, assinar,
comer e fazer uma apresentação na presença dos outros.
Em contato com os outros, especialmente vezes, de que não deixou uma porta aberta. As
estranhos, o paciente sofre de sintomas como obsessões e as compulsões surgem, ou tornam-se
tremores, sudorese, enrubescimento, dificuldade evidentes, no início da vida adulta. Tendem a
de concentração (“branco na cabeça”), piorar com a evolução da doença e a ocupar uma
palpitações, tonteira e sensação de desmaio. parcela cada vez maior do tempo do indivíduo.
Diferentemente dos ataques de pânico, os O grau de incapacitação é sempre considerável e
sintomas surgem durante as situações sociais pode atingir extremos quando o paciente torna-
temidas e duram até o contato com os outros se virtualmente paralisado pelos sintomas, incapaz
terminar. até de levar um garfo até a boca.

O transtorno de ansiedade social começa TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA1,2(D)


muito cedo na vida da pessoa, há manifestações
desde a infância, mas se torna mais evidente no No transtorno de ansiedade generalizada, as
início da vida adulta na medida em que os manifestações de ansiedade oscilam ao longo do
contatos com os outros se tornam mais tempo, mas não ocorrem na forma de ataques,
obrigatórios. nem se relacionam com situações determinadas.
Estão presentes na maioria dos dias e por longos
A evolução do transtorno de ansiedade social períodos, de muitos meses ou anos. O sintoma
vai limitando cada vez mais a vida da pessoa e principal é a expectativa apreensiva ou
pode gerar complicações como o abuso e preocupação exagerada, mórbida. A pessoa está
dependência de álcool ou depressão. a maior parte do tempo preocupada em excesso.
Além disso, sofre de sintomas como inquietude,
TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO1,2(D ) cansaço, dificuldade de concentração,
irritabilidade, tensão muscular, insônia e sudorese.
Obsessões são pensamentos, imagens e O início do transtorno de ansiedade generalizada
impulsos que ocorrem de modo repetitivo, é insidioso e precoce. Os pacientes informam que
intrusivo, usualmente associados com ansiedade, sempre foram “nervosos”, “tensos”. A evolução
que a pessoa não consegue controlar, apesar de se dá no sentido da cronicidade.
reconhecer seu caráter anormal. Compulsões são
atos ou comportamentos, recorrentes e repetitivos, TRATAMENTO
que o paciente é forçado a realizar, sob pena de
entrar em um estado de acentuada ansiedade. PRINCÍPIOS GERAIS

As compulsões costumam se elaborar em Os dois componentes principais do tratamento


rituais com atos relacionados com limpeza, dos transtornos de ansiedade são o emprego de
verificação e contagem. O paciente toma dez, medicamentos em médio e longo prazo e/ou a
trinta banhos por dia, de acordo com um esquema psicoterapia cognitivo-comportamental3(A)4(B).
predeterminado. Lava as mãos toda vez que se
encosta a certo tipo de objeto. Conta as cadeiras O diagnóstico deve ser abrangente para se
de um cinema para se sentar, exatamente em elaborar um plano de tratamento com objetivos
determinada posição. Certifica-se, inúmeras bem definidos. Os graus de incapacitação variam
muito de caso para caso, nos diferentes transtornos Existe dentre especialistas a noção de que a
de ansiedade. Certos sintomas, mesmo os clomipramina seria superior à imipramina
considerados principais, muitas vezes não resultam quanto à eficácia no tratamento do transtorno
em melhora significativa. Nem sempre o bloqueio de pânico. Nos poucos estudos nos quais os dois
dos ataques de pânico resolve a agorafobia. tricíclicos foram comparados, em apenas um,
com uma amostra pequena, foi encontrada
A evitação fóbica tanto no transtorno de superioridade da clomipramina9(B). Em alguns
pânico quanto no transtorno de ansiedade social estudos não-controlados, a clomipramina foi
costuma ser vencida somente de modo gradual, eficaz em doses baixas (10–50 mg/dia), mas nos
na medida em que o paciente passa a enfrentar estudos controlados as doses eficazes foram em
situações que evitava. Nesse processo, o médico torno de 100 mg/dia. Nos estudos controlados
pode trabalhar com o paciente, estabelecendo, com a imipramina, em subgrupos de pacientes,
por exemplo, uma lista de situações a serem doses menores, em torno de 50 mg/dia, foram
enfrentadas, hierarquizadas de acordo com o eficazes no controle da sintomatologia do
nível de dificuldade5(A). pânico.

Os pacientes precisam ser informados Em um único estudo controlado foi


quanto aos efeitos dos medicamentos, adequadamente estudada a questão da dose da
especialmente os indesejáveis. Deve ser explicado imipramina eficaz no transtorno de pânico,
que os medicamentos demoram semanas para comparando-se três níveis, 50, 100 e 200 mg/
induzir os efeitos terapêuticos, ao contrário dos dia. Os níveis de 100 e 200 mg/dia foram
indesejáveis, que surgem depois do primeiro comparavelmente eficazes e superiores ao
comprimido5-7(A)8(C). placebo. O nível de 50 mg/dia foi tão eficaz
quanto o placebo10(A).
TRANSTORNO DE PÂNICO
Tanto em ensaios clínicos controlados quanto
Antidepressivos Tricíclicos na experiência de especialistas é notada a
A imipramina é o medicamento com eficácia particular sensibilidade dos pacientes que sofrem
comprovada no maior número de casos, em ensaios do transtorno de pânico aos efeitos indesejáveis
duplo-cego, placebo-controlados, no tratamento do dos tricíclicos, especialmente a exacerbação da
transtorno de pânico. A eficácia da clomipramina ansiedade no início do tratamento. Por isso,
também foi demonstrada, em menor número de recomenda-se que o tratamento seja iniciado com
ensaios duplo-cego, placebo-controlados7(A). doses muito pequenas (10–20 mg/dia) e que o
aumento até os níveis terapêuticos habituais
A imipramina deve ser empregada em doses (100–150 mg/dia) seja feito de modo gradual,
de 150 a 250 mg/dia, em dose única, à noite. ao longo de 2 a 4 semanas.
A dose única diária é possível por causa da meia-
vida plasmática longa. Com o medicamento Inibidores da Recaptação de Serotonina
tomado à noite são minimizados os efeitos (IRSs)
indesejáveis associados com o pico plasmático, Dois Inibidores da Recaptação de Serotonina
principalmente a sedação. (IRSs), a sertralina e a paroxetina, têm eficácia
bem demonstrada no tratamento do transtorno de ansiedade nos períodos em que o nível
de pânico em estudos randomizados, duplo-cego, plasmático diminui.
placebo-controlados11,12(A)13(B)14(C).
O clonazepam é outro benzodiazepínico de
Nos estudos com diferentes níveis de doses alta potência com eficácia bem demonstrada em
fixas, os níveis de 50, 100 e 200 mg/dia de estudos randomizados, duplo-cego, placebo-
sertralina foram comparavelmente eficazes e controlados, no tratamento do transtorno de
todos superiores ao placebo15(A). No estudo de pânico. O espectro de doses do clonazepam que
doses fixas com a paroxetina, com 10, 20 e 40 foi eficaz, nesses estudos, foi de 1,5 a 4,0 mg/
mg/dia, houve clara tendência de curva dose- dia. Nesses estudos controlados, o clonazepam
resposta, tendo sido a dose de 40 mg/dia foi administrado em duas doses por dia, por
nitidamente superior às outras16(A). causa de sua meia-vida plasmática mais longa.
Na prática clínica, contudo, é comum o emprego
Inibidores da Recaptação de Serotonina do clonazepam em três doses por dia, o que
e Noradrenalina (IRSNs) induziria um nível plasmático mais
A venlafaxina tem eficácia demonstrada no estável21,22(A).
tratamento do transtorno de pânico, em dois
estudos randomizados, duplo-cego, placebo- TRANSTORNO DE ANSIEDADE SOCIAL (FOBIA
controlados17,18(A). SOCIAL)

Benzodiazepínicos de Alta Potência Inibidor da Monoaminooxidase (IMAO)


O alprazolam, depois da imipramina, é o A eficácia da fenelzina no tratamento do
medicamento mais estudado no tratamento do transtorno de ansiedade social foi bem
transtorno de pânico, com eficácia comprovada demonstrada em estudos randomizados, duplo-
em estudos randomizados, duplo-cego, placebo- cego, placebo-controlados. Em dois desses
controlados19,20(B). estudos, esse medicamento foi comparado com a
terapia cognitivo-comportamental e com o
Na maioria das pesquisas com o alprazolam, placebo, em combinação ou sozinho. Esses
as doses eficazes para o controle da estudos indicaram que a fenelzina é altamente
sintomatologia do pânico foram em torno de 6 eficaz. A combinação do medicamento com a
mg/dia. Poucos estudos foram realizados com terapia cognitivo-comportamental foi mais eficaz
doses fixas. do que os dois tratamentos isolados23(A)4,24(B).
A fenelzina foi eficaz nos estudos controlados
Apesar da evidência obtida em estudos de em doses entre 60 e 90 mg/dia.
doses fixas ser pequena, parece que o alprazolam
pode ser eficaz em grande proporção de casos A fenelzina não está disponível no Brasil.
em doses de 3 a 6 mg/dia. O alprazolam, em O IMAO disponível no Brasil é a
decorrência da meia-vida plasmática curta, deve tranilcipromina. Há um estudo aberto
ser administrado em quatro doses por dia: demonstrando a eficácia da tranilcipromina no
manhã, almoço, jantar e ao deitar. Quando isso tratamento do transtorno de ansiedade social
não é feito, o paciente pode sofrer de sintomas em doses entre 40 e 60 mg/dia25(C).
Inibidor da Monoaminooxidase Reversível TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO
(RIMA)
Foram realizados quatro ensaios Inibidores da Recaptação de Serotonina
randomizados duplo-cego, placebo-contro- (IRSs)
lados, com a moclobemida, um IMAO A única classe de medicamentos com eficácia
reversível, no tratamento do transtorno de comprovada em pesquisas clínicas no tratamento
ansiedade social. Em dois desses ensaios, a do transtorno obsessivo-compulsivo é a dos
moclobemida foi superior ao placebo quanto à Inibidores da Recaptação de Serotonina (IRSs).
eficácia e, em dois, não houve diferenças
significativas entre os efeitos terapêuticos A clomipramina foi o primeiro medicamento
obser vados nos grupos tratados com o a ter sua eficácia demonstrada no tratamento
medicamento e nos grupos tratados com o do transtorno obsessivo-compulsivo em estudos
placebo26-28(A)24(B). As doses de moclobemida randomizados, duplo-cego, placebo-
empregadas nesses estudos variaram entre 600 controlados35(B). Isso explica, em parte, a
e 900 mg/dia. melhor diferenciação entre os resultados
terapêuticos da clomipramina e os do placebo
Inibidores da Recaptação de Serotonina obtidos nesses estudos, realizados no final da
(IRSs) década de 80 do século passado. Nos estudos
A eficácia da paroxetina no tratamento posteriores sobre o tratamento do transtorno
do transtorno de ansiedade social foi obsessivo-compulsivo, a resposta ao placebo
demonstrada em dois estudos randomizados, aumentou muito e diminuiu a diferenciação com
duplo-cego, placebo-controlados, em doses os medicamentos ativos.
em torno de 40 mg/dia. Esses estudos foram
multicêntricos e com amostras gran- Em vários estudos randomizados, duplo-
des29,30(A). cego, placebo-controlados, foi demonstrada a
eficácia no tratamento do transtorno obsessivo-
Inibidores da Recaptação de Serotonina compulsivo dos IRSs: clomipramina, sertralina,
e Noradrenalina (IRSNs) fluvoxamina e fluoxetina. As doses desses
A eficácia da venlafaxina foi demonstrada medicamentos que se mostraram eficazes foram
no tratamento do transtorno de ansiedade relativamente altas, 226, 200, 249, e 60 mg/
social em dois estudos randomizados, duplo- dia, respectivamente36(A)37(B).
cego, placebo-controlados31,32(A).
Em duas meta-análises foram avaliados os
Benzodiazepínicos resultados obtidos até 1994 em estudos
Em dois estudos duplo-cego, placebo- randomizados, duplo-cego, placebo-controlados,
controlados, cada um realizado em um no tratamento do transtorno obsessivo
único centro, foi demonstrada a eficácia do compulsivo 36 (A) 37(B). Nessas duas meta-
clonazepam e do bromazepam no trata- análises, a clomipramina foi associada com um
mento do transtorno de ansiedade social, efeito terapêutico em relação ao placebo maior
em doses em torno de 3 e de 30 mg/dia, do que os da sertralina, fluvoxamina ou
respectivamente 33,34(B). fluoxetina. Nos estudos com comparações diretas
entre a clomipramina e os outros IRSs, contudo, Posteriormente, foi bem demonstrada a
não foram encontradas diferenças quanto à eficácia da sertralina no tratamento do
eficácia. transtorno de ansiedade generalizada em dois
estudos randomizados, duplo-cego, placebo-
A paroxetina, outro IRS, foi compara- controlados41,42(A).
velmente eficaz à clomipramina no tratamento
do transtorno obsessivo compulsivo em um Pacientes que seriam diagnosticados como
estudo randomizado, duplo-cego, placebo- sofrendo do transtorno de ansiedade
controlado38(A). generalizada dos sistemas DSM-IV ou CID-10
são tratados há três décadas, principalmente com
TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA os benzodiazepínicos. Em muitos ensaios
(TAG) clínicos randomizados, duplo-cego, placebo-
controlados, foi demonstrada a eficácia dos
O transtorno de ansiedade generalizada vários benzodiazepínicos no tratamento de
passou a ser considerado um transtorno residual pacientes com o antigo diagnóstico de “neurose
desde a publicação dos critérios diagnósticos da de ansiedade” que, certamente, incluía os casos
Associação Americana de Psiquiatria (DSM-IV) atuais de Transtorno de ansiedade
e da Classificação Internacional de Doenças da generalizada43(D).
O.M.S. (CID-10). Essa situação está mudando
com a demonstração a partir de estudos Tanto os resultados de estudos realizados
epidemiológicos de que o transtorno existe com amostras heterogêneas de casos com
sozinho, é frequente e muito incapacitante39(A). transtornos de ansiedade quanto o emprego
largamente disseminado dos benzodiazepínicos
Por causa das dúvidas quanto à importância para o tratamento da ansiedade não são base
clínica do transtorno de ansiedade generalizada para a orientação quanto ao melhor tratamento
e do predomínio do emprego de outras categorias dos pacientes.
diagnósticas de ansiedade, poucos estudos
controlados foram realizados sobre o tratamento A ESCOLHA DO MEDICAMENTO
dessa condição.
A escolha do medicamento deve recair sobre
O primeiro estudo randomizado, duplo- um composto com eficácia determinada em
cego, placebo-controlado, sobre o tratamento ensaios clínicos randomizados, duplo-cego,
do transtorno de ansiedade generalizada definido placebo-controlados6,7,30,44,45(A)37(B). Outro
de acordo com o sistema DSM-IV, foi realizado elemento é o perfil de efeitos indesejáveis.
com a venlafaxina XR. Três doses de venlafaxina
XR, 75, 150 e 225 mg/dia foram superiores ao Os Inibidores da Recaptação de Serotonina
placebo quanto à eficácia em um período de (IRSs) são associados com vários efeitos
tratamento de seis meses. Os três níveis de doses indesejáveis (sonolência, insônia, ganho de peso,
foram comparavelmente eficazes e todos disfunção sexual, boca seca, constipação, piora
superiores ao placebo40(A). dos sintomas no início do tratamento, efeitos
extrapiramidais, bruxismo, acatisia, movimentos
involuntários, náusea, diarreia e sudorese). Os ganho de peso, disfunção sexual, efeitos
IRSs inibem enzimas do sistema P 450 do fígado cardiovasculares (hipotensão ortostática,
e podem aumentar o nível plasmático de vários prolongamento do intervalo QTc), efeitos
compostos, inclusive dos antidepressivos extrapiramidais (acatisia, rigidez, tremores). Em
tricíclicos, induzindo interações medicamentosas superdoses, os tricíclicos induzem um quadro
perigosas46(D). gravíssimo de intoxicação, frequentemente
letal46(D).
Os antidepressivos tricíclicos são associados
com acentuados efeitos anticolinérgicos (boca Os benzodiazepínicos (alprazolam,
seca, constipação, efeitos anticolinérgicos clonazepam) são associados com sedação,
centrais – dificuldade de concentração, distúrbios cognitivos (dificuldade de concentração,
perturbação da memória–– tonteira, amnésia), disfunção sexual, disfunção psicomotora,
taquicardia, palpitações, constipação, visão toxicidade comportamental (irritabilidade,
turva, retenção urinária), instabilidade motora, agressividade, desinibição). O uso continuado de
benzodiazepínicos induz dependência fisiológica e

Algoritmo

Transtornos 1ª linha mg/dia 2ª linha mg/dia 3ª linha mg/dia

Pânico IRSs: Tricíclicos: BZDs:


sertralina 50 imipramina 150–200 clonazepam 2–4
paroxetina 20 clomipramina 100–150 alprazolam 2–4
IRSNs:
venlafaxina 75-150

Ansiedade lRS: BZD: RIMA


Social paroxetina 40 – 60 clonazepam 3–– 6 Moclobemida 750 – 900
IRSNs:
venlafaxina 75 -225

Obsessivo- IRSs: Combinações


-Compulsivo sertralina 200 IRS + antipsicótico
paroxetina 60
fluvoxamina 300
fluoxetina 60
clomipramina 300

Ansiedade IRSNs: IRSs: BZD: prazos curtos


Generalizada venlafaxina 75 – 150 paroxetina 20 – 40
IRSs:
sertralina 50 –200
quando da suspensão, especialmente se abrupta, Considerações de ordem prática influenciam
pode ocorrer uma síndrome de abstinência com também na escolha das opções do algoritmo. A
sintomas como tremores, ansiedade acentuada, imipramina é mais acessível às pessoas de menor
sudorese, câimbras, hipersensibilidade sensorial, renda, na forma de genérico ou distribuída por
inquietude, insônia, cefaleia e até convulsões46(D). instituições públicas.

Apesar de induzirem vários efeitos Por quanto tempo deve ser mantido o
indesejáveis, os Inibidores da Recaptação de tratamento?
Serotonina (IRSs) são, no presente, Há estudos que demonstram que os efeitos
considerados uma opção melhor quanto à terapêuticos dos medicamentos se mantêm
tolerabilidade do que os tricíclicos ou os durante períodos de seis meses a um ano no
benzodiazepínicos6,36(A)13,37(B)46,47(D). tratamento do transtorno de pânico6(A). Em
um estudo controlado, randomizado, duplo-
Outro fator que pode pesar na escolha de um cego, placebo-controlado com pacientes com o
medicamento é o custo. Os tricíclicos, transtorno de pânico, o índice de recidiva no
especialmente a imipramina, e os benzodia- grupo que passou para o placebo após seis meses
zepínicos são medicamentos mais antigos, de tratamento bem sucedido com a imipramina
acessíveis na forma de genéricos e de custo menor. foi de 50% em um ano de seguimento48(A).

Em função dos níveis (qualidade e Quanto ao transtorno de ansiedade social,


quantidade) de evidências científicas (resultados há um estudo aberto demonstrando que o
de ensaios clínicos randomizados, duplo-cego, índice de recidiva é muito grande, de mais de
placebo-controlados), descritos nessas Diretrizes, 50%, após quatro anos de tratamento
demonstrando a eficácia dos medicamentos para medicamentoso bem sucedido 49(B), e um
o tratamento dos transtornos de ansiedade e de estudo controlado mostrando recidiva de 40%
problemas associados à tolerabilidade ou riscos, no grupo com placebo em seis meses de
pode-se elaborar um algoritmo (Figura 1). continuação50(A).

Nesse algoritmo, os medicamentos são Estudos controlados mostram que os IRSs


ordenados como de 1ª, 2ª ou 3ª linha, como mantêm seus efeitos terapêuticos em pacientes
opções para o tratamento de um determinado com o transtorno obsessivo-compulsivo durante
transtorno de ansiedade. dois anos de tratamento51(A). Em estudos de
seguimento naturalístico, a frequência de
Na avaliação de cada paciente, o médico recidiva no transtorno obsessivo-compulsivo é
deverá exercer o julgamento clínico e optar por muito alta, maior do que 50% após dois anos
um medicamento não necessariamente na de seguimento8(C).
ordem recomendada pelo algoritmo. Por
exemplo, um paciente que sofre do transtorno Os estudos de seguimento em longo prazo
de pânico e que é hipersensível à piora inicial de todos os transtornos de ansiedade foram,
induzida pelos IRSs pode ser inicialmente predominantemente, naturalísticos, abertos e
tratado com o clonazepam. não-controlados.
Mostram que a evolução desses transtornos nítidas quando a dose do medicamento começa
não é uniforme e com subgrupos diferentes de a ser diminuída.
pacientes. Os pacientes podem ser divididos em
três subgrupos quanto à evolução: crônica,
episódica ou quadro agudo seguido de
remissão47(D).

A conclusão prática para o médico quanto


ao tratamento de manutenção dos transtornos
de ansiedade seria a de que períodos de cerca de
seis meses de tratamento farmacológico
estariam indicados para a maioria dos casos.

Em muitos casos, o tratamento


farmacológico é mantido por períodos muito
longos, de anos, por motivos como a resolução
apenas parcial da sintomatologia ou pioras
Processo Patológico do Transtorno de Ansiedade

Resumo
Com o objetivo de discutir as possibilidades estratégicas quanto aos processos patológicos que
envolvem o transtorno de ansiedade, para embasar os profissionais quanto à ansiedade e aos seus
tipos, este estudo configura-se como uma pesquisa de caráter integrativo sistematizado, com uma
busca on-line das produções científicas na base de dados Biblioteca Virtual de Saúde, utilizando os
descritores “Transtorno de ansiedade”, “Ansiedade” e “Tratamento da ansiedade”, veiculados em
periódicos de estratos de A1, A2, B1, B2, B3 e B4, disponíveis para download na íntegra, escritos na
língua portuguesa. Os achados identificam que as possibilidades estratégicas perante esse transtorno
se dão por duas categorias, a Terapia Cognitivo-Comportamental e o Tratamento Humanizado e
Apoio Familiar, sendo este último mais eficaz quando associado ao uso de outros tratamentos para a
ansiedade. Ressalta-se a importância de estudos e capacitação para atuar efetivamente na prevenção
e no tratamento dessa patologia, além de mais estudos sobre a temática.
Palavras-chave: ansiedade, saúde mental, psicopatologia, tratamento

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Introdução

São percebidas ao longo do tempo diversas concepções a respeito da ansiedade, as quais


se vinculam a uma visão que a analisa de modo completo em relação ao esquema de saúde-
doença, como os estudos egípcios e gregos acerca das doenças no mundo, uns dos pioneiros
nos estudos referentes à medicina mundial. Os egípcios acreditavam que a doença era uma
possessão demoníaca ou até mesmo um encantamento, intrusão de espíritos, sortilégio, e
rituais terapêuticos eram realizados com o intuito de fazer com que a doença saísse do in-
divíduo que o apoderou. Com isso, foi uma das primeiras concepções no mundo que trazia
afirmativas e estudos relevantes à época quanto aos agravos e doenças sofridos, também fa-
zendo referências a outras afecções de saúde, como a parasitária e a infecciosa (Canguilhem,
2009).
Por meio das concepções da medicina grega, são estudadas também as diferenças entre a
saúde e a doença, estabelecendo conceitos que, por volta do século IV a.C., passaram a fazer
parte da dinâmica ontológica das doenças. Desta forma, acreditavam que a doença era um
desequilíbrio da natureza do indivíduo, que se estabelecia por meio de tais percepções, nas
quais determinadas substâncias produzidas pelo organismo provocavam o desequilíbrio no
corpo do indivíduo, sendo elas conhecidas como os quatro humores corporais, do sangue,
da bile negra, da bile amarela e da linfa, respectivamente relacionados ao coração, baço,
fígado e fleura ou cérebro. Assim, acreditava-se que a natureza podia interferir em tais as-
pectos e provocar as doenças (Canguilhem, 2009).
Posto isso, diversas foram as concepções que englobavam a doença ao longo do tempo,
que provocaram grandes transformações no mundo. Assim, em relação aos estados ansio-
sos, são analisadas algumas informações que antecedem ao nascimento de Cristo (Nardi,
2006). Desperta, assim, com o decorrer dos tempos, o interesse da medicina moderna,
transformando-se em um quadro patológico específico.
Segundo Nardi (2006), já eram encontradas provas sobre a existência da ansiedade no sé-
culo VIII a.C., na Ilíada, obra do poeta consagrado Homero, em que ele descreve sentimentos
de medo, perturbações, intrusão de Deus, entre outros descritos em sua obra.
Com isso, são conhecidas diversas representações e alusões em toda a história da socie-
dade. Na atualidade, as obras de diversos autores refletem os estudos sobre o transtorno de
ansiedade generalizada (TAG), nos quais afirmam novas perspectivas de conhecimento que
tiram a ideia de perturbações dos deuses ou de que essas pessoas têm alguma representa-
ção negativa de maldade e incorporações demoníacas, dando espaço para o estudo do ser
como um todo, cheio de singularidades (Nardi, 2006).
Para Castillo, Recondo, Asbahr e Manfro (2000), em relação ao transtorno de ansiedade,
este se caracteriza como um sentimento que muitas vezes se torna algo vago que a pessoa
sente, de modo desagradável, sendo relacionado com o medo, apreensão ou até desconfian-
ça sentida advinda da tensão, desconforto e, principalmente, antecipação do sentimento de
perigo contínuo de algo estranho ou desconhecido, em que há sensações de ­preocupação

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constantes, de forma que é gerada uma insegurança contínua e desconfiança em tudo e
todos.
Quando o transtorno de ansiedade é identificado nas crianças, de forma a influenciar
diretamente em seu desenvolvimento emocional, psicológico, em que seus pensamentos
se determinam a partir do medo, muitas vezes de forma irracional, pois isso ainda se en-
quadra nas ações do desenvolvimento de diversas funções e perspectivas em relação a sua
personalidade, bem como a constantes preocupações, podendo ser normais ou patologias
desenvolvidas, faz-se com que haja desconfianças constantes sobre sua saúde, segurança,
alimentação, vida social, escola e sua personalidade (Andrade, Viana, & Silveira, 2006).
Com isso, segundo as concepções de Dalgalarrondo (2000), a psicopatologia pode ser de-
finida como o conjunto de fundamentos alusivo ao adoecimento mental do ser humano. O
autor afirma ainda ser um conhecimento sistemático, elucidativo e desmistificante, que não
inclui princípios de valor e recusa dogmas ou verdades a priori.
Assim, por meio de um levantamento feito em 2016 sobre depressão, publicado pela
Organização Mundial da Saúde, compreende-se que 264 milhões de pessoas no mundo
sofrem com o transtorno de ansiedade, em diversos tipos e graus. Aponta-se que o Brasil
tem mais de 9% da população com algum tipo de transtorno de ansiedade, ou seja, quase
três vezes mais que a média mundial. São mais de 18 milhões de pessoas nessa situação
(Organização Mundial da Saúde [OMS], 2016).
Verificando os índices de acometimento do transtorno de ansiedade em relação ao sexo,
foi constatado, segundo Kinrys e Wygant (2005), que as mulheres são as mais suscetíveis a
terem o transtorno ao longo da vida adulta.
O transtorno de ansiedade é um dos temas da psiquiatria mais subdiagnosticados na atu-
alidade, pois são raras as vezes em que um indivíduo procura por um atendimento completo
e profissional dentro dos aspectos da saúde mental no Brasil. Com isso, são estabelecidos
alguns sintomas que auxiliam na identificação do transtorno, porém esses, um tanto vagos e
não claramente fonte de diagnóstico para a ansiedade, são sintomas físicos pouco aparentes
e pouco definidos (Zuardi, 2017).
A utilização dos critérios diagnósticos do DMS-V auxilia numa melhor classificação da
ansiedade, identificando que, com o desenvolvimento da ansiedade, há um maior envolvi-
mento nos inúmeros eventos das atividades cotidianas. A ansiedade e a preocupação estão
associadas a três ou mais sintomas, presentes na maioria dos dias, nos últimos seis meses,
sendo os mais identificados a inquietação ou sensação de estar no limite, cansar-se facil-
mente, dificuldade de concentração; irritabilidade, tensão muscular e distúrbios do sono.
Dessa forma, o transtorno não pode ser atribuído a apenas uma condição médica geral, mas
também ao transtorno mental (Zuardi, 2017).
Em análises dos fatores relacionados a problemas e/ou transtornos referentes a indivídu-
os que sofrem com a ansiedade crônica, percebe-se que os fatores de risco mais abrangen-
tes são em relação ao gênero, e, por meio dos estudos, indica-se que pessoas do sexo femi-
nino são as mais acometidas pela ansiedade, em relação a mudanças de humor e estresse.
Os traumas também caracterizam uma pessoa com ansiedade crônica, em relação a abusos
sofridos na infância e a eventos traumáticos. As doenças e comorbidades também indicam
a presença do transtorno, como o câncer, que é uma das maiores afecções e preocupações

LIFE PSICOLOGIA ®.
da população atual. Assim como a personalidade, com pessoas mais tensas, preocupadas e a
presença de outros tipos de transtorno concomitantes. A genética e o abuso de substâncias
podem levar ao desenvolvimento ou ao agravamento da condição da ansiedade em relação
à pessoa, em que o indivíduo aumenta seus riscos e agravos e a sua prevalência (Craske,
Stein, & Hermann, 2014).
Com isso, existem diversas complicações acerca do transtorno de ansiedade, as quais
influenciam nas condições de vida do indivíduo que sofre diariamente com isso, sendo ca-
racterizadas muitas vezes pela depressão, abuso de substâncias como drogas ilícitas e álcool,
problemas digestivos ou intestinais, dores de cabeça, enxaquecas, bruxismo, transtornos por
uso de substância, entre outros, que podem levar a casos mais graves, como o suicídio, que
cada vez mais atinge essas pessoas (Zuardi, 2017).
De acordo com as afirmações de Castillo et al. (2000), os transtornos ansiosos caracteri-
zam-se com sintomas primários, não sendo derivados de outros tipos de casos psiquiátricos,
como depressões, psicoses, transtornos do desenvolvimento, transtorno hipercinético, entre
outros, porém os sintomas de transtornos ansiosos ocorrem em outros casos da psiquiatria.
Os autores afirmam, ainda, que há alguns casos em que a ansiedade se explica por meio dos
transtornos ansiosos, sendo eles a ansiedade do início do surto esquizofrênico e o temor da
separação dos pais para uma criança com depressão maior, por exemplo, não estabelecendo
um conjunto de sintomas que ocasionam um transtorno ansioso típico (Castillo et al., 2000).
Isso mostra que os sintomas do transtorno de ansiedade não se caracterizam unicamente
pela ansiedade propriamente dita, mas podem ocorrer alguns sintomas que caracterizam
outros tipos de transtornos, todos ao mesmo tempo, enquadrando a pessoa em diversas
possibilidades diagnósticas (Castillo et al., 2000).
Diante de tantas informações referentes a essa condição, encontram-se ainda grandes
desafios a serem derrubados, para que as pessoas que apresentam o TAG possam ter a
oportunidade de serem compreendidas e para que complicações mais severas não ocorram,
como o já citado suicídio. Assim, torna-se imprescindível a valorização do indivíduo em suas
particularidades, pois não há em lugar algum alguém que seja igual ao outro na personali-
dade, nos sentimentos, nos aspectos pessoais e nas vivências que o levam para um caminho
incerto e profundamente caótico. Dessa forma, é necessária uma avaliação mais profunda
por profissionais, levando em consideração a orientação, o aconselhamento, a utilização de
técnicas de relaxamento e/ou exercícios físicos, não se limitando a prescrever medicamentos
(Zuardi, 2017).
Nessa perspectiva, pode-se observar que o transtorno de ansiedade engloba diversos
aspectos da personalidade psíquica e emocional do indivíduo que o tem; considerando ain-
da suas possibilidades diagnósticas que envolvem outros diversos transtornos, torna-se es-
sencial ao profissional da área da saúde se preparar adequadamente para a compreensão
e o auxílio dessas pessoas, pois é uma tarefa que tem grandes dificuldades. A perspectiva
da multidisciplinaridade se torna algo primordial, fazendo com que profissionais envolvidos
na saúde mental, principalmente, tenham o compromisso de estarem devidamente prepa-
rados para a eficaz compreensão e auxílio a seus pacientes, fator essencial a um tratamen-
to concreto e acompanhamento eficiente. Portanto, a partir dos fatos apresentados, cabe
neste estudo a construção de uma revisão do tipo integrativa da literatura para embasar os

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profissionais quanto à ansiedade. Desta forma, este estudo busca responder a problemática
de quais possíveis tratamentos apresentados pela literatura são mais efetivos ao TAG. Como
objetivo, este estudo busca identificar formas de tratamento mais eficazes ao TAG, por meio
da literatura.

Método

Com o objetivo de discutir as possibilidades estratégicas quanto aos processos patológi-


cos que envolvem o transtorno de ansiedade, para embasar os profissionais quanto à ansie-
dade e aos seus tipos, este estudo configura-se como uma pesquisa de caráter integrativo
sistematizado, com o estudo de achados que estão relacionados ao tema definido, com o
intuito de analisar, avaliar e agregar de forma sistemática e sucinta os resultados encontra-
dos, com base em aspectos inerentes ao transtorno de ansiedade.
De acordo com as concepções de Sampaio e Mancini (2007), trata-se de um estudo de
caráter integrativo sistematizado, assim como outros tipos de estudo de revisão, com uma
forma de pesquisa que utiliza as fontes de dados da literatura sobre um tema definido. A re-
alização desse tipo de trabalho de análise e investigação disponibiliza um resumo das evidên-
cias relacionadas a uma estratégia de intervenção específica. Afirmam ainda que, por meio
da utilização de métodos explícitos e sistematizados de busca, apreciação crítica e síntese da
informação selecionada, aplica-se uma revisão crítica das informações coletadas.
Assim, com a formulação dos descritores de ciências da saúde (DeCs), foi realizada a bus-
ca on-line das produções científicas na base de dados Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), utili-
zando os descritores “Transtorno de ansiedade”, “Ansiedade” e “Tratamento da ansiedade”.
Foram incluídos artigos disponíveis para download na íntegra, escritos na língua portu-
guesa, veiculados em periódicos de estratos de A1, A2, B1, B2, B3 e B4, preferencialmente
revistas científicas com temáticas na área da psicologia e/ou da saúde, publicadas entre ja-
neiro de 2010 e dezembro de 2017. Foram excluídos trabalhos não publicados no tempo
determinado, os que não estavam disponíveis gratuitamente para download, os que não
estavam na língua portuguesa brasileira e os que fugiam da temática proposta.
Visando à qualidade metodológica dos artigos, esses foram selecionados após análise
minuciosa dos autores desta pesquisa, baseando nas diretrizes do Preferred Reporting Items
for Systematic Reviews and Meta-Analyses (Moher, Liberati, Tezlaff, Altman, & The PRISMA
Group, 2009).

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Quadro 1. Fluxograma de seleção dos estudos.

Tabela 1
Coleta de dados
Nome do artigo Publicação Metodologia Objetivo WebQualis
A Terapia Cogniti- Revista Estud. Estudo de campo com Descrever o desen- A2
vo-Comportamental Pesqui. Psicol. cinco voluntários acima volvimento de uma
em Grupo no Tran- v. 15 | n. 3 | p. de 18 anos na cidade de intervenção em grupo,
storno de Ansiedade 1061-1080 | Juiz de Fora. baseada na Terapia Cog-
Social 2015. nitivo-Comportamental,
para pessoas que apre-
sentaram os sintomas
de TAS.
Adesão ao Tratamento Revista Cog- Estudo quantitativo, Verificar os fatores B2
Medicamentoso por itare Enfer- transversal, descriti- relacionados à adesão de
Pessoas com Transtorno magem | v. 21 vo, realizado com 161 pessoas com transtorno
de Ansiedade | n. 1 | p. 1-11 pessoas de um serviço de ansiedade quanto à
| jan./mar. de saúde mental, num farmacoterapia prescrita.
2016. município do estado de
São Paulo, entre 1º de
janeiro e 31 de dezem-
bro de 2012.
Avaliação de Ansiedade e Revista Psico – Estudo comparativo Comparar vantagens e A2
Depressão em Pacientes USF | v. 19 | n. descritivo. desvantagens psicométri-
Oncológicos: Com- 2 | maio/ago. cas de instrumentos
paração Psicométrica 2014. comumente utilizados
em serviços especializa-
dos em Oncologia.

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Nome do artigo Publicação Metodologia Objetivo WebQualis
Depressão Revista Bra- Revisão da literatura. Mostrar como diagnos- B1
sileira de Me- ticar e tratar a de-
dicina | v. 70 | pressão.
n. 12 | p. 6-13|
dez. 2013.
Desafiando Medos: Rela- Revista Estudo interpretativo e Investigar as formas de A2
tos de Enfrentamento de Brasileira de compreensivo. enfrentamento utilizadas
Usuários com Transtor- Enfermagem| pelos portadores de tran-
nos Fóbico-Ansiosos v. 66 | n. 4 | p. stornos fóbico-ansiosos
528-34| jul./ do Centro de Atenção
ago. 2013. Psicossocial I, do municí-
pio de Queimadas-PB,
Brasil, no período de
outubro a dezembro de
2010.
Dificuldades Relaciona- Revista Estudo transversal, de- Compreender as dificul- B1
das à Terapêutica Medic- Eletrônica de scritivo, com abordagem dades de pessoas com
amentosa no Transtorno Enfermagem | qualitativa, desenvolv- transtorno de ansiedade
de Ansiedade v. 18 | 2016. ido em 2012 com 32 referente ao seguimento
pessoas atendidas em da terapia medicamen-
serviço ambulatorial no tosa.
interior de São Paulo –
Brasil.
Diretrizes da Associação Revista O método utilizado foi Apresentar os achados B1
Médica Brasileira para Brasileira de o proposto pela Asso- mais relevantes das
o Diagnóstico e Diag- Psiquiatria | v. ciação Médica Brasileira diretrizes da Associação
nóstico Diferencial do 32| n. 4| dez. para o projeto Diretriz- Médica Brasileira relati-
Transtorno de Ansiedade 2010. es. A busca foi realizada vas ao diagnóstico e di-
Social nas bases de dados do agnóstico diferencial do
Medline (PubMed), transtorno de ansiedade
Scopus, Web of Science social.
e Lilacs, sem limite de
tempo.
Diretrizes da Associação Revista O método utilizado foi Apresentar os achados B1
Médica Brasileira para o Brasileira de o proposto pela AMB. A mais relevantes das
Tratamento do Transtor- Psiquiatria| v. busca foi realizada nas diretrizes relativas ao
no de Ansiedade Social 33| n. 3| set. bases de dados do MED- tratamento do TAS.
2011. LINE (PubMed), Scopus,
Web of Science e Lilacs,
entre 1980 e 2010.

Intervenção Baseada na Rev. Bras. de Estudo de caso compar- Apresentar a análise da B1


Psicoterapia Analítica Ter. Comp. ativo. relação terapêutica de
Funcional em um Caso Cogn. | v. 14 | um caso de transtorno
de Transtorno de Pânico n. 1 | 2012. de pânico com agorafo-
com Agorafobia. bia.

LIFE PSICOLOGIA ®.
Nome do artigo Publicação Metodologia Objetivo WebQualis
Periódicos da CAPES: Revista Estudo de revisão bib- Fornecer um panorama B2
Perspectiva das Disser- Interação em liográfica, descritivo e das produções acadêmi-
tações e Teses sobre Psicologia | comparativo. cas referentes a teses e
Transtorno de Ansiedade v. 16 | n. 2 | dissertações da CAPES,
Social/Fobia Social p. 283-292| defendidas entre 1987 e
2012. 2009.
Psicologia e Profissão: Revista Psico- Revisão bibliográfica. Realizar um levanta- A2
Neurose Profissional e logia: Ciência mento bibliográfico
a Atuação do Psicólogo e Profissão | sobre a neurose profis-
Organizacional Frente à v. 30 | n. 2 | sional, cujos sintomas
Questão p. 248-261 | são entendidos como a
2010. expressão simbólica de
um conflito psíquico que
se desenvolve a partir
de uma situação organ-
izacional ou profissional
determinada.
Saúde Mental, Gênero e Revista Bioéti- Estudo de caso realiza- Analisar os sintomas e A2
Violência Estrutural ca | v. 20 | n. do por meio de análise diagnósticos encontra-
2 | p. 267-79 | quantitativa de pron- dos em prontuários de
2012. tuários de pacientes. pacientes homens e mul-
heres de dois grandes
hospitais psiquiátricos do
Distrito Federal.
Subtipo Respiratório ver- Revista Psico- Amostra randomizada Verificar a resposta dos A1
sus Não Respiratório no logia: Reflexão por sorteio com 50 pa- pacientes com tran-
Transtorno de Pânico e Crítica | v. 25 cientes diagnosticados storno de pânico com
com Agorafobia: Aval- | n. 1 | 2012. segundo o Manual Diag- agorafobia ao modelo
iação com Terapia Cogni- nóstico e Estatístico dos proposto de Terapia Cog-
tivo-Comportamental Transtornos Mentais. nitivo-Comportamental
(TCC) nos dois subtipos
respiratórios de transtor-
no de pânico.
Terapia Cognitivo-Com- Rev. Bras. de Estudo baseado em 10 Tratar, por meio da Tera- B1
portamental em Pa- Ter. Comp. sessões de psicoterapia pia Cognitivo-Comporta-
cientes com Púrpura Cogn. | v. 18 | e a utilização de uma es- mental, o transtorno de
Idiopática n. 3 | p. 58-69| cala para medir a inten- ansiedade de pacientes
2016. sidade dos sintomas de que se encontram em
ansiedade, o inventário tratamento médico, cujo
de ansiedade Beck (BAI), diagnóstico é de púrpura
juntamente da coleta de idiopática.
exames de sangue.
Toxina Botulínica como Revista de Relato de caso único. Descrever a resposta de A2
Tratamento para Fobia Psiquiatria um paciente com o tipo
Social Generalizada com Clínica | v. 38 | generalizado de fobia
Hiperidrose n. 2 | 2011. social e hiperidrose à Ter-
apia Cognitivo-Compor-
tamental aliada à toxina
botulínica.

LIFE PSICOLOGIA ®.
Nome do artigo Publicação Metodologia Objetivo WebQualis
Transtornos Fóbico-An- Revista Cog- Estudo descritivo e Caracterizar os pacientes B2
siosos: Abordagem Epi- itare Enfer- retrospectivo realizado hospitalizados acome-
demiológica das Inter- magem | v. 18 no banco de dados do tidos por transtornos
nações Hospitalares | n. 1 | p. 136- Sistema de Internações fóbico-ansiosos.
141 | 2013. Hospitalares e Pron-
tuários, dos anos de
1980 a 2005.
Transtornos Psiquiátricos Revista de Revisão bibliográfica Avaliar transtornos B1
no Pós-Parto Psiquiatria acerca de transtornos psiquiátricos no pós-par-
Clínica | v. 37 | psiquiátricos no pós-par- to.
n. 6 | 2010. to a partir de artigos
encontrados no PubMed
e no SciELO entre os
anos de 2000 e 2009.
Treinamento Físico Inter- Jornal Brasilei- Relato de experiência. Relatar a utilização de B1
valado como Ferramenta ro de Psiqui- um programa de exercíci-
na Terapia Cogniti- atria | v. 60 | n. os físicos aeróbicos inter-
vo-Comportamental do 3 | 2011. valados no contexto da
Transtorno de Pânico Terapia Cognitivo-Com-
portamental em um caso
de transtorno de pânico
e agorafobia.
Tripofobia: Um Relato de Rev. Bras. de Estudo baseado na Apresentar o caso de B1
Caso do Tratamento do Ter. Comp. abordagem compor- uma jovem que se queix-
Medo de Buracos Cogn. | v. 18 | tamental, psicoeduca- ava experimentar fortes
n. 2 | p. 100- cional e de acompanha- respostas fisiológicas,
111 | 2016. mento. como náusea e batimen-
to cardíaco acelerado, na
presença de estímulos.

Resultados

De acordo com a revisão integrativa realizada, percebe-se que, para o estudo da ansie-
dade no país, os artigos mostram que as possibilidades estratégicas perante esse transtorno
se dão por duas categorias: o uso da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), relatando
as formas de tratamento para o TAG, a reestruturação cognitiva, exposição às situações te-
midas, treino de habilidades sociais e relaxamento; e o Tratamento Humanizado e Apoio
Familiar, resultando, assim, em uma reintegração social maior e na melhora consequente
nos sintomas apresentados pelo transtorno – sendo esta última categoria mais eficaz quan-
do associada ao uso de outros tratamentos para a ansiedade.

Discussão

Formas de Tratamento para o TAS

Os autores que defendem a categoria de tratamento da TCC definem-na como uma as-
sociação a um bom funcionamento e resultados obtidos perante o transtorno de ansiedade.

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Dittz, Stephan, Gomes, Badaró e Lourenço (2015) descrevem o desenvolvimento de uma
intervenção em grupo para pessoas que apresentaram os sintomas de TAS, fundamentada
pela Terapia Cognitivo-Comportamental, utilizando técnicas como reestruturação cognitiva,
enfrentamento às situações temidas, treino de habilidades sociais e relaxamento, bem como
a abordagem da temática Depressão; já os autores Duailibi, Silva e Jubara (2013) falam sobre
o transtorno depressivo que incapacita muitas pessoas com diversos sintomas que, quando
não tratados, podem levar a muitas outras doenças, como infartos, Alzheimer, diabetes e
acidente vascular isquêmico, assim como o uso de tratamentos por antidepressivos, os quais
acabam com sintomas residuais que poderiam ser evitados pela utilização de outras formas
de tratamento ou até mesmo a utilização associada deles.
Também, Chagas et al. (2010) falam sobre a busca pelo desenvolvimento de consensos de
diagnósticos e tratamento para as doenças mais comuns diante do transtorno de ansiedade,
tendo como resultados as manifestações clínicas, prejuízos e implicações, diferenças entre
os subtipos generalizados e circunscritos, e o impacto com a depressão, abuso e dependên-
cia de drogas e outros transtornos de ansiedade. Levitan et al. (2011) discorrem sobre o
desenvolvimento de consensos de diagnóstico e tratamento para as doenças mais comuns,
tendo como resultados o tratamento farmacológico de primeira linha para adultos e crian-
ças, inibidores seletivos de recaptação de serotonina e inibidores de recaptação de sero-
tonina e noradrenalina, enquanto a Terapia Cognitivo-Comportamental é apontada como
melhor tratamento psicoterápico.
Nesse sentido, as autoras Pezzato, Brandão e Oshiro (2012) relatam que as estratégias
terapêuticas descritas como eficazes em transtorno de ansiedade envolvem procedimentos
comportamentais e cognitivo-comportamentais de exposição ao enfrentamento de situa-
ções aversivas, tendo resultados para a efetividade dos procedimentos adotados, e confir-
mam a possibilidade de utilização da Psicoterapia Analítica Funcional (FAP) como eficaz ao
tratamento do TA.
Os estudos realizados por King, Valença, Simões, Nardi e Silva (2012) acreditam que, com
a verificação dos pacientes com transtorno de pânico e o uso da TCC, há melhoras em seus
quadros quanto à ansiedade detectada e aos sintomas, em que cerca de 77% conseguem
reduzir os ataques relacionados à ansiedade e melhoram os resultados de 55,8% para 70,9%.
Com os estudos de Lessa e Fontenelle (2011), acredita-se que, com o uso da TCC, os pacien-
tes conseguem ter uma melhora quanto aos sintomas apresentados em seus transtornos
sociais. Assim, comprova-se a melhora dos sintomas dos transtornos, bem como os fenôme-
nos periféricos ocorridos. Já Sardinha, Araújo e Nardi (2011) acreditam que, com o uso dos
exercícios físicos e da TCC, há melhoras nos sintomas do transtorno de pânico e nos quadros
ansiosos dos pacientes. E, ainda com relação ao transtorno de ansiedade apresentado em
pacientes com tripofobia, os estudos de Marcone Reolon (2016) apontam que, com o uso da
TCC, há melhoras consequentes nos sintomas apresentados pelo paciente, bem como sua
reintegração social.

Tratamento Humanizado e o Apoio Familiar

Além desta categoria, o uso do tratamento mais humanizado, segundo as autoras


Sousa, Verdana e Miasso (2016), fala sobre os fatores relacionados à adesão do tratamento

LIFE PSICOLOGIA ®.
­ edicamentoso por pessoas com transtorno de ansiedade, visando a uma melhora na quali-
m
dade de vida e possíveis benefícios de seu uso para a pessoa com ansiedade. O trabalho dos
autores Bergerot, Laros e Araujo (2014) compara as vantagens e desvantagens psicométri-
cas de instrumentos comumente utilizados em serviços especializados em Oncologia: Escala
de Ansiedade e Depressão (HADS), Transtorno Geral de Ansiedade (GAD-7) e Questionário
sobre Saúde do Paciente (PHQ-9). Eles defendem que esses pacientes, por possuírem uma
doença como o câncer, estão mais vulneráveis e necessitam de um acompanhamento mais
humanizado sobre seu psicológico e social.
O artigo das autoras Martinez et al. (2012) fala sobre os estudos quanto ao transtorno
de ansiedade social, avaliando trabalhos sobre seu tratamento; comorbidade; validação/
propriedades psicrométricas; diagnóstico/prevalência; revisão crítica e teórica. Nota-se a
importância de mais estudos sobre esse tema, para fornecer uma melhor compreensão do
seu desenvolvimento e maior divulgação entre os profissionais de saúde para tornar o aten-
dimento mais humanizado.
Santos, Goulart Júnior, Canêo, Lunardelli e Carvalho (2010) fizeram um levantamento bi-
bliográfico sobre a neurose profissional, cujos sintomas são entendidos como a expressão
simbólica de um conflito psíquico que se desenvolve a partir de uma situação organizacional
ou profissional determinada.
Zanello e Silva (2012) acreditam que o transtorno de ansiedade e a depressão estão atin-
gindo cada vez mais pessoas no mundo, assim, afirmam que a maior parcela da popula-
ção que sofre com tais problemas é a feminina, composta por negras, pobres e domésticas,
usuárias dos serviços de saúde pública, sendo elas medicalizadas de maneira exorbitante e
com a necessidade de um tratamento mais adequado e humanizado. E, com a análise das
alterações psicológicas sofridas no pós-parto e sua relação com o transtorno de ansiedade,
Cantilino, Zambaldi, Sougey e Rennó (2010) acreditam que, com um tratamento mais huma-
nizado e um maior acompanhamento clínico, há melhoras em seus quadros.
Nesse sentido, os autores Almeida, Silva, Espínola, Azevedo e Ferreira (2013) apresentam
que o apoio familiar, na análise dos medos enfrentados pelos pacientes com o transtorno
fóbico ansioso, é uma das formas de tratamento pontual utilizadas pelas pessoas com a do-
ença. Paz, Brant, Marques e Machado (2013) afirmam que, com os pacientes fóbicos-ansio-
sos, é significativo o uso do tratamento precoce como uma contribuição para a melhora dos
quadros apresentados em relação ao contexto social.

Conclusão

Evidencia-se que o TAG é uma patologia que vem se expandido nos últimos tempos, cau-
sando grande sofrimento à população. Pontuamos que esse transtorno é uma doença bem
significativa, que acarreta um sofrimento físico e psíquico considerável e, como toda pa-
tologia, precisa ser compreendida e tratada em sua totalidade e de forma singular a cada
indivíduo que a sofre.
Salientamos que uma das formas eficazes de tratamento é a preparação adequada da
equipe. Ressalta-se, ainda, a importância da participação ativa da família desse doente no
processo de prevenção e tratamento desse agravo. Assim, percebemos, com este estudo,
que o uso da TCC é comprovadamente uma das formas de tratamento com melhoras no

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quadro dos pacientes analisados, da mesma forma que a utilização de métodos de aborda-
gem mais humanizada e a interação social entre os pacientes e seus familiares, com o apoio
e o uso associado com outras formas de tratamento, proporciona a consequente eficácia
em diversas patologias ou quadros associados ao transtorno de ansiedade apresentados na
maioria dos casos estudados.
Perante a importância da temática, ressaltamos a necessidade de realização de mais pes-
quisas que possam embasar não apenas teoricamente como também empiricamente os
métodos efetivos que proporcionem meios de prevenção e tratamento a toda a população.

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