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TRANSTORNOS DE ANSIEDADE EM ADOLESCENTES:
CONSIDERAÇÕES PARA A PEDIATRIA E HEBIATRIA
riscos predispostos pela idade. Assim, é o grau de alterações funcionais nas regiões cerebrais que
prejuízo e a interferência no funcionamento diá- modulam emoções e medo parecem implicadas
rio do adolescente que confi guram esses sinto- na etiologia dos transtornos de ansiedade, prin-
mas como um transtorno de ansiedade. Conside- cipalmente: amígdala (condicionamento e res-
ra-se também como patológico, quando o nível posta ao medo), hipocampo (processamento do
de medo e ansiedade evocado por determinada contexto) e córtex pré-frontal (modulação do
situação/objeto é extremo, se comparado a seus medo e suas respostas de extinção)5,7,8. No as-
pares.8 Intensidade, duração, frequência e reper- pecto neuroquímico, os neurotransmissores áci-
cussão dos sintomas, então, são os critérios utili- do gama-aminobutírico (GABA), noradrenalina
zados na distinção entre o normal e o patológico. e serotonina tem-se demonstrado envolvidos na
Além dessa disfuncionalidade, comum nos regulação da ansiedade, exercendo atividade no
sistema límbico5,7,8. Anormalidades no funciona-
transtornos de ansiedades em todas as idades,
mento e ativação do eixo hipotálamo-hipófise-
adolescentes, principalmente os mais novos, e
-adrenal, componente importante na resposta
crianças podem não reconhecer seus medos e
normal e fisiológica ao estresse, são verificadas
preocupações como irracionais, sendo o surgi-
em alguns transtornos de ansiedade, respaldan-
mento de queixas somáticas, também usual. Epi-
do o aspecto neuroendócrino5.
sódios de irritabilidade, choro intenso e explosões
Dentre os fatores psicológicos, dois mode-
de raiva, muitas vezes interpretados como deso- los prevalecem na explicação da ansiedade, a
bediência e rebeldia, podem expressar, ainda, partir de conceitos cognitivo-comportamentais
tentativa de um indivíduo mais novo de evitar o e psicodinâmicos5. No primeiro, é postulado que
estímulo desencadeante da agressividade3. adolescentes ansiosos apresentam, como pa-
Os transtornos de ansiedade fazem parte drão, a avaliação de situações ambíguas como
das doenças psiquiátricas mais comuns na ado- ameaçadoras, preferindo evitá-las. Isso teria ori-
lescência, com uma prevalência em torno de 10 gem ainda na infância, quando apareceriam as
a 30%, sendo mais comuns em meninas, estan- primeiras cognições disfuncionais. Os aspectos
do associados à menor escolaridade4,7,8. Mais de psicodinâmicos propõem que os sintomas an-
50% desses adolescentes já experimentaram, siosos refletem e são decorrentes da existência
ou experimentarão, na evolução de seu trans- de um conflito inconsciente e da tentativa de
torno ansioso, um episódio depressivo8. organizar mecanismos de defesa para lidar com
ele. Entendendo como vínculo o meio pelo qual
a criança tenta assegurar sua proteção e segu-
ETIOLOGIA RAN A NO MUNDO "OWLBY ESSE CONm ITO
teria origem em transtornos de vínculos afetivos
Os transtornos de ansiedade apresentam formados na infância, entre pais e filhos7,9.
etiologia multifatorial, destacando-se, didatica- Como fatores ambientais, definem-se as si-
mente, a etiologia genética, neurobiológica, tuações psicossociais e estressantes pelas quais
psicológica e ambiental. passa o adolescente no decorrer de sua vida,
Sobre os fatores genéticos, não existem como relacionamentos interpessoais, doenças
evidências de um gene específi co associado à pregressas e internações, violências e abusos,
ansiedade, mas há indícios de que as contribui- uso/abstinência de drogas, entre outros2.
ções de diversos genes parecem se somar para O principal fator de risco para ansiedade na
determinar uma vulnerabilidade biológica para infância e adolescência é a presença de transtor-
o desenvolvimento de um transtorno ansioso5. nos ansiosos e/ou depressivos em familiares - a
Há três aspectos principais dentre os fatores maior proximidade parental aumenta esse ris-
neurobiológicos: neuroanatômicos, neuroquími- co3,7. A inibição do comportamento verificada na
cos e neuroendócrinos. Neuroanatomicamente, infância (Kagan, 1984 e 1987) aumenta a preva-
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CONSIDERAÇÕES PARA A PEDIATRIA E HEBIATRIA
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de, tem sido visto como um subtipo da doença, Algumas condições médicas que se estabe-
com características peculiares, como presença lecem como diagnósticos diferenciais de trans-
aumentada de tiques, maior prevalência em me- tornos de ansiedade7,5,12,13:
ninos, curso crônico e com pior resposta ao tra- Doenças cardiovasculares - anemia, angina,
tamento7,8. Manifestações neuropsiquiátricas da insuficiência cardíaca congestiva, hipertensão,
febre reumática, como a coreia de Sydenham, prolapso de valva mitral, infarto do miocárdio,
tem sido associadas, etiologicamente, a TOC e taquicardia atrial paroxística;
tiques; a síndrome PANDAS (pediatric autoimmu- Doenças pulmonares - asma, hiperventilação,
ne neuropsychiatric disorders associated with strep- embolia pulmonar;
tococcal infection) é o protótipo dessa hipótese Doenças neurológicas - acidente vascular en-
neuroimunológica pós infecciosa3,7,8,12. cefálico, epilepsia, doença de Huntington, in-
Obsessões e compulsões mais comuns em fecções, doença de Ménière, enxaqueca, es-
adolescentes com TOC1,5,7: clerose múltipla, ataque isquêmico transitório,
Obsessões: preocupações com germes, sujeira neoplasia, doença de Wilson;
e doenças; preocupações com eventos catas- Doenças endócrinas - doença de Addison, sín-
tróficos; simetria, ordem ou exatidão; núme- drome carcinóide, síndrome de Cushing, dia-
ros de sorte e azar; preocupação ou nojo de bete, hipertireoidismo, hipoglicemia, hipopa-
secreções do corpo; escrupulosidade religiosa. ratireoidismo, menopausa, feocromocitoma,
Compulsões: lavagem excessiva de mãos, ex- síndrome pré menstrual;
cesso de banhos, rituais de escovar os dentes Intoxicação por drogas - anfetaminas, antico-
ou pentear-se; checagem de portas, cadeados, linérgicos, cocaína, alucinógenos, maconha,
armários e móveis; rituais para evitar ou remo- nicotina, teofilina.
ver germes de objetos contaminados; repe- Abstinência a drogas - álcool, anti-hipertensi-
tição de idas e vindas em escadas ou portas; vos, opiáceos, opioides, sedativos e hipnóticos;
rituais de tocar ou bater (tic like); colecionismo. Outras condições – anafilaxia, deficiência de
Transtorno de déficit de atenção e hipera- B12, distúrbios hidroeletrolíticos, intoxicação
tividade (TDAH) e transtorno de tiques são as por metais pesados, infecções sistêmicas, lúpus
comorbidades mais associadas ao TOC na infân- eritematoso sistêmico, arterite temporal, uremia.
cia e adolescência; transtornos depressivos e an- Em contrapartida, deve-se atentar para as
siosos são comuns e conferem um padrão mais situações, pois muitos quadros de transtorno de
observado no adolescente mais velho e adulto5. ansiedade são avaliados, primeiramente, em ser-
viços de atenção primária e de emergência clíni-
ca, antes de chegarem a unidades de psiquiatria.
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS A busca por auxílio médico diante da ansiedade
pode levar o adolescente a apresentar queixas
Diversos fatores orgânicos e condições inespecíficas ou ainda, primariamente somáticas.
médicas não psiquiátricas podem gerar uma Como exemplo, tem-se o transtorno de pâ-
síndrome ansiosa, devendo ser feitas avaliações nico que, pela possibilidade do caráter espontâ-
clínica e laboratorial, se necessário, para melhor neo de seus ataques, leva, com frequência, à in-
abordagem do caso e exclusão de diagnósticos tensa procura por emergências médicas, até que
diferenciais. Sinais e sintomas atípicos apresen- o devido diagnóstico seja feito. Os 13 sintomas
tados pelo adolescente, num quadro de ansie- listados na tabela 1 são os identificados pelo
dade ou crise de ansiedade, constituem sinais de DSM-IV-TR, como possivelmente presentes num
alarme para a investigação clínica; são eles: ver- ataque de pânico (período distinto de intenso
tigem genuína, perda da consciência, alteração temor e desconforto, no qual quatro, ou mais,
da marcha, perda do controle esfincteriano, fala desses sintomas se desenvolvem abruptamente
pastosa, cefaleia e amnésia13. e alcançam um pico em 10 minutos).
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Tabela 1. Diagnóstico diferencial e avaliação diagnóstica complementar baseada nos sintomas do ataque
de pânico.
Sintomas do ataque Avaliação diagnóstica
Diagnóstico diferencial
de pânico complementar
- taquicardia atrial paroxística
- eletrocardiograma
- taquicardia supraventricular
- ecocardiograma
- prolapso de valva mitral
- dosagem de TSH / T4l
1 - palpitações ou - contrações paroxísticas ventriculares
- glicemia
taquicardia - hipertireoidismo
- metabólitos da serotonina e
- hipoglicemia
catecolaminas na urina de 24 horas
- feocromocitoma
- toxicológico de urina
- uso de substâncias psicoativas
- dosagem de TSH / T4l
- hipertireoidismo
2 – sudorese - metabólitos da serotonina e
- feocromocitoma
catecolaminas na urina de 24 horas
3 - tremores ou abalos - síndrome de abstinência
4 - falta de ar ou - asma brônquica - metabólitos da serotonina e
sufocamento - feocromocitoma catecolaminas na urina
- hiperventilação
RAIO 8 DE TØRAX
- embolia pulmonar
5 - sensação de asfixia - D-dímero
- insuficiência cardíaca congestiva
- tomografia computadorizada de tórax
- asma brônquica
- angina
- eletrocardiograma
6 - dor ou desconforto - infarto do miocárdio
- enzimas cardíacas
torácico - costocondrite
RAIO 8 DE TØRAX
- pneumonia/dor pleurítica
7 - náusea ou - síndrome do intestino irritável
desconforto abdominal - dismenorréia
- hipertensão ortostática
8 - sensações de - anemia aguda
tonturas, instabilidade, - vertigem posicional benigna
vertigem ou desmaio - labirintite aguda
- doença de Ménière
- epilepsia do lobo temporal - eletroencefalograma
9 - desrealização ou - processo expansivo no sistema nervoso - neuroimagem
despersonalização central
- uso de substâncias psicoativas - exame toxicológico
10 - medo de perder o
- hiperventilação
controle ou enlouquecer
11 - medo de morrer - hiperventilação
- ataque isquêmico transitório
- processo expansivo no sistema nervoso
12 – parestesias - neuroimagem
central
- esclerose múltipla
13 – calafrios ou ondas
- hipertireoidismo - dosagem de TSH/T4l
de calor
Fonte: Adaptação de Emergências Psiquiátricas13.
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Diante disso, nota-se que uma primeira so4. As especificidades e gravidade de cada caso
avaliação de um quadro de ansiedade patológi- orientam a melhor forma do tratamento3.
ca deve ter uma história detalhada, numa ten- Os adolescentes com sintomas ansiosos
tativa de obter dados clínicos que o justifiquem transitórios, ou sintomas leves e pouco, ou
e, se preciso, alguns exames complementares nenhum, prejuízo funcional, geralmente res-
devem ser solicitados, como: hemograma com- pondem a reasseguramento e suporte; os com
PLETO 43( RAIO 8 DE TØRAX ELETROCARDIOGRAMA sintomas leves e com prejuízo funcional, assim
eletrólitos e toxicológico de urina13. Sempre como os com sintomas mais intensos, devem ser
se deve considerar a possibilidade de uso de encaminhados a tratamento específico.
estimulantes e abstinência de depressores do Tem-se considerado que a abordagem de
sistema nervoso central, ao se atender um ado- escolha, dentro do tratamento específico, é a
lescente, principalmente se o quadro ansioso terapia cognitivo-comportamental (TCC) dire-
o levou, voluntariamente ou não, até o serviço cionada ao transtorno, com ou sem farmaco-
de emergência. O uso (não necessariamente terapia4; psicofármacos são utilizados quando
a intoxicação) ou a descontinuação de diver- não é possível tentar psicoterapia inicialmente,
sas substâncias podem produzir síndromes quando não há resposta à abordagem psicote-
ansiosas, entre elas: álcool, cafeína, cocaína, rápica isolada, quando há sintomas graves e/ou
descongestionantes, maconha, alucinógenos, presença de comorbidades psiquiátricas, como
anfetaminas, inalantes, anticonvulsivantes, transtorno depressivo e risco de suicídio4.
broncodilatadores, antiparckinsonianos, insuli-
na, anticoncepcionais, antidepressivos, hormô- Tratamento Não Medicamentoso
nios tireoidianos, esteroides, nicotina2,4,5,13. Garantir um espaço onde o paciente possa
Não sendo possível prever qual especialista expor seus sintomas, seu quadro possa ser expli-
será procurado pelo adolescente, seus cuida- cado, recebendo orientações sobre gravidade,
dores ou seus pares, assim como, se em nível prognóstico e manejo, configura uma etapa su-
ambulatorial ou em serviços de emergência, portiva que, embora simples, é muito importan-
pediatras, hebiatras e psiquiatras devem saber te2. O ideal é que haja um médico de referência,
reconhecer e manejar, inicialmente, os quadros com o qual se crie um vínculo e se permitam as
ansiosos, descartando os diagnósticos diferen- ações terapêuticas. Um espaço para os pares e
ciais e confirmando os diagnósticos de transtor- familiares, ou outros cuidadores, deve ser ofere-
nos de ansiedade. cido, engajando toda rede social mais próxima
Considerando os quadros psiquiátricos, é e aumentando sua habilidade em reconhecer
sempre importante atentar-se para os transtor- e tolerar o desconforto do adolescente, sem
nos de humor, conversivos e de somatização, evitação ou intrusão7. Identificar os fatores an-
como diagnósticos diferenciais ou comórbidos siogênicos e esclarecer os sinais de gravidade e
aos transtornos de ansiedade13. evolução da doença dão segurança ao paciente
mais jovem e propiciam a manutenção do trata-
mento. É importante aproveitar a oportunidade
TRATAMENTO para orientar o adolescente sobre uso de drogas
e suas correlações com quadros de ansiedade,
A abordagem diante de um diagnóstico inclusive sobre o risco de abuso, numa tentativa
de transtorno de ansiedade pode ser dividida de reduzir sintomas ansiosos1,3,4. Essa terapia de
em: tratamento não medicamentoso (incluindo suporte e a psicoeducação podem ser feitas pelo
suporte, psicoeducação e psicoterapia - de dife- hebiatra, sem a necessidade de se recorrer ao
rentes orientações) e tratamento medicamento- especialista em saúde mental.
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Ansiolíticos, como os benzodiazepínicos, CONCLUSÕES
são prescritos quando os sintomas são muito
intensos e disfuncionais, objetivando melhora Dada a prevalência dos transtornos ansiosos
rápida e transitória, até o início da ação dos an- nos adolescentes e suas vulnerabilidades biológi-
tidepressivos. O tratamento com os benzodia- ca e psicossocial, que podem ser entendidas como
zepínicos deve ser curto e limitado pelo perfil fatores de risco adicionais a esses transtornos, os
de efeitos colaterais (principalmente desinibição médicos de adolescentes devem ser hábeis em re-
comportamental, sedação e déficits cognitivos) conhecer e manejar esses quadros, inicialmente.
e pelo potencial de abuso e dependência – a Diferenciar o normal do patológico, avaliar glo-
tolerância a essas drogas leva à necessidade de balmente o adolescente e seu meio, descartar
doses progressivamente maiores para se obter quadros orgânicos, abordar uso de substâncias
efeitos semelhantes. Apesar disso, quadros de psicoativas e assumir que a assistência médica
intoxicação são raros, pela margem de seguran- assegura um importante suporte terapêutico ini-
ça dessas substâncias14,15. A maior facilidade no cial, são as principais habilidades requeridas; a
manejo de benzodiazepínicos pelos hebiatras partir delas, propõe-se um tratamento específico,
não deve favorecer sua prescrição nos casos de psicoterápico e medicamentoso, se necessário. A
transtornos de ansiedade; a pronta resposta a possibilidade de um desfecho desfavorável e as
esses fármacos, mesmo com a orientação para comorbidades associadas, também justificam a
uso apenas em situações emergenciais, por ve- necessidade desse conhecimento, objetivando
zes, dificulta um tratamento a longo prazo e fa- uma melhora na qualidade de vida, enquanto
vorece a auto medicação dos adolescentes. adolescentes e na vida adulta.
REFERÊNCIAS
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Porto Alegre: Artmed; 2010.
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7. Assumpção Junior FB, Kuczynski E. Tratado de psiquiatria da infância e adolescência. São Paulo:
Atheneu; 2003.
8. Miguel EC, Gentil V, Gattaz WF. Clínica psiquiátrica: a visão do departamento e do instituto de psiquiatria
do HCFMUSP. Barueri: Manole; 2011.
9. Marcelli D. Manual de psicopatologia da infância de Ajuriaguerra. 5a ed. Porto Alegre: Artmed; 1998.
10. Marcelli D, Cohen D. Infância e psicopatologia. 7a ed. Porto Alegre: Artmed; 2009.
11. American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of mental disorders, 4a ed, versão
revisada. Washington: APA; 2000.
12. Berhrman RE,Kliegman RM, Jenson HB. Tratado de pediatria. 17a ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2005.
1UEVEDO * 3CHIMITT 2 +APCZINKI & %MERGÐNCIAS PSIQUIÉTRICAS A ED 0ORTO !LEGRE !RTMED
14. Arana GW, Rosenbaum JF. Terapêutica medicamentosa em psiquiatria. 4a ed. Rio de Janeiro: Revinter; 2006.
15. Cordioli AV. Psicofármacos: consulta rápida. 4a ed. Porto Alegre: Artmed; 2011.
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Transtornos de Ansiedade: Diagnóstico
e Tratamento
DESCRIÇÃO DO MÉTODO DE COLETA DE EVIDÊNCIA:
Pesquisa bibliográfica ampla e exaustiva nas bases de referências MEDLINE
e EMBASE, utilizando-se vários descritores para transtorno de ansiedade,
diagnosis, treatment, clinical trial, outcome, epidemiology, meta-analysis e nomes
dos psicofármacos. Artigos de revisão recentes e “ guidelines ” relevantes
foram também consultados.
OBJETIVOS:
Fornecer orientações sobre o diagnóstico e o tratamento dos transtornos
de ansiedade.
DIAGNÓSTICO
TRANSTORNO DE PÂNICO1,2(D )
Algoritmo
Apesar de induzirem vários efeitos Por quanto tempo deve ser mantido o
indesejáveis, os Inibidores da Recaptação de tratamento?
Serotonina (IRSs) são, no presente, Há estudos que demonstram que os efeitos
considerados uma opção melhor quanto à terapêuticos dos medicamentos se mantêm
tolerabilidade do que os tricíclicos ou os durante períodos de seis meses a um ano no
benzodiazepínicos6,36(A)13,37(B)46,47(D). tratamento do transtorno de pânico6(A). Em
um estudo controlado, randomizado, duplo-
Outro fator que pode pesar na escolha de um cego, placebo-controlado com pacientes com o
medicamento é o custo. Os tricíclicos, transtorno de pânico, o índice de recidiva no
especialmente a imipramina, e os benzodia- grupo que passou para o placebo após seis meses
zepínicos são medicamentos mais antigos, de tratamento bem sucedido com a imipramina
acessíveis na forma de genéricos e de custo menor. foi de 50% em um ano de seguimento48(A).
Resumo
Com o objetivo de discutir as possibilidades estratégicas quanto aos processos patológicos que
envolvem o transtorno de ansiedade, para embasar os profissionais quanto à ansiedade e aos seus
tipos, este estudo configura-se como uma pesquisa de caráter integrativo sistematizado, com uma
busca on-line das produções científicas na base de dados Biblioteca Virtual de Saúde, utilizando os
descritores “Transtorno de ansiedade”, “Ansiedade” e “Tratamento da ansiedade”, veiculados em
periódicos de estratos de A1, A2, B1, B2, B3 e B4, disponíveis para download na íntegra, escritos na
língua portuguesa. Os achados identificam que as possibilidades estratégicas perante esse transtorno
se dão por duas categorias, a Terapia Cognitivo-Comportamental e o Tratamento Humanizado e
Apoio Familiar, sendo este último mais eficaz quando associado ao uso de outros tratamentos para a
ansiedade. Ressalta-se a importância de estudos e capacitação para atuar efetivamente na prevenção
e no tratamento dessa patologia, além de mais estudos sobre a temática.
Palavras-chave: ansiedade, saúde mental, psicopatologia, tratamento
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Introdução
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constantes, de forma que é gerada uma insegurança contínua e desconfiança em tudo e
todos.
Quando o transtorno de ansiedade é identificado nas crianças, de forma a influenciar
diretamente em seu desenvolvimento emocional, psicológico, em que seus pensamentos
se determinam a partir do medo, muitas vezes de forma irracional, pois isso ainda se en-
quadra nas ações do desenvolvimento de diversas funções e perspectivas em relação a sua
personalidade, bem como a constantes preocupações, podendo ser normais ou patologias
desenvolvidas, faz-se com que haja desconfianças constantes sobre sua saúde, segurança,
alimentação, vida social, escola e sua personalidade (Andrade, Viana, & Silveira, 2006).
Com isso, segundo as concepções de Dalgalarrondo (2000), a psicopatologia pode ser de-
finida como o conjunto de fundamentos alusivo ao adoecimento mental do ser humano. O
autor afirma ainda ser um conhecimento sistemático, elucidativo e desmistificante, que não
inclui princípios de valor e recusa dogmas ou verdades a priori.
Assim, por meio de um levantamento feito em 2016 sobre depressão, publicado pela
Organização Mundial da Saúde, compreende-se que 264 milhões de pessoas no mundo
sofrem com o transtorno de ansiedade, em diversos tipos e graus. Aponta-se que o Brasil
tem mais de 9% da população com algum tipo de transtorno de ansiedade, ou seja, quase
três vezes mais que a média mundial. São mais de 18 milhões de pessoas nessa situação
(Organização Mundial da Saúde [OMS], 2016).
Verificando os índices de acometimento do transtorno de ansiedade em relação ao sexo,
foi constatado, segundo Kinrys e Wygant (2005), que as mulheres são as mais suscetíveis a
terem o transtorno ao longo da vida adulta.
O transtorno de ansiedade é um dos temas da psiquiatria mais subdiagnosticados na atu-
alidade, pois são raras as vezes em que um indivíduo procura por um atendimento completo
e profissional dentro dos aspectos da saúde mental no Brasil. Com isso, são estabelecidos
alguns sintomas que auxiliam na identificação do transtorno, porém esses, um tanto vagos e
não claramente fonte de diagnóstico para a ansiedade, são sintomas físicos pouco aparentes
e pouco definidos (Zuardi, 2017).
A utilização dos critérios diagnósticos do DMS-V auxilia numa melhor classificação da
ansiedade, identificando que, com o desenvolvimento da ansiedade, há um maior envolvi-
mento nos inúmeros eventos das atividades cotidianas. A ansiedade e a preocupação estão
associadas a três ou mais sintomas, presentes na maioria dos dias, nos últimos seis meses,
sendo os mais identificados a inquietação ou sensação de estar no limite, cansar-se facil-
mente, dificuldade de concentração; irritabilidade, tensão muscular e distúrbios do sono.
Dessa forma, o transtorno não pode ser atribuído a apenas uma condição médica geral, mas
também ao transtorno mental (Zuardi, 2017).
Em análises dos fatores relacionados a problemas e/ou transtornos referentes a indivídu-
os que sofrem com a ansiedade crônica, percebe-se que os fatores de risco mais abrangen-
tes são em relação ao gênero, e, por meio dos estudos, indica-se que pessoas do sexo femi-
nino são as mais acometidas pela ansiedade, em relação a mudanças de humor e estresse.
Os traumas também caracterizam uma pessoa com ansiedade crônica, em relação a abusos
sofridos na infância e a eventos traumáticos. As doenças e comorbidades também indicam
a presença do transtorno, como o câncer, que é uma das maiores afecções e preocupações
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da população atual. Assim como a personalidade, com pessoas mais tensas, preocupadas e a
presença de outros tipos de transtorno concomitantes. A genética e o abuso de substâncias
podem levar ao desenvolvimento ou ao agravamento da condição da ansiedade em relação
à pessoa, em que o indivíduo aumenta seus riscos e agravos e a sua prevalência (Craske,
Stein, & Hermann, 2014).
Com isso, existem diversas complicações acerca do transtorno de ansiedade, as quais
influenciam nas condições de vida do indivíduo que sofre diariamente com isso, sendo ca-
racterizadas muitas vezes pela depressão, abuso de substâncias como drogas ilícitas e álcool,
problemas digestivos ou intestinais, dores de cabeça, enxaquecas, bruxismo, transtornos por
uso de substância, entre outros, que podem levar a casos mais graves, como o suicídio, que
cada vez mais atinge essas pessoas (Zuardi, 2017).
De acordo com as afirmações de Castillo et al. (2000), os transtornos ansiosos caracteri-
zam-se com sintomas primários, não sendo derivados de outros tipos de casos psiquiátricos,
como depressões, psicoses, transtornos do desenvolvimento, transtorno hipercinético, entre
outros, porém os sintomas de transtornos ansiosos ocorrem em outros casos da psiquiatria.
Os autores afirmam, ainda, que há alguns casos em que a ansiedade se explica por meio dos
transtornos ansiosos, sendo eles a ansiedade do início do surto esquizofrênico e o temor da
separação dos pais para uma criança com depressão maior, por exemplo, não estabelecendo
um conjunto de sintomas que ocasionam um transtorno ansioso típico (Castillo et al., 2000).
Isso mostra que os sintomas do transtorno de ansiedade não se caracterizam unicamente
pela ansiedade propriamente dita, mas podem ocorrer alguns sintomas que caracterizam
outros tipos de transtornos, todos ao mesmo tempo, enquadrando a pessoa em diversas
possibilidades diagnósticas (Castillo et al., 2000).
Diante de tantas informações referentes a essa condição, encontram-se ainda grandes
desafios a serem derrubados, para que as pessoas que apresentam o TAG possam ter a
oportunidade de serem compreendidas e para que complicações mais severas não ocorram,
como o já citado suicídio. Assim, torna-se imprescindível a valorização do indivíduo em suas
particularidades, pois não há em lugar algum alguém que seja igual ao outro na personali-
dade, nos sentimentos, nos aspectos pessoais e nas vivências que o levam para um caminho
incerto e profundamente caótico. Dessa forma, é necessária uma avaliação mais profunda
por profissionais, levando em consideração a orientação, o aconselhamento, a utilização de
técnicas de relaxamento e/ou exercícios físicos, não se limitando a prescrever medicamentos
(Zuardi, 2017).
Nessa perspectiva, pode-se observar que o transtorno de ansiedade engloba diversos
aspectos da personalidade psíquica e emocional do indivíduo que o tem; considerando ain-
da suas possibilidades diagnósticas que envolvem outros diversos transtornos, torna-se es-
sencial ao profissional da área da saúde se preparar adequadamente para a compreensão
e o auxílio dessas pessoas, pois é uma tarefa que tem grandes dificuldades. A perspectiva
da multidisciplinaridade se torna algo primordial, fazendo com que profissionais envolvidos
na saúde mental, principalmente, tenham o compromisso de estarem devidamente prepa-
rados para a eficaz compreensão e auxílio a seus pacientes, fator essencial a um tratamen-
to concreto e acompanhamento eficiente. Portanto, a partir dos fatos apresentados, cabe
neste estudo a construção de uma revisão do tipo integrativa da literatura para embasar os
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profissionais quanto à ansiedade. Desta forma, este estudo busca responder a problemática
de quais possíveis tratamentos apresentados pela literatura são mais efetivos ao TAG. Como
objetivo, este estudo busca identificar formas de tratamento mais eficazes ao TAG, por meio
da literatura.
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Quadro 1. Fluxograma de seleção dos estudos.
Tabela 1
Coleta de dados
Nome do artigo Publicação Metodologia Objetivo WebQualis
A Terapia Cogniti- Revista Estud. Estudo de campo com Descrever o desen- A2
vo-Comportamental Pesqui. Psicol. cinco voluntários acima volvimento de uma
em Grupo no Tran- v. 15 | n. 3 | p. de 18 anos na cidade de intervenção em grupo,
storno de Ansiedade 1061-1080 | Juiz de Fora. baseada na Terapia Cog-
Social 2015. nitivo-Comportamental,
para pessoas que apre-
sentaram os sintomas
de TAS.
Adesão ao Tratamento Revista Cog- Estudo quantitativo, Verificar os fatores B2
Medicamentoso por itare Enfer- transversal, descriti- relacionados à adesão de
Pessoas com Transtorno magem | v. 21 vo, realizado com 161 pessoas com transtorno
de Ansiedade | n. 1 | p. 1-11 pessoas de um serviço de ansiedade quanto à
| jan./mar. de saúde mental, num farmacoterapia prescrita.
2016. município do estado de
São Paulo, entre 1º de
janeiro e 31 de dezem-
bro de 2012.
Avaliação de Ansiedade e Revista Psico – Estudo comparativo Comparar vantagens e A2
Depressão em Pacientes USF | v. 19 | n. descritivo. desvantagens psicométri-
Oncológicos: Com- 2 | maio/ago. cas de instrumentos
paração Psicométrica 2014. comumente utilizados
em serviços especializa-
dos em Oncologia.
LIFE PSICOLOGIA ®.
Nome do artigo Publicação Metodologia Objetivo WebQualis
Depressão Revista Bra- Revisão da literatura. Mostrar como diagnos- B1
sileira de Me- ticar e tratar a de-
dicina | v. 70 | pressão.
n. 12 | p. 6-13|
dez. 2013.
Desafiando Medos: Rela- Revista Estudo interpretativo e Investigar as formas de A2
tos de Enfrentamento de Brasileira de compreensivo. enfrentamento utilizadas
Usuários com Transtor- Enfermagem| pelos portadores de tran-
nos Fóbico-Ansiosos v. 66 | n. 4 | p. stornos fóbico-ansiosos
528-34| jul./ do Centro de Atenção
ago. 2013. Psicossocial I, do municí-
pio de Queimadas-PB,
Brasil, no período de
outubro a dezembro de
2010.
Dificuldades Relaciona- Revista Estudo transversal, de- Compreender as dificul- B1
das à Terapêutica Medic- Eletrônica de scritivo, com abordagem dades de pessoas com
amentosa no Transtorno Enfermagem | qualitativa, desenvolv- transtorno de ansiedade
de Ansiedade v. 18 | 2016. ido em 2012 com 32 referente ao seguimento
pessoas atendidas em da terapia medicamen-
serviço ambulatorial no tosa.
interior de São Paulo –
Brasil.
Diretrizes da Associação Revista O método utilizado foi Apresentar os achados B1
Médica Brasileira para Brasileira de o proposto pela Asso- mais relevantes das
o Diagnóstico e Diag- Psiquiatria | v. ciação Médica Brasileira diretrizes da Associação
nóstico Diferencial do 32| n. 4| dez. para o projeto Diretriz- Médica Brasileira relati-
Transtorno de Ansiedade 2010. es. A busca foi realizada vas ao diagnóstico e di-
Social nas bases de dados do agnóstico diferencial do
Medline (PubMed), transtorno de ansiedade
Scopus, Web of Science social.
e Lilacs, sem limite de
tempo.
Diretrizes da Associação Revista O método utilizado foi Apresentar os achados B1
Médica Brasileira para o Brasileira de o proposto pela AMB. A mais relevantes das
Tratamento do Transtor- Psiquiatria| v. busca foi realizada nas diretrizes relativas ao
no de Ansiedade Social 33| n. 3| set. bases de dados do MED- tratamento do TAS.
2011. LINE (PubMed), Scopus,
Web of Science e Lilacs,
entre 1980 e 2010.
LIFE PSICOLOGIA ®.
Nome do artigo Publicação Metodologia Objetivo WebQualis
Periódicos da CAPES: Revista Estudo de revisão bib- Fornecer um panorama B2
Perspectiva das Disser- Interação em liográfica, descritivo e das produções acadêmi-
tações e Teses sobre Psicologia | comparativo. cas referentes a teses e
Transtorno de Ansiedade v. 16 | n. 2 | dissertações da CAPES,
Social/Fobia Social p. 283-292| defendidas entre 1987 e
2012. 2009.
Psicologia e Profissão: Revista Psico- Revisão bibliográfica. Realizar um levanta- A2
Neurose Profissional e logia: Ciência mento bibliográfico
a Atuação do Psicólogo e Profissão | sobre a neurose profis-
Organizacional Frente à v. 30 | n. 2 | sional, cujos sintomas
Questão p. 248-261 | são entendidos como a
2010. expressão simbólica de
um conflito psíquico que
se desenvolve a partir
de uma situação organ-
izacional ou profissional
determinada.
Saúde Mental, Gênero e Revista Bioéti- Estudo de caso realiza- Analisar os sintomas e A2
Violência Estrutural ca | v. 20 | n. do por meio de análise diagnósticos encontra-
2 | p. 267-79 | quantitativa de pron- dos em prontuários de
2012. tuários de pacientes. pacientes homens e mul-
heres de dois grandes
hospitais psiquiátricos do
Distrito Federal.
Subtipo Respiratório ver- Revista Psico- Amostra randomizada Verificar a resposta dos A1
sus Não Respiratório no logia: Reflexão por sorteio com 50 pa- pacientes com tran-
Transtorno de Pânico e Crítica | v. 25 cientes diagnosticados storno de pânico com
com Agorafobia: Aval- | n. 1 | 2012. segundo o Manual Diag- agorafobia ao modelo
iação com Terapia Cogni- nóstico e Estatístico dos proposto de Terapia Cog-
tivo-Comportamental Transtornos Mentais. nitivo-Comportamental
(TCC) nos dois subtipos
respiratórios de transtor-
no de pânico.
Terapia Cognitivo-Com- Rev. Bras. de Estudo baseado em 10 Tratar, por meio da Tera- B1
portamental em Pa- Ter. Comp. sessões de psicoterapia pia Cognitivo-Comporta-
cientes com Púrpura Cogn. | v. 18 | e a utilização de uma es- mental, o transtorno de
Idiopática n. 3 | p. 58-69| cala para medir a inten- ansiedade de pacientes
2016. sidade dos sintomas de que se encontram em
ansiedade, o inventário tratamento médico, cujo
de ansiedade Beck (BAI), diagnóstico é de púrpura
juntamente da coleta de idiopática.
exames de sangue.
Toxina Botulínica como Revista de Relato de caso único. Descrever a resposta de A2
Tratamento para Fobia Psiquiatria um paciente com o tipo
Social Generalizada com Clínica | v. 38 | generalizado de fobia
Hiperidrose n. 2 | 2011. social e hiperidrose à Ter-
apia Cognitivo-Compor-
tamental aliada à toxina
botulínica.
LIFE PSICOLOGIA ®.
Nome do artigo Publicação Metodologia Objetivo WebQualis
Transtornos Fóbico-An- Revista Cog- Estudo descritivo e Caracterizar os pacientes B2
siosos: Abordagem Epi- itare Enfer- retrospectivo realizado hospitalizados acome-
demiológica das Inter- magem | v. 18 no banco de dados do tidos por transtornos
nações Hospitalares | n. 1 | p. 136- Sistema de Internações fóbico-ansiosos.
141 | 2013. Hospitalares e Pron-
tuários, dos anos de
1980 a 2005.
Transtornos Psiquiátricos Revista de Revisão bibliográfica Avaliar transtornos B1
no Pós-Parto Psiquiatria acerca de transtornos psiquiátricos no pós-par-
Clínica | v. 37 | psiquiátricos no pós-par- to.
n. 6 | 2010. to a partir de artigos
encontrados no PubMed
e no SciELO entre os
anos de 2000 e 2009.
Treinamento Físico Inter- Jornal Brasilei- Relato de experiência. Relatar a utilização de B1
valado como Ferramenta ro de Psiqui- um programa de exercíci-
na Terapia Cogniti- atria | v. 60 | n. os físicos aeróbicos inter-
vo-Comportamental do 3 | 2011. valados no contexto da
Transtorno de Pânico Terapia Cognitivo-Com-
portamental em um caso
de transtorno de pânico
e agorafobia.
Tripofobia: Um Relato de Rev. Bras. de Estudo baseado na Apresentar o caso de B1
Caso do Tratamento do Ter. Comp. abordagem compor- uma jovem que se queix-
Medo de Buracos Cogn. | v. 18 | tamental, psicoeduca- ava experimentar fortes
n. 2 | p. 100- cional e de acompanha- respostas fisiológicas,
111 | 2016. mento. como náusea e batimen-
to cardíaco acelerado, na
presença de estímulos.
Resultados
De acordo com a revisão integrativa realizada, percebe-se que, para o estudo da ansie-
dade no país, os artigos mostram que as possibilidades estratégicas perante esse transtorno
se dão por duas categorias: o uso da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), relatando
as formas de tratamento para o TAG, a reestruturação cognitiva, exposição às situações te-
midas, treino de habilidades sociais e relaxamento; e o Tratamento Humanizado e Apoio
Familiar, resultando, assim, em uma reintegração social maior e na melhora consequente
nos sintomas apresentados pelo transtorno – sendo esta última categoria mais eficaz quan-
do associada ao uso de outros tratamentos para a ansiedade.
Discussão
Os autores que defendem a categoria de tratamento da TCC definem-na como uma as-
sociação a um bom funcionamento e resultados obtidos perante o transtorno de ansiedade.
LIFE PSICOLOGIA ®.
Dittz, Stephan, Gomes, Badaró e Lourenço (2015) descrevem o desenvolvimento de uma
intervenção em grupo para pessoas que apresentaram os sintomas de TAS, fundamentada
pela Terapia Cognitivo-Comportamental, utilizando técnicas como reestruturação cognitiva,
enfrentamento às situações temidas, treino de habilidades sociais e relaxamento, bem como
a abordagem da temática Depressão; já os autores Duailibi, Silva e Jubara (2013) falam sobre
o transtorno depressivo que incapacita muitas pessoas com diversos sintomas que, quando
não tratados, podem levar a muitas outras doenças, como infartos, Alzheimer, diabetes e
acidente vascular isquêmico, assim como o uso de tratamentos por antidepressivos, os quais
acabam com sintomas residuais que poderiam ser evitados pela utilização de outras formas
de tratamento ou até mesmo a utilização associada deles.
Também, Chagas et al. (2010) falam sobre a busca pelo desenvolvimento de consensos de
diagnósticos e tratamento para as doenças mais comuns diante do transtorno de ansiedade,
tendo como resultados as manifestações clínicas, prejuízos e implicações, diferenças entre
os subtipos generalizados e circunscritos, e o impacto com a depressão, abuso e dependên-
cia de drogas e outros transtornos de ansiedade. Levitan et al. (2011) discorrem sobre o
desenvolvimento de consensos de diagnóstico e tratamento para as doenças mais comuns,
tendo como resultados o tratamento farmacológico de primeira linha para adultos e crian-
ças, inibidores seletivos de recaptação de serotonina e inibidores de recaptação de sero-
tonina e noradrenalina, enquanto a Terapia Cognitivo-Comportamental é apontada como
melhor tratamento psicoterápico.
Nesse sentido, as autoras Pezzato, Brandão e Oshiro (2012) relatam que as estratégias
terapêuticas descritas como eficazes em transtorno de ansiedade envolvem procedimentos
comportamentais e cognitivo-comportamentais de exposição ao enfrentamento de situa-
ções aversivas, tendo resultados para a efetividade dos procedimentos adotados, e confir-
mam a possibilidade de utilização da Psicoterapia Analítica Funcional (FAP) como eficaz ao
tratamento do TA.
Os estudos realizados por King, Valença, Simões, Nardi e Silva (2012) acreditam que, com
a verificação dos pacientes com transtorno de pânico e o uso da TCC, há melhoras em seus
quadros quanto à ansiedade detectada e aos sintomas, em que cerca de 77% conseguem
reduzir os ataques relacionados à ansiedade e melhoram os resultados de 55,8% para 70,9%.
Com os estudos de Lessa e Fontenelle (2011), acredita-se que, com o uso da TCC, os pacien-
tes conseguem ter uma melhora quanto aos sintomas apresentados em seus transtornos
sociais. Assim, comprova-se a melhora dos sintomas dos transtornos, bem como os fenôme-
nos periféricos ocorridos. Já Sardinha, Araújo e Nardi (2011) acreditam que, com o uso dos
exercícios físicos e da TCC, há melhoras nos sintomas do transtorno de pânico e nos quadros
ansiosos dos pacientes. E, ainda com relação ao transtorno de ansiedade apresentado em
pacientes com tripofobia, os estudos de Marcone Reolon (2016) apontam que, com o uso da
TCC, há melhoras consequentes nos sintomas apresentados pelo paciente, bem como sua
reintegração social.
LIFE PSICOLOGIA ®.
edicamentoso por pessoas com transtorno de ansiedade, visando a uma melhora na quali-
m
dade de vida e possíveis benefícios de seu uso para a pessoa com ansiedade. O trabalho dos
autores Bergerot, Laros e Araujo (2014) compara as vantagens e desvantagens psicométri-
cas de instrumentos comumente utilizados em serviços especializados em Oncologia: Escala
de Ansiedade e Depressão (HADS), Transtorno Geral de Ansiedade (GAD-7) e Questionário
sobre Saúde do Paciente (PHQ-9). Eles defendem que esses pacientes, por possuírem uma
doença como o câncer, estão mais vulneráveis e necessitam de um acompanhamento mais
humanizado sobre seu psicológico e social.
O artigo das autoras Martinez et al. (2012) fala sobre os estudos quanto ao transtorno
de ansiedade social, avaliando trabalhos sobre seu tratamento; comorbidade; validação/
propriedades psicrométricas; diagnóstico/prevalência; revisão crítica e teórica. Nota-se a
importância de mais estudos sobre esse tema, para fornecer uma melhor compreensão do
seu desenvolvimento e maior divulgação entre os profissionais de saúde para tornar o aten-
dimento mais humanizado.
Santos, Goulart Júnior, Canêo, Lunardelli e Carvalho (2010) fizeram um levantamento bi-
bliográfico sobre a neurose profissional, cujos sintomas são entendidos como a expressão
simbólica de um conflito psíquico que se desenvolve a partir de uma situação organizacional
ou profissional determinada.
Zanello e Silva (2012) acreditam que o transtorno de ansiedade e a depressão estão atin-
gindo cada vez mais pessoas no mundo, assim, afirmam que a maior parcela da popula-
ção que sofre com tais problemas é a feminina, composta por negras, pobres e domésticas,
usuárias dos serviços de saúde pública, sendo elas medicalizadas de maneira exorbitante e
com a necessidade de um tratamento mais adequado e humanizado. E, com a análise das
alterações psicológicas sofridas no pós-parto e sua relação com o transtorno de ansiedade,
Cantilino, Zambaldi, Sougey e Rennó (2010) acreditam que, com um tratamento mais huma-
nizado e um maior acompanhamento clínico, há melhoras em seus quadros.
Nesse sentido, os autores Almeida, Silva, Espínola, Azevedo e Ferreira (2013) apresentam
que o apoio familiar, na análise dos medos enfrentados pelos pacientes com o transtorno
fóbico ansioso, é uma das formas de tratamento pontual utilizadas pelas pessoas com a do-
ença. Paz, Brant, Marques e Machado (2013) afirmam que, com os pacientes fóbicos-ansio-
sos, é significativo o uso do tratamento precoce como uma contribuição para a melhora dos
quadros apresentados em relação ao contexto social.
Conclusão
Evidencia-se que o TAG é uma patologia que vem se expandido nos últimos tempos, cau-
sando grande sofrimento à população. Pontuamos que esse transtorno é uma doença bem
significativa, que acarreta um sofrimento físico e psíquico considerável e, como toda pa-
tologia, precisa ser compreendida e tratada em sua totalidade e de forma singular a cada
indivíduo que a sofre.
Salientamos que uma das formas eficazes de tratamento é a preparação adequada da
equipe. Ressalta-se, ainda, a importância da participação ativa da família desse doente no
processo de prevenção e tratamento desse agravo. Assim, percebemos, com este estudo,
que o uso da TCC é comprovadamente uma das formas de tratamento com melhoras no
LIFE PSICOLOGIA ®.
quadro dos pacientes analisados, da mesma forma que a utilização de métodos de aborda-
gem mais humanizada e a interação social entre os pacientes e seus familiares, com o apoio
e o uso associado com outras formas de tratamento, proporciona a consequente eficácia
em diversas patologias ou quadros associados ao transtorno de ansiedade apresentados na
maioria dos casos estudados.
Perante a importância da temática, ressaltamos a necessidade de realização de mais pes-
quisas que possam embasar não apenas teoricamente como também empiricamente os
métodos efetivos que proporcionem meios de prevenção e tratamento a toda a população.
LIFE PSICOLOGIA ®.